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ANÁLISE DOS FATORES COMUNS ENTRE MULHERES COM FIBRO EDEMA GELÓIDE ATENDIDAS EM UM CENTRO ESTÉTICO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ ENTRE 2006 E 2008. ¹Carine Gotardo - Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética da Universidade do vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. ²Lucimara da Cunha - Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética da Universidade do vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. ³Elaine Watanabe – Tecnóloga em Cosmetologia e Estética; Professora do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Contatos: ¹[email protected] ²[email protected] ³[email protected] Resumo O Fibro Edema Gelóide (FEG) é um problema estético enfrentado por cerca de 95% das mulheres e que pode trazer conseqüências à auto-estima e comprometimento em sua vida social. Suas causas são variadas com etiologia multifatorial, ocorrendo também sob influência de condições genéticas favoráveis que, somados a vários outros fatores endógenos e exógenos provocam seu surgimento e agravamento. Até o presente momento não foi encontrada a sua cura e, como descrevem diversos autores, pode ser progressiva e atingir quatro graus de evolução. Sendo assim este trabalho tem por objetivo verificar os aspectos ou causas comuns do FEG em mulheres atendidas no Laboratório de Cosmetologia e Estética da Univali de Balneário Camboriú no período de setembro de 2006 a março de 2008, através da análise de quarenta fichas de anamnese das mesmas. Os dados foram tabulados e analisados a partir de gráficos e tabelas. A análise do estudo mostrou relação positiva entre idade e graus mais avançados, assim como fatores agravantes da FEG, entre eles estão os estresses, consumo de álcool e baixa ingestão de água, porém fatores como o uso de contraceptivos e o tabagismo não se mostraram significativo. Diante do exposto percebe-se a necessidade de uma investigação mais plausível sobre as reais causas desse problema estético presente na maioria das mulheres. Palavras-chave: Fibro edema gelóide: Fatores desencadeantes: Anamnese.

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ANÁLISE DOS FATORES COMUNS ENTRE MULHERES COM FIBRO EDEMA

GELÓIDE ATENDIDAS EM UM CENTRO ESTÉTICO DE BALNEÁRIO

CAMBORIÚ ENTRE 2006 E 2008.

¹Carine Gotardo - Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética

da Universidade do vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina.

²Lucimara da Cunha - Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e

Estética da Universidade do vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina.

³Elaine Watanabe – Tecnóloga em Cosmetologia e Estética; Professora do Curso Superior de

Tecnologia em Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI,

Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Contatos:

¹[email protected]

²[email protected]

³[email protected]

Resumo

O Fibro Edema Gelóide (FEG) é um problema estético enfrentado por cerca de 95% das mulheres e que pode trazer conseqüências à auto-estima e comprometimento em sua vida social. Suas causas são variadas com etiologia multifatorial, ocorrendo também sob influência de condições genéticas favoráveis que, somados a vários outros fatores endógenos e exógenos provocam seu surgimento e agravamento. Até o presente momento não foi encontrada a sua cura e, como descrevem diversos autores, pode ser progressiva e atingir quatro graus de evolução. Sendo assim este trabalho tem por objetivo verificar os aspectos ou causas comuns do FEG em mulheres atendidas no Laboratório de Cosmetologia e Estética da Univali de Balneário Camboriú no período de setembro de 2006 a março de 2008, através da análise de quarenta fichas de anamnese das mesmas. Os dados foram tabulados e analisados a partir de gráficos e tabelas. A análise do estudo mostrou relação positiva entre idade e graus mais avançados, assim como fatores agravantes da FEG, entre eles estão os estresses, consumo de álcool e baixa ingestão de água, porém fatores como o uso de contraceptivos e o tabagismo não se mostraram significativo. Diante do exposto percebe-se a necessidade de uma investigação mais plausível sobre as reais causas desse problema estético presente na maioria das mulheres.

Palavras-chave: Fibro edema gelóide: Fatores desencadeantes: Anamnese.

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INTRODUÇÃO

A preocupação com a beleza do corpo sempre fez parte do universo feminino. Presente

na maioria das mulheres e rara a ocorrência em homens, o que é confirmado por Peña e

Hernandez-Perez (2005, p. 132) ao afirmarem que fibro edema gelóide, tratado no texto como

FEG, “Afeta principalmente as pernas das mulheres”, Chorilli et al. (2004) acrescentam ainda

cintura pélvica, membros inferiores e abdômen. O FEG, conhecido popularmente como

celulite pode causar muitos incômodos, tanto estéticos como na auto-estima desse público,

podendo ser causado por diversos fatores como a alimentação, hormônios, alterações

circulatórias e hereditariedade.

