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KÁTIA SAYURI ENDO ANÁLISE CITOGENÉTICA DE ESPÉCIES DA SUBFAMÍLIA HYPOSTOMINAE (SILURIFORMES, LORICARIIDAE) DA BACIA DO ALTO RIO PARANÁ MARINGÁ PARANÁ – BRASIL DEZEMBRO - 2006

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KÁTIA SAYURI ENDO

ANÁLISE CITOGENÉTICA DE ESPÉCIES DA SUBFAMÍLIA HYPOSTOMINAE (SILURIFORMES,

LORICARIIDAE) DA BACIA DO ALTO RIO PARANÁ

MARINGÁ

PARANÁ – BRASIL

DEZEMBRO - 2006

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KÁTIA SAYURI ENDO

ANÁLISE CITOGENÉTICA DE ESPÉCIES DA SUBFAMÍLIA HYPOSTOMINAE (SILURIFORMES,

LORIICARIIDAE) DA BACIA DO ALTO RIO PARANÁ

Dissertação apresentada à Universidade

Estadual de Maringá, como parte das

exigências do Programa de Pós-Graduação

em Genética e Melhoramento, para

obtenção do título de Mestre.

MARINGÁ

PARANÁ – BRASIL

DEZEMBRO – 2006

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) (Biblioteca Central - UEM, Maringá – PR., Brasil) Endo, Kátia Sayuri E56a Análise citogenética de espécies da subfamília

Hypostominae(Siluriformes, Loricariidae) da bacia do alto rio Paraná / Kátia Sayuri Endo. -- Maringá : [s.n.], 2006.

47 f. : il. color., figs., tabs., retrs., mapas Orientador : Prof. Dr. Horácio Ferreira Júlio Jr. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de

Maringá. Programa de Pós-graduação em Genética e Melhoramento, 2006.

1. Citogenética - Peixes. 2. Siluriformes. 3.

Hypostomus. I. Universidade Estadual de Maringá. Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento.

CDD 21.ed.572.87

Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte (A autora)

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Ao Deus misericordioso.

Aos meus amados pais, Kiyoshi e Linda.

A minha valente irmã Nélia.

Para o meu amado Walter, companheiro de todas as horas.

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iv

AGRADECIMENTOS Ao Deus amado, por suas bênçãos infinitas. Por me proporcionar muitas

vitórias em situações que já eram perdidas.

À Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Biologia Celular e

Genética e NUPELIA, pelas condições que proporcionaram para a realização

deste trabalho.

À Capes pela concessão da bolsa de estudo durante o curso.

Ao curso de Pós-graduação em Genética e Melhoramento pela

oportunidade da realização do mestrado.

Ao professor Dr. Horácio Ferreira Júlio Jr, por estes anos de orientação.

Ao meu pai Kiyoshi, pelos anos de sacrifício e devoção. A minha mãe

Linda, por sua paciência e carinho. A minha irmã Nélia, pela cumplicidade e

dedicação. Agradeço pelo amor e ao apoio que sempre me deram para que eu

pudesse realizar os meus sonhos.

Ao Walter por seu amor e companheirismo em circunstâncias difíceis. Por

sempre acreditar em mim em momentos que eu já não acreditava.

Aos queridos amigos de coração: Ana Júlia Gomes, Luiz Fernando

Mascia, Pettersen Toshio, Maria Neuza e Fabrício dos Santos por estarem

sempre ao meu lado.

Ao Sr. Francisco (in memoriam) por seu carinho e amizade.

À querida D. Neuza (in memoriam) que sempre foi uma amiga preciosa de

nossa família.

Aos queridos amigos que me acompanharam nestes anos acadêmicos:

Gléia Ricci, Daniel Limeira, Veridiana, Mariana Felismino, Ulisses de Deus, Eliane

de Deus, Thaís Bignoto, Cláudia, Juliana, Vivian Amanda, Wilson, Jonathas,

Maysa, Ricardo Toshio, Marli, Ana Paula Trindade e Sônia Mizogushi.

À Sônia Carvalho, Ricardo Paiva e Emanuel Martinez, pela paciência de

me ensinarem a Citogenética e mesmo distantes ainda me ajudam

carinhosamente.

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Ao Professor Dr. Celso Rubin Filho, a professora Marta Belline e a

professora Ana Obara pelas palavras ternas de incentivo e pela amizade.

Ao secretário do Programa de Pós-graduação em Genética e

Melhoramento, Francisco José da Cruz, por sua competência profissional e

amizade.

À Suzana Paiva por seu auxílio no levantamento bibliográfico.

Ao Cláudio Zawadzki por gentilmente identificar os Hypostomus.

Ao professor Dr. Alberto Prioli e a professora Dra. Sônia Prioli por

permitirem a realização de uma parte do meu trabalho em seu laboratório. Pela

companhia agradável e por proporcionarem “sorte” nas coletas.

À professora Dra. Isabel Cristina Martins dos Santos por suas sugestões

e orientações durante o período de trabalho no laboratório.

Para alguns colegas de laboratório pelo auxílio durante estes anos.

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BIOGRAFIA

Kátia Sayuri Endo, filha de Kiyoshi Endo e Linda Satiko Koseki Endo,

nascida no dia sete de Fevereiro de mil novecentos e setenta e nove, na cidade

de Floraí-PR.

Ingressou em 2000 no curso de Ciências Biológicas da Universidade

Estadual de Maringá, concluindo o curso em 2004.

Matriculou-se no curso de mestrado em Genética e Melhoramento da

Universidade Estadual de Maringá em Março de 2005.

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vii

ÍNDICE

RESUMO ............................................................................................................... ix

ABSTRACT ........................................................................................................... xi

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................1

2. REVISÃO DE LITERATURA ..............................................................................3

2.1. Caracterização da área de estudo ................................................................3

2.1.1. A bacia do alto rio Paraná ..........................................................................3

2.1.2. A bacia do rio Ivaí .......................................................................................5

2.1.3. A bacia do rio Pirapó ..................................................................................6

2.2. Aspectos taxonômicos dos peixes em estudo............................................7

2.2.1. Ordem Silurifomes ......................................................................................7

2.2.2. Família Loricariidae.....................................................................................8

2.2.3. Subfamília Hypostominae ..........................................................................9

2.2.4. Gênero Hypostomus e Rhinelepis .............................................................9

2.3. Aspectos citogenéticos ...............................................................................11

2.3.1. Estudos citogenéticos em peixes neotropicais .....................................11

2.3.2. Estudos citogenéticos da família Loricariidae .......................................12

2.3.4. Estudos citogenéticos do gênero Hypostomus e Rhineleps ................16

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................21

3.1. Materiais........................................................................................................21

3.1.1. Espécies analisadas .................................................................................21

3.1.2. Locais de coleta ........................................................................................22

3.2. Métodos ........................................................................................................25

3.2.1. Indução de mitose.....................................................................................25

3.2.2. Preparação dos cromossomos mitóticos ...............................................26

3.2.3. Caracterização das regiões organizadoras de nucléolo (NORs) ..........27

3.2.4. Detecção de heterocromatina constitutiva – banda C ...........................27

3.2.5. Estudos cariotípicos .................................................................................28

3.2.6. Medidas cromossômicas..........................................................................28

3.2.7. Montagem dos cariótipos.........................................................................29

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................30

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5. CONCLUSÕES .................................................................................................38

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................39

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RESUMO

ENDO, Kátia Sayuri. M. Sc. Universidade Estadual de Maringá, Dezembro de 2006. Análise citogenética de espécies da subfamília Hypostominae (Siluriformes, Loricariidae) da bacia do alto rio Paraná. Professor orientador: Dr. Horácio Ferreira Júlio Jr. Professores conselheiros: Dr. Alberto José Prioli e Dra. Isabel Cristina Martins dos Santos.

