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7º Congresso CNM/CUT Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT
12 a 15 de junho de 2007 HOTEL CAESAR PARK – Guarulhos - SP
Análise da Conjuntura Internacional
1. Desde a Segunda Guerra Mundial, a economia mundial não tem apresentado um
quinquênio tão bom quanto no período dos últimos cinco anos.
2. Esse período apresentou um crescimento consistente em que as economias dos
países de alta renda cresceram 3,1%, tendo os EUA atingido os 3,2%, o Japão
2,9% e até mesmo a vagarosa zona do euro 2,4% .
3. As economias dos países em desenvolvimento, lideradas pelas gigantes
emergentes, China e Índia, cresceram 7%, depois de registrar 6,6% em 2005 e
7,2% em 2004.
4. Esses dados constam do relatório Perspectiva Econômica Mundial, publicado pelo
Banco Mundial.
5. A crise da bolha no mercado acionário em 2000, os ataques terroristas em 11 de
setembro de 2001, as guerras no Afeganistão e no Iraque, os possíveis
desdobramentos de ações a serem realizadas pelo terrorismo em alvos europeus e
norte-americanos, o aumento persistente no preço do petróleo, as barreiras
protecionistas em países de economias de alta renda e o fracasso na Rodada em
Doha nas conversações multilaterais de comércio não conseguiram comprometer
esse crescimento.
6. Quatro forças combinadas empurram a economia mundial nesse período no
sentido desse crescimento: a inovação tecnológica, especialmente a queda do
custo da coleta, análise e transmissão de informações; a entrada, na economia
mundial, de importantes parcelas da população mundial como a metade da
humanidade localizada no Leste e Sul da Ásia; o processo mediante o qual essas
economias estão estreitando seu atraso; e a integração dos mercados mundiais de
bens, serviços e capital.
7. Contribuíram para esse cenário de crescimento econômico as melhorias nas
posições fiscal e comercial das economias de mercados emergentes, assim como
a estabilidade monetária, baixas taxas de juro nominais associadas a grandes
lucros.
8. Apesar desse cenário apontado pelo Banco Mundial, o Fórum Econômico Mundial
aponta para riscos globais em diversas áreas, incluindo a economia.
9. A maioria dos riscos para os próximos dez anos se agravou em 2006, inclusive os
cinco diretamente relacionados à economia global.
10.Apesar de crescer mais rapidamente do que em qualquer outra época na história, a
economia mundial continua vulnerável de acordo com relatório do organismo
internacional.
11.Um novo choque do petróleo e falhas no fornecimento de energia, o déficit em
conta corrente dos EUA, a preocupação com o enfraquecimento do crescimento da
China, crises fiscais causadas por mudanças demográficas e correções em preços
inflacionados, como as "bolhas" nos mercados imobiliários norte-americanos, são
as cinco principais ameaças econômicas.
12.Os demais riscos são divididos em ambientais (como tempestades tropicais),
geopolíticos (terrorismo ou guerras, entre outros), sociais (pandemias) e
tecnológicos (riscos ligados à nanotecnologia).
13.No campo geopolítico as ações dos Estados Unidos frente ao Oriente Médio,
traduzem uma inaptidão da diplomacia dos grandes países em benefício da política
das armas, das ocupações e da guerra como a grande solução.
14.O Iraque teve seu pior ano em 2006 desde a ocupação norte-americana, com o
acirramento dos conflitos já configurados como uma guerra civil, entre sunitas e
xiitas, ao mesmo tempo recrudesceram os ataques da resistência às tropas de
ocupação.
15.A derrota de Blair nas eleições britânicas foi consequência do fracasso de solução
para a invasão do Iraque, do mesmo modo como foi a derrota de Bush nas
eleições parlamentares dos EUA como resposta à impotência norte-americana em
impor uma relativa ordem no Iraque ocupado.
16.Essa guerra civil entre sunitas e xiitas, quase que impossibilita a unidade nacional
iraquiana.
17.Os EUA pensam na retirada das tropas, mas, impossibilitados pela situação
explosiva do país, mandam, ao contrário mais tropas.
18.Na Palestina, a política norte-americana não obteve sucesso frente aos conflitos
cada vez maiores entre as correntes mais radicais e moderadas, aguçando os
conflitos internos, inviabilizando quaisquer processos para a tentativa da paz e
unidade na luta contra a ocupação israelense.
19.No Afeganistão, a resistência, comandada pelos talibãs, provocou o
enfraquecimento da ocupação, intensificando, como nunca desde a chegada das
tropas estrangeiras, a violência no país.
20.A política imperialista dos Estados Unidos se revela como um estado de guerra
permanente.
21.O orçamento militar dos EUA para 2008 alcançará quase US$500 bilhões -
aumento de 11,3%. A hegemonia militar e técnico-científica dos EUA ainda é um
fato e o presidente Bush comporta-se como “dono do mundo”, mas não é mais
obedecido. Sua derrota nas últimas eleições para o Congresso limitou seu espaço
de manobra no que ele chama a “luta sem fim” contra o terrorismo. Nos EUA e no
mundo aumenta a rejeição ao caráter arrogante e belicista do presidente.
22.Governos europeus e a ONU, assumem uma postura de cumplicidade silenciosa,
onde a guerra foi o único meio e da qual não têm responsabilidades.
23.A humanidade fica à mercê da política belicista norte-americana.
24.Para a América Latina e em especial para a América do Sul, o ano de 2007 inicia-
se sob a égide de uma nova realidade.
25.O encontro realizado em dezembro de 2006 em Cochabamba, Bolívia, de líderes
sul-americanos apontou para a criação de uma comissão de alto nível para estudar
a idéia de formar uma Comunidade Continental similar à União Européia.
26.Outra sugestão para o cone sul foi dada por Rafael Corrêa, novo presidente do
Equador, ele propôs uma rota comercial terrestre e fluvial ligando a Floresta
Amazônica brasileira à costa do Pacífico equatoriana como alternativa ao canal do
Panamá.
27.Por outro lado Ugo Chávez, presidente da Venezuela e Evo Morales, da Bolívia,
celebraram um novo projeto conjunto, a usina de processamento de gás na região
rica em gás da Bolívia.
28.O Mercosul, inicialmente, sob a influência de Lula revitalizou-se ao passo que a
ALCA perdeu a força que possuía no governo de FHC.
29.O ingresso da Venezuela como membro pleno do Mercosul, caminho que deve ser
seguido pela Bolívia e pelo Equador, além da aproximação de Cuba ao novo bloco,
complementam um quadro mais favorável do que nunca à extensão e ao
aprofundamento dos processos de integração regional.
30.O Conselho do Mercosul aprovou em 18 de janeiro, uma série de projetos que
beneficiarão o Paraguai e o Uruguai com uma compensação de US$ 70 milhões
para diminuir as assimetrias econômicas dentro do bloco.
31.Os projetos fazem parte do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul
(Focem). Em sua proposta de criação, um dos objetivos principais é acelerar o
crescimento do Uruguai e do Paraguai, os dois países do Mercosul que têm as
menores economias. Juntos, os dois países terão direito a 80% dos recursos do
novo fundo.
32.Desde as conquistas espanholas, cinco séculos atrás, é a primeira vez que tem
havido movimentos reais em direção à integração na América do Sul.
33.O avanço da Esquerda no continente dá sinais inequívocos de uma onda anti
neoliberalismo.
34.No Equador, o candidato de esquerda Rafael Correa, vence as eleições e propõe
mudanças, convocou uma assembléia nacional constituinte para o dia 18 de
março, e anunciou que reverá os acordos do petróleo, a concessão aos norte-
americanos da base de Manta e que apoiará o Mercosul, que quer integrar,
apoiando a integração latino-americana.
35.Na Venezuela, Ugo Chaves anuncia que dará seqüência à nacionalização, com
indenização, das empresas de telecomunicações e energia, expandindo a
presença do Estado na economia e introduzindo o conceito de propriedade
coletiva, extinguindo a autonomia do Banco Central e limitando a atuação da
iniciativa privada nas áreas da educação e saúde.
36.Na Bolívia, Evo Moralez dá sequência à uma política de soberania nacional
desenvolvendo um dos processos políticos mais importantes da América Latina na
atualidade, combinando mobilização social e étnica, com projeto político de
hegemonia democrática e popular.
37.No Brasil a reeleição de Lula aponta para avanços na organização da Esquerda e
uma vitória sobre a Direita e o neoliberalismo.
38.Uma coalizão de esquerda pode vencer as eleições paraguaias, com a candidatura
de um padre identificado com as novas correntes políticas latino-americanas,
somando importantes esforços na luta anti neoliberal.
39.As vitórias de Lula, Evo Morales, Ugo Chavez, Daniel Ortega, Michelle Bachelet,
somadas à provável reeleição de Kirchner na Argentina no segundo semestre de
2007, protagonizam um crescimento da Esquerda Latino-Americana mudando o
mapa político da região com o enfraquecimento da política estadunidense e
apontam para a integração regional, base necessária para uma independência de
fato
Análise da Conjuntura Nacional40.O primeiro mandato do presidente Lula termina positivamente sob a égide das
mudanças econômicas e políticas, a despeito das catástrofes anunciadas pela
Direita, quando do início de seu mandato.
41.O ano de 2007 inicia-se sob esse excelente saldo político com o apoio dos quase
60 milhões de votos obtidos em sua reeleição.
42.Esse resultado justifica-se pela mudança ocorrida no país desde a posse de Lula
em 2003.
43.O Brasil inicia o segundo trimestre de 2007 como a décima economia mundial, com
reservas históricas na casa dos 110 bilhões de dólares.
44.Apresenta contas externas favoráveis e ambiente de negócios positivo com
inflação e taxa de juros em queda, também a relação dívida/PIB caiu e o risco
Brasil pela primeira vez ficou na média dos países emergentes, chegando a 155
pontos contra os 2.400 do segundo semestre de 2002.
45.A média do crescimento do PIB nos dois mandatos de FHC foi de 2,31% (2,47% no
primeiro e 2,15% no segundo mandato), já a média de crescimento do PIB no
primeiro mandato do governo Lula é de 3,35%.
46.Os avanços ocorridos no primeiro mandato, dão as condições necessárias para a
continuidade da melhoria dos indicadores sociais.
47.Já são atendidas mais de 11 milhões de famílias no Bolsa Família.
48.O Pró-Uni abriu mais de 250 mil vagas no ensino superior.
49.Houve uma melhoria evidente na qualidade de vida da população brasileira.
50.A política de Lula em que pese ter um modelo econômico ainda acorrentado ao
modelo anterior, quase eliminou a Classe E no Brasil, a PNAD (Pesquisa Nacional
de Amostragem de Domicílios) 2006 mostrou que 12,5% da população brasileira
pertencia à classe E, hoje caiu para 2,6%, retirando quase 6 milhões de pessoas
da pobreza absoluta (quem ganha até meio salário mínimo/mês per capita familiar).
51.Essa mudança na conformação da pirâmide social dá-se muito mais pela diferença
de gestão do Estado do que pelo crescimento econômico obtido no período, é o
viés de rede de proteção social de combate à pobreza e distribuição de riqueza que
promove essa migração dos brasileiros da classe E para as classes superiores, na
década de 1970 o Brasil crescia 9% em média por ano e o ritmo de redução da
pobreza era menor.
52.No último ano, mais de oito milhões de brasileiros subiram na pirâmide social, para
níveis com maior capacidade de consumo.
53.Em 2005 mais da metade da população brasileira, quase 93 milhões de pessoas
(51%), pertenciam às classes D e E, o ano de 2006 mostra uma redução desse
número para 84.4 milhões (46%).
54.A população de mais baixa renda migrou para as classes imediatamente
superiores. Com isso, a classe C, que reunia 62,7 milhões de habitantes em 2005,
encerrou o ano passado com 66,7 milhões de brasileiros. O topo da pirâmide, isto
é, as classes A e B, recebeu nesse período 6,3 milhões de pessoas.
55.Os dados são de pesquisa realizada pela financeira francesa Cetelem em parceria
com o instituto Ipsos Public Affairs onde foram ouvidas 1200 famílias no fim de
2006 em 70 cidades do País. Elas foram avaliadas não só pela renda recebida,
mas também pela posse de bens.
56.O ano de 2006 apresentou fatores positivos para essa melhoria de vida dos
brasileiros, entre os fatores destacam-se o aumento da massa salarial, a inflação
controlada e, especialmente, o crescimento do crédito, incluindo o consignado. Por
meio de prazos esticados e juros cadentes, o crédito fez o dinheiro render mais nas
mãos do trabalhador.
57.É necessário porém, recuperar o crescimento econômico de forma sustentada,
com 5% ou 6% ao ano para que se possa obter um salto de qualidade na geração
de mais e melhores empregos.
58.A predominância de uma política de exportação de bens de baixo valor agregado e
pouco conteúdo tecnológico não amplia a geração de empregos de alta
remuneração, polarizando a sociedade entre os mais ricos e os mais pobres.
59.Para o ramo metalúrgico o governo Lula representou uma franca recuperação dos
postos de trabalho perdidos no período Collor/Itamar/FHC/FHC.
60.O emprego metalúrgico continua seguindo sua trajetória de crescimento,
acumulando em janeiro de 2007 +1% e um saldo de 17.000 postos de trabalho, ou
seja, somos 1.692.684 metalúrgicos.
61.No ano de 2006 o saldo entre admitidos e demitidos ficou em 79.844 postos de
trabalho, + 5,0%. Em relação aos últimos cinco anos é o segundo maior
crescimento, atrás apenas de 2004, quando houve um crescimento de 11%.
62.Se considerarmos janeiro de 2003, período em que o emprego metalúrgico voltou a
ter uma retomada mais acentuada, o percentual de crescimento é de +26,8%, o
que representa 357.828 mil trabalhadores metalúrgicos a mais nesse período. Se
compararmos esse número com o período do início da série, em 1997, é mais
surpreendente, já que de janeiro de 1997 a dezembro de 2002 houve queda do
número de trabalhadores no setor de -0,6%.
63.Entretanto esse crescimento do emprego formal ainda não autoriza uma
beatificação do governo Lula.
64.Os empecilhos a um desenvolvimento sustentado que dê geração de mais e
melhores empregos ainda é um desafio a ser superado.
65.Diante dos entraves ao desenvolvimento sustentado o governo no início de 2007
propõe um Programa de Aceleração do Crescimento, o chamado PAC.
66.O governo busca a adequação da infra-estrutura como condição basilar para um
crescimento mais substancial de nossa economia.
67.O Programa prevê investimentos na ordem de meio trilhão de reais até 2010,
destinados a obras de ampliação da geração e transmissão de energia elétrica,
combustíveis renováveis, gás natural e petróleo.
68.Também receberão investimentos importantes, saneamento, habitação recursos
hídricos e transporte de massas como o metrô, além de investimentos em logística
como rodovias, hidrovias, portos e aeroportos.
69.Esse programa busca criar uma sinergia entre investimento, crescimento, geração
de empregos e melhoria nas condições de vida da população brasileira, com
estímulos ao crédito e ao financiamento.
70.Tem como principal instrumento a elevação dos investimentos públicos e privados,
removendo obstáculos tributários, jurídicos, legislativos e burocráticos.
71.Como fator preponderante o programa é uma iniciativa de Estado e enfatiza o
papel indutor do Estado no desenvolvimento nacional, na contra mão do receituário
neoliberal.
72. Incrementa os investimentos públicos e privados e propõe a superação de gargalos
na infra-estrutura.
73.Os setores no ramo metalúrgico serão beneficiados diretamente por 3 dos eixos do
PAC, o da Desoneração Tributária, dos Investimentos em Infra-estrutura, Logística
e de Transportes e o eixo dos Investimentos em Energia e Combustíveis.
74.O setor Eletroeletrônico terá redução a zero das alíquotas de IPI, PIS/COFINS e
CIDE sobre a fabricação de semi-condutores, microcomputadores e TV Digital.
75.O setor Siderúrgico terá isenção total do IPI sobre a fabricação de perfis de aço,
elemento básico na construção civil.
76.Nos setores Automotivo, Naval, Material Ferroviário e de Bens de Capital
receberão investimentos de quase R$ 60 bilhões em rodovias, ferrovias, portos,
aeroportos, hidrovias e marinha mercante.
77.No setor de Bens de capital os investimentos estão previstos em R$ 275 bilhões
em geração e transmissão de energia, petróleo, gás e combustíveis renováveis.
78.Apesar dessas medidas serem consideradas importantes, o programa apresenta
lacunas.
79.Não exige metas de emprego e formalização da mão de obra, ausência de
compromisso dos bancos privados, não faz referência à reforma agrária, não cita a
agricultura familiar e não toca nos investimentos em saúde e educação e não
menciona a redução da jornada de trabalho .
80.É reivindicação da CNM e da própria CUT a criação de espaços que garantam a
participação equânime e eficaz dos trabalhadores na fiscalização das metas e
contrapartidas das empresas beneficiadas pela aplicação do PAC.
81. Para que esse crescimento possa acontecer há uma necessidade urgente de
implantação de uma política industrial voltada à indução do desenvolvimento e
inovação de cadeias produtivas para, com isso, ampliar o leque das oportunidades
de trabalho com nível de rendimento superior e menor jornada de trabalho.
82.Essa política industrial pode e deve colocar novamente em pauta a necessidade da
redução da jornada de trabalho, os avanços tecnológicos permitem e causam
aumentos intensos na produtividade industrial, extraindo cada vez mais de um
número cada vez menor de trabalhadores.
83.Entretanto na ausência de uma política industrial adequada às necessidades do
Brasil, esse debate está secundarizado.
84.Para tanto ainda é necessário construir a unidade no movimento sindical e ocupar
importante espaço para o debate, entretanto as forças sociais presentes no
sindicalismo impõem uma disputa acerca dos distintos projetos que muitas vezes
são conflitantes e opostos.
85.Se de um lado a CUT apresenta-se como central propositiva que disputa a pauta
do governo e tenta impor as bandeiras históricas do movimento sindical, por outro
apresenta-se um sindicalismo cuja orientação é para uma central de movimentos
cujo objetivo é tornar o movimento sindical um correia de transmissão do partido.
86.Esse sindicalismo estreito que não privilegia a participação massiva dos
trabalhadores, apesar de travestido de esquerda cavam a mesma trincheira da
Direita oligárquica e conservadora, prestando um desserviço à luta de classes e
procurando minar um governo que é oriundo das lutas operárias.
87.A proposta do PAC deu um tom necessário aos debates acerca dos caminhos que
o Brasil precisa seguir, a Direita revida com a emenda 3 ao projeto da Super
Receita, impedindo que haja fiscalização e autuações aos empresários que driblam
a legislação trabalhista ao empregarem funcionários através de contratação de
pessoa jurídica e não pessoa física.
88.A emenda 3, apresenta-se como uma reforma trabalhista precarizando e retirando
direitos como 13º salário, férias, FGTS e outros direitos trabalhistas.
89.O movimento sindical de um lado, exerceu pressão ao governo Lula para que
vetasse a emenda 3, de outro lado a Direita, através da mídia veicula uma intensa
campanha para que se mantenha a emenda.
