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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA
MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA
LÍCIA RODRIGUES DA SILVEIRA
DESAFIOS DO MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: A GESTÃO DE SEIS ATERROS SANITÁRIOS SIMPLIFICADOS NO ESTADO DA BAHIA
Salvador
2008
LICIA RODRIGUES DA SILVEIRA
DESAFIOS DO MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: A GESTÃO DE SEIS ATERROS SANITÁRIOS SIMPLIFICADOS NO ESTADO DA BAHIA
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana da Escola Politécnica da UFBA, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia Ambiental Urbana.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Roberto Santos Moraes
Salvador
2008
Silveira, Lícia Rodrigues da, S39 Desafios do manejo de resíduos sólidos: a gestão de seis aterros
sanitários simplificados no Estado da Bahia/Lícia Rodrigues da Silveira, 2008.
163 p: il. color.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Escola Poli- técnica, 2008. Orientador: Prof. Dr. Luiz Roberto Santos Moraes.
1. Resíduos sólidos urbanos. 2. Aterros sanitários simplificados. 3. A- terros sanitários. 4. Lixo. I. Universidade Federal da Bahia. Escola Politéc- nica. II. Moraes, Luiz Roberto Santos. III. Título. CDD 18.ed. 628.445 CDU 1976 628.44
i
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, nas pessoas de Dra. Maria del Carmen Fidalgo e Dra. Lívia Gabrielle atuais Diretora Presidente e Diretora de Planejamento Urbanismo e Habitação, respectivamente e ao Dr. Mário Gordilho, ex Diretor Presidente da CONDER. Sem este apoio institucional, esta dissertação não teria se tornado possível.
Aos colegas da CONDER: João Carlos Araújo e Luciano Sandes; aos
amigos e ex-colegas da CONDER Maria Thereza Fontes, Maurício Fiúza e Jussara Duarte por toda a disposição em debater várias vezes o tema e pela prestação de depoimentos valiosos, todos esperançosos de encontrar soluções para resolverem os problemas de disposição final dos resíduos sólidos urbanos no Estado da Bahia.
Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Luiz Roberto Santos Moraes e
também a Prof. Dra. Viviana Maria Zanta por todas as contribuições que ofereceram durante o transcorrer dos trabalhos.
Lembro de agradecer também a algumas pessoas que apesar de não
conhecer, dispuseram-se a ajudar, o Dr. Fernando Wolmer e o Dr. Otávio Okano da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de S. Paulo, CETESB e a Prof. Dra. Liséte Celina Lange, da Universidade Federal de Minas Gerais.
A Juli, Lu e Dica, minhas filhas, que tanto me estimularam a realizar
esta dissertação. A Fábio Moura pelas correções feitas no texto. Faço uma homenagem especial, in memorian, ao colega da CONDER,
Oswaldo Mendes, que com o seu conhecimento profissional contribuiu para apoiar a mudança da situação de destinação final dos resíduos sólidos urbanos no Estado da Bahia, entre 1991 e 2005.
ii
RESUMO A operação inadequada da maioria dos aterros sanitários construídos em alguns municípios do Estado da Bahia leva ao questionamento das razões porque os municípios não conseguem operá-los de forma adequada, considerando o seu baixo custo e a simplicidade de sua operação. Este estudo focou investigar a operação dos aterros sanitários simplificados construídos pelo Governo do Estado e repassado aos municípios. A tecnologia de tratamento e destinação final dos resíduos sólidos urbanos (RSU) por meio dos aterros sanitários simplificados tem se mostrado apropriada para municípios de pequeno porte, com geração de até 10 t/dia, desde que o sítio escolhido apresente condições geotécnicas favoráveis à utilização dessa tecnologia. Para a seleção dos municípios pesquisados tomou-se por referência estudo do Ministério Público sobre a destinação dos RSU na Bahia. Para esse estudo, dos 30 aterros sanitários simplificados pesquisados e construídos pelo Governo do Estado apenas três apresentavam condição regular de operação. Assim, foram selecionados esses três como condição aceitável e três considerados com operação péssima cuja distância fosse mais próxima da capital, por uma questão de custo. Dentre as hipóteses consideradas, destacaram-se a ausência de um ambiente favorável tanto no âmbito estadual como nacional para a questão dos RSU, o falta de compromisso do gestor municipal com as questões ambientais e a forma como se deu a implantação dos aterros. A metodologia constou de pesquisa documental, pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. Os resultados apontam que a implantação dos aterros deu-se em um contexto de fragilidades tanto por parte do Governo como por parte das Prefeituras, não havendo acompanhamento da operação, nem pelo órgão estadual responsável pela implantação, Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER), nem pelo órgão estadual ambiental, Instituto de Meio Ambiente (IMA). Ao final do estudo são feitas recomendações, tanto aos futuros projetos dos aterros sanitários simplificados quanto às Prefeituras e ao Governo do Estado, como forma de contribuição para novas decisões. Palavras-chave: resíduos sólidos, manejo de resíduos sólidos urbanos, aterros sanitários simplificados, gestão de aterros sanitários simplificados.
iii
ABSTRACT
The improper operation of the most landfills built in some municipalities of the state of Bahia leads to questions of why the municipalities can not operate them adequately, considering their low cost and simplicity of its operation. This study focused on investigating the operation of landfills simplified built by the State Government and transferred to municipalities. The technology of processing and final destination of solid waste (MSW) through the landfill has been simplified apropriate for small municipalities, with the generation of up to 10 tonnes per day per day, provided that the site chosen presents geotechnical conditions favorable to use this technology. For the selection of the cities surveyed was taken by reference study of the Public Ministry on the allocation of MSW in Bahia. For this study, the 30 landfills simplified researched and built by the State Government had only three regular condition of operation. Thus, these three were selected as a condition considerable acceptable and three with terrible operation whose distance was closer to the capital, as a matter of cost. Among assumptions used to highlight the absence of a favorable environment for both statewide and nationally to the issue of MSW, the lack of commitment by the municipal manager with environmental issues and how was the deployment of landfills. The methodology consisted of desk research, literature and field research. The results indicate that the deployment of the landfill was in a context of weak both by the government as by the Prefecture, with no monitoring of the operation, nor state agency responsible for the implementation, Urban Development Company of the State of Bahia (CONDER) or the state environmental agency, Institute of Environment (IMA). At the end of the study recommendations are made, both for future projects on landfills simplified, Prefecture and the State Government, as a contribution to the new decisions. Keywords: solid waste, management of municipal solid waste, landfills simplified, streamlined management of landfills.
iv
LISTA DE FIGURAS FIGURA 1. Percentual de Municípios e formas de destinação de RSU no Brasil ....13
FIGURA 2. Avaliação das condições de operação dos aterros sanitários implantados pela CONDER no Estado da Bahia....................................22
FIGURA 3. Resumo das atividades da pesquisa ......................................................31
FIGURA 4. Mapa de localização do Município de Saubara ......................................33
FIGURA 5. Mapa de localização do Município de Conceição de Jacuípe ................34
FIGURA 6. Mapa de localização do município de Itanagra.......................................35
FIGURA 7. Mapa de localização do Município de Araci.............................................36
FIGURA 8. Mapa de localização do Município de Tucano.........................................37
FIGURA 9. Mapa de localização do Município de Maracás.......................................38
FIGURA 10. Intensidade da pobreza em municípios do Estado da Bahia...................41
FIGURA 11. Percentuais de gastos e desembolsos, segundo a modalidade de serviço de saneamento básico ...............................................................45
FIGURA 12. Modelo de excelência em gestão pública...............................................47
FIGURA 13. Terreno baldio com grande quantidade de saco plástico fino espalhado pela ação do vento. Município de Araci. 19/09/07................53
FIGURA 14. Pilares para apoio à gestão de RSU em municípios de pequeno porte .......................................................................................................60
FIGURA 15. Aspecto geral do ASS de Saubara .........................................................86
FIGURA 16. Lixiviado migrando..................................................................................86
FIGURA17. Vala aberta pela Prefeitura......................................................................87
FIGURA 18. Resíduos despejados na lateral da vala.................................................87
FIGURA 19. Vala de RSS...........................................................................................87
FIGURA 20. Poço de monitoramento do aterro de Saubara.......................................88
FIGURA 21. RSU fora da vala ....................................................................................90
FIGURA 22. Catador no aterro ...................................................................................90
FIGURA 23. Utilização de outra vala ..........................................................................91
v
FIGURA 24. Coleta RSU.............................................................................................91
FIGURA 25. Cerca sem conservação.........................................................................91
FIGURA 26. Guarita saqueada ...................................................................................93
FIGURA 27. Cerca sem fios de arame........................................................................93
FIGURA 28. Aterro sem o portão................................................................................94
FIGURA 29. Queima de RSU na vala .........................................................................94
FIGURA 30. RSU no leito da vala...............................................................................94
FIGURA 31. Aspecto geral do aterro ..........................................................................96
FIGURA 32. Conjunto de portão e guarita ..................................................................97
FIGURA 33. Drenagem pluvial....................................................................................97
FIGURA 34. Frente de trabalho ampla........................................................................97
FIGURA 35 Poço monitorização .................................................................................98
FIGURA 36. Vala de RSS...........................................................................................98
FIGURA 37. Vala encerrada recoberta .......................................................................98
FIGURA 37. Portões sem conservação ....................................................................100
FIGURA 38. Cerca sem conservação.......................................................................100
FIGURA 39. RSU dispostos fora da vala ..................................................................101
FIGURA 40. Queima de RSS....................................................................................101
FIGURA 41. Vala sem uso........................................................................................101
FIGURA 42. Galpão de triagem sem uso..................................................................102
FIGURA 43. Recicláveis selecionados......................................................................102
FIGURA 44. Poço de monitoramento........................................................................102
FIGURA 45. Visão do conjunto .................................................................................104
FIGURA 46. Portão conservado ...............................................................................104
FIGURA 47. RSU fora da vala ..................................................................................104
FIGURA 48. Acesso, lixo solto..................................................................................105
FIGURA 49. Vala RSS..............................................................................................105
vi
FIGURA 50. Canaleta drenagem ..............................................................................105
FIGURA 51. Galpão de triagem ...............................................................................106
FIGURA 52. Poço monitorização ..............................................................................106
FIGURA 53. Distância entre as valas........................................................................110
FIGURA 54. Caçamba iniciando processo de basculamento ...................................111
FIGURA 55. Basculamento I....................................................................................111
FIGURA 56. Basculamento II....................................................................................112
FIGURA 57. Basculamento III..................................................................................112
FIGURA 58. Compactador efetuando despejo..........................................................112
FIGURA 59. Guia para construção de um modelo de gestão de resíduos sólidos urbanos.................................................................................................129
vii
LISTA DE TABELAS TABELA 1. Distribuição dos municípios da Bahia por faixas de população urbana
(2000) ......................................................................................................15
TABELA 2. População dos municípios atendidos com aterro sanitário simplificado.....16
TABELA 3. Custos aterros convencionais implantados: população e custo per capita ......................................................................................................18
TABELA 4. Custo dos aterros sanitários simplificados população e custo per capita ......................................................................................................19
TABELA 5. Custo das obras dos aterros simplificados de Maracás, Ibirapitanga e Itapitanga.............................................................................................20
TABELA 6. Percentuais de pobreza nos municípios pesquisados............................42
TABELA 6. Geração per capita dos RSU dos Municípios de Lençóis, Palmeiras e Ibicoara, Bahia.....................................................................................56
TABELA 7. Composição gravimétrica dos resíduos sólidos domésticos dos municípios de Lençóis, Palmeiras e Ibicoara, Bahia ..............................57
TABELA 8. Síntese das entrevistas com Prefeitos ...................................................78
TABELA 9. Síntese das entrevistas com Secretários I .............................................81
TABELA 10. Critérios adotados para avaliar condição de operacionalidade dos aterros ..................................................................................................117
TABELA 11. Receitas Próprias e de Transferência 2001-2002 ...............................119
TABELA 12. Municípios com receitas acima de R$25 milhões e situação de disposição final, 2002 ...........................................................................120
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1. Fatores vinculados à problemática do manejo dos RSU na ALC ...........24
QUADRO 2. Ano de início da operação e situação de licenciamento dos aterros sanitários simplificados pesquisados......................................................32
QUADRO 3. Conceitos sobre RSU encontrados na literatura.....................................52
viii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AASAS Análise e Avaliação da Sustentabilidade de Aterros Simplificados
ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
ABNT
ALC
Associação Brasileira de Normas Técnicas
América Latina e Caribe
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ASSEMAE Associação Nacional de Serviços Municipais de Saneamento
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CEAPD Cadastro Estadual de Atividades Potencialmente Degradadoras ou
Utilizadoras de Recursos Ambientais
CEPRAM Conselho Estadual de Meio Ambiente (Bahia)
CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (São Paulo)
COMLURB Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
CONDER Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia
CRA Centro de Recursos Ambientais (Bahia)
EU União Européia
FUNASA Fundação Nacional de Saúde
GISRSU Gestão Integrada e Sustentável de Resíduos Sólidos Urbanos
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE
IMA
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Instituto de Meio Ambiente
IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano
IQR Índice de Qualidade dos Aterros
LS
LU
Licença Simplificada
Limpeza Urbana
MMA Ministério do Meio Ambiente
NBR Norma Brasileira
OECD Organization for Economic Co-operation and Development
OPAS Organização Pan-americana da Saúde
PGIRS Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos
PGLU Plano de Gestão de Limpeza Urbana
PGRS Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
PL Projeto de Lei
ix
PLANASA Plano Nacional de Saneamento Ambiental
PMSS Programa de Modernização do Setor Saneamento
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PPA
PRODETUR
Plano Plurianual
Programa de Desenvolvimento do Turismo
PROSAB Programa de Pesquisa em Saneamento Básico
ReCESA Rede Nacional de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento
Ambiental
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
SEDUR Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia
SEPURB Secretaria de Política Urbana
SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente
SNIS Sistema Nacional de Informações em Saneamento
TCFA Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental
UFC UFC Engenharia
UNEP United Nations Environment Programme
UPB União de Municípios da Bahia
10
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................12
1.1 Justificativa...................................................................................................14
1.2 Hipóteses da pesquisa.................................................................................23
OBJETIVOS..............................................................................................................27
METODOLOGIA .......................................................................................................28
3.1. Pesquisa bibliográfica..................................................................................29
3.2. Pesquisa Documental ..................................................................................30
3.3 Pesquisa de campo ......................................................................................30 3.3.1. Municípios pesquisados ..........................................................................31 3.3.2. Licenciamento, ano de início da operação dos ASS pesquisados ..........32
3.3.2.1. Aterros sanitários considerados com operação inadequada pelo MP/BA................................................................................................................33
3.3.2.1.1. Município de Saubara....................................................................33 3.3.2.1.2. Município de Conceição de Jacuípe..............................................34 3.3.2.1.3. Município de Itanagra ....................................................................35
3.3.2.2. Aterros considerados com operação aceitável pelo MP/BA.............36 3.3.2.2.1. Município de Araci .........................................................................36 3.3.2.2.2. Município de Tucano .....................................................................37 3.3.2.2.3. Município de Maracás....................................................................38
REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................39
4.1 Municípios, processo de descentralização e pobreza ..............................39
4.2. Competências municipais na área ambiental ............................................42
4.3. Políticas de saneamento básico .................................................................44
4.4. Gestão Pública..............................................................................................47 4.4.1. Síntese dos elementos atuais para a gestão pública ..............................47
4.5 Apoio institucional aos municípios ............................................................48
4.4. Resíduos Sólidos Urbanos ..........................................................................50 4.4.1. Aspectos gerais .......................................................................................50 4.4.2. Conceitos e princípios atuais para a gestão dos RSU.............................52 4.4.3. Aspectos técnicos dos RSU ....................................................................55
4.4.3.1. Origem, geração per capita, classificação e composição................55
4.5. Gestão dos RSU ...........................................................................................58
4.6. Aterros sanitários simplificados .................................................................63
11
4.6.1. Operação de aterros sanitários simplificados..........................................67
4.8. Aspectos legais e normativos para os RSU...............................................70
RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................77
5.1. Resultados das entrevistas com prefeitos e secretários..............................78
5.2. Informações adicionais fornecidas pelos Prefeitos ..................................82 5.2.1. Município de Saubara – informações adicionais .....................................82 5.2.2. Município de Conceição de Jacuípe – informações adicionais ...............82 5.2.3. Município de Itanagra – informações adicionais......................................83 5.2.4. Município de Araci - informações adicionais ...........................................83 5.2.5. Município de Tucano – informações adicionais.......................................83 5.2.6. Município de Maracás – informações adicionais .....................................83
5.3. Dados colhidos na visita aos aterros sanitários simplificados................84 5.3.1. Aterro Sanitário Simplificado do Município de Saubara...........................84 5.3.2. Aterro sanitário simplificado do Município de Conceição de Jacuípe......88 5.3.3. Aterro Sanitário Simplificado do Município de Itanagra ...........................92 5.3.4. Aterro sanitário simplificado do Município de Araci .................................95 5.3.5. Aterro Sanitário Simplificado do Município de Tucano ............................99 5.3.6. Aterro sanitário simplificado do Município de Maracás..........................103
5.4. Resultado das entrevistas com técnicos da CONDER............................106
5.5. A experiência de São Paulo.......................................................................114
5.6. Avaliação dos aterros pelos critérios adotados ......................................116
6. CONCLUSÃO .....................................................................................................121
REFERÊNCIAS.......................................................................................................131
APÊNDICE A Roteiro das entrevistas semi-estruturadas APÊNDICE B Dados observados em campo ANEXO A Elementos para estudos de seleção de área para aterros simplificados ANEXO B Resumo do Manual de Operação dos Aterros Simplificados da CONDER
12
INTRODUÇÃO
A sociedade contemporânea vive o conflito entre os padrões insustentáveis
de produção/consumo e a preservação ambiental do planeta. Da produção e do
consumo são geradas toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) que precisam
ser coletadas, transportadas, tratadas e dispostas em algum lugar.
Os RSU representam a materialidade dos restos do consumo da sociedade
e sua geração descontrolada constitui-se em um problema complexo a ser
solucionado pelo Poder Público e pela Sociedade, a fim de reduzir os impactos
negativos produzidos no meio ambiente e na saúde.
Andrade (2006) afirma que os RSU fazem parte da vida do homem e os
qualifica como agente de interação entre diversos setores de atividade, tais como:
energia, saúde pública, educação, uso e ocupação do solo, qualidade do ar,
qualidade da água, qualidade do solo, geração de renda e emprego, pesquisa e
desenvolvimento, turismo, direito, cidadania, comportamento social, transporte e
segurança.
Segundo o autor, diversas áreas do conhecimento (engenharia, economia,
física, química, biologia, geofísica, geografia, sociologia, direito, administração, etc.)
têm interface com a questão dos RSU e auxiliam no encontro de soluções para
tratamento e destinação adequados aos materiais encontrados nas grandes
quantidades de RSU diariamente gerados (ANDRADE, 2006).
A partir da revolução industrial, do conseqüente processo de urbanização,
do desenvolvimento de novas tecnologias e da oferta de novos produtos, o modo de
consumir da sociedade foi modificado, estabelecendo novos contextos (do descarte,
por exemplo), que resultaram em modificações ao meio ambiente. O aumento da
geração de RSU tem apresentado conseqüências que provocam alterações na
água, no ar e no solo.
No Brasil, a destinação final dos RSU é um problema a ser superado pelos
municípios, ente federado responsável por sua gestão. A Figura 1 apresenta os
percentuais de municípios que informaram o modo utilizado para dispor os RSU, de
acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB 2000 (IBGE, 2002).
13
53,29
2,295,24
16,43
12,77
7,12
2,86
Aterros controlados
Aterros sanitarios
Aterros especiais
Incineração
Lixões
Usinas compostagem
Usinas reciclagem
Fonte: PNSB 2000 (IBGE, 2002)
FIGURA 1. Percentual de Municípios e formas de destinação de RSU no Brasil
Pode-se observar que, no Brasil, predomina sobre os modos de tratamento
e destinação final o uso do lixão, que são depósitos de RSU a céu aberto, uma
forma inadequada de disposição, sem compactação ou cobertura (CASTILHOS
JUNIOR, 2003). Constituem-se, na maioria das vezes, em áreas escolhidas pelas
prefeituras sem nenhum critério técnico de seleção, onde, continuamente são
depositadas grandes quantidades de lixo, que se acumulam ao longo do tempo,
atraindo vetores e poluindo o meio ambiente.
Esta forma de disposição tem levado os governos estaduais a intervirem
nos municípios implantando aterros sanitários. Entretanto, essas intervenções não
têm sido suficientes para estabelecer uma solução para o problema.
Em muitos estados brasileiros, os projetos e programas de governo para
RSU são desenvolvidos de forma pontual, no sentido de buscar soluções apenas
para a destinação final. As obras de construção dos aterros sanitários nos
municípios são executadas sem que haja um comprometimento na melhoria do
manejo dos RSU, reduzindo a sua geração ou aumentando o percentual de
aproveitamento, de forma que não sejam aterrados. Nestas circunstâncias, muitos
aterros transformam-se em lixões.
Para os municípios de pequeno porte, assim considerados, neste trabalho,
aqueles com população urbana de até 20.000 habitantes, a gestão dos RSU
configura-se como um dos grandes problemas a ser administrado pelos gestores
14
municipais. Embora a quantidade de RSU gerada situe-se em torno de 10 a 15 t/dia,
ao se considerar o porte da economia desses municípios, o problema torna-se de
difícil solução.
A complexidade que envolve o manejo dos RSU e a busca por soluções
adequadas às peculiaridades de cada cidade levam, muitas vezes, a adoção de
ações simplistas cujos resultados são insatisfatórios e insustentáveis no longo prazo.
Sem se preocuparem com o planejamento, não há priorização de aplicação dos
recursos financeiros e organizacionais que são necessários à estruturação para a
prestação dos serviços.
Países que se dispõem a aplicar grandes somas para investimentos no
tratamento e destinação final dos RSU alcançam situação mais favorável, uma vez
que, para o seu planejamento, são estabelecidos modelos de gestão e o seu
gerenciamento se faz de forma eficaz, com recursos financeiros suficientes e base
legal para regular a área de RSU.
No Brasil, em face das dificuldades econômicas e na ausência de uma
política que discipline a área de RSU, cujo Projeto de Lei tramita atualmente no
Congresso Nacional, o problema vem se agravando, principalmente no que se refere
à destinação final.
Este trabalho visa realizar uma análise da gestão dos RSU adotadas em
municípios de pequeno porte e o reflexo desse modelo no gerenciamento dos
aterros sanitários simplificados, tecnologia que vem sendo adotada para solucionar
o problema de destinação final.
1.1 Justificativa
Em 2002, o Governo do Estado da Bahia e a Secretaria de
Desenvolvimento Urbano, por meio da Companhia de Desenvolvimento Urbano do
Estado da Bahia - CONDER iniciaram o atendimento a municípios de pequeno porte
com a técnica de aterros sanitários simplificados, para adequação da destinação
final dos RSU, a fim de reduzir os impactos ambientais negativos provocados pelos
lixões.
15
Os dados da Tabela 1 demonstram que grande parte dos municípios do
Estado da Bahia, cerca de 90%, situa-se na faixa de até 20.000 habitantes urbanos,
os quais geram, teoricamente, entre 10t/dia a 15t/dia de RSU. Depreende-se,
portanto, que em 364 municípios seria possível a utilização da tecnologia do aterro
sanitário simplificado.
TABELA 1. Distribuição dos municípios da Bahia por faixas de população urbana (2000)
Faixa de população urbana
Quantidade municípios
% Percentual acumulado %
Até 10.0000 290 69,5 69,5
De 10.001 a 20.000 74 17,8 87,3
De 20.001 a 40.000 25 6,0 93,3
De 40.001 a 60.000 13 3,1 96,4
De 60.001 a 80.000 3 0,7 97,1
De 80.001 a 100.000 3 0,7 97,8
Acima de 100.001 8 1,9 99,7
Acima de 1.000.000 1 0,3 100,00
TOTAL 417 100
Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados do SEI (2000).
Até o ano de 2006, o Governo do Estado da Bahia havia implantado 35
aterros sanitários simplificados e 19 aterros do tipo convencional.
Conforme pode ser observado na Tabela 2, em geral, os aterros sanitários
simplificados foram implantados em municípios com população urbana de até 20.000
habitantes, de acordo com o critério adotado pela CONDER, porém, pode-se
verificar que houve casos de implantação de aterros em cidades com população
urbana acima desta quantidade.
16
TABELA 2. População dos municípios atendidos com aterro sanitário simplificado
Nº MUNICÍPIOS
POP. URBANA
(IBGE 2000)
POP. TOTAL (IBGE 2000)
1 Abaíra 3559 9067
2 Alcobaça 7446 20.900
3 Aporá 6.546 16.769
4 Araci 16.189 47.586
5 Barra do Choça 17.721 40.818
6 Boipeba (povoado) - 694
7 Cabaceiras Paraguaçú 3.305 15.547
8 Caravelas 10.332 20.103
9 Conceição do Jacuípe 19.466 26.194
10 Conde 10.492 20.426
11 Filadélfia 7.966 17.177
12 Ibirapitanga 6.363 22.177
13 Ipirá 23.320 61.746
14 Itanagra 1.859 6.370
15 Itapebi 8.542 11.526
16 Itapitanga 7.095 10.382
Ituberá 15.910 29.133 17 Nilo Peçanha 2.495 11.213 Taperoá 7.523 15.933
18 Jiquiriçá/Ubaíra 4.588 13.638
19 Lafayete Coutinho 1.921 4.102
20 Laje 5.118 19.601
21 Lajêdo do Tabocal 4.608 8.100
22 Macarani 10.719 14.594
23 Maracás 18.516 31.683
24 Morro de São Paulo(povoado) - 1.653
25 Mutuípe 8.984 20.462
26 Palame/Baixio - 570
27 Planaltino 2.990 7.963
28 Potiraguá 7.546 14.579
29 Ribeirão do Largo 4.451 15.303 30 Rio de Contas 5.683 13.935 31 Santa Inês 10.374 11.027
32 São Domingos Valente
3.711 9.511
8.526 19.142
33 Saubara 10.076 10.193
34 Serra Preta 5.692 17.726
35 Tucano 18.597 50.948 Fonte: CONDER/GEAMB (2006); IBGE (2000); SEI (2000)
1 Requalificado, significa que, por ter sido operado de forma inadequada, precisou de obras para recobrar sua condição de
aterro sanitário.
Fiúza, Fontes e Cruz (2002, p. 1) entendem que a maioria dos municípios
baianos de pequeno porte pode adotar essa tecnologia, pois “são muito pobres, com
17
baixa geração de receita própria, não conseguindo resolver seus problemas de
saneamento básico, por falta de recursos e carentes de capacitação técnica e
gerencial”.
Os citados autores argumentam ainda, com relação a custos, que a
implantação de um aterro convencional, por necessitar de balança, drenos, mantas e
lagoas, a média de valor para sua construção está na ordem de R$1.358.000,00. O
custo de operação, segundo os autores, situa-se em torno de R$20.000,00 por mês,
por exigirem, de forma permanente, o uso de máquinas e veículos, trator de esteira,
máquina retroescavadeira e caçambas, além da mão de obra (FIÚZA, FONTES e
CRUZ, 2002).
Sendo assim, diante desses custos altos pode ficar inviabilizada a
destinação final adequada nos municípios de pequeno porte.
A Tabela 3 apresenta os custos de implantação dos aterros sanitários
convencionais e a quantidade da população urbana atendida na Bahia. Da análise
dos dados fornecidos, verifica-se que o custo per capita de um aterro sanitário do
tipo convencional varia mais em função das especificações contidas no projeto,
necessárias para reduzir os impactos ambientais, do que em função da população
atendida. Significa dizer que para cidades mais populosas, há tendência de redução
do custo per capita. Entretanto, no caso do município de Camamu, caracterizado por
ter área ambientalmente frágil e população reduzida, ao implantar um aterro tipo
convencional o custo de implantação per capita alcançou um valor na ordem de
R$109,31, configurando-se como uma exceção à tendência mencionada.
