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SUMÁRIO
1 TERRA INDÍGENA MOCOCA ............................................................................. 1
1.1 PROGRAMA DE ARTICULAÇÃO DE LIDERANÇAS INDÍGENAS, EXECUÇÃO, GESTÃO E MONITORAMENTO DO PBA ......................................................... 2
1.1.1 Subprograma de Gestão do PBA ................................................................ 2
1.1.2 Subprograma de Articulação Inter-aldeã e interinstitucional do PBA... 53 1.1.3 Subprograma de Intercâmbio ................................................................... 54
1.2 PROGRAMA DE APOIO ÀS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS ...................... 55 1.2.1 Sub programa de agricultura .................................................................... 55
1.2.2 Sub programa de beneficiamento de produtos, certificação orgânica e criação de marcas indígenas .................................................................... 74
1.3 PROGRAMA DE VIGILÂNCIA E GESTÃO TERRITORIAL.............................. 76 1.4 PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS E PROTEÇÃO
DE NASCENTES ............................................................................................. 90 1.5 PROGRAMA DE FOMENTO À CULTURA E ÀS ATIVIDADES DE LAZER ..... 97 1.5.1 Subprograma de revitalização de conhecimentos e atividades indígenas
tradicionais ................................................................................................. 97
1.5.2 Subprograma de apoio ao Artesanato ................................................... 117 1.5.3 Subprograma de Fomento às Atividades de Lazer ............................... 127
1.6 PROGRAMA DE MELHORIA DA INFRAESTRUTURA DAS TERRAS INDÍGENAS .................................................................................................... 131
1.6.1 Subprograma de Melhoria de Trechos de Estradas: Terras Indígenas Mococa, Apucaraninha e Barão de Antonina ........................................ 131
1.6.2 Subprograma de Gestão de Resíduos Sólidos ..................................... 132
1
1 TERRA INDÍGENA MOCOCA
Etnia(s) % Aldeias Nº famílias Nº População Outros Programas de Compensação Ambiental
Kaingang
1 Aproximadamente 52
Aproximadamente
240
KLABIN
Guarani 0 ------------------- 1 ------------------------------------
MOCOCA – Contratados Indígenas
ALBINO FER KAG BENTO ( outubro de 2012 a junho 2016)
IZANOEL NY FEJ MARCOLINO (desde julho de 2016)
Sup. Exploração Agrícola
ANTONIO ARTHUR Agente de Defesa Ambiental
IDENILSON PEREIRA (de outubro de 2012 a agosto de 2015)
SAMUEL RIBEIRO (desde agosto de 2015)
Sup. Exploração Agropecuária
IZAIAS MENDES (outubro de 2012 à agosto de 2014)
ADEVANIL KREVAJE LOURENÇO (agosto de 2014 a junho de 2016)
LEANDRO KARAIPOTY PADILHA ( desde julho de 2016)
Agente de Defesa Ambiental
MANOEL ARTHUR Gerente de Serviços Culturais
MARCIO JOSE DAKA Supervisor de Expl. Agropecuária
RENATO PEREIRA (de outubro de 2012 à fevereiro de 2014)
LEANDRO ARTHUR ( de fevereiro de 2014 a agosto de 2015)
IDENILSON PEREIRA (atual, desde agosto de 2015)
Gerente de Serv. Culturais
Gerente de Serv. Culturais
RODRIGO BERNARDES DA SILVA (de outubro de 2012 à novembro de 2013)
JULIO CEZAR FAG TEJ LUCAS (atual, desde dezembro de 2013)
Sup. Exploração Agrícola
Sup. Exploração Agrícola
MOCOCA – PESQUISADORES INDÍGENAS
LEANDRO ARTHUR (contratado como coordenador mas participante das atividades de pesquisa)
2
LUIS CARLOS SALLES BATARSE (julho a setembro de 2016)
ADRIANE BATARSE (agosto à setembro de 2015)
NENO PEREIRA (julho a outubro de 2016)
EDNÉIA NATO (setembro a abril de 2016)
JONAS ROSA ( desde de setembro de 2015)
SIMONE LOURENÇO (desde de maio de 2016)
VALDIVINO RIBEIRO (desde de julho de 2016)
MOCOCA – Equipe Técnica de Campo
PAOLA GIBRAM (de junho de 2012 à julho de 2013);
JOÃO VITOR FONTANELLI (de junho de 2013 à setembro de 2013);
RODRIGO S. FONTES DE SALLES GRAÇA (atual, desde de fevereiro de 2014)
Antropóloga
Antropólogo
Historiador
THIAGO LUIZ RAGUGNETTI FURLANETO
Engenheiro Agrônomo
Equipe Responsável por Consolidação de Relatório
Maria Aparecida de Carvalho Socióloga
Paulo Serpa Antropólogo
1.1 PROGRAMA DE ARTICULAÇÃO DE LIDERANÇAS INDÍGENAS, EXECUÇÃO,
GESTÃO E MONITORAMENTO DO PBA
1.1.1 Subprograma de Gestão do PBA
Atividades Realizadas:
- Realização de média mensal de uma reunião do Comitê Gestor Local (com
registro em Ata);
- Participação de uma reunião do Comitê Gestor Geral em Londrina
3
(dezembro de 2015);
- Diálogo continuado entre famílias indígenas, contratados indígenas e
equipe técnica;
- Reuniões da equipe técnica de campo e coordenadores (PBA-CI);
- Reunião da equipe técnica e representantes do CECS;
- Reuniões de planejamento da equipe técnica de campo (PBA-CI);
- Reuniões sobre aquisição de terra;
- Realização de encaminhamentos descritivos para desenvolvimento de
ações (equipe técnica);
- Elaboração de orçamentos para desenvolvimento de ações (administrativo
e equipe técnica de campo);
- Realização de prestação de contas junto ao CECS (equipe técnica de
campo e administrativo)
- Reunião de planejamento junto a zootecnista e técnicos responsáveis pela
apicultura;
- Realizado acompanhamento de engenheiro civil por indígenas e equipe
técnica de campo;
- Planejamento e registro de atividades em execução;
- Processo de aquisição de 40 alqueires para a TI Mococa;
- Diálogo para realização de acordos entorno da atividade de apicultura;
- Alterações no campo dos contratados indígenas e lideranças indígenas;
- Reunião do Comitê Gestor Local sobre atividade de indígenas do Horto
Florestal;
- Diálogo continuado sobre a realização de artesanato entre famílias
indígenas da TI Mococa;
- Abertura de conta bancária para a TI Mococa;
- Apoio logístico e burocrático da equipe técnica de campo e equipe
administrativa na realização de demissões e contratação de indígenas e
- Apoio logístico e burocrático das equipes técnica e administrativa na
manutenção e conserto de veículos.
Análise Crítica: 2012-2015
As atividades do PBA Indígena –UHE iniciaram no mês de julho de 2012,
quando foi formada a equipe técnica responsável pelas 8 TIs envolvidas no projeto. O
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início formal das atividades se deu com a apresentação da equipe técnica em cada
uma das 8 TIs.
O Comitê Gestor Local da TI Mococa - instância de suma importância para o
desenvolvimento das atividades – foi formado no mês de agosto de 2012. Dentre os
integrantes, é importante frisar que um dos coordenadores indígenas, Renato Pereira,
também vice-cacique, assume uma posição central de representação e tomadas de
decisões no processo. O cacique local, Antônio Arthur, é contratado como vigilante
ambiental e como em toda TI kaingang, assume uma posição de autoridade máxima
localmente. Trata-se a comunidade de Mococa de um coletivo que possui uma
organização sócio-politica centrada principalmente nas relações de parentesco de
grupos familiares que foram pioneiros na ocupação do território atual. Antônio Arthur
é descendente direto desse segmento, que continua majoritário na configuração atual
. Pessoas não ligadas diretamente a essa rede de parentesco vieram em levas
principalmente após a construção das casas de alvenaria nessa TI.
Existem fatores internos de organização – como a autoridade reconhecida e
assumida pelo cacique, a solidariedade entre parentes próximos, entre outros – que
por vezes, e em certos aspectos, conflitam com as diretrizes assumidas pelo CGL.
Esses conflitos, no entanto, não tiveram muita expressividade no primeiro ano de
implementação das atividades, mas devem ser levados em conta para os anos
posteriores.
A TI Mococa com aproximadamente 150 moradores e se destaca por ser uma
comunidade participativa. A distribuição da indenização em dinheiro contemplou 52
famílias, que receberam os valores distribuídos ao longo de 13 meses (1 parcela de
R$1000, 00 + 12 de R$625, 00), cujo critério foi elaborado pelas lideranças locais.
Deve-se notar ainda que muitos membros da comunidade participaram efetivamente
do puxirão (mutirão) para a capina e demais atividades relacionadas à safra de milho.
Outro ponto importante a ser destacado neste sentido é o amplo
conhecimento do conteúdo do PBA Indígena, por parte dos indígenas. Renato e
Zaqueu Lima (este último não é contratado, mas é liderança e participa ativamente do
CGL) dominam detalhadamente cada programa e lembram-se de muitas das tratativas
realizadas durante as oficinas de elaboração do referido documento. Ambos colocam
frequentemente que são favoráveis a tudo o que está contemplado no PBA possuindo
uma ideia muito clara da forma como os programas devem ser implantados na
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comunidade. Assim, dizem-se insatisfeitos com os atrasos nas implementações, uma
vez que isto desestabiliza a organização planejada e aumenta as pressões da
comunidade sobre aqueles que estão lidando com as negociações e com o projeto
mais diretamente.
Destaca-se também a gestão das atividades dos contratados pelo PBA. Como
os oito indígenas assalariados não possuíam atividades definidas no momento de sua
contratação (situação que não mudou muito até agora), foi decidido que os mesmos
deveriam trabalhar em atividades que não necessariamente estivessem ligadas ao
PBA, mas que beneficiariam a comunidade, como no plantio de árvores fornecidas
pela FUNAI, no plantio da grama e na limpeza de áreas coletivas . Mas, os próprios
coordenadores indígenas dizem que a organização das atividades dos contratados
ainda deve ser bastante aprimorada.
Entre abril de 2013 e janeiro de 2014 ocorreram substituições no quadro da
equipe técnica de campo que trabalha nas TIs Mococa e Queimadas, levando cerca
de 4 meses efetivá-los. Assim, o técnico engenheiro agronômico e indígenas
contratados executaram as atividades, com acompanhamento do coordenador geral
do PBA, mas gerando a necessidade de replanejamento das atividades.
No âmbito do Programa de Gestão, dentre os acordos firmados na TI Mococa,
a realização, na primeira 3a feira do mês, de reunião do CGL. Mas pode ocorrer, na
medida da necessidade de outras regiões, em datas diferentes serem realizadas.
Procura-se ainda fomentar as reuniões internas da Comissão Aldeã (sem
participação da equipe técnica de campo) para tratar de assuntos relacionados ao
PBA-CI. Foi assim estabelecido a importância não só de reuniões frequentes do CGL
(participam principalmente contratados e lideranças indígenas e equipe técnica de
campo), mas também da Comissão Aldeã(indígenas) para amadurecimento do
planejamento das atividades, acompanhamento de sua execução e avaliações. Cita-
se ainda a atividade de monitoramento das construções pelos indígenas e avaliação
e encaminhamento das demandas relacionadas mostrando-se fundamental na
Gestão de execução do PBA, conforme registrada na Ata de reunião do CGL de
19/02/2014, constante em relatório anterior.
Cabe ressaltar que no referido período o planejamento e mesmo execução
das atividades do PBA-CI está dependendo da aquisição de terra e é aguardado o
encaminhamento da FUNAI-DF à respeito do assunto.
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São realizados debates junto aos indígenas sobre as diferenças e
semelhanças entre aldeias e etnias, a execução do PBA-CI, os projetos em execução
nas TIs, as formas como são geridos os recursos e atividades relacionadas, a forma
como é organizado territorialmente a TI e a possibilidade de continuidade das
atividades previstas no PBA-CI da TI Mococa após o seu “término”.
Neste período também iniciou-se a discussão com a comunidade sobre
"Gestão Territorial” abordando aspectos jurídicos como, o PNGATI (Plano Nacional
de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas – Decreto N° 7747).
No âmbito da Gestão Territorial deve-se destacar que algumas reuniões do
CGL foram realizadas visando a leitura, análise e reconhecimento de mapa daárea de
atividades do Sr. Salvador Pereira em processo de Certificação Orgânica. Também
foram realizadas visitas domiciliares, pelo técnico de ciências humanas, visando
conhecer o artesanato realizado atualmente na TI e os interesses em capacitações.
As visitas domiciliares às famílias deverão continuar, envolvendo equipe técnica de
campo e coordenadores indígenas, visando o diálogo sobre outros temas e questões.
Em razão de suas várias etapas e do seu caráter complexo, a implementação
da Certificação Orgânica nas áreas de atividade do Sr. Salvador Pereira têm levado a
equipe técnica de campo a um diálogo mais frequente com o referido senhor . A
Certificação Orgânica torna-se uma prática que possibilita a mobilização de todos
contratados indígenas e equipe técnica de campo, Sr. Salvador Pereira e sua família
e ainda outros indígenas da TI. A implementação da proteção de nascente na área do
Sr. Salvador – atividade diretamente relacionada a Certificação Orgânica – envolveu
à todos, em maior ou menor grau, contratados ou não: desde o recolhimento de
pedras, passando pela limpeza da mina, preparo de massa até o encaixe de pedra e
revestimento com massa. Esse envolvimento de todos se consolida como capacitação
e ocorre aos modos de um “mutirão”, onde o anfitrião oferece parte da alimentação
(outra parte é oferecida pela equipe técnica) compartilhada entre aqueles que
participam da atividade - além de alguns outros familiares. Eventos como esse permite
(equipe técnica) refletir junto com os indígenas sobre as melhores formas de execução
dos projetos na TI haja visto as relações de reciprocidade/comensalidade que se
atualizam. Dessa forma, deve-se (indígena e equipe técnica) ainda refletir sobre as
categorias “familiar” e “coletivo” enunciadas correntemente por indígenas e equipe
técnica de campo nas reuniões do CGL da TI Mococa – que se encontra registrado
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no PBA-CI, tendo em vista as relações de reciprocidade e outras relacionadas
(genro/sogro, “camaradas”, “mutirões” entre outros) que compõem socialmente a TI.
Em junho de 2014 as lideranças indígenas propuseram o remanejamento de
recurso da "Casa de Passagem" (previsto no PBA-CI) para execução de “projeto
familiares”. A FUNAI necessita pronunciar-se sobre este assunto.
Por fim, no âmbito da Gestão deve-se destacar ações que na maior parte das
vezes não aparecem explicitamente nos relatórios e nos “resultados”, mas que na
realidade possibilitam diversas implementações do PBA-CI e envolvem o cotidiano da
equipe técnica de campo como: organização logística e financeira das viagens
realizadas pelos indígenas; organização de notas fiscais das TIs e realização de
prestação de contas; realização de consulta de preços; explicação sobre documentos
encaminhados pelo Empreendedor a lideranças indígenas; agendamento de revisões
de veículos; agendamento de exame médico para contratados indígenas;
acompanhamento de contratados indígenas em Sindicato; agendamento e verificação
de seguro de veículos; agendamento e acompanhamento de conserto de trator e
implementos; impressão e digitalização de documentos; reuniões internas com outros
membros que passam a realizar atividades e planejamento como zootecnista,
engenheiro civil e engenheiro florestal; encaminhamentos sobre construções;
agendamento e parcial organização logística e financeira dos cursos; verificação de
informações sobre CNHs em auto-escola; e outros.
No período de 2014-2015, destaca-se a abordagem em reuniões do CGL a
priorização de determinadas ações como os cursos/capacitações que se relacionam
as atividades. Cabe destacar o importante papel das reuniões do CGL no
planejamento, registro e encaminhamentos das ações do PBA-CI com significativa
participação dos indígenas, especialmente, aquelas realizadas para discussão sobre
a Casa de Passagem e aquisição de terras.
De todo modo os diálogos na TI são constantes: em reuniões informais sem
registro em Atas; em visita a famílias da TI; na execução de atividades; em cursos;
em atividades audiovisuais e Gestão Territorial.
Entre os meses de dezembro de 2014 e fevereiro de 2015 foi realizado breve
diagnóstico com registro de informações básicas sobre as famílias nucleares da TI:
relações de parentesco; marca; realização de atividade agropecuária ou extrativista;
atividades de artesanato; possíveis fontes de renda monetária e outros. Estas
8
informações servem ao planejamento de atividades e avaliação mais concreta das
atividades em execução.
Entre o segundo semestre de 2014 e o primeiro semestre de 2015 houve uma
substituição do contratado indígena, Agente de Defesa Ambiental, ocorrida em agosto.
Destaca-se assim que as relações internas da TI são parte do processo de escolha
ou substituição do contratado indígena e também das atividades dos contratados
indígenas. A prioridade de execução de determinadas atividades pelos contratados
indígenas é dialogada e acordada em reuniões do CGL, no entanto em primeira e
última instância, sua realização e/ou continuidade dependem da dinâmica interna da
TI. Cita-se como exemplo a expansão de proteção de mina d’água em área de
atividade do Sr. Salvador Pereira, não finalizado, apesar de ter sido acordado em
reunião do CGL (Ver ata: 27/03/2015) . Também deve-se ter em vista que para o
agendamento de cursos e capacitações, quando relacionado às funções e/ou
atividades executadas por contratados indígenas (PBA-CI), são indicadas pela equipe
técnica, no entanto a participação efetiva do contratado depende da sua
disponibilidade, do interesse e da dinâmica interna da TI.