90.O presidente Lula corretamente vetou a emenda 3 e se instalou no país um debate
sobre o veto presidencial, a Direita contabiliza votos suficientes para derrubar o
veto no Congresso Nacional.
91.Já as centrais sindicais que estão contra a emenda manifestam junto ao
parlamento sua intenção de irem unidas à greve geral pela manutenção do veto
presidencial.
92.As centrais, CUT, Força Sindical, CGTB, CAT, NOVA CENTRAL e SDS, uniram
esforços pela manutenção do veto e pela indicação de greves contra a derrubada
do veto.
A Base Parlamentar.93.A tentativa de ampliação da base parlamentar ao seu segundo mandato, levou
Lula a abrigar em seu governo dentre outros partidos o PDT no ministério do
trabalho.
94.Com isso o ministério do trabalho passa a estar sob a influência direta da Força
Sindical, representando importante preocupação e transparência na gestão e
quanto ao acúmulo que o ministério vinha obtendo.
95.Diante dessa movimentação, a CUT expressou sua estranheza e reprovação
diretamente ao presidente Lula, exigindo que a questão do Trabalho seja ponto e
foco central da política do governo e a serviço dos trabalhadores.
96.Essa fragilidade da Esquerda no Congresso torna o governo de Lula refém de uma
política de alianças que mesmo após a reforma ministerial não oferece segurança
para votações importantes como a sustentação do veto à emenda 3 ou reformas
necessárias como a política e a sindical.
97.Se Lula se reelegeu com ampla maioria do apoio popular, isso não se refletiu na
eleição da Esquerda brasileira.
98. Os partidos de Esquerda vinculados com o governo Lula, PT e PCdoB, possuem
apenas 95 deputados em exercício.
99.Apesar da vitória de Lula ter obtido 62% dos votos, os partidos de Esquerda não
conseguiram o mesmo percentual no Congresso Nacional, isso reflete a pouca
representação dos partidos de esquerda na base da sociedade, não somos ainda a
maioria.
100.O restante para a obtenção do apoio para a propalada governabilidade necessitou
ser granjeado junto aos partidos de Centro e Centro-Esquerda.
101.O apoio do PMDB e de seus mais de 90 deputados, deu-se após as duas partes
do partido terem seu lugar no governo, resultando na designação de cinco
ministérios para a legenda.
102. Lula ao final de sua reforma ministerial conseguiu o apoio de 11 partidos,
congregando sob o mesmo governo antigos adversários e diminuindo a
participação do PT.
103.A Direita, através da grande mídia e da paralisação ocorrida no Congresso
Nacional em decorrência das CPIs durante boa parte de 2006 tentou desestruturar
o governo Lula objetivando sua derrubada via eleições ou mesmo num processo de
impeachment.
104.A população entretanto, optou por preservar os avanços obtidos na sociedade
numa clara demonstração de reprovação às políticas neoliberais e seus resultados
desastrosos para o país.
105.Diante disso a busca de uma base parlamentar que dê garantias de
governabilidade ao presidente Lula, transforma-se em ponto crucial para a
continuidade desse projeto de governo.
106.As articulações da Direita e a grande mídia objetivaram diminuir o apoio popular
de Lula e reinstalar o neoliberalismo no país.
107.Nesse cenário em 2007 a Direita e toda sua estrutura de comunicação estão à
serviço da continuidade da disputa de projeto para a sociedade brasileira.
108.O projeto da Direita ainda é o receituário neoliberal, se bem que com outra
proposta de abordagem.
109.O PFL traveste-se de Democratas, tentando mais uma vez desvencilhar-se de sua
roupagem desgastada e rejeitada perlas urnas.
110.Assim a velha ARENA, base parlamentar da Ditadura Militar, virou PDS, Frente
Liberal, PFL e agora muda seu nome para Democratas, o DEM.
111.Apostando na memória deficiente da população a Direita muda a forma sem
entretanto mudar seu conteúdo.
112.É necessário ainda superar a distância, imposta e conservada pela Direita, sobre
o debate de crescimento sustentado com soberania e distribuição de renda, essa
distância fruto da hegemonia de um sistema de comunicação monopolizado por
uma aristocracia comprometida com o neoliberalismo leva a Esquerda a ficar
refém dessa “midiocracia”, não conseguindo a ressonância necessária junto à
grande população.
113.No Brasil não existe legislação que proíba a concentração de propriedade cruzada
de veículos de comunicação, que é qundo grupos empresariais podem possuir
vários veículos de comunicação , como verdadeiros cartéis da mídia nas mãos de
uma elite poderosa.
114.Esse modelo de organização está baseado no modelo norte-americano como uma
espécie de curadoria, onde o Estado, apesar de ter o direito de explorar a
comunicação delega a curadores essa permissão de explorar em seu nome. Esses
curadores são empresas privadas que exploram comercialmente essas
concessões.
115.Essa ausência de democracia nos meios de comunicação, dificulta o debate a
formação de opinião e por consequência a tramitação e aprovação dos projetos de
interesse da classe trabalhadora no parlamento.
116.Fica o desafio para a Esquerda identificar-se com os diversos setores da
sociedade como a juventude, que a cada dia, sob influência da mídia, afasta-se da
vida política do país.
117.A recuperação do nível de emprego durante o primeiro mandato de Lula, ainda
que seja motivo de comemoração, apresenta uma queda preocupante na geração
de empregos justamente para essa parcela de nossa sociedade, a juventude
brasileira,.
118. Dados do IBGE apontam para um aumento do desemprego entre 1995 a 2005 de
10,7% para 18% na faixa de 18 a 24 anos.
119.A preservação da história de luta das classe trabalhadora ainda apresenta-se
como tarefa importante para a construção de uma consciência nacional e de uma
sociedade participativa e senhora de seu destino.
120.A eleição presidencial em 2006 tomou aspectos de luta de classes onde a Direita
utilizou de todos os meios disponíveis para a desestabilização do governo para
derrotar Lula e as forças progressistas, dois projetos de nação antagônicos e
irreconciliáveis debateram-se nas eleições de 2006.
121.Nitidamente um projeto foi vitorioso evidenciando o desejo do povo brasileiro por
um modelo de desenvolvimento econômico com distribuição de renda, geração de
empregos e justiça social, um projeto da Esquerda.
122.O Brasil mudou, porque primeiramente mudou quem governa o país, é a primeira
vez desde 1964 que o Brasil tem um governo que não seja de direita, de lá para cá
o Brasil foi governado por uma coalizão de Direita e Centro-Direita. Com a eleição
e reeleição de Lula o Brasil passa de maneira inédita pela experiência de ter um
governo em que seu núcleo é formado por partidos populares da classe
trabalhadora e de origem socialista.
123.Esse caráter de um governo ligado à classe trabalhadora e comprometido com o
combate à pobreza, possui um diferencial ideológico, o da construção de um
projeto de nação soberana, com desenvolvimento nacional, crescimento
econômico e com distribuição de renda.
124.Apesar desse diferencial ideológico e dos resultados obtidos em seu primeiro
mandato, o modelo econômico do governo Lula ainda é prisioneiro da dinâmica
globalizante das últimas três décadas dessa fase mundial do capitalismo.
125.E a coalizão desenhada por Lula pode não estar preparada para o enfrentamento
que a Direita demanda.
126. Ao final do 1º mandato do governo Lula, as duas extremidades da pirâmide social
estavam satisfeitas com o governo, de um lado o capital rentista e de outro os
brasileiros próximos da linha da miséria, isso reforça que esse modelo econômico
aplicado pelo Banco Central é refém da política neoliberalizante implantada por
Collor e aprofundada por FHC. O país desejado pelos que elegeram Lula em 2002
e o reelegeram em 2006 ainda está em construção, a classe média e as classe
produtoras empresariais são importantes na conformação da governabilidade,
sendo necessário reequilibrar essa relação.
127.Esse modelo econômico tende à desindustrialização consolidando o país como
grande exportador de matérias primas, alimentos e produtos semi manufaturados,
com tendência de criação de empregos de baixo salário em detrimento de
empregos mais qualificados que garantem a reprodução da classe média e a
manutenção das classes assalariadas.
128.A geração de 5 milhões de empregos formais, o aumento do Salário Mínimo, a
queda do custo da Cesta Básica e a queda da inflação aliados aos programas de
incentivo à educação , agricultura familiar e o Bolsa Família produziram uma
conjuntura que propiciou a reeleição de Lula amparada numa base social popular
que a Direita não conseguiu cooptar através da grande mídia.
129.A maioria no Congresso ainda necessita ser sedimentada para dar a
governabilidade necessária para o governo, entretanto a hegemonia na sociedade
só virá com a apresentação de uma plataforma de medidas que dialogue com os
agentes sociais como CUT, MST CMS e CONTAG, obtendo a adesão desses
atores sociais por ir ao encontro dos interesses dessas entidades de representação
da sociedade civil.
130.Pois que elas evidenciam a diferença de raiz entre os governos anteriores e este
governo que é o vínculo com os movimentos populares, porém a esquerda
brasileira e os movimentos sociais não conseguem obter o espaço necessário junto
à população para debater o Brasil que queremos.
131.A reeleição de Lula demonstra que a opção feita em 2002 pelas classes
trabalhadoras populares e as classes empresariais produtivas “nacionalistas”, foi
renovada com expectativas de avanços.
132.Foi uma opção por um projeto alternativo ao neoliberalismo com juros elevados e
estagnação econômica, por um projeto que direcione o crescimento econômico
para a distribuição de renda e diminuição das diferenças sociais.
133.A Marcha do Salário Mínimo e da correção da tabela do Imposto de Renda e a
luta pelo veto à emenda 3 apresentam-se como disputa da agenda nacional por
parte do movimento sindical.
134.A Direita não concede tréguas ao novo governo procurando estabelecer uma
espécie de 3º turno onde disputa a agenda de reformas como a da Previdência e a
Trabalhista.
135.É importante para essa disputa que o governo seja o indutor do desenvolvimento
como se apresenta a proposta do PAC, receituário literalmente anti liberal.
136.A mudança para um outro modelo econômico auto sustentado com mercado
interno de massas e desenvolvimento tecnológico com geração de empregos para
a classe média ainda é desafio existente ao novo mandato do governo Lula.
137.Ainda que o governo estabeleça política consistente de incentivos à produção de
Bens de Capital, torna-se necessário contrapartidas aos trabalhadores dos setores.
138.Cabe ao movimento sindical exigir do governo Lula que quaisquer empresas
tomadoras de empréstimos de bancos públicos, fundos públicos, etc, possuam em
suas unidades a Organização no Local de Trabalho,OLT, com acompanhamento
dos sindicatos.
139.O desafio para o movimento sindical diante de um cenário de baixa inflação com
crescimento econômico, é estabelecer a luta pela organização sindical que
propiciará melhores condições de trabalho e aumento da renda dos trabalhadores.
140.É importante destacar também o resultado das campanhas salariais, que
estabeleceram a reposição total da inflação e ganhos reais concentrados em
faixas que vão de 1,5 a 2,5 pontos percentuais, ou seja, em muitos casos, isso
representa quase metade da inflação do período, o que é um ganho bastante
importante para o trabalhador.
141.Outra questão que aparece como resultado da negociação coletiva são os pisos
salariais, que por um lado tiveram um bom incremento, acompanhando os
reajustes salariais ou mesmo com reajustes superiores ao concedido aos salários,
mas que por outro lado demonstra as grandes diferenças regionais em nosso país.
142.Essas diferenças tem sido objeto de discussão na Confederação Nacional dos
Metalúrgicos da CUT que está propondo uma mobilização nacional para o ano de
2007 que busque estabelecer uma pauta mínima nacional que caminhe no sentido
de eliminar essas diferenças regionais através de um Contrato Coletivo Nacional
de Trabalho.
143.A diminuição dessas diferenças está presente na luta por uma política de
recuperação do poder de compra do salário mínimo desenvolvida pelas centrais
sindicais, objetivando o aumento da participação dos salários na renda nacional
como fator de distribuição de renda, geração de novos e melhores empregos
traduzindo-se no chamado ciclo virtuoso da economia nacional.
144.O discurso do presidente Lula ao tomar posse no início do ano sintetizam três
grandes desafios para os próximos quatro anos, acelerar o crescimento com
inclusão social, lançar as bases para uma educação pública de qualidade e sanear
a crise nas instituições políticas.
145.A agenda de interesse da classe trabalhadora precisará ser debatida com a
sociedade de modo intenso para que se obtenha avanços efetivos.
146.A reforma sindical e a instalação de uma política industrial capaz de levar o país
ao crescimento sustentado com distribuição de renda e desenvolvimento nacional
passa a ser agenda do movimento sindical, em especial a agenda dos metalúrgicos
e metalúrgicas do Brasil.
147.O 6º Congresso (julho / 2004) definiu 7 eixos de atuação da CNM/CUT, sendo 3
eixos estruturantes e 4 atividades-meio ou “transversais”:
148.A CNM e seus Sindicatos participaram ativamente das eleições municipais de
2004 defendendo programas e candidaturas comprometidas com os trabalhadores
sempre buscando políticas da agenda dos Metalúrgicos como a do
desenvolvimento regional, do emprego e da formação profissional entre outras.
149.Nas eleições gerais de 2006 os Metalúrgicos da CUT tiveram papel de destaque
na defesa do projeto de mudanças estruturais de desenvolvimento com distribuição
de renda representada pela candidatura Lula, combatendo a candidatura da
restauração da política neoliberal que nas décadas anteriores ao governo Lula
havia levado o país a uma situação de miséria e desemprego (só no ramo
metalúrgico perdemos quase 1 milhão e meio de empregos), aumentando a
concentração de renda. Além da nossa força militante nos estados
disponibilizamos nossos meios de comunicação, municiando a campanha. O
Movimento Nacional dos Metalúrgicos com a Força do Povo (organizado por
metalúrgicos da CUT e outras centrais) distribuiu 600.000 jornais no 2º turno,
dialogando com a base metalúrgica e a sociedade
150.A nossa postura em relação ao governo foi de total independência. Nos somamos
à CUT em todas as críticas à política de juros altos e metas de inflação, que em
nada difere da agenda neoliberal, sobretudo sendo desacompanhadas de metas de
geração de empregos de qualidade conforme defendemos ao lado da proposta de
ampliação do Conselho Monetário Nacional.
151.Os metalúrgicos foram a categoria mais numerosa nas marchas das centrais pelo
salário mínimo e correção da tabela do imposto de renda. Criticamos também o
governo em 2005 quanto à falta de ação em relação ao problema dos
trabalhadores no sub-setor de maquinas e implementos agrícolas, inclusive
organizando um dia nacional de protesto nas empresas do setor, principalmente no
RS, PR e SP.
152.Também protestamos quanto aos “entulhos” da era FHC ainda não revertidos pelo
governo Lula: aposentadoria especial, fator previdenciário, etc.
153.Porém isto não modificou o nosso apoio e compromisso com as linhas gerais do
programa de mudanças do governo, apesar do ritmo lento, que significou
crescimento econômico, geração de cerca de 8 milhões de empregos e diminuição
das desigualdades. Ainda que de forma desigual regionalmente, o crescimento do
ramo metalúrgico foi amplamente maior que o crescimento médio do PIB.
154.Quando observados a produção física dos setores da indústria metalúrgica alguns
segmentos chegaram a 25% nos quatro primeiros anos do governo Lula, caso do
setor automotivo.
155.A elaboração e divulgação periódica dos “Indicadores Sócio-econômicos do Ramo
Metalúrgico” a partir já do início do mandato foi fundamental para detectarmos a
performance dos setores, o crescimento do emprego (+340.000 postos de trabalho)
e para balizar a nossa força nas campanhas salariais.
156.Este crescimento possibilitou que nossas Federações e Sindicatos passassem de
Campanhas Salariais predominantemente defensivas das décadas de 80 e 90,
para Campanhas ofensivas com várias conquistas de aumentos reais chegando a
um acumulado de até 9,9% real em certas bases. Conquistamos aumentos reais
ainda maiores aos pisos salariais (chegando a 34,3% de crescimento)aí também
impulsionados pela recuperação do salário mínimo que acumulou um aumento real
de 32,10% de 2003 a 2007. Com isto demos passos no sentido da diminuição das
diferenças regionais, objetivo maior da luta pelo CCNT.
157.Embora tenhamos nos preparado para atuar nos Fóruns de Competitividade
Setoriais, realizando diversos encontros onde foram elaboradas propostas, o
próprio governo não os priorizou. Demais espaços de participação na elaboração
da política industrial se deram apenas pontualmente, por nossa solicitação.
Exceção se deu com a nossa participação no Fundo da Marinha Mercante onde
fomos fundamentais para a aprovação de novos investimentos no setor naval,
sobretudo para a construção de plataformas de petróleo e a renovação da frota da
Transpetro, capacitando os estaleiros a receber encomendas internacionais
fazendo que o emprego se quintuplicasse no setor, que havia sido sucateado nos
governos anteriores.
158.Em relação à Organização Sindical, avançamos pouco no nosso modelo de
organização com os Comitês Sindicais de Empresa definido desde o 4º Congresso
em 1998. Apenas mais um Sindicato (Taubaté – SP) se definiu pela mudança
estatutária para o novo modelo se somando aos do ABC, de Sorocaba e de Salto –
SP. Portanto apenas 4 em um universo de 90 Sindicatos.
159.É verdade que a expectativa que criamos em 2004 e 2005 com a aprovação da
Reforma Sindical nos termos dos consensos do Fórum Nacional do Trabalho, nos
freou de avançar no nosso modelo, mesmo não havendo nenhuma contradição
dele com a nova Estrutura proposta na PEC e no PL da Reforma Sindical, apenas
nos demandando algumas adequações em caso da sua aprovação.
160.Uma das linhas de trabalho que teve grande êxito neste mandato foi a da
construção de Comitês / Redes Nacionais e Internacionais de Trabalhadores por
empresa. Os próprios trabalhadores, dirigentes e sindicatos de base sentiram a
necessidade de buscar trocar informações e experiências para um trabalho
conjunto, demandando da CNM sua organização. Passamos de 8 Redes Nacionais
e/ou Internacionais em 2004, para 29 em 2006.
161.Estes 29 Comitês representam 120 unidades produtivas num total de 320.000
trabalhadores na base, ou 1/3 da nossa base. Conseguimos estabelecer parcerias
com Sindicatos de outras centrais para sua participação e com outras entidades
para o financiamento das atividades de 18 deles e agora temos o desafio de buscar
o financiamento ou a auto-sustentação dos demais. Nosso objetivo é que todas
redes, ao cabo do processo, se auto-financiem.
162.Desenvolvemos em conjunto com a Secretaria de Relações Internacionais da
CUT a proposta da “Incubadora de Redes”, ou seja, empresas nas quais vamos
iniciar um trabalho de levantamento de informações para avaliar o interesse dos
Sindicatos que nelas atuem. Só após a demanda buscaremos encontros nacionais.
163.Também avançamos na organização setorial nacional realizando diversos
encontros nacionais (Caminhões & Ônibus, Ago/2004; Política de Transportes,
Abr/2005; Siderúrgico, Ago/2005; Naval, Nov/2005 e Nov/2006; Auto, Jun/2005 e
Mai/2006; Aero, Nov/2006) à exceção dos Setores Eletroeletrônico e de Bens de
Capital, nos quais discutimos diagnósticos dos setores, das principais empresas,
unidades, etc. e elaboramos propostas de política industrial além de elaborarmos
pautas nacionais que serão as bases para as reivindicações rumo ao CCNT (vide
Plano de Lutas).
