anÁlise da Água do rio coaÇu_matheus2011

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 ISSN 18088449 1 XVII Encontro de Iniciação à Pesquisa Universidade de Fortaleza 17 a 21 de Outubro de 2011 Análise da água do Rio Coaçu Matheus Gonçalves Dutra*¹(IC), Laio Bringel²(E),Ana Claudia Paula de Aguiar Lélis 1  (IC), Denise Fernandes 2 (PO), Márcia Thelma Rios Donato Marino 2 (PQ), Oyrton de Azevedo Castro Monteiro Junior 2 (PQ) 1. Universidade de Fortaleza – PAVIC/UNIFOR – Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária. 2. Universidade de Fortaleza – Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária. *E-mail: [email protected] Palavras-chave: Rio Coaçu. Monitoramento ambiental. Análise de água. Resumo Este trabalho visou analisar as águas do Rio Coaçu, no ano de 2011, caracterizando-se alguns parâmetros físico-químicos e bacteriológicos. O Rio Coaçu é um importante rio da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) que demarca a divisa entre os municípios de Fortaleza e Eusébio e deságua no Rio Cocó, sendo um importante afluente do mesmo. Apresenta influência das marés sofrendo intrusão salina. Após a análise para monitoramento ambiental da água do Rio Coaçu, este apresentou alguns parâmetros que não se enquadram nos valores estabelecidos como máximos na Portaria do Ministério da Saúde (MS) 518/2004 e Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357/2005 que trata da classificação dos tipos de corpos d’água, e 274/2000 que trata da balneabilidade dos corpos d’água. Os seguintes parâmetros da água do Rio Coaçu foram analisados: Condutividade Elétrica (835 mho/cm); pH, (7,39); Temperatura (26,5 o C), Oxigênio Dissolvido (3,7 mg/L); Salinidade (4,07%); Turbidez (1,91 NTU); Materiais em Suspensão (0,003 mg/L); Clorofila “a” (46,6 mg/L); Coliformes Totais (30,5 NPM/100ml); E. coli ( 18,3 NPM/100ml); Sódio (35 mg/L); Potássio (5,5 mg/L); Nitrito (0,96 mg/L); Fósforo (0,1 mg/L); e Silício (89,25 mg/L). Introdução  O Rio Coaçu é um importante rio da cidade de Fortaleza, além de demarcar a divisa entre a cidade e o município do Eusébio, deságua junto à foz do Rio Cocó. É um afluente do mesmo e sofre intrusão salina por meio deste em condição de estofo de maré. As suas margens apresentam a mata ciliar com predominância de mangue preto ( avicennia SP) fortemente descaracterizada pelo crescimento urbano desordenado (Figura 1), o que interfere no desequilíbrio ambiental desse ecossistema. As regiões de manguezal apresentam características litorâneas, com alta umidade e vasta biodiversidade. Também representa um importante berço de espécies marinhas. Por esses fatores, principalmente, a região onde correm as águas do Rio Coaçu é protegida pela Reserva Ecológica Particular da Sapiranga. Apesar de encontrar-se inserido em uma reserva ecológica particular, é possível observar o descarte de efluentes domésticos nesse manancial hídrico, devido à alta interferência antrópica, com intensa presença de casas sem saneamento. No local de coleta foi possível visualizar uma horta e um reservatório de água para criação de peixes, denotando a importância desse recurso para as populações ribeirinhas. Diante do exposto, este estudo reveste-se de grande importância, no intuito de caracterizar a qualidade da água do Rio Coaçu, preservando a qualidade de vida dos moradores do seu entorno e que utilizam suas águas para diversos meios de subsistência. A amostragem para análise foi realizada no período chuvoso, no dia 12/02/11 na Av. Sabiaguaba, coordenadas (561.051-E, 9.580.332-N). No momento da coleta (Figuras 2 e 3), a água se encontrava em condição de estofo de maré, com a mesma alcançando 2,2m. O objetivo principal deste trabalho foi determinar e analisar os seguintes parâmetros físicos (Temperatura, Turbidez, Materiais em Suspensão e Condutiv idade E létrica), químicos (pH, Oxigênio Dissolvido, Salinidade, Cloretos, Sódio e Potássio, Nitrito, Silício e Fosfato Dissolvido) e biológicos (Coliformes Totais, E. coli e Clorofila ‘a’), de acordo com os métodos descritos no Standard Methods (1992), e compará-los à Portaria do Ministério da Saúde (MS) 518/2004 e Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357/2005 que trata da cl assificação dos tipos de corpos d’água, e 274/2000 que trata da balneabilidade dos corpos d’água.