A realização de capacitações e intercâmbio mostram-se importantes não
apenas pela efetiva instrumentalização, mas para avaliação concreta do interesse nas
atividades a serem executadas. Como exemplo podemos notar cursos realizados,
como Bovinocultura de Leite e Inseminação, visando a capacitação profissional para
os indígenas avaliarem a possibilidade de desenvolvimento das atividades na TI,
sobretudo com a perspectiva da aquisição de terras a partir do PBA-CI. No entanto,
pode notar que o curso de Bovinocultura de Leite ao invés de ter motivado os
indígenas participantes a se aprofundarem na atividade (deve-se destacar que já
existe gado leiteiro na TI Mococa), levaram os mesmos a reavaliarem o interesse na
realização da atividade. De um forte interesse inicial, passou-se a uma avaliação mais
concreta da atividade cotidiana, o que pesou na mudança da posição inicial. Destaca-
se desta forma que na TI Mococa para o início de determinadas atividades (sobretudo
aquelas até o momento não-executadas na TI) têm-se enfocado as capacitações e
intercâmbios como modo de reavaliação da atividade. Para o caso da atividade de
apicultura esses aspectos mostram-se significativos, tendo ainda a segurança como
elemento central. Cursos como aquele de Operação e Manutenção de Motosserra,
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que contou com interesse significativo na TI, visaram a diminuição de riscos de
atividade já realizada na TI – haja vista o manejo eucalipto já realizado na TI
Para a realização de cursos com outras instituições ou profissionais busca-se
previamente avaliar na TI a quantidade de pessoas com real interesse em
participação. Esta atividade é realizada tanto pelo coordenador indígena quanto pela
equipe técnica de campo. São realizadas conversas com possíveis indígenas
interessados, visita às famílias apresentando o curso e o período de sua execução, e
em alguns casos colocação de cartazes para sua divulgação. Para o caso dos dois
cursos de artesanato realizado na TI, por exemplo, buscou-se além de levantar e
conversar com todos os indígenas interessados e registrar aqueles que efetivamente
realizariam o curso, em período imediatamente anterior ao início do curso, foi avaliado
o compromisso dos indígenas em relação a participação.
Para casos como cursos disponibilizados pelo SENAR (como o de artesanato
em Taboa e Fibra de Bananeira) é exigido número mínimo de participantes, que senão
alcançado, pode-se acarretar a impossibilidade de realização de outros cursos na TI.
Para o caso específico de curso de artesanato guarani ministrado por indígena Mbya-
guarani na TI Mococa, há um esforço significativo em torno dos acordos e contatos,
organização de logística e de alimentação, além de dispêndio significativo de recurso,
o que acaba sendo ainda mais importante avaliar a perspectiva de efetivo interesse
de participação dos indígenas.
Para curso de capacitação em apicultura houve a realização de parceria com
o SEBRAE. A perspectiva é de realização da capacitação em etapas variadas ao longo
de 2015, com importante ênfase na segurança, na prevenção de acidentes e nos
primeiros socorros. Complementarmente, coloca-se como significativa a modalidade
de organização social da atividade de apicultura que vem sendo acordada na TI
Mococa. Para o caso da apicultura, em proposta dos indígenas da TI, tal atividade foi
inicialmente organizado a partir de “grupos”(ver ata CGL: 18/09/2014). De acordo com
a iniciativa e apontamento dos indígenas tratam-se de “grupos” de aproximadamente
5 pessoas, cada qual formado por aqueles que já realizaram e/ou mantém afinidades
para realização de trabalho conjunto. A perspectiva é de que a de caixa de abelha e
outros materiais adquiridos fiquem em nome da “comunidade”1, sendo no entanto o
uso permitido somente aos “grupos”. Segundo o acordo que está sendo firmado
1 Destaca-se que desde o segundo semestre de 2012 a TI Mococa dispõe de CNPJ
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internamente e em reuniões do CGL, aqueles que não participarem de todas as etapas
das capacitações ou abandonarem as atividades de apicultura, não terão direito a
venda dos materiais adquiridos a partir do PBA-CI, sendo estes direcionados aos
grupos que continuam na atividade.
As questões na TI Mococa em torno da “Casa de Passagem”, demonstram
esforços significativos de definição interna da TI em torno de remanejamento. Se ainda
no segundo semestre de 2014 havia sido indicado o remanejamento de recurso de
Casa de Passagem para “projetos familiares”, a partir da demanda de determinado
grupo de indígenas, em janeiro de 2015 os coordenadores indígenas solicitaram
realização de reunião do CGL para reavaliação de definições sobre o tema. Tal
questão resultou em reunião com posicionamentos momentaneamente antagônicos
entre indígenas. Realizada a reunião houve, ao final, encaminhamentos
reconsiderando a Casa de Passagem como possibilidade; todavia em período
posterior os indígenas da TI determinaram em retomar a proposta de remanejamento
de recurso total para “projeto familiares”. Além da aprovação da FUNAI, ainda faltam
maiores definições sobre o remanejamento, como os módulos de ações a serem
aprovados pelos indígenas e pelas instituições (FUNAI e CECS) e de que modo
(temporal) poderão ser realizados em todas suas etapas (desde a capacitação, a
elaboração do projeto técnico, passando pelos encaminhamento burocráticos e a
efetiva realização na TI). Deve-se levar em consideração a preocupação constante
dos indígenas em relação ao orçamento total que seria envolvido no remanejamento.
Ver atas do CGL: 20/01/2015.
A aquisição de terra se torna ainda fator importante para indefinições no
planejamento da execução do PBA-CI na TI Mococa. Em 2014 e 2015, junto ao
diagnóstico realizado, a equipe técnica de campo também levantou os interesses
entre os indígenas da TI Mococa a respeito de terra a ser adquirida. No que diz
respeito ao empreendedor (CECS) foi elaborado e encaminhado laudo referente a
duas terras contíguas à Terra Indígena Mococa a partir de orientações contidas em
Termo de Referência elaborado pela Funai-DF e encaminhado em dezembro de 2013.
Foram realizadas visitas, pelos representantes indígenas, as três áreas
indicadas para aquisição. A primeira área foi todavia descartada pois é cortada por
uma linha de transmissão de energia. A segunda área também foi vistoriada e a
escolhida como terra prefeerencial foi a terceira área contígua à TI Mococa.
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Em 31/03/2015, na TI Mococa, foi realizado reunião com presença de
lideranças indígenas e comunidade indígena em geral, equipe técnica de campo,
coordenador do PBA-CI representantes do empreendedor, FUNAI-DF e FUNAI-CTL
para discuttir e decidir sobre esta questão. (ver atas do CGL: 20/08/2014; 21/10/2014).
Na TI Mococa tem se apresentado afastamento da realização de
projetos/atividade classificadas como “coletivo-comunitárias”. A ênfase tem se recaído
para a realização de “projetos” a partir de “grupos” ou de famílias nucleares. Para este
último encontram-se projetos relativos às olericolas, manívas e a previsão dos
remanejamentos de Casa de Passagem; enquanto para o primeiro encontra-se a
apicultura e parte das atividades envolvendo tubérculos. Para os dois recortes sociais
é demandado pelos indígenas a implantação das fruticulturas.
Até o momento na TI Mococa também não foi desenvolvido discussões
significativa e nem existem perspectivas em torno da geração de renda monetária para
subsequente manutenção de veículos e maquinários adquiridos a partir do PBA-CI.
Certamente as indefinições em relação a aquisição da terra se mostram fator
relevante, no entanto não é único. Ademais deve-se destacar que em torno de
atividades como àquelas do plantio de mandiocas, olerículas e inicialmente da própria
apicultura, é enfatizado inicialmente pela equipe técnica o favorecimento do
autoconsumo e modalidades internas de circulação. Trata-se tanto de favorecer a
segurança alimentar e modos internos de reciprocidade/troca e venda, quanto de não
gerar expectativas frustradas em torno das atividades elencadas. Em torno da
apicultura há ainda maior expectativa para geração de renda, no entanto tem sido
buscado juntos aos indígenas apontar também o caráter gradativo e a necessidade
de real avaliação de perfil para execução de atividade. De modo mais destacado foi
buscado a valorização monetária de grãos produzidos pelo Sr. Salvador Pereira por
se mostrar atividade já realizada sem estímulo de “projetos”. A elaboração de designe
de embalagens e a disponibilização de embalagens diferenciadas; contato com
compradores específicos relacionados a produção orgânica; são algumas das
atividades realizadas neste sentido.
12
Análise Crítica: 2015-16
Aspectos Gerais
Atualmente o PBA-CI-UHE Mauá chega ao quarto ano de execução
constituindo dessa forma experiência inicial dos indígenas da TI Mococa na interface
aldeia/”projeto”. Apesar de desde 2012 ter havido algumas mudanças entre lideranças
indígenas e contratados indígenas no âmbito do PBA-CI, é possível destacar que há
experiência inicial de execução de “projetos” que desde já constitui “material” (ainda
que inicial) para auxiliar na execução de outras atividades no PBA-CI . Deve-se
ponderar, que anterior a execução do PBA-CI a maior parte das lideranças indígenas
e indígenas que residem na TI Mococa não haviam se deparado de modo intensivo
com a “lógica dos projetos”, que por mais adaptado e “indigenizado” que possa se
tornar apresentam elementos estranhados. Por “lógica dos projetos” entende-se
aspectos diversos: o procedimento/metodologia de realização de reuniões com
registro em atas, etapas variadas de planejamentos/ efetivação de planejamentos e
acordos envolvendo não-indígenas; consulta de preço/licitação como parte do
processo burocrático de execução de atividades; a intensificação de participação em
cursos diversos; a maior quantidade de elementos (sobretudo maquinários e veículos)
incorporados ao âmbito “coletivo” da TI Mococa ( objetificado no CNPJ da TI); a
necessidade mais frequente e constante de adaptação de atividades diversas no
âmbito sociológico(seja nas modalidades “coletivo-comunitário”, “grupo” e “familiar”,
por exemplo) e técnico (agricultura mecanizada e apicultura, por exemplo);
perspectiva de avaliações. Ao mesmo tempo a “lógica do projeto” para sua execução
depende de série de agentes principais já descritos em relatórios anteriores: FUNAI,
empreendedor, equipe técnica e dos indígenas. Sobretudo a respeito esses dois
últimos agentes que executam diretamente a atividade em campo, deve-se ter em
vista justamente o aproveitamento dessa experiência de quatro anos para a melhor
execução dessa interface aldeia/”projetos”
Até este período não foi realizado a aquisição de 40 alqueires, cujas tratativas
estarão descritas ainda neste relatório, no que diz respeito ao último ano.Cabe
destacar a importância da aquisição de terra para o desenvolvimento de várias
atividades previstas no PBA-CI, dentre elas a agricultura mecanizada e a
bovinocultura de corte. Se algumas atividades não dependentes da aquisição da terra,
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como audiovisual e apicultura, estão sendo desenvolvidas, ao mesmo tempo as
lideranças indígenas destacam constantemente que a terra é prioridade, pois é a partir
da aquisição da mesma será possível realmente o desenvolvimento de vários
“projetos” do PBA-CI, incluindo remanejamento para “projetos familiares”.
Uma outra preocupação dos indígenas manifestada em conversasse e reuniões
na comunidade e também em reuniões do Comitê Gestor Geral, diz respeito à dimensão
do impacto da UHE Mauá no rio Tibagi. Destacam, sobretudo, a imprevisibilidade da
variação do nível da água, a diminuição de peixes e o receio de que eventos como
"estouro" ou rompimento da barragem.
Apontamos de modo breve esses três âmbitos (poderíamos apontar outros)
para a leitura do relatório da TI Mococa: lógica aldeia/”projetos”; aquisição da terra;
impacto socioambiental. De acordo com o PBA-CI, após cincos anos de execução do
PBA-CI seria realizado avaliação, portanto, deve-se ter em vista estes referenciais
também para reflexão sobre os parâmetros de execução do PBA-CI e seu caráter
múltiplo.
Comitê Gestor Local
O Comitê Gestor Local continua a ser a instância fundamental na realização
de planejamento e deliberações na TI Mococa. As reuniões formalizadas em ata
continuam a ser realizadas com a frequência média de uma vez por mês. Neste ano
de execução do PBA-CI s destaca-se a atividade da apicultura com uma das principais
atividades abordadas em reuniões do Comitê Gestor Local, tratativas registradas em
diversas atas de reuniões integrantes deste relatório. A organização de grupos, a
deliberação de acordos a respeito da atividade, registro das atividades e o
planejamento das mesmas foram alguns dos elementos principais. Como exemplo,
nota-se em ata abaixo de 22/07/2016, aspectos fundamentais e delicados de
deliberação do grupo: as caixas de abelha como de propriedade da comunidade mas
de usufruto dos grupos estabelecidos e critérios de participação nas atividades.
15
Em reuniões que envolveram amplas deliberações à respeito das atividades
de apicultura buscou-se a participação máxima quantidade de indígenas relacionados
a atividade ou quando isto não foi possível buscou-se pelo menos um representante
de cada grupo constituído para execução desta atividade.
Figura 1 - 22/07/2015 - Reunião do CGL sobre atividade de apicultura
Outras reuniões realizadas tratando de outros assuntos como a capacidade
de uso e aptidão agrícola da terra a ser adquirida a partir do PBA-CI (14/03/2016),
também contaram com ampla participação de indígenas, nesse caso envolvendo
homens, mulheres e crianças de praticamente todas as famílias nucleares da TI
Mococa. No caso dessa reunião do CGL pôde ser contabilizado ao menos 30
participantes indígenas da TI.(ver seção: Aquisição de Terra).
Outras reuniões enfocaram o registro de atividades diversas em
desenvolvimento, assim como a contratação de indígenas e a entrega de materiais.
Neste caso a participação dos indígenas se limita a lideranças, contratados indígenas,
equipe técnica e, dependendo da temática, os pesquisadores indígenas. Este é o
caso, por exemplo, da reunião do dia 26/08/2016, no qual foi registrado a contratação
de Samuel Ribeiro, o registro de Adriane Bartarse como pesquisadora indígena
(atividade audiovisual) e entrega de materiais relacionados às atividades audiovisuais.
16
Destaca-se ainda a realização de reunião (11/11/2015) com contratados
indígenas(PBA-CI) na qual é abordado a estruturação dos Relatórios Anuais
encaminhados pela equipe técnica, as atividades em execução, os contratados
indígenas e a equipe técnica de acordo com os programas descritos no PBA-CI., A
discussão sobre o Relatório Anual além de abordar junto aos indígenas sobre a
importância desta atividade, permite também refletir, junto com eles, sobre as ações
em execução ou àquelas que se planeja executar. Foi abordado também no Comitê
Gestor Local a realização de reunião sobre aquisição de terras na TI Mococa e do
Comitê Gestor Geral em Londrina em dezembro de 2015.
19
Contratados Indígenas
Neste período de execução do PBA-CI houveram alterações significativas
entre os indígenas contratados pelo programa; deve-se destacar que cabe às
lideranças indígenas a decisão pela demissão e contratação dos mesmos
(apontamento já realizado no relatório 2014-2015) e,, ao contratado indígena no caso
de pedido de saída. A equipe técnica de campo realiza o acompanhamento de parte
dos procedimentos burocráticas relativo, repasse de informações aos indígenas e
quando necessário apoio logístico para realização dos encaminhamentos.
Evidentemente tais alterações dos contratados indígenas influenciam diretamente na
execução das atividades do PBA-CI.
Destaca-se inicialmente a saída do coordenador Leandro Arthur em agosto de
2016. O indígena havia permanecido aproximadamente um ano e seis meses, tendo
participado e realizado diretamente de atividades relevantes como apicultura, cursos de
manejo de gado de corte e leiteiro, aquisição de terra e atividade audiovisual. Nesse último
quesito destaca-se que por sua facilidade no manuseio de recursos tecnológicos, como
câmera filmadora, computador e GPS, havia grande potencial para seu desenvolvimento
20
com as capacitações e atividades audiovisuais e informática realizadas no segundo
semestre de 2015 e em 2016. O contratado indígena Idenilson Pereira que ocupava a
função de Supervisor de Exploração Agropecuária passou a ocupar a função de
coordenador, enquanto para a sua função foi contratado o indígena Samuel Ribeiro.
Dentro da TI Mococa esta última função está atualmente e principalmente direcionada
para o manejo do gado, atividade já presente na TI.
No mês de julho de 2016 outros dois indígenas contratados no âmbito do PBA-
CI deixaram suas funções em contexto político interno da TI. O indígena Albino Bento,
ocupava o cargo de Agente de Supervisão Agrícola, desde o primeiro semestre de
execução do PBA-CI em 2012 e já havia participado de diversos cursos, como os
relativos à agricultura orgânica, gado de corte e leiteiro, apicultura, agro biodiversidade
e cadeia de bambu. Com sua saída do cargo e também da TI Mococa, sua formação
complementar possibilitada no âmbito do PBA-CI não será utilizada no espaço da TI,
sobretudo quando for efetivada a aquisição de terras para a TI Mococa.
O indígena e contratado, Adevanil Lourenço, ocupava a função de Agente de
Defesa Ambiental e já havia participado de atividades e capacitações relacionadas à
Gestão Territorial, fazendo uso razoável do GPS para mapeamento e cálculo de áreas
na TI. O indígena também já havia participado do curso de Sementes Arbóreas na TI
Apucaraninha e recentemente era um dos cinco indígenas que participavam do curso
de informática no Natingui, vila próxima (7 Km) à TI Mococa. Também realizou o curso
de Carteira Nacional de Habilitação A (CNH).
Também ocorreram mudanças dos pesquisadores indígenas que trabalham
nas atividades audiovisuais. Por motivos diversos, entre julho de 2015 e julho de 2016
cinco (5) deles iniciaram e deixaram de participar dessas atividades: Leandro Arthur,
Luis Carlos Batarse, Adriane Batarse, Neno Pereira e Edineia Rosa.
Preocupação dos indígenas quanto a segurança da barragem
No final do de 2015 e início de 2016 a região do norte do Paraná foi atingida
por fortes chuvas. Também neste período ocorreu o rompimento da barragem
localizada no município de Mariana/MG e sua divulgação em todo o Brasil. Tais
situações levaram indígenas da região ao temor de que evento similar pudesse ocorrer
com a UHE-Mauá. Assim, conforme relataram indígenas das TIs Mococa e
Queimadas, no começo do mês de janeiro de 2016, alguns indígenas da TI Mococa
21
se deslocaram provisoriamente para a TI Queimadas com o receio de que ocorresse
evento similar àquele ocorrido no município de Mariana/MG. Na TI Queimadas,
diversos indígenas passaram a frequentar a centro religioso local como recurso para
que não ocorressem dano à vida de seus entes. A partir da narrativa desses eventos
foi solicitado ao Consórcio Energético Cruzeiro do Sul maiores informações sobre o
funcionamento da UHE-Mauá e possíveis riscos.
