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TRANSCRIPT
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U N IC
M
P
C MIL LIM
DE A NDRADE
C IRURGIÃ D ENTISTA
Aparelhos interoclusais: mecanismos de funcionamento
Monografia apresentada à Faculdade de Odontologia
de Piracicaba. da Universidade Estadual
~
Campinas
como requisito p r obtenção ao Título de Especialista
em Prótese Dentária
PIR CIC B
2010
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U N I C M P
C MIL LIM DE
NDR DE
CIRURGIÃ DENTISTA
Aparelhos interoclusais:
mecanismos de funcionamento
Interocclusal appliance operating mechanisms
Monografia apresentada
à
Faculdade de Odontologia
de Piracicaba
da
Universidade Estadual de Campinas
como requisito para obtenção ao Título
de
Especialista
em Prótese Dentária.
Orientadora: Profa. Dra.
LIGIA
LUZIA
BUARQUE
E
SILVA
PIRACICABA
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SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO
01
2
PROPOSIÇÃO
03
3
REVISÃO DE
LITER TUR
04
3 1 Tipos de Aparelhos
Oclusais
07
parelho de Estabilização
08
parelho de Reposicionamento nterior 10
parelho de Mordida nterior
12
parelho de Mordida Posterior
13
parelho Pivotante
14
parelho Resiliente
u
Macio
15
3 2 Efetividade
dos
Aparelhos
Oclusais
16
4
DISCUSSÃO
21
5 CONCLUSÃO
24
6
REFERÊNCI S
25
viii
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RESUMO
As desordens temporomandibulares DTM) representam um termo coletivo que
abrange uma série de problemas clínicos que envolvem a musculatura mastigatória e/ou
a articulação temporomandibular. A utilização de aparelhos interoclusais tem sido
defendida como um método para diagnóstico e tratamento das desordens têmporo
mandibulares favorecendo
um recondicionamento
da atividade
muscular em indivíduos
com desordens têmporo-mandibulares D1Ms), pois bloqueiam as informações
resultantes
das
relações dentárias maxilo-mandibulares, restabelecem o espaço articular,
e permitem um funcionamento mais adequado das estruturas intra-articulares. O
objetivo do trabalho foi realizar um descrição dos diversos tipos
de
aparelhos oclusais,
enfatizando sua biomecânica de funcionamento no tratamento das desordens
temporomandibulares. Os aparelhos de estabilização de cobertura total planos são
dispositivos que apresentam melhor efetividade clínica
n
redução ou eliminação de
sintomatologia dolorosa dos músculos associados ao sistema estomatognático e sinais e
sintomas de distúrbios relacionados
à
oclusão.
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I INTRODUÇÃO
Atualmente, cada vez mais o cirurgião-dentista
se
defronta com situações em que o
paciente apresenta sinais e sintomas de distúrbios relacionados às articulações
temporomandibulares A TMs) e músculos associados
ao
sistema estomatognático_ Isto decorre,
dentre outros fatores, da vivência
de uma
época marcada pelo nível
de
estresse emocional
acentuado,
um
número cada
vez
maior de indivíduos com idade avançada e, conseqüentemente,
aumento de manifestação de doenças degenerativas.
Nas últimas décadas, um assunto que vem interessando mais os clínicos e pesquisadores
são as desordens temporomandibulares DTMs
),
sendo que o aumento contínuo de artigos e
trabalhos científicos a esse respeito reflete a importância atribuída pela comunidade
odontológica a este assunto em particular.
As desordens temporomandibulares são de origem multifatorial, e de acordo com a
Academia Americana de
Dor
Orofacial- AAOO 1998) sã definidas como
um
termo coletivo
que abrange vários problemas clínicos que envolvem a musculatura da mastigação; a articulação
temporomandibular ATM) e estruturas associadas ou ambas.
Alguns autores propõem que. para pacientes portadores deste tipo de patologia. o
tratamento mais recomendado seria aquele com capacidade para permitir que os componentes
do sistema estomatognático encontrassem voluntariamente condições de harmonia e equilíbrio
funcional Silva, 1993).
Os aparelhos oclusais foram introduzidos na Odontologia há mais de 100 anos por
Karolyi, em 1901, que utilizou
um
aparelho feito de vulcanite para
tratar
piorréia alveolar, na
época julgava-se ser causada por bruxismo Ramfjord Ash, 1994; Ramos, 2002; Carlsson
e
ai. 2006). O conceito de funcionamento e biomecânica dos aparelhos oclusais foi observado
por Posselt nos anos
50
que relatou que seu uso elimina as interferências oclusais
temporariamente e permite a acomodação ideal dos côndilos. Os aparelhos eram recomendados
para distúrbios oclusais e da ATM relacionados com a disfunção oclusal.
A utilização de aparelhos oclusais planos possibilita a localização de interferências
oclusais, reposicionamento mandibular voluntário, contrações musculares bilaterais
homogêneas, e como conseqüência descompressão das estruturas intra-articulares Silva.
1993).
Desta maneira, é possível obter a remissão dos sinais e sintomas permitindo o funcionamento
harmônico
das
estruturas
do
sistema estomatognático.
Os aparelhos interoclusais funcionam como dispositivos para estabelecimento da
harmonia neuromuscular no sistema mastigatório, minimizando as forças parafuncionais
Dylina. 2001
).
Podem ser indicados em várias situações, como para promover maior
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estabilidade dos componentes articulares. Além disso, estabelecem uma oclusão funcional
ótima, reorganizando a atividade neuromuscular reflexa, reduzindo assim a atividade muscular
anormal, enquanto propicia uma função muscular mais equilibrada.
Aparelhos oclusais
são
usados na proteção dos dentes e das estruturas de suporte contra
forças anormais produzidas por hábitos parafuncionais, que podem levar a perdas ósseas e
desgastes
dos
dentes Okeson, 2000).
A terapia por aparelhos oclusais tem muitas aplicações favoráveis, tomando-se
extremamente úteis para o manejo de muitas desordens temporomandibulares. Devido suas
causas e os inter-relacionamentos ser quase sempre complexos, a terapia inicial deve geralmente
ser reversível, e não invasiva. Os aparelhos oclusais podem oferecer essas condições enquanto
melhoram temporariamente o relacionamento funcional
do
sistema mastigatório.