De acordo com Guirro e Guirro (2002) o fibro edema gelóide tem se demonstrado

mais adequado para descrever o quadro que é indevidamente chamada de celulite, pois o

termo define um processo patológico do tecido sobre uma base inflamatória, quando na

realidade este fenômeno se apresenta somente em uma segunda instância e não sempre, não

podendo ser considerada uma patologia grave. A literatura traz outras denominações para o

FEG, como lipodistrofia ginóide e hidro lipodistrofia ginóide. O mesmo representa a mais

freqüente e uma das mais indesejadas disfunções estéticas na mulher. Segundo Macedo (1998,

p. 67): “O problema atinge 95% das mulheres, sendo uma patologia crônica e que não tem

cura”. É, portanto, um grande problema estético enfrentado pelas mulheres atualmente,

afetando muitas vezes a sua auto-estima e comprometendo a sua vida social.

Desta forma, este estudo objetiva verificar os aspectos ou causas comuns do fibro

edema gelóide em mulheres atendidas no Laboratório de Cosmetologia e Estética da Univali

de Balneário Camboriú no período de setembro de 2006 a março de 2008, através da análise

de 40 fichas de avaliação corporal das mesmas.

Diante deste contexto, percebe-se a necessidade de uma investigação das reais causas

deste problema estético, verificando assim, se o que consta na literatura condiz com as

características das mulheres estudadas, através da análise dos fatores e características destas

clientes, como as causas desencadeantes e agravantes do quadro como: disfunção hormonal,

uso de anticoncepcional, consumo de açúcar, ingestão de água, características específicas do

FEG, quadro de alteração circulatória, edema, atividade física, índice da massa corpórea

(IMC), função intestinal, consumo de álcool, fumo e estresse.

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REFERENCIAIS TEÓRICOS DA PESQUISA

A literatura descreve o FEG como um processo dinâmico, podendo estar em diversos

estágios. Saggioro (1999) descreve quatro graus de acordo com a gravidade do problema,

sendo que uma mesma pessoa pode ter diferentes graus em áreas diferentes do corpo e se

nenhuma medida for tomada para conter sua evolução tende a piorar.

Para Gomes e Gabriel, (2006, p. 57) “na fase inicial o FEG apresenta-se com

alterações metabólicas e edema intersticial reversível, invisível a olho nu e com ausência de

dor”. Já Rona, Carrera e Berardesca (2006) são mais precisos e descrevem que nesta fase, as

paredes dos vasos tornam-se tão permeáveis que induzem a perda de •uídos para os espaços

entre os adipócitos, a circulação linfática tem dificuldade para remover os fluidos que

acumulam promovendo um edema, as camadas de gordura incham e os adipócitos tornam-se

atrofiados, e segundo Chorilli et al. (2004), essas alterações são determinadas pelo estrógeno.

Na segunda fase conhecida como edematosa, Kede e Sabatovich (2004) classificam

como tendo irregularidades no relevo cutâneo visível pela compressão e contração muscular,

diminuição de temperatura e elasticidade da pele apresentando ainda palidez. Guirro e Guirro

(2002) complementam que os líquidos residuais lançado ao tecido conjuntivo das células

vizinhas desempenham papel de um corpo estranho no organismo que provocam reações de

defesa no tecido, ocasionando o espessamento dos septos interlobulares e proliferação das

fibras colágenas, isso faz com que o tecido adquira uma consistência gelatinosa, cada vez

mais densa, formando assim um processo de floculação e de precipitação de substância

amorfa do tecido conjuntivo.

A terceira fase segundo Kede e Sabatovich (2004, p. 341) “apresenta o aspecto

conhecido como casca de laranja, nódulos frios, dor a palpação, palidez, redução da

temperatura e da elasticidade”. Para Guirro e Guirro (2002) é a fase considerada nodular, há

formação de micronódulos, o tecido adiposo é formado por uma malha muito cerrada e muito

densa que comprimem as artérias, veias e nervos, fato esse que provoca dor no tecido afetado

e que pode ser irreversível.

A quarta e última fase apresenta uma continuidade do processo, ocorre um

espessamento do tecido conjuntivo. Quanto ao tecido adiposo torna-se mais cerrado, endurece

continuamente e com o tempo ocorrem esclerose e formação de macronódulos. Os nódulos

são mais dolorosos, maiores e mais palpáveis, provocando aparência fortemente ondulada na

pele. (KEDE; SABATOVICH, 2004 e GUIRRO E GUIRRO, 2002).

