universidade federal de sergipe prÓ … balance (shnh). more studies are necessary to clarify the...
Post on 01-Jul-2018
215 Views
Preview:
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
MESTRADO EM CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS
PATRICIA RABELO DOS SANTOS
EXPRESSÃO DO FATOR DE TRANSCRIÇÃO NUCLEAR
κB (NF-κB) EM NEURÔNIOS OCITOCINÉRGICOS DE
RATOS SUBMETIDOS À SOBRECARGA SALINA:
INFLUÊNCIA DA DEXAMETASONA
SÃO CRISTÓVÃO
2014
i
PATRICIA RABELO DOS SANTOS
EXPRESSÃO DO FATOR DE TRANSCRIÇÃO NUCLEAR
κB (NF-κB) EM NEURÔNIOS OCITOCINÉRGICOS DE
RATOS SUBMETIDOS À SOBRECARGA SALINA:
INFLUÊNCIA DA DEXAMETASONA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas da
Universidade Federal de Sergipe como requisito à
obtenção do grau de Mestre em Ciências
Fisiológicas
Orientador: Prof. Dr. Daniel Badauê Passos Junior
Co-Orientador: Prof. Dr. Leandro Marques de
Souza
SÃO CRISTÓVÃO
2014
ii
iii
PATRICIA RABELO DOS SANTOS
Orientador: Prof. Dr. Daniel Badauê Passos Junior
Co-Orientador: Prof. Dr. Leandro Marques de Souza
___________________________________________________________________
1° Examinador: Prof. Dr. Leandro Marques de Souza
_____________________________________________________________
2° Examinador: Prof. Dr. Enilton Aparecido Camargo
_____________________________________________________________
3° Examinador: Prof. Dr. André dos Santos Mecawi
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-graduação em
Ciências Fisiológicas da Universidade
Federal de Sergipe como requisito à
obtenção do grau de Mestre em
Ciências Fisiológicas.
iv
AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus, SENHOR e consumador de todas as coisas, pela vida, sustento diário,
providência e capacitação. Sei que posso todas as coisas, pois o SENHOR me fortalece, e o
mestrado foi prova disso.
Aos meus pais, Osvaldo Henrique e Eliene, por terem sempre me proporcionado bases sólidas
de caráter, moral e educação. Obrigada pelo apoio, amor e carinho, incondicionais. Por
sempre acreditarem nos meus sonhos e permitir que eu alce voos, cada vez maiores e mais
independentes, ainda que para isso eu precise estar longe da convivência cotidiana. Eu os
amo!
Aos meus irmãos, Alan e Thaline, pelo amor puro e desprovido de interesses próprios. A
certeza de contar com vocês, incondicionalmente, é sempre uma força que propulsiona minha
vida, minhas decisões e empreitadas profissionais e pessoais. Este êxito é, também, de vocês!
Ao meu orientador, Daniel Badauê, por proporcionar, sem acepção, a oportunidade, à uma
então desconhecida, de realização de um sonho: o ingresso no mestrado. Desde então, a
caminhada foi preenchida por aprendizados diários, cada um singular e com fortes
implicações na construção de minha carreira profissional. Obrigada pelo apoio e orientação
durante todo o processo.
Ao meu co-orientador, Leandro Marques, por dispor, prontamente, parte de seu projeto para
ser desenvolvido por mim. Agradeço, também, o aceite em co-orientar esse trabalho e a
disponibilidade de sempre.
Aos amigos do Laboratório de Neuroendocrionologia Básica e Comportamental (LANBAC),
por terem caminhado junto comigo durante todo esse tempo, auxiliado na execução dos
procedimentos experimentais e vibrado pelo sucesso sempre e, principalmente, quando tudo
tornou-se mais difícil, quase impossível, de acontecer. À Belle, Dani, Dênia, Iura e Júlio, pós-
graduandos. Aos alunos de iniciação científica, Demetrius, Laís, Marília e Saulo. Em especial,
à amiga LANBAC Camila, que agrega muito valor à minha vida profissional e pessoal. És
muito querida!
Especialmente, minha eterna gratidão ao Dr. José Antunes Rodrigues, chefe do Laboratório de
Neuroendocrinologia da Faculdade de Medicina da USP/Ribeirão Preto, pela gentileza em
disponibilizar todo o aparato físico e humano de seu laboratório para que uma parte crucial
dos experimentos pudesse ser desenvolvida. Obrigada por ter proporcionado uma
oportunidade de êxito da pesquisa.
Ao André Mecawi, pós-doutorando do Laboratório de Neuroendocrinologia da Faculdade de
Medicina da USP/Ribeirão Preto, por ter me recebido de uma forma surpreendente e feito-me
sentir melhor ambientada. Foram mínimos e grandes gestos de cuidado que não terei como
descrever aqui e recompensar. Que Deus, então, o faça. Agradeço-lhe, também, e mais ainda,
v
pelo grande auxílio no planejamento e condução dos procedimentos técnicos,
proporcionando-me grandes ensinamentos.
Ao Rubinho (USP/Ribeirão Preto), que me recepcionou tão bem em seu ambiente de trabalho
e esteve sempre disposto a ajudar no manuseio do criostato e obtenção dos cortes utilizados
no presente estudo. Destaco a sua excelência em tudo o que faz. Meu muito obrigada!
Ao Fernando Cunha e Terezila (USP/Ribeirão Preto), por terem cedido os anticorpos contra a
subunidade p65 do NF-κB, utilizados durante o estudo.
Ao Professor Waldecy de Lucca, por disponibilizar a estrutura do Laboratório de Biologia
Celular (física e laboral), que está sob a sua chefia, para a realização dos experimentos.
Às amigas de república, Ivana, Sheilinha e Maíra, pela convivência e amizade que foram um
grande presente!
Às amigas que ganhei na pós-graduação, Camilinha e Rosana, e foram continuar a realização
de seus sonhos em outros locais, mas permanecem em minha vida! Obrigada por tudo!!!
Vocês são exemplos para mim!
Aos grandes amigos Ana Carla, Camila, Cibelle, Edênia, Fabíula, Katty, Larissa, Lívia,
Mateus, Priscila, Rafael e Renan. Essa caminhada de vida diária e científica não seria a
mesma sem a presença marcante e as contribuições de vocês. Não tenho palavras que possam
descrever o quão feliz sou em tê-los.
Ao Gerson, grande amigo e incentivador do ingresso no mestrado. Obrigada por me ajudar a
enxergar possibilidades mais abrangentes de vida profissional! Sei que não foi uma tarefa
fácil mas valeu a pena, pois me encontrei verdadeiramente nesse caminho que escolhi! Seu
apoio, paciência e companheirismo foram fundamentais para que eu conseguisse o êxito, tanto
no processo de seleção e ingresso quanto em boa parte da caminhada da pós-graduação. Que
Deus te recompense por tudo!
vi
RESUMO
EXPRESSÃO DO FATOR DE TRANSCRIÇÃO NUCLEAR - κB (NF-κB) EM
NEURÔNIOS OCITOCINÉRGICOS DE RATOS SUBMETIDOS A
SOBRECARGA SALINA: INFLUÊNCIA DA DEXAMETASONA, Patricia
Rabelo dos Santos, São Cristóvão, 2013. O sistema hipotálamo neuro-hipofisário (SHNH) é o
principal sistema pelo qual o cérebro mantém a homeostase dos líquidos corporais.
Especificamente, os núcleos supra-óptico (SON) e paraventricular (PVN) do hipotálamo estão
diretamente envolvidos com o controle do balanço hidroeletrolítico e são especializados na
síntese e secreção de vasopressina (AVP) e ocitocina (OT). Alterações no milieu intérieur são
vistas como estressoras pelo sistema nervoso central (SNC) e moduladas pelo eixo
hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA). O fator de transcrição nuclear kappa B (NF-κB) é
conhecido por mediar os efeitos imunossupressores e anti-inflamatórios dos glicocorticoides.
Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi verificar o perfil de expressão do componente
p65 da via clássica do NF-κB em neurônios ocitocinérgicos do PVN e SON, em resposta à
desidratação crônica, associada, ou não, ao tratamento com glicocorticoides. Métodos: Ratos
wistar (250-300 g) foram mantidos em ambiente com temperatura (23 ± 2ºC) e luminosidade,
ciclo claro-escuro de 12 horas (luz das 6 às 18 horas), controladas, com água e ração
específica para roedores (Labina®- Purina) ad libitum até o início dos experimentos. Todos os
procedimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Animais da UFS
(Protocolo # 60/2012). Os animais foram divididos de modo a constituir os grupos Controle
(ratos com acesso à água ad libitum, durante quatro dias, n = 6 - 7); Controle + Dexa (ratos
com acesso à água ad libitum, durante quatro dias, e tratados com dexametasona, n = 6 - 7);
SL4 (ratos com acesso à sobrecarga salina ad libitum, solução de NaCl 1,8%, durante quatro
dias, n = 6 - 7); SL4 + Dexa (ratos com acesso à sobrecarga salina ad libitum, NaCl 1,8%,
durante quatro dias e tratados com dexametasona, n = 6 - 7). A dexametasona (10 mg / kg,
i.p.) foi administrada apenas no 4º dia, 12h e 2 h antes da perfusão para coleta do cérebro e
realização da dupla imunofluorescência OT/p65 ou eutanásia para coleta de sangue do tronco
e posterior dosagem de angiotensina II (ANGII). Os dados comportamentais e de dosagem
hormonal obtidos foram submetidos ao teste ANOVA de duas vias e pós-teste Bonferroni. Os
resultados obtidos da imuno-histoquímica, para a marcação de neurônios expressando
ocitocina e/ou p65, foram submetidos à avaliação qualitativa. Verificou-se que os animais
SL4 ingeriram mais fluido que seus controles, no segundo (p < 0,01), terceiro (p < 0,001) e
quarto (p < 0,001) dia experimental. A SL4 elevou a concentração plasmática de ANGII (p <
0,01). A análise qualitativa da dupla imunofluorescência OT/p65 no PVN e SON revelou uma
fraca imunorreatividade à ocitocina nos grupos SL4 e SL4 + Dexa, quando comparados aos
grupos Controle e Controle + Dexa. Observou-se expressão da subunidade p65 do NF-κB em
todas áreas hipotalâmicas estudadas, com imunorreatividade predominantemente
citoplasmática em todos os grupos. Estes dados mostram que a subunidade p65 do NF-κB está
presente em neurônios ocitocinérgicos das principais áreas hipotalâmicas que integram os
eixos do estresse (HHA) e do equilíbrio hidroeletrolítico (SHNH). Mais estudos são
necessários a fim de esclarecer sobre a real participação da via intracelular do NF-κB evocada
pela desidratação intracelular, nos ajustes hidroeletrolíticos endócrinos e comportamentais.
Palavras chave: p65/RelA, ocitocina, dexametasona, sobrecarga salina, núcleo supra-óptico,
núcleo paraventricular.
vii
ABSTRACT
EXPRESSION OF NUCLEAR TRANSCRIPTION FACTOR - κB (NF-κB) IN RAT
OCXYTOCINERGIC NEURONS SUBMITTED TO SALT LOADING: THE INFLUENCE
OF DEXAMETHASONE, Patricia Rabelo dos Santos, São Cristóvão, 2013.
The hypothalamic-neurohypophysial system is the main system through which the brain
maintains homeostasis of bodily fluids. Specifically, the supraoptic (SON) and paraventricular
(PVN) hypothalamic nuclei are directly involved with hydroelectrolytic equilibrium and are
specialized in the synthesis and secretion of vasopressin and oxytocin (OT). Changes in the
milieu intérieur are conceived as stressors by the central nervous system (CNS) and are
modulated by the hypothalamic-pituitary-adrenal axis (HPA). Nuclear transcription factor
kappa B (NF-κB) mediates immunosuppressant and anti-inflammatory of glucocorticoids.
Thus, the aim of this study was to verify the expression profile of component p65 of the NF-
κB classical pathway in SON and PVN oxytocinergic neurons in response to dehydration,
glucocorticoid treatment, and in normal conditions. Methods: Wistar rats (250-300g) were
maintained in controlled environment with temperature (23 ± 2ºC), light/dark cycle of 12
hours and water and food specific for rodents ad labitum until the beginning of experimental
period. All procedures were approved by Ethical Comitee of Research with Animals from
UFS (Protocol # 60/2012). Animals were grouped into Control (water ad libitum for 4 days, n
= 6-7); Control + Dexa (water ad libitum and treated with dexamethasone, n = 6-7); SL4 (salt
overloading ad libitum, 1.8% NaCl for 4 days, n = 6-7); SL4 + Dexa (salt overloading ad
libitum, 1.8% NaCl for 4 days and dexamethasone, n = 6-7). Dexamethasone (10 mg/kg i.p.)
was administered 12 and 2 hours before perfusion and removal of brains for OT/p65
immunofluorescence, or before sacrifice for blood sampling and angiotensin II (ANGII)
dosage. We applied two-way ANOVA and Bonferroni posthoc test to analyze behavioral and
hormonal dosage data. Results obtained from imunohistochemestry for evaluation of oxytocin
and/or p65 neuronal activity, were subjected to qualitative evaluation. We verified SL4
animals ingested more fluid than control, on second (p<0.01), third (p<0.01) and forth
(p<0.001) experimental day. SL4 also increased plasmatic concentration of ANGII (p<0.01).
Qualitative analysis of double labeling OT/p65 on PVN and SON revealed a weak
immunoreactivity for oxytocin on SL4 and SL4 + Dexa groups, when compared to control
and Control + Dexa groups. Was observed expression of p65 subunit of NF-κB in all
hypothalamic studied areas, with predominant cytoplasmic imunoreactivity in all groups.
These data demonstrate that p65 subunit of NF-κB are present in oxytocinergic neurons from
the most important hypothalamic areas that integrates the stress axis (HPA) and
hidroelectrolyte balance (SHNH). More studies are necessary to clarify the real participation
of NF-κB intracellular pathway evoked by intracellular dehydration on endocrines and
behavioral hidroelectrolyte adjustments.
Keywords: p65/ReL, oxytocin, dexamethasone, salt loading, supraoptic nucleus,
paraventricular nucleus.
viii
LISTA DE FIGURAS E TABELAS
Figura 1: Figura representativa do sistema hipotálamo neuro-hipofisário. Adaptada de Hazell
et al. (2012). ............................................................................................................................... 4
Figura 2: Via clássica de ativação do fator de transcrição NF-κB e seus mecanismos de
regulação. Modificada de Mattson (2005). ............................................................................... 14
Figura 3: Delineamento experimental do Protocolo I. ............................................................. 19
Figura 4: Delineamento experimental do Protocolo II ............................................................. 21
Figura 5: Influência da indução da hiperosmolaridade crônica e do tratamento com
dexametasona no 4° dia experimental na massa corpórea de ratos.. ....................................... 28
Figura 6: Perfil de ingestão de fluidos do protocolo de indução hiperosmótica e do tratamento
com dexametasona no 4° dia experimental.. ............................................................................ 30
Figura 7: Perfil de ingestão de ração do protocolo de indução hiperosmótica e do tratamento
com dexametasona no 4° dia experimental.. ............................................................................ 32
Figura 8: Efeitos do tratamento com dexametasona nos níveis plasmáticos de angiotensina II
dos grupos de animais submetidos ao protocolo de indução hiperosmótica.. .......................... 33
Figura 9: Fotomicrografias representativas da expressão de ocitocina e da subunidade p65 do
NF-κB em neurônios da divisão magnocelular medial do núcleo paraventricular (PaMM) de
ratos. ......................................................................................................................................... 35
Figura 10: Fotomicrografias representativas da expressão de ocitocina e da subunidade p65
do NF-κB em neurônios da divisão magnocelular lateral e parvocelular medial do núcleo
paraventricular (PaLMMP) de ratos ......................................................................................... 37
Figura 11: Fotomicrografias representativas da imunomarcação de ocitocina e da subunidade
p65 do NF-κB em neurônios da divisão parvocelular posterior do núcleo paraventricular
(PaPP) de ratos. ........................................................................................................................ 39
Figura 12: Fotomicrografias representativas da imunomarcação de ocitocina e da subunidade
p65 do NF-κB em neurônios do núcleo supra-óptico (SON) de ratos. .................................... 41
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACTH Hormônio adrenocorticotrópico
ANG II Angiotensina II
ANG III Angiotensina III
ANP Peptídeo natriurético atrial
AP Área postrema
AP-1 Proteína ativadora 1
AVP Arginina vasopressina
BSA Albumina sérica bovina
CEPA Comitê de Ética em Pesquisa com Animais
CRH Hormônio liberador de corticotrofina
Dexa
DNA
Dexametasona
Ácido Desoxirribonucleico
DRN Núcleo dorsal da rafe
ECA Enzima conversora de angiotensina
GR Receptor de glicocorticoide
HHA Eixo hipotálamo hipófise adrenal
HPLC Cromatografia líquida de alta performance
IL
IκB
Interleucina
Proteínas inibidoras do NF-Κb
MnPO Núcleo mediano pré-óptico
MR Receptor de mineralocorticoide
NEMO Modulador essencial do NF-κB
NF-κB Fator de transcrição nuclear – kappa B
x
NH Neuro-hipófise
NTS Núcleo do trato solitário
OCVs Órgãos circunventriculares
OT Ocitocina
OVLT Órgão vasculoso da lâmina terminal
PaLMMP Divisão magnocelular lateral e parvocelular medial do núcleo
paraventricular
PaMM Divisão magnocelular medial do núcleo paraventricular
PaPP Divisão parvocelular posterior do núcleo paraventricular
PB Tampão fosfato
PBLN Núcleo parabraquial lateral
PBS
PCR
Tampão fosfato salina
Reação em cadeia da polimerase
PVN
RNAnh
RNAm
Núcleo paraventricular
Ácido ribonucleico heteronuclear
Ácido ribonucleico mensageiro
RIE Radioimunoensaio específico
SFO Órgão subfornical
SL4 Sobrecarga salina durante dias
SNC Sistema nervoso central
SON Núcleo supra-óptico
TNF-α Fator de necrose tumoral alfa
xi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................... 3
2.1. Regulação da homeostase hidroeletrolítica e o sistema hipotálamo-hipofisário ............. 3
2.2. Regulação da homeostase hidroeletrolítica ..................................................................... 6
2.3. Os glicocorticoides na regulação da secreção hormonal ................................................. 9
2.4. Fator nuclear de transcrição κB (NF-κB) e modulação exercida pelos glicocorticoides12
3. OBJETIVOS .................................................................................................................. 17
3.1. Objetivo Geral ............................................................................................................... 17
3.2. Objetivos Específicos .................................................................................................... 17
4. METODOLOGIA .......................................................................................................... 18
4.1. Animais utilizados ......................................................................................................... 18
4.2. Drogas utilizadas ........................................................................................................... 18
4.3. Delineamento experimental ........................................................................................... 19
4.3.1. Protocolo I – Comportamento de ingestão, perfusão e coleta do cérebro ..................... 19
4.3.2. Protocolo II – Coleta de sangue para dosagem de ANG II ........................................... 21
4.4. Procedimentos experimentais ........................................................................................ 22
4.4.1. Medidas do comportamento de ingestão de fluidos ...................................................... 22
4.4.2. Perfusão transcardíaca ................................................................................................... 23
4.4.3. Expressão de ocitocina e p65 em tecido encefálico por imunofluorescência ................ 24
4.4.4. Métodos de captura e análise das imagens encefálicas obtidas pela reação de
imunofluorescência. .................................................................................................................. 25
4.4.5. Extração e dosagem de ANG II ..................................................................................... 26
4.5. Análise estatística .......................................................................................................... 27
5. RESULTADOS ............................................................................................................. 28
5.1. Comportamento de ingestão de fluidos e ração ............................................................. 28
5.2 Concentração plasmática de Angiotensina II ................................................................ 32
5.3. Dupla marcação OT/p65 nos núcleos paraventricular e supra-óptico do hipotálamo ... 33
6. DISCUSSÃO ................................................................................................................. 43
7. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 52
8. PERSPECTIVAS .......................................................................................................... 53
9. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 54
1
1. INTRODUÇÃO
Estudos relacionados aos paradigmas da desidratação tem demonstrado que após esse
estímulo ocorre a síntese e secreção de ocitocina e vasopressina por neurônios dos núcleos
supra-óptico (SON) e paraventricular (PVN) do hipotálamo (BURBACH et al., 2001;
WINDLE et al., 1993; YUE et al., 2008), sendo que o glicocorticoide sintético,
dexametasona, reduz a liberação desses neuropeptídeos, tanto em condições basais quanto em
resposta à desidratação quanto (DURLO et al., 2004; LAUAND et al., 2007). Esses efeitos
são resultados das ações genômicas e não genômicas dos glicocorticoides sobre neurônios
hipotalâmicos, demonstrando que o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) exerce um
controle sobre a síntese e secreção de neuropeptídeos (DE SOUZA; FRANCI, 2013; DI et al.,
2003, 2005; EVANSON et al., 2010).
