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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ANÁLISE DA ENTOAÇÃO EM ATITUDES PROPOSICIONAIS DE
ENUNCIADOS ASSERTIVOS E INTERROGATIVOS TOTAIS DO ESPANHOL
ARGENTINO: NAS VARIEDADES DE BUENOS AIRES E CÓRDOBA.
Natalia dos Santos Figueiredo
2011
ii
ANÁLISE DA ENTOAÇÃO EM ATITUDES PROPOSICIONAIS DE
ENUNCIADOS ASSERTIVOS E INTERROGATIVOS TOTAIS DO ESPANHOL
ARGENTINO: NAS VARIEDADES DE BUENOS AIRES E CÓRDOBA.
Natalia dos Santos Figueiredo
Dissertação de Mestrado submetida ao
Programa de Pós-Graduação em Letras
Neolatinas da Universidade Federal do Rio de
Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do título de Mestre
em Língua Espanhola.
Orientadora: Profa. Doutora Letícia Rebollo
Couto.
Co-orientadora: Profa. Doutora Maristela da
Silva Pinto.
Rio de Janeiro
Agosto de 2011
iii
ANÁLISE DA ENTOAÇÃO EM ATITUDES PROPOSICIONAIS DE
ENUNCIADOS ASSERTIVOS E INTERROGATIVOS TOTAIS DO ESPANHOL
ARGENTINO: NAS VARIEDADES DE BUENOS AIRES E CÓRDOBA.
Natalia dos Santos Figueiredo
Orientadora: Profa. Dra. Leticia Rebollo Couto
Co-orientadora: Profa. Dra. Maristela da Silva Pinto
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Letras Neolatinas
da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do título de Mestre em Língua Espanhola.
Examinada por:
Orientadora: Profa. Dra. Leticia Rebollo Couto (UFRJ)
Co-orientadora: Profa. Dra. Maristela da Silva Pinto (UFRRJ)
Prof. Dr. João Antonio de Moares (UFRJ)
Prof. Dr. Engenheiro Jorge Alberto Gurlekian (UBA)
Prof. Dra. María Aurora Consuelo Alfaro (UFRJ) - Suplente
Prof. Dra. Cláudia de Souza Cunha (UFRJ) - Suplente
Rio de Janeiro
Agosto de 2011
iv
Figueiredo, Natalia dos Santos.
Análise da entoação em atitudes proposicionais de enunciados assertivos e
interrogativos totais do espanhol argentino: nas variedades de Buenos Aires e Córdoba /
Natalia dos Santos Figueiredo. – Rio de Janeiro: UFRJ/FL, 2011.
xxiii, 151f.: il.; 31 cm.
Orientador: Letícia Rebollo Couto
Co-orientadora: Maristela da Silva Pinto
Dissertação (mestrado) – UFRJ/ FL/ Programa de Pós-graduação em Letras Neolatinas
(Língua Espanhola), 2011.
Referências Bibliográficas: 4f.
1. A Entoação na Língua Espanhola 2. As Atitudes Proposicionais em Espanhol. 3. Análise
fonética e Fonológica das variedades de Buenos Aires e Córdoba. I. Couto, Letícia
Rebollo. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras, Programa de
Pós-graduação em Letras Neolatinas. III. Título.
v
AGRADECIMENTOS
À Profa. Dr
a. Leticia Rebollo Couto por sua orientação e imenso comprometimento com
este trabalho e na busca de informantes para a pesquisa, além da amizade e todo o
incentivo que me foi dado desde meus primeiros passos em investigação na UFRJ.
À Profa. Dr
a. Maristela da Silva Pinto por sua co-orientação neste trabalho e por sua
amizade e dedicação à pesquisa em língua espanhola.
Ao Prof. Dr. João Antônio de Moraes pela leitura deste trabalho e pelas aulas no mestrado
que contribuíram para a realização desta pesquisa.
Ao Engenheiro Dr. Jorge Alberto Gurlekian por ter me recebido durante 6 meses como
estagiária no Laboratorio de Investigaciones Sensoriales da Universidad de Buenos Aires,
o que contribuiu para escolha deste tema de pesquisa e pela leitura deste trabalho.
Aos companheiros de pesquisa Prof. Mestre José Ricardo Dordron, Prof. Mestre Priscila
Ferreira e Carolina Gomes que contribuíram com o intercambio de informações referentes
ao estudo da Prosódia em língua espanhola nas reuniões semanais coordenadas pelas
Profas
. Dras
Leticia Rebollo Couto e Maristela da Silva Pinto.
A toda minha família, em especial aos meus pais Sandra e Evaristo por todo o incentivo
que deram aos meus estudos desde sempre e especialmente desde meus primeiros passos
na vida acadêmica.
A todos os meus amigos espalhados pelo mundo que contribuíram de diferentes maneiras
para que eu pudesse realizar este trabalho: Diego Evin e Natalia Elisei, pela ajuda na busca
de informantes portenhos e cordobeses; aos amigos argentinos que aceitaram participar
como informantes da pesquisa; e aos amigos brasileiros que compreenderam minha
ausência nos momentos cruciais desta pesquisa.
vi
Esta pesquisa foi desenvolvida com financiamento
do CNPq (03/2010 – 07/2011)
vii
RESUMO
ANÁLISE DA ENTOAÇÃO EM ATITUDES PROPOSICIONAIS DE
ENUNCIADOS ASSERTIVOS E INTERROGATIVOS TOTAIS DO ESPANHOL
ARGENTINO: NAS VARIEDADES DE BUENOS AIRES E CÓRDOBA.
Natalia dos Santos Figueiredo
Orientadora: Profa. Doutora Leticia Rebollo Couto.
Co-orientadora: Profa. Doutora Maristela da Silva Pinto.
Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação
em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Língua Espanhola.
Análise dos contornos melódicos de enunciados assertivos e interrogativos totais em diferentes
contextos de atitudes proposicionais em duas variedades do espanhol argentino: Buenos Aires e Córdoba. A
partir da interação com o entrevistador, foram gravados dados de fala representada ou atuada de oito
participantes, entre 20 e 30 anos, dois homens e duas mulheres de cada cidade, que reproduziram em
diferentes contextos pragmáticos o enunciado Marcela cenaba, nas modalidades assertivas e interrogativas
totais. A partir das curvas obtidas pelo programa de análise acústica PRAAT, medimos a variação dos valores
de frequência fundamental nas vogais e de duração nas sílabas; e realizamos a atribuição de tons baseado na
notação Sp_ToBI (Spanish Tones and Break Indices), que segue as bases descritas pelo modelo Métrico
Autossegmental (AM) de Pierrehumbert (1980). Nos enunciados assertivos encontramos 4 padrões
contrastantes em Buenos Aires e Córdoba. (a) Neutra: L+>H* __ H+ L* L%; (b) Foco contrastivo no pré-
núcleo e Irônica: L+H* __ L* L%; c) Foco Contrastivo no núcleo e Evidente: L+>H* __ L+ H* L%; d)
Incrédula ou sarcástica: L* __ H+ L* L%. Nos enunciados interrogativos encontramos 3 padrões
contrastantes em Buenos Aires e Córdoba. (a) Neutra: L+>H* __ L+ H* HL% para Buenos Aires e
L+ >H* __ L+ H* HH% para Córdoba; (b) Confirmativa e Incrédula ou sarcástica: L+>H* __ L+ H* L%;
c) Retórica: L+H* __ L+ H* L%. Exceto no caso da interrogativa neutra, pedido de informação, as duas
variedades apresentam os mesmos acentos tonais, a diferença está na implementação da duração, sobretudo
no alongamento das sílabas pré-tônicas por parte dos informantes de Córdoba frente aos de Buenos Aires.
Palavras-chave: Fonética e Fonologia, Entoação, Espanhol argentino.
Rio de Janeiro
Agosto de 2011
viii
RESUMEN
ANÁLISIS DE LA ENTONACIÓN EN ACTITUDES PROPOSICIONALES DE
ENUNCIADOS DECLARATIVOS E INTERROGATIVOS ABSOLUTOS DEL
ESPAÑOL ARGENTINO: EN LAS VARIEDADES DE BUENOS AIRES Y DE
CÓRDOBA.
Natalia dos Santos Figueiredo
Orientadora: Profa. Doutora Leticia Rebollo Couto.
Co-orientadora: Profa. Doutora Maristela da Silva Pinto.
Resumen de tesis de Maestría sometida al Programa de Posgrado en Letras
Neolatinas de la Universidade Federal de Rio de Janeiro – UFRJ, como parte de los
requisitos necesarios para la obtención del título de Maestra en Lengua Española.
Análisis de los contornos melódicos de enunciados asertivos e interrogativos totales em distintos
contextos de actitudes proposicionales considerando dos variedades del español argentino: Buenos Aires
y Córdoba. A partir de la intercación com el entrevistador, se grabaron datos de habla representada o
actuada de ocho participantes, entre 20 y 30 años, dos hombres y dos mujeres de cada ciudad, que
repitieron en distintos contextos pragmáticos el enunciado Marcela cenaba, en modalidades asertivas e
interrogativas totales. A partir de las curvas que genera el programa de análisis acústico PRAAT,
medimos la variación de los valores de frequencia fundamental em las vocales y de duración en las
sílabas, y realizamos la atribución de acentos tonales siguiendo la notación Sp_ToBI (Spanish Tones and
Break Indices), según el modelo Métrico Autosegmental (AM) de Pierrehumbert (1980). En los
enunciados asertivos encontramos 4 configuraciones contrastantes en Buenos Aires y Córdoba. (a)
Neutro: L+>H* __ H+ L* L%; (b) Foco contrastivo em el pré-tonema e Irónico: L+H* __ L* L%; c)
Foco Contrastivo em el núcleo y Evidente: L+>H* __ L+ H* L%; d) Incrédulo o sarcástico:
L* __ H+ L* L%. En enunciados interrogativos encontramos 3 configuraciones contrastantes em Buenos
Aires y Córdoba. (a) Neutro: L+>H* __ L+ H* HL% para Buenos Aires e L+ >H* __ L+ H* HH%
para Córdoba; (b) Confirmativo e Incrédulo o sarcástico: L+>H* __ L+ H* L%; c) Retórico:
L+H* __ L+ H* L%. A no ser em el caso de la interrogativa neutra, pedido de información, las dos
variedades presentan los mismos acentos tonales, la diferencia está em la implementación de la duración,
sobretodo em el alargamiento de las sílabas pré-tônicas por parte de los informantes de Córdoba frente a
los de Buenos Aires.
Palabras-clave: Fonética y Fonologia, Entonación, Español argentino.
Rio de Janeiro
Agosto de 2011
ix
SUMÁRIO
Lista de Figuras.................................................................................................................x
Lista de Gráficos..........................................................................................................xviii
Lista de Tabelas.............................................................................................................xxii
Lista de Ilustrações.......................................................................................................xxiii
Introdução....................................................................................................................... 1
Capítulo 1: A Entoação.....................................................................................................4
1.1 - A Entoação da Língua Espanhola.................................................................7
1.2 – A Análise Fonética................................... ...................................................8
1.3 – A Análise Fonológica...................................................................................9
1.3.1 - Modelos de Notação Fonológica....................................................9
1.3.1.1 – Modelo AM.......................................................................9
1.3.1.2 – SP_ToBI..........................................................................11
Capítulo 2: As atitudes proposicionais............................................................................16
2.1 – A expressividade.........................................................................................16
2.1.1 – As atitudes................................................................................... 17
Capítulo 3: Variedades entonacionais no espanhol argentino.........................................23
2.1 - Estudos das variedades entonacionais da Argentina...................................24
2.1 – A entoação de Buenos Aires...................................................................... 25
2.2.1 – Características entonacionais de enunciados assertivos.............. 26
2.2.2 – Características entonacionais de enunciados interrogativos........38
2.3 – A entoação de Córdoba..............................................................................47
Capítulo 4: Metodologia................................................................................................. 52
4.1 -Coleta de dados.............................................................................................52
4.1.1- Os Participantes............................................................................ 54
4.1.2 – O Estímulo.................................................................................. 54
4.2 - Critérios de Análise.................................................................................... 60
Capítulo 5: Resultados e discussões: Enunciados Assertivos.........................................62
5.1 – Asserção contrastiva...................................................................................62
5.1.1 – Aspectos Fonéticos......................................................................62
5.1.1.1 – Asserção Contrastiva com foco no pré-núcleo..............63
5.1.1.2 – Asserção Constrastiva com foco no núcleo...................65
5.1.2 – Aspectos Fonológicos..................................................................68
5.1.2.1 - Asserção Contrastiva com foco no pré-núcleo..............68
5.1.2.2 - Asserção Constrastiva com foco no núcleo...................69
x
5.2 – Asserção evidente.......................................................................................70
5.2.1 – Aspectos Fonéticos......................................................................71
5.2.2 - Aspectos Fonológicos.................................................................. 73
5.3 – Asserção neutra..........................................................................................75
5.3.1 - Aspectos Fonéticos.......................................................................75
5.3.2 - Aspectos Fonológicos...................................................................77
5.4 – Asserção incrédula......................................................................................78
5.4.1 - Aspectos Fonéticos.......................................................................78
5.4.2 - Aspectos Fonológicos...................................................................81
5.5 – Asserção irônica......................................................................................... 82
5.5.1 - Aspectos Fonéticos.......................................................................82
5.5.2 - Aspectos Fonológicos...................................................................84
Capítulo 6: Resultados e discussões: Enunciados Interrogativos Totais.........................87
6.1 – Pergunta confirmativa.................................................................................87
6.1.1 – Aspectos Fonéticos......................................................................87
6.1.2 - Aspectos Fonológicos...................................................................90
6.2 – Pedido de informação.................................................................................91
6.2.1 – Aspectos Fonéticos......................................................................91
6.2.2 - Aspectos Fonológicos.................................................................. 94
6.3 – Pergunta incrédula......................................................................................95
6.3.1 – Aspectos Fonéticos......................................................................96
6.3.1.1 – Pergunta incrédula com foco amplo..............................96
6.3.1.2 – Pergunta incrédula com foco estreito no pré-núcleo.....98
6.3.1.3 – Pergunta incrédula com foco estreito no núcleo.........101
6.3.2 – Aspectos Fonológicos................................................................103
6.4 – Pergunta Retórica.....................................................................................105
6.4.1 – Aspectos Fonéticos....................................................................105
6.4.2 - Aspectos Fonológicos.................................................................108
Capítulo 7: Considerações Finais..................................................................................111
Referências bibliográficas.............................................................................................116
Anexos...........................................................................................................................120
Anexo I - Medidas de f0 de enunciados Assertivos de Buenos Aires em hertz (Hz)...120
Anexo II - Medidas de f0 de enunciados Assertivos de Córdoba em hertz (Hz)..........125
Anexo III - Medidas de f0 de enunciados Interrogativos Totais de Buenos Aires em
hertz (Hz).......................................................................................................................130
Anexo IV - Medidas de f0 de enunciados Interrogativos Totais de Córdoba em hertz
(Hz)................................................................................................................................135
Anexo V - Medidas de duração de enunciados Assertivos de Buenos Aires em
milissegundos (ms)........................................................................................................140
Anexo VI - Medidas de duração de enunciados Assertivos de Córdoba em
milissegundos (ms)........................................................................................................143
xi
Anexo VII - Medidas de duração de enunciados Interrogativos totais de Buenos Aires
em milissegundos (ms)..................................................................................................146
Anexo VIII - Medidas de duração de enunciados Interrogativos totais de Córdoba em
milissegundos (ms)........................................................................................................149
xii
Lista de Figuras:
Figura 1: Enunciado assertivo com final descendente, obtido de Quilis (1981).............. 4
Figura 2: Enunciado interrogativo com final ascendente, obtido de Quilis (1981).......... 5
Figura 3: Figura ilustrativa dos acentos tonais do espanhol segundo a notação SP_ToBI
extraído de Aguilar (2009)............................................................................................. 12
Figura 4: Quadro representativo dos acentos tonais encontrados na variedade de Buenos
Aires a partir da notação Sp_ToBI extraído de Gabriel et al. (no prelo)........................ 13
Figura 5: Figura ilustrativa dos tons de fronteira final do espanhol segundo a notação
SP_ToBI extraído de Aguilar (2009).............................................................................. 14
Figura 6: Figura ilustrativa dos tons de fronteira intermediários do espanhol segundo a
notação SP_ToBI extraído de Aguilar (2009).................................................................14
Figura 7: Quadro representativo dos tons de fronteira encontrados na variedade de
Buenos Aires a partir da notação Sp_ToBI extraído de Gabriel et al. (no
prelo)............................................................................................................................... 14
Figura 8: Figura ilustrativa dos acentos tonais em posição nuclear associados aos tons
de fronteira do espanhol segundo a notação SP_ToBI extraído de Agular (2009)........ 15
Figura 9: Enunciado de afirmação enfática extraído de Quilis (1981)........................... 17
Figura 10: Enunciado pergunta pronominal enfática extraído de Quilis (1981)............ 18
Figura 11: Enunciado de pergunta pronominal com matiz de cortesia extraído de Quilis
(1981).............................................................................................................................. 18
Figura 12: Enunciado de pergunta reiterativa extraído de Quilis (1981)....................... 18
Figura 13: Enunciado de pergunta relativa extraído de Quilis (1981)........................... 18
Figura 14: Enunciado de pergunta confirmativa extraído de Quilis (1981)................... 18
Figura 15: Enunciado de pergunta imperativa extraído de Quilis (1981)...................... 19
Figura 16: Enunciado exclamativo extraído de Quilis (1981)........................................ 19
Figura 17: Quadro de variação de funções das mais involuntárias às mais voluntárias
descritas por Aubergé (2002, apud: MORAES, 2008b)................................................. 20
Figura 18: Distribuição de províncias em território argentino....................................... 24
Figura 19: Contorno tonal do enunciado assertivo de Buenos Aires (SOSA, 1999)...... 27
Figura 20: Enunciado assertivo de Buenos Aires com componente pré-nuclear
paroxítono. (GURLEKIAN Y TOLEDO, 2008)............................................................ 29
Figura 21: Enunciado assertivo de Buenos Aires com componente nuclear paroxítono.
(GURLEKIAN Y TOLEDO, 2008)............................................................................... 29
xiii
Figura 22: Combinação de constituintes oxítonos, paroxítonos e proparoxítonos que
compõem o corpus assertivo de análise. (GURLEKIAN ET. AL. 2010a)..................... 30
Figura 23: Exemplo de enunciado assertivo curto de Buenos Aires com foco amplo “La
mandarina linda”. (BARJAM, 2004).............................................................................. 31
Figura 24: Exemplo de enunciado assertivo longo de Buenos Aires com foco amplo
“María tenía la banana de Gaby”. (BARJAM, 2004)..................................................... 32
Figura 25: Exemplo de enunciado assertivo de Buenos Aires como foco em "MARIA”:
MARÍA tenía la banana de Gaby.(BARJAM, 2004)...................................................... 32
Figura 26: Exemplo de enunciado assertivo com foco em posição média de Buenos
Aires: “María tenía la BANANA de Gaby”. (BARJAM, 2004).................................... 33
Figura 27: Enunciado assertivo com foco amplo de Buenos Aires: “Está agarrando un
gajo de mandarina”(GABRIEL ET AL., no prelo)........................................................ 34
Figura 28: Enunciado assertivo neutro com foco amplo de Buenos Aires: “Está
comiendo mandarinas” (GABRIEL ET AL., no prelo).................................................. 35
Figura 29: Enunciado assertivo neutro com foco estreito de Buenos Aires: “No
¡Naranjas!” (GABRIEL ET AL., no prelo).................................................................... 36
Figura 30: Enunciado assertivo contrastivo de Buenos Aires: “¡No, se va a vivir a San
Juan!” (GABRIEL ET AL., no prelo)……………………………………………….... 36
Figura 31: Enunciado assertivo evidente de Buenos Aires: “¡Con Manuel!” (GABRIEL
ET AL., no prelo)........................................................................................................... 37
Figura 32: Contorno tonal de enunciado interrogativo total de Buenos Aires (SOSA,
1999)............................................................................................................................... 38
Figura 33: Enunciado interrogativo total de Buenos Aires com componentes
paroxítonos. (GURLEKIAN Y TOLEDO, 2008).......................................................... 40
Figura 34: Combinação de constituintes oxítonos, paroxítonos e proparoxítonos que
compõem o corpus interrogativo de análise. (GURLEKIAN ET. AL. 2010b)……….. 41
Figura 35: Enunciado interrogativo total com constituintes paroxítonos de Buenos Aires
(GURLEKIAN ET AL. 2010b)...................................................................................... 41
Figura 36: Exemplo enunciado interrogativo total curto de Buenos Aires: ¿Nadaba la
nona? (BARJAM, 2004)................................................................................................. 42
Figura 37: Exemplo de enunciado interrogative total longo de Buenos Aires com foco
em “tenía”:”¿María TENÍA la banana de Gaby?” (BARJAM, 2004)............................ 43
Figura 38: Exemplo de enunciado interrogativo total de Buenos Aires com foco em
“banana”: “¿María tenía la BANANA de Gaby?” (BARJAM, 2004)........................... 43
xiv
Figura 39: Enunciado interrogativo total de Buenos Aires com final descendente:
“¿Viene mañana?”(LEE, 2010)...................................................................................... 44
Figura 40: Enunciado interrogative total de Buenos Aires com final ascendente:
“¿Miraba la luna?”(LEE, 2010)...................................................................................... 45
Figura 41: Comparação do contorno melódico de enunciados assertivos (em cinza) e
interrogativos totais (em negro) produzidos por um mesmo informante. (LEE, 2010). 45
Figura 42: Enunciado interrogativo total neutro de Buenos Aires: “¿Tiene mandarinas?”
