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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA
Vanessa Yolanda Lucca
A VISAO PIAGETIANA SOBRE JOGOSNA FAIXA ETARIA: NASCIMENTO ATE 0 INiclO DA
ADOLESCENCIA
Curitiba2004
Vanessa Yolanda Lucca
A VISAO PIAGETIANA SOBRE OS JOGOSNA FAIXA ETARIA: NASCIMENTO ATE 0 INiclO DA
ADOLESCENCIA
MonografiD apresentada ao Curso dePedll.gogia - Lioenciatura Plena da Faculdadede Ci!ncias Humonas Letras e Artes deUniversidade Tuiuti do Parana como requisiteparciel pari! a obten~60 do grau deLicenc~ture em Pedagogia.
Orientador: Professor Mestre Renata Gross
oCuritiba2004
r:P¥ Universidade Tuiuti do Parana'T,FACULDADE DE CIENCIAS HUMANAS. LETRAS E ARTES
Curso de Pedagogia
TERMO DE APROVAc;AO
NOME DO ALUNO: VANESSA YOLANDA LUCCA
TiTULO: A Visao Piagetiana Sobre jogos na Faixa Etaria: Nascimentoate 0 infcio da Adolescencia.
TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSO APROVADO COMO REQUISITO PARCIAL
PARA A OBTENc;AO DO GRAU DE LlCENCIADO EM PEDAGOGIA. DO CURSO DE
PEDAGOGIA DA FACULDADE DE CIENCIAS HUMANAS. LETRAS E ARTES. DA
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA.
MEMBROS DA COMISSAO AVAf' DORA.
PROF(a). RENATO GROSS
ORIENTADOR
PROF(a). OLGA MARIA SILVA MATTOS M~ ..MEMBRO DA BANCA
PROF(a) ROSILDA MARIA BORGES FERREIRA ~
MEMBRO DA BANCA
DATA: 24/11/2004MEDIA: __1~Q _
CURITIBA - PARANA
2004
SUMARIO
RESUMO... .................................••................................... IV1 INTRODU<;:AO E JUSTIFICATIVA V2 PROBLEMA... . VI3 OBJETIVOS .......................•........ VII3.1 OBJETIVO GERAL ....................................••..... . VII3.2 OBJETIVOS ESPECiFICOS VII4 REFERENCIAL TEORICO.. .. 084.1 0 JOGO E A CRIANC;:A ...............................•••......................... 085 JEAN PIAGET: DADOS BIOGRAFICOS 125.1 ESTAGIOS DO DESENVOLVIMENTO 145.1.1 1° ESTAGIO: SENSORIO MOTOR 155.1.2 2° ESTAGIO: PRE-OPERATORIO 175.1.3 3° ESTAGIO: OPERATORIO CONCRETO 196 A TEORIA PIAGETIANA DOS JOGOS 226.1 JOGO DE EXERCiclO SENSORIO MOTOR.. . 236.2 JOGO SIMBOLICO 256.3 JOGO DE REGRA.. . 267 A IMPORTANCIA DO PROFESSOR NA APLICACAo DOSJOGOS..... .. 277.1 UM AMBIENTE ADEQUADO PARA 0 JOGO... .. 277.2 SELECIONAR MATERIAlS ADEQUADOS 287.3 PERMITIR A REPETIC;:AO DOS JOGOS.. . 287.4 VALORIZAR OS JOGOS REALIZADOS PELAS CRIANC;:AS .. 297.5 AJUDAR A RESOLVER CONFLITOS... . 307.6 RESPEITAR AS PREFERENCIAS DE CADA CRIANC;:A 307.7 NAO REFORC;:AR VALORES DO PROFESSOR 318 CONSIDERACOES FINAlS... . 33REFERENCIAS .. 35
Aos meus pais Oreste e Alair, meu noivo Mauricio,e demais familiares e amigos que sao
a raz~o de minha existencia.
Tenho uma divida de gratidao com todos os professores eespecial mente com 0 meu orienta dar prof. Renata Gross,
cujos canhecimentos foram partilhadas camiga.
"Brinear nao e perder tempo, e ganha"o. Eo triste ter meninossem escolas, mas mais triste eva-los enfileirados em salas
sem ar, com exercicios estereis, sem valor para aformac;ao humana~.
Cartos Drummond de Andrade
RESUMO
Os jogos devem 8staf sempre presentes na vida do sar humano, iniciando naEduca~o Infantil, pais esta atividade estimula 0 desenvolvimento social e passoalda crianya independente da epoea, cultura OU classe social em que S8 encontra.Esta pesquisa foj de extrema importancia, pois as pais e educadores t~m anecessidade de compreender e aprimorar seus conhecimentos e conhecer urnpouco mais sabre as ideias do grande educador Jean Piaget, para urna melhoraplicayao dos jogos com as crianyas. Analisando as fases do desenvolvimentoinfanti! relacionada aos jogos, observa-se com clareza que a pratica destasatividades devem estar baseadas na formac;ao de esquemas, pois assim a crianc;aS8 desenvolve de forma ludica e natural.
Palavras - chaves: jogos, crianc;as e Jean Piaget.
1INTRODUC;;Jl.O E JUSTIFICATIVA
A pratica pedagogica e as jogos devem caminhar juntos na etapa da
Educayaa Infantil. 0 jaga e uma atividade fisica e mental que favarece tanto a
desenvolvimento passoal quanta 0 social, de forma integral e harmonia sa;
independentemente da epaca, cultura e classe social, as jagas fazem parte da
vida da crianC;8, pois elas vivem num mundo de fantasia, encantamento, alegria e
sonhos, anda a realidade e 0 faz-de-conta S8 confundem.
Existem varios jogos educativos, como 0 quebra-cabeya, jogos de encaixe,
bleeos 16gicos, entre outros que sao de extrema importAncia no ambiente
educacional, pois elevam a motiva~o e potencializam a aprendizagem, mas einteressante esclarecer que 0 professor deve estar bastante atenta para perceber
se a manipula9iia do jaga propasta esta exercenda tanto a funyaa ludica quanta a
educativa, garantindo assim a construyao do conhecimento.