A literatura relata que o núcleo paraventricular do hipotálamo sofre forte influência
do sistema imunológico, principalmente via interleucinas pró-inflamatórias, IL-6 e 1β, que
culmina na ativação neuronal e liberação de neuropeptídeos (NAITO et al., 1991; PALIN et
al., 2009; SUMMY-LONG et al., 2006; WANG et al., 2006). É sabido, também, que a
sobrecarga salina hipertônica (NaCl 2%) diminui o conteúdo de interleucina 1β na neuro-
hipófise e aumenta a expressão do receptor de interleucina do tipo 1 no grupamento
magnocelular hipotalâmico e adenohipófise (SUMMY-LONG et al., 2006).
Sob essa perspectiva, duas cascatas de transdução de sinal, que são intercambiáveis,
destacam-se: i) o receptor de glicocorticoide (GR) e, ii) a via de sinalização do fator de
transcrição nuclear –κB (NF-κB). O NF-κB é uma família de fatores de transcrição
largamente expresso em eucariotos e descoberto em 1986, por Sen e David Baltimore. Seu
nome se deve a sua função, inicialmente descoberta, de promover a transcrição da cadeia leve
kappa de imunoglobulinas em células B (SEN; BALTIMORE, 1986a, 1986a). É amplamente
conhecido por mediar a expressão de uma variedade de citocinas envolvidas na resposta
imunológica pró-inflamatória, dentre outros genes. Já o GR é um fator de transcrição bastante
conhecido por sua clássica ação imunossupressora e anti-inflamatória. Na presença do ligante,
2
glicocorticoide, o receptor ativo se transloca para o núcleo, onde se liga à sequências
específicas do DNA, conhecidas como elementos responsivos aos glicocorticoides (GRE) e
negativos (GREn), ativando ou reprimindo a expressão de inúmeros genes (OAKLEY;
CIDLOWSKI, 2011). Dentre esses, destacam-se muitas citocinas, quimiocinas, receptores de
citocinas e mediadores do processo inflamatório, que possuem regiões consenso que são
reguladas negativamente pelos glicocorticoides (MCKAY; CIDLOWSKI, 1999).
Estudos demonstraram que o principal mecanismo pelo qual o GR desempenha as
funções supracitadas envolve a transrrepressão funcional do NF-κB, crosstalk, já que, como
evidenciado, possuem funções antagônicas. A interação física entre o GR e o NF-κB já foi
demonstrada, in vivo e in vitro, tanto no núcleo quanto no citoplasma, resultando na perda
mútua da capacidade de ligação ao DNA, competição por co-ativadores transcricionais em
comum ou indução da síntese do inibidor do NF-κB, IκBα (KHAN et al., 2013; LING;
KUMAR, 2012; SCHEINMAN et al., 1995; UNLAP; JOPE, 1995; WIDÉN; GUSTAFSSON;
WIKSTRM, 2003).
Estudos recentes também demonstraram a presença do NF-κB no hipotálamo de ratos
e, além disso, seu envolvimento na modulação autonômica, endócrina e fisiopatologia da
insuficiência cardíaca (CARDINALE et al., 2012; KANG et al., 2011; ZHANG et al., 2013).
Sobre esse fator de transcrição e a expressão de neuropeptídeos, como ocitocina e
vasopressina, nenhuma evidência de interação direta foi encontrada na literatura, apenas foi
evidenciado que a região promotora da expressão do gene do receptor de ocitocina, em células
miometriais, possui uma sequência consenso para o NF-κB (KHANJANI et al., 2011;
TERZIDOU et al., 2006).
Assim, tendo em vista a lacuna de estudos que se proponham a investigar a interação
do receptor de glicorticoide com o NF-κB, na modulação da síntese e secreção de ocitocina e
vasopressina, importantes componentes da regulação da homeostase hidroeletrolítica, o
presente trabalho se propôs a verificar a expressão do NF-κB em neurônios do SON e PVN do
hipotálamo em animais desidratados e a influência da dexametasona na ativação dessa via. O
melhor entendimento de como a interação de aspectos neuroimunoendócrinos e
comportamentais implica em uma modulação diferencial da homeostase hidroeletrolítica
propiciará um direcionamento terapêutico integrado, cada vez mais em voga na comunidade
científica.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Regulação da homeostase hidroeletrolítica e o sistema hipotálamo-
hipofisário
A homeostase dos fluidos corporais é mantida, centralmente, por um controle
restrito. Assim, alterações no líquido extracelular e/ou osmolalidade são percebidas e
integradas centralmente, desencadeando respostas fisiológicas e comportamentais. As
respostas comportamentais de ingestão de sódio e água são reguladas por sinais de apetite por
sódio e sede, ao mesmo tempo em que mecanismos fisiológicos compensatórios,
principalmente modulação da diurese e natriurese, acontecem no organismo animal
(BURBACH et al., 2001; PURYEAR et al., 2001).
Dentro desse contexto de regulação da homeostase hidroeletrolítica destaca-se o
sistema hipotálamo neuro-hipofisário (SHNH), localizado na região medial do hipotálamo
anterior, com destaque para estruturas conhecidas como núcleo paraventricular (PVN) e
núcleo supra-óptico (SON) (LANDGRAF et al., 1990). Atribui-se a essas estruturas uma
função central integradora, na medida em que recebe e processa aferências, excitatórias e
inibitórias, de regiões do sistema nervoso central (SNC) que veiculam informações sobre o
estado hídrico e osmótico do organismo, culminando na modulação da síntese e secreção de
ocitocina e vasopressina (ANTUNES-RODRIGUES et al., 2004).
O sistema hipotálamo neuro-hipofisário consiste primordialmente de neurônios
peptidérgicos com corpos celulares grandes, magnocelulares (entre 20 e 40 µm de diâmetro),
que estão localizados no núcleo paraventricular (PVN) e núcleo supra-óptico (SON) do
hipotálamo, com axônios que se projetam pela zona interna da eminência mediana e terminam
em capilares sanguíneos na neuro-hipófise (NH) (ALIAGA et al., 2002). O SON é
predominantemente magnocelular, enquanto o PVN possui dois distintos fenótipos neuronais.
Um grupamento de células neurosecretórias magnocelulares, ou Tipo I, na região lateral e
4
neurônios com corpos celulares de menor diâmetro, parvocelulares (entre 20 e 40 µm de
diâmetro), ou Tipo II, medialmente. São os neurônios magnocelulares do PVN e SON que se
projetam para a neuro-hipófise (NH), já os parvocelulares, restritos ao PVN, se projetam para
a hipófise anterior e, também, centros de controle autonômico (FERGUSON; LATCHFORD;
SAMSON, 2008; TASKER; DUDEK, 1991). O SHNH descrito está representado na Figura 1,
adaptada de Hazell et al. (2012).
Figura 1: Figura representativa do sistema hipotálamo neuro-hipofisário. PVN, núcleo paraventricular; SON,
núcleo supra-óptico; EM, eminência mediana; NH, neuro-hipófise; AH, adeno-hipófise; opt, trato óptico; 3 V,
terceiro ventrículo. Adaptada de Hazell et al. (2012).
Tanto o PVN quanto o SON, constituídoS de neurônios osmosensíveis, estão
diretamente envolvidos na regulação da homeostase hidroeletrolítica. Os neurônios
magnocelulares são células neuroendócrinas especializadas na síntese e secreção de grandes
quantidades de vasopressina (AVP) e ocitocina (OT). Esses neuropeptídeos são transportados
pelos axônios até a NH e possuem uma função dual: são secretados pelas terminações
5
nervosas na circulação sistêmica para agir como hormônios em vários órgãos-alvo periféricos
e são liberados de dendritos no sistema nervoso central (SNC) onde provavelmente agem
como neurotransmissores ou como moduladores dos transmissores clássicos (BURBACH et
al., 2001). Os neuropeptídeos AVP e OT também são produzidos por neurônios
parvocelulares, mas, em menor quantidade. Neurônios magnocelulares do PVN são
responsáveis pela liberação de OT e AVP na circulação, enquanto que neurônios
parvocelulares do PVN podem mediar sinais aferentes para os centros de saciedade ao sal, em
resposta a estimulação osmótica periférica e central (PURYEAR et al., 2001).
No SON, as células magnocelulares produtoras de ocitocina estão dispostas na região
rostral e dorsal, enquanto os fenótipos neuronais vasopressinérgicos estão localizados mais
caudal e ventral, sendo a região medial constituída de ambos. Os neurônios magnocelulares da
região medial do PVN consiste de células primariamente produtoras de ocitocina, enquanto
que a região lateral é formada por um grupamento central de neurônios vasopressinérgicos
circundado por fenótipos neuronais ocitocinérgicos, já a região posterior é constituída, em sua
maior parte, de células produtoras de ocitocina (RHODES; MORRELL; PFAFF, 1981).
Estudo recente objetivando elucidar o mecanismo pelo qual ocorre essa expressão gênica
diferenciada, específica de um tipo celular, demonstrou que uma determinada sequência da
região promotora da expressão da ocitocina possui elementos cruciais para a determinação de
sua expressão. Com base nisso, os autores hipotetizam existir um elemento repressor na
região do gene ocitocina, que inibe sua expressão em neurônios magnocelulares
vasopressinérgicos e um elemento ativador, que, por sua vez, promove a sua expressão.
Dentre os fatores de transcrição que podem estar envolvidos nessa diferenciação da expressão
de ocitocina no SON evidencia-se a proteína ativadora do tipo 1 (AP-1) (GAINER, 2012).
A vasopressina é sintetizada como parte de um pré-pró-peptídeo, que é processado
durante o transporte axonal anterógrado até os terminais na NH, onde, biologicamente, a AVP
ativa é estocada até ser secretada na circulação pela atividade elétrica neuronal (GOURAUD
et al., 2007). A AVP é o hormônio antidiurético da maioria dos mamíferos e sua liberação é
regulada por barorreceptores carotídeos, sinoaórticos e renais, receptores de volume
cardiopulmonares e pela concentração de angiotensina II (ANG II). A AVP age nos rins
promovendo a reabsorção tubular de água, com a indução de AMPc nas células dos ductos
coletores, via receptores V2. A liberação de AVP sob condições de hipovolemia envolve
estimulação de neurônios vasopressinérgicos por ANG II/III. Assim, este hormônio pode
6
manter o nível dos fluidos corporais constante, mesmo em períodos de restrição hídrica
(BURBACH et al., 2001).
A ocitocina também é derivada de um pré-pro-peptídeo, que é processado de forma
semelhante à AVP. É um hormônio classicamente conhecido por suas ações no parto e na
lactação. Além disso, está envolvido na regulação do balanço hídrico, bem como ações sobre
a pressão sanguínea, a função cardíaca e renal, o comportamento apetitivo e a motilidade
gástrica (PURYEAR et al., 2001; RIGATTO et al., 2003). À respeito de suas ações renais
estão o aumento na osmolalidade urinária, natriurese, diurese e caliurese, que são promovidos
em doses fisiológicas e independentes dos efeitos da AVP. Os estímulos para a secreção de
OT são a hipotensão, a hipovolemia, ANG II e o aumento em cerca de 2% da osmolalidade
plasmática (BURBACH et al., 2001; RIGATTO et al., 2003).
2.2. Regulação da homeostase hidroeletrolítica
A homeostase do sódio é ligada com o balanço hidríco corporal. Desta forma,
quando um animal se torna desidratado, o sódio, a osmolalidade do líquido extracelular e a
concentração de proteínas plasmáticas aumentam, simultaneamente com a diminuição do
volume do líquido extracelular, promovendo a ativação de mecanismos neuroendócrinos e
comportamentais que inibem a ingestão de sal e induzem a excreção de sódio, mediados
principalmente pela OT e peptídeo natriurético atrial (ANP), além de ativar mecanismos de
sede e redução da excreção urinária de água, mediados pela AVP, na tentativa de restaurar a
hidratação corporal (FITZSIMONS, 1998; PURYEAR et al., 2001; ROESCH;
BLACKBURN-MUNRO; VERBALIS, 2001).
O controle das respostas da sede e secreção de AVP é similar e responde a distúrbios
em três variáveis específicas: osmolalidade plasmática, volume sanguíneo e pressão arterial.
Quatro receptores foram identificados participando desse sistema em ratos: osmoreceptores
cerebrais, os quais estão localizados nos órgãos circunventriculares (OCVs), como o órgão
subfornicial (SFO) e órgão vasculoso da lâmina terminal (OVLT), mas também no núcleo
7
mediano pré-óptico (MnPO) e área postrema (AP). O SFO envia projeções diretas para o
sistema hipotálamo-neuro-hipofisário, enquanto o OVLT envia projeções diretas e projeções
que passam primeiro pelo MnPO. Pelo fato do SFO e do OVLT estarem localizados fora da
barreira hematoencefálica, eles podem integrar informações da osmolalidade com os sinais
endócrinos conferidos pela concentração de hormônios circulantes, como a ANG II, relaxina e
o ANP, levando à uma resposta neuroendócrina (ANTUNES-RODRIGUES et al., 2013a;
BURBACH et al., 2001; GOURAUD et al., 2007).
Estudos demonstraram que, ambas as respostas de secreção de AVP e sede são
diminuídas ou abolidas pela lesão aos osmoreceptores cerebrais. Os neurônios magnocelulares
são osmosensíveis, mas necessitam de aferências da lâmina terminal para responder
completamente aos desafios osmóticos (BURBACH et al., 2001). Estas ações moduladoras
ocorrem por alterações na atividade simpática, ativação do sistema renina-angiotensina-
aldosterona, secreção de AVP, OT e do ANP (BOURQUE; OLIET, 1997; FITZSIMONS,
1998; MCCANN; GUTKOWSKA; ANTUNES-RODRIGUES, 2003). Enquanto aferências
neurais do vago, provenientes de sensores de volume torácicos, exercem ação sobre o
comportamento de ingesta hídrica, a diminuição do líquido extracelular causa secreção de
renina, e a ANG II resultante sinaliza o cérebro, através do sangue, promovendo sede
(DENTON; MCKINLEY; WEISINGER, 1996).
A ANG II presente no plasma é formada pela ação da enzima renina, liberada pelo
rim, sobre o substrato angiotensinogênio, que é formado no fígado. Primeiramente é
sintetizado um decapeptídeo, a ANG I, que então é convertida em um octapeptídeo, a ANG II,
pela ação da enzima conversora de angiotensina (ECA). A produção de ANG no SNC se dá
pela presença de angiotensinogênio na neuroglia (DENTON; MCKINLEY; WEISINGER,
1996). Enquanto a ANG II induz sede e apetite ao sódio, e subsequente absorção de água e
sódio pelo intestino, ela inibe a excreção renal de água e sódio por ações diretas nos túbulos e
glomérulos. Além disso, a ANG II estimula a secreção de AVP e aldosterona para reter mais
água e sódio no corpo (TAKEI, 2000). O sistema renina-angiotensina é importante na
regulação da pressão arterial, secreção de aldosterona, volume plasmático e extracelular, e
balanço do sódio (ZUCKER; GLEASON; SCHNEIDER, 1982).
A sede é induzida por três estímulos principais: desidratação celular, desidratação
extracelular e ANG II, e somente o ANP é conhecido como agente antidipsogênico
8
fisiológico. A depleção de volume causada pela privação hídrica ou de sódio causa aumento
da atividade da renina plasmática. No rato, a privação hídrica é uma condição fisiológica
progressiva, associada com o aumento da osmolalidade, hipovolemia e ativação do sistema
renina-angiotensina. Além disso, a desidratação resulta na liberação de hormônios neuro-
hipofisários, ativação do sistema nervoso simpático e sede (GOTTLIEB et al., 2006; YUE et
al., 2008). Este modelo experimental é clássico e tem sido utilizado há mais de meio século
como modelo de estimulação osmótica para o estudo do sistema hipotálamo-neuro-
hipofisário, contudo, existe a desvantagem de que os animais suportam poucos dias sem
nenhuma fonte de água (AMES; VAN DYKE, 1950; YOUNG; VAN DYKE, 1968). Um
método alternativo de desidratação é a sobrecarga salina, no qual os animais recebem solução
salina hipertônica (NaCl 1,8%), onde os animais podem ser mantidos por até 14 dias (YUE et
al., 2008).
Trabalhos constataram que, em ratos com sobrecarga salina crônica, a depleção dos
estoques neuro-hipofisários de OT é mais acentuada quando comparada com ratos privados de
água (JONES; PICKERING, 1969). Com privação hídrica, a concentração plasmática de
sódio mostra um aumento progressivo, assim como as concentrações plasmáticas de OT,
AVP, corticosterona e ANG II, enquanto diminui a de ANP e aumenta também a expressão de
c- Fos no PVN, SON, MnPO, OVLT e SFO (LAUAND et al., 2007).
A avaliação imunohistoquímica da expressão da proteína Fos, produto do gene c-fos,
contitui uma das maneiras mais utilizadas para avaliar a participação da AVP e da OT no
circuito osmoresponsivo, pois permite mapear a ativação de regiões especificas do SNC, em
situação de alterações homeostáticas agudas. A literatura relata a expressão de c-Fos em
neurônios magnocelulares do SON e PVN após injeção sistêmica ou intracerebroventricular
de salina hipertônica. A ativação destes núcleos pode ser mantida por estímulo osmótico
crônico induzido pela ingestão de salina hipertônica ou por restrição hídrica e é revertida com
a ingestão de água (GOTTLIEB et al., 2006). Trabalhos também demonstraram que, estímulo
osmótico crônico (hipernatremia) aumenta a expressão de RNAm da OT e AVP no SON e no
PVN; porém, a hipoosmolalidade prolongada (hiponatremia) promove a redução da
expressão de RNAm da AVP no hipotálamo, mostrando a plasticidade deste sistema pela
adaptação a cada tipo de estímulo (LIGHTMAN; YOUNG, 1987; ROESCH; BLACKBURN-
MUNRO; VERBALIS, 2001).