(GABRIEL, no prelo)......................................................................................................46
Figura 43: Enunciado interrogativo total confirmativo de Buenos Aires: “Juan, ¿venís a
cenar esta noche?”(GABRIEL, no prelo)……………………………............................47
Figura 44: Representações do contorno melódico com alongamento nas pré-tônicas em
enunciados de Córdoba (FONTANELLA DE WEINBERG, 1971)………………….. 50
Figura 45: Representações do contorno melódico com alongamento nas sílabas tônicas
em enunciados de Córdoba (FONTANELLA DE WEINBERG, 1971)…………….... 50
Figura 46: Asserção contrastiva com foco no pré-núcleo produzida por informante 1 do
sexo masculino de Buenos Aires.................................................................................... 63
Figura 47: Asserção contrastiva com foco no pré-núcleo produzida por informante 1 do
sexo masculino de Córdoba.............................................................................................63
Figura 48: Asserção contrastiva com foco no núcleo produzida por informante 1 do sexo
feminino de Buenos Aires.............................................................................................. 66
Figura 49: Asserção contrastiva com foco no núcleo produzida por informante 1 do sexo
feminino de Córdoba...................................................................................................... 66
Figura 50: Segmentação de Asserção Contrastiva com foco no pré-núcleo de Buenos
Aires produzida por informante 1 do sexo feminino...................................................... 69
Figura 51: Segmentação de Asserção Contrastiva com foco no pré-núcleo de Córdoba
produzida por informante 1 do sexo masculino.............................................................. 69
Figura 52: Segmentação de Asserção Contrastiva com foco no núcleo de Buenos Aires
produzida por informante 1 do sexo feminino……………………………………….... 70
Figura 53: Segmentação de Asserção Contrastiva com foco no núcleo de Córdoba
produzida por informante 1 do sexo feminino……………………………………….....70
Figura 54: Asserção evidente produzida por informante 1 do sexo masculino de Buenos
Aires.................................................................................................................................71
Figura 55: Asserção evidente produzida por informante 1 do sexo masculino de
Córdoba.......................................................................................................................... 71
xv
Figura 56: Segmentação de Asserção Evidente de Buenos Aires produzida por
informante 1 do sexo feminino....................................................................................... 74
Figura 57: Segmentação de Asserção Evidente de Córdoba produzida por informante 1
do sexo masculino……………………………………………………………………...74
Figura 58: Asserção neutra produzida por informante 2 do sexo feminino de Buenos
Aires................................................................................................................................ 75
Figura 59: Asserção neutra produzida por informante 2 do sexo feminino de
Córdoba……………………………………………………………………………….. 75
Figura 60: Segmentação de Asserção Neutra de Buenos Aires produzida por informante
2 do sexo feminino……………………………………………………………………..78
Figura 61: Segmentação de Asserção Neutra de Córdoba produzida por informante 2 do
sexo feminino……………………………………………........……………………..... 78
Figura 62: Asserção incrédula produzida por informante 1 do sexo feminino de Buenos
Aires…………………………………..................................................................…….. 79
Figura 63: Asserção incrédula produzida por informante 2 do sexo feminino de
Córdoba.......................................................................................................................... 79
Figura 64: Segmentação de Asserção Incrédula de Buenos Aires produzida por
informante1 do sexo feminino........................................................................................ 81
Figura 65: Segmentação de Asserção Incrédula de Córdoba produzida por informante 2
do sexo feminino.............................................................................................................81
Figura 66: Asserção irônica produzida por informante 1 do sexo masculino de Buenos
Aires................................................................................................................................ 82
Figura 67: Asserção irônica produzida por informante 2 do sexo masculino de
Córdoba……………………………………………………………………………….. 82
Figura 68: Segmentação de Asserção Irônica de Buenos Aires produzida por
informante1 do sexo masculino……………………………………………………….. 85
Figura 69: Segmentação de Asserção Irônica de Córdoba produzida por informante 2 do
sexo masculino............................................................................................................... 85
Figura 70: Pergunta confirmativa de Buenos Aires produzida por informante 1 do sexo
feminino………………………………………………………………………………...88
Figura 71: Pergunta confirmativa de Córdoba produzida por informante 2 do sexo
masculino……………………………………………………………………………….88
Figura 72: Segmentação de Pergunta Confirmativa de Buenos Aires produzida por
informante 1 do sexo feminino………………………………………………………..91
xvi
Figura 73: Segmentação de Pergunta Confirmativa de Córdoba produzida por
informante 2 do sexo masculino………………………………………………………..91
Figura 74: Pedido de Informação de Buenos Aires produzido por informante 1 do sexo
feminino………………………………………………………………………………...92
Figura 75: Pedido de Informação de Córdoba produzido por informante 1 do sexo
masculino……………………………………………………………………………….92
Figura 76: Segmentação de pedido de informação de Buenos Aires produzido por
informante 1 do sexo feminino………………………………………………………... 94
Figura 77: Segmentação de pedido de informação de Córdoba produzido por informante
1 do sexo masculino…………………………………………………………………....94
Figura 78: Pergunta incrédula com foco amplo de Buenos Aires produzido por
informante 1 do sexo feminino………………………………………………………....96
Figura 79: Pergunta incrédula com foco amplo de Córdoba produzido por informante 1
do sexo masculino……………………………………………………………………...96
Figura 80: Pergunta incrédula com foco no pré-núcleo de Buenos Aires produzido por
informante 1 do sexo feminino………………………………………………………....99
Figura 81: Pergunta incrédula com foco no pré-núcleo de Córdoba produzido por
informante 1 do sexo masculino………………………………………………………..99
Figura 82: Pergunta incrédula com foco no núcleo de Buenos Aires produzido por
informante 1 do sexo feminino………………………………………………………..101
Figura 83: Pergunta incrédula com foco no núcleo de Córdoba produzido por
informante 1 do sexo feminino………………………………………………………..101
Figura 84: Segmentação de pergunta incrédula com foco amplo de Buenos Aires
produzido por informante 1 do sexo feminino..............................................................104
Figura 85: Segmentação de pergunta incrédula com foco amplo de Córdoba produzido
por informante 1 do sexo masculino…………………………………………………..104
Figura 86: Segmentação de pergunta incrédula com foco no pré-núcleo de Buenos Aires
produzido por informante 1 do sexo feminino………………………………………..104
Figura 87: Segmentação de pergunta incrédula com foco no pré-núcleo de Córdoba
produzido por informante 1 do sexo masculino……………………………………....104
Figura 88: Segmentação de pergunta incrédula com foco no núcleo de Buenos Aires
produzido por informante 1 do sexo feminino………………………………………..105
Figura 89: Segmentação de pergunta incrédula com foco no núcleo de Córdoba
produzido por informante 1 do sexo feminino………………………………………..105
xvii
Figura 90: Pergunta Retórica de Buenos Aires produzido por informante 1 do sexo
feminino……………………………………………………………………………….106
Figura 91: Pergunta Retórica de Córdoba produzido por informante 2 do sexo
feminino……………………………………………………………………………….106
Figura 92: Segmentação de Pergunta Retórica de Buenos Aires produzida por
informante 1 do sexo feminino..................................................................................... 109
Figura 93: Segmentação de Pergunta Retórica de Córdoba produzida por informante 2
do sexo feminino……………………………………………………………………...109
xviii
Lista de Gráficos:
Gráfico 1: Valores da média de f0 em posição pré-nuclear de enunciados Assertivos
Contrastivos com foco no pré-núcleo de Buenos Aires..................................................64
Gráfico 2: Valores da média de f0 em posição pré-nuclear de enunciados Assertivos
Contrastivos com foco no pré-núcleo de Córdoba..........................................................64
Gráfico 3: Valores da média de f0 em posição nuclear de enunciados Assertivos
Contrastivos com foco no pré-núcleo de Buenos Aires..................................................64
Gráfico 4: Valores da média de f0 em posição nuclear de enunciados Assertivos
Contrastivos com foco no pré-núcleo de Córdoba..........................................................64
Gráfico 5: Média de duração do pré-núcleo de assertivas contrastivas com foco no pré-
núcleo...............................................................................................................................65
Gráfico 6: Média de duração do núcleo de assertivas contrastivas com foco no pré-
núcleo...............................................................................................................................65
Gráfico 7: Valores da média de f0 em posição pré-nuclear de enunciados Assertivos
Contrastivos com foco no núcleo de Buenos Aires.........................................................67
Gráfico 8: Valores da média de f0 em posição pré-nuclear de enunciados Assertivos
Contrastivos com foco no núcleo de Córdoba.................................................................67
Gráfico 9: Valores da média de f0 em posição nuclear de enunciados Assertivos
Contrastivos com foco no núcleo de Buenos Aires.........................................................67
Gráfico 10: Valores da média de f0 em posição nuclear de enunciados Assertivos
Contrastivos com foco no núcleo de Córdoba.................................................................67
Gráfico 11: Média de duração do pré-núcleo de assertivas contrastivas com foco no
núcleo...............................................................................................................................68
Gráfico 12: Média de duração do núcleo de assertivas contrastivas com foco no
núcleo...............................................................................................................................68
Gráfico 13: Valores da média de f0 em posição pré-nuclear de enunciados Assertivos
Evidente de Buenos Aires................................................................................................72
Gráfico 14: Valores da média de f0 em posição pré-nuclear de enunciados Assertivos
Evidente de Córdoba.......................................................................................................72
Gráfico15: Valores da média de f0 em posição nuclear de enunciados Assertivos
Evidente de Buenos Aires................................................................................................72
Gráfico 16: Valores da média de f0 em posição pré-nuclear de enunciados Assertivos
Evidente de Córdoba.......................................................................................................72
xix
Gráfico 17: Média de duração do pré-núcleo de assertivas contrastivas com foco no
núcleo...............................................................................................................................73
Gráfico 18: Média de duração do pré-núcleo de assertivas contrastivas com foco no
núcleo...............................................................................................................................73
Gráfico 19: Valores da média de f0 em posição pré-nuclear de enunciados Assertivos
Neutros de Buenos Aires.................................................................................................76
Gráfico 20: Valores da média de f0 em posição pré- nuclear de enunciados Assertivos
Neutros de Córdoba.........................................................................................................76
Gráfico 21: Valores da média de f0 em posição nuclear de enunciados Assertivos
Neutros de Buenos Aires.................................................................................................76
Gráfico 22: Valores da média de f0 em posição nuclear de enunciados Assertivos
Neutros de Córdoba.........................................................................................................76
Gráfico 23: Média de duração do pré-núcleo de assertivas neutras................................77
Gráfico 24: Média de duração do núcleo de assertivas neutras.......................................77
Gráfico 25: Valores da média de f0 em posição pré-nuclear de enunciados Assertivos
Incrédulos de Buenos Aires.............................................................................................79
Gráfico 26: Valores da média de f0 em posição pré-nuclear de enunciados Assertivos
Incrédulos de Córdoba.....................................................................................................79
Gráfico 27: Valores da média de f0 em posição nuclear de enunciados Assertivos
Incrédulos de Buenos Aires.............................................................................................79
Gráfico 28: Valores da média de f0 em posição nuclear de enunciados Assertivos
Incrédulos de Córdoba.....................................................................................................79
Gráfico 29: Média de duração do pré-núcleo de assertivas incrédulas...........................80
Gráfico 30: Média de duração do núcleo de assertivas incrédulas..................................80
Gráfico 31: Valores da média de f0 em posição pré-nuclear de enunciados Assertivos
Irônicos de Buenos Aires.................................................................................................83
Gráfico 32: Valores da média de f0 em posição pré-nuclear de enunciados Assertivos
Irônicos de Córdoba.........................................................................................................83
Gráfico 33: Valores da média de f0 em posição nuclear de enunciados Assertivos
Irônicos de Buenos Aires.................................................................................................83
Gráfico 34: Valores da média de f0 em posição nuclear de enunciados Assertivos
Irônicos de Córdoba.........................................................................................................83
Gráfico 35: Média de duração do pré-núcleo de assertivas irônicas...............................84
Gráfico 36: Média de duração do núcleo de assertivas irônicas......................................84
xx
Gráfico 37: Média de f0 em posição pré-nuclear de perguntas confirmativas de Buenos
Aires.................................................................................................................................88
Gráfico 38: Média de f0 em posição pré-nuclear de perguntas confirmativas de
Córdoba...........................................................................................................................88
Gráfico 39: Média de f0 em posição nuclear de perguntas confirmativas de Buenos
Aires.................................................................................................................................89
Gráfico 40: Média de f0 em posição nuclear de perguntas confirmativas de Córdoba...89
Gráfico 41: Média de duração em posição pré-nuclear de perguntas confirmativas de
Buenos Aires e de Córdoba.............................................................................................89
Gráfico 42: Média de duração em posição nuclear de perguntas confirmativas de
Buenos Aires e de Córdoba.............................................................................................89
Gráfico 43: Média de f0 em posição pré-nuclear de pedido de informação de Buenos
Aires.................................................................................................................................93
Gráfico 44: Média de f0 em posição pré-nuclear de pedido de informação de
Córdoba...........................................................................................................................93
Gráfico 45: Média de f0 em posição nuclear de pedido de informação de Buenos
Aires.................................................................................................................................93
Gráfico 46: Média de f0 em posição nuclear de pedido de informação de Córdoba......93
Gráfico 47: Média de duração em posição pré-nuclear dos pedidos de informação de
Buenos Aires e de Córdoba.............................................................................................94
Gráfico 48: Média de duração em posição nuclear de pedidos de informação de Buenos
Aires e de Córdoba..........................................................................................................94
Gráfico49: Média de f0 em posição pré-nuclear de pergunta incrédula com foco amplo
de Buenos Aires...............................................................................................................97
Gráfico 50: Média de f0 em posição pré-nuclear de pergunta incrédula com foco amplo
de Córdoba.......................................................................................................................97
Gráfico 51: Média de f0 em posição nuclear de pergunta incrédula com foco amplo de
Buenos Aires....................................................................................................................97
Gráfico 52: Média de f0 em posição nuclear de pergunta incrédula com foco amplo de
Córdoba...........................................................................................................................97
Gráfico 53: Média de duração em posição pré-nuclear de perguntas incrédulas com foco
amplo de Buenos Aires e de Córdoba.............................................................................98
Gráfico 54: Média de duração em posição nuclear dos perguntas incrédulas com foco
amplo de Buenos Aires e de Córdoba.............................................................................98
xxi
Gráfico 55: Média de f0 em posição pré-nuclear de pergunta incrédula com foco no pré-
núcleo de Buenos Aires...................................................................................................99
Gráfico 56: Média de f0 em posição pré-nuclear de pergunta incrédula com foco no pré-
núcleo de Córdoba...........................................................................................................99
Gráfico 57: Média de f0 em posição nuclear de pergunta incrédula com foco no pré-
núcleo de Buenos Aires...................................................................................................99
Gráfico 58: Média de f0 em posição nuclear de pergunta incrédula com foco no pré-
núcleo de Córdoba...........................................................................................................99
Gráfico 59: Média de duração em posição pré-nuclear de perguntas incrédulas com foco
no pré-núcleo de Buenos Aires e de Córdoba...............................................................101
Gráfico 60: Média de duração em posição nuclear de perguntas incrédulas com foco no
pré-núcleo de Buenos Aires e de Córdoba....................................................................101
Gráfico 61: Média de f0 em posição pré-nuclear de pergunta incrédula com foco no
núcleo de Buenos Aires.................................................................................................102
Gráfico 62: Média de f0 em posição pré-nuclear de pergunta incrédula com foco no
núcleo de Córdoba.........................................................................................................102
Gráfico 63: Média de f0 em posição nuclear de pergunta incrédula com foco no núcleo
de Buenos Aires.............................................................................................................103
Gráfico 64: Média de f0 em posição nuclear de pergunta incrédula com foco no núcleo
de Córdoba.....................................................................................................................103
Gráfico 65: Média de duração em posição pré-nuclear de perguntas incrédulas com foco
no núcleo de Buenos Aires e de Córdoba......................................................................103
Gráfico 66: Média de duração em posição nuclear de perguntas incrédulas com foco no
núcleo de Buenos Aires e de Córdoba...........................................................................103
Gráfico 67: Média de f0 em posição pré-nuclear de pergunta Retórica de Buenos
Aires...............................................................................................................................107
Gráfico 68: Média de f0 em posição pré-nuclear de pergunta Retórica de Córdoba.....107
Gráfico 69: Média de f0 em posição nuclear de Pergunta Retórica de Buenos Aires...107
Gráfico 70: Média de f0 em posição nuclear de Pergunta Retórica de Córdoba...........107
Gráfico 71: Média de duração em posição pré-nuclear de perguntas retóricas de Buenos
Aires e de Córdoba........................................................................................................108
Gráfico 72: Média de duração em posição nuclear de perguntas retóricas de Buenos
Aires e de Córdoba........................................................................................................108
xxii
Lista de Tabelas:
Tabela 1: Disposição de informantes por quantidade de enunciados por contextos,
distribuídos por sexo e variedade....................................................................................59
Tabela 2: Quadro que apresenta a disposição dos contextos atitudinais assertivos de
Buenos Aires de acordo com a atribuição de tons no pré-núcleo e no núcleo dos
enunciados.................................................................................................................... 113
Tabela 3: Quadro que apresenta a disposição dos contextos atitudinais assertivos de
Córdoba de acordo com a atribuição de tons no pré-núcleo e no núcleo dos
enunciados.................................................................................................................... 113
Tabela 4: Quadro que apresenta a disposição dos contextos atitudinais interrogativos
totais de Buenos Aires de acordo com a atribuição de tons no pré-núcleo e no núcleo
dos enunciados...............................................................................................................114
Tabela 5: Quadro que apresenta a disposição dos contextos atitudinais interrogativos
totais de Córdoba de acordo com a atribuição de tons no pré-núcleo e no núcleo dos
enunciados.................................................................................................................... 114
xxiii
Lista de Ilustrações:
Ilustração 1: Ficha de coleta de dados com as informações repassadas ao participante
durante a entrevista..........................................................................................................58
Ilustração 2: Imagem da tela de segmentação do PRAAT..............................................60
xxiv
1
INTRODUÇÃO
Este trabalho consiste na análise dos contornos melódicos de enunciados
assertivos e interrogativos totais em contextos atitudinais de duas variedades do
espanhol argentino: Buenos Aires e Córdoba. Para o estudo de contextos expressivos,
Moraes (2008b) propõe a análise de atitudes nas expressões assertivas e interrogativas
totais a partir da relação do falante com o conteúdo proposicional (CP) desses
enunciados, num eixo atitudinal que varia de acordo com o grau de mais a menos
certeza expresso com relação ao CP. Segundo Fónagy (1993), as atitudes
proposicionais, denotam um estado mental em relação a uma proposição. O falante pode
considerar uma proposição de diversas maneiras, seja do ponto de vista da perspectiva
cognitivista, seja volitiva ou ainda emotiva (Moraes 2008b).
Para a análise da entoação de enunciados assertivos e interrogativos totais, em
português, na variedade do Rio de Janeiro, Moraes (2008b) descreve contornos
melódicos discretos e contínuos, considerando cinco tipos de assertivas: contrastiva,
evidente, neutra, incrédula e irônica; e cinco tipos de interrogativas totais: pedido de
confirmação, pergunta neutra, pergunta incrédula e a pergunta retórica. Para cada um
destes contextos Moraes (2008a) descreve diferentes padrões de entoação, com
características fonéticas e fonológicas próprias.
Ao analisar as atitudes em espanhol interessa-nos verificar se também
encontramos nessa língua um padrão distinto para cada contexto atitudinal descritas por
Moraes (2008) para o português do Brasil (PB), e se essas diferenças em espanhol estão
no nível fonológico da entoação (padrões discretos) ou no nível fonético da entoação
(padrões contínuos). Além desse primeiro objetivo contrastivo, a segunda proposta
contrastiva deste trabalho é analisar os contextos atitudinais em língua espanhola a
partir do contraste entre duas variedades argentinas: Buenos Aires e Córdoba. A
intenção da pesquisa é verificar como se comportam essas variedades em diferentes
contextos de atitudes proposicionais pré-selecionados, visando destacar os contrastes
existentes e se os mesmos encontram-se mais no nível fonético ou ao fonológico.
2
Para os enunciados assertivos neutros do espanhol de Buenos Aires, Sosa (1999)
descreve um contorno melódico final descendente, caracterizado fonologicamente por:
H*+L __ L* L%. Gurlekian et al. (2010) descrevem o contorno melódico dos
enunciados assertivos de Buenos Aires como: L + >H* __ L* L%. Para os enunciados
interrogativos totais neutros do espanhol de Buenos Aires, Sosa (1999) descreve um
movimento final ascendente. O contorno nuclear de Buenos Aires caracteriza-se por:
H*+L __ L+H* H%. Gurlekian et al. (2010), em estudos sobre o padrão das
interrogativas totais neutras de Buenos Aires para o Projeto AMPER-Argentina,
descrevem um movimento circunflexo com alinhamento tardio do pico de F0
(deslocado para a sílaba pós-tônica) no final do enunciado. Esse padrão caracteriza-se
por: H* + L __ L + >H* L%. Para a análise de enunciados do espanhol de Buenos Aires
e de Córdoba nos contextos atitudinais propostos por Moraes (2008) não há ainda
estudos realizados.
A partir de contextos pragmáticos de interação, nos quais cada informante
interpreta diferentes papéis comunicativos, gravamos o mesmo enunciado Marcela
cenaba, nas modalidades assertivas e interrogativas, dentro dos contextos propostos por
Moraes (2008). Os enunciados foram produzidos por oito informantes, entre 20 e 30
anos de idade, sendo quatro de Buenos Aires – 2 homens e 2 mulheres – e quatro de
Córdoba – 2 homens e 2 mulheres. A escolha deste enunciado deve-se a que se
obtivesse uma mesma estrutura a ser utilizada em diferentes contextos, contendo um
pré-núcleo e um núcleo composto por palavras de três sílabas e que apresentasse como
tônica a segunda sílaba (paroxítona). Essa estrutura baseia-se na proposta de Moraes
(2008) para a análise do português do Rio de Janeiro, que utiliza outro enunciado,
porém com essa mesma estrutura. Com cada uma das informantes, o enunciado foi
gravado cinco vezes nos dois contextos atitudinais delimitados: um neutro e um
confirmativo com o objetivo de saber se em Buenos Aires e em Cõrdoba encontramos
algum tipo de contraste, discreto ou contínuo, no contorno melódico desses enunciados.
Foi realizada uma descrição fonética e uma análise fonológica do acento tonal
em posição pré-nuclear e nuclear, a partir das curvas obtidas pelo programa de análise
acústica PRAAT. Do ponto de vista fonético, observamos a variação dos valores de
frequência fundamental; do ponto de vista fonológico, realizamos a atribuição de tons a
3
partir da notação do modelo Sp_ToBI (Spanish Tones and Break Indices), que segue as
bases descritas pelo modelo Autossegmental-métrico (AM) de Pierrehumbert (1980).
Esse trabalho está dividido em 7 capítulos. No capítulo 1 descrevemos os
conceitos de entoação e os tipos de análise e notações aplicados para esta pesquisa. No
capítulo 2 apresentamos as diferentes propostas de descrição fonológica de enunciados
assertivos e interrogativos totais da variedade do espanhol de Buenos Aires. No
capítulo 3 são apresentados os conceitos de atitudes proposicionais e suas
particularidades com relação a outros contextos expressivos, abordando a proposta de
Moraes (2008a).
No capítulo 4 foram descritas as características metodológicas da pesquisa e nos
capítulos 5 e 6 encontram-se as análises realizadas e seus resultados, sendo o capítulo 5
dedicado aos enunciados assertivos e o capítulo 6, aos interrogativos totais. Todos em
contextos atitudinais. Por fim, o capítulo 7 apresenta os resultados e as considerações
finais desta pesquisa.
4
CAPÍTULO I
A ENTOAÇÃO
Falar em uma língua é muito mais que apenas juntar sons, morfemas e palavras
em uma oração, assim afirma Sosa em seu livro La Entonación del Español (1999). O
entendimento de sentido de determinada oração depende também da melodia que lhe é
dada. Essa melodia, conhecida por entoação é uma das responsáveis por distinguir, por
exemplo, um enunciado assertivo de um interrogativo. (SOSA, 1999).
Vários outros autores definem a entoação e lhe atribuem diversas funções como
observamos neste capítulo. Selecionamos como primeiro exemplo Quilis, que em seu
livro Fonética Acústica de La Lengua Española (1981 [1988]) define a entoação como
um complexo composto por:
a) distintas funções, como linguísticas, sociolinguísticas e expressivas;
b) três classes diferentes de níveis linguísticos: unidades fônicas, léxicas e
sintáticas;
c) realização através de distintos níveis acústicos.
Entre as funções de nível linguístico, Quilis (1981) as classifica de acordo com
as seguintes propriedades:
1) Distintiva: gera a oposição entre enunciados assertivos e interrogativos,
por exemplo. Os enunciados assertivos se caracterizam pelo contorno
melódico final em queda, como se observa na figura 1:
Figura 1: Enunciado assertivo com final descendente, obtido de Quilis (1981)
5
Os enunciados interrogativos se caracterizam, de forma generalizada, por um
contorno melódico final ascendente, segundo o exemplo apresentado por Quilis (1981)
na figura 2:
Figura 2: Enunciado interrogativo com final ascendente, obtido de Quilis (1981).
Verificamos nesta pesquisa que nem todos os enunciados interrogativos
terminam em tom alto, porém possuem um movimento ascendente que nem sempre se
mantém até o final da frase. Podemos distinguir dois tipos de enunciados interrogativos:
os totais que se referem a perguntas em que se tem como respostas um “sim” ou um
“não”, que é o tipo de perguntas que são analisadas neste trabalho e estão refletidas no
exemplo de Quilis (1981); e as parciais, que se referem a perguntas pronominais, ou
seja, aquelas acompanhadas por pronomes interrogativos – que, por que, como, qual,
etc. Entre as interrogativas totais e as parciais é possível encontrar diferenças bem
expressivas na configuração de suas curvas melódicas.
2) Demarcativa: marca as pausas, e pode possuir ou não características
distintivas.
Para Moraes (1984), a entoação é usada para referir-se à variação de um ou mais
parâmetros acústicos: a frequência fundamental (f0), como parâmetro primário, a
intensidade e o tempo. Numa proposta de síntese de revisão bibliográfica, a entoação é,
portanto, o resultado da interação entre esses três prarâmetros e possui duas grandes
funções (PINTO, 2009: 38):
de caráter linguístico - que é a de distinguir um enunciado assertivo de um
interrogativo;
6
de caráter identificador – que compreende a exteriorização das emoções e
sentimentos do falante (medo, alegria, raiva…) juntamente com suas marcas de
identidade individual e social (sexo, idade, temperamento, estado físico – saúde,
cansaço, embriaguez, origem geográfica, etc.
Segundo Escandell Vidal (1999) A entoação compreende a interação de
características prosódicas – como a frequência fundamental (f0), a quantidade, a
intensidade e as pausas – que os falantes de uma língua ou dialeto empregam com
finalidades comunicativas. A função básica da entoação é a de transformar unidades
linguísticas em unidades discursivas e comunicativas: enunciados, produções, diálogos,
monólogos. Característica esta definida como uma função pré-linguística. Além dessa
função, a entoação compreende duas outras mais: uma função linguística, controlada
pelo falante, usada para enunciar, perguntar, etc, e outra paralinguística, expressiva,
espontânea, em que comunica a atitude e o estado de ânimo do falante.
Pilar Prieto, em seu livro Teorias de la Entonación (2003), afirma que a
entoação é uma característica prosódica que transmite informações heterogêneas e
possui diferentes funções, que serão descritas mais detalhadamente no capítulo II. Por
ser considerado um fenômeno linguístico complexo, é, portanto, sistematizado a partir
da combinação de três níveis de análise:
o eixo físico: relacionado à evolução do parâmetro de frequência fundamental
ao longo da emissão do enunciado.
o eixo fonológico: relacionado às unidades melódicas com importância
significativa na língua. Possui caráter mais abstrato.
o eixo semântico: relacionado aos efeitos significativos que as variações
melódicas produzem.
Com essas definições compreende-se o caráter abrangente da entoação e as
variadas possibilidades de pesquisas que podem ser desenvolvidas sobre esse tema. Para
este trabalho analisamos a entoação em língua espanhola e suas implicações na
obtenção de características próprias de determinada variedade da língua que a
distinguem de outra em determinados contextos expressivos definidos no capítulo II.
7
1.1 – A entoação na língua espanhola:
Entre os primeiros estudos sobre a entoação no espanhol, destaca-se a obra de
Navarro Tomás (1918 [1985]), Manual de Pronunciación Española que a caracteriza
como uma das responsáveis pelo sentido que se pretende dar a uma frase. Segundo
Navarro Tomas (1918) a entoação possui a função de distinguir as variadas modalidades
regionais de um mesmo idioma, como ocorre na língua espanhola. O autor afirma desta
forma que grande parte das diferenças de pronúncia existentes entre castelhanos,
andaluzes, argentinos ou mexicanos, por exemplo, devem-se, sobretudo, a diferenças de
entoação. Porém, no momento em que realizou suas pesquisas, Navarro Tomás não
dispunha de dados suficientes para descrever detalhadamente as características
entonacionais da língua espanhola e suas diversas variedades.
Quilis (1981 [1988]) apresenta diversas funções da entoação e a descreve como
um aspecto prosódico que utiliza as variações de linguística fundamental para
desempenhar uma função linguística dentro de uma oração. A pesquisa de Quilis baseia-
se tanto na análise perceptual quanto instrumental, mas não chega a distinguir as
variedades do espanhol.
Para Fontanella de Weinberg (1971), que descreve perceptualmete a entoação
cordobesa, a entoação constitui um importante aspecto no estudo das distintas
variedades regionais de uma língua, tanto pelo interesse teórico, até então pouco
descritos, como pela necessidade de análise precisa das distintas variedades
entonacionais. Seu trabalho é um dos precursores no estudo de outras variedades do
espanhol argentino, pois sua pesquisa que se inicia sobre a comparação de duas
variedades de Buenos Aires e Tucumán (1967) e posteriormente de Córdoba (1971)
culminando em 2000 em um livro El Español de la Argentina y sus Variedades
Regionales. Porém, esse último trabalho descreve mais características léxicas e
morfológicas, atribuindo pouco espaço a uma análise fonética, que por sua vez se
restringe ao segmental. Pouco se sabe ainda com relação às questões suprassegmentais
das variedades do espanhol argentino que não estejam relacionadas à Buenos Aires.
Sosa (1999) considera a entoação como um dos fatores mais característicos e
ressaltantes que permite a um falante identificar imediatamente a origem geográfica de
8
seu interlocutor. Com relação ao espanhol, a entoação marca importantes diferenças na
língua falada entre os distintos países e suas regiões. Com esta afirmação vemos a
importância que tem a entoação na descrição das diferentes variedades do espanhol, não
só entre países, mas também nas variações existentes dentro de cada área geoletal.
Para este trabalho analisamos a entoação em duas variedades do espanhol em
território argentino: de Buenos Aires e de Córdoba, através de dois aspectos, o fonético
e o fonológico, descrito na seção a seguir.
1.2 – A Análise Fonética:
Segundo Callou & Leite (1990), a fonética estuda os sons como entidades físico-
articulatórias isoladas, ou seja, a realidade física do evento sonoro. Descreve os sons da
linguagem e analisa suas particularidades articulatórias, acústicas e perceptivas. No que
se refere à fonética acústica, Quilis (1981 [1988]) afirma que a mesma estuda os
componentes presentes em uma onda sonora complexa de sons articulados. Entre esses
componentes, ou parâmetros, destaca-se a Frequência Fundamental (f0), responsável
pela percepção da altura melódica (tom agudo ou grave) medida em Hertz (Hz), ou
outras unidades de medição, como semitons, por exemplo. É através da f0 que se
observa o comportamento melódico de todas as sílabas de um enunciado.
Outros parâmetros entonacionais no nível acústico relevantes para a análise
fonética são a duração (de sílabas ou de vogais, por exemplo), medida em
milissegundos (ms), e a intensidade, que mede o volume forte ou fraco, em decibéis
(dB). Todos esses parâmetros auxiliam na descrição de uma curva melódica obtida na
análise da entoação de determinado registro de fala, obtidos através de programas
computacionais com essa função. Entre esses programas, destaca-se o PRAAT,
amplamente utilizado devido a sua fácil obtenção e utilizado para esta pesquisa. O
próprio programa fornece o contorno entonacional a ser analisado, conhecido por
frequência fundamental, além de seus valores de amplitude de onda e duração de
segmentos, por exemplo.
9
A análise fonética, portanto, caracteriza-se por apresentar resultados concretos,
baseados em valores numéricos medidos e comparáveis entre si. Estes valores podem
ser expressos através de gráficos ou tabelas, gerando uma fácil compreensão de seus
resultados.
1.3 – A análise fonológica:
A fonologia estuda os sons do ponto de vista funcional como elementos que
integram um sistema linguístico determinado; estuda as diferenças fônicas intencionais,
distintivas, vinculadas a diferenças de significação (CALLOU & LEITE, 1990).
A fonologia caracteriza-se por uma análise mais abstrata comparada com a da
fonética. Fornece-nos resultados relacionados à descrição de sistemas linguísticos, por
exemplo, através de modelos notações fonológicas que atribuem tons aos seguimentos
melódicos de um enunciado. Entre os modelos de notação existentes, destaca-se o
Métrico Autossegmental (AM) e suas adaptações a diferentes idiomas, descritos no
seguinte ponto.
1.3.1– Modelos de Notação fonológica:
Nas últimas décadas foram apresentados diferentes modelos de notação
fonológica que descrevessem o contorno entonacional dos enunciados a serem
analisados, como afirma Prieto (2003). Entre esses modelos destaca-se a proposta da
tese de Pierrehumbert (1980), conhecido como Métrico-autossegmental.
1.3.1.1 – O Modelo Métrico Autossegmental - AM
O Modelo Métrico autossegmental (AM), de Pierrehumbert (1980) foi
desenvolvido para descrever fonologicamente a entoação e a variação de tons na língua
inglesa. Possui caráter simplificado, necessitando de um número limitado de unidades
subjacentes, e é aplicável também para descrição de diferentes línguas, tanto entonativas
(como no caso do espanhol) como tonais (como no caso de idiomas asiáticos, por
exemplo).
10
Esse modelo caracteriza-se por atribuir tons altos (H) e baixos (L) às sílabas
acentuadas (*) e adjacentes, de acordo com o movimento da frequência fundamental na
curva melódica considerada como um todo. As unidades tonais adotadas por
Pierrehumbert são as seguintes:
( H ) = para indicar os tons altos;
( L ) = para indicar os tons baixos.
Além destes dois tons, marcam-se com os seguintes diacríticos as sílabas
acentuadas e as finais do enunciado:
( * ) = para indicar a sílaba acentuada;
( % ) = para marcar o tom de fronteira do enunciado (normalmente ao
final do enunciado).
Os tons H e L são atribuídos às sílabas tônicas em associação com as sílabas
adjacentes, e os tons de fronteira, em posição final de sintagma, considerando o último
grupo acentual antes de pausa. A quantidade de acentos tonais e associações varia para
cada língua, mas a proposta inicial de Pierrehumbert (1980) prevê apenas os seguintes
acentos para o inglês:
H*, L*, L+H*, L*+H, H+L*, H*+L, H*+H
Outros autores, como Ladd (1996), quem denominou esse modelo de Métrico
Autossegmental (AM), ampliaram as possibilidades de associações tonais, adontando
outros recursos, como: H + !H*, similar ao H+L*, porém neste caso não haveria uma
queda para um tom baixo, mas para um tom médio. Sosa (1999) também adota outros
recursos para adaptar o modelo AM à língua espanhola, como o acento tonal H+H*,
para indicar um tom extra-alto.
Para marcar a fronteira prosódica, o modelo AM distingue dois tipos de unidades
prosódicas: o sintagma entonativo (intonational phrase) e o sintagma intermediário
(intermediate phrase). O sintagma intermediário é mais curto e está associado a trechos
demarcados por pausas em um enunciado (curtas ou longas) e marcados por um tom
intermediário: L- e H-. O sitagma entonativo pode conter vários sintagmas
11
intermediários. Ao final do sintagma entonativo, que normalmente coincide com o final
do enunciado fonológico, são atribuidos os tons de fronteira, que para o inglês se
limitam a acentos monotonais: H%, para indicar um movimento ascendente final do
contorno melódico ou L%, para indicar um final descendente do contorno. Em algumas
línguas é possível utilizar a marcação do tom de fronteira no início da frase entonativa.
Para o espanhol, Sosa (1999) não utiliza a marcação de tons intermediários, que
não estão associados diretamente a uma sílaba ou segmento, e justifica-se pelo fato de
que sempre coincidam com o tom de fronteira ao final da frase entonativa. Por este
motivo e por resultados encontrados nas análises de enunciados em língua espanhola
que não revelaram contrastes de resultados decidiu-se também por não adotar a
atribuição de tons intermediários. Porém em trabalhos como de Gurlekian et al. (2010)
utilizados como referência para esta pesquisa, são atribuídos esses tons.
1.3.1.2 – A Notação Sp-ToBI
O modelo Métrico Autossegmental (AM) de Pierrehumbert (1980) originou a
um sistema de transcrição prosódica com a finalidade de descrever a língua inglesa.
Esse sistema ficou conhecido por ToBI (Tones and Break Indices). Com a aceitação
desse novo sistema surgiu a necessidade de adaptá-lo a outras línguas, como o espanhol.
A notação SP-ToBI (Spanish Tones and Break Indices) foi desenvolvida com o objetivo
de descrever as configurações fonológicas específicas da língua espanhola, utilizando os
mesmos tons do modelo AM, como pode ser comprovado em Aguilar (2009), na
página: http://prosodia.upf.edu/sp_tobi/
A primeira proposta de descrição fonológica do espanhol foi realizada por
Beckman et al. (2002), já apresentada na seção anterior. Naquele momento foram
descritos quatro acentos para a língua espanhola: L*+H, L+H*, H+L*, H*. Uma
proposta mais recente, de Estebas Vilaplana y Prieto (2007) inclui dois acentos mais
para o espanhol: L* e L +>H*.
Na proposta atual de Aguilar (2009) há sete tipos de acentos tonais no espanhol,
sendo dois monotonais e cinco bitonais que são atribuídos na descrição do
12
comportamento das sílabas tônicas e suas antecedentes ou posteriores. Vejamos o
quadro na figura 3 com a ilustração dos acentos atuais propostos:
Figura 3: Figura ilustrativa dos acentos tonais do espanhol segundo a notação SP_ToBI extraído de
Aguilar (2009).