A import~ncia des sa pesquisa asta em apontar para os educadores a
necessidade de ccnhecer melhar a psiquisma infantil em geral e a impartancia das
jog os em particular, tendo como referencial basico a teoria do su[yo Jean Paiget
(1896 - 1980). Tal conhecimento permitira uma melhor aprendizagem dos
educandos, pesquisando referenciais te6ricos.
2 PROBLEMA
Sob quais bases e parametros se do a aplicabilidade na Educa,ao Infanti!,
da teeria de Piaget no que se refere ao hJdico e aos jog os?
30BJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
- Analisar a importancia dos jogos na vida da crianya desde seu inicio ate 0
surgimento da adolescencia. tendo como referencial te6rico basi co a tearia de
Piaget.
3.2 OBJETIVOS ESPECiFICOS
- Contribuir para que pais e educadores tanham uma visao ampliada e
aprofundada sabre a papel dos jogos, (em suas diferentes modalidadesl, na
forma(:8o harm6nica e integrada da cria"," na faixa eta ria da Educa,ao Infantil.
- Aproximar a tearia de Piagel daqueles que atuam diretamente com crianc;as.
4 REFERENCIAL TEORICO
4.1 0 JOGO E A CRIAN~A
o jogo tem um papel fundamental nas areas de estimula<;l!o da crianya e euma fonna natural de ala entrar em cantata com a realidade.
Obrlgada a adaptar·se sem oesur, a urn mundo social de mDis ",ethos,cujol intcresses e cujas regras Ihe permenecem extenorn, e a mundoHsico que ela ainda mal comprocnde, a crian~a nao consegue, como n65,satisfazer as neceuidades afetivas e ate intelectuais do seu eu neuasadaplar;Oes, 85 quais, per.!!. 05 adultos, sio mais au menas compleflls, mIlSque permanecem p1Jra ela tanto ml!lis inecabadas qUllnto mail for jovem.
(PIAGET, INHELDER, 2001, p. 52)
o jogo e integrador, ha sempre a carateristica do novo, 0 que e essencial
para despertar 0 interesse da crian~, e a medida em joga ala vai S8 conhecendo
melhor, construindo interiormente 0 seu mundo.
Essa atividade e urn dos meios mais interessantes a constru~~o do
conhecimento. Utilizando seu equipamento sens6rio~motor, a crian9a exerce
varios movimentos, pais 0 corpo e acionado e 0 pensamento tambem, e enquanto
e desafiada a desenvolver algumas habilidades que envolvam a identificayao,
observa9f1o, compara9f1o, analise, sintese e generaliza9~o, ela vai conhecendo
suas possibilidades e desenvolvendo cada vez mais a autoconfianya. E. importante
que, no jogo, a criant;.a descubra por si mesma, e para ;sso acontecer os adultos
deverao oferecer situayOes desafiadoras que motivem d~erentes respostas,
estimulando a criatividade e a redescoberta.
o carater de fic9ao e um dos elementos que constitui 0 jogo e, e um modo
de expressao de grande importimcia, pois tambem pode ser entendido como um
modo de comunica9a.o em que a crian9a expressa os aspectos mais intimos de
sua personalidade e sua tentativa de interagir com 0 mundo adulto.
Adamus apud Santos complementa,
Atrev8S do jogo (I criMca des.envolvera a capacidade de perceber suas deatitudes de cooperaylio, oferecendo a ela, que esta em formac;\\o,oportunidedes de desoobrir seus pr6prios recursos e tester SU8S pr6pri85habilidl'ldes, alem do que, tambem ale aprendera a conv~er com oscolegas nessa interac;Ao.
(ADAMAZUS .pud SANTOS, 2000, p. 156)
Atraves do jogo as crianyas exploram os objetos que as cercam, melhoram
sua agilidade fisica, experimentam seus sentidos, e desenvolvem seu
pensamento. Algumas vezes 0 realizartio sozinhas, em outras, na companhia de
outras crian9as desenvolvendo 0 comportamento em grupo. Pode-se dizer que
aprendem a conhecer a si proprias, ao mundo que as rodeia e aos demais.
o jogo da crian,a nao e equivalente ao jogo para 0 adulto, po is nao e uma
simples recrea9ilo, 0 adulto que joga alasta-se da realidade, enquanto a crian,a
ao brincar/jogar avan9a para novas etapas de dominio do mundo que a cerea.
Tambem a auto-estima, uma das condi90es do desenvolvimento normal,
tern sua g~nese na inffmcia em process 05 de interat;ao social - na familia ou na
escola - que sao amplamente proporcionados pelo brincar.
E de grande imporUmcia que pais e professores compreendam e utilizem 0
jogo como urn recurso privilegiado de sua intervenyAo educativa.
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Piaget (1975) acredita que 0 jogo e essencial na vida da crian~a. De inicio
tem-S8 0 joge de exercfcio que e pure prazer, par ter apreciada seus efeites.
Em toma dos 2-3 e 5-6 anos nota-sa a ocorr~nciados jogos simbolicos, que
satisfazem a necessidade da crianc;.ade nac somente relembrar 0 mentalmente
acontecido, mas de executar a representac;ao e em perfodo posterior surgem as
jogos de regras.
Segundo Araeira (1900, p. 71) " A regra surge da necessidade de jogar com
alguem da intem;ao de partilhar experiencias, par issa impliea relaC;aocom Dutra
passoa"
Os jogos de regras, que sao transmitidos socialmente de crian~a para
crianya e par con sequencia vao de importAnciade acordo com 0 progresso de seu
desenvolvimento social. Para Piaget, 0 jogo constitui-se em expressao a condi~o
para 0 desenvolvimento infantil, ja que as crianC;8squando jog am assimilam e
podem transformar a realidade.
Piaget acredita que a atividade ludica e 0 berc;o obrigatorio das atividades
intelectuais da crian98, sando assim, indispensavel a pratica educativa. "A
brincadeira infantil pode constituir-se em uma atividade em que as crianyas,
sozinhas ou em grupo procuram compreender 0 mundo e as ayoes humanas se
inserem cotidianamente". (WAJSKOP, 2001, p. 33)
No processo da educa~ao infantil 0 papel dos adultos e do professor e de
suma imporiancia, pOiSsao eles quem criam os espayos, disponibilizammateriais,
participam das brincadeiras, ou seja, fazem a media~ao da constru~ao do
conhecimento e inserem a crianya no mundo social.
