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¹ Pós – graduanda em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual, BioCursos - Faculdade
Ávila. Graduada em Fisioterapia pela Faculdade São Lucas. e-mail: janayna_pires@hotmail.com
² Orientadora, especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito em Saúde.
Utilização da Técnica de Reeducação Postural Global no
Tratamento da Lombalgia
Janaína Cássia Ferreira Pires¹
janayna_pires@hotmail.com
Dayana Priscila Maia Mejia² Pós-graduação em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual – Bio Cursos-
Faculdade Ávila
Resumo
A dor lombar é uma disfunção frequente que causa diminuição da qualidade de vida,
da produtividade e incapacidade funcional. Dores lombares são alterações músculo-
esqueléticas mais comuns e acometem entre 70% a 80,5% da população em ambos os
sexos. As dores são decorrentes do esforço requerido para atividades do trabalho e vida
diária, a vida moderna acarreta vários problemas como a vida sedentária, trabalhos
que exigem horas sentados e inativos, tensões, sobrecarga na coluna o que acomete a
problemas posturais e lombares. O objetivo do estudo foi analisar o efeito do
fortalecimento muscular em portadores de lombalgia crônica, avaliar e identificar os
tipos, formas e eficácia de tratamento da lombalgia com a utilização da Técnica de
Reeducação Postural Global (R.P.G) através de levantamentos de dados bibliográficos.
Palavras chave: Dor lombar, Reeducação Postural Global, Postura Corporal.
1. Introdução
A coluna vertebral constitui o eixo central do corpo humano, sustentando o indivíduo
contra o efeito da gravidade durante toda a sua vida. Este segmento corporal está
submetido ao suporte de diferentes cargas e mudanças posturais, levando com
frequência o desalinhamento dessas peças, caracterizando a grande incidência de dores
na coluna da população (REIS, 2005; CARVALHO, 2006).
A dor lombar pode ser caracterizada por um quadro de desconforto e fadiga muscular
localizada na região inferior da coluna vertebral (IMAMURA, 2001), sendo um
importante problema de saúde pública presente em todas as nações industrializadas
(DANNEELS, 2001), afetando, com maior frequência, a população em seu período de
vida mais produtivo, resultando em custo econômico substancial para a sociedade, onde
entre eles estão: à ausência no trabalho, encargos médicos e legais, pagamento de seguro
social por invalidez, indenização ao trabalhador e seguro de incapacidade (BRIGANO,
2005).
No Brasil, cerca de 10 milhões de brasileiros ficam incapacitados por causa desta
morbidade e pelo menos 70% da população sofrerá um episódio de dor na vida (MOTA,
2008). Nos Estados Unidos, é um problema de alto custo médico e social, sendo causa
de perda de 1400 dias de trabalho por mil habitantes por ano. Na Europa é a mais
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freqüente causa de limitação em pessoas com menos de 45 anos e a segunda causa mais
frequente de consultas médicas (CAVANAUGH, 1994).
A síndrome dolorosa lombar é uma das queixas que frequentemente afligem o ser
humano. As causas podem ser multifatoriais e incluem: postura inadequada, sobrecarga
local, trauma, alterações degenerativas da coluna, doença inflamatória, infecciosa ou
neoplásica, sendo que, em 80% dos casos, o diagnóstico etiológico é praticamente
impossível de se determinar. No Brasil, as lombalgias se tornaram a 1ª causa de
pagamento de auxílio-doença e a 3ª causa de aposentadoria por invalidez
(FERNANDES, 2000).
A lombalgia crônica é um problema de saúde pública, pois, além da alta prevalência,
gera custos sociais altos quando comparados com outras patologias como depressão,
diabetes, doenças do coração ou dor de cabeça. Uma pequena parte de pacientes gera
altas despesas tanto com cuidados médicos como com a perda de produção em
atividades laborais. As despesas com a saúde, entre os indivíduos com dor lombar, são
60% maior do que aqueles que não possuem doenças musculoesqueléticas relacionadas à
DL (LUO et al., 2004).
