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Sociologia Contemporânea
Prof. Lucas do Prado
Zygmunt Bauman
Biografia
Poznan (Polônia) – (1925-Hoje)
Professor titular da Universidade de Leeds desde 1971.
Professor emérito da Universidade de Varsóvia.
Obras: mais de 60 títulos publicados. “Modernidade Líquida”; “Vida Líquida”;
“Amor Líquido”; “Tempos Líquidos”; “Vida para consumo”; “Capitalismo Parasitário e Outros Temas Contemporâneos”; “Vida à Crédito”; etc.
Modernidade Líquida (2000)
CONTEXTO:
Virada do século XX para o
XXI, sendo efetivamente
lançado em 2001.
Previsões de panes
tecnológicos em programas
e computadores espalhados
pelo mundo, o famoso
“bug do milênio”.
Modernidade Líquida: Conceito
É o conjunto de relações e instituições, além de sua
lógica de operações, que se impõe e que dão base para a
contemporaneidade.
É uma época de liquidez, de fluidez, de volatilidade, de
incerteza e insegurança.
A fixidez e todos os referenciais morais da época
anterior, denominada pelo autor como modernidade
sólida, são retirada de palco para dar espaço à lógica do
agora, do consumo, do gozo e da artificialidade.
Trabalho e liquidez
Relações de trabalho cada vez mais se desgastam e a
própria esfera do trabalho vira um campo fluido
desregulamentado.
Empregos temporários, meia jornada, empregos em que
as relações de empregado-empregador são constituídas
somente pelos dois, se tornam situações fáceis e
consideradas legítimas de se observar.
Nisto, emerge a figura do desempregado crônico.
Relações Humanas
As conexões predominam.
Conexão é o termo usado para descrever as
relações frágeis.
A grande sacada desta palavra envolve a noção de
que, em uma conexão, o vantagem não está só em
ter várias conexões, mas, principalmente em
conseguir desconectar sem custo.
Relações Humanas
Os humanos são transformados em mercadorias
que podem ser consumidas e a qualquer
momento podem ser excluídos.
O sujeito líquido lida com um mundo de consumo e
opções, mas nunca objetivo e frio, não tem mais
referenciais de ação: Toda a autoridade de referência é colocada em si e é sua
responsabilidade construir ou escolher normas a serem
seguidas.
Tudo se passa como se tudo fosse uma questão de escolher a
melhor opção, com melhores vantagens e, de preferência,
nenhuma desvantagem.
Relações Humanas
ENTREVISTA: A amizade Facebook
Consumo e Sujeito Líquido
Isso tudo é coberto por uma mentalidade que,
não só valida as instituições e as normas, mas
também dá base para a vida dos sujeitos:
Os imperativos de consumo são inscritos naquilo que
há de mais fundamental na constituição do
sujeito líquido.
Inexistência da Pós-Modernidade
Para Bauman, não há uma pós-modernidade, há uma
continuação da modernidade com pontos diferentes.
O autor tem uma certa afinidade com Manuel Castells ao
falar da sociedade informacional.
Ele afirma que a sociedade industrial (no sentido de ter como
base de produção as indústrias), ainda existe, mas com lógica
diferente.
Não se trata de uma ruptura de época, mas de uma
transformação dentro de uma estrutura contínua.
O mesmo aconteceria na sociedade líquida.
Nas palavras de Bauman
“Uma das razões pelas quais passei a falar em “modernidade
líquida” em vez de “pós-modernidade” (meus trabalhos mais
recentes evitam esse termo) é que fiquei cansado de tentar
esclarecer uma confusão semântica que não distingue
sociologia pós-moderna de sociologia da pós-modernidade,
entre “pós-modernismo” e “pós-modernidade”. No meu
vocabulário, “pós-modernidade” significa uma sociedade
(ou, se se prefere, um tipo de condição humana), enquanto
que “pós-modernismo” se refere a uma visão de mundo que
pode surgir, mas não necessariamente, da condição pós-
moderna.
Nas palavras de Bauman
Procurei sempre enfatizar que, do mesmo modo que ser um
ornitólogo não significa ser um pássaro, ser um sociólogo da
pós-modernidade não significa ser um pós-modernista, o que
definitivamente não sou. Ser um pós-modernista significa ter
uma ideologia, uma percepção do mundo, uma determinada
hierarquia de valores que, entre outras coisas, descarta a ideia
de um tipo de regulamentação normativa da comunidade
humana e assume que todos os tipos de vida humana se
equivalem, que todas as sociedades são igualmente boas ou más;
enfim, uma ideologia que se recusa a fazer julgamentos e a
debater seriamente questões relativas a modos de vida viciosos
e virtuosos, pois, no limite, acredita que não há nada a ser
debatido. Isso é pós-modernismo.”