A família Loricariidae é a maior família de Silurifomes da região neotropical,

são aproximadamente 683 espécies distribuídas em seis subfamílias: Ancistrinae,

Hypoptopomatinae, Hypostominae, Lithogeneinae, Loricariinae e

Neoplecostominae. Entretanto, apesar desta variedade, os estudos

cromossômicos são limitados a poucas espécies. O gênero Hypostomus é o mais

especioso e largamente distribuído gênero de peixes na América do Sul. Ele é

considerado um dos mais complexos gêneros da ictiofauna neotropical. Estes

peixes apresentam uma alta variedade morfológica, determinando uma taxonomia

problemática. Os estudos citogenéticos demonstraram que este grupo apresenta

uma variação cariotípica, com número diplóide variando entre 2n=52 a 2n=80

cromossomos, sugerindo a ocorrência de vários rearranjos cromossômicos

durante o processo evolutivo. Assim, o presente trabalho tem como objetivo

analisar: três populações de Hypostomus cf. ancistroides, a primeira população

coletada no ribeirão dos Dourados em Mandaguari-PR (bacia do rio Pirapó), a

segunda população do ribeirão Maringá em Maringá-PR (bacia do rio Pirapó) e a

terceira população do córrego Ximbaúva em Ourizona-PR (bacia do rio Ivaí); duas

espécies do rio Ivaí H. regani e H. cf. strigaticeps e uma espécie do rio Paraná

Rhinelepis aspera. Os cromossomos foram obtidos através da preparação de

células renais após tratamento por colchicina e a coloração convencional feita por

Giemsa. O nitrato de prata foi utilizado para detectar as regiões organizadoras de

nucléolos. As regiões de heterocromatina constitutiva foram obtidas através da

técnica de banda C. A Giemsa revelou um número diplóide de 2n=68 para todas

as populações de H. cf. ancistroides, apresentando variação na fórmula

cariotípica. Hypostomus cf ancistroides do ribeirão dos Dourados apresentou

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14m+16sm+12st+26a, do ribeirão Maringá 16m+6sm+26st+20a e do córrego

Ximbaúva 8m+10sm+16st+34a. H. regani e H. cf. strigaticeps apresentaram

2n=72 cromossomos, com 8m+10sm+30st+24a e 8m+6sm+26st+32a,

respectivamente. Rhinelepis aspera revelou um número diplóide de 2n=54 com

26m+20sm+8st. A técnica de AgNOR identificou NORs múltiplas para as

populações de H. cf. ancistroides; H. regani e H. cf. strigaticeps. Somente

Rhinelepis aspera apresentou NOR simples. A banda C evidenciou blocos de

heterocromatina constitutiva em regiões telomérica e/ou centroméricas nas

populações estudadas. Os dados obtidos coincidem com os estudos já realizados.

Entretanto, é necessária uma revisão taxonômica e os trabalhos de citogenética

podem auxiliar no conhecimento deste grupo.

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ABSTRACT

ENDO, Kátia Sayuri. M. Sc. State University of Maringá, December of the 2006. Cytogenetic analysis of species of the subfamily Hypostominae (Siluriformes, Loricariidae) of the upper Paraná river basin. Adviser: Dr. Horácio Ferreira Júlio Jr. Committee Members: Dr. Alberto José Prioli and Dr. Isabel Cristina Martins dos Santos.

The Loricariidae is the biggest family of the catfishes of the neotropical

region, there are approximately 683 species distributed among six subfamily:

Ancistrinae, Hypoptopomatinae, Hypostominae, Lithogeneinae, Loricariinae and

Neoplecostominae. However, despite this diversity, chromosome studies has been

limited to some species of the not many species. The genus Hypostomus is one of

the most species rich and largely distributed fish genera in South America. It is

also considered one of the most complex genera of the neotropical ichthyofauna.

These group present a high morphological variety, determining a problematic

taxonomy. The cytogenetic studies demonstrated that this group presents a

karyotype variation, with diploid numbers that vary from 2n=52 to 2n=80,

suggesting the occurrence of several chromosomal rearrangements during the

evolutionary process. The present work had the objective of analyzing: three

populations of Hypostomus cf. ancistroides, the first population was collected at

the Dourados stream located in Mandaguari city (Pirapó river basin, Brazil); the

second population at the Maringá stream in Maringá city (Pirapó river basin,

Brazil); and the third population at the Ximbaúva stream located in Ourizona city

(Ivaí river basin, Brazil); two species from the Ivaí river H. regani and H. cf.

strigaticeps and one specie from Paraná river, Rhinelepis aspera, all belonging to

the upper Paraná river basin. Chromosomal preparations were obtained from

kidney cells after colchicines treatment and Giemsa staining for conventional

analysis. Silver nitrate staining (AgNOR) was used to detect the nucleolus

organizer regions (NOR). The constitutive heterochromatin was analyzed by the

C-banding technique. The Giemsa staining revealed a diploid number of 2n=68 for

all the populations of the Hypostomus. cf ancistroides, with variations in karyotype

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formulae. The karyotype of H. cf. ancistroides from the Dourados stream showed a

karyotype formula consisting of 14m+16sm+12st+26a; Maringá stream presented

16m+6sm+26st+20a and the Ximbaúva stream presented 8m+10sm+16st+34a. H.

regani and H. cf. strigaticeps revealed 2n=72 chromosomes, with

8m+10sm+30st+24a and 8m+6sm+26st+32a, respectively. Rhinelepis aspera

showed diploide number of the 2n=54 with karyotypic formulae of 26m+20sm+8st.

The AgNOR technique detected multiple NORs in populations of H. cf.

ancistroides; H. regani and H. cf. strigaticeps. Just only one species Rhinelepis

aspera, showed single NOR. The C-banding technique evidenced constitutive

heterochromatin blocks in telomeric and/or centromeric regions in all the studied

populations. The found data coincide with the already described ones. Thus,

although a taxonomic revision is necessary, cytogenetics data can improve the

knowledge in this group.

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1. INTRODUÇÃO

Os peixes constituem quase metade do número total de vertebrados, eles

apresentam uma grande diversidade morfológica, de habitats ocupados e de

biologia. Esta diversidade e o dilema desta evolução não são sempre definidos

facilmente (Nelson, 1984).

A ictiofauna neotropical de água doce é um componente extremamente

rico da ictiofauna mundial, sugerindo que das 13.000 espécies de peixes de água

doce ela compreende aproximadamente 6.000 espécies (Reis et al., 2003).

De acordo com Reis et al. (2003), a região neotropical apresenta uma

estimativa de 6.025 espécies, distribuídas entre 71 famílias, em um total de 4.475

espécies descritas e cerca de 1.550 ainda não descritas.

Os Siluriformes neotropicais estão distribuídos em 15 famílias que

apresentam juntas 1.648 espécies descritas e cerca de 630 não descritas, sendo

que a família Loricariidae apresenta o maior número de espécies válidas (673) e

300 espécies não descritas.

Segundo Camilo (2005), os estudos citogenéticos têm fornecido

contribuições importantes à taxonomia de peixes, através da boa caracterização

cromossômica das espécies, da evidência cariotípica para as suas relações

evolutivas, do suporte adicional para a identificação de espécies

taxonomicamente problemáticas e da reunião de evidências de possíveis casos

de espécies crípticas.

Moreira-Filho e Bertollo (1991) associaram análises cariotípicas e

morfológicas de seis populações de Astyanax scabripinnis, provenientes de

algumas bacias hidrográficas distintas e puderam diferenciar seis formas do

“complexo scabripinnis”. Esta interação de dados, segundo os autores,

possibilitou a obtenção de informações mais conclusivas, pois formas não

diferenciadas cromossomicamente puderam ser separadas por análises

morfológicas e formas morfológicas idênticas puderam ser separadas

cromossomicamente.

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Segundo Reis et al. (2003), a subfamília Hypostominae, da ordem

Siluriformes, possui numerosos nomes de espécies com taxonomia confusa,

especialmente em relação ao gênero Hypostomus, pois este gênero apresenta

grande variação intraespecífica na morfologia e na pigmentação. Segundo

Zawadzki et al. (2004), as várias espécies ou morfótipos de Hypostomus são

aparentemente endêmicos de um ou poucos pequenos tributários do Rio Paraná

e análises genéticas tem demonstrado ser uma valiosa ferramenta para auxiliar a

avaliação do grau de isolamento reprodutivo de vários morfótipos.

Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo caracterizar

citogeneticamente espécies da subfamília Hypostominae da grande bacia do alto

rio Paraná, para fornecer informações para possam auxiliar os estudos de

espécies de difícil diferenciação taxonômica.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Caracterização da área de estudo 2.1.1. A bacia do alto rio Paraná

O rio Paraná é formado pela confluência dos rios Paranaíba e Grande,

que surgem, respectivamente, no Planalto Central e nas Serras da Canastra e da

Mantiqueira. Esta bacia ocupa uma vasta área, que em território brasileiro supera

os 802.150 km2 (Souza Filho e Stevaux, 1997). De acordo com Agostinho e Júlio

Jr. (1999), o Paraná é o principal rio da bacia do rio da Prata e o segundo maior

em extensão da América do Sul.

Além do rio Paranaíba e o rio Grande, ele conta com outros importantes

tributários (figura 1). Os principais rios da margem esquerda são mais longos,

com comprimento entre 400 e 600 km, e possuem nascentes em rochas

cristalinas aflorantes na serra do Mar; outros cursos importantes são mais curtos,

com cerca de 250 km, e correm apenas em domínios de rochas da bacia

sedimentar do Paraná. Os maiores afluentes pela margem direita não chegam a

400 km de extensão, e todos nascem em área da bacia sedimentar, nas serras de

Maracaju e do Caiapó (Souza Filho e Stevaux, 1997).

