analise combinatoria e probabilidade
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2010
Cleiton Batista VasconcelosManoel Americo Rocha
Análise Combinatória e Probabilidade
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EXPEDIENTE Design instrucionalAntonio Germano Magalhães JuniorIgor Lima RodriguesPedro Luiz Furquim Jeangros
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Coordenador EditorialRafael Straus Timbó Vasconcelos
DiagramaçãoMarcus Lafaiete da Silva Melo
IlustraçãoMarcos Paulo Rodrigues Nobre
CapaEmilson Pamplona Rodrigues de Castro
PRESIDENTE DA REPÚBLICALuiz Inácio Lula da Silva
MINISTRO DA EDUCAÇÃOFernando Haddad
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIACarlos Eduardo Bielschowsky
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – DPEADHélio Chaves Filho
SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASILCelso Costa
GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁCid Ferreira Gomes
REITOR DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁFrancisco de Assis Moura Araripe
VICE-REITORAntônio de Oliveira Gomes Neto
PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃOJosefa Lineuda da Costa Murta
COORDENADOR DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAAntonio Germano Magalhães Junior
COORDENADOR GERAL UAB/UECEFrancisco Fábio Castelo Branco
COORDENADORA ADJUNTA UAB/UECEJosete de Oliveira Castelo Branco Sales
COORDENADOR DA LICENCIATURA EM MATEMÁTICACleiton Batista Vasconcelos
COORDENADOR DE TUTORIA E DOCÊNCIA DA LICENCIATURA EM MATEMÁTICAGerardo Oliveira Barbosa
Sumário
Unidade 1Princípios de Contagem ........................................................................................................ 7
1. Introdução .........................................................................................................................92. Uma primeira ati vidade ....................................................................................................93. Ati vidades de contagem ....................................................................................................114. Princípios de contagem .....................................................................................................19
Unidade 2Arranjos e Permutações e o Fatorial de um Número ............................................................. 27
1. Introdução .........................................................................................................................292. Arranjos simples e arranjos com elementos repeti dos .....................................................293. Permutações simples e permutações com elementos repeti dos......................................324. O fatorial de um número e o número de arranjos e o de permutações ...........................355. Permutação Circular ..........................................................................................................37
Unidade 3Combinações, Números Binomiais e Binômio de Newton ..................................................... 45
1. Introdução .........................................................................................................................472. Combinações Simples .......................................................................................................473. Combinações completas e equações diofanti nas .............................................................494. Números binomiais ...........................................................................................................535. Binômio de Newton ..........................................................................................................55
Unidade 4Tópicos Complementares ...................................................................................................... 67
1. Introdução .........................................................................................................................692. Permutações caóti cas .......................................................................................................693. Lemas de Kaplansky ..........................................................................................................724. Princípio das gavetas de Dirichlet .....................................................................................75
Unidade 5Noções Preliminares e Operações entre Eventos ................................................................... 81
1. Introdução .........................................................................................................................832. Experimentos: aleatórios versus determinísti cos .............................................................833. Espaço amostral associado a um experimento aleatório ..................................................844. Operações entre eventos e eventos mutuamente excludentes ........................................86
Unidade 6Definições de Probabilidade e Principais Resultados ............................................................. 93
1. Introdução .........................................................................................................................952. Definições de Probabilidade .............................................................................................953. Probabilidade condicional e eventos independentes .......................................................1004. Distribuição binomial de probabilidade ............................................................................106
Dados dos Autores ............................................................................................................... 115
Unidade
Objetivos:
• Apresentaraanálisecombinatóriacomoosramosdamatemáticaquesepreocupacomosmétodosdecontagem,sejamelesdiretosouindiretos.
• Exemplificarosprincípiosdecontagemapartirdesuautilizaçãoemalgumasatividades.
• Enunciareaplicarosprincípiosaditivoemultiplicativodacontagem.• Enunciareaplicaroprincípiodecontagemconhecidocomoprincípiodainclusão
eexclusão.
1Princípios de Contagem
9ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
1. IntroduçãoUmadaspreocupaçõesbásicasdaAnálisecombinatória,masnãoa
única,écomosmétodosdecontagem,querdiretaquerindireta.Suponha,porexemplo,quedesejemoscontarossubconjuntosdocon-
juntoA={1,2,3}.Umamaneira de realizarmos essa contagem seria listar todos os
subconjuntosdoconjuntoA—contagemdireta—para,emseguida,con-tá-los.Assim:
• Subconjuntoscomzeroelementos:∅;• Subconjuntoscomumelemento:{1},{2}e{3};• Subconjuntoscomdoiselementos:{1,2},{1,3}e{2,3};• Subconjuntoscomtrêselementos:{1,2,3}.
Contandoossubconjuntoslistados,concluímosqueoconjuntoApos-sui8(=1+3+3+1)subconjuntos.
Outramaneiraseriaencontrarumprocedimentogeral—contagemindireta—quenospermitadeterminaronúmerodesubconjuntosdeumconjuntoAemfunçãodoseunúmerodeelementos,semprecisarcontá-los.
Emalgunscasos,éclaro,émaisfácillistarecontarossubconjuntosdoqueprocurartalmétodo.Notadamente,quandoosconjuntospossuemumaquantidadepequenadeelementos.Emoutros,não.ImagineseApos-suísse10ou20elementos.
Nestaunidaderesolveremosalgumasatividadesrelacionadasàcon-tagemdeconjuntospara,emseguida,enunciarmoseaplicarmososprincí-piosaditivoemultiplicativodacontagemalém,éclaro,doprincípiodain-clusãoeexclusão,umaespéciedegeneralizaçãodoprincípiodacontagem.
2. Uma primeira atividadeComodissemosanteriormente,nocasodoconjuntoA={1,2,3},um
conjuntocomapenastrêselementos,émuitomaisfácillistarossubconjun-tose,emseguida,contá-losdoqueprocurardeterminarummétodoparaacontagemindireta.
Mas,esefossem10ou20elementos?
Umconjuntocom10elementospossuiquantossubconjuntos?Ecom20elementos?
10 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
UmprocedimentobastanteinteressanteequeconduzrapidamenteaumageneralizaçãoconsisteempensarcadasubconjuntodeAcomosendoumasequênciaordenadadetrêsletrasquepodemserescolhidasentreSeN,obedecendoàseguinteconvenção:asequência(S,N,N),porexemplo,representaosubconjunto{1},poisaletraSsignificaqueoelemento1per-tenceaosubconjunto,oprimeiroNsignificaqueonúmero2nãopertenceaosubconjunto,eosegundoNsignificaqueoelemento3nãopertenceaosubconjunto;demaneirasemelhante,osubconjunto{2,3}seriarepresen-tadopelasequência(N,S,S),naqualoNsignificaqueo1nãoéelementodosubconjunto,istoé,o1nãopertenceaosubconjunto,oprimeiroSsignificaqueo2pertenceaosubconjuntoeosegundoSsignificaqueo3pertenceaosubconjunto.Assim,desejamossaberquantassequênciasordenadasdetrêselementosnaqualparaoprimeiroelementotemosduasopções,SouN.
S
N
Escolhidooprimeiroelemento,temosduasopçõesparaaescolhadosegundo—SouN—;
SS
NS
NN
e,finalmente,escolhidososdoisprimeirostemosduasopçõesdees-colhaparaoterceiro—novamente,SouN—;
S
Nperfazendoumtotalde8(=2X2X2)sequências.ComocadasequênciarepresentaumsubconjuntodeA={1,2,3},
podemosconcluirqueoconjuntoApossui8subconjuntos.Generalizando.Comodissemosanteriormente,ficafácildegeneralizarore-sultadoparaumconjuntoAcomnelementos.Nestecaso,asequênciaquedevemosformarvaipossuirnletrasquepodemserescolhidasentreSeNe,portanto,onúmerodesubconjuntosdeumconjuntocomnelementosé2n.
Afiguraaseguir,denominadadeárvoredaspossibilidades,nosper-mitevisualizaras8sequênciaspossíveis,oumelhor,os8subconjuntosdoconjuntoA.
11ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Logoaseguirtemosarelaçãodasoitosequênciasemcorrespondênciacomosubconjuntoquecadaumadelasrepresenta.
Sequência Subconjunto
S S S { 1, 2, 3 }
S S N { 1, 2 }
S N S { 1, 3 }
S N N { 1 }
N S S { 2, 3 }
N S N { 2 }
N N S { 3 }
N N N ∅
OconjuntodetodosossubconjuntosdeumconjuntoAéindicadoporP(A)echamadodeconjuntodaspartesdeA.
3. Atividades de contagemNestaseçãoapresentaremosváriasatividadesdecontagemcomoob-
jetivodemostrarmosalgunsprocedimentosquepodemserempregadosemsituaçõesdestanatureza.Apresentaremosalgunsconjuntosdesituaçõespara,emseguida,apresentarmossuassoluções.Sugerimosque,antesdeverificarasoluçãoapresentada,cadaalunotenteencontrá-laporsimesmo.
• Situação01:Dequantasmaneiraspodemosdistribuirquatrobo-las,sendoumavermelha,umapreta,umaazuleumabranca,entreduaspessoas,demodoquecadapessoa recebapelomenosumabola?Esequalquerumadaspessoaspuderficarcomasquatrobolas?Eseforemseisbolas?Eseforemnbolas?
• Situação02:Dequantasmaneiraspodemosdistribuirquatrobo-lasiguaisentreduaspessoas,demodoquecadapessoarecebapelomenosumabola?Esequalquerumadaspessoaspuderficarcomasquatrobolas?Eseforemsetebolas?Eseforemnbolas?
12 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
• Situação03:Dequantasmaneiraspodemosdistribuirquatrobo-lasdiferentesemduascaixasiguais,demodoqueemcadacaixafiquepelomenosumabola?Esequalquerdascaixaspuderficarvazia?Eseforemseisbolas?Eseforemnbolas?
Agoravamosapresentarasoluçãodastrêsatividadespropostasan-teriormente.
Inicialmente,insistimosnaimportânciadatentativaderesoluçãoporpartedosalunos.Afinal,éapartirdesuaprópriasoluçãooudesuaspró-priasdúvidasqueseaprendearesolverproblemasconfrontando-as-dúvi-dasousoluções-comoutrassoluçõesapresentadaseoutrasquevenhaaencontrarpelocaminho.
Paraasituação01,“Dequantasmaneiraspodemosdistribuirquatrobolas,sendoumavermelha,umapreta,umaazuleumabranca,entreduaspessoas,demodoquecadapessoarecebapelomenosumabola?”,iniciare-mosdenotandoporV,P,AeBasbolasvermelha,preta,azulebranca,res-pectivamente,eporP1eP2asduaspessoas.Assim,paraasbolasvermelhaepreta,temosasseguintesopções:abolavermelhaouficacomP1ouficacomP2e,distribuídaabolavermelha,abolapretaouficacomP1oucomP2.Naárvoredepossibilidadestemososeguinte:
Comosepercebe,jáforamencontradas4possibilidadesdedistribui-çãodasduasprimeirasbolas.
Para a distribuição das outras duas bolas, procedemos do mesmomodo.Faltandodistribuirabolaazuleabranca,játemosasquatropossi-bilidadesseguintes:
VERMELHA PRETA AZUL BRANCA
1 P1 P1
2 P1 P2
3 P2 P1
4 P2 P2
Nadistribuiçãodabolaazul,paracadaumadaspossibilidadesaci-ma,temosoutrasduaspossibilidades:abolaazulficacomP1ouabolaazulficacomP2.Assim,paraapossibilidade1,temos:
13ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
VERMELHA PRETA AZUL BRANCA
1P1 P1 1 P1
P1 P1 2 P2
Paraaspossibilidades1e2,temos:
VERMELHA PRETA AZUL BRANCA
1P1 P1 1 P1
P1 P1 2 P2
2P1 P2 3 P1
P1 P2 4 P2
E,finalmente,paraasquatropossibilidades,temosasoitopossibili-dadeslistadasaseguir:
VERMELHA PRETA AZUL BRANCA
1P1 P1 1 P1
P1 P1 2 P2
2P1 P2 3 P1
P1 P2 4 P2
3P2 P1 5 P1
P2 P1 6 P2
4P2 P2 7 P1
P2 P2 8 P2
Agora só falta distribuirmos a bola branca. Novamente, para cadaumadaspossibilidadesanteriores,temosduaspossibilidades,perfazendoasdezesseispossibilidadesseguintes:8nasquaisabolavermelhaficacomP1eoutras8comabolavermelhaficandocomP2.
VERMELHA PRETA AZUL BRANCA
1P1 P1 P1 1 P1
P1 P1 P1 2 P2
2P1 P1 P2 3 P1
P1 P1 P2 4 P2
3P1 P2 P1 5 P1
P1 P2 P1 6 P2
4P1 P2 P2 7 P1
P1 P2 P2 8 P2
14 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
VERMELHA PRETA AZUL BRANCA
5P2 P1 P1 9 P1
P2 P1 P1 10 P2
6P2 P1 P2 11 P1
P2 P1 P2 12 P2
7P2 P2 P1 13 P1
P2 P2 P1 14 P2
8P2 P2 P2 15 P1
P2 P2 P2 16 P2
Observemos,entretanto,queaspossibilidades1e16 listadasante-riormentenãosatisfazemaoproblemainicial.
Vocêsaberiadizerporquê?Pense,antesdecontinuaraleitura.
Napossibilidade1,apessoaP1ganhaas4bolas,enquantonapos-sibilidade16,apessoaP2ganhaas4bolas.E,comooproblemapedequecadapessoaganhepelomenos1bola,essasduaspossibilidadesnãosa-tisfazemaoproblemaoriginal.Portanto,a respostaparaapergunta “Dequantasmaneiraspodemosdistribuirquatrobolas,sendoumavermelha,umapreta,umaazuleumabranca,entreduaspessoas,demodoquecadapessoarecebapelomenosumabola?”é
“Dequatorzemaneiras”.Paraapergunta“Esequalquerumadaspessoaspuderficarcomas
quatrobolas?”arespostaé“Dedezesseismaneiras”.
Sefossemseisbolas,paraadistribuiçãodaquintabola,cadaumadas dezesseis possibilidades daria origem a duas novas possibilidades,perfazendoumtotaldetrintaeduaspossibilidadese,paraadistribuiçãodasextabola,cadaumadastrintaeduaspossibilidadesdariaorigemaduasoutras,perfazendoumtotalde64possibilidades.Istoparaocasoemqueumapessoapoderecebertodasasbolas.Paraocasoemqueissonão pode ocorrer, devemos tirar duas dessas possibilidades e teremos,portanto,62possibilidades.
Paraocasogeral,“seforemnbolas?”bastaobservarmosqueaoacres-centarmosumabola, o totaldepossibilidadesanterior serámultiplicadopor2.Assim,paraumabola,temos2possibilidades;paraduasbolas,te-mos4possibilidades;paratrêsbolas,temos8possibilidades.Generalizando.Demaneirageral,paranbolas,temos2npossibilidades,paraocasoemqueumadaspessoaspoderecebertodasasbolase2n–2,paraooutrocaso.
Paraasituação02,“Dequantasmaneiraspodemosdistribuirquatrobolasiguaisentreduaspessoas,demodoquecadapessoarecebapelomenosumabola?”comoasbolassãoiguais,umapossibilidadediferedaoutra,sim-plesmente,pelonúmerodebolasquecadapessoarecebe.Usandoamesmanotaçãodasituaçãoanterior,apessoaP1podereceberuma,duasoutrêsbolas.Observeque,aodefinirmosaquantidadedebolasqueapessoaP1re-cebe,automaticamenteestamosdefinindoaquantidadequeP2recebe.
15ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Portanto,são3aspossibilidadesprocuradas.Seumadaspessoaspuderficarcomasquatrobolas,entãodevemos
acrescentarmaisduaspossibilidades:P1ficacomas4eP2ficasemnenhu-mabola,eP1ficasemnenhumabolaeP2ficacom4bolas.
Se foremsetebolas,asituaçãoésemelhante.Podemos,novamente,construirumatabelacomoaanterioreobtermosaresposta.
Comopodemosperceber,temos6possibilidadeseseaceitarmosqueumsópessoarecebatodasasbolasdevemosacrescentarmaisduaspossi-bilidades,obtendoumtotalde8possibilidades.Generalizando.Ese foremnbolas?Comosepercebe,apessoaP1podereceber1,2,3,…,n–1bolas,ouseja,temosn–1possibilidadesdedistri-buirasbolas,nocasoemquenenhumadaspessoaspoderecebertodasasbolas.Mas,seumadelaspuderrecebertodasasbolasdevemosacrescentarduaspossibilidades,obtendon+1.
Finalmente,temosasituação03,“Dequantasmaneiraspodemosdis-tribuirquatrobolasdiferentesemduascaixasiguais,demodoqueemcadacaixafiquepelomenosumabola?”que,apesardebastantesemelhante,édiferentedoscasosanteriorescomoveremoscomasrespostasencontradas.
Podemosresolveresseproblemademaneirasemelhanteaoproble-maanterior, lembrandoapenasque,comoascaixassãoiguais,asdis-tribuições1e3,umabolaemumadascaixasetrêsbolasnaoutra,éamesmadistribuiçãoque3e1,trêsbolasemumadascaixase1naoutra.Assim,temossomenteduasdistribuiçõespossíveis:adistribuição1e3eadistribuição2e2.
Seumadascaixaspodeficarvazia,entãodevemosacrescentarmaisumadistribuição:adistribuição0e4ou4e0.
Seforemseisbolasoprocedimentoésemelhante.Teremosasseguin-tesdistribuições:
16 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
ouseja,3ou4distribuições,dependendodeseascaixaspodemounãoficarvazia.
Antesdegeneralizar,vejamosoqueocorrecomcincobolas.Podemosfazerasseguintesdistribuições:
Comosepercebe,nocasodeumaquantidadepardebolas(4ou6,porexemplo),cadacaixapodeficarcomatémetadedasbolas(2ou3).Nocasodeumaquantidadeímpar,5ou7porexemplo,umadascaixasficacom,nomáximo,2ou3,quecorrespondeàmetadedototalmenosum.
Generalizando.Paraocasodenbolas,devemosconsiderarduassitua-
ções:nparen ímpar.Nocasoemquenépar, teremos possibilida-
des, se nenhumadas caixas puder ficar vazia, ou +1 possibilidades,
seumadascaixaspuderficarvazia.Nocasoemquenéímpar,teremos
ou +1possibilidades,conformeumadascaixaspossaou
nãoficarvazia.Para concluir essa seção apresentaremosmais três situações para
seremanalisadas.Sãoelas:Situação04:Dequantasmaneiraspodemosdistribuirtodasasle-trasA,A,A,A,B,B,Centreduaspessoas,semqualquerrestrição?
Situação05:Emumparquedediversões,existemquatrodosbrin-quedosqueTobymaisgostadebrincar,maselesódispõededinhei-roparacomprardoisbilhetes.DequantasmaneirasTobypoderáfazeraescolhadosbrinquedos?
Situação06:Dentreosnúmerosde1a20,quantossãoosmúlti-plosde7oude5?Equantossãoosmúltiplosede3oude5?
Comonassituaçõesanteriores,éimportantequevocê,antesdelerasrespostasnolivro,tenteresolverosproblemaspropostosparaque,apartirdesuasdúvidasousoluçõesvocêpossaconstruirseuconhecimento.
Paraasituação04,denotemosporP1eP2asduaspessoas.ApessoaP1podereceber0,1,2,3ou4letrasAe,paracadaumadessaspossibilida-des,aquantidadedeletrasAqueapessoaP2receberájáficaautomatica-mentedeterminada:seP1recebe1,entãoP2recebe3,seP1recebe2,entãoP2recebe2,eassimpordiante.Portanto,bastasabermosquantasletrasdecada(A,BeC)umadaspessoasreceberá.Portanto,existem5maneirasdesedistribuirasletrasA.Demaneirasemelhante,existem3maneirasdesedistribuirasletrasB(P1recebe1,2ou0letrasB)e2maneirasdedistribuiraletraC(ouP1recebealetraCouP2recebealetraC).
17ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Pessoa Letra A Letra B Letra C
P1 0 1 2 3 4 0 1 2 0 1
P2 4 3 2 1 0 2 1 0 1 0
Cadaumadas5possibilidadesdedistribuiçãoda letraApode sercombinadacomas3possibilidadesdedistribuiçãodaletraB,perfazendoas15possibilidadesseguintes:
PESS
OA
1
A B
PESS
OA
2
A B
00
52
1 12 0
10
42
1 12 0
20
32
1 12 0
30
22
1 12 0
40
12
1 12 0
50
02
1 12 0
Finalmente,cadaumadas15distribuiçõesanteriorespodesercom-binadacomasduasdistribuiçõesdaletraC,totalizando30distribuiçõesdistintas.Notequeessas30distribuiçõessãoconsequênciadoproduto5X3X2,sendoo5onúmerodedistribuiçõesdaletraA,3onúmerodedistri-buiçõesdaletraBe2onúmerodedistribuiçõesdaletraC.
PESSOA 1A B C
0 001
Nasituação05,denotandoporA,B,CeDosquatrobrinquedosdosquaisTobymaisgosta,percebemosqueelepodecomprarasseguintescom-binaçõesdebilhetes
AA AB AC AD
BB BC BD
CC CD
DD
Aotodo,são10combinaçõesdedoisbilhetes.
18 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
ObservequecomestasoluçãoestamosaceitandoapossibilidadedeTobycomprardoisbilhetesdeummesmobrinquedo.Seestenãoforocaso,ouseja,seTobydeveobrigatoriamentecomprarbilhetesparabrinquedosdiferentes,entãoexistemapenas6possibilidades.Aquelasdestacadasnafiguraanterior.Generalizando.Paraconseguirmosageneralização,vamosexaminarpri-meiramenteocasodecincobrinquedos,digamosA,B,C,DeE.Aspossí-veiscombinaçõesseriam
AA AB AC AD AE
BB BC BD BE
CC CD CE
DD DE
EE
perfazendoumtotalde(5+4+3+2+1=)15combinações,sepude-remsercompradosdoisbilhetesdeummesmobrinquedo,ou15-5(4+3+2+1=10)combinações,senãopuderemsercompradosbilhetesiguais.Lembremosquenocasodosquatrobrinquedostivemos10(=4+3+2+1)combinações,sepodíamoscomprarbilhetesiguaise10-4(1+2+3=6),senãopodíamos.Assim,generalizandoparanbrinquedos,temos
n+(n–1)+(n–2)+…+3+2+1=
possibilidades,sepuderemsercompradosdoisbilhetesparaummes-mobrinquedo,ou
–n= ,
somentecombilhetesparabrinquedosdiferentes.Paraasituação06,denotemosporM(3),M(5)eM(7),respectivamente,
oconjuntodosmúltiplosde3,odosmúltiplosde5eodosmúltiplosde7,compreendidosentre1e20.
TemosqueM(3)={3,6,9,12,15,18},M(5)={5,10,15,20}eM(7)={7,14}.Oconjuntodosmúltiplosde5oude7éoconjuntoM(5)∪M(7)={5,7,10,14,15,20}eoconjuntodosmúltiplosde3oude5éoconjuntoM(3)∪M(5)={3,5,6,9,10,12,15,18,20}.Notequeonúmerodemúltiplosde5oude7éasomadonúmerode
múltiplosde5comonúmerodosmúltiplosde7.
n(M(5)∪M(7))=n(M(5))+n(M(7))=4+2=6
19ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Jáonúmerodemúltiplosde3oude5(nove)NÃOéasomadonúmerodemúltiplosde3(seis)comodosmúltiplosde5(quatro).
Vocêsabeexplicarporquê?
NoqueM(5)∩M(7)=∅,enquantoM(3)∩M(5)≠∅.Esseéomotivo.Adiferençaentren(M(3)∪M(5))en(M(3))+n(M(5))éexatamenteonúme-rodeelementosdeM(3)∩M(5)que,nasoman(M(3))+n(M(5))somasãocontadosduasvezes.
n(M(3)∪M(5))=n(M(3))+n(M(5))–n(M(3)∩M(5))=6+4–1=9
4. Princípios de contagemNassituaçõesdaseçãoanteriorforamapresentadoseresolvidospro-
blemasdecontageme,diretaouindiretamente,nasuaresoluçãofoiutiliza-dooprincípioaditivodacontagemouoprincípiomultiplicativodacontagem.
Nestaseçãoenunciaremoseaplicaremosessesprincípiosnaconta-gemdonúmerodeelementosdecertosconjuntos.
Paratanto,denotaremosporn(X)onúmerodeelementosdoconjun-tofinitoX.
Iniciaremoscomoprincípioaditivodacontagemquepermitedeter-minaronúmerodeelementosdoconjuntoA∪BemfunçãodonúmerodeelementosdosconjuntosAeBepodeserenunciadocomosegue.
• Princípio aditivoda contagem.SeA eB são conjuntosfinitostaisqueA∩B=∅,entãoA∪Btambéméfinitoevaleaigualdaden(A∪B)=n(A)+n(B).
SeAeBsãoconjuntostaisqueA∩B=∅,dizemosqueAeBsãoconjuntosdisjuntos.
NocasoemqueAeBsãoconjuntosdisjuntos,istoé,conjuntostaisqueA∩B≠∅,valeaigualdade
n(A∪B)=n(A)+n(B)–n(A∩B).
Oprincípioaditivodacontagempodesergeneralizadopara trêsoumaisconjuntos,comosegue.
• Princípioaditivo.Casode3conjuntos.SejamA,BeCconjuntosfinitosedoisadoisdisjuntos,istoé,conjuntostaisqueA∩B=∅,A∩C=∅eB∩C=∅.Nestascondições,valeaigualdaden(A∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C).
• Princípio aditivo.Caso geral. SejamA1,A2,A3,…,An conjuntosdoisadoisdisjuntos,istoé,conjuntostaisque,parai≠j,Ai∩Aj=∅.Nestascondições,valeaigualdaden( )= .
Outrasgeneralizaçõespossíveisparaoprincípioaditivodacontagemsãoasqueseguem.
Ocasoanterior-dostrêsconjuntos-permiteestenderoprincípioadi-tivodacontagemparaconjuntosnãodisjuntos,comonocorolárioaseguir.Corolário1.4.01.SeAeBsãoconjuntosfinitos,entãovalea igualdaden(A∪B)=n(A)+n(B)–n(A∩B).
20 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
• Prova.SejamAeBconjuntosfinitos.SabemosqueA∪B=(A-B)∪(A∩B)∪(B-A)equeosconjuntosA-B,A∩BeB-A,sãodoisadoisdisjuntos.Assim,pelaproposição1.3.01,temosquen(A∪B)=n(A-B)+n(B-A)+n(A∩B).Sabemos ainda que para os conjuntos A e B vale a igualdadeA=(A-B)∪(A∩B)e,consequentemente,comoA-BeA∩Bsãodisjuntos,temosquen(A)=n(A-B)+n(A∩B).Portanto,daigualdaden(A∪B)=n(A-B)+n(B-A)+n(A∩B),temosn(A∪B)=n(A)+n(B)–n(A∩B).Mostrandooresultado.□
Ocasomaisgeraldoprincípioaditivodacontagem,aqueleparanconjuntosnãonecessariamentedisjuntos,éconhecidocomoprincípiodainclusãoeexclusãoepossuioenunciadoqueapresentaremosaseguir,inicialmenteparaocasodetrêsconjuntosedepoisnasuaversãoparaocasodenconjuntos.
• Princípiodainclusãoeexclusão.Casode3conjuntos.SeA,BeCsãoconjuntosfinitos,entãon(A∪B)=n(A)+n(B)+n(C)–n(A∩B)–n(A∩C)–n(B∩C)+n(A∩B∩C).
Vocêconseguevisualizarnaigualdadeanteriorainclusãoeaexclusão?Tentefazê-lo.
• Princípiodainclusãoeexclusão.Casogeral.SeA1,A2,…,Ansãoconjuntosfinitos,então
= – + +…+(-1)n-1
Outroprincípioquefoiutilizadonasatividadesdaseçãoanteriorequeémuitoutilizadonosproblemasdecontagemindiretaéoprincípiomultiplicativo da contagem, também conhecido como princípio funda-mentaldacontagem.
Todos nós já ouvimos falar no conhecido problema domenino quepossuitrêscalçasequatrocamisasedesejasaberquantascombinaçõespossíveis—conjuntodecalçaecamisa—épossívelformar.Esseéumpro-blematípicoqueseresolvepormeiodaaplicaçãodoprincípiomultiplicativodacontagem,quepodeserenunciadocomosegue.
• Princípiomultiplicativodacontagem.SeumadecisãoApodesertomadademmaneirasdistintase,tomadaadecisãoA,outradeci-sãoBpodesertomadadenmaneirasdistintas,entãoonúmerodemaneirasdetomassucessivamenteasdecisõesAeBémXn.
Comonocasodoprincípioaditivo,oprincípiomultiplicativodacon-tagempode ser generalizado paraumaquantidadefinita de tomadasdedecisãoindependentesesucessivos,conformeenunciadoaseguir.
21ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
• Princípiomultiplicativodacontagem.Ocasogeral.Seasdeci-sõesindependentesA1,A2,A3,…,Anpodemocorrerdem1,m2,m3,…,mnmaneiras,respectivamente,entãoonúmerodepossibilidadesdetomaradecisãoA1,seguidadeA2,seguidadeA3,eassimsucessi-vamenteatétomaradecisãoAnédadoporm1Xm2Xm3X…Xmn.
Exemplo1.3.01.Resolvendooproblemadomeninoesuascalças.Omeninopossui3calçase4camisasedesejamossaberquantosconjuntosdecalçaecamisaépossívelformarmos.Paratanto,bastaqueobservemosquecadaconjuntoéformadoapartirdeduasdecisõessucessivas:aescolhadacalça,quepodeserfeitade3maneiras,eaescolhadacamisa,quepodeserfeitade4maneiras.Assim,peloprincípiomultiplicativodacontagem,onúmerodeconjuntospossíveisdeseremformadosé4X3,queéiguala12.Exemplo 1.3.02. Com4homens e 5mulheres é possível formar 20 ca-sais.Defato,paraformarmosumcasaldevemosfazerduasescolhas:umhomem,entreos4,eumamulher,entreas5.Paraaescolhadohomemtemos4possibilidadeseparaadamulhertemos5possibilidades.Assim,peloprincípiomultiplicativodacontagem,existem4X5possibilidadesdeescolhadeumcasal.Exemplo1.3.03.Seexistem4empresasdeônibuse3deaviãoligandoaci-dadeXàcidadeY,aviagempodeserfeitadeônibusoudeaviãode7modosdiferentes.Aviagempodeserfeitadeônibusde4maneirasdiferentes:O1,O2,O3eO4,queformamoconjuntoO;edeaviãode3maneirasdiferen-tes:A1,A2eA3,queformamoconjuntoA.Queremosdeterminarn(O∪A).Temosquen(O∪A)=n(O)+n(A)–n(O∩A)ecomoosconjuntosOeAsãodisjuntos,n(O∪A)=n(O)+n(A)=4+3=7.Exemplo 1.3.04. Se dois conjuntosA eB são disjuntos e são tais quen(A∪B)=20 en(A) =15, entãon(B) =5.De fato, peloprincípio aditivodacontagem,temosquen(A∪B)=n(A)+n(B)–n(A∩B).ComoAeBsãodisjuntos,temosquen(A∪B)=n(A)+n(B),ouseja,20=15+n(B)e,con-sequentemente,n(B)=5.Exemplo1.3.05.Existem2caminhosligandoascidadesAeB,3caminhosligandoascidadesBeCe4caminhosligandoascidadesCeD.OnúmerodecaminhosdiferentesligandoAeDepassando,obrigatoriamenteporBeCé24(=2X3X4).
NestaUnidadeiniciamosoestudodaAnálisecombinatóriaqueéumramodaMatemáticaque,entreoutrosobjetivos,pretendedeterminartéc-nicasparacontaronúmerodeagrupamentospossíveisdeseconstruir,sobcertascondições.Apartirdealgumasatividades,estudamosasprimeirasnoçõesdosprincípiosdecontagem.Emseguida,enunciamoseaplicamosoprincípioaditivoeoprincípiomultiplicativodacontagememsuasver-sõesmaisgerais,emalgunsexemploseatividadesresolvidas.EncerramosaUnidadecomoprincípiodainclusãoeexclusãoquepodeserconsideradooprincípioaditivodacontagemnasuaversãomaisgeral.
22 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
1.Resolvido.Se5cavalosdisputamumpáreo,quantossãoosresultadospossíveisparaosdoisprimeiroslugares?
Solução.Devemosfazerduasescolhas:ocavaloquevaitiraroprimeirolugareoquevaitirarosegundo.Paraocavaloquevaitiraroprimeirolugartemoscincopossibilidades.Qualquerumdoscincocavalospodetiraroprimeirolugar.Paracadaumadascincopossibilidadesparaoprimeiro lugar,temosquatropossibilidadesparaosegundolugar.Te-mos,portanto,20(=5X4)resultadospossíveis.
2.Umexperimentoconsisteemjogar,simultaneamente,umamoedaeumdadoparacimaeobservarosparesderesultados(moeda,dado).Quan-tossãoosparesderesultadospossíveis?
3.Umamontadoradeautomóveisapresentaumcarroemquatromodelosdiferenteseemseiscoresdiferentes.Umconsumidorteráquantasop-çõesdeescolhaparaesseautomóvel?
4.Quantosnúmerosnaturaisparesoumúltiplosde5,com4algarismosdistintos,podemserformadoscomosalgarismos0,3,4,7e9?
5.Dequantosmodosdiferentesépossívelpintar emummapa,usandocoresdiferentesdentreseiscoresdadas,ostrêsestadosdaregiãosuldoBrasil?
6.Umasalatem5portas.Dequantasmaneirasdistintasessasalapodeseraberta?Esefossem10portas?
7.Verifiqueseaseguinteafirmaçãoéverdadeiraoufalsa:
Sen(A∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C),entãoA,BeCdevemserdisjuntosdoisadois.
8.Emumaescoladecursoslivres,há43alunosfazendoocursoA,57ocursoBe29ocursoC.Há10alunosmatriculadosemAeB,5emBeC,5emAeCe2nostrêscursos.Quantosalunosestãofazendoaomenosumcursonestaescola?
9.Resolvido.Umamigomostrou-me10livrosdiferentes,sendo5dema-temática,3deportuguêse2defísica,epediu-mequeescolhessedoisdeles,comacondiçãoquefossemdedisciplinasdiferentes.Dequantasmaneiraseupossofazerminhaescolha?
Solução.Nesteproblematemosumexemplodeaplicaçãosimultâneadoprincípioaditivodacontagemedoprincípiomultiplicativodacontagem.
Observequeoslivrosescolhidospodemserdematemáticaeportuguês(conjuntoA),dematemáticaefísica(conjuntoB)oudeportuguêsefísica(conjuntoC).
Paradeterminarmosonúmerodeelementosdecadaumdostrêscon-juntos,podemosaplicaroprincípiomultiplicativodecontagem.Assim,temosque:
23ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
A: 5 X 3 = 15Matemática Português
B: 5 X 2 = 10Matemática Física
C: 3 X 2 6Português Física
Finalmente, paradeterminarmosonúmeroque estamosprocurando,bastautilizarmosoprincípioaditivoda contagemedeterminarmosonúmerodeelementosdeA∪B∪C.ComoA,BeCsãodoisadoisdisjun-tos,temosque
n(A∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)=15+10+6=31.
Assimeupossofazerminhaescolhade31maneirasdiferentes.
10.Resolvido.Quantossãoosnúmerosquepodemserformadoscomtodososdígitos1,1,1,1,2e3?
Solução.Observequetemosquatroalgarismos1,umaalgarismo2eumalgarismotrêsparaformarmososnúmeros.
Vamosinicialmentedistribuirosquatroalgarismos1,deixandoumes-paçoentreeles.Assim:
1 1 1 1
Agoradevemosescolheraposiçãodeumdosoutrosalgarismos,digamoso2.
Podemoscolocaroalgarismo2nolugardequalquerumdostraços.As-sim,temos5possibilidadesdeescolhaparaoalgarismo2.Considere-mosumadessasposições.
1 2 1 1 1
Paraessaescolha(e,portanto,paraqualqueroutraescolha)temos6pos-sibilidadesparacolocaroalgarismo3,umavezqueo3podeocuparolugardequalquerumdostraços.
Assim,épossívelformar30(=5X6)númerosdiferentes.
11.Quantossãoosnúmerosquepodemserformadoscomtodososdígitos1,1,1,1,1,1,1,1,1,2e3?
12.Quantossãoosdivisoresdonúmero360?Determineumafórmulaquepermitacalcularonúmerodedivisoresdeumnúmeroqualquer,justifi-candoseuraciocínio.
13.Emumramaldemetrôhá10estações.Cadatipodebilhetepermiteviajardeumaestaçãoparaoutra.Assim,parairmosdaestaçãoAparaaestaçãoBénecessário1bilheteeparairmosdeBparaAénecessáriooutrobilhete.Quantos tiposdebilhetesdepassagemsãonecessáriosparapermitiraviagementreduasestaçõesquaisquer?
14.Dequantasmaneirasépossívelsentarcincocasaisem10cadeirasemfila,semaridoemulherdevemsentarsemprejuntos?
15.Dequantasmaneiraspodemosescolherumaconsoanteeumavogaldeumalfabetoformadopor12consoantese5vogais?
24 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Texto 1: Análise Combinatória
Texto extraído do livro Tópicos de Matemática, v.2, de Gelson Ie-zzi e outros. São Paulo: Atual Editora, 1980. p.104. Adaptado.
A Análise Combinatória trata basicamente dos problemas de contagem das possibilidades com que um acontecimento pode ocorrer.
Contar diretamente os possíveis resultados de uma experiência é, em geral, muito trabalhoso se as possibilidades são muito numerosas. Por isso desenvolveram-se as chamadas técnicas de contagem.
As afi rmações a seguir constituem-se problemas típicos da Análise Com-binatória: com 5 professores podemos formar 10 comissões diferentes, cada uma com dois membros; se existem 4 empresas de ônibus ligando São Paulo ao Rio, e 3 de aviões, a viagem pode ser feita de ônibus ou de avião de 7 modos diferentes; se 5 cavalos disputam um páreo, para os dois primeiros lugares podemos ter 20 resultados distintos
A Combinatória estuda o número de possibilidades de ocorrência de um determinado acontecimento e seu estudo é de grande interesse nos mais va-riados campos: o químico o utiliza, ao estudar as possíveis uniões entre os átomos; o diretor de uma escola, ao distribuir os professores pelas classes; o linguista, ao estudar os possíveis signifi cados dos símbolos de um idioma desconhecido; o diretor de trânsito, ao determinar quantos símbolos são ne-cessários para emplacar todos os automóveis do seu Estado.
Mais geralmente, a Combinatória é utilizada na indústria e na ciência em todos os níveis, e, associada à Probabilidade e à Estatística, torna-se um instrumento poderoso, responsável, muitas vezes, por tomadas de decisões até na área governamental
Texto 2: Estratégia para resolver problemas de Combinatória
Texto extraído do livro A Matemática do ensino médio, v.2, de Elon Lages Lima e outros. Rio de Janeiro: SBM, 1990. pp.86-87. Adaptado.
Neste livro os autores apontam a seguinte estratégia para resolver pro-blemas de Combinatória:
Postura. Devemos sempre nos colocar no papel da pessoa que deve fazer a ação solicitada e ver que decisões devemos tomar.
Por exemplo, se o problema pede para construir um número de três al-garismos, devemos nos colocar no papel dessa pessoa que deve escrever um número de três algarismos; se o problema pede para pintar uma bandeira, devemos nos colocar no papel dessa pessoa; e assim por diante.
Divisão. Devemos, sempre que possível, dividir as decisões a serem tomadas em decisões mais simples.
Por exemplo, se o problema pede para formamos um casal, podemos dividi-lo em escolher o homem e, em seguida, escolher a mulher; formar um número de três dígitos pode ser dividido em escolher o algarismo das cente-nas, o das dezenas e o das unidades.
25ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Não adiar difi culdades. Pequenas difi culdades adiadas costumam se transformar em imensas difi culdades. Se uma das decisões a serem tomadas for mais restrita que as demais, essa é a decisão que deve ser tomada em primeiro lugar.
DANTE,LuizR.Matemática:contextoeaplicações,v.2.SãoPaulo:EditoraÁtica,2004.
DASSIE,BrunoAlves eoutros.CursodeAnáliseCombinatória eProba-bilidade: aprendendo coma resoluçãodeproblemas.Riode Janeiro:Ed.CiênciaModerna,2009.
HAZZAN, Samuel. Fundamentos de matemática elementar, v.5: AnálisecombinatóriaeProbabilidade.SãoPaulo:AtualEditora,2004.
LIMA,ElonLages eoutros.Temaseproblemas.ColeçãodoProfessordeMatemática.RiodeJaneiro:SBM,2003.
LIMA,ElonLageseoutros.Amatemáticadoensinomédio,v.2.ColeçãodoProfessordeMatemática.RiodeJaneiro:SBM,1998.
MORGADO,AugustoC.deO.eoutros.AnáliseCombinatóriaeProbabilida-de:comassoluçõesdosexercícios.ColeçãodoProfessordeMatemática.RiodeJaneiro:SBM,2006.
SANTOS,J.PlínioO.eoutros.Introduçãoàanálisecombinatória.Campi-nas:Ed.daUNICAMP,2002.
SCHEINERMAN,E.R.Matemáticadiscreta.SãoPaulo:ThomsonLearningEdições,2006.
Unidade
Objetivos:
• Conceituareexemplificararranjosepermutaçõessimplesearranjosepermutaçõescomelementosrepetidos.
• Determinaronúmerodearranjosepermutaçõessimplesearranjosepermutaçõescomelementosrepetidos.
• o fatorial de umnúmero e utilizá-lo na fórmula para determinar o número dearranjosedepermutações.
• Conceituar permutações circulares de n objetos e determinar seu número emfunçãoden.
Arranjos e Permutações e o Fatorial de um Número
2
29ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
1. IntroduçãoNestaUnidadeabordaremosalgunstiposespeciaisdeagrupamentos
que,porserepetiremcombastantefreqüência,recebemnomesespeciais:osarranjoseaspermutações.
Aproveitaremosoestudodaspermutaçõesparaintroduziroconceitodefatorialdeumnúmerointeiropositivo,estendendoadefiniçãoaosnúme-rosinteiros0e1.
Estudaremososagrupamentosconhecidoscomoarranjossimplesecomelementosrepetidoseaspermutaçõessimples,comelementosrepeti-dosecirculares.
2. Arranjos simples e arranjos com elementos repetidos
Nestaseçãotrataremosdosarranjossimplesedosarranjoscomele-mentosrepetidos.Essesagrupamentosconsistemnaescolhaeordenaçãodepartedoselementosdeumacoleçãofinitadeobjetosdados.
Porexemplo,dentreosalgarismos1,2,3,4e5podemosescolhertrêse formarcomelesumnúmerode trêsalgarismosdistintos -umarranjosimples-oucomalgarismosrepetidos—umarranjocomelementosrepeti-dos.Osseguintesnúmeros,entreoutros,sãoarranjossimplesdessesalga-rismostomados3a3:123,324,154,135,145,132.Jáosnúmeros113,235,233,344,555,432,454sãoexemplosdearranjosdessesalgarismostomados3a3.
Nossointeresseédeterminaronúmerosdearranjossimpleseonú-merodearranjosdessesalgarismostomados3a3.
Vocêsabedeterminaronúmerodearranjossimplesde5objetostomados3a3?
Eseforemarranjoscomelementosrepetidos,vocêsabedeterminaronúmerodeles?
Inicialmentetemosasseguintesdefinições.• Arranjosimples.Dadososnúmerosinteirospositivosnep,com1≤p≤n,umarranjosimplesdosnobjetosdistintosa1,a2,a3,…,antomadospapéqualquerordenaçãodepobjetosdiferentesescolhi-dosdentreessesobjetos.
• Arranjocomelementosrepetidos.Dadososnúmerosinteirospo-sitivosnep,com1≤p≤n,umarranjocomrepetiçãodosnobjetos
30 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
distintosa1,a2,a3,…,antomadospapéqualquerordenaçãodepobjetos,diferentesounão,escolhidosdentreessesobjetos.
Temosaindaqueumarranjosimplesoucomelementosrepetidosdenobjetostomados1a1équalquerumdosnobjetos.
Exemplo2.2.01.Sedeumasalacom20alunospremiarmosos5primeiroscolocados,comprêmiosdiferentes,cadapremiaçãopossíveléumarranjosimplesdos20alunostomados5a5.Exemplo2.2.02.Assequênciasdeletrasabc,acd,bca,cdb,eabdpodemserpensadascomoarranjossimplesdasletrasa,b,c,edtomadas3a3.Exemplo2.2.03.Assequênciasdeletrasabc,acd,bba,cdb,eaaapodemserpensadascomoarranjoscomelementosrepetidosdasletrasa,b,c,edtomadas3a3.
Agoraquedefinimosarranjossimplesearranjoscomelementosre-petidos,evimosalgunsexemplosdeondeencontrá-los,vamosorganizaronossopensamentoparadeterminaronúmerodetaisagrupamentos.
Calculando o número de arranjos simples.
Suponhaquequeiramossaberquantosnúmerosdetrêsalgarismosdistintosépossívelformarcomosalgarismos1,2,3,4e5.Sabemosquedevemosescolherumalgarismo,dentreoscinco,paraocuparaordemdascentenas,outro,entreosquatroquesobraram,paraocuparoalgarismodasdezenase,finalmente,outro,entreostrêsquerestam,paraocuparaordemdasunidades.
Centena Dezena Unidade
Vocêsabeexplicaromotivodareduçãocinco,quatroetrês?Experimente.
Oalgarismodascentenaspodeser1,2,3,4ou5.
1, 2, 3, 4, 5Centena Dezena Unidade
Seoalgarismodaordemdascentenasfor1,porexemplo,entãoodadezenapodeser2,3,4ou5
1 2, 3, 4, 5Centena Dezena Unidade
Sefor2,entãoodadezenapodeser1,3,4ou5
2 1, 3, 4, 5Centena Dezena Unidade
Eassimpordiante.Assim,paracadaumadas5escolhaspossíveisparaoalgarismodascentenas,temos4escolhaspossíveisparaoalgarismodasde-zenas,perfazendoumtotalde(5X4=)20possibilidades.
31ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Centena Dezena Unidade
2 1 2 X
1 3 1 3 X4 1 4 X5 1 5 X
Centena Dezena Unidade
1 2 1 X
2 3 2 3 X4 2 4 X5 2 5 X
•••
•••
•••
Figura:5X4possibilidades
Escolhidosoalgarismodacentenaeodadezena,restamtrêsalgaris-mosquepoderãoocuparaordemdasunidades,perfazendoassim60(=5X4X3)númerosdetrêsalgarismosdistintos.
Centena Dezena Unidade
1 2
3 1 2 3
4 1 2 4
5 1 2 5
Centena Dezena Unidade
1 3
2 1 3 2
4 1 3 4
5 1 3 5
•••
•••
•••
Figura:5X4x3possibilidades
32 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Calculando o número de arranjos com elementos repetidos.
Seosalgarismosnãotivessemqueserdiferentes,entãoparaaordemdascentenasteríamos5possibilidadesdeescolhadosalgarismos,umavezquequalquerdosalgarismos1,2,3,4,ou5poderiaocupá-la;paraaordemdasdezenas,umavezqueosalgarismospodemseriguais,teríamosnova-mente5possibilidadesdeescolha—1,2,3,4,ou5—;eparaoalgarismodasunidadesteríamos,ainda,5possibilidadesdeescolha—1,2,3,4,ou5—;perfazendo125(=5X5X5)númerosdetrêsalgarismos.
Notequenãohouveareduçãodecincoparaquatroeparatrêspossibilidades,porqueosalgarismospodemserrepetidos.
Comisso,concluímososresultadosseguintes.• Númerodearranjossimples.OnúmerodearranjossimplesdenobjetostomadospappodeserdeterminadopeloprodutonX(n–1)X(n–2)X(n–3)X…X(n–p+1).
IndicandoessenúmeroporAn,p,temos
An,p=nX(n–1)X(n–2)X(n–3)X…X(n–p+1).
• Númerodearranjoscomrepetição.Onúmerodearranjoscomre-petiçãodenobjetostomadospap(1<p≤n)podeserdeterminadopeloprodutonXnXnX…Xn,pfatores.
Indicandoessenúmeropor(AR)n,p,temos
(AR)n,p=nXnXnXnX…Xn=np.
Notequeonúmerodearranjosquersimplesquercomelementosrepetidosdenobjetostomados1a1éigualan.
Exemplo2.2.04.Onúmerodemaneirasdepremiar,comprêmiosdiferen-tes,os5primeiroscolocadosdeumaturmade20alunosédadoporA20,5eéiguala20X19X18X17X16=1.860.480.Exemplo 2.2.05.Onúmero de sequências de três letras distintas quepodemosformarcomasletrasa,b,c,edédadoporA4,3,sendoiguala4X3X2=24.Exemplo2.2.06.Onúmerodesequênciasdetrêsletras,podendoterletrasiguaisoudistintas,quepodemosformarcomasletrasa,b,c,edédadopor(AR)4,3,eéiguala43=4X4X4=64.
3. Permutações simples e permutações com elementos repetidos
Nestaseçãotrataremosdaspermutaçõessimplesedaspermutaçõescomelementosrepetidos.
O nome permutação vem de permutar que significa trocar e aquinãoserádiferente.Iremostrocardeposiçãooselementosdeumconjuntodado,ordenando-os.
Nadefinição de arranjo den objetos distintos, tomados p a p, nãoexcluímosapossibilidadedetermosn=p.Assim,qualquerordenaçãodosalgarismos1,2e3éumarranjode3objetostomados3a3ecadaumade-laséapenasumatrocadelugarentreosalgarismos;qualquerfilaformadacomasmesmas5pessoaséumaordenaçãodessaspessoaseé,portanto,
33ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
umarranjodas5pessoastomadas5a5.Aessetipodeagrupamentocha-mamosdepermutação.Maisprecisamente,temosadefiniçãoseguinte.
Permutação simples.
Dadosnobjetosdistintos,umapermutaçãosimplesdessesobjetoséqualquerordenaçãodosmesmos.
Conformedissemosanteriormente,umapermutaçãodenobjetosdis-tintoséumarranjosimplesdessesnobjetostomadosnan.Exemplo2.3.01.Qualquerfilaformadacom5pessoaséumapermutaçãodessaspessoas.Exemplo2.3.02.Qualquerordenaçãoquevocêderaoarrumar4livrosnaprateleiradeumaestanteéumapermutaçãodosquatrolivros.
Anagramasdeumapalavrasãopalavras(comsignificadosemânticoounão)quesepodeformarcom
todasasletrasdapalavradada,ouseja,umareordenaçãodasletrasdapalavra.
Exemplo2.3.03.ApalavraROMAéumanagramadapalavraAMORe,consequentemente,umapermutaçãosimplesdasletrasA,M,OeR.OutroanagramaeoutrapermutaçãosimplesdeAMORéMORA.
Calculando o número de permutações simples.
Conformedissemos anteriormente, umapermutação den objetos éumarranjodessesobjetostomadosnan.Assim,onúmerodepermutaçõesdenobjetospodesercalculadopelafórmulaAn,ne,portanto,éigualanX(n-1)X(n-2)XX1.OnúmerodepermutaçõesdenobjetosédenotadoporPne,portanto,
Pn=An,n=nX(n-1)X(n–2)X…X1.
Exemplo2.3.04.Onúmerodefilasdistintasqueépossívelformarcom5pessoaséP5=5X4X3X2X1=120.Exemplo2.3.05.Onúmerodemaneirasdistintasdesearrumar4livrosnaprateleiradeumaestanteéP4=4X3X2X1=24.Exemplo2.3.06.OnúmerodeanagramasdapalavraAMORéP4=4X3X2X1=24.
Permutaçõescomelementosrepetidos.Umapermutaçãodenobjetoscomelementosrepetidoséqualqueror-
denaçãodenobjetosdosquais,pelomenosdois,sãoiguais.Porexemplo,apalavraIRACEMAéumanagramadapalavraAMÉ-
RICAeéumapermutaçãodasseteletrasA,M,E,R,I,C,AcomrepetiçãodeduasletrasA.Emumanagramanãoselevaemconsideraçãoacentosnemcedilhas.
Contando o número de permutações com elementos repetidos.Paraentenderoquevemaserpermutaçãodenobjetoscomelementosre-petidosecalcularseunúmero,vamostomarcomoexemploosanagramasdapalavraESSES.
NotequeemESSESexistemduasletrasiguaisaEetrêsletrasiguaisaS.Assim,osseusanagramassãosomenteaspalavras
ESSES ESSSE ESESS EESSS SESSESESES SSESE SSEES SSSEE SEESS
34 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Éclaroqueissoocorreporcontadasletrasiguais,poissetodasasletrasfossesdiferentesteríamos120(=5X4X3X2X1)anagramas.
Parasabercomodeterminaronúmerodeanagramascomelementosrepetidos,vamostomarumdessesanagramasevercomoelesecomportacomrelaçãoaos120possíveis.ParatantovamospensaroanagramaES-SEScomosetivesseascincoletrasdistintas.Assim:E1S1S2E2S3.Dentreos120anagramaspossíveis,12deramorigemaESSES.Sãoeles:
Grupo 1
E1S1S2E2S3
E1S1S3E2S2 E1S2S1E2S3 E1S2S3E2S1 E1S3S1E2S2 E1S3S2E2S1
Grupo 2
E2S1S2E1S3
E2S1S3E1S2 E2S2S1E1S3 E2S2S3E1S1 E2S3S1E1S2 E2S3S2E1S1
Osanagramasdogrupo1foramobtidosdeixando-seE1eE2nassuasposiçõesoriginaisepermutando-seastrêsletrasSentresi,dandoorigema6.Osdogrupo2foramobtidosapartirdosanagramasdogrupo1,permu-tando-seasduasletrasEentresi,cadaumdandoorigemaoutro.Portanto,cadaumdos10anagramaslistadosanteriormenteforamorigináriosde12anagramasobtidospelapermutaçãodasduasletrasEedastrêsletrasS.
Assim,paradeterminarmosonúmerodaspermutaçõesdapalavraES-SEStemosquedividiras120permutações(pensadascomoletrasdiferentes)pelaspermutaçõesdastrêsletrasSepelaspermutaçõesdasduasletrasE.
Denotandopor onúmerodeanagramasdapalavraESSES,temos
que = .
Generalizando.Onúmerodepermutaçõesdenobjetoscomrepetiçãodea1,a2,a3,…,ardessesobjetosédenotadopor epodesercal-culadocomosegue:
= .
35ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Exemplo2.3.07.OnúmerodeanagramasdapalavraMARIANAéP7,3que
éiguala840.Defato,temosque 37P =
3
7
PP
=321
7...21××
××× =840.
Exemplo2.3.08.Aquantidadedenúmerosde5algarismosquepodemos
formarusandotodososalgarismos1,1,1,2e2é 2,35P = 12123
12345××××××××=10.
4. O fatorial de um número e o número de arranjos e o de permutações
Nestaseçãoapresentaremosumanotaçãoparaumprodutoqueapa-rececombastante freqüêncianaanálisecombinatóriaequesimplificarábastanteonossotrabalho.
Comovimos,todavezquedesejamoscalcularonúmerodepermuta-çõesdenobjetos,nosdeparamoscomnúmerosdotipo:
• Paran=2:1X2;• Paran=3:1X2X3;• Paran=4:1X2X3X4;eassimpordiante.Comoprodutosdessanaturezavãoaparecercombastantefrequência
naresoluçãodeexercíciosrelacionadosàcontagemdeobjetosouagrupa-mentos,érazoávelquecriemosumsímbolopararepresentá-los.
Temos,portanto,aseguintedefinição.
Fatorial de um número.
Dadoonúmerointeiron,comn≥0,ofatorialdenéindicadopelosímbolon!(queselê:nfatorialoufatorialden)edefinidopor:
Exemplo2.4.01.Ofatorialde4éindicadopor4!que,porsuavez,éiguala4!=1X2X3X4=24.
Exemplo 2.4.02. Para calcular o valor da expressão , basta desen-
volvermososfatoriaiseefetuarmosassimplificações,quandoforocaso.É
importanteobservarmosque10!=10X9!=10X9X8!E,portanto,teremos:
= = = 45.
Demaneirageral,temosquen!=nX(n–1)!=nX(n–1)X(n–2)!.
Exemplo2.4.03.Pararesolveraequação(n-4)!=120,bastaobservarmosque,peloteoremafundamentaldaaritmética,sepeqsãonúmerosinteirosmaioresdoqueouiguaisa1,etaisquep!=q!,entãop=q.Notemosaindaque120=5!.Assim,daigualdade(n–4)!=120,segueque(n–4)!=5!e,consequentemente,n–4=5,ouseja,n=9.
36 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Oteoremafundamentaldaaritméticaafirmaquetodonúmerointeiromaiordoque1ouéprimoouseescrevedemaneiraúnica
comoumprodutodenúmerosprimos.
Depossedestanotação,podemosreescreveronúmerodepermutaçõesdenobjetoseonúmerodearranjosdenobjetostomadospapcomosegue.
• Anotaçãodefatorialeonúmerodepermutaçõessimples.Comosabemos,onúmerodepermutaçõessimplesdenobjetoséindicadoporPnecalculadopor
Pn=nX(n–1)X(n–2)X…X3X2X1.
Deacordocomadefiniçãodefatorialdeumnúmero,temosque
Pn=nX(n–1)X(n–2)X…X3X2X1=n!.