18
TABELA 3. Custos aterros convencionais implantados: população e custo per capita
Nº Municípios
Pop.Urbana (IBGE 2000)
Custo Total R$
Custo per
capita
1 Salvador/ Simões Filho/ Lauro de Freitas 2.627.392 2.317.934,00 0,88,
2 Camaçari/ Dias D’Ávila 197.075 1.129.885,92 5,73,
3 Alagoinhas 112.440 1.111.727,00 9,89,
4 S.Francisco Conde/Candeias/ M.Deus 102.596 1.022.850,44 9,97,
5 Teixeira de Freitas 98.688 1.065.054,14 10,79,
6 Catu / Pojuca / Mata de São João 84.669 989.977,00 11,69,
7 Jequié 130.296 1.663.640,73 12,77,
8 Porto Seguro 79.619 1.136.342,79 14,27,
9 Itapetinga 55.182 837.262,39 15,17,
10 Ilhéus / Uruçuca 125.840 2.070.342,98 16,45,
11 Sto. Antonio de Jesus 66.245 1.111.449,45 16,78,
12 Vera Cruz/ Itaparica 43.782 892.002,08 20,37,
13 Jaguaquara 35.103 738.268,73 21,03,
14 Maragojipe 21.043 516.983,94 24,57,
15 Santo Amaro 44.505 1.855.970,48 41,70,
16 Muritiba/Cachoeira/S. Félix 35.168 1.796.404,64 51,08,
17 Belmonte 10.805 732.538,00 67,80,
18 Sauípe 20.000 1.580.904,10 79,05,
19 Camamu 12.107 1.323.469,00 109,31,
20 Cruz das Almas (obra em final de conclusão)
TOTAL 3.902.555 23.893.007,81 6,12,
Fonte: CONDER/GEAMB (2006)
De acordo com os custos apresentados na Tabela 3 verifica-se que o custo
de implantação dos aterros sanitários convencionais variou entre R$517.000,00 a
R$2.318.000,00, aproximadamente.
Os aterros sanitários simplificados por se constituírem em obras menos
complexas sem exigência de impermeabilização com manta de PEAD, em geral, e
sem lagoas de estabilização, tem seu custo de implantação bastante reduzido se
comparado aos valores dos aterros sanitários convencionais, conforme pode se
verificar na Tabela 4.
19
TABELA 4. Custo dos aterros sanitários simplificados população e custo per capita
Pop. Urbana
Nº Municípios (IBGE, 2000)
Custo Total (R$)
Per capita
(R$/hab) 1 Abaíra 3.559 2 Barra do Choça 17.721 3 Conde 10.492 4 Itapebi 8.542 5 Potiraguá 7.546 6 Saubara 10.076
1.130.749,41 19,52
57.936 7 Macarani 1 10.719 95.000,00 8,86 8 Boipeba 694 180.000,00 259,36
9 Morro de São Paulo 2 1.653 180.000,00 108,89 10 Laje 5.118 200.000,00 39,08 11 Mutuípe 8.984 260.000,00 28,94 12 Jiquiriçá/Ubaíra 12.598 563.408,71 44,72 13 Araci 16.189 14 Aporá 6.546 15 Itanagra 1.859 16 Filadélfia 7.966 17 S.Domingos/Valente 13.222 18 Serra Preta 5.692 19 Palame / Baixio 570
1.364.149,51 26,21
51.774 20 Caravelas 10.332 21 Alcobaça 7.446 22 Lajêdo do Tabocal 4.608 23 Rio de Contas 5.683 24 Lafayete Coutinho 1.921 25 Planaltino 2.990 26 Ribeirão do Largo 4.451 27 Santa Inês 10.374
1.289.945,00 12,95
99.579 28 Ipirá 23.320 29 Tucano 18.597 30 Cabaceiras Paraguaçú 3.305 31 Conceição do Jacuípe 19.466
1.215.891,00 18,80
64.688 32 Ibirapitanga 6.363 33 Itapitanga 7.095 19,79 34 Maracás 18.516 632.709,00
31.974 35 Ituberá/Nilo Peçanha/Taperoá 25.928 290.790,00 11,22
TOTAIS 377.598 7.402.642,63 19,60 Fonte: CONDER/GEAMB (2006) 1 Implantado pela Prefeitura 2 Requalificado
Conforme se demonstra na Tabela 4, o custo de implantação de um aterro
sanitário simplificado implantado pela CONDER, à exceção de Macarani cuja verba
20
foi repassada à Prefeitura, variou de acordo com as especificações do projeto e
ficaram na ordem de R$180.000,00 a 260.000,00, em geral com abertura de duas
valas, guarita, cerca, portão, poços de monitorização.
Ressalta-se que, quando se compara o custo per capita de implantação
dos aterros simplificados com o custo per capita dos aterros sanitários
convencionais, a exceção de Salvador (maior população) e Camamu, conforme já
esclarecido, observa-se que não há uma diferença significativa entre esses valores.
No caso dos aterros sanitários convencionais o intervalo fica situado entre R$5,79 a
R$79,05 e os simplificados entre R$8,86 a R$47,37, a exceção dos aterros
sanitários dos povoados de Boipeba e Morro de São Paulo, que atendem a
pequenas populações.
Para avaliar o custo de um aterro licitado em grupo, num total de 6 grupos
que corresponderam a implantação de 29 aterros, foi selecionado de modo aleatório
para análise, o resumo da planilha orçamentária da obra dos aterros de Maracás,
Ibirapitanga e Itapitanga, cujos valores estão apresentados na Tabela 5.
TABELA 5. Custo das obras dos aterros simplificados de Maracás, Ibirapitanga e Itapitanga
Item Discriminação Valor R$1,00 % 1 PROJETO 60.647,80 9,779
1.1 Projeto executivo 60.647,80 9,779 2 IMPLANTAÇÃO 559.534,11 90,221
2.1 Serviços preliminares 87.690,85 14,140 2.2 Acesso viário 92.807,12 14,964 2.3 Valas sanitárias 137.344,32 22,146 2.4 Drenagem 18.238,82 2,941 2.5 Edificações 61.804,73 9,966 2.6 Abastecimento de água 4.347,00 0,701 2.7 Esgotamento sanitário 3.175,74 0,500 2.8 Paisagismo 50.933,04 8,213 2.9 Remediação dos lixões 86.913,04 14,014 2.10 Monitorização ambiental 16.279,12 2,625
TOTAL 620.181,91 100,00 Saldo a pagar 143,92
Total 620.325,83 Fonte: CONDER/DEFIS, 2004
Deduzindo-se do valor total o custo de remediação dos lixões tem-se um
valor de R$533.412,79 para implantação dos três aterros. Dividindo-se esse valor
tem-se o custo médio de cada aterro em torno de R$177.804,26.
21
Com relação ao custo de operação de um aterro sanitário simplificado,
pode-se estimar um valor para cobrir despesas com 3 trabalhadores, uso alternado
de uma máquina e despesas para reparos, ferramentas, manutenções, fardamento
e licenciamento.
Fica demonstrado, portanto, que com relação aos custos de implantação
de um aterro sanitário simplificado há uma substancial redução dos valores
aplicados, se comparado ao custo de um aterro convencional, o que pode viabilizar
a destinação adequada dos RSU nos pequenos municípios. Esta redução também é
significativa no valor da operação por não necessitar, principalmente, de um trator
esteira, diariamente, no local.
Ocorre que, embora esses custos de implantação e operação sejam
reduzidos, a situação operacional da maioria dos aterros sanitários simplificados é
deficiente.
É o que se verifica nos dados da publicação “Desafios do Lixo: problemas,
responsabilidades e perspectivas”, apresentado e publicado pelo Ministério Público
do Estado da Bahia, em 2007, onde é feita uma avaliação da situação de destinação
final no Estado da Bahia (BAHIA, 2007).
Consoante essa publicação, os aterros apresentaram os resultados
encontrados na Figura 2, de acordo com a metodologia de avaliação utilizada pelo
referido órgão.
22
Fonte: MPE (BAHIA, 2007)
FIGURA 2. Avaliação das condições de operação dos aterros sanitários implantados pela CONDER no Estado da Bahia
Dos 35 aterros sanitários simplificados implantados pela CONDER, foram
avaliados 30 e apresentados os seguintes resultados: 12,5% considerados em
condição aceitável de operação, 56,2% regulares e 31,3% péssima condição. Dos
19 aterros sanitários convencionais implantados pela CONDER foram avaliados 15,
sendo que 18,7% foram considerados em condição aceitável, 43,8% regulares e
37,5% péssima condição (BAHIA, 2007).
Dessa forma, embora o Governo do Estado da Bahia tenha aplicado a
soma de R$ 31.295.650,44, no período 1995-2006, para melhoria da forma de
destinação final dos RSU em diversos municípios, nem todos corresponderam com a
manutenção e operação dos aterros, sendo que, muitos desses aterros
transformaram-se em lixões.
Fica assim o problema desse estudo configurado na operação inadequada
pelos municípios da maioria dos aterros sanitários simplificados implantados pelo
Governo do Estado da Bahia. O questionamento é, ao considerar a
facilidade/simplicidade da operação dos aterros simplificados, porque estes não
estão sendo bem operados pelas prefeituras?
0%
10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%
100%
Aterros
convencionais Aterros
Simplificados
Péssimo
Regular
Aceitável
23
A pesquisa propõe identificar as causas que podem concorrer para a boa
ou má operação dos aterros. A tecnologia de aterros sanitários simplificados para a
disposição final dos RSU, por sua facilidade de operação e baixo custo de
implantação, pode ser uma alternativa para melhorar a disposição final dos RSU em
pequenos municípios. Se for bem aplicada, pode contribuir para reduzir a disposição
aleatória dos RSU diretamente no solo.
A delimitação desta pesquisa é a gestão dos sistemas de destinação final
de seis aterros sanitários simplificados no Estado da Bahia, sob a ótica da gestão
dos resíduos sólidos do município. Para tanto foram selecionados três aterros
sanitários simplificados com operação aceitável e três com operação irregular,
segundo dados do Ministério Público do Estado da Bahia (BAHIA, 2007).
O conhecimento das causas que interferem na operação dos aterros
sanitários simplificados implantados poderá subsidiar o planejamento e a tomada de
decisão dos gestores públicos no que tange à questão dos RSU. Desse modo,
poderão ser mais acertadas a aplicação de técnicas de destinação final e indicação
de estruturas apropriadas que garantam a sustentabilidade dos aterros sanitários
simplificados nos municípios de pequeno porte no Estado da Bahia ou em outros
locais.
1.2 Hipóteses da pesquisa
Constantemente, a sociedade vem cobrando dos Prefeitos a destinação
inadequada dos RSU do seu município, uma vez que cabe a estes gestores a
responsabilidade de organizar e executar os serviços públicos de interesse local.
Alguns prefeitos argumentam que são insuficientes os recursos financeiros,
equipamentos e conhecimento técnico para operar aterros sanitários, ou, ainda, que
não recebem o apoio necessário do Governo Estadual para executar tal serviço. No
entanto, outros gestores conseguem alcançar níveis regulares de operação do
aterro, mesmo limitado por recursos financeiros e conhecimento técnico.
Para a população em geral, a responsabilidade maior com a questão dos
RSU é do Poder Público Municipal. A Universidade de Taubaté, em julho de 2000,
realizou uma pesquisa, com a finalidade de saber o que as pessoas pensam sobre o
lixo, com diversas perguntas, dentre elas, “quem deveria ser responsável pelo lixo?”.
24
De um universo de 104 pessoas, 58% indicaram o governo e somente 10% acharam
que é de responsabilidade de todos (RIBEIRO, 2006 apud SILVEIRA e MORAES,
2007). Sendo assim, percebe-se que as pessoas atribuem sempre ao Poder Público
a solução do problema.
O estudo realizado pela Organização Pan-americana de Saúde considerou
que o manejo integrado dos RSU representa um dos desafios mais importantes
enfrentados pelas autoridades governamentais, pelos prestadores de serviços e pela
comunidade em geral (OPAS, 2005).
A par disso, indicou fatores que dificultam o manejo dos RSU na América
Latina e Caribe - ALC, os quais encontram-se elencados no Quadro 1.
QUADRO 1. Fatores vinculados à problemática do manejo dos RSU na ALC
Horizontes muito curtos de planejamento e de compromisso para a autoridade local, dado o breve período das administrações municipais Volatilidade e descontinuidade política nas administrações municipais Falta de cultura de pagamento pelos serviços públicos com que a população é atendida Excessivo atraso e graves deficiências nos procedimentos e mecanismos para a cobrança de impostos municipais Partidarismo das decisões e do debate público Persistência de traços culturais rurais nas cidades, o que equivale em geral à desconsideração do espaço público em um contexto urbano Falta de uma cultura de limpeza e de responsabilidade pelos RSU gerados a nível individual Falta de aplicação da ordem jurídica e de controle Incerteza para o investimento e falta de transparência nas decisões dos governos locais Baixo nível de competência e capacitação no serviço público
Visão incompleta e distorcida da gestão ao assimilá-lo fundamentalmente como um problema relativo ao serviço esquecendo de seus componentes ambiental, social, econômico e de saúde Ausência de organismo operadores autônomos sob regras claras de eficiência e prestação de contas Marco regulatório e normativo difuso, obsoleto, incompleto, carente de uma estrutura intersetorial e de instrumentos jurídicos de caráter técnico Falta de instrumentos econômicos, jurídicos e de promoções que motivem a participação social em processos de separação e reciclagem do lixo Ausência de políticas e estratégias para a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Municipais Falta de estratégias para a incorporação do setor informal (catadores) na gestão dos resíduos sólidos Desvinculação entre as distintas instâncias envolvidas na área de resíduos sólidos Falta de modelos tarifários que permitam a recuperação das tarifas ou quotas, pela prestação dos serviços fornecidos e que considerem as diferenças entre os resíduos
25
gerados pelas diferente fontes Fonte: OPAS, 2005.
Segundo Acurio et al. (1997), há, ainda, outros fatores que também limitam
a gestão de RSU em países da América Latina, são eles: falta de definição do
âmbito de competência dos diferentes órgãos; carência de um sistema de
informação e nenhum intercâmbio de dados; falta de uma identificação para a área
de RSU dentro da Administração Pública Municipal; limitada capacidade institucional
para assumir as funções e responsabilidades; aparente falta de vontade política nos
níveis de tomada de decisão e estabelecimento de prioridades.
Azambuja (2002) assinala que os fatores de ordem jurídica e as questões
ambientais e sociais também influenciam a gestão dos RSU.
Segundo Araújo (2006), a causa que impede maiores avanços na gestão
dos RSU no Brasil é a baixa institucionalização para a prestação dos serviços. Esta
se constitui em um fator que contribui para a transformação de aterros em lixões,
pois em 70% dos municípios não existe órgão específico para a limpeza urbana,
resultando na falta de controle sobre os serviços.
Afirma, ainda, a citada autora que mais de 50% dos municípios não cobram
pelos serviços, e, quando cobram, os valores são muito inferiores à despesa real.
Além disso, não há preparo técnico do pessoal operacional para os aterros, os
Órgãos Estaduais Ambientais são ausentes na fiscalização, inexiste uma política
nacional de resíduos sólidos estabelecendo a responsabilização do gerador e
instrumentos adequados de regulação e controle sobre a prestação dos serviços
(ARAÚJO, 2006).
Além dessa multiplicidade de fatores que Acurio et al. (1997), Azambuja
(2002) e Araújo (2006) afirmam que repercutem na má gestão dos RSU, foram
consideradas também como hipóteses:
a) Não existência, até então, de um ambiente favorável ao encontro de
soluções sustentáveis. Isto é, há ausência de uma legislação específica para a área
de RSU, que estabeleça orientações e diretrizes para o manejo dos resíduos dirigido
a produtores e consumidores, com objetivos e metas, bem como, nenhum programa
26
de erradicação de lixões, com linhas de financiamento acessíveis para pequenos
municípios, face à complexidade que envolve a gestão dos RSU.
b) O tímido ou a falta de compromisso do gestor municipal para com as
questões ambientais aliado a não autonomia política e administrativa dos municípios
de pequeno porte.
c) Os aterros sanitários simplificados não estão sendo bem operados pelas
prefeituras por não terem sido privilegiados aspectos como a participação da
população, o fortalecimento institucional da Prefeitura para gerir o aterro e a
necessidade do próprio Governo do Estado em reforçar sua estrutura institucional
para apoiar os municípios na gestão dos RSU, realizando apenas a obra.
d) Outras variáveis como cultura, educação, nível de organização social
das populações locais e do próprio Poder Público e o perfil do gestor também
influenciam a gestão dos resíduos sólidos, porém não serão objeto deste estudo.
27
OBJETIVOS
Esta dissertação tem como objetivo geral identificar e avaliar, sob a ótica
de gestão, as causas que interferem na operação adequada ou inadequada dos
aterros sanitários simplificados implantados pelo Governo do Estado da Bahia.
E tem como objetivos específicos:
a) Analisar, sob a ótica da gestão do sistema de RSU, a tecnologia do aterro
sanitário simplificado.
b) Identificar fatores que concorrem para a gestão dos aterros sanitários
simplificados.
c) Analisar os sistemas de destinação final de seis municípios dotados de
aterros sanitários simplificados, três com operação considerados aceitável e
três com operação inadequada, segundo publicação do Ministério Público do
Estado da Bahia, de 2007.
d) Avaliar as condições em que se realiza a operação destes aterros.
28
METODOLOGIA
O eixo central da pesquisa foi identificar as causas que concorrem para a
adequada ou inadequada operação dos aterros simplificados, de modo a servir de
apoio ao planejamento e a tomada de decisão política dos gestores públicos.
Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo com método de abordagem
dedutivo, uma vez que por meio das conclusões inferidas do estudo, pode-se chegar
à resposta do problema (ARANTES, 2007).
Desse modo, para a conclusão do estudo tomou-se por base o referencial
teórico, as entrevistas, as observações das visitas de campo, as estruturas
implantadas para gerenciar o sistema de destinação final e a análise das
particularidades de cada aterro sanitário simplificado.
Para selecionar os municípios pesquisados, tomou-se como referência a
publicação “Desafio do Lixo: problemas e perspectivas” relatório do Ministério
Público do Estado da Bahia, de 2007, elaborado pelo Centro de Apoio Operacional
às Promotorias de Justiça de Meio Ambiente, CEAMA, órgão auxiliar do Ministério
Público,.
O CEAMA, face às inúmeras solicitações de perícias das Promotorias e
exercendo o seu papel de proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente
e de outros interesses difusos e coletivos, realizou um diagnóstico da qualidade
ambiental da disposição do lixo no Estado da Bahia, nos anos de 2006 e 2007. Este
diagnóstico identificou a existência de cerca de 408 lixões no Estado da Bahia e
realizou uma avaliação ambiental de 30 aterros simplificados dos 35 implantados
pela CONDER (BAHIA, 2007).
Verifica-se, na referida publicação, que dos 30 aterros sanitários
simplificados implantados pela CONDER foram considerados aceitáveis apenas três,
os aterros dos municípios de Maracás, Tucano e Araci. O nível “aceitável” é
considerado no relatório como reflexo da operação dos mesmos. Com base nessa
avaliação, esses três aterros foram selecionados para a pesquisa.
Considerando a mesma quantidade para aterros simplificados avaliados
com situação ambiental péssima, segundo o mesmo relatório, obtém-se uma
29
amostra de seis aterros. O critério para seleção destes outros três aterros, avaliados
como péssimos, foi sua localização mais próxima de Salvador, visando reduzir
custos da pesquisa. Assim, foram selecionados os aterros dos municípios de
Saubara, Itanagra e Conceição de Jacuípe.
Portanto, do universo de 30 aterros foram selecionados seis, ou seja, uma
amostra de 20% do universo considerado. Para uma pesquisa de caráter
exploratória constituiu-se numa amostra suficiente para comparar causas de
interferência na operação. Isto é, reconhecer o que está acontecendo nos aterros e
observar fenômenos sob a ótica da sua gestão.
Portanto, os métodos consistiram em pesquisa bibliográfica com revisão da
literatura, pesquisa documental e pesquisa de campo.
3.1. Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica abrangeu consulta a textos, estudos, teses e
dissertações de diversas instituições sobre o tema RSU tratado em seus diversos
aspectos; pesquisa na internet; leitura de textos de autores reconhecidos, anais dos
eventos da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - ABES e
consulta a sítios governamentais.
Na literatura foi encontrado, ainda que em número reduzido, o tema gestão
de RSU nos seus aspectos de diretrizes, arcabouço institucional e legal, assim como
sobre operação de aterros sanitários.
Buscou-se pesquisar, também, sobre gestão pública, o município, sua
evolução a partir da Constituição Federal de 1988 e políticas de saneamento básico.
Para facilitar e dar ordenamento ao desenvolvimento da dissertação,
conforme as hipóteses da pesquisa, a revisão bibliográfica foi subdividida por temas:
a) municípios, descentralização e políticas de saneamento básico; b) RSU aspectos
técnicos, aspectos legais e normativos; c) gestão pública e gestão de RSU; d)
aterros sanitários simplificados no Brasil e na Bahia, por entender que todos esses
assuntos têm implicações sobre a forma como vem sendo tratado o tema,
destinação final dos RSU.
30
Especificamente, para aterros sanitários simplificados foram encontradas
contribuições em menor quantidade, possivelmente por constituir-se em uma
tecnologia nova, não amplamente difundida no Brasil. Publicações do - Programa
de Pesquisa em Saneamento Básico, PROSAB, da CETESB, da Organização Pan
Americana de Saúde – OPAS e da CONDER foram fundamentais para o estudo
sobre aterros sanitários simplificados.
3.2. Pesquisa Documental
A pesquisa documental foi realizada na CONDER, órgão estadual
responsável pela implantação dos aterros sanitários simplificados e pelo
desenvolvimento de outras ações de RSU no Estado da Bahia.
Buscou-se reunir informações contidas em material não publicado, interno
da Companhia, sobre critérios utilizados pela instituição para o processo de
implantação dos aterros. Foram selecionadas as informações referentes ao
planejamento (estudos de seleção de área, licenciamento ambiental, concepção
básica dos ASS, relação entre a Prefeitura e o Estado, capacitação, transferência do
equipamento para a Prefeitura).
3.3 Pesquisa de campo
A pesquisa de campo dos aterros sanitários simplificados consistiu no
levantamento de dados por meio da aplicação de um roteiro de entrevistas semi-
estruturadas com os atores intervenientes no processo da implantação e operação
dos aterros nos municípios. Foram entrevistados prefeitos, secretários e
responsáveis pela operação do aterro (APÊNDICE A). Fez parte também desta
etapa um relatório fotográfico que mostra algumas ocorrências encontradas e revela
a situação encontrada no dia da visita.
Após a pesquisa de campo, estando a autora na posse de informações
suficientes para dar início às deduções das causas que estariam contribuindo para a
operação inadequada dos aterros, foi realizada entrevista semi-estruturada com três
engenheiros da CONDER que atuaram durante a implantação dos aterros. Esta
entrevista objetivou conhecer a evolução do processo de implantar os ASS e
31
esclarecer alguns questionamentos de aspectos observados em campo, que podem
repercutir sobre dificuldades na forma de operar os aterros sanitários simplificados.
De forma complementar foi realizada visita à CETESB, para conhecer a
experiência de São Paulo com a implantação dos aterros em valas, quando foi
visitado o aterro em valas do município de Conchas e coletado material bibliográfico
sobre o tema.
Todas essas consultas permitiram reconhecer a complexidade que envolve
construir e implantar um modelo de gestão de RSU.
A Figura 3 apresenta um resumo das atividades desenvolvidas durante a
pesquisa.
CLASSIFICAÇÃO ATIVIDADES OBJETIVO � Pesquisa na literatura sobre RSU; aterros
sanitários, aterros simplificados. � Gestão; gestão pública, gestão de sistemas de
RSU; Políticas públicas; política de saneamento.
PESQUISA
BIBLIOGRÁFICA- REVISÃO DA LITERATURA
� .Pesquisas de artigos técnicos, teses e dissertações feitas na internet.
MARCO TEÓRICO REFERENCIAL
� Levantamentos de dados sobre os aterros sanitários simplificados implantados na Bahia:
� dados sobre demandas, atendimentos, licenciamentos, condução do processo de implantação, população dos municípios
PESQUISA DOCUMENTAL
� Situação das condições operacionais dos aterros simplificados na visão da CONDER.
CONTEXTO, DELIMITAÇÃO DO
OBJETO DA PESQUISA
� Seleção e visitas aos municípios dos aterros pesquisados.
� Definição dos atores intervenientes durante todo o processo de implantação dos aterros simplificados.
� Coleta de dados e entrevista com engenheiros da CONDER.
PESQUISA DE CAMPO
� Visita a CETESB para conhecer a experiência do Estado de São Paulo no processo de implantação dos aterros sanitários em valas.
APROXIMAÇÃO DA REALIDADE DA
GESTÃO E OPERAÇÃO DOS
ATERROS SIMPLIFICADOS NO ESTADO DA BAHIA
PROPOSIÇÕES/ RECOMENDAÇÕES
FIGURA 3. Resumo das atividades da pesquisa
3.3.1. Municípios pesquisados
Apresenta-se a seguir os municípios cujos aterros serão pesquisados,
iniciando com a situação do licenciamento ambiental e ano do início da operação
32
dos mesmos. Os seis municípios estão localizados em mapa e são acrescentadas
informações como: dados gerais dados populacionais, índice pluviométrico, geração
de resíduos, etc.
3.3.2. Licenciamento, ano de início da operação dos ASS pesquisados,
Com referência às licenças ambientais dos aterros sanitários simplificados
a CONDER, em articulação com o Instituto de Meio Ambiente, IMA, antigo Centro de
Recursos Ambientais, CRA, implantou um apoio para acompanhamento dos
processos, ainda que fosse de responsabilidade das Prefeituras a solicitação da
mesma.
Alguns municípios foram habilitados a licenciar atividades de baixo impacto
ambiental, de acordo com a Resolução CEPRAM nº 2.965 e a Norma Administrativa
nº 001/2002, tendo por base a Lei Estadual 7.799/01, que visavam a
descentralização ambiental, do licenciamento e da fiscalização, com órgãos
municipais de meio ambiente. Para o órgão ambiental da Bahia, o aterro sanitário
simplificado é um empreendimento de baixo impacto ambiental.
Após consulta aos arquivos da CONDER e site do IMA foram obtidos os
dados apresentados no Quadro 2, os quais demonstram que somente três, dos seis
aterros pesquisados, possuíam o licenciamento ambiental, vencidos ou prestes a
vencer, por ocasião da pesquisa.
QUADRO 2. Ano de início da operação e situação de licenciamento dos aterros sanitários simplificados pesquisados
MUNICÍPIOS
Início
operação
Vencimento
da LS
ÓRGÃO
EMISSOR
OBS.
Araci Ago/05 26/02/07 Prefeitura Município habilitado para licenciamento ambiental
Conceição do Jacuípe Dez/04 - - Não licenciado
Itanagra Abril/05 Dez/2006 IMA Município habilitado para licenciamento ambiental
Maracás Nov/05 Set/2007 IMA Licenciado
Saubara Fev/04 - Processo não concluído/IMA
Tucano Jan/05 - - Sem registro
Fonte: CONDER/ GEAMB/IMA (2007)
33
Apresenta-se, a seguir, dados gerais dos municípios pesquisados.
3.3.1.1. Aterros sanitários considerados com operação inadequada pelo MP/BA
3.3.1.1.1. Município de Saubara
FIGURA 4. Mapa de localização do Município de Saubara
Características gerais
Município litorâneo com características típicas de local de veraneio. Muitas
casas são mantidas fechadas na baixa estação só sendo ocupadas durante o verão
e em feriados prolongados.
Possui clima úmido e precipitação pluviométrica em torno de 1.600 mm a
1.800 mm/ano
Os dados contidos no relatório de estudo de seleção de área realizado pela
CONDER indicam que um critério favorável à escolha da área foi a proximidade da
34
sede com o distrito de Cabuçu que gera maior quantidade de resíduos do que a
sede, principalmente no verão (BAHIA, 2003b).
A população a ser atendida prevista no projeto do aterro é a urbana
abrangendo 10.073 habitantes (SEI, 2000). O projeto refere-se à população
flutuante, porém a mesma não foi quantificada (BAHIA, 2003b).
Foi prevista a geração de 15t/dia na alta estação e 8t/dia na baixa estação
(BAHIA, 2003b).
O estudo de seleção de área informa que a coleta atinge a área urbana em
100%, atendendo 16.593 pessoas (BAHIA, 2003b).
3.3.1.1.2. Município de Conceição de Jacuípe
FIGURA 5. Mapa de localização do Município de Conceição de Jacuípe
35
Características gerais
O projeto do ASS do Município de Conceição de Jacuípe apresenta dados
de população urbana de 19.460 habitantes e total de 26.188 habitantes, segundo o
IBGE (2000). Possui clima seco e sub-úmido e precipitação pluviométrica: entre
1.000 e 1.400mm/ano.
O dimensionamento da geração diária de resíduos é da ordem de 13,6
toneladas, considerando uma geração diária de 0,7kg/habitante (BAHIA, 2003c).
O relatório de seleção de área realizado pela CONDER recomenda um
estudo geotécnico e topográfico pormenorizado da área escolhida e que a
CONDER apóie a Prefeitura em programa de educação ambiental, (o que não
aconteceu). Este relatório já apontava a presença de catadores no lixão (BAHIA,
2003 c).
3.3.1.1.3. Município de Itanagra
FIGURA 6. Mapa de localização do município de Itanagra
36
Características gerais
O município possui 1.857 habitantes urbanos e população total de 4.503
(IBGE, 2000). Na sede do município há poucas ruas calçadas e possui um distrito.
Possui clima úmido e precipitação pluviométrica em torno de 1.811mm/ano.
