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VIA SACRA 2018
“A Igreja medita e vive as dores de Cristo”
Meditações
Ian Farias de Carvalho Almeida
Contato
Tel: (73) 98145-9227
E-mail: ian.philos@hotmail.com
Site: www.ianfarias.org
Apresentação
Muito tocante um jovem meditar sobre a grandeza dos
mistérios da paixão do Filho de Deus.
Mais tocante ainda, meditar e rezar o seu sacrifício redentor
que culmina na cruz e ressurreição.
Assim é que o jovem Ian Farias de Carvalho nos brinda com
suas meditações cheias de fé católica e permeadas de aguçado senso
filosófico de acolher os mistérios da redenção da humanidade.
Mais que nunca, numa sociedade que busca a glória sem o
sacrifício e induz cristãos a galgar a ressurreição sem a cruz, a Via
Sacra, mais que repercorrer os passos de Jesus, nos leva meditar
rezando o sentido do sofrimento redentor que nos é dado pela fé.
Que este exercício espiritual nos faça crescer na santidade e nos
obtenha sempre mais a Graça que alcançamos em cada sacramento.
Na sede episcopal de Jequié, aos 22 de fevereiro de 2018, Cátedra de São
Pedro.
Dom José Ruy G. Lopes, OFM Cap
Oração Inicial
Em nome do Pai...
A hora é essa! Jesus está exaurido depois do longo itinerário de dor e
sofrimento em suas últimas horas. Ele realizou em medida plena a
urgência do amor de Deus nos corações atribulados e feridos que ainda
não haviam recebido verdadeira paz. Sua vida foi tão somente uma
expressão de generosidade, de ternura e de anúncio do Reino de Deus.
Ele mesmo disse não testemunhar-Se, mas dar testemunho do Seu Pai,
pelo qual tudo lhe pode ser dado: “Um outro é quem dá testemunho de
mim, e eu sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro” (Jo
5,31). O testemunho de Jesus vem unicamente do Pai porque só Ele
poderia corresponder em igual medida ao gesto espontâneo do Filho, que
dá a sua vida para regenerar a humanidade esfacelada no pecado.
Olhando o gesto de Jesus, como não pensar nas tantas vezes em que a
própria Igreja encontra-se diante de realidades dramáticas com o mundo?
Ela vê-se quase sempre cercada pelo pecado, balançada no vento das
oscilações da fé, das incertezas com a verdade, das situações de dor e
desespero dos seus filhos lançados à dura perseguição. Tanta miséria
rodeia o mundo!
É Jesus que responde hoje, por meio da Igreja, aos homens e mulheres
que testemunham visceralmente a esperança e a certeza de caminharem
para a mesma meta. Percorremos hoje os últimos passos de Jesus, e
neles os últimos passos de tantos irmãos nossos.
Oração
Senhor, Vós nos escolhestes “antes da criação do mundo,
para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença” (Ef 1,4), a
cegueira não nos permite bem enxergar. Concedei que a tua Igreja Te
procure inquietantemente. Que vossa misericórdia estenda-se a ela, aos
seus filhos pecadores que a mancham e envergonham. Sanai as dores e
os desamores, o ódio que mata e escraviza o homem sob os próprios
desejos. T: Amém!
1ª Estação
A CONDENAÇÃO À MORTE
V/. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo João (18, 37-38)
Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho
da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. Disse-lhe
Pilatos: Que é a verdade?
Meditação
O grande primeiro dom da consciência é o reconhecimento de uma
resposta necessária à verdade. A pergunta de Pilatos torna-se sempre
mais sugestiva quando nos defrontamos com o mundo repleto de
mentiras, atrelado ao niilismo, onde o problema não é mais não aceitar a
verdade, mas conviver com a mentira e, até mesmo, amá-la. Jesus
demonstra sua inconformidade imensa com essa análise precipitada e
rude quando associa a mentira àquele do qual unicamente poderia ela
provir: o Diabo, que “não se firmou na verdade, porque não há verdade
nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é
mentiroso, e pai da mentira”1. Da boca de Jesus, Pilatos esperava uma
resposta satisfatória para o seu questionamento. Ele mantém-se
1 Jo 8,44
silencioso; nem mesmo uma palavra lhe dá. “A Revelação de Deus não
se compõe apenas da Palavra de Deus, mas também do seu silêncio”2.
Em seu coração certamente estava impresso aquele instante no qual
havia dito: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”3. Tudo se resumia
nessa expressão singular.
