análise do discurso da revista elle: edição especial moda...
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Análise do discurso da revista Elle:
edição especial moda e feminismo 1
Elle magazine's discourse analysis:
Special Edition fashion and feminism Nome do acadêmico: Evelin Tomé Marques.²
Nome do orientador: Vanessa Wendhausen Lima.³
Resumo
O presente artigo tem como objetivo analisar o discurso da revista “Elle” sobre o feminismo e
a forma como ele é tratado em sua edição especial intitulada “moda e feminismo” por meio de
seus discursos não verbais, como campanhas publicitárias, estereótipos de modelos usadas
para representar a mulher na revista, pelo conteúdo de suas matérias, bem como entender
como essas publicações agendam o comportamento das mulheres. A edição especial da revista
foi analisada com base na teoria da “Analise Crítica do Discurso” e encontrou contradições na
fala da revista em relação a forma como a revista dissertou sobre o movimento feminista.
Palavras-Chave: Revista feminina. Padrões. Mulher. Feminismo.
Abstract
The present article aims to analyze the Elle magazine' speech about feminism and how this is
treated on its special edition entitled as "fashion and feminism" through its nonverbal speech
such as advertising, models that fit to a beauty standard usually seen in magazines, for its
content, as well to understand how these publications build a pattern to women behavior. The
special edition of the magazine was analyzed based in the theory of the "discourse analysis"
and it was found many contradictions in the magazine‟ speech regarding as to how it choose
to talk about the feminist movement.
Keywords : Women's Magazine. Patterns. Women. Feminism.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo visa analisar os discursos apresentados pela revista Elle em sua
edição especial intitulada moda e feminismo. Revistas femininas são consumidas em grande
1 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Jornalismo da Faculdade SATC, como requisito
parcial à obtenção do título de Bacharel em Jornalismo.
² Acadêmica da 8ª fase do curso de jornalismo.
³Orientadora do artigo acadêmico.
número e seus discursos falam da mulher como um objeto. As mulheres retratadas nessa
revista têm corpos, cabelos e rostos irreais, passando uma imagem de perfeição às leitoras,
que nem sempre é possível.
O artigo também pretende mostrar como essas publicações influenciam o
comportamento da mulher identificando os discursos não verbais da revista, como anúncios e
o estereótipo das modelos utilizadas nesta edição.
Em sua edição de número 331, publicada em dezembro de 2015, a revista Elle lançou
uma edição especial intitulada: Moda e Feminismo. A edição contava com quatro capas com
títulos de “guerra” sobre a luta feminista, mas as mulheres que retratavam esses gritos de
guerra eram mulheres com corpo de difícil alcance, para aquelas que não são modelos
fotográficos ou de passarela.
A definição de que a mulher precisa estar sempre bonita, dentro do peso, se preocupar
em agradar sexualmente seu parceiro e não a si mesma, precisa ser delicada, estar sempre bem
arrumada feita por publicações de revistas femininas impõem um padrão que sua leitora deve
seguir. Os assuntos abordados falam sobre como uma mulher deve se vestir ou o que ela deve
usar para se encaixar nesse padrão. O objetivo desse artigo é analisar criticamente os
discursos passados pela revista em forma de matérias, da escolha de representação e observar
como essa publicação interfere no comportamento da mulher.
2 A HISTÓRIA DO FEMINISMO
Para compreender sobre o movimento feminista é fundamental entender a importância
desse movimento na vida da mulher, ao longo da história até os dias de hoje, como este surgiu
e quais foram os principais nomes à frente dessa luta que ainda ocorre. É preciso buscar
entender a sociedade na qual a mulher está inserida enquanto ser social e as dificuldades
encontradas durante a luta da conquista por seus direitos. Butler (1990) fala dos obstáculos
encontrados em uma sociedade na qual a mulher é oprimida pura e simplesmente pelo fato de
ser mulher. Contextualizada em um cenário social machista, a mulher se vê diante de uma
constante luta por seus direitos.
Não basta inquirir como as mulheres podem se fazer representar mais plenamente na
linguagem e na política. A crítica feminista também deve compreender como a
categoria das “mulheres”, o sujeito do feminismo, é produzida e reprimida pelas
mesmas estruturas de poder por intermédio das quais busca-se a emancipação
(BUTLER, 1990, p. 19).
A história do movimento feminista começa há muito tempo. Inclusive há publicações
consideradas feministas, mesmo que não sejam nomeadas dessa forma, que podem ser
encontradas na história muito antes das mulheres conquistarem o direito ao voto, por
exemplo, mostrando que mesmo que elas não tivessem se unido enquanto classe para lutar já
iniciavam suas batalhas de forma individualizada. Em 1405, considerado um dos marcos do
feminismo pré-moderno, o livro “Cidade das damas”, de Christine de Pisan, fala sobre o mito
das amazonas e ataca o discurso da inferioridade das mulheres e oferece uma alternativa à sua
situação.
Contudo, tem-se a noção de que apenas na contemporaneidade é que o feminismo
ganhou força. Isso porque dada a tecnologia e meios de comunicação em constante avanço e
baseados na ideia de globalização, da troca mundial de dados e informações, o feminismo tem
aparecido com mais frequência nessas mídias. Tais mídias são meio de divulgação de
informação mais eficaz no mundo atualmente, levando conteúdo a milhões de pessoas.
Infelizmente, nem sempre o feminismo se beneficia desse avanço tecnológico, uma vez que
também se propaga com maior velocidade conceitos errôneos e reações negativas que tentam
diminuir o movimento como um todo.
Esse fenômeno inclusive se tornou um meio de prática do feminismo, chamado de
militância virtual. Grupos se reúnem virtualmente e realizam ações importantes no intuito de
promover o movimento e ajudar as mulheres. Exemplo disso é a existência de grupos de
auxílio jurídico para mulheres que vivem em lares abusivos, bem como campanha de
conscientização on-line. A luta pela igualdade de gêneros é muito importante, Silva (2008, p.
9) afirma que “a dominação do macho sobre a fêmea é a ideologia mais arraigada em nossa
cultura, por cristalizar o conceito mais elementar de poder”, as mulheres são historicamente
consideradas frágeis e inferiores aos homens.
Drummond (2012) fala que o movimento feminista, ao longo dos últimos séculos da
idade contemporânea, vem se configurando como uma das principais manifestações sociais de
caráter transformador, lutando por maiores direitos para as mulheres que, desde os primórdios
da história, estavam submetidas às vontades masculinas e inferiorizadas pelo que a sociedade
entendia como a “fragilidade do sexo”.