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ISSN 18088449  1

XVII Encontro de Iniciação à Pesquisa Universidade de Fortaleza17 a 21 de Outubro de 2011

Análise da água do Rio Coaçu

Matheus Gonçalves Dutra*¹(IC), Laio Bringel²(E),Ana Claudia Paula de Aguiar Lélis1 (IC), DeniseFernandes2(PO), Márcia Thelma Rios Donato Marino2(PQ), Oyrton de Azevedo Castro Monteiro Junior2(PQ)

1. Universidade de Fortaleza – PAVIC/UNIFOR – Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária.2. Universidade de Fortaleza – Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária.*E-mail: [email protected]

Palavras-chave: Rio Coaçu. Monitoramento ambiental. Análise de água.

Resumo

Este trabalho visou analisar as águas do Rio Coaçu, no ano de 2011, caracterizando-se alguns parâmetrosfísico-químicos e bacteriológicos. O Rio Coaçu é um importante rio da Região Metropolitana de Fortaleza

(RMF) que demarca a divisa entre os municípios de Fortaleza e Eusébio e deságua no Rio Cocó, sendo umimportante afluente do mesmo. Apresenta influência das marés sofrendo intrusão salina. Após a análisepara monitoramento ambiental da água do Rio Coaçu, este apresentou alguns parâmetros que não seenquadram nos valores estabelecidos como máximos na Portaria do Ministério da Saúde (MS) 518/2004 eResolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357/2005 que trata da classificação dostipos de corpos d’água, e 274/2000 que trata da balneabilidade dos corpos d’água. Os seguintes parâmetrosda água do Rio Coaçu foram analisados: Condutividade Elétrica (835 mho/cm); pH, (7,39); Temperatura(26,5oC), Oxigênio Dissolvido (3,7 mg/L); Salinidade (4,07%); Turbidez (1,91 NTU); Materiais em Suspensão(0,003 mg/L); Clorofila “a” (46,6 mg/L); Coliformes Totais (30,5 NPM/100ml); E. coli ( 18,3 NPM/100ml); Sódio(35 mg/L); Potássio (5,5 mg/L); Nitrito (0,96 mg/L); Fósforo (0,1 mg/L); e Silício (89,25 mg/L).

Introdução

O Rio Coaçu é um importante rio da cidade de Fortaleza, além de demarcar a divisa entre a cidadee o município do Eusébio, deságua junto à foz do Rio Cocó. É um afluente do mesmo e sofre intrusão salinapor meio deste em condição de estofo de maré.

As suas margens apresentam a mata ciliar com predominância de mangue preto ( avicennia SP)fortemente descaracterizada pelo crescimento urbano desordenado (Figura 1), o que interfere nodesequilíbrio ambiental desse ecossistema. As regiões de manguezal apresentam características litorâneas,com alta umidade e vasta biodiversidade. Também representa um importante berço de espécies marinhas.Por esses fatores, principalmente, a região onde correm as águas do Rio Coaçu é protegida pela ReservaEcológica Particular da Sapiranga.

Apesar de encontrar-se inserido em uma reserva ecológica particular, é possível observar o descartede efluentes domésticos nesse manancial hídrico, devido à alta interferência antrópica, com intensapresença de casas sem saneamento. No local de coleta foi possível visualizar uma horta e um reservatóriode água para criação de peixes, denotando a importância desse recurso para as populações ribeirinhas.

Diante do exposto, este estudo reveste-se de grande importância, no intuito de caracterizar aqualidade da água do Rio Coaçu, preservando a qualidade de vida dos moradores do seu entorno e queutilizam suas águas para diversos meios de subsistência.

A amostragem para análise foi realizada no período chuvoso, no dia 12/02/11 na Av. Sabiaguaba,coordenadas (561.051-E, 9.580.332-N). No momento da coleta (Figuras 2 e 3), a água se encontrava emcondição de estofo de maré, com a mesma alcançando 2,2m.

O objetivo principal deste trabalho foi determinar e analisar os seguintes parâmetros físicos(Temperatura, Turbidez, Materiais em Suspensão e Condutividade Elétrica), químicos (pH, OxigênioDissolvido, Salinidade, Cloretos, Sódio e Potássio, Nitrito, Silício e Fosfato Dissolvido) e biológicos(Coliformes Totais, E. coli e Clorofila ‘a’), de acordo com os métodos descritos no Standard Methods (1992),e compará-los à Portaria do Ministério da Saúde (MS) 518/2004 e Resoluções do Conselho Nacional doMeio Ambiente (CONAMA) 357/2005 que trata da classificação dos tipos de corpos d’água, e 274/2000 quetrata da balneabilidade dos corpos d’água.