Um grande número de estudos sobre aparelho oclusal tem mostrado sua eficácia
no
diagnóstico e tratamento das desordens temporomandibulares. Existe uma variedade de
aparelhos oclusais usados para tratamento das diversas desordens temporomandibulares. Cada
aparelho
é
direcionado a agir num específico fator etiológico, por isso para a seleção
do
aparelho apropriado
para um
paciente, deve-se primeiro identificar o fator etiológico
desencadeante que causa a desordem Okeson, 2000).
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2. PROPOS ÇÃO
O objetivo deste trabalho é fazer através de uma revisão sistemática de literatura a
descrição dos diversos tipos de aparelhos oclusais enfatizando sua biomecânica de
funcionamento no tratamento das desordens temporomandibulares.
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3. REVISÃO DE LITERATURA
Aparelho oclusal
é
um dispositivo intrabucal, removível, confeccionado geralmente em
resina acrilica incolor, térmica ou quimicamente ativado, recobrindo as superficies incisais e
oclusais dos dentes, que elimina a propriocepção dentária provenientes dos ligamentos
periodontais, e conseqüentemente, um relacionamento maxilomandibular côndilo-disco) mais
favorável. Sua denominação pode variar, na literatura encontramos como placa oclusal, placa
estabilizadora, placa de mordida, placa noturna, placa e bruxismo, aparelho interoclusal, splint
oclusal, placa de Michigan, placa de Shore e placa miorelaxante Miranda Teixeira, 2007).
O aparelho oclusal plano é atualmente um dos métodos de escolha para tratamento não
invasivo e reversível no sentido de se tentar obter uma melhora dos sinais e sintomas dos
pacientes portadores de desordens e verificar respostas musculares e articulares
às
alterações no
posicionamento horizontal e vertical da manchbula, antecipadamente a estabilização permanente
da oclusão com ajuste oclusal, prótese ou ortodontia Clarck, 1984; Landulpho
et al.
2002).
e acordo com Clark 1984), as placas oclusais possuem a finalidade de estabilizar e
melhorar a fimção das articulações temporomandibulares ATM), melhorar a função do sistema
motor mastígatório. reduzir a atividade muscular anormal e proteger os dentes
do
atrito e de
cargas traumáticas adversas. Além disso, podem ser utilizadas para promover uma posição
articular mais estável e funcional e uma condição oclusal ideal, que reorganiza a atividade
neuromuscular Okeson, 1992).
Os músculos da mastigação são freqüentemente afetados por disfunções
temporomandibulares DTM), definidas como um conjunto de distúrbios que abrangem várias
alterações que surgem na musculatura da mastigação, articulação temporomandibular ATM) e
estruturas associadas. As DTM apresentam uma etiologia multifatorial e seus sinais e sintomas
mais freqüentes são: dores orofaciais e de cabeça; ruídos na ATM e limitação dos movimentos
da mandíbula Souza et a/. 2007).
Como dispositivo diagnóstico, o aparelho pode ajudar a estabelecer uma relação
maxilomandibular confortável e relaxada, sendo um método reversível
para
testar as respostas
musculares e articulares às alterações tanto no posicionamento vertical, quanto horizontal da
mandíbula, previamente
à
estabilização permanente da oclusão, por meio do ajuste oclusal,
reabilitação protética ou tratamento ortodôntico. Um exemplo da atuação
do
aparelho como
dispositivo diagnóstico pode ser considerado quando os sintomas aparecem e desaparecem
concomitantemente
à
retirada do seu uso. Isto pode ser evidência de que a sintomatologia,
provavelmente tem como fator etiológico, desannonia oclusal Dawson, 1995).
4
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A razão da eficiência na redução de sintomas não está totalmente esclarecida, mas
várias teorias foram propostas para tentar explicar seu mecanismo de ação. Na literatura
encontramos cinco teorias que explicam o mecanismo de ação dos aparelhos interocluasis:
1 Teoria do desengajamento oc/usal
É
baseada no conceito de que um esquema oclusal livre de interferências possa reduzir
ou eliminar toda a atividade muscular anormal causada pelas interferências oclusais (Ramfjord
Ash, 1983). A eliminação de desarmonias oclusais poderia reduzir o feedback sensorial dos
receptores periodontais auxiliando no relaxamento muscular (Barker, 2004; Dylina, 2001;
Hiyama
et
ai. 2003; Lau; 2004; Okeson, 2000;).
2
Teoria da dimensão vertical
Baseia-se no conceito de que um aparelho oclusal restaura a dimensão vertical
previamente perdida, e todas as atividades anormais dós músculos são eliminadas ou reduzidas
(CLARK, 1984).
O grau de aumento da dimensão vertical afeta o grau de diminuição da
atividade eletromiográfica (Carlsson el al 2006).
3 Teoria do realinhamento maxi/omandibular
Alterando-se a relação de máxima intercuspidação habitual (posição mandibular
relativamente anormal e não-adaptada com o maxilar), para uma posição que respeite as
condições anatômicas do complexo côndilo-disco..eminência e demais tecidos moles (relação
cêntrica - RC, por exemplo) por meio do aparelho, os vários sintomas de disfunção
musculoesquelética melhoram ou desaparecem. A interposição de
um
aparelho ociosa
interrompe a informação proprioceptiva dos mecanoceptores localizados
no
ligamento
periodontal, permitindo aos músculos retomarem unia atividade balanceada (Landulpho
et
ai.
2004).
4
Teoria do reposicionamenlo da articulação lemporomandibular
Esta teoria
é
baseada no conceito de que se houver a melhora na posição do eóndilo na
fossa, a função da TM e do sistema neuromuscular, também melhoram.
5
Teoria da consciência cognitiva
Ter um aparelho interoclusal constantemente na boca lembra o paciente de alterar seu
comportamento "anormal", de modo que a atividade muscular prejudicial ou anonnal com cada
fechamento dos dentes fica diminuída (Clark, 1984).