Um dos eventos que marcaram a participação da mulher na Revolução [termo
utilizado para descrever a luta da mulher numa sociedade opressora] ocorreu em
março de 1792, quando Pauline León leu na tribuna uma petição assinada por
trezentas mulheres, reivindicando o direito de se organizarem em Guarda Nacional.
Os revolucionários não permitiram tal organização (MARTINS, 2010, p. 5).
O movimento feminista, como movimento político, tem seus primeiros passos ainda na
Revolução Francesa. Nesse período pode-se observar mulheres lutando tanto ao lado de
homens como sozinhas. Um fato histórico importante dessa época foi o acontecimento da
“marcha das mulheres do mercado”. Em 5 de outubro de 1779, mulheres se encaminham ao
Palácio de Versalhes para exigir o cumprimento de suas petições junto ao rei, suas
reinvindicações eram sobre os altos preços dos mercados e a fome, além de pedir pão na
frente do palácio. O resultado dessa marcha foi a mudança da família real para Paris.
[…] o feminismo adquire uma prática de ação política organizada. Reivindicando
seus direitos de cidadania frente aos obstáculos que o contrariam, o movimento
feminista, na França, assume um discurso próprio, que afirma a especificidade da
luta da mulher (ALVES; PITANGUY, 1991, p. 32).
Ainda no contexto da Revolução Francesa, é lançado o texto “Os direitos da mulher e
da cidadã”, da autora Olympe de Gouges. Esse documento foi o primeiro a mencionar
igualdade jurídica entre homens e mulheres. Olympe criou esse texto como forma de protesto
à “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, que anunciava direito de igualdade e
liberdade apenas para homens enquanto as mulheres continuavam sem o direito de votar, de
ter acesso às instituições públicas, à liberdade profissional, direitos de propriedade, entre
outros.
Considerando que a ignorância, o esquecimento ou o menosprezo dos direitos da
mulher são as únicas causas das desgraças públicas e da corrupção no governo,
resolveram expor, em uma declaração solene, os direitos naturais inalienáveis e
sagrados da mulher. Assim, que esta declaração, constantemente presente a todos os
membros do corpo social, lhes lembre sem cessar os seus direitos e os seus deveres;
que, sendo mais respeitados, os atos do poder das mulheres e os atos do poder dos
homens possam ser a cada instante comparados com o objetivo de toda instituição
política; e que as reivindicações das cidadãs, fundamentadas doravante em
princípios simples e incontestáveis, sempre respeitem a constituição, os bons
costumes e a felicidade de todos (GOUGES, 1791, p. 1).
Essas lutas influenciariam mulheres por todo mundo. Seguindo esse despertar de
consciência política, as trabalhadoras fabris se encorajam a lutar, especialmente nos Estados
Unidos, onde viviam em condições precárias e recebiam salários muito baixos, que mal as
permitia condições suficientes de sobrevivência mínima. Mises (1949) leciona sobre o
trabalho infantil, criticando a distorção dos fatos ao dizer que as fábricas arrancaram as donas
de casa de seus lares ou as crianças de seus brinquedos. As trabalhadoras fabris não possuíam
outro meio para alimentar os seus filhos. Suas crianças estavam carentes e famintas. Seu
único refúgio era a fábrica que, num primeiro momento, as salvou da miséria extrema
(MISES, 1995, p. 626).
Em 19 de abril de 1879, o direito de acesso ao ensino superior é conquistado no Brasil
para as mulheres, por meio do decreto nº 7.247/79. Apesar do direito conquistado, muitas
mulheres sofriam preconceito ao demonstrar vontade de exercê-lo.
Em 1893, uma conquista histórica para as mulheres se torna realidade: a Nova
Zelândia se torna o primeiro país a aprovar o voto feminino. Mesmo com a conquista do
direito ao voto, as mulheres ainda tinham muita luta pela frente, até mesmo o emprego era
algo distante para o sexo feminino. Para Silva (2008), até 1884, as únicas mulheres a votarem
na Inglaterra eram as solteiras ou as viúvas, donas de propriedades, moradoras nas cidades.
Até 1914, o maior emprego individual para as mulheres era o serviço doméstico e a mulher
operária era transformada em escrava do salário, mal paga e recebendo menos que o homem,
exercendo a mesma função.
Um momento crucial dessa luta das mulheres trabalhadoras, que viria a marcar o
movimento feminista, foi em 08 de março de 1911, dia no qual as mulheres funcionária da
fábrica Triangle Shirtwaist, de New York, protestavam em greve por reajuste da jornada de
trabalho que, até então, se estendia num período de 16h diárias, equiparação salarial com os
funcionários homens e melhor tratamento no ambiente de trabalho. Alguns dias depois, mais
precisamente em 25 de março de 1911, a fábrica foi incendiada e matou 126 mulheres.
Alguns anos depois, a luta em busca dos direitos políticos se fortalece ainda mais. No
início do século XX, o direito ao voto passa a ser a principal reinvindicação das mulheres.
O movimento em prol do voto feminino perpetrado no Reino Unido, no início do
século XX, pelo grupo denominado “suffragettes”, foi um dos mais combativos e o
que passou para o imaginário popular como o representante da luta em prol da
cidadania política feminina. O movimento sufragista orquestrado pelas militantes
desse grupo foi uma das manifestações coletivas que mais geraram imagens
polêmicas na época em questão (KARAWEJCZYK, 2013).
No Brasil, os primeiros registros de mulheres em busca dos seus direitos aconteceram
no século XVIII e durante o XIX, porém, mais restrito às classes média e alta da sociedade.
No Brasil, a primeira onda do feminismo também se manifestou mais publicamente
por meio da luta pelo voto. A sufragetes brasileiras foram lideradas por Bertha Lutz,
bióloga, cientista de importância, que estudou no exterior e voltou para o Brasil na
década de 1910, iniciando a luta pelo voto (PINTO, 2010, p. 1).
A escritora e filósofa inglesa Mary Wolstonecraft afirma, em sua obra intitulada “A
Reivindicação dos Direitos da Mulher”, a defesa de que as mulheres não são, por natureza,
inferiores aos homens, mas apenas aparentam ser por falta de acesso à educação e que, por
isso, as meninas precisavam ter acesso às instituições de ensino.