• Anotaçãodefatorialeonúmerodearranjossimples.Comofoidefinidoanteriormente,onúmerodearranjossimplesdenobjetostomadospapéindicadoporAn,pepodesercalculadopor
An,p=nX(n–1)X(n–2)X…X(n–p+1).
Comadefiniçãodefatorialdeumnúmero,essaigualdadepodeserreescritacomo
An,p=nX(n–1)X(n–2)X…X(n–p+1)= .
• Anotaçãodefatorialeonúmerodepermutaçõescomelemen-tosrepetidos.Vimosqueonúmerodepermutaçõesdenobjetoscomrepetiçãoden1,n2,n3,…,nrobjetospodesercalculadopor
= .
Adefiniçãodefatorialdeumnúmeronospermiteescrever
= = .
Exemplo2.4.03.Onúmerodefilasdistintas,noexemplo4,podeserindi-cadoporP5=5!.
Exemplo2.4.04.Onúmerodesequênciasdetrêsletrasdistintasnoexem-
plo2.2.05podeserindicadoporA4,3= )!34(!4
-=4!
Exemplo2.4.05.Aquantidadedenúmerosde5algarismosquepodemos
formarusando todos os algarismos1, 1, 1, 2 e 2 pode ser indicadapor
2,35P =
!2!3!5 .
37ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
5. Permutação CircularAtéagoravimosquecom3pessoas,A,BeC,épossívelformarmos
trêsfilasouordenaçõesdistintas.Sãoelas:ABC,ACB,BAC,BCA,CABeCBA.Cadaumadessasfilasouordenaçõeséditaumapermutaçãosimplesdastrêspessoas,éformadapelasmesmaspessoasediferedasoutras,ape-nas,pelaordememqueaspessoasseencontram.Assim,aspermutaçõesABCeCAB,porexemplo,sãocompostaspelaspessoasA,BeC,sendoqueemABC,Aéoprimeiro,BosegundoeCoterceiro,enquantoemCAB,Céoprimeiro,AéosegundoeBéoterceiro.
Vimostambémqueonúmerodepermutaçõesdenobjetospodesercalculadopelaigualdade
Pn=n!
emqueosímbolon!representaoproduto
nX(n–1)X(n–2)X…X3X2X1,
paraqualquernúmeronaturaln,n>1.Suponhaagoraquequeiramosdistribuirastrêspessoas,A,BeC,em
tornodeumamesacircular.
Seráqueteremosasmesmasseispossibilidades?Pense,antesdeprosseguir.
Tomemosasseispermutaçõesanterioresefaçamossuadistribuiçãoemtornodeumcírculo,conformeafiguraaseguir.
Fig.Distribuiçãodaspermutaçõessimplesde3objetos
emtornodeumcírculo
Istosugereadefiniçãoquesegue.• Permutaçãocircular.Umapermutaçãocirculardenobjetosdis-tintoséqualquerdistribuiçãodessesobjetosemtornodeumcírculo(realouimaginário).
Notemos,entretanto,quesefizermosumarotaçãode120o(aproxima-damente)emtornodocentrodocírculodequalquerumadaspermutaçõesdaprimeiralinhaobteremosoutrapermutaçãodaprimeiralinha.Esefi-zermosumarotaçãode120o(aproximadamente)dequalquerumadasper-mutaçõesdasegundalinhaobteremosumapermutaçãodasegundalinha.
Estasituaçãonoslevaàsseguintesquestões:Quantasdestasdistri-buiçõespodem,realmente,serconsideradasdiferentes?Comofazerdistin-çãoentreduasdistribuiçõesdestetipo?
38 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Umaboamaneiradetentarresolveresseproblemaéescolherumsen-tido-horárioouanti-horário-parapercorreracircunferênciadocírculoeanotarosobjetosnasequênciaquevãoaparecendo.Assim,seguindoacircunferênciadadistribuiçãoI(primeiralinhaeprimeiracoluna)nosen-tidohorário,ecomeçandopelapessoamaisacima(pessoaA),obtemosaseguintesequência:
A — B — C — A — B — C — …
procedendodemaneira semelhanteparaadistribuição II (primeiralinhaesegundacoluna),obtemosasequência:
B — C — A — B — C — A — …e,finalmente,paraadistribuiçãoIII(segundalinhaeprimeiracolu-
na),obtemosasequência:
A — C — B — A — C — B — …Vistascomoumafilaoupermutaçãosimples,éclaroqueestastrês
sequênciassãodiferentes.Nasduasprimeiras,oprimeiroobjetodeumaédiferentedoprimeiroobjetodaoutra,porexemplo.Nasegundaenatercei-raosprimeirosobjetostambémsãodiferentes.Comrelaçãoàprimeiraeàterceira,osegundoelementodeumaédiferentedosegundoelementodaou-tra.Assim,percebe-seclaramenteque,comopermutaçõessimples,astrêssãodiferentes.Acontecequeemumadistribuiçãocircularnãoexisteumprimeironemumsegundo.Qualquerumpodeseroprimeiro,dependendodeporondesequercomeçaraenumeração.Assim,umaalternativaparasetentarcompararasdistribuiçõesanterioreséseguirumsentido-horárioouanti-horário-e,aoinvésdecomeçarsemprepelamesmaposição,come-çarpelomesmoobjeto.Destaforma,asdistribuiçõesanteriores,naformadesequência,ficariam:
I: A — B — C — A — B — C — …II: A — B — C — A — B — C — …III: A — C — B — A — C — B — …
Observemosqueprocedendodestamaneiraasduasprimeirasdistri-buiçõespassamaseriguais,enquantoaterceiraédiferente.Assequênciasqueficaramiguaissãoexatamenteasdamesmalinha,ouseja,aquelasquesetornamiguaisporrotaçõessucessivasde120o,emtornodocentrodocírculo,nosentidohorário.
Istosugereadefiniçãoquesegue.• Distribuiçõescircularesiguais.Duasdistribuiçõescircularesdenobjetosdistintossãoiguaisseumapodeserobtidadaoutrapormeiodeumarotaçãoemtornodocentrodocírculo,nosentidoho-rárioouanti-horário.
Deacordocomoquefoifeito,existemapenasduaspermutaçõescir-cularesdos3objetosA,BeC.ComeçandocomA,sãoelasABCeACB.
Calculando o número de permutações circulares.
Paracalcularonúmerodepermutaçõescircularesdenobjetosdis-tintos, podemos proceder de duas maneiras. A primeira é procedermos
39ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
comofizemosanteriormenteeescolhermosumdosobjetosparainiciaradistribuiçãoeumsentido-horárioouanti-horário-parapercorreracir-cunferência.Assim,devemosescolheroprimeiro,logoapósoescolhido,osegundo,oterceiro,e,finalmente,oúltimoqueéodeordemn-1.Assim,devemosordenarn-1objetos.Istosugereaseguinteproposição.
Número de permutações circulares.
Onúmerodepermutaçõescircularesdenobjetosdistintoséindicadopor(PC)n,valendoaigualdade(PC)n=(n–1)!.
Outramaneira de determinar onúmerodepermutações circularesden objetos distintos é considerar a todas as permutações den objetosecontarquantasdelassão iguaiscomopermutaçõescirculares,ouseja,quantassãoobtidasporrotaçãoemtornodaorigemdocírculo.Paraexem-plificar,tomemososobjetosA,B,CeD.Sabemosquecomesses4objetosépossívelfazermosas24permutaçõesdistintaslistadasaseguir:
ABCD DABC CDAB BCDA
ABDC CABD DCAB BDCA
ACBD DACB BDAC CBDA
ACBD BACD DBAC CDBA
ADBC CADB BCAD DBCA
ADCB BADC CBAD DCBAEmcada linha, temos,apenas,umarotaçãodapermutaçãoquese
encontranaprimeiracolunae,portanto, são todas iguais. Issopodeservistoseobservarmosque,emcadalinha,osobjetosforamsedeslocandoumaposiçãoparafrente.Assim,paracontarmosonúmerodepermutaçõescircularesde4objetos,devemostomaronúmerototaldepermutaçõessim-plesedividirpor4,queéonúmerodepermutaçõessimplesquesãoiguaisaumadadapermutação.Portanto,podemosescrever
(PC)4= .6123!34!4
=××==
Generalizando.Paraocasodenobjetos,bastaobservarmosque,emcadalinhateremosnpermutaçõesiguais,obtidaspelodeslocamentoparafrentedoobjetoqueseencontranaprimeiraposiçãoatéelechegaràúltimapo-sição.Assim,onúmerodepermutaçõescircularesdenobjetosédadopor
(PC)n= !.)1(!-= n
nn
Exemplos2.5.01.Quatromeninospodemformarumarodadecirandade(PC)4=3!maneirasdiferentes.Exemplos2.5.02.Onúmeroderodasdecirandadistintasquesepodeformarcomseismeninos,nasquaisdoisdelessempreestãojuntos,é2X(PC)5=2X4!.
40 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Dandoprosseguimentoaonossoestudodeanálisecombinatória,nes-taUnidadeabordamososagrupamentosconhecidoscomoarranjoseaque-les conhecidos comopermutações.Vimosqueaspermutações são casosparticularesdosarranjosequetantoestesquantoaquelespodemserclas-sificadoscomosimplesoucomelementosrepetidos.VimostambémqueonúmerodearranjossimplesdenobjetostomadospapéindicadoporAn,peodepermutaçõessimplesdenobjetoséindicadoporPn.Jáosarranjoscomrepetiçãodenobjetostomadospapeaspermutaçõesdenobjetoscomrepetiçãodeelementossãodenotadaspor(AR)n,pePn
α1,α2,α3,…αr,respectiva-mente.Aprendemosacalcularonúmerodecadaumdessesagrupamentos,diferenciando uns dos outros e introduzimos a notação fatorial que nospermiteabreviaroprodutodasequênciadenúmerosnaturaisdesde1atén,indicandotalprodutoporn!.Porfim,estudamosaspermutaçõescircu-lares,queconsistemnadistribuiçãodeobjetosoupessoasemtornodeumcírculo,formandosequênciasordenadasedeterminandoaquantidadedes-tassequênciasemfunçãodonúmerodeobjetosoudepessoas.
1. Quantos números pares, com quatro algarismos distintos, é possívelformarcomosalgarismos0,1,2,3,4,5e6?
2. Quantos números compreendidos entre 200 e 1000, com algarismosdistintos,épossívelformarcomosalgarismos0,1,2,34e5?Eseosalgarismospuderemseriguais?
3.Resolvaasequações:
Ax,3=4Ax,2
An,2+An-1,2+An-2,2=20
4.Calculeovalorde .
5.ResolvaaequaçãoPn=24An,3.
6.Calcularovalorde:
41ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
7.Simplifiqueaexpressão
8.Resolvaasequações
9.Determineointeiron,sabendoque(n+4)!+(n+3)!=15(n+2)!.
10.Simplifiqueaexpressão . .
11.Determineointeiron,sabendoque =
12.Resolvido.Determineosvaloresdentaisque .
Solução.Noteinicialmenteque
Assim,aigualdade fica .
Quenosdáaequaçãodosegundograun2+3n-40=0,cujasraízessão5e-8.
Comonãoestádefinidoofatorialdeumnúmeronegativo,temosqueasoluçãodaequaçãodadaén=5.
13.Determineaquantidadedenúmerosdistintosquepodemosfazerusan-dotodososalgarismos2,2,3,4e4.
14.Resolvido.Dequantasmaneiraspodemosdispor4casaisemtornodeumamesacircular,semaridoemulherdevemsentarjuntos?Ese,alémdisso,duasmulheresnãopodemsentarjuntas?
Solução.DenotemosporH1,H2,H3 eH4 os quatromaridos eM1,M2,M3eM4suasrespectivasmulheres.Vamosinicialmentedispordeformacircularos4maridos.Sabemosqueexistemas6maneirasdeexecutarmosessatarefa:
42 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
• H1,H2,H3eH4;
• H1,H2,H4eH3;
• H1,H3,H2eH4;
• H1,H3,H4eH2;
• H1,H4,H2eH3;
• H1,H4,H3eH2.
Tomemosumadessasdistribuiçõeseobservemososlugaresondeases-posaspodemsentar.
H1 H2 H3 H4
AesposaM1podesentarnasposiçõesou.SeaesposaM1sentarnaposição,teremosduasposiçõesparaesposaM2sentar,quaissejam,asposiçõesou.
M1 H1 H2 H3 H4
OmesmoocorreseM1sentarnaposição,teremosduasposiçõesparaM2sentar.Asposiçõese.
H1 M1 H2 H3 H4
Demaneirasemelhante,escolhidaumadasseisdistribuiçõesdosma-ridos,cadaesposatemduaspossibilidadesdeescolhaparasentar.Por-tanto,temosaotodo3!X24,possibilidadesdedistribuiçãodoscasaisemtornodamesa.
15.Determineonúmerox,x≥2,demodoquesetenhaAx,2=110.
16.Comosalgarismos1,3,5,7e9,quantosnúmerosinteiros,compreendi-dosentre100e1000,dealgarismosdistintos,podemosformar?
17.Umacorridaédisputadapor5atletas.Quantassãoaspossibilidadesdepremiaçãonostrêsprimeiroslugares?Eseforem10atletas?Generalizeoresultadoparanatletas.
18.Umasenhoraquerusaraomesmotempo2anéis,colocando-osemdedosdiferentesdamãoesquerdaoudamãodireita,ambosnamesmamão,excetuando-seosdedospolegares.Dequantasmaneiraselapodefazê-lo?
19.Resolvido.QuantossãoosanagramasdistintosdapalavraARARA?
Solução.ApalavraARARApossui5letrassendo3letrasAe2letrasR.Assim,onúmerodeanagramasdessapalavraédadoporP5
2,3,queéiguala10.
20.QuantosequaissãoosanagramasdapalavraATA?EdapalavraPE-TELECO?
21.Dequantasmaneirasdistintaspodemosdistribuir7bombonsdiferentesemumacaixacom7lugares,comonafiguraaolado?
22.Resolvido.Quantaspulseirasdistintas,deoitocontas,podemserfeitascom8contasdecoresdiferentes?
Solução.Emprincípiopodemospensarquesetratadeumasimplesper-mutaçãocircularde8eque,portanto,seunúmeroé
(PC)8=7!=7X6X5X4X3X2X1=5040.
43ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Acontecequepulseirascomoasdafiguraaoladosãoamesmapulseira.As-sim,devemosdividirototal5040por2,obtendo2520pulseirasdiferentes.
23.Umarranjodefloresdeformacirculardeveserenfeitadocomfloresefitas.Sedispomosde8floresdiferentesefitasde8coresdiferentes,dequantosmodosdistintospodemosenfeitaroarranjosecadaflordeveficarentreduasfitasedeve-seusarumafitadecadacoreumaflordecadatipo?
24.Determineaquantidadedemúltiplosde3comquatroalgarismosquepodemserformadoscomosalgarismos2,3,4,6e9.
25.DosanagramasdapalavraPERNAMBUCO,quantoscomeçamPelasí-labaPER?EquantoscomeçampelasletrasP,E,R,emqualquerordem?
26.Umafamíliade5pessoastemumacarrode5lugares.Dequantosmo-dospodemseacomodarnocarroparaumaviagemse:
a)sóumadaspessoassabedirigir?
b)todassabemepodemdirigir?
27.Dequantosmodos5pessoaspodemsentaremumbancode5lugaresseduasdelasdevemsempresentarjuntas?
28.Resolvido.Exprimir,usandoanotaçãodefatorial,oprodutodosnpri-meirosnúmerospares.
Solução.Osnprimeirosnúmerosparessão2,4,6,8,,2neseupro-dutoPédadoporP=2.4.6.8..2n,quepodeserescritocomo
P=2.1.2.2.2.3.2.4.….2.n=2.2.2.….2.1.2.3.…n=2n.n!
29.Exprimir,usandoanotaçãodefatorial,oprodutodosnprimeirosnú-merosímpares.
30.Quantossãoosnúmerosde7algarismosnãoiniciadospor0equecon-tém5vezesoalgarismo1?
Texto 1: A função Gama de Euler
A função gama de x, denotada por Γ(x) e defi nida por
, para x > 0,
pode ser vista como uma generalização, ao conjunto dos números reais, da função fatorial de n, defi nida para todo número natural n.
A partir da defi nição por meio da integral indefi nida, é fácil ver, que
G(x + 1) = xG(x)
e que Γ(1) = 1. Consequentemente, teremos
Γ(2) = Γ(1 + 1) = 1Γ(1) = 1
Γ(3) = Γ(2 + 1) = 2Γ(2) = 2 X 1
Γ(4) = Γ(3 + 1) = 3Γ(3) = 3 X 2 X 1
Γ(5) = Γ(4 + 1) = 4Γ(4) = 4 X 3 X 2 X 1
44 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
e, de maneira geral,
Γ(n+1) = nΓ(n) = n X (n – 1) X … X 4 X 3 X 2 X 1
ou ainda, Γ(n+1) = n!.
Assim, a função Γ(X) pode ser vista como uma extensão da função fato-rial de x ao conjunto dos números reais.
Sabendo que π=Γ )21( , é possível determinar o valor da função para
qualquer fração cujo denominador é igual a 2, como veremos a seguir.
Se o numerador for um inteiro positivo par, então a fração será um intei-ro positivo e já vimos como calcular o valor da função, neste caso.
Se o numerador for um inteiro positivo ímpar, então teremos
e assim por diante.
DANTE,LuizR.Matemática:contextoeaplicações,v.2.SãoPaulo:EditoraÁtica,2004.
DASSIE,BrunoAlves eoutros.CursodeAnáliseCombinatória eProba-bilidade: aprendendo coma resoluçãodeproblemas.Riode Janeiro:Ed.CiênciaModerna,2009.
HAZZAN, Samuel. Fundamentos de matemática elementar, v.5: AnálisecombinatóriaeProbabilidade.SãoPaulo:AtualEditora,2004.
LIMA,ElonLages eoutros.Temaseproblemas.ColeçãodoProfessordeMatemática.RiodeJaneiro:SBM,2003.
LIMA,ElonLageseoutros.Amatemáticadoensinomédio,v.2.ColeçãodoProfessordeMatemática.RiodeJaneiro:SBM,1998.
MORGADO,AugustoC.deO.eoutros.AnáliseCombinatóriaeProbabilida-de:comassoluçõesdosexercícios.ColeçãodoProfessordeMatemática.RiodeJaneiro:SBM,2006.
SANTOS,J.PlínioO.eoutros.Introduçãoàanálisecombinatória.Campi-nas:Ed.daUNICAMP,2002.
SCHEINERMAN,E.R.Matemáticadiscreta.SãoPaulo:ThomsonLearningEdições,2006.
Unidade
Combinações, Números Binomiais e Binômio de Newton
Objetivos:
• Conceituarosagrupamentoschamadosdecombinaçõessimplesedecombinaçõescompletas,diferenciandoumtipodooutro.
• Relacionar as combinações simples com os arranjos simples, determinando onúmerodeumemfunçãodonúmerodooutro.
• Determinaronúmerodecombinaçõescompletasdenobjetostomadospap.• Utilizarascombinaçõescompletasnocálculodonúmerodesoluçõesdecertas
equaçõeseinequaçõesdiofantinas.• Conceituarnúmerosbinomiaiseestudaralgumasdesuaspropriedades.• Relacionarodesenvolvimentodobinômio(a+b)ncomoestudodascombinações
simples.
3
47ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
1. IntroduçãoNestaUnidadeabordaremosmaisdoistiposespeciaisdeagrupamen-
tosquediferemdosanteriorespostoqueestesnãosãoordenados.Sãoeles:ascombinaçõessimpleseascombinaçõescompletas.Veremosqueascom-binaçõessimplescoincidemcomossubconjuntosdeumdeterminadocon-juntoeque,portanto,determinaronúmerodecombinaçõessimplesdenobjetos,tomadospap,coincidecomdeterminaronúmerodesubconjuntocontendopelementosdoconjuntocujoselementossãoosnobjetosdados.Aprenderemosacalcularonúmerodecombinaçõessimpleseestabelece-remosarelaçãoentreestenúmeroeonúmerodearranjossimples.Defi-niremos combinações completas e, a partir da determinação do númerodesoluçõesdecertasequaçõesdiofantinas,determinaremosonúmerodecombinaçõescompletasdenobjetos,tomadospap.Estudaremosascom-binaçõescomplementareseestabeleceremosarelaçãodeStiefel.Definire-moseestudaremosasprincipaispropriedadesdosnúmerosbinomiaise,porfim,estudaremosodesenvolvimentodaexpressão (x+a)n,expressãoconhecidacomobinômiodeNewton.
2. Combinações SimplesQuandoestudamososarranjossimplesdenobjetostomadospap,
com1≤p≤n,vimosqueelesconsistemnaescolhaeordenaçãodepdessesobjetos.Assim,paraosalgarismos2,3,4e5,seescolhermoso3eo4,porexemplo,podemosordená-losdeduasformas:34ou43;seescolhermososalgarismos2e5,podemosordená-los,também,deduasformas:25ou52;escolhendoosalgarismos2,3e5,podemosordená-losdeseisformas:235,253,325,352,523ou532.
Comosepercebe,paracadaescolhadepdentreosnobjetosdadoste-mosumnúmerodeordenaçõesquecoincidecomonúmerodepermutaçõesdepobjetos,ouseja,éigualaPp.
DenotandoporCn,ponúmerodeescolhadepdentrenobjetosdistin-tos,conclui-seque
An,p=Cn,pXPp.
Cadaumadessasescolhaséditaumacombinaçãodosnobjetosto-madospap.Maisprecisamente,temosadefiniçãoseguinte.
Combinaçãosimplesdenobjetos.Umacombinaçãosimplesoucom-binaçãodenobjetostomadospap,com1≤p≤n,équalquerescolhadepdessesobjetos.
48 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Noteque,enquantonoarranjonóstemosumaescolhaseguidadeumaordenação,nacombinaçãotemosapenasaescolha,ouseja,aordemnaqualosobjetossãoescolhidosnãointeressa.Narealidade,ascombinaçõescorres-pondemasubconjuntosdoconjuntocujoselementossãotodososnobjetos.Exemplo3.2.01.Dadasasvogaisa,e,i,o,u,ascombinaçõesdessasletrastomadas3a3sãoosconjuntos{a,e,i},{a,e,o},{a,e,u},{a,i,o},{a,i,u},{a,o,u},{e,i,o},{e,i,u}e{i,o,u}e,portanto,são10.NotequeessascombinaçõessãotodosossubconjuntosdoconjuntoV={a,e,i,o,u}quepossuem,exatamente,3elementos.Exemplo3.2.02.OssubconjuntosdoconjuntoV={a,e,i,o,u},comexata-mente2elementossãoos10conjuntos:{a,e},{a,i},{a,o},{a,u},{e,i},{e,o},{e,u},{i,o},{i,u},{o,u},esãoossubconjuntosdascombinaçõesdosobjetos―a,e,i,o,u―tomados2a2.Exemplo3.2.03.Ascombinaçõesdasvogaisa,e,i,o,utomadas1a1cor-respondemaoscincosubconjuntosunitáriosdoconjuntoV={a,e,i,o,u}.
Estendendo o conceito de combinação.
Dostrêsexemplosanteriorespodemosconcluirqueascombinaçõesdosnobjetosa1,a2,a3,…,an,tomadospap,podemservistoscomoossubconjun-tosdoconjuntoV={a1,a2,a3,…,an},possuindo,cadaumdeles,exatamentepelementos.Istosugerequeestendamosoconceitodecombinaçãosimplesdenobjetos,tomadospap,paraocasoemquep=0,definindoestacombinaçãocomosendooconjuntovazio.
• Combinaçãoden,0a0.Dadososnobjetosa1,a2,a3,…,an,acombi-naçãodessesobjetostomados0a0édefinidacomooconjuntovazio.
Calculandoonúmerodecombinações.Onúmerodecombinaçõesdenobjetosdistintos,tomadospap,com1≤p≤n,podesercalculadoemfunçãodonúmerodearranjosdosnobjetos,tomadospapedonúmerodepermutaçõesdep,selembrarmosque
An,p=Cn,pXPp,
emqueAn,péonúmerodearranjosdenobjetos,tomadospap,ePpéonúmerodepermutaçõesdepobjetos.
Daigualdadeanterior,temosque
.
Nanotaçãodefatorial,temosqueonúmerodecombinaçõesdenob-jetosdistintos,tomadospap,édadopor
.
Exemplo 3.2.04. Qualquer que seja o número natural n, 1 ≤ n, temos
,comojátínhamosvisto,umavezqueCn,1corres-
pondeaonúmerodesubconjuntosunitáriosdeumconjuntocomnelementos.
Exemplo3.2.05.OsnúmerosC7,3eC7,4sãoiguais,poisC7,3= !4!3!7 eC7,4= !3!4
!7 .
Exemplo3.2.06.Deacordo comadefinição,Cn,0 =1,poisumconjuntocom n elementos possui, exatamente, um subconjunto com 0 elementosqueéosubconjuntovazio.Deacordocomafórmuladofatorial,temosqueCn,0= 1
!!0!
)!0(!0!
==- n
nnn .
49ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Combinações complementares.
Dadosnobjetosdistintos,qualquerescolhadepdestesobjetoscor-respondeàescolhadosn-prestantesouquecompletamoconjunto.Porexemplo,aoescolhermososalgarismos1,2e3doconjuntoA={1,2,3,4,5},automaticamenteosalgarismos4e5ficamescolhidoscomoelementosdoconjuntocomplementarde{1,2,3}.Dizemos,porisso,quetaiscombi-naçõessãocombinaçõescomplementares.
Emvirtudedoquefoifeito,podemosenunciaroseguinteresultado.• Propriedadedascombinaçõescomplementares.Dadososintei-rosnep,com1≤p≤n,temosqueCn,p=Cn,n-p.
3. Combinações completas e equações diofantinasVimosqueascombinaçõessimplesdostrêsobjetosa,bec,tomados
2a2,sãoosparesnãoordenadosdeobjetosdistintosab,acebc.Masépossívelformarmosoutrosparescomessesobjetos,senãofi-
zermosaexigênciadequeoselementossejamdistintos.Porexemplo,pode-mosformarosparesaa,bbecc,perfazendo,assim,umtotaldeseispares.
aa,ab,ac,bb,bc,cc
ComosobjetosA,B,CeDpodemosformarosseguintespares:
AB AC AD AA
BC BD BB
CD CC
DD
Osparesqueseencontramnastrêsprimeirascolunassãocombina-çõessimplesdasquatroletrastomadasduasaduaseosdaúltimacoluna,porapresentaremletrasrepetidas,nãosão.Istosugereadefiniçãoseguinte.
• Combinaçãocompleta.Dadososnobjetosa1,a2,a3,…,an,umacombinaçãocompletadessesobjetostomadospap,équalquerlistanãoordenadadepdessesobjetos,distintosounão.
Exemplo3.3.01.Dadososalgarismos1,2,3,4,5e6,osnúmeros345,335,333,344e343sãocombinaçõescompletasdessesalgarismos,to-mados3a3.
Note,entretanto,que,comocombinações,ossímbolos345,354,435e453são,todos,iguais,poispossuemosmesmosalgarismos.
Nascombinações,aordemnaqualosobjetosseapresentamnãoimporta.Adiferençaentreascombinaçõesencontra-sena
naturezaenãonaordemdessesobjetos.
Determinando o número de permutações completas.
No exemplo 3.3.01, para determinarmos o número de permutaçõescompletasdosseisalgarismos,tomados3a3,podemospensarcadaumadessascombinaçõescomoumasoluçãodaequação
n1+n2+n3+n4+n5+n6=3,emquenirepresentaaquantidadedealgarismosipresentesnacombi-
nação.Assim,asolução(1,1,1,0,0,0)representaacombinação123;asolução
50 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
(2,0,0,0,0,1)representaacombinação116;asolução(0,0,1,2,0,0)representaa combinação344; e assimpordiante.Reciprocamente, as combinações455,666,456e222se fazemrepresentadaspelas soluções (0,0,0,0,0,3),(0,0,0,1,2,0),(0,0,0,1,1,1)e(0,3,0,0,0,0),respectivamente.Portanto,onossoproblemadedeterminaronúmerodecombinaçõescompletasde6objetos,tomados3a3,setransformanoproblemadedeterminaronúmerodesolu-ções,comcertaspropriedades,deequaçõesdiofantinas.
Equaçõesdiofantinas.Asequaçõesdiofantinasnasquaisestamosinteressadossãoequaçõesdotipox1+x2+x3+…+xp=N,emquex1,x2,x3,…,xpsãoincógnitasquesomentepodemassumirvaloresinteiroseNéumnúmerointeiropositivo.Ap-upla(a1,a2,a3,…,ap),denúmerosinteiros,éditaumasoluçãodaequaçãose,esomentese,a1+a2+…+ap=N.Setodososaisãopositivos,dizemosqueap-upla(a1,a2,…,ap)éumasoluçãoeminteirospositivos.Sealgunsdosaisãopositivoseosdemaissãoiguaisazero,dizemosqueap-uplaéumasoluçãoeminteirosnãonegativos.