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Figura 1: Vista aérea fechada do local de amostragem, sinalizado com um circulovermelho na imagem.Fonte: Google Maps,2011.

Figura 2: Vista parcial do Rio Coaçu e da

mata ciliar. Fonte: Arquivo pessoal,2011. 

Figura 3: Coleta da água para análise.

Fonte: Arquivo pessoal,2011. 

Metodologia

. Os trabalhos foram iniciados com as medidas “in situ” de pH e temperatura da água. A coleta (figura3) foi realizada em três recipientes:

No primeiro recipiente foram coletados 1,5L de água do Rio para análise em laboratório deCondutividade Elétrica, Oxigênio Dissolvido, Salinidade, Turbidez, Cloretos, Materiais em Suspensão, Sódioe Potássio, Nitrito, Silício e Fosfato Dissolvido.

No segundo recipiente foram coletados 0,5L para análise de clorofila “a”, sendo que a amostra foiconservada até o momento da análise com a adição de 1,0 ml de MgCO3 (carbonato de magnésio) e

refrigerada ao abrigo da luz.No terceiro recipiente foram coletados em frasco estéril 300 mL de água para análise de ColiformesTotais e E. colli .

As amostras coletadas foram transportadas do local de amostragem ao Laboratório de TecnologiaAmbiental da Universidade de Fortaleza, armazenadas em gelo, onde foram realizadas análises de acordocom o Standard Methods (1992).

Na análise de condutividade elétrica foi utilizado o Condutivímetro digital de bancada, da marcaAnalyser, modelo 650M, calibrado com uma solução padrão. O valor foi obtido após a estabilidade pelaindicação digital.

A leitura do pH foi realizada com um medidor portátil, da marca Quimis, modelo Q400M, que foisubmerso em um Becker com uma quantidade de água suficiente para cobrir o seu sensor. O valor foiobtido após a estabilização do indicador digital.

A temperatura da água da superfície foi medida “in situ” com um termômetro comum, com coluna demercúrio, que foi submerso em um Becker com água recém coletada. O valor foi obtido após a estabilidadeda coluna de mercúrio.

Na determinação de oxigênio dissolvido na água foi utilizado o medidor de oxigênio dissolvido na águaportátil, da marca Quimis, modelo Q758P, sendo o mesmo submerso em um recipiente de plástico com umaquantidade de água suficiente para cobrir o seu sensor.

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Para a medida de salinidade realizou-se o procedimento experimental do cálculo do teor de cloreto,Método de Morh, na amostra em ppm, seguido do cálculo da relação salinidade-clorinidade.

A medição da turbidez foi feita através de um turbidímetro da marca Tecnopon, modelo TB 1000,calibrado com diferentes padrões de turbidez. O valor foi obtido após a estabilização do indicador digital.

Para determinação de material em suspensão foi realizado o procedimento através do princípio degravimetria de volatilização, onde 0,3L da amostra (V) foi filtrado com a ajuda do compressor da marcaFanem, Modelo 089/CL em um filtro pré-pesado (P1). Após a secagem, o filtro contendo a amostra foipesado (P2) para realização do cálculo do valor de g/mL para mg/L de materiais em suspensão: (P2-P1-Br)x106 / V.

No cálculo da clorofila “a” foram utilizados a Centrífuga Excelsa II, da marca Fanem, Modelo 206 BL,para centrifugar a amostra durante 10 minutos, e o Espectrofotômetro Femto 800XI, para determinar aabsorbância, seguindo o Método de Lorenzen.

Para a determinação de Coliformes totais e E. colli . realizou-se o método do substrato cromogêneo,colocando as cartelas com a amostra na Estufa incubadora, marca Quimis, modelo Q316M, a 35ºC por 24horas. Após esse período foi possível determinar a quantidade de coliformes totais e após submeter acartela à luz ultravioleta 365nm, foi identificado E. coli.

A determinação de Sódio e Potássio se deu através da utilização do Fotômetro de Chama, marcaCelm, modelo FC-280, calibrado com água de osmose reversa. Depois de calibrado, analisou-se 25 ml daamostra. O valor foi registrado após a estabilização do indicador digital.