3.3.1.2. Aterros Considerados com Operação Aceitável pelo MPBA.
3.3.1.2.1. Município de Araci
FIGURA 7. Mapa de localização do Município de Araci
Características gerais
O relatório do Estudo de Seleção de Área realizado pela CONDER adota o
dado de 16.189 habitantes da área urbana (IBGE, 2000). A população total do
município é de 47.584 habitantes. Não se refere à geração dos RSU dos distritos
37
próximos, limitando-se apenas a citá-los. Calcula uma geração de 8,05t/dia (BAHIA,
2004c)..
Clima semi-árido, precipitação 657mm/ano.
3.3.1.2.2. Município de Tucano
FIGURA 8. Mapa de localização do Município de Tucano
Características gerais
Dados do IBGE apresentam a população urbana de 18.597 e a população
total de 50.943 habitantes.
O estudo de Seleção de Área realizado pela CONDER considerou a
população urbana do distrito sede de 12.399 habitantes e do distrito de Caldas do
Jorro 6.198 habitantes, perfazendo um total de 18.597 habitantes, segundo dados da
prefeitura. O Município possui dois grandes povoados Caldas do Jorro e Cregenhem
(BAHIA, 2004d).
Clima semi-árido, precipitação 580mm/ano.
38
3.3.1.2.3. Município de Maracás
FIGURA 9. Mapa de localização do Município de Maracás
Características gerais
Possui os povoados de Pé de Serra, Porto Alegre, Caldeirão dos Miranda,
Capivaras e Moenda, dos quais Porto Alegre possui 1.200 habitantes. A população
urbana é de 18.516 e total de 31.683, segundo dados do IBGE(2000).
Clima semi-árido, precipitação 897mm/anual média chegando a 2.224mm.
Segundo o estudo de seleção de área realizado pela CONDER, existiam
catadores no lixão, porém foi desenvolvido um trabalho para selecionar o material e
encaminhar a um galpão de triagem (BAHIA, 2003e).
39
REVISÃO DA LITERATURA
Os temas abordados estão numa seqüência que visa facilitar o
entendimento da complexidade que envolve a criação de estruturas capazes de
operar mudanças na gestão dos RSU e que vão repercutir na operação dos aterros
sanitários.
Por isso, opta-se, inicialmente, em abordar as questões relacionadas com a
criação dos municípios e as políticas de saneamento que foram implementadas no
Brasil e os seus direcionamentos para os RSU, com o objetivo de analisar o
comportamento destes entes federados responsáveis pela questão da destinação
final dos RSU, diante do direcionamento oferecido por essas políticas públicas. Em
seguida busca-se verificar qual o movimento atual para melhoria da gestão dos
serviços públicos e os programas existentes apresentados pelo Governo Federal,
como forma de apoio aos municípios. Para os aspectos técnicos dos RSU estão
apresentados os conceitos, origem, classificação dos RSU e a importância desses
dados para o planejamento. Com referência à gestão dos RSU são abordadas as
principais mudanças ocorridas para o tratamento dos resíduos, a partir da década de
1970, os estudos existentes sobre aterros sanitários simplificados e os aspectos
legais e normativos que regem a matéria.
Estão inseridas, em vários capítulos, observações sobre alguns artigos do
Projeto de Lei 1.991/07, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, e que
indicam possíveis mudanças no tratamento dado aos RSU.
O embasamento teórico e o conjunto dos dados colhidos na pesquisa de
campo possibilitaram a análise das hipóteses e a associação de fatores que
intervêm no desempenho operacional dos aterros sanitários simplificados.
4.1 Municípios, processo de descentralização e pobreza
A Constituição Federal de 1988 concedeu a autonomia municipal, após
períodos de conquistas e retrocessos. Na Constituição encontram-se previstas as
competências de cada uma das esferas governamentais, o que significa dizer que,
em se tratando de assuntos de competência exclusiva, o município não fica
subordinado às autoridades federal ou estadual (PINTO, 2002).
40
A garantia dessa autonomia é exercida com a promulgação das Leis
Orgânicas, criadas pelas Câmaras Municipais.
Ainda na década de 1980, com o processo de democratização e
descentralização fiscal, os municípios brasileiros passaram a ter alteradas as
relações intergovernamentais entre os entes federativos e ter prefeitos eleitos pelo
voto popular, deixando, assim, de derivar sua autoridade política do governo federal
(ARRETCHE, 1999). Foi também, ampliada a parcela dos tributos com as
transferências aos municípios e estes ganham a prerrogativa de tributar impostos de
significativa importância. Passou a autoridade política de cada nível de governo a
ser independente e os municípios autônomos, o que significa, segundo a citada
autora, que o prefeito é autoridade soberana na sua circunscrição (ARRETCHE,
1999).
Entretanto, a prerrogativa de criar novos tributos, não alcançou os
municípios de até 20.000 habitantes, objeto deste estudo, pois, ao serem
desobrigados de elaborar seus Planos Diretores de Desenvolvimento Urbano,
ficaram sem condição política de usar institutos tributários e financeiros como o
Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU (Lei 10.257/01).
Embora a Constituição Federal de 1988 tenha definido medidas de
descentralização, dando maior autonomia político-administrativa aos municípios
brasileiros e transferindo atribuições, não distribuiu recursos financeiros suficientes e
nem os municípios foram preparados para receber e cumprir essas novas funções
(BREMAEKER, 2004). Para o citado autor, dessa forma, a União se desobrigou de
solucionar problemas de desenvolvimento urbano e regional.
Passam também os municípios, dentro do processo de redução do
tamanho do Estado, por um processo de valorização de governo e são desafiados a
assumir novas responsabilidades, o que vem exigindo dos gestores municipais
novas práticas de governar (PINTO, 2002).
Para que essas mudanças se iniciem é necessário haver uma nova
montagem da estrutura de gestão administrativa nas prefeituras, estabelecendo
funções que tenham por finalidade prestar serviços públicos aos cidadãos e limitar o
poder do governante e este é um processo que está em curso.
41
Dentre os serviços públicos municipais que devem ser prestados
regularmente e com qualidade figura o manejo adequado dos RSU, incluindo a
destinação final, parte integrante do sistema de resíduos sólidos.
A observação feita por Rangel et al. (1999) apud Lima (2000) sobre o
processo de emancipação dos municípios indica que quando a intenção política
prevaleceu sobre a “reivindicação emancipacionista” (LIMA, 2000, p.4), os
municípios não tiveram estudo de viabilidade para sustentação econômica e por isso
“perenizam a pobreza e envelhecem sem projetarem um processo de
desenvolvimento” (idem).
Ao analisar essa situação, observa-se na Figura 10 que dos então 415
municípios baianos pesquisados pelo PNUD (2000), 83 municípios com maior
quantidade de pobres possuem, aproximadamente, entre 61% a 80% da população
com renda inferior a meio salário mínimo.
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, PNUD (2000)
FIGURA 10. Intensidade da pobreza em municípios do Estado da Bahia
A pobreza é medida pela proporção de pessoas com renda domiciliar per
capita inferior a R$75,50, equivalente à metade do salário mínimo vigente em agosto
de 2000 (PNUD, 2000).
A Tabela 6 apresenta os percentuais de pobreza dos municípios
pesquisados, que se situam entre 50,8 % a 75,72%, portanto, muito pobres.
LEGENDA
40,71 a 49,63 83
49,64 a 53,44 85
53,45 a 56,59 81
56,60 a 60,85 83
60,86 a 79,96 83
42
TABELA 6. Percentuais de pobreza nos municípios pesquisados
Municípios % de pobres
Araci 75,2
Conceição do Jacuípe 50,8
Itanagra 75,7
Maracás 72,3
Saubara 52,7
Tucano 72,3
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, PNUD (2000)
Estes altos índices de pobreza podem refletir a debilidade de movimentos
sociais locais que não interferem nas questões dos RSU, pois estão voltadas para
suprir carências básicas.
4.2. Competências municipais na área ambiental
Com referência às competências municipais na área ambiental, estas se
iniciam em 1988, com a Constituição Federal e prosseguem previstas também em
outras leis federais e resoluções.
a) Na Constituição Federal de 1988, os Artigos 23, 30 e 225 prevêem,
respectivamente, a competência comum da União dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios em proteger o meio ambiente e combater a poluição;
a promoção do adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e
controle do uso, de parcelamento e da ocupação do solo urbano e o direito de
todos em ter um meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
b) Na Lei Federal nº 6.938/81, que dispunha sobre a Política Nacional de Meio
Ambiente seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Esta Lei foi
alterada pela Lei nº. 8.028, de 12 de abril de 1990, já com base na Constituição
Federal de 1988 e, além de estabelecer a Política Nacional de Meio Ambiente,
43
instituiu o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). O SISNAMA é
constituído pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios.
Portanto, os municípios são membros do SISNAMA e podem exercer as
atividades de fiscalização ambiental nas suas respectivas jurisdições. Esta Lei dá
competência aos municípios de elaborarem normas ambientais próprias.
c) Na Lei Federal nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como a Lei de
Crimes Ambientais que dispôs sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, no seu art. 70, §
1º autoriza funcionários de órgãos ambientais integrantes do SISNAMA,
designados para as atividades de fiscalização, a lavrar auto de infração
ambiental e instaurar processo administrativo em casos de atos lesivos ao meio
ambiente.
d) Na Lei nº. 10.165, de 27 de dezembro de 2000, que altera a Lei nº 8.939/81 e
institui a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA, de competência
do IBAMA, para atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos
naturais. Esta Lei, por meio de convênio do IBAMA com os municípios,
podendo repassar-lhes a atividade de fiscalização e parcela da receita obtida
com esta taxa.
e) A Resolução CONAMA nº 237/97 dá competência ao órgão municipal ambiental,
ouvidos os órgãos competentes da União e dos Estados, quando couber, de
emitir o licenciamento ambiental de empreendimentos com impacto ambiental
local e daqueles que lhe forem delegados pelo Estado por instrumento legal ou
convênio. Para isso os municípios devem elaborar Planos Diretores e criar
Conselhos de Meio Ambiente, conforme o artigo 20 dessa Resolução.
Neste ponto, verifica-se que, somente, a partir de 1988 os municípios
passam a ter formalmente expressa a responsabilidade legal de promover meios
para prestar os serviços públicos de limpeza urbana e proteger o meio ambiente. As
administrações municipais preocuparam-se em retirar os RSU gerados nas sedes
municipais, por meio da coleta, dispondo-os diretamente no solo, formando os lixões,
44
sem a preocupação ambiental de dar-lhes um destino adequado. Também as
políticas de saneamento básico não foram dirigidas a solucionar os problemas
causados pelos RSU. E que, por fim, a depender da forma como se deu a criação do
município, muitos perenizaram a pobreza, sem qualquer ação de desenvolvimento,
além de não se imbuírem da responsabilidade ambiental, como órgãos do
SISNAMA.
4.3. Políticas de saneamento básico
Somente a partir da Lei 11.445, de 05 de janeiro de 2007, são
estabelecidas as diretrizes nacionais para o saneamento básico, ao tempo em que
se abrem novas perspectivas para a área dos RSU (BRASIL, 2007).
A Lei 5.318, de 26 de setembro de 1967, a primeira que instituiu a Política
Nacional de Saneamento e criou o Ministério do Interior e o Conselho Nacional de
Saneamento, conceituou saneamento básico como abastecimento de água, esgotos
pluviais e drenagem, controle da poluição ambiental, inclusive o lixo (grifo nosso);
controle das modificações artificiais das massas de água e controle de inundações e
erosões (BRASIL, 1967).
Em 1971, com a criação do Plano Nacional de Saneamento, PLANASA, a
área de saneamento básico experimenta avanços significativos para a cobertura de
abastecimento de água, porém, sem haver maior preocupação com a área de
resíduos sólidos. O PLANASA foi direcionado para o fortalecimento das companhias
estaduais de água e esgoto, transferindo competências do âmbito local para o
estado. Com essa centralização as políticas locais de saneamento básico são
gerenciadas das capitais dos estados, sem considerar a realidade local e sem
contribuir para o fortalecimento administrativo do município (SEDUR, 2007)
Em 1993, foi criado o Projeto de Modernização do Setor Saneamento,
atualmente denominado Programa de Modernização do Setor Saneamento - PMSS
tem por objetivo “criar condições propícias a um ambiente de mudanças e de
desenvolvimento do setor saneamento no País” BRASIL (2006a, p. 3).
A atuação do PMSS está direcionada a reorganizar a política e melhorar a
eficiência da área de saneamento. O Programa produz estudos e pesquisas e a
45
realização de atividades de capacitação técnica e viabilizou a criação de um banco
de dados para a área, o Sistema Nacional de Informações em Saneamento, SNIS,
que, com referência a água e esgoto está na sua 12ª edição e na 4ª edição para
Manejo de RSU (ARANTES, 2007). Em 2005, tornou-se responsável pela
coordenação da Rede Nacional de Capacitação e Extensão Tecnológica em
Saneamento Ambiental (ReCESA), criada em 2004, composta de núcleos regionais.
A ReCESA tem o objetivo de estruturar Núcleos Regionais formados por instituições
diversas para capacitação no conjunto das temáticas que integram o saneamento
ambiental.
Em 2003 é criado o Ministério das Cidades que passa a tratar da política de
desenvolvimento urbano e das políticas setoriais de habitação, saneamento
ambiental, transporte urbano e trânsito.
Da análise do Relatório de Investimentos em Saneamento, período 2003 a
2006, pode-se constatar que o trato do tema RSU pela União não foi expressivo. A
Figura 11 apresenta os percentuais dos valores contratados e desembolsados,
segundo a modalidade do serviço de saneamento básico, no período 2003 a 2006,
demonstrando que os investimentos para a componente RSU, situaram-se ainda em
patamar inferior à drenagem pluvial, evidenciando a insuficiência de recursos para
alterar o quadro atual no Brasil.
26,69
5,27
1,78
27,31
19,89
5,59
1,26
26,46Água
Esgoto
Drenagem
Resíduos Desembolsado
Contratado
Fonte: Adaptado de Brasil, 2005b
FIGURA 11. Percentuais de gastos e desembolsos, segundo a modalidade de serviço de saneamento básico
sólidos
46
Com referência às políticas de saneamento básico, Demajorovic et al.
(2006, p. 3) entendem que “Ao deixar a questão dos RSU em segundo plano os
governos federal, estadual e municipal contribuíram para a proliferação dos lixões
entre 1970 e 1980”.
Continuando o autor afirma que, por terem os RSU ocupado por muito
tempo uma posição secundária no saneamento básico fica explicado o
desenvolvimento tardio dessa componente, pois o PLANASA em 1971 visou
melhorar o abastecimento de água e esgotamento sanitário. Dentre outras razões
que podem explicar a não prioridade dos resíduos sólidos destacam-se: o descaso
ou desconhecimento por parte da sociedade sobre os impactos sócio-ambientais
gerados pelos RSU; a escassez de recursos públicos para esta atividade; e uma
cultura privilegiando uma abordagem técnica e não sócio-ambiental da questão,
conclui Demajorovic et al. (2006).
Heller apud Brasil MTb (2002) afirma que o saneamento básico no Brasil,
atendeu a interesses dominantes que determinaram as ações, não considerando a
necessidade de atendimento da prestação do serviço com eqüidade, o que
determinou a exclusão de segmentos da sociedade das políticas de saneamento
básico. Dessa forma, a água mostrava-se mais atraente em função da possibilidade
do lucro, o que fragmentou a visão do saneamento básico, que se manifestou
também, institucionalmente, na relação entre Estados e Municípios (REZENDE e
HELLER, 2002 apud BRASIL, 2002). O autor coloca também que o PMSS deu
suporte técnico à política do capital privado no controle das operadoras.
Portanto, conclui-se que a maioria dos municípios de pequeno porte
enfrenta dificuldades financeiras e não são capazes de desempenhar o papel
autônomo de ente federado que lhe é garantido pela constituição e a sua
responsabilidade com as questões de RSU não alcança o tratamento e a destinação
final. Fica claro também que as políticas públicas de saneamento básico até então
implementadas não foram suficientes para alterar a destinação final, apenas
possibilitaram melhorias nos índices de coleta regular.
47
4.4. Gestão Pública
4.4.1. Síntese dos elementos atuais para a gestão pública
Atualmente há um movimento para melhoria da gestão pública, após o
Decreto 5.378, de 23 de fevereiro de 2005, que instituiu o Programa Nacional de
Gestão Pública e Desburocratização. Este Programa tem por foco os interesses do
cidadão e por objetivos “IV) assegurar a eficácia e efetividade da ação
governamental, promovendo a adequação entre meios, ações, impactos e
resultados” ; e “V) promover a gestão democrática, participativa, transparente e
ética” (BRASIL, 2005a, p. 1).
O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão no seu programa
Gespública apresenta um esquema para a gestão das organizações do setor
público brasileiro, e recomenda focar a gestão em resultados, orientada para o
cidadão, para a melhoria da qualidade dos serviços públicos. O Programa
estabelece que os fundamentos da gestão pública devem estar em conformidade
com o que está apresentado na Figura 12 (BRASIL, 2007d).
Fonte: BRASIL (2007d)
FIGURA 12. Modelo de excelência em gestão pública
222 EEEssstttrrraaatttééégggiiiaaasss eee PPPlllaaannnooosss
111 LLLiiidddeeerrraaannnçççaaa
333 CCCiiidddaaadddãããooosss SSSoooccciiieeedddaaadddeee
555 PPPeeessssssoooaaasss
666 PPPrrroooccceeessssssooosss
777... RRReeesssuuulll tttaaadddooosss
4. Conhecimento e informação
48
Outros instrumentos de planejamento para a gestão pública são os Planos
Plurianuais (PPA). Todos os entes federados têm a obrigação de elaborar seus
orçamentos, os quais se constituem em compromissos assumidos alinhados com
ideais de eqüidade e dinamismo e exigem uma atuação capaz de transformar esse
compromisso em realidade (BRASIL, 2003).
De acordo com o Plano do Governo Lula (BRASIL, 2003), implementar as
ações com foco nos resultados requer: a) ajuste de estratégias; adoção de metas;
adequação de estruturas e modelos institucionais para agilizar o processo decisório;
c) aprimoramento dos processos de trabalho; d) adequação dos quadros funcionais;
e) conduta ética e participativa e o aprimoramento ao atendimento do cidadão.
Conforme ainda a referida publicação, buscar a eficiência “é fazer melhor com os
recursos disponíveis” (BRASIL, 2003, p.10).
A adoção desse modelo de gestão pública, proposto pelo governo federal,
ao ser adaptado aos serviços públicos de limpeza urbana, pode dar uma nova
qualificação aos serviços de limpeza urbana dos municípios.
Observa-se que esse movimento de melhoria da gestão pública não
alcançou todos os municípios brasileiros, que continuam a fazer gestão (grifo
nosso) de acordo com o perfil do gestor municipal.
Um Modelo de Gestão de Limpeza Urbana da Fundação Nacional da
Qualidade está sendo aplicado na Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio
de Janeiro, COMLURB estruturado de forma sistêmica em sete critérios: liderança,
informações e conhecimento; pessoas; processos; resultados; clientes; estratégias e
planos, “norteiam a modelagem de uma gestão própria que garante a melhoria
contínua dos processos” (PUPPI, 2007, p. 10).
4.5 Apoio institucional aos municípios
Em face da pouca capacidade dos municípios de solucionarem as
questões dos RSU algumas instituições do Governo Federal respondem por ações
promotoras e por meios de financiamento, visando alterar o quadro da gestão dos
RSU, especialmente da destinação final.
49
A responsabilidade das ações no âmbito federal está assim distribuída:
Ministério das Cidades, por meio da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental,
apóia projetos para implantação e ampliação dos sistemas de RSU para cidades
com população superior a 250 mil habitantes ou regiões metropolitanas.
O Ministério do Meio Ambiente atende a municípios com população entre
50 mil e 250 mil habitantes, apoiando projetos demonstrativos, aproveitamento
energético das emissões de metano, disposição de gestão integrada e capacitação
de agentes para a gestão.
O Ministério da Saúde por meio da Fundação Nacional de Saúde,
FUNASA, atende projetos de coleta, tratamento e disposição final para a prevenção
e controle de agravos em municípios até 50 mil habitantes ou com risco de
transmissão de dengue.
Cabe ainda aos Ministérios: do Trabalho apoiar a organização de catadores
de materiais recicláveis; do Desenvolvimento Social e Combate à Fome apoio aos
comitês gestores do Lixo & Cidadania e ao do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social-BNDES financiar projetos de tratamento de RSU.
O Sistema Nacional de Informações em Saneamento - SNIS, desde 2002
publica um relatório para RSU contendo informações de caráter operacional,
gerencial, financeiro e de balanço, de acordo com informações fornecidas pelos
municípios.
Segundo o Ministério das Cidades, as informações, os dados históricos e
os indicadores do SNIS destinam-se às ações de planejamento e de orientações
para as políticas públicas e visam estimar a aplicação de investimentos, a
construção de estratégias de ação, o acompanhamento de programas e a avaliação
de desempenho dos serviços.
A definição de indicadores vem preencher uma lacuna nas avaliações de
desempenho operacional dos sistemas de limpeza urbana e devem servir de
parâmetros para as prefeituras.
50
O apoio do Governo do Estado da Bahia às ações de resíduos sólidos, até
o ano de 2006, ocorreu, na sua maioria, em função de programas financiados com
recursos externos, em que essa componente aparecia como demanda para ser
atendida. Foram planos, programas e projetos como o Projeto Metropolitano, o
Programa Bahia Azul/Baía de Todos os Santos (BTS), o Programa de Administração
Municipal e Desenvolvimento de Infra-estrutura Urbana - PRODUR, o Programa de
Desenvolvimento Turístico – PRODETUR. Outros programas foram Nascentes do
Paraguaçu, com recursos do Ministério do Meio Ambiente e o ProSanear com
recursos da Caixa Econômica Federal e com recursos do orçamento do Estado,
construídos 35 aterros simplificados, até 2006.
Essas ações, a exceção das obras dos 35 aterros sanitários simplificados,
abrangeram planos de gestão de limpeza urbana, seleção de áreas para aterros
sanitários, doação de equipamentos, construção de aterros sanitários tipo
convencional, alguns, programas de educação ambiental e um banco de dados da
situação de destinação final de 96 municípios do Estado da Bahia.
O Estado da Bahia não tem uma política de resíduos sólidos, não elaborou
ainda um plano estadual de resíduos sólidos, para atuar nos municípios, nem criou o
ICMS ecológico como incentivo à melhoria da destinação final dos RSU.
4.4. Resíduos Sólidos Urbanos
4.4.1. Aspectos gerais
De Conto et al. (2007) identificam, a partir da análise dos trabalhos
apresentados em eventos técnicos científicos sobre RSU, tendências da hierarquia
das etapas propostas para o seu gerenciamento. Segundo os autores, ao analisar
os RSU como objeto de estudo nos Congressos da Associação Brasileira de
Engenharia Ambiental, Abes, entre 1960 e 2005, os resultados permitiram concluir
que 98,07% dos trabalhos preocuparam-se em estudar soluções corretivas e
passivas da gestão dos RSU e, apenas, 1,93% referiram-se a medidas de prevenção
e minimização da geração.
Na pesquisa bibliográfica identificou-se vasta literatura sobre RSU tratando
o tema com objetivos diversos, na sua maioria, dando ênfase a estudar os aspectos
51
técnicos dos RSU, isto é, caracterização, formas de acondicionamento, coleta,
destinação final, reciclagem e compostagem, coleta seletiva, catadores, aspectos de
políticas públicas e embalagens. Encontrou-se também o tema incluído como
elemento de gestão ambiental e poluição no meio físico e na saúde da população.
Muitos autores colocam a gestão como a forma de manejo dos RSU,
privilegiando o tratamento do assunto dentro de uma visão de limpeza urbana,
oferecendo conceitos, formas de caracterização e de coleta regular e seletiva,
aterros sanitários, construção e seleção de áreas. Outros enfocam a gestão,
especificamente por tipos de resíduos como: gestão de resíduos de serviços de
saúde, da construção civil, tóxicos, elétrico-eletrônicos.
Mais recentemente, o aspecto social tem sido observado na medida em
que aumentam os problemas de desemprego e de valorização da parte reciclável
dos RSU.
Para esclarecer o conceito de gestão de RSU, que será utilizado neste
trabalho, recorre-se a Leite (1999) apud Azambuja (2002) e a Zanta e Ferreira
(2003) que fazem a necessária distinção entre os termos gestão e gerenciamento.
Para as autoras a gestão refere-se às decisões de caráter estratégico, indica
prioridades, seleciona as tecnologias que serão utilizadas, as condições políticas,
institucionais, legais, financeiras, sociais e ambientais que são necessárias ao
planejamento do sistema de RSU. O gerenciamento, por outro lado, visa ações
práticas de operação do sistema de limpeza urbana.
Lima (2001) utiliza também a distinção entre os dois conceitos, o que vai
permitir dar maior consistência aos estudos sobre RSU e facilitar as ações de
planejamento.
Azambuja (2002) sintetiza bem a compreensão dos termos quando afirma
que o termo gestão sugere uma visão ampla do que fazer, já o gerenciamento
sugere o como fazer.
Vale destacar que o Projeto de Lei 1.991/2007, que estabelece a Política
Nacional de Resíduos Sólidos faz essa diferenciação dos dois termos na Seção
Única “Das Definições” (BRASIL, 2007a).
52
A importância dessa distinção se reflete no planejamento do sistema de
RSU, pois é preciso que a gestão defina as diretrizes de caráter estratégico, o
modelo tecnológico a ser utilizado e contemple estruturas gerenciais suficientes,
para garantir a operação adequada dos aterros sanitários que é uma ação
pertencente ao gerenciamento.
4.4.2. Conceitos e princípios atuais para a gestão dos RSU
Os conceitos de RSU encontrados na literatura, conforme apresentado no
Quadro 3, não consideram o sentido de que todo lixo é matéria (SILVEIRA e
MORAES, 2007). Os autores afirmam que inexistindo uma relação entre o conceito
adotado e as implicações com o seu manejo, dificilmente as pessoas entenderão
que as suas “sobras” são matérias reaproveitáveis ou transformáveis. Afirmam ainda
os autores que tais definições não destacam a diferença entre os materiais que
podem ser reintegrados ao ambiente ou ao processo produtivo e não induzem o
gerador a atuar responsavelmente com os RSU que gera.
QUADRO 3. Conceitos sobre RSU encontrados na literatura
EU São substâncias ou objetos listados na categoria do Anexo I os quais seu proprietário descarta ou é solicitado a descartar (European Council, 1991).
OECD São materiais diferentes de materiais radioativos que se pretende dispor por razões especificadas nesta tabela (OECD, 1994).
UNEP São substâncias ou objetos os quais são dispostos ou se tem pretensão de dispor ou são solicitados a serem dispostos de acordo com a lei (European Council, 1993).
Fonte: Pongrácz, 2004
Quadro 3A.
EU São todos aqueles materiais gerados nas atividades de produção, transformação ou consumo, que não alcançaram valor econômico e social imediato (BRAGA, 2000a apud AZEVEDO, 2004).
ALEMANHA É tudo que se gera na produção, fabricação e processamento cuja geração não era intenção original do processo (TEGGE, 1997 apud AZEVEDO, 2004).
Fonte: Azevedo, 2004
Quadro 3B.
Brasil
(ABNT)
Resíduos sólidos são resíduos em estados sólidos e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos neta definição, os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. (ABNT, 2004)
Brasil
Resíduo é o material ou resto de material cujo proprietário ou produtor não mais o considera com valor suficiente para conservá-lo (AZEVEDO, 2004; BRAGA et al., 2004)
53
Brasil São os restos das atividades humanas, considerados por seus geradores como inúteis, indesejáveis e descartáveis. sólidos são os que se apresentam em estado sólido, semi-sólido ou semi-líiquido (isto é, com um conteúdo líquido insuficiente para que este material possa fluir livremente (IPT, 1998).
Fonte: Silveira e Moraes (2007)
O Projeto de Lei 1.991/07 define RSU quanto ao estado físico e quanto à
origem. Conforme inciso XIII do artigo 7º, deste Projeto de Lei, resíduos sólidos são:
“resíduos no estado sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem
urbana, industrial, de serviços de saúde, rural, especial ou diferenciada” (BRASIL,
2007a, p.3).
Schalch (2001) apud Lopes (2004) ao comentar a definição da NBR –
10.004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, observa que, ela
permanece a mesma de 1987 na sua atualização em 2004, não contemplando
termos como redução, reutilização e reciclagem, utilizados, atualmente, como
princípios para a gestão.
O princípio da redução consiste em evitar a geração dos RSU adotando-se
melhores práticas de aquisição e consumo ou substituindo embalagens descartáveis
por embalagens reutilizáveis para acondicionamento do transporte de produtos de
feiras e supermercados. Neste caso, pode-se substituir o uso dos sacos plásticos,
muito encontrados em terrenos baldios nas cidades pesquisadas, conforme Figura
13, por sacolas reutilizáveis.