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A desvaloriza~o do movimento natural e espont~neo da crian<;8 em favor
do conhecimento estruturado e formalizado, ignora as dimensoes educatlvas da
brincadeira e do jogo como forma rica e poderosa de estimular a atividade
construtiva da crianya. E urgente e necessaria que 0 professor procure ampliar
cada vez mais as vivencias da crianCY8 com 0 ambiente fisico, com brinquedos,
brincadeiras e com Qutras crian<;8s.
o jogo, compreendido sob 6tica do brinquedo e da criatividade, devera
encontrar maior espac;o para ser entendido como educa<;ao, na medida em que os
adultos e professor-es compreendam melhor toda sua capacidade potencial de
contribuir para 0 desenvolvimento da crianya.
Quando a crianc;a chega a eseela, traz consigo toda uma pre~hist6ria,
construida a partir de SUBS vivemcias, grande parte delas atraves da atividade
h,jdica.
E fundamental que as professores tenham conhecimento do saber que a
crianc;a construiu na interaQBo com a ambiente familiar e sociocultural, para
formular sua proposta pedagogica.
o professor devera contemplar a brincadeira como principia norteador das
atividades didatico-pedagogicas, possibilitando as manifesta<;:1ies corporais
encontrarem significado pela ludicidade presente na relayao que as crian9as
mantem com a mundo.
Antes de se aprofundar no que Piaget teorizou a partir de sua experilmcia
clinica e como professor de epistemologia genetica em Genebra, na Suiya, ira
tentar-se trayar em largas pincelas, urn panorama biografico de sua exist~ncia tao
fecunda quanto longa. E este 0 tema das paginas seguintes.
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5 JEAN PIAGET: DADOS BIOGRAFICOS
A biografia a seguir apresentada e urna tentativa de sintese dos dados
biognificos de Piaget, que pod em ser encontrados nas obres "PIA GET - 100
an05", escrita por Barbara Freitag, "A Psjcologia do Oesenvolvimento de Jean
Piaget" escnta par John H. Flavell e em duas das abras escritas pelo proprio
Pia get, 'Seis Estudos da Psicologia" e "A Linguagem e 0 Pensamento da Crianr;a".
Jean Piaget (1896-1980) foi um renomado psicologo e filosofo sui<;o,
conhecido por seu trabalho pioneiro no campo da inteligencia infantil. Ele passou
grande parte de sua carreira profissional interagindo com crianc;as e estudando 0
processo de raciocinio delas. Seus estudos tiveram urn grande impacto sabre as
campos da Psicologia e da Pedagogia.
Piaget foi um menino prodigio. Interessou-se por Historia Natural ainda em
sua inffmcia. Aos 11 anos de idade, publicou seu primeiro trabalho sabre sua
observa9f1o de urn pardal albino. Esse breve estudo e considerado 0 inicio de sua
brilhante carreira cientffica. Aos sabados, Piaget trabalhava gratuitamente no
Museu de Historia Natural de sua cidade natal, Neuchlltel.
Pia get freqOentou a Un ivers ida de de NeuchAtel, onde estudou Biologia e
Filosofia. Ele recebeu seu doutorado em Biologia em 1918, aos 22 anos de idade.
Apos formar-se, foi para Zurich, onde trabalhou como psicologo
experimental. La freqOentou aulas lecionadas por Jung e lrabalhou como
pSiquiatra em urna clinlca. Essas experlenclas influenciaram-no em seu trabalho.
Ele passou a combinar a psicologia experimental - que e um estudo formal e
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sistematico - com metod as informais de psicologia: entrevistas, conversas e
analises de pacientes.
Em 1919, Pia get mudou-se para a Franc;a, onde foi convidado a trabalhar
no laboratorio de Alfred Binet, urn famoso psic61ogo infantil que desenvolveu
testes de inteligencia padronizados para criantras. Pia get notou que crian'):as
francesas da mesma faixa etaria cometiam as masmos erras nesses testes e
concluiu que 0 pensamento [ogleD sa desenvolve gradualmente.
o ano de 1919 10i urn marco em sua vida. Piaget iniciou seus estudos
experimentais sabre a mente humana e comeyou a pesquisar tambem sabre 0
desenvolvimento das habHidades cognitivas. Seu conhecimento de 8iol09ia levou-
o a enxergar 0 desenvolvimento cognitiv~ de urna crianc;a como sen do urna
evolu~o gradativa.
Em 1921, Pia get voltou a Sui~ e tomou-se diretorde estudos no Instituto J.
J. Rousseau da Universidade de Genebra. La ele iniciou 0 maior trabalho de sua
vida, ao observar crian9as brincando e registrar meticulosamente as palavras,
a90es e processos de raciodnio delas.
Em 1923, Piaget casou-se com Valentine Chatenay, com quem teve tres
filhos: Jacqueline (1925), Lucienne (1927) e Laurent (1931). As teonas de Piaget
foram, em grande parte, baseadas em estudos e observa<;Oes de seus filhos que
ele realizou ao lado de sua esposa.
Enquanto prosseguia com suas pesquisas e publicac;6es de trabalhos,
Piaget lecionou em diversas universidades europeias. Registros revelam que ele
foi 0 (Jnico sufc;o a ser convidado para lecionar na Universidade de Sorbonne
(Pans, Franc;a), onde permaneceu de 1952 a 1963. Ate a data de seu falecimento,
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Pia get fundou e dirigiu a Centro Iniemacional para Epistemologia Genetica. Ao
lango de sua brilhante carreira, escreveu mais de 75 livros e centenas de
trabalhos cientificos.
Piaget desenvolveu diversos campos de estudos cientificos: a psicologia do
desenvolvimento, a teoria cognitiva e 0 que veio a ser chamado de epistemologia
genetica.
A essencia do trabalho de Piaget ensina que ao observarmos
cuidadosamente a maneira com que 0 Y.lnhecimento S8 desenvolve nas crian9as,
podemos en tender melhor a natureza do conhecimento humano. Suas pesquisas
sabre a psicologia do desenvolvimento e a epistemologia genetica tin ham 0
abjetivo de entender como 0 conhecimento evolui.