A análise de nitrito foi realizada pelo Método da sulfanilamida e N-(1-naftil)-etilenodiamina, e utilizandoo espectofotômetro da marca Femto, modelo 800XI, para obter a absorbância.

Na determinação de fosfato dissolvido foi realizada pelo Método de Strickland & Parsons (1965) e paraobter a absorbância utilizou-se o espectofotômetro UV, da marca Femto, modelo 800XI.Para a análise de silício foi utilizado o Método de GRASSHOFF.; EHRHARDT; KREMLING (1983).

Resultados e Discussão

Visando uma melhor avaliação dos resultados, foram comparados os valores obtidos nas análisesde temperatura da água, salinidade, pH, turbidez, oxigênio dissolvido e clorofila ”a” com as estações decoleta E1, localizada na foz do Rio Cocó na praia do Caça e Pesca, e E2, localizada no "píer" do ParqueEcológico Adahil Barreto, do artigo "Estudo do “Standing-crop” da água do estuário do Rio Cocó, comoindicador das modificações físico-químicas no meio", de autoria de Pessoa (2002). Essas estações de coletaforam escolhidas pelo fato do Rio Coaçu desaguar no Rio Cocó entre esses locais, sofrendo influência diretado Rio Cocó.

A salinidade está relacionada com a composição iônica dos corpos d’água, podendo variar desdevalores menores que 0,5 (doces), passando por diferentes graus de salubridade até valores maiores que 35(hipersalinas) (ESTEVES, 1998).

De acordo com a Resolução 375/2005 do CONAMA, após a análise de salinidade pode-se dizer que oRio Coaçu enquadra-se em:

Seção II, das águas salobras;Artigo 6º, II - classe 1: águas que podem ser destinadas:

a) à recreação de contato primário;b) à proteção das comunidades aquáticas;c) à aqüicultura e atividade pesqueira;d) ao abastecimento para consumo humano após tratamento convencional ou avançado;e) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e quesejam ingeridas cruas sem remoção de película, e à irrigação de parques, jardins, campos de esporte e

lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto.No local de amostragem foi possível observar a utilização da água para recreação de contatoprimário, aquicultura, abastecimento para consumo humano e irrigação de hortaliças e frutas.

O resultado para salinidade foi obtido pelo Método de Mohr, com valor obtido de 4,07, o que classificaa água do Rio Coaçu como salobra de acordo com a Resolução 357/2005 do CONAMA, pois apresentasalinidade superior a 0,5% e inferior a 30%.

No artigo de Pessoa (2002) foram obtidos os valores de 26 para a estação E1 e 0,6 na estação E2.O parâmetro condutividade elétrica fornece a medida da capacidade da água de conduzir corrente

elétrica. Porém não determina, especificamente, quais os íons que estão presentes em determinadaamostra de água, mas pode contribuir para possíveis reconhecimentos de contaminações que ocorram deáguas, ocasionados por lançamentos de resíduos industriais, mineração, esgotos, etc. Como há umarelação de proporcionalidade entre o teor de sais dissolvidos e a condutividade elétrica, pode-se estimar oteor de sais pela medida de condutividade elétrica de um corpo d’água.

Para a análise de condutividade elétrica obteve-se o valor de 835 mho/cm. Não existem valores

máximos para o parâmetro de condutividade elétrica.O pH representa a concentração de íons de hidrogênio H+, dando uma indicação sobre a condição de

acidez, neutralidade ou alcalinidade da água. Corpos d’água com pH entre 6,0 e 9,0 são considerados ideaispara a sustentabilidade do ambiente. Sua importância em estudos ambientais deve-se ao fato de estar

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relacionado à geoquímica do sistema CO2, atuando como um indicador dos processos que envolvem aprodução e a respiração biológica (SILVA, 2004).

O valor obtido a análise do pH foi de 7,39. De acordo com a resolução 357/2005 do CONAMA, o valorde pH está dentro do padrão para esse parâmetro. No artigo de Pessoa (2002) a média dos valores de pHobtidos foram 7,75 na estação E1, e 6,98 na estação E2.

A temperatura é um importante fator regulador do metabolismo, do crescimento, da atividade e dasobrevivência dos organismos aquáticos (Kubitza,1997). Em temperaturas abaixo ou acima do ideal, entre26 e 30oC, há possibilidade de morte de espécies.