FIGURA 13. Terreno baldio com grande quantidade de saco plástico fino espalhado pela ação do vento. Município de Araci. 19/09/07
54
Além disso, outra forma para reduzir a geração dos RSU, é reverter a
questão da obsolescência programada, principalmente, de produtos eletro-
eletrônicos, cujo encurtamento da vida útil requer constante reposição.
Reutilizar significa o reaproveitamento dos materiais gerados, dando-lhe
utilidade e evitando adquirir novo produto.
Reciclar consiste em “dar nova vida” aos materiais (LOPES, 2003, p.7),
transformando-os em novos produtos.
Com referência à reciclagem, Lima (2005) faz uma advertência sobre a
necessidade de se estudar o ciclo de vida do material a ser reciclado, avaliando o
consumo de energia e água e os impactos no meio ambiente, durante o processo de
reciclagem.
Novos conceitos que também auxiliam a construção do modelo de gestão
dos RSU são:
a) Análise do ciclo de vida que, segundo Kiperstock et al. (2002), é um dos
instrumentos utilizados para avaliar a ecoeficiência de um produto. A
ecoeficiência é uma avaliação que busca associar ao produto os encargos
ambientais (consumo de energia, água, geração de resíduos, emissões) e
impactos sobre a saúde humana (KIPERSTOK et al., 2002).
b) Logística reversa, outro conceito contemplado no artigo 11 do PL 1.991/07.
Stock (1998) apud Lima (2005, p.108) descreve:
logística reversa se refere ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma, reparação e manufatura..
Adotando a logística reversa para os RSU ocorrerá um “alongamento” do
ciclo de vida do produto.
No Projeto de Lei 1.991/07 da Política Nacional de Resíduos Sólidos estes
dois conceitos estão contemplados na seção “Das Definições” (BRASIL, 2007 a).
55
Com base nas conceituações apresentadas entende-se RSU como
matérias-primas de um “novo” sistema produtivo, o que pode reduzir problemas de
degradação ambiental.
Pressupõe também necessário rever o conceito de um projeto de
destinação final de RSU, de forma a incorporar o máximo aproveitamento dos
resíduos. Desse modo, é possível reverter a finalidade dos aterros sanitários
(aterramento) e introduzir a perspectiva de sustentabilidade.
4.4.3. Aspectos técnicos dos RSU
4.4.3.1. Origem, geração per capita, classificação e composição
Dados do IBGE indicam a evolução de 49% da geração de RSU no Brasil
no período 1989/2000, enquanto no período 1991/2000 a população cresceu 16,43%
(IBGE, 2006).
Para Zanta e Ferreira (2003, p. 3) a própria definição da Associação
Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, por sua NBR 10.004 de 2004, apresentada
no Quadro 3, evidencia a complexidade dos RSU, ao considerar a diversidade da
sua origem.
A NBR 10.004 (ABNT, 2004) ao classificar os RSU quanto aos seus riscos
potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, busca auxiliar o seu adequado
gerenciamento evitando o perigo da contaminação. A classificação tem por base a
origem do resíduo e verifica o seu enquadramento dentro das listagens que estão
anexas à Norma. Desse modo, a classificação está baseada no processo de
produção para enquadramento do resíduo em: i) classe I (perigoso); ii) resíduo
classe II (não perigoso) que se subdivide em II A – não inertes e II B – inertes.
O PL 1.991/07 da Política Nacional de Resíduos Sólidos traz também uma
classificação dos resíduos: i) quanto à origem, ii) quanto à finalidade, incluindo,
neste caso, os resíduos sólidos reversos, aqueles que servirão de insumos para
confecção de novos produtos, bem como os rejeitos, ou seja, aqueles que “tiveram
esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos
tecnológicos acessíveis e disponíveis” (BRASIL, 2007a, p.5).
56
Por isso, conhecer as características dos RSU permite a “escolha da
estratégia mais viável para o gerenciamento” (ZANTA e FERREIRA, 2003, p.6). De
acordo com a origem dos resíduos, são necessárias formas diferentes de
acondicionamento, meios de transporte, coleta, reaproveitamento e destinação final.
A caracterização dos RSU contribui para a gestão, pois, permite considerar
no planejamento a implantação e manutenção de centros de reciclagem, disposição
final, aproveitamento energético e a política pública para o financiamento.
No que tange ao planejamento da gestão, outro dado necessário é
conhecer a geração per capita dos RSU, o que irá permitir estimar a quantidade a
ser gerada na perspectiva de longo prazo, de acordo com a dinâmica de crescimento
da população do município.
Na América Latina e no Caribe a taxa de geração per capita está em torno
de 0,790kg/hab/dia, com variação nos países com baixo Índice de Desenvolvimento
Humano, IDH, os quais revelam uma geração de, aproximadamente,
0,250kg/hab/dia (SEGALA, 2006).
Na Bahia, dados mais recentes do Projeto Nascentes do Paraguaçu,
coordenado pelo Instituto de Meio Ambiente, IMA, mostram o per capita dos RSU
gerados nos municípios de Lençóis, Palmeiras e Ibicoara, o que pode ser conferido
na Tabela 6.
TABELA 6. Geração per capita dos RSU dos Municípios de Lençóis, Palmeiras e Ibicoara, Bahia
Municípios Per capita kg/hab/dia
Ibicoara 0,47 Lençois 0,50 Palmeiras 0,75
Fonte: BAHIA (2005a)
A caracterização gravimétrica de RSU em municípios onde são efetuadas
pesagens periódicas das quantidades de resíduos gerados demonstra que ocorrem
variações significativas decorrentes de diversos fatores. Lima (2001) atribui essa
variação em razão da interferência de fatores tais como: população, renda, tipo de
atividade produtiva predominante no município, nível social, sazonalidade, nível
57
cultural da população e a existência ou não de programas de coleta seletiva e de
conscientização das comunidades locais voltadas à redução da geração de RSU.
Os resultados obtidos nos estudos de caracterização diferenciam a
composição dos RSU e identificam a presença de materiais orgânicos, recicláveis e
rejeitos. A composição gravimétrica, dos resíduos sólidos domésticos, apresentada
na Tabela 7 foi obtida pelo método do quarteamento para os municípios de Ibicoara,
Palmeiras e Lençóis e demonstra o alto percentual de matéria orgânica, seguido de
resíduos inertes.
TABELA 7. Composição gravimétrica dos resíduos sólidos domésticos dos municípios de Lençóis, Palmeiras e Ibicoara, Bahia
Média Ponderada Entre as Classes (%) Componentes
Ibicoara Palmeiras Lençois
Matéria Orgânica 55,3 40,97 59,07 Papel 1,92 1,56 2,15 Papelão 2,75 2,68 4,31 Osso 1,33 0,53 0,13 Vidro 3,53 2,36 3,39 Plástico mole 4,54 7,11 7,35 Plástico duro 6,08 2,71 2,64 Metal 4,43 2 1,74 Casca de ovo 0 1,03 0 Trapo/ couro 1,34 5,84 4,68 Madeira 1,65 1,87 0,46 Lâmpada Incandescente 0 0 0,04 Inerte (terra e similares) 11,79 24,29 5,52 Seringa 0 0 0 Fita Cassete 0 0,01 0 Tetra Pack 0,2 0,03 0,04 Lâmpada 0,09 0,07 0 Lâmina 0 0,06 0 Lixa 0 0 0,04 Laminados 0,07 0,15 0,39 Borracha 0,75 1,31 0,48 Cerâmica 0 0 0,09 Espuma 0,02 0.15 0,03 Pilha Alcalina 0 0,01 0 Saco de nylon 0 0 0,29 Outros* 4,1 5,39 7,01 Caixa de Fósforos 0 0 0,05 Isopor 0,11 0,02 0,04 TOTAL 100 100 100 Fonte: BAHIA (2005a)
58
Assim, é possível perceber que há toda uma complexidade para
construção de um modelo de gestão de RSU, haja vista que devem ser
considerados os conceitos empregados, a quantidade diariamente gerada, a
diversidade dos tipos de RSU, as suas características e o seu poder de
contaminação. Para cada tipo de resíduos gerados são exigidas diferentes formas
de transporte, de tratamento e de destinação final.
4.5. Gestão dos RSU
Do final do século XIX até os dias atuais, a geração dos resíduos é reflexo
de fatores tais como: aumento da população, processo acelerado de urbanização
das cidades, economia do desperdício, ampla diversidade e qualidade dos materiais
empregados no processo produtivo e da valorização do consumo.
Porém, a partir da metade do século XX, ao se constatar que o seu efeito
poluidor, por vezes, demonstra-se irreversível, vem ocorrendo uma tomada de
consciência da sociedade no sentido de reorientar esse crescimento de RSU.
Demajorovic (1995) classifica a evolução da gestão dos RSU em três
fases:
A primeira prevaleceu até a década de 70 e significou aumento da pressão
por recursos naturais, aumento do consumo e aumento do volume de resíduos para
a disposição final.
A segunda fase ocorreu a partir da década de 70 quando começaram a
surgir grupos ambientalistas e os espaços para a disposição final se tornaram
escassos. Os danos, cada vez maiores, provocados pela disposição dos resíduos no
solo revelaram as limitações dessa alternativa. Nesta segunda fase foram
estabelecidas novas prioridades para a gestão de RSU, com vista a reduzir o volume
de materiais a serem dispostos, inserindo-se a reciclagem, o aproveitamento
energético e a sua disposição em aterros sanitários.
Na terceira fase, a partir da década de 80, a redução na fonte foi
incorporada como princípio de gestão.
59
A valorização da reciclagem e promoção de ações educativas para
mudanças de valores e hábitos da sociedade são elementos somente incorporados
a partir de 1990.
Assim, o modelo atual de gestão dos resíduos sólidos urbanos adota os
princípios da redução na fonte (redução do consumo, redução de uso de produtos
novos), da reutilização, da reciclagem e do reaproveitamento da energia contida nos
RSU.
A Agenda 21, documento assinado durante a Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio/92), propõe uma hierarquia
dos programas relacionados com os resíduos. Segundo a Agenda 21, deve ser
obedecida uma abordagem preventiva: a) redução ao mínimo dos resíduos; b)
aumento ao máximo da reutilização e reciclagem ambientalmente saudáveis dos
resíduos; c) promoção de formas de tratamento ambientalmente saudáveis dos
resíduos; d) ampliação do alcance dos serviços que se ocupam com os resíduos.
Para Moraes (2007) a gestão, de um modo geral, constitui-se em um
processo de estratégias e definições que conduzam a uma estrutura organizacional
capaz de executar as atividades que lhe são atribuídas e de verificar o controle de
sua execução, além de efetuar as correções necessárias.
Com referência, especificamente, à gestão dos RSU, Moraes (2003)
apresenta proposta de um novo paradigma para a questão, por meio da Gestão
Integrada e Sustentável de RSU-GISRSU.
As soluções, geralmente isoladas e estanques, até aqui praticadas, cometem o equívoco de tratar de forma parcial a problemática de resíduos sólidos urbanos. A solução pode estar no desenvolvimento de modelos integrados e sustentáveis, que considerem desde o momento da geração dos resíduos, a maximização de seu reaproveitamento e reciclagem, até o processo de tratamento e destinação final (MORAES, 2003, p.1).
Com base nesses referenciais teóricos há que se formular um modelo de
gestão integrada considerando todas as etapas do sistema de resíduos sólidos,
evitando-se soluções isoladas. Isto significa que, ao construir o aterro sanitário
simplificado serão necessárias intervenções na forma de coleta e na estrutura
60
disponível para o seu gerenciamento, para que a solução adotada alcance o objetivo
de tornar adequada a disposição dos RSU.
A Figura 14 apresenta os pilares da gestão de um sistema de RSU para
uma cidade de pequeno porte. Do pilar 1 ao 4 estão relacionadas as tomadas de
decisão de nível estratégico e, do pilar 5 ao 7, as diretrizes que devem nortear o
modelo tecnológico a ser adotado pelo município. A incineração não aparece como
opção, por ser pouco utilizada no Brasil, mesmo que para aproveitamento
energético.
Pilar 1 – vontade/decisão política Pilar 2 – participação social Pilar 3 – planejamento Pilar 4 – financiamento/recursos/preços a cobrar dos usuários Pilar 5 – Prevenção/redução/reutilização/seletividade por tipo de /catadores Pilar 6 – Compostagem Pilar 7 – Aterramento/confinamento Fonte: Adaptado pela autora www.netresiduos.com
FIGURA 14. Pilares para apoio à gestão de RSU em municípios de pequeno porte
Para Kiperstok et al. (2002) a gestão dos RSU deve estar baseada na idéia
de perda de material e energia, iniciando-se com a concepção do produto indo até o
aproveitamento da matéria da qual ele foi constituído, sendo capaz de transformá-lo
em um novo produto.
As soluções para os problemas oriundos da geração de RSU são
complexas por exigirem forte participação da sociedade e são onerosas, por
necessitarem de equipamentos pesados para a remoção e transporte até a
destinação final.
Base de apoio social, política, técnica, econômica, legal
Desenvolvimento da gestão de RSU
1 2 3 4 5 6 7
61
Nesse sentido, Demajorovic et al. (2006) reconhecem a importância dos
diversos atores sociais como co-responsáveis na gestão dos RSU.
Oliveira (2002) refere-se à experiência que a Alemanha possui no
desenvolvimento de tecnologia ligada ao tratamento dos RSU. Hahn (1994) apud
Oliveira (2002) informa que desde a década de 1970 esse país reconheceu os RSU
como “materiais valiosos” e que o processo não ocorreu de forma imposta, mas
acompanhou uma evolução cultural, com implantação paulatina.
Eigenheer (1999b, p.119) apud Oliveira (2002) faz uma comparação
entre os estágios que se encontravam, em 1999, o Brasil e a Alemanha:
A Alemanha está, sem dúvida, na vanguarda na gestão de resíduos sólidos e deve ser observada atentamente. Problemas subsistem, apesar de não tão evidentes ao observador menos atento. Importa notar também que as políticas traçadas foram de longo e médio prazo. No Brasil, a despeito de sermos compatíveis com a oitava economia do mundo, sequer demos os primeiros passos que já se mostravam imprescindíveis na Alemanha nos anos sessenta, como é o caso do fim dos lixões (grifo nosso). As desigualdades sociais e regionais tornam ainda mais complexa a situação brasileira. Na proposta alemã a utopia de superação do lixo está presente e de alguma forma explícita. As dificuldades são grandes, e não se deve manter uma postura eufórica, ainda que os resultados sejam satisfatórios.
Na Alemanha, a gestão dos RSU prevê o enterramento de resíduos depois
de esgotadas todas as possibilidades de reaproveitamento. Os domésticos são
separados em orgânicos; embalagens; revistas, jornais e papéis; materiais perigosos
(pilhas, baterias, tintas, remédios, óleos, etc.); roupas; eletrodomésticos e tudo que
sobra segue para aterramento.
Azevedo (2004) também entende que a segregação de materiais, em
conjunto com a coleta seletiva, apresenta-se como uma das formas de minimização,
desviando-os do aterro.
Pellegrino (2003) cita como forma de apoio à gestão dos RSU a
regulamentação ambiental, implantada nos Estados Unidos, que consiste em
empregar no processo produtivo as tecnologias limpas, o que tem resultado em
melhorias na qualidade ambiental.
Tecnologias limpas significam a aplicação continuada de estratégias
econômicas, ambientais e tecnológicas integradas aos processos produtivos. Dessa
62
forma, é possível evitar a geração de emissões e aumentar a eficiência no uso de
matérias-primas, água e energia, por meio da não geração, minimização ou
reciclagem de gerados no processo produtivo (KIPERSTOK et al., 2002).
Nunesmaia (2002) propõe um conceito de gestão socialmente integrada
que remeta aos aspectos sanitários, ambientais e econômicos, à participação da
sociedade, considerando a realidade local. Para a autora a gestão dos RSU no
Brasil apresenta contradições por ter anseios de países do primeiro mundo e não ter
como vencer limitações nos serviços de limpeza urbana.
Para Chenna (2001) apud Demarojovic et al. (2006) o problema dos RSU é
visto, quase sempre, como a “engenharia da limpeza”, isto é, o planejamento
resume-se em escolher o tipo de transporte, ampliar o quantitativo de funcionários e
melhorar a destinação final, não existindo uma visão ampla da problemática dos
RSU.
Azambuja (2002, p. 26) conceitua gestão de RSU “como a combinação e
otimização dos vários recursos disponíveis para alcançar, dentro de parâmetros
ambientalmente corretos, os objetivos de: diminuir a geração dos resíduos, coletá-
los, valorizá-los, tratá-los e dar a estes uma destinação final adequada”. Esta autora
coloca ainda que é possível encontrar na ciência da administração teorias
organizacionais que são embasadas no planejamento, na implementação e no
controle dos projetos para alcance de seus objetivos, para auxiliar a estruturação de
um modelo gestão de RSU.
Heller et al. (2006, p. 325) ao referirem-se à escassa literatura nacional
sobre avaliação das políticas públicas implementadas para o saneamento “para
verificar os erros e acertos das opções assumidas pelo Estado e para contribuir para
eventuais ajustes de rumo”, dá um aporte no sentido de inserir no planejamento
alguma forma de julgamento das ações realizadas.
Apesar de alguns autores abordarem a gestão dos RSU considerando
diferentes aspectos, todos afirmam a necessidade de participação da sociedade
para a construção de um modelo de gestão e a adoção dos princípios para reduzir o
aterramento de resíduos.
63
O artigo 7º, inciso XI do Projeto de Lei 1.991/07, define gestão integrada
como “ações voltadas à busca de solução para os resíduos sólidos, de forma a
considerar as dimensões políticas, econômicas, ambientais, culturais e sociais, com
a ampla participação da sociedade, tendo como premissa o desenvolvimento
sustentável” (BRASIL, 2007b,p.3).
A recente Lei nº 11.445/07 prevê o consórcio de municípios para a gestão
associada de serviços públicos, o que pode induzir ao compartilhamento da
destinação final dos RSU entre municípios, dando uma nova orientação à gestão
dos aterros sanitários. A formação do consórcio tem o sentido de garantir os
recursos para a gestão dos resíduos e reduzir suscetibilidades aos atritos políticos,
que possam vir a ocorrer, entre gestores municipais. Desse modo, o
compartilhamento de aterros passa também a ser visto como uma prática que pode
ser escolhida pelo município para a gestão dos RSU, com vistas à redução de
custos, minimização de danos ambientais e a garantia de uma melhor operação.
4.6. Aterros sanitários simplificados
Segundo Lima apud Feruccio (2003, p.17), o aterro sanitário é uma das
práticas mais antigas e utilizadas para a disposição dos RSU, por “sua relativa
simplicidade de execução, tendo como fator limitante a disponibilidade de áreas
próximas aos centros urbanos”.
Aterro sanitário é definido pela NBR 8.419/84 da ABNT como:
Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os a menor área possível e reduzi-los ao menor volume possível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores se for necessário (ABNT,1984).
A NBR 8.849 (ABNT,1985) definiu procedimentos para construção de
aterros controlados, a fim de viabilizar a adequada destinação dos resíduos sólidos
em municípios cujos projetos de aterros sanitários se mostrassem onerosos. As
exigências construtivas dessa NBR referem-se mais à execução das drenagens,
sem citar impermeabilizações ou unidades de tratamento de lixiviados. Para a
operação do aterro controlado a ABNT faz algumas exigências quanto a
64
isolamentos, preparo do local onde serão dispostos os resíduos, controle da
quantidade e composição dos resíduos recebidos e depositados, descrição do
método de operação e seqüência do preenchimento do aterro, com indicação de
espessura de camas e cobertura dos taludes.
As tecnologias simplificadas de destinação final dos RSU, também
denominadas de aterros em valas, aterros sustentáveis ou aterros manuais surgem
como resposta aos riscos das diversas formas de poluição causadas pelos lixões
das cidades de pequeno porte. São projetos de engenharia e compreendem um
conjunto de procedimentos que minimizam os impactos a níveis aceitáveis.
Assim, considerando a baixa geração per capita dos RSU nas cidades de
pequeno porte, o aterro sanitário simplificado vem se apresentando como uma
tecnologia apropriada para a destinação final.
Sua concepção é baseada no método de trincheira, executada na forma
trapezoidal, podendo ser aplicado em terrenos planos ou com baixa declividade
(ZANTA e FERREIRA, 2003).
Zanta e Ferreira (2003) citados por May e Zanta (2006, p.3) ao
conceituarem os aterros sanitários simplificados, consideram alguns fatores que
poderão interferir na operação desse equipamento:
[...] tecnologia que além da simplicidade operacional alicerçada, em procedimentos científicos, possui a flexibilidade necessária para compatibilizar sua concepção, projeto e operação com os requisitos ambientais e as potencialidades locais. Considera também a capacitação das equipes de profissionais envolvidos bem como a efetiva incorporação da atividade pelo órgão gestor e pela comunidade, propiciado a manutenção adequada do padrão de operação [...]
Segundo Paiva (2002), a tecnologia simplificada de aterro sanitário foi
estudada no Brasil pelo Programa de Pesquisa em Saneamento Básico, PROSAB,
pela CETESB e pela CONDER.
O Programa de Saúde Ambiental da Organização Pan-americana de
Saúde - OPAS apresenta o aterro manual simplificado como alternativa técnica e
econômica para populações inferiores a 40 mil habitantes, com geração média em
torno de 20t/dia (JARAMILLO e ZEPEDA, 1991).
65
Para municípios que possuem população de até 20.000 habitantes, a
adoção de sistemas simplificados de destinação final pode substituir os lixões,
reduzindo os impactos ambientais causados pela deposição sem controle.
Fiúza, Fontes e Cruz (2002) entendem que os aterros sanitários
simplificados são necessários para atender ao grande número de municípios
brasileiros de pequena população, por serem equipamentos construídos com a
devida preocupação ambiental, possuírem simplicidade construtiva e operacional e
baixos custos de implantação e operação, se comparado a outras soluções.
Possibilitam também a reutilização da área após seu fechamento e requerem
simplicidade na monitorização. Suas desvantagens, segundo os autores, são
redução do valor da área de vizinhança, emanação de gases e poeiras (mesmo que
reduzidas), concluem os autores.
O Programa de Pesquisa em Saneamento Básico, PROSAB, é um
programa do Ministério da Ciência e Tecnologia que promove e apóia o
desenvolvimento de pesquisas na área de saneamento ambiental, formando redes
de pesquisas temáticas, com universidades, institutos tecnológicos e empresas. Foi
responsável por desenvolver a implantação do aterro sustentável de Catas Altas,
durante o período de 2001-2003 (FERREIRA, 2004).
O estudo experimental realizado pelo PROSAB, em Catas Altas, município
com 5.000 habitantes, localizado no Estado de Minas Gerais, adota como
metodologia para implantação do aterro sanitário simplificado, os estudos
preliminares, consubstanciados na coleta de dados do município tais como:
população, caracterização dos resíduos e informações sobre os serviços de limpeza
urbana. Envolveu o treinamento dos operadores, a forma de coleta e a participação
da sociedade, para a segregação dos resíduos. A aplicação dessa metodologia
visou garantir a sustentabilidade do aterro. Posteriormente, foi realizada a seleção
da área e elaboração do projeto, com vistas ao método de operação a ser utilizado.
Em Catas Altas é utilizada a operação manual.
Para Ferreira (2004), participante desse estudo, a relação de
sustentabilidade ocorre por haver na quantidade de RSU recursos renováveis e não
renováveis (aqui a autora usa o termo recurso indo ao encontro do que propõe
66
Silveira e Moraes (2007) para o conceito de RSU), devendo o planejamento propor
sempre o aumento da parcela de resíduos sólidos recuperáveis, evitando o seu
aterramento (FERREIRA, 2004).
Lange et al. (2002) apud Ferreira (2004) consideraram também a
minimização dos RSU, como elemento capaz de dar maior sustentabilidade ao
aterro.
A adoção da estratégia de minimização constitui-se em uma das formas de
redução da geração de resíduos. Azevedo (2003, p.15) considera que
A minimização é uma filosofia aqui considerada essencial para a gestão dos RSU, porque proporciona economia de matéria prima e conservação dos recursos naturais, redução de custos de manufatura, tratamento e disposição de resíduos.
As tecnologias utilizadas para minimização e tratamento foram: a coleta
seletiva, construção do galpão de triagem e unidade de compostagem, além da
participação social.
Ferreira (2004) sugere que a Política Nacional de Resíduos Sólidos preveja
incentivos fiscais e financeiros não só às instituições que promovem a reutilização e
a reciclagem como as que estimulem a implantação de empreendimentos de coleta
seletiva, triagem e reciclagem.
Ferreira (2004) também defende o envolvimento da Administração Pública
e da sociedade como pressupostos para garantir a sustentabilidade das ações de
resíduos sólidos. Para a sustentabilidade econômica refere-se ao ICMS ecológico de
Minas Gerais que estabelece uma parcela do ICMS estadual para ser distribuída
entre municípios que tenham adotado técnicas de tratamento ou disposição dos
RSU.
A autora faz uma observação sobre o fato de, em Minas Gerais, esta
compensação ter parcela maior para aqueles municípios que optem por utilizar
métodos de tratamento, como unidades de triagem, que nem sempre cumprem sua
função. Para a sustentabilidade financeira a autora cita a cobrança da taxa de
limpeza urbana, devendo, entretanto, cada município definir seu critério de
cobrança.
67
A adoção de tecnologia simplificada para destinação está associada à
“simplicidade operacional, baseada em procedimentos científicos, à flexibilidade
necessária para compatibilizar o projeto, a operação, os requisitos ambientais e as
potencialidades locais” e vem sendo entendida como uma forma ambientalmente
segura de tratar os RSU, desde que sejam atendidas condições de seleção de área
e operacionalidade (ZANTA e FERREIRA, 2003, p. 14).
May e Zanta (2006) apresentam uma ferramenta para Análise e Avaliação
da Sustentabilidade de Aterros Simplificados – AASAS, para municípios de pequeno
porte, a partir de diretrizes e de variáveis de controle e variáveis de ação, que
caracterizam as diferentes etapas do aterro sanitário simplificado.
Para a CETESB (1997, p.3), as vantagens de um aterro sanitário em valas
são:
Custo de investimento muito menor que o requerido por outras formas de tratamento de resíduos; custo de operação muito menor que o requerido pelas instalações de tratamento de resíduos; método completo, pois não apresenta rejeitos ou refugos a serem tratados em outras instalações; simplicidade operacional; flexibilidade operacional, sendo capaz de operar bem mesmo ocorrendo flutuações nas quantidades a serem aterradas.
Como desvantagens, a CETESB (1997, p.3) aponta:
Não trata os RSU, consistindo numa forma de armazenamento no solo; requer áreas cada vez maiores; a operação sofre ação das condições climáticas; apresenta risco de contaminação do solo e da água subterrânea.
4.6.1. Operação de aterros sanitários simplificados
Os procedimentos operacionais, em geral, adotados pelo PROSAB pela
CETESB e pela CONDER, referem-se à necessidade de manutenção das vias de
acesso, recobrimento dos RSU diariamente, manutenção dos sistemas de drenagem
pluvial e do lixiviado, quando houver, e limpeza geral da área do aterro.
Para a compactação dos RSU, o PROSAB prevê o apiloamento manual. O
Programa Estadual de Resíduos Sólidos do Estado de São Paulo prevê, para os
municípios que implantam aterros, o recebimento de uma pá carregadeira, para
abertura de novas valas e recobrimento dos resíduos - segundo informações do
técnico acompanhou a autora na visita ao município de Conchas, e deve ser
68
utilizada prioritariamente no aterro sanitário simplificado. Para a CONDER, a
compactação visa reduzir o espaço ocupado pelos resíduos, podendo ser feita
manualmente (por meio de um rolo compactador) ou por trator. Esta forma de
trabalhar com a compactação manual não fica muito claro no Manual de Operação
do Aterro Sanitário Simplificado da CONDER (2004).
Visitas técnicas realizadas pela CONDER, em 2005 e 2006, já indicavam
as dificuldades das prefeituras em operar os aterros sanitários simplificados.
Segundo relato de técnicos responsáveis por essa monitorização, a maioria das
prefeituras não dispunha, naquela época, do projeto original fornecido pela
CONDER e nem os prefeitos revelaram o entendimento de que a obra do aterro
sanitário referia-se a uma primeira fase, necessitando ampliação, tão logo a
capacidade da vala estivesse esgotada.
A experiência da CETESB (2005) com a implantação dos aterros em valas
vem tendo um acompanhamento técnico realizado por meio de vistorias nos aterros,
resultando na publicação anual do Inventário Estadual de Resíduos Sólidos. Da
análise das vistorias realizadas pode-se observar que, em 2005, cerca de 40% dos
aterros implantados apresentaram condições inadequadas de operação e as
desconformidades constatadas com maior freqüência são as seguintes:
Valas abertas em desacordo com o projeto executivo aprovado pela CETESB; resíduos dispostos fora das valas, a céu-aberto; abertura e fechamento de valas em desacordo com os procedimentos técnicos; não recobrimento diário dos resíduos dispostos na valas; queima de resíduos a céu-aberto; disposição de resíduos hospitalares em aterro destinado a domiciliares; presença de aves e outros animais; presença de catadores; separação de resíduos recicláveis na área do aterro (CETESB, 2005, p.6).
