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MANUAL DE INSTALAÇÕES
PREDIAIS
EM BENS IMÓVEIS
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
Projeto: MONUMENTA / BID
UNESCO/IPHAN
Por: Engº. Leonardo Barreto de Oliveira
IPHAN – 13ª Superintendência Regional
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SUMARIO
Item Descrição Página Sumário : 1 Introdução : 2 Metodologia : 2 Abrangência : 3 Instalações Elétricas : 31 - Elementos Básicos de um Projeto Elétrico : 31.1 - Planta Baixa : 41.2 - Planta de Situação : 41.3 - Diagrama Unifilar : 41.4 - Quadro de Cargas : 51.5 - Convenções ou simbologia : 61.6 - Detalhes : 61.7 - Observações e/ou Notas : 71.8 - Relação de Materiais : 71.9 - Memorial Descritivo : 72 - Premissas Técnicas Gerais a serem observadas na
elaboração de Projetos : 8
3 - Premissas Técnicas Específicas a serem seguidas na elaboração de Projetos
: 8
4 - Levantamento Elétrico : 185 - Recomendações para Execução e Manutenção : 185.1 - Cuidados na Inserção dos Equipamentos Elétricos : 195.1.1 - Reatores : 195.1.2 - Interruptores : 205.1.3 - Tomadas : 235.1.4 - Padrão de Energia / Quadros de Distribuição de
Circuitos : 24
5.1.5 - Dimmers ou Controladores de Intensidade Luminosa : 245.1.6 - Temporizadores : 255.2 - Cuidados com relação a Condutores e Eletrodutos : 255.2.1 - Recomposição do Isolamento : 255.2.2 - Emendas e ligações de Condutores : 255.2.3 - Eletrodutos : 265.3 - Cuidados a serem Observados durante a execução dos
serviços : 26
6 - Orientações para Fiscalização : 276.1 - Recomendações Gerais : 277 - Considerações Gerais : 288 - Considerações Finais : 309 - Bibliografia : 30
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INTRODUÇÃO
O presente Manual de Instalações Prediais em Bens Imóveis foi
desenvolvido com o objetivo de servir de referencia básica para profissionais que
atuam na área de restauração /recuperação de Bens Imóveis tombados.
Tendo-se em conta que estes Bens Imóveis foram construídos em épocas
onde estas instalações que aqui serão tratadas, ainda não existiam,
recomendações especiais são indicadas para que as intervenções não interfiram
negativamente nestas obras.
Uma utilização adequada destes monumentos passa pela implantação ou
atualização de suas instalações prediais, sendo de fundamental importância para
sua preservação.
O conceito básico que norteou a elaboração deste manual é o de criar
condições contemporâneas para uma melhor utilização destas edificações, sem,
contudo, coloca-las em qualquer forma de risco, quer técnico ou estético.
METODOLOGIA
A metodologia adotada foi a de relacionar os elementos fundamentais das
Instalações Prediais, a serem observados quando do trato de intervenções em
Bens Imóveis Tombados ou com características que os enquadrem nesta
categoria.
Mesmo que de uma forma mais objetiva, foram realizadas revisões em
documentos, projetos e experiências acumuladas no trato de questões similares
às aqui inferidas.
Não se trata, pois de um manual de “como” desenvolver estes projetos, e
sim, organizar e padronizar procedimentos e pontos essenciais para suas análises
e ou fiscalizações.
São, contudo, repassadas algumas informações técnicas que certamente
contribuirão com os projetistas da área na proposição de soluções adequadas às
edificações em foco.
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ABRANGÊNCIA
O presente manual pode ser utilizado em todos os Bens Imóveis que
possuam valor histórico, tombado ou não e, principalmente para aqueles
circunscritos na área de abrangência do programa MONUMENTA / BID, programa
este que propiciou e contratou a elaboração do presente manual.