Piaget fonnulou sua leoria de que 0 conhecimento evolui progressivamente
par meio de estruturas de raciocinio que substituem umas as outras atraves de
eslagios. Islo significa que a logica e formas de pensar de uma crian9a sao
completamente diferentes das de outras crianyas e tambem da logica dos adultos.
Em seu trabalho, identifica os quatro eslagios de evolu9lio menIal de uma
crian9'!. Cada estagio Ii um periodo onde 0 pen samenlo e comportamento infantil
e caracterizado par uma forma especifica de conhecimento e raciocinio. Esses
quatro estagios s~o: sensoria-motor, pre-operat6rio, operat6rio concreto e
operatorio formal.
5.1 ESTAGIOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
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Pulaski (1986) na abra "Campreendenda Piagel: uma introduyaa aa
desenvolvimento cognitive da crian<;a~ calcca as estagios da seguinte maneira:
5.1.1 1° estagio: Sensoric-motor
No estagio sens6rio-motor, que dura mais au menDS do nascimento 80 24°
mAs de vida, a crianC;8 busca adquirir controle motor e aprender sabre as objetos
ffsicos que a rodeiam. Esse estagio sa chama sensoria-motor, pais 0 babe adquire
o conhecimento par maio de suas proprias ac;oes que sao controladas par
informay6es sensoria is imediatas.
A principal caracterfstica desse periodo e a aus~nciada funC;ao semi6tica,
ista e, a crianya naa representa mentalmenteas abjetas. Sua ayaa e direta sabre
eles. Essas atividades seraa a fundamenta da alividade intelectual futura. A
estimulayao ambiental interferira na passagem de urn estagio para 0 Qutro.
E neste periodo que as aquisi¢es si!lo mais fapidas e mais numerosas. No
inicio desta fase a crianc;aencontra-se num estado de indeferenciayao entre ela e
a mundo, nao se destinguindo dos objetos que a rodeiam, nem compreendendo as
relayOesentre as objetas independentementedela.
Em vez de palavras a crian98 serve-se de percepy6es e movimentos
organizados em esquemas de a90es.
Na presen9a de um novo objeto, 0 babl! incorpora-o sucessivamente em
cada um dos seus esquemas de a~o, como sa tratasse de as compreender pelo
usa.
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Ao lange destes dois anos a crian98 vai construir algumas noc;oes
fundamentais para a seu desenvolvimento.
Segundo Piaget, a mether mane ira de S8 compreender a conceito de objeto
na crianya desta idade e observar n seu comportamento quando urn objeto
desaparece au e escondido.
Exemple, S8 taparmos com urn len90 urn objeto que interessa a crian98
(beb~) ela e inca paz de afastar 0 obstaculo para chegar ao objeto, mesmo ela ja
sendo capaz de agarrar e puxar, nao 0 faz porque 0 objeto que desapareceu de
seu campo perceptiv~, deixou de existir. No final deste periodo acredita ja na
permanencia do objeto, mesmo quando e escondido em locais diferentes.
Ja e capaz de acompanhar a movimenta9fio do objeto e 0 procurar no local
certo.
Quando a crian98 puxa 0 cord80 de urn b,;nquedo pendurado sobre 0
beryo, percebe com agrado das oscilayOes que provocou. Esta ayao esta ligada aatividade do seu proprio corpo, vai sar generalizada, permitindo-Ihe agir sabre as
objetos, mesma a distancia.
Se de longe mostrarmos um brinquedo, ela vai agitar as brayos e as pemas
e erguer a cabe98 como se esta a9fio pudesse agir sobre 0 brinquedo (objeto).
Trata-se de uma casualidade ego~nt,;ca, ligada iI a980 propria,
caracterizada pela ausi!!ncia de relayOes objetivas entre 0 meio e a tim a atingir.
Por volta dos 18 meses, sempre que deseja alcan9ar urn objeto que esta
sabre a pano na mesa e que nao consegue atingir com a mao, puxa 0 pano para
atrair a si a objeto visado. Com a mesma tim, e capaz de servir de uma vara
quando a objeto S8 situ a fora do seu alcanc9.
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Estas condutas mostram que a crianc;:a nesta idade ja €I capaz de
reconhecer relar;oes objelivas de casualidade, na medida em que sa serve de
meios apropriados para alcan<;ar as seus fins.
Par volta de urn ana e meio, a crianC;8 comeC;8 a pensar. Para Piaget, 0
pensamento esta intimamente ligado a esquemas motores e ao conceito de
objetos e das suas caracteristicas. Imita tambem acontecimentos que v~
desenrolarem-se a sua volta. No final do estagio sens6rio-motor desenvolvem-se
outras estruturas cognitivas, a crianc;a comer;a a distinguir 0 eu de todo 0 resta
que a rodeia a adquire as noc;iles de espac;o e de lempo. E lambem nesle periodo
que a crian,a come,a a lalar.
Ate urn mes: comportamentos como respirar, chorar ou sugar 0 leite
matema sao determinados hereditaliamente e manifestam-se sob a forma de
reflexos inatos.
5.1.2 2° estagio: Pre-operat6rio
Sempre de acordo com Pulaski (1986), que ja na relerida obra apresenla
urna sinopse das ideias piagetianas, no estagio pre-operat6rio, que dura do 24°
mes aos 6 Bnos de vida, a crianya busca adquirir a habilidade verbal. Nessa
851a9io, ela js. consegue nomear objetos e raciocinar intuitivamente, mas ainda
n~o consegue coordenar opera9~es fundamentais.
Esle periodo caracteriz8-se pelo egocentrismo: ista 9, a crianC;8 ainda nao
sa mostra capaz de colocar-se na perspectiva do Qutro, 0 pensamento pre-
operacional e astatica e rfgido, a crian98 capla est ados momentaneos, sem junta-
I.
los em um todo, predomina uma visao de mundo que parte do proprio eu, nao
consegue ·pensar seu proprio pensamento·, 56 vivencia-Io; palo dasequilibrio:
ha uma predominancia de acomodac;Oes e nao das assimila90es; pel a
irreversibilidade: a cnanya parece incapaz de compreender a existencia de
fen6menos reversiveis, isto El, que S8 fizermos certas transforma¢es, somes
capazes de restaura-Ias, fazendo voltar ao estagio original.