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O FEG é muitas vezes relacionado com a obesidade, porém pode estar presente tanto

nas mulheres com peso normal como naquelas que se apresentam com baixo peso. De acordo

com Kede e Sabatovich (2004), “isso ocorre porque o FEG é uma patologia multifatorial”. O

que é confirmado por Campos, Bontempo e Leonardi (1999, p. 99) quando afirmam que: “em

geral, uma combinação de fatores tais como estresse, má circulação, vida sedentária,

alimentação inadequada e desequilíbrio hormonal, atua como predisponente e condicionante

deste problema estético”. Devido ao fato do FEG ser uma disfunção causada, influenciada e

agravada por múltiplos fatores, não tendo possível cura, este se torna progressivo piorando

com a idade. Ciporkin e Paschoal (1992 apud GRAVENA, 2004) explicam que:

[...] a lipodistrofia ginóide possui uma etiologia multifatorial, porém interligada, onde os fatores atuam em cima de condições genéticas favoráveis, que somados a vários outros fatores endógenos e exógenos, tanto gerais quanto locais, desencadeiam uma reação, em cascata lenta e progressiva que recai sobre a região do tecido dermo-subdérmico.

Neste contexto, Guirro e Guirro (2002) classificam as causas do FEG em três fatores:

fatores predisponentes: causas genéticas, desequilíbrio hormonal, sexo e idade; fatores

determinantes: estresse, fumo, sedentarismo, desequilíbrios glandulares, perturbações

metabólicas, maus hábitos alimentares e disfunção hepática; fatores condicionantes: aumento

da pressão capilar, dificuldade na reabsorção linfática e favorecimento da transudação

linfática nos espaços intersticiais.

Quanto aos fatores predisponentes, Kede e Sabatovich (2004), descrevem que a

predisposição genética determina o número, a disposição e a sensibilidade dos receptores para

hormônios nos adipócitos, assim como a susceptibilidade desta patologia na raça branca,

quase não ocorrendo nas negras e orientais. O que é confirmado por Peña e Hernandez-Perez

(2005) ao apontarem algumas características genéticas para a obesidade e a lipodistrofia

sendo elas: o biótipo constitucional, o aumento da massa adiposa localizada, distribuição do

tecido adiposo, a hiperplasia e hipertrofia dos adipócitos, a resistência à lipólise regional, o

hiperinsulinismo e hiperestrogenismo receptorial, a suscetibilidade de insuficiência

circulatória de retorno e ainda por defeito no sistema linfático.

Kede e Sabatovich (2004) descrevem que os principais hormônios envolvidos no FEG

são: o estrógeno, que aumenta a permeabilidade e diminui o tônus vascular, levando prejuízo

a circulação; a insulina, que é lipogênica; a prolactina, que aumenta a retenção hídrica no

tecido adiposo e as catecolaminas que em altas concentrações e na presença do estrógeno

ativam os alfa-receptores lipogênicos. Rossi e Vergnanini (1999) explicam que as

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catecolaminas podem estimular ou inibir a lipólise dependendo dos receptores ativados (beta

ou alfa). Sendo que em baixas concentrações, os beta-receptores são mais sensíveis do que

receptores alfa, desta forma estimula a lipólise, o contrário ocorre com concentrações

elevadas, onde os receptores alfa são ativados, estimulando assim a lipogênese.

Terranova, Berardesca e Maibach (2006) complementam ao afirmarem que a presença

do estrógeno e receptores deste nas células endoteliais e na musculatura lisa, explicaria a

diferença e maior ocorrência em mulheres do que homens, principalmente em relação a

permeabilidade vascular. Guirro e Guirro (2002) expõem ainda, que as mulheres apresentam

duas vezes mais adipócitos que os homens, e o aumento excessivo do peso devido a uma

alimentação hipercalórica na mulher se “dirige” às regiões chamadas de ginóides, regiões

estas preferenciais no desenvolvimento do FEG, isso aliado à idade, pois, com o passar dos

anos a gordura na mulher tende a se depositar nas zonas dos estrógenos, sobretudo nos braços,

quadris, glúteo e coxas. Peña e Hernandez-Perez (2005) acrescentam a esses fatores a

anatomia do tecido adiposo feminino contribuindo em grande parte no surgimento de FEG

nas mulheres. O que é confirmado por Chorilli et al. (2004) ao se referir que o limite derme-

hipoderme nas mulheres é irregular e os septos de tecido conjuntivo formam vigas verticais.

Desta forma, se houver hipertrofia da hipoderme formará herniações para a derme reticular,

formando o aspecto “casca de laranja”, já nos homens o limite derme-hipoderme é liso e os

septos espessos e oblíquos, pressionando as células para a musculatura subjacente em direção

à derme quando hipertrofiados, não formando assim herniações.