9
2.3. Os glicocorticoides na regulação da secreção hormonal
O eixo Hipotálamo hipófise adrenal (HHA) está envolvido na resposta adaptativa,
respondendo à diversos estímulos, via secreção de esteroides como os mineralocorticoides e
glicocorticoides (DE; VANDEN; HAEGEMAN, 2003).
Sob condições de estresse, sinapses excitatórias convergindo para os neurônios
parvocelulares do núcleo paraventricular do hipotálamo, que expressam o hormônio liberador
de corticotropina (CRH) e outros secretagogos peptidérgicos, como a vasopressina (AVP) e
OT (DABROWSKA et al., 2013), possibilitam a liberação de seu conteúdo na circulação
portal existente na região da eminência mediana. O CRH e AVP atuam sobre os corticotrofos
adenohipofiários por meio da ligação aos receptores CRH1 e V1b, respectivamente,
estimulando a secreção do hormônio adenocorticotrófico (ACTH). O ACTH, por sua vez, é
liberado na circulação sistêmica e atua sobre o córtex da adrenal estimulando a síntese e
liberação o hormônio glicocorticoide. (AGUILERA, 1994; GRINEVICH et al., 2001;
LEHOUX; FLEURY; DUCHARME, 1998; VALE; RIVER, 1977).
Os glicocorticoides, predominantemente cortisol em humanos e corticosterona em
roedores, constituem, assim, um dos produtos finais do eixo HHA (DE KLOET et al., 2009;
LEHOUX; FLEURY; DUCHARME, 1998), exercendo efeito direto sobre a regulação
endócrina (LAUAND et al., 2007; RUGINSK et al., 2007; UCHOA et al., 2012), resposta
inflamatória e imunológica (DE BOSSCHER; VANDEN BERGHE; HAEGEMAN, 2000;
LÖWENBERG et al., 2007), metabolismo (MORGAN et al., 2013; PECKETT; WRIGHT;
RIDDELL, 2011), bem como função autonômica (BOYCHUK et al., 2013).
A ação clássica dos corticosteroides, também conhecida como genômica, se dá por
meio de sua interação com receptores nucleares tipo I e II, que são sensíveis aos níveis
circulantes de corticosterona e são expressos em quase todos os tecidos, ativando ou inibindo
fatores de transcrição quando estimulados (ALMAWI; MELEMEDJIAN, 2002; HAYASHI et
al., 2006; HERMAN, 1995; JENKINS; PULLEN; DARIMONT, 2001). Os receptores do tipo
I, ou de mineralocorticoides (MR), são receptores de alta afinidade à corticosterona e os
receptores do tipo II, ou de glicocorticoides (GR), são receptores de baixa afinidade a
corticosterona (HERMAN; SHERMAN, 1993; MCEWEN; DE KLOET; ROSTENE, 1986;
ROESCH; BLACKBURN-MUNRO; VERBALIS, 2001).
10
Pela via genômica, quando ativado, o GR se desloca para o núcleo e interage
diretamente com os elementos responsivos aos glicocorticoides (GRE) presentes no DNA, o
que resulta então na regulação da transcrição gênica. Recentes evidências, no entanto,
sugerem que além da ligação do GR ativado aos elementos responsivos aos glicocorticoides,
existe um mecanismo onde o receptor ativado pode também interagir com fatores de
transcrição, como AP-1 e NF-κB, para regular a resposta celular, resultando em atenuação ou
suspensão da atividade transcricional (ALMAWI; MELEMEDJIAN, 2002; FERREIRA et al.,
2005; JENKINS; PULLEN; DARIMONT, 2001; UNLAP; JOPE, 1995).
Os glicocorticoides também podem exercer suas ações ao interagir com receptores de
membrana, essas ações são rápidas e conhecidas como não – genômicas (MCKAY;
CIDLOWSKI, 1999).
A distribuição do GR pelo cérebro é bastante ampla, o mesmo já foi identificado em
regiões como, na área septal lateral, giro dentado, NTS, PVN, locus coeruleus e amígdala
central (REUL; DE KLOET, 1985). Além disso, foi demonstrada a presença de GR em
neurônios magnocelulares do SON (KISS et al., 1988). Porém, a literatura recentemente
mostrou que os GR estariam restritos a neurônios parvocelulares do PVN (HAN et al., 2005).
Poucos estudos tem mostrado a capacidade de observar o MR no PVN ou SON, mas a
amígdala e a banda da estria terminal expressam este receptor e os OCVs tem sido observados
por acumularem ligantes MR específicos (SAKAI et al., 1996). Além disso, o hipocampo tem
se apresentado como a região onde ocorre a maior densidade de receptores MR e GR, quando
comparado a outras áreas cerebrais, e é reconhecido como um dos principais componentes
controladores da atividade do eixo HHA (DE KLOET; KARST; JOËLS, 2008; JAHNG et al.,
2007).
A atividade do eixo HHA é modulada por mecanismo de feedback negativo exercido
pelo glicocorticoide circulante. Essa regulação pode acontecer diretamente ao nível
hipotalâmico – hipofisário (DI et al., 2003, 2005; EVANSON et al., 2010) , ou, indiretamente,
modulando regiões límbicas que, por sua vez, agem sobre os neurônios CRH hipotalâmicos
(FURAY; BRUESTLE; HERMAN, 2008; JAFERI; BHATNAGAR, 2006).
Di et al. (2003) demonstraram que a ação dos glicocorticoides sobre, a atividade
elétrica de neurônios parvocelulares do PVN, dentro do mecanismo de feedback do eixo
HHA, é exercida pela ligação a receptores de membrana acoplados à proteína G, ativando vias
11
de sinalização que levam à síntese e liberação de endocanabinoides. Esses, por sua vez, agem
como mensageiros retrógrados, em receptores CB1, localizados em terminais pré-sinápticos,
suprimindo a liberação de glutamato para a fenda sináptica, promovendo inibição tônica e
down regulation da liberação hormonal de diferentes fenótipos neuronais parvocelulares
(CRH, AVP, OT e TRH) (DI et al., 2003; EVANSON et al., 2010). Posteriormente, o mesmo
grupo de pesquisadores verificou que tal princípio de redução da excitabilidade neuronal
exercido pelos glicocorticoides, via endocanabinoides, se aplica às populações neuronais
magnocelulares vasopressinérgicos e ocitocinérgicos do PVN e SON. Ao mesmo tempo,
evidenciaram ação facilitatória do glicocorticoide sobre a liberação de GABA em neurônios
magnocelulares, mediada por um mensageiro retrógrado, até então, desconhecido (DI et al.,
2005).
Estudo recente, utilizando a técnica de imunofluorescência, verificou co-
imunorreatividade do GR e neurônios GABAérgicos no núcleo periventricular anterior,
próximo às regiões parvocelular anterior e medial do hipotálamo, sugerindo um efeito direto
do glicocorticoide sobre neurônios GABA e deste, sobre grupamentos parvocelulares
circunvizinhos (DE SOUZA; FRANCI, 2013).
Utilizando o mecanismo de bloqueio farmacológico do receptor canabinoide do tipo
1 (CB1), estudos tem evidenciado a influência do sistema endocanabinoides na mediação dos
efeitos da dexametasona, glicocorticoide sintético, sobre a ativação neuronal, expressão e
liberação de hormônios neuro-hipofisários em resposta a desafios hidroeletrolíticos tem sido
relatado na literatura (RUGINSK et al., 2010, 2012).
O tratamento com dexametasona também inibe o aumento de AVP e OT induzido
pela sobrecarga salina por sete dias, potencializando o aumento do volume urinário e a carga
excretada de sódio, alterando também a liberação de OT, em resposta à expansão de volume
hipertônica (DURLO et al., 2004; VENTURA et al., 2005). Portanto, os glicocorticoides
atuam no hipotálamo inibindo os neurônios peptidérgicos, levando à uma diminuição da
síntese e liberação de hormônios.
Além disso, ações imunossupressoras também são atribuídas aos glicocorticoides,
mostrando que existe uma comunicação multidirecional entre o sistema imunológico,
autonômico, hormonal e o SNC. Estes sistemas possuem uma “linguagem química” comum,
apresentando ligantes e receptores para hormônios, citocinas, interleucinas, neuropeptídeos e
12
neurotransmissores. Tem sido sugerido que citocinas pró-inflamatórias, como interleucina-1β
(IL-1β), IL-6 e fator de necrose tumoral-α (TNF-α) servem como sinalizadores entre o sistema
imunológico e o SNC (HAYLEY et al., 1999). As IL-1, IL-2, IL-4, IL-6, o TNF-α e o
interferon-γ afetaram a secreção hormonal hipotalâmica e da hipófise anterior em
experimentos in vivo e in vitro, e receptores de alta afinidade para IL-1, IL-2 e IL-6 foram
encontrados em tecidos neuroendócrinos, como nos neurônios magnocelulares, onde são
expressos receptores do tipo 1 da IL-1β (BURBACH et al., 2001).
Estudos demonstraram que a IL-1β e o TNF-α promovem a ativação do eixo HHA
com o aumento resultante da corticosterona plasmática, podendo também ativar neurônios no
PVN e promover a liberação de OT e AVP (FRANCIS et al., 2003; WANG et al., 2006). Isto
mostra que as citocinas são centralmente interpretadas como agentes de estresse, podendo
ativar fatores de transcrição, entre eles o NF-κB (SPANGELO et al., 1995; TURNBULL;
RIVIER, 1999). Outra evidência deste efeito central das citocinas é a distribuição no
hipotálamo e na sua maioria neuronal de receptores IL-1R1 (principalmente) e TNFR p55
para IL-1β e TNF-α respectivamente (CONTI et al., 2008).
2.4. Fator nuclear de transcrição κB (NF-κB) e modulação exercida pelos
glicocorticoides
O fator nuclear de transcrição κB, NF-κB, representa uma família de fatores de
transcrição relatado de forma inédita na literatura em 1986 e descoberto pelo laboratório do
Dr. Baltimore, inicialmente devido à sua função para transcrição da cadeia leve κ da
imunoglobulina em células B. O NF-κB (SEN; BALTIMORE, 1986a, 1986b), é um fator de
transcrição largamente expresso em eucariotos, que exerce uma função importante na
regulação intracelular da resposta imune, inflamação e regulação do ciclo celular (CELEC,
2004; FERREIRA et al., 2005; GHOSH; MAY; KOPP, 1998; LISANTI; MARTINEZ-
OUTSCHOORN; SOTGIA, 2013; MUT; AMOS; HUSSAINI, 2010; PASPARAKIS, 2009;
RAHMAN, 2000).
13
O NF-κB é composto de duas subunidades variáveis que pertencem a família Rel/ NF-
κB. Os membros (RelA [p65], RelB, c-Rel, p100/p52 e p105/p50) contem o domínio de
homologia Rel, sendo o heterodímero p65/p50 o NF-κB clássico e são as subunidades
comumente expressas em neurônios (GHOSH; MAY; KOPP, 1998; MATTSON, 2005). O
heterodimero p65/p50 tem uma alta afinidade pela sequência consenso do NF-κB no DNA e é
considerado como a forma induzível (isto é, ativada por sinais extracelulares) do NF-κB na
maioria das células (MCKAY; CIDLOWSKI, 1999).
Os membros que pertencem a família Rel/ NF-κB (p65, RelB, c-Rel, p100/p52 e
p105/p50) podem formar homo e heterodímeros que são mantidos inativos no citoplasma pela
interação com moléculas inibitórias específicas, chamadas IκBs. Os IκBs constituem uma
família de sete inibidores que compreende o IκBα, IκBβ, IκBε, IκBγ, Bcl3, e outros que
ocultam o sinal de localização nuclear do NF-κB, resultando em sua retenção no citoplasma
(MEMET, 2006). Os complexos p50/p65 e p50/c-Rel são regulados por IκBα e IκBβ. O IκBα
é mais importante na regulação de respostas induzíveis, enquanto o IκBβ está envolvido na
ativação persistente do NF-κB (GHOSH; MAY; KOPP, 1998; KEMLER; FONTANA, 1999).
No cérebro, membros da família do NF-κB tem sido identificados em neurônios, astrócitos,
microglia e já foi demonstrado que o tratamento de astrócitos com IL-1 e TNF-α promove a
ativação da via do NF-κB (KEMLER; FONTANA, 1999).
A via clássica de ativação do NF-κB ocorre através do complexo IκB kinase, o
complexo IKK. Este complexo é composto por duas subunidades catalíticas IKKα e IKKβ e
uma subunidade regulatória fundamental a IKKγ, também conhecida como modulador
essencial do NF-κB (NEMO) (MALATO et al., 2012; SOLT; MADGE; MAY, 2009). A
Figura 2, modificada de (MATTSON, 2005), mostra de forma esquemática o fator de
transcrição NF-κB e seus mecanismos de regulação.
O complexo NF-κB inativo no citoplasma consiste de um dímero (tipicamente
p50/p65 em neurônios) ligado à subunidade inibitória IκBα. A ativação do NF-κB por sinais
extracelulares (TNF-α, IL-1, espécies reativas de oxigênio, luz ultravioleta, isquemia,
lipopolissacarideo (LPS), bactérias, vírus, amilóides, glutamato) induz a ativação do
complexo IKK, que consiste de duas subunidades catalíticas, IKKα e IKKβ, e uma
subunidade regulatória fundamental, a IKKγ. A subunidade IKKβ ativada fosforila a IκBα
resultando em sua degradação proteassomal. A degradação de IκBα resulta na translocação do
14
dímero p50/p65 para o núcleo, onde o mesmo se liga a elementos regulatórios de certos genes,
e, portanto, induz sua transcrição (MATTSON, 2005).
O término da ativação do NF-κB pode ser regulado por um mecanismo de feedback
clássico, onde há um aumento da expressão do IκB e a consequente exportação do complexo
NF-κB – IκB do núcleo para o citoplasma (ALMAWI; MELEMEDJIAN, 2002; CELEC,
2004; FERREIRA et al., 2005).
Dentro do complexo IKK, a subunidade IKKβ é muito importante para a degradação
rápida do NF-κB –ligado as IκBs, por outro lado, a subunidade IKKα está envolvida com o
controle do processamento de p100, o que leva à ativação de dímeros p52/RelB, um processo
bem mais lento que a ativação de IκBs ligado a dímeros (HACKER; KARIN, 2006). O
terceiro componente deste complexo é a subunidade regulatória fundamental a IKKγ, que
recebe nomes alternativos como NEMO, IKKAP1 ou FIP-3.
O mecanismo preciso de funcionamento da IKKγ ainda não é totalmente conhecido.
Estudos utilizando células gene deficientes, deleção e perda da função por mutação de IKKγ,
Figura 2: Via clássica de ativação do fator de transcrição NF-κB e seus mecanismos de regulação. Modificada
de Mattson (2005).
15
indicam que esta subunidade é essencial para a ativação da via clássica do NF-κB, sendo esta
via absolutamente dependente de IKKγ (MALATO et al., 2012; SOLT; MADGE; MAY,
2009). A IKKγ é essencial tanto para a formação do grande complexo IKK, quanto para
conexão das subunidades catalíticas (IKKβ e IKKα) às IκBs e consequente ativação da via
clássica do NF-κB (HACKER; KARIN, 2006; SOLT; MADGE; MAY, 2009).
Estudos recentes tem demonstrado a presença do NF-κB no hipotálamo de ratos.
Kang et al. (2011) verificaram que ratos com insuficiência cardíaca mostraram um aumento
na atividade da subunidade p65 do NF-κB no núcleo paraventricular associado ao aumento na
expressão de citocinas. Essa associação culminou no balanço de neurotransmissores
excitatórios e inibitórios no PVN e o tratamento com inibidor do NF-κB diminuiu a
exacerbação verificada da atividade simpática. Esses achados foram corroborados por estudo
no qual Cardinale et al. (2012) demonstraram ser o bloqueio do NF-κB capaz de reduzir as
ações de citocinas pró-inflamatórias e espécies reativas de oxigênio, além de modular
componentes do sistema renina angiotensina, no PVN e culminar com o controle da
hipertensão.
A via do NF-κB pode ser inibida por vários agentes, entre eles o TNF-α, IL-10, óxido
nitrico (NO), salicilatos (aspirina), além dos glicocorticoides (CELEC, 2004). Quando não
ativados, NF-κB e o GR ficam no citoplasma da maioria das células, e a associação de ambos
foi primeiramente confirmada com a co-imunoprecipitação de GR com p65 e p50 no
citoplasma de hepatócitos de ratos. Em experimentos in vitro, o GR foi encontrado em
associação com p65, uma interação que leva a um antagonismo transcricional, pois esta é a
subunidade transcricionalmente ativa (WIDENS et al., 2003).
Muitos mecanismos foram postulados para a regulação do NF-κB pelos
glicocorticoides. Entre eles incluem: (1) a indução da síntese do IκB; (2) um modelo de
interação proteína - proteína, que propõe que o glicocorticoide reprime a ativação e/ou função
do NF-κB pelo bloqueio ao acesso ao sitio do DNA (κB); (3) por formar um complexo com o
NF-κB que perde a capacidade de se ligar ao DNA; (4) por formar um complexo com o NF-
κB já ligado ao DNA; (5) e/ou por competição com coativadores nucleares do NF-κB. Assim,
múltiplos mecanismos podem estar envolvidos na repressão mediada pelo GR (ALMAWI;
MELEMEDJIAN, 2002; JENKINS; PULLEN; DARIMONT, 2001; SCHEINMAN et al.,
1995; WIDÉN; GUSTAFSSON; WIKSTRM, 2003). O modelo de interação do GR com seus
16
elementos responsivos no DNA tem a capacidade de elucidar os mecanismos moleculares da
modulação dos glicocorticoides na ativação gênica. Porém, recentes evidências demonstraram
que os glicocorticoides atuam no nível transcricional, antagonizando a função ou a ativação
de fatores de transcrição (ALMAWI; MELEMEDJIAN, 2002), como na indução da síntese de
IκBs, como citado anteriormente.
A influência do NF-κB na expressão gênica hipotalâmica foi recentemente
evidenciada por Zhang et al. (2013). De acordo com os autores, o envelhecimento sistêmico
está associado à redução hipotalâmica do RNAm do Gnrh1 e esse fato foi revertido pela
inibição do IKKβ e NF-κB. Apesar de não existir evidências na literatura que relatem a
influência direta do NF-κB sobre a transcrição do gene de neuropeptídeos, ocitocina e
vasopressina, foram identificados três sítios de ligação para o NF-κB na região promotora do
gene do receptor de ocitocina (KHANJANI et al., 2011; TERZIDOU et al., 2006).
Assim, o presente estudo propõe-se a testar a hipótese de que a modulação sobre a
síntese e liberação de ocitocina, por neurônios magnocelulares, exercida pelos
glicocorticoides, no modelo de desidratação por sobrecarga salina durante quatro dias, pode
ocorrer mediante a modulação da via do NF-κB.
17
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo Geral
Verificar o perfil de expressão do componente p65 da via clássica do NF-κB em
neurônios ocitocinérgicos do PVN e SON em condições basais, ao tratamento com
glicocorticoides e em resposta à desidratação.