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
Tratamos aqui, inicialmente, dos procedimentos técnicos necessários para
a elaboração de projetos de instalações elétricas, referentes a obras de
restauração, fixando os requisitos mínimo de adequabilidade bom funcionamento
e segurança. Seguindo estes parâmetros, se disponibilizarão as informações
técnicas necessárias à sua correta analise pelos órgãos competentes, bem como
poderão ser perfeitamente executados. Os projetos destas especificidades devem
apresentar a documentação relacionada abaixo e seguir as considerações
relativas aos conceitos de preservação e conservação de monumentos.
1. ELEMENTOS BÁSICOS DE UM PROJETO ELÉTRICO
O projeto elétrico deve conter, no mínimo, os seguintes desenhos e
trabalhos fundamentais:
1.1 Planta Baixa - escala 1:100 ou inferior;
1.2 Planta de Situação - escala 1:200 ou 1:500;
1.3 Diagrama Unifilar - sem escala;
1.4 Quadro de cargas - sem escala;
1.5 Convenções ou simbologia;
1.6 Detalhes;
1.7 Observações e ou notas;
1.8 Relação de Materiais;
1.9 Memorial Descritivo
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1.1 Planta Baixa
As informações referentes ao projeto de instalações elétricas devem ser
inseridas, na planta baixa do projeto de arquitetura, de onde devem ser retirados
todos os dados não fundamentais a compreensão do projeto em questão, de
forma a não sobrecarregar o desenho.
Devem ser objeto de representação gráfica:
A localização de todos os pontos de consumo de energia elétrica - com
respectiva carga, seus comandos e indicações dos circuitos a que estão
ligados.
Trajeto e dimensão dos condutores e dos eletrodutos.
Localização de quadros de distribuição e de caixas com suas respectivas
dimensões.
1.2 Planta de Situação
Planta de situação do projeto de arquitetura com localização do padrão de
entrada de energia, sua interligação à rede de distribuição da concessionária e
alimentação geral dos quadros de distribuição. Deverão ser apresentadas as
dimensões dos quadros e caixas.
1.3 Diagrama Unifilar
Esquema em corte da instalação elétrica, discriminando os circuitos, suas
cargas e os dispositivos de proteção, da entrada de energia até os quadros de
distribuição. É de grande importância a distribuição equilibrada dos circuitos por
fases, bem como, a indicação da(s) fase(s) a que cada circuito esta ligado.
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1.4 Quadro de Cargas
Indicação das cargas parciais e globais, de iluminação e força dos circuitos
de cada quadro de distribuição, além das fases de cada circuito (equilíbrio), valor
da corrente, seção dos condutores e dimensionamento do disjuntor de cada
circuito e geral. Devem ser computadas as perdas nos equipamentos auxiliares.
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1.5 Convenções ou simbologia
Identificação das convenções gráficas usadas e normatizadas pela ABNT.
No caso de aproveitamento de instalações existentes, o projetista deverá
identificar tubulações e equipamentos a aproveitar, facilitando a execução do
projeto.
1.6 Detalhes
Deverão ser elaborados todos os detalhes necessários à perfeita execução
da instalação elétrica, como por exemplo: a polarização das tomadas,
aterramentos, entradas e outros.
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1.7 Observações e/ou Notas
As pranchas deverão conter observações com a finalidade de esclarecer e
facilitar a compreensão do projeto. Ex.: “Todos os condutores não cotados serão
de seção 2,5mm2”; “Os eletrodutos não cotados terão 19 mm de diâmetro”; etc.
1.8 Relação de Material
Na relação dos materiais a serem utilizados na obra devem, constar a
descrição técnica completa de cada material ou equipamento, sua unidade de
medida e quantitativo, bem como, a identificação em cada folha, do imóvel, sua
localidade e a assinatura do autor do projeto. Quando forem especificadas marcas
representantes de patamares de qualidade no mercado, poderá ser utilizado o
critério de similaridade no processo de aquisição. Porém esta equivalência entre
produtos deve ser de fato assegurada, com vistas a garantir-se a segurança e
qualidade das instalações.
1.9 Memorial Descritivo
Face às características especiais deste tipo de projeto, cabe a elaboração
de texto descritivo com as premissas gerais e/ou especificas adotadas.