Jaramillo e Zepeda (1991) recomendam alguns procedimentos para
controle da operação dos aterros sanitários simplificados. Para os autores todos os
resíduos que chegarem ao aterro devem ser vistoriados, para verificar sua
procedência e tipo (devendo ser registrado em formulário próprio
tipo/quantidade/dia/hora de chegada) e ao motorista do veículo deve ser indicado o
local de descarga no dia, de forma que a frente de trabalho não se amplie e possa
ser controlada. Recomendam também que as ferramentas e equipamentos de
proteção individual sejam fornecidos de forma adequada aos trabalhadores.
69
Feruccio (2003) ao analisar a operação dos aterros sanitários de doze
municípios paulistas classificados pela CETESB, como adequados, refere-se aos
métodos construtivos e a possibilidade de interferência destes durante a operação.
Capodagllio (1999) apud Feruccio (2003) considera o líquido gerado pelo processo
de degradação e lixiviação, que afeta a massa de resíduo, fator relevante de risco
ambiental, sendo um dos principais problemas associados à fase de operação de
aterros.
As condições operacionais analisadas por Feruccio (2003) basearam-se
nos dados anualmente publicado pela CETESB no Índice de Qualidade de Aterros
de Resíduos (IQR), que pontua fatores como: a) aspecto geral; b) resíduos
descobertos (frente de trabalho ampla); c) presença de aves e animais; c) presença
de catadores; d) manutenção dos prédios, acessos e cercas; controle das descargas
dos tipos de resíduos; atendimento às especificações do projeto. Como condição
para maior facilidade operacional deve-se observar se o material para cobertura está
localizado próximo ou dentro do aterro.
Feruccio (2003) faz algumas recomendações semelhantes à Jaramillo e
Zepeda (1991), dirigidas aos municípios que queiram manter os aterros em
condições adequadas de operacionalidade, a exemplo de: a) somente construir
galpões de triagem quando houver prévia separação dos RSU; b) adoção de
mecanismos que garantam a continuidade das diretrizes e dos projetos, evitando a
descontinuidade administrativa; c) promoção de ações para estimular a segregação
dos resíduos e, sugere, colocação de containeres de 600 litros com tampa ou sacos
de ráfia de 1.000 litros em condomínios e edifícios; d) criação de uma legislação
municipal regulamentando tanto a prestação do serviço como o comportamento dos
usuários; e) divulgação à população da existência do aterro sanitário, informando
sobre seu funcionamento e necessidade de aumentar sua vida útil; f) controlar o
resíduo que entra no aterro sanitário para ser disposto e a área onde deve ser
disposto; g) a monitorização seja sempre assumida pela Prefeitura; h) construção de
um viveiro de mudas de espécies nativas, na área do aterro sanitário para reposição
da cerca viva, quando necessário; i) não dispor horizontalmente os resíduos nos
aterros de pequeno porte, pois, implica na necessidade de maquinário específico
(mais caro).
70
As recomendações dadas pelos autores deixa claro que o planejamento
para uma adequada gestão dos RSU exige uma série de requisitos e ações que
antecedem à estruturação dos sistemas de limpeza urbana de uma cidade e que a
continuada avaliação e monitorização devem integrar os modelos de gestão, pois
possibilitam correções e verificação do cumprimento dos objetivos.
4.8. Aspectos legais e normativos para os RSU
Com relação aos resíduos de serviços de saúde, a Lei nº 8.080/1990, que
regula as ações e serviços de saúde, Lei Orgânica de Saúde, no seu art. 13,
parágrafo II estabelece que a articulação de políticas e programas abrangerá
atividades de saneamento básico e meio ambiente. Atualmente as normas para esse
tipo de resíduo são de competência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
,ANVISA, e do Conselho Nacional do Meio Ambiente, CONAMA, estando em vigor
as Resoluções nº 306/2004 da ANVISA e a Resolução CONAMA nº 358/2005.
A seguir destacam-se as regulamentações sobre resíduos sólidos tratadas
pelas Resoluções CONAMA, por ano de publicação.
1991: Resolução nº06 dispõe sobre a incineração de resíduos sólidos
provenientes de estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos. Resolução número
08, dispõe sobre a entrada no país de materiais residuais.
1993: Resolução nº05 estabelece definições, classificação e procedimentos
mínimos para o gerenciamento de resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde,
portos e aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários.
1999: Resolução nº257 estabelece que pilhas e baterias que contenham
em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos, tenham os
procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final
ambientalmente adequado. Resolução nº258 determina que as empresas
fabricantes e as importadoras de pneumáticos ficam obrigadas a coletar e dar
destinação final ambientalmente adequada aos pneus inservíveis.
2001: Resolução nº275 estabelece código de cores para diferentes tipos de
resíduos na coleta seletiva.
71
2001: Resolução nº283 dispõe sobre o tratamento e a destinação final dos
resíduos dos serviços de saúde.
2002: Resolução nº307 estabelece diretrizes, critérios e procedimentos
para a gestão dos resíduos da construção civil.
2002: Resolução nº308 dispõe sobre licenciamento ambiental de sistemas
de disposição final dos resíduos sólidos urbanos gerados em municípios de pequeno
porte.
2005: Resolução nº358 dispõe sobre o tratamento e a disposição dos
resíduos dos serviços de saúde.
Na esfera estadual, a Lei nº 10.431, de 20 de dezembro de 2006, dispõe
sobre a Política de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade do Estado da
Bahia. Desta Lei destacam-se dois princípios que envolvem questões de resíduos
sólidos: “adoção de práticas, tecnologias e mecanismos que contemplem a eficiência
ambiental na produção de bens e serviços, no consumo e no uso dos recursos
ambientais” e o do “usuário-pagador e poluidor-pagador” (BAHIA, 2006, p.2).
Também prevê a participação da sociedade civil como um dos princípios
para a gestão dos resíduos sólidos urbanos. Dentre os objetivos desta Lei destaca-
se no artigo 3º, inciso II, “a otimização do uso de energia, matérias-primas e
recursos visando a economia de recursos naturais, a redução da geração de
resíduos líquidos, sólidos e gasosos”. Em suas diretrizes, artigo 4º, obriga inserir a
dimensão ambiental nas políticas, planos, programas e projetos e atos da
Administração Pública (BAHIA, 2006, p.2).
Traz, como diretrizes, o incentivo à reciclagem e reuso dos recursos
naturais, ao desenvolvimento de pesquisas, a utilização de tecnologia mais limpas, a
busca da ecoeficiência e as ações orientadas para o uso sustentável dos recursos
ambientais. No inciso V, do artigo 4º, estabelece mecanismos de prevenção de
danos ambientais e de responsabilidade sócio-ambiental pelos empreendedores
públicos ou privados, e o fortalecimento do auto-controle nos empreendimentos e
atividades com potencial impacto no meio ambiente.
72
Define poluição como “o lançamento, liberação ou disposição de qualquer
forma de matéria ou energia nas águas, no ar, no solo ou no subsolo, em
quantidades, características e duração em desacordo com os padrões estabelecidos
ou que provoquem, direta ou indiretamente, a degradação ambiental” e define
recursos ambientais como “os recursos naturais, tais como o ar, a atmosfera, o
clima, o solo e o subsolo; as águas interiores e costeiras, superficiais e
subterrâneas, os estuários, o mar territorial; a paisagem, a fauna, a flora; o
patrimônio histórico-cultural e outros fatores condicionantes da salubridade física e
psicossocial da população” inclui assim a dimensão do bem-estar psicológico da
população (BAHIA, 2006, p.2).
Esta Lei institui o Cadastro Estadual de Atividades Potencialmente
Degradadores ou Utilizadoras de Recursos ambientais – CEAPD, para fins de
controle e fiscalização das atividades capazes de provocar degradação ambiental.
No seu artigo 29, a Política Estadual de Meio Ambiente e de Proteção à
Biodiversidade assegura que os meios de produção devem visar a produção mais
limpa e observar os princípios norteadores desta Lei e as diretrizes de não geração,
minimização, reutilização e reciclagem dos resíduos e alteração de padrões de
produção e consumo, estimulando e valorizando as iniciativas da sociedade para o
aproveitamento de resíduos reutilizáveis e recicláveis (BAHIA, 2006).
Quanto aos Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos - PGRS, esta
Lei orienta, no seu artigo 31, que as fontes geradoras de resíduos sólidos deverão
elaborar, quando exigido, o seu PGRS contendo estratégia dotada para o
gerenciamento dos resíduos, abrangendo todas as suas etapas, inclusive as
referentes à minimização da geração, reutilização e reciclagem, especificando as
ações a serem implementadas com vistas à conservação e recuperação dos
recursos naturais (BAHIA, 2006).
Na esfera federal a Lei 11.445, de 05 janeiro de 2007, Lei de Saneamento
Básico, ao estabelecer as diretrizes nacionais para o saneamento básico, define os
princípios para a prestação dos serviços públicos de saneamento básico,
constituídos de: a) abastecimento de água; b) esgotamento sanitário; c) limpeza
73
urbana e manejo dos resíduos sólidos (grifo nosso); d) drenagem e manejo de
águas pluviais (BRASIL, 2007c).
A limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos é considerada nesta Lei
como o conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta,
transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo
originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas (BRASIL, 2007c).
No seu artigo 7o a Lei define as atividades do serviço público de limpeza
urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos: coleta, transbordo, transporte,
tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição, da poda
de árvores em vias e logradouros públicos; triagem para fins de reuso ou
reciclagem, de tratamento, inclusive por compostagem, e de disposição final
(BRASIL, 2007c).
Orienta no sentido de que sejam incluídas as funções de planejamento,
regulação e fiscalização, para a prestação dos serviços de saneamento básico.
Por planejamento é entendido todo o processo necessário a identificar,
qualificar, quantificar, organizar e orientar as ações necessárias para a oferta de um
serviço público de qualidade. Regulação é qualquer ato normativo que discipline o
serviço, fixando padrões de qualidade, tarifas, direitos e obrigações dos usuários.
Fiscalização são as atividades de acompanhamento e monitorização, controle e
avaliação do serviço público ofertado.
Os municípios ficam obrigados, a partir desta Lei, a elaborarem seus
planos de saneamento básico e definirem o grau de participação social e estratégia
de atendimento dos serviços com garantia de qualidade (BRASIL, 2007b).
Além de definir os princípios, esta Lei prevê no seu inciso II, artigo 3º, a
gestão associada, associação voluntária de entes federados, por convênio de
cooperação ou consórcio público, conforme disposto no art. 241 da Constituição
Federal (BRASIL, 2007c).
Destaca-se, dos princípios da Lei nº 11.445/07, aqueles que possam vir a
modificar o tratamento da questão dos resíduos sólidos, especialmente no que se
refere: a) gestão associada por consórcios públicos; b) controle social, com a
74
obrigatoriedade de fornecer informações; c) prestação regionalizada, que oferece a
possibilidade de maior economia na prestação do serviço e induz ao
compartilhamento da destinação final dos resíduos sólidos urbanos (BRASIL,
2007c).
Outros princípios que se aproximam das questões dos serviços de limpeza
urbana são: a) integralidade, entendida como o conjunto de todas as atividades e
componentes dos serviços de saneamento básico; b) adoção de métodos que
considerem as peculiaridades locais e regionais; articulação com outras políticas de
desenvolvimento, como a de habitação, combate a pobreza, proteção ambiental e da
saúde; c) eficiência e sustentabilidade econômica; d) utilização de tecnologias
apropriadas, considerando a capacidade de pagamento dos usuários e a adoção de
soluções graduais e progressivas; c) transparência das ações, baseada em sistemas
de informações e processos decisórios institucionalizados; e) controle social; f)
segurança, qualidade e regularidade (BRASIL, 2007c).
De acordo com Montenegro (2007), em curso sobre Consórcios Públicos,
realizado pela SEDUR, em outubro de 2007, a Lei nº 11.445/07 busca, para o
saneamento básico e em especial para os resíduos sólidos, garantir, por formação
de consórcios públicos, uma operação adequada dos aterros sanitários financiados
pelo Governo Federal com recursos não onerosos.
SEDUR (2007) considera que, face às dificuldades institucionais, técnicas e
financeiras dos municípios para a gestão dos serviços de saneamento básico e para
o cumprimento da Lei, o regime de cooperação federado apresenta-se como
alternativa de gestão.
A Lei 11.445/07 estabelece no seu artigo 29 que os serviços públicos de
saneamento básico terão a sustentabilidade econômico-financeira assegurada,
sempre que possível, mediante remuneração pela cobrança dos serviços. E com
referência à limpeza urbana acrescenta “II - de limpeza urbana e manejo de resíduos
sólidos urbanos: taxas ou tarifas e outros preços públicos, em conformidade com o
regime de prestação do serviço ou de suas atividades” (BRASIL, 2007c, p.7).
Prossegue com o parágrafo 1º deste artigo recomendando “Observado o
disposto nos incisos I a III do caput deste artigo, a instituição das tarifas, preços
75
públicos e taxas para os serviços de saneamento básico observará as seguintes
diretrizes: I - prioridade para atendimento das funções essenciais relacionadas à
saúde pública; II - ampliação do acesso dos cidadãos e localidades de baixa renda
aos serviços; III - geração dos recursos necessários para realização dos
investimentos, objetivando o cumprimento das metas e objetivos do serviço; IV -
inibição do consumo supérfluo e do desperdício de recursos; V - recuperação dos
custos incorridos na prestação do serviço, em regime de eficiência; VI - remuneração
adequada do capital investido pelos prestadores dos serviços; VII - estímulo ao uso
de tecnologias modernas e eficientes, compatíveis com os níveis exigidos de
qualidade, continuidade e segurança na prestação dos serviços; VIII - incentivo à
eficiência dos prestadores dos serviços” (BRASIL, 2007c).
No artigo 35, prevê que as taxas ou tarifas decorrentes da prestação de
serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos devem
levar em conta a adequada destinação dos resíduos coletados e poderão
considerar: I - o nível de renda da população da área atendida; II - as características
dos lotes urbanos e as áreas que podem ser neles edificadas; III - o peso ou o
volume médio coletado por habitante ou por domicílio (BRASIL, 2007c).
A Lei nº 11.107, de 06 de abril de 2005, Lei de Consórcios Públicos, dispõe
sobre normas de contratação de consórcios públicos e dá outras providências,
possibilita a gestão associada dos serviços de limpeza urbana ao disciplinar a
contratação de consórcios públicos entre os entes federados para a realização de
objetivos de interesse comum (BRASIL, 2005c)
Segundo Costa (2007), em artigo publicado no sítio da Associação
Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento - ASSEMAE, esta Lei permite
exercer a gestão mais ampla da prestação dos serviços públicos, com o
planejamento, a regulação e a fiscalização dos mesmos. Essa Lei também permite
arranjos que podem racionalizar esforços dos municípios, titulares dos serviços de
limpeza urbana. Sua aplicação, na área de resíduos sólidos, pode ser aproveitada
nos serviços de operação de aterros sanitários compartilhados. Para o citado autor o
ambiente formado pelas Leis 11.445/07 e 11.107/05 mais o Programa de Aceleração
do Crescimento é de otimismo para o saneamento básico, pois são fornecidos
instrumentos para que os entes federados possam exercer a gestão associada.
76
A conjugação de esforços para tornar aplicável o que prevê as Leis
11.107/05 e 11.445/07 pode dar uma nova orientação para o encontro de soluções
sustentáveis da gestão dos RSU, porém não substitui a necessidade de haver uma
legislação específica que institua as diretrizes para o manejo dos RSU e ordene a
área, tanto para as empresas como para a sociedade.
77
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo são apresentados os resultados da pesquisa de campo, com
breve descrição do aspecto dos aterros nos dias das visitas e registro fotográfico
feito pela autora, com o objetivo de mostrar as ocorrências e oferecer uma visão de
alguns aspectos que foram considerados para avaliar a operação dos aterros.
Para avaliação das condições operacionais dos aterros foram observados:
o aspecto geral, ocorrência de resíduos a descoberto, recobrimento adequado ou
inadequado, presença de aves e moscas, presença de catadores, se há criatório de
animais, funcionamento e manutenção das drenagens, manutenção dos acessos,
isolamento com cerca, existência de guarita e controle dos resíduos dispostos.
Inicialmente, são descritos os três aterros sanitários simplificados
considerados operados de forma inadequada pelo Ministério Público Estadual:
Saubara, Conceição de Jacuípe e Itanagra, após o que, serão descritos os aterros
sanitários considerados com operação aceitável por esse Ministério: Araci, Tucano e
Maracás.
Para Penido deve-se considerar, para uma avaliação da situação de coleta
e destinação final dos resíduos sólidos urbanos, a “volubilidade institucional e
operacional do setor”, pois, as mudanças ocorrem para melhor ou pior. Por ser uma
atividade muito dinâmica, sem obras físicas estáticas, como o são as dos serviços
de água e de esgotamento sanitário, e por não contarem com arrecadação de tarifas
sofrem instabilidades em curtos espaços de tempo. Segundo o mesmo autor, “Um
aterro sanitário pode se transformar em um lixão em questão de dias, bastando que
os equipamentos ali alocados não estejam mais disponíveis” (PENIDO, 2002, p. 2)
A pesquisa realizada em campo buscou identificar em cada município as
estruturas e o conjunto de relações que podem interferir na operação dos aterros.
Assim, além das visitas aos aterros foram realizadas entrevistas com os Prefeitos e
os responsáveis pela operação dos aterros simplificados além de colher informações
gerais sobre a coleta domiciliar, em cada Prefeitura.
As entrevistas com técnicos da CONDER possibilitaram informações sobre
a concepção dos projetos e sobre o processo de implantação dos aterros.
78
As entrevistas com os Prefeitos tiveram por objetivo identificar o
conhecimento do Gestor sobre os problemas causados por resíduos sólidos, para
perceber se há relação entre o nível de operação do aterro simplificado com o
conhecimento e o seu interesse (vontade política) em dar uma solução ao problema.
O Prefeito de Maracás encontrava-se ausente nos dias da pesquisa.
Foram percorridos cerca de 3.000km, em virtude das distâncias entre os
seis municípios e a cidade de Salvador.
5.1. Resultados das entrevistas com prefeitos e secretários
A Tabela 8 apresenta uma síntese das respostas dos prefeitos às entrevistas. A
análise dessas respostas revela que embora os prefeitos tivessem feito à solicitação
de implantação dos aterros para os seus municípios, o fizeram desconhecendo que
teriam que absorver mais uma despesa para operação do ASS. A prioridade dos
prefeitos tem sido prestar os serviços de coleta e a varrição.
TABELA 8. Síntese das entrevistas com Prefeitos
PERGUNTAS ARACI TUCANO SAUBARA
ITANAGRA
C. JACUÍPE
1 Sabia da complexidade dos serviços de LU? Imaginava Mais ou menos Não muito
Sabia da necessidade Não
2 Quais os serviços da LU prioritários? Varrição Coleta Varrição. Coleta Varrição Coleta
Varrição. Coleta Coleta
3 A limpeza urbana tem uma rubrica no orçamento? Não Sim Não Sim Sim
4 E a destinação final? Não Não Não Não Não
5 O que significa um aterro sanitário para o senhor?
Solução de um problema
Local para colocar o lixo
passou a ter significado
local para colocar o lixo
Não respondeu com clareza
6 O que lhe motivou buscar junto ao governo o ASS Ministério Público Ministério Público
Sabia da necessidade
Consciência da necessidade
Não respondeu com clareza
7 Obteve informações na CONDER sobre o aterro? Sim Sim Sim Sim Sim
8
Entende que foram suficientes para dar continuidade? Bastante Preciso mais Não muito Não Não
9
C/ relação à implantação quais as maiores dificuldades? (1) Entender detalhes do projeto (2) O processo de licenciamento
Processo licenciamento
Os dois
Não se acompanhou a obra, foi feita em outra administração
A CONDER fez o aterro e depois entregou
Não houve um acompanhamento da Prefeitura durante a obra
10
Qual a maior dificuldade para operar o aterro? (1) Falta de pessoal capacitado (2) Poucos recursos financeiros
Falta pessoal capacitado Os dois
período chuvoso/alta estação/finanças
Falta dinheiro catadores
11 Tem consciência do efeito Sim Sim Sim Sim Sim
79
poluidor do ASS?
12 Possui engenheiro sanitarista no quadro de funcionários? Não
Eng. Agrônomo - assessor Não
Eng. Agrônomo - assessor
Eng. Agrônomo secretário
13 A Prefeitura possui cópía do projeto? Sim Sim Sim Sim Sim
14 Há participação da população nas ações de LU? Sim Cidade pequena Sim
Cidade pequena Não
15 Existe algum controle dos serviços executados na LU? Não Não Não Não Não
16 Qual a despesa mensal aproximada com LU? R$30.000,00 R$32.000,00 R$ 30.000,00
17
Vinculado Sec.Adm. e Meio Ambiente Não
Existe mas não tem sede
Existe um departamento formalizado no organograma da Prefeitura?
Não, está vinculado a Sec. Obras e tem uma garagem
Está vinc. à Saúde
Mas tem uma garagem
18 Qual o nível de escolaridade de quem opera o aterro? Técnico em Química 1ª grau Alfabetizado Não opera
Há um responsável 1º grau
19 Há terceirização do serviço? aluguel caçambas
aluguel de caminhão carroceria
aluguel caçambas
aluguel de caminhão carroceria
aluguel de caçambas
20 A mão de obra é do quadro da prefeitura (concursado) Não Não Não/cooperativa
Não/contrato temporário Não
21 Está previsto concurso Vou fazer Não Não Não Sim
Outros aspectos destacados das entrevistas revelam a não existência de
um ambiente favorável à implantação do ASS, embora os prefeitos tivessem
conhecimento que iriam operar o aterro, tais como:
� A disposição final não aparece na rubrica do orçamento da Prefeitura, em
algumas existe para a coleta.
� Em geral a decisão de ter o aterro é tomada por pressão do Ministério Público
(ainda que nem todos afirmem).
� Alguns afirmam que obtiveram informações na CONDER, porém precisam de
mais informação; todos possuem o projeto fornecido pela CONDER.
� Nenhum respondeu se houve dificuldades com a implantação, responderam
que não acompanharam.
� A Prefeitura tinha conhecimento de que a obra era responsabilidade da
CONDER e a Prefeitura iria operar.
� O licenciamento era de responsabilidade da Prefeitura, algumas vezes a
CONDER custeou a Licença Simplificada em nome da própria CONDER. Há
80
dificuldades próprias do processo de Licenciamento e a renovação da LS é
vinculada ao atendimento das condicionantes.
� As maiores dificuldades de acordo com as respostas são: falta de recursos
financeiros e de pessoal capacitado. Saubara acrescentou ainda que o período
chuvoso e a alta estação são também dificuldades enfrentadas pelo Município
para a operação do aterro.
� Araci e Tucano não souberam responder a ordem de grandeza sobre o valor
gasto com limpeza urbana.
� Araci e Saubara contam com uma sede onde funciona a oficina da Prefeitura.
Tucano tem uma sede com pátio onde ficam máquinas e equipamentos e tem
uma gerência de limpeza urbana, as demais têm o funcionário “encarregado da
limpeza da cidade”.
� Com relação à operação dos aterros, a exceção de Itanagra (que não tem
nenhum tipo de operação/manutenção), os demais mantêm dentro do aterro um
funcionário cuja atividade é manter a área limpa de sacos e papéis espalhados
e capinar, mas não existe o funcionário responsável pela operação, que
controle o que ocorre quando chegam os resíduos. Existe um responsável pela
limpeza urbana e pelo aterro, que eventualmente vai verificar a situação.
� Perguntado sobre a escolaridade dos trabalhadores responsáveis pelo aterro,
verifica-se que apenas o aterro de Araci conta com um técnico de nível médio.
� Os serviços de coleta são realizados por caçambas alugadas ou
compactadores, em alguns dos municípios, sem segregação.
As entrevistas com os secretários objetivaram avaliar a capacidade
financeira e a capacidade técnica da prefeitura em operar o aterro. Verificar o nível
de planejamento do sistema de resíduos sólidos municipal e avaliar o planejamento
municipal para a área de resíduos sólidos; o conhecimento do secretário sobre
resíduos sólidos e aterros sanitários; os controles de despesa com limpeza urbana
que são praticados; a prioridade do município em capacitar o pessoal do aterro.
81
TABELA 9. Síntese das entrevistas com Secretários I
PERGUNTAS ARACI TUCANO MARACÁS SAUBARA ITANAGRA C. JACUÍPE
Cargo Sec. Administração Sec. Obras
Sec. Obras e Urbanismo
Sec. Administração
Assessor do Prefeito Controlador
1
Existe algum planejamento do SLU Mais ou menos
Mais ou menos Sim Mais ou menos Não
Mais ou menos
2 E para a coleta seletiva? Não Não Não Não Não Não
3
Algum benefício para os trabalhadores? Não Não Não Não Não Não
4
Alguma solução para os catadores?
Não existem no aterro
É proibido entrar no aterro Não
Não existem, só os 2 do aterro Não
São mais de 20 no aterro
5
Existe algum Regulamento dos serviços de LU? Não Não Não Não Não Não
6
São feitos relatórios mensais? Não Não Não Não Não Não
7
Alguma forma de controle dos serviços realizados Não Não Não Não Não Não
8
O Município possui Conselho de Meio ambiente? Não Não Não
Sim, criado recente Não Não
Do exame das respostas dos Secretários faz-se a seguinte síntese:
� Não há planejamento para os serviços que não é percebido como um sistema
de limpeza urbana.
� O foco é restrito ao atendimento da população com os serviços de coleta e
varrição.
� Não é realizado trabalho de valorização dos empregados na limpeza urbana.
� Não há controle dos serviços executados.
� Inexiste regulamentação para a prestação dos serviços.
� A prefeitura, que tem muitos catadores, se sente incapaz de resolver o
problema.
� Nos municípios de Araci, Tucano e Maracás os trabalhadores da coleta e
varrição usam fardamento.
82
5.2. Informações adicionais fornecidas pelos Prefeitos
Quando das entrevistas os prefeitos manifestaram-se de forma livre sobre
diversos aspectos da implantação e operação dos aterros e complementaram com
outras informações o roteiro das entrevistas as quais demonstram as dificuldades
desses gestores para operar o aterro sanitário simplificado.
5.2.1. Município de Saubara – informações adicionais
O Prefeito de Saubara explicou que sabia do problema da operação
inadequada do aterro, mas, tinha por prioridade deixar a cidade limpa. Informou que,
logo que reassumiu a prefeitura por reeleição, recebeu uma notificação do Ministério
Público para solucionar o problema da má operação do aterro no prazo de 90 dias,
isto em janeiro de 2006, mas não pôde fazer nada. Vem solicitando um técnico da
CONDER, pois, sua preocupação maior é com a varrição e a coleta, mantendo as
vias limpas.
Segundo o Prefeito, o município nunca recebeu recursos financeiros do
Governo Federal ou Governo Estadual. Do Governo do Estado recebeu o aterro e
dois compactadores, mas não recebeu a máquina para operar o aterro. Na opinião
do Prefeito o Governo Federal prioriza atender municípios maiores. Informou
também que tentou um recurso da FUNASA, mas não conseguiu.
Segundo o Secretário de Administração e Meio Ambiente, secretaria á qual
está vinculado o serviço de limpeza urbana, as maiores dificuldades para operar o
aterro são: financeira, pois precisa mandar a máquina periodicamente e
desconhecimento técnico da forma de operar um aterro simplificado. A quantidade
de lixo, principalmente, entre dezembro e março é muito grande (período de verão) e
que na época de chuvas fica muito difícil manter o aterro.
5.2.2. Município de Conceição de Jacuípe – informações adicionais
Segundo o Prefeito, a falta de pessoal qualificado é um dos problemas para
a operação do aterro, assim como, a presença de mais de 20 catadores que já
catavam no lixão e continuam no aterro. Ressente-se da falta de apoio do Governo
Estadual para solucionar o problema.
83
5.2.3. Município de Itanagra – informações adicionais
O Prefeito informou que quando recebeu o aterro foi recomendado que se
colocasse a vigilância. Contou que os dois trabalhadores que foram contratados
para vigiar 24 horas o aterro, se sentiram amedrontados de permanecerem sozinhos
no local, por falta de segurança. Que o município é pequeno, sem recursos para
operar o aterro. Faz a coleta com dificuldade.
5.2.4. Município de Araci - informações adicionais
Segundo o Prefeito, inicialmente a Prefeitura recusou-se a receber o aterro,
mas posteriormente, um técnico da CONDER explicou os benefícios do equipamento
e resolveu aceitar em vista da situação do lixão, que era inaceitável, pois se
localizava na margem da rodovia, na entrada da cidade. Entende hoje a importância
da operação do aterro. Esteve na área por duas vezes, porém sua maior
preocupação é com a coleta.