Nesta fase a crianya apresenta urna definiQ8,o de linguagem ende forma de
certa maneira urn processo de imagens, atraves de urn Sistema de simbolos. Sao
essas imagens que determinam urn simbolismo caracterfstico proprio.
Surgem pensamentos animicos e intuitivos, sabre natureza. Para a crianya,
tudo S8 compara como ela: nuvens ·'cporam·, passaros voam Mporque gostam" e 0
sol "tern rosto",
Por exemplo, quando brinca, a crianc;a pode usar duas pec;as de leg a para
representar duas pessoas. E e nessa altura que come98 a dassificar e a ordenar
os objetos bem como a con tar.
o momenta em que a crianya substitui a ac;ao pel a sua representa~o, isto
El, em que se serve de simbolos, marca 0 inicio do pensamento.
o pensamento no inicio El nitidamente egocEmtrico, dado que assimilando 0
mundo exterior aos seus desejos, ao seu prOprio mundo interior, e incapaz de se
colocar no ponto de vista dos outros,
Este egocentrismo manifesta-se nitidamente no jogo simb6lico, no qual um
pau ou uma caixa perdem seu significado para simbolizarem aquilo que a crianc;a
desejar.
19
Este peri octo coincide com 0 comeyo da aquisiyao da linguagem. Com esta
abre-se urn novo mundo para a crian98, em que as simbolos que dispOe
(palavras) se apresentam como substitutos dos objetos e das situa<;iies. Estes
passam a sar representados. 0 esquema de a~ao da lugar ao da representayBo.
o usa da linguagem permite-lhe ainda urna troca de informa¢es com as
Qutros
Dado 0 egocentrismo por parte da crianc;a 0 dialogo e praticamente
inexistente. Masma quando brincam em conjunto com Qutras crianc;.as, verifiea-sa
que cada urna tala de monotogo colativo em vez de conversa au dialogo.
Neste periedo a crian9CI manifesta curiosidade par tude aquila que a rodeia,
A todo momento pergunta, 0 que e? por qu~?
Os trabalhos de Piaget revelam com clareza que a representac;ao do mundo
feita por uma crianc;a e diferente da do adulto. Nos primeinos anos do estagio pre-
operat6rio a crianya nao entendera a noc;ao de conservayao, dois recipientes
iguais contendo 0 mesmo volume de agua sao reconhecidos pela crianc;a como
tendo 0 mesmo volume de agua, se no entanto se despejar 0 liquido de urn dos
recipientes para uma proveta alta e estreita, a crianc;a desta faixa eta ria, dim que a
proveta contem rna is agua porque 0 nival da agua e rna is alto, pois ainda nao
consegue compreender que urn objeto conserva as suas prioridades originais.
A seguir Pulaski (1986) passa a descrever 0 estagio operatorio concreto.
5.1.3 3° estagio: Operatorio concreto
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No estagio operat6rio concreto, que dura dos 7 aos 11 anos de vida, a
criant;a comeya a Iidar com conceitos abstratos como as numeras e
relacionamentos. Esse estagio €I caracterizado par urna 16gica interna consistente
e pela habilidade de solucionar problemas concretos.
Piagel fala em operac;oes de pensamento ao inves de ac;6es. E capaz de
ver a totalidade de diferentes angulos.
Conclui e consolida as conservac;6es do numera, da substtmcia e do peso.
Apesar de ainda trabalhar com objetos, agora representados, sua flexibilidade de
pensamento permite urn grande numera de aprendiza.gens.
E nessa fase que as opera¢es de classifica9ao e seria980 sa elaboram.
Formulam-se operayOes dando subsidios ao raciocinio em seu desenvolvimento.
A alividade da crian9a torna-se operat6ria a partir do momento em que
ad quire uma mobilidade tal que uma a9ao efetiva do sujeito ou uma transforma9Ao
percebida no mundo fisico pade ser anulada em pensamento par urna a~o
orient ada em sentido inverso au compensada par uma 8980 reciproca.
Nessa lase come9Bm as opera,oes chamadas de logico-concretas, nas
quais as respostas baseiam-se na observayao do mundo e no conhecimento
adquirido. E a fase de escolariza9ao, dos primeiros taxtos e operac;6es
matematicas.
o equilibria entre a assimila~o e a acomoda980 toma-se rnais estavel.
Durante este estagio surge a capacidade de se efetuarern analises logicas,
da-se urn aumento da ernpatia com os sentimentos e atitudes dos outros
(ultrapassagem do egocentrismo) e comeya a haver compreens8o de relac;Oes
21
caus8-efeito mais complexas. E tambem nesse 85tagio que S8 da a saito no
desenvolvimento da capacidade de usc do pensamento simb6lico.
Mesmo antes do estagio das operac;6es concretas, a crian,a ja e capaz de
ordenar urna serie de objetos par tamanho e de comparar dOis objetos indican do
qual e 0 maior. No entanto, ainda nao sera capaz de compreender a propriedade
transitiva: sa 0 objeto A e maior que 0 objeto B e S8 B e maior que C, ainda nao
esta apto a concluir que A e maior que C.
Se colocar A ao lado de C percebera que A e maior que C.
No inicio do estagio das opera~6es concretas, a crian9B ja e capaz de
compreender a propriedade transitiva desde que aplicada a objetos concretos, que
tenha visto.
No entanto ainda nao e capaz de compreender a prioridade transitiva
quando aplicada a objetos hipoteticos. Par exemplo, sa puser 0 problema da
seguinte forma: A maior que B e B e maior que C, qual e maior, a ou C? a crianC;8
nao sera capaz de responder a 501u,"0 de problemas como este so sera possivel
de resolver no estagio de desenvolvimento seguinte (Operata rio formal).
Portanto, observa-sa que, segundo Piaget, e necessaria desenvolver e
trabalhar c~rreta e atentamente lodas as fases do desenvolvimento humano, pois
desta forma estarao completos para enfrentar as situa90es propostas pela vida.