5
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Okeson (2000) descreveu algumas características comuns a todos os aparelhos oclusais, as
quais podem ser responsáveis pela diminuição tanto da atividade muscular, como também, dos
sintomas. São elas:
1
Alteração da oclusão local: todos os aparelhos oclusais alteram temporariamente a
condição oclusal existente. Uma mudança direcionada para uma condição mais estável,
geralmente balanceia a atividade muscular e elimina a sintomatologia;
2. Alteração da posicão condilar: a maioria dos aparelhos altera a posição condilar para
uma posição múscui
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Ainda em relação às funções das placas, Dylina 200 1) afirma que as mesmas possuem
seis funções:
1 Relaxar a musculatura;
2
Permitir o assentamento
do
côndilo
na
posição de Relação Cêntrica;
3.
Prover informação diagnóstica;
4. Proteger dentes e estruturas adjacentes
do
bruxismo;
5
Auxiliar a propriocepção do ligamento periodontal;
6. Reduzir o nível de hipóxia celular.
Embora muitas teorias venham avançando para explorar os efeitos terapêuticos dos
aparelhos interoclusais, nenhuma predomina Clark, 1984).
Paiva e Mazzetto 2008) explicam que as placas oclusais eliminam temporariamente a
informação nociceptiva da região oral, periodontal, articular, capsular e ligamentar, permitindo
que se
rompa total ou parcialmente a engrama reflexo condicionado) existente nos contatos
dentais e nos movimentos de abertura e fechamento mandibular, que podem estar alterados pela
maloclusão existente, interferências ou prematuridades oclusais.
3.1.
Tipos
de
Aparelhos Oclusais
V árias tipos de aparelhos têm sido recomendados para o tratamento da DTM. Estes
variam quanto ao material, desenho e relacionamento intermaxilar que determinam. Quanto ao
material, podem ser rígidos ou resilientes. Os primeiros sã geralmente confeccionados em
resina acrílica, porém existem também os metálicos. Dentre
os
materiais resilientes, destaca-se o
silicone. Em relação
ao
desenho, podem diferir em muitos aspectos como espessura, extensão da
cobertura oclusal e configuração horizontal.
Segundo Miranda e Teixeira 2005), os aparelhos oclusais podem ser agrupados de
acordo com o tipo de ação, o material, o método de confecção, a cobertura oclusal e a
localização. De acordo com o tipo de ação, os aparelhos classificam·se em reposicionadores e
estabilizadores. Em relação ao tipo de material, encontram-se aparelhos de acrílico auto
polimerizável, acrílico termo-polimerizável, acnlicos resilientes e siliconeslpolivinil. Quanto ao
método de confecção, destacam-se a técnica direta
na
boca, a partir de uma placa de acetato),
as técnicas indiretas encerada e prensada em laboratório) e pré-fabricadas. Baseado na
cobertura oclusal, os aparelhos podem ser de cobertura parcial com contatos apenas nos dentes
anteriores Jig, Front-platteau), de cobertura parcial com contatos apenas nos dentes posteriores
placa de Gelb) e de cobertura total envolvendo todos os dentes do arco.
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Okeson (2000) classificou-os em: aparelhos de estabilização, de reposicionamento
anterior, de mordida anterior ( front-plateau ), de mordida posterior, pivotante e resiliente. Os
dois primeiros são os mais importantes e comumente usados no tratamento das DTM. O
aparelho de estabilização é usualmente chamado
de
placa de relaxamento muscular, devido
ao
fato de seu uso ser primariamente para reduzir dor muscular. O objetivo do aparelho de
reposicionamento anteriQr
ou
reposicionamento ortopédico
é
mudar a posição mandibular em
relação ao crânio e promover um melhor e imediato relacionamento
côndilo-disco na fossa
articular, de forma que os tecidos tenham uma capacidade maior de adaptação e reparo (Okeson,
2000).
parelho de Estabilização
É
utilizado mais freqüentemente do que qualquer outro tipo. Os aparelhos
estabilizadores são também conhecidos como placas com total recobrimento, placas lisas e
placas de mordida oclusal (Carlsson et al 2006). Quando a placa está em posição, os côndilos
se acham em sua posição musculoesquelética mais estável, ao mesmo tempo em que os dentes
estão contactando bilateral e simultaneamente. O objetivo do tratamento com aparelho de
estabilização é eliminar qualquer instabilidade ortopédica entre a posição oclusal e a posição da
articulação, excluindo, portanto essa instabilidade como fator etiológico da TM (Okeson,
2000). O efeito terapêutico deste aparelho não depende de sua instalação na maxila ou na
mandíbula; ao contrário, ele deve ser colocado no arco que resultará num maior ganho de
estabilidade oclusal, porém em geral, é construído para o maxilar em razões de maior conforto
para o paciente.
O tratamento mais comum e largamente empregado para a DTM
é
o aparelho de
estabilização, que protege os dentes em pacientes com bruxismo, proporciona a melhora da
musculatura e função das ATMs e alivia dores referidas. Também atua no tratamento etiológico
evitando indesejáveis contatos e interferências oclusais (Tanaka
et
ai. 2004).
O aparelho de estabilização é indicado
para
desordens musculares tais como contratura,
espasmos e miosites. Pode ser indicada também para pacientes com sinais e sintomas advindos
de trauma oclusal (artrite traumática), desordens inflamatórias (capsulites, sinovites), atividades
parafuncionais como bruxismo e apertamento. Indivíduos cuja atividade profissional induza a
estresse emocional podem se beneficiar com o uso dessa placa (Okeson, 2000).
Segundo alguns autores como Ramfjord Ash (1995) e Clark (1984), os aparelhos
oclusais podem trazer resultados positivos no tratamento de bruxismo, disfunções musculares e
articulares, trauma de oclusão, dores de cabeça de origem muscular, dores miofasciais e
algumas fonnas de artrites, principalmente artrite traumática. Ainda segundo esses autores,
pacientes com bruxismo possuem um elevado grau de hiperatividade muscular, e uma das
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formas de tratamento para essa desordem, quando o fator
et
iológico for oclusal,
é
a colocação
do aparelho oclusal seguida de ajuste oclusal no sentido de harmonizar os componentes
articular, neuromuscular e dental. Para se fazer o ajuste oc
lu
sal
é
necessário promover
um
relaxamento neuromuscular e obter a relação cêntrica fisiológica, o que se consegue após o uso
do aparelho e
um
adequado tratamento de suporte (Miranda,
98
5).
