universidade federal de mato grosso faculdade de agronomia ... · do meu processo de formação...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CURSO DE ZOOTECNIA
ANGELA REGINA CUSTÓDIO SELLA
CONTROLE DE QUALIDADE NO RECEBIMENTO E ARMAZENAMENTO DE MATÉRIAS-PRIMAS EM UMA FÁBRICA DE
RAÇÃO EM CUIABÁ- MT
CUIABÁ 2015
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ANGELA REGINA CUSTÓDIO SELLA
CONTROLE DE QUALIDADE NO RECEBIMENTO E ARMAZENAMENTO DE MATÉRIAS-PRIMAS EM UMA FÁBRICA DE
RAÇÃO EM CUIABÁ- MT
Trabalho de Conclusão do Curso de Gradação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia.
Orientador: Profª Drª Janessa
Sampaio de Abreu Ribeiro Orientador do Estágio Supervisionado: Engenheiro civil Rodrigo Ontiveros
CUIABÁ
2015
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por tudo.
A minha mãe Enevilce Custódio Pinto e em especial as minhas tias
Eliana Luna Cavalcanti e Claudia Custódio Donato, minha avó Eneiva Custódio
Pinto e meu tio Renato Custódio Pinto, pelo incentivo durante toda caminhada
de vida e por terem me educado de forma tão correta, agradeço também a toda
minha família por ser hoje a razão pela qual tento ser uma pessoa cada vez
melhor.
A Profª. Drª e orientadora Janessa Sampaio de Abreu, pelo
conhecimento transmitido durante toda minha graduação, pela paciência
amizade e cuidado que teve comigo durante todos os anos.
A Profª. Drª Maria Fernanda pelo conhecimento transmitido e pela
paciência no processo de elaboração do TCC e estagio.
Ao Sr. Rodrigo Ontiveros, pela abertura das portas da empresa Rico
Nutrição Animal.
A Priscila Barbosa, Diego Ricci e Carolina Andrade pelo conhecimento
transferido durante o decorrer do estágio e pela amizade construída.
A Luciana Luna Cavalcanti por ter possibilitado a realização do estágio
na empresa Rico Nutrição Animal.
A todos os funcionários da Rico Nutrição Animal, pelo companheirismo,
amizade e respeito durante todo o período de convívio.
A todos os professores do departamento de Zootecnia que participaram
do meu processo de formação acadêmica.
A Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia e a UFMT
por ter possibilitado a minha formação.
Aos meus amigos, Bruna Savisczi, Gabriel Cazeiro e Caio Castaldeli
pela cumplicidade, parceria e paciência, e por terem feito parte de todos os
momentos bons e ruins durante esses 5 anos.
A meus colegas do curso de Zootecnia.
A todos aqueles que foram essenciais à conclusão desta etapa tão
importante da minha vida.
" Um dia conseguimos entender, que o tempo não é inimigo, ao contrário e nosso maior mestre...Entendemos então, que tudo vem na
hora que deve vir e que não adianta espernear nem se esconder da vida. Porque no fim das contas a gente sempre acaba agradecendo
tudo que passou."
Priscila Barbosa
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Fluxograma de produção da empresa Rico Nutrição Animal.................12
Figura 4. Calador Graneleiro (A) para coleta de amostra (B)...............................15
Figura 3. Análise dos alimentos na empresa Rico Nutrição Animal utilizando o
equipamento MOTOMCO 919FOB ..........................................................................16
Figura 4. Armazenamento de amostras de matéria prima na empresa Rico Nutrição
Animal .......................................................................................................................17
Figura 5. Estrutura física dos silos na empresa Rico Nutrição Animal..................18
Figura 6. Estrutura física do armazém com farelo de algodão estocado...............18
Figura 7 Carga com lacre e lona sendo recepcionada na empresa Rico Nutrição
Animal........................................................................................................................20
Figura 8. Acondicionamento de macro e micro minerais na empresa Rico Nutrição
Animal .......................................................................................................................21
Figura 9. Painel de controle da fábrica na empresa Rico Nutrição
Animal.......................................................................................................................22
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Padrões de qualidade do milho conforme a Portaria nº 845 de 8 de
novembro de 1996 do MAPA .................................................................................06
Tabela 2. Taxa de crescimento de fungos durante o armazenamento, em função dos
níveis dos teores de água nos produtos...............................................................07
Tabela 3. Taxa de crescimento de fungos durante o armazenamento, em função da
temperatura na massa de produtos........................................................................07
Tabela 4. Especificações Técnicas para análises no recebimento de milho, sorgo,
farelo de soja e farelo de algodão.........................................................................16
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1
2. OBJETIVO ....................................................................................................... 3
3. REVISÃO ......................................................................................................... 4
3.1. Produtos e Subprodutos Utilizados na Fabricação da Ração .................... 5
3.2. Qualidade de Matérias Primas Utilizadas na Ração .................................. 5
3.2.1. Milho.................................................................................................. 5
3.2.2. Sorgo................................................................................................. 7
3.2.3. Farelo de Soja ................................................................................... 7
3.2.4. Farelo de Algodão ............................................................................. 8
3.3. Perdas Físicas de Produtos ....................................................................... 8
3.4. Armazenamento ......................................................................................... 9
3.4.1. Armazenamentos de Grãos e Farelos .............................................. 9
3.4.2. Armazenamento de Produtos Ensacados ......................................... 9
4. RELATÓRIO DE ESTÁGIO ........................................................................... 11
5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO ......................................... 13
5.1. Sistema de Recebimento e Armazenamento de Grãos e Farelos ........... 13
5.2. Amostragem ............................................................................................. 14
5.2.1. Milho e Sorgo .................................................................................. 14
5.2.2. Farelo de Soja e Farelo de Algodão ................................................ 15
5.3. Análises .................................................................................................... 15
5.4. Armazenamentos de Grãos e Farelos ...................................................... 17
5.4.1. Grãos .............................................................................................. 17