Figura 3 - 20/11/2015 - Fortes chuvas alagam estrada para a TI Mococa
22
Figura 4 - 23/11/2015 - Fortes chuvas alagam estrada para a TI Mococa
Figura 5 - 23/11/2015 - Fortes chuvas alagam estrada para a TI Mococa
23
Figura 6 - Ata de reunião do CGL TI Mococa 02/02/2016. Registrado preocupação em relação aos riscos da UHE-Mauá
Oscilações
O modo de funcionamento da UHE-Mauá também foi objeto de
questionamento direto por indígenas na ocasião da reunião do Comitê Gestor Geral,
em dezembro de 2015. Tal questionamento diz respeito às oscilações repentinas do
nível do rio.
24
Oscilação do nível do rio Tibagi
O modo de funcionamento da UHE-Mauá também foi objeto de
questionamento direto por indígenas na ocasião de reunião do Comitê Gestor Geral
em dezembro de 2015. Tal questionamento diz respeito a oscilações repentina no
nível do Tibagi, o que leva ao afastamento dos indígenas da TI Mococa da realização
de atividades no rio; para os indígenas não há parâmetros para se conseguir prever
essas alterações do nível do rio o que levam muitos a não mais frequentá-lo face ao
temor de que possa ocorrer algo.
Diminuição de peixes no rio Tibagi
Em reunião do Comitê Gestor Local (08/07/2016) com a participação do
técnico/biólogo que realiza o monitoramento do rio Tibagi, os indígenas destacaram a
diminuição de peixes a partir da UHE-Mauá. Foi conversado sobre essa questão com
biólogo.
Acidente menino Luciano Lourenço
Foi realizado apoio logístico e realizado consultas com médico oftalmologista
para o menino Luciano Lourenço, acidentado em 2014 na TI Mococa. Segundo
informou o CECS, questões relativa a compensação financeira se encontra
atualmente na justiça.
Apicultura
Como já havia sido destacado no relatório 2014/2015 a atividade de apicultura
vem constituindo-se em experiência importante na organização interna da TI,
avaliando e adaptando a atividade ao contexto local e, estabelecendo acordo para
organização das capacitações/atividades em etapas básicas. As atas de reunião do
CGL registram acordos básicos em torno da atividade.
Formado em “grupos” de até cinco indígenas, observou-se ao longo das
capacitações e atividades iniciadas (como potencialmente já se avaliava) é que alguns
dos indígenas continuaram na atividade enquanto outros não, não demonstraram mais
interesse. Avalia-se que se trata de processo salutar para ajustar as atividades que melhor
se adequam tanto a organização social dos indígenas quanto às características
25
individuais de cada um. A realização de ajustes na organização da atividade assim como
a reafirmação de acordos mostram-se fundamentais para este fim. Conforme é descrito
no programa 3, considera-se a atividade de apicultura como experiência fundamental para
auxiliar na organização e melhor execução da interface aldeia/”projeto”.
Ainda no âmbito da apicultura um dos acordos fundamentais do qual
participou diretamente a equipe técnica em sua formulação é a necessidade de
participação dos indígenas em capacitações em segurança/saúde e realização de
exame de alergia para prosseguimento nos demais cursos/capacitações e execução
da atividade de apicultura. Cabe notar que são necessárias diversas reuniões para
avaliar, considerar e estabelecer os acordos em torno da execução desta atividade.
26
Figura 7 - 29/06/2016 - Atividade de apicultura.
Acompanhamento do corte de taquara, elaboração e venda de artesanato
A realização e venda de artesanato – sobretudo cestaria - na TI Mococa além
de significar reatualização constante as relações sociais e referenciais simbólico,
possibilita a geração de renda para diversas famílias. Através dos registros
audiovisuais foi possível além de, maior conhecimento e participação de
pesquisadores indígenas e equipe técnica no cotidiano relacionado ao artesanato,
constitui também diálogo mais aprofundado com as mulheres artesãs, principais
27
indígenas participantes. Nesse sentido destaca-se a experiência de acompanhamento
e registro audiovisual da comercialização do artesanato em cidade da região,
dialogando sobre o ponto de vista do indígena. sobre atividade comumente realizada
por diversos grupos kaingang no centro-norte do Paraná.
Aquisição de Terra – TI Mococa
A aquisição de 40 alqueires previsto para a TI Mococa apresentou
desdobramentos ao longo da segunda metade de 2015, conforme descrito a seguir.
Alguns meses após aprovação de aquisição de terra em reunião em
31/03/2015(com participação da FUNAI-DF, CECS, equipe técnica e indígenas), os
indígenas da TI Mococa manifestaram rejeição à terra acordada para aquisição.
Reafirmaram preferência por terra contígua a TI Mococa que já havia sido indicada
em Ata de Reunião do CGL de 21/10/2014 (terra denominada “Fazenda
Samambaia”). Em Ata realizada em 24/07/2015 os indígenas destacam novamente
a preferência pela aquisição de 40 alqueires da “Fazenda Samambaia”.
30
A respeito da “Fazenda Samambaia” uma das alegações iniciais do CECS
para a não aquisição diz respeito ao valor, que não seria compatível com preço de
mercado. Ao longo do segundo semestre de 2015 os indígenas da mantiveram o
interesse na compra da “Fazenda Samambaia”. ”. Em novembro de 2015 a FUNAI –
31
DF indicou proposta de realização de reunião na TI Mococa (com a participação da
referida instituição) para abordagem dessa questão da aquisição da terra (ver ata:
CGL 16/11/2015)
Por decisão da FUNAI-DF a reunião não foi realizada na TI Mococa, tendo sido
realocado para junto da reunião do Comitê Gestor Geral em Londrina/PR, no dia 09 de
dezembro de dois mil e quinze. Na ocasião participaram lideranças indígenas da TI
Mococa, representantes do CECS, FUNAI-DF e MPF. Nessa reunião as lideranças
indígenas reafirmaram o interesse na aquisição da área da “Fazenda Samambaia”,
informando ainda que se conversado com o proprietário seria possível valor mais
baixo que àquele inicialmente estipulado. O CECS concordou então em reavaliar a
aquisição da referida área. Os compromissos entre as partes estão registrados em
Ata da reunião realizada em Londrina/PR no âmbito do Comitê Gestor Geral. Dentre
estes se encontram os seguintes registros:
1- O CECS irá atualizar o laudo da área de interesse da comunidade indígena
e formalizar uma proposta de compra ao proprietário da Fazenda
Samambaia para verificar a viabilidade de compra conforme o valor de
mercado até 15 de janeiro de 2016.
32
Em janeiro de 2016 a equipe técnica participou de reuniões junto aos
representantes do CECS para maiores informações sobre o processo de aquisição de
terra. Foi destacado pela equipe técnica a importância de maior participação dos
33
indígenas e da equipe técnica de campo no processo de aquisição e maiores
informações sobre o processo. O CECS também informou que conseguia a aquisição
da “Fazenda Samambaia” no valor de mercado. As reuniões entre equipe técnica de
campo e CECS sobre a terras se seguiram ainda nos meses de fevereiro e março de
2016 em Curitiba/PR.
No dia 22/01/2016 foi entregue aos indígenas todos os laudos referente as
terras indicadas para aquisição para a TI Mococa. No mesmo dia foi realizado junto
aos indígenas visita a área da Fazenda Samambaia com a participação de engenheiro
agrônomo do Consórcio Energético Cruzeiro do Sul, coordenador agronômico PBA-
CI e equipe técnica de campo, para reconhecimento de limites e marcos. Foi também
apresentado nessa ocasião mapas da referida área.
34
Figura 8 - 22/01/2016 - Visita a área da Fazenda Samambaia para aquisição
Em ata do mesmo dia(22/01/2016) consta registrado a importância da
participação dos indígenas nas atividades técnicas relacionadas a terra:
Foi acordado a realização de análise técnica da terra em questão para melhor avaliação da capacidade de uso e aptidão agrícola. Destaca-se que este processo de análise técnica contará com a participação dos indígenas e
35
possibilitará melhor planejamento do uso da terra pela comunidade indígena. (Ata CGL 20/01/2016)
Em Ata também consta a preocupação dos indígenas quanto a celeridade do
processo e a aprovação o mais breve da FUNAI-DF. A preocupação diz respeito não
apenas a prioridade desde o início da execução do PBA-CI para aquisição da terra,
mas também a possibilidade de execução de ano agrícola que se inicia a atividade no
mais tardar em agosto de 2016.
A partir da visita a “Fazenda Samambaia” foram iniciados os estudos de
capacidade de uso e aptidão do solo. Participaram da realização dessas atividades
indígenas da TI Mococa, equipe técnica de campo, coordenador agrícola(PBA-CI) e
tambémEngenheiro Agrônomo externo ao quadro da equipe técnica. Além do
resultado qualitativo da análise técnica, com a participação dos indígenas, tem-se
ainda a contribuição da percepção sobre o solo e histórico de plantios realizados, o
caráter participativo como fundamental para que sejam discutidos e planejado as
atividades que envolvem a terra a ser adquirida, auxílio nas atividades de campo e
conhecimento dos indígenas sobre as etapas que envolvem o estudo em questão.
36
Figura 9 - 28/01/2016 - Trabalho de campo de análise de capacidade de uso e aptidão de área da "Fazenda Samambaia"
A partir da proposta realizada pelo CECS de adquirir 70 alqueires da “Fazenda
Samambaia”, a partir de remanejamento de recurso do PBA-CI, para pagamento da
diferença de 30 alqueires (Ver ata CGG:09/12/2015), os indígenas destacaram-se que
37
já conhecem os referidos 30 alqueires e que não têm interesse na realização de
remanejamento de recurso para sua aquisição.
Os resultados das análises de capacidade de uso e aptidão foram discutidas
e apresentadas aos indígenas em reunião com ampla participação na TI Mococa.
Nessa ocasião foram também projetados mapas realizados com participação dos
indígenas da TI e foi buscado apoiado em análise e exposição que o tornasse com
melhor compreensão. Nessa ocasião os indígenas reafirmaram a necessidade de
celeridade no processo de aquisição dos 40 alqueires da“Fazenda Samambaia.”
38
Figura 10 - 14/03/2016 - Reunião abordando e apresentado os resultados dos estudos de capacidade de uso e aptidão de solo da Fazenda Samambaia.
39
No dia 06 de abril de 2016, o CECS -Consórcio Enérgico Cruzeiro do Sul-
encaminhou ata da referida reunião do CGL(14/03/2016) da TI Mococa para a FUNAI-
DF, demandando a aprovação da aquisição de 40 alqueira da “Fazenda Samambaia”.
41
Em 26/04/2016 é realizado reunião na TI Mococa para esclarecimentos à
respeito do processo de aquisição de terra. Participou da reunião Carlos Gimenez, um
dos responsáveis pelas tratativas sobre a terra no CECS. No registro da referida
reunião os indígenas manifestaram preocupação quanto à possibilidade de não
realização da safra 2015/2016 na referida terra, em razão da demora na sua aquisição
e já indicam a possibilidade de ocuparem a terra.
Na ata também consta a demanda dos indígenas em participação de reunião
com a FUNAI e CECS, juntos.
42
No dia 03/05/16 foi realizada a reunião entre representantes do CECS e a
FUNAI-DF. A equipe técnica encaminhou aos indígenas ata com registro de
informações da reunião. Nesta reunião realizada em Brasília não houve a participação
dos indígenas. Esta primeira reunião de 2016, resultou nas seguintes informações a
43
respeito da aquisição de terra: explanação sobre a posição da TI em relação a
aquisição da terra, explicação sobre o contrato de compra e venda da terra e
expectativaquanto a aprovação da terra; a FUNAI/sede se comprometeu a se
manifestar até 10 de maio de 2016 (para detalhamento de informações ver ata abaixo)
45
No dia 10/05/2016 a FUNAI-DF encaminhou documento apontando que “não
apresenta óbice a aquisição dos 40 alq da Fazenda Samambaia”. A FUNAI-DF
destaca ainda a necessidade de regularização da referida terra e sua transferência
para a União, “para que seja incluída no Sistema de Terras Indígenas na
categoria reserva indígena”. A referida ata é entregue e apresentada à comunidade
indígena em seguida (19/05/2016):
46
Na reunião do CGL do dia 19 de maio de 2016 é tratado da questão da terra,
apresentando a indicação da FUNAI-DF à respeito. Nessa reunião os indígenas
destacam a preferência em adquirir a terra diretamente a partir da União, mas que se
47
por essa via houver muita demora no processo autorizam o CECS a realizar a
aquisição da terra em nome dessa empresa – os indígenas apontaram problemas
potenciais na aquisição em nome do CNPJ da T - e em seguida transferir para a União
para se tornar parte da Terra Indígena Mococa. Também nessa Ata os indígenas
destacam novamente a importância em rápida resolução das questões relacionadas
à aquisição de terra.
48
A comunidade indígena constantemente manifestam a preocupação quanto à
demora na aquisição da terra demandando frequentemente informações da equipe
técnica sobre este assunto.
No dia primeiro de julho de dois mil e dezesseis é realizado nova reunião entre
o CECS e FUNAI-DF, em Brasília, sobre a aquisição de terras. Nesse mesmo dia os
indígenas, junto à equipe técnica e responsáveis administrativos do CECS, se
encontravam em reunião inter-aldeã, tendo Carlos Gimenez informado a todos que
em 15 dias haveria novos encaminhamentos da FUNAI-DF relativo ao processo.
A ata da reunião entre CECS/FUNAI-DF foi entregue no dia 08/07/2016 para
os indígenas. Nesse registro consta a participação de representantes de setores
diversos da FUNAI e também do presidente da FUNAI, Arthur Nobre Mende . Todavia,
não houve participação dos indígenas . Na referida reunião é registrado dificuldades
para a compra dos 40; mas é apresentado alternativas para sua aquisição.
52
Em reunião do Comitê Gestor Local em 13/07/2016 os indígenas destacam
novamente que aguardam a compra da terra, sua importância para a sequência de
atividades agrícolas na safra 2015/2016 e a possibilidade de ocupação da terra.
A referida ata é encaminhada para o CECS no dia 14/07/2015 sendo que a
comunidade indígena aguarda retorno das instituições.
53
1.1.2 Subprograma de Articulação Inter-aldeã e interinstitucional do PBA
Atividades realizadas
- Reunião do CGG em Londrina/PR (dezembro de 2015)
- Reunião Inter-aldeã: reunião na TI Barão de Antonina (agosto de 2015) e
na TI Laranjinha (julho de 2016);
- Realização do Curso de Artesanato de Bambu disponibilizado pela
EMATER;
- Realização de Curso de Sementes Florestais(Agrobiodiversidade)
disponibilizado pela EMATER;
- Reunião com a EMATER para montagem de curso de agricultura;
Análise Crítica: 2012-2015
Participação de reunião organizada pelo Ministério Público Federal, em
Curitiba-PR, para tratar de questões relacionadas ao sistema jurídico Kaingang. A
reunião contou com a participação de lideranças kaingang de todo Paraná, incluindo
as terras indígenas contempladas pelo PBA-CI. A equipe técnica de campo realizou
apoio logístico para transporte de indígenas e acompanhou a reunião e debate junto
aos indígenas;
- - Participação do técnico de ciência humanas em reuniões com a EMATER
e secretarias do Estado do Paraná debatendo execução de programas em
aldeias indígenas;
- Participação da equipe técnica de campo de reunião junto a
FUNAI(Londrina/PR) sobre atividade de Certificação Orgânica.
- Realização de contatos com EMATER referente a atividade de
meliponicultura e apicultura (segundo semestre de 2014);
- Avaliação de cursos ofertados pela EMATER (segundo semestre de 2015);
- Previsão de participação de indígenas da TI Mococa em reunião de
organização Feira de Sementes de Ortigueira e em Feira de Sementes .
Análise Crítica: 2015-2016
Reuniões Interaldeã
As reuniões foram realizadas em agosto de 2015 e julho de 2016 nas TIs
Barão de Antonina e Laranjinha, respectivamente. As reuniões mantém sua
54
importância no que tange a organização e articulação das aldeias no que condiz a
execução do PBA-CI. Num momento de limitação do acompanhamento da execução
do PBA-CI pela FUNAI-DF as reuniões inter-aldeãs demonstram ainda mais sua
importância.
EMATER- Curso de Semente Florestais
O Curso de Sementes Florestais, realizado entre os dias 29 e 30 de setembro
de 2015 na TI Apucaraninha e o de Caadeia de Bambu realizado durante quatro dias
em Morretes/PR(Outubro/2015) resultaram em conversas e reuniões que já vem
acontecendo desde 2014 com a EMATER. Esta experiência demonstra o potencial
dessa parceria que poderá se estender independente do PBA-CI. O potencial também
é observado na contribuição à EMATER proporcionado pela experiência de indígenas
e da equipe técnica do PBA-CI, no âmbito da execução de “projetos” e assistência
técnica em terras indígenas kaingang e guarani.
1.1.3 Subprograma de Intercâmbio
- Participação de dois indígenas na II Mostra Cultural na TI Ywy
Porã(novembro/2015);
- Disponibilizado logística para participação de evento cultural e relativo ao
audiovisual com indígenas katukina na TI Queimadas (setembro de 2015)
e indígena huni kuin em Curitiba/PR (por razões internas os indígenas da
TI Mococa não participaram);
- Foi realizado convite pelos indígenas da TI Pinhalzinho e pela equipe
técnica para participação de Feira de Sementes e Mudas (TI Pinhalzinho);
- Foi realizado convite pela equipe técnica e disponibilizado logística para
participação de evento de divulgação de artesanato mbya-guarani em
Curitiba/PR ( fevereiro de 2016).
Análise Crítica: 2012-2015
A participação nas reuniões do Comitê Gestor Geral e nas reuniões inter-
aldeãs por parte dos representantes dessa comunidade mostrou-se bastante rica,
tendo engendrado mais reflexões e críticas construtivas, principalmente a partir
55
daqueles que participam ativamente do processo de implementação do PBA. O
investimento em reuniões inter-aldeãs voltadas ao plano de gestão mostra-se também
de suma importância, uma vez que transformar as atividades do PBA em ações que
perdurem nas comunidades depende do envolvimento não apenas das lideranças e
dos indígenas contratados, mas de toda a comunidade no projeto.