Os ..aparelhos miorrelaxantes lisos são também usados no diagnóstico diferencial de
desordens temporomandibulares, como férulas permanentes com o objetivo de estabilizar os
dentes após o tratamento ortodôntico, e após tratamento de periodontite avançada com grande
mobilidade dental (Miranda, 1985). Outros autores como Me Nei l l ai (1980) confirmam o uso
dos aparelhos oclusais lisos ou estabilizadores na redução da hiperatividade muscular. Essa
hiperatividade pode ser causada por estresse emocional, dor de dente e de outras estruturas
bucais, dores de cabeça ou por interferências e contatos prematuros dos dentes.
O aparelho oc
lu
sal é eficiente porque elimina
os
mecanismos proprioceptivos
perturbadores do sistema neuromuscular (SNC) que são proporcionados pelas interferências
oclusais (Ramfjord Ash, 1985). A associação de eliminação das interferências e redução da
sintomatologia muscular e articular leva a mandíbula a procurar uma posição fisiológica (RC),
com equilíbrio adequado entre músculos e articulação (ATMs). O alcance dessa posição
fisiológica pela mandíbula pode ser um processo lento, durante o qual são necessários vários
ajustes da placa em um período que pode variar de 2 a 4 meses ou até mais, antes que sejam
atingidas as relações intermaxilares desejadas (Miranda, I985).
Segundo Clark ( 1984), o aparelho comumente usado para impedir a oclusão dos dentes
é um
aparelho estabilizador de cobertura total de
c
rílico rígido (Figura I e Figura 2), ajustado
para se obter contatos múltiplos, simultâneos e estáveis com os dentes antagonistas e com uma
guia nos dentes anteriores que permite a desoclusão dos dentes posteriores nos movimentos
excursivos (aparelho de Michigan - Figura 3). Esse aparelho deve ser ajustado semanalmente
para acompanhar o reposicionamento da mandíbula em relação cêntrica, o que é conseguido
após o relaxamento dos músculos mastigatórios e a estabilização das ATMs.
Figurd I: Antes da instalação do aparelho de estabilização Figura 2: Aparelho de estabilização instalado
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Figura
3: parelho
de Michigan com
guia em caninos
Outra indicação para esse tipo
de
aparelho é o tratamento
de
pacientes com
deslocamento anterior do disco sem redução, cujos sinais e sintomas perduram por longos
períodos (mais
de
6 meses) e cujo disco não pode ser reduzido por outras técnicas. Esses
pacientes são freqüentemente tratados independentemente do disco , por meio
de
redução de
cargas na articulação, com a utilização
de
um aparelho oclusal plano, que promove a redução
da
dor, remodelação articular; e pela formação
de
um pseudodisco na região retrodiscal.
Estes aparelhos podem ser indicados, ainda, para estabilização pós-cirúrgica,
protegendo a ATM de cargas excessivas ou
da
compressão durante o período
de
reparação.
Além disso, auxiliam na acomodação da articulação frente
à
formação de edema pós-cirúrgico.
ara sua
correta
utilização, o paciente deve ser orientado
quanto à
sua
limpeza
e
também instruído
para que realize constante
men
te ajustes objetivando manter os
contatos oclusais
sempre
ideais.
parelho de Reposicionamento nterior
O aparelho
de
posicionamento anterior é uma placa interoc
lu
sal que possui rampa guia
utilizada para propiciar à mandíbula assumir uma posição mais anterior do que a posição de
intercuspidação (Figura 4). Seu objetivo é promover um relacionamento côndilo-disco melhor
na fossa de tal forma que os tecidos tenham uma oportunidade maior
de
adaptação e reparo. O
aparelho deve eliminar os sinais e sintomas associados com o desarranjo do disco articular. O
objetivo do tratamento não
é
alterar a posição mandibular permanentemente, mas sim mudar
essa posição temporariamente para permitir uma adaptação dos tecidos retrodiscais.
De
acordo
com Okeson (2000), uma vez que esta adaptação tenha ocorrido, o aparelho é eliminado,
permitindo que o côndi lo assuma sua posição musculoesquelética estável e funcione sem dor
10
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nos tecidos fibrosos adaptativos.
É
usado principalmente para tratar as desordens de desarranjo
no disco articular, especialmente o deslocamento de disco com redução como pacientes com
sons articulares, travamento crônico ou intermitente da articulação e algumas desordens
inflamatórias como retrodi
sc
ites, quando um li
ge
iro posicionamento anterior dos cônd
il
os
é
mais confortável para o paciente.
Figura
4:
Aparelho oclusal superior de reposicionamcnto anterior,
em
que se observa a mandfbula iniciando o movimento
de
fechamento tentando alcançar a posição de máxima intercuspidação habitual.
Esse tipo de aparelho (Figura 5 e
6
posiciona o côndilo numa posição
ma1s
anteriorizada recapturando o disco des locado, promovendo, ass
im
, me lh
or
alinhamento do
côndilo em relação ao disco (Miranda e Teixeira, 2007). Deve ser uti lizado por 24 horas
(inclusive durante a a limentação) durante 3 meses (Gray Davies, 200 I). Após este período, se
os sintomas forem reduzidos significantemente, o apare lho reposicionador deverá ser convertido
em um aparelho de estabilização, removendo-se as rampas guias. Contudo, sua maior
complicação está relacionada ao fato de eventualmente provocar alteração permanente da
oclusão.
Figura
5: Desenho esquemático
da
vista sagital
de
uma Placa
de
Reposicionamento Anterior
no
inicio do fechamento
mandibular,
com
conlato
inctsal na ran1pa
da
placa
sem contato posterior.
11
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Figura
6 esenho esquemático
da
vista sagital
de
uma Placa
de
Reposicionarnento Anterior no final
do fechamento
mandibular,
com
contatos
anteriores c posteriores, após o
reposicionamento
anterior
da mandibular
.
parelho de Mordida nterior
O aparelho de mordida anterior - Front-plateau Figura 7)
é
um aparelho de acrílico
duro usado no maxilar superior que tem contato somente com
os
dentes anteriores inferiores.