5.4.2. Farelos ............................................................................................ 17
5.5. Recebimento e Armazenamento de Minerais .......................................... 19
5.5.1. Minerais mais Utilizados .................................................................. 19
5.5.2. Fósforo e Cálcio .............................................................................. 19
5.5.3. Magnésio, Enxofre, Sódio, Cloro, Potássio e Microminerais ........... 20
5.6. Produção .................................................................................................. 22
5.7. Limpezas dos Maquinários ....................................................................... 23
5.8. Controle de Pragas .................................................................................. 23
5.9. Controle de Temperatura no Silo ............................................................. 24
6. CONCLUSÃO ................................................................................................ 26
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 27
RESUMO
O mercado de rações no Brasil tem crescido muito, acompanhado o crescimento das
diversas atividades de produção animal no país. Este avanço propiciou o surgimento
de novas marcas, o que torna este mercado cada vez mais competitive e as
empresas buscam alternativas para sobressair seus produtos. Sabendo-se que o
país encontra-se em crise e o aumento da inflação afeta todos os ramos de
atividades, a busca por alternativas que visem o não desperdício de matérias primas
durante o processo produtivo é primordial a essa cadeia. A produção animal e
vegetal é responsável por mais de 21% do Produto Interno Bruto Brasileiro (2014) e
vem se tornando um mercado cada vez mais instável, em virtude do constante
aumento do dólar e da crise na economia brasileira, que inclui cortes e falta de
incentivos ao setor. As indústrias de rações não fogem desse problema e com
margens cada vez menores, buscam reduzir custos sem afetar a qualidade do
produto final. Sendo assim, uma forma de evitar perdas é ter controle de qualidade
durante todo processo produtivo, utilizando métodos para diminuir desperdícios das
matérias-primas durante o recebimento e armazenamento. Análises qualitativas
(umidade, temperatura e impurezas) indicam se a matéria prima é passível de ser
armazenada, e avaliam o processo de armazenagem dos produtos para que os
mesmos dentro de seu prazo de validade mantenham seus níveis de garantia
adequados, o que garante a qualidade do produto final. Durante o estágio
supervisionado, foi realizado o acompanhamento das atividades do controle de
qualidade de grãos, farelos, macro e microminerais utilizados na empresa de ração
Rico Nutrição animal, a fim de verificar os procedimentos que são de suma
importância para redução de perdas durante o processo produtivo, diminuindo as
despesas e custos e garantindo a qualidade do produto final.
Palavras-chaves: armazenamento de grãos, boas práticas de fabricação,
formulação de ração, fabrica de ração.
1
1. INTRODUÇÃO
O mercado de rações no Brasil tem crescido muito, acompanhando o
crescimento das diversas atividades de produção animal no país. Este avanço
propiciou o surgimento de novas marcas o que torna este mercado cada vez mais
competitivo e as empresas buscam alternativas para sobressair seus produtos.
Sabendo-se que o país encontra-se em crise e o aumento da inflação afeta todos os
ramos de atividades, a busca por alternativas que visem o não desperdício de
matérias primas durante o processo produtivo é primordial a essa cadeia.
A produção animal e vegetal é responsável por mais de 21% do Produto
Interno Bruto Brasileiro (2014), e vem se tornando um mercado cada vez mais
instável, em virtude do constante aumento do dólar e da crise na economia
brasileira, que inclui cortes e falta de incentivos ao setor. As indústrias de rações não
fogem desse problema e com margens cada vez menores, buscam reduzir custos
sem, no entanto, afetar a qualidade do produto final.
O controle de qualidade vem ganhando cada vez mais espaço no processo
produtivo, sendo este fundamental para a produção de produtos com qualidade. É
verificado que quanto mais se investe no controle de qualidade, menores são as
perdas de ingredientes em todo processo produtivo, além de estreitar as diferenças
entre a formulação original e o produto produzido. Através da organização no
recebimento e controle no armazenamento de matérias primas pode-se garantir um
produto seguro e adequado aos animais.
Para manter uma indústria de ração no mercado deve-se levantar os pontos
críticos de controle da fábrica e formar estratégias para minimizar erros e oferecer
um produto de qualidade e rentável à empresa.
Os pontos de maior impacto são aqueles que definirão todo processo como:
Ração: é necessário que a fórmula seja compatível com o objetivo,
respeitando as exigências e fornecendo alimentos de boa digestibilidade;
Alimentos: aquisição de matérias-primas de qualidade. Este é um ponto
relevante, pois, definirá a qualidade do produto final. Deve-se seguir um
padrão para o aceite das matérias-primas, levando em consideração o tempo
2
de armazenamento e a forma física da ração, assim como suas
características bromatológicas. Assim, o controle destes se conduz desde a
amostragem feita nas matérias-primas que chegam à fábrica até a
transformação destas em ração;
Processo produtivo: é necessário que seja capaz de preservar a qualidade
das matérias-primas, atingir fielmente os níveis da formulação e evitar a
contaminação cruzada.
Sendo assim, em uma fábrica deve-se ter uma estrutura física que se adeque
a todo processo, desde o recebimento das matérias-primas até a estocagem do
produto final.
3
2. OBJETIVO
Acompanhar as atividades relacionadas ao controle de qualidade no
recebimento e armazenamento de matérias primas utilizadas na fabricação de ração
animal, bem como todo o processo produtivo (moagem, pesagem e mistura) até a
obtenção do produto final.
4
3. REVISÃO
Em uma fabrica de ração existem diversos procedimentos que auxiliam no
controle de qualidade e a escolha e organização destes propiciam a formação de
fluxograma que deve ser cumprido para garantir a qualidade esperada.
De acordo com Butolo (2002), o setor de recepção é um local onde pode-se
segregar a matéria prima de recebimento excluindo-se a de baixa qualidade de
produção, pois uma vez descarregados em uma moega, o produto será destinado a
um silo de armazenamento e dificilmente será possível diferenciar e separar o
ingrediente de baixa qualidade. O responsável pela recepção deve saber,
antecipadamente, qual a qualidade do produto adquirido (especificações de
compra), deve ter informações suficientes do Sistema de Qualidade e estar
habilitado a reconhecer a qualidade aparente dos ingredientes e ter suficiente
autoridade para recusar o produto antes da descarga. As amostras dos produtos
recebidos em uma fábrica de ração devem ser retiradas e analisadas fisicamente,
através de testes qualitativos rápidos e posteriormente arquivadas para respaldar o
cliente ou a fábrica sobre qualquer dúvida por problemas que possam ocorrer com o
produto final.