O julgamento injusto de Jesus é o reflexo das tantas vezes em que
somos assolados pelas injustiças de um mundo descrente: da falsa
profissão de fé confessada com a boca e destruída com as práticas, da
dor de quem busca sem saber se encontrará, de quem chora sem saber
se obterá consolo, de quem grita sem saber se será escutado.
Oração
Divino Jesus,
jugado injustamente por Pilatos,
entregue inocentemente à morte.
São tantos os rostos que refletem o teu!
Homens e mulheres que apresentam
o drama da injustiça por causa da fé,
do amor ao teu nome, da obediência filial.
Que não lhes falte o desejo da verdade,
o fogo do teu Espírito que renova tudo e
sonda todas as coisas (cf.1Cor 2,10).
Amém!
Pai nosso...
A morrer crucificado
teu Jesus é condenado
por teus crimes, pecador (bis).
2 J. Ratzinger, Introdução ao Cristianismo, p. 215. 3 Jo 14,6
2ª Estação
CARREGADO COM A CRUZ
V/. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Marcos (15, 20)
«Depois de O terem escarnecido, tiraram-Lhe o manto de púrpura e
revestiram-No das suas vestes. Levaram-No, então, para O
crucificarem».
Meditação
O fardo pesa sobre os ombros de Jesus. Sua cruz não é sua, é nossa;
sua dor também. Nós deveríamos carrega-la; deveríamos, como Paulo,
expressar: “estou crucificado com Cristo”4. Se estamos em Cristo, Ele nos
acolhe, nos perdoa, nos ama. Se estamos distantes, sobrecarrega-se o
peso da vida, o cansaço é truculento e o mundo ainda mais. No mundo
não há perdão porque não há possibilidade de erro. Ou vivemos os seus
ditames ou logo seremos descartados e levados ao que o Papa emérito
Bento XVI alcunhou “martírio da ridicularização”. Quem caminha com o
mundo desconhece a graça de ser perdoado e sentir-se amado por Deus.
4 Gl 2,20
A cena de Jesus com a cruz às costas não é tanto triste quanto
meditativa. Paremos os nossos afazeres, olhemo-lo! Os judeus estavam
acostumados a verem cenas violentas, retratos da espasmódica
desumanidade romana. Esse homem, porém, o que fez? Pregou a
bondade, o amor e o perdão. Não suscitou revoluções violentas ou
complôs contra o governo. Com Jesus, a Igreja é hoje sobrecarregada
porque não se conforma com o mundo, não aceita suas ideologias
cativantes, mas permanece na desafiadora obediência ao seu Deus. Em
nenhum momento o Pai foi desamparado pelo Filho. Mesmo na dor, o
amor foi o traço permanente entre o céu e a terra.
Oração
Senhor Jesus,
também eu escarneci e zombei de ti.
Foste tu que disseste “tudo
aquilo que fizestes a um dos menores
de meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40).
Olhai benigno para nós, mesmo em nossa miséria,
e não leveis em conta os nossos pecados.
Amém!
Pai nosso...
Com a cruz é carregado,
e do peso acabrunhado,
vai morrer por teu amor (bis).
3ª Estação
A PRIMEIRA QUEDA
V/. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do livro do profeta Isaías (53, 4-6)
Eram os nossos males que Ele suportava, e as nossas dores que tinha
sobre Si. Mas nós víamos n’Ele um homem castigado, ferido por Deus e
sujeito à humilhação. Ele foi trespassado por causa das nossas culpas, e
esmagado devido às nossas faltas. O castigo que nos salva, caiu sobre
Ele, e por causa das suas chagas é que fomos curados. Todos nós, como
ovelhas, andávamos errantes, seguindo cada qual o seu caminho. E o
Senhor fez cair sobre Ele as faltas de todos nós.
Meditação
Forçado e fatigado pelo peso, Jesus cai. Sua debilidade não o fará ir
longe muito tempo sem que prostre seu rosto ao pó da terra. “Lembra-te
que és pó e ao pó hás de voltar”5. Para nós, o livro de Gênesis é
categórico. Somos pó, viemos do pó, voltaremos ao pó. A Quaresma se
abre precisamente com esse sentido, nada permanecerá igual. Tudo
voltará a Deus para prestar-lhe conta das ações.
5 Gn 3,19
Também o peso que recai sobre as costas da Igreja às vezes prostra-a
ao chão. É o peso dos clérigos que não amam o seu ministério e traem
Cristo com os desejos do mundo; o peso dos que usam do seu status e
da sua posição para oprimir os que estão abaixo; o peso dos que
transgridem o desejo de Deus para fazerem valer os próprios ideais; o
peso dos que sujam a sua honra com atitudes deploráveis como o abuso
de menores. Nós choramos por eles, Jesus; por eles nos
envergonhamos.