Outros fatores agravantes no FEG são os fatores coadjuvantes endógenos e exógenos,

os quais Peña e Hernandez-Perez (2005) identificam como sendo todos aqueles que de forma

direta ou indireta participam no processo tanto para provocar como para agravar a celulite,

classificando esses fatores em: endógenos aqueles de origem biológica; e exógenos os de

origem ambientais ou agregados como o sedentarismo e o tabagismo, entre outros.

Outro fator determinante do FEG não mencionados ainda é a dieta. Arcangeli (2002)

expressa que uma dieta equilibrada garante um organismo mais harmonioso e livre de toxinas.

Uma importante forma de eliminação de toxinas do corpo é o consumo de água. Kede e

Sabatovich (2004) ainda expõem a importância da alimentação ao afirmar que o excesso de

açúcares e gorduras leva à hiperinsulinemia e a lipogênese; o sal contribui para a retenção

hídrica; a falta de proteína favorece a desestruturação do tecido conjuntivo; o consumo de

álcool estimula a lipogênese e a baixa ingestão de água e fibras dificulta o funcionamento

intestinal, levando a estase venosa. Já o café de acordo com os autores pode ser benéfico, pois

a cafeína é uma xantina. E segundo Martin, Childs e Betourne (1983), as bases xantinas são

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substâncias lipolíticas, ou seja, tem ação contra o acúmulo excessivo de lipídeos. Os autores

descrevem que a cafeína age sinergicamente e potencializa a ação das catecolaminas presentes

no tecido adiposo, estas por sua vez em baixas concentrações, estimulam a lipólise periférica

por ação sobre a lipase adrenalinosensível.

ASPECTOS METODOLÓGICOS

Foi realizado um estudo qualitativo e quantitativo com dados subjetivos, onde foram

analisadas 40 fichas de anamnese de mulheres que apresentavam fibro edema gelóide, em

suas avaliações estéticas corporais, atendidas no período entre setembro de 2006 a março de

2008 (modelo das fichas no ANEXO I). Os critérios de inclusão das fichas de anamnese

analisadas foram clientes do sexo feminino, que apresentavam fibro edema gelóide

independente do grau evolutivo, que continham o maior número das informações como:

idade, ciclo menstrual, graus e classificação do FEG, estresse, consumo de álcool,

regularidade intestinal, consumo de açúcar, ingestão de água, índice de massa corporal (IMC),

alterações circulatórias (presença de edema, sensação de peso nos membros inferiores e

varizes), contraceptivos hormonais, fumo e atividade física. Houve, porém, limitações ao

estudo devido à falta de informações nas fichas e também a ausência de detalhes importantes

da avaliação deste problema estético. Foram, portanto, desconsideradas as fichas de

anamnese onde as clientes não apresentavam fibro edema gelóide, fora do período escolhido

para a análise das fichas, e as que não continham os dados relevantes ao estudo, citados

acima, e também clientes do sexo masculino.

A coleta de dados possibilitou viabilizar o estudo das fichas de anamnese de mulheres

que apresentavam fibro edema gelóide em diversos graus, atendidas no Laboratório de

Cosmetologia e Estética da Univali em Balneário Camboriú, Santa Catarina. A pesquisa

envolveu indiretamente os clientes do laboratório, sendo que as pesquisadoras não tiveram

contato com os clientes apenas com as fichas de anamnese das mesmas. Este estudo

possibilita uma melhor avaliação dos fatores desencadeantes e determinantes do fibro edema

gelóide.

Os dados coletados na pesquisa foram analisados e tabulados com o auxílio dos

programas Microsoft Office Excel e Word. Ao se analisar as informações e ao fazer as

correlações dos fatores envolvidos com o FEG, foi desconsideradas o número de fichas que

não continham as informações comparadas, desta forma ao se fazer a porcentagem de

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mulheres que apresentavam determinadas características, foi utilizado apenas as mulheres

onde nas fichas continham essas informações.

Visando não incorrer nenhum procedimento antiético, esse trabalho foi aprovado pelo

comitê de ética da Universidade do Vale do Itajaí, para a realização da análise das fichas, bem

como da posterior divulgação dos resultados da pesquisa à banca.

RESULTADOS

Observou-se nas fichas selecionadas a média de idade de 35,5 anos com maior

incidência de mulheres de 15 a 45 anos.