O Secretário de Meio Ambiente tem formação em Agronomia e informou
que promove ações de educação ambiental no Município.
5.2.5. Município de Tucano – informações adicionais
A entrevista com o Prefeito ocorreu após a visita ao aterro. O mesmo
demonstrou surpresa pelo estado do aterro. Referiu-se à falta de pessoal qualificado
para manter o mesmo.
5.2.6. Município de Maracás – informações adicionais
As informações foram colhidas com o Secretário de Obras e Urbanismo e o
responsável pela limpeza urbana. O Secretário referiu-se a algumas dificuldades
para a colocação da máquina no aterro e informou que, em 2006, o Município de
Maracás recebeu o prêmio de Excelência em Gestão Diferenciada de Resíduos
Sólidos, pela União dos Municípios da Bahia - UPB.
84
5.3. Dados colhidos na visita aos aterros sanitários simplificados
Por entender que há estreita relação entre os serviços que formam os sistemas de
limpeza urbana e a destinação final, foram observadas questões quanto as
estruturas administrativas e operacionais disponíveis para operar o sistema.
5.3.1. Aterro Sanitário Simplificado do Município de Saubara
Identificou-se que não há uma estrutura administrativa e ou operacional
montada. Existe um espaço na oficina da Prefeitura, um responsável pelo serviço de
coleta e o contingente de coleteiros, motoristas e varredores. Nenhum mecanismo
de controle é realizado.
A coleta de podas é realizada junto com o lixo doméstico o que aumenta o
volume a ser descartado na vala.
Para o transporte dos RSU a Prefeitura possui dois compactadores
pequenos, mas um encontra-se quebrado sendo substituído por caçamba. A coleta,
atualmente, é feita por um compactador de 6m3, uma caçamba de 5m3 e um trator
com reboque de 2m3 para limpeza de praia e áreas de difícil acesso. A coleta na
sede é diária e alternada nos distritos de Bom Jesus dos Pobres, Pedras Altas,
Araripe e Cabuçu.
A coleta sofre interrupções por falta de equipamentos segundo o
trabalhador responsável pelo serviço de limpeza urbana.
Não é feito trabalho de segregação na origem, nem controle dos resíduos
dispostos no aterro.
Descrição do aspecto do aterro sanitário simplificado de Saubara, no dia da
visita, 08/07/2007
O terreno onde está instalado o Aterro Sanitário Simplificado de Saubara
apresenta-se em declive. Observou-se que tinha havido ocorrência de chuvas
recentes. O aspecto geral era ruim, mato crescendo nas valas de drenagem pluvial,
massa de lixo fora da vala, vala sem recobrimento, geração de lixiviado dentro e
escorrendo fora da vala, presença de aves, conforme Figura 15.
85
Nova vala foi aberta pela Prefeitura sem conformidade com o projeto
(embora possuam o projeto fornecido pela CONDER), assemelhando-se a um
buraco com 4m de largura, 50m de comprimento e 4m de altura, com risco de
desmoronamento, Esta vala foi utilizada parcialmente, apresentava-se com pouca
massa de lixo no fundo e muito lixiviado (Figura 16). Segundo o Secretário de
Administração e Meio Ambiente, há dificuldade de aproximação do compactador
para bascular, com receio de tombar.
No aterro havia uma máquina, tipo retroescavadeira, em péssimo estado
de conservação, quebrada, aguardando conserto, segundo informações do
Secretário de Administração e Meio Ambiente. Ainda segundo informações do
Secretário, eventualmente o lixo é empurrado para dentro da vala. Nenhum serviço
de manutenção é realizado.
Havia forte migração superficial do lixiviado (Figura 16). A vala aberta pela
Prefeitura estava em desacordo com o projeto e apresentava-se com erosão,
resíduos já descartados no fundo da vala, onde se via bastante lixiviado (Figura 17).
A frente de trabalho encontrava-se desordenada com lixo descartado em qualquer
local do aterro (Figura 18).
Os resíduos de serviço de saúde não são coletados separados, quando
encontram caixas de embalagens de perfurocortantes colocam em um local que
seria a vala de resíduos hospitalar, que se apresentava descoberta, envolta em
mato, (Figura 19). Embora possua poço de monitorização, Figura 20, nunca foi
utilizado, segundo informações do Secretário de Meio Ambiente.
� Pessoal de operação do aterro
Estão alocados no aterro dois ex-catadores de materiais recicláveis que
foram contratados pela Prefeitura. Ficam no aterro fazendo a catação. Disseram não
ter ferramental para realizar serviço de limpeza da área.
� Catadores no aterro
Os dois trabalhadores contratados pela prefeitura são os catadores do
aterro.
86
Registro Fotográfico – Aterro Sanitário Simplificado de Saubara
FIGURA 15. Aspecto geral do ASS de Saubara
FIGURA 16. Lixiviado migrando
87
FIGURA17. Vala aberta pela Prefeitura
FIGURA 18. Resíduos despejados na lateral da vala
FIGURA 19. Vala de RSS
88
FIGURA 20. Poço de monitorização do aterro de Saubara
5.3.2. Aterro sanitário simplificado do Município de Conceição de Jacuípe
Identificou-se que não existe uma estrutura organizacional montada
especificamente para o sistema de limpeza urbana, com controle sobre os serviços
realizados. As caçambas e máquinas são alugadas e os motoristas conhecem os
roteiros. Há um funcionário responsável pela limpeza urbana e por todo o
contingente de varredores e coleteiros.
A coleta é realizada por duas caçambas alugadas, com freqüência
alternada três vezes por semana, por bairros. Não há separação sistemática por tipo
de resíduos. O funcionário informou também que as duas caçambas com
capacidade original de 7m3 são adaptadas com duas tábuas laterais aumentando a
capacidade volumétrica para 10m3. Realizam sete viagens por dias coletando os
resíduos da sede. Um cálculo teórico da quantidade de resíduos dispostos, significa
uma disposição de, aproximadamente, 17 toneladas a cada dois dias.
Trabalhar esta quantidade de resíduos exige máquina, preferencialmente,
trator esteira para haver compactação. Neste caso, a concepção do aterro sanitário
simplificado pode não ser a mais indicada.
Em caso de a coleta ter freqüência diária, a quantidade, presumidamente,
seria de cerca de 8,8t/dia. Neste caso, poderia ser indicada a tecnologia do aterro
sanitário simplificado.
89
Não é feito trabalho de segregação na origem, nem controle dos resíduos
dispostos no aterro.
Descrição do aspecto do aterro sanitário simplificado de Conceição de
Jacuípe, no dia da visita, 30/08/2007.
O terreno onde está implantado o aterro do Município de Conceição de
Jacuípe é plano. No momento da visita havia uma máquina trabalhando, tipo pá
carregadeira, empurrando o lixo disposto na borda da vala para dentro da mesma,
sem alcançar o seu centro. De acordo com a explicação dada, a máquina não se
aproxima muito da vala por precaução, para não tombar para dentro da massa do
lixo. Perguntado à pessoa que acompanhou a autora porque o lixo estava todo
disposto na margem da vala, a mesma explicou que o caçambeiro não se
aproximava muito para não correr risco de desmoronamento da beira da vala com o
peso da caçamba cheia de lixo.
Com três anos de operação já foram fechadas duas valas, que se
apresentavam recobertas com solo. Outras valas abertas também se encontravam
com lixo nas bordas.
Segundo relato do acompanhante, desde que foi inaugurado o aterro, os
catadores obtiveram permissão para continuarem a catação.
Foram abertas novas valas sem atender ao especificado no projeto.
Não foi observado escoamento de lixiviado, aves ou outros animais. Havia
muita vegetação na drenagem pluvial e diversos tipos de materiais espalhados na
área do aterro.
O Município utiliza outra área para depósito dos RSU, um lixão, localizado
às margens da BR-101 em direção ao município de Humildes.
Não existe trabalhador/operador fixo na área do aterro. O responsável pelo
serviço de limpeza é também o responsável pelo aterro sanitário simplificado, que,
periodicamente, avalia a necessidade de mandar a máquina para empurrar os RSU
para a vala.
90
Existem cerca de vinte catadores fazendo a catação. Estes catadores estão
na área desde que o local era o lixão da cidade. Observa-se na Figura 21 que os
resíduos estão dispostos na lateral da vala, em função de se apresentar mais fácil
para a caçamba. Os catadores que trabalhavam no lixão permanecem no aterro,
Figura 22.
Neste aterro, foram abertas mais de duas valas ao mesmo tempo, o que
faz com que sejam utilizadas simultaneamente, sem que houvesse o encerramento
de uma - conforme orienta o Manual de Operação (Anexo A), Figura 23. Toda a
massa de lixo é coletada sem separação, em caçamba com vida útil esgotada,
FIGURA 24. A conservação da área do aterro estava ruim e o mato crescia junto à
cerca, FIGURA 25.
FIGURA 21. RSU fora da vala
FIGURA 22. Catador no aterro
91
FIGURA 23. Utilização de outra vala
FIGURA 24. Coleta RSU
FIGURA 25. Cerca sem conservação
92
5.3.3. Aterro Sanitário Simplificado do Município de Itanagra
Identificou-se que não existe uma estrutura organizacional montada
especialmente para o serviço de limpeza urbana. Não existe um responsável pelos
serviços de limpeza urbana. São realizados os serviços de varrição e coleta.
A coleta é feita por um caminhão carroceria de madeira, alugado, com
freqüência diária. Não há separação por tipo de resíduos.
Não é feito trabalho de segregação na origem, nem controle dos resíduos
dispostos no aterro.
Descrição do aspecto do aterro sanitário simplificado de Itanagra, no dia da
visita, 29/08/2007
A área do aterro do município de Itanagra é plana. No fundo da área está
localizada uma jazida de argila que estava sendo escavada por máquina, naquele
dia. Nas valas foi observado queima dos RSU. Toda a estrutura de cerca, portão e
guarita foi saqueada.
Não foi visto geração de lixiviado. A área tem aspecto de abandono e
parecia não estar sendo utilizada, regularmente, para a disposição de resíduos da
coleta, porém ninguém confirmou. Não havia presença de aves ou animais.
Está localizado na vizinhança de um projeto de reflorestamento no Litoral
Norte.
� Pessoal de operação - Não foi destacado pela Prefeitura um trabalhador para
manutenção do aterro.
� Não existem catadores no município.
O aspecto do aterro é de abandono. A guarita, segundo o Prefeito, foi
saqueada e furtados o portão, mourões e fios da cerca (Figuras 26, 27 e 28). Em
uma vala os resíduos estavam dispostos na inclinação da lateral, com queima
(Figura 29). Em outra vala os RSU estavam concentrados ao longo do leito conforme
pode ser visto na Figura 30, fora das recomendações feitas no Manual de Operação
93
(Anexo A). Observa-se presença de pneus A recomendação do Manual é iniciar a
disposição dos resíduos verticalmente, a partir da cabeceira da vala. A coleta neste
Município é feita por caminhão carroceria, sem basculamento e dessa forma os RSU
são lançados manualmente na vala.
A disposição na inclinação da lateral da vala mostra que a disposição do
resíduo na vala pode ocorrer de forma a não facilitar o preenchimento do espaço
central, o que pode comprometer a duração de sua vida útil (Figura 29).
FIGURA 26. Guarita saqueada
FIGURA 27. Cerca sem fios de arame
94
FIGURA 28. Aterro sem o portão
FIGURA 29. Queima de RSU na vala
FIGURA 30. RSU no leito da vala
95
5.3.4. Aterro sanitário simplificado do Município de Araci
� Estrutura do serviço de limpeza urbana
Há uma estrutura administrativa e operacional montada, porém sem
mecanismos de controle do serviço executado. Existe um espaço na oficina da
Prefeitura, um responsável pelo serviço, com formação técnica em química, e o
contingente de coleteiros, motoristas e varredores apresentavam-se com uniformes.
A coleta é realizada por um compactador e duas caçambas, diariamente e
é diferenciada por tipo de resíduo, domiciliar, poda, entulho e de saúde.
Não é feito trabalho de segregação na origem, nem controle dos resíduos
dispostos no aterro.
Descrição do aspecto do aterro sanitário simplificado de Araci, no dia da visita,
19/09/2007.
O aterro sanitário simplificado de Araci está em terreno plano, solo com
aspecto argiloso. Não havia ocorrência de chuva recente. Apresentava aspecto
regular, pois a área estava limpa, livre de mato ou sacos plásticos espalhados. Não
se percebeu geração de lixiviado, provavelmente por causa do clima.
O recobrimento dos resíduos é feito por uma máquina retroescavadeira,
periodicamente, segundo informações do Secretário de Agricultura e Meio Ambiente.
Existem valas fechadas, cobertas com solo, porém sem recobrimento de
vegetação, conforme o recomendado (Figura 37).
� Pessoal do aterro - Há um funcionário no local com a função de manter
a área livre de sacos plásticos voando e resíduos espalhados e não deixar entrar
pessoas estranhas.
O responsável pelo aterro é o gerente da limpeza urbana, técnico com
formação em química, que indicou não ter maior dificuldade de programar a máquina
para o recobrimento dos resíduos.
96
Não havia catadores, porém foi visto algum material reciclável selecionado,
que, segundo informações, é feito pelo funcionário do local.
Os acessos apresentavam boas condições de tráfego, cercas e portões em
bom estado de conservação, valeta de drenagem pluvial desobstruída como
mostrado nas Figuras 31, 32 e 33 respectivamente.
A frente de trabalho estava ampla e a abertura desta nova vala estava fora
das especificações do projeto. A Prefeitura, ao abrir nova vala sem atendimento
integral ao projeto da CONDER, permitiu que o veículo coletor entrasse na vala para
dispor os RSU em uma única frente de trabalho. Os RSU estavam sem cobertura e
havia presença de aves(Figura 34). O poço de monitorização apresentava-se sem
tampa (Figura 35).
A Prefeitura abriu nova vala para os resíduos se serviços de saúde (Figura
36). A vala encerrada estava recoberta de solo, porém sem vegetação (Figura 37)
FIGURA 31. Aspecto geral do aterro
97
FIGURA 32. Conjunto de portão e guarita
FIGURA 33. Drenagem pluvial
FIGURA 34. Frente de trabalho ampla
98
FIGURA 35 Poço monitorização
FIGURA 36. Vala de RSS
FIGURA 37. Vala encerrada recoberta
99
5.3.5. Aterro Sanitário Simplificado do Município de Tucano
Há uma estrutura administrativa e operacional montada, porém sem
mecanismos de controle do serviço executado. O aterro está vinculado à Secretaria
de Saúde. Existe um espaço da administração, um responsável pelo serviço e o
contingente de coleteiros, motoristas e varredores.
A coleta tem freqüência diária, tanto na sede como em Caldas do Jorro. É
realizada por 1 compactador de 8t, 3 caçambas e 1 trator agrícola com carreta.
Possui um contingente de 219 trabalhadores entre a sede e Caldas do Jorro e mais
71 trabalhadores em outras localidades.
Não é feito trabalho de segregação na origem, nem controle dos resíduos
dispostos no aterro.
Descrição do aspecto do aterro sanitário simplificado de Tucano no dia da
visita, 21/09/2007.
O aterro está situado em área plana. Apresentava lixo espalhado e fora das
valas, nas margens. Segundo o funcionário que trabalha no aterro, a máquina ainda
não foi liberada. No momento da visita os resíduos de serviços de saúde dispostos
na vala séptica estavam sendo queimados.
Existe vala encerrada, recoberta com solo sem vegetação. Novas valas
foram abertas, porém fora das especificações, pois estão sem afastamento
suficiente para a manobra de basculamento da caçamba. A área necessitava de
limpeza.
� Pessoal – A Prefeitura alocou um trabalhador de forma permanente no
aterro, com a função de manter a área livre de plásticos finos nas cercas.
Não havia catadores. A catação, em pequena escala, é feita pelo
trabalhador do próprio aterro.
Cerca e portão sem conservação, Figuras 37 e 38. Os resíduos são
dispostos na lateral da vala, Figura 39, neste caso, sem atendimento às
recomendações especificadas no Manual de Operação da CONDER (Anexo A).
100
Os resíduos de serviços de saúde estavam sendo queimados na vala,
Figura 40. Neste aterro foram abertas mais de uma vala e construído galpão de
triagem que estão sem uso e sem manutenção, Figuras 41 e 42.
Havia material reciclável acumulado, Figura 43, demonstrando a existência
de catador, ainda que seja o trabalhador que atua no aterro, e de possibilidade de
comercialização desses materiais.
FIGURA 37. Portões sem conservação
FIGURA 38. Cerca sem conservação
101
FIGURA 39. RSU dispostos fora da vala
FIGURA 40. Queima de RSS
FIGURA 41. Vala sem uso
102
FIGURA 42. Galpão de triagem sem uso
FIGURA 43. Recicláveis selecionados
FIGURA 44. Poço de monitorização
103
5.3.6. Aterro sanitário simplificado do Município de Maracás
Há uma estrutura administrativa e operacional montada, porém sem
mecanismos de controle do serviço executado. Existe um espaço de escritório, um
responsável pelo serviço e o contingente de coleteiros, motoristas e varredores.
Maracás faz parte do Consórcio do Vale do Jiquiriçá. Os serviços de limpeza urbana
estão vinculados à Secretaria de Obras e Urbanismo.
Os resíduos são coletados por 3 caçambas alugadas, perfazendo um total
de 9 viagens/dias. Foi estimada uma geração de 11,25t/dia. Os resíduos de poda
são coletados separadamente por um trator com carreta.
Não é feito trabalho de segregação na origem, nem controle dos resíduos
dispostos no aterro.
Descrição do aspecto do aterro sanitário simplificado de Maracás no dia da
visita, 21/09/2007.
A área do aterro sanitário de Maracás é plana. O aspecto geral era de
regular estado de manutenção.
� Pessoal – existe um trabalhador para “tomar conta” do aterro, E
encarregado de manter a área do aterro limpa. Ele próprio realiza catação.
O prédio da administração, mais completo do que uma guarita, portão e
cerca apresentavam bom aspecto, Figuras 45 e 46. Os resíduos dispostos fora da
vala, na borda, revelavam condições de operação inadequadas Figura 47. Segundo
informações do responsável pelo aterro, periodicamente é operado por máquina.
Vala com resíduos espalhados na lateral. As valas abertas pela Prefeitura, tanto
para RSU como para RSS, estavam fora da especificação do projeto, Figura 49.
A canaleta de drenagem pluvial encontrava-se desobstruída, Figura 50.
Este aterro possui um galpão de triagem sem uso, Figura 51 e poço de
monitorização. Figura 52.
104
FIGURA 45. Visão do conjunto
FIGURA 46. Portão conservado
FIGURA 47. RSU fora da vala
105
FIGURA 48. Acesso, lixo solto
FIGURA 49. Vala RSS
FIGURA 50. Canaleta de drenagem
106
FIGURA 51. Galpão de triagem
FIGURA 52. Poço de monitorização
5.4. Resultado das entrevistas com técnicos da CONDER
As entrevistas com técnicos da CONDER que participaram do processo de
implantação dos aterros objetivaram: i) conhecer a atuação do Governo do Estado
da Bahia na promoção de melhorias para a destinação final; ii) avaliar o
planejamento das ações de resíduos sólidos feito pela CONDER; iii) avaliar a
institucionalização da área de resíduos sólidos no Governo do Estado da Bahia.
Foram entrevistados: Engo Sanitarista Luciano Sandes, o Engo Civil
Maurício Fiúza e a Enga Sanitarista Maria Thereza Fontes.
107
A entrevista foi realizada em 21 de janeiro de 2008, e as respostas
transcritas o foram por consenso. O resultado da transcrição foi submetido aos
entrevistados que conferiram a conformidade das idéias e palavras.
Foram levantadas questões quanto ao processo de planejamento e quanto
aos critérios de seleção dos municípios para implantação dos aterros.
Quanto ao processo de planejamento todos concordaram que foi frágil nos
aspectos de envolvimento da sociedade e também de outras instituições a exemplo
do Ministério Público Estadual. Algumas prefeituras apresentaram uma postura
passiva “em receber o aterro” sem o devido envolvimento nas questões operacionais
e ambientais, sobretudo nas incumbências relativas ao licenciamento ambiental. O
tempo entre a tomada de decisão de implantar e de executar a obra era curto o que
não permitia outras ações de participação social. Posteriormente à obra, foi
disponibilizado, para todos os aterros, um técnico da CONDER para orientar a
operação, bem como um Manual de Procedimentos para Operação de Aterros
Simplificados. Na época a estrutura institucional da CONDER não permitia esse
trabalho de forma mais assídua junto às Prefeituras.
Entre 2005 e 2006 foram feitas avaliações periódicas da operação dos
aterros implantados em vários municípios, quando foram fornecidas orientações
técnicas quanto à operação. Nessas avaliações os Prefeitos também eram
procurados para tomar conhecimento da situação, porém nem todos davam a
atenção necessária à questão. Para capacitação técnica foram oferecidos dois
cursos pela SEDUR em 2006 e 2007, com foco na operação dos aterros, com
participação da CONDER, mas nem todas as prefeituras se interessaram em indicar
um técnico.
Ainda com relação ao processo de planejamento no que se referiu ao
projeto e a obra, entendiam que, no caso dos aterros simplificados, nem todos os
projetos foram submetidos a análise da gerência responsável pelas questões de
resíduos sólidos, passando diretamente para a gerência de obras.
Outro ponto questionado pela pesquisadora foi a necessidade de todos os
aterros sanitários simplificados terem guarita e galpão de triagem. Todas as guaritas
têm um banheiro, porém, o fornecimento de água para o reservatório não se
108
justificaria por meio de carro-pipa, sendo necessária a instalação de um poço, o que
não foi providenciado pelas prefeituras.
Quanto aos galpões de triagem, que estão sem uso, informaram que foram
construídos a pedido das Prefeituras. Estas se diziam empenhadas em mudanças
de paradigmas que envolviam apenas o aterramento incorporando uma nova visão
com o conceito de 3Rs.
Sobre os catadores existentes nos lixões e ações que antecedessem para
retirá-los dos aterros disseram que a Prefeitura era informada da necessidade de
retirá-los, mas a grande maioria nada fez.
Buscou-se saber se em algum município a CONDER fez a caracterização
dos resíduos com vistas à coleta seletiva e a adoção de coleta diferenciada, bem
como levantamento do mercado para venda dos materiais, ao que informaram que
não.
Sobre o processo de transferência dos aterros simplificados para os
municípios explicaram que, em geral, não era assinado Termo de Cooperação ou
Convênio.
Por fim, a autora colocou para os engenheiros como resultado de sua
observação, algumas dificuldades de se operar os aterros simplificados visitados e
que, supõe, sejam por concepção de projeto.
A exceção do aterro de Araci, cuja vala aberta pela Prefeitura, fora das
especificações do projeto da CONDER, permite o veículo adentrar na vala para
operar por despejo, isto é, por basculamento, e lançar o lixo (seja caçamba
basculante ou compactador) no fundo da vala, todos os demais aterros simplificados
apresentavam-se com lixo fora ou na borda da vala, até mesmo o aterro de Itanagra
cuja geração é de cerca de 2t/dia, mas que o veículo coletor é um caminhão
carroceria. Este aterro é o único que não tem trabalhador fixo.
Segundo informações coletadas junto a alguns caçambeiros e pessoas
responsáveis pelos aterros, os veículos coletores tipo caçamba encontram
dificuldade em se aproximar da vala para operar por despejo os resíduos no fundo
da vala por entender arriscado, podendo ocasionar tombamento do veículo; diante
109
desse risco despejam os resíduos na lateral, permanecendo esta situação até que
uma máquina, retroescavadeira ou escavadeira, empurre a massa de lixo para
dentro da vala.
Foram questionados pela autora alguns procedimentos da coleta que
repercutem na operação dos aterros sanitários simplificados, como o processo de
“empurrar” o lixo para dentro da vala, que, segundo o operador da máquina, também
é feito sem aproximação em virtude do mesmo risco. Ocorre o mesmo procedimento
com o veículo compactador, que utiliza o processo de ejeção da massa de lixo, uma
vez que este tipo de veículo não bascula, ou seja, a disposição dos RSU é feita na
lateral da vala.
Sobre o basculamento do veículo caçamba, o Engo Sanitarista colocou que
há sim possibilidade de aproximação e que é uma questão individual do caçambeiro,
uma “barreira psicológica”, não querer se aproximar para não correr risco. Quanto à
empurrar o lixo em grandes volumes acumulados não é serviço próprio para
escavadeiras e sim para tratores de esteira. Apresentou foto do dia da entrega dos
aterros de Conceição de Jacuípe, Ibirapitanga e Conceição do Jacuípe com a
caçamba operando por despejo. Que não há risco da estabilidade do terreno, a não
ser que seja areia, admitindo que a equipe de engenheiros houvesse pensado em
colocar uma placa de metal sobre a massa de lixo já disposta na vala e na cota de
encerramento da mesma, para dar maior estabilidade/trafegabilidade sobre a massa
de lixo para despejo destes na vala (sugestão que se encontra no Manual de
Procedimentos para Operação do Aterro Simplificado).
Com relação ao compactador cujo despejo se dá por ejeção, a alternativa
é, inicialmente, dispor os resíduos na borda da vala e, posteriormente, espalhar
dentro da vala com auxílio da máquina.
Quanto à idéia de operar o aterro de forma “manual”, isto é, sem o auxílio
de máquinas, vem sendo observado que poucos aterros o fazem desta maneira, só
aqueles que recebem quantidades pequenas de resíduos, cerca de 5 t/dia.
Ao informar aos engenheiros que a exceção do município de Araci, os
demais aterros têm como responsável, ainda que não seja na função de operador,
trabalhadores de escolaridade de nível fundamental ou sem escolaridade, como é o
110
caso de Saubara, ficou entendido que este é um questionamento para as
Prefeituras.
Com relação aos projetos dos aterros pesquisados, foram observados
pontos que não facilitam a operação, tais como: a distância entre as valas não
permite espaço para manobras da caçamba, e que os diques formados pela terra
escavada colocados nas laterais não permitem o uso das duas laterais, uma vez que
só uma lateral está disponível para despejar a massa de resíduos, conforme pode
ser visto não ASS de Itanagra, Figura 53.
FIGURA 53. Distância entre as valas
Foi explicado então que isto não ocorre em todos os projetos e,
principalmente, que esta impossibilidade não acontece em todas as valas
projetadas. Estas observações serão consideradas nos próximos projetos, pois os
projetos já evoluíram. Os primeiros aterros simplificados tinham a largura de 6m de
fundo da vala, o que posteriormente foi alterado para 2m, para que houvesse uma
compactação natural do próprio peso da massa, por confinamento; e menor área
possível para, em caso de chuvas, reduzir a precipitação direta sobre os resíduos e
diminuir consideravelmente a geração de lixiviados, o que se deve ser evitado ao
máximo nos aterros simplificados.
Sobre o questionamento do despejo dos resíduos fora da vala, por
dificuldades ou por risco de tombamento, levantado pela pesquisadora, o Engº
Luciano Sandes forneceu fotos de seu arquivo, onde se vê caçamba fazendo o
despejo dos RSU na vala. As fotos apresentadas nas Figuras 54, 55 e 56 foram
111
tomadas no dia da entrega do aterro de Conceição de Jacuípe. O conjunto destas
fotos com a Figura 57 revela a dificuldade de se lançar os resíduos dentro da vala,
seja por basculamento ou por ejeção (compactador), Figura 58.
Observar o auxílio do trabalhador para sinalizar local da extremidade da
vala. Figura 57.
FIGURA 54. Caçamba iniciando processo de basculamento
FIGURA 55. Basculamento I
112
FIGURA 56. Basculamento II
FIGURA 57. Basculamento III
FIGURA 58. Compactador efetuando despejo
113
Acrescenta-se ainda o relato da Enga Sanitarista Maria Thereza Fontes, que
na época exercia o cargo de Subgerente de Destinação Final na CONDER e que
não pôde comparecer à reunião.
Depois de ler seu texto e as observações do Engo Luciano, fiz poucas observações.
Acho que as modificações para o sucesso na concepção do aterro simplificado
deveriam ter sido incorporadas, resultantes das observações nas questões
operacionais sentidas pelo Engo Luciano e pelo Engo Crittemberger e nossa equipe
da Gerência de Resíduos Sólidos, durante os nossos oito anos de trabalho. (Aliás,
ao iniciar este trabalho isto foi unânime entre todos os técnicos da
Subgerência: Eng° Oswaldo (in memória), Engº Sergio Figueiredo, Engª Jussara
Duarte, Engº Luciano Alvim, eu e o Eng° Maurício Fiúza). Este monitoramento foi
pensado por toda equipe de Projeto e Obra, pois, era imprescindível para as
correções, tanto de projeto quanto as questões operacionais, o que não aconteceu,
por falta de apoio do órgão e o pouco envolvimento das prefeituras.