O armazenamento de matérias-primas a granel deve ser bem controlado
evitando-se a mistura de matérias-primas com características qualitativas
diferentes (Lacerda Filho et al., 2000). Nas matérias-primas ensacadas, a atenção
maior se dá na identificação dos rótulos e lotes em especial a produtos e
medicamentos, aditivos e minerais, os quais devem ser cuidadosamente
manipulados e identificados para evitar o uso indevido (BUTOLO, 2002).
Quando a matéria prima tiver um prazo de validade alto e o seu uso não for
tão recorrente deve-se ter cuidado para que a embalagem esteja sempre bem
fechada e identificada para evitar a perda dos níveis de garantia e uma possível
contaminação seja por umidade ou outros produtos. Neste caso, os produtos
ensacados como a granel se enquadram nesses cuidados. Em se tratando de em
armazenagem de milho ou sorgo, o principal fator de monitoramento é o da umidade
5
e temperatura da massa granular e assim que for observada elevação ou pontos de
aquecimento, deve ser utilizado o mecanismo de aeração, quando o silo apresentar
essa possibilidade (SILVA et al., 2008).
3.1. Produtos e Subprodutos Utilizados na Fabricação da Ração
Os níveis de garantia das matérias-primas podem variar de acordo com o
ambiente e métodos de processamento. Segundo Rostagno (2000), para que a
ração formulada possa ser passível de ser produzida devem ser levadas em
consideração: quais as matérias primas que podem ser introduzidas na ração
(estas devem possuir um fornecimento rotineiro com custo benefício adequado e
devem ser armazenadas na fábrica em condições ideais) e o processo de
produção deve ser adequado à linha de produção da fábrica. Para evitar
contaminações a produção da ração deve ser acompanhada por uma rotina de
análises químicas e exames de contaminações (ex. salmonela, fungos e
micotoxinas) de todas as matérias-primas.
Há diferentes formulações de rações em todo o mundo e apesar de
categorias já bem definidas dentre as culturas de produção, cada fábrica possui
produtos diferentes com níveis de garantia diferentes, pois além do método de
formulação de ração leva-se em consideração a matéria prima utilizada a qual
também define a qualidade do produto final (Rostagno, 2000). De acordo com
este autor, se o manejo posterior na alimentação dos animais estiver adequado o
objetivo da formulação é alcançado. Alguns fatores que influenciam no momento
da formulação de rações são: disponibilidade e preço de matérias-primas; peso e
idade dos animais ao abate; rendimento e qualidade da carcaça; pigmentação da
pele; criação em sexos separados.
3.2. Qualidade de Matérias Primas Utilizadas na Ração
3.2.1. Milho
O milho é a matéria-prima mais utilizada nas rações (como fonte energética)
e de acordo com Lima et al. (2004), seu valor energético é devido ao
6
endosperma, que é composto principalmente por amilopectina, e o gérmen, que
contém a maioria do óleo. Existem muitas variedades de milho que contêm entre
3 a 4 % de óleo, e há novas variedades que atingem até 8 % de óleo,
proporcionando maior teor enérgico. Estas variedades com alto teor de óleo
contêm 2 a 3 % a mais de proteína em sua composição (BARTOV e BARZUR,
1995).
Um problema que o país enfrenta são as diferentes situações ambientais
encontradas nas lavouras. Assim, as condições de armazenagem variam na
lavoura e na estocagem, o que propicia a presença de micotoxinas, que
podem se tornar um problema para fabricação de ração. A contaminação é
comum nos grãos de milho danificados por insetos, principalmente em áreas
quentes e úmidas. O limite máximo de aflatoxinas admissível no Brasil, para
todos os ingredientes de origem vegetal é de 50 ppb (partes por bilhão) (WEBER,
2001).
A classificação física do milho é um dos fatores que caracterizam a
qualidade comercial para seu uso na fabricação da ração. Para que seja
considerado um produto de qualidade o mercado exige que o teor máximo de
água no milho seja de 14%, índice de impurezas de até 1% na peneira de 3 mm
ou, até 3% na peneira de 5 mm; índice máximo de ardidos de 6% e ausência
de fungos e toxinas. (Lorini et al. 2002). O grão de milho destinado à
alimentação animal deve ser isento de fungos, micotoxinas, sementes tóxicas e
resíduos de pesticidas e deve se enquadrar nos tipos 1, 2 ou 3, conforme a
Portaria nº. 845 de 8 de novembro de 1996 do Ministério de Agricultura e
Pecuária e Abastecimento (MAPA) (Brasil, 1996), atendendo aos atributos
mínimos de qualidade apresentados na Tabela 1.
Tabela 1. Padrões de qualidade do milho, conforme a Portaria nº. 845 de 8 de novembro de 1996 do MAPA Tipos Teor de água Material Grãos avariados
Máx. (% b.u.) estranho (%) Total – Máx. Ardidos/ Brotados
1 14,5 1,5 11 8 2 14,5 2 18 6
3 14,5 3 24 10 Fonte: BRASIL (1996)
7
Com a finalidade de se obter o milho com características qualitativas
(umidade, temperatura e impureza) e quantitativas (Proteína Bruta, Nitrogênio
Digestíveis Totais e Extrato Etéreo) adequadas é recomendável que os teores de
água do grão na colheita e armazenamento, da propriedade fornecedora, estejam
dentro do padrão previsto na tabela 1, pois, o principal indutor de desenvolvimento
fúngico nos grãos é o teor de água e temperatura (Tabelas 2 e 3, respectivamente).
Tabela 2. Taxa de crescimento de fungos durante o armazenamento, em função dos níveis dos teores de água nos produtos
Teor de água (% b.u) Taxa de crescimento
< 13,00 Lento
13,00 – 16,00 Rápido
> 16,00 Explosivo
Fonte: LAZZARI (1993)
Tabela 3. Taxa de crescimento de fungos durante o armazenamento, em função da temperatura na massa de produtos.