164.Quanto ao Contrato Coletivo Nacional de Trabalho (CCNT), bandeira que
permanece como eixo central na nossa atuação desde a criação da CNM, para
buscar a diminuição até a eliminação das diferenças regionais, durante este
mandato tivemos o seguinte acúmulo:
165.2004: Campanha Salarial nas montadoras coordenada entre FEM-SP e Sindicato
dos Metalúrgicos de Curitiba – PR;
166.2005: Aposta na Reforma Sindical;
167.2006: 1a. Convenção Coletiva do Sindipeças com FEM/CUT-MG
168.Ford, Camaçari – BA: redução de jornada, aumento real de salário acima de SP,
plano de cargos e salários;
169.VW, Resende - RJ: Comissão de Fábrica, PLR superior ao de SBC;
170.VW, S.Carlos – SP: Comissão de Fábrica, aumento real do piso salarial muito
acima do INPC;
171.DC, Juiz de fora – MG: acordo garantia de emprego;
172.Toyota, Indaiatuba – SP: Plano de cargos e salários, aumento real do piso bem
acima do INPC;
173.Honda, Sumaré – SP: Plano de cargos e salários, aumento real do piso bem
acima do INPC;
174.Arcelor: Coordenação com interlocução com a empresa
175.2003 a 2006: Encontros nacionais dos Trabalhadores em Montadoras, Autopeças,
Caminhões e Ônibus, Setor Siderúrgico, Setor Aeroespacial, num total de quase
300 dirigentes;
176.2004 a 2006: criação de cerca de 20 Comitês ou Redes Nacionais por empresa
(Total = 30, repr. 350.000)
177.2005: Encontro Automotivo Latino Americano FITIM;
178.2005: Encontro Siderúrgico Mercosul – UE;
179.2006: Encontro Automotivo Mercosul – UE;
180.2006: Encontro Naval Mercosul – UE;
181.2004 a 2006: Coletivos Nacionais e Regionais de Política Sindical, reunindo cerca
de 350 dirigentes;
182.2004 a 2006: Encontros Nacionais e regionais de gênero, raça e juventude
183.Nas reuniões da executiva de Junho e Dezembro/2006 tiramos as seguintes
resoluções:
184.“Desmistificação” do eventual processo de negociação;
185.Reafirmação da data-base em Setembro como mês historicamente de mais alta
atividade econômica dos setores do ramo metalúrgico;
186.Reafirmação do caráter articulado das negociações com diversos interlocutores
patronais;
187.Unificação das datas-base p/ Setembro / 2007 e apresentação das propostas nas
respectivas pautas regionais;
188.Definição dos setores prioritários: Auto e Siderúrgico;
189.Reafirmação da pauta mínima: Unificação da Data-base Set., Piso Nacional,
Redução de Jornada, OLT
190.Aprovação do calendário da Campanha Salarial Nacional Unificada
191.As Relações Internacionais da CNM neste mandato deram continuidade ao
intenso processo de intercâmbio e estabelecimento de parcerias estratégicas para
impulsionar a organização sindical no Brasil.
192.Mantivemos projetos de cooperação nas áreas de Organização e Política Sindical,
CCNT, Política Industrial, Juventude, Raça, Gênero, Construção de Redes, etc.
com o IF Metall (ex-Svenska) da Suécia, com o CAW do Canadá, com a FM/CCOO
da Espanha, com o USW dos EUA/Canadá, com o Centro de Solidariedade da
AFL-CIO dos EUA, com a FES (ILDES) da Alemanha, com o TIE Brasil, além da
nossa participação nos projetos de cooperação da CUT, do Observatório Social e
da FITIM.
193.Tivemos participação em vários Grupos de Trabalho da FITIM sobre China, OMC,
Acordos Marco Internacionais (AMIs), Indústria Eletroeletrônica, Indústria Naval,
Trabalhadores Não-Manuais, Zonas-Francas, GM, Siemens, etc. No Congresso da
FITIM de 2005 elegemos a companheira Emília Valente para o seu Comitê
Executivo.
194.Participamos ativamente também do Grupo de Trabalho Metalúrgico da
Coordenadora das Centrais Sindicais do Mercosul.
195.Tivemos também vários conflitos em empresas aqui que ajudamos a resolver com
a ajuda e solidariedade dos nossos parceiros internacionais como na Volkswagen
SBC e Taubaté, Mahle – SBC, Grob – SBC e Leoni – Itu, estes 3 últimos com a
utilização e denúncia de Acordos Marco Internacionais.
196.Também pudemos apoiar os nossos membros que são representantes brasileiros
nos Comitês Mundiais dos Trabalhadores na VW, DaimlerChrysler, Arcelor, SKF e
Rolls-Royce, de forma a que nosso membros tivessem participação destacada com
propostas coerentes com nosso programa e o Programa de Ação da FITIM.
197.Mas algo que mereceu destaque foi o processo de constituição do Comitê Mundial
dos Trabalhadores na Gerdau, pelo ineditismo de se constituir numa multinacional
brasileira e num processo de luta em solidariedade aos companheiros siderúrgicos
americanos, sofrendo com práticas anti-sindicais. Este intenso processo de visitas
de intercâmbio, encontros, protestos, etc. culminou com Acordos finalmente
celebrados entre o USW e a Gerdau nos EUA e Canadá.
198.A Comunicação da CNM, em função das dificuldades financeiras do início do
mandato, foi quase inexistente, se resumindo apenas ao “Boletim Internacional” de
periodicidade semanal.
199.No início de 2005, através do Projeto “Laboratório Industrial Sindical” criamos, em
parceria com a FM/CCOO da Espanha, a FETIA/CTA da Argentina, a UNTMRA do
Uruguai, a CONSTRAMET do Chile e a FETRAMPAR do Paraguai, o site
“SINDLAB” com notícias principalmente sobre política industrial do Mercosul e
União Européia, com enfoque setorial.
200.A partir de dezembro de 2005 reestruturamos o nosso site como “Portal dos
Metalúrgicos do Brasil” que iniciou com um trânsito médio de cerca de 400 IPs/dia
(cerca de 600 pessoas) e já está em 1.100 IPs/dia (cerca de 2.000 pessoas) com
informações sobre o ramo, as principais empresas, as notícias das federações e
sindicatos, artigos traduzidos, indicadores do ramo, canal direto da base através do
“Fale Conosco” onde contatamos metalúrgicos de outras bases inclusive, enfim,
informações importantes para troca entre os metalúrgicos de todo o país e os
apoiar nas negociações e lutas.
201.Também em dezembro de 2005 editamos o 1º número da revista “Brasil Metal”,
que infelizmente até o momento é “filha única”, pois tomamos a decisão de só
editarmos outros números caso obtivermos patrocínio.
202.Conseguimos estruturar a imprensa de forma que pudemos apoiar nossos
sindicatos menores, oposições sindicais e comitês / redes nacionais
confeccionando boletins e jornais, emitindo “releases”, etc.
203.Realizamos em Agosto/2006 o 1º Seminário Nacional de Comunicação dos
Metalúrgicos da CUT, com participação de diretores responsáveis e profissionais
de imprensa dos nossos sindicatos e federações onde refletimos o papel da
imprensa e formamos a base para uma rede de comunicação entre os sindicatos.
204.A partir de Novembro/2006 iniciamos a newsletter eletrônica “Brasil Metal Diário”
com artigos selecionados dos nossos dois portais, que já é enviado a cerca de
2.000 endereços de e-mail facilitando a escolha dos artigos de interesse dos nosso
dirigentes.
205.A grave crise financeira enfrentada pela CNM no começo da gestão 2003/2007
deu-se a diversos fatores dentre os quais a inadimplência dos sindicatos filiados, o
bloqueio desde 2001 da Contribuição Sindical e os cortes dos convênios do
governo para os programas do Instituto Integrar, responsável pela formação,
requalificação profissional e intermediação de mão de obra.
206.Com o aprofundamento dessa crise a atual direção estabeleceu uma política de
contenção de gastos e adequação da estrutura.
207.Essa política de saneamento financeiro levou a um forte corte da estrutura com
diminuição da folha de pagamentos aliada a uma política administrativa austera.
208.Procedimentos de controle e autorização de despesas baseados na agenda de
atividades, ajudaram a execução orçamentária.
209.Neste período mais difícil, os Projetos Internacionais possibilitaram minimamente
a nossa intervenção política, uma vez que os próprios repasses estatutários eram
limitados em função da grande parcela de sindicatos inadimplentes, situação que
perdura durante todo mandato.
210.Extremamente importante e fundamental foi o acordo realizado envolvendo as
partes em litígio, CNM/CUT e CNTM/FS, no final de 2004, possibilitando o
desbloqueio de receitas e o restabelecimento dos nossos registro e código
sindicais.
211.Se por um lado foi um importante avanço a obtenção do reconhecimento de nossa
confederação, por outro ainda está por ser conquistado o reconhecimento oficial de
nossas federações, somente a FEM/SP conseguiu obter seu registro e código
sindicais.
212.A partir do 2º ano de mandato pudemos planejar a quitação das dividas e
recuperamos a “capacidade de investir”. Adquirimos a nossa sede própria, o que
trouxe várias vantagens complementares.
213. Uma dessas vantagens foi a economia com locação de auditório e equipamentos
para as reuniões e seminários de organização do ramo, visto que na nova sede
conseguimos instalações adequadas a essas e outras demandas.
214.Renovamos os nossos computadores e equipamentos, retomamos nossa
comunicação, reorganizamos nossa assessoria dando mais qualidade na ação
sindical junto às nossas Federações e sindicatos filiados.
215.Dentre os serviços que a CNM/CUT consegue prestar às suas entidades filiadas
nesse novo cenário, é a de assessoria jurídica com escritório em Brasília que dá
acompanhamento nos processos de nossos sindicatos junto ao MTE.
216.Porém ainda temos várias dívidas, obrigações e encargos de projetos passados
da CNM e do Integrar, gerados por problemas de execução e prestação de contas
o que, ao lado da contínua inadimplência de vários sindicatos, ainda
comprometem a nossa segurança financeira nos impedindo de ter um
planejamento orçamentário mais adequado.
Formação e Educação Sindical e Profissional dos Metalúrgicos(as) .217.Considerando a educação dos trabalhadores como uma questão estratégica para
à transformação social o desenvolvimento humano e econômico da nossa
sociedade e da luta política da classe trabalhadora à CNM/CUT se esforçou em
manter as várias frentes desde debate com ações no intuito de construirmos e
lutarmos pela educação integral da nossa categoria.
218.Com a meta de construir uma rede com ação nacional unificada da política de
formação, se fortaleceu o coletivo nacional se retomou e reforçamos os coletivos
regionais com maior compreensão e adesão dos dirigentes, sindicatos e
federações. Mesmo assim ainda tivemos dificuldades de construir e levar até os
locais de trabalhos os debates feitos nas atividades nacionais e estaduais. Ainda
há falta de compromisso e responsabilidade com os encaminhamentos das tarefas
construídas e assumidas coletivamente e há descontinuidade da participação dos
dirigentes que ainda deve ser superada. No aspecto do conteúdo e do publico
participante conseguimos avançar com a maior participação das mulheres estas
representadas em torno de 30% no coletivo nacional e com algumas dificuldades
ainda em alguns estados. Os jovens apesar de ser maior a sua participação nos
coletivos ainda está muito longe da representatividade real da nossa base que gira
em torno de 23% de jovens nos locais de trabalho e muito poucos ainda nas
direções dos sindicatos.
219.Na abordagem dos conteúdos avançamos com a definição dos eixos estratégicos
da CNM/CUT, CCNT e a Organização sindical como temas desencadeadores que
perpassaram todas as atividades de formação. A partir dos eixos conseguimos
articular os projetos, atividades, otimizamos recursos financeiros, humanos e a
presença de dirigentes da direção da CNM/CUT, atingindo mais dirigentes e
militantes com os mesmos recursos e metas estabelecidas. Também acertamos
quando articulamos os eixos e temas desencadeadores com a agenda sindical
(reforma sindical, saúde das trabalhadoras (es) e conjuntura política do governo
LULA, conseguimos fazer bons debates e analises da disputa de classe em jogo
dando argumentos para a organização e preparação da base para à intervenção
nas eleições gerais.
220.Em termos de metas contribuímos para melhorar a compreensão do que significa
o CCNT e hoje pode se dizer que temos em torno de 500 trabalhadores que sabem
e conhecem a proposição e a estratégia da CNM/CUT para à CCNT, faltando por
tanto ainda atingirmos as base nas fábricas com este debate.
221.Mesmo com os avanços precisamos melhorar mais e ainda não conseguimos
fazer com que a maioria dos nossos sindicatos tenham uma política articulada e
permanente de intervenção e formação dos dirigentes e novos militantes sindicais
permanecendo ainda um distância entre a base e o projeto nacional.
222.Na disputa pela contratação coletiva da educação integral das metalúrgicas e
metalúrgicos no espaço privado, dentro das empresas, conseguimos fazer com que
este debate chegasse até as direções das federações e sindicatos e nas pautas
das mesas de negociações mais não conseguimos ter argumentos, mobilização,
priorização e defesas que chegassem a nos levar a acordarmos em nossos
contratos coletivos a efetivação de programas, políticas e recursos negociados
para a educação dos trabalhadores. Mesmo assim tivemos uma experiência piloto
através do Integrar/MEC/ empresa Comil e sindicato dos metalúrgicos de Erechim
RS da negociação da educação dentro da fábrica de jovens da comunidade o
programa denominado escola na fábrica. Também avançamos na “mercedes” no
ABC, com o programa de formação dos trabalhadores para o trabalho seguro e
outras tratativas de alguns dos nossos sindicatos que não se efetivaram.
223.Com relação à intervenção da CNM/CUT nos aspectos e espaços da política
publica de educação a nossa contribuição foi importante e ajudou a estabelecer
novas políticas e ações dos governos.
224.A concepção de educação integral defendida pela CUT e difundida em nossos
programas através do Instituto Integrar que completou 10 anos em 2006, contribuiu
e influenciou na elaboração dos programas do governo LULA para à juventude,
escola de fábrica e as mudanças ocorridas nas escolas técnicas federais e em
prefeituras que desenvolvemos programas através do Integrar no RS e na Bahia.
225.Também à participação dos metalúrgicos (as) no debate do Sistema Publico de
Emprego promovido através de conferencias estaduais e duas nacionais foi
significativa. Organizados pela CUT e o companheiro Grana representante da CUT
no Codefat e através dos nossos secretários de formação das Federações e
sindicatos contribuímos e disputamos à maioria das resoluções que avançam para
a efetivação do Sistema Publico de Emprego.
226.Também através da secretária de política sindical contribuímos com a CUT
Nacional com a oportunidade que tivemos dentro do Fórum Nacional de
Democratização do Sistema S. Com a participação da CNM/CUT através da CUT e
outras centrais sindicais conseguimos negociar e consertar a participação dos
trabalhadores nos conselhos de deliberação no Senai, Sesi, Senac e Sesc. Está
representação e o poder de contribuir e consertar a política do Sistema S ainda não
foi é nem é aquela que sonhamos mas dá a oportunidade de pelo menos
conhecermos melhor o sistema para um debate mais qualificado e próximo do que
esperamos do Sistema S.
227.Nos espaços públicos de debates sobre à educação e execução de políticas de
formação e qualificação profissional, atuamos de forma tímida, isolada, reservada e
sem uma estratégia nacional melhor definida.
228.Tivermos várias iniciativas dos sindicatos em relação a execução de programas
de formação à exemplo dos MET/POA/RS que é a entidade ancora do Consórcio
da Juventude e também contribuiu para o debate e a defesa da CNM/CUT na
defesa do aceso e concepção do ensino superior, a iniciativa dos metalúrgicos (as)
do ABC, Taubaté e Sorocaba na disputa dos valores das mensalidades dos
educandos do Senai nesta região. Houve também em alguns sindicatos à
participação nos debates regionais para a definição de PLANSEQs, (Planos
setoriais de qualificação profissional) naval, aeroespacial, siderúrgico, do qual à
CNM/CUT não teve pernas para acompanhar e assessorar e nem negociar um
programa nacional, com uma exceção do PLANSEQ/MAQUINAS
AGRICOLAS/Passo Fundo RS e o debate para um PLANSEQ NACIONAL no final
do ano de 2006 que ainda não se concretizou em função das mudanças ocorridas
no MTE.
Políticas Sociais.229.É preciso um novo olhar para uma ação positiva na agenda da entidade nos
quesitos Racial, Previdência Social, Saúde e Meio-Ambiente.
230.Apontamos também a necessidade de se elaborar uma política social voltada
para ações públicas frente ao Estado e a Sociedade, elevando assim o nome da
CNM-CUT ao patamar de representação política para os metalúrgicos e toda a
sociedade.
231.Existe uma expectativa de que não só a direção da CNM/CUT e as direções de
suas federações e sindicatos filiados possam efetivamente assimilar a grandeza
dessa frente de luta, que são as políticas sociais.
232.Assim, nosso desejo é que a teoria e a prática não fiquem só no discurso e possa
transformar-se em realidade o que efetivamente definimos em nossos congressos.
233.A CNM/CUT colaborou com a elaboração de propostas à 9ª Conferência Nacional
de Saúde do Trabalhador;
234.Participando também do 1º encontro paulista de avaliação e planejamento da
comunicação a serviço da saúde do trabalhador em 18/11/05;
235.Em parceria com os metalúrgicos de São Luís do Maranhão participamos do
Seminário de Saúde do Trabalhador nos dias 12 e 13 de Agosto de 2005,
preparatório às Conferências Estadual e Nacional de Saúde do Trabalhador;
236.Elaboramos e apresentamos à FUNDACENTRO o projeto para a ação sindical na
saúde, segurança e meio-ambiente de trabalho junto aos metalúrgicos da CUT em
novembro de 2006;
237.Participamos da 1ª JORNADA SOBRE DIAGNÓSTICO DE AGRAVOS E
VIGILÂNCIA DA SAÚDE DE TRABALHADORES COM RISCO DE EXPOSIÇÃO
AO BENZENO em Santo André – dias 06 e 07/11/06;
238.A CNM/CUT realizou o Seminário Nacional do Coletivo de Saúde, Trabalho e
Meio-Ambiente nos dias 04 e 05/04/05;
239.Participamos com dois representantes no Curso de Formação de Formadores em
saúde do trabalhador – Projeto DGB/INST-CUT.
240.Desenvolvemos a luta pela reintegração e anistia dos metalúrgicos demitidos por
perseguição política. Desenvolvemos com a CUT um banco de dados, realizando
junto ao Ministério da Justiça gestões para anistia dos demitidos políticos do
período da Ditadura Militar, participando também de audiência pública em Brasília
dia 15 de março de 2006.
241.A CNM/CUT também participa do GT de Aposentadoria da CUT;
242.Desenvolvemos e encaminhamos ofício junto à Previdência Social no tocante à
Aposentadoria Especial;
243.Desenvolvemos junto com a CUT a campanha contra o COPES - Cobertura
Previdência Antecipada ... O ALTA DATA CERTA...