3.2. Objetivos Específicos
Avaliar os efeitos da dexametasona no modelo de desidratação por sobrecarga salina
(NaCl 1,8%) durante quatro dias e observar:
• O perfil de massa corpórea, ingestão de fluidos, NaCl (0,3 M) e água, e ração;
• A concentração plasmática de ANG II;
• Diferenças na expressão de OT em neurônios das divisões magnocelular medial e
lateral, parvocelular medial e posterior do núcleo paraventricular (PaMM, PaLMMP,
PaPP, respectivamente) e neurônios do núcleo supra-óptico (SON);
• Diferenças na expressão da subunidade p65 do NF-κB em neurônios das divisões
magnocelular medial e lateral, parvocelular medial e posterior do núcleo
paraventricular (PaMM, PaLMMP, PaPP, respectivamente) e neurônios do núcleo
supra-óptico (SON);
• Diferenças na co-expressão de OT com p65 em neurônios das divisões magnocelular
medial e lateral, parvocelular medial e posterior do núcleo paraventricular (PaMM,
PaLMMP, PaPP, respectivamente) e neurônios do núcleo supra-óptico (SON);
18
4. METODOLOGIA
4.1. Animais utilizados
Foram utilizados ratos da linhagem Wistar, apresentando 250-300 g de massa
corpórea, provenientes do Biotério Central da Universidade Federal de Sergipe – UFS, que
foram mantidos no Biotério do Laboratório de Neuroendocrinologia Básica e
Comportamental (LANBAC) do Departamento de Fisiologia (DFS), em ambiente com luz e
temperatura controladas (ciclo claro-escuro de 12 horas, temperatura de 23 ± 2ºC) e livre
acesso a água e ração para roedores, até o início do experimento.
Todos os procedimentos aos quais os animais utilizados neste estudo estão de acordo
com as normas e princípios éticos preconizados pela Diretriz Brasileira para o Cuidado e a
Utilização de Animais para Fins Científicos e Didáticos – DBCA, bem como pelas Diretrizes
da Prática de Eutanásia, ambas do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal
(CONCEA), e ainda em consonância com as normas e princípios éticos preconizados pela
International Guiding Principles for Biomedical Research Involving Animals. Toda a equipe
executora deste projeto estava ciente do conteúdo da lei nº 11.794, de 8 de outubro de 2008
(Lei Arouca). Além disso, este projeto foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa com Animais (CEPA) da Universidade Federal de Sergipe (UFS), sob protocolo de
n° 60/2012 (ANEXO A).
Todos os esforços foram feitos para reduzir o número de animais utilizados, bem
como para evitar a geração de desconforto e sofrimento.
4.2. Drogas utilizadas
Para o tratamento com corticosteroide utilizou-se o acetato de dexametasona (Dexa),
na dose de 10 mg/kg de massa corporal, i.p. (DECADRONAL, Aché Laboratórios
Farmacêuticos). Para a anestesia dos animais submetidos à perfusão transcardíaca foi
19
Figura 3: Delineamento experimental do Protocolo I – Comportamento de ingestão, perfusão e coleta do
cérebro.
utilizado uma combinação de Ketamina (Cetamin, SyntecVet) na dose de 60 mg/kg de massa
corpórea, via intraperitoneal (i.p.), com Xilazina (Vetbrands, Brasil) na dose de 7,5 mg/kg de
massa corpórea, via intraperitoneal (i.p.).
4.3. Delineamento experimental
4.3.1. Protocolo I – Comportamento de ingestão, perfusão e coleta do cérebro
Por meio do Protocolo I, adaptado de Lopes da Silva (2008), ilustrado na Figura 2, o
presente estudo avaliou o comportamento de ingestão de fluidos, ração e massa corpórea dos
animais durante os quatro dias experimentais. Durante esse período, os animais foram
agrupados de modo a constituir os grupos descritos a posteriori. Além disso, ao findar do
estudo comportamental, os mesmos animais foram submetidos ao procedimento de perfusão
transcardíaca para a coleta do cérebro e posterior realização da imunofluorescência. Por meio
dessa, estudou-se a expressão de ocitocina (OT) e da subunidade p65, nos núcleos
paraventricular e supra-óptico do hipotálamo de animais submetidos à sobrecarga salina
durante quatro dias (SL4) e/ou ao tratamento com Dexa.
20
Grupos:
• Controle - acesso somente à água e ração, durante quatro dias experimentais, tratados
com veículo, solução de cloreto de sódio isotônica, NaCl (0,9%), via intraperitoneal
(i.p.), 12 e 2 horas antes de serem perfundidos. Esse grupo foi constituído de 6 a 7
animais;
• Controle + Dexa - acesso somente à água e ração, durante quatro dias experimentais,
tratados com dexametasona (10 mg / kg de massa corpórea, i.p.), para supressão do
eixo hipotálamo – hipófise-adrenal, 12 e 2 horas antes de serem perfundidos. Esse
grupo foi constituído de 6 a 7 animais;
• SL4 - acesso somente à solução salina hipertônica, NaCl (0,3 M), e ração, durante os
quatro dias experimentais, tratados com veículo, solução de cloreto de sódio isotônica,
NaCl (0,9%), via intraperitoneal (i.p.), 12 e 2 horas antes de serem perfundidos. Esse
grupo foi constituído de 6 a 7 animais;
• SL4 + Dexa - acesso somente à solução de cloreto de sódio hipertônica, NaCl (0,3 M),
e ração, durante os quatro dias experimentais, tratados com dexametasona (10 mg / kg
de massa corpórea, i.p.), para supressão o eixo hipotálamo – hipófise-adrenal, 12 e 2
horas antes de serem perfundidos. Esse grupo foi constituído de 6 a 7 animais.
No dia do experimento os animais foram anestesiados com uma combinação de
Ketamina , na dose de 60 mg/kg de massa corpórea, i.p., com Xilazina , na dose de 7,5 mg/kg
de massa corpórea, i.p, sendo submetidos à perfusão do SNC, com a coleta do cérebro para
realização da imunofluorescência de OT e subunidade p65 do NF-κB. Todos os experimentos
desse protocolo foram realizados entre 9 h e 11 h .
21
Figura 4: Delineamento experimental do Protocolo II – Coleta de sangue para dosagem de ANG II
4.3.2. Protocolo II – Coleta de sangue para dosagem de ANG II
O Protocolo II, adaptado de Lopes da Silva (2008), ilustrado na Figura 3, foi
utilizado para avaliar os efeitos da sobrecarga salina durante quatro dias (SL4) e da interação
da Dexa sobre a concentração plasmática de angiotensina II. Assim, no quarto dia
experimental, após o tratamento com Dexa ou Veículo (12 h e 2 h antes de serem
eutanaziados), os animais dos quatro grupos experimentais foram decapitados (entre 9h e 11
h), sendo o sangue coletado do tronco para a realização da dosagem hormonal de ANG II. É
válido destacar que, para o procedimento de eutanásia, foi utilizada uma guilhotina apropriada
para rato.
Grupos:
• Controle - acesso somente à água e ração, durante quatro dias experimentais, tratados
com veículo, solução de cloreto de sódio isotônica, NaCl (0,9%), via intraperitoneal
(i.p.), 12 e 2 horas antes de serem perfundidos. Esse grupo foi constituído de 6 a 7
animais;
• Controle + Dexa - acesso somente à água e ração, durante quatro dias experimentais,
tratados com dexametasona (10 mg/kg de massa corpórea, i.p.), para supressão do eixo
22
hipotálamo – hipófise-adrenal, 12 e 2 horas antes de serem perfundidos. Esse grupo foi
constituído de 6 a 7 animais;
• SL4 - acesso somente à solução salina hipertônica, NaCl (0,3 M), e ração, durante os
quatro dias experimentais, tratados com veículo, solução de cloreto de sódio isotônica,
NaCl (0,9%), via intraperitoneal (i.p.), 12 e 2 horas antes de serem perfundidos. Esse
grupo foi constituído de 6 a 7 animais;
• SL4 + Dexa - acesso somente à solução de cloreto de sódio hipertônica, NaCl (0,3 M),
e ração, durante os quatro dias experimentais, tratados com dexametasona (10 mg/kg
de massa corpórea, i.p.), para supressão o eixo hipotálamo – hipófise-adrenal, 12 e 2
horas antes de serem perfundidos. Esse grupo foi constituído de 6 a 7 animais.
4.4. Procedimentos experimentais
4.4.1. Medidas do comportamento de ingestão de fluidos
Os animais foram, inicialmente, mantidos em gaiolas metabólicas individuais,
durante três dias, para habituação. No período de habituação, os animais tiveram acesso ad
libitum à água e ração. Ao findar desse período, a oferta de fluidos foi modificada,
obedecendo ao critério de formação dos grupos experimentais, como já descrito.
As gaiolas metabólicas são constituídas de um espaço individual para que o animal
seja alocado, bebedouro com capacidade para um volume de 100 mL, graduado em 1 mL, e
comedouro.
A massa corpórea dos animais, o volume inicial contido nos bebedouros e a massa de
ração inicialmente ofertada nos comedouros foram mensurados previamente ao início do
período experimental. Vale salientar que, a medida da ingestão (quantidade de fluido e ração
ingeridos) e massa corpórea foi realizada em intervalos de 24 horas, durante os quatro dias.
23
Para inferir a quantidade de ração consumida, diariamente, subtraiu-se a massa da
ração do dia anterior pela massa do dia subsequente. O volume de solução salina hipertônica,
NaCl (0,3 M), ou água ingeridos foi obtido seguindo o mesmo critério, diferindo apenas no
que concerne ao valor do qual se diminui, que, nesse caso, foi o volume do dia anterior
subtraído do volume do dia subsequente, em virtude do bebedouro (proveta graduada que foi
adaptada) estar invertido e com ele a ordem crescente de sua graduação.
4.4.2. Perfusão transcardíaca
Os animais foram anestesiados através da injeção intraperitoneal com uma
combinação de Ketamina e Xilazina. A perfusão transcardíaca foi realizada com o objetivo
de coletar o cérebro para a realização dos estudos imuno - histoquímicos. O protocolo
cirúrgico utilizado no referido projeto é o que vem sendo aplicado no Laboratório de Biologia
Experimental (LBE), tal como descrito a posteriori.
Após aprofundamento na anestesia e verificação da cessação de resposta raqui-
medular, realizou-se uma incisão longitudinal na região púbica até a incisura jugular para a
retirada de pele e visualização dos músculos. Uma segunda incisão foi realizada na região
púbica em direção ao processo xifoide para a retirada de tecido muscular e visualização do
diafragma (separando cuidadosamente o fígado do diafragma). Realizou-se, então, uma
pequena incisão inicial no diafragma, da região lateral em direção à região ventral, para
exposição da cavidade pleural e abertura da caixa torácica. Em seguida, deslocando
cuidadosamente os pulmões, fez-se um corte através da caixa torácica em direção à clavícula,
realizando-se um corte similar contralateralmente, expondo a porção ventral do gradil torácico
para rebatimento e livre acesso ao coração.
Após visualizar o coração, injetou-se no ventrículo esquerdo uma agulha sem bisel
conectada a um sistema de perfusão, cujo objetivo é trocar o tecido sanguíneo por uma
solução salina 0,9% tamponada (tampão fosfato, PB, pH 7,4; 0,1 M) à temperatura ambiente,
por um período de 5 minutos, a um fluxo de 8 mL/min. Ao término do tempo estimado, a
solução salina tamponada foi substituída por uma solução de Formol 10% tamponado
24
(tampão fosfato pH 7,4; 0,1 M) à temperatura ambiente, por um período de 40 minutos, a um
fluxo de 8 mL / min.
Posteriormente, os animais foram decapitados e uma incisão na linha média da
cabeça foi feita, a partir do pescoço em direção ao nariz, para a retirada de pele e tecido
subcutâneo, com consequente exposição da calota craniana. A seguir, retirou-se a calota
craniana e dura-máter, expondo o encéfalo. O cérebro foi, então, retirado e submetido ao
processo de pós-fixação, onde o tecido coletado permanece imerso na mesma solução de
fixação utilizada na perfusão (Formol 10% em PB) durante 2 horas.
Em seguida, o cérebro passou pelo processo de crioproteção, que consiste em
armazenar o cérebro em uma solução de sacarose 30% tamponada (tampão fosfato 0,1 M, pH
7,4), onde permaneceu até a sua completa precipitação (entre 48 e 72 horas), à temperatura de
- 4°C.
4.4.3. Expressão de ocitocina e p65 em tecido encefálico por imunofluorescência
Após a completa precipitação, os cérebros, armazenados em solução de sacarose 30%
tamponada, foram levados ao criostato, a -22°C, para a obtenção de secções coronais seriadas
(1:4) com 20 µm de espessura, através do núcleo paraventricular (PVN) e núcleo supra-óptico
(SON) do hipotálamo, de acordo com o atlas estereotáxico de Swanson (SWANSON, 1992).
As secções cerebrais obtidas foram armazenadas em uma solução anticongelamento.
As secções cerebrais a serem analisadas foram processadas sobre livre flutuação, à
temperatura ambiente (25°C), e inicialmente lavadas em tampão (pH 7,4) fosfato salina (0,01
M), PBS, (três lavagens com duração de cinco minutos, cada). Além disso, o mesmo processo
de lavagem ocorreu após a exposição aos reagentes de cada etapa.
Em seguida, o tecido foi incubado em uma solução de soro de cavalo (10%) e Triton
X-100 (0,1%), diluídos em PBS (0,01 M) (durante uma hora), para bloqueio das ligações
inespecíficas.
25
Após essa etapa para bloqueio das ligações inespecíficas e lavagens, procedeu-se às
incubações com os anticorpos primários utilizados no presente estudo. As secções foram
incubadas em PBS (0,01 M) contendo Triton X-100 (0,1%), anticorpo contra ocitocina
(policlonal, produzido em cobaia, Penninsula Laboratories – Lote: A03808) na diluição
1:5000 e anticorpo contra a região C-20 da subunidade p65 do NF-κB (policlonal, produzido
em coelho, Santa Cruz Biotechnology – Lote: D0208) na diluição 1:200. O tecido foi
mantido incubado com solução contendo os anticorpos primários overnight.
Após o período de exposição aos anticorpos primários, os cortes foram incubados
com os anticorpos secundários anti-cobaia produzido em cabra e conjugado ao Alexa Fluor
488 (policlonal, Penninsula Laboratories) 1:500 e anti-coelho produzido em burro e
conjugado ao Alexa Fluor 555 (policlonal, Penninsula Laboratories) 1:500 em solução de
PBS (0,01 M) contendo Triton (0,1%), durante duas horas. Após as lavagens em PBS (0,01
M) (três vezes de cinco minutos, cada), as secções coronais foram montadas em lâminas
gelatinizadas com 100 µL de Vectashield (solução de montagem), cobertos com lamínulas e
vedados com tinta esmalte.
A imunofluorescência foi realizada no Laboratório de Neuroendocrinologia do
Departamento de Medicina da USP de Ribeirão Preto, seguindo o protocolo descrito
anteriormente e que é utilizado rotineiramente no mesmo.
4.4.4. Métodos de captura e análise das imagens encefálicas obtidas pela reação de
imunofluorescência.
As secções foram examinadas em microscópio de fluorescência (Olympus IX2- ICB/
EUA) e as imagens capturadas em câmera digital acoplada (XM-10). Para a detecção da
expressão de OT e p65 (RelA), as secções foram analisadas em série ao longo do PVN e do
SON no sentido rostro-caudal. Para análise das lâminas no microscópio foram utilizadas
objetivas e ocular que capturavam imagens do objeto de interesse em aumento total de 200 e
400 vezes. Os neurônios foram analisados qualitativamente e classificados ou não como
expressando OT e/ou p65 (RelA). O sítio celular (i.e. citoplasma ou núcleo) de localização da
molécula de interesse também foi objeto de análise.
26
A captura das imagens foi realizada no Laboratório de Biologia Experimental – LBE,
do Departamento de Morfologia – DMO, da Universidade Federal de Sergipe.
4.4.5. Extração e dosagem de ANG II
A dosagem hormonal foi realizada por radioimunoensaio específico (RIE), em
parceria com o Laboratório de Neuroendocrinologia do Departamento de Fisiologia da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP, como descrito a posteriori. Todas as
amostras provenientes de um mesmo experimento foram determinadas em duplicata, em um
mesmo ensaio.
Para a mensuração da concentração plasmática de ANG II, o sangue coletado do
tronco dos animais, após decaptação, foram armazenados em tudos resfriados contendo
inibidores de peptidases. O plasma foi obtido após centrifugação (1600 g durante 20 min, a
4°C) e armazenado a -20°C. Os peptídeos plasmáticos foram extraídos numa coluna para
extração de fase sólida Bond Elut (Peninsula Laboratories Inc., Belmont, CA, USA). As
colunas foram pré-ativadas por lavagens sequenciais com 4 mL de acetonitrila (60%)/TFA
(0,1%) e 20 mL de TFA (0,1%). As colunas foram , então, lavadas com 20 mL de TFA
(0,1%). Os peptídeos absorvidos foram eluídos com 3 mL de acetonitrila (60%)/ TFA (0,1%)
em tubos de polipropileno. Após evaporação, as concentrações do peptídeo ANG II foram
mensurados por radioimunoensaio. O anticorpo contra ANG II foi obtido da Peninsula
Laboratories (ANG II: T4007). A sensibilidade do radioimunoensaio e os coeficientes de
variação intra e inter-ensaio foram 0,39 pg/mL, 10,9% e 17,1%, respectivamente (ARAUJO et
al., 2013; MECAWI et al., 2013).
27
4.5. Análise estatística
Os resultados obtidos estão expressos em valores de média e erro padrão da média.
Para comparação entre mais de dois grupos submetidos à interferência simultânea de dois
fatores de variação foi utilizado ANOVA two-way, seguida do pós-teste de Bonferroni. O
nível crítico fixado foi de 5% (p<0,05) para se admitir uma diferença de médias como
estatisticamente significante. Para realização dos testes estatísticos foi utilizado o programa
Prism 5.0 (GraphPad Software, San Diego, CA, USA).
28
5. RESULTADOS
5.1. Comportamento de ingestão de fluidos e ração
No Painel A da Figura 5, a análise de variância (ANOVA) de duas vias mostrou não
haver interação dos fatores „tempo‟ e „sobrecarga salina (SL)‟ sobre a massa corpórea dos
animais estudados (p = 0,4306). Ademais, nenhum destes fatores, isoladamente, apresentou
efeito significativo ao longo dos 3 primeiros dias de sobrecarga salina (p = 0,3669 e p
= 0,4879, respectivamente). No 4º dia (Fig. 5B), a ANOVA de duas vias, da mesma forma,
mostrou não haver interação dos fatores „SL4‟ e „administração da dexametasona‟ sobre a
massa corpórea dos mesmos animais (p = 0,3486). Também não foi verificado efeito
significativo isolado de nenhum dos fatores (p = 0, 5478 e p = 0,4063, respectivamente)
Dia 0 Dia 1 Dia 2 Dia 30
100
200
300
400Controle
SL4
(A)
Massa c
orp
óre
a (
g)
Veículo Dexa0
100
200
300
400Controle
SL4
(B)
Massa c
orp
óre
a (
g)
Figura 5: Influência da indução da hiperosmolaridade crônica (Paineis A e B) e do tratamento com
dexametasona no 4° dia experimental (Painel B) na massa corpórea de ratos. Painel A: Controle (n = 15);
SL4 (n = 16). Painel B; Controle (n = 7); SL4 (n = 8); Controle + Dexa (n = 8); SL4 + Dexa (n = 8). Análise
estatística: ANOVA de duas vias seguido do pós-teste de Bonferroni. SL4: Sobrecarga salina durante quatro
dias; Veículo: (solução salina isotônica, 0,9% de NaCl); Dexa: Dexametasona.