Umap-uplaéumasequênciaordenadadepnúmeros.
Emnossosproblemasdecontagem,estamosinteressadosemsoluçõeseminteirospositivosesoluçõeseminteirosnãonegativos.Nocasoespecí-ficode determinar onúmero de combinações completas, nosso interesserecaisobreassoluçõeseminteirosnãonegativos.
Soluções em inteiros positivos.
Nestaseçãoestamosinteressadosemdeterminaronúmerodesoluçõeseminteirospositivosdeumaequaçãodiofantinadada.Atítulodeilustraçãoecomoformadeconhecermosocomportamentodonúmerodetaissoluções,vamosestudaraequaçãodiofantina
X+Y+Z=5.
Cadasoluçãodestaequaçãoconsisteemdividirocincoemtrêspar-tes,sendocadaumadelasmaiordoqueouiguala1.
Vamos imaginar o 5 como as cinco unidades representadas, cadauma,porumabarra.Assim:
Vamosanalisarasfiguras,aseguir:
Cadaumadelaspodeserpensadacomoumasoluçãodaequaçãoefoi obtidapela inserçãodebolas em2dos4espaçosexistentesentreas5unidades(representadaspelasbarrashorizontais),dividindo-asemtrêspartes.Defato,nasfigurasde1a5temosassoluções(1,2,2),(2,1,2),(3,1,1),(1,1,3)e(1,3,1),respectivamente.
51ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Portanto, de acordo com o que fizemos, podemos determinar todasassoluçõeseminteirospositivosdaequaçãodadapormeiodesseartifício:escolher2dos4espaçoseinserirumabolaemcadaumdeles.
Assim,onúmerodesoluçõeseminteirospositivosdaequaçãoX+Y+Z=5édadoporC4,2.Generalizando. Notemos que, na equação anterior, se tivéssemos apenasduasincógnitas,ouseja,seaequaçãofosseX+Y=5,deveríamosdividiras5unidadesemduaspartes.Issopoderiaserfeitopelainserçãodeumaúnicabolaemumdosquatroespaços,oumelhor,deveríamosescolher1dos4es-paços.AssimteríamosC4,1soluçõeseminteirospositivosdistintas.
Demaneirageral,paradeterminarmosonúmerodesoluçõesemin-teirospositivosdaequaçãodiofantinax1+x2+x3+…+xp=N,emquex1,x2,x3,…,xpsãoincógnitasquesomentepodemassumirvaloresinteiroseNéumnúmerointeiropositivo,devemosdistribuirp-1bolinhasnosp-1espaçosentreasNbarrasquerepresentamasunidades,ouseja,devemosescolherp-1,entreosn-1espaçosexistentes.
Logo,onúmerodesoluçõeseminteirospositivosdaequação
x1+x2+x3+…+xp=N
éCn–1,p–1.
Exemplo3.3.02.OnúmerodesoluçõeseminteirospositivosdaequaçãoX+Y+Z+T=8éC7,3.Exemplo3.3.03.Onúmerodemaneirasdistintasderepartirmos16bom-bonsentre4irmãos,deformaquecadaumdelesreceba,pelomenos2bom-bonséonúmerodesoluções,eminteirospositivos,daequaçãonX+nY+nZ+nT=12.Defato,chamemosX,Y,ZeTosquatroirmãosedenX,nY,nZenTaquantidadedebombonsquecadaumdelesrecebe,respectivamente.Sedermoslogo,antesdadivisão,1bombomparacadaumdosirmãos,fi-caremoscom12bombonspararepartirentreosquatro.CadasoluçãoeminteirospositivosdaequaçãonX+nY+nZ+nT=12garantequecadaumdosirmãosreceba,pelomenos,maisumbombom.Eassim,aofinal,cadairmãoteráganhado,pelomenos,2bombons.
Retomando o cálculo do número de combinações completas.
Vimos anteriormente que para determinarmos onúmero de combi-naçõescompletasde6objetos,tomados3a3,bastaquedeterminemosonúmerodesoluçõeseminteirosnãonegativosdaequaçãodiofantina
x1+x2+x3+x4+x5+x6=3.
Notemosqueessaequaçãonãopossuisoluçãoeminteirospositivos,poisseatribuirmosovalor1paracadaumdosxi,teremos
asomaiguala6quejáémaiordoque3.Nossoproblemaé“Comodeterminaronúmerodesoluçõeseminteiros
nãonegativosdaequaçãodiofantinadotipo:
x1+x2+x3+…+xp=N?”
Tomemos, novamente, um exemplo para esclarecermos o processo.ConsideremosaequaçãoX+Y+Z=3.
Aúnicasoluçãoeminteirospositivosdessaequaçãoéoterno(1,1,1).Asoutrassoluções,eminteirosnãonegativos,sãoosternos:(3,0,0),(2,1,0),(2,0,1),(1,2,0),(1,0,2),(0,1,2),(0,2,1),(0,3,0)e(0,0,3).
52 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Tomandocadaumadessassoluçõeseacrescentando1acadaumadascoordenadasobtemososseguintesternos:
CadasoluçãoeminteirosnãonegativosdaequaçãoX+Y+Z=3dáorigemaumasoluçãoeminteirospositivosX+Y+Z=6.Reciprocamente,se(x0,y0,z0)éumasoluçãoeminteirospositivosdaequaçãoX+Y+Z=6,então(x0–1,y0–1,z0–1)éumasoluçãoeminteirosnãonegativosdaequaçãoX+Y+Z=3.
Defato,comox0≥1,y0≥1ez0≥1,temosquex0–1≥0,y0–1≥0ez0–1≥0.
Alémdisso,comox0+y0+z0=6,temosque
(x0–1)+(y0–1)+(z0–1)=6–3=3
provandoque(x0–1,y0–1,z0–1)éumasoluçãoeminteirosnãone-gativosdeX+Y+Z=3.
Portanto,onúmerodesoluçõeseminteirosnãonegativosdaequaçãoX+Y+Z=3éigualaonúmerodeequaçõeseminteirospositivosdaequa-çãoX+Y+Z=6que,comosabemos,éigualaC6–1,3–1=C5,2.Generalizando.Parageneralizarmosoresultadoanterior,bastadescobri-mosdeondevieramos índicesdacombinação.Temosqueo6 foiobtidoquandosomamos1unidadeacadaumadasincógnitas.Comisso,trans-formamosaequação
x1+x2+x3+…+xp=n
naequação
x1+x2+x3+…+xp=n+p,
cujonúmerodesoluçõeseminteirospositivosédadoporCn+p-1,p-1.Comissoprovamosoresultadoseguinte.• Númerodecombinaçõescompletas.Onúmerodecombinaçõescompletasdenobjetos, tomadospap, é indicadopor (CR)n,p e écalculadoporCn+p-1,p-1.
Exemplo3.3.04.Onúmerodesoluçõeseminteirosnãonegativosdaequa-çãodiofantinaX+Y+Z+T=4é(CR)4,4queédadoporC4+4-1,4-1=C7,3queéiguala35.Essaequaçãopossuiumaúnicasoluçãoeminteirospositivosqueé(1,1,1,1).Todasasdemaispossuemalgumaoualgumascoordenadasiguaisazero.Vamoslistarasdemaissoluções?
53ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
4. Números binomiaisSejamnepnúmerosinteirosnãonegativos,com0£p£n.Onúmero
decombinaçõessimplesdenobjetostomadospapéchamadodenúmerobi-nomialdendeclassepeédenotadoporCn,pou ,queselê:nsobrep.
Assim, = .Anotação édevidaaomatemáticosuíçoLeonhardEuler.
Nanotação ,onúmeronéchamadonumeradoreonúmeropéchamadodenominadordonúmerobinomial.
Exemplo3.4.01.Onúmerobinomialdenumerador4edenominador2éo
número = = = =6.
Exemplo3.4.02.Osnúmerosbinomiais e são iguais.De fato,
temosque = = =1.
Poroutrolado, = = =1.Provandoqueosdoisnúmeros
binomiaissãoiguais.
Números binomiais de classes complementares.
Os números binomiais e são ditos números binomiais
declassescomplementaresou,simplesmente,númerosbinomiaiscomple-mentares,poisvaleaigualdadep+(n–p)=n.Demaneirageral,temosadefiniçãoseguinte.
Definição.Osnúmerosbinomiais e sãoditosdeclasses
complementaresse,esomentese,p+q=n.
Exemplo3.4.03.Osnúmerosbinomiais e sãonúmerosbinomiais
declassescomplementares.Defato,3+4=7e,alémdisso, = e
= .
Exemplo3.4.04.Seosnúmerosbinomiais e sãonúmerosbino-
miaisdeclassescomplementares,então3+p=8e,portanto,p=5.Temos
aindaque = e = .
Essa igualdade entre os números binomiais complementares nosexemplos3e4nãoécoincidência.Defato,valeoseguinteresultado.
• Propriedade01dosnúmerosbinomiais.Dadososnúmerosbino-
miais e sep+q=n,então = .
Aprovaalgébricadestapropriedadeéimediata,pois = e
= .Comop+q=n,temosq=n–pe,portanto,temosque
= = = .
54 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Éimportantelembrarmosqueonúmero representaaquantida-
dedeescolhaspossíveisdepdentrenobjetosdadosequecadaescolhadepobjetoscorrespondeaumaescolha(complementar)den–pobjetos.
Assim,existeumacorrespondênciabiunívocaentreascombinaçõessimplesdosnobjetostomadospapeascombinaçõessimplesdosmes-mosnobjetos tomadosn–pan–p.Logo,mostramosnovamenteque
= .
Números binomiais com mesmo numerador.
Outrapropriedadedosnúmerosbinomiaispermitedeterminaremque
condiçõesdoisnúmerosbinomiaiscomomesmonumeradorsãoiguais.É
óbvioque = .Vimos tambémquenúmerosbinomiaisdeclasses
complementaressãoiguais,istoé, = .
Emqueoutrascondiçõespodemoster = ?
Narealidade,estassãoasduasúnicascondiçõesemquenúmerosbino-miaisdemesmonumeradorsãoiguais.Istoseencontraexpressonaproprie-dadequeseráenunciadaaseguirecujaprovaserádeixadacomoexercício.
• Propriedade02dosnúmerosbinomiais.Osnúmerosbinomiais
e sãoiguaisse,esomentese,p=qoup+q=n.
Exemplo3.4.05.Seosnúmerosbinomiais e sãoiguais,entãode-vemosterp=4oup+4=10,ouseja,p=6.
Exemplo3.4.06.Osnúmerosbinomiais
+16
q e
-1
6p
somenteserãoiguais
sep–1=q+1ousep+q=6.Porexemplo,parap=6eq=0,temos
16
=
56;parap=4eq=2,temosasigualdadesp+q=6ep–1=3=q
+1e
36 =
36 .Noteque,comodevemoster0≤q+1≤6e0≤p–1≤6,não
bastaquep+q=6oup–q=2.
Relação de Sti efel.
Outra relação existente entre os números binomiais é a conhecidacomorelaçãodeStiefelqueafirmaque
.
Aprovaalgébricadestarelaçãoédefácilverificação,comoveremosaseguir.
55ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Temos
= +
= +
=
=
= = = .
Exemplo3.4.07.VamosverificararelaçãodeStiefelparaocasoemquen
=5ep=3.Temosque
35 =
!2!3!5 =10.Poroutrolado,temosque
34 +
24
=!1!3
!4 +!2!2
!4 =4+6=10.
5. Binômio de NewtonNósjáestudamosodesenvolvimentodaexpressão (x+a)2evimos
quevaleaigualdade
(x+a)2=x2+2ax+a2.
Sabemosaindaquetambémvalemasigualdades:
• (x+a)0=1e• (x+a)1=x+a,
umavezquetodonúmeronãonuloelevadoazeroéiguala1etodonúmeroelevadoauméigualaelemesmo.
Nossoobjetivoé,usandoosconhecimentosdeanálisecombinatória,estudarocomportamentododesenvolvimentode(x+a)n,paratodointeiropositivon,expressãoconhecidacomobinômiodeNewton.
Estudando o comportamento do desenvolvimento de (x + a)2.
Paradesenvolvermosaexpressão(x+a)2,usamosadefiniçãodepo-tênciaeapropriedadedistributivadamultiplicaçãocomrelaçãoàadição.
• Definiçãodepotênciacomexpoentenatural.Paratodonúmerorealaetodonúmeronaturaln(n≥0),tem-se
.
• Propriedadedistributivadamultiplicaçãocomrelaçãoàadição.Dadososnúmerosreaisa,bec,valemasigualdades:aX(b+c)=aXb+aXce(b+c)Xa=bXa+cXa.
56 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Deacordocomadefiniçãodepotência,temosque
(x+a)2=(x+a)X(x+a),
e,usandoapropriedadedistributiva,temosque
(x+a)2=(x+a)X(x+a)=xX(x+a)+aX(x+a)=xx+xa+ax+aa.Comopodemosperceber,nodesenvolvimentode (x+a)2,encontra-
mosuma adição de 4 parcelas, resultante do produto dos 2 termos doprimeirobinômio(x+a)pelos2termosdosegundobinômio(x+a),cadaumadelasformadapeloprodutodeduasletras:xporx,xpora,aporxouapora.Istopodesermaisbemvisualizadoapartirdoestudododesen-volvimentodosprodutos
(a+b)(c+d)
e
(a+b)(c+d)(e+f).
Estudando o desenvolvimento de (a + b)(c + d).
Queremos entender como se comporta o desenvolvimento de (a+b)(c+d).Usandoapropriedadedistributivadamultiplicaçãoemrelaçãoàadi-ção,temosque:
(a+b)(c+d)=a(c+d)+b(c+d)=(ac+ad)+(bc+bd).
Analisandoatentamenteo resultado,podemosperceberque,node-senvolvimentodoproduto (a+b)(c+d)encontramosquatromonômios,cadaumdelescompostodoprodutodeumaletrade(a+b)porumaletrade(c+d).Inicialmenteoprodutofoitransformadonasomaindicadaa(c+d)+b(c+d),quepossuiduasparcelas:umatendoaletra“a”comofatoreoutratendoaletra“b”comofator.Emseguida,oprodutoa(c+d)deuorigemadoismonô-mios:umformadopeloprodutoaceooutroformadopeloprodutoad.Demaneirasemelhante,oprodutob(c+d)deuorigemaosdoismonômiosbcebd.Podemosconcluirquenodesenvolvimentodoproduto(a+b)(c+d)obtive-mos2X2(=4)monômios:oprodutoac,deaporc;oprodutoad,deapord;oprodutobc,debporc;eoprodutobd,debpord.
57ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Estudando o desenvolvimento do produto (a+b)(c+d)(e+f).
Vamosestudarocomportamentododesenvolvimentodoprodutodostrêsbinômios(a+b),(c+d)e(e+f).Temosque:
(a+b)(c+d)(e+f) = [(a+b)(c+d)](e+f)
(1) = [a(c+d) + b(c+d)](e+f)
(2) = [(ac+ad) + (bc+bd)](e+f)
(3) = (ac+ad+bc+bd)(e+f)
(4) = ac(e+f) + ad(e+f) + bc(e+f) + bd(e+f)
(5) = ace + acf + ade + adf + bce + bcf + bde + bdf
Analisandooresultadoobtido,percebemosqueaassociatividadedoprodutode(a+b)por(c+d)por(e+f)deuorigemaoprodutoinicialde(a+b)por(c+d)que,porsuavez,deuorigemàsomados4(=2X2)monômios:ac,ad,bcebd.Adistributividadedoprodutoemrelaçãoàadiçãodeuorigemàsomadosquatroprodutos:ac(e+f),ad(e+f),bc(e+f)ebd(e+f).Estesprodutos,porsuavez,deramorigemaos8(4X2=2X2X2)monômios:ace,acf,ade,adf,bce,bcf,bdeebdf,cadaumdelessendooprodutodetrêsletras,sendoumadobinômio(a+b),umadobinômio(c+d)eumadobinômio(e+f).
Oproduto(a+b)(c+d)(e+f)(g+h).Aluzdoquefoifeito,oprodutodea+bporc+dpore+fporg+h,vaidarcomoresultadoasomade16(=2X2X2X2)parcelascomposta,cadaumadelas,de4letras,aprimeirapodendoseraoub;asegundapodendosercoud;aterceira,eouf;eaquartagouh.Comooprodutoécomutativo,essaordemnãointeressa,ouseja,cadamonômioécompostode4letras,sendoelasaoub,coud,eoufegouh.Osdezesseismonômiossão:
58 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Quadro03
aceg aceh bceh bceh
acfg acfh bcfh bcfh
adeg adeg bdeg bdeg
adfg adeh bdeh bdeh
Pensandoemtermosdeanálisecombinatória.DeacordocomaAnáli-secombinatóriaebaseadonoquefoifeito,oprodutodea+bporc+dpore+fporg+h,podeserpensadocomoumatarefacompostade4eventosE1,E2,E3eE4,emque
E1:escolhadeumadasduasletrasaoub;
E2:escolhadeumadasduasletrascoud;
E3:escolhadeumadasduasletraseouf;
E4:escolhadeumadasduasletrasgouh.
PararealizaçãodoeventoE1,temosduaspossibilidades:aoub.2
E1 E2 E3 E4ParacadaumadasescolhasdoeventoE1,temosduaspossibilidades
—coud—paraaescolhadeE2.
2 X 2
E1 E2 E3 E4Peloprincípiomultiplicativodacontagem,temos2X2(=4)possibili-
dadesparaaocorrênciadeE1seguidadaocorrênciadeE2.Paracadaumadas4possibilidadesanteriores,temosduaspossibili-
dadesdeescolhadeE3:eouf.Perfazendo,peloprincípiomultiplicativodacontagem,2X2X2(=8)possibilidadesparaaocorrênciadeE1,seguidodeE2eseguidodeE3.
2 X 2 X 2
E1 E2 E3 E4Finalmente,comoE4podeocorrerdeduasmaneirasdistintas,pelo
princípiomultiplicativodacontagem,temos2X2X2X2(=16)possibilida-desparaaocorrênciasimultâneadeE1,E2,E3eE4.
2 X 2 X 2 X 2E1 E2 E3 E4
Potências de binômios.
Consideremosagora obinômio x+a e vejamoso acontece comsuaspotências:(x+a)2,(x+a)3,(x+a)4,…
Cadaumadessaspotênciaséumprodutodebinômios,semelhanteaoqueestudamosanteriormente.Narealidade,aúnicadiferençaéque,nessesprodutos,osbinômiossãosempreiguais.Assim,asletrasc,d,e,f,…sãotodasiguaisaaouab.
59ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Jáestudamos(x+a)nparan=0,n=1en=2.Para(x+a)3,deacordocomoquefoifeitoanteriormente,temosasoma
de8(=2X2X2)monômios,cadaumdelescompostode3letras.Essasletrassãoumadoprimeirobinômio,umadosegundobinômioeumadoter-ceirobinômio.Como,emcadabinômio,asletrasousãoxousãoa,teremosqueos8monômiosde(x+a)3são:
Quadro04
(1) x x x (5) a x x(2) x x a (6) a x a(3) x a x (7) a a x(4) x a a (8) a a a
Escrevendoosmonômiosnaformadepotência,teremos:
Quadro05
(1) x3 (5) x2a(2) x2a (6) xa2
(3) x2a (7) xa2
(4) xa2 (8) a3
Agrupandoostermossemelhantes,temosque:
(x+a)3 = x3 + x2a + x2a + x2a + xa2 + xa2 + xa2 + a3
(2) (3) (5) (4) (6) (7)
(x+a)3 = x3 + 3x2a + 3xa2 + a3.
Demaneirasemelhanteaocasoanterior,deacordocomoquefoifeitoanteriormente,(x+a)4éasomade16(=2X2X2X2)monômios,cadaumdelescompostode4letras.Essasletrassãoumadoprimeirobinômio,umadosegundo,umadoterceiroeumadoquarto.Como,emcadabinômio,asletrasousãoxousãoa,os16monômiosde(x+a)4são:
60 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Quadro06
(1) x x x x(2) x x x a(3) x x a x(4) x x a a(5) x a x x(6) x a x a(7) x a a x(8) x a a a(9) a x x x(10) a x x a(11) a x a x(12) a x a a(13) a a x x(14) a a x a(15) a a a x(16) a a a a
queescritasnaformadepotênciaficam:
Quadro07
(1) x4 (9) x3a(2) x3a (10) x2a2
(3) x3a (11) x2a2
(4) x2a2 (12) xa3
(5) x3a (13) x2a2
(6) x2a2 (14) xa3
(7) x2a2 (15) xa3
(8) xa3 (16) x4
Agrupandoostermossemelhantes,temosque:
(x+a)4 = x4 + 4x3a + 6x2a2 + 4xa3 + a4.Generalizando.Demaneirageral,nodesenvolvimentode(x+a)ntemos2nparcelas,cadaumadelassendoumprodutodeumapotênciadex,digamosxp,porumapotênciadea,digamosaq,comp+q=n.
Paradeterminarmosocoeficientedexpan-p (xpaq),basta lembrarmosquetemosnespaçosparacolocaraspletrasx,ondeaescolhadessespes-paçospodeserfeitadeCn,pouCn,n-pmaneirasdistintas.Observemosaindaquepodemos começarnossa escolhapelas letrasb,deixandoos lugaresvaziosparaseremocupadospelasletrasx.
61ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Assim,desdequeosnúmerosbinomiais
pn e
- pn
n sãoiguaisporse-remcomplementares,temosque
(x+a)n=
0n
xna0+
1n
xn-1a+
2n
xn-2a2+…+
nn x0an.
Exemplo3.5.01.Nodesenvolvimentode(x+a)4,temos
(x+a)4=
04
x4a0+
14
x3a+
24
x2a2+
34
xa3+
44
x0a4
=x4+4x3a+6x2a2+4xa3+a4.
Exemplo3.5.02.Emtodasasparcelasdodesenvolvimentode(x+ x1)7o
expoentedexédiferentedezero,ouseja,nãoexistetermoindependentedexnodesenvolvimentode(x+1/x)7.Defato,cadaparcelaumprodutodotipoA(
x1 )px7–p,emqueAepsãonúmerosinteiros.Assim,emcadaparcela,
oexpoentedex.Oumelhor,emcadaparcela,oexpoentedexédaforma7–2pqueésempreumnúmerodiferentede0,poispéinteiro.
Otermogeral.Vimosqueodesenvolvimentode(x+a)nédadopor(x+a)n=(x+a)n=
0n xna0+
1n xn-1a+
2n xn-2a2+…+
nn x0bn.Assim,oprimeiro,o
segundoeoterceirotermossãodados,respectivamente,porT1=
0n xna0,
T2=
1n xn-1aeT3=
2n xn-2a2.E,demaneirageral,temosqueotermode
ordemp+1édadopor
Tp+1=
pn xn-pap.
Afórmulaanterioréconhecidacomofórmuladotermogeraldode-senvolvimentodobinômiodeNewton.
Exemplo3.5.03.Oquintotermododesenvolvimentode(x+a)8,se-gundoaspotênciasdecrescentesdexpodesercalculadocomoT5=T4+1=
48 x8-4a4=
48 x4a4.
IniciamosestaUnidadedefinindoeexemplificandoascombinaçõessimples,quesãoumtipodeagrupamentonoqualaordememqueosob-jetosaparecemnãoéimportanteeque,portanto,podemserutilizadosnadeterminaçãodonúmerodesubconjuntosdeumdeterminadoconjunto.Emseguida,estudamosacombinaçãocomelementosrepetidosoucom-binaçãocompleta,conceituando-aeaplicando-anadeterminaçãodonú-merodesoluçõesdecertasequaçõesdiofantinas.Aproveitandoadefiniçãodecombinações,apresentamososnúmerosbinomiaiseumanovanotaçãoparaonúmerodecombinaçõesdenobjetostomadospap,notaçãoessadevidaaEuler.Definimosnúmerosbinomiaiscomplementareseapresen-tamosa relaçãodeStiefel. Porfim, estudamososbinômiosdeNewton,comoobjetivodedeterminaroscoeficientesdosmonômiosqueocorremnodesenvolvimentode(x+a)n.
62 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
1.Resolvido.Provequedadososinteirosnep,com1≤p≤n,temosque
pn =
- pnn .
Solução.Temosque
- pnn
= = e,poroutrolado
pn = .Valendoaigualdade.
2.Determineovalordex,sabendoqueCx,3=Cx,4.
3.Resolvaoexemplo3.3.03usandocombinaçõescompletas.
4.Mostrequeosnúmerosbinomiais
pn e
qn sãoiguaisse,esomentese,
p=qoup+q=n.
5.Mostrequeonúmero éinteiro,quaisquerque
sejamosinteirospositivosmen.
6.Mostrequea relaçãodeStiefel éválidaparaosnúmerosbinomiais
e .
7.Calculeosnúmerosbinomiais
a)
b)
8.Resolvido.Calcule ,sabendoque = .
Solução.Sabemosque = se,esomentesep+q=moup=q.
Como4≠ 6,devemosterm=6+4=10.
Logo, = =1.
9.Determineovalordex,sabendoque = .
10.Paraquevaloresden∈Ntem-seAn,3=12Cn,4?
11.Obteronúmerodeelementosdeumconjunto,sabendo-sequeelepossui45subconjuntosde2elementos.
12.Calcularonúmerodediagonaisdeumpolígonoconvexodenlados.
13.Tomam-se10pontossobreumaretare8pontossobreoutraretas,paralelaar.Quantostriângulosexistemcomosvérticesnessescon-juntosdepontos?
63ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
14.Umaempresatem5diretorese10gerentes.Quantascomissõescom1diretore4gerentespodemserformadas?
15.Tomando-setrêsfatoresdistintosentreoselementosdoconjunto{2,3,5,7,11,13},quantosprodutosdevaloresdiferentespodemosobter?
16.Quantassãoassoluçõeseminteirospositivosdaequaçãodiofantinax1+x2+x3+x4=20,nasquaisx4≥5?
17.Calculeonúmerodesoluçõeseminteirospositivosdasequaçõesdio-fantinas:
a)x+y+z=20.b)x+y+z+t=15.
18.Calculeonúmerodesoluçõeseminteirosnãonegativosdasequaçõesdiofantinasdoexercícioanterior.
19.Emquantasdassoluçõeseminteirospositivosdaequaçãox1+x2+x3+x4=20,tem-se:(a)exatamente2variáveisiguaisa1?(b)pelomenos2variáveisiguaisa1?
20.Dequantasmaneiraspodemosdistribuir30bombonsentre5criançasdemodoquecadaumarecebapelomenos3bombons?
21.Determineocoeficientedex7nodesenvolvimentode(x2–1/x)8.
22.Determineoquartotermododesenvolvimentode(2x–1/x)7,supondoodesenvolvimentoordenadosegundoaspotênciasdecrescentesdapri-meiraparcela.
23.Resolvido.Calculeasomadoscoeficientesdodesenvolvimentode(x3+3x2)8.
Solução.Noteinicialmentequese
p(x)=A0+A1x+A2x2+…+Anxn,então
p(1)=A0+A1+A2+…+An,ouseja,p(1)éasomadoscoeficientesdopolinômiop(x).
Assim,fazendop(x)=(x3+3x2)8,temosqueasomadosseuscoeficientesép(1)=(1+3)8=48=216=65.536.
24.Resolvido.Considereodesenvolvimentode(x+a)6ordenadosegundoaspotênciasdecrescentesdex.Determineasomadostermosdeordemparemfunçãode(x+a)6ede(x–a)6.
Solução.Temosque(x+a)6=T1+T2+T3+…+T7etemosaindaque(x–a)6=T1–T2+T3–T4+T5–T6+T7.Assim,subtraindoaprimeiraigualdademenosasegunda,temosque
2(T2+T4+T6)=(x+a)6–(x–a)6.
Ou,ainda,T2+T4+T6=
É possível generalizar esse resultado para um expoente n, naturalqualquer?
25.Mostrequeparatodointeiropositivon,temos
Cn,0–Cn,1+Cn,2–Cn,3+...+(-1)nCn,n=0.
26.Determineodesenvolvimentode(2x+ 2x
1)5.
27.Determineotermoindependentedexnodesenvolvimentode(2x+2x
1 )6.
28.ProvequeCn+2,p+2=Cn,p+2Cn,p+1+Cn,p+2.
64 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Texto 1: Um pouco de história
Texto extraído do livro Análise combinatória e probabilidade, de Augusto Cesar Morgado e outros, Coleção do Professor de
Matemática. SBM: Rio de Janeiro, 2006. pp.2-4. Adaptado.