Era fundamental a realização do monitoramento, citado no parágrafo anterior,
durante a implantação e operação de dois aterros implantados em áreas com
características opostas para que pudéssemos verificar as falhas e os acertos e
levantássemos alguns indicadores importantes para a correção na concepção e
operação do equipamento.
O projeto foi lançado baseado na concepção do Prof. Jaramillo, do conhecimento
adquirido em visitas realizadas por mim e pelo Eng° Luciano Alvim à CETESB, para
conhecer a concepção dos aterros de vala implantados por este órgão em alguns
municípios paulistas.
Com relação ao referencial teórico do Prof. Jaramillo e do material adquirido em São
Paulo foram feitas adaptações pelos Engenheiros Mauricio Fiúza e Luciano Ricardo
para a nossa realidade local. Por exemplo: infiltração do chorume no solo, pela sua
baixa geração em áreas secas, pois o mesmo se incumbia de tratar o chorume, não
possuía dreno de gás e após o despejo dos resíduos pelo caminhão, o manuseio e
arrumação na vala era manual em função da baixa quantidade de resíduos gerados
pelos municípios escolhidos.
114
Na visita à São Paulo, foi visto o aterro do município de Pedro Alexandre, no qual o
projeto elaborado foi baseado em vala larga e comprida, onde o carro tanto descia
na vala, como despejava os RSU por cima. Como a pluviosidade no Município é
alta, o chorume era captado e destinado para uma estação de esgoto próxima. O
aterro estava sendo operado há mais ou menos seis meses e estava muito bem.
Então, concluo que a iniciativa deste projeto foi salutar para o Estado, que possui
uma grande quantidade de municípios sem soluções adequadas para a questão dos
seus resíduos sólidos, faltando corrigir as falhas que já foram levantadas no seu
texto.
A análise das informações fornecidas pelos técnicos da CONDER
demonstra que o meio técnico possuía compreensão sobre a forma de como iniciar o
processo de implantação dos aterros, e, dentre outras, a necessidade de
envolvimento da população para a segregação dos materiais, a questão da
capacitação constante e a monitorização e apoio técnico com visitas periódicas aos
municípios.
Pode-se também observar que havia fragilidade institucional na gerência
responsável pelas ações de resíduos sólidos: poucos engenheiros (dois da área de
civil, três da área sanitária e ambiental), ausência de profissional da área de
geologia, de instrumentos informatizados e precisos para os estudos de seleção de
área. Os projetos foram licitados junto com a obra o que significou menor
participação da gerência responsável pelas ações de resíduos sólidos, pois, o
processo de construção era iniciado e concluído pela gerência de obras. Desta
forma, não foi possível aos engenheiros da gerência de resíduos um
acompanhamento para correções e adequações dos projetos.
5.5. A experiência de São Paulo
A visita realizada pela pesquisadora à CETESB objetivou conhecer a
experiência de São Paulo com o processo de erradicação dos lixões no Estado e a
implantação e acompanhamento da operação dos aterros em valas, para poder
comparar as duas experiências de governo.
115
O Governo do Estado de São Paulo optou em promover um Plano de Ação
para redução da disposição inadequada dos RSU em todo o Estado e, inicialmente,
atendeu 281 municípios com aterros em valas. Estes municípios tinham geração
diária de até 10 toneladas de RSU. A executora dessas ações foi a Secretaria de
Estado de Meio Ambiente e a CETESB.
O apoio do Governo do Estado às Prefeituras consistiu em auxiliar técnica
e financeiramente (grifo nosso) a implantação de aterros sanitários em sistema de
valas comuns. A opção por esta tecnologia decorreu do seu custo baixo e
simplicidade de implantação e operação. O apoio financeiro tem origem nos recursos
do Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FEHIDRO e do Fundo de Prevenção e
Controle da Poluição - FECOP.
De acordo com a publicação Procedimentos para Implantação de Aterro
Sanitário em Valas (2005), são assinados convênios com os Municípios, mediante
Plano de Trabalho e estabelecidos prazos e forma de prestação de contas por parte
das Prefeituras. Não estão inseridos nos Planos de Ação compromissos das
prefeituras quanto às práticas de minimização dos resíduos e a participação da
população.
A CETESB vem publicando, desde 1997, o Inventário Estadual de
Resíduos Sólidos Domésticos, cujas inspeções, coletas e fornecimento de dados
são feitos pelas Agências Ambientais da própria Companhia, com acompanhamento
das condições ambientais e sanitárias dos locais de tratamento e disposição final
dos resíduos.
De acordo com a mesma publicação a construção da guarita é opcional,
privilegiando-se sua construção quando a localização do aterro está mais próxima do
centro urbano, atraindo catadores de materiais recicláveis.
Durante a visita à CETESB, questionou-se se havia problemas com a
operação dos aterros em valas e o engenheiro que atendeu a autora respondeu que
as agências fiscalizam e notificam quando a operação está inadequada e as
Prefeituras podem solicitar o financiamento de uma retroescavadeira, para abertura
de novas valas, mas que os problemas mais comuns são: valas abertas em
116
desacordo com o projeto; resíduos dispostos fora das valas; presença de catadores;
presença de aves e resíduos descobertos.
Foi realizada visita ao aterro sanitário simplificado do Município de
Conchas.
5.6. Avaliação dos aterros pelos critérios adotados
Nas visitas aos aterros, foram observados os critérios adotados para
considerar os aterros operacionalmente adequados ou não e incluídos novos
critérios. Esses critérios estão relacionados na Tabela 10, aos quais são atribuídas
notas. A nota 10 significa condição adequada, a nota 5 razoavelmente adequada e a
nota 0 inadequada. Para definição das notas foi feita comparação entre os seis
aterros. Os critérios sombreados em amarelo claro não foram pontuados porque
todas as respostas foram iguais (critérios 11 e 16) e do mesmo modo o critério 7,
este por não haver igualdade de condição.
A nota máxima de 140 pontos foi alcançada pelo aterro de Araci.
117
TABELA 10. Critérios adotados para avaliar condição de operacionalidade dos aterros
CRITÉRIOS Araci Nota C.Jacuipe Nota Itanagra Nota Maracás Nota Saubara Nota Tucano Nota
1 Frente de trabalho ampla 1
Não
10 Sim
0
Sim
0
Sim
0
Sim
0
Sim
0
2 Visível geração de lixiviado
Não
10
Não
10
Não
10
Não
10
Sim
0
Não
10
3
Plásticos/lixo espalhado
Não
10
Não
10
Pouco
5
Não
10
Sim
0
Não
10
4
Estado de conservação do cercamento
Bom
10
Regular
5
Sem portão
0
Bom
10
Ruim
5
Bom
10
5
Estado de conservação da portaria
Bom
10
Regular
5
Destruída
0
Bom
10
Ruim
5
Bom
10
6
Estado de conservação do portão
Bom
10
Regular
5
Sem portão
0
Bom
10
Ruim
5
Bom
10
7
Estado de conservação do galpão de triagem 2
Bom Sem uso
-
Não tem
-
Não tem
-
Bom Sem uso
-
Não tem
-
Bom Sem uso
-
8
Aspecto das valas não utilizadas recobertas de mato
Não
10
Sim
0
Sim
0
Não
10
Sim
0
Não
10
9
Valas preenchidas recobertas de terra
Sim
10
Sim
10
Não
0
Sim
10
Sim
10
Sim
10
10
Processos erosivos na vala
Não 10
Sim 0
Sim 0
Sim 0
Sim 0
Não 10
118
Continuação Tabela 10
11
Uso de lona para proteção da chuva conforme recomendado
Não -
Não -
Não -
Não -
Não -
Não -
12
Presença de catadores
Não 10
Sim 0
Não 10
Não 10
Sim 0
Não 10
13
Condições de acessos
Boa
10
Regular
5
Péssima
0
Boa
10
Péssima
0
Boa
10
14
Manutenção dos drenos pluviais
Sim
10
Não
0
Não
0
Sim
10
Não
0
Sim
10
15
Vala de RSS coberta. Com manutenção
Sim
10
Não abriram novas
0
Não tem 0
Sim
10
Desco- berta
5
Quei- mando
0
16
Novas valas abertas pela Prefeitura conforme especificado no projeto
Não
0
Não
0
Não
0
Não
0
Não
0
Não
0
17
Faz uso de máquina para a operação periodicamente
Sim
10
Sim
10
Não opera
0
Sim
10
Sim
10
Sim
10
18 Presença de aves Sim 0 Sim 0 Sim 0 Sim 0 Sim 0 Sim 0 TOTAL 140 60 35 120 40 120
1 Significa o não recobrimento de resíduos por muitos dias, com grande quantidade de resíduos espalhados. 2 Deixou-se de pontuar por não haver condição de igualdade para todos
119
Verifica-se que, dos três aterros sanitários simplificados considerados
com operação aceitável pelo Ministério Público do Estado da Bahia, apenas o
aterro do Município de Araci encontrava-se em melhores condições. Os aterros
dos Municípios de Tucano e Maracás apresentavam condição de operação
irregular e foram confirmados com operação péssima os aterros de Conceição de
Jacuípe, Itanagra e Saubara.
Para subsidiar uma análise da relação entre receitas municipais e nível
de qualidade da operação dos aterros sanitários, foram pesquisadas as receitas
dos municípios estudados. Da análise da Tabela 11, observa-se que parece
haver uma tendência que os municípios com maior receita estariam com
operação dos aterros em melhor situação que os demais.
TABELA 11. Receitas Próprias e de Transferência 2001-2002
Receita Realizada (R$) Receita Própria (R$)
Receita de Transferência (R$) Municípios
2001 2002 2001 2002 2001 2002
Araci 19.414.467 21.558.052 2.289.676
2.341.589 17.124.791
19.216.463
Conceição do
Jacuípe 9.429.628 9.351.073 643.417
621.396 8.786.211
8.729.678
Itanagra 3.159.762 4.838.552 45.567
1.406.615 3.114.195
3.431.937
Maracás 9.882.840 10.657.115 338.577
538.344 9.544.263
10.118.771
Saubara 3.958.935 5.040.538 168.807
166.690 3.790.128
4.873.848
Tucano 15.171.165 18.449.726 514.944
827.888 14.656.221
17.621.838
Fonte: MINFAZ / STN eTCM
Elaboração: adaptado pela autora do SEI (2004),
Nota: Nos valores das Transferências já está descontada a parcela destinada ao FUNDEF.
Porém, quando se busca essa relação, receita e situação operacional do
aterro, entre os aterros convencionais implantados pelo Governo do Estado da
Bahia, esta relação não se confirma, conforme Tabela 12. Foram analisados
120
dezessete municípios que têm aterros sanitários convencionais e que, em 2002,
obtiveram receitas acima de R$ 25 milhões/ano.
TABELA 12. Municípios com receitas acima de R$25 milhões e situação de disposição final, 2002
Receita/2002 Município R$1,00
Situação operacional pesquisada
Salvador 1.022.732.339 Operação adequada
Camaçari 238.809.412 Operação aceitável / compartilhado
Feira de Santana 135.236.516 Implantado Prefeitura – sem informação
Ilhéus 97.919.173 Operação inadequada
São Francisco do Conde 95.207.294 Compartilhado / Operação inadequada/
Simões Filho 68.656.263 Compartilhado Salvador
Lauro de Freitas 67.569.028 Compartilhado Salvador
Jequié 66.781.531 Operação aceitável/oscila
Candeias 64.893.227 Compartilhado S.F.Conde / deposita Camaçarii
Barreiras 60.264.314 implantado pela Prefeitura – sem informação
Alagoinhas 49.598.226 Operação inadequada
Porto Seguro 45.397.102 Operação inadequada
Teixeira de Freitas 41.727.123 Operação inadequada
Madre de Deus 40.057.086 Compartilhado S.F.Conde /deposita Camaçari
Dias d'Ávila 40.056.234 Compartilhado Salvador
Santo Antônio de Jesus 27.512.092 Operação inadequada
Catu 25.229.876 Operação inadequada
Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados do MINFAZ/STN e TCM e Relatório MP
Elaboração:SEI (2004)
(¹) Valores atualizados a preços de 2002 pelo IGP/DI-FGV. Obs.: as linhas coloridas significam que os aterros são compartilhados
121
6. CONCLUSÃO
Mudanças são construídas paulatinamente e só ocorrem quando há um
ambiente favorável para gerar essa mudança. Ações pontuais podem reduzir
problemas, mas, não geram mudanças. Ainda que sejam carregadas de boas
intenções não alcançam os objetivos para os quais o recurso público foi aplicado.
Ambiente favorável significa legislação específica, recursos, apoio técnico, planos,
programas, divulgação da intenção para a participação de todos.
O processo de implantação dos aterros sanitários simplificados pelo
Governo do Estado da Bahia deu-se dentro de um contexto de fragilidades
que são percebidas quando se aprofundam as observações e se realiza a análise
das ocorrências, o que pode ter convergido para a não sustentabilidade dos
aterros.
A falta de estrutura tanto do governo estadual como do municipal para
planejar e receber o aterro, a falta de procedimentos claros de repasse e de
monitorização do equipamento, bem como projetos baseados em dados de
geração de RSU subestimados foram fatores que contribuíram para o insucesso
da ação governamental.
A decisão do Governo em assumir a implantação de 35 aterros
sanitários (em dois anos), deu-se a partir de uma experiência obtida no município
de Macarani, em 2002, considerada exitosa. Na época, houve empenho do
prefeito na manutenção e operação do aterro. Posteriormente a operação desse
aterro veio a ser considerada inadequada. Para atender o volume de obras a
serem contratadas, conforme consta na Tabela 4, era exigida uma estrutura
institucional que não havia no Estado da Bahia.
A ausência de documento firmado entre o Estado e as com as
Prefeituras, estabelecendo responsabilidades e contrapartidas, aumentou a
fragilidade da participação das prefeituras, que não se incorporaram ao processo
de implantação. A ausência de documento que firmasse o ato de repassar a
operação, com dados sobre a obra, valores, descrição das benfeitorias não
facilitou a incorporação contábil deste bem ao patrimônio da Prefeitura; o repasse
122
dos aterros para as prefeituras foi feito por meio de documento de entrega da
obra.
Com relação aos estudos preliminares para a implantação, estes não
foram feitos para coletar informações sobre o sistema de RSU dos municípios.
Também não houve ações preliminares para promover a participação social, nem
a inserção social dos catadores do lixão (onde havia). Em nenhum dos municípios
foi feita a caracterização dos resíduos, o que significou trabalhar sem dados
consistentes para a implantação do aterro e promover a coleta seletiva. Nem
sempre os projetos consideraram no cálculo da geração de resíduos, os
povoados próximos, o que, em alguns, aumentou a quantidade prevista a ser
disposta, possivelmente ultrapassando as 20t/dia propostas, em alguns
municípios.
Após a implantação, não houve acompanhamento sistemático dos
aterros pelo Governo do Estado, para que possibilitasse correções e adequações
dos projetos e fosse verificada a adequação da operação.
Por parte das Prefeituras observou-se que nenhuma agiu, nem antes
nem depois da implantação do aterro, para solucionar problemas onde houvesse
catadores (como foi o caso do Município de Conceição de Jacuípe). Nenhuma
adaptou sua estrutura administrativa, nem operacional para se tornar compatível
para exercer uma adequada operação e controle dos resíduos que são
depositados no aterro (para avaliar a vida útil do mesmo), consequentemente
nenhuma fez monitorização ou acompanhamento.
Não demonstraram maior preocupação ou responsabilidade com o
processo do licenciamento ambiental. Ao abrirem novas valas o fizerem sem
conformidade com o projeto e sem licenciamento. A exceção do Município de
Itanagra, que não realiza ação de manutenção no aterro, todos os demais aterros
pesquisados utilizam, periodicamente, máquinas (em geral retroescavadeira) para
empurrar os RSU para a vala.
Embora o aterro de Araci tenha apresentado melhor aspecto,
constatou-se que não há uma interferência direta do prefeito. O funcionário
responsável possui algum conhecimento ambiental e mantém o aterro em
123
condições aceitáveis. Nos demais aterros pesquisados, todos com operação
inadequada, observou-se que o prefeito não assume a responsabilidade pela
operação do aterro ainda que Maracás no ano de 2006 houvesse operado
adequadamente o que mereceu um prêmio da UPB.
Esse procedimento de inércia revela que os prefeitos não se
apropriaram dos benefícios ambientais e sanitários proporcionados pelo
equipamento.
Por parte dos projetos pôde-se verificar que:
1. Em alguns projetos por estar previsto a abertura de mais de duas valas nos
aterros, não ficou claro para as prefeituras que o uso das valas seria
seqüenciado, isto é, teriam que utilizar uma, fechar/recobrir com solo, para
depois utilizar outra.
2. O modo “manual” de operar não foi compreendido e talvez não tenha sido
aceito, pois, o entendimento é de que a máquina deve empurrar os RSU
para a vala, por isso os depositam na lateral, exatamente pela dificuldade
do veículo basculante aproximar-se da beira da vala, por risco de tombar.
3. Nenhuma caixa d´água colocada no aterro é abastecida.
4. Não há utilização do galpão de triagem.
5. Há uma interferência significativa do clima sobre a operação. Em regime de
chuva mais constante (Municípios de Saubara e Conceição de Jacuípe)
aumenta a dificuldade de operação. Este é um critério que pode vir a ser
considerado como determinante para avaliar o emprego desta tecnologia,
considerando a possibilidade de geração do lixiviado.
6. O Manual de Procedimento da CONDER entregue às Prefeituras, ainda
que precise ser revisto, não foi repassado ao funcionário que é responsável
pelo aterro, nem ao funcionário que executa atividades de limpeza dentro
do aterro. Dessa forma, alguns aterros iniciam a operação na extremidade
oposta onde tem o tanque de acumulação do lixiviado (para escoamento
natural).
124
Conclui-se assim, que o procedimento das Prefeituras com relação à
manutenção/operação dos aterros sanitários simplificados é parte, omissão do
que lhe compete por Lei, parte, reflexo do processo de implantação do
aterro e parte reflexos das políticas públicas para a área.
Do ponto de vista operacional, a tecnologia dos aterros simplificados
mostra-se apropriada para municípios com geração de até 10t/dia, face à
simplicidade de sua operação. Recomenda-se observar as características
climáticas do município a receber o aterro e outras constantes dos estudos de
seleção de área.
Sua implantação deve ser precedida de ações que reduzam a
quantidade de material, que não pode mais ser conceituado como lixo, para ser
aterrado. Essas ações exigem ampla participação da sociedade e devem ser
acompanhadas pelo Poder Público, pois são contínuas, até que se alcancem
mudanças significativas no tratamento dos resíduos.
Para as Prefeituras recomenda-se:
O gestor, ao tomar a decisão de implantar um aterro sanitário simplificado deve
entender que esse equipamento urbano exerce função sanitária e ambiental e
passa a se constituir mais uma despesa para os cofres públicos (com ganhos na
saúde e no meio ambiente). Assim, quanto à gestão do sistema de resíduos
sólidos municipais recomenda-se:
a) Implantação de programa de melhoria na gestão dos serviços público
de acordo com o Programa Nacional de Desburocratização e Gestão
Pública, oferecido pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão.
b) Articulação para a participação da sociedade, empresas, ONGs e
Poder Público, como elementos essenciais no processo de
planejamento das ações para minimização dos RSU.
c) Criação, por lei, da área de resíduos sólidos municipal, seguida da
institucionalização, constando no organograma da Prefeitura, com
participação no PPA e no orçamento anual, considerando: i) todo o
125
sistema de RSU, desde a geração, passando pelo tratamento até o
destino final; ii) assumir responsabilidade com o licenciamento
ambiental; iii) promover ações de redução do material a ser aterrado;
iv) manter um consultor com formação em engenharia sanitária e
ambiental como responsável técnico do aterro sanitário simplificado.
d) Implantação de relatórios de desempenho do sistema de resíduos
sólidos e manter-se interessado nos dados apresentados.
e) Articulação de parcerias com comerciantes locais.
f) Inserção social de catadores de materiais recicláveis.
g) Implantação gradual da coleta seletiva, por catadores.
h) Promover a atração de pequenas indústrias recicladoras para o
município.
i) Assumir todas as competências, que lhe são outorgadas por lei, para
as questões ambientais do município, como membro do SISNAMA.
As recomendações, baseadas em todo o estudo desenvolvido, são dirigidas aos
responsáveis pelos projetos, ao Governo do Estado da Bahia e às Prefeituras
Para os próximos projetos de aterros sanitários simplificados recomenda-
se:
A concepção dos aterros sanitários simplificados, modelo CONDER, pode
merecer revisão e considerar no projeto facilidades para a sua operação. Pode
não haver compactação por meio mecânico, que é a idéia do aterro sanitário
simplificado, mas precisaria da máquina para reduzir a área de despejo dos RSU.
Assim os projetos devem ser orientados a:
a) Operar os aterros, periodicamente, por máquina e atender municípios
que gerem de 5t/dia até 10t/dia de resíduos domiciliares, com
condição climática favorável à não geração de lixiviado.
126
b) Operar os aterros, diariamente, manualmente e atender municípios
que gerem, no máximo, até 5t/dia de RSU, para evitar que se
transforme em lixão, pois um dia sem operação significará no dia
seguinte 10t para operar.
c) Discutir com a Prefeitura a possibilidade de o aterro funcionar em um
turno, antes de construir estruturas de apoio como: guarita, caixa
d´água.
d) Definir a forma de abastecimento ao construir a caixa d´água, que,
sugere-se, seja por captação da água de chuva ou escavação de
cisterna.
e) Construir galpão de triagem apenas nos municípios que desenvolvam
ações de segregação dos resíduos na origem.
f) Rever o Manual de Operação e o Projeto Básico da CONDER
apresentados às Prefeituras e apresentar mecanismos de controle e
fiscalização dos serviços executados de forma a gerar relatórios com
informações confiáveis.
Comparando-se os projetos da CETESB e do PROSAB observa-se que as valas
variam de comprimento entre 30m e 50m, abertas em etapas. Nos projetos da
CONDER, em alguns aterros, pois os projetos não são iguais, as valas têm entre
50m e 100m de comprimento e são integralmente abertas ao mesmo tempo 2 ou
4 valas, o que se reflete na operação.
Para o Governo do Estado da Bahia recomenda-se:
A decisão política de eliminar os lixões no Estado da Bahia exige
programa cujas ações têm que estar alinhadas com a participação da sociedade
no planejamento de cada sistema de resíduos sólidos. Terá que considerar os
princípios para a gestão dos resíduos (redução, reaproveitamento e reciclagem),
princípios da Lei nº11.445/07 e princípios da gestão pública (liderança, pessoas,
resultados). Será necessário inserir o planejamento nas ações de fortalecimento
institucional do setor nas prefeituras, com capacitação continuada. Assim, para
que o Estado obtenha sucesso, em caso de decidir, reduzir gradativamente até
127
eliminar a disposição de RSU diretamente no solo, são recomendadas as ações
de:
a) Fortalecimento ou definição institucional do órgão estadual
responsável pelas ações de resíduos sólidos.
b) Estabelecimento de convênios com as Prefeituras cujo objeto deve
estar claro e estabelecer contrapartidas e responsabilidades, quando
da implantação do equipamento. As contrapartidas das prefeituras
podem ser: i) criação, por lei, da área de resíduos sólidos municipal,
seguida da institucionalização, fazendo com que conste no
organograma da Prefeitura, com participação no PPA e no orçamento
anual, considerando todo o sistema, da geração ao tratamento e
destino final; ii) assumir a responsabilidade com o licenciamento
ambiental e suas renovações; iii) promover ações de redução do
material a ser aterrado; iv) manter um consultor com formação em
engenharia sanitária e ambiental como responsável técnico do aterro
sanitário simplificado.
c) Promoção, quando possível, de formação de consórcio para a gestão
associada dos sistemas de resíduos sólidos.
d) Criação de incentivos fiscais para as Prefeituras que tratarem
adequadamente seus RSU (ICMS Ecológico).
e) Criação de incentivos fiscais para instalação de pequenas indústrias
recicladoras em municípios de médio porte, reduzindo distâncias e
viabilizando economicamente a reciclagem.
f) Isentção para a cobrança de ICMS de material reciclável.
g) Montagem de programa de capacitação em parceria com
Universidades, escolas técnicas, ONG.
h) Planejamento por etapas, em cada município, para inserir o processo
de mudança da forma de destinação dos resíduos.
128
Sugere-se a busca de parcerias com Universidades, Ministério Público,
União dos Municípios da Bahia, Escolas Técnicas e outras instituições afins, tanto
para construção do plano como para o acompanhamento das ações. Envolver a
Secretaria de Meio Ambiente e o Instituto de Meio Ambiente que atuarão,
principalmente, na monitorização, através das Regionais e das Comuas –
Comissões de Usuários das Águas; criar um Fundo de Prevenção da Poluição por
Resíduos Sólidos destinado a financiar obras e equipamentos, a fundo perdido
para as Prefeituras; a criação do ICMS Ecológico, processo em andamento no
Instituto de Meio ambiente, criando incentivos fiscais para os municípios que
possuírem centrais de tratamento de resíduos e/ou aterro sanitários (com
diferentes percentuais); também incentivar a implantação de indústrias
recicladoras em municípios pólos.
Por fim apresenta-se a Figura 59 que é uma representação esquemática
de um guia para desenvolvimento de processo de construção de um modelo de
gestão municipal de RSU. Deve ser seguido por etapas e contar com a
participação da população.
129
Fonte: Wilson et al. (2001), tradução livre e adaptação da autora
FIGURA 59. Guia para construção de um modelo de gestão de resíduos sólidos urbanos
As estratégias e princípios adotados devem estar baseados no que
recomenda a literatura, porém a proposta para tratamento dos resíduos deve
partir de um Comitê a ser formado por representantes da sociedade civil com
participação da Prefeitura. O Modelo de Gestão de RSU, ao final do processo de
construção, deve estar adequado às características físicas do município, à
1. Mobilização Participação
2. Definição de
estratégias
3.Estabelecimento de estratégias e
princípios
4. Identificação e avaliação de
opções
5. Desenvolvimento
de estratégias
6. Prepara Plano/Modelo de
Gestão
7. Implementa
Plano /Modelo de Gestão
Identifica, reúne representantes da comunidade, do governo, do legislativo. Cria comitê
Coleta dados sobre RSU/geração/per capita/serviços existentes. Prepara as Estratégias.
Define o que se quer fazer com os resíduos e em que prazo. Hierarquização, integração. Define os princípios e metas.
Seleciona técnicas aplicáveis, tipos de disposição, segregação na fonte, meios de financiamento, hierarquiza. Modelo Institucional consórcio/compartilhamento. Catadores. Inicia elaboração do Plano de Ação.
Políticas, leis, regulamentos. Define objetivos e metas, indica meios, tipo de organização (serviços), Sustentabilidade financeira. Prepara documento, de acordo com os passos 2 e 3, para aprovação política.
Sustentabilidade financeira, administrativa, modelo tecnológico, monitoramento. Desenvolvimento Institucional. Estratégias. Tipos de coleta. Prepara Planos de Ação e de Investimentos.
Monitoramentos. Informações. Indicadores. Solucionando problemas. Elaborando e implementando modelo de gestão.
�
�
�
�
MODELO DE GESTÃO DE RSU URBANOS (ADEQUADO ÀS CARACTERÍSTICAS E DESEJOS DA POPULAÇAO DO MUNICÍPIO)
�
�
�
130
quantidade e composição dos resíduos gerados e às opções tecnológicas
baseadas nos aspectos técnicos, financeiros, sociais e ambientais do município.
131
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SOARES, Sebastião Roberto. Gestão e Planejamento Ambiental. 2006. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Sanitária e Ambiental) Universidade Federal de Santa
Catarina, Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Florianópolis.
WILSON, David; WHITEMAN, Andrew; TORMIN, Ângela. Strategic Planning Guide for
Municipal Solid Waste Management. London: Department International Development,
DFID, 2001.
ZANTA, Viviana Maria; FERREIRA, Cynthia Fantoni Alves. Gerenciamento Integrado de
Resíduos Sólidos Urbanos. In Resíduos Sólidos Urbanos: aterro sustentável para
municípios de pequeno porte. Rio de Janeiro: FINEP:ABES, 2003. (Série PROSAB).
ZVEIBIL, Victor Zular (coord.). Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos: manual
de gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos. Rio de Janeiro: IBAM, 2001.
141
APÊNDICES
142
APÊNDICE A – ENTREVISTAS SEMI-ESTRUTURADAS COM OS ATORES ENVOLVIDOS NA
CONSTRUÇÃO, NO PLANEJAMENTO E NA OPERAÇÃO DOS ATERROS SANITÁRIOS
SIMPLIFICADOS.
Prefeitos e Secretários Municipais, Operadores do aterro, Técnicos da CONDER.