O fim é o último na ordem da consecução e o primeiro na ordem da
intenção. “Se com Cristo ressuscitastes, esforçai-vos por buscar as
coisas do alto”6, diz São Paulo. Ainda que prostrados, caídos,
humilhados, nossa meta está no alto, no lugar de Deus.
Oração
Ó amor esmagado,
quanta ingratidão em nosso coração!
Quanta ingratidão no coração dos que tu viestes salvar!
Não queremos renegar mais o teu amor.
Sustenta a tua Igreja que leva a cruz da
incompreensão e do desprezo diante
da infeliz facilidade do mundo.
Amém!
Pai nosso...
Pela cruz tão oprimido
cai Jesus desfalecido
pela tua salvação (bis).
6 Cl 3,1
4ª Estação
O ENCONTRO COM A MÃE
V/. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo São Lucas (2, 34-35.51)
Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: “Este menino está aqui
para queda e ressurgimento de muitos em Israel e para ser sinal de
contradição; uma espada trespassará a tua alma. Assim hão-de revelar-
se os pensamentos de muitos corações”. (…) Sua mãe guardava todas
estas coisas no seu coração.
Meditação
A mãe encontra o filho. Nessa cena dolorosa e comovente a expressão
do amor materno vê o seu cume. O coração de Maria, trespassado pela
espada, agora está tomado por dores, aflições, inquietações. A mãe
lacrimosa vê o estado indigno no qual está o fruto do seu ventre. Sim,
Maria é aquela que experienciou mais de perto as dores do seu Filho, por
isso contemplou também a sua glória. Ela é a porta para aproximar-nos
de Jesus, para o sentirmos mais próximo e permitir que Ele nos toque.
No pensamento de Maria certamente veio à tona uma vez mais as
palavras de Simeão no templo. O coração da mãe é agora lugar de dor e
tristeza sem deixar de ser também o espaço da esperança, da vida, da
certeza de que Deus não finalizaria ali os seus planos.
Ser espaço da esperança deveria estar entre as características
elementares do coração cristão. O lugar onde Deus pode demonstrar
toda a sua força, sabendo que nos contratempos, em última instância,
nada está perdido. Ele tudo pode mudar! Um antigo adágio leva-nos a
refletir sobre o vazio daqueles que não tem nada para ocuparem a sua
vida: “No nada, do nada, quão cedo recaímos”7. Pobre de quem não tem
Deus! Pobre de quem não tem esperança! Não é essa a verdadeira e
maior pobreza da vida? “Chegar a conhecer Deus, o verdadeiro Deus: isto
significa receber esperança”8.
Oração
Maria, Mãe dolorosa,
que possamos encontrar o consolo
como encontraste no olhar do teu Filho.
Queremos deixar-nos perfazer pelo convite
a sermos homens da esperança,
único e verdadeiro bem que ninguém pode tirar-nos.
Mãe, intercede ao teu Filho para que
não evadamos no desespero quando
os nossos projetos fracassarem.
Amém!
Pai nosso...
De Maria lacrimosa,
no encontro lastimosa.
Vê a imensa compaixão (bis)
7 Corpus Inscriptionum Latinarum, Vol. VI, n. 26003. 8 Papa Bento XVI, Cart. Enc. Spe Salvi, 3.
5ª Estação
A AJUDA DO CIRINEU
V/. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (23, 26)
Enquanto levavam Jesus, pegaram um certo Simão, de Cirene, que voltava do campo, e mandaram-no carregar a cruz atrás de Jesus.
Meditação
Jesus estava exaurido pelo peso da cruz e pelo doloroso processo que
até ali sofrera. Não poderia dar conta em levar sozinho o patíbulo até o
Calvário. Os soldados intervêm a um certo Simão de Cirene. Não temos
muita coisa de sua biografia, apenas os dados que o evangelista quis
relatar, certamente alguém de destaque na comunidade cristã dos
primeiros séculos. Ele nos recorda as pequenas comunidades que
possuem característico empenho pelo bem comum, radicadas nos
valores éticos e na escuta obediente do Evangelho.
Simão aparece como o responsável por aliviar um pouco das dores de
Jesus, por ajuda-lo, ainda que por alguns instantes, a não desfalecer no
caminho. O percurso não é tão longo, torna-o longo o sofrimento e as
condições desumanas.