Temperatura (ºC) Taxa de crescimento
< 15,00 Lento
20,00 – 30,00 Ótimo
40,00 – 55,00 Máximo
Fonte: LAZZARI (1993).
3.2.2. Sorgo
O sorgo é comparado ao milho quanto ao valor nutricional, sendo que o
sorgo possui menor conteúdo energético (Rostagno, 1977). O amido no sorgo
está ligado à proteína, e isto leva a uma pequena redução na digestibilidade,
especialmente na ausência de qualquer processamento pelo calor. Segundo
Trevino et al. (1992), a maior preocupação em relação ao sorgo é a presença de
taninos, que são um grupo de fenóis com a propriedade de se combinar com
várias proteínas. O animal alimentado com tanino exibe taxa de crescimento
menor e maior incidência e severidade de desordens esqueléticas. Normalmente,
quanto mais escura a semente, maior concentração de tanino no sorgo.
3.2.3. Farelo de Soja
8
O farelo de soja tem sido usado mundialmente como padrão, se
comparado com outras fontes proteicas. O nível de proteína no farelo de soja pode
variar e isto pode ser reflexo da variação de sementes ou das condições de
processamento (Albino et al., 1991). Tradicionalmente, os farelos com alto índice
de proteína em sua composição provêm da soja sem casca, enquanto que as de
baixo índice de proteína (44% PB) invariavelmente contêm as cascas e
possuem altos índices de fibras e baixos de energia. Existem variações nos
tipos de sementes usadas e isto afeta o conteúdo proteico e a gordura que são
negativamente correlacionados (ROSTAGNO et al., 1994).
3.2.4. Farelo de Algodão
O farelo de algodão é normalmente utilizado como substituto parcial ou
integral ao farelo de soja, principalmente em regiões produtoras de algodão. Sendo
assim o farelo de algodão pode se tornar um produto de alta disponibilidade
no mercado e com preço competitivo. A proteína do farelo de algodão apresenta
perfil de aminoácidos com menores concentrações de lisina e metionina que o
farelo de soja e, portanto, a substituição total do farelo de soja por farelo de
algodão nas dietas para as diferentes culturas deve ser analisada por um
nutricionista animal (BLACKWEL et al., 1998).
O teor de proteína e fibra são bem variáveis e dependentes do processo de
extração do óleo, assim farelos com teores de fibras maiores contem mais
plumas em sua composição, o que diminui o teor de proteína.
3.3. Perdas Físicas de Produtos
De acordo com Jardine (2002) há perdas sérias de grãos durante o
transporte e armazenamento. As perdas no armazenamento ocorrem de forma
geral, pela insuficiência estrutural ou inadequação da rede de armazenagem,
bem como pelo baixo nível de qualificação da mão-de-obra que opera os
secadores, as câmaras de expurgo, aeradores, e outros equipamentos de
recepção, movimentação e conservação dos produtos nas unidades
9
armazenadoras (LACERDA FILHO et al., 2000).
No armazenamento podem ocorrer perdas na qualidade e forma física
do produto. As perdas físicas acarretam na redução do peso dos estoques,
principalmente em razão do ataque de insetos, e pela perda da umidade dos
grãos (Jardine, 2002). Tanto as perdas físicas como as de qualidade dos grãos,
estão associadas ao tempo de existência dos estoques e às condições de
armazenamento dos mesmos (LACERDA FILHO et al., 2000).
3.4. Armazenamento
Os ingredientes armazenados nos estoques de fábricas devem ser
mantidos em condições que evitem a sua deterioração, contaminação e reduza e
perdas na qualidade (SINDIRAÇÕES, 2002)
A adequada rotatividade dos estoques dos ingredientes deve ser feita de
forma que “o primeiro que entra é o primeiro que sai” - PEPS. As matérias-
primas devem ser armazenadas, no mínimo, distante a 45 cm da parede para
permitir acesso às instalações, melhor controle de limpeza e pragas e arejamento
do espaço. Os produtos devem ser armazenados de forma a não receber luz
solar direta. Na entrega dos produtos amostras devem ser retiradas e mandadas
ao laboratório (PINHEIRO, 1994).
3.4.1. Armazenamentos de Grãos e Farelos
Segundo Klein (1999) para que ocorra o armazenamento correto de
grãos deve-se atentar a capacidade de estocagem do silo e sua projeção,
capacidades de recepção e de beneficiamento devem ser compatíveis com a
capacidade da fábrica, os silos deve-se ter controle preferencialmente
automatizado, da temperatura e aeração do silo e do ambiente externo.
3.4.2. Armazenamento de Produtos Ensacados
O armazenamento dessas matérias-primas é uma operação relativamente
simples e segura, mas existem prontos críticos que devem ser observados
10
para evitar a perda da qualidade do material (Klein, 1999), como:
- Colocar os produtos sobre estrados, para que haja circulação de ar
por baixo e nas laterais;
- Sempre observar a data de fabricação e validade, a condição da sacaria
do produto;
- As pilhas devem ser bem identificadas para evitar trocas no manuseio;
- Controle rigoroso de pragas como roedores, pássaros e insetos;
- Organização e limpeza no espaço físico de armazenamento;
- As pilhas devem estar afastadas das paredes, no mínimo, 45 cm;
- As pilhas de sacos, devem altura máxima de 1,5 metros, quando o
empilhamento for manual, para facilitar o manuseio e evitar acidentes;
- O armazenamento deve ser feito de forma que evite a obstrução de
portas, equipamentos contra incêndio, saídas de emergências, não dificulte a
manipulação, o trânsito e a iluminação;
- O armazenamento deve ser feito respeitando os requisitos de
segurança especiais a cada tipo de material;
- “Primeiro que entra é o primeiro que sai” (PEPS). As matérias-primas
ensacadas devem receber maiores cuidados quanto à identificação dos rótulos
e lotes, principalmente para os medicamentosos, aditivos e micro minerais, que
devem ser cuidadosamente identificados para evitar o uso indevido.
Os ingredientes devem ser armazenados em condições que garantam a
proteção contra a contaminação e reduzam ao mínimo as perdas da qualidade
nutricional e deteriorações (Sindirações, 2002). A conservação da matéria-prima
requer procedimentos rigorosos e pode ser o ponto de limitação para a
fabricação dos produtos (SANTOS, 1993).