244.Organizamos o 1º Encontro Nacional Sindical de Representantes dos
Trabalhadores da Novelis Alumínio do Brasil em Salvador nos dias 07 e 08 de
fevereiro de 2007.
245.Participamos e estamos ajudando a unificar propostas para ações conjuntas no
setor siderúrgico nas bases da CNM /CNTM, com o apoio das Centrais CUT e
Força Sindical.
246.No 6º Congresso da CNM/CUT, em 2004, importantes resoluções foram
aprovadas que auxiliaram diretamente a organização das mulheres metalúrgicas
tais como:
247.a ratificação da cláusula estatutária da CUT que define a cota de gênero de no
mínimo 30% em instâncias como a CNM/CUT e as FEM/CUT;
248.a aprovação de cota para congressos, plenárias, delegações, seminários, cursos,
encontros, proporcional ao número de mulheres na base, sendo que as vagas
disponíveis para essa cota se não forem preeenchidas por mulheres não poderão
ser preenchidas por homens;
249.A criação da Secretaria da Mulher da CNM/CUT.
250.Sem contar as outras resoluções que indiretamente ajudam na organização e na
conquista de direitos para as trabalhadoras metalúrgicas
251.Na primeira gestão da Secretaria da mulher, elaborou-se um plano de trabalho
para esses três anos que possibilitasse a estruturação da secretaria e auxiliasse as
lutas das mulheres metalúrgicas. Esse plano de trabalho teve como eixos centrais:
252.Campanha de sindicalização específica para mulheres.
253.Aumento da participação das mulheres na estrutura sindical metalúrgica.
254.Inserir na Reforma Sindical a discussão de Gênero.
255.Ampliação dos temas relacionados a Gênero nas negociações coletivas.
256.Sensibilização das direções das FEMs/Sindicatos para a temática de gênero.
257.Enfrentamento da violência contra as mulheres.
258.Participação nas instâncias formuladoras de políticas públicas de trabalho e
geração de renda, saúde, educação, etc.
259.Continuar o processo de formação e organização.
260.Implementar essas ações de forma coletiva com 1 representante da direção da
CNM/CUT – homens e mulheres – de cada região (GT Gênero).
261.Nesse período, esses eixos foram desenvolvidos, em um primeiro momento,
através de encontros e reuniões com as dirigentes de diversos Sindicatos de
Metalúrgicos, sendo possível acumular conteúdos e elaborar propostas de ação
sobre esses temas, e em um segundo momento, procuramos colocar essas
propostas de ação em prática.
262.De um objetivo de 1.807 sindicalizações em 17 Sindicatos, conseguimos 2.197
mulheres sindicalizadas em 1 ano, ou seja, conseguimos 22% acima da meta
estipulada.
263.O problema, é que ao todo foram 31 sindicatos que se comprometeram com a
campanha, mas como tivemos dificuldade de acompanhar essas informações pela
falta de compreensão da importância de uma campanha como essa por parte de
muitos sindicatos, não podemos avaliar o resultado dos outros 14 Sindicatos.
Faltou também a campanha geral pela sindicalização dos 30 mil metalúrgicos, que
poderia ajudar a campanha especificadas de mulheres.
264.A participação das mulheres nas entidades sindicais revelam ainda que um longo
caminho necessita ser trilhado para que efetivamente as mulheres estejam
inseridas na organização sindical no país.
265.No ramo metalúrgico cutista onde se encontra certamente o melhor acúmulo a
respeito das questões de gênero, os dados impressionam pela pequena parcela de
dirigentes sindicais mulheres, a despeito do tamanho de suas bases.
266.Dos 2070 dirigentes sindicais de sindicatos filiados à CNM/CUT e federações,
apenas 129 são mulheres representando 6,23% do total, muito distante da média
de participação na base que está na casa dos 15% de mulheres.
267.No ano de 1998 contabilizamos 87 mulheres dirigentes, em 2004 esse número
subiu para 129 e em 2006 permaneceu em 129 companheiras nas direções dos
sindicatos e federações.
268.A CNM apresentou proposta de inclusão do recorte de gênero na estrutura
sindical que foi incorporada pela SNMT/CUT (Secretaria Nacional da Mulher
Trabalhadora da CUT) e pela CUT Nacional na proposta de Reforma Sindical;
269.A partir dos Encontros Nacionais e Regionais foi possível discutir e elaborar uma
proposta de pauta com clausulas especificas sobre a temática e orientar sua
inclusão em todos os Acordos e Convenções Coletivas.
270.Em 2006 iniciamos uma discussão que resultou na elaboração da proposta de
CCNT sobre o tema Creche para ser incluída a mesma clausula sobre creche em
todos as Convenções Coletiva. Agora, é preciso garantir o acompanhamento da
inclusão dessa clausulas nas pautas e o resultado nos acordos e convenções
coletivas em 2007.
271.Envolver o conjunto das diretorias sindicais no tema gênero, é questão
preponderante para o ramo e não apenas para as mulheres.
272.Em alguns importante sindicatos foram realizadas atividades de gênero com
recursos próprios e envolvendo o conjunto da diretoria, prática a ser multiplicada
em todo o ramo.
273.Sensibilização das direções das FEMs/Sindicato para o Código de conduta é
tarefa coletiva que precisa estar nas pautas de reuniões com as diretorias sindicais
onde foi discutido e aprovado o código de conduta das relações de gênero nas
entidades sindicais;
274.A CNM/CUT promoveu discussões nos encontros de gênero e nas atividades do
Coletivo de Política Sindical sobre o projeto de Lei Maria da Penha; recomendação
de divulgação nos jornais dos sindicatos, de moções de apoio, de pressão para
que os deputados aprovassem e finalmente, da divulgação da Lei aprovada;
275.Divulgação das ações e propostas da SPM e orientações para participação nas
Conferências Regionais, estaduais e Nacional promovido pela Secretaria;
276.Saúde da mulher e direitos reprodutivos: debates e acompanhamento de ações
(principalmente do Plano Nacional/SPM) nas atividades de gênero e nos Coletivos
de Política Sindical principalmente do tema aborto e assédio moral e sexual; envio
de materiais para os sindicatos, acompanhando da tramitação das propostas sobre
aborto, e outras propostas relacionadas à saúde da mulher;
277.Envolvimento de 68 pessoas nos Encontros Nacionais (60 mulheres 8 homens) de
política sindical.
278.Envolvimento de cerca de 300 pessoas nas duas rodadas de encontros regionais
de política sindical.
279.A dificuldade encontrada foi que na primeira rodada participaram 51 homens e 64
mulheres, mas na segunda rodada, por falta de compreensão dos sindicatos, e sob
o argumento de não haver mulheres no movimento sindical metalúrgico,
participaram 109 homens e 31 mulheres, ou seja, um retrocesso na participação
das mulheres nos eventos regionais, mesmo sabendo que existem mulheres que
gostariam de participar dessas discussões, como ocorreu na primeira rodada.
Dificuldades Atuais280.Implementação da resolução aprovada no 6º. Congresso Nacional dos
Metalúrgicos da CUT, que prevê o mínimo de 30% ou a representação proporcional
de mulheres da base de cada sindicato. Apesar de ser uma resolução congressual,
a cultura nos sindicatos, assim como a cultura na sociedade, tem um processo de
mudança muito lento e a avaliação é de que se faz necessário uma mobilização
maior e também continuar com as discussão sobre esse tema junto aos sindicatos.
281.Mesmo com mulheres nas direções, existe certo isolamento, ou seja, as ações
relativas a gênero ficam circunscritas às mulheres: são elas que executam e
participam, com pouca ou nenhuma participação dos homens. Nesses últimos três
anos, alguns sindicatos deram uma atenção maior para o tema, envolvendo o
conjunto dos dirigentes homens e mulheres.
282.A falta de estrutura para realizar as atividades ligadas a essa temática continua
sendo outra dificuldade que ainda não está totalmente resolvida. Apesar de ter
ocorrido grandes avanços, já que importantes sindicatos estão disponibilizando
recursos, estrutura, pessoal para organizar atividades especificas sobre o tema,
como ocorreu em Porto Alegre, Rio de Janeiro e em Santa Catarina e em Caxias
do Sul.
283.Novas dirigentes estão assumindo cargos nas direções sindicais sem o acumulo
das dirigentes que estão assumindo novos postos em outras estruturas sindicais ou
na sociedade.
284.Falta o acompanhamento de indicadores necessários para a avaliação das ações
da secretaria, por falta de estrutura (assessoria) na CNM/CUT.
285.Apesar da creche ser uma necessidade para garantir a participação efetiva das
mulheres metalúrgicas na vida sindical, apenas nas atividades de gênero e nos
congressos é que existe esse serviço. Em todas as outras atividades, que também
deveriam contar com a participação das mulheres (como prevê a resolução do 6º
Congresso), não há o oferecimento de creche para as companheiras e os
companheiros que necessitam desse serviço, para poderem participar plenamente
desses eventos.
286.A CNM/CUT desenvolveu duas atividades formativas no tema racial através de
SEMINÁRIOS de capacitação para Contratação Coletiva dos Direitos de Igualdade
e Oportunidade nos anos 2004 e 2005;
287.A CNM/CUT também teve participação na Comissão Nacional Contra a
Discriminação Racial – CNCDR/CUT, na organização e direção do INSPIR, na
Marcha Zumbi + 10.
288.Demos encaminhamentos relativos ao planejamento da CNCDR e dos grupos de
trabalho constituídos;
289.Participamos da organização e contribuímos com o debate para a 1ª Conferência
Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial;
290.Encaminhamos à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial o
projeto de formação de formadores em Direitos Humanos, objetivando promover a
ação de cidadania e a igualdade de oportunidade no Ramo Metalúrgico;
291.A Confederação tem participação no 2º Congresso Brasileiro de Negros e Negras,
que terá sua plenária final em março de 2008;
292.Tivemos dificuldades em relação ao coletivo de Raça. Não houve apoio para o
funcionamento e para os desdobramentos do último seminário e para as ações a
serem desenvolvidas no ramo.
293.No transcorrer desse mandato a Confederação desempenhou importante papel
nas disputas que se estabeleceram na sociedade.
294.Fomos às ruas para cobrar o governo Lula as medidas de interesse de nosso
ramo, caminhamos pela correção da tabela do Imposto de Renda e por uma
política de valorização do Salário Mínimo.
295.Lutamos por mudanças na política econômica, pela recuperação nos níveis de
emprego e investimentos em nosso ramo, apontamos caminhos e tecemos a crítica
de quem propõe a construção de uma sociedade melhor.
296.Escrevemos com nossos atos uma parte da história desse país, não hesitando
jamais em defender os interesses dos metalúrgicos e metalúrgicas.
297.Lutamos nas campanhas salariais de cada sindicato de cada cidade e em cada
pedaço desse país.
298.Entretanto ainda há muito que se construir, as negociações deverão caminhar
juntas numa grande campanha salarial nacional em busca do Contrato Coletivo
Nacional de Trabalho.
299.Onde os metalúrgicos e metalúrgicas de norte a sul estejam coesos numa
campanha pela eliminação das diferenças salariais e por uma jornada única.
Organização Sindical
Das expectativas da Reforma Sindical à luta pelo Contrato Coletivo Nacional
de Trabalho.300.Com a eleição de Lula em 2002, uma nova perspectiva surgia para a classe
trabalhadora, a origem operária de Lula fundador da CUT, presidente de honra da
CNM e defensor de um sindicalismo autêntico, apontava para uma renovação na
organização sindical do país.
301.A instalação já em seu primeiro ano de mandato, 2003, do Fórum Nacional do
Trabalho foi uma ação de governo, na tentativa da construção de um consenso em
torno de uma proposta de reforma sindical que pudesse ter respaldo dos
trabalhadores e a aprovação no legislativo.
302. O FNT teve por objetivo constituir-se num espaço de diálogo e negociação
entre patrões governo e trabalhadores, propondo ao Congresso Nacional uma
reforma sindical estabelecendo uma nova normatização para as relações de
trabalho necessária para o Brasil.
303.Entretanto não se pode esquecer que o processo para mudanças na estrutura
sindical oficial não começa com o FNT,o próprio fórum é consequência disso e o
processo começa antes, muito antes.
304.O FNT é antiga reivindicação do movimento sindical cutista, entretanto nossa luta
não se resume a isso.
305.Em 1995 a 7ª Plenária Nacional da CUT, Zumbi dos Palmares, aprovava a figura
da negociação tripartite, aos moldes do que ocorreu no FNT.
306.“As mudanças a serem implementadas pela transição devem todas decorrer de
um processo prévio de negociação tripartite(Centrais sindicais, Estado e entidades
patronais) e, posteriormente, enviadas ao Congresso Nacional para conversão de
seu conteúdo em emendas constitucionais, leis complementares e ordinárias. O
resultado desse processo de negociação tripartite deve configurar um documento
único e global, no qual estejam indicados todos os aspectos a serem alterados e
quais as medidas concretas a serem adotadas para cada ponto”.
307.Os debates ali travados pela CUT objetivaram a implantação do Sistema
Democrático de Relações de Trabalho, SDRT, elaborado em 1992 pela Central,
como base para uma reforma sindical que atendesse aos interesses da classe
trabalhadora rumo à liberdade e autonomia sindical.
308.A própria fundação da central ambientada nos anos da ditadura militar é sinal da
determinação deste novo sindicalismo em vencer as amarras que a legislação
impõe à livre organização dos trabalhadores.
309.Ainda hoje, passados 24 anos da fundação da CUT, não há o reconhecimento
sindical oficial da central, numa clara mostra de que há um anacronismo na
legislação sindical brasileira.
310.E esse anacronismo tem um propósito evidente, garantir a sobrevivência de
entidades sindicais que mesmo distanciadas das bases mantêm-se às custas das
contribuições compulsórias que recaem sobre as massas trabalhadoras.
311.Essas entidades ocupam valioso espaço na estrutura sindical não permitindo uma
organização democrática e transparente à serviço dos trabalhadores, são na
prática aparelhos das empresas contra o avanço das lutas da classe trabalhadora.
312.Essas entidades sindicais nascidas e amparadas por um sistema de atrelamento
sindical ao Estado, exercem forte pressão no parlamento para que não se altere
uma legislação que os beneficia diretamente desde 1943.
313.No Brasil mudaram-se os governos e constituições, entretanto a estrutura sindical
brasileira continua com seus pilares fundamentais, a unicidade sindical, o imposto
sindical e o poder normativo da Justiça do Trabalho.
314.Esses pilares fundamentados na era Vargas atravessaram ilesos várias
alternâncias entre períodos de democracias e de ditaduras.
315.Sobreviveram à deposição de Vargas em 1945 e em 1954, fortaleceram-se após
1964 com a ditadura militar que derrubou João Goulart, continuaram nos governos
Collor Itamar e FHC e no primeiro mandato do governo Lula, permanecendo até
hoje, mesmo após as mudanças ocorridas na constituição em 1988, e das
propostas surgidas do FNT.
316.Além de seu papel nefasto junto à organização da classe trabalhadora instituíram
mais uma contribuição compulsória sobre os trabalhadores, a Contribuição
Confederativa.
317.Esse sinal de longevidade traduz a hegemonia que a Direita sempre teve no
parlamento brasileiro e seu interesse em manter vigente uma legislação que
impeça a livre organização da classe trabalhadora.
318.Os movimentos do governo Lula, primeira experiência de um núcleo dirigente de
Esquerda no executivo, em instituir uma ampla reforma sindical no país traduziram-
se na constituição do FNT.
319. O FNT é portanto proposição da CUT e tradução do compromisso do governo
Lula com as propostas da central em democratizar as relações de trabalho.
320. O FNT realizou 36 reuniões oficiais em Brasília, cerca de 500 pessoas
participaram efetivamente dessas reuniões.
321.Essas reuniões trabalharam em cima dos resultados dos debates dos Grupos
Temáticos sobre Organização Sindical, Negociação Coletiva e Composição de
Conflitos.
322.Nas Conferências Estaduais do Trabalho realizadas em todo o país mais de 20 mil
pessoas, ligadas ao mundo sindical, participaram das discussões em torno da
reforma sindical, entre julho e setmbro de 2003.
323.Produzindo propostas consensuais que deram base para a elaboração da
Proposta de Emenda Constitucional, PEC, nº 369/05 e dos Projetos de Lei
necessários à nova adequação.
324.Foi um processo rico em debates tanto no FNT, quanto no interior da Central.
325.A 11ª Plenária Estatutária da CUT Nacional estabeleceu resolução a respeito da
reforma sindical aprovando uma plataforma democrática que tivesse uma maior
ressonância junto às entidades sindicais das centrais envolvidas nos debates.
326.O governo encaminhou ao Congresso a PEC e os PLs da reforma.
327.A PEC 369, da reforma sindical, apresentada pelo poder executivo ao Congresso
desde 04 de março de 2005 encontra-se ainda sob análise da CCJC aguardando
parecer.
328.Entretanto de fato a reforma sindical não veio. Não veio também o fim do
Imposto Sindical, da Unicidade Sindical e o Poder Normativo da Justiça do
Trabalho.
329.A tentativa do governo Lula em promover o reconhecimento das Centrais através
de medida provisória em maio de 2005 não obteve êxito.
330.A correlação de forças no Congresso Nacional não nos é favorável, os partidos
de Esquerda vinculados com as lutas operárias operárias e comprometidos com o
sucesso do governo Lula, PT e PCdoB, possuem apenas 95 deputados em
exercício.
331.Apesar da vitória de Lula ter obtido 62% dos votos, a Esquerda não conseguiu o
mesmo percentual no Congresso Nacional, isso reflete a pouca representação dos
partidos de esquerda na base da sociedade, não somos ainda a maioria.
332.Em decorrência disso as medidas provisórias de número 293 e 294 que
reconheciam as Centrais Sindicais e instalavam o Conselho Nacional das Relações
do Trabalho foram rejeitadas por influência direta das confederações pelêgas, para
desobstrução da pauta no Congresso.
333.O cenário parlamentar portanto, não aponta para um caminho suave às
proposições do Fórum Nacional do Trabalho e às reivindicações do movimento
sindical cutista.
334.O movimento sindical cutista entretanto nunca ficou refém do poder do Estado, ao
contrário, surgiu à sua revelia e contra a estrutura sindical oficial.
335.Objetiva um sindicalismo democrático, de luta e de massas, classista e pela base,
autônomo e libertário, construtor e artífice de sua história.
336.Dentro dessa concepção sindical os metalúrgicos sempre inovaram no Brasil com
experiências de organização sindical que na prática apontam para a superação das
limitações que a legislação apresenta.
337.A constituição das Comissões de Fábrica, Sistema Único de Representação e
Comitês Sindicais de Empresa são exemplos de um sindicalismo vivo, atuante e
em profunda sintonia com as bases.
338.A constituição dos Comitês Sindicais de Empresa, portanto deve ser objetivo dos
sindicatos filiados, de acordo com as resoluções do 6º Congresso dos Metalúrgicos
da CUT.