Observa-se que além dos acentos tonais apresentados por Pierrehumbert (1980),
outra simbologia complementar foi utilizada para representar características próprias
encontradas em língua espanhola, como podemos destacar:
( > ) = para indicar alinhamento tardio, ou seja, quando o pico tonal da
sílaba tônica encontra-se deslocado para a sílaba posterior;
( ¡ ) = para indicar escalonamento, ou seja, um pico tonal extra-alto.
Para o espanhol argentino, Gabriel et al. (no prelo) selecionam acentos
monotonais, bitonais e também tritonais, encontrados nas análises de diferentes
enunciados assertivos, interrogativos e exclamativos de Buenos Aires. Observamos os
acentos dispostos no quadro da figura 4:
13
Figura4: Quadro representativo dos acentos tonais encontrados na variedade de Buenos Aires a partir
da notação Sp_ToBI extraído de Gabriel et al. (no prelo).
A notação SP_ToBI atribui ainda sete tipos de tons de fronteira finais de frase
que está associado ao que chamam break 4 e também sete tons de fronteiras
intermediários, associados a um break 3 (ou uma pausa longa dentro do enunciado ou
frase prosódica). Observamos nas figuras a seguir os tipos de tons de fronteiras
possíveis para a língua espanhola:
14
Fig. 5: Figura ilustrativa dos tons de fronteira
final do espanhol segundo a notação SP_ToBI
extraído de Aguilar (2009).
Fig. 6: Figura ilustrativa dos tons de fronteira
intermediários do espanhol segundo a notação
SP_ToBI extraído de Aguilar (2009).
Para a variedade de Buenos Aires, também foram selecionados alguns tons de
fronteira específicos – monotonais e bitonais - descritos por Gabriel et al. (no prelo) a
partir dos dados analisados em sua pesquisa. Observamos a figura 7 com os tons de
fronteira e seu respectivo esquema de contorno melódico:
Figura 7: Quadro representativo dos tons de fronteira encontrados na variedade de Buenos Aires a
partir da notação Sp_ToBI extraído de Gabriel et al. (no prelo).
Para a análise dos dados da variedade de Buenos Aires do espanhol argentino,
Gabriel et al. (no prelo) optaram por não utilizar sua descrição fonológica das curvas
melódicas, os tons de fronteira intermediários, mas apenas os tons de fronteira finais.
15
Os acentos tonais e os tons de fronteira se associam para descrever o
comportamento da curva melódica de enunciados do espanhol em posição nuclear, -
para todas as variedades – em 19 padrões frasais:
Figura 8: Figura ilustrativa dos acentos tonais em posição nuclear associados aos tons de fronteira do
espanhol segundo a notação SP_ToBI extraído de Aguilar (2009).
A notação Sp_ToBI propõe padrões diferentes de acentos tonais para o espanhol
descrevendo contornos melódicos em posição nuclear e pré-nuclear, considerando as
possibilidades de variação dialetal e as contribuições das diversas equipes locais que
compõem o projeto. Na figura 8, apresentamos o conjunto de acentos tonais propostos
para a posição nuclear, ou seja, o que está disposto ao final do enunciado a partir do
último acento tônico. Porém, para esta pesquisa atribuímos tons que descrevam também
o contorno melódico em posição pré-nuclear, que representa tudo que se encontra antes
do núcleo em um enunciado, ou seja, uma frase prosódica.
No capítulo II, apresentamos a entoação em contextos expressivos, mas
especificamente no que se refere às atitudes proposicionais através de conceitos teóricos
de trabalhos já realizados sobre esse tema.
16
CAPÍTULO II
AS ATITUDES PROPOSICIONAIS
Em seu livro Teorías de la Entonación. Prieto (2003) afirma que as variações
melódicas são responsáveis pela manifestação de sentidos pragmáticos a um enunciado,
revelando as intenções comunicativas do falante. Além do sentido referencial da
mensagem, o falante também é capaz de manifestar atitudes subjetivas com relação ao
conteúdo expressado, característica essa essencial no processo de interação.
Segundo Prieto (2003), a entoação possui três importantes funções:
Função expressiva: o falante expressa uma atitude diante de uma informação.
Função focalizadora: o falante seleciona a informação que deseja enfatizar.
Função demarcadora: que indica a organização do discurso em unidades tonais.
Neste capítulo realizamos uma revisão teórica de importantes trabalhos que
utilizam a entoação na descrição de diferentes situações expressivas, entre os quais se
destaca o de Moraes (2008a) que descreve as atitudes proposicionais do português na
variedade carioca. Esse trabalho é uma das principais referências desta pesquisa que
pretende descrever algumas das atitudes proposicionais em espanhol.
2.1 – A Expressividade
Com relação à expressividade, Moraes (2008b) a descreve como um termo que
abrange diferentes fenômenos, nos quais se incluem as emoções e as atitudes. Cada um
desses fenômenos possuiria características prosódicas próprias que as distinguem umas
das outras. Neste capítulo apresentamos as classificações descritas por Fónagy (1993) e
Moraes (2008b) para o estudo entonacional de enunciados marcados por algum tipo de
expressividade.
17
No que se refere ao estudo da expressividade, alguns autores descrevem os
diferentes tipos de emoções envolvidos na expressão oral. Entre eles, Fónagy (1993)
considera a existência da manifestação das emoções e as atitudes do falante.
Em seu artigo As Funções Modais da Entoação (1993), Fónagy discute as
diferenças existentes entre os termos modalidades e atitudes, bem como às relações
dessas últimas com as emoções, como destacamos neste fragmento:
A flutuação semântica que caracteriza o uso dos termos
“modalidade”, “atitude”, “emoção”, explica-se
provavelmente pelas relações íntimas que unem os
fenômenos designados. Embora aparentados, são distintos.
(Fónagy, 1993:27)
As emoções e as atitudes referem-se a fenômenos gradientes, enquanto que as
modalidades não. Um exemplo de modalidades seria a definição de um enunciado como
assertivo ou como interrogativo, como apresenta Fónagy (1993):
Ela vem (assertivo)
Ela vem? (interrogativo)
2.2 - As Atitudes
Em trabalhos mais antigos, Quilis (1981 [1988]) já havia descrito a entoação no
nível expressivo em 8 formas em espanhol. Em cada uma das mesmas foi encontrado
um padrão próprio que definiria determinada expressividade. Porém o autor não
especifica as variedades da língua espanhola, pois esses padrões encontrados podem
possuir outros comportamentos em diferentes regiões. Os padrões encontrados foram e
suas respectivas ilustrações são:
1) Afirmação enfática – marcado
por um final descendente:
Fig.9: Enunciado de afirmação enfática
extraído de Quilis (1981)
18
2) Pergunta pronominal enfática –
marcado por um movimento de
descendente brusco ao final do
enunciado:
Fig.10: Enunciado pergunta pronominal
enfática extraído de Quilis (1981).
3) Pergunta pronominal com matiz
de cortesia – marcado por um
final ascendente:
Fig.11: Enunciado de pergunta pronominal com
matiz de cortesia extraído de Quilis (1981).
4) Pergunta reiterativa - possui um
movimento de subida e final
descendente:
Fig.12: Enunciado de pergunta reiterativa
extraído de Quilis (1981).
5) Pergunta relativa – também com
movimento de subida acentuada,
mas com final descendente:
Fig.13: Enunciado de pergunta relativa
extraído de Quilis (1981).
6) Pergunta confirmativa – possui
final ascendente, com o atributo
do marcador “no” ao final do
enunciado:
Fig.14: Enunciado de pergunta confirmativa
extraído de Quilis (1981).
19
7) Pergunta imperativa – possui
tons altos e final ascendente:
Fig.
15: Enunciado de pergunta imperativa extraído
de Quilis (1981)
8) Exclamação – apresenta uma
queda progressiva de tom
durante o enunciado:
Fig.16: Enunciado exclamativo extraído de
Quilis (1981).
A comparação entre os padrões encontrados por Quilis (1981 [1988]) se faz a
partir da ancoragem de pontos na curva entonacional dos enunciados, demarcando os
pontos mais altos e os mais baixos com uma numeração que varia de (1) para os tons
mais baixos até (3) para tons mais altos, passando por tons médios (2). Não há uma
medição em valores numéricos, como o que se realizou para esta pesquisa, em que se
utilizam valores de frequência fundamental medidos em hertz (Hz) para marcar o
movimento de onda.
Os padrões expressivos utilizados por Quilis (1981 [1988]) mesclam situações
referentes às atitudes psicológicas, como uma pergunta enfática e atitudes
proposicionais, como uma pergunta confirmativa. Em trabalhos como o de Moraes
(2008b) as atitudes proposicionais são tratadas de formas distintas das psicológicas. As
atitudes psicológicas se opõem às emoções no sentido em que correspondem a
comportamentos controlados (Fónagy, 1993). Já as atitudes proposicionais, denotam um
estado mental em relação a uma proposição, ou seja, uma reação expressada no tom de
fala de um indivíduo a partir de uma informação ou pergunta que lhe é direcionada.
Segundo Fónagy (1993), as atitudes possuem comportamento controlado pelo
indivíduo, portanto essa característica representa um facilitador para que o informante
possa interpretar as situações descritas anteriormente. Determinadas atitudes
20
proposicionais podem apresentar um rendimento entonacional grande, em diferentes
graus dentro de um contínuo (Moraes, 2008b), como podemos observar na figura 17, a
seguir:
Figura 17: Quadro de variação de funções das mais involuntárias às mais voluntárias descritas
por Aubergé (2002, apud: MORAES, 2008b)
Para o estudo de contextos expressivos, Moraes (2008) propõe a análise de
atitudes na expressão de enunciados assertivos e interrogativos totais a partir da relação
do falante com o conteúdo proposicional (CP) desses enunciados, num eixo atitudinal
que varia de acordo com o grau de mais ou menos certeza expresso com relação ao CP.
O falante pode considerar uma proposição de diversas maneiras, seja do ponto de vista
da perspectiva cognitivista, seja volitiva ou ainda emotiva (Moraes 2008).
No português do Brasil (variante carioca), Moraes (2008b) descreve os padrões
para diferentes tipos de atitudes proposicionais. Para as assertivas, foram descritos 5
padrões, que correspondem aos de Correção, Evidência, Asserção neutra, Descrédito e
Ironia. Nesse eixo os padrões variam de acordo com a atitude que denota maior certeza
por parte do enunciador com relação ao conteúdo proposicional do enunciado
(Correção, Evidência), a atitude neutra ou atitudes de menor certeza, dúvida
(Descrédito) ou certeza negativa (Ironia). Como se observa no esquema a seguir:
Asserções: eixo das atitudes certeza/dúvida
Correção – Evidência - A. Neutra - Descrédito - Ironia
[+] Certeza CP Dúvida [+] Certeza ~ CP
Para as interrogativas, foram descritos 4 padrões: confirmativo, neutro, de
estranheza e retórico. Todos esses padrões variam do eixo de maior certeza
emotional functions attitudinal functions linguistic functions
- cortical involuntary control voluntary control + cortical
States of the primary and values of speaker’s structures of
secondary emotions of the speaker intentions enounciation
Aubergé 2002
21
(confirmativo) ao de certeza de uma resposta negativa (retórico), passando pelo
enunciado neutro e o de dúvida (estranheza):
Interrogações: eixo das atitudes certeza/dúvida
Confirmativo - Neutro - Estranheza - Retórico
[+] Certeza CP Dúvida [+] Certeza ~ CP
Com base na definição de atitudes proposicionais e na descrição feita por
Moraes (2008b) para os padrões entonacionais do português brasileiro (variedade
carioca), espera-se descrever os padrões entonacionais de atitudes proposicionais em
espanhol, representados pelas variantes de Buenos Aires e de Córdoba, nas modalidades
assertivas e interrogativas totais. Para este trabalho são propostos cinco contextos
assertivos estabelecidos por Moraes (2008b):
Asserção contrastiva: subdividida em dois tipos:
- com foco no núcleo e no pré-núcleo do enunciado: o falante assume a
verdade do que diz, assume que o que lhe foi dito antes esteja errado.
Neste caso temos trabalhamos com duas situações: na primeira, há um
equívoco no pré-núcleo do enunciado e ser retificado, e na segunda, o
equívoco encontra-se em posição nuclear.
Asserção evidente: o falante assume que o conteúdo proposicional devia
ser do conhecimento do ouvinte, é uma informação óbvia.
Asserção neutra: o falante produz o enunciado afirmando o conteúdo
proposicional.
Asserção incrédula: supõe uma asserção prévia do entrevistador e uma
repetição dessa asserção pelo entrevistado. A entoação, e eventualmente
os gestos, neste caso negam o conteúdo proposicional da frase.
22
Asserção irônica: supõe uma pergunta prévia do entrevistador e uma
repetição assertiva do CP da pergunta pelo entrevistado que nega
ironicamente a verdade do conteúdo proposicional expresso.
Para os enunciados interrogativos totais são propostos também quatro contextos:
Pergunta confirmativa: pedido de informação em que o falante pretende
certificar-se de uma informação na qual está quase seguro que é
verdadeira.
Pergunta total neutra: pedido real de informação, em que o falante
pretende conhecer a resposta para seu questionamento.
Pergunta total incrédula: subdividida em três tipos:
- com foco amplo (em todo o enunciado), em posição pré-nuclear e em
posição nuclear: é um tipo de pedido de informação em que o
interlocutor é posto em dúvida pelo que acaba de afirmar. No primeiro
caso, todo o conteúdo do enunciado é duvidoso, no segundo caso,
apenas o elemento do pré-núcleo do enunciado é posto em dúvida, e no
terceiro caso, o conteúdo nuclear é duvidoso.
Pergunta retórica: o pedido de informação neste caso não é real, pois
falante e ouvinte já sabem que seu conteúdo proposicional é falso.
No próximo capítulo é realizado um recorrido teórico sobre alguns dos
principais trabalhos que descrevem as variedades entonacionais do espanhol em Buenos
Aires e em Córdoba. Verificamos como para Buenos Aires há importantes estudos já
apresentados sobre tudo para descrição dos pedidos de informação, mas para Córdoba
não há registros recentes sobre a descrição entonacional dessa variedade. Por esse
motivo levamos em consideração alguns trabalhos mais antigos que lançaram algumas
hipóteses perceptuais que confirmaremos nos capítulos de análises de dados.
23
CAPÍTULO III
VARIEDADES ENTONACIONAIS NO ESPANHOL ARGENTINO
Antes de tratar especificamente sobre as variedades entonacionais na argentina,
vale citar como introdução algumas tentativas de classificar as regiões que
compartilham o mesmo idioma segundo características fonéticos-fonológicas,
gramaticais e lexicais. Citamos o livro Qué español enseñar (2000) de Moreno
Fernández que propõe uma classificação das áreas geoletais do español, baseada na
proposta de Henríquez Ureña (apud: MORENO FERNÁNDEZ, 2000). Foram descritas
oito áreas geoletais, três na Espanha e outras cinco na América, levando em conta os
principais centros urbanos e uso culto da língua:
Entre as cinco áreas da América, encontra-se a A.4 que compreende as regiões
onde se encontram Argentina, Paraguai e Uruguai. Porém, como o próprio autor define,
essa é uma classificação simplificada, e para o nosso caso, não leva em conta
características específicas, como a entoação por exemplo. No caso da Argentina,
seguindo essa classificação, Buenos Aires e Córdoba pertenceriam a um mesmo grupo,
porém se pensamos em traços mais específicos de variação do léxico, sintaxe, ou
fonética e fonologia, encontramos dentro de um mesmo país encontramos diversas
distribuições contrastivas, como assinalaremos neste capítulo, com uma breve revisão
bibliográfica.
Com base em diferentes trabalhos realizados para a análise da entoação do
espanhol na Argentina, apresentamos e discutimos neste capítulo as descrições já
existentes sobre as características de Buenos Aires e de Córdoba. Essas duas variedades
foram escolhidas por serem dois centros urbanos de grande importância para o país e
que exercem influência em seu entorno territorial. Buenos Aires como capital argentina
e que atualmente representa uma zona de maior prestígio e Córdoba como a segunda
maior cidade e uma das primeiras a serem fundadas durante a colonização espanhola,
além de abrigar a primeira universidade do país.
24
3.1 - Estudos entonacionais do espanhol na Argentina:
Ao longo do século XX foram realizados alguns estudos visando descrever as
características entonacionais das variedades do espanhol argentino. Porém, grande parte
dos trabalhos manteve-se apenas no nível perceptual, dado este suficiente para
constatar-se que há diferenças regionais entre as variantes do espanhol no país. Entre os
trabalhos mais importantes, destaca-se a obra de Vidal de Battini El Español de la
Argentina: estudio destinado a los maestros de las escuelas primarias (1966), que
realizou pela primeira vez a descrição do espanhol falado na Argentina a partir de
aspectos fonéticos, morfológicos e sintáticos.
Vidal de Battini (1966) afirma que a entoação é a primeira característica que
determina as diferenças na fala regional da Argentina. Essas variações se distribuem de
acordo com o mapa proposto pela própria autora para marcar as variantes linguísticas do
espanhol no país. A classificação das regiões, segundo a autora, foi feita da seguinte
forma, a partir do mapa na figura 18:
Figura 18: Distribuição de províncias em território argentino.
25
Litoral: que compreende as províncias de Buenos Aires, Santa Fé, parte da
província de Entre Rios, La Pampa e a Patagônia (Neuquén, Rio Negro, Chubut,
Santa Cruz e Ushuaia);
Guaranítica: norte do país, compreendendo a região fronteiriça com o Paraguai e
o Brasil (províncias de Misiones, Corrientes, parte de Entre Rios, Formosa e
Chaco);
Noroeste: a região próxima a fronteira com o norte do Chile e sul da Bolívia
(províncias de Salta, Jujuy, Tucumán, Santiago del Estero, La Rioja, Catamarca,
e partes de San Juan, Chaco e Formosa)
Cuyo: províncias de Mendoza, San Juan e parte norte de Neuquén.
Centro: províncias de Córdoba e San Luís.
Mesmo pertencendo a zonas que apresentam características determinadas cada
província possui especificidades que a distinguem de suas vizinhas. Vidal de Battini
(1966) considera ainda as províncias de San Luis, Córdoba e Entre Rios como zonas de
transição, que compartilham traços semelhantes aos de suas zonas mais próximas. Desta
maneira, a região central argentina (onde se encontra a cidade de Córdoba) se
caracteriza por ser uma grande zona de limites abertos, intermediária e de transição
entre o noroeste, a região cuyana e a do litoral (onde se encontra Buenos Aires).
3.2 – A entoação de Buenos Aires:
No que se refere às características entonacionais na cidade de Buenos Aires,
Fontanella de Weinberg, em seu livro El Español de América (1992), descreve inúmeras
transformações ocorridas na fala dessa região desde final o século XVIII e decorrer do
século XIX. Essas transformações, consideradas inovadoras, se concentraram em
ambiente urbano, gerando consequentemente a perda das características regionais
anteriores presentes, que se mantiveram nas demais regiões do país, nas zonas rurais e
em núcleos urbanos menos cultos. A partir desses dados podemos sugerir que possíveis
transformações ocorridas também na entoação seriam o fator diferenciador entre a fala
urbana, hoje representada pela portenha e a interiorana, onde se encontra Córdoba.
26
Em seu artigo Comparación de dos entonaciones regionales argentinas (1966),
Fontanella de Weinberg destaca alguns pontos importantes sobre características
entonacionais do espanhol de Buenos Aires, dentre os quais podemos citar:
As diferenças de Frequência Fundamental (f0) e duração nas sílabas não são
muito relevantes na variante de Buenos Aires, pois não possuem câmbios
significativos.
O ritmo da fala é silábico.
Possui inflexões ascendentes, lineares e descendentes.
Fontanella de Weinberg (1966) define três tipos de contornos finais (ou inflexão)
para os enunciados assertivos e interrogativos do espanhol de Buenos Aires: um
ascendente, um em suspensão e um descendente. A autora também ressalta que
foneticamente o contorno com final em queda é mais marcado no dialeto de Buenos
Aires em comparação com outras variedades estudadas.
Na seção seguinte podemos verificar mais detalhadamente como diferentes
autores descrevem o contorno tonal de enunciados assertivos e interrogativos totais na
variedade do espanhol de Buenos Aires.
3.2.1 - Características entonacionais de enunciados assertivos:
Em seu livro La entonación del español (1999), Sosa descreve os enunciados
assertivos de Buenos Aires com o contorno final descendente, assim como todas as
demais variedades do espanhol analisadas pelo autor nessa pesquisa, através do
enunciado “Le dieron el número del vuelo”, lido por informantes, no caso de Buenos
Aires, um estudante de nível superior, do sexo masculino, com 31 anos de idade.
Sosa (1999) observa na variedade portenha do espanhol que todos os acentos
tonais se associam às sílabas acentuadas no pré-núcleo dos enunciados, e a ocorrência
de variações tonais, ou seja, em geral uma queda tonal que se inicia na própria sílaba
tônica, gerando a impressão de uma maior duração da mesma. Essa última característica
pode ser observada também em outros dialetos argentinos, como verificaremos na
variedade cordobesa, por exemplo, com relação às sílabas pré-tônicas.
27
Com relação ao pré-núcleo do enunciado analisado, foram observados os picos
tonais correspondentes às sílabas tônicas, mas com posterior queda de F0, indicando um
tom baixo – L. O núcleo do enunciado caracteriza-se por apresentar tom baixo – L* na
sílaba tônica e tom de fronteira final L%. Podemos observar na figura 19 a seguir:
Figura 19: Contorno tonal do enunciado assertivo de Buenos Aires (SOSA, 1999)
Le die ron el nú me ro del vue lo.
H*+L H* L* L%
Tanto na variedade do espanhol de Buenos Aires, como nas demais variedades
analisadas por Sosa (1999) foram encontrados o mesmo padrão descendente final em
posição nuclear: L* L%. Porém, o autor também afirma ser possível a ocorrência de
outros padrões, como em movimento circunflexo, para os enunciados assertivos, dos
tipos: H*L% ou L + H*L%. Na maioria dos casos, o padrão circunflexo em um
enunciado assertivo marcaria uma maior expressividade com relação ao padrão
descendente, porém o autor não apresenta exemplos com essas características. Sosa
(1999) ainda afirma que uma sequência de acento tonal H* seguido de tons L, causaria
na variedade portenha uma maior homogeneidade das sílabas.
As descrições propostas por Sosa (1999) para algumas variedades do espanhol
são de extrema importância por serem pioneiras na atribuição de acentos fonológicos a
diferentes contornos melódicos. Porém, a análise de enunciados em estilo lido e
utilizando-se apenas de um informante por dialeto não garante a existência de um único
padrão tonal para o dialeto de uma língua.
28
Para a descrição de um padrão tonal a ser utilizado como modelo neste estudo,
nos baseamos também na proposta encontrada nos artigos Datos preliminares del
AMPER-Argentina: las oraciones declarativas e interrogativas absolutas sin expansión
(2008), de Gurlekian y Toledo , e Alignement of F0 model parameters with final and
non-final accents in Argentinean Spanish (2010), de Gurlekian et al., que destacam as
atribuições de tons mais frequentes na variedade do espanhol de Buenos Aires.
No artigo de 2008, Gurlekian y Toledo estudam o contorno dos enunciados
assertivos de Buenos Aires a partir do corpus de análise do projeto AMPER-Argentina.
Este projeto – Atlas Multimídia da Prosódia do Espaço Românico - tem como objetivo
o estudo dos padrões de duração, intensidade e entoação nas distintas variedades das
línguas românicas.
O corpus deste projeto para a variedade argentina consiste no enunciado: La
guitarra / La cítara / El saxofón se toca con paciencia / pânico / obsesión, produzido
nas seguintes combinações:
La guitarra paciencia
La cítara se toca con pánico
El saxofón obsesión
Resultando em um total de 27 enunciados – sendo 9 enunciados com 3
repetições de cada - produzido por uma informante do sexo feminino de 40 anos de
idade e estudos primários.
O contorno melódico encontrado para os enunciados assertivos de Buenos Aires
com constituintes paroxítonos, segundo Gurlekian y Toledo (2008) foi o de uma tônica
baixa no pré-núcleo e pós-tônica alta e no núcleo, uma pré-tônica alta e queda posterior
na sílaba tônica, resultando em um tom de fronteira também baixo, assim representado e
observado nas figura 20 e 21:
29
Figura 20: Enunciado assertivo de Buenos Aires com componente pré-nuclear paroxítono. (GURLEKIAN
Y TOLEDO, 2008)
Figura 21: Enunciado assertivo de Buenos Aires com componente nuclear paroxítono. (GURLEKIAN Y
TOLEDO, 2008)
L* + H _______________ H + L* L%
Utilizamos como exemplo apenas os enunciados contendo constituintes
paroxítonos com o fim de comparar os contornos encontrados nessas pesquisas com o
corpus a ser analisado neste trabalho, que contêm enunciados também com constituintes
paroxítonos.
Em um novo artigo, Gurlekian et al. (2010a) trabalham com a questão do
alinhamento em enunciados assertivos de Buenos Aires, com base também do Projeto
AMPER Argentina. Para esta pesquisa foram selecionadas quatro informantes do sexo
feminino, com estudos primários (equivalente ao ensino fundamental) que produziram 9
enunciados com 3 repetições para cada, nas combinações entre constituintes oxítonos,
paroxítonos e proparoxítonos, como a distribuição da figura 22:
30
Figura 22: Combinação de constituintes oxítonos, paroxítonos e proparoxítonos que compõem o corpus
assertivo de análise. (GURLEKIAN ET. AL. 2010a).
Foi obtido um total de 108 enunciados. Segundo Gurlekian et al. (2010a), pela
convenção Sp-ToBI, os enunciados assertivos em Buenos Aires apresentam uma
variedade de acentos tonais na posição pré-nuclear, descritos por: H* , L+>H* , L + H*.
Em posição nuclear é possível encontrar os tons H + L* ou L*, sendo esta última a
forma predominante. Desta maneira, a configuração tonal mais frequente encontrada em
um enunciado assertivo contendo pré-núcleo e núcleo com constituintes paroxítonos, na
variante rio-platense de Buenos Aires pode ser descrita como:
L + >H* ______________________________ L* L%
O símbolo > representa um alinhamento tardio do pico de F0 na sílaba tônica do pré-
núcleo.
Os trabalhos realizados para o Projeto AMPER apresentam análises de
enunciados de mais de um participante, sendo estes, do sexo feminino. Neste projeto
trabalha-se com informantes de baixa escolaridade, o que contrasta com o informante de
nível superior utilizado por Sosa (1999). Porém, não consideramos este um fator
relevante para ocorrência de diferenças entonacionais. Já a questão gênero do falante
será observada na análise dos dados com o objetivo de verificar ou não contrastes
entonacionais entre o sexo feminino e masculino, embora este também não seja
considerado um fator distinguidor na entoação.
31
Barjam (2004), em sua dissertação intitulada The Intonational Phonology of
Porteño Spanish, propõe alguns padrões que descrevem enunciados assertivos e
interrogativos e situações de foco amplo e foco estreito. Com relação aos enunciados
assertivos curtos, formados por apenas dois constituintes, e de foco amplo foram
encontrados em posição pré-nuclear um acento caracterizado por uma pré-tônica baixa e
uma tônica alta, definido fonologicamente como: L + H*.
Em posição nuclear, Barjam (2004) considera a existência de um pico de f0
menos acentuado que no pré-núcleo, definido por !H*, sendo o símbolo (!) indicador de
do fenômeno do downstep (escalonamento descendente). O final do enunciado
apresenta um movimento entonacional em queda, descrito pelo tom de fronteira L%.
Observamos a figura 23, a seguir:
Figura 23: Exemplo de enunciado assertivo curto de Buenos Aires com foco amplo “La mandarina
linda”. (BARJAM, 2004)
L+H* !H* L-L%
Barjam (2004) também analisa enunciados assertivos compostos por mais de
dois constituintes. Porém, para efeito de comparação com os enunciados estudados
neste trabalho, destacamos apenas aqueles que continham o menor número de
constituintes.
Em enunciados assertivos marcados por foco estreito nas posições pré-nucleares
e nucleares, pode-se observar que não há variação relevante na configuração fonológica
do contorno melódico em comparação com os enunciados de foco amplo. Porém, nota-
se algumas alterações no movimento de f0 em determinados pontos. No primeiro
32
exemplo – figura 24 - Barjam (2004) apresenta o enunciado de foco amplo “María tenía
la banana de Gaby”:
Figura 24: Exemplo de enunciado assertivo longo de Buenos Aires com foco amplo “María tenía la
banana de Gaby”. (BARJAM, 2004)
L+H* L+!H* L+!H* ?* L-L%
Em posição pré-nuclear, observa-se um movimento de subida de f0 da sílaba
pré-tônica para a tônica, nos vocábulos María, tenía e banana. O primeiro pico, em
María, é um mais alto do enunciado.
No enunciado com foco estreito no pré-núcleo María, Barjam (2004) observa
que ocorre uma elevação do pico na posição focada. Os picos existentes no enunciado
de foco amplo se suavizam neste caso, como no exemplo da figura 25:
Figura 25: Exemplo de enunciado assertivo de Buenos Aires como foco em "MARIA”: MARÍA tenía la
banana de Gaby.(BARJAM, 2004)
33
L+H* L+!H* L+!H* !H* L-L%
No enunciado com foco em banana, Barjam (2004) observa a formação de um
pico na sílaba tônica do vocábulo, que não era evidente no enunciado de foco amplo. O
pico de f0 na sílaba tônica encontra-se neste caso mais acentuado e o movimento de
subida tonal que começa na sílaba tônica, estende-se também para a pós-tônica. Esse
movimento é marcado por Barjam (2004) pelo símbolo (^), que indica que o pico de f0
encontra-se alinhado à sílaba pós-tônica, como observamos na figura 26:
Figura 26: Exemplo de enunciado assertivo com foco em posição média de Buenos Aires: “María tenía
la BANANA de Gaby”. (BARJAM, 2004)
L+H* L+!H* L+^H* L- L%
Nos dois tipos de enunciado com foco, não foram encontradas, no nível
fonológico, diferenças que alterem a configuração fonológica prevista pelo autor para os
enunciados de foco amplo. Em todos os casos observamos os pré-núcleos em
movimento ascendente da pré-tônica para a tônica, L + H* (com atributos ou não de
alinhamentos ou escalonamentos) e núcleos em movimento circunflexo L + H* L%
(com alinhamento em caso de foco).