11
4. RELATÓRIO DE ESTÁGIO
O estágio supervisionado foi realizado na empresa Rico Nutrição Animal
localizada no distrito industrial Cuiabá – MT, durante o período de março a abril
de 2015.
No mercado há 10 anos a empresa é especializada na produção de
suplementos minerais para bovinos de corte e de leite, e rações para bovinos,
ovinos, equinos, aves e suínos, com qualidade assegurada. Sempre investindo
em pesquisas, desenvolvimento de produtos e tecnologia, mantêm-se atualizada
no mercado nacional e internacional de produtos agropecuários, a fim de fornecer
o melhor produto. Tem como missão oferecer soluções em Nutrição Animal de
modo a garantir um bom desempenho ao produtor, oferecendo produtos e
serviços confiáveis e de qualidade elevada, gerando retorno aos acionistas (RICO
NUTRIÇÃO ANIMAL, 2005).
A empresa tem forte mercado em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul,
possui uma única fábrica e distribui seus produtos, através de representantes
de vendas, por todo país. A fábrica hoje possui linha única de produção para
mistura (com capacidade de produção 1 tonelada por mistura) e uma peletizadora
(com capacidade de armazenamento de 2 toneladas) (Figura 1). A fábrica
produz em média 90 toneladas por dia, sendo uma das grandes vertentes da
empresa a rápida e eficiente produção em grande volume.
O estágio decorreu no setor de Controle de Qualidade da fábrica de
ração, visando acompanhar e desempenhar as funções do analista de qualidade.
A fábrica como um todo desempenha suas funções com base em Procedimento
Operacional Padrão (POP) e todas as atividades possuem um procedimento que
se caracteriza como modelo a ser seguido para o controle do funcionamento da
fábrica e garantia na qualidade do produto final.
O controle é baseado nas exigências do Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento – MAPA e nas Boas Práticas de Fabricação – BPF.
13
5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO
As atividades foram desenvolvidas a fim de acompanhar desde a
recepção e armazenamento das matérias-primas (ANEXO 1) e o fluxo de
produção da fábrica.
5.1. Sistema de Recebimento e Armazenamento de Grãos e Farelos
A carga contendo grãos ou farelo chegava à empresa através de
caminhões a granel, os quais permaneciam na área externa até que fosse
feita a amostragem do produto. Se verificado que a carga enquadrava-se nos
padrões de qualidade da empresa Rico Nutrição Animal, o caminhão era
encaminhado à balança rodoviária da empresa, o motorista do caminhão era
recepcionado pelo faturista o qual recebia a nota fiscal, identificava o motorista e o
veículo, fornecedor, e o peso previsto da carga. Após esse procedimento era
entregue ao motorista a nota fiscal e um check list (ANEXO 2) que deveria ser
preenchido pelo analista de qualidade.
Após a entrada do caminhão na fábrica era feita uma inspeção externa e
interna do veículo:
Inspeção externa – realizada na chegada da carga. Verificava-se:
- A existência de vazamentos, frestas ou rachaduras na caçamba;
- Se a condição de limpeza do veículo era adequada;
- Se a carga estava totalmente coberta com lona;
- Se a lona era adequada para uso (íntegra, sem furo e limpa).
Inspeção interna – realizada durante a amostragem e descarga. Verificava-
se:
- Se a carga estava ausente de contaminantes, como produtos
químicos, óleos, sementes, insetos, mofos e bolores;
- visualmente se a Coloração e Granulometria estavam de acordo com as
especificações técnicas das matérias primas;
- Se o milho e r a tipo grão duro de coloração Amarela clara, vistoso e
14
sem furos, de aspecto homogêneo em tamanho e cor;
- Se o Sorgo era branco ou vermelho amarronzado, vistoso e sem furos,
grãos de aspecto homogêneo em tamanho e cor;
- Se o Farelo de soja apresentava granulometria farelo fino de cor
amarelo claro e cheiro característico;
- Se o Farelo de algodão apresentava granulometria farinhada de cor
marrom escuro e cheiro característico.
O caminhão era pesado junto com a carga, e após a descarga o
caminhão era pesado novamente para que fosse obtido por diferença do peso
total (carga + caminhão), o peso da carga. Assim, se houvesse diferenças
significativas o faturista informava ao analista de qualidade sobre a avaria, em
seguida verificava-se se havia sobras de matéria prima no veiculo. Se a carga
estivesse em condições não conformes, o fornecedor era comunicado para que
ambas as partes avaliassem a melhor forma de reparação o prejuízo.
5.2. Amostragem
5.2.1. Milho e Sorgo
A coleta de amostra era feita no mínimo em três pontos diferentes da
caçamba do caminhão. A amostragem era feita manualmente por meio de um
calador graneleiro (Figura 2) que continha em sua estrutura 14 entradas diferentes
para coleta, as quais possibilitavam que a amostragem fosse feita em diferentes
perfis da carga. As amostras eram depositadas em um saco de liner. Após esse
procedimento a amostra era encaminhada ao laboratório de análises, no qual,
ocorria uma homogeneização da amostragem e posteriormente era coletada uma
nova amostra para realização das análises.
15
Figura 2. Calador Graneleiro (A) para coleta de amostra (B)
Fonte: Acervo pessoal
5.2.2. Farelo de Soja e Farelo de Algodão
A amostragem era feita manualmente, com a retirada de 14 amostras, em
pontos aleatórios de forma que a amostra pudesse ser representativa. As
amostras eram depositadas em um saco de liner e enviadas ao laboratório de
análises, no qual, ocorria uma homogeneização da amostragem e era coletada
uma nova amostra para realização das análises.
5.3. Análises
As matérias primas eram analisadas quanto ao teor de umidade,
temperatura, impurezas e infestação por insetos.
As análises de umidade, temperatura e impurezas eram feitas
automaticamente através do aparelho determinador de umidade – MOTOMCO
919FOB, o grau de infestação era feito visualmente (Figura 3).
A empresa estabeleceu um padrão de qualidade para o aceite de grãos
e farelos, assim qualquer valor de analise que desviasse dos padrões (Tabela 4)
era caracterizado como não conforme, e ficando a critério do Responsável técnico
analisar as variáveis, e receber ou não produtos com valores diferentes do
padrão estabelecido.