A principal queixa relacionada à região lombar é a dor, caracterizada por experiência
sensorial e emocional suscitada por uma lesão tecidual, real ou potencial. A etiologia da
dor lombar não está claramente definida, devido aos múltiplos fatores de risco. Citam-se,
entre eles, o trabalho repetitivo, ações de empurrar e puxar, quedas, posturas de trabalho
estáticas e sentadas, tarefas onde há vibração em todo o corpo, trabalhos que envolvem o
agachamento e torção ou levantamento repetitivo de objetos pesados, principalmente
quando as cargas ultrapassam a força do trabalhador (ANTONIO, 2002).
2. Coluna Vertebral: Visão Geral
A coluna vertebral é constituída de 33 vértebras, 23 discos intervertebrais, sendo
dividida em cinco regiões: cervical, torácica, lombar, sacral e coccígea. Sete das
vértebras estão localizadas na cervical, doze na torácica, cinco na lombar. Na figura 1
podemos verificar que cinco das nove vértebras restantes estão fundidas, formando o
sacro, enquanto as quatro restantes formam as vértebras coccígeas. A coluna é capaz de
proporcionar uma base de sustentação para a cabeça e órgãos internos; uma base estável
para a inserção de ligamentos, ossos e músculos e mobilidade para o tronco. Além disso,
a coluna protege a medula espinhal (NORKIN, 2001).
Após a formação das vértebras, o crescimento ósseo esta muito relacionado ao sexo e a
idade, e foi dividido em dois períodos rápidos, um do nascimento aos três anos e o outro
na adolescência, o pico de crescimento ocorre quando o aparecimento dos caracteres
sexuais estão em desenvolvimento e tem uma lentidão quando ocorre a menarca nas
meninas por um período de dois anos. É no final desse processo que podem surgir
aspectos que interferem na postura, como: timidez que leva o adolescente a adotar uma
postura mais côncava. Os ossos da coluna vertebral tem tamanhos e formas ligeiramente
diferentes facilitando as diversas funções existentes melhorando a flexibilidade e a
postura. Em comparação as vértebras da cervical e lombar, sendo as ultimas mais fortes,
pois, suportam uma carga maior, possuem uma estrutura mais resistente (SANTOS,
2003).
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Figura 1: Coluna vertebral, vista anterior, lateral esquerda e posterior.
Fonte: NETTER, 2000.
Os discos intervertebrais são encontrados entre cada dois pares de vértebras, quando
ocorre o ressecamento, a desidratação, tem como consequência a perda da altura,
geralmente visível em pessoas na fase senil (HERBERT, S. et al, 2003).
Na coluna vertebral, encontramos articulações importantes como: articulação
atlantoccipital que tem a função de dar apoio ao peso da cabeça é formada pelos
côndilos do occipital que se articula com os processos articulares superiores do atlas;
articulação atlantoaxial é a aproximação da vértebra atlas e o áxis e temos as
articulações torácicas, responsáveis pelos movimentos de rotação, flexão lateral e
flexão-extensão e os processo articulares lombares com os movimentos de flexão-
extensão, flexão lateral e rotação (LIPPERT, 2003).
As vértebras lombares são maiores que as vértebras superiores, seus corpos são largos
verticalmente na parte anterior em comparação à parte posterior e mais alargada
lateralmente. Cada vértebra possui a finalidade de sustentar o peso do corpo, e essa
característica funcional reduz a quantidade de estresse submetido a essas vértebras
(HALL, 2000). O disco intervertebral é constituído de um anel fibroso e material
gelatinoso, conhecido como núcleo pulposo, ambas compostas de água, colágeno e
proteoglicana (PGs). Os PGs, através da concentração de condroitina 6-sulfato, possuem
a capacidade de reter e atrair água, este alto conteúdo hídrico no núcleo o torna
resistente a compressão. Um influxo e efluxo de água são realizados durante as
mudanças posturais e na posição do corpo, transportando nutrientes para dentro e
removendo os produtos de desgaste metabólico, desta forma, promovendo um
bombeamento do disco. Uma sobrecarga de compressão aplicada sobre o disco causa
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uma redução adicional na sua hidratação, consequentemente ele passa a absorver sódio e
potássio até que sua concentração eletrolítica interna seja o suficiente para prevenir
qualquer perda adicional de água.