No período de 2013-2014, ocorreu viagem à Terra Indígena Guarita sendo
que os indígenas da TI Mococa não participaram em razão de não chegarem a tempo
no ponto de encontro do ônibus (Tamarana-PR) devido a problemas mecânicos no
veículo durante o trajeto. Também não participaram da viagem à TI Renascer devido
chegarem atrasado ao ponto de encontro de ônibus (Santa Amélia-PR) .
No período de 2014-2015 ocorreu a amostra de artesanato durante uma
semana com visitação de diversas aldeias e escolas não-indígenas. O evento
envolveu exposição e venda de artesanato e várias apresentações culturais. A visita
realizada pelo professor indígena Neno Pereira se mostrou importante para estimular
na TI Mococa a organização de eventos similares. Foi também momento no qual foi
experimentado uso de câmera filmadora.
Análise crítica: 2015-2016
Devido a problemas internos na TI Mococa houve dificuldades para
participação dos indígenas da TI em eventos diversos.
1.2 PROGRAMA DE APOIO ÀS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS
1.2.1 Sub programa de agricultura
Atividades
- Reuniões com Comitê Gestor Local para planejamento participativo das
atividades agrícolas a serem desenvolvidas com apoio do PBA/CI;
- Visitas técnicas às áreas de produções familiares;
- Levantamentos e análises de solos da área de 40 alqueires em processo
de aquisição para famílias da terra indígena;
- Orientações técnicas e manutenções de máquinas e implementos agrícolas
utilizados em atividades relacionadas ao PBA/CI;
- Disponibilização de sementes crioulas de feijão e milho;
56
- Disponibilização de sementes de diferentes tipos de olerícolas (abóbora,
abobrinha, melancia e pepino);
- Desenvolvimento de ações sobre apicultura;
- Organização de cursos para capacitações técnicas sobre atividades
agropecuárias.
Análise Crítica: 2012-2015
Conforme relatos de lideranças da terra indígena Mococa, antes do início da
execução do Projeto Básico Ambiental da UHE Mauá (componente indígena) a
comunidade da referida TI jamais havia participado de projetos de compensação como
o em questão, assim como nunca tinha recebido qualquer tipo de suporte do estado2
no que tange a assistência técnica e extensão rural. Ademais, ainda segundo os
considerados, por falta de recursos produtivos havia três anos que a comunidade não
fazia roças coletivas mecanizadas, sendo a última viabilizada pela FUNAI.
Diante disso acredita-se que as ações propostas no PBA-CI gerou grande
expectativa, favorecendo a aproximação e o diálogo dos membros da equipe técnica
com lideranças e outros indígenas da TI.
No período de 2012-2013 foram desenvolvidas várias atividades entre elas
cita-se: levantamento de informações para planejamento da safra de
cereais;aquisição e distribuição de insumos para cultivos da safra de verão;
distribuição de sementes crioulas; preparos de solos; orientações de manejo; coleta
de amostras de solos para análise; capacitações em parceria com SENAR, entre
outras.
Neste cenário positivo foram iniciados os diálogos para discussão e
planejamento das atividades agrícolas a serem desenvolvidas na TI. A falta de uma
infraestrutura adequada3 e a baixa disponibilidade de terras agricultáveis (e,
especialmente, mecanizáveis) sempre foram apontadas pelos indígenas como fatores
limitantes para o pleno desenvolvimento da proposta presente no programa de apoio
as atividades agropecuárias do PBA para a TI; de tal maneira que já no segundo mês
2Segundo depoimentos de lideranças da TI durante oficina para construção da política estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) para comunidades indígenas do Paraná (promovida pelo Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural – EMATER, Ministério Público Estadual e FUNAI). 3 Barracões para abrigo de máquinas, implementos e insumos agrícolas.
57
de execução do Projeto elaboraram ofício à FUNAI solicitando esclarecimentos acerca
da área a ser adquirida pelo empreendedor para a terra indígena.
Em relação a safra de verão de cereais (2012/2013)4, foram disponibilizados
insumos para cultivo de feijão e millho de áreas familiares e coletivas. As áreas
familiares, na maior parte não mecanizáveis (conhecidas como “roças de toco”), foram
basicamente atendidas com sementes (de milho crioulo e feijão carioca) para
semeaduras manuais (com cavadeiras e/ou matracas); já as áreas coletivas,
mecanizáveis, foram preparadas com máquina/implementos agrícolas e tiveram
adubação de plantio a base de composto orgânico, fosfato natural reativo e pó-de-
basalto.
Se o desempenho no que tange a produtividade ainda não pôde atender o
tecnicamente almejado, foi suficiente para disponibilizar milho e feijão5 para o
consumo das famílias; atendendo assim um dos principais objetivos dos cultivos desta
safra de verão.
Quanto as capacitações, cabe salientá-las pois boa parte dos participantes
demonstraram grande interesse e aproveitamento, sendo que quase todos foram
aprovados nos cursos recebendo certificados de conclusão. No que tange ao
transplantio de tapetes de grama esmeralda, também tratou-se de uma atividade que
não estava prevista no PBA, sendo pensada e discutida no comitê local como
alternativa para tentar solucionar um problema recorrente em épocas de chuvas:
arraste de terra para corredores e salas de aula da escola da TI, envolvendo
professores e crianças e favoreceu o diálogo para a realização de novas ações em
parceria com a escola, como a implantação de uma horta para o fornecimento de
hortaliças para a merenda escolar.
As áreas coletivas de produção de milho totalizaram aproximadamente 9
hectares (ha) enquanto as de feijão cerca de 5 ha.
Em relação às áreas familiares, foram disponibilizados 700Kg de sementes6
de feijão carioca (20Kg de sementes por família - 35 famílias - o que possibilita o
4 Toda a produção foi manejada seguindo princípios e práticas da agricultura orgânica, o que resultou na produção de alimentos livres de agrotóxicos. 5 As áreas coletivas de feijão não chegaram a produzir por conta de problemas de desenvolvimento das plantas, atrelados especialmente aos solos ácidos onde cresciam (até então nunca “corrigidos”), a condições climáticas adversas (longo período de chuvas fortes pré/pós-floração) que favoreceram a formação de poucas vagens, a incidência de doenças de plantas (como a antracnose) e também impediram o manejo de plantas espontâneas nos momentos adequados; sendo o desempenho nas áreas familiares variável (dependendo, entre outros fatores, da época em que cada família semeou). 6 Cabe lembrar que tanto as sementes de milho como as de feijão disponibilizadas às famílias não foram tratadas com agrotóxicos.
58
cultivo de cerca de 0, 3ha por família, totalizando então 10, 5 ha7) e 240Kg de
sementes de milho crioulo . Contudo, após visitas técnicas as áreas familiares de
produção e conversas com a comunidade sobre o “fechamento da safra”, constatou-
se que o total da área familiar plantada foi inferior ao que se esperava. Tal situação
pode ser atribuída a:
- Baixa disponibilidade de terras agricultáveis;
- Alguns indígenas terem declarado que cultivavam áreas maiores do que
efetivamente cultivam;
- Época de entrega de insumos (“fora” da época que alguns costumam
plantar) e condições climáticas inadequadas (seca prolongada pré-plantio
e longo período de chuva durante época de preparos de solos);
- Disponibilização de sementes pela FUNAI dias antes da chegada das
sementes do PBA;
- Excesso de chuva entre janeiro e fevereiro levou alguns a desistirem de
realizar “plantios do tarde” (segunda e terceira safra de feijão).
Durante julho e agosto de 2013 foram realizadas visitas a famílias e reuniões
com o CGL da TI Mococa que visavam abrir diálogos e planejamentos de atividades
agrícolas que deveriam ser executadas na primavera/verão seguinte, ficando explicito
o interesse por atividades agrícolas que fossem capazes de gerar renda monetária
aos envolvidos.
Em setembro de 2013 foram iniciados os preparos de solos das áreas
mecanizáveis disponíveis na TI. Ao contrário do ano anterior, os preparos
mecanizados eram realizados por um indígena, com trator e implementos da TI,
recém-adquiridos pelo PBA/CI. Já em meados de outubro de 2013, um
desentendimento envolvendo o tratorista contratado do CGL e o cacique da TI resultou
na demissão do primeiro que havia participado de seis capacitações. Isto gerou um
atraso na continuidade da atividade sendo reiniciada apenas em janeiro de 2014.
Se os cultivos nas áreas mecanizáveis não apresentaram retorno produtivo,
as chamadas áreas de “toco ou coivara” (preparadas e cultivadas manualmente por
indígenas com foices, facões, enxadas, cavadeiras e matracas) possibilitaram não só
a colheita de produções para o auto-consumo como também abriu para alguns, a
7 Adotando-se como consumo médio de sementes 160Kg/ha para cultivos manuais com matraca (rendimento informado por indígenas da TI).
59
perspectiva de ganhos monetários através da comercialização de excedentes, como
no caso da família do indígena Salvador Pereira.
Também neste período, conforme tratativas junto ao CGL, a implantação das
frutíferas previstas no PBA deverá ocorrer após a aquisição de terras para a TI,
cabendo destacar que em 2012 e 2013 a FUNAI disponibilizou grande quantidade de
mudas de frutíferas a indígenas da TI.
Sobre a questão da aquisição de terras para a TI, algumas lideranças
indígenas aguardam o posicionamento da FUNAI (Brasília) sobre a possibilidade do
empreendedor (Consórcio Energético Cruzeiro do Sul) adquirir propriedades que
fazem divisa com parte do entorno atual da TI, e que juntas totalizariam cerca de 40
alqueires que apresentariam solos com aptidão agrícola principalmente para a
produção de cereais e de pastagens para bovinos.
Em outubro de 2013 foi realizada calagem e fosfatagem em cerca de 1, 5
alqueires de solos distribuídos ao longo da TI Mococa, tendo sido utilizado por alqueire
cerca de1 tonelada de fosfato natural reativo, 0, 5 toneladas de termofosfato e 6
toneladas de calcário dolomítico; doses determinadas a partir da interpretação de
resultados de análises de solos realizadas em dezembro de 2012 e de outras
características dos solos e dos insumos disponíveis. Ademais, cabe mencionar que
cerca de 1, 5 alqueire não puderam ser “corrigidos” devido as condições de acesso
aos mesmos que deverão ser melhoradas até o início da próxima safra agrícola de
cereais (2014/2015).
Quanto ao efeito da calagem, os resultados das novas análises de solos,
realizadas em janeiro de 2014 mostraram que sua eficiência foi pequena na correção
da acidez, por outro lado favoreceu de maneira considerável a melhoria da CTC
efetiva e da saturação por bases dos solos. Já a fosfatagem, realizada entre setembro
e outubro de 2013, favoreceu de maneira significativa o aumento da disponibilidade
de fósforo nos solos trabalhados.
No que tange as produções obtidas nas áreas cultivadas, as áreas de milho
cultivadas com trator e plantadeira não renderam colheitas devido a secas que
ocorreram poucos dias após a germinação de sementes/emergência de plantas e na
véspera/durante pendoamento das plantas (que também sofreu com danos
ocasionados por bovinos que escaparam de pastagens vizinhas); já as cultivadas por
indígenas com plantadeiras manuais (matracas), cerca de um hectare, resultaram em
colheitas que somadas devem ter chegado perto de cinquenta sacos (de sessenta
60
quilogramas cada). Em relação ao rendimento das colheitas das áreas cultivadas com
feijoeiros (que foram todas plantadas com matraca), acredita-se que os cerca de um
hectare plantados com sementes disponibilizadas pelo PBA/CI tenham rendido cerca
de trinta sacos de sessenta quilogramas cada.
Cultivo de cereais
- A expectativa de muitas lideranças indígenas em relação ao cultivo de
cereais está muito vinculada à idéia de possíveis ganhos monetários com
o plantio de grandes lavouras - principalmente de soja e milho - conduzidas
em sistema convencional de produção (na lógica de commodities
agrícolas), que é altamente dependente de insumos externos e de áreas
agrícolas mecanizáveis (sendo a gestão administrativa do processo
essencial para o sucesso ou não de agricultores).
- As roças de toco ou coivara são áreas preparadas e cultivadas sem o uso
de tratores e arados. Nestas roças, a vegetação que precede os cultivos
(“capoeira”) é roçada com foices, facões e enxadas. Quando secos, os
restos vegetais roçados são queimados, possibilitando que dias depois
sejam realizados cultivos (principalmente de feijão, milho e abóbora) em
solos que normalmente apresentam “tocos”, remanescentes da vegetação
que precedia os cultivos.
Cultivos de mandioca
Em função da baixa disponibilidade de solos agrícolas mecanizáveis na TI e
da percepção de que o cultivo de mandioca poderia ser uma alternativa econômica
mais interessante do que o cultivo de cereais, lideranças indígenas demandaram a
realização dos trâmites através do PBA/CI, a aquisição de ramas de mandioca para
cultivar pouco mais de um alqueire paulista.
Assim foram formados três grupos que totalizaram dez indígenas e os solos
dos cultivos, já preparados em outubro de 2013, foram preparados com duas
gradagens com grade aradora e uma com grade niveladora.
As ramas de mandioca foram disponibilizadas e plantadas entre outubro e
novembro de 2014, em covas abertas com enxadas. Cerca de 1/4 dos solos
preparados não foi cultivado por desistência de um grupo de indígenas.
61
As ramas plantadas apresentaram as primeiras brotações em pouco mais de
uma semana, sendo que boa parte delas resultaram em plantas que aparentavam ter
bom potencial produtivo.
Como o aumento do volume de chuvas entre janeiro e fevereiro e a falta de
capinas, boa parte de toda a área mecanizável plantada com mandioca acabou sendo
“sufocada” pela braquiária.
Ainda sobre o cultivo da mandioca, cabe mencionar que a área mecanizável
onde foram realizados os plantios sofre constantemente com a invasão de bovinos e
eqüinos, que geram prejuízos aos cultivos implantados . Por conta disto lideranças da
TI solicitaram que fosse disponibilizado materiais para a construção de cercas no
entorno das áreas mecanizáveis. Tais materiais foram disponibilizados
aproximadamente três meses depois que os plantios de mandioca haviam ocorrido, o
que então não serviu para impedir que ocorressem prejuízos aos plantios em
desenvolvimento.
Cultivos de olerícolas
Visando promover a diversificação da produção de alimentos para
autoconsumo e assim favorecer a segurança alimentar e nutricional das famílias
indígenas, foram realizados levantamentos de interesses/preferências por olerícolas,
raízes e tubérculos.
As olerícolas mais citadas pelos indígenas foram abóbora e pepino. Já entre
as raízes e tuberosas basicamente foram mencionadas mandioca e batata-doce .
No final de outubro de 2014 foram disponibilizadas sementes de abóbora (três
cultivares), melancia (dois cultivares), pepino (dois cultivares) e abobrinha, um
envelope de cada cultivar, para 30 indígenas.
Frutíferas e outras perenes
Durante os dois primeiros anos de execução do PBA/CI, a FUNAI
disponibilizou mudas de diversas frutíferas a indígenas da TI Mococa. Por conta disto,
no âmbito do CGL o assunto sempre foi tratado como algo que deveria ser discutido
na ocasião da aquisição de terra que que encontrava-se em processo de aquisição.
Recentemente a aquisição de parte das mudas previstas no PBA/CI passou a
ser tratada como oportuna para arborizar e produzir frutos em algumas casas e
62
espaços da terra indígena. Por conta deste interesse recente serão realizadas visitas
à famílias e reuniões do CGL para discussão e planejamento de atividades para
favorecer o melhor aproveitamento das mudas que serão disponibilizadas.
Apicultura e meliponicultura
Em um primeiro momento, devido ao risco de acidentes relacionado ao
trabalho com abelhas européias africanizadas (“com ferrão”) foi discutida e
incentivada a possibilidade de trabalho com abelhas indígenas sem ferrão
(meliponíferas). No entanto, devido ao entendimento de que a criação de abelhas com
ferrão (apis) é mais rentável, os indígenas solicitaram que fosse iniciado o programa
de apicultura previsto no PBA/CI, o que não impede o trabalho com as meliponíferas
– tanto para produção de mel voltado a comercialização quanto para autoconsumo .
Para esta produção programou-se capacitação técnica sobre apicultura,
contando com a consultoria de um profissional ligado ao programa Apis (Apicultura
Integrada e Sustentável), desenvolvido pelo SEBRAE e que visa melhorar a cadeia
apícola na região de Ortigueira.
O primeiro módulo de capacitações com apis aconteceu em 30/04/2015 e
abordou primeiramente os riscos e prevenções de acidentes nos trabalhos com
abelhas com ferrão (além de também ter sido abordado conceitos teóricos iniciais
sobre apicultura). Já o segundo módulo das capacitações, que basicamente oferecerá
instruções de primeiros socorros em caso de acidentes, deveria ter ocorrido em junho
de 2015. No entanto, como o conteúdo será ministrado por um médico e um
enfermeiro da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), que não estariam
disponíveis no mês de junho, a capacitação foi planejada para ocorrer em 02/07/2015.
Estão previstos, para juulho de 2015, os terceiros e quartos módulos de capacitação.
Cabe mencionar que as produções de mel voltadas a geração de renda
monetária poderão vir a ser facilmente comercializadas em Ortigueira, com um grande
comprador de mel da região ou com a APOMEL (Associação dos Produtores de Mel
de Ortigueira), havendo o interesse dos indígenas em se associarem a mesma.
63
Organização de cursos e eventos
1 – Bovinocultura de leite
Período de realização: 21 a 25/07/2014
Local: escritório do Comitê Gestor Local da TI Mococa.
Participantes: 11 iniciaram, 7 concluíram.
2 – Inseminação artificial de bovinos
Período de realização: 24 a 27/02/2015
Local: CTA/SENAR - Porto Amazonas(PR)
Participantes: 2
3 – Apicultura
A primeira das capacitações ocorreu em 30/04/2015 e contou com a presença
de 12 indígenas, tendo como conteúdo principal riscos e prevenção de acidentes
envolvendo a atividade apícola.
4 – Trabalhador na operação e manutenção de motosserras
Período de realização: 01 a 03/06/2015 (primeira etapa)
15 e 16/06/2015 (segunda etapa)
Local: Terra indígena Mococa.
Participantes: 6
Análise Crítica: 2015-2016
Conforme já mencionado em relatórios anteriores, grande parte das atividades
agrícolas previstas para serem desenvolvidas junto às famílias da TI Mococa foram
planejadas para ocorrerem em uma área de 40 alqueires que encontra-se em
processo de aquisição pelo empreendedor.