Segundo Agostinho e Júlio Jr. (1999), a bacia do alto Paraná drena uma

área com grandes centros urbanos, industriais e agrícolas e se constitui na região

mais intensivamente explorada do país. Além disso, mais de 70% da produção

hidrelétrica do país é gerada nesta região. Este quadro é responsável pelo

empobrecimento de sua fauna constatado nas últimas décadas, particularmente

em relação às espécies de peixes.

Grande parte da rede hidrográfica da bacia encontra-se sob controle de

barramentos, especialmente o rio Grande e os afluentes da margem esquerda. O

alto curso do rio Paraná encontra-se barrado a jusante pela UHE (usina

hidrelétrica) de Itaipu, e a montante pelas UHE de Porto Primavera e de Jupiá. O

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segmento entre a foz do rio Paranapanema e a cidade de Guaira é o único trecho

de água corrente, em território brasileiro (Souza Filho e Stevaux, 1997).

Figura 1 - Situação geográfica da bacia do rio Paraná.

Com a formação do reservatório de Itaipú, a barreira geográfica que

dividia duas províncias ictiofaunísticas, o Salto de Sete Quedas, foi submerso.

Como conseqüência, mais de 15 espécies do médio e baixo Paraná invadiram o

trecho superior (Agostinho et al., 1992). O fato de outras 15 e, provavelmente,

muito mais permanecerem restritas aos trechos imediatamente a jusante do

reservatório de Itaipu leva a crer que, a despeito das dispersões constatadas,

essas províncias continuam válidas. (Agostinho et al., 1997).

Os dados ictiofaunísticos da bacia do rio Paraná são incompletos. Sabe-

se, tomando por base levantamentos recentes, que a ictiofauna da bacia do rio

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Paraná em seu trecho brasileiro é composto por mais de duzentas e cinqüenta

espécies das quais cento e sete são Characiformes, noventa e uma Siluriformes,

vinte Perciformes, três Rajiformes, uma Cipriniformes, uma Pleuronectiformes,

duas Clupeiformes, cinco Ciprinodontiformes e um Simbranquiformes. Nestes

números não estão incluídas mais de dezesseis espécies de Hypostomus e

algumas de Rivulus, cuja identificação necessita de comprovação (Agostinho e

Júlio Jr., 1999).

A ictiofauna desta região está sujeita aos impactos das ações

antropogênicas desenvolvidas no perímetro local (extração de areia, exploração

da Pfaffia, pecuária extensiva, rizicultura, agricultura de subsistência e pesca) e

regional (alterações na amplitude, época e freqüência das cheias em razão dos

barramentos a montante; agricultura com emprego intensivo de produtos

químicos, precariedade das práticas de conservação do solo e remoção de matas

ciliares; e ocupação das sub-bacias afluentes por grandes centros urbanos e

industriais). A dimensão desses impactos e seus graus de importância não têm

sido determinados para a bacia. Sabe-se, no entanto, que a fauna de peixes dos

trechos superiores da bacia foi depauperada por algumas destas atividades

(Agostinho et al., 1997).

2.1.2. A bacia do rio Ivaí

A bacia do rio Ivaí possui uma área de 36.622km2. O rio Ivaí é formado

pela junção do rio dos Patos, que nasce na Serra da Boa Esperança, com o Rio

São João, que tem início no terceiro planalto (PR). Ele tem uma extensão de 685

km (Figura 2).

Os afluentes principais da margem direita são os rios Alonso, Paranavaí e

das Antas. Pela margem esquerda se destacam os rios Corumbataí, Mourão,

Ligeiro e dos Índios.

A bacia é uma das mais industrializadas do estado do Paraná. Cidades de

porte considerável deste estado, como Maringá e Apucarana, estão situadas ao

longo da bacia do Ivaí, sendo intensamente utilizada para o abastecimento

público. O uso para irrigação é pequeno. As águas ainda são utilizadas para

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piscicultura, dessedentação de animais e afastamento e diluição de esgoto

doméstico e industrial. O aproveitamento hidroelétrico restringe-se a pequenas

instalações, não havendo formação de reservatório de acumulação.

Figura 2 - A bacia do rio Ivaí. 2.1.3. A bacia do rio Pirapó

A bacia hidrográfica do rio Pirapó apresenta uma área de drenagem de

5.023 km2. O Pirapó apresenta a sua nascente no município de Apucarana (PR) e

possui uma extensão de 168 km até a sua foz no rio Paranapanema. Um dos

seus principais afluentes é o rio Bandeirantes do Norte, que nasce em Arapongas

(PR) e tem uma extensão de 106 km (figura 3).

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A bacia é relativamente industrializada. A utilização mais importante da

bacia é para o abastecimento de água. O uso para agricultura, ainda é restrita e

não existe aproveitamento hidroelétrico na bacia.

Figura 3 – A bacia do rio Pirapó.

2.2. Aspectos taxonômicos dos peixes em estudo

2.2.1. Ordem Silurifomes

Compreendem peixes de hábitos bentônicos e noturnos, mas muitos

podem apresentar atividade durante o dia, principalmente em águas turvas. São

facilmente distinguíveis dos demais peixes por apresentarem corpo nu, sem

escamas ou revestidas de placas ósseas. Freqüentemente, possuem três pares

de barbilhões, o primeiro raio da dorsal e das peitorais transformado em acúleo

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pungente e, salvo algumas exceções, possuem nadadeira adiposa que, às vezes,

é muito longa (Britski et al., 1999).

De acordo com Nelson (1984), várias espécies desta ordem são

venenosas. Capazes de infringir graves ferimentos com seus espinhos

(primariamente com o da nadadeira peitoral) e, em algumas espécies, injetar o

veneno produzido por células glandulares do tecido epidérmico que cobre os

espinhos.

2.2.2. Família Loricariidae

Segundo Reis et al. (2003), a família Loricariidae é a maior família de

“cascudos” da região neotropical e a maior do mundo. Ela apresenta 683

espécies, distribuídas desde a Costa Rica até a Argentina. A maioria das espécies

são encontradas ao Leste dos Andes, existindo também várias espécies que são

restritas à encosta Oeste destas cadeias de montanhas.

Reis et al. (2003), dividem a família Loricariidae em seis subfamílias:

Ancistrinae (217 espécies), Hypoptopomatinae (79 espécies), Hypostominae (169

espécies) Lithogeneinae (1 espécie), Loricariinae (209 espécies) e

Neoplecostominae (7 espécies).

De acordo com Britski et al. (1999), as características principais dos

peixes dessa família são: corpo coberto com placas ósseas que se dispõem em

várias séries, ao menos na parte anterior à nadadeira dorsal; posição inferior da

boca; bexiga natatória reduzida e envolvida por uma cápsula óssea ligada à parte

posterior do crânio. As placas ósseas que recobrem o corpo possuem dentes

dérmicos denominados odontodes que assumem forma de espinhos, ganchos ou

cerdas.

Os Loricariidae, conhecidos popularmente como “acaris” ou “cascudos”

são peixes de hábitos tipicamente bentônicos, permanecendo junto ao fundo,

raspando algas do substrato ou caçando invertebrados.

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2.2.3. Subfamília Hypostominae

De acordo com Britski et al. (1999), os membros desta subfamília se

caracterizam por apresentarem pedúnculo caudal alto, não-deprimido e região

interopecular pouco móvel, provida de espinhos curtos, não-eréteis. A maioria das

espécies apresentam tamanho médio. São bentônicos, tendo preferência por

ambiente de águas correntes de substrato rochoso, onde vivem raspando as

algas que crescem sobre as pedras.

Esta subfamília possui numerosos nomes de espécies com taxonomia

confusa, especialmente em relação ao gênero Hypostomus. Segundo Reis et al.

(2003), a alta variabilidade interespecífica na morfologia e o padrão de cores

deste grupo, fizeram que alguns autores descrevessem novos táxons devido a

interpretação errada desta variabilidade.

Em geral, Hypostominae parece estar restrito a água doce, exceto por

Hypostomus watwata que vive em estuário de água salobra nas Guianas. A

maioria das espécies vive no fundo dos bancos de areia e rios rochosos. Durante

o dia eles vivem sob as pedras ou galhos de árvores mortas e iniciam suas

atividades ao entardecer (Reis et al., 2003).

O dimorfismo sexual é pouco desenvolvido, somente em um único

gênero, Aphanotorulus, os machos que estão em maturidade apresentam

espinhos no corpo e nas nadadeiras e algumas modificações nos dentes. (Reis et

al., 2003).

A mais importante diversidade de gêneros é encontrada no Leste e

Sudeste da costa brasileira, com dez gêneros, sendo a maioria endêmica. O mais

especioso dos gêneros é o Hypostomus, apresentando mais de cem espécies

(Reis et al., 2003).

2.2.4. Gênero Hypostomus e Rhinelepis

O gênero Hypostomus (Lacépède, 1803): são peixes com focinho

revestido de placas pequenas, às vezes deixando uma pequena área nua na

ponta. Interopérculo pouco móvel, desprovido de cerdas. Dorsal com I+7 raios.