29
Ao analisar a ingestão absoluta de fluidos ao longo dos três primeiros dias de SL (Fig.
6A), precedendo a administração da dexametasona, a ANOVA de duas vias evidenciou a
presença de interação dos fatores „tempo‟ e „SL‟ sobre esta variável (F(2, 46) = 8,382; p
= 0,0008). Além disso, também observou-se efeito significativo da SL isoladamente (F(1, 46) =
4,775; p = 0,0393) (Fig. 6A). Ademais, a mesma análise revelou não haver diferença para o
fator tempo isoladamente (p = 0,8321). Após a aplicação do pós-teste de Bonferroni, foi
constatada diferença entre a ingestão dos grupos Controle e SL4, ao 2° e 3° dia experimental
(28,78 ± 1,75 versus 42,79 ± 4,94 mL, p < 0,05; 26,77 ± 1,90 versus 43,47 ± 6,06 mL, p
< 0,01, respectivamente). Quanto aos valores de ingestão absoluta de fluidos no quarto dia
experimental, o teste estatístico identificou interação dos fatores estudados, „SL‟ e
„administração da dexametasona‟ (F (1, 26) = 6,415; p = 0,0177). Efeito significativo do fator
„SL‟ isoladamente também foi constatado (F (1, 26) = 11,15; p = 0,0025). Não foi observado
efeito significativo do fator tratamento, isoladamente, sobre esta variável (p = 0,1014). O pós-
teste de Bonferroni revelou que, na ausência de dexametasona, o grupo SL4 ingeriu mais
fluido quando comparado ao seu respectivo Controle (59,00 ± 7,086 versus 29,86 ± 1,870 mL,
p < 0,01, respectivamente). Esta diferença foi revertida pelo tratamento com dexametasona
(Fig. 6B).
O perfil de ingestão permaneceu o mesmo quando os resultados foram normalizados
por 100 g de massa corpórea. Na Figura 6C, verificou-se a presença de interação dos fatores
„tempo‟ e „SL‟ (F(2, 48) = 3,713; p = 0,0317) e apenas efeito significativo do fator „SL‟,
isoladamente (F(1,48) = 14,66; p = 0,0008). O pós-teste de Bonferroni demonstrou haver
diferença estatisticamente significativa no perfil de ingestão de fluidos ao segundo e terceiro
dia experimental (9,50 ± 0,62 versus 18,27 ± 2,12 mL, p < 0,01; 8,91 ± 0,73 versus 18,71 ±
2,45 mL, p < 0,001, respectivamente). A análise estatística do perfil de ingestão normalizado,
no quarto dia experimental, como observado na Figura 6D, demonstrou presença de interação
dos fatores estudados, „SL‟ e „administração da dexametasona‟, (F (1, 21) = 5,513; p = 0,0287),
bem como efeito significativo isolado do fator „SL‟ (F (1, 21) = 21,20; p = 0,0002). O pós teste
de Bonferroni evidenciou diferença entre os perfis de ingestão no quarto dia experimental
entre os grupos Controle e SL4 (11,25 ± 1,23 versus 21,66 ± 1,75 mL, p < 0,001,
respectivamente).
30
Dia 1 Dia 2 Dia 30
20
40
60
80
* **
(A)
Ing
estã
o d
e f
luid
os (
mL
)
Veículo Dexa0
20
40
60
80Controle
SL4***
(B)
Ing
estã
o d
e f
luid
os (
mL
)
Dia 1 Dia 2 Dia 30
5
10
15
20
25
** ***
(C)
Ing
estã
o d
e f
luid
os
(mL
/100 g
de m
assa c
orp
óre
a)
Veículo Dexa0
5
10
15
20
25***
(D)
Ing
estã
o d
e f
luid
os
(mL
/100 g
de m
assa c
orp
óre
a)
Na figura 7, estão expressos os valores absolutos da ingestão de ração dos grupos
Controle e SL4 nos três primeiros dias experimentais (Painel A) e, acrescido dos grupos
Controle + Dexa e SL4 + Dexa no quarto dia experimental (Painel B). Em relação à ingestão
absoluta de ração nos três primeiros dias experimentais, não foi verificada a presença de
interação dos fatores estudados, „tempo‟ e „SL‟, (p = 0,215). Ademais, observou-se efeito
significativo dos fatores tempo (F (2, 50) = 5,49, p = 3,99) e „SL‟ (F (1, 50) = 8,66, p = 0,0069).
Nessa análise, o grupo SL4 ingeriu menor quantidade de ração em comparação ao grupo
Controle ao primeiro e segundo dia experimental (18,03 ± 1,16 versus 21,87 ± 1,23 g, p
= 0,031; 16,77 ± 0,99 versus 20,43 ± 1,32 g, p = 0,035, respectivamente) (Fig. 7A). Para os
valores absolutos de ingestão de ração no quarto dia experimental, a análise de variância de
Figura 6: Perfil de ingestão de fluidos do protocolo de indução hiperosmótica (Paineis A - D) e do
tratamento com dexametasona no 4° dia experimental (Paineis B e D). Os volumes ingeridos estão
expressos em valores absolutos (Paineis A e B) ou normalizados por 100 g de massa corpórea (Paineis C e D).
Análise estatística: ANOVA de duas vias seguido do pós-teste de Bonferroni; (*) p < 0,05; (**) p < 0,01; (***)
p < 0,001, quando comparados ao grupo controle. Paineis A e C: Controle (n = 14); SL4 (n = 11). Paineis B e
D; Controle (n = 7); SL4 (n = 8); Controle + Dexa (n = 8); SL4 + Dexa (n = 8). SL4: Sobrecarga salina durante
quatro dias; Veículo: (solução salina isotônica, 0,9% de NaCl); Dexa: Dexametasona.
31
duas vias não evidenciou interação dos fatores „SL‟ e „administração da dexametasona‟,
tampouco efeito significativo dos fatores isoladamente (interação: p = 0,321; SL: p = 0,637;
administração da dexametasona: p = 0,128) (Fig. 7B).
Ainda na figura 7 estão expressos os valores de ingestão de ração normalizados por
100 g de massa corpórea (Paineis C e D). Aos primeiros três dias experimentais, a análise de
variância de duas vias não demonstrou a existência de interação dos fatores, „tempo‟ e „SL‟,
estudados (p = 0,255) e do fator „SL‟ isoladamente (p = 0,181). No entanto, um efeito
significativo, isolado, do fator „tempo‟ foi verificado (Fig. 7C) (F (2, 56) = 5,63, p = 0,006).
Quando realizada a análise dos valores normalizados de ingestão de ração ao quarto dia
experimental não se evidenciou interação dos fatores „SL‟ e „administração da dexametasona‟
(p = 0,807), bem como dos fatores „SL‟ e „administração da dexametasona‟, isoladamente (p
= 0,82; p = 0,09, respectivamente).
32
DIA 1 DIA 2 DIA 30
10
20
30
* *
Ing
estã
o d
e r
ação
(g
)
Veículo Dexa0
10
20
30CONTROLE
SL4
Ing
estã
o d
e r
ação
(g
)
DIA 1 DIA 2 DIA 30
2
4
6
8
10
Ing
estã
o d
e r
ação
(g
/100 g
de m
assa c
orp
óre
a)
Veículo Dexa0
2
4
6
8
10
Ing
estã
o d
e r
ação
(g
/100 g
de m
assa c
orp
óre
a)
(A) (B)
(C)(D)
5.2.
5.2 Concentração plasmática de Angiotensina II
As concentrações plasmáticas de ANG II, mensuradas após o tratamento
hiperosmótico seguido, ou não, de administração de dexametasona, estão representados na
Figura 8. Ao analisar a concentração plasmática de ANG II, a análise de variância de duas
vias evidenciou presença de interação dos fatores „SL‟ e „administração da dexametasona‟,
estudados (F (1, 19) = 6,35, p = 0,0209) e efeito significativo isolado do fator „administração da
dexametasona‟ (F (1, 19) = 4,77, p = 0,0417). O pós teste de Bonferroni evidenciou diferença
Figura 7: Perfil de ingestão de ração do protocolo de indução hiperosmótica (Paineis A - D) e do
tratamento com dexametasona no 4° dia experimental (Paineis B e D). O consumo de ração ingerida está
expresso em valor absoluto (Paineis A e B) ou normalizado por 100g de massa corpórea (Paineis C e D). Análise
estatística: ANOVA de duas vias seguido do pós-teste de Bonferroni; (*) p < 0,05, quando comparado ao grupo
controle. Paineis A e C: Controle (n=14); SL4 (N=16). Paineis B e D; Controle (n = 7); SL4 (n = 8); Controle +
Dexa (n = 8); SL4 + Dexa (n = 8). SL4: Sobrecarga salina durante quatro dias; Veículo: (solução salina
isotônica, 0,9% de NaCl); Dexa: Dexametasona.
33
entre as concentrações plasmáticas de ANG II dos grupos Controle e SL4 (337,14 ± 95,35
versus 841,59 ± 110,46 pg/mL, p < 0,01, respectivamente ).
Veículo Dexa0
500
1000
1500Controle
SL4
**
AN
G I
I (p
g/m
L)
5.3. Dupla marcação OT/p65 nos núcleos paraventricular e supra-óptico do
hipotálamo
Os resultados descritos a posteriori são referentes à análise qualitativa da presença
da subunidade p65 do fator de transcrição nuclear κB (NF-κB), bem como, inferências a
respeito do seu padrão de marcação intracelular (citoplasmática, nuclear ou em ambos), em
neurônios ocitocinérgicos do núcleo paraventricular (PVN) e supra-óptico (SON), por meio
da técnica de imunofluorescência para a marcação dupla de OT e p65. As divisões dos
núcleos hipotalâmicos estudados são apresentadas de acordo com o proposto pelo atlas de
Paxinos e Watson (2007).
Nas figuras 9, 10, 11 e 12 estão apresentadas fotomicrografias representativas de
secções coronais do cérebro de ratos ilustrando tecidos com neurônios marcados para
ocitocina (OT) e/ou subunidade p65 do NF-κB, nas divisões magnocelular medial (PaMM),
Figura 8: Efeitos do tratamento com dexametasona nos níveis plasmáticos de angiotensina II dos grupos
de animais submetidos ao protocolo de indução hiperosmótica. Análise estatística: ANOVA de duas vias
seguido do pós-teste de Bonferroni; (**) p < 0,01. Controle (n = 5); SL4 (n = 7); Controle + Dexa (n = 5); SL4
+ Dexa (n = 7). SL4: Sobrecarga salina de quatro dias; Veículo: (solução salina isotônica, 0,9% de NaCl);
Dexa: Dexametasona.
34
magnocelular lateral e parvocelular medial (PaLMMP), parvocelular posterior (PaPP) do
núcleo paraventricular e núcleo supra-óptico, respectivamente. Os Paineis de A a D destacam
os neurônios ocitocinérgicos (verde) dos grupos Controle (Painel A), Controle + Dexa (Painel
B), SL4 (Painel C) e SL4 + Dexa (Painel D). Nos Paineis de E a H, por sua vez, podemos
visualizar os neurônios marcados para p65 (em vermelho) nos grupos experimentais já
destacados. As sobreposições das marcações encontradas estão ilustradas nos paineis de I a L.
Nesses, também encontram-se destacados, no canto inferior direito, amostras de fenótipos
neuronais nas quais se evidencia a ocorrência e a localização da dupla marcação.
Na Figura 9, encontram-se destacados, nos Paineis de A a L, as fotomicrografias
representativas da divisão magnocelular medial do núcleo paraventricular (PaMM). Como
pode ser visualizado nos Paineis de A a D, após análise qualitativa, podemos inferir que a
ocitocina apresentou marcação citoplasmática. O grupo Controle + Dexa apresentou marcação
mais acentuada de ocitocina (Painel B) quando comparado aos grupos Controle (Painel A),
SL4 (Painel C) e SL4 + Dexa (Painel D). Nos grupos experimentais submetidos à SL4 e SL4
+ Dexa (Paineis de C a D) houve baixa marcação de ocitocina, quando compara-se à
marcação visualizada nos grupos Controle e Controle + Dexa (Paineis de A e B).
A marcação da subunidade p65 do NF-κB no PaMM demonstra se
predominantemente citoplasmática (Fig. 9, paineis de E a H). Como pode ser visualizado no
Painel F, o grupo Controle + Dexa apresentou baixa expressão da subunidade p65, quando
contraposto aos perfis fenotípicos apresentados nas fotomicrografias dos grupos Controle
(Painel E), SL4 (Painel G) e SL4 + Dexa (Painel H).
Os Paineis de I a L, da Figura 9, evidenciam as fotomicrografias resultantes das
sobreposições das marcações OT/p65. Uma maior densidade de células positivas para OT/p65
pode ser vista no Painel I, onde demonstram uma maior marcação citoplasmática para a p65
em detrimento de sua menor marcação nuclear. A observação do Controle + Dexa (Painel J)
sugere uma marcação de aspecto citoplasmático, e ainda menos intensa, de neurônios
positivos para OT/p65, em relação aos demais grupos. Por outro lado, a observação dos
neurônios ocitocinérgicos dos grupos SL4 e SL4 + Dexa (Paineis K e L), mostra uma intensa
marcação positiva para OT/p65. Além disso, sugerimos considerável marcação citoplasmática
nesse grupo.
35
3 V
OT
Controle Controle + Dexa SL4 SL4 + Dexa
Figura 9: Fotomicrografias representativas da expressão de ocitocina (OT; Paineis A, B, C e D) e da subunidade
p65 do NF-κB (Paineis E, F, G e H) em neurônios da divisão magnocelular medial do núcleo paraventricular
(PaMM) de ratos tratados durante 4 dias com água ad libitum (Controle; Paineis A, E e I); ou com água ad libitum
e dexametasona (10 mg/kg, i.p.) administrado apenas 12h e 2 h antes da perfusão (Controle + Dexa; Paineis B, F e
J); ou com sobrecarga salina ad libitum, NaCl (1,8%), durante 4 dias (SL4; Paineis C, G e K); ou com sobrecarga
salina ad libitum (NaCl 1,8%) durante 4 dias e dexametasona (10 mg/kg, i.p.) administrado apenas 12h e 2 h antes
da perfusão (SL4 + Dexa; Paineis D, H e L). As imagens foram capturadas em aumento de 200 e 400 vezes), n = 2
– 3 por grupo. Dimensão da escala: 50 μm. 3V: terceiro ventrículo. Os retângulos amarelos indicam a localização
de neurônios duplamente marcados e destacados em maior aumento no canto inferior direito dos Paineis I, J, K e L.
So
bre
posi
ção
p65
OT
36
As divisões magnocelular lateral e parvocelular medial do núcleo paraventricular
(PaLMMP) estão representadas na Figura 10. A análise comparativa de seus paineis permite
sugerir a presença de marcação citoplasmática para a ocitocina (Paineis de A a D). Os grupos
SL4 e SL4 + Dexa apresentaram uma maior expressão de ocitocina (Paineis C e D), quando
comparados aos grupos Controle e Controle + Dexa (Paineis A e B).
Como revelado nas fotomicrografias, a subunidade p65 está presente em todos os
grupos experimentais estudados e a observação do padrão de marcação intracelular observado
se mostra predominantemente citoplasmático (Fig. 10, paineis de E a H). O grupo Controle
(Painel E) apresenta uma marcação de p65 mais acentuada em relação ao grupo Controle +
Dexa (Painel F), e o grupo SL4 (Painel G) uma marcação mais acentuada para p65 quando
comparado ao grupo SL4 + Dexa (Painel H).
Na análise qualitativa das fotomicrografias representativas das duplas marcações
obtidas, verifica-se que todos os grupos experimentais apresentaram células neuronais
marcadas positivamente duplamente OT/p65. A observação ainda nos permite inferir a
respeito de uma localização intracelular predominantemente citoplasmática (Figura 10,
paineis de I a L). Os grupos Controle e SL4 apresentaram menor marcação nuclear para o p65
(Paineis I e K). A observação dos grupos SL4 e SL4 + Dexa (Paineis K e L), nos leva a
destacar uma marcação menos intensa de neurônios positivos para OT/p65, em relação aos
demais grupos.
37
3 V 3 V
3 V
3 V 3 V
3 V
3 V
3 V 3 V
3 V
3 V 3 V
Figura 10: Fotomicrografias representativas da expressão de ocitocina (OT; Paineis A, B, C e D) e da subunidade
p65 do NF-κB (Paineis E, F, G e H) em neurônios da divisão magnocelular lateral e parvocelular medial do núcleo
paraventricular (PaLMMP) de ratos tratados durante 4 dias com água ad libitum (Controle; Paineis A, E e I); ou com
água ad libitum e dexametasona (10 mg/kg, i.p.) administrado apenas 12h e 2 h antes da perfusão (Controle + Dexa;
Paineis B, F e J); ou com sobrecarga salina ad libitum, NaCl (1,8%), durante 4 dias (SL4; Paineis C, G e K); ou com
sobrecarga salina ad libitum (NaCl 1,8%) durante 4 dias e dexametasona (10 mg/kg, i.p.) administrado apenas 12h e
2 h antes da perfusão (SL4 + Dexa; Paineis D, H e L). As imagens foram capturadas em aumento de 200 e 400
vezes, n = 2 – 3 por grupo. Dimensão da escala: 50 μm. 3V: terceiro ventrículo. Os retângulos amarelos indicam a
localização de neurônios duplamente marcados e destacados em maior aumento no canto inferior direito dos Paineis
I, J, K e L.
Controle Controle + Dexa SL4 SL4 + Dexa
So
bre
posi
ção
p65
OT
38
A análise das fotomicrografias representativas da divisão parvocelular posterior do
núcleo paraventricular (PaPP) demonstraram a presença de neurônios marcados positivamente
para ocitocina com característica predominantemente citoplasmática em todos os grupos
experimentais (Fig. 11, paineis de A a D). Podemos observar que a marcação foi menos
intensa nos Grupos tratados com Dexa, Controle + Dexa e SL4 + Dexa (Paineis B e D)
quando comparados com os seus respectivos controles, grupos Controle e SL4 (Paineis A e
C).
A região parvocelular posterior apresentou-se com marcação positiva para de p65 em
todos os grupos experimentais estudados e com caraterística predominantemente
citoplasmática (Fig. 11, paineis de E a H).
Ainda em relação à divisão parvocelular posterior (PaPP), pode-se destacar a
presença de poucos neurônios marcados positivamente para OT/p65, em todos os grupos
experimentais (Fig. 11, paineis de I a L).