Por considerarem que poderão aproveitar melhor alguns recursos produtivos
quando tiverem acesso à terra em processo de aquisição, na última safra agrícola
(2015/2016), os indígenas optaram por não realizarem cultivos de feijão e milho com
recursos oriundos do PBA/CI. Especialmente em função do exposto e levando em
conta o acúmulo de discussões realizadas em reuniões do Comitê Gestor Local desde
64
meados de 2014, a apicultura, prevista no PBA/CI continuou sendo tratada como uma
alternativa à produção de feijão e milho em áreas mecanizáveis. (que apresenta
lógica/escala de produção mais voltada para a geração de renda monetária do que
para o autoconsumo das famílias)
A produção de alimentos mais voltada para o autoconsumo das famílias, vale
a pena mencionar que, os indígenas receberam sementes de feijão e milho oriundas
de doações intermediadas pela FUNAI, as quais não puderam ser plantadas em
função da época em que foram disponibilizadas e de longos períodos chuvosos que
inviabilizaram a realização de preparos de solos e de plantios. Outras demandas foram
apresentadas pelos indígenas como sementes de diferentes tipos de abóboras,
pepino e melancia disponibilizadas mas que também pouco puderam ser aproveitadas
em função de longos períodos chuvosos que impediram a realização de semeaduras
ou dificultaram o desenvolvimento de plantas.
A) Cultivo de feijão e milho
A expectativa de muitas lideranças indígenas no que tange ao cultivo de grãos
e cereais está muito relacionada à idéia da obtenção de possíveis ganhos monetários
com o plantio de grandes lavouras - principalmente de soja e milho - conduzidas em
sistema convencional de produção (na lógica de commodities agrícolas); que é
altamente dependente de áreas agrícolas mecanizáveis, insumos e máquinas
agrícolas.
Ao longo dos últimos quatro anos, tanto em reuniões do Comitê Gestor Local
como em outros espaços de diálogo entre a equipe técnica e lideranças indígenas,
ficou que o interesse de muitas destas em relação ao cultivo de feijão e milho, a ser
apoiado pelo PBA/CI, está muito associado à lógica do ganho monetário.
Muito em função do exposto e por considerarem que poderão aproveitar
melhor alguns recursos produtivos quando tiverem acesso à terra em processo de
aquisição, na última safra agrícola (2015/2016) indígenas optaram por não realizarem
cultivos de feijão e milho com recursos oriundos do PBA/CI. Ademais, oportuno
informar que na safra 2015/2016 praticamente não ocorreram cultivos em áreas
agrícolas não mecanizáveis, conhecidas como “roças de toco”; principalmente por
65
conta da distribuição8 e volume de chuvas que ocorreram no município de Ortigueira,
que dificultaram ou impediram a realização de “roçadas e coivaras”, práticas
essenciais para a viabilização de plantios neste sistema de produção.
Além das chuvas, problemas com suínos que escapavam de um chiqueiro de
um indígena acabaram desestimulando este e outros a realizarem cultivos em “roças
de toco”. Os indígenas então passaram a aguardar a realização de um curso sobre
construção de cercas para criação de suínos, que inicialmente não ocorreu por conta
de divergências entre contratados do CGL e posteriormente devido ao
desenvolvimento de outras atividades entendidas como prioritárias por lideranças
indígenas. E mais recentemente devido a problemas com o caminhão da terra
indígena que será utilizado para fazer o transporte dos materiais necessários para a
realização do curso e por fim, em função dos problemas expostos, o curso foi
reagendado para ocorrer no início de agosto de 2016.
B) Cultivos de olerícolas
Visando promover a diversificação da produção de alimentos para
autoconsumo e assim favorecer a segurança alimentar e nutricional de famílias de
indígenas, em 2014/2015 foram realizados levantamentos de interesses e
preferências por olerícolas, raízes e tubérculos. As olerícolas mais citadas pelos
indígenas foram abóbora e pepino, que tiverem sementes adquiridas e
disponibilizadas pela primeira vez em outubro de 2014.
Levando em conta esta experiência, em reunião do CGL lideranças indígenas
solicitaram que o PBA/CI novamente disponibilizasse sementes de abóboras,
abobrinha, melancia e pepino, sendo adquiridas e disponibilizadas sementes de
abóbora (três cultivares), melancia (dois cultivares), pepino (dois cultivares) e
abobrinha, um envelope de cada cultivar, para atender até 30 indígenas (dependendo
do interesse de cada um).
8 Especialmente entre o final de outubro e dezembro de 2015, e do final de janeiro até o final fevereiro de 2016.
66
Figura 11 - Reunião do Comitê Gestor Local sobre disponibilização de sementes e troca de conhecimentos técnicos sobre cultivos de olerícolas.
Cabe mencionar que a proposta técnica da diversificação de cultivares de
cada olerícola tinha como principal objetivo favorecer a segurança alimentar e
nutricional das famílias dos indígenas que costumavam ou tinham interesse em
plantar no entorno de suas casas (quintais), paióis ou “roças de toco”. Tal
diversificação possibilitaria a produção de alimentos em diferentes meses do ano, já
que quase todos os cultivares adquiridos proporcionavam colheitas em momentos
distintos (além de também produzirem frutos por meses até entrarem em declínio –
como a abóbora e a abobrinha).
Como exemplo pode-se citar o caso da abóbora. Foram disponibilizadas
sementes de três cultivares: Menina Brasileira Precoce, Moranga e Menina Rajada.
Segundo informações técnicas da sementeira que comercializa os três cultivares, as
plantas do primeiro cultivar citado possibilitam a colheita dos primeiros frutos com
aproximadamente 75 dias de germinadas/emergidas as plântulas das sementes
plantadas. Já a segunda cultivar (Moranga) demanda de 90 a 110 dias para produzir
os primeiros frutos, enquanto as plantas da terceira cultivar (Menina Rajada)
demandam aproximadamente 140 dias até a colheita das primeiras abóboras.
Apesar de todo o esforço para favorecer a produção diversificada de
olerícolas, questões climáticas acabaram prejudicando o aproveitamento das
sementes disponibilizadas. Segundo relatos de alguns indígenas, devido a longos
períodos chuvosos muitas plantas acabaram tendo desenvolvimento prejudicado, de
tal maneira que poucas resultaram em frutos e colheitas. De qualquer maneira, os
indígenas continuam entendendo que o trabalho com as olerícolas é muito oportuno
67
para a terra indígena especialmente porque favorece a alimentação das famílias, tanto
que em reuniões recentes do CGL lideranças já solicitaram a continuidade da ação
entre 2016/2017.
C) Frutíferas e outras perenes
Especialmente devido a questão sobre o processo de aquisição de terras para
a TI, o trabalho com as mudas de frutíferas e de outras perenes previsto no PBA/CI
acabou sendo postergado para quando a referida terra estiver disponível para os
indígenas a cultivarem.
D) Apicultura
Segundo dados obtidos em estudo sócio-ambiental realizado antes da
construção da UHE Mauá, dos 841ha de solos da TI Mococa, cerca de 82% destes
estão cobertos por mata (259, 86ha ou 30, 83% em estágio avançado da sucessão
natural + 438, 14ha ou 51, 98% em estágio médio da sucessão vegetal).
Levando em conta esta disponibilidade de mata, a reduzida área agrícola
mecanizável atualmente disponível na terra indígena (que impede a produção de
grãos e cereais da maneira desejada por muitas lideranças indígenas), e o fato de
Ortigueira ter cadeia produtiva do mel bem estruturada (favorecendo a
comercialização de produtos apícolas) e de que no PBA/CI está previsto o
desenvolvimento de atividades apícolas, no início de 2015 a criação de abelhas para
produção de mel passou a ser discutida no Comitê Gestor Local como uma alternativa
para contribuir na geração de renda monetária para algumas famílias da TI.
As atividades de apicultura previstas no PBA/CI foram iniciadas a partir da
realização de reuniões do Comitê Gestor Local e de cursos sobre apicultura,
prevenção de acidentes e primeiros socorros, considerados como imprescindíveis
para que o PBA/CI pudesse iniciar atividades apícolas com os indígenas .
Figura 12 - Reuniões do CGL para definições sobre projeto de apicultura e organização de grupos de indígenas para início de atividades práticas.
68
Figura 13 - Curso sobre primeiros socorros em casos de acidentes com animais peçonhentos (oferecido em duas datas por médico e enfermeiro da Saúde Indígena –
SESAI).
Além disto, também pensando na prevenção de acidentes, foram realizados
exames laboratoriais para avaliar se 20 indígenas inicialmente apresentariam
predisposição a desenvolver quadro alérgico quando estivessem em contato com
abelhas. De todos os indígenas que fizeram os exames apenas um teve resultado que
indicava um pequeno risco de desenvolver problemas de ordem alérgica (e por isto
não continuou na atividade).
69
Figura 14 - Coleta de sangue de indígenas para a realização de exames laboratoriais sobre alergia a picadas de abelhas
Após tais avaliações e reuniões do CGL, 15 indígenas decidiram que
continuariam participando das atividades relacionadas ao projeto de apicultura.
Posteriormente três destes desistiram, um porque se mudou para outra terra indígena
e os outros dois por não terem condições ou interesse em participar de novos cursos
que por questões de segurança foram entendidos como imprescindíveis para aqueles
que desejavam se envolver em atividades apícolas apoiadas pelo PBA/CI). Com isto
os doze indígenas que permaneceram interessados em seguir na atividade
organizaram-se em três grupos.
Em setembro de 2015 foi realizado novo curso sobre apicultura na terra
indígena, desta vez com o objetivo principal de (re)apresentar informações e técnicas
de trabalho para captura e manejo de enxames de abelhas (Apis mellifera). Nove
indígenas participaram da capacitação e no término dela espalharam caixas iscas
para que pudessem capturar enxames que sobrevoavam as áreas da TI.
70
Figura 15 - Curso de apicultura: preparo e distribuição de caixas iscas para captura de enxames de abelhas.
Infelizmente poucos enxames foram capturados ou se mantiveram nas caixas.
Como mencionado anteriormente, entre outubro de 2015 e fevereiro de 2016
houveram longos períodos chuvosos no município de Ortigueira, o que acabou
prejudicando a floração de muitas espécies arbóreas que fornecem pólen para as
abelhas, além de terem afetado as condições para vôos de abelhas/enxames. Cabe
mencionar que “devido ao clima”, boa parte dos apicultores de Ortigueira sofreram
perdas consideráveis de produção entre 2015/2016.
Em função das dificuldades mencionadas no parágrafo anterior e da
desistência de alguns indígenas, entre maio e junho de 2016 foram realizadas
reuniões do CGL para que fossem rediscutidos acordos e replanejadas as ações de
apicultura para a TI, e, após reunião realizada em 28 de junho de 2016 ficou decidido
que 10 continuariam as atividades em três grupos.
71
Posteriormente, as atividades práticas com apicultura foram reiniciadas com
um curso sobre manejo e alimentação de colméias, realizado em um apiário
construído pelos próprios indígenas na TI. Ademais, em tal curso também foram
discutidas as possibilidades de indígenas comercializarem suas produções de mel em
mercados locais (já que Ortigueira costuma estar entre os três maiores produtores
nacionais de mel) assim como de se associarem a uma cooperativa de apicultores
(Cooperativa dos Criadores de Abelhas de Ortigueira - Cooramel) para que
futuramente também possam comercializar mel em embalagens unitárias rotuladas
com logomarcas indígenas9.
Figura 16 - Curso de apicultura: manejo e alimentação de colméias.
Sobre esta possibilidade, em 07 de julho de 2016 o cacique e uma liderança
da terra indígena participaram de evento sobre “Design para pequenos negócios de
apicultura e meliponicultura”, promovido pelo SEBRAE e realizado no Sindicato Rural
de Ortigueira, assim como, também acompanharam a reunião de fundação da
Cooramel, quando também receberam estatuto e foram convidados a se associarem
à Cooperativa. Sobre este assunto as duas lideranças presentes ficaram de conversar
com outros indígenas da TI.
As próximas ações de apicultura previstas para a terra indígena incluem a
realização de novos cursos, a construção de seis apiários - dois por grupo, em dois
locais diferentes para aproveitar floradas - e a aquisição de mais caixas para criação
de abelhas visando favorecer a produção de mel em escala voltada a comercialização
e geração de renda monetária aos indígenas envolvidos.
9 Indo de encontro com objetivos do subprograma de Beneficiamento de produtos, certificação orgânica e criação de logomarcas indígenas (previsto na página 230 do PBA/CI da UHE Mauá).
72
E) Participação de indígenas em cursos e eventos
1 – Curso de mecânico de motores a diesel para tratoristas
Período de realização: 9 a 13/11/2015
Local: Centro de Treinamento Agropecuário - Ibiporã.
Participantes: 9 (1 da TI Mococa – tratorista)
Com o objetivo de apresentar elementos básicos sobre mecânica de motores
a diesel (especialmente de tratores), foi realizada uma parceria com o Centro de
Treinamento Agropecuário do SENAR de Ibiporã (CTA Ibiporã/ SENAR) para que
fosse um curso exclusivo para indígenas que normalmente operam tratores em sete
TI’s apoiadas pelo PBA/CI.
O curso ocorreu de 9 a 13 de novembro de 2015 e contou com a participação
de 9 indígenas, que o avaliaram positivamente e solicitaram que fossem agendados
outros cursos sobre mecânica de tratores. Também no evento demonstraram
interesse em participar de curso de soldador rural – viabilizado em 2016.
Figura 17 - Indígenas em treinamento sobre mecânica de motores a diesel.
Apicultura
Visando favorecer a prevenção de acidentes e oferecer elementos técnicos
para que indígenas iniciem suas atividades na apicultura (demanda dos próprios –
também prevista no PBA/CI), foram planejadas uma série de capacitações técnicas a
serem realizadas na terra indígena. Por conta do risco de acidentes, tais capacitações
estão sendo tratadas como de caráter obrigatório aos que pretendem trabalhar na
apicultura com recursos/apoio do PBA/CI .
73
A primeira das capacitações ocorreu em 30/04/2015 e contou com a presença
de 12 indígenas, tendo como conteúdo principal riscos e prevenção de acidentes
envolvendo a atividade apícola (Figura 18).
Figura 18 - Cartaz e curso sobre riscos e prevenção de acidentes na apicultura.
O conteúdo foi ministrado por um experiente apicultor, que é agrônomo e
presta consultoria pelo SENAR e SEBRAE (tendo também participado ativamente do
desenvolvimento da cadeia apícola no município de Ortigueira).
A segunda capacitação ocorreu em 02/07/2015 e teve como principal
conteúdo noções de primeiros socorros em caso de acidentes com abelhas. O
conteúdo foi ofertado por um enfermeiro e por um médico que já trabalham na saúde
indígena (Secretaria Especial de Saúde Indígena – SESAI), que também passaram
orientações sobre primeiros socorros em caso de acidentes com outros insetos
(aranha, escorpião e lagartas) e animais peçonhentos (cobras). Ademais, o mesmo
conteúdo foi novamente ofertado em 06/08/2015 para permitir que indígenas que
estavam ausentes da primeira capacitação pudessem ter acesso aos assuntos
conversados.
74
Figura 19 - Curso sobre primeiros socorros em casos de acidentes com animais peçonhentos (oferecido em duas datas por médico e enfermeiro da Saúde Indígena –
SESAI).
A quarta capacitação ocorreu em 30/09/2015 e apresentou informações gerais
sobre apicultura e teve conteúdo prático sobre preparo de caixas iscas para captura
de enxames de abelhas (ver Figura 8, Figura 9, Figura 10 e Figura 11). Em relação a
próxima capacitação, deverá ocorrer na primeira semana de agosto e reapresentará
conteúdos de outros cursos, além de contemplar aula prática sobre localização e
construção de apiários.
1.2.2 Sub programa de beneficiamento de produtos, certificação orgânica e
criação de marcas indígenas
Análise Crítica: 2012-2015
O subprograma de certificação orgânica e criação de logomarcas indígenas
foi iniciado na TI Mococa como estratégia para favorecer a valorização e divulgação
da história, do trabalho e das produções agrícolas da família de um dos kaingangs
mais antigos da terra indígena: o senhor Salvador Nopranh Pereira.
Durante uma “oficina” para distribuição de sementes crioulas na TI Mococa,
realizada em outubro de 2012 o engenheiro agrônomo do Comitê Gestor Local da TI
foi apresentado ao indígena Salvador Pereira .Neste primeiro encontro, além de
disponibilizar algumas sementes crioulas ao senhor Salvador Pereira, o engenheiro
agrônomo apresentou ao mesmo a proposta de trabalho com cereais prevista no PBA
75
para todas as famílias da TI Mococa; proposta que incluía, entre outros insumos,
adubos orgânicos.
O indígena informou prontamente que suas terras não precisavam de adubos
para que as plantas sobre elas produzissem e nem do uso de venenos para "controlar
matos, pragas ou doenças" despertando a atenção da equipe de agrônomos que
passou a acompanhar mais de perto o trabalho da família do sr. Salvador.
Tal condição encontrada permitiu que, ainda em 2012, ocorressem as
primeiras conversas na terra indígena sobre certificação orgânica de produções
agrícolas. No inicio de 2013 este assunto foi reforçado durante o curso “Trabalhador
na agricultura orgânica”, sendo que parte das aulas práticas aconteceram nas áreas
de produção do senhor Salvador Pereira.
Desde então foram realizadas inúmeras visitas as áreas de produção do
senhor Salvador, que também serviram como momentos para trocas de
conhecimentos que embasaram os diálogos de negociação do processo de
certificação orgânica junto a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a
certificadora TECPAR (que em parceria desenvolvem projetos de certificações
orgânicas); iniciados em janeiro de 2014.
A primeira visita técnica do engenheiro agrônomo da Universidade Estadual
de Londrina às áreas de produção do senhor Salvador ocorreu em fevereiro de 2014
e possibilitou que o visitante levantasse algumas informações necessárias para a
abertura de processo de certificação orgânica junto a TECPAR; que já no mês
seguinte encaminhou auditores para que realizassem as primeiras observações de
campo.