Devemos reconhecer em nossa vida não poucas vezes nas quais
aparecem novos Simões que nos ajudam a carregar as cruzes diárias,
sendo consolo nas dores e auxílio na provação. Pensemos, em particular,
nos missionários, religiosos e religiosas, que doam a sua vida como alívio
ao sofrimento do outro. Aos que são Cireneus na África, na Ásia ou mais
próximos de nós, nas favelas e recantos do Brasil. Como agradecê-los?
Nada esperam em troca, senão o amor generoso e a amizade provada.
Que aprendamos a gratidão para com tais cireneus e nos despojemos
dos murmúrios e das críticas ofensivas.
Oração
Jesus, cansado, esgotado pelos escárnios,
contemplamos tantos cireneus em nossa vida,
mas tão pouco lhe somos gratos.
São eles os que permanecem ao nosso lado
na dor, na derrotas, nas doenças.
São eles que nos ajudam a carregar as pesadas cruzes,
muitas das quais nos imputamos durante esse percurso.
Por eles rezamos e pedimos-Te: ensina-nos a agradecer.
Pai nosso...
No caminho do Calvário
um auxílio necessário
recebeu do Cireneu (bis).
6ª Estação
O ENCONTRO COM VERÔNICA
V/. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do livro dos Salmos (42, 2-3)
Como suspira o cervo pelas correntes das águas, assim minha alma suspira por Vós, Senhor. Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo, quando irei contemplar o rosto de Deus?
Meditação
Eis que do nada surge esta curiosa figura: Verônica. Quem é esta mulher
da qual nada se conhece? Sabemos apenas que estremeceu
profundamente com o rosto desfigurado de Jesus. Vendo-o, não se
conteve e atravessou entre os guardas para aliviar um pouco do seu
sofrimento. Também ela é um auxílio nessa via dolorosa. Com sua
presença discreta, não teme sequer a tropa romana, mas coloca acima
de tudo o exercício da caridade, fazendo eco das palavras paulinas:
“Permanecem três coisas: fé, esperança e caridade. A maior delas é a
caridade” (1Cor 13,13).
O rosto de Cristo ficou impresso no pano. Isso indica que devemos
buscar incansavelmente o rosto chagado do Senhor. Olha-lo sempre que
tendermos ao pecado, sempre que negligenciarmos a nossa condição de
vida cristã em prol de critérios pessoais e subjetivistas. Olhar o Senhor
sempre que tencionarmos macular a sua Igreja emporcalhando-a com
nossas volúpias.
É o teu rosto, Senhor, que deve estar estampado na Igreja. Sabemos que
não poucas são as oportunidades que criamos para sobressairmos,
tomados pela vaidade e pelo orgulho, que fazem tua face sangrar
novamente, sendo refletida em nossa fé maleável.
Oração
Divino Jesus, teu rosto ficou impresso naquele pano.
Hoje, há muitos rostos teus impressos e
reproduzidos nos sofredores
vítimas da falta de caridade e do indiferentismo.
Estamos acostumados a isolar-nos em nosso mundo,
deixando de fora os irmãos que sangram e choram,
Nosso coração se abra às necessidades do mundo.
Amém!
Pai nosso...
O Seu rosto ensanguentado
por Verônica enxugado
eis, no pano apareceu (bis).
7ª Estação
A SEGUNDA QUEDA
V/. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do livro dos Salmos (37, 1-2.10-11)
Não te irrites contra os que fazem o mal, nem invejes os que praticam a
iniquidade. Pois bem cedo secarão como o feno, e como a erva viçosa
murcharão. Ainda um pouco, e o ímpio desaparecerá; se procurares o
seu lugar, não o encontrarás. Os mansos, porém, possuirão a terra, e
gozarão de imensa paz.
Meditação
É verdade que Jesus estava ali a experimentar o limite da impotência,
ferido, esgotado sob o peso da cruz. Mas ainda lhe eram certamente
maiores as chagas que carregava em seu coração. Pesava sobre ele a
rejeição do povo para o qual ele havia vindo, “as ovelhas perdidas da
casa de Israel”9.
9 Mt 15,24
“O limite imposto ao mal, do qual o homem é artífice e vítima, é, em
definitivo, a Misericórdia Divina”10, escreveu São João Paulo II. A Igreja
proporciona aos seus filhos o encontro com a regeneração por meio do
Sacramento da Reconciliação. Quando somos frequentemente vitimados
pelo egoísmo e pela intolerância, Jesus fala a nós de humildade, de
reconhecer-nos frágeis e sabermos pedir perdão. A coragem de ajoelhar-
se ante o ministro de Deus e pedir perdão pelas faltas, é a coragem de
dizer: sou indigno da tua graça, não mereço o teu perdão, mas me
disponho a viver o teu propósito.