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Nadadeira adiposa presente. O gênero necessita de uma criteriosa revisão, antes

que possam identificar as espécies com segurança (Britski et al. 1999).

• Hypostomus ancistroides (Ihering, 1911): apresenta dentes bífidos;

pré-maxilar com mais de 15 e mandíbula com mais de 17 dentes;

corpo castanho, com várias pintas escuras conspícuas,

principalmente na região dorsal; comprimento do espinho da

nadadeira dorsal contido de 3,9 a 4,3 vezes no comprimento

padrão (Graça, 2004). Com distribuição geográfica na América do

Sul (Reis et. al., 2003);

• Hypostomus regani (Ihering, 1905): apresenta dentes bífidos; corpo

castanho, com várias pintas claras conspícuas; pré-maxilar com 65

a 110 e mandíbula com 65 a 132 dentes; nadadeira peitoral menor

que a ventral (Graça, 2004). Com distribuição geográfica na

América do Sul, nas bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai

(Reis et. al., 2003) e

• Hypostomus strigaticeps (Regan, 1908): apresenta dentes bífidos;

corpo castanho coberto com pintas claras; pré-maxilar com 49 a 54

e mandíbula com 49 a 55 dentes (Graça, 2004). Com distribuição

geográfica na América do Sul (Reis et. al., 2003).

O gênero Rhinelepis (Spix & Agassiz, 1829): apresenta focinho coberto

com placas com espinhos curtos, porém sem odontodes em forma de cerda ou

acículo. Interopérculo pouco móvel, sem cerdas. Parte posterior da cabeça, atrás

do pós-temporal, com duas ou três placas pequenas de cada lado. Dorsal com I+7

raios. Nadadeira adiposa ausente (Britski et al. 1999).

• Rhinelepis aspera (Spix & Agassiz, 1829): apresenta corpo alto,

boca inferior; pré-maxilar com 16 a 57 e mandíbula com 19 a 59

dentes; nadadeira dorsal com I+7, peitoral com I+6, pélvica com

I+5 e anal com seis raios. Vive em rios, alimentando-se de detritos,

sedimentos e larvas de insetos. Não apresenta cuidado parental,

realiza grandes migrações, reproduz-se de outubro a janeiro.

Espécie considerada com risco de extinção (Graça, 2004). Com

distribuição na América do Sul, nas bacias do rio São Francisco e

alto rio Paraná (Reis et. al., 2003).

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2.3. Aspectos citogenéticos

2.3.1. Estudos citogenéticos em peixes neotropicais

Os peixes neotropicais possuem uma alta diversidade cromossômica,

apresentando uma ampla variação do número diplóide, incluindo diferentes níveis

de ploidia, cromossomos sexuais, cromossomos supernumerários e vários casos

de polimorfismo relatados particularmente em sítios de heterocromatina e NOR

(Galetti Jr., 1998).

Os primeiros estudos citogenéticos em peixes neotropicais foram

realizados por Andreata (1971) em Synbranchus marmoratus. Foi também na

década de 70 que começaram a se formar os primeiros grupos de pesquisa nesta

área, hoje presentes em vários estados brasileiros, alguns já muito bem

consolidados, ao lado de outros mais recentes e em fase de consolidação.

Segundo Oliveira et al. (no prelo), o número diplóide, varia de 2n=20 para

Pterolebias longipinnis a 2n=134 para Corydoras aeneus em peixes de água

doce. Havendo uma grande discrepância quanto a natureza dos dados

disponíveis para cada grupo.

O aspecto morfológico dos cariótipos pode ser considerado como uma

característica do processo evolucionário. Considerando todos os dados de

números e fórmulas cromossômicas dos peixes neotropicais, é possível conhecer

certos grupos caracterizados por um número e fórmula constante de

cromossomos e outros grupos com diferentes graus de variabilidade

cromossômica. A análise do número e fórmula cromossômica é muito importante

para a identificação de hibridações esporádicas naturais ou ocorrência de

poliploidia (Almeida-Toledo, 1998).

Entre as espécies com algum conhecimento sobre seu cariótipo destaca-

se que em somente 5% destas se verifica a presença de cromossomos

sexualmente diferenciados classificados em sistemas de heterogametia. Estes

sistemas podem envolver um par de cromossomos originariamente homólogos

XX/XY ou ZZ/ZW (sistema simples). Por outro lado, a diferenciação de

cromossomos sexuais pode ainda envolver vários cromossomos do complemento

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X1X1X2X2/X1X2Y, XX/XY1Y2 e ZZ/ZW1W2 (sistemas múltiplos). Nesses casos são

mais comuns os eventos estruturais como translocação X-automossomo ou Y-

autossomo e fissões cêntricas na diferenciação destes cromossomos como

verificado nos gêneros Hoplias e Eigenmannia, muitas vezes a partir de um

sistema simples preexistente (Artoni, 2006).

Em relação aos demais vertebrados, os peixes não somente apresentam

uma destacada diversidade específica mais uma ampla variabilidade de sistemas

de cromossomos sexuais diferenciados. Esta situação coloca os peixes como

excelente modelo para comparação genético-evolutiva de mecanismos de

determinação sexual(Artoni, 2006).

Atualmente existe quase uma centena de casos de cromossomos Bs

relatados para diferentes espécies de distintas famílias de peixes, de diferentes

bacias hidrográficas. Variações quanto ao número, tamanho e forma são

freqüentes. Estes cromossomos podem apresentar-se totalmente ou parcialmente

heterocromáticos, embora existam casos de Bs totalmente eucromáticos (Moreira-

Filho, 2006).

Em algumas espécies de peixes também já foram relatadas a presença

de cromossomos Bs concomitantemente com a ocorrência de sistemas de

cromossomos sexuais e de triploidia. Devido às peculiaridades dos cromossomos

Bs no decorrer do seu processo evolutivo, ele vai se tornando diferenciado de

parte ou do cromossomo do qual se originou. Assim, com o tempo, pode atingir

um alto grau de diferenciação, impedindo que se encontre alguma estrutura que

possa ser compartilhada com os cromossomos do complemento padrão,

tomando-se, portanto, imprescindível resgatar sua história para entender sua

origem (Moreira-Filho, 2006).

2.3.2. Estudos citogenéticos da família Loricariidae

A família Loricariidae é uma das maiores famílias de peixes de água doce,

e do ponto de vista citogenético e evolutivo apresenta peculiaridades

interessantes, tais como a grande diversificação de formas, grande variedade de

tipos e números cromossômicos (Lara-Kamei, 1998).

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Na família Loricariidae existe uma ampla variedade cariotípica numérica,

com números entre 2n=36 cromossomos em Rhineloricaria latirostris a 2n=80

cromossomos em Hypostomus sp,. e estrutural em populações de várias

espécies, como por exemplo, Microlepdogaster leucofrenatus (Camilo, 2005).

Poucas espécies da família Loricariidae apresentam cromossomos

sexuais citologicamente diferenciados. Particularmente, na subfamília

Hypoptopomatinae ocorrem espécies com o macho heterogamético (XX/XY),

como Pseudotocinclus tietensis, e espécies com a fêmea heterogamética

(ZZ/ZW), como em Microlepdogaster leucofrenatus, sugerindo uma evolução

cromossômica independente a respeito de dois sistemas de cromossomos

sexuais. Loricariichthys platymetopon, representa outra espécie da família

Loricariidae com um sistema de cromossomos sexuais do tipo ZZ/ZW, diferente

daquele mostrado por M. leucofrenatus, pois neste último caso, a diferenciação do

cromossomo W ocorreu, provavelmente, através de um processo de acumulação

de heterocromatina e em Loricariichthys platymetopon parece ter originado por

inversão pericêntrica (Artoni et al., 1998).

Reis et al. (2003) divide a família Loricariidae em seis subfamílias

Loricariinae, Ancistrinae, Hypoptopomatinae, Hypostominae, Lithogeneinae, e

Neoplecostominae. Segundo Artoni e Bertollo (2001), pouco se sabe sobre a

organização cariotípica dos Loricarídeos.

Na subfamília Loricariinae, Michele et al. (1977) analisaram Loricaria

macrodon, encontrando um número diplóide de 2n=58 com número fundamental

NF=78, tendo considerado que esta espécie poderia ter se originado por triploidia.

Artoni e Bertollo (2001) analisaram Sturisoma cf. nigrirostrum que revelou 2n=74

cromossomos (20m+18sm+36st/a). Gonçalvez et al. (2006) analisaram

Spatuloricaria evansii do córrego do Onça (MS) que apresentou 2n=64

cromossomos (8m+10sm+46st/a) e NOR simples localizada na região

pericentromérica do braço longo do maior par de acrocêntrico.