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2. PREMISSAS TÉCNICAS GERAIS A SEREM OBSERVADAS NA
ELABORAÇÃO DE PROJETOS
Uma instalação elétrica deve ser projetada e construída de modo a:
2.1 Garantir o fornecimento de energia elétrica de forma contínua, dentro dos
limites de temperatura e queda de tensão admissível.
2.2 Proporcionar aos usuários conforto quanto aos índices de iluminação,
localização dos pontos de consumo, e segurança no que se refere aos
materiais e dispositivos de proteção.
2.3 Garantir a conservação do material empregado, a facilidade de manutenção
e a durabilidade da instalação.
3. PREMISSAS TÉCNICAS ESPECÍFICAS A SEREM SEGUIDAS NA
ELABORAÇÃO DE PROJETOS
3.1 Os circuitos de iluminação e tomadas serão obrigatoriamente separados.
3.2 Os circuitos devem estar dimensionados para trabalhar com folga razoável,
devendo também ser prevista reserva de carga geral. Este posicionamento,
leva em consideração, que o tempo médio para que novamente ocorram
serviços de reforma ou manutenção neste tipo de edificação é muito
elevado, sendo portanto prudente, dotar o sistema de folga acima do usual.
3.3 Se o sistema for atendido por 2 ou 3 fases, todas as fases devem ser
distribuídas, em equilíbrio, pelos diversos circuitos.
3.4 Quando em eletrodutos, instalados em parede ou piso, não sujeitos a
umidade, os condutores terão isolamento termoplástico para 750V e
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características antichama. Em caso contrário, ou seja, expostos à umidade,
os condutores deverão ter duplo revestimento e isolação para 1000V. Ex:
linha Sintenax da Pirelli.
3.5 Tendo em vista que neste tipo de edificação a etapa de enfiação de
condutores pode apresentar dificuldades executivas; É recomendável a
utilização de cabos flexíveis e não condutores singulares (fio).
1. Condutor Singular 2. Condutores Múltiplos 3. Camada Isolante
3.6 Os condutores deverão ser especificados na lista de material,
considerando-se as melhores marcas do mercado, devido à necessidade de
garantir-se a máxima segurança aos monumentos e conjuntos urbanos
históricos. A especificação deve pautar-se pelo uso em cada caso, sendo
importante a avaliação do grau de risco oferecido pela instalação em
questão. Desta forma, em determinadas situações pode ser prudente a
utilização de condutores com características antichama, ainda mais
especiais, como por exemplo, os da linha Afumex – fabricação Pirelli, ou
produtos similares.
3.7 Deverá ser utilizada padronização de cores nos condutores seguindo norma
da ABNT.
3.8 Devem ser adotadas as seções em mm2, sendo a mínima indicada a de
2,5mm2 (exceto para circuito de tomadas – definição em tópico específico)
para a tensão fase/neutro em 127V e a de 1,5mm2 para tensão fase/neutro
em 220V.
3.9 Com o objetivo de assegurar-se a menor interferência estética na
apreciação da edificação, bem como a maior inviolabilidade do sistema, o
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alimentador geral deverá ser preferencialmente subterrâneo e, neste caso,
utilizar condutor do tipo Sintenax ou similar.
3.10 As ligações entre os diversos quadros de distribuição de circuitos (QDC),
serão feitas somente com uso de cabos.
3.11 Os eletrodutos em parede serão preferencialmente embutidos, desde que
haja suficiente camada de argamassa, e não seja afetada a estrutura da
edificação.
3.12 Toda tubulação embutida em parede, piso ou sobre o forro, será em PVC
rígido rosqueável, com características antichama, empregando-se conjuntos
de buchas e arruelas para fixação às caixas e luvas para as emendas. Nos
locais sujeitos a umidade deve-se vedar a abertura do tubo, utilizando-se
para este fim massas de vedação. Em estruturas que necessitem maior
flexibilidade dos dutos para sua instalação (exemplo as frágeis estruturas
de Pau-a-pique), pode-se utilizar eletrodutos flexíveis, desde que
apresentem características antichama e também resistência mecânica
compatível com o uso e dentro das normas técnicas vigentes.