O Feminismo surge e se organiza como movimento estruturado, a partir do
fenômeno da modernidade, acompanhando o percurso de sua evolução desde o
século XVIII, tomando corpo no século XIX, na Europa e nos Estados Unidos,
transformando-se, também, em instrumento de críticas da sociedade moderna. E,
apesar da diversidade de sua atuação, tanto nos aspectos teóricos, quanto nos
aspectos práticos, o Feminismo vem conservando uma de suas principais
características que é a reflexão crítica sobre as contradições da modernidade,
principalmente no que tange à libertação das mulheres (SILVA, 2008, p. 1-2).
No ano de 1910, a professora e jornalista Clara Zetkin apresenta na I Conferência
Internacional das Mulheres Socialistas a proposta do “Dia Internacional da Mulher”, mas
apenas em 1910 essa proposta foi aprovada, essa foi uma conquista importante para o
reconhecimento do principal feito da luta feminista; a conquista dos votos.
Uma delegação de feministas-socialistas partiu dos Estados Unidos para
Copenhague na Dinamarca, levando duas propostas à II Conferência Internacional
das Mulheres Socialistas e ao VIII Congresso do Partido Socialista: a
internacionalização do Dia da Mulher, que já vinha sendo comemorado em Chicago
e em Nova York, e a defesa, pelo partido, do sufrágio feminino, até então bandeira
das burguesas (MONTEIRO, 2010 p. 7).
A luta feminista por igualdade adquire, em 12 de abril de 1919, outra conquista. A
Conferência do Conselho Feminino da Organização Internacional do Trabalho (OIT) aprovou
a resolução de salário igual para homens e mulheres que desempenharem a mesma função.
Apesar disso, até hoje as mulheres tendem a ganhar 27% menos que os homens exercendo a
mesma função (BOGHOSSIAN, 2010).
No Brasil, o principal ponto da luta feminista, nos primórdios da organização do
movimento, era pela educação e pela regulamentação do voto feminino. Em 1928, Alzira
Soriano foi eleita prefeita de Lages, mas não pôde terminar seu mandato, pois a Comissão de
Poderes do Senado anulou os votos destinados a todas as mulheres. O principal nome na
conquista dos votos femininos foi Bertha Lutz, bióloga brasileira e pesquisadora do museu
nacional. Bertha fundou, em 1922, a Federação pelo Progresso Feminino. Para Campos
(2011), com a pressão do movimento revolucionário burguês, capitaneado por Getúlio Vargas
e que sepultou a República Velha, aliado às lutas da classe operária e aos intelectuais que
rompiam o pensamento tradicional, criou-se abertura para vários avanços, incluindo a
conquista das mulheres ao voto.
Inicialmente o voto feminino não era obrigatório, conforme o artigo 121: “Os
homens maiores de sessenta anos e as mulheres em qualquer idade podem isentar-se
de qualquer obrigação ou serviço de natureza eleitoral”. A obrigatoriedade do voto
das mulheres surgiu a partir de 1946 (CAMPOS, 2011 p. 1).
Em 1949, é publicada a obra “O segundo sexo”, de Simone de Beauvoir, escritora e
filósofa que contribuiu muito para o movimento. Considerada uma figura de transgressão
social, Beauvoir tinha um pensamento à frente do seu tempo, levando o termo mulher além da
questão da sexualidade, quando esse assunto ainda não era discutido socialmente:
(...) Simone não dispunha do termo gênero, mas ela conceituou gênero, ela mostrou
que ninguém nasce mulher, mas se torna mulher e, por conseguinte, ninguém nasce
homem, mas se torna homem, ou seja: ela mostrou que ser homem ou ser mulher
consiste numa aprendizagem. As pessoas aprendem a se conduzir como homem ou
como mulher, de acordo com a socialização que receberam, não necessariamente de
acordo com o seu sexo (MOTTA, SARDENGERG, GOMES, 2000, p. 23).
Em 27 de agosto de 1962 o Estatuto da Mulher Casada foi aprovado, com a lei
4.212/1962, e garantiu que a mulher não precisava mais de autorização do marido para
trabalhar, tinha direito a herança e agora a possibilidade de requerer a guarda dos filhos em
caso de separação.
Conforme os anos passaram, o movimento ganhou força e adeptas, conseguindo
conquistar direitos para a mulher em um dos momentos mais cruciais da história democrática
do Brasil: a Constituinte de 88.
Em agosto de 1985, o Congresso cria o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher –
CNDM. No final de 1986, o CNDM realiza um encontro em Brasília, no qual
mulheres de todos os Estados comparecem com ideias e sugestões, e assim se
formaliza a Carta das Mulheres Brasileiras aos Constituintes. Esta Carta é um
documento histórico importante, pois reúne propostas para que o Estado proteja os
direitos das mulheres, as equipare em relação aos homens em todos os setores
sociais, sejam estes familiares, trabalhistas ou mesmo políticos, e propõe formas
para o Estado efetivar tais normas. As propostas expandiam o alcance de proteção
estatal que havia até então nas Constituições anteriores, como em relação aos
direitos das mulheres no âmbito da saúde reprodutiva e igualdade dentro do
casamento, bem como erradicar a violência doméstica. A Carta foi entregue ao
Presidente do Congresso Nacional e espalhada pelas Assembleias Legislativas de
cada Estado (PIUCCO, 2014).
Surge, assim, o Lobby do Batom, que procurou pressionar os deputados para que
fizessem os direitos da mulher serem garantidos na forma democrática que se instalaria no
país. A Constituição é o documento mais importante de um sistema jurídico-político, é a base
de toda uma nação.
O Lobby do Batom foi um movimento de sensibilização dos deputados e senadores
sobre a relevância de considerar as demandas das mulheres para a construção de
uma sociedade guiada por uma Carta Magna verdadeiramente cidadã e democrática.
De 1986 à 1988 o CNDM, juntamente com representações de organizações diversas
de direitos das mulheres da sociedade civil, visitou quase que diariamente as
lideranças e os diversos deputados, conversando, apresentando dados, estatísticas,
testemunhos, denuncias, propostas.
Circulávamos pelo Congresso Nacional de gabinete em gabinete, incorporadas a este
grande fluxo de pessoas representando as mais variadas expressões da sociedade
brasileira que enchia os corredores daquela Casa, que depois de 21 anos de um
regime totalitário tinha o compromisso histórico de restaurar os alicerces legais da
democracia, da justiça social e da igualdade de gênero, raça e etnia. Lembro-me com
nitidez deste caminhar político e da sensação de que estávamos participando como
protagonistas de um momento histórico. (PINTAGUY, s.d.)