Um trabalho mais recente a ser citado é o de Gabriel et al. (no prelo) intitulado
Argentinian Spanish Intonation, incluído na obra Transcription of Intonation of the
Spanish Language, de Prieto and Roseano (no prelo). Nessa pesquisa, são descritos
enunciados assertivos, interrogativos e exclamativos da variedade do espanhol de
Buenos Aires em diferentes contextos. Com relação aos enunciados assertivos, Gabriel
34
et al. (no prelo) analisa enunciados neutros com foco amplo, estreito e em alguns
contextos, como contrastivo e de evidência, que verificamos nesta pesquisa.
De acordo com os exemplos apresentados, podemos observar os padrões
descritos para cada enunciado produzido. Primeiramente observamos na figura 27 um
enunciado assertivo neutro com foco amplo:
Figura 27: Enunciado assertivo com foco amplo de Buenos Aires: “Está agarrando un gajo de
mandarina”(GABRIEL ET AL., no prelo).
L + H*________________ L* L%
Esse enunciado caracteriza-se por apresentar movimento ascendente em posição
pré-nuclear, da sílaba pré-tônica para a tônica, L + H* e tom de fronteira intermediário
alto H-. Em posição nuclear, ou seja, o final do enunciado o acento tonal encontra-se
baixo, L* e tom de fronteira também baixo, L%.
O enunciado da figura 28 representa outra assertiva neutra também com foco
amplo, mas com configuração fonológica diferente da observada na figura 27.
35
Figura 28: Enunciado assertivo neutro com foco amplo de Buenos Aires: “Está comiendo mandarinas”
(GABRIEL ET AL., no prelo).
L + >H* _________________ H + L* L%
Na figura 28 observamos em posição pré-nuclear também um movimento
ascendente, porém diferentemente da figura 27, o pico de f0 encontra-se neste caso
alinhado à sílaba pós-tônica de “comiendo”, L + >H*. Em posição nuclear, a sílaba pré-
tônica possui um tom mais alto que a tônica, e essa por sua vez, é baixa, L* e lhe
acompanha o tom de fronteira também baixo, L%.
De acordo com Gabriel et al. (no prelo) podemos encontrar dois padrões
distintos para caracterizar o contorno melódico dos enunciados assertivos neutros de
Buenos Aires.
Na figura 29, a seguir, observamos o contorno melódico de um enunciado
assertivo com foco estreito em “No” e em “Naranjas”. A curva melódica se altera,
formando picos acentuados tanto no pré-núcleo como no núcleo:
36
Figura 29: Enunciado assertivo neutro com foco estreito de Buenos Aires: “No ¡Naranjas!” (GABRIEL
ET AL., no prelo).
L + H* + L _______________________ L + H* + L L%
O enunciado assertivo com foco estreito, do exemplo da figura 29, caracteriza-se
por apresentar tom alto na sílaba tônica em posição nuclear. As sílabas pré e pós-tônicas
possuem tom baixo, formando assim um contorno circunflexo. Essa mesma
característica é observada também em posição pré-nuclear, mesmo que em apenas uma
sílaba. O tom de fronteira das duas posições é marcado por L%.
Na figura 30, observamos o comportamento de um enunciado assertivo em
contexto contrastivo, em que o falante produz um enunciado que retifica uma
informação dada anteriormente:
Figura 30: Enunciado assertivo contrastivo de Buenos Aires: “¡No, se va a vivir a San Juan!”
(GABRIEL ET AL., no prelo).
37
L + H* + L ______________________ L + ¡H* + L L%
A curva melódica desse enunciado se assemelha ao da assertiva neutra de foco
estreito ao observarmos o primeiro movimento pré-nuclear e o núcleo do enunciado,
porém com pico menos acentuados. Em posição nuclear, encontramos um pico extra-
alto na sílaba tônica com relação às sílabas anteriores, L + ¡H* + L.
O contexto a seguir, também descrito por Gabriel et al. (no prelo), refere-se a
uma situação de obviedade, apresentada neste trabalho como assertiva evidente. Na
figura 31 observamos o comportamento de sua curva melódica:
Figura 31: Enunciado assertivo evidente de Buenos Aires: “¡Con Manuel!” (GABRIEL ET AL., no
prelo).
L + H* + L L%
Esse enunciado curto, composto apenas de núcleo possui um contorno melódico
descrito fonologicamente de forma semelhante ao observado nas assertivas de foco
estreito e contrastiva: L + H* + L L%.
Analisando as diferentes propostas de descrição fonológica para os enunciados
assertivos, constatamos que é possível que exista mais de um padrão para os enunciados
neutros, mas que uma forma predomine sobre a outra. Neste trabalho buscamos
descrever a forma mais recorrente encontrada nas produções dos informantes
selecionados. Com relação à análise das assertivas c diferentes contextos, como
proposto em Gabriel et al. (no prelo), observamos que fonologicamente, os contextos se
38
assemelham, sendo necessária, portanto, uma análise fonética para que se encontrem
mais diferenças entre esses e outros contextos de atitudes proposicionais selecionados
para esta pesquisa.
3.2.2 – Características entonacionais de enunciados interrogativos:
Sosa (1999) descreve o contorno melódico dos enunciados interrogativos totais
de Buenos Aires com picos iniciais mais altos que os dos enunciados assertivos,
marcado por H%. O final do enunciado apresenta um padrão ascendente, definido por:
L+H*H%. Para esta análise o autor utiliza-se do mesmo informante que produziu o
enunciado assertivo – um jovem de 31 anos, estudante de nível superior do sexo
masculino. Observamos a curva melódica obtida na figura 32:
Figura 32: Contorno tonal de enunciado interrogativo total de Buenos Aires (SOSA, 1999).
¿Le die ron el nú me ro del vue lo?
H% H*+L H* L+H* H%
El H% da cuenta de la mayor altura tonal del primer pico.
Los descensos antes de las subidas siguientes están
motivados por el tono L del acento tonal H*+L de dieron
(que además produce un downstep del H* siguiente de nú), y
por el L del fonema L+H* H%. En el núcleo se produce un
nuevo ascenso por el H*, que se prolonga hasta el final del
enunciado por el tono de juntura H%. El tono de juntura
inicial alto sube el tono del primer pico, el acento tonal
H*+L produce un descenso antes del H* siguiente, y el
fonema ascendente L+H* H% coincide con la palabra vuelo.
(SOSA, 1999:199)
39
Ao contrário dos padrões nucleares similares encontrados por Sosa (1999) para
os enunciados assertivos em diferentes variedades do espanhol, para as interrogativas
totais, o contorno melódico representa um caráter distintivo entre os dialetos. Já com
relação ao contorno tonal no pré-núcleo dos enunciados, ocorre uma regularidade entre
as variantes estudadas, representada por um movimento ascendente inicial. Essa
característica forma parte da proposta de Navarro Tomas (1944) como norma geral do
espanhol.
Entre os estudos mais recentes sobre a entoação de enunciados interrogativos
totais do espanhol da variante de Buenos Aires, destaca-se o trabalho realizado por
Toledo e Gurlekian (2009a/b) para o projeto AMPER-Argentina, já descrito para os
enunciados assertivos. Observa-se nesse trabalho as propostas de configuração tonal no
pré-núcleo e no núcleo de enunciados interrogativos totais com constituintes oxítonos,
paroxítonos e proparoxítonos, descritos a partir do modelo de notação SP-ToBI
(Spanish Tones and Break Índices).
O corpus do trabalho consiste no enunciado:
¿La guitarra paciencia?
¿La cítara se toca con pánico?
¿El saxofón obsesión?
Dessas combinações são geradas um total de 9 orações com 3 repetições,
produzidos por 2 informantes do sexo feminino, com idade mediana (em torno de 40
anos) e estudos primários.
Tomamos como exemplo apenas os enunciados com constituintes paroxítonos,
que consiste em valor comparativo com o corpus utilizado neste trabalho. A
configuração fonológica do contorno tonal obtido para este tipo de enunciado, de acordo
com a figura 33, foi:
L* + H _________ L + H* L%
40
Figura 33: Enunciado interrogativo total de Buenos Aires com componentes paroxítonos. (GURLEKIAN
Y TOLEDO, 2008)
Nesta configuração, observa-se no pré-núcleo do enunciado que a sílaba tônica
apresenta tom mais baixo que a pós-tônica. No caso do núcleo atribuição dos tons foi
realizada da sílaba pré-tônica para a tônica, desta forma observa-se um tom mais alto na
tônica em relação à pré-tônica. O tom de fronteira dos enunciados interrogativos totais
de Buenos Aires é L%, ou seja, um contorno descendente final. Observamos a formação
de um contorno nuclear circunflexo, com subida de f0 na tônica e queda na pós-tônica
La asociación fonológica primaria entre el tono y la sílaba
acentuada muestra que el contorno del pico tonal se cierra
en esa sílaba acentuada. En la sílaba postónica continúa la
inflexión acendente que desciende abruptamente para formar
el tonema circunflejo. (TOLEDO Y GURLEKIAN, 2009)
Com esses resultados apresentados, Toledo y Gurlekian (2009b) descrevem o
contorno nuclear circunflexo para os enunciados interrogativos totais com constituintes
paroxítonos, segundo os critérios gerais do AMPER.
Em um artigo mais recente, Gurlekian et. al. (2010b) apresentam uma proposta
mais detalhada para o contorno tonal dos enunciados interrogativos totais de Buenos
Aires ao analisar a questão do alinhamento da f0 nas sílabas tônicas.
O corpus foi constituído por 9 enunciados, produzidos com 3 repetições de cada
um por 4 informantes do sexo feminino com ensino fundamental. O que gerou um total
de 108 enunciados, distribuídos nas seguintes combinações da figura 34, conforme já
observadas nos enunciados assertivos:
41
Figura 34: Combinação de constituintes oxítonos, paroxítonos e proparoxítonos que compõem o corpus
interrogativo de análise. (GURLEKIAN ET. AL. 2010b).
Foram encontrados diferentes padrões possíveis para os interrogativos totais de
Buenos Aires, em posição pré-nuclear as configurações mais freqüentes foram: H*+L e
L*+>H. em posição nuclear, a configuração mais frequente em enunciados com
constituinte paroxítono foi: L+>H* L%. Da união do pré-núcleo com o núcleo,
podemos encontrar o contorno tonal com maior frequência na variedade de Buenos
Aires, como observado na figura 35:
Figura 35: Enunciado interrogativo total com constituintes paroxítonos de Buenos Aires (GURLEKIAN
ET AL. 2010b)
H* + L __________________________ L + >H* L%
O símbolo > indica que o pico tonal na sílaba tônica encontra-se em alinhamento tardio.
42
Tanto na proposta de Sosa (1999) quanto nas de Toledo y Gurlekian (2009) e
Gurlekian et al. (2010) foram tomados como exemplos para este trabalho apenas
enunciados com finais paroxítonos, ou seja, aqueles cuja sílaba tônica encontra-se na
penúltima sílaba. Se observarmos os enunciados com finais oxítonos ou proparoxítonos
encontraremos diferenças de contornos entonacionais em posição nuclear.
Outros trabalhos apresentam variadas propostas de configuração fonológica para
caracterizar as interrogativas totais da variedade do espanhol de Buenos Aires, entre os
quais, encontra-se a tese de Barjam (2004), que caracteriza o contorno melódico dos
enunciados interrogativos tonais de Buenos Aires como descendente.
Em um exemplo de enunciado interrogativo total curto, com dois constituintes,
observa-se em posição pré-nuclear uma sílaba pré-tônica baixa e uma tônica com f0 alta,
que se segue também no início da pós-tônica. A notação fonológica utilizada por
Barjam (2004) para descrever este contorno é: L + H*.
Em posição nuclear, também observamos uma pré-tônica baixa e uma tônica
alta. Porém, neste caso, o pico de f0 é menos proeminente que no pré-núcleo. A notação
descrita para este contorno apresenta um escalonamento descendente (downstep) na
tônica que aponta esse pico com menor valor de freqüência: L + !H*. O final do
enunciado está caracterizado por uma queda, descrita pelo tom de fronteira L% e
observado na figura 36:
Figura 36: Exemplo enunciado interrogativo total curto de Buenos Aires: ¿Nadaba la nona? (BARJAM,
2004)
L + H* ___________________ L + !H* L – L%
43
Barjam (2004) também analisa outros enunciados interrogativos totais com mais
constituintes, porém, a título de comparação com os enunciados analisados para este
trabalho, nos detemos apenas àqueles que possuem características próximas às que serão
descritas nos próximos capítulos.
Em enunciados com foco, Barjam (2004) observa o aumento do pico de f0 sobre
as sílabas tônicas do objeto destacado, como podemos observar nas figuras 37 e 38:
Figura 37: Exemplo de enunciado interrogative total longo de Buenos Aires com foco em
“tenía”:”¿María TENÍA la banana de Gaby?” (BARJAM, 2004).
L+H* L+^H* L+!H* L+^H* L-L%
Figura 38: Exemplo de enunciado interrogativo total de Buenos Aires com foco em “banana”: “¿María
tenía la BANANA de Gaby?” (BARJAM, 2004).
L+H* L+!H* !H- L+H* L+!H* L-L%
44
No que se refere à configuração fonológica dos enunciados, as atribuições de
tons altos e baixos não se alteram. Porém ocorrem alguns contrastes com relação ao
alinhamento dos picos de f0 no primeiro exemplo com foco.
Outra proposta encontrada na tese de Lee (2010) afirma que o contorno
melódico dos enunciados interrogativos totais de Buenos Aires pode apresentar dois
tipos de finais: um ascendente e outro descendente, em contexto neutro, ou seja, aquele
que expressa pedido de informação. Em sua tese, Lee (2010) descreve sua pesquisa de
2002, em que apresenta dois exemplos de um mesmo enunciado - ¿María viene
mañana? - produzido por duas informantes graduadas, entre 31 e 36 anos de idade. No
primeiro caso o contorno melódico parte de um tom baixo inicial e alcança um maior
pico ao final do enunciado. Após o pico, há uma queda de f0, indicando um final
descendente para esta interrogativa total, como observamos na figura 39:
Figura 39: Enunciado interrogativo total de Buenos Aires com final descendente: “¿Viene
mañana?”(LEE, 2010).
No segundo caso, Lee encontra um registro inicial mais alto do contorno
melódico, que possui um pico de f0 ainda na primeira parte do enunciado. Na parte
final, há uma subida de f0 que culmina em um pico no tom de fronteira. Observamos,
portanto, um contorno ascendente para o enunciado interrogativo total, como
observamos na figura 40:
45
Figura 40: Enunciado interrogative total de Buenos Aires com final ascendente: “¿Miraba la
luna?”(LEE, 2010).
Na comparação entre os enunciados assertivos e interrogativos, Lee (2010)
apresenta em um mesmo gráfico a produção assertiva e interrogativa total do mesmo
informante, em que verificamos que o contorno final descendente não é uma marca
exclusiva dos enunciados assertivos, como podemos observar na figura 41:
Figura 41: Comparação do contorno melódico de enunciados assertivos (em cinza) e interrogativos
totais (em negro) produzidos por um mesmo informante. (LEE, 2010)
46
No trabalho Argentinian Spanish Intonation de Gabriel et al. (no prelo),
pertencente à obra Transcription of Intonation of the Spanish Language, de Prieto and
Roseano (no prelo), também foram analisados e descritos alguns contextos
interrogativos. Entre situações de pedidos e contextos expressivos, destacamos como
exemplos os contextos a serem apresentados nesta pesquisa: interrogativa total neutra e
confirmativa.
Na figura 42 observamos o comportamento da curva melódica do enunciado
interrogativo neutro de Buenos Aires, em que há um movimento ascendente em posição
pré-nuclear, com pré-tônica baixa e tônica alta descrito como: L + H* e em posição
nuclear, temos um movimento circunflexo, com pré-tônica baixa, tônica ascendente,
mas com pico extra-alto localizado na sílaba pós-tônica: L + ¡H*. O movimento final do
enunciado é descendente, porém iniciando-se desde o pico na pós-tônica, descrito pelo
tom de fronteira, HL%.
Figura 42: Enunciado interrogativo total neutro de Buenos Aires: “¿Tiene
mandarinas?”(GABRIEL, no prelo).
L + H* _______________ L + ¡H* HL%
O enunciado interrogativo confirmativo apresentado na figura 43 apresenta a
mesma descrição fonológica da curva melódica das interrogativas neutras, ao
observamos o pré-núcleo inicial e o núcleo o enunciado:
47
Figura 43: Enunciado interrogativo total confirmativo de Buenos Aires: “Juan, ¿venís a cenar esta
noche?”(GABRIEL, no prelo).
L + H* _____________ L + ¡H* HL%
Analisando os enunciados descritos por Gabriel et al. (no prelo), verificamos que
as diferenças entre os contextos, nesse caso, atitudinais, nem sempre encontram-se no
nível fonológico, ou seja o contraste não é dado pelo acento tonal, mas por sua
implementação, em termos de extensão e de valores máximo e mínimo de f0 nas sílabas,
bem como em termos de duração.
Entre os estudos apresentados sobre as interrogativas de Buenos Aires,
observamos que há também divergências entre as descrições propostas, como Sosa
(1999) que propõe um movimento ascendente final e Gurlekian et al. (2010b) que
propõe um movimento nuclear descendente. Observamos também a proposta de que
existem em Buenos Aires dois padrões, descritos por Lee (2010): um ascendente e outro
descendente. A partir desta revisão bibliográfica, analisamos os dados de nossa pesquisa
com o objetivo de encontrar características convergentes entre os enunciados
produzidos pelos informantes selecionados, tanto os de sexo feminino como os de sexo
masculino.
48
3.3 – A entoação de Córdoba:
Córdoba é a capital da província de mesmo nome, localizada na região central da
Argentina, a uns 700 quilômetros de distância de Buenos Aires. É a segunda maior
cidade do país, e uma das mais antigas. Córdoba que abriga a primeira universidade
argentina, característica essa que exerce uma grande influência intelectual no interior do
país, desde a época da colonização.
A região central da Argentina é uma zona que deve ser tratada com muita
atenção, devido a sua posição geográfica, que contribui a que compartilhe seu mapa
lingüístico com zonas vizinhas (VIDAL DE BATTINI, 1964:82). Nélida Donni de
Mirande (1984; apud: FONTANELLA DE WEINBERG, 2000) divide a região de
Córdoba em sudeste (compartilhando características comuns com a região litoral-
pampeana), centro e noroeste (com características cuyano-central). Desta forma, a
cidade de Córdoba pode ser considerada com zona de transição ou de sistema fusionado
(como ocorre com o norte da província de Santa Fé e a parte central da província de
Entre Rios).
Em seu artigo, Fontanella de Weinberg (1971) descreve a entoação na cidade de
Córdoba, não só pela importância da cidade, mas principalmente pelo seu peculiar
caráter entonacional, que permite distinguir facilmente um falante cordobês de qualquer
falante de outras regiões da Argentina. A realidade entonacional da província de
Córdoba também foi abordada por Vidal de Battini (1966), y posteriormente por Laura
Peyrano (apud: FONTANELLA DE WEINBERG, 2000), que descreve a fala da capital
cordobesa.
As origens da entoação cordobesa encontram-se no campo das hipótesis. B.
Bixio (1983, apud: FONTANELLA DE WEINBERG, 2000) diz que apesar os
pesquisadores da língua não terem chegado a nenhum acordo, em geral se aceita a teoria
do substrato linguístico, descartando-se completamente as teorias que apelavam a
influências climáticas ou à raça para explicá-la.
A análise da entoação cordobesa descrita por Fontanella de Weinberg (1971) foi
realizada através da análise da mostra de fala espontânea de 4 informantes com nível
49
médio completo com idades entre 20 e 30 anos. O corpus foi analisado apenas no nível
perceptivo, devido à falta de instrumentos acústicos de medição por parte de sua equipe
de trabalho na época. A intenção dessa pesquisa era apenas a de descrever um esquema
básico de comparação com outros sistemas. A autora descreve na entoação final dos
enunciados, três tipos de contornos finais de enunciado: o primeiro marcado por uma
queda da altura tonal e um cessar gradual da fonação, o segundo por uma subida de
voz e um corte abrupto da fonação e o terceiro sem variação de altura no enunciado e
seguido de uma pausa mais ou menos breve.
Fontanella de Weinberg (2000) distingue quatro níveis tonais em contraste:
1-Baixo, 2-Médio, 3-Alto, 4-Extra-alto; dos quais afirma que os mais frequentes são os
dois primeiros, ou seja os dois mais graves, de tons mais baixos: “só quando se alcança
um grau de grande expressividade (para expressar aborrecimento, ira, desolação,
preocupação, tristeza, alegria, etc), a altura se eleva até o nível 4”.
Com relação ao ritmo de fala, Laura Peyrano (apud: FONTANELLA DE
WEINBERG, 2000), o classifica como silábico e lento (muito mais lento que o de
Buenos Aires, por exemplo) com variações dentro do grupo fônico. Fontanella de
Weinberg (1971) também afirma que o ritmo normal no espanhol cordobês é
predominantemente silábico, e não se observam diferenças notáveis na duração de
sílabas átonas e tônicas, sendo as tônicas em geral mais longas que as átonas. A exceção
a este ritmo silábico constitui o aumento de duração, acompanhado ou não de
deslocamento tonal, que se pode encontrar em determinadas sílabas do grupo fônico.
Em todos os casos analisados no artigo de Fontanella de Weinberg (1971), foram
observados alongamentos na duração das sílabas imediatamente anteriores às últimas
sílabas tônicas do grupo fônico, além de uma subida com posterior queda na segunda
metade das sílabas. A autora ainda afirma que o alongamento silábico juntamente à
variação de altura tonal soa bem perceptível na variante cordobesa e muitas vezes
produzem a sensação de que ocorra uma geminação da vogal afetada. Esse fenômeno
ocorre apenas nas sílabas pré-tônicas pertencentes à mesma palavra da última sílaba
tônica do grupo fônico (para representaçãpo esquemática cf. figura 44):
50
Figura 44: Representações do contorno melódico com alongamento nas pré-tônicas em
enunciados de Córdoba (FONTANELLA DE WEINBERG, 1971).
Nos casos em que a palavra comece por sílaba tônica, tanto o alongamento da
duração quanto o deslizamento tonal ocorrem na própria sílaba. Em algumas curvas
tonais, o alongamento de duração das pré-tônicas pode ocorrer diante de sílabas tônicas
que não compreendam a última de um grupo fônico, porém esse é um fenômeno pouco
frequente, expressando geralmente algum tipo de ênfase no enunciado. Observamos o
esquema apresentado pela figura 45:
Figura 45: Representações do contorno melódico com alongamento nas sílabas tônicas em
enunciados de Córdoba (FONTANELLA DE WEINBERG, 1971).
Segundo Fontanella de Weinberg (1971), o fenômeno do alongamento das
sílabas pré-tônicas compreende uma oposição entre quantidade e altura. Com relação à
altura, além de contrastes no nível tonal, podem ocorrer também deslizamentos tonais,
gerando uma nova oposição entre a amplitude e o sentido do deslizamento, que variam
de acordo com cada curva entonacional. A sílaba que possui um alongamento silábico e
suas subsequentes que compõem o grupo fônico representam o núcleo da curva tonal.
51
Quando não ocorre o alongamento, o núcleo é formado apenas pela sílaba tônica e pós-
tônicas subsequentes.
Também afirma Peyano (apud: FONTANELLA DE WEINBERG, 2000) que o
fenômeno do alongamento das pré-tônicas na entoação cordobesa tem variações
diastráticas já que nas classes mais baixas nota-se a mesma muito mais acentuada que
nas classes mais altas. Segundo Yorio (1973, apud: FONTANELLA DE WEINBERG,
2000), de acordo com certas regras, uma vogal se alonga quando é precedida de uma
vogal acentuada da mesma palavra e, ao mesmo tempo, adquire tom ascendente
enquanto a vogal acentuada mantém o tom descendente. Como as vogais não
acentuadas não possuem sempre tom nivelado, a deslocação das curvas melódicas e
entonacional produzida pela adição deste tom ascendente são notáveis. Esta regra é
praticamente obrigatória no estilo conversacional de Córdoba e para Yorio (1973, apud:
FONTANELLA DE WEINBERG, 2000) “é a característica mais sobressalente deste
dialeto espanhol”.
Com as características entonacionais descritas nesse capítulo para as variedades
de Buenos Aires e de Córdoba, percebemos o abismo que existe entre as pesquisas
feitas para essas duas regiões argentinas. No caso de Córdoba, praticamente só existem
análises perceptuais dessa variedade, já em Buenos Aires, existem estudos acústicos
muito mais avançados. Porém, entre os falantes dessas duas cidades é perceptível que há
contrastes em seus falares. Desta forma, realizamos esta pesquisa com o fim de
descrever em que nível esses diferenças se encontram: se no nível fonético ou
fonológico, através da análise dos contornos melódicos de enunciados que expressam
atitudes proposicionais nas duas variedades mencionadas.
52
CAPÍTULO IV
METODOLOGIA
Neste capítulo descrevemos o processo de coleta dos dados, os estímulos
utilizados como corpus e as características dos participantes selecionados como
informantes. Em uma segunda etapa, com os dados obtidos, apresentamos os
instrumentos de análise utilizados para a verificação dos resultados obtidos na pesquisa.
4.1 - Coleta de dados:
Para a coleta de dados desta pesquisa, realizaram-se 8 entrevistas de 1 hora e
meia a 2 horas, inteiramente gravadas contendo: a) partes de interação espontânea e
discussão dos contextos, bem como suas possíveis realizações, lexicais, sintáticas e
entonacionais; e b) partes de repetições dos padrões encontrados em concenso entre
entrevistador e entrevistado, com a gravação da fala representada de enunciados curtos
por informantes do sexo masculino e feminino, sempre a partir da interação atuada entre
entrevistador e entrevistado em situações comunicativas precisas.
Dessas entrevistas, especificamente da interpretação de papéis comunicativos comuns
no roteiro de uma tarefa controlada, foram selecionados, segmentados e analisados
enunciados produzidos de forma dramatizada pelos participantes. A opção pela
gravação de fala representada deve-se ao fato de se obter como produto final o mesmo
enunciado dito por diferentes participantes e em diferentes contextos expressivos, a
título de compará-los.
Em uma gravação de fala espontânea a possibilidade de produção de enunciados
exatamente iguais é mais ínfima. Com relação à fala não espontânea, Murillo (1981,
apud: LLISTERRI, 1991) descreve as características que um corpus controlado ideal
deve possuir para que se assemelhe ao máximo a uma fala natural:
53
(...) cuando el investigador construye un corpus manipulado los
materiales lingüísticos correspondientes a los fenómenos
fonéticos que desea analizar debe tender siempre a “conservar
en la medida de lo posible las características del habla
espontánea, de los enunciados producidos en situaciones reales
de comunicación lingüística” (MURILLO, 1981 apud:
LLISTERRI, 1991: 72)
A coleta de dados desta pesquisa foi realizada em momentos distintos durante o
primeiro semestre de 2010, com informantes nascidos e residentes das cidades de
Buenos Aires e de Córdoba, na Argentina. Realizaram-se as gravações nas duas cidades,
em ambientes que tivessem um mínimo de ruídos, evitando-se assim possíveis
interferências externas que prejudicassem a qualidade do material. O corpus de Buenos
Aires foi gravado em ambiente residencial e os enunciados de Córdoba, em uma sala de
aula de um curso de idiomas. Neste tipo de coleta, nem sempre as condições de
gravações são as ideais, devido às dificuldades de obter-se um ambiente de laboratório,
isento de ruído.
Os materiais utilizados para coletar os dados foram um computador e um
gravador portáteis. Com um computador portátil e um microfone externo acoplado
realizou-se a primeira etapa de gravação, com um dos informantes, o do sexo masculino
de Buenos Aires, através do programa computacional Audacity. Este programa foi
escolhido por ser de fácil manuseio e por comportar longos períodos de gravação. A
coleta dos dados dos demais informantes foi realizada em uma segunda etapa, por meio
de um gravador portátil, que também comporta extensos períodos de gravação e possui
boa qualidade de som. A eleição desse material deve-se a maior facilidade de seu
transporte e uso em diferentes lugares, sem a mesma necessidade de instalação que
requer um computador. Os dados obtidos através desses materiais foram arquivados em
extensão .wav, compatível com o programa computacional PRAAT, utilizado para a
análise posterior dos enunciados.
As escolhas das cidades de Buenos Aires e Córdoba, na Argentina como objetos
de análise justificam-se pela necessidade de se ampliar os estudos entonacionais a
diferentes variedades do espanhol. Buenos Aires, por ser a referência principal da área
geoletal rio-platense, já possui estudos que descrevem seu comportamento entonacional,
que nos servirá como referência na análise dos dados desta pesquisa, como os trabalhos
54
de Sosa (1999) e Gurlekian et al. (2010). Com relação à variedade de Córdoba não há
estudos acústicos sobre sua entoação.
4.1.1 – Os participantes:
Foram selecionados para esta pesquisa um total de oito participantes, sendo
quatro deles nascidos e residentes da cidade de Buenos Aires – duas mulheres1 e dois
homens2 – e outros quatro também nascidos e residentes da cidade de Córdoba - duas
mulheres e dois homens. As características desses informantes é que são todos jovens,
com nível de escolaridade médio ou superior, na faixa etária de 20 a 35 anos.
Foram selecionados informantes de faixa etária e escolaridade comparáveis. A
escolha da faixa etária e do nível de escolaridade se justifica pela maior facilidade de
contato com esses informantes pela proximidade etária e de formação escolar com a
entrevistadora.