OBJETIVO GERAL DAS ENTREVISTAS:
Pesquisar dados que possam indicar As causas da operação adequada ou inadequada dos
aterros simplificados.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
PREFEITOS
Identificar o conhecimento do prefeito sobre os problemas causados por resíduos sólidos a fim de
verificar a possibilidade de relacionar o nível da operação do aterro com o conhecimento e
interesse (vontade política) dele como gestor em dar uma solução para o problema
SECRETÁRIOS
Avaliar a capacidade financeira e a capacidade técnica da prefeitura em operar o aterro. Verificar o
nível de planejamento do sistema de resíduos sólidos municipal. A forma de contratação dos
trabalhadores.
Avaliar o planejamento municipal para a área de resíduos sólidos; o conhecimento do secretário
sobre aterros sanitários, resíduos sólidos; os controles de despesa com limpeza urbana que são
praticados; a prioridade do município em capacitar o pessoal do aterro.
Saber como se deu a escolha e o contrato de trabalho do operador com a Prefeitura.
OPERADORES
Avaliar a experiência e o seu nível de envolvimento com o trabalho, identificar se possui algum
conhecimento específico sobre aterros.
TÉCNICOS DA CONDER
Conhecer a atuação do governo na promoção de melhorias para a destinação final.
Avaliar o planejamento das ações de resíduos sólidos feito pela instituição.
Avaliar a institucionalização do setor no Governo do Estado da Bahia
143
ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA COM PREFEITOS IDENTIFICAÇÃO
MUNICÍPIO:___________________________________________________ DATA DE IMPLANTAÇÃO DO ATERRO_________________________ NOME DO PREFEITO:____________________________________________ ANO DE ELEIÇÃO_______________________________________________ DATA DA ENTREVISTA / /
1. Ao iniciar seu governo possuía uma idéia da dimensão do problema com os resíduos sólidos urbanos?
[ ] SIM [ ] NÃO 2. No orçamento municipal estão previstos gastos com limpeza urbana?
[ ] SIM [ ] NÃO . Se SIM informar valor aproximado________________
3. Tem uma rubrica própria? [ ] SIM [ ] NÃO
4. Aterro sanitário simplificado, o que é isto para o senhor? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
a) O aterro sanitário foi construído na sua gestão? SIM [ ] NÃO [ ] b) Se sim. Como se deu a decisão de instalar o aterro sanitário: i) Foi procurado pela
CONDER [ ]; ii) Procurou a CONDER [ ] c) ....................................................................................................................................
..........................................................................................................
4.2 O que lhe motivou a aceitar a instalação de um aterro sanitário no município? 4.2.1 Pressão do Ministério Público ou Ibama 4.2.2 Pressão da população
4.2.3 Consciência da necessidade 4.2.4 Soube que um município já tem 4.2.5 Outro motivo (ESPECIFICAR)____________________________________
4.3 Na CONDER obteve informações sobre: (objetivo: saber o grau de apoio técnico recebido) 4.3.1 Necessidade de licenciamento [ ] 4.3.2 da desapropriação do terreno [ ] 4.3.3 detalhes do projeto [ ] 4.3.4 detalhes da operação [ ] 4.3.5 custos de manutenção [ ] 4.3.6 da responsabilidade da operação [ ] 4.3.7 da responsabilidade de abrir novas valas. [ ]
4.4 Seleção da área: 4.4.1 acompanhou o processo de seleção? SIM [ ] NÃO [ ] 1.4.2 conhece os critérios de seleção de área para um aterro? SIM [ ] NÃO [ ] 4.4.3 possui um exemplar remetido pela CONDER do processo de seleção de área? 5. O departamento de limpeza urbana na sua opinião está estruturado de forma suficiente para atender todo o município? SIM [ ] NÃO[ ]
Se SIM, o que leva a esta afirmação?
144
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Se NÃO, complemente porque, o que falta, quais as principais dificuldades: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5. Na sua campanha a questão dos resíduos sólidos urbanos foi colocada como uma das prioridades na sua gestão? SIM [ ] NÃO [ ]
Se SIM, a prioridade era a coleta [ ] a limpeza das ruas [ ] [ ] a destinação final?
6. Acha que o fato de o município ter um aterro sanitário implantado os problemas com os resíduos sólidos estariam todos resolvidos? SIM [ ] NÃO [ ] Justifique a resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
7. Vem acompanhando a operação do aterro periodicamente? SIM [ ] NÃO [ ] Se SIM, quantas vezes /(mês, dia, ano). 8. Tem conhecimento do efeito poluidor de um aterro mal operado? SIM [ ] NÃO [ ] 9. A Prefeitura possui engenheiro sanitarista no seu quadro funcional? SIM [ ] NÃO [ ] 10. A Prefeitura possui cópia do projeto do aterro sanitários? SIM [ ] NÃO [ ] e do Manual de Operação SIM [ ] NÃO [ ] 11. O aterro sanitário possui o licenciamento ambiental? SIM [ ] NÃO [ ] 12. Tem conhecimento do efeito poluidor de um aterro mal operado? SIM [ ] NÃO [ ] 13. Existe na Prefeitura algum projeto específico para a questão dos resíduos sólidos? Coleta seletiva [ ] catadores [ ] compostagem [ ] outros [ ] ______________________________________________________________________________________________________________________________________
14. Qual o gasto aproximado atual da Prefeitura com a execução dos serviços de limpeza urbana? _______________________________________________________________ 15. E, especificamente, com a operação do aterro simplificado?________________
145
17. Quais as principais dificuldades encontradas na sua gestão para realizar o serviço de limpeza urbana?
(marcar de 1 a 7, por nível de importância, as quadrículas que entender pertinentes)
[ ] Falta de planejamento dos serviços [ ] Falta de participação da população [ ] Poucos recursos financeiros para atender todas as demandas [ ] Falta de capacitação técnica do pessoal envolvido no serviço de limpeza urbana [ ] A questão dos resíduos sólidos não se mostrou uma prioridade [ ] Ausência de controle e avaliação dos serviços realizados pela própria prefeitura [ ] Problemas sociais e jurídicos causados pela disposição final do lixo Outros: _______________________________________________________________
146
ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA COM SECRETÁRIO RESPONSÁVEL PELO SISTEMA DE LIMPEZA URBANA DATA DA ENTREVISTA / /
1. DADOS DO MUNICÍPIO NOME:____________________________________________________________ POPULAÇÃO IBGE/2000: ____________________________________________ DATA DE IMPLANTAÇÃO DO ATERRO: ________________________________
2. IDENTIFICAÇÃO DO TITULAR DA SECRETARIA NOME:____________________________________________________________ SECRETARIA: _____________________________________________________ FORMAÇÃO PROFISSIONAL: __________________________________________ 3. PLANEJAMENTO MUNICIPAL 3.1. Existe algum projeto específico para resíduos sólidos visando reduzir a sua geração? SIM [ ] NÃO [ ] 3.1.1 Se sim, qual? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3.1.1.1 e para a coleta seletiva? SIM [ ] NÃO [ ] 3.1.1.2 Se sim, descrever de forma sucinta ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4. Se existem catadores a questão é, de alguma forma, observada pela prefeitura? SIM [ ] NÃO [ ] 4.1 Se sim, existe alguma providência neste sentido?Qual? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. Existe alguma lei ou regulamento municipal que trate da questão dos resíduos sólidos urbanos? SIM [ ] NÃO [ ] 5.1 Se sim, cite-a. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. A Lei Orgânica do Município trata da questão ambiental? Descrever
147
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7. GESTÃO DO SISTEMA 7.1 Qual a forma de realização dos serviços?
totalmente terceirizado [ ] parcialmente terceirizado [ ] totalmente municipalizado (inclusive equipamentos) [ ]
7.2 Se terceirizados, a prefeitura exerce a fiscalização?
SIM [ ] NÃO [ ]
7.2.1 De que forma?
Por meio de relatórios mensais? SIM [ ] NÃO [ ] Quando há necessidade de correções estas são repassadas AO contratante? SIM [ ] NÃO [ ] OU
Por reclamação dos municípes SIM [ ] NÃO [ ]
8. GERENCIAMENTO DO SISTEMA
8.1 Quais os tipos de controles que são feitos pela prefeitura para acompanhar o gerenciamento dos serviços? Anotações de regularidade/irregularidade dos serviços? SIM [ ] NÃO[ ] Gasto com combustível? SIM [ ] NÃO [ ] Gastos com pessoal [ ] Gastos com coleta? [ ] Gastos com a destinação final? [ ] OUTROS ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8.2. Quantas pessoas trabalham para o sistema de limpeza urbana, por tipo de serviço?
a) coleteiros____ b) motoristas_____ c) varredores _____ d) serviços especiais ____ e) destinação final _____ f)
8.3. É realizado algum programa de valorização dos trabalhadores, algum benefício? SIM [ ] NÃO [ ] 8.4 Se sim, qual? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8.5 Como se deu a seleção do operador do aterro sanitário simplificado? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________
148
9. PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE 9.1 O MUNICÍPIO POSSUI ALGUMA ONG AMBIENTAL?
SIM [ ] NÃO [ ] Se sim, tem boa atuação?
SIM [ ] NÃO [ ] 9.2 O Município possui conselho de meio ambiente?
SIM [ ] NÃO [ ]
149
ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA COM OPERADORES DO ATERRO
DATA DA ENTREVISTA / /
1. DADOS DO MUNICÍPIO NOME:___________________________________________________________
POPULAÇÃO IBGE/2000____________________________________________
DATA DE IMPLANTAÇÃO DO ATERRO:_____________________________
2. DADOS DO RESPONSÁVEL PELA OPERAÇÃO
2.1 NOME DO RESPONSÁVEL PELA OPERAÇÃO____________________________ 2.2 ESCOLARIDADE_____________________________________________________ 2.3 IDADE ___________________________________________________________
3. EXPERIÊNCIA
3.1 Desde quando está operando este aterro? ___________________________________________________________ 3.2 Tem alguma experiência anterior em operação de aterros
SIM [ ] NÃO [ ] 3.2.1 SE SIM. Qual o tempo? _____________________________________________
4. CAPACITAÇÃO 4.1 Houve algum tipo de capacitação anterior para a execução do serviço? SIM [ ] NÃO [ ] 4.2 Desde que o aterro foi implantado foi oferecido algum treinamento? SIM [ ] NÃO [ ]
5. NÍVEL DE CONHECIMENTO DO OPERADOR 5.1 Sabe distinguir o que é um aterro sanitário e o que é um lixão? SIM [ ] NÃO [ ] 5.2 Conhece algum tipo de poluição causado pela má operação do aterro? SIM [ ] NÃO [ ]. SE SIM. 5.2.1 Quais?___________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 5.3 Sabe o que é chorume/lixiviado? SIM [ ] NÃO [ ] 5.4 Já leu o manual de operação de aterro simplificado fornecido pela CONDER?
SIM [ ] NÃO [ ] 5.4.1 E por outra instituição?
SIM [ ] NÃO [ ] 5.5 Sabe o que significa “frente de trabalho”?
SIM [ ] NÃO [ ]
150
6. DADOS DA OPERAÇÃO 6.1 Horário de funcionamento do aterro__________________________ 6.2 Quantos funcionários trabalham no aterro?__________________ 6.3 Qual a média de viagens/dia recebidas no aterro por tipo de equipamento : CAÇAMBAS _______________________________________ COMPACTADORES _________________________________ OUTROS ___________________________________________ 6.4 Na chegada os veículos são orientados a descarregar o lixo em um determinado ponto?
SIM [ ] NÃO [ ] 6.5 O aterro possui lona para recobrimento das células, após a descarga dos resíduos?
SIM [ ] NÃO [ ] 6.6 Possui vala séptica?
SIM [ ] NÃO [ ] 6.7 Os resíduos são recobertos com solo/terra de quantos em quantos dias?
DIARIAMENTE[ ] DIA SIM DIA NÃO [ ] DUAS VEZES POR SEMANA [ ] OUTROS PERÍODOS – ESPECIFICAR____________________________________
6.7.1 O solo de recobrimento (material de empréstimo) está localizada dentro do aterro?
SIM [ ] NÃO [ ] 6.8 É realizado algum tipo de segregação de materiais dentro do aterro?
SIM [ ] NÃO [ ] 6.9 Sabe informar se há algum tipo de coleta seletiva na cidade (por catadores ou veículos)?
SIM [ ] NÃO [ ] 6.10 Tem conhecimento do que será necessário fazer no aterro após o preenchimento total da
célula em uso? SIM [ ] NÃO [ ]
6.11 Avalia por quanto tempo ainda a célula poderá receber lixo? SIM [ ] NÃO [ ]. 6.11.1 SE SIM. Por quanto tempo?____________________ OBSERVAÇÕES LIVRES DO ENTREVISTADO ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
151
ROTEIRO PARA ENTREVISTA NÃO ESTRUTURADA COM TÉCNICOS DA CONDER
DATA _____/____/____ 1. IDENTIFICAÇÃO DO TÉCNICO NOME:_____________________________________________________________ FUNÇÃO/PROFISSÃO_________________________________________________ 2. HÁ QUANTO TEMPO PARTICIPA DA EQUIPE DE RESÍDUOS SÓLIDOS?_________ 3. COMO ESTÁ ESTRUTURADA A CONDER PARA ABSORVER O PLANEJAMENTO E A EXECUÇÃO DAS OBRAS DE IMPLANTAÇÃO EM TODOS OS MUNICÍPIOS? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ (ANOTAR EM OUTRA FOLHA) 4. SABE INFORMAR COMO SE DEU A ESCOLHA DO MUNICÍPIO QUE RECEBEU O EQUIPAMENTO? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. DESCREVA COMO FOI REALIZADO O PROCESSO DE SELEÇÃO DE ÁREA ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. COMO SE DEU A ENTREGA DA OBRA? EXISTE UM TERMO DE ENTREGA DA OBRA? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7. A CONDER VINCULOU A APRESENTAÇÃO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL À EXECUÇÃO DA OBRA? SIM [ ] NÃO [ ] ÀS VEZES { ] 7.1 SABERIA DESCREVER PORQUE? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8. SE PUDER, FAÇA ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A ATUAÇÃO DA CONDER NA QUESTÃO DA DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO ESTADO. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
152
APÊNDICE B DADOS DOS ATERROS OBSERVADOS EM CAMPO: Grupo 1 Localização do município Dados sobre o sistema de coleta urbana local Grupo 2 Tipo predominante de solo Índice pluviométrico Grupo 3 Aspectos gerais construtivos do aterro Existência ou não de galpão triagem Grupo 4 Data início da operação Procedimentos operacionais e uso de máquinas Geração de lixiviado Área de RSS Uso de lona para cobertura temporária Obras de manutenção Presença/ausência de catadores de material reciclável Observação sobre a existência de geração gases Odor Presença de aves e animais Quantidade funcionários/escolaridade/tipo contrato/uso ou não de EPI Horário de chegada dos resíduos – regularidade Tipo de equipamento coletor Modo de aterramento da massa de resíduos Recobrimento das valas esgotadas, com vegetação Aspectos de processos erosivos Desobstrução das calhas de drenagem de águas pluviais
153
ANEXO A - ELEMENTOS PARA ESTUDOS DE SELEÇÃO DE ÁREA PARA ATERROS SIMPLIFICADOS
De acordo com o relatório de estudo de seleção de área para aterros
simplificados, ao ser definida a alternativa pela construção do aterro sanitário, o
passo inicial refere-se ao estudo que elege um conjunto de requisitos, no sentido
de atender aos aspectos pertinentes à preservação do meio ambiente, às técnicas
de construção, à composição de custos financeiros, à situação fundiária e
utilização da área, à distância do aeroporto e do perímetro urbano, entre outros.
Esses elementos referem-se ao perfil municipal com informações sobre:
demografia, economia, saúde, abastecimento de água, esgotamento sanitário,
vias de acesso, educação, energia elétrica.
Ressalvando ser quase impossível encontrar uma alternativa que
atenda a todos os requisitos exigidos para o processo seletivo da área possível
para se implantar um aterro sanitário simplificado, usa-se uma matriz de
pontuação (Tabela 1), de acordo com a seguinte metodologia: a) elegem-se, no
mínimo, 3 áreas alternativas; b) identifica-se cada requisito da área atribuindo
notas e ponderações; c) totalizam-se as notas de cada área e escolhe-se a de
maior pontuação, conforme matriz de pontuação.
154
Tabela 1. Matriz de pontuação para seleção de área
GRUPOS/ PG (%) CRITÉRIO P.I (%)
FAIXA DE AVALIAÇÃO NOTA Máx. Pont AREA 1 AREA 2
AREA 3
N NP N NP N NP N NP < 200 m 0
19 200 - 1000m 5 PROXIMIDADE DE
MANAN- CIAIS DE
SUPERFÍCIE > 1000m 10 X 1,9
< 4m 0 28 4 - 8m 5
PROXIMIDADE DE ÁGUA
SUBTERRÂNEA ( Fundo da Vala) > 8 m 10 X 2,8
> 10-3 cm/s 0 18 10-3 - 10-4 cm/s 5
CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA
DO SOLO < 10-4 cm/s 10 X 1,8
< 4 km 0 13 4km – 8km 10 X 1,3
DISTÂNCIA DOS CENTROS URBANOS
> 8km 5 <300 m 0 6 300m - 500m 5
DISTÂNCIA PARA HABITA-
ÇÃO MAIS PRÓXIMA
> 500m 10 X 0,6 Favorável 0 DIREÇÃO DO
VENTO EM RE- LAÇÃO AS ÁREAS
URBANAS 5 Não favorável
10 X 0,5 < 4.500 m 0
4 4.500m - 13.000 m 5
RISCOS COM AERONAVES
> 13.000 m 10 X 0,4 Intenso 0
5 Moderado 5 0,5 Nenhum 10 X
<100 m (tráfego intenso) 0
2
< 100 m (trafego
moderado) 5
RISCOS COM ACIDENTE EM
RODOVIAS (Acesso e
Visibilidade) RISCOS COM
ACIDENTE EM RODOVIAS
(Pássaros) > 100 m 10 X 0,2 ( ∑ total das NP )X(PG) 3,6
< 1 m³/s 0 25 1 - 10 m³/s 5
GRUPO 1 SAÚDE PÚBLICA E SEGURANÇA
PG: 36
VAZÃO DO RIO
> 10 m³/s 10 X 2,5
Classe I/ Similar/
Especial 0 X 25 Classe II 5
IMPORTÂNCIA AMBIENTAL DO RECURSO
HÍDRICO Acima de classe II 10 2,5
Área degradada 10 X 5,0
GRUPO 2 AMBIENTE NATURAL
PG: 26
VEGETAÇÃO 50 Pastagem/agricultura 5
155
sem uso 10 ( ∑ total das NP )X(PG) 2,6
GRUPO 3 pequeno 10 X 3,0
30 médio 5 IMPACTO VISUAL
grande 0
pequeno 10 X 4,0
40 médio 5
INSTABILIDADE PSICO-SOCIAL
grande 0
pequeno 10 X 2,0 20 médio 5
ODOR grande 0
pequeno 10 X 1,0
10 médio 5 POEIRA
grande 0
AMBIENTE SOCIAL
PG: 12 ( ∑ total da NP )X(PG) 1,2
GRUPO 4 Inexistente 0
Asfalto ( boas
condições) 10 X 1,4
14 Asfalto ( más
condições) 5
VIAS DE ACESSO
cascalho 5
Alta > 30% 0 Média 10 - 30% 5
6 Baixa 3 - 10% 10 X 0,6
DECLIVIDADE DAS VIAS
DA ACESSO plana < 3% 10
Alto custo p/ capt. e
adução 0
4 Baixo custo p/ capt.
e adução 5
DISPONIBILIDADE DE ÁGUA
Disponível no local 10 X 0,4
Requer alto
investimento 0
2 Requer baixo investimento 5
DISPONIBILIDADE DE ENERGIA
Disponível no local 10 X 0,2
< 5 hectares ou V.U. < 10 anos 0
25 5 - 8 hectares ou 10 -
15 anos 5 DISPONIBILIDADE DE ÁREA
OU VIDA ÚTIL (V.U.) > 8 hectares ou V.U.
> 15 anos 10 X 2,5
Particular valorizada 0
Particular pouco
valorizada 5
INFRAESTRUTURA PG: 26
TITULARIDADE DO TERRENO
21 Pertencente ao município ou 10 X 2,1
156
passível de doação
DECLIVIDADE DA ÁREA Alta declividade 0
(topografia) 8 Média declividade 5 Baixa declividade 10 X 0,8
Disponível no local 10 X 2,0
20 J<5 km 5
DISPONIBILIDADE DE TERRA
P/ IMPERMEABILIZAÇÃO
OU COBERTURA MINERAL J>5 km 0
( ∑ total das NP )X(PG) 2,6
BÔNUS PARA ÁREA DO LIXÃO 1,0 ( ∑ total das NP dos Grupos )X(PG respectivo) 10
N: Nota; NP: Nota Ponderada PG: Peso do Grupo; PG:
PI: Peso Individual NP: produto da nota c/ peso individual
Obs 1: Cada criterio e avaliado e pontuado conforme sua importancia. Opeso de cada grupo foi definido dado a importancia tecnica ambiental e legal dentro de uma escala de 0 a 100%. A Nota Final varia de 0 a 10. A area mais favoravel e a que apresenta a nota mais proxima da maxima pontuacao (10). Obs 2: Será acrescido 1 ponto de bonus à área pré selecionada que for utilizada como "lixão" pelo município.
Assim, a área selecionada será aquela mais próxima possível da
otimização dos requisitos listados, ou seja; a que menos impacte o meio
ambiente, atenda ao processo construtivo do aterro, apresente menor problema
fundiário e não aumente substancialmente o custo da coleta.
157
Anexo B
Resumo do Manual de Operação dos Aterros Simplificados CONDER
O Manual foi elaborado com o objetivo de instruir quanto aos
procedimentos para a operação dos aterros sanitários simplificados. É dirigido
aos trabalhadores que operam os aterros. No Manual de Operação de Aterros
Simplificados – CONDER estão descritos tanto os procedimentos como um
regulamento para o funcionamento do aterro, com as instruções sobre, por
exemplo:
Quais tipos de resíduos o aterro sanitário simplificado está apto a
receber:
� Resíduos domésticos � Podas de árvores e resíduos de feitas � Entulhos � Resíduos de saúde
Horário de funcionamento a ser definido pela Prefeitura.
Descrição das rotinas operacionais:
� Manter portão de acesso fechado, só o abrindo o operador
responsável pelo aterro.
� Só permitir acesso de caminhões cadastrados.
� Verificar a procedência dos resíduos.
� Anotar a quantidade de resíduos (cubagem dos veículos).
� Manter a área limpa, livre de plásticos e utilizar formulário de controle
conforme modelo sugerido.
Dentro das rotinas operacionais estão descritos, com ilustrações, os
procedimentos dos operadores do aterro cujas atividades são:
� Encaminhar o caminhão para a frente de serviço; indicando que esta
posição deve ocorrer na extremidade oposta onde se encontra o poço de
acumulação de águas, e sempre dispor junto às disposições anteriores;
158
� Informar que a descarga do lixo deve ocorrer, preferencialmente (grifo
nosso) no interior da vala conforme Figura 1, em não conformidade com o
recomendado.
Fonte: CONDER (2004)
FIGURA 1. Descarga dos resíduos por ejeção
O Manual explica que, quando a descarga ocorrer pelo topo da vala, a
Prefeitura deve providenciar placa de aço com espessura de 2,00cm x 3,50m
(grifo nosso) para apoiar as rodas do veículos no momento da descarga, dessa
forma dá maior segurança evitando riscos de desmoronamento do talude e
apresentada na Figura 2.
Fonte: CONDER (2004)
FIGURA 2. Descarga dos resíduos por ejeção utilizando placa de aço
Com relação aos dias chuvosos, quando não for possível a entrada do
caminhão na vala, é muito importante que as vias laterais estejam em condições
de permitir o tráfego de veículos ao redor delas. Para isto são importantes as
rotinas de manutenção das vias e das valas de drenagem previstas no projeto.
159
• Preenchimento das valas
Recomenda que o preenchimento seja feito de forma ordenada
evitando o espalhamento do lixo e acompanhando a inclinação da lateral da vala
até atingir o topo. Durante o preenchimento o lixo deve ser compactado a fim de
reduzir o espaço ocupado. Enquanto o lixo não estiver na altura do topo da vala,
deverá estar sempre protegido com uma lona plástica para evitar o contato com
animais, e com as águas de chuva, Figura 3.
Fonte: CONDER (2004)
FIGURA 3. Cobertura de lona provisória
• Limpeza e manutenção das valas
O operador deverá empurrar o lixo de encontro ao talude da frente de serviço
sempre que houver disposição de novas descargas.
As valas devem ser mantidas limpas e quando da operação em períodos
chuvosos deve-se utilizar o conjunto motobomba para esgotar a água acumulada
no poço de acumulação.
Caso ocorra desmoronamento de terra das laterais das valas, deverá ser
providenciado a imediata recomposição dos taludes, para isto poderá ser
necessário a implantação de contenção com sacos preenchidos com solo natural.
• Compactação e cobertura
160
A compactação visa reduzir o espaço ocupado pelo lixo, podendo ser feita
manualmente (por meio de um rolo compactador) ou por trator. Exemplifica com o
trator na Figura 4.
Recomenda que ao atingir a altura do topo da vala deverá ser providenciada a
imediata cobertura utilizando parte do solo estocado da escavação.
Fonte: CONDER (2004)
FIGURA 4. Compactação com utilização de trator
• Preenchimento dos espaços entre os diques
Orienta que, depois da vala coberta, sejam preenchidos os espaços entre os
diques.
Instrui o Manual “Gradativamente, então, deverá ser executado o dique
do outro lado da vala, através do transporte e compactação manual do solo
estocado. Posteriormente todo este solo exposto deverá ser revestido com
gramíneas ou com plantas nativas rasteiras, protegendo o solo contra as erosões,
sendo que esta proteção só será completamente eficaz a partir de regas
sistemáticas. À medida que os diques sejam concluídos deverão ser implantados
os sistemas de drenagens previstos no projeto”, (Figura 5).
161
Fonte: CONDER (2004)
FIGURA 5. Modelo esquemático das valas e execução do dique
• Manutenção do aterro
Entre outros, estão previstos os seguintes tipos de manutenção:
� do sistema viário; � paisagismo; � da limpeza geral da área; � dos sistemas de drenagem (superficial e do interior da vala); � das cercas, portões e portaria.
As valas serão sempre revestidas com manta de PVC inclusive no topo
quando alcançar a altura da camada da cobertura definitiva do solo.
• Resíduos de serviços de saúde
Os resíduos de serviços de saúde, pelo risco que contêm, deverão ser
dispostos em valas individuais, evitando contato manual com os operadores do
aterro. Estes resíduos deverão ser lançados no interior das valas e cobertos
diariamente por uma camada de 20 centímetros de solo estocado. A camada de
cobertura definitiva deverá ter espessura de 60 centímetros (Figura 6).
162
Fonte: CONDER (2004)
FIGURA 6. Vala de RSS
• Abertura sequencial de novas valas e aproveitamento do solo dos diques
Neste ponto o Manual informa que a Prefeitura ficará responsável por
escavar novas valas, por um período máximo de dois anos, para eu não fiquem
expostas às intempéries, por muito tempo.
Alerta também a necessidade de deixar metade do solo escavado< nas
laterais das valas, deixando espaço para o tráfego de veículos, suficiente para
manobras e lançamento do resíduo no interior da vala. Estocar a outra metade do
solo escavado.
Construir valetas de drenagens provisórias, junto aos solos depositados
para evitar a penetração de água nas valas.
Outra atenção especial deve ser dada à questão da drenagem das valas
com relação ao sistema previsto para a sua parte interna, onde o projeto propôs
uma valeta de terra ao longo de cada vala, tendo na parte final um poço de
acumulação com uma bomba. Esta bomba deverá conduzir as para as valetas de
drenagens definitivas especificadas no projeto.
Com relação ao solo escavado, que deverá ser estocado para utilização
como cobertura do lixo e para os diques, é importante que seja dada atenção
especial a esta deposição transitória para evitar que durante as chuvas este
163
material seja erodido e que seja transportado ou para o interior das valas ou para
o meio ambiente. Para isto devem ser observados os seguintes procedimentos:
Após a conclusão da escavação das valas deverá ser providenciado pelo
menos uma compactação do solo escavado, com equipamento ou manualmente,
de modo a evitar solos soltos na superfície do material estocado;
Deverá ser providenciada a cobertura vegetal deste solo estocado, com
gramíneas ou plantas nativas rasteiras, que o proteja dos impactos das gotas de
chuvas e com isto reduza os riscos de erosões. É importante que seja sempre
providenciada a rega constante deste plantio de modo a se obter uma cobertura
vegetal eficaz.
• Monitorização
Recomenda necessário que, periodicamente, se faça o acompanhamento
de diversos elementos para que se possa minimizar e controlar os impactos
ambientais causados pela implantação do equipamento.
Como elemento para controle ambiental orienta:
� amostras obtidas nos poços de monitoramento; � amostras obtidas nos poços de acumulação; � sólidos retirados das valas aterradas; � recalques dos aterros.
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