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º determina que:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição; (BRASIL, 2016)
A partir de então, as demandas mudaram e, assim, o movimento feminista também
muda. Nunca foi e nem será suficiente garantir em lei que mulheres sejam tratadas de forma
igual, pois há nuances entre essas mulheres. Além disso, um fator ainda mais gritante do
porquê a luta ainda continua é o fato de que é necessário muito mais para que essa igualdade
seja aceita e respeitada numa sociedade moldada em alicerces do patriarcado e que manteve o
privilégio confortavelmente nas mãos brancas de homens durante o decorrer da história da
sociedade e que não pretende abandoná-lo tão cedo.
Esta subalternidade, determinante na condição feminina, é fruto do seu papel de
gênero. Sabemos que a sociedade através de suas instituições (aparelhos
ideológicos), da cultura, das crenças e tradições, do sistema educacional, das leis
civis, da divisão sexual e social do trabalho, constróem mulheres e homens como
sujeitos bipolares, opostos e assimétricos: masculino e feminino envolvidos em uma
relação de domínio e subjugação. (COSTA, 2008 p. 3).
Toda a representação da mulher é voltada imagem sexualizada ou submissa da mulher,
que a coloca de volta onde a sociedade machista acredita ser o seu lugar: na cama para
satisfazer o homem ou dentro de casa servindo. Afinal, na visão patriarcal, a mulher existe
com o propósito de servir ao homem. Essa representação que somente estimula o machismo é
comumente encontrada nos mais diversos campos, seja representação midiática, seja na
banalização das vítimas de estupro no sistema judiciário. A sociedade encontra meios de
humilhar a figura do feminino a todo o momento e é necessário que haja um esforço em
combater isso, pois a grande camada tende a internalizar aquilo que vê nas ruas, na televisão,
na internet, nas revistas.
Trabalhos voltados para o estudo da imagem masculina e feminina na mídia
apontam para o fato de que, na nossa sociedade, haveria estereótipos associados aos
comportamentos feminino e masculino: as mulheres seriam vistas como fisicamente
fracas e essencialmente emocionais, frágeis e dependentes, enquanto os homens
seriam fortes e racionais, independentes e corajosos. (MELO, 2006 p. 10).
Ainda que haja leis e políticas públicas de enfretamento à violência contra a mulher,
ainda que haja grupos feministas atuantes há anos, é, infelizmente, comum notícias diárias de
mulheres perdendo suas vidas, sua dignidade, seus direitos pelas mãos de homens. A mulher
ainda ganha menos, ainda apanha, ainda é assediada, ainda morre. Por isso, a luta continua.
Segundo Gomes, Batista (2015 p. 13), o fenômeno do assassinato de mulheres vem
crescendo, em proporções maiores que a dos homicídios masculinos nos últimos anos
aumentou apenas 8%, em relação aos homicídios femininos tem 17% a mais segundos dados
do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)”, por isso, a luta das feministas ainda
não acabou e é necessária a conscientização das mulheres cada vez mais.
3 APRESENTAÇÃO DO OBJETO: A REVISTA ELLE
A revista Elle tem origem francesa e surgiu no ano de 1945, em um período pós-guerra
conturbado. Fundada pela jornalista Hélène Gordon-Lazareff, com a ajuda de seu marido
Pierre Lazareff, a primeira edição da revista – que era semanal – vendeu 700 mil cópias. A
proposta da revista era atualizar as mulheres sobre a moda e trazer opções de manter a casa e
as roupas em ordem com pouco dinheiro. (FIORIN, 2009, p. 3)
No final da década de 60, a revista Elle publicou sua primeira edição internacional no
Japão, nessa época a revista já batia um milhão de exemplares vendidos. No ano de 2005, na
edição especial de 60 anos, a revista publicou um especial de 400 páginas com o slogan “60
anos de cumplicidade com as mulheres”, em suas páginas retratava as principais conquistas
femininas (que vão desde o direito ao voto e a possibilidade de tomar pílula anticoncepcional
até a minissaia e o polêmico topless) e elegeu seus “60 ícones”. “Depois de tantos anos de
privação e sofrimento, a leitora encontrou nas páginas de Elle ideias para se redescobrir,
redescobrir o seu país e, principalmente, recuperar sua feminilidade” (SCALZO, 2006, p. 25).
No Brasil, a revista Elle chegou às bancas na década de 80, em uma época turbulenta.
Alguns anos após o fim da ditadura militar, a democracia finalmente era estabelecida e a
campanha das Diretas já tomava forma. Era tempo dos artistas disfrutarem da liberdade de
expressão que lhes foi tirada na época da ditadura. Em relação à economia, o Brasil passava
por uma crise significativa. Embora passasse por uma fase difícil, o mundo da moda trazia um
cenário alegre, colorido e diversificado. Seguindo esse espírito, a Elle Brasil chega às bancas
com uma capa verde e amarela (figura 1).
Já a revista Elle é editada pela Abril, e tem como mote, a revista que apresenta e
traduz as grandes tendências nacionais e internacionais da moda, beleza para a
mulher jovem de idade ou espírito. Tem tiragem de 50.000 exemplares e seu perfil
de leitores é caracterizado por, 72% de mulheres e 28% de homens, dos quais 52%
teriam entre 18 e 39 anos (LINO, 2007, p.21).
Figura 1 - Capa da primeira edição da Revista Elle no Brasil 1988
Fonte: Banco de imagens Google.
Com tiragem de 71.8645 exemplares por mês, Elle atualmente atende às expectativas
de 227.000 leitores (87% mulheres) com faixa etária entre 20 e 30 anos. Trata-se de um
público seleto, composto de 39% de leitores da classe A e 49% da classe B. De acordo com
Dulce Pickersgill, diretora de publicações femininas da Editora Abril, “a marca é
extremamente forte no mercado e a versão brasileira da revista possui uma rica trajetória que
a situa como um meio de propagação de moda globalizada, atualizada e vanguardista”
(NICHETTI, 2009). A edição número 331 (figura 2) analisada nesse artigo trouxe quatro
capas, nelas estavam “gritos de guerra” usados pelo movimento feminista. Em uma carta
publicada no site da revista, por Susana Barbosa, Editora Chefe da Elle Brasil, a diretora falou
sobre a importância do movimento:
Sendo ELLE uma revista feminina, me senti na obrigação de fecharmos o ano
engrossando o coro de um assunto que nos toca diretamente e nunca esteve tão em
pauta: a tomada de consciência sobre o feminismo. E como retratar isso em uma
revista de moda? Ela, vilã, não seria o oposto dessa história? Escolhemos estampar
na capa a voz das ruas, com frases que foram extraídas dos cartazes usados nas
grandes manifestações feministas mais recentes (BARBOSA, 2015).