4.1.2 – O estímulo:
O estímulo utilizado para realização deste trabalho consiste na produção oral do
enunciado Marcela cenaba nas modalidades assertiva e interrogativa total. A estrutura
desse enunciado se caracteriza por estar constituída por um núcleo e um pré-núcleo. O
núcleo compreende o último grupo acentual do enunciado, representado pelo verbo
cenaba. O pré-núcleo compreende tudo que se encontra antes do núcleo, que neste
enunciado está representado pelo sujeito Marcela. Tanto o núcleo quanto o pré-núcleo
do enunciado estão compostos por vocábulos contendo três sílabas, sendo a penúltima
tônica.
1- Uma das informantes de Buenos Aires é nascida e reside na região de Tigre, que pertence à
área metropolitana da cidade de Buenos Aires.
2- Um dos informantes de Córdoba é nascido na Província de Tucumán, próxima à província de
Córdoba, mas mudou-se bem jovem para a capital cordobesa (durante a primeira infância). Por
esse motivo foi selecionado como informante cordobês.
55
A opção por palavras paroxítonas deve-se a sua maior frequência em espanhol,
assim como no português. Esse padrão adotado baseia-se na metodologia utilizada por
Moraes (2008a) para o estudo dos padrões atitudinais em língua portuguesa, na
variedade carioca. O corpus utilizado por Moraes (2008a) continha também um sujeito
(pré-núcleo) e um verbo (núcleo): Roberta dançava, contendo três sílabas cada
vocábulo, sendo as penúltimas, tônicas. O enunciado Marcela cenaba foi escolhido para
o espanhol em contrapartida ao enunciado de Moraes (2008a) para o português: Roberta
dançava. Entretanto, cabe assinalar que a diferença no preenchimento do sujeito faz que
a frase em português seja neutra, enquanto que a frase em espanhol seja marcada no que
diz respeito à posição do sujeito cuja realização mais frequente e menos marcada seria
como sujeito nulo.
Em todas as produções realizadas pelos informantes, nas modalidades assertivas
e interrogativas totais, foi mantida a ordem dos enunciados em sujeito e verbo, com o
objetivo de se obter em todos os contextos analisados, a mesma estrutura do enunciado
e, portanto, observar o comportamento tonal do núcleo e do pré-núcleo em diferentes
situações expressivas a título de comparação.
Para cada modalidade, foram gravados enunciados em seis contextos de atitudes
proposicionais distintos. Cada informante foi exposto a fichas contendo a situação
solicitada dentro de um contexto. Por meio da interação entre o entrevistador e o
entrevistado, foram representadas as situações de perguntas e respostas solicitadas. Para
a realização deste estudo levamos em conta um contínuo de atitudes que variam de uma
situação de maior certeza positiva à menor certeza positiva (certeza negativa), passando
pela dúvida (Moraes, 2008b), vide esquema da página 20 e 21.
Para os enunciados assertivos, foram analisadas as situações, com os respectivos
contextos apresentados a seguir:
6 Contextos ou situações de interação: enunciados assertivos
Marcela fue al restaurante Las Leñas anoche.
56
1) Asserção contrastiva (em posição pré-nuclear):
Entrevistador [comando]: Corregime la afirmación.
Entrevistador [atuando]: A esa hora Alejandra cenaba.
Entrevistado [atuando]: Marcela cenaba.
2) Asserção contrastiva (em posição nuclear):
Entrevistador [comando]: Corregime la afirmación.
Entrevistador [atuando]: A esa hora Marcela desayunaba.
Entrevistado [atuando]: Marcela cenaba.
3) Asserção evidente:
Entrevistador [comando]: Contestame como si fuera obvio
Entrevistador [atuando]: ¿Qué hacía Marcela a esa hora en Las Leñas?
Entrevistado [atuando]: Marcela cenaba.
4) Asserção neutra:
Entrevistador [comando] –Te pregunto porque no sé, realmente me interesa saber,
así que decímelo contestándome la pregunta:
Entrevistador [atuando]: ¿Qué hacía Marcela a esa hora?
Entrevistado [atuando]: Marcela cenaba.
5) Asserção incrédula:
Entrevistador [comando] –Repetí parte de lo que te digo o AFIRMO como si fuera
algo imposible de creer, pensando en algo como “ SÍ, CLARO, CENABA Y TODO”.
Entrevistador [atuando]: Marcela salía a cenar todas las noches con el jefe.
Entrevistado [atuando]: Marcela cenaba.
6) Asserção irônica:
Entrevistador [comando]: Contestame a lo que te digo o PREGUNTO como si fuera
algo imposible, burlándote y pensando en algo como para la risa: “UFF, SÍ
CENABA…”.
Entrevistador [atuando]: ¿Marcela cenaba todas las noches con el jefe?
Entrevistado [atuando]: Marcela cenaba.
57
De todas as formas e variantes gravadas (com e sem marcadores
conversacionais, utilizados para encontrar mnemonicamente o padrão entonacional
procurado) foram selecionados para a análise apenas enunciados completos, ou seja,
produzidos pelos informantes sem marcadores conversacionais. Em nenhum momento
selecionamos enunciados contendo marcadores conversacionais que traduzem com
clichês melódicos a intenção do falante, do tipo obvio, claro, y todo) por considerarmos
que estes segmentos podem deslocar o padrao entonacional prototípico de determinada
atitude do enunciado Marcela cenaba para o marcador claro, obvio, afetando os dados.
No caso dos enunciados assertivos o marcador tanto pode deslocar o padrao
entonacional da atitude para si como repetir o padrão se ele for realizado no enunciado
assertivo.
6 Contextos ou situações de interação: enunciados interrogativos
Marcela fue al restaurante Las Leñas anoche.
1) Pergunta confirmativa:
Entrevistador [comando]: Preguntame si Marcela cenaba como si ya lo supieras y a
penas quisieras confirmar un dato, pensando en algo como “¿NO?”
Entrevistador [atuando]: La vi anoche a Marcela en Las Leñas.
Entrevistado [atuando]: ¿Marcela cenaba?
2) Pedido de informação (interrogativa neutra):
Entrevistador [comando]: Preguntame como si quisieras averiguar un dato, no
sabés y querés saber qué pasó.
Entrevistador [atuando]: La vi anoche a Marcela en Las Leñas.
Entrevistado [atuando]: ¿Marcela cenaba?
3) Pergunta incrédula (com foco amplo):
Entrevistador [comando]: Preguntame como si no pudieras creer en lo que te
acabaste de enterar, pensando en algo como “QUÉ RARO”, porque sabés que
Marcela no cena nunca.
Entrevistador [atuando]: Marcela a esa hora cenaba en un restaurant japonés.
Entrevistado [atuando]: ¿Marcela cenaba?
58
4) Pergunta incrédula (com foco no pré-núcleo):
Entrevistador [comando]: Preguntame como si no pudieras creer en lo que te
acabaste de enterar, pensando en algo como “QUÉ RARO”, porque sabés que
MARCELA no cena nunca.
Entrevistador [atuando]: Marcela a esa hora cenaba en un restaurant japonés.
Entrevistado [atuando]: ¿Marcela cenaba?
5) Pergunta incrédula (com foco no núcleo):
Entrevistador [comando]: Preguntame como si no pudieras creer en lo que te
acabaste de enterar, pensando en algo como “QUÉ RARO”, porque sabés que
Marcela no cena NUNCA.
Entrevistador [atuando]: Marcela a esa hora cenaba en un restaurant japonés.
Entrevistado [atuando]: ¿Marcela cenaba?
6) Pergunta retórica:
Entrevistador [comando]: Preguntame como si supieras que esta situación es
imposible, los dos sabemos que no puede ser, por eso la pregunta es casi un
reproche. Marcela es anoréxica, contestame preguntándome si cenaba y pensando
en algo como “¿POR CASUALIDAD?”.
Entrevistador [atuando]: Marcela a esa hora cenaba en un restaurant japonés.
Entrevistado [atuando]: ¿Marcela cenaba?
De todas as formas e variantes gravadas (com e sem marcadores
conversacionais, utilizados para encontrar mnemonicamente o padrão entonacional
procurado) foram selecionados para a análise apenas enunciados completos, ou seja,
produzidos pelos informantes sem marcadores conversacionais. Em nenhum momento
selecionamos enunciados contendo marcadores conversacionais que traduzem com
clichês melódicos a intenção do falante, do tipo ¿no?, ¿por casualidad?) por
considerarmos que estes segmentos podem deslocar o padrao entonacional prototípico
de determinada atitude do enunciado Marcela cenaba para o marcador ¿no?, ¿por
casualidad? No caso dos enunciados interrogativos o marcador repete o padrão do
enunciado interrogativo que está marcando, intensificando a atitude do enunciado.
59
Observamos o exemplo de uma fichas apresentadas aos participantes na
ilustração 1:
Ilustração 1:Ficha de coleta de dados com as informações repassadas ao participante durante a
entrevista.
Cada informante realizou um mínimo de três repetições de cada enunciado, com
o objetivo de conferir a manutenção do mesmo padrão entonacional e selecionar as
produções com melhor qualidade de som. O tempo total de gravação das entrevistas
encontra-se ao redor de duas horas para cada participante.
Foram selecionados seis enunciados assertivos e seis enunciados interrogativos
totais de cada informante, sendo um de cada contexto anteriormente descrito, para a
realização da análise dos dados. Vide tabela 1:
Contextos Enunciados Gênero Informantes
por sexo
Variantes Informantes
p/ variedade
Total
Assertivos
6
Sexo
feminino
Sexo
masculino
4
4
Buenos
Aires
Córdoba
Buenos
Aires
Córdoba
2
2
2
2
48
60
Interrogativos
6
Sexo
feminino
Sexo
Masculino
4
4
Buenos
Aires
Córdoba
Buenos
Aires
Córdoba
2
2
2
2
48
Total 12
contextos
8
informantes
2
variedades
96
enunciados
Tabela 1: Disposição de informantes por quantidade de enunciados por contextos, distribuídos
por sexo e variedade.
4.2 - Critérios de Análise:
Os enunciados selecionados foram analisados pelo programa PRAAT
(www.fon.hum.uva.nl/praat/), um software destinado a análise da fala, criado por Paul
Boersma e David Weenink e projetado no Institute of Phonetic Sciences da Holanda.
Com o uso desse programa é possível observar a curva melódica do enunciado,
representada pela marcação da frequência fundamental (f0), além de fornecer as
medidas de duração e intensidade de segmentos.
Ilustração 2: Imagem da tela de segmentação do PRAAT.
A segmentação manual dos enunciados foi realizada em três níveis: vocábulo,
sílabas e tons. Através desses níveis pode-se identificar e observar os valores de
61
frequência fundamental nas vogais, a duração das sílabas e a configuração fonológica na
atribuição de tons. Os dados obtidos para esta pesquisa foram analisados e etiquetados
segundo o modelo Sp-ToBI, (Spanish Tones and Break Indices), que segue as bases
descritas pelo modelo Métrico-autossegmental (AM) de Pierrehumbert (1980).
A atribuição de tons desta pesquisa foi feita no pré-núcleo e no núcleo dos
enunciados. A escolha do programa PRAAT deve-se a sua praticidade de aquisição e
uso, pois é gratuito e facilmente encontrado na internet, além de amplamente utilizado
por diversos pesquisadores.
As análises foram realizadas no nível fonético e fonológico. Através da análise
fonética foi possível obter dados precisos dos enunciados, como os valores de
frequência fundamental em vários pontos dos enunciados sobre as vogais e os valores
de duração das sílabas. Com esses dados foi possível comparar os diferentes contextos
assertivos e interrogativos totais de atitudes proposicionais e as variedades de Buenos
Aires e de Córdoba.
No nível fonológico realizou-se a atribuição de tons nos enunciados nas posições
pré-nucleares e nucleares. Em posição pré-nuclear os tons são marcados sobre as sílabas
pré-tônicas e tônicas, segundo o modelo de notação Sp_ToBI. Em posição nuclear,
também se atribuiu os tons das sílabas pré-tônicas e tônicas, incluindo ainda o tom de
fronteira ao movimento final do contorno melódico.
Nos próximos capítulos verificamos os resultados obtidos nas análises dos
enunciados assertivos e interrogativos totais de Buenos Aires e de Córdoba nos
diferentes contextos que expressam atitudes proposicionais. O capítulo 5 está dedicado
à análise das assertivas e o capítulo 6, à das interrogativas totais.
62
CAPÍTULO V
RESULTADOS E DISCUSSÕES: ENUNCIADOS ASSERTIVOS
Este capítulo apresenta os resultados das análises dos contornos de f0 dos
enunciados assertivos de Buenos Aires e de Córdoba nos contextos de atitudes
proposicionais de acordo com a escala de maior certeza com relação ao conteúdo
proposicional à maior certeza que não. Os resultados estão dispostos na seguinte ordem:
Asserção Contrastiva (com foco no pré-núcleo e no núcleo), Asserção Evidente,
Asserção Neutra, Asserção Incrédula e Asserção Irônica. Primeiramente realizamos
uma análise fonética dos enunciados, levando em conta o contorno da curva melódica e
os valores de f0 nas vogais, bem como os valores de duração das sílabas.
Posteriormente, através da análise fonológica da entoação, realizou-se a atribuição dos
tons em posição pré-nuclear e nuclear de acordo com a notação Sp_ToBI. Todos os
contornos melódicos foram suavizados pelo programa computacional PRAAT.
5.1 – Asserção contrastiva: foco corretivo
A asserção evidente corresponde ao seguinte contexto de interação: o
entrevistador diz que Marcela tomava café ou que Alejandra jantava e o entrevistado
realiza uma correção no conteúdo proposicional, repetindo a mesma frase com o
ajuste necessário. Para este trabalho consideramos dois tipos de contraste, um com
foco no pré-núcleo do enunciado e outro com foco no núcleo no enunciado Marcela
cenaba.
5.1.1 – Aspectos Fonéticos
Nesta seção analisamos além da configuração do contorno melódico dos
enunciados, as medidas de frequência fundamental nas vogais e de duração das sílabas
com a finalidade de contrastar os resultados encontrados entre Buenos Aires e Córdoba.
63
5.1.1.1 - Com foco no pré-núcleo do enunciado
O contorno melódico dos enunciados assertivos contrastivos com foco no pré-
núcleo de Buenos Aires e de Córdoba analisados caracteriza-se por um movimento
circunflexo no pré-núcleo, ou seja, a f0 encontra-se em tom baixo na sílaba pré-tônica,
com pico na sílaba tônica e movimento de queda na sílaba pós-tônica. Devido a que o
elemento focalizado encontra-se em posição pré-nuclear – Marcela – os pontos de
maior frequência fundamental localizam-se também nessa posição.
Em posição nuclear, a curva de frequência fundamental apresenta movimento
descendente desde a sílaba pré-tônica, como podemos observar nas figuras 46 e 47 a
seguir:
Time (s)
0 1.119
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
Mar
cela
cena
ba
Fig.46: Asserção contrastiva com foco no pré-
núcleo produzida por informante 1 do sexo
feminino de Buenos Aires.
Time (s)
0 1.374
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
50
70
Mar
ce lace
na ba
Fig.47: Asserção contrastiva com foco no
pré-núcleo produzida por informante 1 do
sexo masculino de Córdoba.
Observado o movimento melódico que caracteriza os enunciados assertivos
contrastivos com foco no pré-núcleo, realizou-se a medição de valores de frequência
fundamental a fim de constatar a variação de f0 nesse contexto atitudinal.
Em posição pré-nuclear Marcela foram calculadas as médias de f0 dos pontos
mais altos das sílabas tônicas (que são as mais altas do pré-nucleo) e dos pontos mais
baixos das sílabas pré e pós-tônicas (que são os mais baixos do pré-núcleo), tanto em
Buenos Aires como em Córdoba. As médias dos enunciados de Córdoba são mais altas,
64
com valores máximos de 300Hz para as mulheres e 200Hz para os homens, contra
pouco mais de 250Hz e 150Hz para os homens para Buenos Aires.
Em posição nuclear cenaba foram calculadas as médias f0 dos picos das sílabas
pré-tônicas e tônicas (as mais altas do núcleo em queda) e dos vale das pós-tônicas. Os
valores médios das pré-tônicas e tônicas de Buenos Aires e de Córdoba são
semelhantes, mas com relação às pós-tônicas cabe destacar um detalhe: entre os
enunciados produzidos por informantes do sexo feminino de Buenos Aires (gráfico 3),
percebemos maior variação, em torno de 50Hz, nos valores de pitch da tônica para a
pós-tônica, do que em Córdoba (gráfico 4). Entre os homens não foi verificada essa
variação. Todos os valores de f0 estão expressos em Hertz (Hz), como observamos nos
gráficos de 1 a 4 a seguir:
F0 Pré-núcleo Assertivas Contrastivas pré-nuclear
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 1: Valores da média de f0 em posição
pré-nuclear de enunciados Assertivos
Contrastivos com foco no pré-núcleo de Buenos
Aires.
Média de F0 no Pré-núcleo de Asserivas Contrastivas
com foco no pré-núcleo - Córdoba
0
50
100
150
200
250
300
350
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 2: Valores da média de f0 em posição
pré-nuclear de enunciados Assertivos
Contrastivos com foco no pré-núcleo de
Córdoba.
F0 Núcleo Assertivas contrastivas pré-nuclear
0
50
100
150
200
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 3: Valores da média de f0 em posição
nuclear de enunciados Assertivos Contrastivos
com foco no pré-núcleo de Buenos Aires.
Média de F0 no núcleo de Assertivas Contrastivas com
foco no pré-núcleo - Córdoba
0
50
100
150
200
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 4: Valores da média de f0 em posição
nuclear de enunciados Assertivos Contrastivos
com foco no pré-núcleo de Córdoba.
Em posição pré-nuclear, os valores mais altos de frequência fundamental
coincidem com a sílaba tônica do elemento focalizado, ou seja, o vocábulo Marcela. Em
posição nuclear, os valores de f0 encontram-se em queda, desde a sílaba pós-tônica do
pré-núcleo.
65
Na análise da média de duração das sílabas dos enunciados observamos um
comportamento semelhante entre os enunciados de Buenos Aires e de Córdoba, em
posição pré-nuclear. As sílabas tônicas possuem maior duração, que coincide com o
pico de f0 nessa mesma região focalizada.
Em posição nuclear, observa-se que em Buenos Aires a tônica mantém maior
duração com relação às demais sílabas, mas em Córdoba, a sílaba pré-tônica destaca-se
como a mais longa nessa posição, vide gráficos 5 e 6. Essa é uma característica a ser
observada nos enunciados de Córdoba, pois já foi apresentada por autores como
Fontanella de Weinberg (1971), por meio de análise perceptual, como comportamento
típico da fala cordobesa.
Médias de duração no pré-núcleo de Assertiva
Contrastiva com foco no pré-núcleo
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 5: Média de duração do pré-núcleo de
assertivas contrastivas com foco no pré-núcleo.
Médias de duração no Núcleo de Assertiva Contrastiva
com foco no pré-núcleo
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 6: Média de duração do núcleo de
assertivas contrastivas com foco no pré-núcleo.
Neste contexto também observamos que todas as sílabas de Córdoba são mais
longas que as de Buenos Aires, resultado preliminar que será confirmado em cada um
das sessões a seguir. Podemos constatar, portanto, que a duração é um fator que
contribui na identificação de um padrão contrastante focalizado no pré-núcleo e também
distingue as duas variedades do espanhol estudadas neste trabalho.
5.1.1.2 - Com foco no núcleo do enunciado
O contorno de f0 dos enunciados assertivos contrastivos com foco no núcleo de
Buenos Aires e de Córdoba analisados caracterizam-se por apresentar um movimento
ascendente em posição pré-nuclear. Esse movimento apresenta a sílaba: pré-tônica
baixa, a tônica em posição de subida e pico na pós-tônica. Em posição nuclear
66
observamos um contorno circunflexo, com pré-tônica baixa, tônica alta e pós-tônica
baixa. Verificamos esses contornos nas figuras 48 e 49 a seguir:
Time (s)
0 1.414
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
Mar cela
ce naba
Fig.48: Asserção contrastiva com foco no
núcleo produzida por informante 1 do sexo
feminino de Buenos Aires.
Time (s)
0 1.746
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
30
300
50
70
Mar
ce lace
na
ba
Fig.49: Asserção contrastiva com foco no
núcleo produzida por informante1 do sexo
feminino de Córdoba.
Sendo os enunciados focalizados em posição nuclear, observamos no exemplo
de Córdoba um pico mais alto de f0 nessa posição. Porém, no enunciado de Buenos
Aires, o pico nuclear não é o mais alto. A hipótese que explicaria esse valor mais baixo
de f0 seria que para realizar a focalização os informantes recorreram a outro recurso
como a duração mais longa na sílaba tônica. Verificaremos esse dado a seguir.
Analisando a média de valores de f0 nos enunciados assertivos contrastivos com
foco em posição nuclear, observa-se um movimento melódico ascendente no pré-núcleo
dos enunciados, diferente do observado entre os enunciados com foco no pré-núcleo. Os
valores mais altos de pitch estão nas sílabas pós-tônicas alcançando 250Hz entre as
mulheres e 150Hz entre os homens nas duas variedades.
Em posição nuclear verificamos um movimento circunflexo do contorno de f0,
com pico localizado na sílaba tônica do vocábulo focalizado, ou seja, cenaba. Os
registros mais altos encontram-se entre os enunciados de Córdoba: variando de 200Hz a
250Hz para as mulheres e 150Hz a 200Hz para os homens. Em Buenos Aires verificou-
se variação de mais ou menos 150Hz a 200Hz para as mulheres e de 100Hz a pouco
menos de 150Hz para os homens. Observamos os gráficos de 7 a 10:
67
F0 Pré-núcleo Assertivas Contrastivas com foco nuclear
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hertz Homens
Mulheres
Gráfico 7: Valores da média de f0 em posição
pré-nuclear de enunciados Assertivos
Contrastivos com foco no núcleo de Buenos
Aires.
F0 núcleo Assertivas Contrastivas com foco no núcleo
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hertz Homens
Mulheres
Gráfico 9: Valores da média de f0 em posição
nuclear de enunciados Assertivos Contrastivos
com foco no núcleo de Buenos Aires.
Média de F0 no Pré-núcleo de Assertivas Constrastivas
com foco no núcleo - Córdoba
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 8: Valores da média de f0 em posição
pré-nuclear de enunciados Assertivos
Contrastivos com foco no núcleo de Córdoba.
Média de F0 no Núcleo da Assertivas Contrastivas com
foco no núcleo - Córdoba
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 10: Valores da média de f0 em posição
nuclear de enunciados Assertivos Contrastivos
com foco no núcleo de Córdoba.
Analisando a duração das sílabas das Assertivas Contrastivas com foco no
núcleo verificamos que na posição focalizada – núcleo – as sílabas tônicas são as mais
longas, tanto em Buenos Aires como em Córdoba. No núcleo do enunciado de Buenos
Aires observamos uma grande diferença da média de duração entre a sílaba tônica e as
demais sílabas, de quase 100ms. Esse fato reforça a hipótese que os informantes
portenhos utilizaram-se do recurso da duração para enfatizar o elemento cenaba na
produção do enunciado.
Nos enunciados de Córdoba também medimos maiores valores de duração nas
sílabas tônicas em posição nuclear, acompanhando o elemento focalizado, porém com
pouca variação com relação às sílabas pré-tônicas. Tanto a média das tônicas como das
pré-tônicas alcançam valores em torno de 200ms.
Em posição pré-nuclear observamos um comportamento bem semelhante entre
as variedades estudadas. As médias de duração das pré-tônicas e tônicas de Buenos
Aires e de Córdoba são praticamente as mesmas, como observamos nos gráficos 11 e
12:
68
Média de duração no Pré-núcleo de Assertiva
Contrastiva com foco no núcleo
0
50
100
150
200
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 11: Média de duração do pré-núcleo de
assertivas contrastivas com foco no núcleo.
Médias de duração no Núcleo de Assertiva Contrastiva
com foco no núcleo
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 12: Média de duração do núcleo de
assertivas contrastivas com foco no núcleo.
Considerando-se a análise fonética, verificamos que há diferenças entre os
enunciados assertivos com foco no pré-núcleo e no núcleo constatadas através das
análises dos contornos melódicos dos enunciados e medidas de frequência fundamental
e duração.
Já entre as variedades do espanhol de Buenos Aires e Córdoba, encontramos
alguns fatores de distinção na análise das curvas melódicas e das médias de frequência
fundamental. Porém, as diferenças mais evidentes estão relacionadas à duração das
sílabas em que a variedade de Córdoba se destaca por apresentar sílabas mais longas
que Buenos Aires e por uma particularidade de realizar as pré-tônicas de igual tamanho
ou mais longas que as tônicas.
5.1.2 – Aspectos Fonológicos
Comparando os acentos tonais associados aos enunciados assertivos contrastivos
de Buenos Aires e de Córdoba encontramos diferentes padrões entonacionais para cada
contexto atitudinal, com foco no pré-núcleo e no núcleo. Os acentos tonais são portanto
contrastantes na localização do foco no pré-núcleo e no núcleo, porém, as diferenças
entre entre os enunciados de Buenos Aires e de Córdoba são continuas ou graduais, pois
chegamos aos mesmos acentos tonais para as duas variedade dialetais.
5.1.2.1 – Enunciados com foco no pré-núcleo do enunciado
A atribuição de acentos tonais associados ao contorno melódico das assertivas
contrastivas com foco em posição pré-nuclear, baseada na proposta de notação Sp_ToBI
foi a seguinte:
69
L + H* ______________ L* L%
Em posição pré-nuclear descrevemos o acento tonal nas posições pré-tônicas e
tônicas e neste caso encontramos pré-tônica baixa L e tônica alta H*, formando um
contorno melódico ascendente até a tônica e descendente a partir da pós-tônica.
A posição nuclear está representada pelas sílabas tônicas e pós-tônicas, sendo as
duas com tom baixo L* e tom de fronteira L%. Neste caso não houve necessidade de
atribuir tom à sílaba pré-tônica, pois a mesma possui o tom baixo como a tônica.
Vejamos as representações das curvas melódicas suavizadas e segmentadas através do
programa PRAAT nas figuras 50 e 51:
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + H* L* L
100
450
200
300
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.08 0.93
Fig.50: Segmentação de Asserção Contrastiva
com foco no pré-núcleo de Buenos Aires
produzida por informante 1 do sexo feminino
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + H* L* L
50
350
70
100
200
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.11 1.16
Fig.51: Segmentação de Asserção Contrastiva
com foco no pré-núcleo de Córdoba produzida
por informante 1 do sexo masculino
5.1.2.2 – Enunciados com foco no núcleo do enunciado
A atribuição de acentos tonais associados à curva melódica das assertivas
contrastivas com foco em posição nuclear, baseada na notação Sp_ToBI foi a seguinte:
L + >H* ______________________ L + H* L%
Esse contorno define-se por apresentar em posição pré-nuclear um movimento
ascendente constituído por uma sílaba tônica baixa L, tônica mais alta H*, porém ainda
em ascensão e pico de f0 localizado na sílaba pós-tônica. A localização do pico de
70
frequência fundamental é determinado por >H* que indica a tônica alta com pico
alinhado à sílaba pós-tônica.
Em posição nuclear as curvas melódicas apresentaram um movimento
circunflexo, descrito como pré-tônica baixa L, tônica alta H* e pós-tônica descendente,
que indica o tom de fronteira L%. Observemos os exemplos destacados com as curvas
descritas nas figuras 52 e 53:
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + >H* L + H* L
100
450
200
300
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.2 1.01
Fig.52: Segmentação de Asserção Contrastiva
com foco no núcleo de Buenos Aires produzida
por informante 1 do sexo feminino
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L* + >H L + H* L
100
450
200
300
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.05 1.03
Fig.53: Segmentação de Asserção Contrastiva
com foco no núcleo de Córdoba produzida por
informante 1 do sexo feminino
Com esses resultados analisados, conclui-se que no contexto das assertivas
contrastivas a atribução de acentos tonais não é suficiente para contrastar as variedades
do espanhol de Buenos Aires e de Córdoba. Já no nível da implementação fonética de
duração foi possível observar algumas difernças importantes e definidoras de um
contraste realmente existente.
5.2 – Asserção evidente: atitude certo que sim
A asserção evidente corresponde ao seguinte contexto de interação: o
entrevistador pergunta o que Marcela estava fazendo nessa hora numa churrascaria e o
entrevistado responde assertivamente com a informação pedida mas achando que
o interlocutor também deveria saber disso. É a resposta a um pedido de informação
considerado “óbvio” do ponto de vista atitudinal, pensando em algo como “é claro”,
portanto implica uma certa recriminação “você devia saber disso”.
71
5.2.1 – Aspectos Fonéticos
Analisando a curva entonacional dos enunciados assertivos evidentes
observamos que tanto em Buenos Aires quanto em Córdoba, os enunciados se
caracterizam por um movimento ascendente em posição pré-nuclear e circunflexo em
posição nuclear, como podemos observar nas figuras 54 e 55 de uma informante do
sexo feminino de Buenos Aires e um informante do sexo masculino de Córdoba.
Time (s)
0 1.37
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
Mar
ce lace
na
ba
Fig.54: Asserção evidente produzida por
informante 1 do sexo feminino de
Buenos Aires.
Time (s)
0 1.285
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
50
70
Marce la
ce
na
ba
Fig.55: Asserção evidente produzida por
informante 1 do sexo masculino de
Córdoba.
Verificamos então, se na análise dos demais parâmetros fonéticos existem
contrastes entre essas duas variedades. Para a análise das médias de frequência
fundamental, foram medidos em posição pré-nuclear os valores mínimos de pitch nas
sílabas pré-tônicas e os valores máximos nas tônicas e pós-tônicas. Em posição nuclear
medimos os valores mínimos nas pré e pós-tônicas e máximos nas tônicas. Observamos
a disposição dos valores através dos gráficos de 13 a 16 a seguir:
Média de F0 Pré-núclo Assertivas Evidência
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 13: Valores da média de f0 em posição
pré-nuclear de enunciados Assertivos Evidente
de Buenos Aires.