Piaget acrescenta ainda um ultimo astagio chamado de "Oparac;6es
Formais~,a qual nos abstivemos de descrever, por fugir do escopo deste trabalho,
conforme fica evidenciado ja no titulo desta pesquisa.
22
6 A TEORIA PIAGETIANA DOS JOGOS
Ha pensadores que classificam os jogos das mais variadas formas, mas,
Piaget na obra '"A formaC;ao do simbolo na crianc;a" dassificou-os em tres
categorias que correspondem as tres fases do desenvolvimento infantil.
• Fase sensorio - motora: a crianva brinca sozinha, sem utiliza~o da no~o
das regras.
Fase pre - operat6ria: as crianyas adquirem a noyao da existemcia de
regras e come9am a jogar com outras crianc;as jog os de faz-de-conta.
Fase das operac;6es concretas: as crianyas aprendem as regras dos jog os
e jogam em grupo. Esta e a fase dos jogos de regras como futebol, damas,
etc.
Piaget propoe que se estruture os jogos nas formas de exercicio, simbolo e
regra, observando 0 desenvolvimento da crianya nestes jogos e em seu estagio de
desenvolvimento cognitiv~.
Nos jogos de exercicios (Fase sens6rio - motora) est~o as primeiras
manifestayoes ludicas da crianya. Ha observac;:ao, mas nao acrao para modificar,
portanto a assimilay~o se torna repetitiva.
Nos jogos simb61iccs (F ase pre - operat6ria), a crianya representa um
objeto ausente. Esse tipo de jogo pode ser defermante pois a crian98 acaba
representando do jeito que ela acha que e. Desta forma ela e capaz de produzir
linguagens, criando ccnvenyOes e compreendendo 0 sentido de tais ccnvenc;6es.
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Assim, ela busca explicar as coisas, dar respostas as varias questoes que ja
come9am a perturba-Ia.
Nos jogos de regras (Fase das opera90es concretas), a criany8 abandon a
seu egocentrismo e passa a ser social, pais as regras impostas pelo grupo devem
ser respeitadas sendo que, a nao cumprimento desta impliea no tim do jogo social.
Este jogo engloba as dais anteliores a medida que e herdeina das regularidades
presentes na estrutura dos jogos de exercicio e simb6lico.
Assim Piaget (1975 p. 144-149) ciassificou as jogos:
• Jogos de exercicio sensoria motor
• Jogo simb61ico
Jogo de regras
6.1 JOGO DE EXERCiclO SENS6RIO MOTOR
De acordo com Piaget, a fundamental caracteristica da crianc;a neste
primeiro estagio de vida e abter a possibilidade de satisfar;ao de suas
necessidades. Cada vez mais a crianya S8 tom a consciente das suas
potencialidades para abter, par maio de diferentes eondutas, a prazer de ter suas
necessidades atendidas, todas suas ayaes fieam dirigidaspara atingir seu objetivo
maior:a prazer.
o be be mama nao apenas para sobreviver, mas porque descobre urn
prazer em mamar, a medida em que satisfaz sua fome. E par isso que a faz
chupar a chupeta, mesmo que dali n:1losaia alimento. 0 exercicio de sugar da
prazer.
Segundo Aroeira (1996, p. 69) 'sao movimentos simples, que a crian\",
repete por prazer, sem nenhuma intenyao de representa,ao e evolui para atos
mais complexos! ... ).
Todas as outras conquistas que presenciamos nesta fase, sao carregadas
de prazer contido na a,ao.
Para Pia get (1975), 0 jogo de exercicio e presen,a caracteristica no periodo
sens6rio - motor, mas esta sempre presente em nossas vidas adultas, pOisnunca
nos desligamos de sua peatica.
A cada nova aprendizagern voltamos a utilizar os jogos de exercicios. E a
que acontece quando adquirimos urn carro novo ou um eletrodomestico. Ligamos
e religamos a maquina varias vezes, testamos sua potencia, repetimos as
mesmas 8t;6es ate estarmos seguros de que sabemos pcHa em funcionamento.
Isso nos da enorme prazer pois descobrimos que temos total poder e controle
sobre a maquina.
Assim, a pratica de jogos de exercfcios deve estar baseada na forma~o de
esquemas de ac;6es.A aprendizagem em si n~o deve ser sua meta principal, pOis
e preciso considerar que as jogos de exercfcio caracterizam a atividade ludica da
criant;a no perf ado de desenvolvimento que Piaget chamou de sens6rio motor,
mas consideramos ao mesma tempo em que as caracterfsticas dessa estrutura
continuamsendo parte fundamental das outras estruturas de jog as.
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6.2 JOGO SIMBOLICO
Os iogos simb61icos fazem parte da fase pra - operatoria, "[ ... ] 0 faz-de-
conta infantil estimula 0 desenvolvimento do pensamento sobre os objetos n~o-
existentes representados por esses 3imooios." (PULASKI, 1986, p. 91)
A diferen9a que se torna presente da etapa de desenvolvimento anterior, eque agora a crianc;a objetiva a mesma sensa9Bo de prazer 56 que utHizando a
simbologia, marcada pelo faz de conta, pela representac;ao, pelas possibilidades
do teatro, das hist6rias, dos fantoches, do brincar com objetos dan do a eles um
outro significado. Isso porque a crian,a a capaz deste iogo, porque ia estruturou
sua fun,ao simbolica, ia produz imagens mentais, ia domina a linguagem falada,
que Ihe possibilita usar simbolos para substituir os obietos "[ .. ] 0 obieto a urn
simbolo que sugere algo mais, existente na mente da crianys". (PULASKI, 1986,
p.91)
Os jogos simbolicos apresentam como elementos carateristicos 0 espa90
de liberdade plena para a criac;ao de regras, que segundo Delval (1998, p. 91) '0
jogo simb6lico permite que a crianc;a transfonne situa¢es, tornando-se dona de
seu destin~, submetendo-se aos seus desejos[ ..T assegurando a plena
amplia9ao de suas potencialidades de fantasiar e imaginar outras possibilidades e
a falta de urn obieto claro, concreto, ou seia, 0 brincar a movido apenas pelo
desejo de sentir 0 prazer de brincar.