Oração
Rezemos com o Cardeal Gualtiero Basseti:
Senhor Jesus,
que aceitastes a humilhação de cair novamente à vista de todos,
queremos não só contemplar-Vos enquanto estais no pó,
mas fixar em Vós o nosso olhar,
da mesma posição, também nós no chão, caídos pelas nossas fraquezas.
Dai-nos a consciência do nosso pecado,
aquela vontade de nos levantarmos que nasce da contrição.
Dai a toda a vossa Igreja a consciência do sofrimento.
De modo particular dai aos ministros da Reconciliação
o dom das lágrimas pelo seu pecado.
Como poderiam invocar sobre si e sobre os outros a vossa misericórdia
se antes não soubessem chorar as suas próprias culpas?11
Pai nosso...
Outra vez desfalecido,
pelas dores abatido
Cai por terra o salvador (bis).
10 Memória e Identidade, p. 70 11 Via Crucis no Coliseu, 2016
8ª Estação
O ENCONTRO COM AS MULHERES
V/. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (23, 27-29.31)
Seguia-O grande massa de povo e mulheres que batiam no peito e se
lamentavam por Ele. Mas Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes:
“Mulheres de Jerusalém, não choreis por Mim; chorai antes por vós
mesmas e pelos vossos filhos...”.
Meditação
As mulheres foram presença marcante durante a vida pública de Jesus.
Delas diz-se que serviam os apóstolos, cuidavam para que não lhes
faltassem nada. Eram figuras proeminentes e de valiosa colaboração. Lá
estavam elas sempre. O Mestre não fazia distinção: desde que tivesse
verdadeiramente se arrependido da vida egressa, eram acolhidas,
amadas e por Ele valorizadas.
Agora aquelas mulheres veem um rosto ensanguentado, o lastimável
estado de impotência no qual Jesus encontra-se. Elas choram, batem no
peito e se lamentam. O choro do desespero leva ao consolo de Jesus.
Esquecendo-se de suas dores, para, com compaixão as olha, e lança a
frase pouco compreendida.
“Chorai por vós e por vossos filhos” hoje, quando Jerusalém, a cidade
santa, encontra-se reduzida a palco de conflitos armados e atentados à
vida. Chorai pelos filhos mortos naquela que deveria ser o símbolo da
esperança cristã. Chorai por alguma religião que não encontram o
consenso para a convivência pacífica, mas ceifam com intolerância os
que como ela não pensam.
Mas chorai também, mulheres. Mulheres que são violentadas dentro de
suas casas. Chorai, mulheres assassinadas pelo ódio cego do ciúme,
vítimas da escravização trabalhista ou do preconceito. Chorai, vós que
tendes os filhos no mundo das drogas, do tráfico, do contrabando.
Choram vocês hoje que são vítimas das barbáries deste mundo pérfido,
insano. Mas chorem com o coração pleno de esperança, chorem olhando
para o céu, onde está o “Deus de misericórdia e Pai de toda a
consolação” (2Cor 1,3).
Oração
Como as filhas de Jerusalém,
as filhas do Brasil e do mundo inteiro padecem,
Jesus, tormentos similares e ainda piores.
Seja a vossa cruz o sinal do mistério da vida
que não brota sem passar pela morte.
Amém!
Pai nosso...
Das mulheres piedosas,
de Sião filhas chorosas,
é Jesus consolador (bis).
9ª Estação
A TERCEIRA QUEDA
V/. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Da Segunda Carta aos Coríntios (5,19-21)
Em Cristo, Deus reconciliou o mundo consigo, não imputando aos
homens as suas faltas e colocando em nós a palavra da reconciliação. ...
Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus.
Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós,
para que nele nós nos tornemos justiça de Deus.
Meditação
A terceira queda de Jesus completa a tríplice e desafiadora dimensão das
quedas: a humana, a espiritual e o cumprimento da vontade do Pai. Por
meio da figura de Jesus, a humanidade reencontra o vínculo definitivo
com Deus. A partir dele, pode-se intuir uma realidade muito maior: a
obediência ao divino nem sempre comporta o exercício da própria
vontade. Aliás, obedecer a Deus é fugir dos limites da consciência do
mundo moderno, renunciar a si mesmo para abraçar integralmente a sua
vontade.