O desenvolvimento do binômio (x + a)n está entre os primeiros pro-blemas estudados ligados à Análise Combinatória. O caso n = 2 já pode ser encontrado nos Elementos de Euclides, em torno de 300 a.C. O triângulo de Pascal era conhecido por Chu Shih-Chieh, na China (em torno de 1300) e an-tes disso pelos hindus e árabes. O matemático hindu Báskhara (1114-1185?), conhecido geralmente pela “fórmula de Báskhara” para a solução de equações do 2o grau, sabia calcular o número de permutações, de combinações e de ar-ranjos de n objetos O nome coefi ciente binomial foi introduzido mais tarde por Michael Stiefel (1486?-1567), que mostrou, em torno de 1550, como calcular (1 + x)n a partir do desenvolvimento de (1 + x)n-1. Sabemos Também que o matemático árabe Al-Karaji (fi ns do século X) conhecia a lei de formação dos elementos do triângulo de Pascal,
p 1 p 1 p
n 1 n nC C C+ +
+= + .
O primeiro aparecimento do triângulo de Pascal no Ocidente foi no fron-tispício de um livro de Petrus Apianus (1495-1552). Nicolò Fontana Tartaglia (1499-1559) relacionou os elementos do triângulo de Pascal com as potências de (x + y). Pascal (1623-1662) publicou um tratado em 1654 mostrando como utilizá-los para achar os coefi cientes do desenvolvimento de (a + b). Jaime Bernoulli (1654-1705) usou a interpretação de Pascal para demonstrar que
(x + y)n = n in i
i 0
ni yx -
=
∑ …
Isaac Newton (1646-1727) mostrou como calcular diretamente (1+x)n sem antes calcular (1+x)n-1. Ele mostrou que cada coefi ciente pode ser deter-minado, usando o anterior, pela fórmula
n nn rr 1 rr 1
-= + +
.
Em verdade, Newton foi, além disso, e mostrou como desenvolver (x + y)r, onde r é um número racional, obtendo neste caso um desenvolvi-mento em série infi nita.
65ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
DANTE,LuizR.Matemática:contextoeaplicações,v.2.SãoPaulo:EditoraÁtica,2004.
DASSIE,BrunoAlves eoutros.CursodeAnáliseCombinatória eProba-bilidade: aprendendo coma resoluçãodeproblemas.Riode Janeiro:Ed.CiênciaModerna,2009.
HAZZAN, Samuel. Fundamentos de matemática elementar, v.5: AnálisecombinatóriaeProbabilidade.SãoPaulo:AtualEditora,2004.
LIMA,ElonLages eoutros.Temaseproblemas.ColeçãodoProfessordeMatemática.RiodeJaneiro:SBM,2003.
LIMA,ElonLageseoutros.Amatemáticadoensinomédio,v.2.ColeçãodoProfessordeMatemática.RiodeJaneiro:SBM,1998.
MORGADO,AugustoC.deO.eoutros.AnáliseCombinatóriaeProbabilida-de:comassoluçõesdosexercícios.ColeçãodoProfessordeMatemática.RiodeJaneiro:SBM,2006.
SANTOS,J.PlínioO.eoutros.Introduçãoàanálisecombinatória.Campi-nas:Ed.daUNICAMP,2002.
SCHEINERMAN,E.R.Matemáticadiscreta.SãoPaulo:ThomsonLearningEdições,2006.
Unidade
Objetivos:
• Complementareaprofundarosconhecimentosdeanálisecombinatóriaapartirdoestudodeoutrosmétodosdecontagem.
• Conceituarpermutaçõescaóticasedeterminaronúmerodepermutaçõescaóticasdenobjetos.
• Apresentar e utilizar os lemas de Kaplansky no cálculo do número de certosargumentos.
• ApresentareutilizaroprincípiodasgavetasdeDirichlet,tambémconhecidocomoprincípiodacasadospombos.
Tópicos Complementares
4
69ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
1. IntroduçãoNestaUnidade, como intuito de completarmosnossa formação em
termosdeconhecimentodaAnáliseCombinatória,estudaremosalgunstó-picosquesãodamaiorimportâncianessesentido.Inicialmentedefiniremospermutaçãocaóticae,emseguida,retomaremosoprincípiodainclusãoeexclusãopara,utilizá-lonadeterminaçãodonúmerodetaispermutações,nocasodenelementos.Dandocontinuidadeàcomplementaçãodanossaformação,estudaremososlemasdeKaplanskye,porfim,oprincípiodasgavetasdeDirichletquetambéméconhecidocomoprincípiodacasadospomboseque,diferentementedoquevínhamosfazendoatéagora,emqueestávamosinteressadosnacontagemdonúmerodeobjetoscomcertaspro-priedades,esseprincípiogaranteaexistênciadeobjetoscomalgumapro-priedadedada,semsepreocuparcomsuaquantidade.
2. Permutações caóticasSabemosqueumapermutaçãodenobjetos é qualquer ordenação
desses objetos. Assim, se os objetos são os algarismos 2, 3, 4 e 5, porexemplo, então osnúmeros2345, 2435, 4532, 5432 e 5324 são, todos,permutaçõesdosalgarismosdados,poisemtodoselesforamutilizadososalgarismos2,3,4e5eaúnicadiferençaentreeleséaordemnaqualosalgarismosaparecem.
Sepensarmososalgarismos2,3,4e5ordenadosdesta forma,ouseja,o2ocupaaprimeiraposição,o3asegunda,o4aterceiraeo5aquar-ta,entãononúmero2435o2eo3mantiveramsuasposiçõesenquantoo4eo5trocaramdeposição.Jánonúmero5324nenhumdosalgarismosmantevesuaposiçãooriginal,todostrocaramdeposição.Esteéumexem-plodepermutaçãocaótica.Maisprecisamentetemosaseguintedefinição.
• Permutaçãocaótica.Umapermutaçãocaóticadosobjetosa1,a2,a3,…,an,tomadosnestaordem,équalquerpermutaçãodessesob-jetosquenãodeixenenhumdelesemsuaposiçãooriginal.
Exemplo4.2.01.Dadososalgarismos1,2,3e4,osnúmeros2143,4321,4312e3412sãopermutaçõescaóticasdessesalgarismos.Exemplo4.2.02.AspalavrasROMAeORAMsãoanagramasdapalavraAMOR,quesãopermutaçõescaóticasdessasletras.Exemplo4.2.03.Dosnúmeros3421,1243,4132e1423,somente3421épermutaçãocaóticadosalgarismos1,2,3e4,tomadosnestaordem.Onú-mero1243deixaosalgarismos1e2nosseuslugaresoriginais;4132deixao3noseulugaroriginal;1423deixao1noseulugaroriginal.
70 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Agoraquejásabemosdoquesetrata,resta-nosdeterminaronúmerodepermutaçõescaóticasdenobjetos.Paratanto,inicialmente,retomare-mosoprincípiodainclusãoeexclusão.
• Princípiodainclusãoeexclusão.Oprincípiodainclusãoeexclu-são,emsuaformamaisgeral,afirmaqueonúmerodeelementosdauniãoderconjuntosquaisquerédadapor
n( Ur
1iiA
=)=n( 1A )+n( 2A )+…+n( rA )
-n( 21 AA I )-n( 31 AA I )-n( 31 AA I )-…-n( r1 AA I )
-n( 32 AA I )-n( 42 AA I )-…-n( r1 AA I )
...
-n( r1r AA I- )
+n( 321 AAA II )+n( 421 AAA II )+…+n( r21 AAA II )
+n( 432 AAA II )+n( 532 AAA II )+…+n( r32 AAA II )
+...+
+n( r1r2r AAA II -- )
+...+
+(-1)n-1n( r321 A...AAA IIII )Assim,incluímosnacontagemtodososelementosdeA,deBedeC;
depoisexcluímososqueestãoaomesmotempoemdoisquaisquerdessesconjuntos,poisestes foramcontadosmaisdeumavez;depois incluímosaquelesqueforamretiradosamaisporseencontrarememtrêsdosconjun-tos;eassimpordiante,excluindoeincluindo.Exemplo4.2.04.NocasodosconjuntosA,BeC,oprincípiodainclusãoeexclusãoficariaassim:
)CBA(n UU = )CBA(n)CB(n)CA(n)BA(n)C(n)B(n)A(n IIIII +---++ .Comopodemosperceber,contamostodososelementosdeA,osdeBeosdeC,depoisexcluímososqueestãoaomesmotempoemdoisquais-querdessesconjuntos(AeB,AeC,BeC),depoisincluímosaquelesqueforamretiradosamaisporseencontraremnostrêsconjuntos.Determinando o número de permutações caóticas de 4 elementos.
Atítulodeexemplo,vamosdeterminaronúmerodepermutaçõescaóti-casdoselementos1,2,3e4,nestaordem.
Vamosdividironossoproblemadedeterminaronúmerodepermu-taçõescaóticasdoselementos1,2,3e4,nestaordem,emváriasetapas,constituídasdeperguntasque iremos respondendoumaaumapara,aofinal,termosasoluçãoprocurada.
• Quantassãoaspermutaçõesde1,2,3e4?Inicialmente,recor-demosqueonúmerodepermutaçõesdosquatroalgarismos,é4!,comojávimosanteriormente.
• Quantassãoaspermutaçõesde1,2,3e4,nestaordem,quedeixamoumdosalgarismosfixo?Detodasas4!permutaçõesde1,2,3e4,nestaordem,6deixamo1fixo.Defato,temos4algaris-mosparapermutar.Deixandoo1fixo,temosP3=3!=6permuta-ções.Demaneirasemelhante,temos3!permutaçõesdeixandoo2fixo,3!permutaçõesdeixando3fixoe,finalmente,3!permutaçõesdeixandoo4fixo.
71ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
• Quantasdaspermutaçõesde1,2,3e4,nestaordem,deixamo1e2fixos?Paraessapergunta,estamosinteressadosnasper-mutaçõesde1,2,3e4queiniciampor1e2(nestaordem).Assim,parao terceiroalgarismo temos2possibilidadeseparaoquartoelementotemos1possibilidade.Assim,denotandopor 1A oconjuntodaspermutaçõesde1,2,3e4(nestaordem)quedeixamo1fixoepor 2A oconjuntodasquedeixamo2fixo,temosquen(A1I A2)=2!.
• Quantasdaspermutaçõesde1,2,3e4,nestaordem,deixamo1ou2fixos?Pararespondermosaessapergunta,devemoscalcu-laronúmerodeelementosde 21 AA U ,emque 1A éoconjuntodaspermutaçõesquedeixamo1fixoe 2A éoconjuntodasquedeixamo2fixo.Peloprincípiodainclusãoeexclusãoepeloquevimosan-teriormente,temosque
n( 21 AA U )=n( 1A )+n( 2A )-n( 21 AA I )=3!+3!–2!.
• Quantasdaspermutaçõesde1,2,3e4,nestaordem,deixampelomenosumdosalgarismosfixos?Usandoamesmanotaçãoqueusamosatéagora,estamosinteressadosnonúmerodeelemen-tosdeA1U A2U A3U A4,emqueAiéoconjuntodaspermutaçõesquedeixamoalgarismoifixonasuaposiçãooriginal.Peloprincípiodainclusãoeexclusão,temosque
)A(n)A(n)A(n)A(n)AAAA(n 43214321 +++=UUU
)AA(n)AA(n)AA(n)AA(n)AA(n)AA(n 434232413121 IIIII --∩----
)AAA(n)AAA(n)AAA(n)AAA(n 432431421321 IIIIIIII ++++
)AAAA(n 4321 III- .Assim,
!0!1!1!1!1!2!2!2!2!2!2!3!3!3!3)AAAA(n 4321 -++++------+++=UUU
!.01!14!26!34 ×-×+×-×=
Finalmente.• Quantasdaspermutaçõesde1,2,3e4,nestaordem,sãocaóti-cas,istoé,nãodeixamnenhumalgarismofixo?DenotandoporD4onúmerodepermutaçõescaóticasde1,2,3e4,nestaordem,temosqueD4podeserobtidocomoadiferençaentreonúmerototaldepermutaçãodos4algarismoseonúmerodepermutaçõesdos4algarismosquedeixam,pelomenosum,algarismofixo.Assim,temosque
D4=4!–(4.3!–6.2!+4.1!–1.0!).
Antesdeconcluirmos,éimportantemencionarmosqueo4(de4.3!)correspondeaonúmerodecombinaçõesdos4algarismostomados1a1;o6(de6.2!)correspondeaonúmerodecombinaçõesdos4algarismostomados2a2;o4(de4.1!)correspondeaonúmerodecombinaçõesdos4algarismostomados3a3;eo1(de1.0!)corres-pondeaonúmerodecombinaçõesdos4algarismostomados4a4.
Istonosdá9(D4=24-24+12-4+1=9)permutaçõescaóticasdos4algarismos1,2,3e4,nestaordem.Sãoelas:2143,2341,2413,3142,3412,3421,4123,4312e4321.Generalizando.Mesmosabendoquenãosepodegeneralizarumresul-tadoobtidoapartirdeumúnicoexemplo,ageneralizaçãodoresultadoanteriornospermiteconcluirqueonúmerodepermutaçõescaóticasdenobjetosédadopor
72 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Dn=n!–[ )!1n(1n
-
– )!2n(
2n
-
+…+ 1n)1( -- n)!(n
nn
-
].
Estafórmulapodeserreescritacomo
Dn= !n!n - +!2!n –
!3!n +…+ n)1(-
!n!n ,
ouainda
Dn=n![ !01 –
!11 +
!21 –
!31 +…+ n)1(-
!n1 ],
Exemplo4.2.05.Deacordocomafórmulaanterior,onúmerodepermuta-çõescaóticasdosalgarismos1,2,3,4e5,nestaordem,é44.Defato,temosquen=5e,portanto,
3. Lemas de KaplanskyDadooconjuntoA={1,2,,3,4,5,6,7},sabemosqueépossívelcons-
truir7!/3!4!=35subconjuntosdeA,contendotrêselementos,númeroesseencontradoapartirdacombinaçãode7tomados3a3.Osconjuntos{1,2,3,4},{2,4,5,6},{3,4,6,7},{1,3,5,7}sãoalgunsexemplosdessessubconjuntos.Noteque,detodosossubconjuntosdeA,com4elementos,oúnicoquenãopossuielementosconsecutivoséoconjunto{1,3,5,7}.Istopodeservistodeformabemsimples―mastrabalhosa―seenumerarmostodosossubconjuntosdeAcom4elementos.
Mas,seráqueesteéoúnicomeiodeprovaressaafirmação?Seráquenãoconseguimosumresultadomaisgeralquenospermitaconcluiressaafirmação?Éoquetentaremosfazeragora.
Narealidade,esteresultadoexiste,éconhecidocomoprimeirolemadeKaplanskyepodeserenunciadocomosegue.
• PrimeirolemadeKaplansky.Onúmerodesubconjuntosdoconjun-to{1,2,3,,n},compelementos,nosquaisnãoháelementoscon-secutivoséindicadoporf(n,p)epodeserobtidoporf(n,p)=Cn–p+1,p.
Veremosinicialmenteoresultadoparaonossoproblemaoriginal,qualseja,ocasoemquen=7ep=4.Emseguidabuscaremosageneralizaçãodoresultado.
RetomandoossubconjuntosdeA={1,2,3,4,5,6,7}com4elemen-tos,vamosrepresentá-losporumasequênciade7sinaisescolhidosentre+ouX,associandoacadanúmeroumsinal+ouXconformeeleestejaounãonosubconjunto.Assim,osubconjunto{1,3,4,6}serárepresentadopelasequência
+ X + + X + X;osubconjunto{1,3,5,6}serárepresentadopelasequência
+ X + X + + X;
73ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
easequência
X + X + X + +
representaosubconjunto{2,4,6,7}.
Comessanotação,nossoproblemaseresumeadistribuirquatrosi-nais+e3sinaisX,semquetenhamos2sinais+consecutivos.Distribuindoprimeiroos3sinaisX,passamaexistir4espaçosnosquaispoderemosdistribuirossinais+,semquedoisdelesfiquemjuntos,conformeseperce-benafiguraaseguirnaqualosespaçosestãorepresentadospelascaixas.
X X X
Figura
Ouseja,temosumaúnicapossibilidadededistribuiçãoparaosqua-trosinais+quecoincidecomf(7,4)=C7–4+1,4.
Antesdedemonstrarmosocasogeral,vamosfazeroutroexemplocomoobjetivodecompreendermosmelhoroquefoifeito.
Vejamos o caso em que devemos formar subconjuntos do conjuntoA={1,2,3,4,5,6,7},com3elementos,semquetenhamos2elementosconsecutivos.
Comonocasoanterior,vamostransformarnossossubconjuntosemsequênciasdesinais+ouX,conformeoelementopertençaounãoaosub-conjunto.Nestecaso,ossubconjuntosquenosinteressamsãoaquelesquedãoorigemasequênciascontendo3sinais+e4sinaisX,semquetenha-mosdoissinais+consecutivos.
Distribuindo, como no caso anterior, os sinais X, temos 5 espaçosparadistribuirossinais+.
X X X X
Assim,devemosescolher3desses5espaçosparadistribuirossi-nais+.Temos,portanto,C5,3possibilidadesque,novamente,coincidecomf(7,3)=C7–3+1,3.Generalizando.Nocasogeral,teremosquedistribuirpsinais+en-psinaisX.Quandodistribuímososn-psinaisXficamoscomn-p+1pos-sibilidadesdeescolhaparaospsinais+.Assim,paraocasogeral,temosf(n,p)=Cn–p+1,ppossibilidades.
Exemplo 4.3.01. Existem 1050 anagramas da palavra MISSISSIPI nosquaisnãotemosduasletrasSjuntas.Defato,paraformamosanagramasdapalavraMISSISSIPInestascondições,podemosinicialmenteescolher4lugares,semquehajadoisconsecutivos,paracolocarasletrasS.Essaes-colhapodeserfeitadef(10,4)maneirasdiferentes.Finalmente,paracadaumadessasescolhas,devemospermutaras6letrasrestantes,lembrandoquenelas existem4 letras I.Essaspermutações são emnúmerode P6
4.Assim,temosf(10,4)× P6
4anagramassemduasletrasSjuntas.Temosquef(10,4)=
6
.Poroutrolado,P64=
anagramassemduasletrasSjuntas.TemosqueAssim,onúmerode
permutaçõesé35× 30=1050.
74 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Segundo lema.
OresultadoconhecidocomosegundolemadeKaplanskytratadeumproblemasemelhanteaodoprimeirolema—odedeterminaronúmerodesubconjuntoscompelementosdoconjuntoA={1,2,3,,n-1,n},nosquaisquaisquerdoisdelesnãosãoconsecutivos―sendoqueagoraconsi-deraremoso1eoncomoelementosconsecutivos.Kaplanskyafirmaque
• SegundolemadeKaplansky.Onúmerodesubconjuntosdocon-juntoA={1,2,3,,n},compelementostaisquequaisquerdoisde-lesnãosãoconsecutivos,considerandoo1eoncomoconsecutivos,édadoporg(n,p)=
pnn-
Cn–p,p.Comonocasoanterior,inicialmenteveremosumexemploparaocaso
emquen=5ep=2.DeacordocomosegundolemadeKaplansky,ares-postaparaoproblemaé
g(5,2)=25
5-
C5–2,2= 35 C3,2=5.
Sabemosqueexistem10subconjuntosdeA={1,2,3,4,5}com2elementosevamoslistá-los.
{1,2},{1,3},{1,4},{1,5}{2,3},{2,4},{2,5}{3,4},{3,5}{4,5}
Observandoossubconjuntoslistados,temosqueosúnicosquesatis-fazemoproblemasão:{1,3},{1,4},{2,4},{2,5}e{3,5}.Quesãoemnúmerode5,comoafirmaolema.
• Provandoosegundolema.Paraprovarmosolema,vamosdividiros subconjuntos procurados em duas categorias: a dos que pos-suemo1comoumdoselementoseadosquenãopossuem.Ototalprocuradoseráasomadessesdoistotais.
ParadeterminarmosonúmerodesubconjuntosdeA={1,2,3,,n},compelementos,contendoo1enãocontendoelementosconsecutivosbastave-rificarmosqueemcadaumdessessubconjuntosnãopodefiguraro2nemon.Assim,sobramosn-3elementosdoconjunto{3,4,5,,n-2,n-1}ecomdevemosconstruirconjuntoscomp-1elementosesemelementoscon-secutivos.DeacordocomoprimeirolemadeKaplansky,onúmerodetaisconjuntoséCn–3–(p–1)+1,p–1=Cn–p–1,p–1.
ParadeterminarmosonúmerodesubconjuntosdeA={1,2,3, ,n},compelementos,nãocontendoo1enãocontendoelementosconsecutivosbastaverificarmosquecadaumdessessubconjuntoséumsubconjuntodoconjuntoB={2,3,4,,n},compelementosesemelementosconsecutivos.Assim,deacordocomoprimeirolemadeKaplanskyonúmerodetaissub-conjuntoséCn–1–p+1,p=Cn–p,p.
Somandoestesdoisnúmeros,obtemosque
g(n,p)=pn
n-
Cn–p,p.
provandoosegundolemadeKaplansky.
75ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Exemplo4.3.02.Com5meninase8meninosépossívelformar91rodasdecriançassemquehaja2meninasemlugaresconsecutivos.Defato,quere-moscalcularg(13,5)que,peloresultadoanterioréigualag(13,5)=
4. Princípio das gavetas de DirichletNestaseçãomostraremosumresultadoconhecidocomoprincípiodas
gavetasdeDirichletqueafirmaoquesegue.• PrincípiodasgavetasdeDirichlet.Sen+1oumaisobjetossãocolocadosemngavetas,entãopelomenosumagavetarecebemaisdeumobjeto.
resultadoestetambémconhecidocomoprincípiodacasadospombos,poispossuiumaversãoqueafirmaoseguinte.
• Princípio da casa dos pombos.Sen + 1 oumais pombos sãocolocadosemncasas,entãopelomenosumacasarecebemaisdeumpombo.
Este resultado pode ser visto como uma consequência imediata deoutroconhecidocomopropriedadedamédiaaritméticadennúmerosequepodeserenunciadodaformaaseguir.
• Propriedadedasmédias.Seamédiaaritméticadosnnúmerosx1,x2,…,xném,entãopelomenosumdosxiémaiordoqueouigualam.
Ademonstraçãodeste resultado ébastante simples e será feitaporreduçãoaoabsurdo.
Supondo,porabsurdo,quenãoéverdadequeexistepelomenosumxi0talquexi0≥m,entãodevemosterque,paratodoi,xi<me,portanto,teremosadesigualdade
x1+x2+x3+…+xn<m+m+m+…+m=nXm.Estadesigualdadenosdáque <m,ouseja,m<m.Oque
éabsurdo!Logodevemosterxi0≥m,paraalgumi0.
Exemplo4.4.0.Amédiaaritméticadosnúmeros3,5,8,12e16é8,8,pois
Exemplo4.4.0.Amédiaaritméticadosnúmeros3,5,8,12e16é8,8,.Noteque12e16sãomaioresdoqueamédia.Confir-
mandooresultado.
Provando o princípio das gavetas de Dirichlet.
Temosngavetasepelomenosn+1objetos.Podemosencontraronú-meromédiodeobjetosqueserácolocadoemcadagavetadividindoonúmerodeobjetospornqueéonúmerodegavetas.Comotemospelomenosn+1objetos,onúmeromédiodeobjetosporgavetaserámaiordoqueouiguala
que,porsuavez,émaiordoque1.Assim,onúmeromédiodeobjetosporgavetaémaiordoqueouiguala2e,peloresultadoprovadoanteriormente,existeumagavetaquereceberáumaquantidademaiordoqueouigualaessenúmeromédio,ouseja,umagavetareceberápelomenos2objetos.ProvandooprincípiodeDirichlet.
76 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Exemplo4.4.02.Emumgrupode15pessoas,hásemprepelomenos2quenasceramnomesmomês.Defato,seconsiderarmosos12mesesdoanocomo12gavetaseas15pessoascomoosobjetosquedevemsercolocadosnas gavetasdeacordo comomêsde seunascimento,peloprincípiodasgavetasdeDirichlet,pelomenos2objetosficamnamesmagaveta,ouseja,pelomenosduaspessoasaniversariamnomesmomês.
Oprincípiodasgavetasouprincípiodacasadospombospodeserge-neralizadocomosegue.
GeneralizaçãodoprincípiodeDirichlet.Seemngavetassãodis-tribuídosnk+1objetos,entãoemumadelasserádistribuídopelomenosk+1objetos.
Provando a generalização do princípio das gavetas de Dirichlet.
Ademonstraçãodesteresultadoésimpleseseráfeitaporreduçãoaoabsurdo.Suponhaqueoresultadonãosejaverdadeiro.Istoé,suponhaqueemcadagavetatenhamosnomáximokobjetos.Comosãongavetas,seemcadaumadelastivéssemosnomáximokobjetos,onúmerototaldeobjetosnasgavetasseriamenordoqueouigualank.Comosãonk+1objetos,istoéumabsurdo.Logo,emumadasgavetasdevemosterpelomenosk+1objetos,provandooresultado.Exemplo4.4.03.Emumasaladeaulacom50pessoas,pelomenos5de-lasnasceramnomesmomês.Defato,deacordocomageneralizaçãodoprincípiodeDirichlet,oresultadojávalepara49pessoas,setomarmososcadamêscomoumagaveta,istoé,n=12ek=4.Nestecaso,temos49=12× 4+1.
NestaUnidade,comointuitodecomplementaronossoconhecimentodeAnálisecombinatória,abordamostópicosquenãosãousualmenteabor-dadosemlivrosdoensinomédio,comoaspermutaçõescaóticas,oslemasdeKaplanskyeoprincípiodeDirichlet.Vimosqueaspermutaçõescaóticassãoaquelaspermutaçõesquenãodeixamnenhumelementonasuaposiçãooriginaleaprendemosacalcularseunúmeroemfunçãodaquantidadedeelementosqueestamospermutando.EstudamososlemasdeKaplansky,cujoprimeironospermitedeterminaronúmerodesubconjuntosdoconjunto{1,2,3,,n},compelementos,nosquaisnãoháelementosconsecutivoseosegundolemaquenospermitedeterminaronúmerodesubconjuntoscompelementosdoconjuntoA={1,2,3,,n-1,n},nosquaisquaisquerdoisdelesnãosãoconsecutivos,considerandoagorao1eoncomoelementosconsecu-tivos.Finalmente,apresentamosedemonstramosoprincípiodeDirichletouprincípiodacasadospombosque,diferentementedoquefoifeitoatéagora,abordaumproblemadeexistênciaenãodecontagem.Apesardepossuirumenunciadobastantesimples,porafirmarque“Sen+1oumaispombossãocolocadosemncasas,entãopelomenosumacasarecebemaisdeumpom-bo.”,esseéumprincípiodamaiorimportâncianamatemática.
77ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
1.QuantossãoosanagramasdapalavraPERMUTAquedeixamexata-mente3letrasnasuaposiçãooriginal.
2.Proveque,paran ≥3,Dn=(n–1)[Dn–1+Dn–2].
3.QuantassãoaspermutaçõesdasletrasA,B,C,D,E,F,G,HeI,nes-taordem,quedeixamapenasasvogaisnosseuslugaresdeorigem?Equantassãoasquedeixamsomenteasconsoantesfixas?
4.Quantassãoaspermutaçõesdosnúmeros1,2,3,4,5,6,7,8e9,nestaordem,demodoqueosnúmerosímparesnãofiquememsuasposiçõesoriginais?Eemquantasosnúmerosparesnãoficamnassuasposi-çõesoriginais?
5.Doisprofessoresparticulares,umdematemáticaeoutrodefísica,re-solvemjuntar5alunosemcomumparadaraulaemumúnicodia,nohoráriodas7horasàs12horas.Cadaumdoscincoalunosteráaulade1horacomcadaumdosprofessores.Dequantasmaneirasdistintasépossívelfazeraagendadecadaumdeles?
6.Resolvido.Mostrequeemumconjuntocom8númerosinteirossemprehádoisdelescujadiferençaéuminteiromúltiplode7.
Solução.Sejama1,a2,a3,a4,a5,a6,a7ea8osoitointeiros.Quandodividi-mos(divisãoeuclidiana)umnúmerointeiropor7,osretospossíveissão0,1,2,3,4,5e6.Assim,comotemos8númerose7restospossíveis,aodividirmoscadaumdessesnúmerospor7,pelomenos2delesdeixa-rãoomesmoresto.Digamosque,apósumareordenaçãoseforocaso,osnúmerosa1ea2sejamdoisdosquedeixamomesmorestoquandodivididospor7.
Assimteremosa1=7q1+rea2=7q2+re,portanto,a1–a2=7(q1–q2)éumadiferençaqueéummúltiplode7.
7.Qualonúmeromínimodepessoasquedevehaveremumgrupoparaquepossamosgarantirquenelehápelomenos7pessoasquenasceramnomesmomês.
8.Considereumquadradodelado2etomemosnasuperfíciedestequadra-do5pontosdistintos.Mostrequehá2dessespontostaisqueadistânciaentreelesémenordoqueouigualado5pontosdistintos.Mostrequehá2dessespontostaisqueadistância
.
9.Mostrequeemumareuniãode5pessoashásempre2comomesmonúmerodeconhecidos.Eseforem6pessoas,oresultadoaindavale?