Sua função principal
é
desocluir os dentes posteriores e assim eliminar sua influência na função
do sistema mastigatório e também é utilizado para promover relaxamento muscular e
estabelecer uma nova dimensão vertical Ciarck, 1984). Segundo Okeson 2000), o aparelho de
mordida anterior tem sido sugerido para o tratamento das desordens musculares relacionadas à
instabilidade ortopédica ou uma mudança repentina na condição oclusaJ. A atividade
parafuncional também pode ser tratada
com
este
tipo de
aparelho, mas somente por um curto
período. Tem sido sugerido para o tratamento das desordens musculares, especialmente mio
espasmo
orig
inado da condição oclusal
do
paciente Okeson, 1992).
Para Molina 1995) o aparelho de mordida anterior elimina temporariamente a
informação nociceptiva a partir da região oral, periodontal e articular. Assim, esse dispositivo
oclusal pode reposicionar o côndilo, eliminar o contato dos dentes posteriores e como
conseqüência eliminar o deslize cêntrico, os contatos prematuros e
as
interferências oclusais.
Esses aparelhos apresentam vantagens como facilidade de fabricação e procedimentos
de ajuste e adaptação e desvantagens como movimento dental descontrolado Ramfjord Ash,
1983; Clark, 1984), podendo haver extrusão, gerando uma mordida aberta anterior Okeson,
1992).
Algumas compl icações podem surgir quando uma placa de mordida anterior ou
qualquer outro aparelho são usados cobrindo apenas uma parte do arco. Os dentes posteriores
sem contato têm o potencial de extruirem. Se o aparelho
é
usado continuamente por várias
semanas ou meses, é quase certo que esses dentes extruirão. Quando da ooorrência dessa
situação, o aparelho é removido, os dentes anteriores não mais terão contato, e uma mordida
aberta será o resultado. A terapia com este tipo de aparelho deve ser cuidadosamente observada
e usada apenas num curto período de tempo. O mesmo efeito pode ser conseguido com uma
placa de cobertura total, sendo esta a melhor
escolha
Quando um aparelho de cobertura total
é
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feito e ajustado, a extrusão não ocorrerá, não importando o tempo de uso do aparelho Okeson,
2000).
Para Alencar Junior 2004) o aparelho de mordida anterior é empregado em casos
emergenciais em consultórios e clínicas odontológicas e deve
ser
associado
à
terapia
fisioterápica com calor úmido e massagens; orientações sobre a restrição dos movimentos
mandibulares e uma dieta macia, e ainda a conscientização do paciente quanto aos hábitos
parafuncionais e estresse. Os autores relataram que em casos severos poderia prescrever
antintlamatórios e relaxantes musculare
s
O aparelho de mordida anterior é eficiente no diagnóstico das desordens
temporomandibulares, visto que elimina
os
contatos prematuros e/ou interferências oclusais que
poderiam conduzir dor muscular e um posicionamento cond
il r
inadequado na fossa
mandibular.
Segundo Bataglion 1993) as vantagens
da
utilização desse aparelho seriam a facilidade
e a rapidez na confecção, a instalação imediata, a auto-retentividade, o baixo custo e a eficiência
na
obtenção dos resultados. Martinez & Santos 2000) além das vantagens verificadas
anterionnente, ainda relataram que é uma terapia reversível, pode ser empregada em pacientes
com trismo e também auxilia no diagnóstico da patologia intracapsular, visto que o uso desse
dispositivo causa aumento da intensidade dolorosa.
Figura : Aparelho de
Mordida Anterior ( Front plattcau'')
parelho de Mordida Posterior
O aparelho de mordida posterior é no
nn
almente confeccionado para
os
dentes inferiores
e consiste de duas áreas de acrílico duro loca
li
zadas sobre os dentes posteriores e conectadas por
13
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uma barra lingual metálica Figuras 8 e aparelho de Gelb). s objetivos do tratamento são
proporcionar alterações maiores na dimensão vertical e posicionamento mandibular.
Segundo Okeson 2000), o aparelho de mordida posterior tem sido indicado em caso de
perda severa de dimensão vertical ou quando há oecessidade de maiores mudanças na posição
anterior da mandíbula. O uso deste aparelho pode ser indicado para certas desordens no disco
articular. Como no aparelho de mordida anterior, a maior preocupação em torno desse aparelho
é que ele tem contato apenas com os dentes posteriores e dessa forma tem o potencial de
permitir a extrusão dos dentes sem contato ou até a intrusão dos dentes em contato. O uso
constante e longo deve ser evitado. Na maioria dos casos, quando as desordens de desarranjo no
disco são tratadas, todo o arco deve ser incluído, como no aparelho de posicionamento anterior.
F gura 8:
Aparelho de Gelb
F gura 9: Aparelho de
Mord da
Posterior Instalado
parelho Pivotante
O aparelho pivotante é feito de acrílico duro, cobrindo um dos arcos e normalmente
apresenta
um único contato posterior em cada quadrante, sendo este estabelecido o mais
posterior possível. Quando uma força superior é aplicada sobre o queixo, a tendência é
aproximar os dentes anteriores e pivotar
os
côndilos para baixo em torno de um ponto pivotante
posterior. Foi originalmente desenvolvido com a idéia de diminuir a pressão intra-articular e
assim aliviar a carga nas superfícies articulares da ATM Okeson, 2000). Tem sido indicado
para o tratamento de sintomas relacionados com doença articular degenerativa
da
ATM. Se este
aparelho for indicado, não deverá ser utilizado por mais de uma semana, pois provavelmente irá
intruir o dente utilizado corno
p vot
Okeson, 1992).