Por se tratar de um processo novo para a certificadora representantes do
TECPAR acreditam que o senhor Salvador Pereira possa vir a ser o primeiro indígena
a possuir certificado de produção orgânica no Paraná. Para tanto é preciso a
obtenção, junto à FUNAI, documento onde a mesma reconheça o direito de usofruto
do senhor Salvador em relação as terras em que ele trabalha (uma vez que o mesmo
não possui documento de posse da terra – pré-requisito em processos de certificação
orgânica).
Outros dois documentos, para dar andamento ao processo de certificação
orgânica, foram solicitados sendo um da comunidade reconhecendo as áreas de
produção agrícola e extrativismo que a família do senhor Salvador Pereira trabalha e
outro do engenheiro agrônomo do PBA/CI, constando o tempo de acompanhamento
76
técnico do profissional, que deveria ser de no mínimo dezoito meses. Ambos
documentos foram viabilizados .
No que tange ao subprograma de criação de logomarcas indígenas, em
fevereiro de 2014 o engenheiro agrônomo do CGL da TI Mococa estimulou um dos
filhos do Salvador Pereira a elaborar um desenho que fosse capaz de lembrar a
agricultura feita por seus pais e que visasse não só favorecer a comercialização das
produções mas também melhor divulgar a “agricultura tradicional” praticada por seus
familiares. Assim o primeiro desenho foi feito.
Análise Crítica: 2015-2016
Sem dados no período.
1.3 PROGRAMA DE VIGILÂNCIA E GESTÃO TERRITORIAL
Atividades
- Disponibilização de 140 litros de combustível mensalmente;
- Manutenção e conserto de veículos;
- Atividades de elaboração, visualização e leitura de etnomapeamento
realizado com a participação dos indígenas no interior da TI;
- Realização de mapeamento e leitura de mapa junto aos indígenas no
âmbito do estudo de capacidade de uso e aptidão de área a ser adquirida;
- Disponibilização de curso de CNH(Carteira Nacional de Habilitação) A e C
para realização, encaminhamentos burocráticos necessários relacionados
e subsídios para participação nos cursos;
- Disponibilização de Curso de Agrobiodiversidade e Cadeia de Bambu;
- Estabelecimento de acordos no âmbito da execução da atividade de
apicultura.
Análise Crítica: 2012-2015
No período de 2012-2013 as atividades mais importantes do presente
Programa foram planejadas para serem executadas a partir do segundo ano de
execução do PBA-CI. Neste período foi realizado o diagnóstico com levantamento
participativo de dados e informações sobre constituição dos solos da Reserva - solos
arenoso e de terra basáltica -, nascentes, matas ciliares, áreas de preservação e vias
77
de acesso e trânsito interno. Foram feitas também visitas familiares levantando dados
e indicativos socioeconômicos e relativos à produção agrícola e agropecuária.
Iniciou-se a elaboração do Plano de Gestão Territorial nas TIs realizando duas
oficinas nas TIs Queimadas e São Jerônimo, respectivamente nos meses de abril e
maio de 2013. Em ambas as oportunidades destacam-se a participação de
representantes do CGL da TI Mococa, assim como o envolvimento de pessoas mais
experientes - foco das duas oficinas. De maneira geral verificou-se nas duas oficinas
a participação efetiva de pessoas mais velhas das oitos TIs, com enriquecedora troca
de experiências com lideranças mais jovens envolvidas na execução do PBA-CI.
Nestas oficinas oportunizou-se o diálogo relativo à gestão territorial das TIs e em
particular à gestão do PBA-CI como um todo. Ressalta-se aqui como aspecto negativo
a baixa participação dos caciques das oito TIs nos eventos, com apenas três ou quatro
presenças.
Neste período ainda houve a disponibilização de infraestrutura para
deslocamento e monitoramento de áreas nas TIs que integram o PBA-CI. Para a TI
Mococa foram disponibilizadas uma camionete cabine dupla 4x4, uma moto off Road
e um veículo para simples remoção (de assistência médica/ primeiros socorros). A
utilização desses veículos desencadeou alguns conflitos internos, no entanto, espera-
se que com a conclusão dos cursos de CNH estes sejam amenizados. Com relação
ao veículo de simples remoção, espera-se a viabilização de curso para socorristas
(previsto no PBA), assim como a contratação de um profissional dedicado
exclusivamente à condução deste veículo.
Enquanto condição para a entrega de veículos, foram viabilizados pelo PBA
cursos de carteira nacional de habilitação para, 4 indígenas (2 categoria A e 2
categoria B). Deve-se salientar que houve atraso significativo nos tramites
administrativos referente à viabilização do mesmo, o que alguns indígenas colocam
como um erro grave da parte do CECS: as carteiras deveriam ser disponibilizadas o
quanto antes para que não houvesse problemas posteriores quanto ao uso dos
veículos, os quais foram entregues antes que os indígenas contratados tirassem suas
carteiras (aqueles que já haviam tirado carteira, Renato e Zaqueu, o fizeram por conta
própria). Por outro lado, todo o aparato necessário para a viabilização do curso foi
fornecido: como o transporte dos indígenas até a cidade era difícil, disponibilizou-se
hotel e refeições (almoço e jantar) durante todo o período das aulas teóricas aos
indígenas. Um problema que surgiu com relação a este assunto diz respeito ao prazo
78
para a retirada das carteiras, além de diversas reprovações nos testes. As recorrentes
reprovações e o atraso para o pagamento dos re-testes poderão comprometer a
conclusão dos cursos, uma vez que o mesmo não pode ultrapassar a duração de um
ano.
Deve-se frisar também que uma das ações mais significativas ligadas a este
programa foram as visitas ao rio Tibagi para acompanhamento e registro das
variações de fluxo no período de enchimento do reservatório da UHE Mauá, quanto
de testes posteriores de bombas da usina. No dia 03/07/2012 a equipe técnica local,
acompanhada do coordenador do PBA Paulo Góes, de uma bióloga e um engenheiro
de pesca da Copel e de aproximadamente 15 indígenas, foram até o Rio Tibagi para
avaliação dos impactos decorrentes do fechamento do reservatório da UHE (03/07).
A região visitada foi a de um lajeado de pedras localizado nos limites da TI, onde os
indígenas costumam pescar cascudos e outros peixes. O ponto estava bastante seco
se comparado com o normal, e foram encontrados alguns peixes mortos. A indignação
dos indígenas era grande, no entanto, não se pôde realizar um diagnóstico realmente
apurado, por falta de equipamentos ou de um acompanhamento mais constante por
parte dos profissionais especializados nas áreas em questão (como na de ictiofauna,
por exemplo). Como registro, foram tiradas fotos de assoreamentos das margens e
de locais com água parada, de peixes mortos, e filmes com depoimentos dos
indígenas .
No dia 25/07/2012, a equipe técnica, acompanhada de dois indígenas e de
um engenheiro de pesca e dois técnicos da Copel, foram ao rio Tibagi por solicitação
do administrativo do CECS. O motivo foi que uma das válvulas da usina seria fechada,
sendo então necessário acompanhar os efeitos no rio . Notou-se uma variação de
aproximadamente 3 cm em uma hora e meia; no entanto, novamente a avaliação não
pôde ser feita com precisão, devido à ausência de equipamentos e à falta de um
acompanhamento frequente do rio Tibagi. Esse acompanhamento foi realizado
novamente em agosto e em novembro, este último decorrente de testes realizados na
usina (05 e 06 de novembro de 0212).
Ainda que tenham sido colocadas placas em regiões circundantes ao rio,
esperam-se medidas mais efetivas de prevenção de acidentes, assim como
investimento em processos didáticos voltados à compreensão do novo regime de
águas do rio Tibagi, pós instalação da UHE Mauá.
79
No período de 2013-2014, verbas de combustível para caminhonete(100L) e
moto(40L) foram disponibilizadas mensalmente através da emissão de cheques.
Nenhum dos participantes da TI Mococa conseguiu concluir todas as etapas
do curso para retirada de CNH dentro do prazo de um ano Conforme Ata de reunião
do CGL da TI Mococa, no 2° semestre de 2013 foram repassadas as orientações para
revisão e manutenção de veículos e disponibilização de pneus,
Pneus- será disponibilizado um jogo de pneus por veículo (camionete e moto) a cada 12 meses. O primeiro jogo de pneus será disponibilizado imediatamente, desde que apresentado desde que apresentado documento assinado por este CGL afirmando terem ciência desta informação; caminhão e ônibus não serão contemplados em hipótese alguma. Revisão mecânica – O PBA contempla trocas de óleos (freio, motor, etc), pastilha de freio, filtro de ar, amortecedor, alinhamento e balanceamento (alinhamento da roda). Prazos – à partir do momento da entrega do veículo o tempo mínimo para andamento do processo (desmontagem do veículo, elaboração do diagnóstico e orçamento, pesquisa de preços e autorização do serviço) será de 72 horas. A retirada será previamente avisada à terra indígena pela equipe administrativa. (Ata de reunião do CGL da TI Mococa)
Através de filmes que retratam experiência dos povos indígenas Ashaninka,
Manoki e Myky foi iniciado debate em torno das noções de “Gestão” e “Gestão
Territorial” na TI Mococa.
No presente dia foi repassado o filme sobre Gestão e Gestão Territorial das terras indígenas dos Myky e Manoki do Mato Grosso (bacia do rio Juruena). Junto aos indígenas foi debatido algumas características das atividades apresentadas no filme e palavras utilizadas na explicação sobre as atividade. Foi conversado sobre as possibilidades de projetos similares e previstos no PBA como forma de geração de renda e alimentos pensando no referencial de Gestão e Gestão Territorial.( Ata de reunião do CGL da TI Mococa)
As discussões e entendimentos foram iniciadas neste período durante as
reuniões do CGL. Pretende-se dar continuidade à metodologia e subsequentemente
debater parte legislativa como PNGATI (Plano Nacional de Gestão Territorial e
Ambiental na Terras Indígenas – Decreto N° 7747) no período de 2014-2015. O
processo de Certificação Orgânica em algumas de suas etapas pode também ser
apontado como atividade prática diretamente vinculada a Gestão Territorial.
A partir do Decreto N°7747 2012 a política nacional indigenista tem indicado
a Gestão Ambiental e Territorial das terras indígenas como caminho adequado para o
fortalecimento das comunidades indígenas em âmbitos diversos . Os modelos de sua
implementação também exigem ferramentas como GPS e metodologias de
etnomapeamento/mapeamento participativo, registrando em cartilhas acordos em
80
torno dos usos do território, quando elaborado formalmente.A experiência inicial de
mapeamento da áreas de plantio do Sr. Salvador Pereira e registro de acordos
internos em torno de uso da terra, com intuito de geração de documento para
certificação orgânica pode-se ser destacada como um dos exercícios dialógicos de
Gestão Territorial.
Na TI São Jerônimo, em específico a população guarani, devido ao a
immportância do aspecto cultural, dado por algumas lideranças, a entrada inicial para
proposta de Gestão Territorial foi destacar o histórico do território e terra indígena. A
partir das lideranças indígenas, anciãos guarani reconhecidos pelo conhecimento da
localidade foram convidados especiais a participar em reunião valendo-se de mapa
georeferenciado da TI e pequenos objetos de marcação. Colocou-se como tema
principal para diálogo e marcações no mapa, locais que seriam referenciais ao longo
dos anos na TI. O diálogo foi desdobrado entre os presentes (anciãos indígenas,
lideranças indígenas e equipe técnica), tendo sido destacado locais como antiga
serraria e farmácia do SPI e área de mina d’água. A apropriação da linguagem
cartográfica através de marcações no mapa e as narrativas referente a estas, foram
completadas nas visitas e no georeferenciamento aos locais apontados durante a
reunião. A visita a esses locais passou a ser também parte da capacitação e uso de
ferramentas como GPS e maquinas fotográficas.
Para a TI Mococa, após as atividades em torno da Certificação Orgânica, foi
levantado em reunião outros temas de entrada para apropriação e significações da
Gestão Territorial.Outras experiências foram analisadas como as apresentadas em
vídeos como aquele dos indígenas Ashaninka “Nós Luta Mas Come Fruta”, assim
como outros vídeos relativos ao povo Myki e Manoki em Mato Grosso. Em período
mais recente foi referido os exemplos das atividades realizadas na TI São Jerônimo e
a cartografia social realizada na TI Pinhalzinho – os materiais impressos relativos a
cartografia social foram entregues na TI Mococa.
Após reuniões e conversas optou-se pela realização inicial de exercício de
uso de GPS, máquina fotográfica e planilha de organização em áreas da sede da TI
Mococa. Participaram dessas capacitações iniciais o Agente de Defesa Ambiental
Adevanil (Marciano) e o coordenador Manoel Arthur. Foram realizadas marcações de
ponto de casas e medição de áreas, para em seguida fazer a projeção dos locais
através de software.
81
Na terceira ° oficina foi realizada incursão em caminhos em áreas de mata da
TI Mococa até o rio Tibagi e áreas de divisa da TI Mococa. Foram realizados registros
de caminhos, animais peçonhentos, plantas de usos diversos, paiol de uso recente,
áreas de divisa, trechos do rio Tibagi, trechos rio Mococa e outros.
Participaram da incursão os indígenas Idenilson, Manoel Arthur e Leandro
Arthur (coordenadores indígenas) e o indígena Jonas Rosa. Nessa etapa buscou-se
o reconhecimento das áreas, e capacitação vinculando realização de registros
audiovisuais e realização de registros em GPS. Com a participação de pessoas de
mais experiente como coordenador Manoel Arthur e Jonas Rosa, foi possível o
registros de descrição de plantas e histórico de uso de determinadas localidades.
A etapa seguinte a ser realizada visa projeção em software de registros de
GPS realizado nas oficinas e em atividades realizadas sem a participação da equipe
técnica, junto a registros audiovisuais para reflexão do trabalho realizado naquele
período. Em seguida será ainda utilizado mapa impresso da TI Mococa para
destacamento de locais percorridos a partir de material cartográfico mais acessível ao
uso. Nessa dinâmica outras narrativas em torno das localidades percorridas assim
como outras localidades podem vir a ser destacadas. Logo após é planejado novas
discussões a respeito dos usos e sentidos do mapeamento tendo em vista também a
memória do território, os modos de viver e usos atuais e os “projetos” em
planejamento. A partir dessa conversa serão definidas oficinas seguintes de Gestão
Territorial.
CNH A e C
Atualmente os contratados indígenas Leandro Arthur e Adevanil Lourenço
realizam curso para CNH A e c, respectivamente. A realização de carteira foi realizada
em substituição a outro curso de carteira C ainda não realizada pelos indígenas da TI.
Análise Crítica: 2015-2016
Gestão Territorial
Destaco inicialmente questão já apontada em relatório 2014/2015: os sentidos
e os modos de Gestão Territorial na TI Mococa e os modos de apropriação de alguns
referenciais de etnomapeamento/etnozoneamento e de ferramentas tecnológicas
como chave para contribuição efetiva sob o signo da
82
No período de 2014/2015, foram realizados mapas com as marcações e registros
no interior da TI Ainda não havia sido possível a plotagem direta de mapas pelo Agente
de Defesa Ambiental, Adevanil Lourenço, principal contratado indígena a participar das
atividades, em razão da sua pouca familiaridade com recurso de informática. Todavia, a
partir das plotagens de mapas e das discussões que se seguiram buscou-se abordar
algumas das etapas que envolvem o processo de mapeamento e/ou etnomapeamento:
seleção de locais para mapeamento; temáticas vinculadas ao mapeamento e sua relação
à membros da comunidade indígena; importância de uso da ferramenta GPS e
subsequente plotagem de dados. Em específico foi abordado a relação entre acordos
registrados em cartilhas de indígenas de Gestão Territoral de etnias como os huni kuin e
ashaninka e àqueles acordos relativos à atividade de apicultura, tal como a divisão das
caixas de abelha em “grupos”, os acordos para seu uso, a participação em cursos e
outros temas relacionados.
84
No segundo semestre de 2015 foi dado continuidade às questões
relacionadas à Gestão Territorial no âmbito dos acordos relativos à atividade de
apicultura. Em realidade tais acordos, em seus modelos, dificuldades de execução e
abordagens, foram destacados como possibilidades de encontrar melhores interfaces
aldeia/”projetos” ou ainda, Gestão Territorial (e social interna)/”projetos”. A atividade
de apicultura torna-se assim espaço no qual o estabelecimento de acordos e a
execução ou não dos mesmo tornam-se experiência para abordagem dos modelos
sociais de planejamento e execução de demais atividades. Deve-se destacar que os
85
acordos são ferramentas que aparecem em diversas cartilhas de Plano de Gestão
Territorial de etnias indígenas. Na Ata do CGL, em 08/07/2016, aparece de forma
breve as atividades de Gestão Territorial realizado entre os Kashinawa e os Ashaninka
do rio Breu abordado junto aos indígenas da TI Mococa. Foi apontado os acordos
realizados entre esses indígenas e sua relação aos acordos realizados na TI Mococa
em torno da apicultura.
Na Ata do CGL, 02/09/2016, registra-se a relação entre os acordos na
atividade de apicultura e a realização de outras atividades no âmbito do PBA-CI: “A
equipe técnica e as lideranças indígenas conversaram sobre a importância dos
acordos para execução da atividade de apicultura. Foi conversado também que as
atividades de apicultura servem de aprendizagem para atividades que no futuro seria
realizada”
Em janeiro e fevereiro de 2016 foram novamente realizadas atividades
relacionadas ao mapeamento e ainda planejamento inicial vinculado ao território
indígena. Dessa vez, as atividades foram direcionadas a área da “Fazenda
Samambaia”, com 40 alqueires indicados para aquisição previstos no PBA-CI e
perspectiva de realização de atividades diversas, como a agricultura mecanizada e
criação de gado de corte. Nesta atividade de mapeamento foi abordada a perspectiva
dos indígenas sobre as áreas em aquisição (solo, declividade, perspectivas de uso) e
uso de GPS para circunscrição e medição de talhões para atividades agrícolas. Dentre
os indígenas que participaram das atividades encontram-se o agente de defesa
ambiental, Adevanil Lourenço, o supervisor de exploração agrícola, Julio Lucas e o
coordenador, Idenilson Pereira.
86
Figura 20 - 28/01/2016 Uso de GPS pelo coordenador indígena Idenilson Pereira
Figura 21 - 22/01/2016 - Uso de GPS pelo Agente de Defesa Ambiental Adevanil Lourenço
87
Figura 22 - 22/01/2016 - Realização de registros de mapeamento realizado pelo Sup. de Expl Julio César.