Fig.1 Eletrodutos Maleáveis e Eletroduto Rígido
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3.13 No caso de estruturas de pedra, os eletrodutos deverão ser fixados de
forma aparente, nas junções de parede e recebendo pintura na cor da
estrutura em que estiver fixado de forma a diluir plasticamente sua inserção,
(mimetismo). O mesmo tratamento deve ser aplicado a estruturas de
madeira em que a instalação não possa ser executada de forma não
aparente, como, por exemplo, sobre o forro ou entre este e o piso.
Fig. 2 – Eletroduto fixado de forma aparente no forro de madeira –
Museu da Inconfidência – Ouro Preto/MG
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3.14 A fixação dos eletrodutos aparentes, mesmo quando sobre o forro será feita
com abraçadeiras.
3.15 Os eletrodutos e caixas devem possuir padronização de cor em toda a
instalação, permitindo sua fácil identificação.
Fig. 3 - Parede atrás do altar mor da Igreja
do Carmo – Mariana/MG – com tubulação
diferenciada por cores
3.16 Quando em instalação subterrânea, externa à edificação, a tubulação
deverá receber envelopamento de concreto, ou faixa de advertência,
visando sua proteção contra impactos mecânicos.
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3.17 Em áreas abertas, sujeitas à umidade, as caixas de passagem deverão ser
instaladas, quando possível, em parede. Caso contrário, deverão ser em
alvenaria, revestidas com argamassa ou concreto, impermeabilizadas e
com previsão para drenagem, bem como, com tampas convenientemente
calafetadas.
3.18 As caixas de passagem deverão ser espaçadas de, no máximo, 15 metros.
3.19 Nas caixas sujeitas a umidade, as emendas dos condutores deverão ser
feitas mediante utilização de conectores revestidos com fita isolante de
autofusão.
3.20 As caixas de derivação 2x4”, 3x3”,4x4” e octogonais deverão ser plásticas e
de qualidade superior, e orelha reforçada;
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Fig. 4 – Caixas 4x4” e hexagonal plásticas
Fig. 5 – Caixas Octogonal e 2x4” metálicas vulneráveis a corrosão
3.21 Todas as curvas serão do tipo pré-fabricadas, sendo os eletrodutos fixados
as caixas e quadros através de Box reto ou com bucha e arruelas.
3.22 Equipamentos de iluminação com peso superior a 200 gramas, não devem
ser fixados diretamente através das caixas (“orelhas”).
3.23 Nenhum equipamento deve ser instalado sobre superfície possuidora de
elementos artísticos.
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Fig. 6 – Lâmpada incandescente instalada sobre elementos artísticos, de maneira
equivocada na Igreja da Ordem Primeira do Carmo – Salvador/BA
Fig. 7– Lâmpada incandescente instalada sobre elementos artísticos, de maneira equivocada, na Igreja de Nossa Senhora das Mercês – Mariana/MG
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3.24 Nenhum equipamento que produza calor deve ser instalado diretamente
sobre material combustível ou em suas proximidades.
Fig. 8 – Reator fixado, de forma errônea, diretamente sobre madeira.
3.25 Deverá ser previsto um condutor terra por circuito, independentemente da
existência do neutro do sistema. O barramento de terra deverá ser
interligado aos demais aterramentos (SPDA, Telecomunicações, Rede de
Dados, etc.) através de Caixas de Equalização de Potencial.
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3.26 O aterramento deverá ser bem executado, utilizando-se hastes
padronizadas pela concessionária local e, criando-se caixas de inspeção
para medição periódica da resistência de terra. Caso sejam verificados altos
valores é aconselhável a realização de tratamento químico do solo, à base
de sulfato de cobre. Não se deve utilizar para o tratamento do solo, sal e
carvão; devido à acentuada corrosão provocada na haste, diminuindo
sobremaneira sua vida útil.
3.27 Deve-se prever, no caso de monumentos ou edificações em cujo entorno
realizem-se festividades ou eventos, ponto de espera externo (tomadas
para uso ao tempo apropriadas – ex: fabricação Steck) em circuito
independente e protegido por disjuntor especifico.