O único aparelho que pode rotineiramente fazer distração abaixar) do côndilo de sua
fossa é um aparelho pivotante unilateral. Quando um pivot unilateral é colocado na região de
segundo molar, o fechamento da mandíbula nesse pivot sobrecarrega a articulação contralateral
e ligeiramente promove o abaixamento do côndilo ipsilateral, aumentando com isso, o espaço
discai. A biomecânica por trás desse aparelho pode levar condição do tratamento para um
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Figura
tO
· Acrlhco resiliente
Figura li : Poltvmil
L1tc
Splin
t® RIS
, EUA)
Os aparelhos pré-fabricadas (Figura 11) têm uma indicação limitada a pacientes em
tratamento ortodôntico e nas emergências. Portanto, sempre que possível,
os
apare
lh
os oclusais
convencionais, encerados e prensados com acrílico te
nn
opo limerizável devem ter a preferência
como forma de tratamento nas desordens temporomandibulares por serem mais eficazes que os
aparelhos resilientes e pré-fabricados (Miranda, 1985).
3.2.Efetividade dos Aparelhos Oclusais
Vários estudos clínicos demonstraram a efetividade dos aparelhos oclusajs no
tratamento de DTM, sendo que a maioria desses utilizou o apare
lh
o de estabilização maxilar de
arco total para tal fim.
Um argumento aceito por todas as teorias que tentam explicar a efetividade dos
apare
lh
os
é
que uma oclusão defeituosa é interrompida pelo apare
lh
o oclusal. Se a oclusão
defeituosa é o fator etiológico predominante, um aparelho oclusal convencional deveria ser mais
efetivo que um aparelho sem cobertura oclusal no alívio dos sinais e sintomas de DTM.
Em
1972, Greene e Laskin, avaliaram três tipos de aparelhos interoclusais com
diferentes arquiteturas para tratamento da dor-disfunção
mi
ofasci
aJ.
O primeiro aparelho era do
tipo não obstrutivo da oclusão, ou seja, desempenhava
um
efe
it
o placebo; o aparelho dois
possuía uma plataforma anterior e o terceiro apare
lh
o era de cobertu
J a
total, recobrindo todos os
dentes. Dentre os
71
pacientes avaliados, 87 reportaram melhora da condição si
nt
omatológica,
sendo que o aparelho de cobertura total teve maior efetividade sobre o aparelho com plataforma
anterior,
já
que sua superi
or
idade clínica é verificada por uma posição
e
repouso mais estável,
melhorada pelo
co
ntato posterior bilateral. 40
do
s pacientes mostraram remissão ou notável
me
lh
ora dos sintomas com o uso do aparelho não o bstrutivo.
A terapia por apare
lh
os oclusais na disfunção temporomandibu lar é capaz de reduzir os
sintomas e fazer com que os músculos tomem-se coordenados, contudo, apenas o uso de
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aparelhos oclusais no tratamento dos músculos não é suficiente para manter a coordenação
muscular (Beard Clayton, 1980).
Dahlstrom Haraldson ( 1985) mostraram num estudo comparativo os efeitos clínicos e
subjetivos
d
terapia com aparelhos estabilizadores e com planos de mordida anterior ( front
plateau ), nas desordens temporomandibulares. Compararam também os efeitos
eletromi_ográficos nos músculos masseter e temporal depois
do
uso dos diferentes aparelhos.
Concluíram que ambos os aparelhos foram capazes de reduzir os sinais e sintomas da disfunção,
porém os aparelhos de cobertura total foram bem mais eficazes.
Millares
t ai
(1988) realizaram um estudo comparando aparelho de mordida anterior,
aparelho de cobertura total com guia canino e aparelho de mordida posterior para avaliar qual
promoveria maior relaxamento muscular. Os autores concluíram que o aparelho de mordida
anterior
foi
o mais eficiente.
O efeito terapêutico dos aparelhos oclusais estabilizadores foi avaliado por Oliveira
(1993), através de traçados mandibulares de 1 pacientes que fizeram uso de aparelhos
estabilizadores por um período de 24 horas por dia, durante 2 meses, utilizando eletrognatógrafo
computadorizado. Observou-se aumento significativo na excursão mandibular após a terapia,
além de aumento do espaço funcional livre e regularização dos traçados eletrognatográficos,
resultando em rápido alívio das dores musculares e articulares.
Silva (1993) relatou que o aparelho oclusal é útil para devolver uma posição muscular e
articular mais estável, por bloquear os mecanismos proprioceptivos de uma oclusão anormal,
que podem alterar a função neuromuscular, alterando a posição, o comprimento e tonicidade da
musculatura.
Molina ( 1995) realizou estudo eletromiográfico, após a instalação de aparelho de
mordida anterior e verificou uma redução de 70 a 90% dos sintomas de desordens
temporomandibulares. Essa diminuição da atividade muscular ocorreu principalmente nos
músculos masséter e temporal.
Em um estudo retrospectivo, Kurita
t ai (
1997) avaliaram o efeito
d
terapia por
aparelho de cobertura completa
para
sintomas c sinais específicos das DTMs. Foram avaliados
232 pacientes portadores de dor crônica nos movimentos, ruídos na articulação e dificuldades
em abrir a boca. Todos tratados somente com o aparelho estabilizador. A taxa total de remissão
foi
de 41%, com 43% de remissão parcial. Os autores concluíram que o aparelho é um
dispositivo útil no tratamento das DTMs.
AJ-Quran Lyons (1999) realizaram um estudo eletromiográfico comparativo entre
aparelhos rígidos e macios quanto à atividade dos músculos masséter e temporal anterior e
verificar-am que os parâmetros bioelétricos reduziram significativamente com a utilização de
dispositivos rígidos, especialmente para o músculo temporaL Houve aumento de atividade com
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a utilização de aparelhos resilientes quando comparados ao grupo sem aparelho. Esse estudo
exempli:fica de maneira clara o mecanismo
de
atuação dos aparelhos resilientes, que realmente
protegem os dentes e suas estruturas de suporte das parafunções, todavia às custas de uma maior
atividade dos músculos elevadores
da
mandíbula. o
que
não
é
desejável nos casos de pacientes
comDTM
Kurita Kurashina 2000) e n f t i ~ r m que embora existam relatos na literatura a
respeito da alta
taxa
de sucesso clinico
da
terapia com aparelho de estabilização na redução dos
sintomas de dor e distúrbios funcionais
d
mandíbula Carraro Caffesse, 1978; Clark, 1984),
pouco se sabe sobre como os aparelhos oclusais podem produzir o seu efeito de tratamento.