10.Resolvido.Mostre que se S é um subconjunto qualquer, contendo 7elementos,deA={1,2,…,10,11,12},entãoSpossuidoissubconjuntoscujasomadoselementoséamesma.
Solução.DentretodosossubconjuntosdeA,comseteelementos,aquelecujasomadoselementoséamaiorpossíveléosubconjuntoS={6,7,8,9,10,11,12},cujasomadoselementosé63.Assim,paratodosubcon-juntonãovaziodeA,comnomáximo7elementos,asomadosseusele-mentosvariade1a63.DadoumsubconjuntoS1deA,com7elementos,
78 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
S1possuiexatamente127(=27–1)subconjuntosnãovazios,cujassomasdoselementosvariamde1a63.PeloprincípiodasgavetasdeDirichlet,devemexistirpelomenosdoissubconjuntosdeS1comamesmasomadoselementos.
11.Mostrarquedentre9pontosquaisquerdeumcubocom2cmdearesta,existempelosmenosdoiscujadistânciaentreelesémenordoqueouigualaexistempelosmenosdoiscujadistânciaentreelesémenordoqueou
.
12.Mostrequeemumareuniãonaqualestãopresentes49pessoas,pelomenos5nasceramnomesmomês.
13.OteoremadeRamseyafirmaquedadoqualquerconjuntodenpontosnoplano(n≥6),talquequaisquer3delesnãosãocolineares,sepintarmoscomapenasduascorestodosossegmentosligandodoisdessespontos,entãoteremosumtriângulocujosladossãodamesmacor.Proveoteo-remadeRamseyparaocasoemquen=6.
14.Umaurnacontém22bilhetesnumeradoscadaumdelescontendoumadezena.Em7deles,oalgarismodasdezenasé1;em6,oalgarismodasdezenasé2;eem9,oalgarismodasdezenasé5.Quantosbilhetesde-vemsersorteados,nomínimo,paratermoscertezadequeem5delesoalgarismodasdezenaséigual?
Texto 1: O princípio da inclusão-exclusão
Texto extraído do livro Matemática discreta, de Edward R. Schei-nerman, São Paulo: Thomson Learning Edições, 2006. p.124.
Para achar o tamanho de uma união, somamos os tamanhos dos con-juntos individuais (inclusão), subtraímos os tamanhos de todas as interseções duas a duas (exclusão), somamos os tamanhos de todas as interseções três a três (inclusão) e assim por diante.
A ideia é que, quando somamos todos os tamanhos dos conjuntos in-dividuais, somamos demais, porque alguns elementos podem estar em mais de um conjunto. Assim, para compensar, subtraímos os tamanhos das inter-seções duas a duas; mas então estamos subtraindo em demasia. Corrigimos somando os tamanhos das interseções triplas, mas isto causa um excesso, o que nos obriga a subtrair novamente. Surpreendentemente, no fi nal, tudo está perfeitamente equilibrado
Texto2: Casas de pombos
Adaptado do livro Matemática Discreta, de Lászlo Lo-vász e outros. SBM: Rio de Janeiro, 2003. pp.34-35.
Será que podemos achar em Fortaleza duas pessoas que tenham o mes-mo número de fi os de cabelo na cabeça? Poder-se-ia pensar que é impossível responder a essa pergunta, pois não sabemos sequer quantos fi os de cabelo existe na nossa própria cabeça, imagine sobre o número de fi os de cabelo na cabeça de todas as pessoas que vivem em Fortaleza, cujo número exato é por si só um tanto difícil de determinar. Mas existem alguns fatos que sabemos
A palavra “tamanho” estásendoempregadanosen-tidodenúmerodeelemen-tosdeumconjuntofinito.
79ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
com segurança: ninguém tem mais de 500.000 fi os de cabelo (uma observa-ção científi ca) e há aproximadamente 2.470.000 habitantes em Fortaleza. Po-demos agora responder nossa pergunta original? O que você acha? A resposta é sim. E isso pode ser visto com o seguinte argumento: Se não houvesse duas pessoas com o mesmo número de fi os de cabelo, então haveria no máximo uma pessoa careca, ou seja, com zero fi os de cabelo, no máximo uma pessoa com exatamente 1 fi o de cabelo; no máximo uma pessoa com exatamente 2 fi os de cabelo, e assim por diante, até, no máximo, uma pessoa com exata-mente 500.000 fi os de cabelo. Mas, então, isso signifi caria que em Fortale-za existiriam, no máximo, 500.001 habitantes. Como em Fortaleza existem 2.470.000 habitantes aproximadamente e como esse número é maior do que 500.000, deve haver duas pessoas com o mesmo número de fi os de cabelo. Esse fato é decorrente do princípio da casa dos pombos, um resultado com um enunciado simples e, aparentemente óbvio, mas que é de grande importância na matemática, tanto assim que frequentemente ele é utilizado como ferra-menta básica de muitas provas.
DANTE,LuizR.Matemática:contextoeaplicações,v.2.SãoPaulo:EditoraÁtica,2004.
DASSIE,BrunoAlves eoutros.CursodeAnáliseCombinatória eProba-bilidade: aprendendo coma resoluçãodeproblemas.Riode Janeiro:Ed.CiênciaModerna,2009.
HAZZAN, Samuel. Fundamentos de matemática elementar, v.5: AnálisecombinatóriaeProbabilidade.SãoPaulo:AtualEditora,2004.
LIMA,ElonLages eoutros.Temaseproblemas.ColeçãodoProfessordeMatemática.RiodeJaneiro:SBM,2003.
LIMA,ElonLageseoutros.Amatemáticadoensinomédio,v.2.ColeçãodoProfessordeMatemática.RiodeJaneiro:SBM,1998.
MORGADO,AugustoC.deO.eoutros.AnáliseCombinatóriaeProbabilida-de:comassoluçõesdosexercícios.ColeçãodoProfessordeMatemática.RiodeJaneiro:SBM,2006.
SANTOS,J.PlínioO.eoutros.Introduçãoàanálisecombinatória.Campi-nas:Ed.daUNICAMP,2002.
SCHEINERMAN,E.R.Matemáticadiscreta.SãoPaulo:ThomsonLearningEdições,2006.
Unidade
Objetivos:
• Apresentar a noção de experimento aleatório, fazendo a distinção entre taisexperimentoseosdeterminísticos.
• Definiredeterminarespaçosamostraisdeexperimentosaleatórios.• Definireexemplificareventosdeexperimentosaleatórios.• Operarcomeventosdeexperimentosaleatórios.• Definireexemplificareventosmutuamenteexcludentes.• Definireeventoscomplementares.
Noções Preliminares e Operações entre Eventos
5
83ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
1. IntroduçãoNestaUnidadeintroduziremososconceitosdeexperimentosaleatórios
eexperimentosdeterminísticosapartirdeumexemplopara,emseguida,definiredeterminarespaçosamostraisdealgunsexperimentosaleatórios.ApresentaremosadefiniçãodeeventodeumespaçoamostralWcomoqual-quersubconjuntodeWeoperaremoscomeventos,obtendooutroseventos:união,interseçãoeoeventocomplementar.FinalizaremosaUnidadecomanoçãodeeventoscomplementares.
2. Experimentos: aleatórios versus determinísti cosQuandosoltamosumamoedadeumaalturade80centímetros,temos
algumascertezasealgumaspossibilidades.Dentreascertezastemosadequesuatrajetóriadescreveráummovimentoverticalatéatingirosoloeadequeelaatingiráosolocomumavelocidadeaproximadade4m/s2.Alémdisso,temosacertezadequeveremosnafacesuperioroucaraoucoroa.
Dafísicatemosque,nestascondições,valeaigualdade ,ondeMéamassadamoeda,géaaceleraçãodagravidade,quepodeserconside-radasendode10m/s2,héaalturadaqualamoedaélargada,quenestecasoéde0,80metros,evéavelocidadedamoedaemmetrosporsegundo.Substituindoosvaloresdadosnestafórmula,encontraremosv=4m/s.
Entreasváriaspossibilidades,temosadequeépossível,masnãoécerto,quedêcara;épossívelquevocêrepitaoexperimento,etc.
Experimentos determinísti cos ou aleatórios.
Experimentoscomo (1)soltar uma moeda de certa altura e observar sua trajetóriae(2) soltar uma moeda de certa altura e anotar sua velocidade ao tocar o solosãoditosexperimentosdeterminísticos,poisseusresulta-dospodemserdeterminadosantesmesmodeseremrealizados.Enquanto,experimentoscomo(3)soltar uma moeda de certa altura e observar sua face superior; (4) lançar um dado e observar sua face superior; (5)retirar uma bola de uma urna que contém três bolas pretas e cinco bolas vermelhas e observar a cor da bola sãoditosexperimentosaleatórios,poisseusresul-tados,apesardeprevisíveis,sópodemserdeterminadoscomarealizaçãodoexperimento.Paracadarealizaçãodoexperimentopodemosobterresul-tadosdiferentes,poisnestesexperimentostemosaparticipaçãodoacaso.
Maisprecisamente,temosadefiniçãoquesegue.• Experimentos aleatórios. Experimentos aleatórios são aquelescujosresultados,apesardeprevisíveis,sópodemserdeterminados
84 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
comarealizaçãodoexperimento.Paracadarealizaçãodoexperi-mento,nasmesmascondições,podemosobterresultadosdiferen-tes,poistemosaparticipaçãodoacaso.
Exemplo5.2.01.Sãoexemplosdeexperimentosaleatórios: (1) lançarsi-multaneamentedoisdadoseobservarasomadosnúmerosnasfacessupe-riores;(2)emumaproduçãodelâmpadas,aretiradadeumalâmpadadecadaloteparaobservarseelaéounãodefeituosa;(3)emumafesta,anotarosexodecadaconvidadoquechega;(4)efetuarlançamentossucessivosdeumamoedanormalatéqueseconsigacarapelaprimeiravez;(5)jogarumdadodeseisfaces,sendoumaverde,duasamarelasetrêsvermelhas,paracimaeobservaracordafacesuperior;(6)deumlotede30peçasperfeitase5defeituosas,retirar10delasaoacasoeobservaronúmerodepeçascomdefeito;(7)injetarumadosedecertomedicamentoemumapessoaeobser-varotempoqueapessoalevaparamelhorar(deumafebre,porexemplo).Exemplo 5.2.02.São exemplos de experimentos determinísticos: (1) deumaurnacontendo10bolasazuis,retirarumadelaseobservaracor;(2)lançarumamoedacomduascarasouduascoroaseobservarafacesupe-rior;deixaráguafervera100ºCeobservarseelaentraemebulição.
3. Espaço amostral associado a um experimento aleatório
No lançamentodeumdadodeseis faces,numeradasde1a6,ospossíveisresultadosnafacesuperiorsão1,2,3,4,5e6.Dizemos,porisso,queoconjuntoW={1,2,3,4,5,6}éumespaçoamostralassociadoaesseexperimento.
Maisprecisamentetemosadefiniçãoseguinte.
Espaço amostral.
Um espaço amostral associado a um experimento aleatório é umconjuntodetodosospossíveisresultadosparaesseexperimento.
Oespaçoamostralassociadoaumexperimentoaleatórioserádeno-tadopelaletragregaΩ(omega).NotequeΩpodeserfinitoouinfinito.Nocasodeeleserfinito,onúmerodeelementosdeΩseráindicadoporn(Ω)etambémseráchamadodecardinalidadedeΩ.Nocasodeeleserinfinito,podeserdiscretoounão.Exemplo 5.3.01. Para o experimento aleatório E: lançar uma moedaumavezeobservarsuafacesuperior,umespaçoamostraléoconjuntoΩ={cara,coroa}.Exemplo5.3.02.Nolançamentosimultâneodeduasmoedas,ospossíveisresultadossãoKK,KC,CKeCC,emquealetraCsignificacaraealetraKsignificacoroa.Assim,KKsignifica“coroanoprimeiroenosegundolança-mentos”,enquantoKCsignifica“coroanoprimeiroecaranosegundolança-mentos”.Oespaçoamostralparaesseexperimentoé,portanto,oconjuntoΩ={KK,KC,CK,CC}.Exemplo5.3.03.Osdoisexemplosanterioresforamdeespaçosamostraisfinitos.Veremosagoraumexperimentocomespaçoamostralinfinito.SejaEoexperimentoqueconsisteemlançar uma moeda para cima até que se obtenha cara.O espaço amostral deste experimento aleatório éΩ ={C,KC,KKC,KKKC,KKC,…},poispodemosobservar“cara”(C)jánopri-meirolançamento,ounosegundolançamento(KC),ounoterceirolança-
85ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
mento(KKC),eassimpordiante.EsseespaçoamostraltambémpodeserrepresentadopeloconjuntoW={0,1,2,3,4,…},emquecadaelementorepresentaonúmerodevezesquedeucoroaantesdedaraprimeiracara.Exemplo5.3.04.Sedeumaurnacontendo3bolasazuis,2brancase3pretasretirarmosumabolaeobservarmosacor, temosumexperimentoaleatóriocujoespaçoamostraléΩ={azul,branca,preta}.
Restringiremosnossoestudoaosexperimentosaleatórioscujosespa-çosamostraissãofinitos,maisprecisamenteàquelesexperimentocujocon-juntoΩéumconjuntonão-vaziocomumaquantidadefinitadeelementos.
Eventos associados a um experimento aleatório.
Definindo o espaço amostral associado a um experimento aleatóriocomoum conjuntoΩ, podemos definir um evento desse espaço amostralcomoumsubconjuntodeΩ.Porexemplo,paraoexperimentoaleatórioE: lançar um dado e observar sua face superiortemosoconjuntoΩ={1,2,3,4,5,6}comoumespaçoamostralassociadoaE.OsubconjuntodeΩdadoporA={2,4,6}podeserpensadocomooeventoA:o número observado foi um número par.OconjuntoB={1,2}podeserassociadoaoeventoB:o número observado foi um número menor do que 3.
Deformamaisprecisatemosadefiniçãoseguinte.Evento.SejaΩumespaçoamostralassociadoaoexperimentoaleató-
rioE.UmeventodesseexperimentoéqualquersubconjuntodeΩ.Eventoimpossíveléumeventoquenuncaocorre.Observar
umabolavermelharetiradadeumaurnaquecontémsomentebolaspretasebolasbrancaséumeventoimpossível.
Comooconjuntovazioeopróprioconjuntosãosubconjuntosdeumdadoconjunto,entãoelestambémsãoeventosdeumexperimentoaleatório.Oconjuntovazioéditoumeventoimpossível,enquantooconjuntoΩéditoumeventocerto.Alémdisso,cadaelementoxdoespaçoamostralΩcons-tituiumeventodoexperimentoaleatório,asaber,oevento{x},queéditoeventosimplesouelementar.
SabemosqueseAémconjuntofinitocomnelementos,entãoApossui,exatamente,2nsubconjuntos.Assim,seΩéumconjuntofinitocomnelementos,queéumespaçoamostraldeumexpe-rimentoaleatórioE,entãoΩpossuiexatamente2neventos.Observeque,deacordocomoquefoifeitoanteriormente,quandore-
alizamosumexperimentoaleatórioedizemosqueocorreuoeventoA,que-remosdizer que o resultadodo experimento foi umdos elementosdeA.Assim,quandojogamosumdadodeseisfaces,nãoviciadoecomasfacesnumeradasde1a6,diremosqueocorreuoeventoA={1,2,3}senafacesuperiorforobservadoonúmero1ouo2ouo3.Exemplo5.3.05.DadooexperimentoaleatórioE: lançar duas moedas distinguíveis, simultaneamente, e observar a face superior,seuespa-çoamostraléoconjuntoW={CC,CK,KC,KK}emqueCrepresenta“cara”eKrepresenta“coroa”.OsubconjuntodeWdadoporA={CC,KK}podeserpensadocomooeventoA: observou-se resultados iguais.OsubconjuntoB={CK,KC,KK}podeserpensadocomooeventoB: observou-se pelo menos uma coroa. Exemplo5.3.06.Nolançamentosimultâneodedoisdadosdistinguíveisenãoviciados,oconjuntoA={(1,2),(2,1)}podeserpensadocomooeventoA: a soma dos números nas faces superiores é 3.OconjuntoB={(1,6),(2,5),(3,4),(4,3),(5,2),(6,1)}podeserpensadocomooeventoB: a soma dos
86 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
números nas faces superiores é 7.OconjuntoC={(5,1),(5,2),(5,3),(5,4),(5,5)}podeserpensadocomooeventoC: o maior número observado foi 5.
4. Operações entre eventos e eventos mutuamente excludentes
Quandoestudamososconjuntos,vimosqueépossíveldefiniralgu-masoperaçõesentreelese,comisso,obtermosnovosconjuntos.
Comooseventosdeumexperimentoaleatóriosãosubconjuntosdoes-paçoamostralassociadoaoexperimento,podemosutilizaressasoperaçõesparaobternovoseventos.
Defato,dadoumexperimentoaleatórioEcomespaçoamostralas-sociadoΩ,seAeBsãoeventosdesteexperimento,temosastrêsdefini-çõesqueseguem.
• União.OeventouniãodeAcomBéoeventoA∪BqueocorrequandooresultadodoexperimentoéumelementodeAouumelementodeB.
Assim,deacordocomadefiniçãoanterior,ocorreoeventoA∪Bquan-doocorreoeventoAouoeventoB.Exemplo5.4.01.OexperimentoaleatórioE: lançar duas moedas distin-guíveis, simultaneamente, e observar suas faces,auniãodoseventosA: observar duas carase B: observar duas coroaséoeventoA∪B: observar dois resultados iguais.Defato,oseventosAeBsão,respectivamente,A={CC}eB={KK}e,assim,oeventoA∪BédadoporA∪B={CC,KK}.
• Interseção.Oevento interseçãodeAcomBéoeventoA∩BqueocorrequandooresultadodoexperimentoéumelementodeAedeBaomesmotempo.
Deacordocomadefinição1.4.2,ocorreoeventoA∩BquandoocorremoseventosAeB,simultaneamente.
Asdefinições1.4.1e1.4.2devemseradaptadasparaocasoemqueAouBouambossãooeventoimpossível,ouseja,oconjuntovazio.
Exemplo5.4.02.NoexperimentoaleatórioE: lançar duas moedas dis-tinguíveis, simultaneamente, e observar suas faces,ainterseçãodoseventosA: observar pelo menos uma cara e B: observar pelo menos uma coroaéoeventoAÇB: observar resultados diferentes.Defato,oseventosAeBsãoA={CC,CK,KC}eB={KK,KC,CK}e,assim,oeventoA∩BédadoporA∩B={CK,KC}.
• Eventocomplementar.OeventocomplementardeAéoeventoAcqueocorrequandooresultadodoexperimentoéumelementodeΩquenãoestáemA.
Comosepercebe,oeventoAcocorresemprequenãoocorreoeventoA.Comoainterseçãodedoisconjuntospodeseroconjuntovazio,pode
acontecerdeoeventointerseçãodeAcomBseroeventoimpossível.Nestecaso,diremosqueAeBsãomutuamenteexcludentes. IstosignificaqueseocorreroeventoAnãopodeocorreroeventoBevice-versa,ouseja,seocorrerBnãopodeocorrerA.
Maisprecisamentetemosadefiniçãoquesegue.• Eventosmutuamenteexcludentes.DizemosqueoseventosAeBdeumexperimentoaleatórioEsãomutuamenteexcludentesseA∩B=∅.
87ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Exemplo5.4.03.NoexperimentoaleatórioE: lançar um dado e observar o número na face superior,oseventosA: observar um número maior do que 5 eB: observar um número ímparsãoexcludentes.Defato,temosqueA={6}eB={1,3,5}e,assim,oeventoA∩Béoconjunto∅.
OsconjuntosA={1,2}eB={1,2,3,4}sãoeventosdoexperimentoaleatórioqueconsisteemlançarumdadoeobservaronúmeronafacesu-perior,cujoespaçoamostralassociadoéoconjuntoΩ={1,2,3,4,5,6}.Noteque,deacordocomateoriadosconjuntos,AestácontidoemB,umavezquetodoelementodeAétambémelementodeB.Nalinguagemdapro-babilidadedizemosqueoeventoAimplicanoeventoB.
Maisprecisamente,seEéumexperimentoaleatóriocomespaçoamos-tralassociadoΩeAeBsãoeventosdeE,ambosnãoimpossíveis,temosadefiniçãoquesegue.
• Inclusãodeeventos.DizemosqueoeventoAimplicaoeventoBeescrevemosA⊂BsetodoelementodeAé,também,elementodeB.
NotequedizerqueoeventoA implicaoeventoBquerdizerqueseocorreroeventoAentão,comcerteza,ocorreráoeventoB.
Propriedades das operações entre eventos.
As operações entre eventospossuemasmesmaspropriedadesdasoperaçõesentreconjuntos.Éoqueafirmamosnasproposiçõesseguintes,cujasdemonstraçõesnãoserãofeitasaqui.
• Proposição5.4.01.SeA,BeCsãoeventosdeumexperimentoale-atórioE,entãovaleoseguinte:
1.(A∪B)c=Ac∩Bc
2.(A∩B)c=Ac∪Bc.• Proposição5.4.02.SeA,BeCsãoeventosdeumexperimentoale-atórioE,entãovaleoseguinte:
1.(A∪B)∩C=(A∩C)∪(B∩C)2.(A∩B)∪C=(A∪C)Ç(B∪C).
Asdefiniçõesdeuniãoeinterseçãodeeventosdeespaçosamostraisassociadosaexperimentosaleatóriospodemserestendidasparaumaquan-tidadeenumeráveldeeventos,comoveremosnasduasdefiniçõesaseguir.
• Uniãoenumeráveldeeventos.DadososeventosA1,A2,A3,oeven-
touniãodosAi,i=1,2,3,éoeventoU∞
=1iiA queocorrequandooresul-
tadodoexperimentoéumelementodealgumdosAi.• Interseçãoenumeráveldeeventos.DadososeventosA1,A2,A3,oeventointerseçãodosAi,i=1,2,3,éoeventoI
∞
=1iiA queocorrequan-
dooresultadodoexperimentoaleatórioéumelementocomumatodososAi.
88 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Nesta Unidade iniciamos o estudo da Probabilidade introduzindoos conceitos básicos de experimentos aleatórios, em contraposição a ex-perimentosdeterminísticos.Introduzimostambémosconceitosdeespaçoamostralassociadoaumexperimentoaleatórioedeeventos.Aproveitandoparaconceituareventossimplesouelementares.Aprendemosaoperarcomeventos,determinandooeventounião,oeventointerseçãoeocomplemen-tardeumeventoemrelaçãoaoespaçoamostral.Vimosqueauniãoeainterseçãodeeventospodemserrealizadascomquantidadesfinitasoucomquantidades infinitasenumeráveisdeeventos.Definimoseventosmutua-menteexcludentescomoaquelescujainterseçãoéoeventoimpossível,ouseja,oconjuntovazio.
1.Resolvido.Umaurnacontémumabolavermelhaetrêsbolaspretas.DetermineoespaçoamostraldoexperimentoaleatórioE: retirar uma bola e observar sua cor.DefinaoseventosA: retirar bola vermelha,B: retirar bola azul,C: retirar bola vermelha ou azuleD: retirar bola ver-melha ou preta.
Solução01.Sabemosqueaurnacontémbolasvermelhas(V)ebolaspretas(P).Assim,paraoexperimentoaleatórioE: retirar uma bola e ob-servar sua cor,oespaçoamostraléoconjuntoΩ={V,P}.OseventosA,B,CeDsãodadosporA={V};B=∅,poisnãoexistebolaazulnaurna;C={V}eD={V,P}=Ω.
Solução02.Paradeixarclaroquenaurnaexistemquatrobolas,sendo1vermelhae3pretas,podemospensaroespaçoamostraldoexperimen-toaleatórioE: retirar uma bola e observar sua corcomosendooconjuntoΩ={V,P1,P2,P3},emqueVrepresentaabolavermelhaePi(i=1,2,3)representacadaumadasbolaspretas.Nestascondições,oseventosA,B,CeDsãodadosporA={V};B=∅,poisnãoexistebolaazulnaurna;C={V}eD={V,P1,P2,P3},ouseja,D=Ω.
2.Resolvido.Aogirarmosaroletaaolado,determineoespaçoamostraleoseventosA: ocorrência de número pareB: ocorrência de número primo.
Solução 01.Ao girarmos a roleta do problema, ospossíveis valores obtidos são dados pelo conjuntoΩ={1,2,3,4,5}.OeventoAéoconjunto{2,4}eoeventoBéoconjunto{2,3,5}.
Solução02.Paradeixarmos explicitadoque existemdoisnúmeros2etrêsnúmeros3esomenteumnúmero1,um4eum5,poderíamosescreveroespaçoamostralcomoΩ={1,21,22,31,32,33,4,5}.Nes-tecasoteríamosoeventoAdadopor{21,22,4}eoeventoBdadopor{21,22,31,32,33,5}.Essarepresentaçãoéinteressantequandoestiver-
89ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
mosestudandoaprobabilidadedeumevento.
3. Dê exemplo de dois experimentos aleatórios e de dois experimentosdeterminísticos.
4.Umtetraedroregularéumapirâmidedequatrofacestriangularescon-gruentes.Nolançamentodeumtetraedro,cujasfacesestãonumeradasde1a4,considera-sequesaiuonúmero“x”seafacecomonúmero“x”estáviradaparaochãoouamesa,apósolançamento.Considereoexperimentoaleatóriodadopelolançamentodeumtetraedro.DefinaseuespaçoamostraleoseventosA: ocorrência de um múltiplo de 3,B: ocorrência de um número menor do que ou igual a 3,C: ocorrência de um número maior do que 4eD: ocorrência de um número menor do que 5.
5.Umafamíliatemexatamentetrêscriançasdeidadesdiferentes.Deno-tandoporMosfilhosdosexomasculinoeporFosdosexofeminino,determineasváriaspossibilidadesparaoexperimentoaleatórioE: ob-servar a sequência dos filhos, do mais novo para o mais velho.DetermineoseventosA: todas as crianças são do mesmo sexoeB: duas crianças são meninas ou exatamente duas são meninos.
6.Nolançamentosimultâneodeumamoedaeumdado,determineoespa-çoamostraleoseventosA: dar cara e um número pareB: dar coroa e um número maior do que ou igual a 5.
7.Umaurnacontém5bolasbrancase3bolaspretas.Umabolaéretiradaaoacaso,semreposição,atéquesurjaumabolapreta.Determineoes-paçoamostraldesseexperimentoaleatório.DetermineoeventoA: foram retiradas no máximo duas bolas brancas.Escolhadoisoutroseventosedetermine-os.
8.Umacartaéescolhidadeumbaralhocomumde52cartaseobserva-seseunaipe.Determineoespaçoamostral.DetermineoeventoA: a carta escolhida foi de copas ou de ouro.
9.Deumacaixacontendo3lâmpadasdefeituosase7lâmpadasperfeitas,sãoescolhidas4lâmpadaseobserva-seonúmerodepeçasdefeituosas.Determineoespaçoamostral.DetermineoseventosA: exatamente duas lâmpadas são defeituosas,B: são defeituosas duas ou três lâmpadaseC: são defeituosas menos de três lâmpadas.
10.Resolvido.Dentretodososnúmerosdetrêsalgarismosquepodemserobtidospelapermutaçãodosalgarismos1,2e3,sorteia-seum.OeventoC: o número sorteado é múltiplo de 2 ou de 3 éauniãoentreoseventosA: o número sorteado é múltiplo de 2eB: o número sorteado é múltiplo de 3.Assim,C=A∪B.OeventoD:onúmerosorteadoémúltiplode2ede3éoeventointerseçãodeAcomBe,portanto,D=A∩B.
11.Resolvido.Nolançamentodeumdadoduasvezes,oeventoocorreonú-mero5noprimeirolançamentoeasomadosdoisnúmerosobtidosé9éainterseçãoentreoseventosC: ocorre o número 5 no primeiro lançamen-to e B: a soma dos dois números obtidos é 9.Oumelhor,éainterseçãoentreoseventosA={(5,1),(5,2),(5,3),(5,4),(5,5),(5,6)}eB={(3,6),(4,5),(5,4),(6,3)}.Assim,C=A∩B={(5,4)}.
12.EscolhaumexperimentoaleatórioEeeventosA,BeCdeE,nãoimpos-síveis,everifiqueositensaebdaproposição5.4.01.
13.EscolhaumexperimentoaleatórioEeeventosA,BeCdeE,nãoimpos-síveis,everifiqueositensaebdaproposição5.4.02.
90 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
14.EscolhaumexperimentoaleatórioEeeventosAeBdeE,nãoimpossí-veis,equesejammutuamenteexcludentes.
15.Nolançamentodeduasmoedasdistinguíveis,determineoeventocom-plementardoeventoA: observar pelo menos uma caraedoeventoB:nãoobservarcara.
16.Definaeventosmutuamenteexcludentes.