A coluna vertebral é sustentada por seis ligamentos principais, proporcionando
estabilidade aos segmentos moveis, são eles: ligamentos longitudinais anterior (LLA) e
posterior; ligamento amarelo; e os ligamentos interespinhoso, intertransverso e supra-
espinhoso. Os ligamentos longitudinais fazem parte das articulações intervertebrais,
conectando os corpos vertebrais. O ligamento longitudinal anterior possui uma grande
resistência a tensão axial, principalmente na região lombar. O ligamento longitudinal
posterior proporciona pouca estabilidade para região lombar, sendo o mais fraco que
LLA (NORKIN, 2001; HALL, 2000; KAPANDJI, 2000).
3. Coluna Lombar
As vértebras da coluna lombar constituem a área que sofre com as maiores cargas e
pressão, desta forma, os corpos e os discos vertebrais da região lombar são maiores em
seu tamanho, comparadas as vértebras das outras regiões, proporcionando uma maior
sustentação para o corpo, bem como em situações dinâmicas e estáticas (NETTER,
2000).
Figura 2: Vértebra lombar (L2), vista posterior.
Fonte: PELLENZ, 2005.
As quatro primeiras vértebras lombares estão estruturadas semelhantemente possuindo
corpos com diâmetro transverso que é maior que o diâmetro anterior e a altura; Arcos e
processos espinhosos longos, grosso, grandes, se estendendo horizontalmente; Laminas
orientada verticalmente e o pedículo horizontalmente; Processo transverso fino e longo;
Facetas zigopofisárias superiores são côncavas voltadas medialmente, enquanto as
facetas zigopofisárias inferiores são convexas e voltadas lateralmente, de forma que o
plano desta articulação é sagital (NORKIN, 2001).
A quinta vértebra lombar se caracteriza por uma estrutura de transição, se diferenciando
dos outros segmentos lombares. Seu corpo possui uma maior altura anteriormente do
que na porção posterior. O processo espinhoso é pequeno e os transversos são grandes,
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além das facetas inferiores serem espaças amplamente, adaptando-se para se articular
com o sacro (NORKIN, 2001; KAPANDJI, 2000).
A mobilidade da coluna se dá em três graus de liberdade: flexão e extensão, flexão
lateral e rotação. Devido à orientação das facetas a coluna lombar não sofre restrições
das costelas, os movimentos de flexão e extensão são maiores que o da coluna torácica.
A flexão é limitada pelo tamanho dos corpos vertebrais, não atingindo um grau
suficiente para formação de uma cifose. No entanto, a combinação coordenada de
movimento entre uma flexão lombar e a inclinação anterior da pelve, denominado ritmo
lombopélvico, permite maior amplitude de movimento a região lombar (NORKIN,
2001; HOPPENFELD, 1998).
O reto abdominal, os oblíquos externos e os oblíquos internos são os principais
músculos da parede abdominal, funcionando como importantes estabilizadores da coluna
lombar. Contraindo bilateralmente, esses músculos, atuam realizando a flexão do tronco
e reduzindo a inclinação pélvica anterior e unilateralmente, realizam a flexão ipsilateral
(HALL, 2000). O músculo quadrado lombar tem sua origem na crista ilíaca, ligamento
iliolombar, inserindo-se na borda inferior da ultima costela e processos transversos das
quatros vértebras lombares superiores (KENDALL, 1995). Ao se contrair
unilateralmente, realiza flexão lateral do tronco, sendo reforçado pelos músculos
oblíquos externos e internos, atuando como um estabilizador lateral da coluna lombar
(KAPANDJI, 2000).
O músculo transverso do abdome está localizado profundamente e possui inserções no
processo transverso de cada vértebra lombar via fáscia tóraco-lombar (FTL), na bainha
do reto do abdome, no diafragma, na crista ilíaca, nas seis superfícies costais inferiores e
sínfise púbica (WILLIAMS, 1989). O Transverso é o primeiro músculo a ser ativado
durante os movimentos dos membros, possuindo um importante papel na antecipação,
promovendo uma rigidez necessária à coluna lombar, evitando qualquer instabilidade a
região (Hodges, 1999).
4. Dor Lombar
O termo lombalgia refere-se à dor na coluna lombar. É uma disfunção que acomete
ambos os gêneros, podendo variar de uma dor súbita à dor intensa e prolongada,
geralmente de curta duração, porém com padrão de recorrência da dor lombar (DL) em
30% a 60% dos casos quando relacionados ao trabalho (MARRAS, 2000).