Na amostragem, 13 delas (32,5%; média de 26,5) tinham ciclo menstrual regular,

seguido das que não menstruavam e em fase de menopausa (17%; n=7), enquanto duas (5%)

apresentavam irregularidade no ciclo, as restantes (48%, n=18) não apresentavam está

informação. No gráfico 1 estão expostos os graus de FEG diagnosticados nas 40 participantes

do estudo, nas fichas que continham grau misto (com mais de um grau de FEG) foi

considerado o grau mais elevado. Observou-se com maior prevalência o grau III da FEG, uma

média de 28 (40%; n=16), seguidos pelo grau II (35%; n=14).

GRAU DA FEG

20%

35%

40%

5%

Grau IGrau IIGrau IIIGrau IV

FEG TIPO

15%

60%

7,5%

17,5% flácidacompacta

edematosa

não consta

No gráfico 2 está exposta a classificação, quanto aos tipos de FEG das fichas

analisadas com maior prevalência do tipo compacta que apresentou 60% (média de 32; n=24).

Na tabela 1 está exposto à presença de estresse nas mulheres avaliadas, onde 50%

(n=20) tinham este sintoma.

Gráfico 1 – Graus de FEG relatadas nas fichas no período de 2006 a 2008.Fonte: Autoras 2008

Gráfico 2 – Classificação dos tipos de FEG relatados nas fichas analisadas no período de 2006 a 2008.Fonte: Autoras 2008

GRAU DE FEG

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Tabela 1- Refere-se aos sintomas de estresse identificados nas fichas analisadas.

ESTRESSE SIM NÃO NÃO CONSTANúmero e porcentagem n=20 (50%) n=9 (22,5%) n=11 (27,5%)Fonte: autoras 2008

Ao se referir ao álcool 57,5% (n=23) não consumiam bebida alcoólica, seguido do

consumo de álcool moderadamente (32,5%; n=13) e em 10% (n=4) das fichas não continham

a informação. Quanto à função intestinal, a regularidade estava presente na maioria (55%;

n=22), seguido de 40% (n=16) com irregularidade e 5% (n=2) onde não constava esta

informação.

O gráfico 4 mostra o consumo de açúcar, onde se verificou no estudo que a maioria

consumiam muito açúcar (50%; n=20). No gráfico 5, está exposto o consumo de água,

observando-se que a maioria 67,5% (média de 33,5; n=27) das mulheres, consumiam menos

que 2 litros de água por dia.

CONSUMO DE AÇÚCAR

15%

12,5%

50%

22,5% sim

muito

pouco

não consta

CONSUMO DE ÁGUA

25%

67,5%

7,5< de 2 Litros

> de 2 Litros

não consta

Foi efetuado o cálculo do índice da massa corporal, das fichas em que ainda não

continham o IMC calculado, sendo feito da seguinte forma: dividiu-se o peso pela altura ao

quadrado, encontrando se assim o valor do IMC de cada mulher avaliada. Classificando de

acordo com a Organização Mundial da Saúde (1998), constatou-se que a maioria em média

28,5 (42,5%; n=17) tinham peso normal, seguido dos 20% (n=8) com sobrepeso, abaixo do

peso normal contabilizou-se 15% (n=6), obesidade grau um 5% (n=2) e obesidade grau três

2,5% (n=1), nos 15% (n=6) restante não havia está informação.

No gráfico 3 está exposta a presença de edema, onde verificou-se que 72,5% (média

de 37,5; n=29) apresentavam edema, contra 7,5% (n=3) que não apresentavam.

Gráfico 4 – Consumo de açúcar relatado nas fichas analisadas no período de 2006 a 2008.Fonte: Autoras, 2008

Gráfico 5 – Consumo de água nas fichas analisadas no período de 2006 a 2008.Fonte: Autoras, 2008

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PRESENÇA DE EDEMA

72,5%

7,5%

20%

sim

não

não consta

Gráfico 3 – Presença de edema relatada nas fichas analisadas no período de 2006 a 2008.Fonte: autoras 2008

Na tabela 2 está exposto a porcentagem e o número de fichas das mulheres com

alterações circulatórias como sensação de peso nos membros inferiores (MMII), varizes e

varicoses, uso de contraceptivos, fumo e atividade física.

Tabela 2- Refere-se a alterações circulatórias, uso de contracepctivos, fumo e atividade física.

DADOS AVALIADOS SIM NÃO NÃO CONSTASensação de peso nos (MMII)

n=12; (30%) n=9; (22,5%) n=19; (47,5%)

Varizes e varicoses n=24; (60%) n=9; (22,5%) n=7 (17,5%)Uso de contraceptivos n=12 (30%) n=16; (40%) n=12; (30%)Fumo n=1; (2,5%) n=34; (87,5%) n=4(10%)Atividade física n=16; (40 %) n=22; (55%) n=2; (5%)Fonte: Autoras, 2008.