17.Umaurnacontém20bolasiguais,numeradasde1a20.Umabolaére-tiradaaoacasoeseunúmeroéobservado.Determineoespaçoamostralassociadoaesseexperimentoeexpliciteporenumeraçãodoselementos,osseguinteseventos:(a)A:onúmeroobservadoépar;(b)B:onúmeroobservadoéprimo;(c)C:onúmeroobservadoémenordoqueouiguala20;(d)onúmeroobservadoémaiordoque20;(e)E:onúmeroobservadoémúltiplode6oude7;(f)F:onúmeroobservadoéparemúltiplode3;(g)G:onúmeroobservadonãoémúltiplode5.
Texto 1: Um pouco de história
Texto extraído do livro Análise combinatória e probabilida-de, de Augusto Cesar Morgado e outros, Coleção do Professor de
Matemática. SBM: Rio de Janeiro, 2006. pp.6-7. Adaptado.
Diz-se geralmente que a teoria das probabilidades originou-se com Blai-se Pascal e Pierre de Fermat devido à curiosidade do Chevalier de Méré, jo-gador apaixonado, que em cartas discutiu com Pascal problemas relativos à probabilidade de ganhar em certo jogo de cartas. Despertado seu interesse pelo assunto, Pascal correspondeu-se com Fermat sobre o que hoje chamarí-amos de probabilidades fi nitas.
Mas em verdade a teoria elementar das probabilidades já tinha sido objeto de atenção bem antes. Levando em conta o fascínio que os jogos de azar sempre exerceram sobre os homens, estimulando-os a achar maneiras seguras de ganhar, não é de se espantar que muito cedo problemas relativos a jogos de cartas ou de dados tenham atraído a atenção de pessoas...
A primeira obra conhecida em que se estudam as probabilidades é o livro De Ludo Aleae (Sobre os jogos de Azar), de Jerônimo Cardano, publicado em 1663. É possível que o interesse de Cardano pelo assunto se deva a sua paixão pelos jogos de azar Uma tradução para o inglês moderno do livro de Cardano encontra-se no livro Cardano, the Gambling Scholar, Oysten Ore.
Na parte dedicada à probabilidade Cardano mostra, entre outras coisas, de quantas maneiras podemos obter um número, lançando dois dados. Assim, por exemplo, 10 pode ser obtido de 3 maneiras: 5 em cada dado, 6 no primeiro e 4 no segundo, e 4 no primeiro e 6 no segundo.
Além de Cardano, Johannes Kepler fez algumas observações sobre pro-babilidades, em um livro publicado em 1606, no qual estuda as diferentes opiniões sobre o aparecimento de uma estrela brilhante, em 1604.
Também Galileu preocupou-se com as probabilidades, estudando os jo-gos de dados, para responder à pergunta de um amigo: Com três dados, o número 9 e o número 10 podem ser obtidos de seis maneiras distintas, cada
91ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
um deles. No entanto, a experiência mostra que 10 é obtido mais frequen-temente do que 9. Como explicar isso. Galileu estudou cuidadosamente as probabilidades envolvidas e mostrou, corretamente, que, de 216 casos possí-veis, 27 são favoráveis ao aparecimento do número 10 e 25 são favoráveis ao aparecimento do número 9.
Malgrado investigações destes precursores, a Teoria das Probabili-dades só começa a se desenvolver a partir dos trabalhos de Pascal, que aplicou seu estudo com o triângulo aritmético que leva seu nome ao estudo dos jogos de cartas.
HARIKI,SeijieONAGA,DulceS.Cursodematemática,vol.3.Ed.Harper&Row.SãoPaulo:1981.
DANTE,LuizR.Matemática:contexto&aplicações,vol.2.Ed.Ática.SãoPaulo:2004.
DOLCE,Osvaldo, IEZZI,G. e outros. Tópicos dematemática, vol. 2.Ed.Atual.SãoPaulo:1980.
HAZZAN,Samuel.Fundamentosdematemáticaelementar:combinatóriaeprobabilidade,vol.5.Ed.Atual.SãoPaulo:2004.
BOYER,C.B.Históriadamatemática.Trad.ElzaF.Gomide.Ed.EdgardBlücher.SãoPaulo:1976.
DANTAS,C.A.B.Probabilidade:umcursointrodutório.Edusp.SãoPaulo:2008.
MORGADO,A.C.O.eoutros.AnálisecombinatóriaeProbabilidade.Cole-çãodoProfessordeMatemática.SBM.RiodeJaneiro:2006.
Unidade
Objetivos:
• Apresentar as definições de probabilidade, distinguindo entre a clássica, afrequentistaeaaxiomática.
• Enunciar e demonstrar as principais propriedades da probabilidade, de acordocomadefiniçãoclássica.
• Utilizaraspropriedadesdaprobabilidadenaresoluçãodeproblemas.• Definireexemplificaraprobabilidadecondicional.• Definireexemplificareventosindependentes.• Enunciaredemonstraroteoremadaprobabilidadetotal.• Definireexemplificaradistribuiçãobinomialdeprobabilidade.
Definições de Probabilidade e Principais Resultados
6
95ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
1. IntroduçãoAprobabilidadedeumeventoéamedidadachancedesseeventoocor-
rer.Porexemplo,noexperimentoE: lançamento de uma moeda honesta,oeventoA: observar cara na face superiorocorrecomprobabilidade1/2,ouseja,achancedeocorrercaraéde1em2resultadospossíveis.Defato,quandolançamosumamoedahonesta,podemosobservarcaraoucoroanafacesuperior.Assimobservarcaraéumdosdoisresultadospossíveis.Nes-taunidadeapresentaremostrêsdefiniçõesdeprobabilidade—aclássica,afrequentistaeaaxiomática—todaspossuindoasmesmaspropriedades,intrínsecasàdefinição,quesãoapresentadasedemonstradas.Definiremosprobabilidadecondicional,exemplificandoeapresentandosuasproprieda-deseprincipaisresultados,comooteoremadaprobabilidadetotaleote-oremadeBayes,aproveitandoesteconceitoparadefinirmoseventosinde-pendentes.Porfim,estudaremosadistribuiçãobinomialdeprobabilidadecomoomodelo probabilístico adotadoparaumexperimento aleatórionoqualestamosinteressadosnaocorrênciadeumeventoespecífico.
2. Definições de ProbabilidadeComodissemosanteriormente,nãosepodepreverdeantemãoore-
sultadodeumexperimentoaleatório.Entretanto,sabemosquealgunsre-sultados sãomais fáceis de ocorrer do que outros. Por exemplo, quandolançamosumamoedaeobservamossuafacesuperior,osúnicosresulta-dospossíveissãocaraecoroa,quedenotaremos,respectivamente,porCeK.Assim,oespaçoamostralnolançamentodeumamoedaéW={C,K}e,seamoedaforperfeita,acreditamosquequalquerumadasfacespodeocorrercomamesmachance.Jánolançamentodeumdadocujasfacesencontram-senumeradascomosnúmeros1,2,4,8,16e32,pareceóbvioqueachancedeocorrernafacesuperiorumnúmeroparémaiordoqueadeseobterumnúmeroímpar.Éessachancequedesejamosmensurar.AmedidadachancedeumeventoAocorreréchamadaprobabilidadedeAeserádenotadaporp(A).
Definição clássica de probabilidade.
Nolançamentodeumamoedaperfeita,ospossíveisvaloressãoC(cara)ouK(coroa),amboscomamesmachancedeocorrer.Assim,nolançamentodeumamoedaperfeita,oeventoA: observar cara representa1dos2possíveisvalorese,portanto,érazoávelquedigamosqueaprobabilidadedeAéiguala1resultadofavorávelem2resultadospossíveis,ouseja,1/2.Demaneirasemelhante,aprobabilidadedoeventoB: observar coroa éiguala1/2.
96 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Nolançamentodeumdadonormal,ospossíveisvaloressão1,2,3,4,5e6,todoscomamesmachancedeocorrer.Assim,nolançamentodeumdadonormal,cadaeventosimplesrepresentaumdosseispossíveisresul-tadose,portanto,comonocasodasmoedas,érazoávelquedigamosqueaprobabilidadedoeventoA={1}éiguala1/6,ouseja,1resultadofavo-rávelem6resultadospossíveis;adoeventoB={2}éiguala1/6;omesmovalendoparaosdemaiseventoselementares.JáaprobabilidadedoeventoC={2,4,6}deveser3/6,poisCpossui3dos6resultadospossíveis.Alémdisso,3/6=1/2,significandoqueCpossuimetadedosresultadospossíveis.
Quandoemumexperimentoaleatóriocomespaçoamostralfinitoto-dososeventoselementarestêmamesmachancedeocorrer,dizemosqueoespaçoamostraléequiprovável.Assim,osexperimentosaleatóriosE1: lan-çar uma moeda e observar a face superioreE2: lançar um dado e observar a face superior possuemespaçosequiprováveis.
Oquefizemosatéagorasugereadefiniçãoquesegue.• Probabilidadedeumevento.Emumespaçoamostralequiprová-velΩ,aprobabilidadedeocorrerumeventoAéindicadaporp(A)edefinidacomop(A)=n(A)/n(Ω),emquen(A)significaonúmerodeelementosdoeventoAen(Ω)significaonúmerodeelementosdoespaçoamostralW.
Assim,onúmerop(A)medeachancedeocorreroeventoA.Emgeral,oconjuntoWéditoconjuntodosresultadospossíveisoudos
casospossíveiseoconjuntoAéditoconjuntodosresultadosfavoráveisoudoscasosfavoráveis.Assim,podemosredefiniraprobabilidadedeocorreroeventoAcomo
Exemplo6.2.01.Aprobabilidadedeocorrerumnúmeroprimoímparno
lançamentodeumdadohonestoé 62ou 3
1.Defato,temosqueW={1,2,3,
4,5,6}eoeventoA: observar número primo ímparcorrespondeaoconjunto
A={3,5}.Assim,p(A)= )(n)A(n
W= 6
2 e,portanto,p(A)= 31 .
Exemplo6.2.02.No lançamento simultâneodedois tetraedrosperfeitosdistinguíveis,aprobabilidadedeseobternúmerosiguaisé1/4.Defato,te-mosqueoespaçoamostraldesteexperimentoaleatórioéoconjuntoW={(1,1),(1,2),(1,3),(1,4),(2,1),(2,2),(2,3),(2,4),(3,1),(3,2),(3,3),(3,4),(4,1),(4,2),(4,3),(4,4)}.
OeventoA: observar números iguaiséoconjuntodadoporA={(1,1),(2,2),(3,3),(4,4)}.
Assim,p(A)=
Propriedades da probabilidade.
Deacordocomadefinição,aprobabilidadedeumeventoAdeumes-paçoamostralfinitoeequiprovávelWpossuiaspropriedadesqueseguem.
• Propriedade6.2.1.SeA=∅,entãop(A)=0.
97ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Prova
Defato,seA=∅,entãon(A)=0e,consequentemente,
p(A)=)()(
WnAn
= )(
0Wn =0.
• Propriedade6.2.2.SeA=Ω,entãop(A)=1.ProvaDefato,seA=W,entãop(A)= )(
)(WW
nn
=1.
• Propriedade6.2.3.Paracadax∈Ω,p(x)=p({x})=)(Wn
1 .ProvaDeixadaparaoleitor.
• Propriedade6.2.4.SeAeBsãoeventostaisqueA∩B=∅,entãop(A∪B)=p(A)+p(B).
Prova
ComoA∩B=∩,temosquen(A∪B)=n(A)+n(B).Assim,
p(A∪B)=)(
)(W∪
nBAn =
)()()(
W+
nBnAn =
)()(
WnAn +
)()(
WnBn =p(A)+p(B).
Apropriedadeaseguirgeneralizaapropriedadeanterior.
• Propriedade6.2.5.SeAeBsãoeventosquaisquer,entãop(A∪B)=p(A)+p(B)–p(A∩B).Prova
Temosquen(A∪B)=n(A)+n(B)–n(A∩B)eassim,
p(A∪B)=)(
)(W∪
nBAn =
)()()()(
W∩-+
nBAnBnAn
= )()(
WnAn
+ )()(
WnBn
– )()(
W∩
nBAn
= p(A)+p(B)–p(A∪B).
EfinalmentetemosaPropriedade6.2.6querelacionaaprobabilidadedeumeventocomadeseucomplementar.
• Propriedade2.2.6.SejaAcoeventocomplementardeA.Temosquep(Ac)=1–p(A).
ProvaDefato,temosqueΩ=A∪Ac.Assim, 1 = p(Ω) = p(A∪Ac) = p(A) + p(Ac).Donde se conclui que
p(Ac)=1–p(A).
Exemplo6.2.03.Nolançamentodeduasmoedasdistinguíveis,temosqueo espaço amostral éW = { CC,CK, KC, KK }. A probabilidade do eventoA: observar pelo menos uma caraép(A)=3/4.AprobabilidadedoeventoAc: observar zero caraé
p(Ac)=1–p(A)=1–43=
41.
98 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Exemplo 6.2.04. Um número inteiro é escolhido aleatoriamente entre os números de 1 a 10. A probabilidade de o número escolhido ser múlti plo de 6 ou de 9 é 1/5. De fato, os eventos A: o número escolhido é múlti plo de 6 e B: o número escolhido é múlti plo de 9 são dados pelos conjuntos A = { 6, 12, 18 } e B = { 9, 18 }. Os eventos A∪B e A ∩ B são os con-juntos A∪B = { 6, 9, 12, 18 } e A ∩ B = { 18 }. Temos que n(A∪B) = 4 = n(A) + n(B) – n(A ∩ B) = 3 + 2 – 1 = 4, e, portanto, p(A∪B) = p(A) + p(B) – p(A ∩ B).
Exemplo 6.2.05. No experimento aleatório anterior, a probabilidade de o número esco-
lhido ser múlti plo de 10 ou de 11 é 3/10, pois os eventos C: o número escolhido é múlti plo
de 10 e D: o número escolhido é múlti plo de 11 são mutuamente excludentes. Assim,
p(A∪B) = p(A) + p(B) =
Defi nição frequenti sta de probabilidade.
Suponhaquetenhamosumamoedaenãosaibamosseelaéounãoviciada,ouseja,seelaéounãoumamoedacomprobabilidadesdiferentesparaoeventoA: observar caraeoeventoB: observar coroa.Qualseriaumaboaestratégiaparadescobrirseamoedaéounãohonesta?
Vocêresolvefazer10lançamentos,observareanotarosresultados.
Lançamentos Cara Coroa
10 7 3
Apósosdezprimeiroslançamentos,qualéasuaopinião,amoedaéperfeitaounão?
Éclaroquecomumaquantidade tãopequenade lançamentosnão
épossíveldecidirseamoedaéperfeitaounão.Oquepodemosafirmaré
que,nosdezlançamentos,afrequênciadoevento“cara”foi7,enquantoa
freqüênciadoevento“coroa”foitrêsequesecontinuarmoscomaexperiên-
ciaeoresultadosemantiverentãopodemosdizerquep(C),aprobabilidade
doeventocara,deveser (afinal,foram7resultadosem10)equep(K),a
probabilidadedoevento“coroa”,deveser .
Como se percebe, definimos as probabilidades dos eventos “cara”e“coroa”comoafreqüênciarelativadecadaumdesseseventosnosdezlançamentos.
Suponha que apósmais 10 lançamentos, tenhamos os seguintesresultados:
Lançamentos Cara Coroa
10 7 3
10 6 4
Total 20 13 7
Eagora,amoedaéperfeitaounão?
99ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Éclaroquenuncapoderemosrespondercomcerteza,apartirdeexpe-rimentos,seamoedaéounãoperfeita.Masdepoisdemuitoslançamentos,épossívelqueconsigamosdefinir,comcertaprecisão,aprobabilidadedeumeventoocorrer.Essadefiniçãodeprobabilidadeéditadefiniçãofrequentista.
Éimportantemencionarmosqueafreqüênciarelativadoevento{ai}tendeaseestabilizaremumcertovalor,apósumnúmerosuficientementegrandederepetições.Estefatoéquenospermiterecorreràdefiniçãofre-quentistadeprobabilidade.
Alémdisso,afunçãofreqüênciarelativafn(ai)= ,ondenrepresen-
taonúmeroderepetiçõesdoexperimentoEen(ai)representaonúmeros
devezesqueocorreuoevento{ai},paranmuitogrande,possuiasmesmas
propriedadesdafunçãoprobabilidadedadefiniçãoclássicadeprobabilida-
de,paraeventosnãovaziosdeespaçosamostraisfinitos.
Definição axiomática de probabilidade.
Atéagoravimosaprobabilidadecomo frequência relativa (definiçãofrequentista)daocorrênciadeeventossimplesecomoquocienteentreoscasosfavoráveiseoscasospossíveis(definiçãoclássica)deumevento.Ago-ravamosdefiniraprobabilidadedemaneiraaxiomática,independentedeexperimentoconcreto.Paratanto,precisaremosdadefiniçãodefunçãodedistribuiçãodeprobabilidadeou,simplesmente,distribuiçãodeprobabili-dadequeconsisteemassociar,aoselementosdeumconjuntonãovazioW,númerosreaispositivosemenoresdoqueouiguaisa1,possuindodeter-minadaspropriedades.
Temosadefiniçãoseguinte.• Definição.SejaΩ={a1,a2,a3,…,an}umespaçoamostralfinito,istoé,umconjuntofinito,nãovazio,comnelementos.Umadistri-buiçãodeprobabilidadeéuma funçãop,queassociaacadaele-mentoai(i=1,2,…,n)umnúmerorealp(ai)queseráindicadoporpi,satisfazendo:0<pi<1,paratodoi;p1+p2+…+pn=1.
Onúmeropiéditoaprobabilidadedoeventoelementar {ai }eserárepresentadoporp({ai})ou,simplesmente,p(ai).
Para finalizarmos esta definição axiomática, basta que definamos a probabilidade de um evento qualquer de W.
Para tanto, seja W = { a1, a2, a3, …, an } um espaço amostral finito munido de uma distribuição de freqüência p, isto é, um conjunto finito, não vazio, com n elementos munido de uma distribuição de frequência.
• Definição.DadoumeventoA,definimosaprobabilidadedeA,quedenotaremosporp(A),comosegue:p(A) = 0, se A = ∅;
p(A) = ∑∈Aa
ii
)a(p .
Nestascondições,temosaspropriedadesseguintes.
100 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
• Propriedade6.2.7.SeA=∅,entãop(A)=0.ProvaOresultadoseguedadefinição.
• Propriedade6.2.8.SeA=Ω,entãop(A)=1.Prova
Defato,temosqueΩ=Ui
i }a{ e,portanto,p(W)=∑W∈ia
i )a(p =1,umavez
quepéumadistribuiçãodeprobabilidade.• Propriedade6.2.9.SeAeBsãoeventostaisqueA∩B=∅,entãop(A∪B)=p(A)+p(B).
ProvaTemosque
p(A∪B)=p( UUBb
iAa
iii
ba∈∈
∪ )()}{( )=∑∈Aa
ii
ap )( +∑∈Bb
ii
bp )( =p(A)+p(B).
• Propriedade 6.2.10. Se A e B são eventos quaisquer, entãop(A∪B)=p(A)+p(B)–p(A∩B).ProvaDeixamosparaoleitor.
• Propriedade6.2.11.SejaAc o evento complementardeA.Temosquep(Ac)=1–p(A).ProvaDeixamosparaoleitor.
3. Probabilidade condicional e eventos independentes
Oconceitodeprobabilidadecondicionaléumdosconceitosmaisim-portantesdaprobabilidadeepermitechegaràideiadeeventosindependen-tes,outroconceitodamaiorimportânciaparaaprobabilidade.Definiremosprobabilidadeapartirdeumexemploemespaçosamostraisequiprováveis.
SuponhaqueThiago eMarianaestejambrincandode jogardado ecadaumtenhaescolhidotrêsnúmerosparajogar,conformeindicadonoseventosT = { 1, 2, 3 }: Thiago ganhaeM = { 4, 5, 6 }: Mariana ganha.
Sabemos que, nestas condições, a probabilidade de Thiago ganhar
é amesma probabilidade deMariana ganhar e é igual a21, pois p(T) =
21
63
)(n)T(n
==W ep(M)= 2
163
)(n)M(n
==W
,ondeW,oconjuntodadoporW={1,2,3,
4,5,6},éoespaçoamostraldoexperimentoaleatórioE: lançar um dado e
observar sua face superior.SejamaindaoseventosA: o número observado é pareB: o número ob-
servado é ímpar.Suponhamosquesejafeitoumlançamentoesejaobservadooresultado.Consideremosasseguintesperguntas:
101ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
PERGUNTA 1: QualaprobabilidadedeThiagoganharojogoequalaprobabili-dadedeMarianaganharojogo?
PERGUNTA 2:Sabendoqueonúmerosorteadofoipar,qualaprobabilidadedeThiagoganharojogoequalaprobabilidadedeMarianaganharojogo?
PERGUNTA 3:Sabendoqueonúmerosorteadofoiímpar,qualaprobabilida-dedeThiagoganharojogoequalaprobabilidadedeMarianaganharojogo?
Asprobabilidadesprocuradasnasperguntas2e3sãooquechama-mosdeprobabilidadecondicional.Napergunta2,estamosinteressadosemcalcularasprobabilidadesdoseventosTeMdadoqueocorreuoeventoA: o número observado é par.Essasprobabilidadessãoindicadasporp(T/A)ep(M/A),respectivamente.Napergunta3,estamosinteressadosnasprobabi-lidadesdoseventosTeMdadoqueocorreuoeventoB: o número observado foi ímpar,quesãoindicadasporp(T/B)ep(M/B),respectivamente.
Nestecaso,asprobabilidadesprocuradaspodemserobtidascomo:
•)(
)()/(An
ATnATp ∩= ;
•)(
)()/(An
AMnAMp ∩= ;
•)B(n
)BT(n)B/T(p ∩= ;
•)B(n
)BM(n)B/M(p ∩= .
Emgeral,temosadefiniçãoquesegue.• Probabilidade condicional. Dados um experimento aleatório E,comespaçoamostralΩ,eAeBeventosdeE,comB≠∅,aprobabi-lidadedeocorreroeventoAdadoqueocorreuoeventoB(probabi-lidadedeAdadoB)ouaprobabilidadedoeventoAcondicionadoaoeventoBéindicadaporp(A/B)edefinidapor
p(A/B)=)(
)(Bp
BAp ∩ .
AprobabilidadedeAdadoBpodeserpensadacomoaprobabilidadedeocorreroeventoA,quandooespaçoamostralficareduzidoaoeventoB.
Exemplo6.3.01.Deumaurnacontendo55bolasnumeradasde1a55,
umabolaésorteadaaoacaso.Aprobabilidadedeonúmeronabolasortea-
daserumnúmeroparé .Jáaprobabilidadedeonúmeronabolasorte-
adaserpar,dadoqueonúmerosorteadofoiummúltiplode11é52 .Defato,
denotandoporAeBoseventosA: o número sorteado é pareB: o número
sorteado é múltiplo de 11,temosqueoeventoBéoconjuntoB={11,22,33,
44,55}enquantooevento BA ∩ édadopeloconjunto BA ∩ ={44,22}.
102 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Assimp(A/B)=52 .Aplicandoafórmula,temosque:
52
55)B(n
55)BA(n
)B(p)BA(p)B/A(p =
∩
=∩
=
Exemplo6.3.02.No lançamentosucessivodeumamoedaduasvezes,a
probabilidadedeocorrercaranosegundolançamento,tendoocorridocoroa
noprimeirolançamentoéaprobabilidadedoevento{KC}doexperimento
aleatóriocujoespaçoamostralequiprovável,dadopeloconjuntoW ={CC,
CK,KC,KK }.Assim,aprobabilidadeprocuradaé21 .Essaprobabilidade
podesercalculadacomoaprobabilidadecondicionalp(A/B),emqueAéo
eventoA: deu cara no segundo lançamentoeBéoeventoB: deu coroa no
primeiro lançamento.Nestascondições, temosqueAeBsãodadospelos
conjuntosA={CC,KC}eB={KC,KK}e,portanto,
21
)()(
)()()/( =
∩=
∩=
BnBAn
BpBApBAp
Aprobabilidadecondicionalpossuiaspropriedadesseguintes.• Probabilidadecondicional.Propriedade01.SeAéumeventodeumexperimentoaleatórioEcomespaçoamostralΩ,comp(A)>0,então:a)p(∅/A)=0.
b)p(W /A)=1.ProvaParaambosos itens,bastausarmosadefiniçãodeprobabilidadecondicional.Defato,temosquea) p(∅/A) = p(∅∩A)/p(A) = p(∅)/p(A) = 0/p(A) = 0;
b) p(W/A) = p(Ω∩A)/p(A) = p(A)/p(A) = 1.
• Probabilidadecondicional.Propriedade02.SeA,BeCsãoeven-tosdeumexperimentoaleatórioEcomespaçoamostralΩ,taisquep(C)>0eA∩B=∅,então
p(A∪B/C)=p(A/C)+p(B/C).ProvaPordefinição,temosque
p(A∪B/C) = p[(A∪B)∩C)/p(C)
epelafórmuladeDeMoivreparaescreverp(A∪B/C) = p[(A∩C)∪(B∩C)]/p(C).
Desde que A∩C e B∩C são disjuntos, pois A e B o são, temos que p[(A∩C)∪(B∩C)] = p(A∩C) + p(B∩C) e, portanto, vamos ter
p(A∪B/C) = [p(A∩C) + p(B∩C)]/p(C) = p(A/C) + p(B/C).
103ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Experimentos realizados em sequência.
Da igualdade p(A/B) = )B(p)BA(p ∩, podemos deduzir que p(A∩B)
=p(A/B).p(B).Nestaversão,afórmulaémuitoútilparaocálculodepro-
babilidadedeeventosdeexperimentosaleatóriosrealizadosemsequência,
nasquaisaocorrênciadeumeventona2aetapadependedesuaocorrência
na1aetapa;aocorrênciadesseeventona3aetapadependedesuaocorrên-
ciana2aetapa;eassimpordiante.Ouseja,temosumasucessãodeproba-
bilidadescondicionais.Comoexemplo,citamosoexperimentoaleatórioE:
retirada sucessiva e sem reposição de bolas de uma urna contendo 8 bolas
pretas e 6 bolas brancas.Aproposiçãoaseguir,queéumageneralizaçãodafórmuladadefi-
niçãodeprobabilidadecondicionalparaocasodeneventos,sendonuminteiropositivomaiordoque2,tambéméconhecidacomoTeoremadoPro-duto.Suademonstraçãopodeserfeitaporinduçãosobren,onúmerodeeventos,eserádeixadaparaoleitor.
• Proposição6.3.1.SejamA1,A2,A3,…,An eventosdeumespaçoamostralΩepumaprobabilidadedefinidaemΩ.Temosque:
)A...A/A(p)...AA/A(p)A/A(p)A(p)A...AA(p 1n1n213121n21 -∩∩∩=∩∩∩
Paraauxiliaroleitornasuatarefadedemonstraroresultadoanterior,faremosademonstraçãoparaocasoemquen=3,ouseja,demonstraremosaproposiçãoquesegue.
• Proposição6.3.2.SejamA1,A2eA3eventosdeumespaçoamostralΩepumaprobabilidadedefinidaemΩ.Temosque:
)AA/A(p)A/A(p)A(p)AAA(p 213121321 ∩=∩∩ .
ProvaDadososeventosA1,A2eA3,chamemosdeA,oeventoA=A1ÇA2.Temosque
p(A∩A3)=p(A)p(A3/A)ouseja
p(A1∩A2∩A3)=p(A1∩A2)p(A3/A1∩A2)oquenosdá
p(A1∩A2∩A3)=p(A1)p(A2/A1)p(A3/A1ÇA2)Mostrandooresultado.
Exemplo6.3.03.NoexperimentoaleatórioE: retirada sucessiva e sem re-
posição de bolas de uma urna contendo 8 bolas pretas e 6 bolas brancas, ao
retirarmos3bolas,aprobabilidadedequesejam3bolasbrancasé .De
fato,consideremososeventosA1: a primeira bola é branca,A2: a segunda bola
é brancaeA3: a terceira bola é branca.Queremosdeterminarp(A1ÇA2ÇA3).
Deacordocomaproposição,temosque:
p(A1∩A2∩A3)=p(A1)p(A2/A1)p(A3/A1∩A2)= .
104 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Exemplo6.3.04.Noexperimentoaleatórioanterior,aoretirarmos5bolas,aprobabilidadedequesejam5bolaspretasédadaporp(A1∩A2∩A3∩A4∩A5),emqueoseventossãodadosporA1: a primeira bola é preta,A2: a segunda bola é preta,A3: a terceira bola é preta,A4: a quarta bola é pretaeA5: a quinta bola é preta.Deacordocomaproposição,temosque
p(A1∩A2∩A3∩A4∩A5) = = 143
4.
Eventosindependentes.Quandolançamosumamoedahonestaduasoumaisvezes,ofatodedarcaranoprimeirolançamentonãovaiinfluenciarnoresultadodosegundolançamentonemnoresultadodosdemaislança-mentos.Dizemos,porisso,que,porexemplo,oseventosA: dar cara no pri-meiro lançamentoeB: dar cara no segundo lançamentosãoindependentes.Essaéaideiaintuitivadeeventosindependentes.Maisprecisamente,temosadefiniçãoseguinte.