A dor lombar é uma das alterações músculos-esqueléticos mais comuns nas sociedades
industrializadas, é uma doença que acomete entre 70% a 80,5% da população, sendo o
maior índice de pacientes pertencentes ao sexo feminino entre 22 a 45 anos de idade
(ANDRADE et al., 2005; GASKELL et al., 2007; LUCA et al., 1999; TREVISANI;
ATALLAH, 2003).
A lombalgia é uma doença inflamatória, ocorre nas regiões lombares inferiores,
lombosacrais ou sacroilíacas, podendo ser degenerativa, neoplásica, congênita, por
debilidade muscular, reumática, fatores relacionados à situações sociodemográficas, as
AVD’S, obesidades e outros (MAXIMIANO, S.T. e et.al, 2010).
Segundo Organização Mundial de Saúde (OMS), a lombalgia se caracteriza por um
comprometimento que ocasiona perda ou anormalidade dos segmentos da coluna
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vertebral lombar, de etiologia psicológica, fisiológica ou anatômica ou, ainda, uma
deficiência que proporciona uma desvantagem, limitando ou impedindo o desempenho
normal das atividades físicas ou diárias (WHO, 1980).
Essas dores lombares acarretam desvios posturais, deslocando o tronco lateralmente,
comprimindo o disco vertebral, com o peso do corpo, comprometendo a ação dos
músculos (encurtando-os) afetando todas as articulações (SOUCHARD, 2003). A coluna
vertebral possui quatro curvaturas fisiológicas consideradas normais: a lordose cervical,
com sua concavidade posterior; a cifose dorsal de convexidade posterior; a lordose
lombar com a concavidade posterior e a curvatura sacral fixa, devido à fundição das
vértebras sacrais, vistos de um plano sagital (KAPANDJI, 2000).
O lombalgico pode apresentar disfunção no nível de estrutura e função, como fraqueza
muscular, perda da amplitude de movimento, alterações posturais e perda da
flexibilidade (GARFIN, 1995; SIMMONDS, 1998). No nível de atividade, os indivíduos
podem apresentar dificuldade em assentar, andar, dirigir e carregar objetos (PENGEL,
2004; WALSH, 2004). No nível da participação, podem ocorrer dificuldades para fazer
compras, dificuldade de socialização devido à dificuldade de se manter assentado e
restrições para viagens prolongadas (WALSH, 2004; FRITZ, 2002).
A lombalgia pode ser definida como primária ou secundária, com ou sem
comprometimento neurológico; mecânico-degenerativo; não-mecânica; inflamatória,
infecciosa, metabólica, neoplásica ou secundária a repercussão de doenças sistêmicas.
Ainda há o importante grupo das lombalgias não orgânicas. Entre as lombalgias não
orgânicas podemos citar as simuladas com o interesse de ganhos secundários, ou seja,
financeiros, e as lombalgias psicossomáticas, secundárias a conflitos psicológicos de
intenção inconscientes (JUNIOR, 2010). Segundo Schilling, a lombalgia pode ser
considerada uma doença que possui o trabalho como um dos fatores contribuintes ou
agravante (SHILLING, 1984).
5. Reeducação Postural Global (RPG)
A técnica da antiginástica é baseada na teoria das cadeias musculares, por volta da
metade do século XX, na década de 50, entende-se que quando se fala em cadeias
musculares, envolvemos também o diafragma e os músculos rotadores internos dos
membros. Quando a musculatura lombar é alongada automaticamente ocorre o
encurtamento da musculatura da cifose, denominado: compensação, chegando à
conclusão que todo o encurtamento parcial da musculatura posterior leva a um
encurtamento de todo o conjunto desta musculatura (COELHO, 2008). As cadeias
musculares são as cadeias inspiratórias, posterior, anterior interna da bacia, anterior do
braço e a anterior interna do ombro (SOUCHARD, 2001).
A técnica da Reeducação Postural Global tem por finalidade alongar os músculos
tônicos, que são menos flexíveis, mais densos, com a ajuda dos músculos expiratórios e
inspiratórios para que recuperem o comprimento, melhorando também a capacidade
respiratória (SOUCHARD, 2003).