Figura 2 - Quatro capas da edição especial da Revista Elle
Fonte: Banco de imagens Google.
4 TEORIA DA ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO
Para analisar a edição especial da revista Elle, seus discursos verbais e não-verbais na
edição especial sobre o feminismo, foi utilizada a teoria da análise crítica do discurso, para
Fairclough (1989), a Análise Crítica do Discurso pretende "aumentar a consciência de como a
linguagem contribui para a dominação de umas pessoas por outras, já que essa consciência é o
primeiro passo para a emancipação".
A ACD configura-se como uma abordagem teórico-metodológica que objetiva
investigar a maneira como as formas linguísticas funcionam na reprodução,
manutenção e transformação social. Ela representa, atualmente, um dos caminhos
mais reveladores dentro da ciência da linguagem e o que há de mais moderno na
atuação e interface da Linguística com outras áreas de conhecimento, por se tratar de
uma abordagem transdisciplinar, isto é, que “não somente aplica outras teorias como
também, por meio do rompimento de fronteiras epistemológicas, operacionaliza e
transforma tais teorias em favor da abordagem sócio discursiva” (RESENDE;
RAMALHO, 2006, p. 14).
A ACD é importante nesta pesquisa, pois trata-se de dominação de minorias (o
machismo na mídia, as mulheres, etc.). Segundo Melo (2011), os analistas críticos do discurso
estão centrados na análise da reprodução do sexismo e do racismo, da legitimação do poder,
da manipulação do consentimento e do papel da política e da mídia na produção discursiva da
relação de dominação entre grupos. Essas preocupações e um conjunto de outros objetivos
explicitamente políticos servem para distinguir a ACD dos outros tipos de análise de discurso.
Ao analisar discursos não verbais como anúncios sexistas, matérias que inferiorizam a
mulher, fatores esses que muitas vezes passam despercebidos pelo leitor, a ACD se põe como
fator essencial. Segundo Fairclough (2000 p. 5):
A ACD partilha da concepção de que muitas das relações entre a linguagem e as
estruturas sociais são opacas, ou seja, pouco visíveis, passam despercebidas pelos
indivíduos. Entretanto, os textos apresentam traços e pistas de rotinas sociais que
revelam essas relações.
A análise crítica do discurso é muito importante para observar o que estava oculto. Os
textos muitas vezes tem significados ocultos e é função da ACD localizá-los e explicá-los ao
pesquisador. A crítica busca remover esta distorção e assim tornar possível a liberação do que
foi distorcido.
A crítica [...] objetiva a mudança ou até a remoção do que é considerado como
consciência falsa ou distorcida [...] A crítica [...] torna transparente o que
previamente estava oculto, e, ao fazer isso, inicia um processo de reflexão própria,
nos indivíduos ou em grupos, destinado a romper com a dominação de limitações
passadas. Aqui uma mudança na prática é, portanto, um elemento constitutivo de
uma mudança na teoria. (CONNERTON, 1976 p. 20).
Nessa análise o machismo, a objetificação da mídia e o sexismo impostos à mulher
ficam evidentes. A ACD diz que é a partir do discurso que o indivíduo cria sua realidade-
social. Para Fairclough (2003 p. 2) o discurso não é apenas prática de representação do
mundo, mas também prática de significação no mundo, construindo o mundo em significado.
O discurso contribui para a construção de: „identidades sociais‟, „relações sociais entre as
pessoas‟ e „sistemas de conhecimento e crença‟.
A importância da análise de uma revista que vende o feminismo (movimento social e
político que prega a igualdade de gêneros), mas que em seu discurso (verbal ou não) continua
impondo textos e anúncios machistas.
Difícil não considerar a importância econômica do uso da linguagem: a linguagem
usada para vender ideias, ideais e produtos. A linguagem usada para entreter, para
produzir e reproduzir uma cultura do ócio que amolda e domestica a massa
(COSTA, 2000, p. 2).
Analisando os discursos não verbais da revista ainda se pode encontrar significados
ocultos, o que não seria possível somente com a análise do texto. Ramalho (2000) fala,
sucintamente, que a principal tarefa da ADC, como ciência social crítica, é mapear conexões
entre semiose e (aspectos não semióticos da) sociedade, com o objetivo de, primeiro, localizar
mecanismos semióticos, e suas causas e efeitos de sentido potencialmente ideológicos, para,
em seguida, suscitar possíveis maneiras de superar relações assimétricas de poder
parcialmente sustentadas pela linguagem.
A ADC estuda as interações sociais a partir da análise de textos. Não se trata de um
estudo puramente sociológico, no entanto, nem de uma abordagem exaustivamente
linguística dos textos. A AD como um todo se insere no limiar entre esses dois
pontos, buscando a relação do elemento linguístico com o elemento social. E no
caso específico da ADC faircloughiana, o foco de sua pesquisa científica é a
mudança social a partir da mudança discursiva, no ponto em que uma implica a
outra mutuamente (COSTA, 2000, p.1).
Para Melo (2009) o objeto de estudo de qualquer análise do discurso não se trata tão
somente da língua, mas o que há por meio dela: relações de poder, institucionalização de
identidades sociais, processos de inconsciência ideológica, enfim, diversas manifestações
humanas.
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O estudo de caso aplicado nesse artigo buscou compreender como uma publicação e
seus discursos podem influenciar a vida de uma mulher. As contradições de fala do discurso
do feminismo empregado na edição número 331 da revista Elle com base na teoria da Análise
do discurso. Barros (2000) fala que “o discurso é entendido como uma forma de ação no
mundo. É mediante o discurso que os indivíduos constroem sua realidade social, agem no
mundo em condições histórico-sociais e nas relações de poder nas quais operam”, ou seja,
com a reprodução de um determinado discurso, a mulher passa a se comportar de forma a
adequar-se aquele estilo de vida.
A abordagem desse artigo será qualitativa e estudará o comportamento do ser humano,
mais especificamente da mulher em relação ao discurso empregado por revistas femininas, no
caso deste artigo da revista Elle. Segundo Creswell (2007), pesquisas qualitativas fornecem
uma lente (até mesmo uma teoria) para guiar os pesquisadores em relação às questões que são
importantes e devem ser examinadas [...] e às pessoas que precisam ser estudadas (por
exemplo, mulheres, minorias) (CRESWELL, 2007, p. 141).
