análise da qualidade do ar e legislação nos principais ... · ... conforto térmico e ... de...
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EIXO TEMÁTICO: ( ) Arquitetura Bioclimática, Conforto Térmico e Eficiência Energética ( ) Bacias Hidrográficas, Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos ( ) Biodiversidade e Unidades de Conservação ( ) Campo, Agronegócio e as Práticas Sustentáveis ( X) Clima, Ambiente e Saúde ( ) Desastres, Riscos Ambientais e a Resiliência Urbana ( ) Educação Ambiental e Práticas Ambientais ( ) Ética e o Direito Ambiental ( ) Geotecnologias Aplicadas à Análise Ambiental ( ) Novas Tecnologias e as Construções Sustentáveis ( ) Patrimônio Histórico, Turismo e o Desenvolvimento Local ( ) Saúde Pública e o Controle de Vetores ( ) Saúde, Saneamento e Ambiente ( ) Segurança e Saúde do Trabalhador ( ) Urbanismo Ecológico e Infraestrutura Verde
Análise da Qualidade do Ar e Legislação nos Principais Centros Urbanos
da América do Sul
Air Quality and Legislation Analysis of Main Urban Areas of South America
Análisis de Calidad del Aire y Legislación en los Principales Centros Urbanos de Sudamérica
Thiago Souza Silveira Professor e Mestre em Geografia, Doutorando em Medicina, USP, Brasil
Adriano de Souza Antunes
Professor e Mestre em Geografia Física, Brasil [email protected]
Daniela de Souza Onça
Professora do Curso de Geografia da Universidade do Estado de Santa Catarina [email protected]
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Introdução
O dinamismo da vida contemporânea colocou a sociedade ocidental em constantes mudanças
e em avanços tecnológicos importantes, resultando em aumento da expectativa de vida no
Brasil e no mundo, além do aumento na exploração dos recursos naturais (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2001; 2010), (ONU, 2014), (AGÊNCIA NACIONAL DO
PETRÓLEO, 2013). A qualidade de vida, porém, não acompanha o mesmo ritmo de
crescimento, principalmente nos países periféricos (HOBSBAWM, 1994), e como já definia
Zygmunt Bauman (2001), a nossa modernidade líquida apenas acelera ou cria mais produtos a
serem descartados, de forma cada vez mais breve, somente aumentando os problemas
ambientais.
Partindo desse ponto de vista, a respeito da qualidade do processo de envelhecimento da
população mundial e os motivos sobre o qual o ritmo de crescimento econômico não reflete
diretamente na qualidade de vida da população, pretende-se abordar o ritmo temporal da
qualidade do ar, ou seja, a evolução da poluição atmosférica a partir dos relatórios oficiais
fornecidos e a legislação vigente à época, onde se elabora uma questão central para a
investigação:
As legislações em vigor ao longo do tempo nos locais de estudo foram obedecidas de forma
rígida ou esses conjuntos de resoluções serviram apenas para mitigar o problema ambiental da
qualidade do ar?
A poluição atmosférica, formada de gases e partículas nocivas ao ser humano e ao meio
ambiente (CONAMA, 1990), gera a necessidade de se monitorar as emissões, pois ao longo do
tempo causam doenças graves e prejudicam o meio ambiente. Diversos estudos foram feitos
sobre o assunto, a saber: ALMEIDA, 2001; CASTRO, 1993; DE MELLO, 2000; DE SOUZA et al.,
2006; GALLOWAY et al., 1978; LOMBARDO, 1985; OLIVEIRA, 2003; PARK, 1987; ROOS, 1998.
O planejamento dos centros urbanos nem sempre acontece de forma ordenada; há exemplos
de muitos núcleos que crescem de forma orgânica, com pouco ou nenhum planejamento e
controle (SOUZA, 2003). Essas áreas da cidade geralmente crescem sem deixar espaço para boa
circulação do ar ou ilhas de frescor, para renovação do ar circulante nas cidades (BRANDÃO,
1996; AZEVEDO, 2001). Com a concentração de gases, principalmente de fontes móveis, como
derivados de combustíveis fósseis, os poluentes acabam por causar, na escala local de certos
ambientes urbanos, ilhas de calor e alteração na qualidade da água da chuva (BRANDÃO, 1997;
ROMERO, 2010, ROSS, 1998, IBAMA, 2013).