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Quando joga jogos simbOlicos, a crianya tern a possibilidade de vivenciar
aspectos da realidade muitas vezes dificeis de elaborar: a vinda de urn irmao, a
mudanc;a de escola, etc.
6.3 JOGO DE REGRA
Para Piaget a atividade ludica do ser socializado 9Sta presente nos jogos de
regras, movimento/momento de experimentacao humana, ande as modific890es
ocorridas na criany8 encontram a revers~o do pensar operat6ria concreto KGs
jog as dotados de normas, [... ), sao essencialmente socia is e conduzem a urna
crescente adaptagao' (PULASKI, 1986, p. 92)
A socializa<;ijo de modos de se portar, a alegria, 0 pie no prazer do
exercfcio, a ludico presente no campo sem~ntico do simb6lico, a certeza da
compreensao de categorias de tempo/espago, as limitagOes impostas pelas re9ras
caracterizam espayDs de transi980 a vida adulta.
Com as jogos de regras existe 0 movimento da consciencia de uma
determinada situa9ao-problema, a busca competitiva de encontrar uma possivel
sarda para resolver esta situa9ao e a recompensa par ter alcan9ado 0 objetivo
com sucesso. "[ ... J a participa,ao em jogos contribui para a tormagao de atitudes
socia is: respeito mutuo, solidariedade, coopera,ao, obediencia as regras, sen so
de responsabilidade, iniciativa pessoal e grupal". (HAIDT, 2000, p. 176).
Ao exercitar em seu dia-a-dia os jog os de regras as crian9as assimilam a
necessidade de cumprimento das leis da sociedade e das leis morais da vida.
7 A IMPORTANCIA DO PROFESSOR NA APLlCAc;Ao DOS
JOGOS
a professor tern urn papel de extrema importimcia na aplicayao dos jog os,
pais ele deve mediar tais atividades proporcionando a estimulo e a motivac;.3o das
crian<;:8s.
-E com esta crianya que a educador tern de saber lidar, tern de reconhecer
suas necessidades e procurar atende-Ias [ ...r (LOPES, 2000, p. 35)
Apesar do jogo ser uma atividade espontAnea nas crian~s, isso naD
significa que 0 professor nao necessite ter urna atitude ativa sobre ela, inclusive,
urna atitude de observa<;:8o que Ihe permitira conhecer muito sobre as clianC;8s
com quem trabalha, proporcionando assim urn melhor desenvolvimento dessas
crianc;.as.
7.1 UM AMBIENTE ADEQUADO PARA 0 JOGO
o professor deve sempre estar atento para proporcionar as crianc;as no
momento do jogo, algo tranqOilo e agradavel; onde as mesmas sintam-se cada
vez mais motivadas e interessadas nos jogos propostos.
A cria,ao de espa,os e tempos para os jogos e uma das tarefas mais
importantes do professor, principalmente na escola de educa,ao infantil. Segundo
Borges (1998, p. 113) "[ ... J e preciso que 0 educador prepare urn ambiente para 0
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aluno que favoreya, sabre todos as pontcs de vista, a essa possibilidade ja inata
do ser humano (... J".
Cabe a ele organizar as espa90s de modo a pennitir as diferentes formas
de jogos, de forma, por exemplo, que as crianyas que estejam realizando urn jogo
mais sedentario nao sejam atrapalhadas por aqualas que realizam urna atividade
que exige mais mobilidade e expanslto de movimentos.
7.2 SELECIONAR MATERIAlS ADEQUADOS
o professor precisa estar atento a idade e as necessidades de seus alunos
para selecionar e deixar a disposi980 materiais adequados. 0 material deve ser
suficiente tanto quanto a quantidade, como pela diversidade, pelo interesse que
despertam, pelo material de que s~o feitos. Lembrando sempre da import~ncia de
respeitar e propiciar elementos que favorec;a,m a criatividade das crianY8s.
Os materiais utilizados no momenta do jogo, devem ser coloridos, de
tamanho natural proporcionando assim, urn estimulo maior a criany8 que 0
observa. Pois desta fonma ela sera induzida e motivada ao jogo tambem pela
simples visua1iza~o dos materiais.
7.3 PERMITIR A REPETICAo DOS JOGOS
As crianyas sentem grande prazer em repetir jogos que conhecem bem.
Sentem-se seguras quando percebem que contam cada vez mais com habilidades
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em responder au executar 0 que e esperado pelos Qutros, sentern-se seguras e
animadas com a nova aprendizagem.
Par esse motivQ e importante que 0 professor tenha consciencia e penn ita
que as crian<;asrealizem as atividades Oogos) pelo tempo que acharem
necessaria.
74 VALORIZAR OS JOGOS REALIZADOS PELAS CRIANCAS
Uma observayiio atenta pode indicar aos professores que sua participa91io
seria interessante para enriquecer a atividade desenvolvida, induzindo novas
personagens ou novas situayaes que tomem 0 jogo mais rico e interessante para
as crianyas, aumentando suas possibilidades de aprendizagem.
Ao recorrer ao usc de jogos, 0 professor esla criando na sals de aula urnaatmosfera de motivattao que permite 80S alunos participar ativamente doprocesso de ensino-aprendizagem, assimilando experi~nciasinforma96es e, sobretudo, incorportlndo atitudes e valores.
(HAIDT, 2000, p. 175)
Valorizar as atividades das criany8s, interessando-se par elas, animando-as
pelo 85for9O, evitando a competic;ao, pois em jogos competitivos naD existem
ganhadores au perdedores. Outro modo de estimular a imaginar;ao das crianyas e
servir de modele, brincar junto au contar como brincava quando tinha a idade
delas.
Muitas vezes 0 professor, que nao percebe a seriedade e a importancia
des sa atividade para a desenvolvimento da criam;a, ocupa~se com Qutras taretas,
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deixando de observar atentame~te para poder refletir sobre 0 que as crianc;as
estao fazendo e perceber seu desenvo!virnento, acornpanhar sua evoluyAo, suas
novas aquisi90es, as rela90es com as outras crianyas e com adultos.