Média F0 Assertivas Evidência
0
50
100
150
200
250
300
350
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pòs-tônica
Hertz Homens
Mulheres
Gráfico15: Valores da média de f0 em posição
nuclear de enunciados Assertivos Evidente de
Buenos Aires.
72
Média de F0 no Pré-núcleo de Assertivas Evidentes -
Córdoba
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 14: Valores da média de f0 em posição
pré-nuclear de enunciados Assertivos Evidente
de Córdoba.
Média de F0 no Núcleo de Assertivas Evidentes -
Córdoba
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 16: Valores da média de f0 em posição
pré-nuclear de enunciados Assertivos Evidente
de Córdoba.
Os valores obtidos demonstram que em posição pré-nuclear temos em Buenos
Aires um aumento de f0 das sílabas tônicas para as pós-tônicas e em Córdoba há um
aumento contínuo das pré-tônicas para a as pós-tônicas. As médias de Buenos Aires
variam de 200Hz a mais de 250Hz e voltam a 250Hz entre as mulheres e de 100Hz a
150Hz, e diminuem para menos de 150Hz entre os homens. Em Córdoba a variação é
semelhante, exceto nas pós-tônicas, que alcançam entre as mulheres valores médios de
ao redor de 250Hz e entre os homens, pouco mais de 150Hz.
Em posição nuclear, observamos o contorno melódico circunflexo através das
médias de f0 dos enunciados de Buenos Aires e de Córdoba, porém as curvas não são
exatamente iguais. Em Córdoba, as médias das sílabas pré-tônicas e pós-tônicas são
idênticas, em Buenos Aires as pré-tônicas apresentam valores mais altos que as pós-
tônicas, o que não invalida o movimento circunflexo. Com relação às tônicas femininas,
os registros de Buenos apresentaram médias mais altas que às de Córdoba: 300Hz
contra 250Hz, mas entre os homens, os registros de Córdoba apresentaram-se mais
altos: 200Hz contra menos de 150Hz. Neste contexto, portanto, um maior valor de f0
não caracteriza uma variedade, pois essa variação pode representar particularidades da
fala dos informantes.
Com relação às médias de duração nas sílabas dos enunciados analisados,
observamos uma vez mais como em Buenos Aires as sílabas tônicas se destacam como
as mais longas, tanto no pré-núcleo como no núcleo, e em Córdoba, as sílabas pré-
tônicas são tão ou mais longas que as tônicas.
Vemos que em posição pré-nuclear de Córdoba, as tônicas apresentam uma
média de duração pouco maior que as pré-tônicas, porém a diferença é mínima. Em
73
posição nuclear, as pré-tônicas se destacam como mais longas com uma diferença pouco
mais expressiva, como observamos nos gráficos 17 e 18:
Médias de duração no Pré-núcleo de Assertiva Evidente
0
50
100
150
200
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 17: Média de duração do pré-núcleo de
assertivas evidentes.
Médias de duração no Núcleo de Assertiva Evidente
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 18: Média de duração do pré-núcleo de
assertivas evidentes.
Na análise fonética, observaram-se algumas diferenças sutis na curva melódica e
nas medidas de f0 entre as variedades estudadas neste trabalho. Mas com relação à
duração das sílabas as diferenças se tornam mais evidentes. Como podemos verificar
também entre as assertivas confirmativas o parâmetro da duração destaca-se na
distinção da entoação de Buenos Aires e de Córdoba.
5.2.2 – Aspectos Fonológicos
A análise fonológica dos enunciados assertivos evidentes resulta na mesma
associação de acentos tonais para Buenos Aires e Córdoba:
L + >H* _________________ L + H* L%
A atribuição de tons no pré-núcleo foi realizada nas sílabas pré-tônicas e tônicas,
de acordo com a notação Sp_ToBI, e configura-se por um movimento ascendente
partindo de um tom baixo L até um tom alto H* com pico alinhado à sílaba pós-tônica:
>H*.
No núcleo do enunciado, as curvas entonacionais possuem contorno circunflexo,
baixo na pré-tônica L, alto na tônica H* e baixo na pós-tônica, indicando tom de
fronteira descendente: L%, como se vê nas figuras 56 e 57:
74
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + >H* L + H* L
100
450
200
300
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.31 1.13
Fig.56: Segmentação de Asserção Evidente de
Buenos Aires produzida por informante 1 do
sexo feminino
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + >H* L + H* L
50
350
70
100
200
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.13 1.01
Fig.57: Segmentação de Asserção Evidente de
Córdoba produzida por informante 1 do sexo
masculino
Os acentos tonais de enunciados assertivos evidentes L + >H* __ L + H* L%
(ver p. 73) são os mesmos que os acentos tonais associados aos enunciados assertivos se
o foco estiver no núcleo cenaba (ver p. 69), nestes dois casos o contraste se dá pela
implementação fonética da duração, como veremos a seguir. No caso de enunciados
contrastivos com foco deslocado para o pré-núcleo: L + H* __ L* L% (ver pág. 69) os
acentos tonais encontrados são discretos, ou seja, contrastantes, se comparados aos
enunciados evidentes ou com foco no núcleo.
As diferenças entre as assertivas evidentes e as contrastivas com foco no núcleo
do enunciado estão relacionadas a fatores fonéticos, mais especificamente ao parâmetro
de duração. A maior diferença está no núcleo. Em posição nuclear, as tônicas das
assertivas contrastivas com foco no núcleo são mais longas (duração média superior a
200ms, ver gráfico 12, pág. 68) que as das assertivas evidentes (duração média inferior
a 200 ms, ver gráfico 18, pág. 73). No foco contrastivo em posição nuclear, tanto em
Buenos Aires quanto em Córdoba, as sílabas tônicas são em média as mais longas do
enunciado, entretanto, nas assertivas evidentes, em Córdoba as sílabas pré-tônicas são
mais longas que as tônicas, ao contrário do que ocorre em Buenos Aires.
5.3 - Asserção neutra: atitude sei que sim e que o interlocutor não sabe
A asserção incrédula corresponde ao seguinte contexto de interação: o
entrevistador pergunta o que Marcela estava fazendo nessa hora e o entrevistado
responde assertivamente com a informação pedida. É a resposta a um pedido de
informação e se considerado “neutro” do ponto de vista atitudinal.
75
5.3.1 – Aspectos Fonéticos:
Observando a curva entonacional dos enunciados assertivos neutros de Buenos Aires e
de Córdoba, encontramos características similares. Nas duas variedades verificamos um
movimento ascendente em posição pré-nuclear e descendente em posição nuclear, como
se vê nas figuras 58 e 59:
Time (s)
0 1.697
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
Mar
cela
ce
naba
Fig.58: Asserção neutra produzida por
informante 2 do sexo feminino de Buenos Aires.
Time (s)
0 1.551
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
Marce
la ce
na ba
Fig.59: Asserção neutra produzida por
informante 2 do sexo feminino de Córdoba.
Analisando as médias de frequência fundamental com o objetivo de comparar as
variedades de Buenos Aires e de Córdoba tampouco encontramos um contraste
relevante. Em posição pré-nuclear foram medidos os valores mínimos de f0 nas pré-
tônicas e máximos nas tônicas e pós-tônicas e encontramos uma amplitude de 200Hz a
250Hz entre as mulheres e algo em torno de 100Hz a 150Hz entre os homens, nas duas
variedades do espanhol.
Em posição nuclear, medimos a f0 nos picos das sílabas pré-tônicas e tônicas e
nos vales das pós-tônicas. Os valores médios de amplitude encontrados foram de 250Hz
a 150Hz entre as mulheres, com registros mais altos em Córdoba, e 150Hz a 100Hz
entre os homens (cf. gráficos de 19 a 22).
76
Média de F0 Pré-núcleo Assertivas Neutras
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 19: Valores da média de f0 em posição
pré-nuclear de enunciados Assertivos Neutros
de Buenos Aires.
Média de F0 no núcleo de Assertivas Neutras - Buenos
Aires
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 21: Valores da média de f0 em posição
nuclear de enunciados Assertivos Neutros de
Buenos Aires.
Média de F0 do Pré-Núcleo de Assertivas Neutras -
Córdoba
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 20: Valores da média de f0 em posição
pré- nuclear de enunciados Assertivos Neutros
de Córdoba.
Média de F0 no Núcleo de Assertivas Neutras - Córdoba
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônicaH
ert
z Homens
Mulheres
Gráfico 22: Valores da média de f0 em posição
nuclear de enunciados Assertivos Neutros de
Córdoba.
Com relação à duração foram encontrados alguns resultados contrastantes. Em
posição pré-nuclear observamos que em Buenos Aires as sílabas pré-tônicas e tônicas
possuem praticamente os mesmos valores médios de duração. No caso de Córdoba, as
pré-tônicas seguem sendo mais longas que as tônicas.
Em posição nuclear, verifica-se a mesma característica das sílabas pré-tônicas:
são mais longas que as pré-tônicas. Com o enunciado de Buenos Aires, temos a tônica
com média de duração mais longa que a pré-tônica, com uma diferença de quase 50ms.
Observamos os gráficos 23 e 24:
Médias de duração no Pré-núcleo de Assertiva Neutra
0
50
100
150
200
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 23: Média de duração do pré-núcleo de
assertivas neutras.
Médias de duração no Núcleo de Assertiva Neutra
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 24: Média de duração do núcleo de
assertivas neutras.
77
Através da análise fonética, o único parâmetro contrastante observado entre os
enunciados analisados de Buenos Aires e de Córdoba é o da duração em que
constantemente verificamos o alongamemento das pré-tônicas cordobesas diante das
tônicas. E em Buenos Aires frequentemente se mantêm as tônicas mais longas que as
pré-tônicas. As sílabas pós-tônicas até o momento caracterizam-se por serem as sílabas
mais curtas dos enunciados analisados, sendo as de Buenos Aires ainda mais curtas que
as de Córdoba.
5.3.2 – Aspectos Fonológicos:
Analisando fonologicamente os enunciados assertivos neutros verificamos a
mesma atribuição de tons empregada para os enunciados de Buenos Aires e de Córdoba,
segundo a notação Sp_ToBI:
L + >H* ___________________ H + L* L%
O movimento ascendente observado em posição nuclear é semelhante ao
encontrado entre as contrastivas com foco nuclear: pré-tônica baixa L e tônica alta com
pico alinhado à sílaba pós-tônica >H*. Em posição nuclear, o movimento é descendente,
com pré-tônica alta H, tônicas e pós-tônicas baixas, L* e tom de fronteira L%. Pelas
figuras 60 e 61 podemos identificar os movimentos melódicos com a segmentação das
sílabas dos enunciados:
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + >H* H + L* L
100
450
200
300
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.18 1.36
Fig.60: Segmentação de Asserção Neutra de
Buenos Aires produzida por informante 2 do
sexo feminino
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + >H* H + L* L
100
450
200
300
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.19 1.29
Fig.61: Segmentação de Asserção Neutra
de Córdoba produzida por informante 2 do
sexo feminino
78
No contexto das assertivas neutras, a análise fonológica não revela contrastes
entre as duas variedades pesquisadas. Os contrastes entre Buenos Aires e Córdoba
encontram-se no nível fonético, especificamente nas comparações observadas pelo
parâmetro de duração de sílabas.
5.4 – Asserção Incrédula: atitude sarcástica, certo que não
A asserção incrédula corresponde ao seguinte contexto de interação: o
entrevistador afirma que Marcela jantava todas as noites com seu chefe e o
entrevistado repete assertivamente com parte do que foi dito, mas negando seu
contúdo proposicional. O entrevistado replica como se a afirmação de ambos fosse
pouco provável, expressando uma atitude de descrédito e confronto quanto ao conteúdo
proposicional.
5.4.1 – Aspectos Fonéticos
Os enunciados assertivos incrédulos caracterizam-se por apresentar pouca
modulação em sua curva entonacional. Há um movimento descendente constante que
começa na tônica do pré-núcleo, em posição pré-nuclear e se estende até o final, em
posição nuclear. Não observamos grandes diferenças entre os enunciados de Buenos
Aires e Córdoba somente pela variação de f0, como observamos nas figuras 62 e 63:
Time (s)
0 1.033
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
Marce la ce na
ba
Fig.62: Asserção Incrédula produzida por
informante 1 do sexo feminino de Buenos
Aires.
Time (s)
0 1.673
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
Marce la ce
na ba
Fig.63: Asserção incrédula produzida por
informante 2 do sexo feminino de Córdoba.
79
Analisando as médias de f0 dos enunciados assertivos incrédulos observamos
que as amplitudes medidas entre os valores máximos de mínimos não chegam a
alcançar 50Hz em nenhum dos casos. As maiores variações pertencem aos enunciados
produzidos pelas informantes do sexo feminino; entre os homens as médias de f0
praticamente não se alteram. Verificamos essas afirmações nos gráficos de 25 a 28:
Média F0 Pré-núcleo Assertivas Incrédulas
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 25: Valores da média de f0 em posição
pré-nuclear de enunciados Assertivos
Incrédulos de Buenos Aires.
Média F0 Núcleo Assertivas Incrédulas
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 27: Valores da média de f0 em posição
nuclear de enunciados Assertivos Incrédulos de
Buenos Aires.
Média de F0 no Pré-núcleo de Assertivas Incrédulas -
Córdoba
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 26: Valores da média de f0 em posição
pré-nuclear de enunciados Assertivos
Incrédulos de Córdoba.
Média de F0 no Núcleo de Assertivas Incrédulas -
Córdoba
0
50
100
150
200
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 28: Valores da média de f0 em posição
nuclear de enunciados Assertivos Incrédulos de
Córdoba.
Em posição pré-nuclear observamos uma oscilação pouco maior entre as médias
das mulheres de Córdoba e em posição nuclear observamos uma queda um pouco mais
acentuada da sílaba tônica para a pós-tônica entre os enunciados das mulheres de
Buenos Aires. Além dessas duas particularidades, há pouca variação de f0: os valores
são estáveis de 200Hz para as mulheres e de 100Hz para os homens.
Na análise da duração das assertivas incrédulas, confirmamos novamente a
tendência dos enunciados de Córdoba de possuir sílabas pré-tônicas mais longas que as
tônicas. Embora neste contexto também possamos observar uma pós-tônica alongada
com relação à tônica em posição nuclear.
80
Curiosamente em posição pré-nuclear, os enunciados Buenos Aires também
apresentaram sílabas pré-tônicas mais longas que as tônicas, porém com médias de
valores bem abaixo dos de Córdoba, com diferenças de mais de 50ms. Em posição
nuclear, os enunciados de Buenos Aires comportam-se nos demais contextos: as sílabas
tônicas com maior duração que as pré e pós-tônicas. Observemos os gráficos
comparativos 29 e 30:
Médias de duração no Pré-núcleo de Assertiva Incrédula
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 29: Média de duração do pré-núcleo de
assertivas incrédulas.
Médias de duração no Núcleo de Assertiva Incrédula
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 30: Média de duração do núcleo de
assertivas incrédulas.
Os enunciados assertivos incrédulos contrastam com os demais contextos de
atitudes proposicionais através das características de sua curva melódica, sempre em
tom baixo, comum para Buenos Aires e Córdoba. As diferenças entre as variedades
estudadas neste trabalho encontram-se na análise dos valores de duração das sílabas,
com alongamento das pré-tônicas cordobesas em posição nuclear e maior duração de
todas as sílabas em comparação com Buenos Aires.
5.4.2 – Aspectos Fonológicos
Os enunciados assertivos incrédulos foram analisados fonologicamente para
atribuição de tons segundo a notação Sp_ToBI e encontrou-se a seguinte configuração:
L* ____________________ L* L%
Os tons atribuídos no pré-núcleo e no núcleo são todos baixos, não sendo
necessário nesse caso marcar as sílabas pré-tônicas como baixas L também.
Observamos nas figuras 64 e 65 o comportamento do contorno de f0 em cada sílaba
segmentada dos enunciados:
81
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L* L* L
100
450
200
300
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.06 0.87
Fig.64: Segmentação de Asserção Incrédula de
Buenos Aires produzida por informante1 do
sexo feminino
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L* L* L
100
450
200
300
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.12 1.47
Fig.65: Segmentação de Asserção Incrédula de
Córdoba produzida por informante 2 do sexo
feminino
Como observado na análise do contorno melódico, o comportamento de f0 das
assertivas incrédulas é bem diferente ao das demais atitudes proposicionais já descritas.
A configuração fonológica desta atitude, relacionada à associação de acentos tonais,
representa um fator contrastante entre este contexto e os demais.
Não encontramos diferenças contrastantes entre os enunciados de Buenos Aires
e Córdoba para esta atitude no nível da associação de acentos tonais, porém sim, no
nível da implementação da duração desses mesmos acentos tonais nas duas variedades
dialetais.
5.5 – Asserção Irônica: atitude certo que não, atitude lúdica e brincalhona
A asserção irônica corresponde ao seguinte contexto de interação: o
entrevistador pergunta se Marcela jantava todas as noites com seu chefe e o
entrevistado responde assertivamente com parte do que foi dito, mas negando seu
contúdo proposicional. O entrevistado responde à pergunta como se sua afirmação
fosse impossível, buscando a cumplicidade do interlocutor, com relação ao conteúdo
proposicional negativo.
5.5.1 – Aspectos Fonéticos
82
O último contexto a ser analisado neste capítulo sobre as assertivas é o irônico
que de algum modo se assemelha ao contexto incrédulo no sentido em que o falante
produz um enunciado que sabe que é falso. A diferença é que neste contexto acrescenta
um tom de “gozação” ao conteúdo proposicional, enquanto que no incrédulo o
enunciado é produzido em tom mais sério ou “sarcástico”.
Observamos algumas semelhanças nas curvas melódicas de incredulidade e
ironia. Os enunciados assertivos irônicos também apresentam um movimento
descendente progressivo que se inicia no pré-núcleo e se prolonga até o final do
enunciado em posição nuclear. A diferença encontra-se em posição pré nuclear,
enquanto os enunciados incrédulos quase não apresentam oscilações no contorno de f0,
nos enunciados irônicos observamos a formação de um pico na sílaba tônica. Podemos
verificar nas figuras 66 e 67:
Time (s)
0 1.328
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
50
70
Mar cela
cena ba
Fig.66: Asserção Irônica produzida por
informante 1 do sexo masculino de Buenos
Aires.
Time (s)
0 1.783
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
50
70
Marce
la ce na ba
Fig.67: Asserção Irônica produzida por
informante 2 do sexo masculino de
Córdoba.
Analisando as medidas de médias de f0 observamos que em posição pré-nuclear
os enunciados de Buenos Aires partem de valores mínimos bem próximos aos máximos
de f0 nas sílabas tônicas. Entre os enunciados do sexo feminino as médias encontram-se
em torno de 200Hz e entre os homens, de 100Hz a menos de 150Hz. No enunciados de
Córdoba a variação de f0 entre as pré-tônicas e as tônicas é maior: de 200Hz a mais de
250Hz entre as mulheres e de pouco mais de 100Hz a 150Hz.
Em posição nuclear, observamos que das sílabas pré-tônicas para as tônicas há
uma queda nas médias de f0 em Buenos Aires, em torno de 50Hz entre as mulheres e
menos de 50Hz entre os homens, mas em Córdoba, entre as mulheres, há um pequeno
83
aumento de pitch, que volta a diminuir na sílaba pós-tônica. Entre os homens de
Córdoba, a variação das médias de f0 equipara-se à de Buenos Aires, porém com
registro mais alto (cf. gráficos de 31 a 34).
Média de f0 no Pré-núcleo de Assertivas Irônicas -
Buenos Aires
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 31: Valores da média de f0 em posição
pré-nuclear de enunciados Assertivos Irônicos
de Buenos Aires.
Média de F0 no núcleo de Assertivas Irônicas - Buenos
Aires
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 33: Valores da média de f0 em posição
nuclear de enunciados Assertivos Irônicos de
Buenos Aires.
Média de F0 no Pré-núcleo de Assertivas Irônicas -
Córdoba
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 32: Valores da média de f0 em posição
pré-nuclear de enunciados Assertivos Irônicos
de Córdoba.
Média de F0 no núcleo de Assertivas Irônicas - Córdoba
0
50
100
150
200
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 34: Valores da média de f0 em posição
nuclear de enunciados Assertivos Irônicos de
Córdoba.
A análise da duração nos mostra diferenças mais expressivas entre os enunciados
de Buenos Aires e de Córdoba. Em posição nuclear observamos movimentos opostos:
enquanto em Buenos Aires as sílabas mais longas são as pré-tônicas e tônicas, em
Córdoba há um aumento dos valores de duração da pré-tônica para a pós-tônica. É o
único caso em que observamos uma diferença de média de 50ms entre a sílaba tônica e
a pré-tônica de Córdoba.
Em posição nuclear, verificamos um comportamento similar aos dos demais
contextos já analisados: em Buenos Aires com as tônicas mais longas e em Córdoba,
com as pré-tônicas mais longas. Vide gráficos 35 e 36.
84
Médias de duração no Pré-núcleo de Assertiva Irônica -
Buenos Aires
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 35: Média de duração do pré-núcleo de
assertivas irônicas.
Médias de duração no Núcleo de Assertiva Irônica
0
50
100
150
200
250
300
350
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 36: Média de duração do núcleo de
assertivas irônicas.
Pela análise fonética encontramos elementos que contribuem para a definição de
contrastes entre as variedades de Buenos Aires e de Córdoba. Em especial o parâmetro
de duração que aponta diferenças bem expressivas de duração entre as sílabas. O
contorno das assertivas irônicas se diferencia das assertivas contrastivas no pré-núcleo
por apresentar médias mais baixas de f0 em posição pré-nuclear, que não ultrapassam os
200Hz. Entre as contrastivas no pré-núcleo encontramos valores que alcançam os
250Hz ou 300Hz.
5.5.2 – Aspectos Fonológicos
A análise fonológica realizada nas assertivas irônicas revela que, apesar das
diferenças fonéticas encontradas entre Buenos Aires e Córdoba a atribuição de tons
encontrada para descrever esses enunciado foi a mesma:
L + H* ____________________ L* L%
Em posição pré-nuclear encontramos os pontos mais altos de f0 dos enunciados:
as pré-tônicas são mais baixas que as tônicas, L + H* e em posição nuclear, todos os
tons são baixos, desde às pré-tônicas. As tônicas estão representadas por L e as pós-
tônicas, pelo tom de fronteira L%. Vide figuras 68 e 69:
85
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + H* L* L
50
350
70
100
200
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.1 1.18
Fig. 68: Segmentação de Asserção Irônica de
Buenos Aires produzida por informante1 do
sexo masculino
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + H* L* L
50
350
70
100
200
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.19 1.51
Fig. 69: Segmentação de Asserção Irônica de
Córdoba produzida por informante 2 do sexo
masculino
Essa configuração de acentos tonais é a mesma que a dos enunciados assertivos
contrastivos com foco no pré-núcleo, porém existem diferenças na implementção da
duração no nível fonético, diferenças essas já descritas e que distinguem os dois
contextos.
Em síntese:
A atribuição fonológica não é capaz de distinguir os enunciados assertivos de
Buenos Aires e de Córdoba. Os contrastes presentes entre essas variedades
encontram-se no nível fonético.
Entre os contextos de atitudes proposicionais, podemos distinguir 4 padrões
melódicos contrastantes pela associação de acentos tonais: a) as assertivas neutras
L+>H* __ H+ L* L%, b) as assertivas incrédulas ou sarcásticas L* __ H+ L* L%, c)
as assertivas contrastivas com foco no núcleo e as assertivas evidentes L+>H* __
L+ H* L%; d) as assertivas contrastivas com foco no pré-núcleo e as assertivas
irônicas L+H* __ L* L%.
A análise do parâmetros físico de duração foi fundamental na distinção entre os
contextos atitudinais assertivos estudados neste trabalho e entre as variedades de
Buenos Aires e de Córdoba. O parâmetro da duração é o principal fator que
distingue as duas variedades: enquanto os enunciados de Buenos Aires
86
caracterizam-se por apresentarem as sílabas tônicas mais longas que as pré-
tônicas, em Córdoba a tendência é inversa, ou seja, pré-tônicas mais longas ou
com praticamente mesma duração que as tônicas.
Entre as atitudes proposicionais, a análise fonética foi capaz de distinguir os
contextos contrastivos com foco no pré-núcleo e as irônicas pelas médias de f0
nos enunciados: as médias das contrastivas alcançam valores mais altos que as
irônicas.
Entre os contextos contrastivos como foco no núcleo e evidentes, as diferenças
estão relacionadas às médias de duração de sílabas: as contrastivas apresentam
maior duração das sílabas tônicas frente às pré-tônicas, tanto em Buenos Aires
quanto em Córdoba em posição nuclear em comparação com as evidentes. Em
contexto evidente, as pré-tônicas de Córdoba possuem maior duração em
comparação às respectivas tônicas.
No próximo capítulo, discutimos os resultados das análises dos enunciados
interrogativos totais em contextos de atitudes preposicionais em Buenos Aires e em
Córdoba.
87
CAPÍTULO VI
RESULTADOS E DISCUSSÕES: ENUNCIADOS INTERROGATIVOS TOTAIS
Neste capítulo apresentamos os resultados das análises dos contornos de f0 dos
enunciados interrogativos totais de Buenos Aires e de Córdoba. A análise foi realizada
na seguinte ordem: Perguntas Confirmativas, Pedido de Informação (pergunta neutra),
Pergunta Incrédula e Pergunta Retórica. Primeiramente realizamos uma análise fonética
dos enunciados, levando em conta o contorno na curva melódica e os valores de f0 nas
vogais e de duração das sílabas. Posteriormente, através da análise fonológica, foram
atribuídos os tons em posição pré-nuclear e nuclear de acordo com a notação Sp_ToBI.
6.1 – Pergunta confirmativa: atitude certo que sim
A pergunta confirmativa corresponde ao seguinte contexto de interação: o
entrevistador afirma que viu ontem Marcela numa churrascaria e o entrevistado replica
com uma pergunta da qual espera a resposta seja sim, a pergunta é feita pensando no
marcador conversacional “né?”.
6.1.1 – Aspectos Fonéticos
Os enunciados analisados que representam uma pergunta confirmativa possuem
características semelhantes em seu contorno melódico. Em posição pré-nuclear, observa-
se um movimento ascendente de f0, com a sílaba pré-tônica baixa, a tônica ascendente e
pico localizado na sílaba pós-tônica. Em posição nuclear, a curva melódica possui
movimento circunflexo, ou seja, pré-tônica baixa, tônica alta e pós-tônica baixa.
Observamos as figuras 70 e 71, correspondentes a um enunciado de Buenos Aires,
produzido por uma informante do sexo feminino e um enunciado de Córdoba, produzido
por um informante do sexo masculino.
88
Time (s)
0 1.451
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
Mar
cela
ce naba
Fig.70: Pergunta confirmativa de Buenos Aires
produzida por informante 1 do sexo feminino.
Time (s)
0 1.396
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
50
70
Marce
la ce naba
Fig.71: Pergunta confirmativa de Córdoba
produzida por informante 2 do sexo masculino.
Analisando a média de f0 dos enunciados confirmativos produzidos por
informantes do sexo feminino e masculino de Buenos Aires e de Córdoba podemos
constatar o aumento nos valores de frequência em posição pré-nuclear, partindo do valor
mínimo das pré-tônicas em torno de 200Hz para as mulheres e 100 Hz para os homens
até o máximo das tônicas e pós-tônicas, em torno de 250 Hz para as mulheres e 150Hz
para os homens.
Em posição nuclear, observa-se nos gráficos de 37 a 40 a amplitude dos valores
de f0, partindo dos mínimos nas sílabas pré e pós-tônicas, também em torno de 200Hz
para as mulheres e 100Hz para os homens e máximos nas tônicas, também 250Hz para as
mulheres e 150Hz para os homens. Ou seja, entre as perguntas confirmativas não foram
observadas diferenças consideráveis entre os valores de picos de f0 no pré-núcleo e no
núcleo; em entre as duas variedades estudadas neste trabalho tampouco encontramos
contrastes a destacar.
Média de F0 do Pré-núcleo de Pergunta Confirmativa - Buenos
Aires
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hertz Homens
Mulheres
Gráfico 37: Média de F0 em posição pré-
nuclear de perguntas confirmativas de Buenos
Aires.
Média de F0 no Pré-núcleo de Perguntas Confirmativas -
Córdoba
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-Tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 38: Média de F0 em posição pré-
nuclear de perguntas confirmativas de
Córdoba.
89
Média de F0 de Núcleo de Pergunta Confirmativa - Buenos Aires
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hertz Homens
Mulheres
Gráfico 39: Média de F0 em posição nuclear
de perguntas confirmativas de Buenos Aires.
Média de F0 no núcleo de Perguntas Confirmativas -
Córdoba
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 40: Média de F0 em posição nuclear de
perguntas confirmativas de Córdoba
Através desses parâmetros analisados não encontramos fatores que distingam as
variedades de Buenos Aires e de Córdoba: a configuração da curva melódica é
semelhante e as médias de f0 não apresentam diferenças notáveis. Por esse motivo,
optamos também por medir os valores médios de duração das sílabas de todos os
enunciados de Buenos Aires e de Córdoba.
Analisando a duração das sílabas dos enunciados de Buenos Aires e de Córdoba
foram encontrados valores contrastantes que confirmam algumas das hipóteses já
estabelecidas para a descrição da variedade cordobesa, como a de Fontanella de
Weinberg (1971). Tanto em posição pré-nuclear como nuclear as sílabas pré-tônicas dos
enunciados de Córdoba destacam-se por serem mais longas que as tônicas e pós-tônicas.
As pré-tônicas de Córdoba apresentam-se em média com duração de 50ms a mais que as
pré-tônicas de Buenos Aires, como observamos nos gráficos 41 e 42:
Médias de duração de Perguntas Confirmativas - Pré-
núcleo
0
50
100
150
200
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Médias de duração de Perguntas Confirmativas - Núcleo
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 41: Média de duração em posição pré-
nuclear de perguntas confirmativas de Buenos
Aires e de Córdoba.