Fig. 9 – Tomadas para uso externo (fabricação Steck)
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3.28 É recomendável a previsão de circuito para iluminação de inspeção no
espaço existente entre forro e telhado.
4. LEVANTAMENTO ELÉTRICO
O levantamento visa reproduzir a instalação existente, para que se possa
avaliar as possibilidades de aproveitamento de toda ou de parte desta.
Deve, portanto, indicar:
a) trajeto dos eletrodutos e suas dimensões;
b) trajeto dos condutores e suas dimensões;
c) posicionamento dos equipamentos: quadro de distribuição de circuitos,
caixas de passagem, caixas para tomadas e interruptores, etc.; com dimensões.
Ex.: caixa de 2x4”, 15x15cm, etc.;
d) correntes nominais dos circuitos, características e valor de suas
proteções;
e) outras informações que se julguem pertinentes para cada obra, sendo
solicitadas quando da contratação do levantamento.
Faz parte integrante do levantamento, parecer informando o estado de
conservação da instalação e discriminado em itens: eletrodutos, condutores, etc.
5. RECOMENDAÇÕES PARA EXECUÇÃO E MANUTENÇÃO
A primeira recomendação trata do conceito geral a ser seguido, que
estabelece o princípio no qual as instalações elétricas devem causar a
menor interferência possível na edificação, evitando-se ao máximo dano à
estrutura, como por exemplo, a abertura de rasgos para passagem de
eletrodutos; bem como cuidar para que haja um posicionamento adequado
dos equipamentos, resguardando-se a integridade plástica e ambiental.
Antes do início dos serviços relativos às instalações elétricas, é
fundamental a realização de avaliação das condições gerais do imóvel para
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verificar a pertinência da execução deste tipo de serviço, caso estas
estejam desvinculadas de obra de restauro mais abrangente da edificação.
Tal avaliação é pertinente, visto que lamentavelmente, na maioria das
vezes, quando da realização de trabalhos nas edificações, objeto de
atenção neste manual, as mesmas encontram-se em precário estado de
conservação. É facilmente previsível, que caso haja graves problemas de
infiltração de água na cobertura da edificação que receber as novas
instalações elétricas sua durabilidade e segurança serão gravemente
comprometidas. A inspeção também servirá para orientar a forma de
execução menos danosa ao acervo ou ao funcionamento da edificação.
5.1 Cuidados na Inserção de Equipamentos Elétricos
Com relação à forma, o “design” dos equipamentos deve marcar sua
contemporaneidade em contraposição ao espaço, de forma a evitar-se “leituras”
equivocadas pelos espectadores. Deve-se, contudo buscar a neutralidade da
inserção para que possa haver a correta fruição do espaço. Não deve ser
estabelecida competição pela atenção do observador no interior da edificação. O
conceito expresso acima vale tanto para equipamentos e iluminação, quanto para
outros equipamentos elétricos como, por exemplo, tomadas e interruptores.
5.1.1 Reatores
Utilizados em conjunto com as lâmpadas de descarga atuam como
controladores de corrente e como fornecedores de sobretensão inicial para a
partida. Compõe-se internamente por bobinas que, ao produzirem o efeito descrito
acima, geram grande quantidade de calor. Deste modo, chamamos a atenção
para seu uso. Não deve nunca ser utilizado dentro de vitrines, preferencialmente
deve ser instalado em local mais distante com circulação de ar externo. Objetiva-
se, desta forma, não seja alterada a carga térmica ambiental. Sob nenhuma
hipótese deve ser fixado sobre materiais combustíveis como madeira, pois,
quando ocorre falha em seu funcionamento (curto-circuito), atinge elevadas
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temperaturas, podendo provocar incêndio. Mesmo os reatores do tipo eletrônico
devem ser distanciados dos materiais combustíveis.
Caso em determinados locais seja difícil realizar o espaçamento entre estes
equipamentos e os materiais combustíveis, pode-se utilizar material isolante (de
comprovadas características) entre o reator e, por exemplo, a madeira. Em
algumas situações pode ser conveniente a criação de quadro específico para
abrigar estes equipamentos – quadro de reatores, concentrando-os assim em
determinado local. Neste tipo de instalação deve ser garantida adequada
ventilação dos equipamentos.