Desta forma pode-se perceber que são vários os fatores determinantes e agravantes da

FEG, e não um fator isolado que leva ao seu aparecimento.

DISCUSSÃO E ANÁLISE

De acordo com a literatura a FEG não tem idade para seu surgimento, porém autores

como Kede e Sabatovich (2004) e Peña e Hernandez-Perez (2005) apontam que seu inicio é

após a puberdade, agrava com a gravidez, ciclos menstruais e com as terapias

anticoncepcionais. Guirro e Guirro (2002) ainda afirmam que “a idade é indicada também

como um dos fatores de predileção para o desenvolvimento e evolução dos estados de

obesidade e celulite”. Quanto à idade constatou-se a média de 35,5 anos, prevalecendo à faixa

etária de 15 a 45 anos (75%; n=30), dados parecidos foram encontrados por Meyer et al.

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(2005) ao desenvolverem um protocolo de avaliação do FEG, segundo a pesquisa destes

autores, a faixa etária com maior prevalência (70%) foi entre 20 a 40 anos. Ao se relacionar a

idade com os graus mais avançados de FEG (Grau III e IV), apresentados na tabela 3,

observou-se a presença de FEG grau III em todas as faixas etárias, inclusive nas mais jovens,

porém, foi mais marcante a partir dos 30 anos, apresentando também grau IV somente nesta

faixa etária. Encontrando-se, portanto, uma correlação positiva entre os estágios mais

avançados e a idade. Quanto ao uso de contraceptivos, das 40 fichas analisadas 30% (n=12)

delas usavam.

Tabela 3 - Correlação entre as 17 mulheres que apresentavam grau III e IV da FEG com a

idade.

Idade 20-30 anos 30-40 anos 40-60 anosGrau III 5 4 6 Grau IV 0 1 1

Fonte: Autoras 2008

Ao se referir à obesidade e o FEG, Cunha et al. (2007) descrevem que aparece após a

puberdade, tanto em mulheres magras, gordas, altas ou baixas. O que pode ser verificado nas

fichas de anamnese avaliadas, onde esses dados foram confirmados. Houve ainda, uma

correlação entre o IMC e os graus de FEG, 42,5% (n=17) apresentavam peso normal, destas

10 mulheres tinham o grau III, (58,8%) de FEG, 17,6% (n=3) apresentavam grau II e 23,5%

(n=4) grau I. Quando relacionadas à obesidade 7,5% (n=3) das 40 das mulheres analisadas se

encaixam neste perfil, sendo que estás apresentavam grau I, II e III respectivamente, portanto

o grau mais grave de FEG encontrados nestas foi o grau III (33,3%; n=1), assim como nas que

tinham peso normal onde também o grau mais grave foi o grau III, porém ao associar as com

abaixo peso e o grau, percebeu-se que 50% (n=3) delas apresentavam os graus III e 16,6%

(n=1) apresentavam respectivamente os graus I, II e IV. Predominando ainda tipo compacta

entre todas as mulheres avaliadas. Desta forma o FEG e seu grau de evolução parece ter

correlação negativa com a obesidade.

Segundo Kede e Sabatovich (2004) o FEG é classificado em quatro tipos: duro,

flácido, edematoso e misto. Encontrou-se neste estudo uma correlação positiva entre o FEG

duro ou compacto com a prática de exercícios físicos, das 24 pacientes com FEG compacto,

16 praticavam atividade física, isso associado à idade que teve maior prevalência na faixa

etária de 15 a 20 anos, contabilizando 41,6% (n=10) destas. Outra correlação positiva foi

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quanto ao tipo flácido e falta de exercícios físicos (Tabela 4), sendo que das mulheres que

apresentavam esse tipo, 60% (n=3) não praticavam atividade física, porém não houve relação

destas com a terceira idade. Para Guirro e Guirro (2002) esta é a forma mais importante em

número e na aparência da pele, no entanto os dados deste estudo confrontam aos dos autores

descritos acima e ao estudo de Meyer et al. (2005) quanto ao número de ocorrência da forma

flácida, Meyer e colaboradores avaliaram 30 mulheres com FEG constatando em 73,34% a

forma flácida, já das 40 fichas analisadas esta forma estava presente em 15% (n=6) do total da

amostragem, tendo maior prevalência para a forma compacta (60%; n=24). Diante deste dado

que foi contraditório aos dos autores mencionados, sugere-se novos estudos para verificar se

realmente a forma compacta estava presente nestas mulheres ou se ocorreu algum erro na

avaliação ou ainda se foram analisadas um numero maior de mulheres com FEG compacta, já

que o critério de inclusão principal não foi o tipo, e sim a presença de FEG.