• Eventosindependentes.SejamAeBeventosdeumexperimentoEcomespaçoamostralΩ.DizemosqueAeBsãoindependentesse,esomentese,valeaigualdadep(A∩B)=p(A).p(B).
Exemplo 6.3.05.No caso dasmoedas, temos p(A) = 1/2, p(B) = 1/2 ep(A∩B)=1/4,umavezqueoespaçoamostralparaoexperimentoE: lançar uma moeda honesta 2 vezes e observar o resultado na face superiorédadoporΩ={CC,CK,KC,KK}eoseventosA: observar cara no primeiro lan-çamento eB: observar cara no segundo lançamentosão,respectivamente,A={CC,CK}eB={CC,KC}e,consequentemente,oeventoAÇBédadoporAÇB={CC}.Assim,temosquep(A)=1/2,p(B)=1/2ep(A∩B)=1/4,valendoaigualdadep(AÇB)=p(A).p(B).Das igualdades p(A∩B) = p(A). p(A/B), p(B∩A) = p(B). p(B/A) e p(A∩B)=p(A).p(B),segueque,seAeBsãoeventos independentes, taisquep(A)≠0ep(B)≠0,entãop(A/B)=p(A)ep(B/A)=p(B).Esteresultadoencontra-sesintetizadonaproposiçãoseguinte.
• Proposição 6.3.8. Sejam A e B eventos independentes, tais quep(A)≠0ep(B)≠0.Nestascondiçõesp(A/B)=p(A)ep(B/A)=p(B).
TeoremadeBayes.Encerraremosestaseçãocomdoisresultadosbastanteutilizados e úteis na resolução de problemas envolvendo a probabilidadecondicional,nosquaisosexperimentosaleatóriossugerempartiçõesdosespaçosamostrais:oteoremadaprobabilidadetotaleoteoremadeBayes.Paratantonecessitaremosdadefiniçãodepartiçãodeumconjunto.
• Partição.Dizemosqueumacoleçãodeconjuntos{Ai}éumaparti-çãodeumconjuntoBsevaleoseguinte:(i) ∪ Ai = B.
(ii) Se i ≠ j, Ai ∩ Aj = ∅.
Exemplo6.3.07.OsconjuntosA1={2,4,6,8}eA2={1,3,5,7,9}sãoele-mentosdeumapartiçãodeB={1,2,3,4,5,6,7,8,9}.Exemplo6.3.08.OsconjuntosA1={2,4,6},A2={1,3},A3={5},A2={7,8,9}sãoelementosdeumapartiçãodoconjuntoB,dadoporB={1,2,3,4,5,6,7,8,9}.
Enunciaremosedemonstraremosoteoremaseguinteparaocasodeumapartiçãocom3elementos.Ocasogeralpodeserfeitoporinduçãoso-breonúmerondeelementosdapartição.
105ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
• Teorema da Probabilidade Total. Caso n = 3. Dados os eventos A1, A2, A3 e B de um experimento aleatório, tais que o conjunto { A1, A2, A3 } é uma partição do espaço amostral W, então vale a igualdade
p(B)=p(A1)p(B/A1)+p(A2)p(B/A2)+p(A3)p(B/A3).ProvaComooconjunto{A1,A2,A3}éumapartiçãodoespaçoamostralΩ,temosqueB=(B∩A1)È(B∩A2)È(B∩A3).EcomoosconjuntosAisãodisjuntos,temosque
p(B)=p(B∩A1)+p(B∩A2)+p(B∩A3).Dafórmuladaprobabilidadecondicional,sabemosque:p(B∩A1)=p(A1)p(B/A1),p(B∩A2)=p(A2)p(B/A2),p(B∩A3)=p(A3)p(B/A3),oqueprovaoresultado.
Comodissemos,oteoremadaprobabilidadetotalpodesergeneraliza-doparaocasodeumapartiçãocomqualquernúmerofinitodeelementos.Defato,temosoresultadoseguinte.
• TeoremadaProbabilidadeTotal.Casogeral.DadososeventosA1,A2,…,AneBdeumexperimentoaleatório,taisqueoconjunto{A1,A2,…,An}éumapartiçãodoespaçoamostralΩ,entãovaleaigualdadep(B)=p(A1)p(B/A1)+p(A2)p(B/A2)+…+p(An)p(B/An).ProvaAdemonstração deste teoremano caso geral é semelhante à docaso anterior e pode ser feita por indução sobre onúmerondeelementosdapartição.
Exemplo6.3.09.Emumtorneiodexadrezoscompetidoresestãodivididosem3categorias:osdotipo1,quecorrespondemàmetadedogrupo;osdotipo2,quesãoumquartodogrupo;eosdotipo3,quesãoumquartodogrupo.AprobabilidadedeJoãoganharumapartidaéde0,3quandoelejogacomosdotipo1;éde0,4quandojogacomosdotipo2;ede0,5quandoseuoponenteédotipo3.Emumapartidacontraumcompetidorescolhidoaoacaso,aprobabilidadedeJoãoganharéde0,375.Defato,sedenotar-mosporAioeventoJoãojogacomumcompetidordotipoieporBoeventoJoãoganhaapartida,teremos:
p(A1)=0,5;p(A2)=0,25;ep(A3)=0,25.Alémdisso,temosque
p(B/A1)=0,3;p(B/A2)=0,4;ep(B/A3)=0,5.Assim,peloteoremadaprobabilidadetotal,
p(B)=p(B∩A1)+p(B∩A2)+p(B∩A3),ouseja,p(B)=p(A1)p(B/A1)+p(A1)p(B/A1)+p(A1)p(B/A1)p(B)=0,5.0,3+0,25.0,4+0,25.0,5=0,375.
FinalmentetemosoteoremadeBayesque,paraocason=3,podeserenunciadocomosegue.
106 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
• TeoremadeBayes.Cason=3.DadososeventosA1,A2,A3eBdeumexperimentoaleatório, taisqueoconjunto {A1,A2,A3 }éumapartiçãodo espaçoamostralΩ, p(B)>0 ep(Ai)>0,∀i, então vale aigualdadep(Ai/B)=p(B/Ai)p(Ai)/p(A1)p(B/A1)+p(A2)p(B/A2)+p(A3)p(B/A3).ProvaSabemosque,pordefinição,p(Ai/B)=p(Ai∩B)/p(B)ep(B/Ai)=p(Ai∩B)/p(Ai).Assim,podemosescreverp(Ai/B)=p(Ai∩B)/p(B)=p(B/Ai)p(Ai)/p(B).Peloteoremadaprobabilidadetotal,temosquep(Ai/B)=p(B/Ai)p(Ai)/[p(A1)p(B/A1)+p(A2)p(B/A2)+p(A3)p(B/A3)].Oquemostraoresultado.
Assim como no caso do teorema da probabilidade total, o teoremadeBayestambémpodesergeneralizadoparaocasodeumapartiçãocomqualquernúmerofinitodeelementos.Defato,temosoresultadoseguinte.
• TeoremadeBayes.Casogeral.DadososeventosA1,A2,…,AneBdeumexperimentoaleatório,taisqueoconjunto{A1,A2,…,An}éumapartiçãodoespaçoamostralW,entãovaleaigualdadeP(Ai/B)=p(B/Ai)p(Ai)/p(A1)p(B/A1)+p(A2)p(B/A2)+…+p(An)p(B/An).ProvaAdemonstraçãodesteteoremanocasogeralésemelhanteàdocasoanteriorepodeserfeitaporinduçãosobreonúmerondeelementosdapartição.
Exemplo6.3.10.Noexemploanterior,sabendoqueJoãoganhou,aproba-bilidadedeseuoponenteserdotipo1é0,4.Defato,queremosdeterminarp(A1/B).PeloteoremadeBayes,temosque
p(A1/B) =)A/B(p)A(p+)A/B(p)A(p+)A/B(p)A(p
)A/B(p)A(p
332211
11 .
Assim, p(A1/B) = 0,4.
4. Distribuição binomial de probabilidadeParaentendermosoquevemaserumadistribuiçãobinomialdepro-
babilidade,vamosiniciarresolvendooseguinteproblema:
Problema:Em um jogo de dados, Toby aposta nos números 5 e 6. Em três lançamentos do dado, qual a probabilidade de Toby ganhar exatamente duas vezes?
• Compreendendo o problema.Nosso problema consiste em3 re-petiçõesconsecutivasdoexperimentoaleatórioE: jogar um dado e observar sua face superior.EstamosinteressadosnaobservaçãodoeventoS: Toby obtém sucessoouS: Toby ganha o jogoedoseucom-plementarF: Toby fracassaouF: Toby perde o jogo.SabemosqueaprobabilidadedoeventoS,quechamaremosdeprobabilidadedesu-cessoeseráindicadaporp(S),é2/6ou1/3.SabemostambémqueaprobabilidadedeF,quechamaremosdeprobabilidadedeFracassoedenotaremosporp(F),édadaporp(F)=1–p(S)=1–1/3.Assim,p(F)=2/3.
107ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Aorepetirmosoproblemapor3vezeseanotarmoso resultado,pode ocorrer qualquer uma das oito situações (sequências) doquadroseguinte:
LinhaLançamentos
1 2 3
1 S S S
2 S S F
3 S F S
4 S F F
5 F S S
6 F S F
7 F F S
8 F F F
EmqueSsignificaqueTobyganhououobtevesucessonolançamentoeFsignificaqueTobyperdeuouobtevefracassonolançamento.
Aprobabilidadedasequênciaemcadaumadaslinhasdatabelaante-rioréumaprobabilidadecondicionalepodesercalculadapeloteoremadoproduto,comoaseguir.
Paraaprimeira linhatemosp(SSS)=p(S).p(S).p(S)= 31. 31. 31= 3)
31
( ;
paraasegunda,p(SSF)= 31. 31. 32= 2)
31
( . )32
( ;paraaterceira linha,apro-
babilidadeédadaporp(SFS)=31 .
32 .
31 = 2)
31
( . )32
( ;eassimpordiante.Isso
porqueasrepetiçõesprobabilidadedoexperimentosãoindependentesentre
si,ouseja,oresultadodeumarepetiçãonãoinfluinoresultadodaoutra.• Solucionandooproblema.Pararespondermosàpergunta“QualaprobabilidadedeTobyganharexatamente2vezesem3repetiçõesdoexperimentoE,ouseja,em3lançamentosdodado”,bastacal-cularmosaprobabilidadedoevento (SSF)∪ (SFS)∪ (FSS),ouseja,basta somarmosasprobabilidadesdas sequênciasSSF (linha2),SFS(linha3)eFSS(linha5).
Oquadroaseguirmostraaprobabilidadedecadaumdosoitoeventoslistadosanteriormente.
108 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
LinhaLançamentos
Probabilidade1 2 3
1 S S S
31
.31
.31
2 S S F
32
.31
.31
3 S F S
31
.32
.31
4 S F F32
.32
.31
5 F S S31
.31
.32
6 F S F
32
.31
.32
7 F F S
31
.32
.32
8 F F F
32
.32
.32
Comosepercebenoquadroanterior, asprobabilidadesprocuradas
são:p(SSF)= ,p(SFS)= ep(FSS)= .Portanto,arespostaparao
problemaé .
Outroproblema.Seoexperimentoanterior,aoinvésdetrêsvezes,fosserepetido5vezes,qualseriaaprobabilidadedeTobyganharemexatamen-te3delas?Deacordocomoquefoifeitoanteriormente,estamosinteressadosnasse-quênciasde5letras,sendo3letrasSe2letrasF.Assim,pararesolveroproblema,podemospensarquetemos5espaçosparaescolher3ecolocaras3letrasS.Comosabemos,issopodeserfeitodeC5,3maneirasdistintas.Comoasetapassãoindependentes–sucessooufracassoemumaetapanãointerferenoresultadodaetapaseguinte–e,emcadaumadelasapro-babilidadedesucesso(S)é1/3eadefracasso(F)é2/3,aprobabilidadedecadaumadessasC5,3maneirasé 23 )
32
()31
( × .Portanto,aprobabilidadedeTobyganharemexatamente3dos5 lança-mentoséC5,3×
23 )32
()31
( × .
Umaprimeirageneralização.Nosnossosproblemas,arepetiçãodoexpe-rimentoaleatórioEdeuorigemaoexperimentoE×E×EouE×E×E×E×E,comseusespaçosamostraiscorrespondentes,nosquaisaprobabilidadedecadaeventoelementarédadapor
knk )32
()31
( -×,
emquen=3oun=5.
109ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Alémdisso,paracadak,aquantidadedeeventoselementarescomaprobabilidade knk )
32
()31
( -× éCn,k.Esteresultadolembraosnúmerosbinomiais,as fórmulasanteriores lembrama fórmulado termogeraldodesenvolvi-mentodoproduto(x+y)n.
Essaéaideiadadistribuiçãobinomialdeprobabilidade.O teorema binomial.Consideremosum experimento aleatório no qualestamosinteressadosnaocorrênciadeumeventoespecífico,queseráin-dicadoporS,denominadodesucessoecujaprobabilidadeseráindicadaporp[p=p(S)].SeucomplementarseráindicadoporFedenominadodefracasso.Suaprobabilidadep(F)serádenotadaporq.ComoSeFsãocom-plementares,temosquep+q=1,ouainda,q=1–p.Esse experimento é repetido n vezes, dando origem ao experimentoE×E×E×…×E,cujoespaçoamostral éoconjuntode todasasn-uplasdesucessosoudefracassos,sucessosefracassosessesqueocorremsemprecomamesmaprobabilidadepou1–p,respectivamente,sendoqueaocor-rênciadedeterminadoeventoemumaetapanãoinfluencianoresultadodaetapaseguinte.Nestascondiçõesvaleoteoremabinomialqueafirmaoquesegue.
• Teorema binomial. A probabilidade de ocorrerem exatamente ksucessos emuma sequênciadenprovas independentes,na qualaprobabilidadedesucessoemcadaetapaép,éiguala .)p1(p
kn knk --
ProvaAprovadeste teoremaseguedoque foi feitoanteriormenteesuasistematizaçãoserádeixadaparaoleitor.
Exemplo6.4.01.Umamoedahonestaélançada10vezes.Aprobabilidadedeocorreremexatamente6carasé que,porsuavez,éiguala .
Exemplo6.4.02.Emumaprovacom20questões,cadaumadelascomqua-troalternativasdasquaissomenteéacorreta,aprobabilidadedeumapes-soaquenãosaibaamatériaacertarexatamente12delasé que,porsuavez,éiguala .
NestaUnidadeapresentamosaprobabilidadedeumeventodeumex-perimentoaleatóriocomoamedidadachancedesseeventoocorrer.Inicia-mos introduzindoadefiniçãoclássicadeprobabilidade,ouseja,aproba-bilidadecomooquocienteentreonúmerodecasosfavoráveiseodecasospossíveis,emque,porcasospossíveisentendemostodososelementosdoespaçoamostraleporcasosfavoráveisentendemostodososelementosdoeventodoqualdesejamoscalcularaprobabilidade.Emseguida,apresentar-mosasdefiniçõesfrequentistaeaaxiomática,todaspossuindoasmesmaspropriedades.Vimosque,nadefiniçãoaxiomática,asprobabilidadesatri-buídasaoseventoselementaresdeumespaçoamostralnãodependemda
110 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
realização desse experimento. Elas são atribuídas segundo certas regras,demodoquesatisfaçamaspropriedadesdasprobabilidades,propriedadesestasqueforamobtidasdadefiniçãoclássica,aorealizarmosefetivamenteosexperimentosequequeremosintrínsecasàdefiniçãodeprobabilidade.Estudamosasprobabilidadescondicionais,ouseja,aprobabilidadedeocor-rênciadeumeventoquandosabemosdaocorrênciadeoutroevento.Comisso,definimoseestudamososeventosindependenteseosteoremasdapro-babilidadetotaledeBayes,teoremasbastanteúteisnaresoluçãodealgunsproblemas envolvendo probabilidade condicional. Por fim, estudaremos adistribuiçãobinomialdeprobabilidadecomoomodeloprobabilísticoadota-doparaumexperimentoaleatórionoqualestamosinteressadosnaocorrên-ciadeumeventoespecíficoparaserutilizadanoestudodaprobabilidadedeeventosdeexperimentosaleatóriosquesãorealizadosemsequência.
1.Resolvido.ConsidereoexperimentoaleatórioE: jogar uma moeda duas vezes para cima, observando a cada lançamento sua face superior.De-terminaraprobabilidadedoeventoA: obter duas caras.
Solução.DenotandoporWoespaçoamostraldoexperimentoaleatórioE,temosqueW={CC,CK,KC,KK},emqueCrepresenta“observou-secara”eKrepresenta“observou-secoroa”.OeventoA: observar duas ca-raséoconjuntoA={CC}.Assim,p(A)= )(
)(WnAn = 4
1 .
2.Resolvido.Nolançamentode2dadosnãoviciadosedistinguíveis,qualaprobabilidadedequeosnúmerosnasfacessuperioressejamdiferentes?
Solução.SejamEoexperimentoaleatórioE: lançar os dois dados e ob-servar os números nas faces superioreseAoeventoA: os números nas faces superiores são iguais.TemosqueemWpossui36elementos(6X6)eApossuiosseiselementos(1,1),(2,2),(3,3),(4,4),(5,5)e(6,6).Assim,aprobabilidadedeAédadapor
p(A)= .
ComooeventoB:osnúmerosnas facessuperioressãodiferenteséocomplementardeA,ouseja,B=Ac,aprobabilidadedetermososnúme-rosdiferentesép(Ac)=1–p(A)=1–
61 =
65 .
3.Resolvido.Nolançamentodedoisdadosnormaisedistinguíveisqualaprobabilidadedeobtermossoma8ousoma6?
Solução.SejamoseventosA:asomadosnúmerosnasfacessuperioresé6eB:asomadosnúmerosnasfacessuperioresé8.Queremosdeter-minarp(A∪B).
Temos que p(A∪B) = p(A) + p(B) – p(A∩B) e como A e B são mutuamente excludentes, uma vez que se a soma for 6 não será 8 e se for 8 não será 6, temos que p(A∩B) = 0. Assim, p(A∪B) = p(A) + p(B).
111ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
SabemosqueA={(1,5),(2,4),(3,3),(4,2),(5,1)}e
B={(1,7),(2,6),(3,5),(4,4),(5,3),(6,2),(7,1)}e,consequentemente,p(A)= ep(B)= .Portanto,
p(A∪B)=p(A)+p(B)= .
4.Noexperimentoaleatóriodoexercício6.01,determineaprobabilidadedoeventoB: observar pelo menos uma cara.
5.Dentretodososnúmerosdetrêsalgarismosquepodemserobtidospelapermutaçãodosalgarismos1,2e3,sorteia-seum.Qualaprobabilidadedeonúmerosorteadoser:
a)par?
b)maiordoque200?
c)múltiplode2oude3?
6.Nolançamentosimultâneodedoisdadosnãoviciados,umvermelhoeoutrobranco,qualaprobabilidadedeque:
a)asomanafacesuperiorsejamaiordoque1?
b)asomanafacesuperiorseja7?
c)ambososnúmerossejamiguais?
7.Umnúmerointeiroéescolhidoaleatoriamenteentreosnúmerospositi-vos1,2,3,,100.Qualaprobabilidadedeonúmeroescolhidosermúl-tiplode6oude9?
8.Umaurnacontém2bolaspretase3bolasbrancas.Quantasbolasazuisdevemsercolocadasnaurnaparaqueaprobabilidadedeseretirarumabolaazulseja2/3?
9.Nolançamentosimultâneode4moedasperfeitasedistinguíveis,qualaprobabilidadedeseobter:
a)exatamente3caras?
b)pelomenos2coroas?
10.Deumaurnacontendo30bolasiguaisnumeradasde1a30retira-seuma bola e anota-se seu número. Considere os eventos A: o númeroobservadoémúltiplode2eB:onúmerosorteadoémúltiplode5.Deter-minep(A),p(B)ep(A∪B).
11.Umjuizdefutebolpossuiemseubolsotrêscartõessendoumtodover-melho,umtodoamareloeumcomumadasfacesvermelhaeaoutraamarela.Emumlance,ojuizretiradobolso,semolhar,umdoscartõesemostraaojogador.Qualaprobabilidadedeojuizverumafaceverme-lhaeojogadorverumafaceamarela?
12.Emumapopulaçãode500pessoas,280sãomulherese60exercemafunçãodeadvogado,sendo20dosexofeminino.Tomando-seaoacasoumadessaspessoas,qualéaprobabilidadedeque,sendomulher,sejaadvogada.Tenteresolverporprobabilidadecondicional.
13.DadooespaçoamostralW={a1,a2,a3,a4,a5},sejapiumnúmerorealpertencenteaointervalo[0,1],talquepi=p(ai)paraalgumafunçãop.Quaisdosnúmeros(pi)abaixodefinemumadistribuiçãodeprobabili-dadeemW?
112 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
a)p1=p2=p3=p4=p5=1/5.
b)p1=p2=1/3ep3=p4=p5=3/5.
c)p1=p2=1/4,p3=p4=2/3ep5=1/5.
14.Umamoedaéviciadadetalformaqueaprobabilidadededarcaraéoquádruplodaprobabilidadededarcoroa.Qualaprobabilidadededarcaraequalaprobabilidadededarcoroa?
15.Emumaurnaexistem10bolasnumeradasde1a10.Umabolaésorte-adaaoacaso.Seaprobabilidadedeumabolacomnúmeromaiordoque5sersorteadaéodobrodaprobabilidadedeumabolacomnúmerome-nordoqueouigualacincosersorteada,qualaprobabilidadedoeventoA={1,2,6}eaprobabilidadedoeventoB={5,6,7}?
16.Nolançamentodeumtetraedro,osnúmerosparesocorremcomodobrodechancedosnúmerosímpares.Determineaprobabilidadedeocorre-remoseventosA:onúmerosorteadoéprimo,B:onúmerosorteadoépar,C:onúmerosorteadoé2eD:onúmerosorteadoé3.
17.Nolançamentodeumdadoduasvezes,determineoevento:
a)ocorreomesmonúmeronasduasvezes.
b)ocorreonúmero5noprimeirolançamento.
c)ocorre9nasomadosdoisnúmerosobtidos.
18.Nolançamentode1dadosejamoseventos
A:ocorredivisorde3.
B:ocorrenúmeroímpar.
C:ocorremúltiplode3.
DetermineoseventosA∪B,B∪C,A∪C,B∩C,A∩B,Ac,Bc.
19.DadososeventosAeBdoespaçoamostraldeumexperimentoaleatórioE,definimosoeventodiferençaA-BcomooeventoqueocorrequandoocorreAenãoocorreB.MostrequeA-BeA∩Bsãomutuamenteexclu-dentes.Concluaquep(A-B)=p(A)-p(A∩B).
20.Numaremessade100aparelhosdetelevisão,12têmdefeitodeimagem,10têmdefeitodesome8têmambososdefeitos.Escolhendo-seaoacasoumaparelho,qualaprobabilidadedequeestenãotenhadefeitoalgum?
21.OdiagramadeVennaoladorepresentaumespaçoamostralWequipro-váveletrêseventosA,BeC.Calculeoquesepede.
a)p(A).
b)p(B).
c)p(C).
d)p(A∩B).
e)p(A∪B∪C).
22.Resolvido.Bolassãocolocadasem5urnas,umadecadavez,atéquealgumaurnarecebaduasbolas.Qualéaprobabilidadedecolocarmosexatamente4bolas?
Solução. Sejap(4)aprobabilidadedecolocarmosexatamente4bolas.Sabemosquep(4)éoquocienteentreonúmerodecasosfavoráveiseo
113ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
númerode casospossíveis.Como casopossível entendemosqualquerformadedistribuiras4bolaspelas5urnas.Assim,onúmerodecasospossíveisé54,poisaprimeirabolapodesercolocadaemqualquerumadas5urnas;asegundabolapodesercolocadaemqualquerumadas5urnas;omesmoacontecendocomasterceiraequartabolas.
5 5 5 5
B1 B2 B3 B4
Oscasosfavoráveissãoaquelesemqueas4bolassãodistribuídasdemodoqueastrêsprimeirasbolasfiquememurnasdistintaseaquar-tabolasejacolocadaexatamenteemumadas3urnasquejácontém1bola.Assim,onúmerodecasosfavoráveisé180,poisaprimeirapodesercolocadaemqualquerumadas5urnas;asegundapodesercolocadaemqualquerumadas4urnassembola;aterceirapodesercolocadaemqualquerumadas3urnassembola;e,finalmente,aquartaboladevesercolocadaemqualquerumadas3urnasquejácontémumabola.
5 4 3 3
B1 B2 B3 B4
Assim,p(4)= =0,288.
23.Emumaprovade20questõesdotipoverdadeirooufalso,qualaproba-bilidadedeumapessoaacertarexatamente12questões?Qualaproba-bilidadedessapessoaacertarnomínimo15questões?
24.Nolançamentodeumdadohonesto8vezesseguidas,qualaprobabi-lidadedeobtermos5númerosprimos?E6númerosmaioresdoque4?
25.Nolançamentodeumdadoatéaobtençãodoterceiro6,qualaproba-bilidadedeseremnecessários10 lançamentos? (Sugestão:paraqueoterceiro6apareçaexatamenteno10olançamento,devemoster,atéo9olançamento,doisnúmeros6e7númerosdiferentesde6.)
26.Doismeninos,AeB,disputamumasériede10partidas.Seaprobabili-dadedeomeninoAganharcadapartidaé0,6esenãoháempate,qualaprobabilidadedeomeninoAtermaisvitóriasdoqueB?
114 ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
Probabilidade Geométrica
Extraído do livro Curso de Análise Combinatória e Probabilidade: apren-dendo com resolução de problemas, de Bruno Alves Dassie e outros, pp. 136-137.Alguns problemas de probabilidades são equivalentes à seleção aleatória de pontos em espaços amostrais representados por fi guras geométricas. Nesses modelos, a probabilidade de um determinado evento se reduz à seleção ou ao seu limite, caso exista, entre medidas geométricas homogêneas, tais como comprimento, área ou volume.
Diversas atividades interessantes podem ser usadas na introdução des-ses conceitos, como o disco das cores, o jogo dos discos e ladrilhos.
vamos reproduzir o relato do professor Eduardo Wagner, de uma expe-riência desenvolvida com seus alunos do Ensino Médio. Esse relato se encon-tra na Revista do Professor de Matemática, no 34, pág.28.
“Noensinomédio,oensinodeprobabilidadesserestringeaocasofinitoeosproblemassãobasicamentedecontagemdecasosfavoráveisecasospossíveis.Existem,entretanto,problemasmuitosimpleseinteressantesdeprobabilidadesondeoespaçoamostralpossuiasituaçãoanálogaaoseguinteexemplo:umatirador,comosolhosvendados,procuraatingirumalvocircularcom50cmde raio, tendonocentroumdiscode10cmderaio.Seemcertomomentotemosainformaçãodequeoatiradoracertouoalvo,perguntamosqualdeveseraprobabilidadedequetenhaatingidoodiscocentral.
Tenhosugeridoesseproblemaaalunosdoensinomédioefrequentemen-teobtenhodelesrespostascorretas,baseadasunicamentenaintuição.Comoobviamentenãosepodecontarcasosfavoráveisepossíveisecomoparaumatiradorvendadonãohápontosprivilegiadosdoalvo,aproba-bilidadeacertarodiscocentraldeveserarazãoentreasáreasdodiscoedoalvo.Umcálculoelementar levaàrespostacerta:4%.EsseéumexemplodoquesechamaProbabilidadegeométrica.”
(Wagner, Revista do Professor de Matemática, 34, p. 28)
115ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE
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MORGADO,A.C.O.eoutros.AnálisecombinatóriaeProbabilidade.Cole-çãodoProfessordeMatemática.SBM.RiodeJaneiro:2006.
Cleiton Bati sta VasconcelosPossui graduação emBacharelado emMatemáticapelaUniversida-
deFederaldoCeará (1980)emestradoemMatemáticapelaUniversidadeFederaldoCeará (1983).AtualmenteéprofessoradjuntodaUniversidadeEstadualdoCeará.TemexperiêncianaáreadeEducação,comênfaseemEnsinodeMatemática.TrabalhacomAvaliaçãodeLivrosDidáticoseLabo-ratóriodeMatemática.
Manoel Americo RochaMestre,títuloobtidonaUniversidadeFederaldoCearáem1980,Ba-
charelemMatemáticatambémpelaUFCem1972.EspecialistaemMeto-dologiadoEnsinoSuperiortambempelaUFCem1975.Areadeconheci-mento:Matemática.AtualmenteatuacomoprofessordaFanor-FaculdadesNordesteedaUECE-UniversidadeEstadualdoCeará.LargaexperienciaemdocenciasuperiornaUniforeUFC.
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