Fig. 10 – Foto de Forro de Madeira queimado devido à instalação incorreta de reator.
5.1.2 Interruptores
Como estes equipamentos tem sua introdução em período muito posterior à
construção da maioria das edificações em questão, deverão ser colocados em um
quadro próprio, ao lado do quadro de distribuição de circuitos, exceto nos casos
onde seja imprescindível sua instalação em outro local. Sendo também dotados
(quando em quadro) de indicadores luminosos de acionamento. Ao serem
instalados nos ambientes, esses equipamentos devem possuir a mesma cor da
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estrutura em que estiverem fixados. Imprescindível que seja adotada
padronização com relação à altura de fixação destes equipamentos.
Fig. 11 – Quadro de Interruptores(dir.) ao lado de Quadro de Disjuntores(esq.) instalados na
Igreja do Carmo – Mariana/MG
Fig. 12 – Quadro de Interruptores(dir.) ao lado de Quadro de Disjuntores(esq.) instalados na
Igreja Matriz de Arraial D´Ajuda – Arraial D´Ajuda/BA
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Fig. 13 – Quadro de Interruptores aberto instalado no Museu da inconfidência – Ouro Preto/MG
Fig. 14 – Interruptor na cor da parede instalado
na Igreja Matriz de Santo Antônio –
Tiradentes/MG
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5.1.3 Tomadas
No caso de igrejas, serão colocadas preferencialmente fora da nave e da
capela-mor, contanto que possam ser utilizadas para serviços nestes locais. A
instalação destas tomadas e de sua tubulação deverá ser feita de modo discreto,
procurando-se as junções das paredes para as prumadas. A tubulação e caixa de
tomada ficarão embutidas nos recintos onde o revestimento da parede permitir.
Onde isso não for possível, a instalação ficará aparente, fixada à parede, de modo
limpo, utilizando-se abraçadeiras.
No caso das igrejas e museus de maior utilizações, devem ser previstas
tomadas bipolares para equipamentos especiais, com indicação na placa do nível
de tensão.
Toda tomada (não cotada) para utilização não especificada (uso geral) deve
ser considerada de 100W.
Para a tensão fase/neutro de 127V, o condutor mínimo admitido para os
circuitos de tomada será de quatro (4) mm2.
O exposto para os interruptores com relação ao mimetismo e padronização
de altura para instalação também vale para as tomadas.
Fig. 15 – Tomada na cor da parede instalada
na Igreja Matriz de Santo Antônio –
Tiradentes/MG
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5.1.4 Padrão de Energia / Quadros de Distribuição de Circuitos
Nos monumentos, o posicionamento do padrão, bem como dos QDC’s deve
levar em conta o fator segurança. Especificamente para o padrão, o ramal de
alimentação deve ser subterrâneo. Recomenda-se, que seja consultada a
concessionária de energia, sobre as possibilidades do mesmo ser instalado dentro
do imóvel. Estas medidas visam dificultar possíveis cortes planejados de energia
(tentativas de furto). Mesmo dentro dos recintos, tanto o padrão, quanto os QDC’s,
devem ficar em local não exposto, evitando-se os cômodos de instalações
sanitárias e de circulação. Podem ser instalados, por exemplo, atrás do altar-mor,
na sala do vigia, etc.
Os QDC’s devem ser fixados em mureta de alvenaria ou nas paredes em
que a espessura de revestimento permitir. Quando não for possível, deve-se
afastar o quadro de estruturas de madeira através de isoladores. Como os
disjuntores possuem número limitado de manobras, só devem ser utilizados como
equipamento de proteção de circuitos, nunca como meros interruptores. Tal
procedimento, além de assegurar sua vida útil, também garante seu correto
funcionamento.
5.15 Dimmers ou Controladores de Intensidade Luminosa
São equipamentos que controlam a tensão de operação do circuito em que
está inserido. Desta maneira, em algumas fontes de luz consegue-se um controle
do nível de iluminação no ambiente. Frisamos que deve ser utilizado modelo
especial quando se deseja efetuar o controle de iluminação em lâmpadas de
descarga, visto que estas exigem uma tensão de trabalho fixa.