Então, esses autores propuseram um estudo que avaliasse o efeito da terapia oom aparelho
oclusal de cobertura total maxilar sobre a força oclusal em pacientes com desordens dos
músculos mastigatórios. Seis pacientes do sexo feminino com média de idade entre 17 a 75 anos
e com desordens musculares foram examinadas e um aparelho maxilar com cobertura total de
acrílico rígido fui utilizado e ajustado em cada visita para manter um relacionamento de contato
estável com os dentes antagonistas e os pacientes foram instruídos a usá-lo o tempo todo, exceto
para as refeições, falar ou escovar os dentes. Antes, duas semanas depois, e quatro semanas após
a inserção
do
aparelho de estabilização, a força oclusal foi examinada através do Dental
Prescale ® e Fuji Film processador de oclusão dentária. Os autores observaram uma diferença
significativa na
força oclusal integrada entre 2 e 4 semanas após a utilização e sugeriram que o
uso do aparelho de estabHização tem o efeito de reduzir a hiperatividade e a assimetria na
atividade dos múscülos elevadores
d
mandíbula e, conseqüentemente, traz um quadro estável e
fisiologicamente com ótimas forças oclusais para os músculos.
Landulpho
et a/
2002), através de eletromiografia computadorizada EMG) realizaram
um estudo
em
pacientes com DTM, para avaliar
os
efeitos dos aparelhos interoclusais plano
com guia em canino e em grupo como terapia para a patologia. Os autores constataram que os
aparelhos in_teroclusais planos eram eficientes na redução
da
sintomatologia dolorosa e na
atividade dos músculos masseter e temporal anterior.
Em 2004, Landulpho e/ a/ avaliaram a efetividade da terapia por aparelhos interoclusais
planos em pacientes com sinais e sintomas de DTM, por meio de avaliações eletromiográficas
computadorizadas durante o repouso mandibular. Foram examinados e tratados 22 pacientes de
ambos os sexos. As avaliações eletromiográficas foram realizadas antes do tratamento, e após
90, 120 e 150 dias de uti1ização dos aparelhos interoclusais planos, sendo que os mesmos
receberam modificações nos dias 90 guia canino) e 120 guia em grupo) respectivamente. Os
resultados mostraram que a guia em
grupo
causou uma menor atividade EMG durante a posição
de repouso mandibular, para os músculos temporais anteriores.
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submetidos
à
terapia por meiO de aparelhos interoclusais planos. As avaliações
eletromiográficas do músculo masseter e temporal feixe anterior foram realizadas antes do
tratamento e após 90, 120 e 150 dias de utilização dos aparelhos interoclusais planos, sendo que
estes receberam modificações nos dias 90 guia em canino) e 120 guia
em
grupo)
respectivamente. Após análise
dos resultados
o autor
observou
que a
atividade
eletromiográfica
dos músculos avaliados tendeu ao equilíbrio bilateral no decorrer do tratamento.
Em 2009, Demling
t
a/ ressaltaram que por não haver nenhwn estudo randornizado na
literatura que comparasse o efeito de diferentes dispositivos oclusais com relação a
posição
condilar, propuseram um estudo para comparar o efeito de um dispositivo da estabilização e de
um dispositivo pívotante na posição eondilar no que diz respeito a força
de
fechamento, a partir
da
utilização de um sistema de gravação eletrônico extraoral
da
maxila. Os autores observaram
que a inserção do dispositivo pivotante conduziu a uma posição antero-inferior condilar durante
o fechamento com força nonnal e força máxima. Durante o fechamento com força máxima no
dispositivo da estabili:wção, encontraram·se posições condilares significativamente mais
anteriores e ascendentes quando comparadas ao fechamento com a força nonnal. A inserção de
ambos
os
dispositivos induziu um movimento anterior e para baixo significativo do ponto
condilar durante o fechamento com força nonnal, sendo esse movimento interpretado como uma
distração causada pelos pivôs. O aparelho de estabilização e o dispositivo do pivô causaram
movimentos descendentes combinados com um movimento anterior. Este movimento não
pôde
ser considerado como uma distração, mas como uma translação inicial do côndilo devido a uma
distância interoclusal vertical alterada. Os autores concluíram que a comparação dos dois
dispositivos oclusais para a força normal e máxima não revelou nenhuma diferença
significativa.
2
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4
DISCUSSÃO
Em decorrência de dúvida sobre qual o método mais eficaz de tratamento e qual a real
causa
da
desordem, vários autores defendem a indicação dos aparelhos oclusais planos, como
primeiro passo para uma avaliação terapêutica e controle da sintomatologia dolorosa (Silva,
1993; Landulpho et ai
•
2002; Landulpho et ai
•
2004; Vedamt. 2008). O controle da dor e do
desconforto é o primeiro objetivo
do
tratamento
das
desordens temporomandibulares. O início
da maioria dos tratamentos é voltado para a redução dos sintomas dolorosos, consistindo em
métodos que utilizam aparelhos interoclusais, além de estimulação do autocontrole, prescrição
de medicamentos e fisioterapia (Dimitroulis et
ai
1995). Desta maneira, um considerável
número de trabalhos clínicos com a finalidade de estudar o efeito terapêutico dos aparelhos
interoclusais planos, no controle dos sinais e sintomas das desordens temporomandibulares,
mostrando sua eficácia clínica, foi descrito (Greene Laskin, 1972; Dahlstrom Haraldson,
1985; Millares t
al.
1988; Okeson, 1987; Oliveira, 1993; Molina, 1995; Kurita
et a/.
1997; Al
Quran
Lyons, 1999; Kurita Kurashina, 2000; Landulpho et a/. 2002; Landulpho et
a/.
2004; Tanaka, 2004; Sima Gil. 2005; Conti et ai • 2006; Faria. 2006; Hamata. 2006; Vedana.
2008).
A terapia por aparelhos oclusais
é
uma modalidade de tratamento com alto índice de
sucesso
na
diminuição dos sintomas de DTMs miogênicas, com efetividade estimada entre 70
e 90 (Okeson, 2000).
s
placas oclusais são amplamente utilizadas no tratamento das DTMs
para alterar as relações oclusais e redistribuir as forças, evitar o desgaste dentário, alterar as
relações estruturais das forças musculares e
da
ATM, melhorar a função muscular e articular e
aliviar a dor associada.