A temperatura da água medida no local de amostragem foi de 26,5 ºC. Não existe um valor máximopara esse parâmetro. A média da temperatura da água registrada nas estações do artigo analisado foram de27,4 ºC na estação E1 e 28,1ºC na estação E2.

O oxigênio dissolvido na água é um elemento de vital importância para os seres aquáticos aeróbios.As reduções nas concentrações de oxigênio dissolvido nos corpos d’água são provocadas, principalmente,por dejetos de origem orgânica (Derisio, 2000). É um dos mais importantes na dinâmica e na caracterizaçãode ecossistemas aquáticos. As principais fontes de oxigênio para água são a atmosfera e a fotossíntese(ESTEVES, 1998).

O valor obtido para oxigênio dissolvido na amostra foi 3,7 mg/L, muito abaixo do valor determinadopela Resolução 357/2005 do CONAMA, indicando poluição por matéria orgânica na água. De acordo com aResolução 357/2005 do CONAMA, o valor de oxigênio dissolvido não deve ser inferior a 5 mg/L.

Os valores obtidos para a concentração de oxigênio dissolvido no artigo de Pessoa (2002) foram de5,41mg/L na estação E1 e 1,79 mg/L na estação E2. Essa grande diferença se deve pelo fato da

proliferação de microorganismos aeróbicos, responsáveis pela decomposição aeróbica e pela presença degrandes quantidades de macrófitas aquáticas (aguapés).A turbidez é causada pela presença de substâncias suspensas e coloidais. É determinada pela

quantidade de luz dispersada quando ela passa através de uma amostra. É um parâmetro que indica aqualidade estética das águas para abastecimento público, sendo encontrada em quase todas as águas desuperfície, em valores elevados, mas está normalmente ausente nas águas subterrâneas.

O valor da turbidez da amostra foi de 1,91 NTU. O valor obtido está dentro do aceitável para oconsumo humano, que segundo a Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde deve ser de 2 NTU.

A determinação quantitativa da fração particulada viva dentro do meio aquático é importante para oestudo e a compreensão dos fenômenos ecológicos. Portanto, uma estimativa do fitoplâncton por meioquímico, pela extração e determinação dos pigmentos fotossintéticos é satisfatória, mais simples e maisrápida que pelos métodos básicos. por exemplo, pela contagem de células (AMINOT in: AMINOT eCHAUSSIPIED, 1983).

Na determinação de Materiais em Suspensão obteve-se o resultado de 0,003 mg/L. Não existemvalores máximos para materiais em suspensão.

A quantidade de materiais em suspensão encontrada no Rio Coaçu é suficiente para influir na cor daágua, mas não foi constatada mudança no odor da mesma.

O valor de clorofila "a" apresentado na amostra foi 46,6 mg/L.No artigo analisado, a média dos valores de clorofila “a” obtidos foram 5,32 mg/L na estação E1, e

6,36 mg/L na estação E2. De acordo com Passavante (2003) os resultados obtidos para o Rio Coaçurepresentam altíssima produção de fitoplâncton. Já para os resultados do Rio Cocó, a produçãofitoplanctônica se encontra normal.

Os coliformes fecais são indicadores de presença de microrganismos patogênicos na água. Existemem grande quantidade nas fezes humanas e, quando encontrados na água, significa que a mesma recebeuesgotos domésticos, podendo conter microrganismos causadores de doenças.

Na determinação de coliformes totais e E. colli . foram obtidos os valores de 30,5 NMP/100 mL paracoliformes totais e 18,3 NMP/100 mL para E. colli . De acordo com a Resolução 274/2000 do CONAMA, os

valores obtidos são considerados na categoria própria e possuem valores enquadrados em excelente(quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores,colhidas no mesmo local, houver, no máximo, 250 coliformes fecais (termotolerantes) ou 200 Escherichia colli ou 25 enterococos por l00 mililitros). De acordo com a Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde a águaencontra-se imprópria para consumo humano devido à amostra apresentar resultado positivo paracoliformes totais e E. colli .

Para as análises de metais alcalinos (sódio e potássio) foram obtidos os teores de 35 mg/L de sódio e5,5 mg/L de potássio.

De acordo com a Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde o resultado obtido para alcalinidade estádentro do limite de 200mg/L, o que a torna própria para consumo humano, quando a mesma não estiversofrendo influência da maré alta.