Esse artigo também é bibliográfico, esse tipo de pesquisa busca na literatura títulos
que situem o pesquisador durante o trabalho científico. Segundo Boccato (2006, p. 226):
A pesquisa bibliográfica busca a resolução de um problema (hipótese) por meio de
referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições
científicas. Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento sobre o que foi
pesquisado, como e sob que enfoque e/ou perspectivas foi tratado o assunto
apresentado na literatura científica. Para tanto, é de suma importância que o
pesquisador realize um planejamento sistemático do processo de pesquisa,
compreendendo desde a definição temática, passando pela construção lógica do
trabalho até a decisão da sua forma de comunicação e divulgação.
6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Neste momento, passa-se a analisar os dados coletados do objeto de estudo, as quatro
capadas da edição especial, suas matérias e a forma como a revista fala sobre o feminismo,
bem como de procurar compreender e discutir acerca dos resultados encontrados ao final.
O primeiro ponto a ser analisado na edição especial da revista Elle, intitulada “Moda e
feminismo”, foi a falta de representatividade de mulheres reais com as quais as leitoras
pudessem se identificar. Em toda a publicação, em mais de 300 páginas, apenas três matérias
apresentam imagens com mulheres comuns. Quando essa normatização do que é belo
acontece, tais publicações começam a agendar o comportamento feminino, mesmo que sem
completa intenção de fazê-lo. Quando a mídia utiliza modelos de passarela para representar o
sexo feminino, a mulher atingida por tal mídia começa uma luta em seu dia-a-dia para atingir
um corpo como aquele mostrado na revista, pois internaliza que o modelo de corpo aclamado
pela mídia é o corpo que se precisa ter para que a mulher seja aceita na sociedade.
Cada vez mais a mulher consome esse tipo de publicação para tentar se encaixar em tal
padrão. Silva (2008) diz que a imprensa feminina – aquela direcionada exclusivamente à
mulher – “pasteuriza” o sexo feminino, ou seja, cria um modelo ideal e sugere que todas
sigam esse padrão, tanto na forma física quando na maneira de se comportar. As revistas se
tornam, para algumas mulheres, uma referência, de modo que passam a agir como sugerem as
reportagens.
O que se percebe com relação à mídia é que essa trabalha para o público destinatário
e não para o público interpretante. O discurso se construiria a partir de um jogo de
influência entre a imagem que as mídias criam do público-alvo e o público real
(MELO, 2006, p. 04).
A capa da revista (figura 03) ilustra bem a crítica do feminismo contra os corpos
padrões e a pressão da sociedade para ser perfeita. Na edição especial, o leitor tinha a sua
disposição quatro capas com gritos de guerra do feminismo para escolher. Contudo, as
mulheres utilizadas para representar a leitora eram supermodelos magras, usando roupas de
grife e maquiagem profissional. Mesmo dando ênfase ao discurso feminista com seus gritos
de guerra e empoderamento, ainda assim, essas imagens incitam um padrão a ser seguido.
Segundo Connerton (1976), o sentido do termo crítico, nos estudos da linguagem, implica
mostrar as conexões entre os textos e os fatores que o permeiam, como o contexto histórico e
social de produção e compreensão textual, “a crítica [...] torna transparente o que previamente
estava oculto, e, ao fazer isso, inicia um processo de reflexão própria, nos indivíduos ou
grupo.” A mulher consome a revista e começa a seguir o que suas matérias sugerem, o que
muitas vezes gera uma certa frustração, pois o modelo ideal a ser atingido é praticamente
impossível, levando em conta que as mulheres usadas para representar o sexo feminino nessas
publicações são altamente produzidas e contam com a ajuda de ferramentas que moldam seus
corpos antes do material ser publicado.
À proporção que associam comportamentos, valores, atitudes a um ou a outro
gênero, as representações midiáticas ajudam, a formular o que reconhecemos como
feminilidade e masculinidade, estando imbuídas, portanto as relações de poder entre
os gêneros. Deste modo, dando a entender o porquê da popularidade e repetição de
certas fórmulas utilizadas nas propagandas pode elucidar o meio social em que elas
nascem e circulam levando a perceber quais representações estão sendo construídas
na sociedade sobre as mulheres (CRUZ, 2008, p. 3).
Figura 3 - As capas da edição especial moda e feminismo
Fonte: site iba, Elle digital.
Tendo em vista que o tema da revista é o feminismo, a representação de mulheres reais
em suas capas seria uma forma de empoderamento da leitora, incentivando a quebra de
padrões e estereótipos seguindo justamente o conceito do movimento que incentiva a mulher a
se aceitar como é, sem precisar seguir um padrão pré-estabelecido socialmente. Porém, ao
utilizar modelos em suas capas, a revista apenas reforça um padrão de beleza e perfeição
inatingível.
Dessa forma, se dá o funcionamento do discurso, reforçando ideias cristalizadas
socialmente. No entanto, a análise crítica do discurso permite que sejam quebradas estruturas
de poder que só servem para manter uma sociedade tradicional arcaica e ultrapassada que
precisa urgente se remodelar, ou seja, uma sociedade que insiste em diminuir a autoestima da
mulher para que se mantenha a velha hierarquia do sexo masculino. Segundo Fairclough
(2012):
A ACD é uma forma de ciência social crítica, projetada para mostrar problemas
enfrentados pelas pessoas em razão das formas particulares de vida social,
fornecendo recursos para que se chegue a uma solução. É claro que isso leva a uma
pergunta: um problema para quem? Na condição de ciência social crítica, a ACD
tem objetivos emancipatórios e focaliza os chamados “perdedores” dentro de certas
formas de vida social – os pobres, os excluídos socialmente, aqueles que estão
sujeitos a relações opressivas de raça e sexo, e assim por diante. Mas isso não nos dá
uma um conjunto de problemas sociais claramente definidos e incontroversos.
O feminismo prega a igualdade de gêneros, a equidade dos direitos das mulheres em
relação aos do homem na sociedade. Sendo este o tema da revista em questão, seria necessário
uma quebra de padrões por parte das matérias publicadas, além de discursos que combatessem
o estereótipo que idealiza a mulher como frágil, que se interessa apenas por maquiagem e
cosméticos. A Elle acerta na escolha do tema, nos gritos de guerra, mas falha na representação
midiática de mulheres padrão que fomentam o antigo discurso, aquele que vai contra o
empoderamento trazido pelo movimento feminista.
Silva (2008) afirma que os assuntos destacados em revistas femininas sugerem aquele
antigo conceito de que mulher só se interessa pelo que é fútil e superficial. Diferente da
imprensa masculina, que busca trazer assuntos diferenciados e que investem na formação
pessoal e profissional masculina.