339.“Que enquanto não for promulgada a Lei que trata da Reforma Sindical, que
sejam firmados Acordos, Convenções e Contratos Coletivos de Trabalho,
ampliando as atribuições dos dirigentes sindicais de base; dos membros do
Sistema Único de Representação, das Comissões de Fábrica, dos Cipeiros
apoiados pelos sindicatos, além de criar novos núcleos de Sistema Único de
Representação e ou Comissões de Fábrica, preocupando-se em proteger o
representante dos(as) trabalhadores(as) contra atos ANTI-SINDICAIS, com a
observação de, logo após a promulgação da Legislação Sindical, se tornar,
automaticamente, ou não, em um Comitê Sindical de Empresa.”
340. E é essa a concepção e a prática sindical que nos caracteriza, os metalúrgicos
e metalúrgicas da CUT sempre ocuparam espaço de protagonismo no movimento
sindical brasileiro.
341.Fortalecendo as organizações de base e articulando as lutas dos sindicatos
nacionalmente, objetivando a contratação coletiva nacionalmente articulada que
promova a diminuição da exploração e a melhoria das condições de trabalho de
todos os metalúrgicos e metalúrgicas.
342.Assim foi que no 4º Congresso Nacional dos Metalúrgicos da CUT a luta pelo
CCNT foi aprovada como ação estratégica e central. Essa resolução e a estratégia
da CNM/CUT foi sendo atualizada periodicamente, de acordo com as experiências
que traziam novas idéias, e no 6º. Congresso Nacional dos Metalúrgicos da CUT a
resolução aprovada sobre o CCNT foi:
343.“O Contrato Coletivo Nacional de Trabalho visa estabelecer uma base mínima,
de caráter nacional, geral e articulado, sobre a qual os metalúrgicos vão
desenvolver as demais negociações. Ele é de caráter geral, porque seu conteúdo é
o de estabelecimento de condições mínimas, que não suplantarão as negociações
específicas, locais. Mas é também articulado porque deverá desdobrar-se nas
mais diversas regiões e estados do País até o nível de empresa, visando adaptar-
se às diferentes realidades nacionais.”.
344.Com a prática da luta fazendo a lei, a CNM/CUT objetiva uma ação unitária
nacional onde o Contrato Coletivo Nacional de Trabalhado, CCNT, torne-se
instrumento de luta para a diminuição das diferenças econômicas regionais entre
os trabalhadores em nosso ramo.
345.Já em 1999 quando o chamado festival de greves do setor automotivo, obteve
repercussão em todo o país, a discussão sobre o CCNT ganhou corpo
representando um marco político nessa luta e uma melhoria considerável nos
Acordos Coletivos nas diversas unidades do setor automotivo daquele ano.
346.As mudanças na configuração geográfica da indústria no país, descentralizando-
se pelas diversas regiões, impulsionou os trabalhadores a definirem ações
nacionais e uma organização nacional desde o chão de fábrica até o nível nacional,
com Comitês ou Redes Nacionais de Empresas.
347.Esse movimento proporcionou no ano de 2004 e 2005 que as campanhas
salariais dos Sindicatos com montadoras em sua base, no estado de São Paulo e
Curitiba, realizassem a mobilização e as negociações conjuntamente, aumentando
o poder de negociação e melhorando o resultado final dos Acordos Coletivos.
348.Ações nesse setor também possibilitaram que as novas unidades pudessem
diminuir as diferenças salariais, na PLR e de jornada nas diferentes regiões, como
em Volta Redonda/RJ, Camaçari/BA, Paraná, São Carlos/SP e Rezende/RJ.
349.Entretanto essas experiências de organização ainda não se expraiaram em toda
a base de representação da CNM e tampouco no restante do país.
350.Calibrar nosso foco de ação rumo ao CCNT é portanto, das ações mais
importantes e necessárias para que se possa, além de diminuir as diferenças
econômicas regionais, evitando que o custo do trabalho seja diferencial competitivo
regional, estabelecer uma cultura de unidade e ação indo na contra mão do atual
sistema oficial de organização sindical que a legislação brasileira nos impõe.
351.O objetivo de dividir para dominar, implícito na estrutura sindical brasileira, diante
de ações nacionais da classe trabalhadora tende a ser fragilizado e por fim
superado.
352.Assim a campanha nacional que a CNM promove em busca de um contrato
coletivo nacionalmente articulado, que passa pela unificação da data base em
setembro, mes de maior atividade econômica, é importante instrumento para de
fato transformar o cenário de negociação isolada dos sindicatos para um cenário
de negociação nacional dos trabalhadores.
353.Essa campanha nacional só será vitoriosa se conquistar as mentes e corações
com o princípio da unidade de todos os metalúrgicos e metalúrgicas no Brasil.
354.O Contrato pressupõe uma negociação permanente sobre os mais diversos
pontos, o que, por conseguinte, acarretará constante produção de novos acordos
melhorando ou complementando o contrato nacional ou ainda estabelecer
contratos sobre questões ou pontos específicos, devendo cada novo acordo
produzido ser incorporado ao Contrato, como parte constitutiva dele.
355.Outro ponto importante é que nenhuma cláusula acordada poderá perder validade
antes que um novo acordo seja assinado.
356.O modelo de Contrato Coletivo Nacional de Trabalho seria composto de diversos
níveis organizativos que, articulados, se complementariam:
357.Contrato em nível nacional: Válido para todos os trabalhadores do ramo
metalúrgico ou para um setor do ramo metalúrgico. Deve abarcar aspectos comuns
a toda a categoria do ramo, bem como os relativos à garantia do processo de
negociação. Nesse caso, negociamos com as organizações da indústria
metalúrgica de âmbito nacional, como, a CNI ou associações e sindicatos setoriais
nacionais, como Sinfavea, Sindipeças, Sindimaq.
358.Estadual ou interestadual: Avançamos nas FEM’s e FIEM’s a partir das conquistas
do Contrato Nacional onde a organização dos trabalhadores é mais forte e onde há
maior poder de luta. As contra-partes nesse processo de negociação/contratação
seriam as Federações Estaduais da Indústria, como FIESP, FIRJAN, FIEMG,
FIEPE, FIERGS, etc.
359.Regional ou Municipal: Na mesma lógica das negociações estaduais, os acordos
regionais irão procurar melhorar as condições definidas no Contrato Nacional ou
Estadual, ou ainda, negociar questões especificas não previstas nesses acordos.
360.Contratos por empresa/fábrica: Através dos quais são negociados aspectos
específicos de cada empresa/fábrica, tais como: aumentos reais em níveis
superiores aos já obtidos, ritmo de trabalho, PCS, PLR, PPR reestruturação da
produção (abrangendo novas tecnologias e mudanças organizacionais), condições
específicas de trabalho, entre outros. As contrapartes seriam os grupos
empresarias e as direções das empresas diretamente.
361.Entretanto, dificuldades conjunturais se apresentam como obstáculos a serem
superados para a implantação do CCNT.
362.Atualmente não existe em nossa legislação um marco legal que dê suporte ou que
se oponha a esse tipo de negociação coletiva no Brasil, é necessário observar
como garantir a implantação do contrato nacional, fiscalização, etc, para que ele
tenha efetividade.
363.Como não existe marco legal, também não existe definição de quem seria o
interlocutor nacional. Apesar de diversas entidades patronais em nível nacional e
estadual que poderiam ser os interlocutores, legalmente não existe obrigação ou
proibição para que uma negociação desse tipo se realize, o que significa a
necessidade de maior organização e mobilização dos trabalhadores para forçar
uma negociação.
364.Muitos sindicatos, apesar de participarem de diversos fóruns, encontros, reuniões
e mesmo Congressos que definiram a luta pelo CCNT como central para os
metalúrgicos, ainda têm dúvidas quanto ao papel de cada instância na negociação
do CCNT e mesmo sobre como caminhar para conquista-lo. Os sindicatos com
papel fundamental no desenvolvimento desse processo, devem estar convencidos
dessa campanha, a risco de muitas dificuldades continuarem existindo.
365.O debate sobre o convencimento dos sindicatos, apesar do tempo em que vem
sendo feito ainda precisa continuar.
366.Uma campanha nacional de divulgação conjuntamente com a Campanha
Nacional Unificada junto aos trabalhadores, explicando a necessidade do CCNT,
faz-se necessária.
367.As enormes diferenças regionais, se por um lado revelam-se como o principal
objeto do CCNT, são também uma dificuldade a mais, pois a base de partida pode
ser muito baixa, além de questões como grau de organização e sindicalização.
368.A unificação das datas base é elemento fundamental, apesar de uma
concentração de datas-base em maio, setembro, outubro e novembro – que já
soma 4 meses de negociação -, temos outros sindicatos espalhados por todos os
meses do ano, de janeiro a dezembro.
369.Isso dificulta a organização, porque pulveriza as negociações, faz com que os
empresários se utilizem de chantagens sobre o tipo de acordo fechado em outro
local, ou sobre o que não foi fechado ainda, entre outras.
370.O passo mais importante para conquistar o CCNT, ou mesmo para melhorar as
condições de negociação coletiva em cada sindicato, é unificar a data-base dos
metalúrgicos em uma única data, a exemplo de outras categorias, como os
bancários e os petroleiros.
371.A proposta é de que a data-base unificada seja o mês de setembro que
historicamente, se apresenta como mês estratégico e de produção elevada para
os setores da indústria metalúrgica.
372.É de suma importância que os sindicatos incluam nas campanhas a mudança de
data-base.
373.Precisamos incluir em todas pautas de negociação das Convenções as clausulas
da pauta nacional, dando destaque na negociação regional nos sindicatos para
esses pontos.
374.Para isso, é importante ter a elaboração de cláusulas-padrão também discutidas
com as instâncias dos metalúrgicos da CUT.
375.A busca de organização dos setores do ramo metalúrgico apresenta diferentes
acúmulos, devido a fatores de dispersão pelo território nacional, grau de
organização sindical, tamanho e diversificação das empresas de determinado
setor, típico de cada processo, entre outros motivos.
376.Precisamos, portanto, atacar centralmente naqueles em que já temos maior
acúmulo organizativo. Sugerimos para esse fim os setores Automotivo e
Siderúrgico, que discutirão neste Congresso sua proposta de pauta e plano de
lutas, a ser referendada também nas instâncias organizativas dos metalúrgicos da
CUT, e paralelamente às negociações nacionais, estaduais e regionais, nas quais
também estarão incluídos.
377.Esses dois setores estabelecerão um cronograma de mobilização e negociação
próprios, mas sem deixar de lado a luta pelo CCNT Nacional.
378.O objetivo é que se fecharmos um acordo em um desses setores, consigamos
criar um exemplo, um paradigma para a negociação nacional dentro de um setor
da indústria metalúrgica, o que pode irradiar para outros setores e mesmo
nacionalmente.
379.Outro modo de criar um exemplo que pode irradiar positivamente nas negociações
nacionais é a negociação nacional em uma empresa com diversas unidades no
território nacional, à exemplo da Mahle em fevereiro de 2007.
380.Sabemos que as diferenças, por exemplo, salariais entre unidades de uma
mesma empresa no Brasil, chegam a ser mais que o dobro.
381.A partir de encontros nacionais com representantes sindicais das redes com
diversas unidades dessas empresas, elaborar pauta nacional e estabelecer
cronograma de negociação. Nesse caso as negociações podem girar em torno de
temas como representação no local de trabalho, piso salarial entre as unidades,
PLR, PCS, benefícios, saúde e segurança, entre outros temas.
382.Novamente, as ações serão realizadas paralelamente às negociações nacionais e
setoriais nacionais, somando forças para as outras negociações. Outras empresas
em que a CNM/CUT desenvolve ações de organização de Redes ou Comitês
Nacionais de Empresa também devem continuar sua luta, destacamos essas
apenas pelo grau de acumulo organizativo já existente.
383.Como se vê a organização dos metalúrgicos em redes e comitês torna-se
importante ferramenta na construção do CCNT, pois estabelece metas comuns e
fortalece uma cultura de unidade entre os trabalhadores.
384.Objetivando a lógica da luta sindical nacional por ramo de atividade e combatendo
a pulverização da organização sindical como o sindicalismo por empresa.
385.Rompe as barreiras que o sistema oficial tenta nos impor e unificando a luta
regional ou nacionalmente, cria as bases para uma organização sindical à serviço
dos trabalhadores.
386.A reforma sindical que tanto é necessária vai se dando a partir das lutas,
precionando o governo e parlamento e apontando para uma sociedade mais
solidária, unindo o país de norte a sul em lutas comuns contra o sistema que nos
explora.
387.Criar uma cultura de negociações nacionais com um olhar de abrangência
nacional para a classe trabalhadora é colocar em evidência a estrutura sindical
oficial e a sua característica função de limitar e fracionar as lutas.
388.Dar um caráter nacional à luta por um Contrato Coletivo é explicitar a estratégia
de exploração do grande capital e dar respostas para combatê-la.
389.Nossa melhor contribuição para que a reforma sindical torne-se uma realidade à
serviço da classe trabalhadora é conquistar-mos o CCNT, fazendo dessa conquista
um caminho a ser seguido e aprimorado.
390.Fortalecer a luta dos metalúrgicos e metalúrgicas em todo o país pelo CCNT é
importante passo para que a reforma sindical possa efetivamente sair do papel e
tornar-se uma realidade para todos.
391.Dando dimensões nacionais à nossa luta estaremos mais uma vez apontando o
rumo para um país melhor e para todos.
392.Economia Solidária, Ações Solidárias e Cidadãs.393.O 6º Congresso da CNM/CUT definiu uma série de resoluções para a intervenção
dos metalúrgicos no campo da economia solidária.
394.Aprovou-se uma política de continuar promovendo a organização nacional
dos(as) metalúrgicos(as) da CUT, com os seguintes objetivos:
395.Fomentar a construção da estratégia de classe para fazer a disputa neste campo;
396.Fomentar e implementar o debate junto aos sindicatos dos(as) metalúrgicos(as),
articulado com a ADS, UNISOL/Central de Empreendimentos e outras;
397.Continuar apresentando sua proposta ao Governo Lula, através da Secretaria de
Economia Solidária e outras;
398.Mapear as experiências no Ramo;
399.Organizar o Coletivo Sindical Nacional, os Coletivos Sindicais Estaduais e os
Coletivos Sindicais Locais de Economia Solidária, que terão as seguintes
atribuições:
400.Elaborar diretrizes para a intervenção política dos(as) metalúrgicos(as) em
conformidade com a concepção e prática cutista neste campo;
401.Disputar, no Espaço Público, Políticas Públicas que interessem a economia
solidária na ótica dos(as) trabalhadores(as) da Central;
402.Fomentar o debate sobre este tema na agenda sindical para fortalecer a ação dos
grupos e do movimento sindical;
403.Combater as falsas cooperativas;
404.Mapear as empresas potenciais que poderão se tornar cooperativas;
405.Constituir um espaço de articulação, intercâmbio e ações conjuntas de
fortalecimento das várias alternativas.
406.A sintonia dos delegados e delegadas no 6º congresso em tecer propostas que
dessem uma organicidade às experiências e iniciativas solidárias, mostrou-se em
consonância com a fundação em agosto de 2004 da UNISOL, União e
Solidariedade das Cooperativas Empreendimentos de Economia Social do Brasil.
407.A UNISOL, associação civil sem fins lucrativos e de âmbito nacional, possui
uma natureza democrática, cujos fundamentos são o compromisso com a defesa
dos interesses reais da classe trabalhadora, a melhoria das condições de vida e de
trabalho das pessoas e o engajamento no processo de transformação da
sociedade brasileira em direção à democracia e a uma sociedade mais justa.
408.Com base em laços de solidariedade e cooperação, tem por objetivo principal
reunir as entidades, empresas coletivas constituídas por trabalhadores e quaisquer
outras modalidades de pessoas jurídicas, que atendam às finalidades do seu
estatuto a fim de promover efetivamente a melhoria sócio-econômica de seus
integrantes, garantido-lhes trabalho e renda com dignidade.
409.Essa importante ação do movimento sindical e em especial a do ramo
metalúrgico, traduz o momento histórico em que estamos vivendo e a posição de
buscar alternativas à exploração que os trabalhadores estão submetidos no
capitalismo
410. Portanto é imperioso que essa iniciativa traduzida na UNISOL tenha um
importante espaço para divulgação visando o debate necessário junto à classe
trabalhadora de que existe alternativa ao sistema em que estamos enredados.
*A organização nacional do Cooperativismo de Economia e
Crédito Solidário411.A Central Única dos Trabalhadores criou em 1999 a Agência de Desenvolvimento
Solidário ADS, com o papel de promover a constituição, fortalecimento e
articulação de empreendimentos auto-gestionários, buscando a geração de
trabalho e renda através da organização econômica, social e política dos
trabalhadores, inseridos em um processo de desenvolvimento sustentável e
solidário.
412.A Agência de Desenvolvimento Solidário deu início à incubação do Sistema
Nacional de Economia e Crédito Solidário - Ecosol, através de um intenso trabalho
de capacitação e assessoria às cooperativas de crédito nos aspectos políticos,
organizacionais e financeiros, apoiada pela Secretaria da Agricultura Familiar, do
Ministério do Desenvolvimento Agrário e por parceiros internacionais como o ICCO
– Organização Intereclesiástica para a Cooperação ao Desenvolvimento, Fundação
Rosa Luxemburgo, DGB Bildungswerk – Centro de Formação da Central dos
Sindicatos Alemães.
413.A primeira etapa da ADS – Agência de Desenvolvimento Solidário possibilitou a
constituição de cooperativas em dez Estados e a organização de duas centrais de
cooperativas: a ECOSOL e a UNISOL. Agora, o que se pretende é a ampliação
desta parceria para todo o território nacional.
414.Já temos demandas para isto, como já temos a presença dos parceiros potenciais
em todos os estados e microrregiões.
415.O Banco Central, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Banco do
Nordeste, o Banco da Amazônia, os Bancos de Desenvolvimento e alguns bancos
privados já estão contribuindo ativamente para a inclusão financeira.
416.Precisamos, através das Cooperativas, contribuir para a inclusão econômica e
social, contribuindo para que a população excluída dê um salto de qualidade de
vida de forma duradoura e sustentável.
417.O ECOSOL – Sistema Nacional de Cooperativas de Economia e Crédito Solidário
– constituído por Cooperativas de Crédito Singulares, Postos de Atendimento ao
Cooperado (PACs), Bases de Apoio e pela Cooperativa Central de Crédito,
funciona de maneira articulada através de sistemas de informação, comunicação e
de governança cooperativa, administrados pela central em permanente contato –
on-line – com as cooperativas singulares e com o Banco Central.
418.O Sistema ECOSOL é de propriedade indireta dos cooperados das cooperativas
singulares; não possui finalidade lucrativa e tem como critério básico de eficiência o
pleno atendimento das necessidades financeiras dos cooperados.
419.A estratégia da ação do Sistema ECOSOL é a Inclusão e Organização Financeira
da população de baixa renda, que é historicamente pertencente a comunidades
excluídas dos serviços financeiros formais e do acesso às agências bancárias.