O nitrogênio é um dos elementos mais importantes no metabolismo de ecossistemas aquáticosdevido à sua participação na formação de proteínas, podendo atuar como fator limitante na produção

primária desses ecossistemas e, em determinadas condições, tornar-se tóxico a organismos aquáticos.Dentre os compostos de nitrogênio dissolvidos na água, pode-se encontrar uma forma ionizada (NH4+),denominada “íon amônio e/ou amônio”, e outra não ionizada (NH3), amplamente conhecida como amônia.As duas formas juntas constituem a amônia total e/ou nitrogênio amoniacal total (ESTEVES, 1998).

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Em nenhum ciclo biogeoquímico os microorganismos têm maior participação do que no ciclo donitrogênio. Neste ciclo podem-se encontrar representantes de praticamente todos os grupos fisiológicos, quetomam parte em quatro processos básicos: amonificação, nitrificação, desnitrificação e amonificação donitrato (ESTEVES, 1998).

Para a análise de nitrito obteve-se o resultado de 0,96 mg/L. Este valor, de acordo com a Portaria518/2004 do Ministério da Saúde está dentro do padrão para o consumo humano, o valor máximo é de 1mg/L e no CONAMA 357/2005 é de 0,07mg/L N, estando portanto acima do limite aceitável parabalneabilidade.

O fósforo é um elemento nutritivo sendo a forma mineral majoritária, o ortofosfato, é essencial à vidaaquática. Na água do mar, os ortofosfatos estão presentes essencialmente em duas formas PO4-(10%) eHPO4

-(90%); H2PO4- representa menos de 1% desse total. Atua, particularmente, em processos de

metabolismo dos seres vivos, tais como armazenamento de energia, estruturação da membrana celular. Naágua o íon fosfato (P-orto) pode estar sob diferentes espécies iônicas em função do pH do meio (ESTEVES,1998).

Na determinação de fosfato dissolvido foi obtido o valor de 0,1 mg/L. De acordo com a Resolução357/2005 do CONAMA, a concentração de fósforo encontra-se próxima do limite para águas salobras declasse 1, que é de 0,124 mg/L P, o que denota processo de eutrofização, e é corroborado pelo valor declorofila “a”.

O silício é o elemento mais abundante no universo. É o sexto elemento mais abundante na atmosfera,logo após o oxigênio, é muito comum na crosta terrestre e na litosfera superior da terra (Grasshoff; Ehrhardt;Kremling, 1983). É um elemento nutritivo, pois participa da composição de certas espécies fitoplanctônicas

(diatomáceas, radiolares...) sendo, portanto, indispensável para estas espécies, pois é utilizada naelaboração das suas carapaças A concentração nas águas oceânicas de superfície encontradas é da ordemde <1 µmol/L. As concentrações se elevam progressivamente quando se aproxima do litoral e em particulardentro dos estuários (AMINOT; CHAUSSPEID, 1983).

A concentração da análise de silício foi de 89,25 mg/L, este elemento não é normatizado pelaResolução CONAMA 357/2005.

Conclusão

De acordo com os resultados obtidos na realização da análise de água do Rio Coaçu pode-se dizerque:

• O Rio Coaçu apresenta valor abaixo do aceitável para oxigênio dissolvido, o que significa elevadaconcentração de microorganismos aeróbios, responsáveis pela decomposição da matéria orgânica;

• Apesar do valor para turbidez apontar que a água do Rio Coaçu é própria para o consumo humano,o resultado do exame bacteriológico invalidam esse uso, pois apontaram a presença de coliformestermotolerantes e E.colli; 

• Após realizar a análise de clorofila “a” foi constatada altíssima produção fitoplanctônica, apesar doresultado para materiais em suspensão 0,003 mg/L. Pode-se dizer que a produção fitoplanctônicaeleva a quantidade de matéria orgânica na água;

• O local de amostragem apresenta grande interferência antrópica e pode-se afirmar que a populaçãolocal utiliza a água do rio para recreação e em plantações;

• Foi possível observar diversos tipos de materiais poluentes, como vidros, plásticos e lixo orgânico,além de esgoto sendo despejado sem tratamento no rio; e

• Resultados em desacordo com os padrões do CONAMA indicam um alto grau de poluição da águado Rio Coaçu, com suas águas devendo ser destinadas a usos menos exigentes.

Referências

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Agradecimentos

 Ao Programa Aluno Voluntário de Iniciação Científica – PAVIC, ao curso de Graduação em

Engenharia Ambiental e Sanitária e a Universidade de Fortaleza, pelo apoio e por desenvolver este espaçopara a divulgação de trabalhos científicos.