Na sessão especial Manifesto (figura 04), a revista elege 41 reinvindicações femininas
nos dias de hoje, mas a publicação conta apenas com as frases e quatro fotos carregadas de
efeitos de algumas leitoras que sugeriram as reinvindicações, nada comparado ao espaço que
as modelos têm durante as 300 páginas da revista.
Novamente, a revista deixa de dar voz à personagem principal do feminismo: a
mulher. Seria importante que nessa sessão a revista abrisse mais espaço às leitoras e trouxesse
representantes reais do movimento, algo que daria ênfase ao discurso feminista dando vez e
voz à mulher em um meio de comunicação que busca a mulher como público-alvo.
Entretanto, na revista pouco utiliza suas páginas para aprofundar o assunto. Melo (2011)
afirma que a análise da reprodução do sexismo e do racismo, da legitimação do poder, da
manipulação do consentimento e do papel da política e da mídia na produção discursiva da
relação de dominação entre grupos.
Figura 4 - Sessão manifesto
Fonte: site iba, Elle digital
Na sessão Manifesto, na qual a publicação enumera 41 reivindicações das mulheres, a
revista poderia ter aproveitado a oportunidade para aprofundar o assunto ao invés de soltar
frases aleatórias que, apesar de transmitirem a mensagem do movimento, não possuem uma
contextualização e segmento de uma ideia bem abordada, como aconteceria num texto
corrido. Se acaso tivesse optado por discursar ao invés de enumerar frases, seria possível
passar muito mais às leitoras. Seria o momento de trazer dados importantes como a diferença
salarial, o feminicídio, a violência doméstica, ao invés de abrir muito mais espaço para os
anúncios de cosméticos. Seria viável – se mantendo à luz do tema proposto na edição
analisada - usar suas páginas para detalhar esses assuntos e fazer com que as mulheres
entendessem a importância do movimento feminista em suas vidas, no dia-a-dia, o que essa
luta agrega e quais os direitos conquistados até hoje.
Assuntos apresentados nas frases soltas que a revista optou por enumerar são alguns
dos temas atuais mais importantes pautados na luta feminista. As reinvindicações da sessão
manifesto trazem uma oportunidade perfeita para a revista tratar de assuntos sérios do
cotidiano da mulher, esse espaço poderia ser usado para explicar termos e situações nas quais
as mulheres sofrem preconceito e discriminação, como o número 6: “queremos ler textos de
mulheres, ver filmes de mulheres, valorizar trabalhos de mulheres, porque esse apoio é
fundamental para que mais mulheres façam seus trabalhos”, esse ponto entra em contradição
com a própria publicação, uma vez que dos 10 colaboradores da revista, apenas três são
mulheres (figura 05).
Pode-se observar a desigualdade em relação a meios de trabalho entre homens e
mulheres, esse é outro ponto do manifesto que poderia ser bem trabalhado. No tópico 26, as
mulheres pedem: “queremos receber o mesmo que os homens pela mesma função” e no
tópico 34: “exigimos o reconhecimento de nossa importância enquanto seres responsáveis
pelo desenvolvimento político, econômico e cultural e do nosso direito a gozar desses
avanços”, mas não traz números que mostrem o quão inferior é o espaço da mulher nos locais
de trabalho, na política e a sexualização em setores culturais. De acordo com Costa (2008 p.
4):
O domínio patriarcal (masculino) apresenta na sociedade distintas manifestações.
Ele está presente no cotidiano do mundo doméstico e do mundo público. Não é
preciso praticar a discriminação aberta contra a mulher ou a violência explícita para
demonstrar sua presença na medida em que esse poder de gênero está assegurado
através dos privilégios masculinos e das desigualdades entre homens e mulheres.
Outro tópico que soa contraditório com a edição é o 36, no qual se reivindica a
representação falha das mulheres na mídia, quando a revista optou por justamente não
representá-las através de modelos. Numa sociedade machista como a atual, a palavra
feminismo surge como se trouxesse consigo uma nuvem negra: é uma palavra pesada da qual
as pessoas fogem. Homens não aceitam, algumas mulheres ainda não se encontraram no
movimento; não importa a situação, a sociedade continua machista e tende a esconder
vestígios do feminismo como algo extremamente positivo.
Quando se fala de feminismo, se remete a uma imagem estereotipada das feministas
bravas, mal amadas, feias e lésbicas. Por isso, é importante que as mídias femininas comecem
a falar do feminismo e quebrar esse tabu, que aproximem a mulher de um movimento que luta
por ela. Partindo desse ponto, a revista fez um excelente trabalho ao escolher tal temática.
Contudo, quando se embeleza as representações femininas numa edição sobre feminismo,
pode passar uma ideia de que a intenção é embelezar o feminismo, torná-lo mais aceitável, já
que a regra na sociedade é ser bonito para ser aceito. É uma mensagem extremamente
confusa, perigosa e contraditória.
Figura 5 - Colaboradores da edição
Fonte: site iba, Elle digital.
Além dos fatores como preconceito e intolerância da mulher no meio de trabalho e na
mídia, um dos tópicos mais importantes a ser esmiuçado nesse manifesto seria a violência
contra a mulher, o número 20 fala: “não queremos mais ter medo de caminhar pelas ruas por
sermos mulheres”. O número 20 registra: “não é possível lutar contra o que negamos ter
acontecido. Não queremos mais ser convencidas de que reclamar de reclamar de assédio e
denunciá-lo é exagero ou vitimismo. Existe algo poderoso em se descobrir vítima, só assim é
possível enxergar que existe um culpado, e que não é você”. As frases são impactantes, mas
não mostram a realidade que a mulher vive. Gomes, Batista (2015 p. 8) afirma que “a mulher
pode ser considerada três vezes como vítima da sociedade, sendo então a mulher que sofre a
violência psicológica e física no seu convívio familiar; a mulher que sofre tal agressão e fica
em silêncio; a mulher que denuncia tal agressão e o Estado não tem infraestrutura para ajuda-
la, expondo-a de uma maneira constrangedora [...] a violência contra a mulher é um problema
social de caráter edêmico, pois um dado levantando em 2013 constatou que a cada cinco
mulheres, duas serão vitimas de violência domestica ou já sofrerem no decorrer de suas vidas
evidenciando a forma de discriminação e desigualdade entre homens e mulheres, trazendo a
tona a importância de todos os autores dos sistema de justiça, do poder judiciário. No Brasil
cerca de 30% das mulheres costumam sofrer violência por parte de um homem e 50% á 60%
da população afirma conhecer alguma mulher em situação de violência domestica familiar”.