Outro cuidado na utilização refere-se a lâmpadas Halógenas e, por
conseqüência, às que possuem refletor dicróico acoplado, pois, o abaixamento da
tensão no filamento e, por conseguinte da temperatura interna do bulbo inibe o
“ciclo do iodo”. Dependendo do nível de redução na temperatura interna, esta
lâmpada passa a funcionar como uma lâmpada incandescente comum,
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assumindo, portanto, uma vida útil menor. Em nosso entender, o uso deste
equipamento nesta lâmpada não se inviabiliza em níveis menores de controle ou
pensando-se mesmo, numa manutenção mais rápida.
5.1.6 Temporizadores
São equipamentos que depois de determinado tempo pré-estabelecido
interrompem o circuito a que estão acoplados. Partindo-se da informação que todo
tipo de luz acarreta (de um modo geral) danos ao acervo, os temporizadores
mostram-se como uma solução ótima para casos que inspirem maiores cuidados.
Em alguns museus sua utilização torna-se um pouco complexa, mas acreditamos
que na grande maioria dos casos, iria inclusive contribuir para a economia dos
gastos com a manutenção e energia elétrica. Lembramos, no entanto, que
algumas lâmpadas têm sua vida útil diminuída pelo excesso de partidas.
5.2 Cuidados com Relação aos Condutores e Eletrodutos
Alguns cuidados devem ser adotados para preservar a integridade dos
condutores e seus eletrodutos, entre eles temos:
5.2.1 Recomposição do Isolamento
A recomposição do isolamento dos condutores será realizada empregando-se,
no mínimo de três voltas de fita de borracha autofusão, e recoberta por camada
dupla sobreposta de fita plástica auto-adesiva.
5.2.2 Emendas e Ligações de Condutores
Os condutores deverão ser contínuos de caixa a caixa, não sendo aceito
emendas no interior dos eletrodutos, mas unicamente nas caixas.
Toda emenda deverá ser revestida por fita isolante.
As emendas dos condutores serão feitas com utilização de terminais
adequados, para as bitolas superiores 10mm2, inclusive. Para os condutores de
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bitolas inferiores ao 10mm2 será empregado solda branca, obtida por imersão, não
sendo permitido a utilização de aquecimento direto sobre o condutor, objetiva-se
desta maneira não danificar seu isolamento.
As ligações aos equipamentos serão feitas diretamente, para condutores até
6mm2, ou para condutores de bitola maiores, desde que o equipamento a ser
conectado possua terminal tipo caixa e que não seja necessária redução da seção
do condutor. Nas outras situações serão usados terminais de ampliação
adequados.
Os equipamentos podem ser conectados a cabeação através de conectores
metálicos ou monoblocos, desde que recebam fita isolante sobre a conexão.
Toda emenda ou conexão realizada por aperto de parafusos (conectores, etc)
devem passar por um reaperto após uma semana de uso e sempre nas
manutenções preventivas.
5.2.3 Eletrodutos
Os eletrodutos não deverão sofrer dobra por meio de aquecimento.
5.3 Cuidados a serem Observados durante a execução dos serviços
Muitos acidentes em monumentos ocorrem no período de execução da
obra. Desta forma, com vistas a garantir a segurança da edificação, sempre deve
ser criado quadro provisório de distribuição de circuitos para alimentação dos
pontos de iluminação e energia destinados a execução dos trabalhos. As tomadas
não deverão ser instaladas sobre madeiramento e recomenda-se que condutores
sejam abrigados em eletrodutos maleáveis. Frise-se que o embutimento dos
cabos proporciona não só a proteção contra danos ao isolamento como também a
rápida extinção de eventuais pontos de chama em decorrência de curto-circuito.
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Não devem entrar nas edificações, durante o período das obras, botijões de
gás e outras matérias inflamáveis, sem a autorização e o acompanhamento
permanente dos órgãos competentes para realização da fiscalização.