39
3 V
3 V 3 V
3 V 3 V
3 V 3 V 3 V 3 V
3 V 3 V 3 V
Figura 11: Fotomicrografias representativas da imunomarcação de ocitocina (OT; Paineis A, B, C e D) e da
subunidade p65 do NF-κB (Paineis E, F, G e H) em neurônios da divisão parvocelular posterior do núcleo
paraventricular (PaPP) de ratos tratados durante 4 dias com água ad libitum (Controle; Paineis A, E e I); ou com
água ad libitum e dexametasona (10 mg/kg, i.p.) administrado apenas 12h e 2 h antes da perfusão (Controle +
Dexa; Paineis B, F e J); ou com sobrecarga salina ad libitum, NaCl (1,8%), durante 4 dias (SL4; Paineis C, G e K);
ou com sobrecarga salina ad libitum (NaCl 1,8%) durante 4 dias e dexametasona (10 mg/kg, i.p.) administrado
apenas 12h e 2 h antes da perfusão (SL4 + Dexa; Paineis D, H e L). As imagens foram capturadas em aumento de
200 e 400 vezes, n = 2 – 3 por grupo. Dimensão da escala: 50 μm. 3V: terceiro ventrículo. Os retângulos amarelos
indicam a localização de neurônios duplamente marcados e destacados em maior aumento no canto inferior direito
dos Paineis I, J, K e L.
Controle Controle + Dexa SL4 SL4 + Dexa
So
bre
posi
ção
p65
OT
40
O núcleo supra-óptico está destacado em fotomicrografias representativas, na Figura
12. Nos paineis de A a D, nossa observação sugere uma marcação predominantemente
citoplasmática para a ocitocina.
Observamos a marcação de p65 em todos os grupos (Paineis de E a H), com
característica de marcação predominantemente citoplasmática. Além disso, constatamos a
presença de neurônios magnocelulares do SON marcados positivamente para OT/p65 na
totalidade dos grupos analisados.
41
QO QO QO
QO
QO
QO
QO QO
QO
QO
QO QO
Figura 12: Fotomicrografias representativas da imunomarcação de ocitocina (OT; Paineis A, B, C e D) e da
subunidade p65 do NF-κB (Paineis E, F, G e H) em neurônios do núcleo supra-óptico (SON) de ratos tratados
durante 4 dias com água ad libitum (Controle; Paineis A, E e I); ou com água ad libitum e dexametasona (10
mg/kg, i.p.) administrado apenas 12h e 2 h antes da perfusão (Controle + Dexa; Paineis B, F e J); ou com
sobrecarga salina ad libitum, NaCl (1,8%), durante 4 dias (SL4; Paineis C, G e K); ou com sobrecarga salina ad
libitum (NaCl 1,8%) durante 4 dias e dexametasona (10 mg/kg, i.p.) administrado apenas 12h e 2 h antes da
perfusão (SL4 + Dexa; Paineis D, H e L). As imagens foram capturadas em aumento de 200 e 400 vezes, n = 2 – 3
por grupo. Dimensão da escala: 50 μm. QO: quiasma óptico. Os retângulos amarelos indicam a localização de
neurônios duplamente marcados e destacados em maior aumento no canto inferior direito dos Paineis I, J, K e L.
Controle Controle + Dexa SL4 SL4 + Dexa
So
bre
posi
ção
p65
OT
42
Quadro 1: Resumo dos resultados referentes à análise qualitativa da dupla expressão OT/p65 no PVN e
SON de ratos tratados durante 4 dias com água ad libitum (Controle); ou com água ad libitum e
dexametasona (10 mg/ kg, i.p.) administrado apenas 12h e 2 h antes da perfusão (Controle + Dexa); ou
com sobrecarga salina ad libitum (NaCl 1,8%) de 4 dias (SL4); ou com sobrecarga salina ad libitum
(NaCl 1,8%) de 4 dias e dexametasona (10 mg/kg, i.p.) administrado apenas 12h e 2 h antes da perfusão
(SL4 + Dexa), n = 2 - 3 por grupo. PaMM (região magnocelular medial do núcleo paraventricular);
PaLMMP (região magnocelular lateral e parvocelular medial do núcleo paraventricular); PaPP (região
parvocelular posterior do núcleo paraventricular); SON (núcleo supra-óptico).
Controle Controle + Dexa SL4 SL4 + Dexa
Pa
MM
Colo
cali
zaçã
o
celu
lar
de
OT
e
p65 Sim Sim Sim Sim
Lo
cali
zaçã
o d
a
dup
la m
arca
ção
Citoplasmática
Nuclear (pouco
intensa)
Citoplasmática
Nuclear (pouco
intensa)
Citoplasmática
Nuclear (pouco
intensa)
Citoplasmática
PaL
MM
P
Co
-loca
liza
ção
celu
lar
de
OT
e
p65 Sim Sim Sim Sim
Lo
cali
zaçã
o d
a
dup
la m
arca
ção
Citoplasmática
Nuclear (pouco
intensa)
Citoplasmática
Citoplasmática
Nuclear (pouco
intensa)
Citoplasmática
PaP
P
Co
-loca
liza
ção
celu
lar
de
OT
e
p65 Sim Sim Sim Sim
Lo
cali
zaçã
o d
a
dup
la m
arca
ção
Citoplasmática
Citoplasmática
Nuclear (pouco
intensa)
Citoplasmática
Nuclear (pouco
intensa)
Citoplasmática
Nuclear (pouco
intensa)*
SO
N
Co
-loca
liza
ção
celu
lar
de
OT
e
p65 Sim Sim Sim Sim
Lo
cali
zaçã
o d
a
dup
la m
arca
ção
Citoplasmática
Nuclear (pouco
intensa)
Citoplasmática Citoplasmática Citoplasmática
43
6. DISCUSSÃO
A via de sinalização do NF-κB, objeto de estudo do presente trabalho, está envolvida
na homeostase de várias funções teciduais, bem como na fisiopatologia de uma vasta gama de
quadros clínicos. Mais precisamente, tendo em vista seu envolvimento direto na resposta
imunológica e, estando essa associada à uma modulação positiva sobre a liberação de
neuropeptídeos (OT e AVP), essenciais para a manutenção da homeostase hidroeletrolítica, a
via de sinalização do NF-κB destaca-se como uma etapa importante na interface da resposta
imunológica e endócrina. Sob essa perspectiva, este trabalho, pela primeira vez, demonstrou,
por meio de análise qualitativa e através da utilização da técnica de imunofluorescência, a
presença da subunidade ativa, p65, da via de sinalização do NF-κB, em fenótipos neuronais
ocitocinérgicos. Foram observados neurônios imunorreativos para OT/p65 no núcleo
paraventricular e supra-óptico do hipotálamo, tanto em condições basais, quanto sob estímulo
osmótico crônico, associados ou não ao tratamento farmacológico com dexametasona.
Fez parte do escopo do presente trabalho o estudo do comportamento ingestivo dos
animais submetidos à condição de desidratação crônica. A diminuição na massa corpórea de
animais submetidos à modelos de desidratação e tratamento com glicocorticoide é um achado
comumente evidenciado na literatura (GODINO et al., 2013; GOTTLIEB et al., 2006;
THUNHORST; BELTZ; JOHNSON, 2007; YUE et al., 2008). No entanto, esse déficit não
foi verificado neste estudo, tanto em resposta à sobrecarga salina quanto ao tratamento com
dexametasona, associados entre si, ou não (Fig. 5). Essas evidências podem ser melhor
entendidas quando se observa que os animais submetidos à sobrecarga salina ingeriram um
volume significativamente maior de fluido e, em contrapartida (baseando-se em observações
experimentais), excretaram um volume urinário visivelmente maior e mais concentrado, em
comparação ao grupo controle, culminando para um balanço hídrico provavelmente pouco
alterado. Essa linha de raciocínio encontra respaldo no perfil de análise utilizado por
Thunhorst, Beltz e Johnson (2007).
44
Conjectura-se, também, que o fato da inobservância de modificações no perfil de
massa corpórea dos animais submetidos ao tratamento com sobrecarga salina possa estar
associado à janela temporal do presente estudo, constituída de quatro dias. Talvez essa não
seja suficiente para a detecção da modificação já mencionada. Sugere-se, então, a
investigação em uma janela temporal maior.
A conhecida ação da dexametasona na função renal, aumentando oferta de água e
eletrólitos ao néfron por meio da diminuição da resistência pré-glomerular e eferente
(BAYLIS; HANDA; SORKIN, 1990), justificaria um balanço hídrico negativo, uma vez que
os animais dos grupos Controle + Dexa e SL4 + Dexa apresentaram perfis de ingestão
semelhantes. Porém, isso não refletiu na mensuração da massa corpórea dos animais tratados
com dexametasona.
Como supracitado, no presente estudo, os animais com acesso ad libitum à solução
salina, NaCl (0,3 M), ingeriram um volume maior de fluido quando comparados ao controle,
do segundo ao quarto dia experimental (Fig. 6). Estes achados estão em consonância com a
literatura (SUMMY-LONG et al., 2006), além de, também, corroborar a perspectiva de que a
sobrecarga salina é um modelo alternativo de desidratação, utilizado como potente estímulo
para ativação do sistema hipotálamo-neuro-hipofisário (JONES; PICKERING, 1969;
VENTURA et al., 2002, 2005).
As alterações do status natrêmico, da osmolidade e volemia, consequências da
desidratação celular, são percebidas e integradas centralmente. Os osmorreceptores centrais
localizados no OVLT, SFO e MnPO estão interconectados, direta ou indiretamente, a
grupamentos neuronais hipotalâmicos localizados no SON e PVN. Conectam-se ainda a
estruturas ao nível do tronco encefálico, como o NTS, PBLN, DRN e AP, para mediar tanto
as respostas comportamentais aos sinais de sede e apetite ao sódio, autonômicas e endócrinas,
tais como a modulação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, ativação da secreção de
OT, AVP e do ANP (ANTUNES-RODRIGUES et al., 2004, 2013b).
É sabido que o estímulo hiperosmótico leva à diminuição dos estoques neuro-
hipofisários de ocitocina e vasopressina, com consequente aumento das concentrações
plasmáticas dos referidos hormônios (JONES; PICKERING, 1969; YUE et al., 2008). No
45
entanto, a circuitaria neural prosencefálica que estimula a sede como consequência da
ativação dos osmorreceptores não está totalmente elucidada (VERBALIS, 2007). Egan et al
(2003) induziram sede em humanos conscientes, por meio da infusão de salina hipertônica, e,
utilizando ferramentas da neuroimagem, verificaram que a sensação de sede esteve associada
à grande ativação de regiões como a parede anterior do terceiro ventrículo, córtex cingulado
anterior, giro parahipocampal, giro frontal médio e inferior, ínsula e cerebelo (EGAN et al.,
2003). Assim, justifica-se a busca por água como mecanismo de defesa do organismo, no
intuito de restaurar o balanço hídrico corporal (GODINO et al., 2013).
Apesar de não haver evidência direta, a permanência da ingestão de fluido em animais
submetidos à ingestão de solução salina hipertônica, NaCl (0,3 M), aversiva para a percepção
gustatória de ratos, pode estar associada a alguma mudança na palatabilidade, ou seja, na
percepção sensorial do gosto do sal. Sabe-se da presença de canais de sódio do tipo epitelial
na porção anterior da língua que, por sua vez, traduzem o sinal da presença de sódio
conduzindo esta informação ao SNC, passando pelo NTS e daí para o PBLN (MORRIS; NA;
JOHNSON, 2008). Assim, uma diminuição na responsividade ao sódio, pelo nervo corda do
tímpano, pode estar implicando diretamente na detecção, aceitabilidade e ingestão de sal. NA,
MORRIS e JOHNSON (2012) verificaram que o tratamento com agonista opioide, morfina,
promoveu um aumento na ingestão de salina hipertônica em ratos com depleção de sódio.
Além disso, também evidenciaram que o mesmo tratamento diminuiu a resposta negativa à
ingestão de salina (0,3 M), no teste de reatividade gustativa, tanto em animais depletados
quanto com estado normonatrêmico, sugerindo que opioides endógenos possam modular
centralmente o comportamento de ingestão de sódio e palatabilidade.
Vale salientar, também, que o paradigma do presente estudo se encontra em duas
entradas sensoriais, que são integradas centralmente: i) um sinal natrêmico inibitório e ii)
sinal hipovolêmico excitatório sobre a ingestão de fluido, que nesse caso, parece estar sendo
preponderante como determinante da resposta de ingestão.
No presente trabalho, a SL4 foi capaz de elevar a ingestão de fluidos e a dexametasona
reverteu esse perfil (Fig. 6, paineis B e D). Este achado contradiz os dados de Thunhorst et al.
(2007) que verificaram que a dexametasona eleva a excreção de água e eletrólitos, mais
especificamente a natriurese e a caliurese, em animais normo-hidratados com acesso
46
exclusivo à água durante 24 horas, promovendo um balanço hídrico negativo, ainda que
diante do aumento da ingestão de água. Porém, deve-se considerar que, antes da
administração da dexametasona, os animais utilizados no presente estudo estão cronicamente
desidratados, diferentemente da condição de normo-hidratação utilizada por Thunhorst et al.
(2007). Isso poderia justificar, ao menos em parte, as diferenças observadas nos dois
trabalhos.
Relacionando essa evidência ao já conhecido aumento na concentração plasmática de
angiotensina II em resposta a um status hipovolêmico, desencadeando mecanismos
compensatórios de sede e apetite por sódio (FITZSIMONS, 1998; THORNTON, 2010),
esperava-se um efeito sinérgico, resultando em um aumento no volume de fluido ingerido.
Entretanto, a dexametasona, no presente estudo, parece desempenhar um papel modulatório
diferenciado nos mecanismos compensatórios fisiológicos associados à condição
hiperosmolar.
Ainda com relação à analise comportamental, pode-se destacar que a ingestão de ração
permaneceu inalterada em animais com acesso ad libitum à solução salina, NaCl (0,3 M) e
que a ingestão dos animais controle diferiu significativamente do grupo submetido à
sobrecarga salina ao primeiro e segundo dia experimental (Fig. 7A). Com base nesses
achados, conjectura-se que a maior ingestão de ração no grupo controle, nesses dias
experimentais, possa estar associado ao estímulo de novidade que, nesse caso, prolongou-se
além dos três dias de habituação. Além disso, esperava-se que, sendo a ração uma fonte de
componente osmótico (sal), houvesse uma menor ingestão no grupo submetido à sobrecarga
salina (MORRIS; NA; JOHNSON, 2008), mas o grupo sustenta um perfil de ingestão
uniforme ao longo dos dias experimentais. Ademais, apesar do reconhecido efeito
anorexigênico da dexametasona, em nosso protocolo nenhuma diferença foi observada (LIU
et al., 2011; THUNHORST; BELTZ; JOHNSON, 2007).
O aumento na concentração plasmática de ANG II no grupo de animais submetidos à
ingestão de solução salina hipertônica, NaCl (0,3 M), observado no presente estudo, é
consequência do já conhecido efeito da desidratação (Fig. 8). Verifica-se na literatura que um
dos estímulos para a secreção de renina pelas células do aparato justaglomerular renal, com
consequente formação de ANG II, é a redução da pressão de perfusão arterial característica do
47
estado hipovolêmico (FITZSIMONS, 1998). Além disso, apesar de não verificarmos efeito
significativo isolado do tratamento com dexametasona, destaca-se que, na presença do
mesmo, os animais controle tratados com dexametasona apresentaram maior concentração
plasmática de ANG II em comparação ao grupo controle tratado com veículo e, curiosamente,
o grupo SL4 permaneceu com concentração média praticamente inalterada (Fig. 8).
O aumento na concentração plasmática de angiotensina II, no grupo controle tratado
com dexametasona, pode ser consequência do efeito desse fármaco na atividade nervosa
simpática renal, que deve estar aumentada nesse caso, e constitui um drive positivo para a
secreção de renina (FITZSIMONS, 1998). É reconhecido que os glicocorticoides exercem
efeito excitatório sobre grupamentos neuronais pré-simpáticos bulbares (região
rostroventrolateral) e que a atividade simpática renal está aumenta em animais submetidos à
injeção intracerebroventricular de cortisol (RONG et al., 1999; TAKAHASHI et al., 1983;
WANG et al., 2002).
Assim, a presença desse drive simpático associado à evidências da literatura que
demonstram regulação transcricional positiva dos glicocorticoides sobre os níveis de RNAm
do angiotensinogênio e expressão de receptores angiotensinérgicos AT1 e AT2, justifica a
permanência do perfil aumentado e pouco alterado da concentração plasmática de ANG II nos
animais SL4 tratados com dexametasona (DODIC et al., 2002; DOSTAL; BOOZ; BAKER,
2000; MORITZ et al., 2002; SHELAT; FLANAGAN-CATO; FLUHARTY, 1999; ZHANG
et al., 2002).
No que tange à análise qualitativa da imunorreatividade da subunidade p65/RelA do
NF-κB em neurônios ocitocinérgicos do PVN e do SON, nossas observações sugerem uma
marcação predominantemente citoplasmática da ocitocina, em todas as divisões celulares do
PVN e SON (Fig. 9 - 12). Estas observações corroboram a literatura, uma vez que,
sabidamente, a ocitocina é sintetizada no núcleo sob a forma de um pré-pró-hormônio e
armazenado em vesículas no complexo de Golgi. Nessas vesículas, ocorrem modificações
pós-transcricionais que culminam com a formação do peptídeo biologicamente ativo,
localizado no citoplasma das células neuronais e ao longo do axônio (BURBACH et al.,
2001).
48
Observou-se, também, que nos grupos experimentais submetidos à SL4 e SL4 + Dexa
a marcação de ocitocina se mostra menos intensa, em relação à marcação dos grupos Controle
e Controle + Dexa, independente da região do PVN e SON (Fig. 9 - 12, paineis C-D e A-B,
respectivamente). Esses achados corroboram os de Yue et al. (2008), que verificaram redução
significativa no conteúdo neuro-hipofisário de ocitocina associado ao aumento significativo
na concentração plasmática desse neuropeptídeo nos animais submetidos à sobrecarga salina
durante cinco dias. Os autores verificaram diferenças no perfil de decaimento do conteúdo
neuro-hipófisário, ao longo dos dias, e na concentração plasmática, a partir do segundo dia
experimental, associado ao retardo observado na cinética de aumento dos níveis de RNAhn da
ocitocina no SON, em comparação ao RNAhn da vasopressina. Esses achados levaram os
autores a concluírem que os neurônios magnocelulares do SON respondem com diferentes
mudanças de taxa transcricional, para a AVP e OT, ao estímulo osmótico crônico, sugerindo a
possibilidade de envolvimento de diferentes mecanismos de transdução de sinal nos diferentes
fenótipos neuronais magnocelulares.
Porém, nossa análise qualitativa nos permite inferir a ausência de qualquer efeito do
tratamento com Dexa no perfil de marcação da ocitocina nos núcleos estudados (Fig. 9 - 12,
paineis A-B e C-D).
A modulação negativa sobre a ativação neuronal parvocelular e magnocelular do
hipotálamo exercida pelos glicocorticoides é uma evidência clássica encontrada na literatura
(DE KLOET; KARST; JOËLS, 2008; DURLO et al., 2004; LAUAND et al., 2007;
RUGINSK et al., 2007, 2009; SAWCHENKO, 1987). Essa inibição neuronal é resultado de
efeitos rápidos, não-genômicos, dos glicocorticoides suprimindo as entradas sinápticas
excitatórias glutamatérgicas e/ou facilitando as inibitórias (GABAérgicas). Foi verificado que
os glicocorticoides ativam receptores de membrana acoplados à proteína G, resultando na
inibição de correntes glutamatérgicas por meio de endocanabinoides (via receptor CB1), que
agem, nesse caso, como mensageiros retrógrados (DI et al., 2003, 2005; EVANSON et al.,
2010; TASKER; DI; MALCHER-LOPES, 2006; TASKER; HERMAN, 2011). Ademais,
recente estudo demonstrou a presença de co-localização de receptores de glicocorticoide em
neurônios GABAérgicos, nas proximidades de neurônios parvocelulares, fornecendo, assim,
evidências de um possível efeito direto do glicocorticoide sobre neurônios GABAérgicos e
49
modulação diferencial desses sobre a subdivisão parvocelular do hipotálamo (DE SOUZA;
FRANCI, 2013).