Amor Líquido (2003)
Os estudos sociológicos lhe
permitem refletir sobre a
angústia que reina nos
sentimentos humanos, emoção
despertada pela pressa de
encontrar o parceiro perfeito,
sempre mantido como meta
ideal, nunca como realidade
concreta.
Amor Líquido
Os casais procuram manter relacionamentos abertos,
que lhes possibilitem uma porta de saída para novos
encontros.
A insatisfação está, portanto, constantemente presente
na esfera da afetividade humana.
As pessoas desejam interagir, buscam a vivência do
afeto, mas não querem se comprometer.
Amor Líquido
Vivenciado em um universo marcado pelos laços fluidos,
que não permanecem, não se estreitam, desobedecem à
lei da gravidade, ou seja, à ausência de peso.
Livro/Filme: “A insustentável leveza do ser”
Bauman crê que os relacionamentos a dois não podem se
desenrolar à parte da cena social, das regras do jogo
estabelecidas pela sociedade global.
Nada pode fugir deste complexo panorama, do moderno
fenômeno conhecido como globalização.
Vida Líquida (2005)
A vida líquida é uma forma
de vida que tende a ser
levada à frente numa
sociedade líquido-moderna.
É aquela em que, as
condições sob as quais agem
seus membros mudam num
tempo mais curto do que
aquele necessário para a
consolidação dos hábitos e
rotinas, das formas de agir.
Vida Líquida
A vida líquida, assim como a sociedade, não podem
manter a forma ou permanecer em seu curso por muito
tempo.
É uma vida precária, vivida em condições de incerteza
constante, é uma sucessão de reinícios.
Nessa vida, livrar-se das coisas tem prioridade sobre
adquiri-las.
É uma vida de consumo, projeta o mundo e seus
fragmentos como objetos de consumo, ou seja, que
perdem a sua utilidade enquanto são usados.
Relações Individuais
Essas realizações individuais não podem solidificar-se em
posses permanentes;
Em instantes, os ativos transformam-se em passivos, e as
capacidades em incapacidades.
As condições de ação e reação se tornam obsoletas.
Velocidade e Individualidade
A velocidade e não a duração é o que importa.
Com a velocidade, pode-se consumir toda a eternidade do
presente contínuo da vida terrena.
O truque é comprimir a eternidade de modo a poder ajustá-
la, inteira, à duração de uma existência individual.
A individualidade hoje, significa em primeiro lugar a
autonomia da pessoa, a qual, por sua vez, é percebida
simultaneamente como direito e dever.
A afirmação “eu sou um indivíduo” significa que sou responsável
por meus méritos e fracassos, e que minha tarefa é cultivar os
méritos e reparar os fracassos.
Consumismo
É uma resposta do tipo “como fazer”.
A lógica do consumismo serve às necessidades dos homens e
das mulheres em luta para construir, preservar e renovar a
individualidade e, particularmente, para lidar com a sua
aporia (impasses e paradoxos).
Os movimentos do mercado de consumo desafiam a lógica,
mas não a da luta já inerentemente aporética pela
individualidade.
A luta pela singularidade agora se tornou o
principal motor da produção e do consumo em
massa.
Sociedade de Consumidores
“Uma "sociedade de consumidores" não é
apenas a soma total dos consumidores,
mas uma totalidade, como diria
Durkheim, "maior do que a soma das partes".
É uma sociedade que (para usar uma
antiga noção que já foi popular sob a
influência de Althusser) "interpela" seus
membros basicamente, ou talvez até
exclusivamente, como consumidores; e
uma sociedade que julga e avalia seus
membros principalmente por suas
capacidades e sua conduta relacionadas ao
consumo”.
Consumidor x Cidadão
Bauman expressa sua visão de que o afastamento da política e
ainda ausência de interesse pelo processo político, também
está se afastando do conceito de democracia e cidadania.
Ao citar Giroux & Giroux diz que a cidadania foi reduzida ao
ato de comprar e vender mercadorias, em vez de evoluir para
uma democracia substancial.
A liberdade dos cidadãos foi plantada e enraizada no solo
sociopolítico, devendo ser fertilizado diariamente pelas ações
bem informadas de um público instruído e comprometido
afastando-se, portanto, não bastando apenas a visão
consumerista de participação da população.
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