420.Ademais, os serviços financeiros tradicionais são freqüentemente inadequados às
necessidades financeiras desta população, motivo pelo qual o Sistema ECOSOL
trabalha pela ampliação e consolidação da oferta de serviços e produtos
financeiros adequados às necessidades das comunidades por ele atendidas, como
também pela ampliação do volume de recursos financeiros destinados a tais
serviços e produtos financeiros, como meio de promover a alavancagem da renda
global destas comunidades.
421.Para que o Sistema ECOSOL possa cumprir a contento a estratégia de Inclusão e
Organização Financeira desta população, torna-se imprescindível a ampliação de
sua base de atuação, seja através da constituição de Postos de Atendimento ao
Cooperado (PACs), seja através da constituição de novas Cooperativas de Crédito
Singulares.
422.Estes dois caminhos de ampliação condizem com o princípio da descentralização
do sistema financeiro ao nível das comunidades, que visa potencializar as finanças
comunitárias e é o motivador principal da proposição atual do Sistema ECOSOL
pela organização de Comitês de Finanças Comunitárias, que serão coletivos
informais constituídos pela contratação recíproca de parceiros locais do Sistema
ECOSOL.
423.No governo Lula houve avanços nesta área, mas precisamos avançar ainda mais
no combate à pobreza e à exclusão.
424.Nossa proposta combina a legitimidade dos mais de três mil sindicatos filiados à
CUT, estruturados nos diversos Ramos Estaduais e Nacionais, com a necessidade
de, em conjunto, viabilizar a organização das famílias dos trabalhadores, das
comunidades e dos diversos segmentos econômicos.
425.Por exemplo: pela legislação atual do Banco Central, cada sindicato precisa fazer
sua cooperativa. Como cada Ramo da CUT tem, em média, mais de cem
sindicatos filiados, em vez de se constituir milhares de cooperativas, cada Ramo
constitui apenas uma cooperativa nacional, criando-se postos de atendimento aos
cooperados – PAC’s, nos municípios e regiões.
426.Nos Estados serão constituídas Bases de Apoio ou Central
Estadual/Interestadual. As cooperativas já existentes, como as dos Metalúrgicos,
Bancários, Agricultores Familiares e Servidores Públicos, gradativamente deverão
fazer o processo de fusão nos seus respectivos Ramos, fi cando as atuais como
responsáveis pelo processo de ampliação da base territorial para serem nacionais,
conforme os ramos existentes na CUT.
427.Da mesma forma, consideramos imprescindível a constituição de uma cooperativa
nacional dos trabalhadores organizados em empreendimentos auto-gestionários e
de economia solidária, particularmente os fi liados à UNISOL.
428.Esta é uma proposta de concepção estratégica de crescimento do cooperativismo
solidário e que contribui muito para diminuir o trabalho informal e desprotegido,
além de complementar o universo dos trabalhadores assalariados. Da mesma
forma que construímos a CUT a partir de um Congresso Nacional e posteriormente
os sindicatos foram-se filiando à Central, as cooperativas nacionais por ramos de
trabalhadores vinculados à CUT, também poderão combinar o esforço nacional
com o trabalho local já desenvolvido pelos sindicatos e pelos movimentos sociais.
429.A CUT começou com quarenta filiados, hoje são mais de três mil. As cooperativas
estão começando com alguns milhares, mas logo pretendemos ser vários milhões.
Afinal, fora do sistema bancário o Brasil possui mais de trinta milhões de
trabalhadores.
430.Finalmente, quando todo mundo reclama das taxas de juros realizadas pelos
bancos e pelo governo, nossa rede nacional de cooperativas de crédito e economia
solidária pretende contribuir efetivamente para mostrar que é possível oferecer
juros mais baixos para os trabalhadores que querem investir nas suas famílias e
comunidades, valorizando a economia solidária e o bem-estar social. Afinal, se um
outro mundo é possível, vamos construí-lo!*Extraído das Resoluções do 9º CONCUT
POLÍTICA NACIONAL DE FORMAÇÃO DA CUTPrincípiosClassista e de Massas
431.A formação da CUT busca capacitar os trabalhadores e trabalhadoras para a
organização e a ação sindical necessárias às conquistas dos seus objetivos. Atua
no sentido de despertar a consciência de classe e a percepção da importância da
unidade para a luta. Tem como meta atingir amplos setores dos trabalhadores,
procurando articular as dimensões do cotidiano do local de trabalho com as
demandas da classe.
Indelegável
432.A formação é uma política permanente da CUT que vincula-se, portanto, ao seu
projeto político-sindical e tem como referência as resoluções de suas instâncias.
Sua formulação, execução e sustentação financeira são de responsabilidade das
entidades, fóruns e instâncias da Central.
Democrática, Plural e Unitária433.A formação deve estimular o debate entre as diversas correntes de opinião
presentes no interior do movimento sindical cutista, criando condições necessárias
para que as distintas
Educação434.Compreendendo o campo educacional como um dos diversos campos de disputa
de hegemonia na sociedade, a CUT enfrentou o desafio de propor e desenvolver
novas metodologias educacionais, a partir de uma concepção inovadora de
educação – Educação Integral, demonstrando na prática o desenvolvimento de
projetos políticos pedagógicos fundamentados no trabalho como princípio
educativo, nas realidades locais e experiências dos trabalhadores(as) no processo
de construção de novos conhecimentos e validando os conhecimentos dos
trabalhadores adquiridos ao longo da vida, na sociedade e especialmente no
trabalho.
435.Essa estratégia nunca se colocou em uma perspectiva de substituição do papel do
Estado, mas objetiva construir projetos alternativos para a conquista de políticas
públicas de educação, que reflitam os reais interesses da classe trabalhadora.
436.Assim, o 9º CONCUT reafirma a importância da Central dar continuidade ao
desenvolvimento de experiências no campo da educação integral dos
trabalhadores, sempre na perspectiva de influenciar as políticas públicas de
educação, em especial para alfabetização e educação continuada de jovens e
adultos e para a educação profissional.
437.A CUT lutará pela defesa das reservas de cotas para índios e negros nas
universidades públicas.
438.A CUT lutará para que seja obrigatória a inclusão no currículo escolar do ensino
médio, a partir do 1º ano, as disciplinas de Filosofia e Sociologia, em todo o
território nacional e ministradas por profissionais da área; visto que, são áreas de
conhecimento que ajudam a desenvolver o raciocínio lógico e crítico do jovem.
Uma Política de formação para fortalecer as estratégias da CUT439.As ações desenvolvidas pela Rede Nacional de Formação da CUT, nos últimos
três anos, apontam como um dos importantes avanços a maior vinculação entre as
ações estratégicas definidas pela Direção Executiva Nacional e os Planos de
Formação implementados em todos os âmbitos.
440.Este avanço só se tornou possível pelo esforço de planejamento e atuação
conjunta entre diversas Secretarias, Órgãos e Escolas Sindicais da CUT.
441.Pode-se citar, como exemplos deste trabalho articulado, as ações desenvolvidas
no Projeto Construindo o Futuro, no qual promoveu em todas as regiões do país o
debate sobre a atualização do projeto político-organizativo da Central (Secretarias
Nacionais de Formação e de Organização);
442.O projeto de Formação Sindical Juventude, Sindicalismo e Inclusão Social,
(Secretarias Nacionais de Formação e de Política Sindical e Coletivo da
Juventude); O projeto Todas as Letras (Secretaria Nacional de Formação,
Presidência e Tesouraria, implementado em conjunto com as Estaduais da CUT e
as Escolas Sindicais); O Projeto Especial de Qualifi cação Sócio-Profi ssional-
PROESQ, (Secretaria Nacional de Formação, Escola Sindical São Paulo e
Tesouraria, com a participação dos Ramos, Estaduais da CUT e Escolas Sindicais)
e que trata da educação integral profi ssional setorial, negociação e contratação
coletivas, democratização do Estado e controle social no sistema público de
emprego e desenvolvimento sustentável e solidário e o Projeto Universidade
Global (Secretarias Nacionais Internacional e de Formação, com a participação dos
Ramos).
443.Esta opção foi fundamental para garantir ações articuladas nacionalmente, além
de viabilizar o funcionamento permanente das Escolas Sindicais, mesmo
considerando o conjunto de desafios a serem enfrentados, sobretudo no campo da
sustentabilidade e da gestão da Rede Nacional de Formação.
444.Para aprimorar este processo e garantir que a política de formação subsidie as
diversas estratégias da CUT é necessário recuperar os espaços de Gestão
Nacional da Política de Formação, em particular a dinâmica dos Coletivos Nacional
e Regionais de Formação - CONAFOR, para garantir, cada vez mais, um processo
nacionalmente articulado de planejamento e avaliação dos impactos das ações da
formação na sua relação com a estratégia política e sindical do conjunto da CUT.
445.Para tanto, coloca-se como tarefa urgente a definição de uma política permanente
de financiamento da Política Nacional de Formação da CUT, visando a superação
da dependência dos recursos externos.
446.Mais urgente e importante são estas definições se considerarmos o processo
profundo de renovação dos quadros dirigentes nas instâncias da Central e a forte
demanda por formação político-sindical, decorrente da necessidade de
compreensão do projeto estratégico da CUT e de novas demandas e espaços de
atuação presentes no cotidiano das negociações, tanto com o empresariado
quanto com os governos.
447.Assim, para consolidar e qualificar as instâncias da CUT, desde os locais de
trabalho, é preciso ter uma política consistente de formação de dirigentes e de
formadores, com o investimento e fortalecimento das Escolas Sindicais, das
Secretarias de Formação das Estaduais e dos Ramos da Central.
448.Reafirmamos as definições da 11ª Plenária Nacional da CUT no que se refere às
estratégias apontadas para a Educação Integral dos Trabalhadores Jovens e
Adultos, a Negociação e Contratação Coletivas, especialmente da Qualificação e
Certificação Profissionais e nossa intervenção junto às políticas públicas, em
especial no Sistema Público de Emprego, Sistema S e Sistemas Públicos de
Educação, Qualificação e Certificação Profissionais.
449.Para fazer frente às importantes tarefas que nos colocamos, se no último período
atingimos 4.000 dirigentes com o trabalho da formação sindical, é necessário neste
período, no mínimo, quadruplicar este número, já que o cenário político aponta um
quadro de grandes lutas e mobilizações, onde a disputa ideológica sobre o projeto
de nação e de desenvolvimento exigirá de nossa parte uma atuação firme,
qualificada e classista.
450.A CUT vem dando grandes saltos qualitativos no trabalho com a juventude,
particularmente nos últimos dois anos. A participação da Central na coordenação
da juventude da Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul, o projeto de
formação sindical juventude, sindicalismo e inclusão social, a estruturação de 11
coletivos e pré-coletivos estaduais, mais os coletivos dos ramos, e ainda a
resolução da 11ª Plenária, demonstram o quanto a central tem priorizado o debate
sobre a questão juvenil.
451.Apesar destes avanços é necessário intensificar o investimento no segmento
juvenil, não apenas para formar novos quadros de dirigentes, mas para socializar
com a juventude os princípios e a história da CUT, bem como contribuir para
potencializar a organização no local de trabalho.
452.É fundamental estruturamos uma estratégia de formação permanente, tendo como
alvo os jovens. Muitas categorias têm em suas bases um grande contingente de
jovens que são contratados em condições precárias de trabalho, ganhando menos
e exercendo várias funções, que antigamente eram desempenhadas por vários
funcionários. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 50%
dos desempregados no Brasil têm entre 16 e 24 anos de idade.
453.Estas considerações reforçam a necessidade de desenvolvermos uma política de
formação para juventude, bem como uma campanha de sindicalização que
contribua para fazer com que os sindicatos cutistas se constituam em um
verdadeiro aliado da juventude. Para isto é necessário:
454.a) realizar uma pesquisa nacional para diagnosticar o perfi l do jovem e da
precarização juvenil em todos os ramos produtivos e tabular os dados visando
promover um circuito de debates sobre a precarização do trabalho juvenil no Brasil;
455.b) garantir a continuidade do projeto de formação juventude, sindicalismo e
inclusão social, envolvendo todos os ramos e todas as estaduais da CUT;
456.c) potencializar a estratégia da campanha de sindicalização promovendo
seminários temáticos sobre as políticas públicas com enfoque na juventude
trabalhadora;
457.d) intensificar o diálogo entre as políticas de formação, organização sindical e
social, no sentido de buscar desvelar os significados do ser jovem trabalhador hoje
para adequar a intervenção da CUT junto a este segmento, fortalecendo, através
da formação sindical permanente, a organização da juventude no local de trabalho
e nas instâncias da Central.
458.Outra iniciativa importante no campo da formação sindical foi a formulação do
Projeto de Capacitação de Dirigentes para a Promoção da Igualdade Racial,
elaborado pela Secretaria Nacional de Formação junto à Comissão Nacional
Contra a Discriminação Racial da CUT e apresentado ao Governo Federal. Prevê a
capacitação de 210 dirigentes em todas as regiões do país, com um processo de
reflexões, formulações e intervenções da CUT na definição de estratégias de ação
de combate à discriminação, tanto para a sociedade de forma geral quanto nos
locais de trabalho.
459.Neste sentido, uma das prioridades da Política Nacional de Formação, em
conjunto com a CNCDR, é o desenvolvimento deste projeto com o envolvimento do
conjunto das Escolas Sindicais e Estaduais da CUT.
460.Além disso, para o próximo período a Secretaria Nacional de Formação em
conjunto com a Secretaria Nacional de Comunicação devem intensificar o trabalho
de debates e reflexões já iniciados, ampliando o quadro de dirigentes e assessores
com maior domínio da política de comunicação da CUT, para qualificar ainda mais
o trabalho de informação no interior da Central e intensificar o processo de disputa
pela democratização dos meios de comunicação no país.
461.Por outro lado, a Política Nacional de Formação deve investir em experiências da
Educação a Distância – complementadas por atividades presenciais, visando qualifi
car formadores, gestores e dirigentes e representantes da CUT, tanto para o uso
de tecnologias da informação quanto para a apreensão da metodologia de
formação da CUT e conteúdos político-ideológicos e técnico científicos.
462.Desde 1996, nossa Central, através das suas instâncias e da Rede Nacional de
Formação vem acumulando importantes reflexões e formulações no campo da
educação dos trabalhadores(as).
463.Como resultado deste acúmulo, hoje a CUT apresenta-se como uma das
principais referências nos debates sobre Educação de Jovens e Adultos, não
apenas dando visibilidade à noção de Educação Integral, a partir do
desenvolvimento de metodologias que articulam as dimensões da educação
propedêutica, da formação profissional e da formação política, com vistas ao
fortalecimento da cidadania, mas também intervindo em inúmeros espaços de
formulação de políticas públicas e estratégias educacionais que buscam responder
os principais desafios para a formulação de propostas pedagógicas que apontem
no sentido de uma educação emancipadora. Considerando as possibilidades
abertas pelo Decreto nº 5154/2004, que retoma as noções de desenvolvimento
curricular integrado, propomos que a CUT, através da sua Política Nacional de
Formação, dê continuidade ao processo de desenvolvimento metodológico no
campo da educação integral dos trabalhadores(as), como uma das condições para
fazer avançar o processo de disputa no âmbito das políticas públicas e da Rede
Pública de Educação, sobre a concepção de educação que interessa aos
trabalhadores(as). Propomos ainda, que em todo processo de desenvolvimento
metodológico no campo da educação integral dos trabalhadores(as) as questões
de gênero, raça, etnia, sexualidade saúde reprodutiva, direito humanos e meio
ambiente se constituam como parte integrante da proposta pedagógica. Neste
sentido, apontamos como uma das prioridades neste processo de consolidação da
noção de educação integral, a necessidade de um amplo programa de formação
voltado prioritariamente para educadores e educadoras. Que este programa de
formação de educadores seja desenvolvido de forma articulada entre a Rede de
Formação da CUT e as entidades que representam os trabalhadores(as) da
Educação. Propomos ainda que, como condição para a ampliação da garantia de
acesso da juventude rural à educação, a CUT intensifique as reflexões sobre as
propostas de educação para o campo, visando intervir nas formulações de políticas
e estratégias educacionais que respondam às demandas dos trabalhadores(as)
rurais, e em particular da juventude rural, do ensino fundamental ao nível superior.
464.Que a Secretaria Nacional de Formação promova imediatamente junto às CUTs
da Região Norte um processo de debate sobre a implementação das estratégias da
Política Nacional de Formação da CUT nesta região, visando aprofundar as
formulações que apontem para o aprimoramento das estratégias formativas em
todos os estados. Neste processo de balanço sobre a implementação da PNF/CUT
na região norte, que se considere a demanda do Estado do Amazonas pela criação
de uma Escola Sindical naquele Estado. Extraído das Resoluções do 9º CONCUT.
Metalúrgicos, Desafios para serem superados465.Entendendo estes quatro últimos anos como um novo clico (governo Lula) e
novos desafios de como atuar no debate da educação dos trabalhadores,
passamos por um momento de transição e não podemos comparar oque fizemos
nos anos de 1996 à 2000 com este ultimo período. Entendemos que houveram
avanços significativos e importantes nestes últimos dez anos, mas nos últimos três
anos foi diferente, tivemos menos recursos internacionais e recursos públicos
nacionais e não conseguimos desenvolver programas massivos de educação
sindical e ou profissionais, mas precisamos intensificar mais e de forma
permanente esta intervenção.
466.Precisamos avançar ainda em relação as compreensões e a importância desta
agenda sindical. A CNM/CUT precisa ainda mais influenciar e ajudar, assessorar
as federações e os sindicatos à construírem e desenvolverem uma política, um
plano de formação que chegue em toda à nossas bases.
467.É necessário continuar e aprofundar a integração das ações das secretárias das
ações da CNM/CUT com os eixos estratégicos gerais com os específicos e táticos
dos setores e temas que vamos priorizar nos próximos três anos, tarefa de toda a
direção.
468.A contratação coletiva de um fundo para da educação profissional, sindical e de
trabalhadores para à segurança no local de trabalho é estratégica e fundamental
por isso deve ser priorizada e conquistada como estratégia para o aumento do
poder sindical Cutista.
469.Necessitamos retomar uma política nacional de formação de novos quadros
dirigentes em cursos de extensão ou de ensino superior, massificar e desenvolver
uma política que atinja todos os nossos sindicatos na formação de formadores
dirigentes, para a construção dos coletivos, nacional, regionais, estaduais e locais,
como forma de aumentar o poder de organização nos locais de trabalho. Também
necessitamos, ter, construir e reforçar uma estratégia de formação e orientação
técnica e política organizativa dos companheiros responsáveis pelas comissões
internas de prevenção em acidentes de trabalho e os companheiros (as) que fazem
parte da estratégia da CNM/CUT na construção dos comitês setoriais e de
empresas nacionais e internacionais, como forma de fortalecer e se preparar para
reforma, construção e pratica de uma nova estrutura sindical.
470.Também precisamos fazer chegar e ser agenda de todos os nossos sindicatos a
organização das mulheres e juventude da qual podemos contribuir com uma
formação especifica de como buscar organizar estes públicos e discutirmos um
estratégia de como podemos influenciar na formação da juventude nas escolas de
ensino, fundamental, médio e técnicas (Disputa da reforma do ensino técnico).