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Figura 3. Análise dos alimentos na empresa Rico Nutrição Animal utilizando o equipamento MOTOMCO 919FOB
Fonte: Acervo Pessoal
Tabela 4. Especificações Técnicas para analises no recebimento de milho, sorgo, farelo de soja e farelo de algodão
Matéria Prima Temperatura ºC (max)
Umidade % (max) Impureza % (max)
Grau de infestação
Milho 39 14 0,9 zero Sorgo 39 14 0,9 zero Farelo de soja 39 14 0,9 zero Farelo de algodão - - - zero
Fonte: Empresa Rico Nutrição Animal
Se houvesse alguma não conformidade nos resultados das análises e
dependendo do desvio padrão o grão ou farelo poderiam ainda ser aceitos.
Nesse caso era preconizado sua a utilização rápida, a fim de evitar a
proliferação de microrganismos e insetos, e perda na qualidade bromatológica
do produto.
Caso houvesse variação na quantidade de impureza, primeiramente levava
em consideração se a mesma não era proveniente de grãos quebrados, pois essa
característica física não causa grandes prejuízos à qualidade do grão e do
produto final, haja vista que os grãos antes da mistura passam pelo processo de
moagem.
O aparelho determinador de umidade MOTOMCO 919FOB não analisa
farelo de algodão, assim a análises feitas pela empresa neste produto eram
realizadas visualmente. Assim, eram verificados grau de impureza e de infestação
por insetos, nas quais, levava-se em consideração a presença de outros grãos,
pedaços de planta, brita, areia e insetos em relação a quantidade analisada,
impureza era tolerado até 0,9% da amostra, e a presença de insetos não é
tolerada para nenhuma das matérias primas. Para essa matéria prima, a empresa
17
exigia do fornecedor um laudo de análise atualizado o qual deveria vir anexado a
Nota Fiscal da carga.
Após as análises a amostra era identificada e armazenada para servir de
contraprova para qualquer eventual problema com o produto final (Figura 4).
Figura 4. Armazenamento de amostras de matéria prima na empresa Rico Nutrição Animal
Fonte: Acervo pessoal
5.4. Armazenamentos de Grãos e Farelos
5.4.1. Grãos
Os grãos eram descarregados na moega e encaminhados para os silos
(Figura 5) ou diretamente para as tulhas na linha de produção. Os silos eram
exclusivos para as culturas de milho e sorgo, possuindo capacidade máxima de
estocagem diferente, pois além da granulometria e o peso serem diferentes, o
sorgo tem forma física arredondada menor que a do milho e a altura do silo do
sorgo era maior. O silo que armazenava sorgo possuía capacidade para 640
toneladas, já o silo que armazenava milho possuía capacidade de armazenar 560
toneladas.
5.4.2. Farelos
O Farelo de soja era descarregado na moega e encaminhado diretamente
para a caixa Tulha que tenha capacidade de armazenamento máxima de 25
toneladas. Já o farelo de algodão possuía armazém físico separado com área de
50 m², com capacidade máxima de 54 toneladas (Figura 6).
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Figura 5. Estrutura física dos silos na empresa Rico Nutrição Animal
Fonte: Acervo pessoal
Figura 6. Estrutura física do armazém com farelo de algodão estocado
Fonte: Acervo pessoal
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5.5. Recebimento e Armazenamento de Minerais
5.5.1. Minerais mais Utilizados
Os macro e micro minerais eram adquiridos pela empresa em sua forma
inorgânica e desta maneira adicionados aos produtos como:
- Macrominerais
Cálcio (Ca) – Carbonato de Cálcio (CaCO3) e óxido de cálcio (CaO)
Fósforo (P) – Fosfato (PO4-3)
Potássio (K) – Cloreto de Potássio (KCl)
Sódio (Na) e Cloro (Cl)– Cloreto de Sódio
(NaCl) Magnésio (Mg) – Sulfato de Magnésio
(MgSO4) Enxofre (S) – Flor de enxofre
- Microminerais:
Cobalto – Sulfato de
Cobalto Zinco – Sulfato de
Zinco Ferro – Sulfato de
Ferro Cobre – Sulfato de
Cobre
Manganês – Sulfato de
Manganês Iodo – Iodato de
Potássio
Selênio – Selenito de
Sódio Cromo
5.5.2. Fósforo e Cálcio
O aceite da carga de Fosfato e Calcário Calcítico era feito pelo controle
de qualidade e a carga só seria recebida se a mesma estivesse envelopada e
lacrada (Figura 7) além de conter junto à nota fiscal um laudo de análise do
produto. As análises que deveriam constar no laudo eram quantidade de fósforo e
cálcio, umidade e flúor.
A empresa Rico Nutrição tinha como exigência que os resultados do laudo
20
de análise deveriam estar dentro dos níveis de garantia do fornecedor e das
quantidades mínimas previstas pelo MAPA. Além disso, para o controle da
qualidade era preenchido um check list, no qual, eram informadas as condições
físicas e de limpeza do caminhão, e qualquer não conformidade como frestas e
buracos no caminhão, presença de mancha de óleo, mistura de matéria prima ou
qualquer outro objeto não desejável na a carga, cor e granulometria diferente
do padrão do fornecedor era anotado e repassado para o Responsável Técnico
para que o mesmo pudesse tomar as medidas cabíveis.
Figura 7. Carga com lacre e lona sendo recepcionada na empresa Rico Nutrição Animal
Fonte: acervo pessoal
Nessas matérias primas a maior possibilidade de alteração poderia ser na
cor, pois, depende da rocha onde é extraída os minerais. E esse fator, que
parece pequeno, na verdade se torna um agravante na comercialização do
produto final, pois muda a característica visual do produto se tornando na
primeira reclamação do cliente.
A empresa possui armazém exclusivo para essas matérias primas, pois
esses minerais são incluídos em alta concentração nos suplementos minerais. A
forma física de estocagem era em galpão com 60m² para Calcário com
capacidade de 180 toneladas e 59,63m² para o Fosfato com capacidade de 134
toneladas.