As medições e marcações realizadas, além dos mapas indicado
anteriormente, foram destacados junto aos indígenas, sendo abordada a inter-relação
entre a representação cartográfica e àquela diretamente realizada na área da
“Fazenda Samabaia”. O exercício de leitura de mapas deve ser compreendido como
atividade fundamental desenvolvida nesse âmbito.
88
Figura 23 - 20/01/2016 - Leitura de mapas da "Fazenda Samambaia"
Figura 24 - 03/02/2016 Letura de mapa da TI Mococa e "Fazenda Samambaia" por ocasião de distribuição de sementes de olerículas
89
Figura 25 - 14/03/2016- Leitura de apa da Faze da “a a baia após atividades realizadas.
A perspectiva de aquisição dos referidos quarenta alqueires levou, a
abordagens sobre modo em que serão executadas as atividades na referida área e
também na área já demarcada da TI Mococa. Algumas definições e acordos
necessitam ser feitos como: quais as atividades seriam realizadas e em quais áreas;
de que modo seriam definidas as terras de uso “familiar”, “grupo” e “coletivo”; de que
modo seria socialmente organizado as áreas agrícolas mecanizáveis; como seria
organizado a criação de gado; e outras. As perspectivas iniciais de acordo em torno
do uso da terra estão sendo realizadas de modo interno na TI e tornam-se aspecto
delicado pois envolve praticamente todas as famílias da TI e lideranças indígenas. As
execuções de atividade do PBA-CI na referida área serão realizadas junto a esses
acordos de uso, sendo que também o conhecimento não indígena desde já fornece
elementos para as definições. Voltando aos indicativos iniciais: coloca-se como
desafio abordar de que modo as ferramentas como o
etnomapeamento/etnozoneamento (destacados de modo proeminente no Decreto
7.747- PNGATI) podem continuar contribuindo metodologicamente e ser utilizado
enquanto ferramentas a fornecer subsídios para abordagens internas colocadas em
torno dos quarenta alqueires que serão adquiridos.
90
CNH A e C
Foi disponibilizado para os indígenas a realização de curso de CNH (Carteira
Nacional de Habilitação) A e C, tal qual previsto no PBA-CI. A equipe técnica realizou
procedimentos burocráticos necessários assim como auxílio no fornecimento de
subsídios para a presença dos indígenas e cursos e testes. O curso CNH A foi
disponibilizado para o ex- agente de defesa ambiental, Adevanil Lourenço e para o ex
coordenador, Leandro Arthur, ambos não residem mais na TI Mococa e não haviam
concluído o curso até o fechamento do relatório.
Manutenção e conserto de Veículos
Deve-se destacar que a quebra de veículos tem sido constante neste período.
A equipe técnica de campo participa com frequência de encaminhamentos relativos
aos consertos de veículos, assim como orienta os indígenas a realizar
encaminhamentos, tais como acionar o seguro. Sem dúvida a quebra e manutenção
de veículo acaba adquirindo destaque pela importância do uso veículo em diversas
ocasiões, não vinculadas estritamente a Gestão Territorial, mas a outros Programas.
De todo modo, a importância dos veículos entre os indígenas da TI é evidente, assim
como os programas relacionados.
1.4 PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS E PROTEÇÃO
DE NASCENTES
Atividades realizadas
- Participação da equipe técnica em reuniões com a EMATER para
discussão e planejamento conjunto de atividades relacionadas ao
programa;
- Participação de três indígenas da TI Mococa em Curso de Agro
Biodiversidade (setembro de 2015); apoio burocrático e logístico para
realização dos referidos cursos;
- Participação de quatro indígenas da TI Mococa em Curso de Cadeia de
Bambu (outubro de 2015); apoio burocrático e logístico para realização dos
Análise Crítica: 2012-2015
91
Conforme descrito em relatório 2013/2014 havia sido realizado proteção de
mina d’água de área de atividades do indígena Salvador Pereira. No semestre
seguinte o referido indígena pediu para que fosse expandida a área de proteção.
Dessa forma foi realizado a expansão da proteção e instado caixa d’água para
capitação de água advinda da mina. Todavia, como descrito no programa 1 do
presente relatório, é necessário ainda acabamento da proteção de mina.
Análise Crítica 2015-2016
Curso de Agrobiodiversidade
O curso de Conhecimento, Uso e Manejo da Agrobiodiversidade e Coleta,
Manejo e Plantio de Sementes Árboreas (Curso de Agrobiodiversidade) foi realizado
na TI Apucaraninha entre os dia vinte e nove e trinta de setembro de dois mil e quinze,
contando com a participação de três indígenas da TI Mococa: Samuel Ribeiro (Sup.
de Expl. Agropecuária); Albino Bento (Sup. de Expl. Agropecuária); Adevanil Lourenço
(Agente de Defesa Ambiental). O curso foi realizado em parceria com a EMATER e
envolveu temática de manejo de sementes florestais, sistemas agroflorestais e plantas
de uso tradicional entre os kaingang.
92
Figura 26 - 29/09/2015 - Indígenas das TIs Mococa e Queimadas participantes do Curso de Agrobiosiversidade
93
Figura 27 - 29/09/2015 – Abordagem de plantas de uso tradicional kaingang e sistema agroflorestal
Figura 28 - 29/09/2015 - Abordagem de Sistema Agroflorestal em campo
94
Curso de Cadeia de Bambu
O curso foi realizado entre os dias 19 e 23 de outubro de 2015, na região de
Morretes/PR, tendo participado dois indígenas da TI Mococa. Este curso também foi
realizado a partir de parceria com a EMATER, tendo sido abordado: o manejo de
diversos tipos de bambu, os diversos tipos de bambu e seus usos; o bambu na
alimentação, na realização de artesanato, produção de carvão e realização de
construções.
Foram convidados o casal indígena Albino Bento(Sup. de expl. Agrícola) e
Iracema Pereira e os indígenas Samuel Ribeiro(Agente de Defesa Ambiental). O
indígena, Albino Bento, realiza construções diversas utilizando matérias primas
disponíveis na TI Mococa; Iracema Pereira realiza artesanato com matérias primas
com a taquara, o bambu e jativóca.
Figura 29 - 20/10/2015 - Curso sobre manejo de bambu
95
Figura 30 - 20/10/2015 - Indígena da TI Mococa em Curso de manejo de bambu
Figura 31 - 21/10/2016 - Curso de artesanato em bambu
96
Figura 32 - 23/10/2016 - Curso de construção em bambu
Figura 33 - 20/10/2015 - Visita a área com diversidade de bambus
97
1.5 PROGRAMA DE FOMENTO À CULTURA E ÀS ATIVIDADES DE LAZER
1.5.1 Subprograma de revitalização de conhecimentos e atividades indígenas
tradicionais
Atividades:
- Disponibilizados materiais e equipamentos para realização de atividade
audiovisual;
- Em processo de construção: acervo audiovisual com material sobre cultura
kaingang;
- Atividades/pesquisas/capacitações de dois a três pesquisadores indígenas
remunerados na TI Mococa – pesquisas;
- Pagamento de diárias para pesquisadores indígenas;
- Pesquisas e registro audiovisual sobre temática do artesanato;
- Pesquisa e registro audiovisual sobre temáticas diversas;
- Capacitação de pesquisadores indígenas com técnicos externos em:
aspectos básicos de uso e manuseio de filmadora e enquadramento na TI
Apucaraninha;
- Participação de pesquisadores indígenas em Curso de Informática;
- Disponibilização de capacitação inicial em elaboração de roteiro e técnicas
de filmagem junto aos indígenas katukina na TI Queimadas;
- Disponibilização de estrutura para participação de evento cultural e
audiovisual com os indígenas da etnia Huni Kuin em Curitiba/PR;
- Capacitação e exercício continuado na TI Mococa envolvendo diversas
etapas da elaborações audiovisual;
- Realização de tradução de língua kaingang para o português de materiais
audiovisuais sobre artesanato kaingang da TI Mococa;
- Inserção de legendas e edição de materiais com participação de indígenas
da TI Queimadas;
- Participação de indígenas da TI Mococa em registros audiovisuais e
capacitação continuada na TI Queimadas.
98
Análise Crítica: 2012-2015
É importante destacar que a linguagem de registro e transmissão audiovisual
já faz parte do cotidiano das gerações da TI tendo acesso a TV, DVD player e celulares
com vários recursos . Esta realidade permitiu considerar os recursos audiovisuais
como eixo principal para desenvolver este sub-programa. Os videos sobre vários
temas foram visualizados junto aos indígenas, utilizando-se também de material
audiovisual elaboradas por outras Terras Indígenas. Filmes foram passados como:
Sandradouro (Xavante); Os Seres da Mata e sua vida como pessoas (Mbya-guarani);
Duas Aldeias, uma caminhada sobre o modo de vida, território e artesanato;
Corumbiara; Lendas Kanigang: origem do milho; Mbya-Miri (crianças da aldeia Mbya-
Guarani), entre outros.
Em outubro de 2014 foi entregue a câmera filmadora acompanhado
especificamente de orientações básicas para: realização de registro audiovisual,
visualização de vídeos em câmera filmadora, cuidados no manuseio e transmissão de
arquivos para o CPU. Registros variados foram realizados pelos indígenas, passando
pelas atividades de técnicos responsáveis pelo monitoramento do Rio Tibagi e
atividades realizadas no PBA-CI e por jogos de futebol realizados dentro e fora da TI.
Também foi registrado, entre outubro e novembro o Curso de Artesanato em Taboa e
Fibra de Bananeira, assim como em 2015 foi realizado registros de curso de
artesanato Mbya-guarani (março), registros audiovisuais de/sobre artesanato na TI e
registros relativos ao mapeamento (Programa 3-PBA-CI). Com a transmissão de tais
registros para o CPU do escritório (PBA-CI) também pôde ser notado a visualização
frequente dos materiais por vários indígenas da TI.
Em dezembro de 2014 foi instalado software de edição de vídeo, tendo sido
realizado em ocasiões subsequentes pequenas oficinas para edição de vídeo com a
participação inicial do coordenador Leandro Arthur. Nessas oficinas foram também
apresentadas edições simples realizadas pela equipe técnica como modo de
exemplificar as possibilidades de uso e os modos de realização. O uso de software
simples de edição constituiria um terceiro eixo em uso de recursos audiovisuais, tendo
em vista dimensão criativa e ampla possibilidade em seu uso.
Em abril de 2015 foi definido o artesanato como foco central de filmagens,
tendo em vista também a elaboração de material impresso para divulgação de
99
artesanato aos não-indígenas. Também foi acordada a participação mais constante
de dois indígenas na elaboração do registro fílmico: o coordenador Leandro e o
professor Neno.
Análise Crítica: 2015-2016
A atividade audiovisual tem sido realizada em destaque na experimentação e
capacitação na TI, e capacitação com de agentes externos. A familiarização com
vídeos indígenas, o manuseio básico de câmera e enquadramento, a realização de
traduções(sobre a temática da tradução ver abordagem no âmbito da descrição da TI
Queimadas neste relatório), edições e outros são atividades realizadas no cotidiano
da aldeia. As capacitações com agentes externos fornecem subsídios para tais
atividades a serem executadas com participação de indígenas e equipe técnica de
campo em experimentação e capacitação continuada.Já abordadas em relatórios
anteriores, essas característica da execução das atividades audiovisuais abrange,
resumidamente 4 eixos principais: visualização de vídeos de /e sobre indígenas;
familiarização e experimentação frequente da atividade audiovisual na TI; dimensão
criativa da edição e sua possibilidade de experimentação a partir do CPU da TI e
elaboração continuado de filma sobre temática acordada na aldeia. Deve-se destacar
junto a este outro eixo, destacado de modo limitado em relatório anterior, mas
fundamental: a atividade audiovisual realizada enquanto pesquisa envolvendo
indígenas e equipe técnica de campo.
Assim, a atividade audiovisual é fundamentalmente realizada como atividade
de pesquisa, portanto, além de capacitações estritamente técnicas. Vinculadas à
atividade audiovisual, há tanto a estética quanto a metodológica, mas não
estritamente fílmica, mas de ordem ampla, da pesquisa. O âmbito da pesquisa é
desenvolvido de modo amplo na execução das atividades na TI Mococa, tanto nas
filmagens quanto na tradução e discussão sobre o artesanato, tema acordado para
abordagem. Considerando as especificidades que envolvem o artesanato aborda-se
na pesquisa, até o momento, é abordado os sequintes aspectos: as etapas diversas
que envolvem a elaboração do artesanato, o artesanato e a relação entre diferentes
gerações de indígenas e a perspectiva indígena sobre a experiência da
comercialização do artesanato nas cidades da região.
100
Ressalta-se também que outras temáticas são abordadas pelos indígenas no
âmbito das atividades audiovisuais: realização de filmagens das festas, atividades em
igreja, apicultura, atividades do PBA-CI em geral e outras.
Figura 34 - 14/07/2015 - Registro audiovisual sobre atividade agrícola e sementes crioula
101
Figura 35 - 22/01/2016 - Realização de registro audiovisual de atividades na "Fazenda Samambaia"
Figura 36 - 20/07/2016 - Filmagem com uma das indígenas mais idosas da TI
104
Figura 39 - 10/07/2016 - Entrega de DVD com registros audiovisuais da TI Mococa para a TI Mococa
Figura 40 - Indígena assiste a DVD de vídeo realizado sobre artesanato em sua casa
106
Figura 42 - 26/08/2016 Registro audiovisual/capacitação/pesquisa sobre artesanato na TI Mococa
Figura 43 - 26/08/2016 – Registro/ capacitação e pesquisa sobre artesanato na TI Mococa
107
Figura 44 - 28/08/2016 - Visualização de materiais registrados e capacitação em edição
Figura 45 - 05/10/2016 - Visualização de materiais audiovisuais e uso de recursos de informática
108
Figura 46 - 06/10/2015 - Visualização de material audiovisual e realização de traduções. Participação de pesquisador indígena da TI Queimadas
110
Figura 48 - 15/10/2015 - Capacitação/registro audiovisual -Artesanato e extração de matéria-prima
111
Figura 49 - 08/04/2016 - Registro/capacitação audiovisual - Artesanato e venda no cidade de Telêmaco Borba
112
Figura 50 - 28/09/2015 - Visualização e tradução de vídeos realizados na TI;
Cabe ressaltar que já vem sendo consolidado um acervo audiovisual para a
TI podendo ser, a partir de seleção e edição do material utilizado: como material de
apoio na escola indígena e não-indígena; material de divulgação do artesanato e da
cultura indígena, (seleção e edição já em realização para este fim)para consulta,
memória e entretenimento dos indígenas. O registro do material é gravado no
computador e HD externo, bem como, são produzidos DVDs que ficam à disposição
para consulta da comunidade. Os filmes são também visualizados na própria filmadora
ou em projeções com data show.
Atualmente pesquisadores indígenas participam também de curso de
informática na Vila do Natingui (área próxima a TI Mococa). A partir desse curso será
113
possível aos indígenas maior familariedade com o uso do recurso de informática e
assim maiores subsídios para realização de atividade visual, sobretudo no que diz
respeito a edição de vídeos.
Também neste período foi realizada tradução e edição inicial de material
focando a divulgação do artesanato para não-indígenas. Essa atividade de elaboração
e divulgação do artesanato reflete positivamente no processo como um todo
envolvendo os indígenas na: pesquisa e estimulo a pesquisa sobre o artesanato, no
estimulo às relações de ensino-aprendizagem entre gerações diversas, na
possibilidade de diálogo continuado entre equipe técnica e indígenas de diversas
gerações e famílias, no processo de capacitação e experimentação audiovisual por
parte dos indígenas.
As dificuldades encontradas na execução da atividade, entre outras, é a
mudança em ocasiões diversas dos indígenas participantes: cinco indígenas iniciaram
e deixaram de participar das atividades. Deve-se destacar, por exemplo, o ex-
coordenador indígena, Leandro Arthur que colaborava diretamente na atividade
audiovisual e saiu no mês de agosto de 2015. A maior facilidade do referido indígena
com manuseio em informática lhe possibilitara a realização de edições de materiais
audiovisuais logo após orientações básicas da equipe técnica. Com as mudanças
ocorridas, há necessidade de retorno em ocasiões diversas à capacitações e diálogos,
seja aquele realizado com técnico externo de audiovisual, seja aquele realizado e
experimentado no cotidiano da execução das atividades.
114
Figura 51 - Ata de reunião do CGL- 22/07/2015 - Entre outros assuntos abordado as atividades audiovisuais.
115
Figura 52 - Ata de reunião do CGL- 21/09/2015 - Entre outros assuntos abordado as atividades audiovisuais.
116
Figura 53 - Ata de reunião do CGL- 24/09/2015 - Entre outros assuntos abordado as atividades audiovisuais.
117
Outra dificuldade que deve ser observada diz respeito, por motivos internos,
à não participação dos indígenas da TI Mococa em duas capacitações/intercâmbios
disponibilizados: técnicas de filmagem e roteiro realizado por indígenas da etnia
katukina em setembro de 2015; sobre a experiência de pesquisa e realização artística
de indígenas da etnia huni kuin em junho de 2016. Atualmente os seguintes indígenas
atuam como pesquisadores indígenas: Jona Rosa (desde agosto de 2016); Simone
Lourenço (desde de maio de 2016); Valdivino Ribeiro. A intensidade de execução das
atividades audiovisual variou de acordo com o período.
Figura 54 - 08/10/2015- Pesquisadora indígena da TI Mococa participa de registro audiovisual na TI Queimadas
1.5.2 Subprograma de apoio ao Artesanato
Atividades realizadas
- Realização de pesquisa e atividades audiovisuais sobre o artesanato
realizado na TI;
- Constituição de acervo audiovisual sobre artesanato da TI Mococa;
- Diálogo continuado entre equipe técnica, pesquisadores indígenas e
famílias indígenas sobre o artesanato realizado na TI Mococa;
- Elaboração de material de divulgação do artesanato da TI Mococa;
118
- Apoio para constituição de Selo Indígena para divulgação de artesanato da
TI Mococa;
Análise Crítica: 2012-2015
Na TI Mococa a atividade de artesanato é uma das principais a ser realizada
predominante pelas mulheres em suas várias etapas, se tornando também entre
várias famílias nucleares fonte de renda significativa. Neste período, realizou-se um
levantamento junto a algumas famílias cujas mulheres são reconhecidas por
trabalharem ativamente com o artesanato abordando algumas características sociais
e materiais utilizados para os artesanatos; os locais de venda e a forma como os
indígenas pensam as experiências de venda nas cidades e as demandas relacionadas
ao tema. Nesse levantamento tem sido também avaliado o interesse em trazer
indígenas de outra TIs para ministrar cursos de artesanatos que não são realizados
na TI Mococa.