Gráfico 42: Média de duração em posição
nuclear de perguntas confirmativas de Buenos
Aires e de Córdoba.
90
Os enunciados de Buenos Aires destacam-se por possuírem as sílabas tônicas
mais longas que as pré e pós-tônicas. Desta forma, verificamos que em contexto de
Pergunta confirmativa, as variedades de Buenos Aires de Córdoba se diferenciam
foneticamente pela duração de suas sílabas. Mas essa característica também será
verificada nos demais contextos analisados neste trabalho.
6.1.2 – Aspectos Fonológicos
Na análise fonológica dos enunciados em contexto de Pergunta Confirmativa,
atribuímos a mesma notação para Buenos Aires e para Córdoba:
L + >H* _________________ L + H* L%
O pré-núcleo dos enunciados possui uma sílaba pré-tônica baixa e a tônica alta,
porém o ponto mais alto da frequênciafundamental encontra-se na sílaba pós-tônica.
Dessa forma, de acordo com o modelo Sp-ToBI, descrevemos esse acento pré-nuclear
como: L + >H*.
Em posição nuclear, o contorno melódico das perguntas confirmativas se
caracteriza por uma pré-tônica baixa, a tônica alta, com o pico de F0 localizado nesta
própria sílaba, e a pós-tônica em queda. O acento nuclear descrito para essa curva,
segundo o modelo Sp-ToBI, foi definido como: L + H* L%, indicando um contorno
circunflexo, marcado por pré-tônica baixa, L; tônica alta, H*; e pós-tônica em queda,
definida pelo tom de fronteira L%. Podemos observar as figuras 72 e 73 com as
segmentações:
91
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + >H* L + H* L
100
450
200
300
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.34 1.11
Fig.72: Segmentação de Pergunta
Confirmativa de Buenos Aires produzida por
informante 1 do sexo feminino
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + >H* L + H* L
50
350
70
100
200
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.184 1.098
Fig.73: Segmentação de Pergunta Confirmativa
de Córdoba produzida por informante 2 do sexo
masculino
Podemos comprovar através dos dados que apenas a análise fonológica não é
capaz de distinguir as variedades de Buenos Aires e de Córdoba neste contexto. É
necessário também realizar a análise de parâmetros fonéticos que se encontrem os pontos
de contraste entre os elementos estudados.
6.2 – Pedido de informação: atitude incerta, espera um sim ou um não
A pergunta neutra ou pedido de informação corresponde ao seguinte contexto de
interação: o entrevistador afirma que viu ontem Marcela numa churrascaria e o
entrevistado replica com uma pergunta da qual não sabe a resposta, com a pergunta
pretende saber o que Marcela fazia.
6.2.1 – Aspectos fonéticos:
Nos enunciados de pedido de informação de Buenos Aires e de Córdoba,
observamos que os contornos analisados apresentaram em posição pré-nuclear uma
curva melódica ascendente, como verificada também entre os confirmativos. A sílaba
pré-tônica possui tom de f0 baixo, a tônica encontra-se em movimento ascendente com
pico deslocado para a pós-tônica.
Em posição nuclear, observamos um contraste entre os enunciados de Buenos
Aires e de Córdoba. Nos pedidos de informação de Buenos Aires, temos um movimento
circunflexo, com a sílaba pré-tônica em posição baixa, a tônica em movimento de subida
92
e pico de f0 no início da pós-tônica. O movimento final da curva melódica é
descendente.
Nos enunciados de Córdoba verificamos que a sílaba pré-tônica encontra-se em
posição descendente, a tônica é mais baixa e o movimento ascendente se inicia na sílaba
pós-tônica. O final do enunciado apresenta tom alto. Vejamos as figuras 74 e 75, que
representam os enunciados produzidos por uma informante do sexo feminino de Buenos
Aires e um informante do sexo masculino de Córdoba.
Time (s)
0 1.615
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
Marce
lace
na
ba
Fig.74: Pedido de Informação de Buenos Aires
produzido por informante 1 do sexo feminino.
Time (s)
0 1.337
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
50
70
Marce
la
cena
ba
Fig.75: Pedido de Informação de Córdoba
produzido por informante 1 do sexo masculino.
Em contexto de interrogativos de Pedido de informação encontramos diferenças
entonacionais entre Buenos Aires e Córdoba ao observarmos apenas o contorno de suas
curvas melódicas. Além das diferenças na atribuição dos acentos tonais no núcleo,
também encontramos diferenças nas medições de valores de frequência fundamental e de
duração no pré-núcleo.
Analisando as médias de frequência fundamental, observamos que em posição
pré-nuclear os enunciados de Buenos Aires e de Córdoba apresentam um comportamento
semelhante de valores mínimos nas pré-tônicas e máximos nas pós-tônicas. As
amplitudes variam de 100Hz a menos de 200Hz para os homens de algo em torno de
200Hz a 250Hz para as mulheres. O registro feminino é sempre mais alto que o
masculino.
93
Em posição nuclear observa-se uma notável diferença de comportamento entre as
variedades de Buenos Aires e de Córdoba. Os enunciados de Córdoba alcançam valores
bem mais altos de frequência fundamental na pós-tônica que em Buenos Aires. As
máximas das mulheres chegam a alcançar quase 400Hz. Com relação às sílabas tônicas,
vemos que em Córdoba são as que possuem os valores de f0 mais baixos, com menos de
200 Hz para a mulheres e 100Hz para os homens. Diferentemente de Buenos Aires, que
alcançam até 250Hz entre as mulheres e 150Hz entre os homens (cf. gráficos de 43 a 46).
Média de F0 no Pré-núcleo - Pedido de informação - Buenos Aires
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hertz Homens
Mulheres
Gráfico 43: Média de F0 em posição pré-
nuclear de pedido de informação de Buenos
Aires.
Média de F0 no Núcleo - Pedido de Informação - Buenos Aires
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hertz Homens
Mulheres
Gráfico 45: Média de F0 em posição nuclear de
pedido de informação de Buenos Aires.
Média de F0 no Pré-núcleo de Pedidos de Informação -
Córdoba
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 44: Média de F0 em posição pré-
nuclear de pedido de informação de Córdoba.
Média de F0 no Núcleo de Pedidos de Informação -
Córdoba
0
100
200
300
400
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 46: Média de F0 em posição nuclear de
pedido de informação de Córdoba.
Analisando a duração das sílabas de Pedido de Informação de Buenos Aires,
observamos que as tônicas sempre apresentam maior duração que as demais sílabas. No
caso de Córdoba, uma vez mais verificamos como as pré-tônicas se alongam mais nessa
variedade do espanhol, tanto em posição pré-nuclear como nuclear.
Ainda com relação à duração das sílabas em Córdoba, observamos que a média
das pós-tônicas em posição nuclear dos pedidos de informação encontra-se alongada
também em comparação com a mesma sílaba em Buenos Aires. Vide gráficos 47 e 48:
94
Médias de duração de Pedido de Informação - Pré-
núcleo
0
50
100
150
200
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Médias de duração de Pedido de Informação - Núcleo
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 47: Média de duração em posição pré-
nuclear dos pedidos de informação de Buenos
Aires e de Córdoba.
Gráfico 48: Média de duração em posição
nuclear de pedidos de informação de Buenos
Aires e de Córdoba.
A análise fonética revela contrastes entre os enunciados de Pedido de Informação
de Buenos Aires e Córdoba em todos os parâmetros de pesquisa levado em conta para
este trabalho: na visualização da curva melódica, e nas médias de f0 e de duração.
6.2.2 – Aspectos fonológicos:
Na análise fonológica dos enunciados de Pedido de informação de Buenos Aires
e de Córdoba atribuímos duas notações distintas baseada no Sp_TobI:
L + >H* ____________________ L + H* HL%, para Buenos Aires
L + >H* _________________ L + H* HH%, para Córdoba
Em posição pré-nuclear as duas variedades apresentam as mesmas características.
Possuem a sílaba pré-tônica baixa L um pico de f0 deslocado para a sílaba pós-tônica
representado pelo símbolo >, que representa esse alinhamento tardio.
Em posição nuclear temos para Buenos Aires a sílaba pré-tônica em queda L, a
tônica em movimento ascendente H*, e que continua alto na sílaba pós-tônica, a partir de
onde começa o movimento de queda de f0 – HL%.
Em posição nuclear de Córdoba, podemos observar o vale de f0 nas sílabas pré-
tônicas, representando o final de um movimento descendente, e também nas tônicas,
representando uma espécie de “vale” tonal. Nesses enunciados o movimento ascendente
inicia-se nas sílabas tônicas e culmina nas pós-tônicas, onde alcança seu pico e,
posteriormente, terminando em uma queda, apenas no caso de Buenos Aires. O tom de
fronteira dos enunciados de Córdoba está marcado por uma subida final.
95
Desta forma, propomos como configuração fonológica para este contorno
nuclear, baseado no modelo Sp-ToBI: L* HH%. Neste contorno, o L* representa o
“vale” que se forma na sílaba tônica e o HH% indica o movimento ascendente da pós-
tônica, ao final dos enunciados. Vejamos as figuras 76 e 77:
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + >H* L + H* HL
100
450
200
300
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.36 1.26
Fig.76: Segmentação de Pedido de Informação
de Buenos Aires produzido por informante 1 do
sexo feminino
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + >H* L* HH
50
350
70
100
200
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.11 1.07
Fig.77: Segmentação de Pedido de Informação
de Córdoba produzido por informante 1 do sexo
masculino
A análise fonológica dos Pedidos de Informação é a única que revela contrastes
entre as duas variedades do espanhol estudadas nesta pesquisa, pois apresentam acentos
nucleares bem diferentes: com contorno circunflexo em Buenos Aires e ascendente em
Córdoba.
6.3 – Pergunta Incrédula: atitude dúvida, acha que a resposta provável é não
A pergunta incrédula corresponde ao seguinte contexto de interação: o
entrevistador afirma que Marcela a essa hora jantava num restaurante japonês e o
entrevistado replica com uma pergunta achando que a resposta da sua pergunta é
não, pois tanto o entrevistado como o entrevistador sabem, por exemplo, que Marcela
não gosta de jantar, a pergunta expressa a dúvida, e se realiza pensando algo do tipo
“muito esquisito”.
96
6.3.1 – Aspectos fonéticos
Nesta seção verificaremos os resultados encontrados pela análise fonética das Perguntas
incrédulas com dois tipos de foco: primeiramente em posição pré-nuclear e
posteriormente em posição nuclear. Analisamos o comportamento das curvas melódicas
e os parâmetros de frequênciafundamental e duração em todos os casos.
6.3.1.1 - Enunciados com foco amplo:
Nos enunciados de incredulidade com foco amplo, ou seja, aquele com foco
estendido a todo o enunciado, observamos que o contorno da f0 no pré-núcleo e no
núcleo são semelhantes tanto em Buenos Aires como em Córdoba. Na produção de todos
os informantes encontramos as sílabas pré-tônicas baixas, com o movimento de subida
na tônica, culminando com um pico de f0 no começo da pós-tônica (com alinhamento
tardio). Nas pós-tônicas, tanto do pré-núcleo quanto do núcleo ocorre um movimento de
queda no valor de f0 após o pico. Vejamos as figuras 78 e 79, que representam os
enunciados produzidos por uma informante do sexo feminino de Buenos Aires e um
informante do sexo masculino de Córdoba.
Time (s)
0 1.196
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
Mar
ce
la
cena
ba
Fig.78: Pergunta incrédula com foco amplo de
Buenos Aires produzido por informante 1 do
sexo feminino.
Time (s)
0 1.686
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
50
70
Mar
cela
ce
na ba
Fig.79: Pergunta incrédula com foco amplo de
Córdoba produzido por informante 1 do sexo
masculino.
Analisando as médias dos valores de frequência fundamental dos enunciados das
duas variedades do espanhol, verificamos resultados semelhantes. Em posição pré-
nuclear medimos os valores mínimos de f0 das pré-tônicas, os máximos nas tônicas e
97
outra vez os mínimos nas pós-tônicas e geramos os seguintes gráficos. Vide gráficos de
49 a 52:
Média de F0 no Pré-núcleo de Pergunta Incrédula de foco amplo -
Buenos Aires
0
100
200
300
400
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hertz Homens
Mulheres
Gráfico49: Média de F0 em posição pré-nuclear
de pergunta incrédula com foco amplo de
Buenos Aires.
Média de F0 no Pré-núcleo de Perguntas Incrédulas com
foco amplo - Córdoba
0
100
200
300
400
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 50: Média de F0 em posição pré-
nuclear de pergunta incrédula com foco amplo
de Córdoba.
Média de F0 no Núcleo de Pergunta Incrédula com foco amplo -
Buenos Aires
0
50
100
150
200
250
300
350
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hertz Homens
Mulheres
Gráfico 51: Média de F0 em posição nuclear de
pergunta incrédula com foco amplo de Buenos
Aires.
Média de F0 no Núcleo de Perguntas Incrédulas com
foco amplo - Córdoba
0
100
200
300
400
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 52: Média de F0 em posição nuclear de
pergunta incrédula com foco amplo de
Córdoba.
Em posição nuclear observa-se um resultado similar ao encontrado no pré-
núcleo: valores mínimos em torno de 200Hz para as mulheres e 100Hz para os homens
nas pré e pós-tônicas, e valores máximos de em torno de 350 Hz para as mulheres e
250Hz para os homens. Como são enunciados focalizados, nota-se que esses enunciados
alcançam valores f0 ligeiramente mais altos que os observados nos contextos
anteriormente analisados.
Com relação à média de duração das sílabas observamos que nos enuncaidos de
Buenos Aires e de Córdoba, as tônicas apresentam-se mais longas ou com praticamente a
mesma duração que as pré-tônicas. Em posição pré-nuclear vemos que entre as pré-
tônicas, a de Córdoba encontra-se mais alongada que a de Buenos Aires. As tônicas e as
pós-tônicas possuem praticamente a mesma duração.
98
Em posição nuclear, observamos também um alongamento das sílabas pós-
tônicas. No caso de Córdoba as durações das três sílabas possuem médias de valores
semelhantes (cf. os gráficos 53 e 54).
Médias de duração de Pergunta Incrédula com foco
amplo - Pré-núcleo
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Médias de duração de Pergunta Incrédula com foco
amplo - Núcleo
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 53: Média de duração em posição pré-
nuclear de perguntas incrédulas com foco amplo
de Buenos Aires e de Córdoba.
Gráfico 54: Média de duração em posição
nuclear dos perguntas incrédulas com foco
amplo de Buenos Aires e de Córdoba.
O fato de que ocorra focalização nos elementos do enunciado favoreceria tanto o
aumento nos valores de frequência fundamental nas vogais quanto os valores de duração
das sílabas tônicas em Buenos Aires e em Córdoba.
6.3.1.2 - Enunciados com foco estreito no pré-núcleo
Nos enunciados de pergunta incrédula com foco apenas na posição pré-nuclear,
observamos não ocorrem diferenças no contorno melódico dos enunciados de Buenos
Aires e de Córdoba no que relacionado à distribuição de tons mais altos e mais baixos.
Observemos as figuras 80 e 81:
Time (s)
0 1.275
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
Mar
ce
la
ce naba
Fig.80: Pergunta incrédula com foco no pré-
núcleo de Buenos Aires produzido por
informante 1 do sexo feminino.
Time (s)
0 1.463
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
50
70
Mar
cela
cena ba
Fig.81: Pergunta incrédula com foco no pré-
núcleo de Córdoba produzido por informante 1
do sexo masculino.
99
Uma característica de fácil percepção nos contornos apresentados se refere à
altura do pico tonal do pré-núcleo, mas alto que o pico existente no núcleo dos
enunciados analisados. Vejamos os gráficos de 55 a 58, que representam as médias dos
valores de f0 em cada posição dos enunciados:
Média de F0 no Pré-núcleo de Pergunta Incrédula com foco no pré-
núcleo - Buenos Aires
0
50
100
150
200
250
300
350
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hertz Homens
Mulheres
Gráfico 55: Média de F0 em posição pré-
nuclear de pergunta incrédula com foco no pré-
núcleo de Buenos Aires.
Média de F0 no Pré-núcleo de Perguntas Incrádulas
como foco no pré-núcleo - Córdoba
0
100
200
300
400
500
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 56: Média de F0 em posição pré-
nuclear de pergunta incrédula com foco no pré-
núcleo de Córdoba.
Média de F0 no núcleo de Pergunta Incrédula com foco no pré-
núcleo - Buenos Aires
0
50
100
150
200
250
300
350
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hertz Homens
Mulheres
Gráfico 57: Média de F0 em posição nuclear de
pergunta incrédula com foco no pré-núcleo de
Buenos Aires.
Média de F0 no Núcleo de Perguntas Incrédulas com
foco no pré-núcleo - Córdoba
0
50
100
150
200
250
300
350
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 58: Média de F0 em posição nuclear de
pergunta incrédula com foco no pré-núcleo de
Córdoba.
Em posição pré-nuclear, os enunciados de Buenos Aires alcançam uma média
máxima de pitch de mais 300Hz para as mulheres e 200Hz para os homens. Em posição
nuclear, os resultados máximos encontrados foram menos de 300 Hz para as mulheres e
pouco mais de 150 Hz para os homens.
Nos resultados de Córdoba também verificamos, em posição pré-nuclear, valores
de pitch mais altos com mais de 400Hz para mulheres e em torno de 250Hz para os
homens. No núcleo encontramos valores máximos mais baixos: pouco mais de 300Hz
para mulheres e menos de 250Hz para homens.
100
Entre Buenos Aires e Córdoba, há um registro mais alto nos enunciados
cordobeses analisados em comparação aos portenhos. Porém não é possível afirmar que
essa seja uma característica constante em todos os contextos incrédulos com foco no pré-
núcleo, pode ser apenas o registro desses informantes selecionados.
Com relação à duração, em posição pré-nuclear as tônicas de todos os enunciados
focalizados encontram-se mais longas que as demais sílabas. No Caso de Córdoba, as
pré-tônicas mantêm um alongamento de mais ou menos 50ms em comparação às pré-
tônicas de Buenos Aires. As pós-tônicas de Córdoba também são em média mais longas
que as de Buenos Aires, mas esse não é um resultado constante em todos os contextos
analisados.
Em posição nuclear, os enunciados de Buenos Aires seguem com sua
característica original de maior duração nas sílabas tônicas e os enunciados de Córdoba
com maior duração nas sílabas pré-tônicas também em torno de 50ms (cf. os gráficos 59
e 60).
Médias de duração no pré-núcleo de Pergunta Incrédula
como foco no pré-núcleo
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 59: Média de duração em posição pré-
nuclear de perguntas incrédulas com foco no
pré-núcleo de Buenos Aires e de Córdoba.
Médias de duração do núcleo Pergunta incrédula com
foco no pré-núcleo
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 60: Média de duração em posição
nuclear de perguntas incrédulas com foco no
pré-núcleo de Buenos Aires e de Córdoba.
101
6.3.1.3 - Enunciados com foco estreito no Núcleo
Nos enunciados incrédulos com foco apenas no núcleo observamos uma vez mais
que os contornos melódicos analisados apresentam as mesmas características das outras
perguntas incrédulas: em posição pré-nuclear com o movimento de subido na sílaba
tônica e pico na pós-tônica com movimento descendente posterior e em posição nuclear
com subida e pico na tônica e final descendente. A diferença com relação aos contextos
já descritos está relacionada à altura do pico tonal no núcleo dos enunciados. Vejamos as
figuras 82 e 83 que representam os enunciados produzidos pelas informantes do sexo
feminino das duas variedades do espanhol:
Time (s)
0 1.408
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
Mar
cela
cena
ba
Fig.82: Pergunta incrédula com foco no núcleo
de Buenos Aires produzido por informante 1 do
sexo feminino.
Time (s)
0 1.366
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
Mar
ce
la
ce
na
ba
Fig.83: Pergunta incrédula com foco no núcleo
de Córdoba produzido por informante 1 do sexo
feminino.
Comparando os valores de pitch em posição pré-nuclear e nuclear dos
enunciados, verificamos numericamente que os picos mais altos de f0 encontram-se nas
tônicas nucleares. Observamos em posição nuclear uma amplitude de
frequênciafundamental que varia de mais ou menos 200Hz a 350Hz entre as mulheres e
de 100Hz a 200Hz entre os homens. Em posição pré-nuclear a amplitude varia de 150Hz
a 300Hz entre as mulheres e de 100 a menos de 200Hz entre os homens (cf. os gráficos
de 61 a 64).
102
Média de F0 no pré-núcleo de perguntas incrédulas com
foco no núcleo - Buenos Aires
0
50
100
150
200
250
300
350
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 61: Média de F0 em posição pré-
nuclear de pergunta incrédula com foco no
núcleo de Buenos Aires.
Média de F0 no Pré-núcleo de Perguntas Incrédulas com
foco no núcleo - Córdoba
0
50
100
150
200
250
300
350
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 62: Média de F0 em posição pré-
nuclear de pergunta incrédula com foco no
núcleo de Córdoba.
Média de F0 no Núcleo de Pergunta Incrédula com foco no núcleo -
Buenos Aires
0
100
200
300
400
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 63: Média de F0 em posição nuclear de
pergunta incrédula com foco no núcleo de
Buenos Aires.
Média de F0 no Núcleo de Perguntas Incrédulas como
foco no núcleo - Córdoba
0
100
200
300
400
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 64: Média de F0 em posição nuclear de
pergunta incrédula com foco no núcleo de
Córdoba.
A diferença encontrada entre os enunciados produzidos por homens é menor que
a das mulheres.
Na comparação entre Buenos Aires e Córdoba, observa-se que em posição pré-
nuclear ocorre um aumento nos valores médios de f0 da pré-tônica para a tônica em
ambas as variedades. Em Buenos Aires, há uma diminuição na média de f0 da tônica
para a pós-tônica na média dos homens, após o pico tonal, e em Córdoba, como na média
das mulheres de Buenos Aires, os valores de f0 seguem aumentando, com queda apenas
na sílaba seguinte.
Em posição nuclear, o comportamento da média de f0 é semelhante nas duas
variedades, porém com uma queda mais acentuada nos valores mínimos das pós-tônicas
femininas de Córdoba.
Na análise da duração das sílabas observamos em posição pré-nuclear que as
sílabas tônicas, tanto de Buenos Aires como de Córdoba possuem uma média de duração
maior que a das pré e pós-tônicas. Porém, se comparamos a diferença nas médias de
103
duração entre as pré-tônicas e tônicas de Buenos Aires e de Córdoba, vemos que há uma
menor diferença entre os enunciados cordobeses que entre os portenhos. As pré-tônicas
de Córdoba são em torno de 50ms mais longas que as de Buenos Aires neste contexto.
Vide gráficos 65 e 66:
Médias de duração no pré-núcleo de Pergunta incrédula
com foco no núcleo
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 65: Média de duração em posição pré-
nuclear de perguntas incrédulas com foco no
núcleo de Buenos Aires e de Córdoba.
Média de duração no núcleo de Pergunta Incrédula com
foco no núcleo
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 66: Média de duração em posição
nuclear de perguntas incrédulas com foco no
núcleo de Buenos Aires e de Córdoba.
Em posição nuclear, focalizada, observamos as tônicas mais longas de Buenos,
com média de 250ms, mais que os 200ms em posição pré-nuclear, os mesmos valores
encontrados também para Córdoba. Com relação às pré-tônicas, verificamos que em
Córdoba a média de duração alcança os mesmos valores da sílaba tônica, enquanto que
em Buenos Aires a média de duração não passa dos 200ms.
6.3.2 – Aspectos fonológicos:
De acordo com a notação Sp_ToBI, descrevemos a curva melódica dos
enunciados de Pergunta incrédula associando os seguintes acentos tonais:
L + >H* ________________ L + H* L%
Essa descrição se aplica aos enunciados de foco amplo, de foco no pré-núcleo e
foco no núcleo.
Em posição pré-nuclear descrevemos as sílabas pré-tônicas e tônicas. As pré-
tônicas apresentam tom baixo L e as tônicas, tom alto H*, porém com pico alinhado à
sílaba pós-tônica. Desta forma utilizamos o símbolo de alinhamento tardio > para indicar
esse deslocamento.
104
Em posição nuclear, os enunciados apresentam pré-tônicas em tom baixo L,
tônicas altas H* e pós-tônicas em movimento descendente, representado pelo tom de
fronteira L%. Observemos as figuras de 84 a 89:
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + >H* L + H* L
100
450
200
300
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.13 1
Fig.84: Segmentação de Pergunta Incrédula
com foco amplo de Buenos Aires produzido por
informante 1 do sexo feminino
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + >H* L + H* L
50
350
70
100
200
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.18 1.26
Fig.85: Segmentação de Pergunta Incrédula
com foco amplo de Córdoba produzido por
informante 1 do sexo masculino
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + >H* L + H* L
100
450
200
300
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.11 1.12
Fig.86: Segmentação de Pergunta Incrédula
com foco no pré-núcleo de Buenos Aires
produzido por informante 1 do sexo feminino
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + >H* L + H* L
50
350
70
100
200
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.15 1.11
Fig.87: Segmentação de Pergunta Incrédula
com foco no pré-núcleo de Córdoba produzido
por informante 1 do sexo masculino.
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + >H* L + H* L
100
450
200
300
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.15 1.12
Fig.88: Segmentação de Pergunta Incrédula
com foco no núcleo de Buenos Aires produzido
por informante 1 do sexo feminino
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + >H* L + H* L
100
450
200
300
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.04 1.17
Fig.89: Segmentação de Pergunta Incrédula
com foco no núcleo de Córdoba produzido por
informante 1 do sexo feminino
105
A associação de acentos tonais não é capaz de distinguir por si só os diferentes
tipos de foco em perguntas incrédulas analisados neste trabalho. Tampouco diferenciar
as variedades de Buenos Aires e de Córdoba. Os parâmetros que apontam as diferenças
existentes dentro do contexto incrédulo e das duas variedades estudadas encontram-se no
nível da implementação fonética desses acentos no que diz respeito ao parâmetro de
duração.
6.4 – Pergunta Retórica: atitude certo que não
A pergunta retórica corresponde ao seguinte contexto de interação: o
entrevistador afirma que Marcela a essa hora jantava num restaurante japonês e o
entrevistado replica com uma pergunta sabendo que a resposta da sua pergunta é
não, pos tanto o entrevistado como o entrevistador sabem, por exemplo, que Marcela é
anoréxica e não janta nunca.
6.4.1 – Aspectos fonéticos:
Os enunciados que representam uma pergunta retórica caracterizam-se por
apresentar em posição pré-nuclear um movimento circunflexo, com pré-tônica baixa,
tônica alta e pós-tônica baixa. Diferentemente dos demais contextos observados nesta
seção esse tipo de pergunta possui o pico de f0 centralizado na sílaba tônica.
Em posição nuclear, também observamos um movimento circunflexo, com a
sílaba tônica mais alta que as pré e pós-tônicas. Nesta posição, o pico de f0 é menos
proeminente que o da posição pré-nuclear, como observamos nas figuras 90 e 91:
106
Time (s)
0 1.377
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
Mar
ce
la ce naba
Fig.90: Pergunta Retórica de Buenos Aires
produzido por informante 1 do sexo feminino.
Time (s)
0 1.657
Pit
ch (
Hz)
100
150
200
300
Mar
ce lace na ba
Fig.91: Pergunta Retórica de Córdoba
produzido por informante 2 do sexo feminino.
Entre os enunciados de Buenos Aires e de Córdoba podemos observar uma
diferença suas curvas melódicas em posição pré-nuclear. Em Buenos Aires, o pico de f0
localiza-se mais ao início da sílaba tônica e a pós-tônica encontra-se em tom baixo; em
Córdoba, o pico de f0 localiza-se mais ao final da sílaba tônica e a pós-tônica possui um
movimento descendente. Essas características podem ser melhor visualizadas na análise
fonológica das perguntas retóricas.
Na análise das médias de f0 confirmamos numericamente a observação de que os
valores de pitch máximos em posição pré-nuclear são mais altos que os máximos em
posição nuclear. No caso de Buenos Aires temos a máxima de 250Hz entre as mulheres e
pouco mais de 150Hz para os homens em posição pré-nuclear, e 200Hz entre as
mulheres e menos de 150 Hz entre os homens em posição nuclear.
Nos enunciados de Córdoba observamos máximas de pouco menos de 300Hz
entre as mulheres e 200Hz entre os homens em posição pré-nuclear contra 250Hz entre
as mulheres e pouco mais de 150Hz entre os homens em posição nuclear. Observamos os
gráficos de 67 a 70:
107
Média de F0 no Pré-núcleo de Pergunta Retórica - Buenos Aires
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 67: Média de F0 em posição pré-
nuclear de pergunta Retórica de Buenos Aires.
Média de F0 no Núcleo de Pergunta Retórica - Buenos Aires
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hertz Homens
Mulheres
Gráfico 69: Média de F0 em posição nuclear de
Pergunta Retórica de Buenos Aires.
Média de F0 no Pré-núcleo de Perguntas Retóricas -
Córdoba
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
Hert
z Homens
Mulheres
Gráfico 68: Média de F0 em posição pré-
nuclear de pergunta Retórica de Córdoba.
Média de F0 no Núcleo de Perguntas Retóricas -
Córdoba
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônicaH
ert
z Homens
Mulheres
Gráfico 70: Média de F0 em posição nuclear de
Pergunta Retórica de Córdoba.
Analisando uma vez mais as médias de f0 em posição nuclear, é possível
corroborar com o dado observado no contorno melódico das sílabas tônicas e pós-tônicas
de Buenos Aires e de Córdoba. As médias mínimas encontradas nas pós-tônicas em
Buenos Aires são menores que as de Córdoba, sobre tudo entre os produzidos por
informantes do sexo feminino: 200Hz em Buenos Aires e 250Hz em Córdoba.