A atualização de uma abordagem terapêutica adequada, que considere o indivíduo
globalmente, é um dos instrumentos fundamentais para que o fisioterapeuta possa
desenvolver esse tipo de atuação, chegando até às causas dos sintomas, em condições de
propor soluções mais eficazes. A Reeducação Postural Global é uma das abordagens que
propõe uma visão corporal integrada ao indivíduo.
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Baseia-se na teoria do campo fechado. Esta teoria esclarece que o ser humano para
conseguir permanecer em pé, correr e realizar a infinidade de movimentos diários
depende da harmonia das cadeias musculares dinâmicas e cadeias musculares estática,
que com suas contrações e descontrações constantes e precisas, permiti-nos realizar uma
infinidade de movimentos com equilíbrio e graça.
A RPG melhora a postura tentando solucionar os problemas e as consequências da
patologia, utilizando posturas ativas e simultâneas, isotônicas excêntricas dos músculos
estáticos e com manutenção dos músculos dinâmicos, sempre em decoaptação articular e
progressivamente cada vez mais global (SOUCHARD, 2001). A técnica da R.P.G. deve
ser baseada na anamnese, fotos, exames de retrações, pontos de reequilíbrios e por
último a escolha da postura que irá trabalhar com o paciente, por exemplo, se o
problema for lombalgia deve-se saber em que momento a dor aumenta ou incomoda
mais (SOUCHARD, 1998). Posturas mais utilizadas na reeducação postural R.P.G.:
Figura 3: RPG – Postura Sentada
Fonte: Souchard (1986) citado por Braga (2009)
Na figura 3 podemos observar a técnica de postura sentada, indicada em casos de
deformações não álgicas da coluna vertebral. É uma grande postura de escoliose, pela
importância das trações que ela exerce sobre os músculos espinhais e pelo fato de que o
terapeuta está apto, a cada instante, a controlar visualmente sua ação. Essa postura
permite insistir sobre a coluna vertebral, os quadris e equilíbrio ponderal de apoio sobre
os ísquios.
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Figura 4: RPG – Postura Rã no ar com braços fechados
Fonte: Souchard (1986) citado por Braga (2009)
Na figura 4 podemos observar a postura rã no ar com braços fechados permite ao
terapeuta trabalhar sobre a nuca, o tórax e a respiração, a coluna vertebral, os ombros, os
cotovelos, as mãos, a pelve, o quadril, os joelhos e os pés.
Figura 5: RPG – Postura Rã no chão com braços abertos
Fonte: Souchard (1986) citado por Braga (2009)
A postura rã no chão com os braços abertos, observada na figura 5, é particularmente
eficaz sobre a nuca, o tórax e a respiração, a coluna vertebral, os ombros, os cotovelos,
as mãos, a pelve, o quadril, os joelhos e os pés.
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Figura 6: RPG – Postura de Pé no centro e Postura de Pé contra parede.
Fonte: Souchard (1986) citado por Braga (2009)
A postural em pé no centro visto na figura 6, permite ser mais preciso sobre a coluna
vertebral, o quadril, os joelhos, os pés, o equilíbrio e o esquema corporal. Observa-se na
figura 6, a postura em pé contra a parede, o terapeuta pode especificamente corrigir o
tórax e a respiração, a coluna vertebral, os ombros, o quadril, os joelhos e os pés.
As posturas são modificadas conforme a evolução do paciente, podendo em cada sessão
ser realizado uma nova avaliação, priorizando a melhora postural do paciente. A boa
postura tem a finalidade de evitar o estresse causado pela má postura, onde as constantes
mudanças nas curvaturas ocorrem pela acomodação dos músculos, ligamentos e tendões
com relação ao centro de gravidade (LIPPERT, 2000).
Metodologia
Para realização desse estudo de revisão, foram selecionados artigos publicados em
periódicos relacionados a saúde, que tratassem especificamente da lombalgia e
reeducação postural global, enfatizando os seguintes aspectos: classificação, avaliação
clínica, prevenção e tratamento.