Em suma, se a secreção hormonal se dá em resposta à ativação neuronal, e se os
glicocorticoides possuem efeito inibitório sobre essa ativação, esperava-se por um perfil de
marcação de ocitocina menor. No entanto, uma modificação na imunorreatividade desses
grupos não foi passível de observação. Fato esse, que pode ser atribuído à limitações inerentes
ao padrão de análise predominantemente qualitativo, sem a utilização de ferramentas que
quantifiquem intensidades de fluorescência, o que permitiria um estudo mais acurado e
possibilitaria a detecção de nuances de marcação que passariam despercebidas à visão
humana. Sob outra perspectiva, o presente estudo sugere, tal como (DE SOUZA; FRANCI,
2010), que uma possível dessensibilização desses neurônios possa ter acontecido por ação de
glicocorticoide endógeno, nos grupos experimentais do presente estudo.
Nosso trabalho demonstrou a presença de marcação da subunidade p65 do NF-κB no
PVN e SON de todos os grupos experimentais estudados. Com destaque, a presença de
neurônios duplamente marcados para OT/p65 evoca possíveis inferências à respeito do papel
biológico do NF-κB em fenótipos neuronais ocitocinérgicos. A literatura não fornece
evidências diretas à respeito da ação do fator de transcrição nuclear –κB na modulação da
expressão gênica de ocitocina e/ou vasopressina. Apenas foi evidenciado três sítios de ligação
para o NF-κB na região promotora do gene do receptor de ocitocina em células miometriais
(KHANJANI et al., 2011; TERZIDOU et al., 2006). Esses autores verificaram que a deleção
dos sítios do NF-κB inibiu a ativação do promotor da expressão gênica do receptor de
ocitocina. Sendo assim, conjecturas à respeito do nível de participação do NF-κB na
modulação das ações da ocitocina se fazem pertinentes, ampliando, quem sabe, perspectivas
de influência direta desse fator de transcrição nas ações centrais ocitocinérgicas, quiçá na
população neuronal do PVN e SON envolvida na homeostase hidroeletrolítica.
Sabe-se que o NF-κB está presente no citoplasma da maioria das células, na forma
inativa, ligado a proteínas inibitórias da família IκB (IκBα, IκBβ), que impedem a
translocação nuclear. Frente a um estímulo apropriado, essas proteínas inibitórias são
fosforiladas por membros da família de IκB com atividade quinase (IKK) e,
consequentemente, o NF-κB se desliga do seu inibidor e transloca para o núcleo celular, onde
50
se liga a regiões promotoras de genes e promove a expressão induzível de proteínas (GHOSH;
MAY; KOPP, 1998). Dados atuais contabilizam cerca de 222 genes passíveis de modulação
transcricional pelo NF-κB (SHAPSHAK, 2012), o que enfatiza a importância do estudo de
uma via com tamanha capacidade modulatória.
A análise realizada em nosso trabalho nos leva a sugerir uma marcação
predominantemente citoplasmática da subunidade p65 do NF-κB. Sendo assim, poderíamos
inferir que a via de sinalização do NF-κB provavelmente não foi ativada em nosso modelo
experimental de sobrecarga salina, independente da região celular analisada e do tratamento
(Figs.de 9 a 12, paineis de E a H). No entanto, Mut et al. (2010) verificaram, em linhagem de
células de gliobastoma, que a fosforilação do NF-κB e translocação para o núcleo é
dependente do tempo, e relataram ainda que a fosforilação ocorreu dentro de 15 minutos após
o estímulo e se sustentou por 240 minutos, com translocação nuclear progressivamente
aumentada dentro desse período de tempo (MUT; AMOS; HUSSAINI, 2010). Essa evidência
pode justificar a localização citoplasmática da subunidade p65 do NF-κB, tendo em vista o
caráter crônico do experimento, e não descartar a hipótese de que uma possível ativação da
via do NF-κB tenha ocorrido, no modelo de sobrecarga salina durante 4 dias.
Com relação ao padrão de marcação predominantemente citoplasmática da subunidade
p65 do NF-κB, nos grupos tratados com dexametasona (Controle + Dexa e SL4 + Dexa, do
PVN e SON), esperávamos tal resultado, uma vez que, ao interagir com o receptor de
glicocorticoide ativo, o NF-κB perde a sua capacidade de ativar a transcrição gênica, pelo
bloqueio da translocação nuclear ou devido à perda de capacidade de se ligar ao DNA
(SCHEINMAN et al., 1995; UNLAP; JOPE, 1995; WIDÉN; GUSTAFSSON; WIKSTRM,
2003). O complexo glicocorticoide + receptor de glicocorticoide pode interagir com o NF-κB
tanto no núcleo quanto no citoplasma, como observado em linhagem de células hepáticas
(WIDÉN; GUSTAFSSON; WIKSTRM, 2003).
Além disso, muitas células expressando p65 não estavam duplamente marcadas com a
ocitocina e que nem todos os neurônios ocitocinérgicos apresentaram marcação para p65. No
entanto, esses achados não apresentaram um padrão de aparecimento, tanto em relação ao
tratamento com sobrecarga salina de quatro dias ou administração da dexametasona, ao menos
nas fotomicrografias analisadas.
51
De alguma forma, os fenótipos bioquímicos de neurônios ocitocinérgicos podem estar
sendo dinâmica e diferencialmente regulados em resposta às demandas ambientais. Além
disso, os achados supracitados indicam que o NF-κB está co-expresso em outros fenótipos
neuronais do PVN e SON, desempenhando funções diversas.
Por exemplo, recente estudo abriu novas perspectivas para o entendimento do papel do
hipotálamo no envelhecimento sistêmico associado à redução no RNAm Gnrh1. Os autores
verificaram, em uma linhagem de neurônios GnRH, que esse fator é regulado negativamente
pelo NF-κB e IKKβ (ZHANG et al., 2013). Kang et al. (2011) demonstraram que ratos com
insuficiência cardíaca apresentaram maior atividade do NF-κB no hipotálamo, importante
centro regulador da ativação simpática. O tratamento com inibidores específicos do NF-κB
reduziu a expressão de citocinas pró-inflamatórias, ANG II e noradrenalina (KANG et al.,
2011). Cardinale et al (2012) corroboram esse estudo ao demonstrarem que o bloqueio do NF-
κB no PVN reduz as ações das citocinas pró-inflamatórias e espécies reativas de oxigênio
(ROS) no PVN, além de modular negativamente a expressão do receptor de angiotensina II
tipo 1 (AT1R) e a enzima conversora de angiotensina (ECA), culminando na modulação do
sistema renina-angiotensina-aldosterona (RAS) e, consequentemente, atenuando a hipertensão
(CARDINALE et al., 2012).
Tais achados da literatura reforçam a importância de levantar conhecimento a respeito
da via clássica de ativação do NF-κB, uma via de sinalização muito importante envolvida em
mecanismos de manutenção da homeostase do organismo.
52
7. CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos no presente estudo podemos concluir que :
1. A janela temporal de quatro dias utilizada no presente estudo não foi suficiente para
detectar uma diminuição na massa corpórea dos animais submetidos à ingestão de
salina hipertônica, tratados com dexametasona ou veículo;
2. O protocolo de indução hiperosmótica foi efetivo promoveu um perfil de ingestão de
fluido aumentado, salina (0,3 M), do segundo ao quarto dia experimental, que foi
revertido pelo tratamento com a dexametasona no quarto dia experimental;
3. Houve um aumento na concentração plasmática de ANG II nos animais submetidos à
sobrecarga salina, sendo que o tratamento com dexametasona propiciou elevação na
concentração hormonal dos animais controle e perfil inalterado nos animais SL4;
4. O presente estudo verificou a presença da subunidade p65 do NF-κB em neurônios
ocitocinérgicos das principais áreas hipotalâmicas que integram os eixos do estresse
(HHA) e do equilíbrio hidroeletrolítico (SHNH).
53
8. PERSPECTIVAS
Mais estudos são necessários a fim de esclarecer as bases moleculares da dinâmica de
recrutamento da via intracelular do NF-κB tanto nos fenótipos neuronais ocitocinérgicos
objetos do nosso estudo quanto vasopressinérgicos, evocada pela desidratação intracelular,
nos ajustes hidroeletrolíticos, endócrinos e comportamentais. Assim, para quantificar a
imunorreatividade do NF-κB nos diferentes grupamentos neuronais e, assim, complementar
tais achados, sugere-se a realização da dupla marcação imunofluorescente com um número
significativo de animais por grupo. Isso possibilitará que a ferramentas de análise quantitativa
das marcações, bem como métodos de análise da intensidade de fluorescência, sejam
utilizadas para obtenção de dados mais concisos. Estudos in vitro que mimetizem as
condições in vivo desse modelo experimental seria uma estratégia para estudar, por exemplo,
o decurso temporal de ativação do NF-κB no modelo proposto. Aliado à quantificação de
proteínas (p65 total, p65 fosforilado, receptor do glicocorticoide) por western blot, tanto no
compartimento nuclear quanto citoplasmático, estudos de co-imunoprecipitação do receptor
de glicocorticoide associado ao NF-κB, também forneceriam dados importantes.
54
9. REFERÊNCIAS
AGUILERA, G. Regulation of Pituitary ACTH Secretion during Chronic Stress.
Frontiers in Neuroendocrinology, v. 15, n. 4, p. 321–350, dez. 1994.
ALIAGA, E. et al. Osmotic stress increases brain-derived neurotrophic factor
messenger RNA expression in the hypothalamic supraoptic nucleus with differential
regulation of its transcripts. Relation to arginine-vasopressin content. Neuroscience, v.
112, n. 4, p. 841–850, 2002.
ALMAWI, W. Y.; MELEMEDJIAN, O. K. Negative regulation of nuclear factor-
kappaB activation and function by glucocorticoids. Journal of molecular
endocrinology, v. 28, n. 2, p. 69–78, abr. 2002.
AMES, R. G.; VAN DYKE, H. B. Antidiuretic hormone in the urine and pituitary of the
kangaroo rat. Proceedings of the Society for Experimental Biology and Medicine.
Society for Experimental Biology and Medicine (New York, N.Y.), v. 75, n. 2, p.
417–420, nov. 1950.
ANTUNES-RODRIGUES, J. et al. Neuroendocrine Control of Body Fluid Metabolism.
Physiological Reviews, v. 84, n. 1, p. 169–208, 1 jan. 2004.
ANTUNES-RODRIGUES, J. et al. Mapping and signaling of neural pathways involved
in the regulation of hydromineral homeostasis. Brazilian Journal of Medical and
Biological Research, v. 46, n. 4, p. 327–338, abr. 2013a.
ANTUNES-RODRIGUES, J. et al. Mapping and signaling of neural pathways involved
in the regulation of hydromineral homeostasis. Brazilian Journal of Medical and
Biological Research, v. 46, n. 4, p. 327–338, abr. 2013b.
ARAUJO, I. G. et al. Effects of acute and subchronic AT1 receptor blockade on
cardiovascular, hydromineral and neuroendocrine responses in female rats. Physiology
& behavior, v. 122C, p. 104–112, 2 out. 2013.
BAYLIS, C.; HANDA, R. K.; SORKIN, M. Glucocorticoids and control of glomerular
filtration rate. Seminars in nephrology, v. 10, n. 4, p. 320–329, jul. 1990.
BOURQUE, C. W.; OLIET, S. H. Osmoreceptors in the central nervous system.
Annual review of physiology, v. 59, p. 601–619, 1997.
BOYCHUK, C. R. et al. Rapid Glucocorticoid-Induced Activation of TRP and CB1
Receptors Causes Biphasic Modulation of Glutamate Release in Gastric-Related
Hypothalamic Preautonomic Neurons. Frontiers in neuroscience, v. 7, p. 3, 2013.
BURBACH, J. P. et al. Gene regulation in the magnocellular hypothalamo-
neurohypophysial system. Physiological reviews, v. 81, n. 3, p. 1197–1267, jul. 2001.
55
CARDINALE, J. P. et al. Angiotensin II-induced hypertension is modulated by nuclear
factor-κBin the paraventricular nucleus. Hypertension, v. 59, n. 1, p. 113–121, jan.
2012.
CELEC, P. Nuclear factor kappa B--molecular biomedicine: the next generation.
Biomedicine & pharmacotherapy = Biomédecine & pharmacothérapie, v. 58, n. 6-
7, p. 365–371, ago. 2004.
DABROWSKA, J. et al. Central CRF neurons are not created equal: phenotypic
differences in CRF-containing neurons of the rat paraventricular hypothalamus and the
bed nucleus of the stria terminalis. Frontiers in neuroscience, v. 7, p. 156, 2013.
DE BOSSCHER, K.; VANDEN BERGHE, W.; HAEGEMAN, G. Mechanisms of anti-
inflammatory action and of immunosuppression by glucocorticoids: negative
interference of activated glucocorticoid receptor with transcription factors. Journal of
neuroimmunology, v. 109, n. 1, p. 16–22, 1 set. 2000.
DE KLOET, E. R. et al. Glucocorticoid signaling and stress-related limbic susceptibility
pathway: about receptors, transcription machinery and microRNA. Brain research, v.
1293, p. 129–141, 13 out. 2009.
DE KLOET, E. R.; KARST, H.; JOËLS, M. Corticosteroid hormones in the central
stress response: quick-and-slow. Frontiers in neuroendocrinology, v. 29, n. 2, p. 268–
272, maio 2008.
DE SOUZA, L. M.; FRANCI, C. R. Differential immunoreactivity of glucocorticoid
receptors and vasopressin in neurons of the anterior and medial parvocellular
subdvisions of the hypothalamic paraventricular nucleus. Brain research bulletin, v.
82, n. 5-6, p. 271–278, 30 jul. 2010.
DE SOUZA, L. M.; FRANCI, C. R. Differential immunoreactivity of glucocorticoid
receptor and GABA in GABAergic afferents to parvocellular neurons in the
paraventricular nucleus. Neuroscience letters, v. 534, p. 199–204, 8 fev. 2013.
DENTON, D. A.; MCKINLEY, M. J.; WEISINGER, R. S. Hypothalamic integration of
body fluid regulation. Proceedings of the National Academy of Sciences of the
United States of America, v. 93, n. 14, p. 7397–7404, 9 jul. 1996.
DI, S. et al. Nongenomic glucocorticoid inhibition via endocannabinoid release in the
hypothalamus: a fast feedback mechanism. The Journal of neuroscience: the official
journal of the Society for Neuroscience, v. 23, n. 12, p. 4850–4857, 15 jun. 2003.
DI, S. et al. Rapid glucocorticoid-mediated endocannabinoid release and opposing
regulation of glutamate and gamma-aminobutyric acid inputs to hypothalamic
magnocellular neurons. Endocrinology, v. 146, n. 10, p. 4292–4301, out. 2005.
DODIC, M. et al. Programming Effects of Short Prenatal Exposure to Dexamethasone
in Sheep. Hypertension, v. 40, n. 5, p. 729–734, 11 jan. 2002.
56
DOSTAL, D. E.; BOOZ, G. W.; BAKER, K. M. Regulation of angiotensinogen gene
expression and protein in neonatal rat cardiac fibroblasts by glucocorticoid and beta-
adrenergic stimulation. Basic research in cardiology, v. 95, n. 6, p. 485–490, dez.
2000.
DURLO, F. V. et al. Interaction of prolactin, ANPergic, oxytocinergic and adrenal
systems in response to extracellular volume expansion in rats. Experimental
physiology, v. 89, n. 5, p. 541–548, set. 2004.
EGAN, G. et al. Neural correlates of the emergence of consciousness of thirst.
Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 100, n. 25, p. 15241–15246, 12
set. 2003.
EVANSON, N. K. et al. Fast Feedback Inhibition of the HPA Axis by Glucocorticoids
Is Mediated by Endocannabinoid Signaling. Endocrinology, v. 151, n. 10, p. 4811–
4819, 10 jan. 2010.
FERGUSON, A. V.; LATCHFORD, K. J.; SAMSON, W. K. The Paraventricular
Nucleus of the Hypothalamus A Potential Target for Integrative Treatment of
Autonomic Dysfunction. Expert opinion on therapeutic targets, v. 12, n. 6, p. 717–
727, jun. 2008.
FERREIRA, Z. S. et al. Corticosterone modulates noradrenaline-induced melatonin
synthesis through inhibition of nuclear factor kappa B. Journal of pineal research, v.
38, n. 3, p. 182–188, abr. 2005.
FITZSIMONS, J. T. Angiotensin, Thirst, and Sodium Appetite. Physiological Reviews,
v. 78, n. 3, p. 583–686, 1 jul. 1998.
FRANCIS, J. et al. Central mineralocorticoid receptor blockade decreases plasma TNF-
alpha after coronary artery ligation in rats. American journal of physiology.
Regulatory, integrative and comparative physiology, v. 284, n. 2, p. R328–335, fev.
2003.
FURAY, A. R.; BRUESTLE, A. E.; HERMAN, J. P. The Role of the Forebrain
Glucocorticoid Receptor in Acute and Chronic Stress. Endocrinology, v. 149, n. 11, p.
5482–5490, 11 jan. 2008.
GAINER, H. Cell-type specific expression of oxytocin and vasopressin genes: an
experimental odyssey. Journal of neuroendocrinology, v. 24, n. 4, p. 528–538, abr.
2012.
GHOSH, S.; MAY, M. J.; KOPP, E. B. NF-kappa B and Rel proteins: evolutionarily
conserved mediators of immune responses. Annual review of immunology, v. 16, p.
225–260, 1998.
GODINO, A. et al. Body Sodium Overload Modulates the Firing Rate and Fos
Immunoreactivity of Serotonergic Cells of Dorsal Raphe Nucleus. PLoS ONE, v. 8, n.
9, p. e74689, 20 set. 2013.
57
GOTTLIEB, H. B. et al. Differential effects of water and saline intake on water
deprivation-induced c-Fos staining in the rat. American journal of physiology.
Regulatory, integrative and comparative physiology, v. 290, n. 5, p. R1251–1261,
maio 2006.
GOURAUD, S. S. et al. Dehydration-induced proteome changes in the rat hypothalamo-
neurohypophyseal system. Endocrinology, v. 148, n. 7, p. 3041–3052, jul. 2007.
GRINEVICH, V. et al. Hypothalamic pituitary adrenal axis and hypothalamic-
neurohypophyseal responsiveness in water-deprived rats. Experimental neurology, v.
171, n. 2, p. 329–341, out. 2001.
HAYASHI, M. et al. Vasopressin gene transcription increases in response to decreases
in plasma volume, but not to increases in plasma osmolality, in chronically dehydrated
rats. American journal of physiology. Endocrinology and metabolism, v. 290, n. 2,
p. E213–217, fev. 2006.
HAYLEY, S. et al. Sensitization to the effects of tumor necrosis factor-alpha:
neuroendocrine, central monoamine, and behavioral variations. The Journal of
neuroscience: the official journal of the Society for Neuroscience, v. 19, n. 13, p.
5654–5665, 1 jul. 1999.