Analisando as médias de duração das sílabas das Perguntas Retóricas,
comprovamos novamente a característica dos enunciados de Córdoba de possuírem
sílabas pré-tônicas mais longas que as tônicas e pós-tônicas. Em Buenos Aires as tônicas
são sempre as mais longas que as pré e pós-tônicas. Podemos verificar essa afirmação
nos gráficos 71 a 72:
108
Médias de duração no pré-núcleo de Pergunta Retórica
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 71: Média de duração em posição pré-
nuclear de perguntas retóricas de Buenos Aires
e de Córdoba.
Médias de duração no Núcleo de Pergunta Retórica
0
50
100
150
200
250
1 2 3
Pré-tônica Tônica Pós-tônica
mil
isseg
un
do
s
Buenos Aires
Córdoba
Gráfico 72: Média de duração em posição
nuclear de perguntas retóricas de Buenos Aires
e de Córdoba.
6.4.2 – Aspectos fonológicos
A análise fonológica das perguntas retóricas resultou na seguinte associação de
acentos tonais, baseada no Sp_ToBI:
L + H* ______________ L + H* L%
Essa descrição caracteriza-se por apresentar em posição pré-nuclear, uma sílaba
pré-tônica baixa L e uma tônica alta H*. Entre os enunciados interrogativos analisados
neste capítulo, as Perguntas Retóricas representam o único contexto que não possui o
pico de f0 alinhado à sílaba pós-tônica, em posição pré-nuclear.
Ainda com relação ao pré-núcleo, observamos mais detalhadamente o movimento
nas sílabas tônicas e pós-tônicas de Buenos Aires e de Córdoba. Em Buenos Aires o pico
de f0 encontra-se centralizado na sílaba tônica, indicando o tom alto H*. O movimento
descendente da frequência fundamental inicia-se nessa mesma sílaba e segue na pós-
tônica já em tom baixo. Em Córdoba, o pico de f0 também encontra-se na sílaba tônica,
porém mais para o final da mesma, também indicado por H*, e o movimento
descendente só ocorre na pós-tônica, como verificamos nas figuras 92 e 93:
109
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + H* L + H* L
100
450
200
300
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.21 1.11
Fig.92: Segmentação de Pergunta Retórica de
Buenos Aires produzida por informante 1 do
sexo feminino
Marcela cenaba
Mar ce la ce na ba
L + H* L + H* L
100
450
200
300
Pit
ch (
Hz)
Time (s)
0.11 1.44
Fig.93: Segmentação de Pergunta Retórica de
Córdoba produzida por informante 2 do sexo
feminino
Os resultados da análise fonológica das Perguntas Retóricas revelam que para as
duas variedades do espanhol estudadas neste trabalho não há resultados contrastantes no
nível da associação de acentos tonais dos enunciados. As maiores diferenças encontradas
entre Buenos Aires e Córdoba estão no nível fonético, especialmente com relação ao
parâmetro da duração das sílabas.
Em síntese:
A atribuição fonológica é capaz de distinguir apenas os pedidos de informação de
Buenos Aires e de Córdoba. As duas variedades possuem acentos tonais bem
diferentes em posição nuclear: em Buenos Aires é circunflexo, com final
descendente e em Córdoba é ascendente. Entre os demais contextos
interrogativos com atitude proposicional, os contrastes presentes encontram-se no
nível da implementação fonética da duração.
Entre os contextos de atitudes proposicionais, podemos distinguir somente pela
atribuição fonológica os pedidos de informação e as perguntas retóricas. As
perguntas confirmativas e as incrédulas apresentam a mesma atribuição
fonológica em todo o enunciado, sendo as diferenças encontradas entre esses dois
atitudes encontram-se no nível fonético. Observamos que as médias de f0 dos
110
elementos focalizados são sempre mais altos que nas perguntas confirmativas.
Com relação à duração, nas perguntas incrédulas possuem sílabas mais longas
que as confirmativas.
Entre os contextos de atitudes proposicionais, podemos distinguir 3 padrões
melódicos contrastantes pela associação de acentos tonais: a) os interrogativos
neutros L+>H* __ L+ H* HL% para Buenos Aires e L+ >H* __ L+ H* HH% para
Córdoba, b) os interrogativos incrédulos ou sarcásticos L+>H* __ L+ H* L%, c) os
interrigativos retóricos L+H* __ L+ H* L%.
A análise dos parâmetros fonéticos também foi fundamental na distinção entre os
contextos atitudinais interrogativos estudados neste trabalho e entre as variedades
de Buenos Aires e de Córdoba. As médias de f0 contribuem mais na distinção
entre as diferentes atitudes, porém o parâmetro da duração é o principal fator que
distingue as duas variedades do espanhol pesquisadas: enquanto os enunciados de
Buenos Aires caracterizam-se por apresentar as sílabas tônicas mais longas que
as pré-tônicas, em Córdoba a tendência é inversa, ou seja, pré-tônicas mais
longas ou com praticamente mesma duração que as tônicas. Os casos em que
observamos tônicas mais longas que pré-tônicas em Córdoba, coincidem com os
elementos focalizados nos enunciados incrédulos.
111
CAPÍTULO VII
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta deste trabalho é descrever os possíveis contrastes entonacionais
considerando diferentes atitudes proposicionais, a partir da análise dos dados obtidos
pela produção dos informantes em fala atuada, representada ou dramatizada. Por
depender da performance de nossos sujeitos, os resultados preliminares que
apresentamos aqui devem posteriormente ser submetidos a testes de percepção e de
avaliação da fala por pelo menos 10 sujeitos para cada plano. Um tratamento estatístico
dos dados também seria necessário numa etapa futura para consolidar os resultados
preliminares, ainda em estado bruto.
Entretanto, acreditamos ter aperfeiçoado os procedimentos de coleta e análise
instrumental da fala no que se refere à análise das atitudes, que é o que se espera de um
estudo preliminar de dissertação de mestrado e esperamos expandir nossa coleta com
mais dados para novas análises de outras variedades do espanhol na Argentina.
Como resultado desta pesquisa, podemos constatar que entre Buenos Aires e
Córdoba há diferenças entonacionais tanto no nível fonético como fonológico, o que
confirma a hipótese de Fontanella de Weinberg (1971) que apresenta resultados
perceptuais sobre as particularidades da entoação cordobesa. Essas particularidades se
revelaram sobretudo na análise fonética do parâmetro de duração das sílabas, em que é
constante uma maior duração média das sílabas cordobesas em comparação às sílabas
de Buenos Aires, tanto em posição pré-nuclear como em posição nuclear, o que poderia
explicar a sensação de fala mais lenta ou “arrastada”, como é percebida a “tonada
cordobesa” na Argentina.
Outra característica apresentada por Fontanella de Weinberg (1971) para a
variedade cordobesa do espanhol e comprovada neste trabalho refere-se ao alongamento
das sílabas pré-tônicas. Em quase todas as médias de duração observamos as sílabas
pré-tônicas mais longas que as tônicas, e nos casos em que as tônicas apresentaram
112
médias mais longas, a diferença entre essas e as pré-tônicas é pequena. Com esses
resultados, podemos afirmar com relação aos enunciados analisados que as pré-tônicas
de Córdoba nem sempre são mais longas que as tônicas, mas possuem um alongamento
considerável, medido e perceptível, em comparação às pré-tônicas de Buenos Aires.
Nos enunciados de Buenos Aires é constante o padrão de sílabas tônicas mais longas
que as pré-tônicas.
O parâmetro de f0 não representou um fator contrastante significativo entre as
variedades de Buenos Aires e de Córdoba, visto que as variações de frequência
fundamental nas duas variedades se comportam de forma parecida. Porém, esse
parâmetro representa sim um fator contrastante para diferenciar os contextos de atitudes
proposicionais descritos neste trabalho.
Entre os enunciados assertivos, podemos indentificar parte dos contextos de
atitudes proposicionais descritos nesta pesquisa apenas pela atribuição fonológica de
tons: assertivas neutras e as incrédulas. Os contextos contrastivos com foco em posição
nuclear e as assertivas evidentes apresentam-se com a mesma descrição, porém diferem-
se nas medidas duração de sílabas, observadas no capítulo V. Entre as contrastivas com
foco no pré-núcleo e as irônicas, as diferenças encontram-se nas médias de f0, mais altas
entre as contrastivas com foco pré-nuclear que entre as irônicas.
113
Como resultado da análise fonológica dos enunciados de Buenos Aires e de
Córdoba em contextos atitudinais assertivos, encontramos 4 configurações contrastivas
para as diferentes atitudes estudadas, como se observa nas tabelas 2 e 3:
1) Enunciados Assertivos: distribuição dos acentos tonais pré-nucleares e
nucleares, de acordo com as 4 atitudes contrastantes encontradas em Buenos
Aires e Córdoba. Todos os 4 padrões são os mesmos nas duas variantes dialetais.
Buenos Aires Acentos tonais nucleares
L* L% L + H* L% H + L* L%
Acentos
tonais
pré-
nucleares
L + H*
Contrastiva no
pré-núcleo
Irônica
L + >H* Contrastiva no
núcleo
Evidente
Neutra
L*
Incrédula
Tabela 2: Os 4 contextos atitudinais assertivos contrastantes de Buenos Aires de acordo com a
combinação de acentos pré-nucleares (primeira coluna) e nucleares (segunda, terceira ou quarta
coluna).
Córdoba Acentos tonais nucleares
L* L% L + H* L% H + L* L%
Acentos
tonais
pré-
nucleares
L + H*
Contrastiva no
pré-núcleo
Irônica
L + >H* Contrastiva no
núcleo
Evidente
Neutra
L*
Incrédula
Tabela 3: Os 4 contextos atitudinais assertivos contrastantes de Córdoba de acordo com a combinação
de acentos pré-nucleares (primeira coluna) e nucleares (segunda, terceira ou quarta coluna).
114
Com relação à análise fonológica dos enunciados de Buenos Aires e de Córdoba
em contextos atitudinais interrogativos totais, encontramos as seguintes descrições
observadas nas tabelas 4 e 5:
2) Enunciados Interrogativos Totais: distribuição dos acentos tonais pré-
nucleares e nucleares, de acordo com as 3 atitudes contrastantes encontradas em
Buenos Aires e Córdoba. Apenas 2 padrões são os mesmos nas duas variantes
dialetais, na interrogativa neutra os padrões de Buenos Aires e Córdoba são
contrastantes.
Buenos Aires Acentos tonais nucleares
L + H* L% L + H* HL% L+ H* HH%
Acentos
tonais
pré-
nucleares
L + >H*
Confirmativa
Incrédula
Neutra
L + H*
Retórica
Tabela 4: Os 3 contextos atitudinais interrogativos contrastantes de Buenos Aires de acordo com a
combinação de acentos pré-nucleares (primeira coluna) e nucleares (segunda, terceira ou quarta
coluna).
Córdoba Acentos tonais nucleares
L + H* L% L + H* HL% L+ H* HH%
Acentos
tonais
pré-
nucleares
L + >H*
Confirmativa
Incrédula
Neutra
L + H*
Retórica
Tabela 5: Os 3 contextos atitudinais interrogativos contrastantes de Córdoba de acordo com a
combinação de acentos pré-nucleares (primeira coluna) e nucleares (segunda, terceira ou quarta
coluna).
Observamos que uma parte dos contextos atitudinais difere-se através da
atribuição fonológica de tons nos enunciados, é o caso das interrogativas neutras
115
(pedido de informação) e das interrogativas retóricas. Nos demais casos, encontramos a
mesma descrição fonológica, porém há diferenças descritas no capítulo VI referentes a
altura máxima de valores de f0 e as médias de duração de sílabas.
A análise fonológica dos dados analisados confirmou algumas das propostas
mais recentes de descrição entonacional dos enunciados de Buenos Aires, observadas no
capítulo III. Na modalidade interrogativa total, a descrição encontrada apresenta um
contorno circunflexo final, ou seja, com tom de fronteira final em queda. As
interrogativas neutras de Córdoba apresentam um contexto bastante diverso do
encontrado em Buenos Aires: temos nesse caso, um contorno final ascendente.
Apenas pela análise fonológica não é possível estabelecer o contraste de todos os
contextos de atitudes proposicionais estudados neste trabalho. A análise fonética foi
também extremamente importante para complementar os dados fonológicos obtidos
para descrever os enunciados de Buenos Aires e de Córdoba.
116
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120
ANEXOS
Anexo I - Medidas de f0 de enunciados Assertivos de Buenos Aires em hertz (Hz):
1) Contrastivo como foco no pré-núcleo:
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 160 210 185
Tônica: máximo 246 281 264
Pós-tônica: mínimo 191 158 175
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: máximo 193 170 182
Tônica: máximo 180 163 172
Pós-tônica: mínimo 157 77 117
- Sexo Masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 134 100 117
Tônica: máximo 179 146 163
Pós-tônica: mínimo 107 - 107
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: máximo 109 - 109
Tônica: máximo 146 90 98
Pós-tônica: mínimo 95 - 96
121
2) Contrastivo com foco no núcleo:
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 196 172 184
Tônica: máximo 202 226 214
Pós-tônica: máximo 235 244 240
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 186 78 132
Tônica: máximo 213 218 216
Pós-tônica: mínimo 183 142 163
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 135 95 115
Tônica: máximo 170 113 142
Pós-tônica: máximo 173 118 146
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 127 103 115
Tônica: máximo 132 119 126
Pós-tônica: mínimo 103 95 99
3) Evidente
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 195 206 201
Tônica: máximo 273 262 268
122
Pós-tônica: máximo 270 248 259
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 214 253 234
Tônica: máximo 272 306 289
Pós-tônica: mínimo 209 175 192
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 128 91 110
Tônica: máximo 165 114 140
Pós-tônica: máximo 152 113 133
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 124 104 114
Tônica: máximo 122 117 120
Pós-tônica: mínimo 101 45 73
4) Neutro
-Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 191 192 191
Tônica: máximo 208 248 228
Pós-tônica: máximo 232 272 252
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: máximo 208 217 213
Tônica: mínimo 182 164 173
Pós-tônica: mínimo 175 166 171
123
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 127 94 111
Tônica: máximo 146 106 126
Pós-tônica: máximo 152 113 133
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: máximo 142 108 125
Tônica: mínimo 105 91 98
Pós-tônica: mínimo 106 83 95
5) Incrédulo
-Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: máximo 201 166 184
Tônica: máximo 222 165 194
Pós-tônica: máximo 215 186 201
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: máximo 213 179 196
Tônica: máximo 210 184 197
Pós-tônica: mínimo 177 153 165
Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: máximo 129 90 110
Tônica: máximo 153 103 128
Pós-tônica: máximo 145 100 123
124
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: máximo 171 103 137
Tônica: máximo 155 130 143
Pós-tônica: mínimo 96 79 88
6) Irônico:
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 192 168 180
Tônica: máximo 228 202 215
Pós-tônica: mínimo 216 210 213
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: máximo 204 244 224
Tônica: mínimo 195 161 178
Pós-tônica: mínimo 184 150 167
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 140 95 118
Tônica: máximo 157 97 127
Pós-tônica: mínimo 123 92 108
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: máximo 130 93 112
Tônica: mínimo 100 85 93
Pós-tônica: mínimo - 83 83
125
Anexo II - Medidas de f0 de enunciados Assertivos de Córdoba em hertz (Hz):
1) Contrastiva com foco no pré-núcleo
-Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 165 165 165
Tônica: máximo 294 278 286
Pós-tônica: mínimo 220 186 203
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: máximo 168 175 172
Tônica: máximo 156 175 166
Pós-tônica: mínimo 147 164 156
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 125 127 126
Tônica: máximo 185 216 201
Pós-tônica: mínimo - 128 128
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: máximo 127 105 116
Tônica: máximo 123 104 114
Pós-tônica: mínimo 118 46 82
126
2) Contrastivo com foco no núcleo:
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 164 162 163
Tônica: máximo 221 211 216
Pós-tônica: máximo 256 256 256
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 165 190 178
Tônica: máximo 252 188 220
Pós-tônica: mínimo 148 164 156
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 127 127 127
Tônica: máximo 161 172 167
Pós-tônica: máximo 165 178 172
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 125 143 134
Tônica: máximo 185 201 193
Pós-tônica: mínimo 118 155 137
3) Evidente:
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 169 169 169
Tônica: máximo 238 216 227
Pós-tônica: máximo 295 198 246
127
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 162 170 166
Tônica: máximo 266 215 240
Pós-tônica: mínimo 162 167 165
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 140 109 125
Tônica: máximo 173 140 157
Pós-tônica: máximo 180 147 164
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 149 59 104
Tônica: máximo 213 192 203
Pós-tônica: mínimo 126 123 125
4) Neutro
- Sexo feminno:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 185 185 185
Tônica: máximo 217 230 224
Pós-tônica: máximo 258 241 250
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: máximo 248 229 239
Tônica: mínimo 194 163 179
Pós-tônica: mínimo 156 158 158
128
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 142 100 121
Tônica: máximo 187 117 152
Pós-tônica: máximo 183 153 168
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: máximo 164 108 136
Tônica: mínimo 132 88 110
Pós-tônica: mínimo 103 87 95
5) Incrédulo:
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: máximo 176 172 174
Tônica: máximo 216 224 220
Pós-tônica: máximo 184 193 189
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: máximo 185 191 188
Tônica: máximo 176 177 176
Pós-tônica: mínimo 172 172 172
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: máximo 135 107 121
Tônica: máximo 155 65 110
Pós-tônica: máximo 146 72 109
129
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: máximo 133 54 94
Tônica: máximo 123 55 89
Pós-tônica: mínimo 113 55 84
6) Irônico
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 193 178 186
Tônica: máximo 216 320 268
Pós-tônica: mínimo 202 268 235
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 168 186 177
Tônica: máximo 172 229 201
Pós-tônica: mínimo 161 199 180
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 133 115 124
Tônica: máximo 185 140 163
Pós-tônica: mínimo 187 113 150
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 139 113 126
Tônica: máximo 160 112 136
Pós-tônica: mínimo 131 112 122
130
Anexo III - Medidas de f0 de enunciados Interrogativos Totais de Buenos Aires em
hertz (Hz):
1) Confirmativo
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 191 171 181
Tônica: máximo 249 226 238
Pós-tônica: máximo 271 241 256
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 201 176 189
Tônica: máximo 234 221 228
Pós-tônica: mínimo 187 176 182
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 122 77 100
Tônica: máximo 177 118 148
Pós-tônica: máximo 190 114 152
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 124 94 109
Tônica: máximo 143 100 122
Pós-tônica: mínimo 121 88 105
131
2) Neutro
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 184 181 183
Tônica: máximo 225 210 218
Pós-tônica: máximo 242 226 234
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 192 184 188
Tônica: máximo 236 236 236
Pós-tônica: máximo 274 246 260
- Sexo masculino
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 119 89 104
Tônica: máximo 178 112 145
Pós-tônica: máximo 203 114 159
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 117 86 102
Tônica: máximo 161 124 143
Pós-tônica: máximo 182 127 155
3) Incrédulo com foco amplo
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 187 168 178
Tônica: máximo 259 431 345
Pós-tônica: mínimo 248 243 246
132
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 164 166 165
Tônica: máximo 264 399 332
Pós-tônica: mínimo 223 166 195
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 126 83 105
Tônica: máximo 255 230 243
Pós-tônica: mínimo 203 85 144
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 124 79 102
Tônica: máximo 225 157 191
Pós-tônica: mínimo 151 51 101
4) Incrédulo com foco no pré-núcleo
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 157 194 176
Tônica: máximo 273 379 326
Pós-tônica: mínimo 198 232 215
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 170 189 180
Tônica: máximo 234 339 287
Pós-tônica: mínimo 174 177 176
133
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 118 83 101
Tônica: 264 146 205
Pós-tônica: mínimo 195 55 125
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 125 70 98
Tônica: 198 135 167
Pós-tônica: mínimo 120 116 118
5) Incrédulo com foco no núcleo
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 163 162 163
Tônica: máximo 279 314 297
Pós-tônica: máximo 291 329 310
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 169 180 175
Tônica: máximo 308 379 344
Pós-tônica: mínimo 187 179 183
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 129 83 106
Tônica: máximo 196 158 177
Pós-tônica: máximo 197 91 144
134
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 119 72 96
Tônica: máximo 220 151 186
Pós-tônica: mínimo 98 83 91
6) Retórico
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 170 189 180
Tônica: máximo 247 240 244
Pós-tônica: mínimo 172 209 191
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 177 190 184
Tônica: máximo 187 223 205
Pós-tônica: mínimo 156 167 162
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 129 93 111
Tônica: máximo 195 139 167
Pós-tônica: mínimo 170 120 145
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 122 103 113
Tônica: máximo 158 127 143
Pós-tônica: mínimo 124 102 113
135
Anexo IV - Medidas de f0 de enunciados Interrogativos Totais de Córdoba em
hertz (Hz):
1) Confirmativo
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 194 204 199
Tônica: máximo 259 269 264
Pós-tônica: máximo 279 261 270
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 218 202 210
Tônica: máximo 254 226 240
Pós-tônica: mínimo 178 188 183
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 135 106 121
Tônica: máximo 180 123 152
Pós-tônica: máximo 185 144 165
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 139 119 129
Tônica: máximo 186 141 164
Pós-tônica: mínimo 126 113 120
136
2) Neutro
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 176 176 176
Tônica: máximo 210 219 215
Pós-tônica: máximo 227 218 223
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 171 171 171
Tônica: mínimo 156 170 163
Pós-tônica: máximo 417 329 373
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 135 104 120
Tônica: máximo 171 158 165
Pós-tônica: máximo 183 177 180
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 120 102 111
Tônica: mínimo 122 97 110
Pós-tônica: máximo 226 208 217
3) Incrédulo com foco amplo
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 163 211 187
Tônica: máximo 389 352 371
Pós-tônica: mínimo 321 381 351
137
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 159 230 195
Tônica: máximo 342 348 345
Pós-tônica: mínimo 218 211 215
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 129 123 126
Tônica: máximo 236 294 265
Pós-tônica: mínimo 179 164 172
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 127 114 121
Tônica: máximo 232 281 257
Pós-tônica: mínimo 161 73 117
4) Incrédulo com foco no pré-núcleo
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 165 188 177
Tônica: máximo 454 404 429
Pós-tônica: mínimo 348 202 275
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 176 186 181
Tônica: máximo 333 308 321
Pós-tônica: mínimo 161 205 183
138
-Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 140 118 129
Tônica: máximo 263 233 248
Pós-tônica: mínimo 234 191 213
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 148 153 151
Tônica: máximo 229 213 221
Pós-tônica: mínimo 153 173 163
5) Incrédulo com foco no núcleo
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 177 204 191
Tônica: máximo 290 253 272
Pós-tônica: máximo 314 264 289
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 186 187 187
Tônica: máximo 388 330 359
Pós-tônica: mínimo 191 230 211
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 135 104 120
Tônica: máximo 203 145 174
Pós-tônica: máximo 232 146 189
139
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 121 105 113
Tônica: máximo 259 157 208
Pós-tônica: máximo 130 112 121
6) Retórico:
- Sexo feminino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 202 182 192
Tônica: máximo 280 269 275
Pós-tônica: mínimo 287 226 257
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 235 202 219
Tônica: máximo 274 237 256
Pós-tônica: mínimo 199 204 202
- Sexo masculino:
Pré-núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 132 101 117
Tônica: máximo 189 180 185
Pós-tônica: mínimo 175 131 153
Núcleo Informante 1 Informante 2 Média
Pré – tônica: mínimo 118 112 115
Tônica: máximo 178 163 171
Pós-tônica: mínimo 139 137 138
140
Anexo V - Medidas de duração de enunciados Assertivos de Buenos Aires em
milissegundos (ms):
1) Contrastivo com foco no pré-núcleo
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 149 206 174 163 173
Tônica: 196 236 212 240 221
Pós-tônica: 102 139 132 137 128
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 128 193 166 162 162
Tônica: 139 205 174 151 167
Pós-tônica: 130 122 145 87 121
2) Contrastivo com foco no núcleo
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 119 198 173 160 163
Tônica: 130 189 179 135 158
Pós-tônica: 78 131 134 96 110
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 120 253 140 150 166
Tônica: 206 276 272 197 238
Pós-tônica: 149 237 119 166 168
141
3) Evidente
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 92 103 129 149 118
Tônica: 129 177 154 129 147
Pós-tônica: 81 138 92 73 96
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 150 170 138 127 147
Tônica: 160 261 210 143 194
Pós-tônica: 187 182 141 148 165
4) Neutro
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 96 212 164 197 167
Tônica: 133 213 170 153 167
Pós-tônica: 90 148 129 108 119
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 157 216 146 137 164
Tônica: 183 215 181 177 189
Pós-tônica: 148 161 120 165 149
5) Incrédulo
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 136 223 171 103 158
Tônica: 95 162 155 130 136
Pós-tônica: 86 117 96 79 95
142
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 130 181 149 130 148
Tônica: 132 190 225 156 176
Pós-tônica: 148 150 164 113 144
6) Irônico
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 105 188 168 173 159
Tônica: 116 252 165 151 171
Pós-tônica: 85 154 102 62 101
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 125 208 188 140 165
Tônica: 273 401 319 191 296
Pós-tônica: 144 244 121 206 179
143
Anexo VI - Medidas de duração de enunciados Assertivos de Córdoba em
milissegundos (ms):
1) Contrastivo com foco no pré-núcleo
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 157 278 144 287 217
Tônica: 209 305 226 242 246
Pós-tônica: 113 184 115 160 143
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 186 234 218 184 206
Tônica: 200 210 173 151 184
Pós-tônica: 156 180 159 142 159
2) Contrastivo com foco no núcleo
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 133 187 125 256 175
Tônica: 158 172 159 218 177
Pós-tônica: 96 141 103 160 125
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 173 198 206 262 210
Tônica: 248 214 206 216 221
Pós-tônica: 163 206 196 227 198
144
3) Evidente
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 145 147 159 188 160
Tônica: 185 110 141 240 169
Pós-tônica: 132 86 95 181 124
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 165 195 171 222 188
Tônica: 220 179 145 167 178
Pós-tônica: 169 174 168 158 167
4) Neutro
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 125 224 118 207 169
Tônica: 159 186 131 198 169
Pós-tônica: 114 144 93 155 127
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 152 217 159 221 187
Tônica: 216 160 147 189 178
Pós-tônica: 192 155 146 155 162
5) Incrédulo
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 207 275 175 271 232
Tônica: 242 208 154 173 194
Pós-tônica: 113 149 106 135 126
145
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 189 225 197 242 213
Tônica: 258 202 149 184 167
Pós-tônica: 201 276 160 192 176
6) Irônico
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 204 252 149 281 222
Tônica: 291 360 136 243 258
Pós-tônica: 117 254 97 141 152
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 255 369 153 248 201
Tônica: 245 286 199 212 206
Pós-tônica: 227 225 173 178 1761
146
Anexo VII - Medidas de duração de enunciados Interrogativos totais de Buenos
Aires em milissegundos (ms):
1) Confirmativo
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 104 181 156 90 133
Tônica: 116 173 231 168 172
Pós-tônica: 63 122 183 44 103
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 125 176 158 110 134
Tônica: 168 243 189 167 178
Pós-tônica: 185 133 225 102 164
2) Neutro
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 125 135 133 103 124
Tônica: 130 165 149 129 144
Pós-tônica: 92 126 93 94 101
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 150 191 143 126 153
Tônica: 222 240 151 157 193
Pós-tônica: 165 212 146 104 157
147
3) Incrédulo com foco amplo
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 90 208 181 156 159
Tônica: 174 383 228 148 233
Pós-tônica: 85 181 155 135 139
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 134 231 157 197 180
Tônica: 225 269 248 178 230
Pós-tônica: 138 335 225 188 222
4) Incrédulo com foco n pré-núcleo
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 149 211 229 147 184
Tônica: 223 319 277 172 248
Pós-tônica: 120 192 154 116 151
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 130 219 174 129 163
Tônica: 209 228 208 143 202
Pós-tônica: 163 223 190 146 196
5) Incrédulo com foco no núcleo
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 105 135 166 116 131
Tônica: 208 240 161 134 186
Pós-tônica: 88 149 118 88 111
148
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 116 223 214 181 184
Tônica: 273 283 315 167 260
Pós-tônica: 158 343 207 157 216
6) Retórico
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 104 209 148 126 147
Tônica: 205 162 166 160 173
Pós-tônica: 125 132 103 115 119
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 137 164 138 120 140
Tônica: 184 183 170 168 169
Pós-tônica: 132 192 169 185 177
149
Anexo VIII - Medidas de duração de enunciados Interrogativos totais de Córdoba
em milissegundos (ms):
1) Confirmativo
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 135 214 121 158 157
Tônica: 139 127 113 131 128
Pós-tônica: 89 99 92 98 95
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 169 192 198 166 181
Tônica: 178 211 164 151 176
Pós-tônica: 215 203 156 137 178
7) Neutro
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 130 206 136 236 177
Tônica: 160 207 174 108 163
Pós-tônica: 89 108 108 117 106
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 165 176 184 151 169
Tônica: 160 188 157 150 130
Pós-tônica: 206 154 186 149 174
150
8) Incrédulo com foco amplo
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 149 221 156 334 215
Tônica: 256 191 225 284 239
Pós-tônica: 129 135 123 171 140
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 199 191 185 310 221
Tônica: 224 211 196 240 218
Pós-tônica: 196 254 179 293 231
9) Incrédulo com foco no pré-núcleo
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 200 352 134 260 237
Tônica: 284 272 190 268 254
Pós-tônica: 187 236 119 160 176
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 214 215 175 215 205
Tônica: 248 190 161 179 195
Pós-tônica: 227 241 162 176 202
10) Incrédulo com foco no núcleo
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 164 198 129 206 174
Tônica: 176 202 178 215 193
Pós-tônica: 118 126 104 141 122
151
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 210 214 285 298 252
Tônica: 247 180 306 274 252
Pós-tônica: 199 228 235 174 209
11) Retórico
Pré-núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 112 277 159 302 208
Tônica: 140 259 167 267 193
Pós-tônica: 95 166 92 160 164
Núcleo Informante 1 M Informante 2 M Informante 1H Informante 1H Média
Pré – tônica: 172 226 180 256 208
Tônica: 187 190 184 209 193
Pós-tônica: 158 191 148 160 164