5.5.3. Magnésio, Enxofre, Sódio, Cloro, Potássio e Microminerais
As matérias primas: magnésio, enxofre, sódio, cloro, potássio, cobaldo zinco,
ferro, cobre, manganês, selênio e cromo eram fornecidas a empresa Rico Nutrição
21
Animal em pequenas quantidades, pois a inclusão nas dietas é baixa. Assim, a
compra dessas matérias primas ocorria em espaço de tempo maior se comparado
ao cálcio e fosforo. As matérias primas eram adquiridas em sacos de 25kg e
necessitavam de estoque menor se levasse em consideração cada elemento, no
entanto esses minerais, pela forma de comercialização ser em sacos devidamente
identificados com lote, prazo de validade e níveis de garantia, e ser fornecido em
pequenas quantidades, podem ser armazenados no mesmo espaço físico.
O controle de qualidade tinha como responsabilidade receber e acondicionar
os minerais, assim o aceite da carga era feito após a inspeção do lote, data de
fabricação, data de validade, inspeção externa e interna do veículo e
verificação do laudo de análise o qual deveria estar de acordo com os níveis de
garantia previstos no rótulo do produto. Após essas verificações, era realizada a
contagem dos sacos, para saber se a quantidade em quilos informada em nota
fiscal era a mesma recebida.
Após esses procedimentos a carga era descarregada e os sacos eram
acondicionados no depósito da fábrica. Os sacos eram colocados em cima de
paletes de madeira ou plástico, de forma empilhada com altura de até 1,5 m, de
forma que a pilha não encostasse na parede e os sacos não tivessem contato
com o chão, para evitar umidade no material. As pilhas eram identificadas para
que não houvesse erro na hora da manipulação para pesagens dos produtos
(Figura 8).
Figura 8. Acondicionamento de macro e micro minerais na empresa Rico Nutrição Animal
Fonte: Acervo pessoal
22
5.6. Produção
A fabricação dos produtos era regida por um operador de painel de
controle dos maquinários (Figura 9), responsável pela dosagem correta das
matérias primas. A dosagem é feita com base na Instrução de Trabalho (IT), feita
pela empresa Rico Nutrição Animal, de acordo as especificações do MAPA. Na
Instrução de Trabalho continha as matérias primas e suas quantidades referentes
ao produto que seria produzido, as matérias primas dosadas pelo operador eram
sorgo moído, milho moído, farelo de soja moído, farelo de algodão, fosfato,
calcário, ureia e sal moído.
A produção começava na passagem dos ingredientes contidos em caixas
armazenadoras para o moinho, no caso de grãos e farelos, ou direto na balança
para as demais matérias-primas. Os ingredientes eram pesados de acordo com
as dosagens previstas na Instrução de Trabalho e após a pesagem os
ingredientes eram transferidos ao misturador quem tinha como tempo de
mistura 3 minutos. Por fim o material era peneirado e então estava apto a ser
ensacado.
Durante a produção de qualquer produto era retirada uma amostra para
controle da qualidade do produto e durante seu prazo de validade, esta servia
de contra-prova para qualquer eventual problema com o produto final.
Figura 9. Painel de controle da fábrica na empresa Rico Nutrição Animal
Fonte: Acervo pessoal
23
5.7. Limpezas dos Maquinários
Para que a ração, suplemento mineral, núcleo ou premix fosse produzido,
todo o cronograma de limpeza dos maquinários deveria estar dentro do padrão
previsto pela empresa. Havia limpezas feitas semanalmente, mensalmente,
trimestralmente e anuais.
As limpezas semanais eram feitas nos maquinários que possuíam maior
utilização. Nestes há tendência maior de acúmulo de ingredientes e sujidades em
suas engrenagens como era o caso da moega, balança dosadora, misturador,
peneira, pé do elevado da balança, pulmão de ensaque e roscas.
As limpezas previstas mensalmente eram feitas nos maquinários que
poderiam acumular ingredientes como tubo exaustor e filtro de manga.
A limpeza feita a cada três meses correspondia às caixas de
armazenamento de grãos moídos.
A limpeza anual deveria ser realizada nos silos, no período de entre safra.
Para fabricação de produtos que tivessem ingredientes diferentes era
realizada limpeza somente na linha de produção com a finalidade de evitar
contaminação cruzada e a proliferação de micro-organismos a partir da mistura
dos ingredientes. A limpeza era feita através da passagem de 40kg de milho +
40kg de calcário.
5.8. Controle de Pragas
O controle de pragas era realizado a fim de evitar a perda da qualidade de
grãos e farelos. O inseto comumente encontrado é o Sitophilus zeamais (caruncho
dos careais), este consomem os nutrientes digestíveis totais (NDT) de grãos e
farelos, são altamente prolíferos e seu ciclo completo leva em média 35 dias
(Correa et al. 2012), em condições de calor e alta umidade, a qual é geralmente
encontrada nos locais de armazenamento devido a alta pressão da massa de
grãos, situação agravada em regiões de clima quente e úmido. Para eliminar
pragas como esta, o controle da empresa Rico Nutrição Animal era feito através
de expurgos, o qual consistia na aplicação de componentes químicos que
impedem a proliferação dos mesmos.
Os expurgos eram feitos nas caixas armazenadoras (tulhas e silos) e
24
realizados sempre que necessário ou a cada três meses. Sintomas comuns de
proliferação de insetos eram infestação de carunchos no exaustor próximo a boca
de ensaque, insetos presente na parede das caixas de armazenamento, grãos
que levavam tempo maior para serem moídos e cheiro forte no produto final, o que
caracterizava pontos de umidade dentro das caixas. Sendo assim, o controle de
qualidade realizava inspeções semanais nas áreas de pontos críticos, a fim de
evitar perda na qualidade do produto final. O expurgo era feito através de produto
químico contendo como princípio ativo a Fosfina (PH3).