Tabela 4 - Relação do FEG flácido com idade e prática de atividade física

PACIENTE IDADE ATIVIDADE FÍSICAA 28 NãoB 34 NãoC 46 SimD 25 NãoE 21 Sim

Fonte: Autoras, 2008.

Há comparação significativa dos dados descritos com as afirmações de Kede e

Sabatovich (2004), os quais descrevem que a forma dura apresenta-se mais comumente em

mulheres jovens que praticam atividades físicas, sendo que o aspecto “casca de laranja”

aparece ao se beliscar a pele; na forma flácida acomete pessoas sedentárias ou que perderam

peso rapidamente, é mais freqüente em mulheres da terceira idade, e pode ser a evolução da

forma dura não tratada; a edematosa é a forma mais grave, tendo péssimo prognóstico de

reversão do processo, acomete mulheres jovens que fazem uso de anticoncepcional; e por fim

a mista que representa a evolução das formas do FEG, podendo assim, ter mais de um tipo,

em áreas diferentes do corpo. Encontrou-se ainda, correlação negativa da forma edematosa

com relação a mulheres jovens e o uso de contraceptivos, indicado na Tabela 5, sendo

negativo o uso de contraceptivos em todos os casos do tipo de FEG edematoso, ao se

comparar ao IMC destas, observou-se que das três que apresentavam esta forma de FEG, duas

têm IMC acima do que é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 1998) como

peso ideal ou normal. Essas afirmações têm relação ao descrito por Guirro e Guirro (2002)

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quando afirmam que a forma edematosa pode ser encontrada em qualquer idade e de qualquer

peso.

Tabela 5 - Correlação do tipo de FEG edematosa com idade, contraceptivos e o IMC

PACIENTE IDADE CONTRACEPTIVOS CLASSIFIÇÃO DO IMC

A 47 Não SobrepesoB 27 Não Não constaC 47 Não Obesidade grau 1

Fonte: Autoras 2008

Quanto aos fatores determinantes do FEG, Guirro e Guirro (2002, p. 207) descrevem

que “uma pessoa do sexo feminino, fumante, com maus hábitos alimentares e ainda com

desequilíbrio hormonal, será alvo de fácil acesso para infiltração celulítica”. Kede e

Sabatovich (2004) acrescentam que o tabagismo diminui o fluxo da microcirculação,

favorecendo a lipogênese, além de aumentar a produção de radicais livres diminuindo o

sistema de defesa do organismo, no entanto, o presente estudo não traz relação significativa

entre o tabagismo e o FEG, pois a maioria na média 37,5 (85%; n=34), e apenas 2,5% (n=1)

era fumante e outra ex-fumante.

Ao se referir à dieta, Arcangeli (2002) expressa que uma dieta equilibrada garante um

organismo mais harmonioso e livre de toxinas. Guirro e Guirro (2002) descrevem que maus

hábitos alimentares é uma forma facilitadora e agravadora das infiltrações teciduais. Kede e

Sabatovich (2004) ainda expõem a importância da alimentação ao afirmar que o excesso de

açúcares e gorduras leva à hiperinsulinemia e a lipogênese. Neste contexto, observou-se o

consumo de muito açúcar em 50% (n=20) nas fichas analisadas, e houve correlação com o

consumo deste ao estresse, este por sua vez também estava presente em 50% (n=20) das

fichas, e de acordo com Jacquemay (2000) o estresse afeta o sistema imunológico, a

circulação sanguínea e linfática fica notadamente mais lenta, podendo ser um dos fatores

desencadeantes de edemas nos membros inferiores das mesmas. Ao se relacionar estes dois

fatores constatou-se que das 20 mulheres estressadas 11 delas consumiam muito açúcar (55%;

n=22), esses dados podem ser comparados aos estudos de Meyer et al. (2005) onde os

distúrbios emocionais estavam presentes em 53,33% da sua amostragem, e segundo Rossi e

Vergnanini (2000) perturbações emocionais levam ao aumento de catecolaminas que, em altas

concentrações estimulam a lipogênese, causando um excesso de gordura corporal. E de

acordo com os autores a gordura tem um papel importante na formação do FEG.