7.5 AJUDAR A RESOLVER CONFLITOS
Durante certos momentos dos jogos acontecem com certa freqij~ncia
pequenos conflitos entre as crianyas. A atitude mais produtiva do professor econseguir que as crianyas procurem resolver esses conflitos, ensinando-Ihes a
chegar a accrdos, negociar e compartilhar.
Atrav,;s dessas atitLides 0 professor que tem 0 papel de mediad or ensinara
as crian9as a resolver seus problemas sem brigas, sempre tentando negociar da
melhormaneira possive!.
Em certos momentos 0 professor devera mostrar que muitos destes
conflitos tornam-se necessarios e cada vez mais presentes em jogos de
competic;;ao.
7.6 RESPEITAR AS PREFERENCIAS DE CADA CRIANC;A
Atraves dos jog os cada crian9B tera oportunidade de expressar seus
interesses, necessidades e prefer~ncias. 0 papel do professor sera 0 de propiciar-
Ihes novas oportunidades e novos materiais que enrique9am seus jogos, po rem,
}I
respeitando os interesses e necessidades da crianC;8 de forma a nao forya-la a
realizar determinado jogo au praticar urn jogo coletivo.
Permitindo assim que as crian9as possam reallzar e repetir os jog os de sua
prefer~ncia.
7.7 NAo REFORC;AR VALORES DO PROFESSOR
E importante que 0 professor naG reforee valores culturais que para sle sao
inadequados, pais as crianc;as atrav8S dos jogos e das brincadeiras constroem
sua identidade.
Segundo Kishimoto (2000) para muitos professores da Educa<;llo Infantil,
alguns brinquedos naG passu em nenhum valor educativ~, nem cultural para as
crianC;:8s. A maioria dos brinquedos que sao encontrados no mercado atual sao
americanizados e possuem formas belicas, estimulando e reproduzindo a
violencia. Tern tambem Qutros brinquedos que promovem a distinc;ao entre as
sexos. Existe ainda aquelas crianc;as que recebem qualquer tipo de brinquedo por
viverem na pobreza. Ssm condi<;oes de adquirir brinquedos adequados, aceitam
brincar sem supervisAo e sem materiais que realmente simbolizem a brincadeira.
Algumas escolas que para caracterizarem a muticulturalidade, promovem festas
com fundo folclorico, tentandc resgatar e contemplar a identidade dos povos.
SAo estas atitudes que demonstram a distin9Bo em ambas as formas,
justificando as propostas introduzidas nas escolas de educa9ao infantil.
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Tanto meninos quanta meninas expressam atraves de seus jogos grande
parte dos uscs e rela<;Oessociais que conhecem
o jogo €I urn meio extraordinario para a fonna<;:io da identidade e a
diferencia<;ao pessoa!. Entretanto, os professores precisam ser bastante
cuidadosos e sensiveis para nao reproduzir atraves de seus valores, os papeis
sexistas tradicionais.
Neste sentido possibilitar que meninos e meninas joguem juntos, evitando
expressoes como ·os meninos naG jogam ... M QU, "islo nao €I para urna menina .. ,M,
estimulando e favorecendo 0 crescimento e a identidade tanto de meninos como
de meninas, sem refon;:ar estere6tipos sociais, ainda existentes em muitas regioes
do pais ou arraigados em certas culturas.
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8 CONSIDERAC;:OES FINAlS
Piaget ao fazer um estudo detalhado sobre a constituic;Ao da inteligencia
infantil revela que esta evolui, modifica, incorpora e se transforma gradativamente,
atraves da maturayao da relayao que a crian9a estabelece com 0 meio em que
vive. Assim, 0 brincar expressa todas estas forma90es, e ao mesmo tempo
constitui, interfere.
Para Piaget, os jogos aparecem relacionados a stapas, sendo um dos
aspectos deste desenvolvimento. E ainda mais: 0 jogo e uma possibilidade da
crian98- exercitar 0 mundo, resolver conflitos, enfim, os jogos exercem urn papel
fundamental no desenvolvimento e aprendizagem infantil. 0 carater educativo no
jogo esta de fato de que 0 alvo, a finalidade do ludico na sal a de aula e a a920 em
si mesma, que revela incorpora e demonstra a assimilac;ao, acomodac;~o que a
crian98 esta realizando. Cabe ao educador possibilitar, criar situa90es para que a
crian98 ao brincar cres98, desenvolva a capacidade simb6lica do seu psnsamento.
o jogo tern uma fun9Ao muito importante no desenvolvimento da crian98-.
Esta atividade proporciona a crian98 a construc;ao aprimorada de seu
conhecimento.
o carater de fiC9aO que encontramos no jogo e 0 que chamamos de ponto
comunicativo da crian98, on de ela expressa os aspectos mais internos de sua
personalidade, mostrando 0 seu envotvimento com 0 mundo dos adultos.
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E pelo jogo que as crianyas exploram 0 mundo que vivem, sando assim,
desafiadas a desenvolverem habilidades envolvendo observac;ao, identific8yaO,
sintese, analise e compara<;iio de objetos, pessoas e lugares.
o jogo precisa ser mais explorado no ambito educacional, pois a crianya ao
chegar na escola traz consigo urn::! bagagem repleta de atividades ludicas, as
quais sao fundamentais para que a professor formule sua proposta pedagogica.
Ele deve ter 0 Judico como princfpia para direcionar suas atividades didatico-
pedag6gicas.
Portanto, Piaget acredita que a jogo e esseneial na vida da erian"", onde a
ludico e a ponto inieial das atividades que trabalham com a inteleeto da erian"",
sendo indispensavel na pratica educacional, principalmente no estagio da
educa~ao infantH.
Com esta monografia, esta estudante de Pedagogia espera ter eontribuido
para tamar mais acessivel aos educadores que trabalham com EduGac;80 Infanti!
em Curiliba, a pensamento deste grande educador. Coneluo este trabalho
desejando que 0 mesmo seja urna semente que cresC;8 e frutifique na forma de
urna 8yaO didatico - pedagogica em nivel de excelimcia por parte desses
profissionais, e com certeza, os maiores beneficiados serno eles propnos e seus
alunos.
JS
REFERENCIAS
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