Assim, pretende-se analisar a qualidade do ar em grandes centros urbanos da América do Sul,
como Buenos Aires, Montevidéu, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. O intuito é
investigar nos registros de qualidade do ar, nas legislações ambientais desses países e suas
particularidades regionais e locais, para estabelecer um panorama tanto da qualidade do ar,
quanto das políticas ambientais de gestão nessa área. Para tanto, irá se considerar suas
características físicas geográficas e compará-las para verificar sua influência da poluição
atmosférica em cada localidade.
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Objetivos
Analisar os dados de qualidade do ar comparando com a legislação sobre poluição atmosférica
de Buenos Aires, Montevidéu, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, visando estabelecer a
evolução dessas taxas ao longo do tempo. Levantar e comparar a concentração de poluentes
atmosféricos das cidades de Buenos Aires, Montevidéu, Porto Alegre, São Paulo e Rio de
Janeiro. Comparar os registros de qualidade do ar com a legislação vigente à época. Classificá-
las segundo seu propósito (regulatório ou de subsídios) e seus possíveis motivos para
mudança. Verificar o número de ultrapassagens (anuais, mensais e diárias) de taxas de
poluição em cada uma. Comparar características físicas, sociais e históricas de formação desses
núcleos urbanos. Mapear as áreas verdes nesses núcleos urbanos.
Método de Análise
Inicialmente a comparação será entre as emissões de materiais particulados (MP10), pois essa é
a medida mais fundamental para aferição de doenças cardiorrespiratórias segundo a OMS
(2005); em seguida outros poluentes serão observados, como o monóxido de carbono (CO),
derivados de óxidos de nitrogênio (NOx) e de enxofre (SOx), bem como o ozônio (O3) em
superfície caso haja aferições confiáveis. Todas as cidades possuem dados para esses tipos de
poluentes, variando apenas a escala temporal de cada um entre eles.
Elas também possuem relatórios e boletins mensais ou anuais de poluição atmosférica,
fornecidos por órgãos oficiais. Logo, a análise das taxas de emissões entre os países é possível,
bem como verificar o cumprimento das leis e dos tratados internacionais assinados.
As metodologias das aferições são obrigatoriamente descritas nesses relatórios e seguem
protocolo internacional, portanto são passíveis de comparação; por outro lado, a análise
temporal se dará dos anos 2000 em diante, sendo essa a quantidade máxima de dados online.
Havendo necessidade, existem dados não digitalizados, que dependem de trabalho de campo
para consegui-los. Como a concentração da poluição varia de acordo com fatores geográficos,
mapas temáticos contabilizando e localizando regiões que tendem a concentrar poluentes em
cada cidade serão elaborados.
As imagens de satélite que darão suporte aos mapas temáticos e os dados referentes ao
Sistema de Informação Geográfica (SIG) já estão disponíveis online, e para datas desde a
década de 1980, assim, em caso de necessidade, uma comparação cartográfica temporal
também pode ser realizada.
Resultados Esperados
Espera-se nesse estudo que as taxas de emissão de poluentes devam acompanhar o tamanho
das cidades, ou seja, quanto maior a cidade, maior a poluição; portanto, o maior emissor seria
São Paulo, seguido por Rio de Janeiro, Buenos Aires, Porto Alegre e Montevidéu. No entanto,
crê-se que eles estejam cumprindo com a regulamentação regional e internacional, uma vez
que não se tem notícias de punições por desrespeito a essas leis.
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Todavia, os estudos da área de saúde afirmam que, ao menos pontualmente, há ultrapassagens
desses limites e isso está diretamente ligado aos casos de problemas de saúde na população,
como já ocorrido na Argentina (ARGENTINA, 1999). Deduzindo-se então que um esforço maior
para o cumprimento dos tratados internacionais seja necessário, visto a urgência para diminuir
os números ruins divulgados pela OMS.
Referências Bibliográficas
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BRANDÃO, A. M. P. M. O Clima Urbano da Cidade do Rio de Janeiro. São Paulo: USP, 1996.
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DE MELLO, W. Z. Precipitation Chemistry in the Coast of the Metropolitan Region of Rio de Janeiro, Brazil. Environmental Pollution, Rio de Janeiro, 2000. 235-242.
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