471.Em relação a democratização do Sistema S e a intervenção dos metalúrgicos (as)
para a disputa das políticas publicas do sistema e a implantação de 300 novas
escolas técnicas pelo governo LULA, em 300 cidades pólos do país precisamos
discutir e formar os dirigentes para disputar a concepção de escola publica os
cursos que serão desenvolvidos a partir do debate que temos sobre estado, gestão
publica, educação Integral e democratização do acesso do qual temos que discutir
melhor e lutar para como incluir os metalúrgicos (as) empregados nas políticas de
formação profissional do sistema S e das escolas técnicas, principalmente os que
possuem mais de 35 anos de idade, mulheres e negros,como tática para barrarmos
e diminuirmos a eterna rotatividade e substituição da mão de obra para baixar os
custos de folha de pagamentos ou massa salarial.
472.Para fortalecer e conseguir superar e dar conta das demandas da nossa
intervenção precisamos discutir dentro dos orçamentos da CNM/CUT federações e
sindicatos o financiamento desta política, aumentando, qualificando e otimizando
os recursos humanos e financeiros, buscando novos parceiros e financiadores da
política de educação da nossa base.
Saúde e SeguridadeEm Defesa do Sistema Único de Saúde
473.A defesa do SUS é questão estratégica para todos os trabalhadores, o Sistema
Único de Saúde tem como diretrizes básicas a universalidade, a eqüidade, a
igualdade, a descentralização, o financiamento e o controle social.
474.Conceitualmente, a política pública de saúde se destina a toda a sociedade, esta
é uma de nossas mais importantes conquistas históricas.
475.Nosso desafio é resistir aos ataques que o SUS sofre dos empresários e de seus
representantes que estão inseridos no parlamento e no poder executivo, que
mercantilizam a saúde e que também atacam a política de saúde pública por meio
de terceirizações e parcerias entre os setores público e privado.
476.É importante a retomada dessa discussão e o efetivo envolvimento dos sindicatos
na defesa do SUS, participando do FOPS (Fórum Popular de Saúde) e dos
espaços institucionais de controle social (Conferências, Conselhos e Comissões
Temáticas).
477.Uma das resoluções do 9º CONCUT, estabelece que a Central Única dos
Trabalhadores deverá convocar uma Conferência de Saúde com todos os
sindicatos e demais movimentos sociais do campo de esquerda.
478.Também outra resolução aponta para a luta junto ao SUS, pela implantação do
CEREST (Centro de Referência sobre Saúde do Trabalhador) e o engajamento da
CUT Nacional e as estaduais pela aprovação da regulamentação da EC 29, PL
01/2003 que tramita no Congresso Nacional, que define os critérios para o
financiamento do SUS nas três esferas de governo.
479.Pela implantação do PAISM (Programa de Assistência Integral à Saúde da
Mulher) em todos os municípios, levando em conta a mulher em toda sua
diversidade, além de garantir aos parceiros o acesso aos programas de
planejamento familiar, pré-natal e prevenção das DST’s/AIDS.
480.Reivindica também uma política de saúde voltada para a prevenção do mal de
Alzheimer e doenças similares, na defesa da cidadania do doente mental, de sua
autonomia e reintegração à família e à sociedade, para que sejam supridas suas
reais necessidades em termos materiais, financeiros, psicossociais, de saúde e
qualidade de vida.
Previdência Social481.Importante debate a ser travado pelo movimento sindical e em especial os
metalúrgicos e metalúrgicas é pressionar o Congresso Nacional quanto à
aprovação de uma lei de universalização dos direitos previdenciários.
482.O movimento sindical deve provocar discussão e debates junto ao Ministério da
Previdência quanto à limitação de tempo para aposentadoria do segurado especial,
ditada pelo artigo 143 da Lei 8.213/91, que contraria o disposto no artigo 39 da
mesma lei.
Periculosidade483.No início da década passada, a indústria metalúrgica brasileira, assim como
outros setores da economia, vêm passando por um processo significativo de
reestruturação produtiva em diversos de seus segmentos, impactando diretamente
o cotidiano dos trabalhadores e do movimento sindical do setor.
484.Embora a velocidade e o ritmo de adoção dessas mudanças sejam bastante
diferenciados nas diversas regiões do país, é inegável que, mais recentemente, um
grande número de empresas passaram a adotar novos métodos de produção,
baseados na utilização de novas tecnologias e de novas formas de gestão da força
de trabalho.
485.A enorme incidência de doenças ocupacionais decorrentes dos novos processos
de produção mutilam um contingente enorme de trabalhadores e trabalhadoras.
486. Os processos decorrentes de acidente de trabalho são muito morosos, o que
prejudica as conquistas dos direitos do trabalhador, mascara a legislação e o
trabalhador de fato não consegue usufruir desses direitos conquistados.
COPES - Cobertura Previdenciária Estimada e Fator
Previdenciário487.O Programa COPES – Cobertura Previdenciária Estimada, conhecido como
Programa Data Certa ou como de alta pré-datada, estipula prazo máximo para o
benefício de licença saúde do trabalhador. No entanto, muitos são obrigados a
voltar ao trabalho ainda doentes.
488.Ao invés de reduzir as filas, como preconizava, esse programa tem criado uma
série de transtornos para os trabalhadores. São vários os casos de trabalhadores
lesionados, que antes mesmo da sua recuperação são encaminhados para o
retorno ao trabalho.
489.O INSS por sua vez demora a responder, ou quando nega o pedido de
reconsideração, tem deixado o trabalhador desprotegido, ocasionando até
demissão sob o pretexto de abandono de emprego, fato que tem gerado uma
grande demanda judicial.
490.Urge a necessidade de implementação de ações integradas, principalmente
envolvendo os órgãos da previdência; trabalho; vigilância sanitária; centros de
saúde do trabalhador e do movimento sindical.
491.É necessário combater a sub-notificação da ocorrência de acidentes e doenças
relacionadas ao trabalho, seja pela omissão do empregador em não registrar
através de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), seja pelas dificuldades
impostas pelo próprio INSS em não acatar as CAT’s emitidas por entidades
sindicais.
492.O INSS ao não assegurar, desde logo, o benefício acidentário que tem fonte de
custeio (Seguro Acidente de Trabalho – SAT, que incide sobre a folha de
pagamento das empresas), concedendo quando muito o benefício auxílio-doença,
que não tem fonte de custeio, saindo do caixa geral, em prejuízo do lesionado(a),
de sua família, da sociedade, e da própria previdência como um todo; além de
contrariar seus próprios interesses, permite que os empregadores continuem
demitindo trabalhadores(as) acidentados(as) e lesionados(as), mesmo ao arrepio
da lei.
493.E que sequer conseguem retornar ao mercado formal de trabalho, já que não mais
são aprovados(as) nos novos exames admissionais que são exigidos.
494.Situação semelhante é a das aposentadorias especiais, que têm servido de um
verdadeiro incentivo à sonegação, pois os empregadores deixam também de
informar as condições em que é desenvolvido o trabalho para não recairem sobre a
contribuição patronal, os índices das alíquotas para as atividades especiais.
495.Por tudo isso, a CNM/CUT deve lutar e exigir do governo mudanças imediatas
nestes procedimentos, que têm prejudicado a classe trabalhadora brasileira,
posicionando-se contra a COPES e exigindo a contratação imediata de peritos para
o INSS, além de lutar pelo fim do fator previdenciário.
Saúde do Trabalhador no SUS e defesa do SAT496.A imensa maioria dos municípios tem pouca ou nenhuma atuação voltada à saúde
do trabalhador, predominando a ausência da prática do planejamento local e de
equipes de saúde para execução destas ações.
497.O investimento em recursos humanos e materiais é muito baixo, sendo incipientes
os mecanismos de participação e controle social, por exemplo, não existem CIST’s
(Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador) na quase totalidade dos
municípios.
498.Por isso é necessário que o movimento sindical, em especial o ramo metalúrgico,
fortaleça essas comissões onde elas já existam e contribua para a criação nas
cidades onde não possuam mecanismos de controle social, como as Comissões
Temáticas e Fórum Popular de Saúde nos municípios e no estado.
499.Além disso, deve:
500.a) estabelecer política de organização e formação sindical que contemple a
análise de determinantes, riscos e danos à saúde e a luta contra a nocividade dos
ambientes, como também os processos de trabalho nos diversos ramos produtivos,
devendo ser transformadas as necessidades e problemas de saúde em luta
coletiva dos trabalhadores;
501.b) promover cursos de capacitação em Saúde do Trabalhador, realizando em
conjunto com um jurídico previdenciário a todos os dirigentes sindicais cutistas;
502.c) divulgar e participar das Conferências de Saúde e das Conferências Temáticas
(de âmbito regional, municipal, estadual e nacional), visando pautar o
conhecimento da RENAST e a discussão sobre saúde do trabalhador, bem como
disputar vagas nos Conselhos de Saúde e Conselhos Deliberativos nos Centro de
Referência em Saúde do Trabalhador-CEREST’s, conforme todo o artigo 5º da
Portaria do Ministério da Saúde, 2437/GM de 7 de dezembro de 2005;
503.d) defender a manutenção do SAT (Seguro Acidente de Trabalho) público, bem
como a implantação de mecanismos de controle social com a revogação do
parágrafo 10 da Constituição Federal.
CIPAS504.A CNM deve lutar pela constituição de Comissões de Saúde não paritárias em
todos os locais de trabalho, em substituição às CIPAS, devendo ser assegurada a
estabilidade no emprego para os eleitos, titulares e suplentes com normas que
garantam sua autonomia na luta contra os acidentes e doenças do trabalho.
505.Enquanto não conquistamos Comissões de Saúde autônomas, sob controle dos
trabalhadores, deveremos, além de fortalecer as CIPAS existentes, lutar para que
seja obrigatória a sua constituição em todas as empresas públicas ou privadas que
tenham 20 ou mais empregados, devendo também ser assegurada a estabilidade
no emprego para todos os membros titulares e suplentes eleitos.
506.Aos cipeiros eleitos deverá ser assegurado o mais amplo controle, fiscalização e
acompanhamento dos programas de saúde nos locais de trabalho: PPRA
(Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), LTCAT (Laudo Técnico de
Condições de Ambiente do Trabalho), PCMAT (Programa de Condições do Meio
Ambiente do Trabalho), PCMSO (Programa de Condição Médico da Saúde
Ocupacional), acompanhamento do médico ou engenheiro nos ambientes de
trabalho.Trechos extraídos das Resoluções do 9º CONCUT
Combate à terceirização507.A terceirização faz parte de um conjunto de mudanças introduzidas no mundo do
trabalho, especialmente a partir dos anos 90 no Brasil, com o objetivo de reduzir
custos e de flexibilizar as relações de trabalho. Sob o manto da “modernização”,
ela serviu de fato para precarizar as relações de trabalho, promover a piora nos
salários, nos benefícios e nas condições de trabalho e intensificar a jornada e o
ritmo de trabalho, tanto no setor público quanto no setor privado.
508.A terceirização também repercute na arrecadação e financiamento das políticas
públicas, sobretudo as que beneficiam a população trabalhadora como, por
exemplo, a seguridade social - que tem como fonte a previdência social - e as
políticas de habitação, cuja fonte é o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço -
FGTS.
509.A atual composição da classe trabalhadora, mais fragmentada, heterogênea e
com menor
poder de pressão, tem dificultado a organização, mobilização e representação de
trabalhadores pelos sindicatos dos diversos ramos de atividade.
510.Apesar das contínuas deliberações e ações sindicais cutistas, o processo de
terceirização difundiu se aceleradamente em todos os setores da economia. A
ausência de uma legislação geral sobre as relações de trabalho em processos de
terceirização e de uma prática efetiva de negociação sobre o tema, assim como a
ainda precária organização dos trabalhadores(as) terceirizados, contribuem para
que o fenômeno se difunda de forma incontrolável nos setores público e privado, e
nos mais diferentes campos de atividade (indústria, comércio, agricultura e
serviços). Ademais, os atuais projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional
não contemplam as diretrizes estabelecidas pelos Congressos da CUT e pelo
Grupo de Trabalho que atualmente debate e formula diretrizes sobre o tema.
511.Para fazer frente a este processo, a CUT formulou, em período recente, a
seguinte estratégia, estruturada em três eixos:
512.a) organizar os trabalhadores(as) terceirizados, o que implica em discutir itens
como representação de terceiros no âmbito dos ramos de atividade e
enquadramento sindical;
513.b) negociar, em nível de empresa ou ramo, cláusulas sobre terceirização que
estabeleçam o direito à informação prévia, assegurando, no mínimo, o mesmo
patamar de garantias sociais,
trabalhistas e previdenciárias válidas para o conjunto dos trabalhadores(as);
514.c) construir proposta de projeto de lei (um específico para o setor privado; outro,
para o setor público) a ser apresentada ao Congresso Nacional, visando coibir as
terceirizações, impedindo que o trabalho seja utilizado como variável de ajuste
perverso pelas empresas.
515.Assim, a estratégia geral da CUT deverá basear-se em uma visão clara de
combate à terceirização, lutando em todas as frentes – sindical, jurídica,
institucional; articulando, nesse movimento, a luta concreta e imediata contra os
efeitos deletérios da terceirização, assim como a intervenção nos processos de
terceirização visando sua obstrução.
516.Fica indicada ainda nesta estratégia geral a realização de uma Campanha
Nacional contra a terceirização, coordenada pela CUT e articulada com os ramos
de atividade e estaduais da CUT, destacando seus efeitos deletérios sobre a vida
dos trabalhadores e identificando/problematizando os prejuízos causados para a
sociedade.
517.Além disso, é necessário:
518.a) estimular e acompanhar os processos de denúncia, resistência e negociação
em curso nas diversas categorias e ramos da Central;
519.b) aprofundar o diagnóstico e os debates sobre a representação de
trabalhadores(as) terceirizados;
520.c) elaborar, no âmbito do GT de Terceirização, cláusula-padrão para negociação;
521.d) manifestar publicamente nossa posição crítica em relação aos diversos projetos
de lei em tramitação no Congresso, por sua insuficiência ou porque entram em
choque com as diretrizes defendidas pela Central;
522.e) aprimorar a proposta de projeto de lei sobre a terceirização no setor privado,
elaborada pelo GT da CUT, de forma a torná-la um efetivo instrumento de
mobilização e luta dos trabalhadores(as).
523.Com o mesmo propósito, desenvolver proposta de projeto de lei específica para
as relações de trabalho em processos de terceirização no setor público;
524.f ) defender o fim do estágio não curricular e o estrito cumprimento das normas de
fiscalização quanto ao estágio curricular.
Terceirização e Reforma do Estado - Combate à terceirização dos
serviços públicos, da reforma e do modelo de gestão de Estado
525.Vários sindicatos ligados à nossa Central vêm desenvolvendo ações que visam
denunciar e resistir à terceirização dos serviços públicos e da reforma de Estado
que vem sendo efetuada via OS – Organizações Sociais e OSCIPs. Diante do
quadro de precarização x terceirização nos serviços públicos é necessário que o
modelo de Estado seja debatido com os movimentos sociais, problematizando,
dentre outras coisas, a ausência do controle social neste tipo de manobra, os
princípios, a forma de contratação dos serviços, a fiscalização , etc.
526.Não admitir a terceirização no setor público e organizar os trabalhadores para
resistir às estratégias de privatização do Estado, que além de não garantir serviços
adequados à população, ainda coloca em risco o trabalho de milhares de
trabalhadores; defender o concurso público e as políticas públicas;
organizar/representar os atuais terceirizados no âmbito do setor público, são
compromissos a serem incorporados nas estratégias da Central no próximo
período.
Informalidade: organização e políticas de formalização das
relações de trabalho527.A prevalência do trabalho informal em detrimento do emprego regular, com
garantias sociais é, sem dúvida, um dos grandes desafios políticos e institucionais
a serem enfrentados pelos trabalhadores(as) e que exige maior centralidade na
agenda da CUT neste próximo período.
528.Não existe consenso entre os estudiosos sobre a definição e abrangência do setor
informal da economia. No entanto, seja ele considerado sob o ponto de vista das
formas explícitas ou disfarçadas de relações de emprego (trabalho sem registro em
carteira, coopergatas, prestação de serviços, etc.) e/ou do trabalho por conta
própria através de microempresas legalizadas ou não, a informalidade do trabalho
tem gerado sérios problemas sociais e econômicos.
529.A diminuição da arrecadação tributária e previdenciária e suas repercussões nas
políticas públicas de seguridade social; a precarização das condições de vida e
trabalho; a maior fragmentação e heterogeneidade da classe trabalhadora são
algumas das suas graves conseqüências.
530.O trabalho informal a partir da situação dos trabalhadores no mercado de trabalho,
pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, perfaz um
total de 45,4 milhões de trabalhadores(as) informais no Brasil, correspondendo a
58,1% do total de ocupados. Os trabalhadores por conta própria, sem nenhum
vínculo previdenciário, é o grupo mais expressivo dos trabalhadores informais:
26,5% do total de ocupados e 45,5% do total de trabalhadores(as) informais. Os
empregados sem carteira assinada e os trabalhadores(as) domésticos sem carteira
assinada representam, respectivamente, 18,5% (14,4 milhões) e 5,7 (4,5 milhões)
do total de ocupados.
531.Se em outras épocas o trabalho informal poderia ser visto como conjuntural, os
dados acima indicam que cada vez mais vem se tornando mais a regra e menos a
exceção, bem como revelam o enorme número de trabalhadores(as) entregues à
própria sorte, sem garantias ou com garantias mínimas de proteção social.
Indicam, também, que frente à reorganização da atividade econômica mundial na
década de 90, marcada pela crescente centralização e concentração de renda,
trazendo para a classe trabalhadora juntamente com o desemprego a exigência
cada vez maior de especialização, a economia informal acabou se consolidando
como alternativa de sobrevivência, absorvendo um grande número de
desempregados.
532.Em que pese a melhora no emprego formal nos últimos dois anos, mesmo que a
economia crescesse de forma vertiginosa, por diversas razões, não absorveria no
curto prazo os milhares de trabalhadores(as) excluídos dos circuitos formais da
economia. Além disso, é importante considerar que muitos trabalhadores que hoje
possuem pequenos negócios ou microempresas não vêem mais o trabalho
assalariado como alternativa de sobrevivência.
533.Do ponto de vista das mobilizações e organização dos trabalhadores(as) é
importante que o combate às práticas ilegais e de exploração do trabalho, as lutas
por emprego e salário e outras frentes que remetem a relação de emprego, sejam
combinadas com estratégias que possibilitem responder às necessidades e
demandas dos trabalhadores que hoje sobrevivem por meio de esquemas
alternativos de trabalho, a exemplo das ações que a CUT vem desenvolvendo no
campo da Economia Solidária, através da Agência de Desenvolvimento Solidário -
ADS.
534.Cabe observar, no entanto, que ao contrário das experiências desenvolvidas no
campo da Economia Solidária, cuja construção é coletiva e orientada pelos
princípios da autogestão, as estratégias de sobrevivência dos trabalhadores(as) na
economia informal geralmente são individuais e bastante pulverizadas,
incrementando as dificuldades do ponto de vista político organizativo.
535.Apesar das dificuldades, algumas Estaduais da CUT têm conseguido estabelecer
espaços de diálogo com trabalhadores(as) da economia informal, como
ambulantes, motoboys, mototáxis, dentre outros.