A Fosfina é um gás sem cor e insípido, tem baixo peso molecular e baixo
ponto de ebulição e é somente 1,2 vezes mais pesada que o ar, o que permite
misturar ao ar sem o sistema de recirculação, o que se torna vantajoso, pois o
gás tem dispersão rápida podendo assim ser manipulado em lugares totalmente
fechados. A fosfina age na interrupção da respiração dos insetos, possui resíduo
mínimo após aeração, e não interfere na qualidade dos grãos. O produto químico
em formato de pastilhas é colocado sobre os alimentos e a quantidade utilizada
para eliminar completamente o foco da população de pragas é de 3 pastilhas por
tonelada de alimento com duração de exposição de 3 a 7 dias (CORREA et al.
2012).
5.9. Controle de Temperatura no Silo
A necessidade de aeração nos silos era feita com base na temperatura
interna e externa do silo e a na umidade externa local. Através da diferença entre
as temperaturas externa e interna tem-se a temperatura desejada para verificação
da necessidade de aeração junto com a umidade externa. Os dados obtidos no
cálculo eram referência para interpretação de um gráfico que define o grau de
termometria do silo e a necessidade de aeração (ANEXO 3).
O controle de temperatura era realizado por um sistema de aparelhagem e
software chamado Portable Automatic. No silo havia 3 pêndulos contendo 5
sensores termométricos em cada pêndulo, distribuídos internamente para amostrar
a temperatura do silo como um todo. O software gerava a análise da temperatura
em todos os pontos dos pêndulos, e também gerava a média das temperaturas do
silo. A empresa Rico Nutrição Animal tinha como referência a média das
temperaturas e utilizava esta para interpretação do gráfico de necessidade de
25
aeração.
A empresa seguia este procedimento padrão, mas o fato do software gerar
diferentes temperaturas no silo pode ser proveitoso ao controle de qualidade, pois
o silo normalmente não está completamente cheio e os grãos ficam dispersos
em forma de cone dentro do silo, formando um oco no meio, decorrente do
processo de retirada dos grãos através de uma rosca na base do silo. Sendo
assim, consegue-se saber como estão dispostos os microclimas dentro do silo, e
esses pontos de temperatura poderiam entra em análise, ajudando na decisão
de necessidade de aeração.
26
6. CONCLUSÃO
O controle de qualidade de matérias primas é primordial a fabricação de
ração, pois através dele é possível evitar o desperdício, atender fielmente a
formulação da ração e garantir um produto de qualidade, acarretando melhor custo
benefício à empresa.
27
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas indústrias de ração localizadas em Cuiabá-MT e redondezas, um
empasse grande é o fornecimento de minerais, pois são advindos de outras
regiões do País o que torna o frete bem mais caro, sendo necessária a compra de
cargas fechadas o que encarece o custo de produção. Este problema força muitas
empresas a fazer uso de matérias primas que tenham custo mais barato e muitas
vezes não apresentam um controle adequado da qualidade.
A empresa Rico Nutrição Animal conta com o fornecimento de matéria
primas de empresas idôneas certificadas com SIF- Sistema de inspeção Federal,
e laboratórios de análise que garantem laudos de acordo com o lote comprado
pela empresa, o que torna possível rastrear qualquer produto fornecido.
Conforme especificado no trabalho a qualidade das matérias é muito
importante para garantir a qualidade do produto final, mas isso só é possível se o
sistema de produção como um todo tiver capacidade para realizar o processo
produtivo adequadamente. A disposição dos maquinários deve ser adequada,
levando-se em consideração quais os tipos de matérias primas são utilizadas pela
fábrica e facilidade de manipulação dos operadores de forma que facilite o
processo produtivo e otimize o tempo de produção.
A capacidade de produção é outro ponto relevante, pois se cumprida evita a
rápida depreciação dos maquinários, caso a capacidade exceda há um grande
desgaste das engrenagens e as etapas de produção não são cumpridos
adequadamente, acarretando problemas como a paralisação da linha. O acúmulo
excessivo de matéria prima nos maquinários aumenta a chance de contaminação
cruzada, a proliferação de microorganismos e insetos e a redução da vida útil dos
equipamentos. Sendo assim, é muito importante que a fábrica opere dentre da
capacidade de produção para alcançar a qualidade desejada e diminuir custos
com desperdícios de matéria prima.
A peletização de produtos, de forma simplificada, consiste em um processo
de compressão da ração farelada para transformação em pelete. Para que o
28
controle de qualidade nessa etapa seja adequado, todo o processo deve ser
avaliado com rigor, pois muitos modelos de maquinários que realizam esse
processo deixam a desejar no quesito custo/benefício, pois não proporcionam o
aproveitamento adequado da ração. A capacidade máxima de operação deve ser
respeitada, pois o desperdício no processo pode ser grande. Para que o pelete
seja formado há necessidade da incorporação de aglutinante na ração. Se a
peletizadora não estiver operando adequadamente o gasto com esse produto será
bem maior e não resolverá o problema, pois a força necessária para
transformação em pelete não será suficiente para manter a integridade do mesmo,
isso faz com que o a perda por esfarelamento seja muito maior se a capacidade de
produção não for respeitada.
Outro ponto crítico no processo produtivo é a armazenagem das matérias-
primas, que devem estar dispostas levando em consideração a destinação final, ou
seja, a categoria animal que irá consumir o produto. O armazenamento adequado
evita a deterioração do produto e também a contaminação cruzada que poderia
causar intoxicação no animal.
Sendo assim, pode-se dizer que o trabalho realizado pelo controle de
qualidade pode ser feito pelo profissional de zootecnia, pois as análises e
procedimentos em geral são de conhecimento da área, assim como a
formulação e todo procedimento produtivo dentro da fábrica.
O estágio teve grande relevância na minha formação acadêmica, pois, foi
possível a minha capacitação em controle de qualidade de alimentos para
destinação animal. Também aprendi como todo processo ocorre e o quão
complexo é, além disso, pude lidar com pessoas de diferentes graus de
entendimento sobre a área, e cada uma delas me ensinou um pouco do que foi
abordado em todo trabalho.
29
REFERÊNCIAS
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30
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WEBER, E. Armazenagem agrícola. 2ªed. Guaíba, RS: Agropecuária, 2001. 396.
31
ANEXOS
Anexo 1: Fluxograma Recebimento de Matéria-Prima da empresa Rico
Nutrição Animal
Fonte: Rico Nutrição Animal, com modificações.
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