Scavone e Júlio Jr. (1995) descreveram em Loricariichthys platymetopon,

do Rio Paraná, 2n=54 com número fundamental de 85 para as fêmeas e 84 para

os machos. Maia et al. (2006) analisaram exemplares de Loricariichthys anus

provenientes do Arroio do Ribeiro (RS), a análise convencional com Giemsa

revelou 2n=52 cromossomos (6m+18sm+4st+24a), NOR simples intersticial em

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um par de acrocêntrico e heterocromatina constitutiva encontra-se nas regiões

centroméricas e associadas a NOR.

Kavalco et al. (2005) analisaram Harttia loricariformis proveniente do rio

Paraitinga (SP) e observaram 2n=56 (16m+22sm+10st+8a), com NOR simples

localizada no par 25.

Rodrigues et al. (2006) analisaram Rineloricaria sp. proveniente das

bacias do rio Paraíba do Sul (RJ) e rio São José (RJ). Ambas as populações

apresentaram 2n=62 cromossomos, com a mesma constituição cariotípica

(2sm+60st/a) e NF=64, sendo esta a primeira descrição deste número diplóide

para este gênero.

Na subfamília Ancistrinae, Lara-Kamei (1998) analisou Megalancistrus

aculeatus do rio Paraná que apresentou 2n=52 e três espécies de Ancistrus sp 1,

2, e 3 que apresentaram, respectivamente, 2n=48, 2n=50 e 2n=50. Artoni e

Bertollo (2001) analisaram Panaque cf. nigrolineatus que apresentou 2n=52

(26m+20sm+6st/a) e Hemiancistrus sp. apresentou também 2n=52 cromossomos

(20m+20sm+12st/a).

Souza et al. (2002), descreveram para Baryancistrus cf. niveatus do rio

Xingú (estado do Pará) um número diplóide de 52 cromossomos para as fêmeas,

todos do tipo meta-submetacêntrico. Oliveira et al. (2002) analisaram duas

espécies do gênero Hemiancistrus do Araguaia (MT), H. sp. 1 e H. sp. 2 que

apresentaram 2n=52, sendo que H. sp. 2 apresenta diferença na fórmula

cariotípica para machos e fêmeas.

Mariotto e Miyazawa (2004) analisaram cinco populações de Ancistrus cf.

dubius de diferentes rios e córregos da bacia do Pantanal (MT): população A, do

rio Coxipó; população B, do córrego Pari; população C, ribeirão das Flechas;

população D, do córrego do Fundo e população E do córrego das Serra das

Araras. O número diplóide foi de 2n=42 para as populações A, B, C, D e 2n=44 na

população E. A banda C evidenciou sistemas de cromossomos sexuais XX/XY

nas populações B, C e D e cromossomos sexuais ZZ/ZW na população E.

Cromossomos sexuais não são raros em peixes, mas A. cf. dubius apresenta o

único caso de dois sistemas de cromossomos sexuais, XX/XY e ZZ/ZW, na

mesma espécie. Os autores sugerem que forma um complexo de espécies, pois

apresenta uma maior diversificação cromossômica do que morfológica.

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Mariotto-Dolina et al. (2006) analisaram três populações de Ancistrus cf.

piriformes provenientes do córrego do Pipa (MT), córrego Pari (MT) e rio dos

Peixes (MT). O número diplóide das três populações foi de 2n=54 cromossomos

(14m+8sm+8st+24a), com NOR simples, com heterocromatina localizada na

posição intersticial ou terminal de alguns cromossomos acrocêntricos. Diferente

do que ocorre com a maior parte das espécies até então estudadas na subfamília

Ancistrinae, Ancistrus cf. piriformes possui a maior parte de seus cromossomos

do tipo acrocêntrico, reforçando a hipótese de que a fusão ou fissão de

cromossomos, provavelmente, desempenhou um papel importante na diversidade

cariotípica encontrada nesta subfamília.

Na subfamília Hypoptopomatinae, Ferreira et al. (2002), descreveram

para Corumbataia cuestae, coletadas rio Alambari em Botucatu (SP), 2n= 54

(28m+24sm+2st), possuindo o par 1 inteiramente heterocromático portador da

NOR. Este resultado é semelhante aos encontrados para uma espécie simpátrica

de Hypoptomatineo, Hysonotus sp. A, que apresentou padrão de heterocromatina

similar e um par de cromossomos grandes, sendo identificado como

representando um sistema de determinação de sexo do tipo ZZ/ZW. Chiachio et

al. (2004) analisaram duas espécies de Otothyris: O. juquiae coletado no riacho

Descoberto (SP) e O. travassosi coletado no rio Ribeira de Terra Firme (SP).

Ambas as espécies apresentaram 2n=54 cromossomos. As características

encontradas neste gênero são encontradas em quase todos os demais estudos

sobre Hypoptopomatinae, assim como em outros grupos basais de Loricariidae.

Na subfamília Hypostominae, Artoni e Bertollo (2001) analisaram

Pogonopoma wertheimeri que apresentou 2n=54 cromossomos (20m+30sm+4st).

Alves et al. (2004) analisaram Glyptoperichthys gibbiceps (rio Orinoco, Venezuela)

que apresentou 2n=52 cromossomos (20m+24sm+8st); Liposarcus multiradiatus

(rio Orinoco, Venezuela) com número diplóide de 2n=52 (8m+14sm+14st+16a).

Este número diplóide pode ser considerado derivado para a família Loricariidae,

sugerindo uma tendência de redução do número diplóide no processo de

diversificação cariotípica.

Alves et al. (2005) analisaram espécies da subfamília Hypostominae

Corymbophanes n sp, Hemipsilichtys steindachneri, H. vestigipinnis,

Hemipsilichthys n sp, Isbrueckerichthys duseni, Kronichthys lacerta e K. subteres

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e encontraram 2n=54 cromossomos (20m+20sm+14st). A espécie Hemipsilichthys

splendens apresentou 2n=54 cromossomos (20m+30sm+4st) e Pareiorhina

rudolphi revelou 2n=54 cromossomos (26m+16sm+12st).

Na subfamília Neoplecostominae, Kavalco et al. (2005) analisaram

Neoplecostmus microps do rio Paraitinga (SP) e observaram 2n=54

(24m+20sm+10st), com NOR simples e FISH em posição intersticial do braço

longo do par 14. Alves et al. (2005) analisaram Neoplecosomus microps, N.

paranensis coletados do córrego Hortelã, N. paranensis do córrego do Sapateiro e

as espécies apresentaram 2n=54 cromossomos (20m+20sm+14st), com NOR

intersticial do braço 11 (sm).

2.3.4. Estudos citogenéticos do gênero Hypostomus e Rhineleps

O gênero Hypostomus é um dos mais especiosos e largamente

distribuídos gêneros de peixes na América do Sul, compreendendo cerca de mais

de cem espécies. Entretanto, pouco se sabe sobre dados citogenéticos deste

importante grupo de peixe neotropical (Artoni e Bertollo, 1999).

Artoni e Bertollo (2001) analisaram Hypostomus emarginatus do rio

Araguaia (MT) e obtiveram 2n=52 cromossomos (16m+30sm+6st). Oliveira et al.

(2002) analisaram três espécies de Hypostomus, H. sp.1, H. sp.2 e H. sp. 3,

sendo as duas primeiras coletadas no rio Araguaia (MT) e a terceira espécie

coletada no córrego Corrente (MT). H. sp. 1 apresentou 2n=64, com diferença na

fórmula cariotípica entre machos e fêmeas. Em H. sp.2 verificou-se um número

diplóide de 2n=72 a 2n=74 cromossomos, segundo os autores a variação possa

representar um mecanismo de cromossomos B, tal hipótese parece plausível,

uma vez que entre os indivíduos analisados com 2n=72, verificou-se uma

freqüência alta de células com 73 cromossomos. H. sp. 3 apresentou 2n=64,

similar ao H. sp. 1, porém com diferença em sua estrutura.

Casale et al. (2002) analisaram quatro espécies: Hypostomus: H. myersi,

H. derbyi, H. commersonii (as três primeiras, coletas no rio Iguaçu-PR) H.

albopunctatus (coletado no rio São João-PR). Apresentaram, respectivamente,

2n=74 (12m+14sm+18st+30a), 2n=68 (10m+8sm+16st+34a), 2n=68

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(10m+18sm+8st+32a) e 2n=74 (8m+18sm+14st+34a). A análise pela técnica de

impregnação por prata, bandamento C e mitramicina identificaram dois diferentes

padrões citogenéticos: (1) espécies com 74 cromossomos, NORs simples,

presença de vários blocos de heterocromatina e blocos GC-ricos, representando

por H. myersi e H albopunctatus e (2) espécies com 68 cromossomos, NORs

múltiplas, quantidade reduzida de heterocromatina e presença de blocos

brilhantes GC-ricos, representados por H. derbyi e H. commesonni.