6. ORIENTAÇÕES PARA FISCALIZAÇÃO
A fiscalização deve centrar-se em dois pontos principais:
O primeiro refere-se a necessidade da estrita observância ao disposto em
projeto, visto que neste tipo de obra, pequenos detalhes de acabamento,
podem repercutir de modo significativo no resultado final.
Atenção redobrada deve ser mantida nos quesitos pertinentes a segurança da
edificação, como por exemplo, a qualidade de condutores e equipamentos de
proteção (disjuntores).
6.1. Recomendações Gerais
Durante a execução dos serviços, como dito anteriormente, muitos acidentes
ocorrem devido à presença de instalações provisórias realizadas sem o devido
cuidado. Listamos abaixo, alguns erros verificados nesta etapa das obras e
que merecem a atenção da fiscalização:
Ausência de quadro de distribuição de circuitos, ou instalação de
disjuntores em caixas de madeira.
Proteção inadequadamente dimensionada, para os equipamentos
pesados, utilizados na realização de serviços.
Condutores instalados de modo desordenado pela obra e/ou sem a
proteção de eletrodutos.
Emendas mal executadas
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Introdução na obra, sem as devidas precauções e/ou autorização do
fiscal dos serviços, de equipamentos com elevado potencial de risco.
Botijões, fogareiros, aquecedores elétricos, produtos inflamáveis, etc.
Utilização de materiais e equipamentos de qualidade inferior ao
especificado em listagem de material fornecida e aprovada.
Ausência de equipamentos de combate a princípio de incêndio
apropriados. Frise-se que as unidades extintoras destinadas à
edificação, após sua restauração, podem não ser as adequadas para o
período de obras.
Falta de coordenação na execução dos serviços, gerando a
necessidade de intervenções desnecessárias no monumento, como por
exemplo, a reabertura de rasgos.
Mão de obra desqualificada para realização de serviços específicos
desta área técnica.
No recebimento da obra devem ser conferidos os seguintes principais itens:
Organização e correção do quadro de distribuição de circuitos.
Equilíbrio de fases.
Correta tensão de funcionamento e polarização das tomadas.
Comandos de iluminação em consonância com o especificado em
projetos.
Bom acabamento na instalação dos equipamentos e seu perfeito
funcionamento.
Adequado aterramento da instalação elétrica.
7. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Não será em nenhuma hipótese, aceita a instalação de condutores ou
eletrodutos fixados em elementos artísticos, bem como não devem ser
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efetuados cortes em estruturas sob as quais existirem vestígios ou
informações sobre elementos artísticos.
Fig. 16 – Foto de condutor sobre elementos artísticos na Igreja
da Ordem 1ª do Carmo – Salvador / BA
Não será admitido, a transposição de forros, assoalhos ou madeiramento,
por condutores, mesmo isolado, sem a proteção de eletrodutos rígidos ou
flexíveis.
Fig. 17 – Foto de condutores instalados sem proteção de eletrodutos na Igreja Matriz de Cachoeira do Campo – Ouro Preto/MG
ERRADO
ERRADO
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No tocante a qualidade, desempenho e modo de utilização dos equipamentos
elétricos, devem ser observadas, além das recomendações deste manual, o
disposto nas normas da ABNT referentes ao assunto, em particular as citadas
na referência bibliográfica.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente manual não esgota os assuntos referentes a esta temática.
Trata-se, pois, de um primeiro esforço no sentido de organizar procedimentos
relativos a intervenções em Bens Imóveis.
A utilização destas indicações, com certeza, produzirá efeitos positivos para
a melhoria da segurança destas edificações além de minimizarem os efeitos
estéticos negativos ocasionados pela não observância dos cuidados aqui
relacionados.
9. BIBLIOGRAFIA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-5410: instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro, 1997. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-5361: disjuntores de baixa tensão. Rio de Janeiro, 1998. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-6147: plugues e tomadas para uso doméstico e análogo – especificação. Rio de Janeiro, 2000. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-6527: interruptores para instalação elétrica fixa doméstica e análoga. Rio de Janeiro, 2000.