Ao falar sobre o feminismo, a revista vende a ideia de que o que publica está no
caminho certo, do anti-padronismo, do anti-sexismo, e isso pode passar a ideia de que todo
comportamento incentivado pela revista está de acordo com o que o movimento abordado
prega. Essa parte do discurso passa despercebida e, conforme os pressupostos da ACD, muitas
vezes as pessoas acatam determinados comportamentos impostos pela mídia mesmo sem
intenção, sem perceberem. Esse é o papel do discurso, o funcionamento velado e fortemente
oculto que, segundo Fairclough (2000), “muitas das relações entre a linguagem e as estruturas
sociais são opacas, ou seja, pouco visíveis, passam despercebidas pelos indivíduos.
Entretanto, os textos apresentam traços e pistas de rotinas sociais que revelam essas relações”.
Para a ACD, é a partir do discurso que o indivíduo cria sua realidade-social. Para
Fairclough (2003), “o discurso não é apenas prática de representação do mundo, mas também
prática de significação no mundo, construindo o mundo em significado. O discurso contribui
para a construção de: „identidades sociais‟, „relações sociais entre as pessoas‟ e „sistemas de
conhecimento e crença‟‟. Por isso é importante que uma publicação de grande alcance fale
sobre o feminismo, mas não da forma como ainda é falada pregando um estereótipo de corpo
e comportamento ideal, é preciso que revistas femininas incentivem a liberdade da mulher,
expliquem a importância do movimento na sociedade e quebrem os padrões estabelecidos
pela sociedade em seu discurso.
Difícil não considerar a importância econômica do uso da linguagem: a linguagem
usada para vender ideias, ideais e produtos. A linguagem usada para entreter, para
produzir e reproduzir uma cultura do ócio que amolda e domestica a massa
(COSTA, 2000, p.2).
Os assuntos tratados em toda a revista se limitam àqueles triviais que “são coisas de
mulher”. Publicações como essa apenas reforçam a ideia de que as mulheres se interessam
apenas por esse tipo de tema, quando, na realidade, as mulheres podem se interessar por
qualquer tema, leitoras variadas que são. Porém, as revistas de grande circulação, que tem o
controle sobre o discurso, não consideram tal aspecto e insistem em seguir o modelo de mídia
opressora que parece ainda, infelizmente, atingir grande parte do público feminino, que, ainda
preso nos estereótipos e na pressão pela busca incessante do corpo ideal, consome o discurso
sexista e padronizador.
7 CONCLUSÃO
O feminismo é um movimento muito importante na conquista dos direitos da
mulher, uma prova disso é a conquista do voto feminino conquistado através da luta
sufragista. Quando a revista Elle surge com uma edição especial falando sobre o assunto,
mostra uma ótima iniciativa ao colocar em pauta um tema tão importante, mas o machismo e
o sexismo que ainda estão impregnados na sociedade se encontram muito presentes na
publicação.
Falar do movimento é importante, pois ainda há uma visão equivocada sobre
feministas e suas lutas, por isso o discurso apresentado pela revista Elle falha em alguns
aspectos. Quando utiliza supermodelos para representar o tema abordado, a revista coloca em
contradição todo o discurso de quebra de padrões impostos pelo movimento. Ao utilizar
modelos de passarelas, superlotar as publicações com conteúdos considerados “supérfluos”
como maquiagem, cabelo e dietas, a revista deixa subentendido para suas leitoras que aquele
comportamento é o ideal para a mulher, essa forma de pensar bate de frente com o ideal do
feminismo que acredita na liberdade de escolha e empoderamento da mulher.
Segundo Cruz (2008) “empoderamento é o mecanismo pelo qual as pessoas, as
organizações, as comunidades tomam controle de seus próprios assuntos, de sua própria vida,
de seu destino, tomam consciência da sua habilidade e competência para produzir e criar e
gerir”, por isso ao em vez de instruir como a mulher deve se vestir, se maquiar e qual o corpo
ela deve ter, na edição especial sobre moda e feminismo, a revista devia incentivar as
mulheres a se aceitarem como são e verem beleza em ser diferentes.
O problema citado neste artigo é identificar como o discurso da revista Elle fala
sobre o feminismo e como isso interfere na visão da mulher como um objeto, como
consumidora de publicações consideradas supérfluas. Analisando a revista ficou claro que a
publicação abordou de forma superficial um tema importante e ao comparar o discurso do
movimento com o discurso da revista foi possível analisar várias contradições como a
utilização de supermodelos na representação da mulher enquanto o movimento prega a quebra
de padrões. O discurso da revista, que desde a capa até seu recheio deu um espaço grande há
produtos de beleza e pouco espaço para o movimento, agenda o comportamento da mulher
fazendo com que ela se esforce para seguir esse padrão imposto pela revista.
Conclui-se com este artigo, que a mídia, mesmo com todos os avanços e
conquistas femininas, não utiliza seu espaço para dar voz à mulher e ainda a trata como ser
frágil. Ao mesmo tempo que incentiva o feminismo, não abre espaço para a mulher real em
sua publicação. A maioria dos colaboradores da revista são homens e o tema principal é
abordado superficialmente, o espaço que fala sobre o feminismo poderia ter sido aproveitado
para trazer números importantes sobre a violência contra a mulher, a desigualdade salarial,
além de contar a história do feminismo mais a fundo ou falar sobre projetos e pessoas
importantes na luta antiga e atual das feministas, mudando o discurso de sexo frágil ainda
muito presente no ambiente social que a mulher está inserida.
As páginas da revista poderiam ter sido preenchidas com histórias de superação e
aceitação do próprio corpo, utilizando-se de editorias que mostrassem a beleza de ser
diferente, podendo fazer de seu discurso uma ferramenta para forma de ajudar a mulher a
combater o machismo, o sexismo e ser uma aliada nas lutas do feminismo.
Connerton (2000) “afirma que a análise crítica apresenta informações
fundamentais sobre elementos que amparam e ajudam a construir os textos, mas que não são
aparentes. Sendo, pois, uma teoria crítica aquela que ajuda a fornecer recursos para o
conhecimento de uns sobre o posicionamento de outros, isto é, aquela que joga luz à reflexão
do indivíduo, para que ele consiga compreender o que subjaz o notório, munindo, desse
modo, de ferramentas perceptivas principalmente aqueles que possam encontrar-se em
desvantagem social.”
Portanto, apesar de apresentar um tema de suma importância social, a revista não
o faz de forma que represente verdadeiramente o que o movimento feminista prega e acaba
contrariando seus ideais na luta a favor da mulher.
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