Eler et al. (2002) analisaram Hypostomus luetkeni da bacia do rio doce, a

espécie apresentou 2n=74 (14m+42sm+18st/a), sendo o número semelhante a

algumas espécies deste gênero. A espécie se enquadra dentro das espécies com

maior número cromossômico dentro do gênero e apresentando algumas

características comuns com outras espécies.

Lara-Kamei e Júlio Jr. (2002) analisaram Hypostomus hermanniI, do

ribeirão Keller, que apresentou 2n=68 (12m+14sm+10st+32a). A NOR foi

evidenciada em dois pares de cromossomos, 1 par acrocêntrico com localização

telomérica e um par submetacêntrico com posição telomérica no braço curto. O

padrão de banda C foi encontrado em blocos centroméricos, teloméricos, na

região da NOR e um bloco intersticial em um par acrocêntrico.

Dias et al. (2003) analisaram Hypostomus variipictus do rio Uberabinha

(MG) e obtiveram 2n=72 cromossomos para machos e fêmeas. NOR simples e

heterocromatina em regiões teloméricas e intersticiais.

Cereali et al. (2004) analisaram Hypostomus cochliodon do Planalto da

Bodoquena (MT) que apresentou 2n=62 cromossomos com fórmula cariotípica

constituída de 20m/sm + 42 st/a. Através do padrão de bandamento C

observaram um par acrocêntrico com ⅔ do braço maior heterocromático, nas

fêmeas e o macho o mesmo par apresenta-se heteromórfico, podendo sugerir a

presença de um sistema de cromossomos sexuais do tipo XX/XY.

Rupert e Giuliano-Caetano (2005) analisaram Hypostomus cf. ancistroides

e H. regani do ribeirão Três Bocas (PR). Obtiveram para H. cf. ancistroides 2n=68

(10m+26sm+32st/a), NOR em dois pares de cromossomos acrocêntricos e

heterocromatina presente nas regiões centroméricas e algumas teloméricas. Para

H. regani 2n=72, com um polimorfismo estrutural a qual apresentou três fórmulas

cariotípicas diferentes: 10m+18sm+44st/a, 11m+22sm+39st/a e

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10m+22sm+40st/a, variando a NOR de dois a quatro cromossomos marcados e

heterocromatina distribuída nas regiões teloméricas, pericentroméricas e

associadas a NOR.

Kavalco et al. (2005) analisaram Hypostomus affinis do ribeirão Jacuí (SP)

e obtiveram 2n=66 cromossomos (14m+14sm+12st+26a), com NORs em dois a

cinco cromossomos.

Rubert e Giuliano-Caetano (2006a) analisaram três populações de

Hypostomus strigaticeps: ribeirão Três Bocas, rio Jacutinga e rio Taquari todos

afluentes do rio Tibagi (PR). O número diplóide observado foi de 2n=72 com

fórmula cariotípica de 10m+16sm+46st/a para todos os exemplares. A NORs

foram múltiplas para todas as populações, apresentam um polimorfismo intra e

inter-populacional com relação à heterocromatina.

Rubert e Giuliano-Caetano (2006b) analisaram duas populações de

Hypostomus nigromaculatus uma do ribeirão Três Bocas (PR) e outra do rio Mogi

Guaçú (SP). A população do ribeirão Três Bocas apresentou 2n=76

(6m+20sm+50st/a), com NORs múltiplas e com heterocromatina constitutiva

distribuída na região telomérica de alguns cromossomos (st/a), pericentromérica

em um par (m) e associado as NORs. A população do rio Mogi Guaçú apresentou

2n=76 (8m+20sm+48st/a), NOR simples com heterocromatina constitutiva na

região telomérica de 2 pares de cromossomos (st/a) anterior à constrição

secundária e pericentromérica em 2 cromossomos (m). Estas diferenças podem

estar relacionadas, talvez, ao processo de especiação.

Outros dados sobre Hypostomus podem ser vistos no quadro 1:

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Quadro 1 – Dados obtidos sobre o gênero Hypostomus

Tipo Cromossômico Espécie Localização 2n m m/sm sm st st/a a

ref

Hypostomus spa ♂ Araguaia (MT) 64 14 24 26 1 H. sp.a ♀ Araguaia (MT) 64 15 24 25 1 H. sp. 3 Córrego da

Corrente (MT) 64 16 14 18 16 2

H. cf tietensis Ribeirão Araquá (SP)

68 18 10 12 28 3

H. cf. regani Ribeirão Araquá (SP)

72 12 18 26 16 3

H. sp. 3 Ribeirão Keller (PR)

76 8 6 16 46 4

H. sp.1 (aff. Myersi) Ribeirão Keller (PR)

76 8 16 8 44 4

H. sp. 2 (aff derbyI) Ribeirão Keller (PR)

80 24 56 4

H. sp. Ribeirão Cavalo (SC)

74 8 10 28 28 5

H. sp. Rio Alambari (SP)

74 - - - - 5

H. sp.b ♂ Bacia do Paranapanema

66 13 16 12 25 6

H. sp.b ♀ Bacia do Paranapanema

66 12 16 12 26 6

H. sp. Rio Mogi-Guaçú (SP)

68 20 16 6 26 7

H. myersic Rio Iguaçu (PR) 74 12 14 10 38 8 H. albopunctatus Rio Iguaçu (PR) 74 12 14 14 34 9 H. myersi Rio Iguaçu (PR) 74 12 14 10 38 9 H. regani Rio Piquiri (PR) 72 12 8 10 42 9 H. sp. 1 Rio Piquiri (PR) 74 8 4 20 42 10 H. sp. 2 Rio Piquiri (PR) 72 6 20 6 40 10 H. sp Córrego do

Criminoso (MS) 64 8 28 12 16 11

H. sp. Rio das Contas (BA)

76 6 30 2 38 12

H. sp. Ribeirão Três Bocas (PR)

72 11 20 41 13

H. sp. Rio Uberabinha (MG)

72 - - - - 14

H. sp. E Rio Mogi-Guaçu (SP)

80 8 16 56 15

H. spd. F Rio São Francisco (MG)

76 10 16 50 15

H. spd. F Rio São Francisco (MG)

75 10 17 48 15

H. ancistroides Bacia do alto rio Paraná

68 16 18 34 16

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Quadro 1, Conti.

Tipo Cromossômico Espécie Localização 2n m m/sm sm st st/a a

ref

H. sp. A Bacia do alto rio Paraná

70 18 14 38 16

H. regani Bacia do alto rio Paraná

72 10 20 42 16

H. sp. C Bacia do alto rio Paraná

72 10 18 44 16

H. albopunctatus Bacia do alto rio Paraná

74 10 20 44 16

H. aff. auroguttatus Bacia do alto rio Paraná

76 8 30 38 16

a=ocorrência de sistema de determinação de sexo do tipo ZZ/ZW; b=ocorrência de sistema de determinação de sexo do tipo XX/XY ;c= apresenta polimorfismo no par 14(st), com um cromossomo subtelocêntrico e outro metacêntrico; d= exemplares com variação cariotípica; m= metacêntrico; sm= submetacêntrico;st=subtelocêntrico e a=acrocêntrico 1 - Artoni et al. (1998); 2 – Oliveira et al. (2002); 3 – Ishida et al. (2002); 4 – Lara-Kamei e Júlio Jr. (2002); 5 – Martinez et al. (2006); 6 – Brandão et al. (2006a); 7 - Brandão et al. (2006b); 8 – Lui e Margarido (2006); 9 – Lui et al. (2005); 10 – Maia et al. (2005); 11 – Resende et al. (2005); 12 – Jacobina et al. (2005); 13 – Rubert e Giuliano-Caetano (2005); 14 – Dias et al. (2002); 15 – Artoni e Bertollo (1999); 16 – Artoni e Bertollo (1996)

O gênero Rhinelepis, apresenta apenas duas espécies. Artoni e Bertollo

(2001) analisaram Rhinelepis aspera proveniente do rio Paraná, região de Guairá

e encontraram 2n=54 cromossomos (20m+26sm+8st).

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Materiais

3.1.1. Espécies analisadas

Foram coletados e analisados exemplares (machos e fêmeas) de quatro

espécies: Hypostomus cf. ancistroides, H. regani, H. cf. strigaticeps e Rhinelepis

aspera, identificados por Cláudio H. Zawadzki.

A posição taxonômica destas espécies, segundo Reis et al. (2003) é:

Classe Osteichthyes

Ordem Siluriformes

Família Loricariidae

Subfamília Hypostominae

Gênero Hypostomus

Hypostomus cf. ancistroides

Hypostomus regani

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Hypostomus cf. strigaticeps

Classe Osteichthyes

Ordem Siluriformes

Família Loricariidae

Subfamília Hypostominae

Gênero Rhinelepis

Rhinelepis aspera

3.1.2. Locais de coleta

As populações de Hypostomus cf. ancistroides foram coletadas no

ribeirão dos Dourados (Mandaguari-PR) afluente do rio Pirapó (Figura 4), Ribeirão

Maringá (Maringá-PR) afluente do rio Pirapó (figura 5) e córrego Ximbaúva

(Ourizona-PR) afluente do rio Ivaí (Figura 6).