Pensando nas quedas constantes, lembramos de forma particular
daquelas que afligem a família, “santuário da vida”12. Sabemos o quanto
tem sido afrontada em seus direitos básicos e na sua constituição natural.
O pensamento moderno lança-se visceralmente contra ela, a fim de fazer
valer os seus critérios, taxando-a como organização conservadora,
descriminante ou inútil.
Oração
Rezemos com o Papa emérito Bento XVI:
Oh, Deus, que na Sagrada Família nos deixastes
um modelo perfeito de vida familiar vivida
na fé e na obediência de Vossa vontade.
Ajudai-nos a ser exemplo de fé e amor aos Vossos mandamentos.
Socorrei-nos na nossa missão de transmitir a fé aos nossos filhos.
Abri seu coração para que cresça
neles a semente da fé que receberam no batismo.
Fortalecei a fé dos nossos jovens,
para que cresçam no conhecimento de Jesus.
Aumentai o amor e a fidelidade em
todos os casais, especialmente naqueles
que passam por momentos de sofrimento ou dificuldade.
Unidos com José e Maria, pedimo-Vos por Jesus Cristo vosso Filho,
nosso Senhor. Amem.
Pai nosso...
Cai terceira vez prostrado
Pelo peso redobrado
Dos pecados e da Cruz (bis).
12 Papa João Paulo II, Carta às Famílias, n. 11
10ª Estação
DESPOJADO DAS VESTES E DA DIGNIDADE
V/. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo João (19, 23-24)
Ao crucificarem Jesus, os soldados ficaram-Lhe com as vestes, das quais
fizeram quatro lotes, um para cada soldado, e ficaram também com a
túnica. A túnica era sem costura, tecida de alto a baixo como um todo.
Disseram, pois, entre si: “Não a rasguemos, vamos tirá-la à sorte, para
ver de quem será”. Assim se cumpria a Escritura: “Repartiram entre si as
minhas vestes, e tiraram à sorte a minha túnica”.
Meditação
Eis a dignidade despojada! Nada lhe sobra, nem as vestes. Tudo lhe é
tirado. Ó Jesus, quanta impiedade! Quanta perversidade no coração dos
homens. Nu, sem dignidade, estavas exposto ao ridículo daqueles que de
ti zombavam. O que dizer de tal cena? O silêncio parece ser a única
resposta a darmos.
Vemos-te nos nossos irmãos despidos da dignidade, do básico para
sobreviver. São eles vítimas da avareza dos governantes que pensam
unicamente em si, mesmo sabendo-se sujeitos à justiça de Deus. A tua
nudez é um convite a comparecermos sem máscaras diante de ti.
Derrubai toda a falsidade que veste os teus filhos na Igreja. Tantos
cristãs, membros do teu corpo, que não possuem identidade própria e por
isso mascaram-se com hipocrisia.
Acusa-nos a vergonha e a falta de testemunho. Vergonha por tantos que
possuem a língua envenenada para criticar, mas não abrem a boca para
bendizer. Vergonha dos que estendem a mão para acusar, mas não a
elevam para fazer o bem. Vergonha das práticas de caridade
exibicionistas, incapazes de serem discretas. Vergonha da soberba
intelectual, incapaz de reaprender. Vergonha dos passos dados para o
mundanismo, inertes para caminhar ao teu encontro.
Oração
Humilde Jesus,
calado e inocente diante da vergonha,
o coração dos cristãos necessita reaprender
a humildade, reviver a tua atitude de
despojamento.
Nossos irmãos sem dignidade são incontáveis.
Sem lar, sem alimento, sem veste,
sem o básico para viver.
Tua misericórdia não os desampare.
Amém
Pai nosso...
Dos vestidos despojado
Por algozes maltratado
eu vos vejo meu Jesus (bis).
11ª Estação
A CRUCIFICAÇÃO
V/. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (23,39-43)
Um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O, dizendo:
“Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também”. Mas o
outro, tomando a palavra, repreendeu-o: “Nem sequer temes a Deus, tu
que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois
recebemos o castigo que as nossas ações mereciam: mas Ele nada
praticou de condenável”. E acrescentou: “Jesus, lembra-Te de mim,
quando estiveres no teu Reino”. Ele respondeu-lhe: “Em verdade te digo:
hoje estarás comigo no paraíso”.