A melhora
do
grau de severidade dos sintomas no âmbito muscular, relacionado ao
índice
de
palpação, confirma o efeito positivo
da
utilização
da
placa interoclusal (Sima Gil,
2005). A remoção, por meio do aparelho, de contatos dentários indesejáveis, poderia ser a
primeira conseqüência positiva. Inúmeros autores correlacionam perdas dentais com desordens
craniomandibulares (OCM) e perda de dimensão vertical de oclusão (Silva, 1993). Nesse
sentido, o fato de o aparelho interoclusal devolver uma condição de oclusão ideal, alivia a
tensão desencadeada sobre os músculos, liberando-os de algum travamento e diminuindo
conseqüentemente a hiperatividade muscular, pois, ao
se
restabelecer a dimensão vertical, a
força exercida pelos músculos
da
mastigação diminui (Okeson, 1992).
O desequilíbrio na relação côndilo e disco articular residem na inter-relação entre a
atividade muscular e os contatos interdentários, caracterizados como interferências oclusais e
contatos prematuros, que propiciariam alterações
na
atividade muscular. Havendo
incoordenação
na
posição mandibular, o côndilo pode comprimir áreas não adaptadas à função,
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e este ponto anonnal de aplicação de força, provoca alterações morfológicas no disco articular.
Persistindo esta condição, a margem posterior do disco articular pode se tornar fina, e, associado
à flacidez dos ligamentos intracapsulares e modificações na cinética condilar, resultam em
ruídos articulares durante
os
movimentos mandibulares. Essas situações reportam
para
a
importância do restabelecimento da atividade muscular e eliminação de interferências oclusais e
contatos prematuros, para a completa remissão dos ruídos articulares com o auxilio dos
aparelhos interoclusais planos Silva, 1993; Okeson, 1992; Landulpho et
ai
2002).
Uma das grandes controvérsias que acometem os aparelhos oclusais está relacionada à
cobertura dos aparelhos, pois alguns autores discordam do uso das placas de cobertura parcial,
com o grande argumento de que esse tipo de dispositivo promove alterações oclusais
irreversíveis, o que vai contra todo o consenso da literatura na promoção de tratamentos
reversíveis, especialmente em casos de DTM s Okeson, 2000; Miranda,2005). Uma análise dos
dados da literatura mostra que os aparelhos oclusais estabilizadores apresentam um índice de
eficiência muitas vezes maior que os demais tipos de aparelhos oclusais Greene Laskin,
1972; Dahlstrom Haraldson, 1985; Okeson, 1987; Tanaka, 2004; Conti
et
ai. 2006)
associado ao fato de que esses não parecem causar mudanças oclusais irreversíveis, mesmo após
uso prolongado. Porém, Millares
et al.
1988) observaram o contrário, que o aparelho de
mordida anterior foi o mais eficiente na redução de sinais e sintomas de disfunção. Já Demling
et a/. 2009), mostraram que a comparação dos doís dispositivos oclusais, aparelho de
estabilização e aparelho pivotante, não revelou nenhuma diferença significativa.
Historicamente, o desenho dos aparelhos foi baseado nas teorias dos efeitos
terapêuticos, especialmente levando em conta os conceitos de oclusão ideal. Alguns
pesquisadores avaliaram o efeito da guia pelo canino e da guia em grupo confeccionadas no
aparelho interoclusal Landulpho, 2002; Landulpho
et ai.
2004; Conti
et a/.
2006; Vedana,
2008),
e
acordo com alguns autores, não se observou diferença significativa na atividade
eletromiográfica entre os dois guias utilizados, demonstrando que o guia em canino, quando
comparado ao guia em grupo, não parece produzir atividade eletromiográfica significativamente
menor Landulpho e/ al. 2002; Conti et ai. 2006; Vedana, 2008). Em contrapartida, Landulpho
et al. 2004) verificaram que o aparelho com função em grupo promoveu menor atividade
muscular.
A utilização somente dos aparelhos interoclusais como terapia não é suficiente para a
manutenção da coordenação muscular,
já
que os pacientes retomaram à condição prévia ao
tratamento, após a remoção dos aparelhos oclusais, sem um devido ajuste da oclusão na posição
determinada pelo mesmo.
De
fato, esta afmnação está de acordo com Beard Clayton 1980).
Dawson 2005) assim como Landulpho et
ai.
2002), concordam com a idéia de que é possível
relacionar a utilização dos aparelhos interoclusais, como um método de terapia
efetivo, não
22
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invasívo e reversível
porém
paliativo o
qual
não possibilita a cura dos pacientes portadores
de
DTM no
sentido
de se
tentar obter
uma
melhora
dos
sinais e sintomas
dos
pacientes portadores
de
desordens craniomandibulares e verificar respostas musculares
e
articulares
à
alterações
no
posicionamento horizontal e
vertical
d
mandíbula antecipadamente a estabilização permanente
da oclusão com ajuste oclusal prótese
ou
ortodontia.
Parece claro que a utilização
dos
aparelhos oclusais pode ser
uma
ferramenta
de
diagnóstico extremamente ótil e eficaz quando da presença
de
fatores oclusais relacionados aos
sintomas das
DTMs.
23
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5 CONCLUSÃO
• O exame clínico minucioso o correto planejamento e a correta indicação
de
um
aparelho interoclusal são fatores importantes
na
obtenção
do
sucesso
do
tratamento para
as desordens temporomandibulares.
•
Os
aparelhos de estabilização de cobertura total planos são os que apresentam melhor
efetividade clínica na redução ou eliminação
de
sintomatologia dolorosa dos músculos
associados ao sistema estomatognático e sinais e sintomas de distúrbios relacionados à
oclusão.
• Deve-se evitar o uso de aparelho resiliente pela possibilidade de danos às estruturas do
sistema estomatognático.
• Os aparelhos que forçam a mandíbula para uma determinada posição não devem ser
utilizados por tempo prolongado.
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