Os exemplares das espécies Hypostomus regani e H. cf. strigaticeps

foram coletados no rio Ivaí (PR) (Figura 7).

A população de Rhinelepis aspera foi coletado no rio Paraná (região de

Porto Rico-PR) (Figura 8).

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Figura 4 – Ponto de coleta no ribeirão dos Dourados.

Figura 5 - Ponto de coleta no ribeirão Maringá.

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Figura 6 - Ponto de coleta no córrego Ximbaúva.

Figura 7 - Ponto de coleta no rio Ivaí.

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Figura 8 - Ponto de coleta no rio Paraná.

3.2. Métodos

3.2.1. Indução de mitose

Foi realizada a técnica de Cavallini e Bertollo (1988):

- consiste em aplicação intra-abdominal de 1 ml de solução de leveduras

(0,5 de fermento; 1,5 de dextrose e 6,0 ml de água destilada), para cada 100 g do

peso do animal. Esta técnica provoca uma infecção generalizada no animal,

produzindo um aumento de divisão mitótica de suas células, como resposta à

infecção.

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3.2.2. Preparação dos cromossomos mitóticos

O método descrito a seguir constitui uma adaptação (Bertollo, 1978) da

técnica para estudos cromossômicos de vertebrados.

1 -. Injetar intra-abdominalmente, entre as nadadeiras peitorais e ventrais,

solução de colchicina a 0,05%, na proporção de 1 ml/100 g do peso do animal;

2 – Deixar o peixe em um aquário bem aerado por um período de 1 hora.

Sacrifica-lo em seguida, e retirando o rim;

3 – Lavar rapidamente um fragmento do órgão retirado, em solução

hipotônica de KCL a 0,075 M, colocada numa cuba de vidro;

4 – Transferir o material para outra cuba de vidro, contendo solução

hipotônica de KCL a 0,075 M;

5 – Dissociar o material com auxilio de pinças de dissecção. Depois, com

uma seringa hipodérmica desprovida de agulha, fazer movimentos de aspiração e

expiração do material, para facilitar a separação dos blocos celulares;

6 – Colocar a suspensão obtida em estufa a 37°C, durante 20-30 minutos;

7 – Ressuspender cuidadosamente o material, com auxilio de uma pipeta

Pasteur, retirando o sobrenadante e transferir par um tubo de centrifuga;

8 – Centrifugar durante 10 minutos, a 900 rpm;

9 – Retirar o sobrenadante e colocar vagarosamente o fixador (álcool

metílico: ácido acético –3:1) recém preparado;

10 – Ressuspender o material, cuidadosamente com uma pipeta Pasteur;

11 – Repetir os itens 8 –10 três vezes. Após a última centrifugação,

descartar o sobrenadante e colocar um ou dois ml de fixador, dependendo da

quantidade de sedimento, e ressuspender o material. Este pode ser guardado na

geladeira, por cerca de um mês, em pequenos frascos de Ependorff, ou então, ser

trabalhado da seguinte maneira:

12 – Gotejar três a quatro gotas de suspensão, com a pipeta Pasteur, em

uma lamina limpa, mantida em água destilada, na geladeira, ou sobre uma

lamina, aquecida a 35-40°C;

13 – Deixar secar ao ar;

14 – Corar com Giemsa 5% em tampão fosfato pH 5,8, durante 10

minutos e lavar em água corrente e

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15 – Secar ao ar.

3.2.3. Caracterização das regiões organizadoras de nucléolo (NORs)

Para a caracterização das regiões organizadoras de nucléolos (RONs) foi

adotado método de impregnação pela prata descrito por Howell e Black (1980). A

técnica pode ser assim descrita:

1 – Sobre uma lâmina previamente preparada para obtenção de

cromossomos mitóticos, pingar duas gotas de solução de gelatina (1g de

gelatina/50ml de água deionizada e 0,5 ml de ácido fórmico);

2 – Acrescentar sobre as gotas de gelatina, duas gotas de solução

aquosa de nitrato de prata a 50% (1g de Ag NO3 em 1ml de água deionizada).

Misturar bem as duas soluções e cobrir com lamínula;

3 – Colocar a lâmina em estufa a 60°C;

4 – Deixar por 3-8 minutos, até a lâmina assumir uma cor amarelada,

retirar da estufa e monitorar a cor dos cromossomos sob o microscópio;

5 – Quando os nucléolos assumirem uma coloração preta ou marrom e os

cromossomos e núcleos apresentarem um tom amarelado, lavar em água

deionizada, permitindo-se que lamínula seja retirada normalmente pela água.

Para uma melhor observação, pode-se corar com Giemsa a 1% por,

aproximadamente, 30 segundos e

6 – Lavar em água deionizada e deixar secar.

3.2.4. Detecção de heterocromatina constitutiva – banda C

Para o estudo da heterocromatina constitutiva foi utilizada a técnica

descrita por Summer (1972) com algumas modificações:

1 – tratar a lâmina preparada segundo a técnica descrita para

cromossomos mitóticos com HCl 0,2 N em temperatura ambiente, durante 15

minutos;

2 – lavar a lâmina com água deionizada;

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3 – incubar a lâmina em solução aquosa de hidróxido de bário a 5%

(recém preparado) durante aproximadamente 5 minutos a temperatura de 42°C

em banho-maria;

4 – Após o banho lavar rapidamente em uma solução de HCl 0,2 N;

5 – lavar a lâmina com água deionizada;

6 – Incubar a lâmina em solução de 2x SCC, por 30 minutos a 60°C em

banho-maria;

7 - lavar a lâmina com água deionizada;

8 – Corar com Giemsa 5% em tampão fosfato (pH 6,8) por 10 minutos e

9 - lavar a lâmina com água deionizada e secar ao ar.

3.2.5. Estudos cariotípicos

As analises das metáfases foram realizadas em microscópio ótico comum.

Após a contagem dos cromossomos foi estabelecida o número modal para

machos e fêmeas das espécies estudadas.

As metáfases que apresentaram melhor dispersão e nítida morfologia dos

cromossomos foram fotografadas em microscópio Axioskop Zeiss com objetivas

de imersão, utilizando-se filme Kodak Image Print regulado para ASA 25 e

revelado em Microdol, da Kodak. As copias dos negativos foram feitas em papel

fotográfico profissional KODABROMIDE-F3.

3.2.6. Medidas cromossômicas

Após a escolha das melhores metáfases para a montagem dos cariótipos

e a ordenação visual dos pares cromossômicos, estes foram fotocopiados e as

medidas dos cromossomos foram realizadas nos cariótipos tanto de machos

como de fêmeas, com o auxílio de compasso de ponta seca e paquímetro.

Determinando-se o comprimento total de cada braço e os comprimentos dos

braços maiores e menores, calcula-se os valores médios para cada par. Obtém-

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se, então, o comprimento relativo (%) de cada par cromossômico em relação ao

total do lote haplóide.

A classificação dos cromossomos, conforme os valores da relação de

braços (RB), foram estabelecidas segundo o critério proposto por Levan et al.

(1964) com algumas modificações, o qual classifica os tipos cromossômicos da

seguinte maneira:

Metacêntrico (M) - RB: 1,00 a 1,70;

Submetacêntrico (SM) – RB: 1,71 a 3,00;

Subtelocêntrico – (ST) – RB: 3,01 a 7,00 e

Acrocêntrico (A) – RB: maior que 7,01.

3.2.7. Montagem dos cariótipos

As melhores fotografias foram recortadas, os cromossomos organizados

em pares, em ordem decrescente de tamanho e segundo suas características

morfológicas, em quatro grupos: metacêntrico (M), submetacêntricos (SM),

subtelocêntrico (ST), e acrocêntrico (A). O pareamento e a ordenação foram,

primeiramente, baseados na observação visual e depois ajustados de acordo com

as medidas obtidas.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os exemplares de Hypostomus cf ancistroides do ribeirão Dourados,

ribeirão Maringá e córrego Ximbaúva apresentaram 2n=68 cromossomos com

fórmula cariotípica de 14m+16sm+12st+26a, 16m+6sm+26st+20a,

8m+10sm+16st+34a, respectivamente (figura 9). As três populações de

Hypostomus cf. ancistroides coletados em bacias hidrográficas diferentes

mostraram o mesmo número diplóide de 2n= 68 cromossomos. Este número

diplóide também foi encontrado por Rubert e Giuliano-Caetano (2005) e por Artoni

e Bertollo (1996). No entanto, todas as populações analisadas diferem em suas

fórmulas cariotípicas. No presente estudo, os exemplares dos córregos Dourados,

Maringá e Ximbaúva, apresentam respectivamente 26, 20 e 34 cromossomos

acrocêntricos, permitindo separar as três populações desta espécie. As diferenças

de fórmulas cariotípicas entre as diferentes populações de H. cf. ancistroides,

sugerem a ocorrência de polimorfismos cromossômicos, causados por fenômenos

de inversões e duplicações que podem alterar a morfologia dos cromossomos

sem alteração de seu número diplóide (Artoni e Bertollo, 2001). O gênero

Hypostomus apresenta uma alta variabilidade no número de cromossomos, como

apresentado no quadro 1. A formação de populações pequenas e isoladas,

geralmente em riachos de pequena ordem, mostram a ocorrência de

polimorfismos cromossômicos, como acontece mesmo em outros grupos

distantes, como o grupo A. scabripinnis, levando ao processo de especiação.