Meditação
Promete o Senhor o Paraíso a um ladrão? Naquele ladrão vemos o
espelho de cada um de nós. Ele representa, por assim dizer, todo o
gênero humano, pecador e frágil, mísero e indigno da misericórdia que
ainda assim o Senhor nos dispensa.
Mas o mais belo do cenário desta hora é a capacidade de Jesus sintetizar
todos os mandamentos em um: amar e por isso mesmo perdoar. Só
quem ama perdoa, e só quem perdoa possui a leveza de coração porque
não guarda rancor e mágoa. Quem perdoa se associa ao sofrimento de
Cristo e o assimila à sua vida.
Na figura do ladrão está contemplada a imagem de todo o gênero
humano, contemplada pela graça divina do perdão e da acolhida no
Reino de Deus. Estar no Paraíso, contudo, não é uma significativa e
entusiasmante figura de linguagem, tampouco uma análise puramente
escatológica. É uma realidade pela qual todos seremos atingidos. O
paraíso será o estado dos que fizerem de sua vida o local de Deus.
Oração
Senhor, concede-nos a tua graça...
Graça de perdoarmos e amarmos;
graça de nos reconciliarmos com os que ofendemos;
graça de nos despojarmos das nossas
prerrogativas e da nossa autossuficiência;
graça das graças de reconhecermos que
precisamos do Teu perdão,
que cura e salva.
Também somos ladrões ou mais infiéis ainda.
Vós, porém, permaneceste sempre fiel e jamais deixará de sê-Lo.
Pai nosso...
Sois por mim na cruz pregado,
insultado, blasfemado
com cegueira e com furor (bis).
12ª Estação
A MORTE NA CRUZ
V/. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Marcos (15, 33-39)
Ao chegar o meio-dia, fez-se trevas por toda a terra, até às três da tarde.
E às três da tarde, Jesus exclamou em alta voz: “Eloí, Eloí, lemá
sabachtâni?”, que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, porque me
abandonaste?... Jesus, com um grito forte, expirou...
Meditação
Pregado à cruz, Jesus consuma o sacrifício ao Pai em nosso favor. A
cruz tornou-se para o Cristianismo o sinal máximo da sua fé. Não é a
veneração ao suplício de Cristo ou a não-esperança na ressurreição; é a
expressão do abraço misericordioso de Deus no mundo, o sinal de que
todos podem se aproximar e experimentar gratuitamente os benefícios da
salvação, o elo pelo qual os homens chegam a Deus, vez que ninguém
pode ser salvo se não mergulha profundamente no mistério da Paixão do
Senhor.
Pregada com Cristo, é da natureza da Igreja levantar o estandarte da
Cruz. Esse sinal, ao longo dos séculos, tornou-se a identidade cristã.
Existe em determinados movimentos cristãos a tendência de abolir a cruz
e propagar com entusiasmo a prosperidade e a vida abastada. É como se
forçasse a erradicar da própria natureza algo que lhe caracteriza. Contra
esses, também levantamos a voz e dizemos que não pode haver
salvação se a nossa meta não passa pela cruz, se não nos assimilamos
às vítimas apocalípticas da grande tribulação que “lavaram e alvejaram
as suas vestes no sangue do Cordeiro”13.
Oração
Rezemos com o Santo Padre Francisco:
Ó Cruz de Cristo, vemos-te ainda hoje naqueles que querem tirar-te dos
lugares públicos e excluir-te da vida pública, em nome de certo
paganismo laicista ou mesmo em nome da igualdade que tu própria nos
ensinaste...
Ó Cruz de Cristo, Arca de Noé que salvou a humanidade do dilúvio do
pecado, salva-nos do mal e do maligno! Ó Trono de David e selo da
Aliança divina e eterna, desperta-nos das seduções da vaidade! Ó grito
de amor, suscita em nós o desejo de Deus, do bem e da luz14.
Pai nosso...
Por meus crimes padecestes
Meu Jesus, por mim morrestes
O que grande é a minha dor (bis).
13 Ap 7,14 14 Oração ao final da Via Crucis no Coliseu, 2016
13ª Estação
DESCIDO DA CRUZ
V/. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Marcos (15,42-43.46a)
Ao cair da tarde, visto ser a Preparação, isto é, véspera do sábado, José
de Arimateia, respeitável membro do Conselho que também esperava o
Reino de Deus, foi corajosamente procurar Pilatos e pediu-lhe o corpo de
Jesus. (…) Ele, depois de comprar um lençol, desceu o corpo da cruz.