Foram realizados levantamento de dados bibliográficos de carácter qualitativo, é
qualitativo porque busca se aprofundar nas questões e não nos resultados estatísticos,
dados coletados através de livros, artigos, teses e monografias, buscando informações
quanto ao uso da técnica de reeducação postural para o tratamento das diversas formas
de dores na região lombar.
Resultados e discussão
O tratamento das lombalgias deve visar o alívio do quadro doloroso, às medidas
necessárias para evitar a recidiva, cada vez mais frequente e mais dolorosa, e às
alterações anatômicas que em consequência vão surgindo e se agravando (FAZZI;
TOLEDO, 1984). Na síndrome lombar aguda ainda são utilizadas medidas como a
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fisioterapia (calor, massagem, manipulação, o uso de cintos e coletes, o programa de
atividade física, a tração, a crioterapia, eletroterapia e a acupuntura), o repouso, a
prescrição de analgésicos e antiinflamatórios (NEGRELLI, 2001; TELOKEN;
ZYLBERSTEJN, 1994). Na fase pós-aguda, em que a dor já e mais suportável,
permitindo melhor mobilização, intensificam-se as medidas fisioterápicas com calor e
exercícios de alongamento e gradual reforço muscular. Essas medidas terapêuticas
funcionam como um auxílio para o relaxamento da musculatura lombar e ajudam
também na redução do limiar de dor, sendo o seu principal objetivo na profilaxia de
novos episódios, além de serem aplicados programas de reabilitação e reeducação da
postura de forma individualizada (HENNEMANN; SCHUMACHER, 1994; TELOKEN;
ZYLBERSTEJN, 1994).
Muitos autores relatam a importância da educação durante o atendimento do processo de
lombalgia. Philips et al (2004) citam que, além dos exercícios, é importante a aplicação
de materiais educativos e orientações sobre os riscos que afetam a função e que
aumentam a dor devido à inatividade. De acordo com Calliet (2001), a educação também
é importante, visto que a informação sobre os conceitos e princípios anatômicos, quando
apresentados em termos compreensíveis para o indivíduo, são muito relevantes, pois,
compreendendo a patologia, o mesmo participa do processo de recuperação.
Conclusão
Após levantamento dos dados bibliográficos, podemos concluir que a técnica de
Reeducação Postural Global (RPG) é eficaz no tratamento da lombalgia e deve ser
sugerida como opção de tratamento para tais pacientes, pois pôde ser notada a melhora
do quadro álgico em uma paciente que desempenha atividades mantendo uma postura
viciosa e errada, o que implica que o uso do método em qualquer paciente,
principalmente as que não apresentam uma atividade agravante do quadro, seria
indicado e eficiente. Com o passar do tempo, ao mantermos o corpo em posições
inadequadas ao ficar em pé, ao caminhar, ao realizar movimentos repetitivos e até
mesmo ao sentar-se, alguns músculos do nosso corpo vão se encurtando e esses
encurtamentos acarretam os desvios na postura, que seriam eles: diminuição da curva
lombar ocasionada pela postura inadequada ao sentar, desvios laterais da coluna
decorrentes de posições assimétricas mantidas por longo período, hipercifose, ombros
curvados para frente, dentre outras alterações posturais. A técnica de reeducação
postural global possui comprovação científica na correção de alterações posturais do
ombro e demais articulações, fortalece a musculatura dinâmica, melhora a respiração e
acima de tudo trabalha o alongamento da musculatura. Quando a técnica é bem utilizada
e avaliada, contribui muito para o alívio da dor lombar proporcionando equilíbrio
postural, ajuda na respiração, nos problemas articulares e musculares, trabalha o corpo
como um todo e não de forma individual, mas globalmente, contribuindo para uma
melhor qualidade de vida e proporcionando saúde mental a esses pacientes.
Partindo da base de que o RPG possibilita o alongamento de várias estruturas
musculares, podemos perceber que proporciona melhor alinhamento da coluna vertebral
e demais estruturas, porém a técnica requer do paciente uma participação muito ativa, é
importante também salientar que a utilização da fisioterapia, seguida da prática de RPG,
não só na reabilitação das deformidades da coluna vertebral, como também na
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prevenção, vem contribuindo na melhoria postural e proporcionando uma maior
produtividade nas atividades do dia a dia das pessoas que apresentam desvios posturais.
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