H. regani e H. cf. strigaticeps coletados no rio Ivaí apresentaram um

número diplóide de 2n=72 cromossomos, com 8m+10sm+30st+24a e

8m+6sm+26st+32a, respectivamente (figura 10). Apesar do mesmo número

diplóide, as duas espécies podem ser facilmente separadas pela fórmula

cromossômica, 24 acrocêntricos para H. regani e 32 acrocêntricos para H. cf.

strigaticeps. Segundo Artoni e Bertollo (2001) um número diplóide elevado é

acompanhado por um alto número de cromossomos acrocêntricos, o qual pode

ser observado nas espécies analisadas, sugerindo que a grande variabilidade

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numérica deste gênero é causada por mecanismos de fissão cêntrica de

cromossomos metacêntricos e submetacêntricos

Rhinelepis aspera coletados no rio Paraná revelou um número diplóide de

2n=54 cromossomos, com fórmula cariotípica de 26m+20sm+8st (figura 10). O

gênero Rhinelepis apresenta apenas duas espécies, sendo que R. aspera ocorre

no alto Paraná e bacia do rio São Francisco, enquanto que outra espécie, R.

strigosa ocorre no médio e baixo Paraná e bacia do rio Uruguai (Weber,2003). Os

únicos dados citogenéticos sobre este gênero restringem-se aos obtidos por

Artoni e Bertollo (2001). Embora os dados obtidos no presente trabalho,

demonstrem a concordância no número diplóide (2n=54 cromossomos), as

fórmulas cariotípicas são diferentes, com 26 cromossomos do tipo metacêntricos

nos exemplares por nós examinados e 20 metacêntricos no material examinado

por Artoni e Bertollo (2001). Estas diferenças podem representar duas

alternativas: erros na interpretação dos dados pelos autores dos dois trabalhos,

ou poderemos encontrar duas espécies deste gênero no alto Paraná, sendo uma

delas introduzida pela submersão dos Saltos de Sete Quedas. Uma reavaliação

dos dados citogenéticos e a inclusão de dados de genética molecular, incluindo a

análise de R. aspera do rio S. Francisco e do alto Paraná e R. strigosa do baixo

Paraná e Pantanal podem elucidar a história da distribuição geográfica destas

espécies. Dentre os loricarídeos alguns grupos apresentam uma constância de

número cromossômico. Alves et al. (2005) analisaram nove espécies de vários

gêneros de Hypostominae (cinco espécies de Hemipsilichthys, uma de

Isbrueckerichthys, duas de Kronichthys, e uma de Pareiorhina) e encontraram o

mesmo número cromossômico de 2n= 54 em todas os exemplares analisados.

Este número de cromossomos é conservado em vários gêneros de

Hypostominae, bem como em várias espécies de Neoplecostominae, parece ser

uma condição primitiva entre os Lorocariidae.

A impregnação por nitrato de prata revelou NORs múltiplas para as três

populações de Hypostomus cf. ancistroides analisadas, diferindo apenas no tipo

cromossômico dos pares encontrados (figura 11). Na população do ribeirão dos

Dourados as marcações foram evidenciadas nas regiões terminais dos braços

curtos de três cromossomos submetacêntricos (pares 10, 11 e 12). Para a

população do ribeirão Maringá as marcações foram encontradas nas regiões

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terminais dos braços curtos de três cromossomos (par 5 metacêntrico, par 10

submetacêntrico e par 14 subtelocêntrico). A população do córrego Ximbaúva

apresentou três marcações nas regiões terminais dos braços curtos de um

cromossomo metacêntrico (par 3) e em dois cromossomos submetacêntricos

(pares 5 e 9). Rubert e Giuliano-Caetano (2005) analisaram Hypostomus cf.

ancistroides do ribeirão Três Bocas (PR) obtiveram um resultado diferente, NOR

nos braços curtos de dois pares de cromossomos do tipo acrocêntrico, que não

foram evidenciados nas populações analisadas no presente estudo.

H. regani também apresentou NORs múltiplas, com variação entre 2 a 5

cromossomos marcados (figura 12). Rubert e Giuliano-Caetano (2005) analisaram

exemplares desta espécie do ribeirão Três Bocas (PR) que apresentaram de dois

a quatro cromossomos marcados, com as NORs situadas no braço longo de dois

pares de cromossomos do tipo acrocêntrico. Lui et al. (2005) analisou H. regani

do rio Piquiri (PR) e detectaram NORs múltiplas localizadas no braço curto de

dois pares de cromossomos acrocêntricos.

H. cf. strigaticeps apresentaram NORs múltiplas, com variação entre 2 a 7

cromossomos marcados. Rhinelepis aspera foi a única espécie a apresentar NOR

simples, localizada no braço curto do primeiro cromossomo metacêntrico (figura

12).

Foi observada uma heterogeneidade em termos de NOR, em número e

tipo cromossômico, nas espécies analisadas neste trabalho. Esta variação

também foi observada por Artoni e Bertollo (2001) em estudos com espécies da

subfamília Hypostominae.

No presente estudo, a heterocromatina constitutiva foi observada em

blocos, principalmente, centroméricos e teloméricos para as populações de H. cf.

ancistroides do ribeirão dos Dourados e córrego Ximbaúva (figura 12). Rubert e

Giuliano-Caetano (2005) analisaram H. cf. ancistroides do ribeirão Três Bocas

(PR) e obtiveram pouca heterocromatina em regiões centroméricas e algumas

teloméricas. Diferente da população analisada neste estudo de H. cf. ancistroides,

do ribeirão Maringá que apresentou um bloco maior de herocromatina constitutiva

em um par de cromossomos.

Em H. regani, H. cf. strigaticeps e Rhinelepis aspera foram encontrados

blocos em regiões centroméricas e teloméricas (figura 13).

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Figura 9 – Cariótipo convencional de: a Hypostomus cf ancistroides do ribeirão dos Dourados, b H. cf ancistroides do ribeirão Maringá e c H. cf ancistroides do córrego Ximbaúva.

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Figura 10 - Cariótipo convencional de: a H. regani do rio Ivaí, b H. cf. strigaticeps do rio Ivaí e c Rhinelepis aspera do rio Paraná.

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Figura 11 – Metáfases evidenciando as NORs. À esquerda cariótipos e à

direita as metáfases correspondentes. a e b evidenciam cariótipo e metáfase da população de H. cf. ancistroides do ribeirão dos Dourados; c e d revelam cariótipo e metáfase de H. cf. ancistroides do ribeirão Maringá e e e f apresentam cariótipo e metáfase de H. cf. ancistroides do córrego Ximbaúva.

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Figura 12 - Metáfases evidenciando as NOR s de: a Hypostumus regani, b H. cf. strigaticeps e c Rhinelepis aspera.

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Figura 13 – Regiões de heterocromatina constitutiva, alguns blocos destacados com seta, de : a Hypostomus cf. ancistroides do ribeirão dos Dourados, b H. cf. ancistroides do ribeirão Maringá, c H. cf. ancistroides do córrego Ximbaúva, d H. regani do rio Ivaí, e H. cf. strigaticeps do rio Ivaí e f Rhinelepis aspera do rio Paraná.

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5. CONCLUSÕES

Os dados obtidos demonstram que populações de Hypostomus cf.

ancistroides de diferentes bacias, apresentam uma constância de 2n=68

cromossomos, embora com diferenças nas fórmulas cariotípicas, sugerindo a

ocorrência de polimorfismo interpopulacional, causado por eventos de inversões e

duplicações, que não alteram o número.diplóide.

H. regani e H. strigaticeps apresentaram 2n= 72 cromossomos, um

número elevado dentro do gênero Hypostomus. Sugerindo que este número

elevado tenha sido conseqüência de mecanismos de fissão cêntrica em

cromossomos do tipo metacêntricos e submetacêntricos

Os dados sobre Rhinelepis aspera mostram a existência de dois

cariótipos diferentes, possivelmente mostrando a ocorrência de duas espécies, da

introdução de R. strigosa no alto Paraná

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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impactos dos represamentos na icitiofauna e medidas para sua atenuação. Um

estudo de caso: reservatório de Itaipu. Rev. UNIMAR, 14: (supl.): 89-107, 1992.

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