Meditação
O corpo morto de Jesus o recebeu Maria em seus braços após desce-lo
da cruz. Já não estava ali a vitalidade do Homem-Deus, do carpinteiro
que seguira a profissão do pai adotivo, José, trabalhando braçalmente em
Nazaré. Não estava ali o robusto profeta que andava pregando o amor de
Deus. Agora estava uma mensagem oculta; oculta sobretudo no corpo
sem vida de Jesus. Mesmo morto, Jesus ainda nos transmite a
mensagem que só aquela imagem poderia proporcionar.
Essa mensagem não é sobre a falência de Deus ou sobre o desespero
da mãe com o cadáver do filho nos braços. É muito raso assim
pensarmos! A mensagem é mais profunda e rica, é muito mais tocante e
convertedora: Deus nos acolhe, ainda que pareçamos falhar. Ele nos
acompanha mesmo que estejamos sem vida, desfalecidos nesse
percurso fatigante.
Sem vida é o percurso dos políticos que não se importam com a
população que os escolheu como representantes, não donos. É
desumana a forma como muitos acovardam em fazer o bem, preferindo
satisfazer-se com recursos ilícitos que pertencem a população. A divisão
do mundo entre zonas de comodidade e zonas de miséria causa ainda
máculas no corpo de Cristo e faz novos cadáveres no mundo.
Oração
Rezemos com o Cardeal Ângelo Comastri15:
Senhor Jesus, ao homem que vive para acumular Tu chamaste-o insensato! Sim, é insensato quem pensa que possui qualquer coisa, visto que um só é o Proprietário do mundo. Senhor Jesus, o mundo é teu, apenas teu. E Tu deste-o a todos para que a terra fosse uma casa que a todos alimenta e a todos protege. Por isso, acumular é roubar se o acumulado inútil impede a outros de viverem. Senhor Jesus, faz com que acabe o escândalo que divide o mundo em palácios e barracos. Senhor, ensina-nos de novo a fraternidade!
Pai nosso...
Do madeiro vos tiraram
e a mãe vos entregaram,
com que dor e compaixão. (bis).
15 Via Crucis no Coliseu, 2006
14ª Estação
O SEPULTAMENTO
V/. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do livro dos Salmos (16, 9-11)
O meu coração se alegra e a minha alma exulta, e até o meu corpo descansa tranquilo. Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos, nem deixareis o vosso fiel sofrer a corrupção. Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida; alegria plena em vossa presença, delícias eternas, à vossa direita.
Meditação
O silêncio é a resposta de Deus a morte do Seu Filho. É a partir daqui
que se encontra a divisão entre aqueles que creem no Cristo e, portanto,
herdeiros da vida eterna, e aqueles que o rejeitam, mesmo se
consideram excelsas as suas virtudes. Jesus não é uma qualquer alma
bondosa que realizou gestos de amor e misericórdia. Se a mensagem do
evangelho gira em torno disso é porque antes de tudo Ele é Deus, abre
ao mundo as portas da salvação e faz do amor a via mestra para chegar
ao Pai.
Nesse sentido, a frase de Dostoiévski encontra sentido: “’O que é o
inferno?’ E assim o defino: ‘o sofrimento de não poder mais amar’”16. É no
silêncio que repousa o corpo de Jesus, no sepulcro ainda não
inaugurado. É no silêncio que vegeta o mundo que diz “não” a Deus.
O silêncio sepulcral ajuda a redescobrir a grandeza que Deus pode
proporcionar ao homem. Sem Ele estamos destinados a fracassar em
planos, projetos, política, religião. O Padre Henri de Lubac formulou em
sábias palavras o decorrer de tal realidade: “Não é verdade que o homem
não possa organizar a terra sem Deus, mas não pode, no fim de contas,
senão organiza-la contra o homem. O humanismo exclusivo é
humanismo inumano”17.
Oração
Ó Deus da vida, morto por nós,
“desde que o homem, por causa do pecado,
foi afastado da árvore da vida (cf. Gn 3, 23-24),
a terra tornou-se um cemitério”18.
Pedimos-te pelo mundo que vos esquece,
por aqueles que vos renegam,
pelos que não tem esperança na ressurreição.
Fecundai nesses corações o desejo de Ti e
a fé que não permite cairmos na descrença.
Amém!
Pai nosso...
No sepulcro vos puseram,
mas os homens tudo esperam
do mistério da paixão (bis).
16 Os Irmãos Karamázov 17 Le drame de l’humaniesme athée, Spes, 1944, p. 12. 18 Papa João Paulo II, Via Crucis no Coliseu, 2003.
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