No mês de maio de dois mil e quatorze foi realizado agendamento de curso
de artesanato em Taboa e Fibra de Bananeira oferecido pelo SENAR em razão do
interesse de mulheres indígena da TI. É ainda aguardado a indicação de data por
parte do SENAR. Está sendo verificado e avaliado o interesse em cursos de
artesanato ministrado por indígenas de outras TIs.
Em reunião do CGL foi projetado o filme “A mata que mostra nossa comida”
que versa principalmente sobre o artesanato kaingang realizado em aldeia em Porto
Alegre/RS. Através do filme buscou-se estimular a reflexão em torno das
possibilidades de apoio do PBA-CI ao artesanato.
Elaboração de material de divulgação de artesanato da TI Mococa
Nas discussões sobre a Casa de Passagem realizadas em janeiro de 2015 foi
destacado por indígenas artesãos a importância da venda do artesanato como fonte
de renda para algumas famílias, aspecto constatado também no diagnóstico realizado
entre 2014 e 2015. Dessa forma, ainda em janeiro de 2015 foi realizada reunião
específica visando destacar os programas previstos de apoio ao artesanato (PBA-CI)
e avaliação das demandas específicas e questões colocadas por mulheres artesãs da
TI. Na referida reunião foi apontado novamente a elaboração de material de
divulgação do artesanato da TI como possibilidade também de incremento na venda
119
de artesanato para não-indígenas e consequentemente, aumento de renda monetária
daqueles que dependem do artesanato. Entre os presentes na referida reunião não
houve consenso de que tais materiais de divulgação realmente auxiliariam no
aumento de venda de artesanato, todavia a iniciativa foi novamente autorizada e
apoiada pelos indígenas. Dessa forma, já contando com a câmera filmadora, foi
acordado para o primeiro semestre de 2015 o início de registros audiovisuais para fins
de elaboração de materiais de divulgação do artesanato da TI Mococa.
Tais registros audiovisuais vêm sendo realizado junto a capacitações em uso
de recurso audiovisual. Deve-se destacar que as atividades descritas como eixo três
do Subprograma de Revitalização e Valorização de atividades Tradicionais, se
referem diretamente ao desenvolvimento do Subprograma de Apoio ao artesanato.
Houve assim intensificação dessas atividades a partir de abril de 2015. Todavia, deve-
se destacar atividades relacionadas já estavam sendo realizadas desde as visitas
familiares (diagnóstico) em realização em 2014, até reuniões específicas sobre Casa
de Passagem e artesanato realizadas na TI Mococa em janeiro de 2015. Análise
específica de bibliografia sobre artesanato kaingang foi também realizado pela equipe
técnica principalmente entre fevereiro e março para o melhor preparo para
participação nos registros audiovisuais sobre o tema.
Os indígenas participam ativamente na realização dos registros audiovisuais
para os fins de elaboração de materiais de divulgação de artesanato, principalmente
o coordenador indígena Leandro e o professor Neno. Neste período foram realizadas
entrevistas com indígenas da TI e fotografias dos artesanatos. O material para
divulgação deve ser impresso e material audiovisual, este último passível de registro
em DVD e divulgação através da internet. Perspectivas de registro, como a de
acompanhamento de uma personagem durante determinado período, estão sendo
avaliados junto aos indígenas para realização. Materiais já realizados na TI
Queimadas estão também sendo apresentados aos indígenas da TI Mococa para
estímulo e avaliação.
Curso de artesanato em Taboa e Fibra de Bananeira
A demanda pela realização de cursos de artesanato não é presente de modo
idêntico entre todas as faixas etárias na TI Mococa. Nota-se que entre senhoras mais
idosas e outras mulheres de meia-idade que realizam artesanato kaingang ativamente
120
não houve interesse nos dois cursos de artesanato realizados a partir do PBA-CI: os
de Taboa e Fibra de Bananeira (SENAR) e o de artesanato Mbya-guarani (bicho de
madeira). No entanto, nota-se o interesse de jovens e crianças no curso de artesanato
Mbya-guarani. Para este caso houve participação ampla e continua, assim como
também de indígenas que não realizam cotidianamente artesanato kaingang.
A partir de levantamento realizado ainda no primeiro semestre de 2014 foi
apontado interesse em curso de Taboa e Fibra de Bananeira ofertado pelo SENAR.
O mesmo curso já havia sido realizado com participação significativa em outras TIs,
como Barão de Antonina, e se valia de matéria-prima encontrada com relativa
facilidade na TI Mococa. A demanda pelo curso foi encaminhada ainda no primeiro
semestre de 2014 para o SENAR, no entanto pela indisponibilidade de instrutor o
curso veio a ser realizado somente em finais de outubro e em novembro. O curso
acabou contando com participação inferior àquela avaliada inicialmente, porém houve
participação tanto daqueles que já realizam ativamente artesanato kaingang quanto
daqueles que não realizam artesanato. Foram inscritos 12 pessoas tendo 6 concluído
o curso em todas sua etapas. O curso teve duração de 56h.
Os indígenas participaram de etapas variadas de elaboração de artesanato
em Taboa e Fibra de Bananeira, desde a coleta e preparo das matérias primas até a
realização do acabamento do artesanato, aprendendo a elaborar bolsas, caixas e
chapéus durante o curso.
Após o curso pôde notar que apenas um dos indígenas que realizaram o
curso continuou a realizar artesanatos aprendidos para a venda. Nota-se como
significativo do curso seria o estimulo ao uso de matérias prima utilizadas com menos
frequência pelos indígenas da TI Mococa.
Curso de artesanato Mbya-gurani - (bicho de madeira)
Para o curso de artesanato Mbya-guarani foi também realizado avaliação de
possível interesse dos indígenas da TI. Inicialmente havia sido demandado pelos
indígenas a realização de curso de trançado Mbya-guarani e elaboração de bichos de
madeira. No entanto, foi reavaliado e proposto a realização somente do curso de
artesanato em bicho de madeira.
A elaboração de bichos de madeira é amplamente realizada entre os Mbya-
guarani, também enquanto modo de geração de renda monetária. Nas aldeias Mbya
121
é comum notar a aprendizagem desde criança desses artesanato, sobretudo entre os
indígenas do sexo masculino. Entre os kaingang da bacia do Rio Tibagi não
encontramos recentemente elaborações similares valendo-se de madeira (na TI
Queimadas em 2015 pôde ser notado um caso específico de elaboração zoomorfa em
tiras de bambu). Em nossa avaliação o potencial do curso seria não apenas o de
agregar o uso de matérias prima outras e métodos diferenciados de realização de
artesanato, mas a possibilidade de realização de intercâmbio com indígena de outra
etnia.
Para realização do curso membro da equipe técnica de campo já havia se
deslocado no segundo semestre de 2014 para o litoral do Paraná para conversar
pessoalmente com possível indígena a ser responsável por ministrar curso. Tendo
sido realizado a conversa com indígena Mbya-guarani e avaliado o interesse dos
indígenas da TI Mococa, foi agendada possíveis datas para ocorrer o curso. O mesmo
foi ministrado pelo indígena Mbya-guarani Onírio Oliveira Acosta, residente na aldeia
de Shangi-lá e reconhecido pela habilidade na elaboração de bicho de madeira, que
se dispôs a se deslocar a TI Mococa. O curso foi realizado entre os dias 17 e 20 de
março de 2015, contou com participação variável entre 15 e 25 indígenas da TI
Mococa.
Uma das primeiras etapas de elaboração do curso foi a seleção de matéria
prima a ser utilizada. Na região da TI Mococa não é encontrado a arvore denominado
Caxeta, encontrada em grande quantidade no litoral do Paraná e utilizada pelos Mbya-
guarani para elaboração do artesanato. Onírio Acosta indicou então a seleção de
outras madeiras “mole” de conhecimento dos indígenas kaingang da região para que
fosse experimentados no curso. Foi então experimentado outras madeiras durante
curso, sendo avaliadas em sua qualidade para uso no artesanato.
O curso teve também por dinâmica a realização de experimentação por parte
dos participantes e acompanhamento e demonstração por parte do ministrante. O
ministrante do curso realizava na madeira a forma base bicho a ser esculpido e
deixava a cargo dos participantes esculpir a parte “fina” a partir de modelos que ele
elaborava ou já encontravam elaborados. Dessa forma foi experimentado durante o
curso a escultura de corujas, tartarugas, tatu, macaco, quati, tamanduá. Nos dos
últimos dias do curso foi realizado aprendizado da queimadas das escultura de
madeira valendo-se de objetos metálicos segundo técnica utilizada pelos Mbya-
122
guarani. Nenhum dos participantes do curso havia elaborado anteriormente
artesanato similar.
Houve ampla participação de indígenas da TI Mococa, tendo em alguns dias
curso chegado a mais 25 participantes. Muitos dos participantes do curso não tinham
o artesanato como atividade cotidiana, tornando-se para estes também um modo de
experimentação. A beleza das esculturas, a curiosidade e a vontade de aprendizagem
foi certamente motivador maior para participação no curso entre a maior parte dos
indígenas do que a expectativa de que aprendizagem de uma nova modalidade
permitisse aumento de renda.
Análise Crítica: 2015-2016
Material audiovisual sobre artesanato
Conforme destacado no âmbito do subprograma anterior, as pesquisas e
atividades audiovisual no período, tem como um dos focos principais o artesanato da
TI Mococa. A partir dessas atividades é possível observar e intensificar: a inter-relação
entre diferentes gerações, o maior acompanhamento e conhecimento da equipe
técnica de campo sobre o artesanato e as diversas relações sociais e simbólicas
mobilizadas a partir do mesmo; o diálogo constante com mulheres indígenas,
principais agentes responsáveis pelo artesanato; a constituição de acervo audiovisual
sobre a temática do artesanato e a elaboração de material de divulgação do
artesanato na TI.
Foi dado sequência à elaboração de material para divulgação de artesanato
da TI Mococa, visando o maior conhecimento e reconhecimento dos não indígenas,
sobretudo especificamente sobre o artesanato podendo, assim, propiciar melhor
comercialização dos produtos pelos indígenas. A expectativa é de seja realizado
publicação de material de divulgação do artesanato tanto em DVD quanto impresso
até o segundo sementre de 2017.
126
Selo indígena
Em 2015 foi lançado pelo Governo Federal o denominado “Selo Indígena”,
conforme texto original a seguir:
"O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) instituíram o Selo Indígenas do Brasil com o objetivo de valorizar e identificar a origem indígena dos produtos, conforme estabelecido pela Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI), instituída pelo Decretonº 7.747, de 5 de junho de 2012."
A proposta do "Selo Indígena" foi apresentada às lideranças indígenas que
manifestaram interesse, indicando, através de discussões entre a equipe técnica e
indígenas a realização de selo indígena voltado especificamente para o artesanato.
Dessa forma, a partir da autorização das lideranças, foram iniciadas conversas
específicas com famílias indígenas para avaliação dos interesses e possibilidades de
implantação do "Selo Indígena" nesta comunidade. As visitas resultaram na indicação
06(3 casais) indígenas que forneceram, à equipe técnica, cópias de documentos
necessários para encaminhamento aos procedimentos exigidos para obtenção do
selo. Assim que os documentos estiverem prontos estes deverão serão encaminhados
ao Ministério de Desenvolvimento Agrário. Havendo aprovação do uso do "Selo
Indígena" entre os artesãos indígenas interessados inicialmente, tal selo poderá ser
expandido para outras famílias.
A partir do Selo é visado contribuição similar àquelas indicada no âmbito dos
materiais de divulgação do artesanatos: estimular maior reconhecimento dos
indígenas e seus artesanatos na sociedade envolvente e o aumento na venda do
artesanato, a partir dos mecanismos de relação-autonomia já presentes na elaboração
e venda dos artesanatos.
Abaixo material de orientação e divulgação de Selo Indígena (Ministério do
Desenvolvimento Agrário).
127
1.5.3 Subprograma de Fomento às Atividades de Lazer
Atividades realizadas
Disponibilização de recurso para realização da Festa do Dia dos Índios;
Apoio da equipe técnica de campo e administrativa para realização da
Festa do dia dos Índios;
128
Análise Crítica: 2012-2015
A TI Mococa foi a primeira a utilizar o fundo para festividades, dentre as oito
TIs contempladas pelo PBA. A festa realizada em 2012 ocorreu no mês de julho. Neste
momento, o aparato administrativo do PBA ainda não estava estruturado, tampouco
estava definido o padrão dos procedimentos referentes às aquisições a serem
realizadas com a referida verba. Dessa forma, as compras foram realizadas pelos
indígenas sem que houvesse levantamento de preços. Tendo ficado na
responsabilidade apenas de dois indígenas, os demais integrantes do CGL
questionaram este procedimento. Com os dez mil reais, foi adquirida carne de gado e
porco, e contratada uma banda baile. A festa teve duração de três dias: no primeiro,
houve brincadeiras e apresentações de dança com os alunos da escola indígena local;
no segundo, futebol e baile; no terceiro, churrasco coletivo e futebol.
A segunda festividade financiada pelo fundo previsto no PBA ocorreu no início
de maio de 2013. Para esta, os procedimentos ocorreram na forma padrão, conforme
vinham sendo feitos nas demais TIs. Ou seja, foram feitos consultas e levantamento
de preços e posterior confirmação fiscal. Como no ano anterior, a festa teve duração
de três dias, havendo também apresentações dos alunos, partidas de futebol, baile e
churrasco. Com os dez mil reais foram adquiridos carne de porco e gado, pães,
refrigerantes e contratada uma banda-baile que realizou dois shows, em dias
diferentes. Os trâmites realizados com esses fundos foram feitos com a assessoria da
antropóloga da equipe técnica local; todas as decisões sobre o direcionamento dos
gastos foram acompanhados pelos membros do CGL, em reuniões realizadas
exclusivamente para isso.
Nos dias 09, 10 e 11 de maio de 2014 foi realizada, na TI Mococa, festividade
em comemoração ao Dia do Índio. A verba disponibilizada a partir do PBA-CI foi
utilizada para contratação de conjunto musical e compra de carne de bovinos e suínos
(para breve análise crítica sobre processo de consulta de preços para realização de
festividade ver a mesma seção sobre a TI Queimadas). Cabe destacar que a
festividade da TI além de envolver churrasco e baile a partir de verba do PBA-CI,
mobiliza a aproximação da TI de outras instituições para realização de rodeio.
Internamente a festividade mobiliza indígenas de diversas gerações, seja na
organização, no baile, no rodeio ou nos churrascos.
129
A festa do Dia dos Índios é o grande evento festivo realizado na TI, tendo por
atrações principais o rodeio, os bailes e o churrasco. Nesse período ocorre visitação
de indígenas de TIs da região como Apucaraninha, São Jerônimo e Queimadas. Não-
indígenas de comunidades rurais do entorno também participam em grande número
na festa.
No ano de 2015 a festa foi agendada para os dias 17, 18 e 19 de abril. A partir
de recursos do PBA-CI foi realizado: contratação de duas noites de baile com grupo
“Malaquias e os Herdeiros do Sul”; carne suína e bovina para churrasco. A equipe
técnica de campo auxiliou na realização das atividades burocráticas (consulta de
preços, contato com fornecedores, prestação de contas e outros) relacionadas ao
apoio do PBA-CI a festividade.
Análise Crítica: 2015-2016
A festividade do Dia dos Índios continua a ser a mais importante realizada
anualmente. Além de atrair a população não-indígena do entorno e da cidade de
Ortigueira/PR, como em outras TIs, torna-se ocasião para visita de indígenas de
outras aldeias, sobretudo Apucaraninha, Queimadas e Barão de Antonina.
O recurso de R$10.000, 00 do PBA-CI mostra-se fundamental para a
realização da festividade, realizada neste ano entre 15 e 17 de abril de 2016. O
recurso foi utilizado no pagamento de dois bailes de música gaúcha e na aquisição de
carnes bovina e suína para realização de churrasco.
130
Figura 55 - Festa do Dia dos Índios na TI Mococa
Figura 56 - Festa do Dia dos Índios na TI Mococa
131
Figura 57 - Festa do Dia dos Índios na TI Mococa
1.6 PROGRAMA DE MELHORIA DA INFRAESTRUTURA DAS TERRAS
INDÍGENAS
1.6.1 Subprograma de Melhoria de Trechos de Estradas: Terras Indígenas
Mococa, Apucaraninha e Barão de Antonina
Atividades Realizadas
- Não foram realizadas atividades no periodo de execução do PBA-CI
Análise Critica: 2012-2015
As ações - pagamento de indenização em dinheiro a 52 famílias, em fundo
distribuído em 13 parcelas (1 de R$1000, 00 e 12 de R$625, 00); viabilização de
veículo de simples remoção, equipado com maca e instrumentos para atendimento
emergencial e visita de avaliação de engenheiro civil para reforma da estrada, diz
132
respeito apenas a TI Mococa, consideradas como ações pontuais, visando mitigar
impactos, tais como: o aumento da distância da TI Mococa e a cidade de Ortigueira
por conta do reservatório, a presença de reassentados locados nas intermediações
desta TI, a redução da vazão no período do enchimento.
Análise Crítica: 2015-2016
Registra-se que após a visita de Engenheiro Civil em janeiro de 2015
(destacado no relatório 2014-2015) não houve sequência da ação na TI. Destaca-se
que a reforma da estrada é continuamente destacado pelos indígenas para realização
em período mais breve possível.
1.6.2 Subprograma de Gestão de Resíduos Sólidos
Atividades realizadas
- Disponibilização de sacos de lixo para atividade organizada por
enfermeiro que atende a TI Mococa.
Análise Crítica: 2015-2016
Em setembro de 2015 foi realizado na TI Mococa mutirão para retirada de lixo,
organizado pela enfermeira que atende a TI. Participaram membros diversos da
comunidade indígena. A partir de recurso do PBA-CI foi disponibilizado sacos de lixo
para recolher o lixo.