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Kede e Sabatovich (2004) apontam ainda que o consumo de álcool também estimula a

lipogênese e a baixa ingestão de água e fibras dificulta o funcionamento intestinal, levando a

estase venosa. Desta forma ao se relacionar o consumo de álcool e IMC, observou-se que

entre as classificadas em sobrepeso, 50% (n=4) delas consumiam álcool moderadamente. O

mesmo foi verificado entre as obesas onde 66,6%, ou seja, de 3 mulheres com obesidade 2

consumiam álcool também moderadamente, já entre as com peso normal (n=17) 29,4% (n=5)

consumiam álcool, quanto as de abaixo peso (n=6) 33% destas (n=2) consumiam álcool

moderadamente, desta forma pode-se constatar correlação positiva entre o consumo de álcool

e o aumento de peso.

Em relação a água, por ser uma importante forma de eliminação de toxinas do corpo, o

que é confirmado por Saggioro (1999, p. 112) ao descrever que “beber mais de dois litros de

água por dia, é importante para manter o bom funcionamento dos rins e eliminar toxinas”. O

achado deste estudo constatou que das 40 mulheres analisadas, uma média de 33,5 (67,5%

n=27) consumiam menos de dois litros de água ao dia. E ainda observou-se que 72,5% (n=29)

apresentavam edema e 40% (n=16) apresentavam irregularidades intestinais. Desta forma,

observou-se a necessidades de se correlacionar a ingestão de água, presença de edema e o

mau funcionamento intestinal encontrou-se uma correlação positiva entre estes fatores, pois

das 29 mulheres que apresentaram edema 73,3% (n=22) bebem menos de dois litros de água

diariamente, e destas 29 mulheres, 46,6% (n=14) tinham irregularidade intestinal, a partir

desta análise pôde-se observar que tais fatores parecem estar intimamente ligados ao

surgimento ou agravamento do FEG. Kede e Sabatovich (2004) completam afirmando que as

disfunções intestinais podem levar a compressão das veias ilíacas e obstrução do fluxo

venoso, isto aliado ao desequilíbrio hormonal pode levar prejuízo a circulação sanguínea.

Saggioro (1999, p.108), confirma ao explicar que “a variação hormonal sofrida pelas

mulheres, principalmente das variações do estrógeno e progesterona implicam na retenção de

água, na congestão sanguínea e na má circulação.” Kede e Sabatovich (2004, p.339) relatam

ainda que:O estrogênio é o hormônio responsável pela disfunção inicial nos adipócitos e sistema neurovegetativo, aumentando a resposta aos receptores alfa-adrenérgeticos, antilipolítico e estimula a lipase lipoprotéica, principal enzima responsável pela lipogênese (...) na microcirculação esse hormônio é responsável pelo aumento da permeabilidade, facilitando o edema e também diminui o tônus vascular, com redução no fluxo sanguíneo.

Os autores ainda relatam, que os distúrbios circulatórios que podem ser causados pela

variação hormonal, como edema, insuficiência venosa e varizes, fornecem condições ótimas

para o inicio ou agravante do FEG. Gravena (2004) comenta ainda que pacientes com FEG

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apresentam sintomas como: fadiga, sensação de peso nas pernas tensão e ate cãibras noturnas,

relação parecida foi encontrada nas 40 mulheres avaliadas, pois dos 52,5% das fichas que

continham a informação sobre sensação de peso nos membros inferiores, 57,3% sofrem de

peso nos membros inferiores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, os resultados obtidos na análise das fichas e a conseqüente

correlação dos dados demonstraram que o FEG é devido a vários fatores que correlacionados

podem agravar o grau de evolução.

Os dados deste estudo mostraram que o FEG não está associado à obesidade, pois

estiveram presentes, principalmente os graus mais avançados em mulheres abaixo peso e peso

normal. Outra informação relevante foi a correlação negativa entre o tabagismo com o FEG,

porém fatores como estresse, má alimentação, baixo consumo de água e a falta de atividade

física estão intimamente relacionados ao surgimento ou agravamento do mesmo.

Sugere-se, porém, que novos estudos sejam realizados com uma amostragem maior e

que os dados e anamnese das mulheres avaliadas sejam feitos pelas pesquisadoras, a fim de

obter mais detalhes e informações pertinentes ao estudo, devido ao FEG ser um problema

estético ou até mesmo de saúde. Também se observou a necessidade de padronização das

fichas de anamnese, onde informações sobre freqüência alimentar e hábitos dos indivíduos

sejam descritos para que não se tenha nenhuma dúvida no processo de avaliação.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO I – Ficha de anamnese utilizada para avaliação estética corporal pelo Laboratório de Cosmetologia e Estética da Univali.

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ANEXO II – Termo de consentimento utilizado pelo Laboratório de Cosmetologia e Estética da Univali