HAZELL, G. G. J. et al. G protein-coupled receptors in the hypothalamic
paraventricular and supraoptic nuclei--serpentine gateways to neuroendocrine
homeostasis. Frontiers in neuroendocrinology, v. 33, n. 1, p. 45–66, jan. 2012.
HERMAN, J. P. In situ hybridization analysis of vasopressin gene transcription in the
paraventricular and supraoptic nuclei of the rat: regulation by stress and glucocorticoids.
The Journal of comparative neurology, v. 363, n. 1, p. 15–27, 4 dez. 1995.
HERMAN, J. P.; SHERMAN, T. G. Acute stress upregulates vasopressin gene
expression in parvocellular neurons of the hypothalamic paraventricular nucleus.
Annals of the New York Academy of Sciences, v. 689, p. 546–549, 22 jul. 1993.
JAFERI, A.; BHATNAGAR, S. Corticosterone Can Act at the Posterior Paraventricular
Thalamus to Inhibit Hypothalamic-Pituitary-Adrenal Activity in Animals that Habituate
to Repeated Stress. Endocrinology, v. 147, n. 10, p. 4917–4930, 10 jan. 2006.
JAHNG, J. W. et al. Chronic food restriction in young rats results in depression- and
anxiety-like behaviors with decreased expression of serotonin reuptake transporter.
Brain research, v. 1150, p. 100–107, 30 maio 2007.
JENKINS, B. D.; PULLEN, C. B.; DARIMONT, B. D. Novel glucocorticoid receptor
coactivator effector mechanisms. Trends in endocrinology and metabolism: TEM, v.
12, n. 3, p. 122–126, abr. 2001.
JONES, C. W.; PICKERING, B. T. Comparison of the effects of water deprivation and
sodium chloride imbibition on the hormone content of the neurohypophysis of the rat.
The Journal of Physiology, v. 203, n. 2, p. 449–458, 8 jan. 1969.
58
KANG, Y.-M. et al. NF-κB in the paraventricular nucleus modulates neurotransmitters
and contributes to sympathoexcitation in heart failure. Basic research in cardiology, v.
106, n. 6, p. 1087–1097, nov. 2011.
KEMLER, I.; FONTANA, A. Role of IkappaBalpha and IkappaBbeta in the biphasic
nuclear translocation of NF-kappaB in TNFalpha-stimulated astrocytes and in
neuroblastoma cells. Glia, v. 26, n. 3, p. 212–220, maio 1999.
KHAN, S. et al. Activation of NFkB is a novel mechanism of pro-survival activity of
glucocorticoids in breast cancer cells. Cancer Letters, v. 337, n. 1, p. 90–95, 28 ago.
2013.
KHANJANI, S. et al. Synergistic regulation of human oxytocin receptor promoter by
CCAAT/ enhancer-binding protein and RELA. Biology of reproduction, v. 85, n. 5, p.
1083–1088, nov. 2011.
KISS, J. Z. et al. Glucocorticoid receptor in magnocellular neurosecretory cells.
Endocrinology, v. 122, n. 2, p. 444–449, fev. 1988.
LANDGRAF, R. et al. Release of vasopressin and oxytocin by paraventricular
stimulation in rats. The American journal of physiology, v. 258, n. 1 Pt 2, p. R155–
159, jan. 1990.
LAUAND, F. et al. Glucocorticoid modulation of atrial natriuretic peptide, oxytocin,
vasopressin and Fos expression in response to osmotic, angiotensinergic and cholinergic
stimulation. Neuroscience, v. 147, n. 1, p. 247–257, 15 jun. 2007.
LEHOUX, J. G.; FLEURY, A.; DUCHARME, L. The acute and chronic effects of
adrenocorticotropin on the levels of messenger ribonucleic acid and protein of
steroidogenic enzymes in rat adrenal in vivo. Endocrinology, v. 139, n. 9, p. 3913–
3922, set. 1998.
LIGHTMAN, S. L.; YOUNG, W. S., 3rd. Vasopressin, oxytocin, dynorphin, enkephalin
and corticotrophin-releasing factor mRNA stimulation in the rat. The Journal of
physiology, v. 394, p. 23–39, dez. 1987.
LING, J.; KUMAR, R. Crosstalk between NFkB and glucocorticoid signaling: a
potential target of breast cancer therapy. Cancer letters, v. 322, n. 2, p. 119–126, 28
set. 2012.
LISANTI, M. P.; MARTINEZ-OUTSCHOORN, U. E.; SOTGIA, F. Oncogenes induce
the cancer-associated fibroblast phenotype: metabolic symbiosis and “fibroblast
addiction” are new therapeutic targets for drug discovery. Cell cycle (Georgetown,
Tex.), v. 12, n. 17, p. 2723–2732, 1 set. 2013.
LIU, X.-Y. et al. Glucocorticoids decrease body weight and food intake and inhibit
appetite regulatory peptide expression in the hypothalamus of rats. Experimental and
Therapeutic Medicine, v. 2, n. 5, p. 977–984, 2011.
59
LÖWENBERG, M. et al. Glucocorticoid signaling: a nongenomic mechanism for T-cell
immunosuppression. Trends in molecular medicine, v. 13, n. 4, p. 158–163, abr. 2007.
MATTSON, M. P. NF-kappaB in the survival and plasticity of neurons.
Neurochemical research, v. 30, n. 6-7, p. 883–893, jul. 2005.
MCCANN, S. M.; GUTKOWSKA, J.; ANTUNES-RODRIGUES, J. Neuroendocrine
control of body fluid homeostasis. Brazilian journal of medical and biological
research = Revista brasileira de pesquisas médicas e biológicas / Sociedade
Brasileira de Biofísica ... [et al.], v. 36, n. 2, p. 165–181, fev. 2003.
MCEWEN, B. S.; DE KLOET, E. R.; ROSTENE, W. Adrenal steroid receptors and
actions in the nervous system. Physiological reviews, v. 66, n. 4, p. 1121–1188, out.
1986.
MCKAY, L. I.; CIDLOWSKI, J. A. Molecular control of immune/inflammatory
responses: interactions between nuclear factor-kappa B and steroid receptor-signaling
pathways. Endocrine reviews, v. 20, n. 4, p. 435–459, ago. 1999.
MECAWI, A. S. et al. The Role of Angiotensin II on Sodium Appetite After a Low-
Sodium Diet. Journal of Neuroendocrinology, v. 25, n. 3, p. 281–291, 2013.
MORGAN, S. A. et al. Regulation of lipid metabolism by glucocorticoids and 11β-
HSD1 in skeletal muscle. Endocrinology, v. 154, n. 7, p. 2374–2384, jul. 2013.
MORITZ, K. M. et al. Maternal Glucocorticoid Treatment Programs Alterations in the
Renin-Angiotensin System of the Ovine Fetal Kidney. Endocrinology, v. 143, n. 11, p.
4455–4463, 11 jan. 2002.
MORRIS, M. J.; NA, E. S.; JOHNSON, A. K. Salt craving: The psychobiology of
pathogenic sodium intake. Physiology & Behavior, v. 94, n. 5, p. 709–721, 6 ago.
2008.
MUT, M.; AMOS, S.; HUSSAINI, I. M. PKC alpha phosphorylates cytosolic NF-
kappaB/p65 and PKC delta delays nuclear translocation of NF-kappaB/p65 in U1242
glioblastoma cells. Turkish neurosurgery, v. 20, n. 3, p. 277–285, jul. 2010.
NA, E. S.; MORRIS, M. J.; JOHNSON, A. K. Opioid mechanisms that mediate the
palatability of and appetite for salt in sodium replete and deficient states. Physiology &
behavior, v. 106, n. 2, p. 164–170, 15 maio 2012.
NAITO, Y. et al. Effects of interleukins on plasma arginine vasopressin and oxytocin
levels in conscious, freely moving rats. Biochemical and biophysical research
communications, v. 174, n. 3, p. 1189–1195, 14 fev. 1991.
OAKLEY, R. H.; CIDLOWSKI, J. A. Cellular Processing of the Glucocorticoid
Receptor Gene and Protein: New Mechanisms for Generating Tissue-specific Actions of
Glucocorticoids. Journal of Biological Chemistry, v. 286, n. 5, p. 3177–3184, 2 abr.
2011.
60
PALIN, K. et al. Interleukin-6 activates arginine vasopressin neurons in the supraoptic
nucleus during immune challenge in rats. American Journal of Physiology -
Endocrinology and Metabolism, v. 296, n. 6, p. E1289–E1299, 6 jan. 2009.
PASPARAKIS, M. Regulation of tissue homeostasis by NF-kappaB signalling:
implications for inflammatory diseases. Nature reviews. Immunology, v. 9, n. 11, p.
778–788, nov. 2009.
PECKETT, A. J.; WRIGHT, D. C.; RIDDELL, M. C. The effects of glucocorticoids on
adipose tissue lipid metabolism. Metabolism: clinical and experimental, v. 60, n. 11,
p. 1500–1510, nov. 2011.
PURYEAR, R. et al. Enhanced salt intake in oxytocin deficient mice. Experimental
neurology, v. 171, n. 2, p. 323–328, out. 2001.
RAHMAN, I. Regulation of nuclear factor-kappa B, activator protein-1, and glutathione
levels by tumor necrosis factor-alpha and dexamethasone in alveolar epithelial cells.
Biochemical pharmacology, v. 60, n. 8, p. 1041–1049, 15 out. 2000.
RHODES, C. H.; MORRELL, J. I.; PFAFF, D. W. Immunohistochemical analysis of
magnocellular elements in rat hypothalamus: distribution and numbers of cells
containing neurophysin, oxytocin, and vasopressin. The Journal of comparative
neurology, v. 198, n. 1, p. 45–64, 1 maio 1981.
RIGATTO, K. et al. Salt appetite and the renin-angiotensin system: effect of oxytocin
deficiency. Hypertension, v. 42, n. 4, p. 793–797, out. 2003.
ROESCH, D. M.; BLACKBURN-MUNRO, R. E.; VERBALIS, J. G. Mineralocorticoid
treatment attenuates activation of oxytocinergic and vasopressinergic neurons by icv
ANG II. American journal of physiology. Regulatory, integrative and comparative
physiology, v. 280, n. 6, p. R1853–1864, jun. 2001.
RONG, W. et al. Rapid effects of corticosterone on cardiovascular neurons in the rostral
ventrolateral medulla of rats. Brain research, v. 815, n. 1, p. 51–59, 2 jan. 1999.
RUGINSK, S. G. et al. Glucocorticoid modulation of neuronal activity and hormone
secretion induced by blood volume expansion. Experimental neurology, v. 206, n. 2,
p. 192–200, ago. 2007.
RUGINSK, S. G. et al. Central actions of glucocorticoids in the control of body fluid
homeostasis: Review. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, v. 42,
n. 1, p. 61–67, jan. 2009.
RUGINSK, S. G. et al. CB(1) modulation of hormone secretion, neuronal activation and
mRNA expression following extracellular volume expansion. Experimental
neurology, v. 224, n. 1, p. 114–122, jul. 2010.
61
RUGINSK, S. G. et al. Cannabinoid CB1 receptor mediates glucocorticoid effects on
hormone secretion induced by volume and osmotic changes. Clinical and
experimental pharmacology & physiology, v. 39, n. 2, p. 151–154, fev. 2012.
SAKAI, R. R. et al. Intracerebral administration of mineralocorticoid receptor antisense
oligonucleotides attenuate adrenal steroid-induced salt appetite in rats.
Neuroendocrinology, v. 64, n. 6, p. 425–429, dez. 1996.
SAWCHENKO, P. E. Evidence for a local site of action for glucocorticoids in
inhibiting CRF and vasopressin expression in the paraventricular nucleus. Brain
research, v. 403, n. 2, p. 213–223, 17 fev. 1987.
SCHEINMAN, R. I. et al. Characterization of mechanisms involved in transrepression
of NF-kappa B by activated glucocorticoid receptors. Molecular and cellular biology,
v. 15, n. 2, p. 943–953, fev. 1995.
SEN, R.; BALTIMORE, D. Multiple nuclear factors interact with the immunoglobulin
enhancer sequences. Cell, v. 46, n. 5, p. 705–716, 29 ago. 1986a.
SEN, R.; BALTIMORE, D. Inducibility of kappa immunoglobulin enhancer-binding
protein Nf-kappa B by a posttranslational mechanism. Cell, v. 47, n. 6, p. 921–928, 26
dez. 1986b.
SHAPSHAK, P. Bioinformation and molecule of the month: Multiple interactive
pathways for a single gene, NFkB. Bioinformation, v. 8, n. 9, p. 399–402, 15 maio
2012.
SHELAT, S. G.; FLANAGAN-CATO, L. M.; FLUHARTY, S. J. Glucocorticoid and
mineralocorticoid regulation of angiotensin II type 1 receptor binding and inositol
triphosphate formation in WB cells. Journal of Endocrinology, v. 162, n. 3, p. 381–
391, 9 jan. 1999.
SOLT, L. A.; MADGE, L. A.; MAY, M. J. NEMO-binding domains of both IKKalpha
and IKKbeta regulate IkappaB kinase complex assembly and classical NF-kappaB
activation. The Journal of biological chemistry, v. 284, n. 40, p. 27596–27608, 2 out.
2009.
SPANGELO, B. L. et al. Role of the cytokines in the hypothalamic-pituitary-adrenal
and gonadal axes. Neuroimmunomodulation, v. 2, n. 5, p. 299–312, out. 1995.
SUMMY-LONG, J. Y. et al. Response of interleukin-1beta in the magnocellular system
to salt-loading. Journal of neuroendocrinology, v. 18, n. 12, p. 926–937, dez. 2006.
TAKAHASHI, H. et al. Centrally induced cardiovascular and sympathetic responses to
hydrocortisone in rats. The American journal of physiology, v. 245, n. 6, p. H1013–
1018, dez. 1983.
62
TAKEI, Y. Comparative physiology of body fluid regulation in vertebrates with special
reference to thirst regulation. The Japanese journal of physiology, v. 50, n. 2, p. 171–
186, abr. 2000.
TASKER, J. G.; DI, S.; MALCHER-LOPES, R. Rapid Glucocorticoid Signaling via
Membrane-Associated Receptors. Endocrinology, v. 147, n. 12, p. 5549–5556, 12 jan.
2006.
TASKER, J. G.; DUDEK, F. E. Electrophysiological properties of neurones in the
region of the paraventricular nucleus in slices of rat hypothalamus. The Journal of
physiology, v. 434, p. 271–293, mar. 1991.
TASKER, J. G.; HERMAN, J. P. Mechanisms of rapid glucocorticoid feedback
inhibition of the hypothalamic–pituitary–adrenal axis. research-article. Disponível
em: <http://informahealthcare.com/doi/abs/10.3109/10253890.2011.586446>. Acesso
em: 21 nov. 2013.
TERZIDOU, V. et al. Regulation of the Human Oxytocin Receptor by Nuclear Factor-
κB and CCAAT/Enhancer-Binding Protein-β. Journal of Clinical Endocrinology &
Metabolism, v. 91, n. 6, p. 2317–2326, 6 jan. 2006.
THORNTON, S. N. Thirst and hydration: Physiology and consequences of dysfunction.
Physiology & Behavior, v. 100, n. 1, p. 15–21, 26 abr. 2010.
THUNHORST, R. L.; BELTZ, T. G.; JOHNSON, A. K. Glucocorticoids increase salt
appetite by promoting water and sodium excretion. American journal of physiology.
Regulatory, integrative and comparative physiology, v. 293, n. 3, p. R1444–1451,
set. 2007.
TURNBULL, A. V.; RIVIER, C. L. Regulation of the hypothalamic-pituitary-adrenal
axis by cytokines: actions and mechanisms of action. Physiological reviews, v. 79, n. 1,
p. 1–71, jan. 1999.
UCHOA, E. T. et al. Glucocorticoids are required for meal-induced changes in the
expression of hypothalamic neuropeptides. Neuropeptides, v. 46, n. 3, p. 119–124, jun.
2012.
UNLAP, T.; JOPE, R. S. Inhibition of NFkB DNA binding activity by glucocorticoids
in rat brain. Neuroscience letters, v. 198, n. 1, p. 41–44, 22 set. 1995.
VALE, W.; RIVER, C. Substances modulating the secretion of ACTH by cultured
anterior pituitary cells. Federation proceedings, v. 36, n. 8, p. 2094–2099, jul. 1977.
VENTURA, R. R. et al. Nitrergic modulation of vasopressin, oxytocin and atrial
natriuretic peptide secretion in response to sodium intake and hypertonic blood volume
expansion. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, v. 35, n. 9, p.
1101–1109, set. 2002.
63
VENTURA, R. R. et al. Neuronal nitric oxide synthase inhibition differentially affects
oxytocin and vasopressin secretion in salt loaded rats. Neuroscience letters, v. 379, n.
2, p. 75–80, 6 maio 2005.
VERBALIS, J. G. How Does the Brain Sense Osmolality? Journal of the American
Society of Nephrology, v. 18, n. 12, p. 3056–3059, 12 jan. 2007.
WANG, W.-Z. et al. [Roles of ACh receptors in the effects of corticosterone on
presympathetic neurons in the ventrolateral medulla of rats]. Zhongguo ying yong
sheng li xue za zhi = Zhongguo yingyong shenglixue zazhi = Chinese journal of
applied physiology, v. 18, n. 1, p. 9–13, fev. 2002.
WANG, X. et al. Different signaling molecules responsible for IL-1beta-induced
oxytocinergic and vasopressinergic neuron activation in the hypothalamic
paraventricular nucleus of the rat. Neurochemistry international, v. 48, n. 4, p. 312–
317, mar. 2006.
WIDÉN, C.; GUSTAFSSON, J.-Å.; WIKSTRM, A.-C. Cytosolic glucocorticoid
receptor interaction with nuclear factor-κB proteins in rat liver cells. Biochemical
Journal, v. 373, n. 1, p. 211, 1 jul. 2003.
WINDLE, R. J. et al. Patterns of neurohypophysial hormone release during dehydration
in the rat. The Journal of endocrinology, v. 137, n. 2, p. 311–319, maio 1993.
YOUNG, T. K.; VAN DYKE, H. B. Repletion of vasopressin and oxytocin in the
posterior lobe of the pituitary gland of the rat. The Journal of endocrinology, v. 40, n.
3, p. 337–342, mar. 1968.
YUE, C. et al. Differential kinetics of oxytocin and vasopressin heteronuclear RNA
expression in the rat supraoptic nucleus in response to chronic salt loading in vivo.
Journal of neuroendocrinology, v. 20, n. 2, p. 227–232, fev. 2008.
ZHANG, G. et al. Hypothalamic programming of systemic ageing involving IKK-β,
NF-κB and GnRH. Nature, v. 497, n. 7448, p. 211–216, 9 maio 2013.
ZHANG, S.-L. et al. Insulin Inhibits Dexamethasone Effect on Angiotensinogen Gene
Expression and Induction of Hypertrophy in Rat Kidney Proximal Tubular Cells in
High Glucose. Endocrinology, v. 143, n. 12, p. 4627–4635, 12 jan. 2002.
ZUCKER, A.; GLEASON, S. D.; SCHNEIDER, E. G. Renal and endocrine response to
water deprivation in dog. The American journal of physiology, v. 242, n. 3, p. R296–
302, mar. 1982.
64
ANEXO A – DECLARAÇÃO DE APROVAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA
JUNTO AO CEPA/UFS
top related