536.O enfrentamento dos problemas e a busca de formalização do mercado de
trabalho exigem uma série de medidas. Neste sentido, a Central Única dos
Trabalhadores deve desenvolver no próximo período uma estratégia que envolva:
537.a) desenvolvimento de estudos sobre o trabalho informal, tendo em vista obter um
diagnóstico mais preciso da situação desses trabalhadores(as) no mercado de
trabalho brasileiro;
538.b) realização de diagnósticos sobre as experiências organizativas desenvolvidas
pelo movimento sindical e por outros atores, bem como de políticas públicas
exitosas nas três esferas de governo;
539.c) definição de formas de integração desses trabalhadores(as) na estrutura da
Central, considerando as especificidades de cada uma das ocupações;
540.d) elaboração de propostas no campo jurídico e das políticas públicas (trabalhista,
orçamentária, previdenciária, etc.) que ampliem a formalização e garantam a
proteção social a todos os trabalhadores(as). Extraído das Resoluções do 9º CONCUT
Organização de aposentados e pensionistas541. No 6º Congresso da CNM a resolução aprovada, foi no sentido da contribuição
dos metalúrgicos de todo o país na consolidação do SINTAP, Sindicato Nacional
dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas, orientando a todos os sindicatos
filiados à incluírem em suas direções companheiros aposentados vinculados ao
SINTAP.
542.Outra resolução importante é a de criação dos Comitês Sindicais de Aposentados
na CNM e federações para organizar a intervenção dos aposentados nas lutas
gerais e específicas da categoria.
543.O texto que segue abaixo foi aprovado no 9º CONCUT em junho de 2006, e
incluímos em nosso caderno de textos para contribuir nos debates.
544.“No 5º CONCUT (1994) foi aprovada a Resolução que indicava a criação de uma
Organização Nacional que representasse os trabalhadores aposentados e
pensionistas. Surgiu, a partir daí, um coletivo de aposentados e pensionistas da
CUT que desenvolveram várias ações no sentido de, com a evolução deste
processo, culminar com a criação, em maio de 2000, do Sindicato Nacional dos
Trabalhadores Aposentados e Pensionistas – SINTAP-CUT.
545.Em dezembro de 2004, em São Paulo, o Sindicato Nacional dos trabalhadores
Aposentados e Pensionistas organizou seu primeiro Congresso, que contou com a
participação de dezenas de dirigentes de todo o país, para discutir a defesa da
Previdência Social Pública, a recuperação das perdas dos benefícios e a efetiva
implementação do Sindicato em nível nacional, organizando as estruturas
regionais do SINTAP.
546.Considerando que os aposentados(as) e pensionistas constituem o segmento da
classe trabalhadora que mais cresce em termos absolutos e que este setor da
população amplia a cada dia sua importância política, social e econômica,
recebendo, anualmente, renda aproximada de R$ 90 bilhões.
547.Considerando ainda que em países como a França, Espanha, Alemanha e Itália,
os aposentados e pensionistas estão organizados em sindicatos autônomos
integrados às suas Centrais Sindicais e que é necessário e urgente os
aposentados e aposentadas se organizarem em entidades autônomas, para
lutarem na defesa de seus interesses.
548.Considerando também que dentre os desafios que temos a superar, situam-se as
lutas por:
549.a) Previdência Social Única e Pública, com gestão autônoma, quadripartite
(representantes dos trabalhadores, empresários, aposentados e governo), com
caixa único;
550.b) recuperação das perdas salariais das aposentadorias e pensões e valorização
do salário mínimo para atingir o patamar constitucional federal;
551.c) reajuste dos vencimentos das aposentadorias e pensões, na mesma data e
percentual do reajuste do salário mínimo, além do pagamento imediato dos
precatórios judiciais;
552.d) melhoria do atendimento à saúde pública, principalmente a preventiva, com a
participação ativa dos aposentados e pensionistas e em defesa do Sistema Único
de Saúde – SUS, e barateamento de medicamentos, com distribuição gratuita aos
que se utilizam do SUS;
553.e) defesa do acesso ao lazer e turismo para todos, Reforma Agrária e
solidariedade social e de classe e respeito à cidadania.
554.Hoje o número de aposentados e pensionistas do Brasil aproxima-se de 24
milhões. O atual governo vem implantando uma política de aumento real para o
salário mínimo, mas o mesmo não tem ocorrido com aqueles aposentados ou
pensionistas que recebem acima do piso do salário mínimo. A manutenção dessa
política agravará ainda mais o arrocho de aposentados e pensionistas que
recebem mais de um salário mínimo mensal.
555.A estimativa é de que a continuidade desta política de reajustes fará com que, nos
próximos dez anos, aproximadamente 22 milhões (95%) dos aposentados e
pensionistas estejam recebendo um salário mínimo.
556.Dentro desta conjuntura, o fortalecimento do SINTAP-CUT faz-se cada dia mais
necessário. Neste sentido o 9º Congresso Nacional da CUT decide que a Central:
557.a) a CUT orientará a continuidade da discussão da organização dos aposentados
junto aos sindicatos fi liados e instâncias da CUT e o SINTAP;
558.b) incluirá na pauta da Campanha Salarial Unificada o aumento real dos salários-
benefício;
559.manutenção da política de valorização do Salário Mínimo; criação da Câmara
Setorial dos Aposentados e Pensionistas para formulação de políticas públicas
para o Ramo; estudos para estabelecer um Índice de Custo de Vida para
aposentados, pensionistas e idosos, que recebem mais de um salário mínimo
como beneficio e o pleno cumprimento do Estatuto do Idoso.”
Comunicação560.O Estado brasileiro optou por organizar seu sistema de comunicação de massas
através de um sistema semelhante ao dos EU, como uma curadoria, o Estado
tendo o poder de explorar a comunicação de massa acaba delegando essa
permissão a curadores.
561.Entretanto nos EU a legislação impede que haja a propriedade cruzada de
veículos de comunicação, isto é, que um mesmo grupo empresarial possa ter sob
seu domínio diferentes tipos de veículos de comunicação como TV, jornais e
rádios.
562.Nunca se teve no país uma regulação eficaz, os grupos de mídia no Brasil foram-
se formando a partir da constituição da propriedade cruzada. Jornais estenderam
suas ramificações para a TV, permitindo o surgimento de conglomerados que se
reproduziram em níveis regionais.
563.Isso acaba tornando um sistema perverso de mídia, uma nova forma de
coronelismo, agora um coronelismo eletrônico segundo Venício Lima, em sua
participação no Seminário Nacional de Comunicação realizado pela CNM em 2006.
564.Não mais um coronelismo como o da República Velha, baseado na propriedade
da terra e ligado aos coronéis da antiga Guarda Nacional, que comandavam a
política e a economia nos municípios brasileiros num Brasil eminentemente rural.
565.Hoje temos um coronelismo de novo tipo, um coronelismo eletrônico.
566.No coronelismo clássico havia uma reciprocidade entre o poder público federal e
estadual e as oligarquias locais, de um lado os benefícios e as obras realizadas
com o dinheiro público por parte do governo às localidades de influência das
oligarquias locais, por parte dos coronéis eram os votos, no caso o chamado voto
de cabresto, canalizados pelos coronéis a serviço dos interesses dos governos.
567.A partir de 1988, houve uma descentralização do poder e uma concentração na
utilização da grande mídia, o voto de cabresto dá lugar à manipulação da opinião
pública a partir dos meios de comunicação eletrônica.
568.Hoje a vida política do país é marcada pela visibilidade que a grande mídia dá
para o bem, ou para o mal.
569.Assenhorear-se dessa mídia de massas permite influir na criação da opinião
pública. Os antigos coronéis da República Velha dão lugar aos novos coronéis da
mídia eletrônica, que interferem na criação do senso comum da opinião do
eleitorado e na disputa político partidária.
570.A mídia se transforma no palco em que se dá a disputa político ideológica.
571.Até a constituição de 1988 a concessão de rádio e TV era prerrogativa exclusiva
do poder executivo, a partir da nova constituição o congresso passa a ser co-
responsável por essas concessões.
572.O poder executivo usava as concessões como moeda de barganha política num
jogo de interesses onde o Executivo obtinha o apoio das oligarquias regionais e
locais, uma continuidade das oligarquias da República Velha. Em muitos locais do
Brasil essas oligarquias permanecem, mudam sua forma, mas permanecem.
573.Na Bahia o clã de ACM, no Maranhão a família Sarney, em Sergipe os Franco,
Alagoas os Collor de Melo, no Pará a família Barbalho e no Ceará os Jereissati.
574.Uma característica comum a essas oligarquias é que elas detêm os maiores
grupos de mídia cruzada nesses estados, dominando a TV o rádio e os jornais.
575.A constituição de 1988 permitiu que essas oligarquias perpetuassem essas
concessões a partir do congresso, dando as condições para que elas pudessem
reproduzir a si próprias.
576.É necessário que se crie no Brasil um sistema alternativo de mídia. Os episódios
ocorridos na ultima eleição presidencial dão argumentos consistentes para que a
Esquerda brasileira e o movimento sindical estabeleçam a comunicação de massa
como prioridade para enfrentar os debates ideológicos necessários para as
reformas que queremos.
577.A CNM que se estende por todo o Brasil através de seus quase 100 sindicatos
filiados, tem um enorme potencial de comunicação para um público formador de
opinião que é o ramo metalúrgico, que agrega hoje cerca de 1 milhão de
trabalhadores.
578.Os sindicatos filiados praticam uma política de comunicação que foi objeto de
discussão no 1º Seminário Nacional de Comunicação da CNM, ocorrido em
setembro de 2006 em São Paulo.
579.Nossos sindicatos dividem-se em entidades que possuem Comunicação Própria
Profissional, onde jornalistas são funcionários do sindicato, Comunicação Não
Profissional, onde os próprios dirigentes sindicais produzem boletins ou programas
de rádios locais e Comunicação Profissional Terceirizada, em que os sindicatos
contratam empresas para a produção de sua comunicação.
580.De toda a base de representação dos sindicatos filiados à CNM, 22% dos
trabalhadores da base recebem Comunicação não Profissional, 27% Comunicação
Profissional Terceirizada e 51% recebem Comunicação Própria Profissional.
581. Se considerarmos os sócios, 15% dos associados recebem Comunicação não
Profissional, 24% recebem Comunicação Profissional Terceirizada e 61% dos
associados recebem Comunicação Própria Profissional.
582.Quanto à periodicidade da Comunicação Própria Profissional, menos de 0,4%
recebem comunicação mensalmente, cerca de 25% recebem quinzenalmente e
aproximadamente 75% recebem toda semana.
583.Já os trabalhadores que seus sindicatos praticam uma comunicação terceirizada,
9% recebem comunicação semanalmente, 42% quinzenalmente e 49%
mensalmente.
584.Os trabalhadores que seus sindicatos praticam uma comunicação com
profissionais (terceiros ou não), 16% recebem comunicação mensalmente, 30%
quinzenalmente e 54% semanalmente.
585.Cerca de 4% dos trabalhadores que recebem Comunicação não Profissional,
recebem semanalmente, 33% recebem de forma quinzenal e 63% recebem
mensalmente.
586.No âmbito geral de nosso ramo 5% dos trabalhadores da base recebem
comunicação de seus sindicatos sazonalmente a depender das demandas, 21%
recebem de forma mensal, 29% recebem de forma quinzenal e 45% da base
recebe comunicação de forma semanal.
587.Esses dados relativos ao ano de 2003, apesar de necessitarem uma atualização,
servem de parâmetro para orientar políticas de comunicação para a CNM e seus
sindicatos filiados.
588.A página eletrônica da CNM na internet, www.cnmcut.org.br, completando quase
500 dias de atividade, foi ao ar em 05 de dezembro de 2005 e tornou-se referência
na publicação e pesquisa de assuntos do ramo metalúrgico para trabalhadores,
sindicalistas e imprensa.
589. Funciona como um portal de notícias, reproduzindo os fatos mais importantes do
dia que são publicados na mídia, disponibilizando informações do que acontece
nos sindicatos, federações e na confederação,
590. Além das informações jornalísticas, são divulgados os indicadores dos Setores
realizados em parceria com o Dieese, a agenda de atividades da CNM/CUT, os
AMI's (Acordo Marco Internacional) que existem com empresas instaladas no país,
a reprodução do boletim semanal 'Brasil Metal Internacional', além do
direcionamento para os sites do SindLab, FITIM, CUT e todos os sindicatos e
federações filiados.
591.No dia 8 de maio de 2007, o Portal dos Metalúrgicos bateu o recorde de acessos
em um único dia. Foram 1.247 usuários únicos que acessaram o site em um
período de 24 horas. O serviço de contagem foi implantado, em 8 de outubro de
2006. Desde então, o site da CNM/CUT já obteve 163.740 acessos de usuários
únicos.
592.Para entender tamanho crescimento, a CUT nacional divulgou em fevereiro seu
recorde de acessos ao Portal do Mundo do Trabalho, com 113.631 acessos únicos
no mês. A CNM/CUT obteve no mesmo período, 20.064 visitantes, o que
representa o equivalente a 17,65% dos acessos do maior site sindical do país.
593.Se atualizarmos os números para a freqüência realizada no site da CNM/CUT
para o mês de março, o acesso ao portal dos metalúrgicos representaria 24,24%,
da CUT. O equivalente a 25% do índice da Central.
594.Entre outubro de 2006 e Maio de 2007, o crescimento de acessos diário foi de
256,48%.
595.O número de page views (número de páginas visualizadas por visitante único) no
site também cresceu.
596.Entre outubro de 2006 e Maio de 2007, o site da CNM já contabiliza 406.063 page
views, com uma média diária de 1.804,72 acessos/dia. E os hits (visualizações
repetidas de uma mesma página por todos os usuários) no site da CNM chegam a
3.077.292 Uma média de 13.676,85 hits por dia.
597.O constante crescimento de acessos e a repercussão das notícias publicadas
nestes quase 18 meses de atividade mostram o poder de comunicação que a
internet abrange em todo o mundo e torna a categoria mais conhecida e forte não
só no Brasil, mas nos diversos países que freqüentam diariamente o Portal dos
Metalúrgicos.
598.Devido ao grande volume de notícias e indicadores, a CNM/CUT planeja
remodelar o site, que já não suporta a demanda e, por isso, não tem mais
capacidade de publicar todo o material que recebe diariamente. Há a intenção
ainda de se criar redes com os comitês de fábrica, departamentos de imprensa de
cada sindicato e a federação para que trabalhem de forma integrada na captação,
distribuição e publicação de notícias, fazendo dos metalúrgicos uma categoria mais
unida e forte em todos os meios de comunicação.
599.Entretanto, as experiências de comunicação desenvolvidas pelo sindicalismo não
devem se limitar a atividades isoladas e desconexas, é preciso articular as diversas
experiências para que se obtenha sua maior potencialidade.
600.Exemplo disso é a concretização da Revista do Brasil com uma tiragem de 300mil
exemplares entregues na residência de trabalhadores sindicalizados.
601. Objetivando uma tiragem semanal e ser vendidas em bancas, a Revista do Brasil
é a materialidade de uma imprensa a serviço dos trabalhadores.
602.Sua importância para a luta pela democratização dos meios de comunicação foi
sentida quando a Direita conseguiu barrar a publicação durante a campanha
eleitoral de 2006.
603.Já as outras revistas circulavam livremente apesar de atacarem intensamente a
imagem do então candidato Lula.
604.Esse episódio demonstra que apesar da avalanche de notícias veiculadas de
modo a diminuir a popularidade do candidato da Esquerda, foi possível dar
respostas aos trabalhadores, mas de um modo difícil e ainda longe da abrangência
nacional que queremos.
605.Nossos jornais sindicais ajudam, nossos sites também, mas ainda é tarefa do
movimento sindical possuir um veículo de comunicação de massa para dar um
equilíbrio ao debate ideológico que a Direita nos impõe diariamente nas telinhas de
nossas salas.
Juventude.
606.Com a criação de sete milhões e meio de empregos com carteira assinada este
governo credencia-se como experiência histórica para a Esquerda Brasileira.
607.De maneira inédita a classe trabalhadora assume papel de protagonista de sua
história dando um diferencial para a sociedade contra a política neoliberalizante
dos governos passados, entretanto essa retomada da geração de empregos e do
crescimento da economia não consegue atingir de maneira satisfatória a juventude
brasileira.
608.Segundo a PEA (População Economicamente Ativa), mais de 50% da massa de
desempregados atualmente é constituída por jovens entre 14 e 29 anos.
609.De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego as economias solidárias que
se constituíram a partir deste governo, como uma forma alternativa à especulação
do grande capital financeiro, são em mais de 80% destinadas à qualificação /
formação profissional, em um universo no qual apenas 4% dos jovens ficam com o
total de seus rendimentos, ou seja, não compõem a renda familiar.
610.Mesmo com a iniciativa do Governo Federal em construir Universidades Públicas
e de desenvolver programas como o Pró-Uni visando diminuir a dívida social que o
Estado Brasileiro tem com sua população, o sucateamento do Sistema de Ensino
Público ocorrido em quase 10anos de administração Tucana Peefelista(hoje DEM),
tem os resultados mais assustadores e mais nefastos da história no que se refere à
qualidade de ensino (ex: progressão automática) e garantia da gratuidade dos
serviços (SESI), fazendo parte de uma lógica de mercado que reproduz a
juventude como mão de obra barata, um mercado consumidor em potencial, massa
de manobra para seus interesses, que imersa numa lógica de competitividade e
individualismo extremos e desumanos, reproduz a lógica do “mais forte”
aprofundando cada vez mais a lacuna entre quem tem ensino público e quem tem
recursos para pagar um ensino particular de qualidade e/ou que se dedicam
exclusivamente à sua formação (pois tem renda familiar alta), tendo melhores
condições de inserção dos espaços públicos.
611.Um exemplo claro disso é que mais de 80% dos matriculados na USP são
oriundos do ensino particular e/ou oriundos das classes mais abastadas,
contrariando assim o principio social da entidade. Nas chamadas Fundações
(Autarquias municipais que contam com dinheiro público para sua manutenção) a
exemplo Fundação Santo André, os cursos variam entre 500 reais (Humanas) a
mais de 1300 reais (Exatas), sem levar em conta transporte e toda estrutura
necessária para um bom aprendizado. Como se não bastasse, o que se nota nos
últimos anos na quase totalidade dessas e de outras instituições de ensino, é um
crescente movimento para o fechamento destes cursos para dar lugar à outros que
são mais caros e rentáveis à tais instituições, formando uma “casta” voltada a
competição mercadológica reproduzindo a dinâmica excludente do Capital sem se
preocupar em desenvolver o senso critico social e a “humanização” dos indivíduos,
oferecendo a “educação bancaria” enquanto alternativa.
612.Um dos maiores fatores que empurra a juventude para a criminalidade,
contribuindo assim com o atual quadro de caos urbano, é justamente a falta de
perspectiva e acesso à cultura, ao esporte e ao lazer, conseqüentemente
suprimindo a capacidade do jovem a se socializar/solidarizar, o que leva ao
esquecimento ou ao ostracismo o potencial juvenil, de sua identidade
revolucionária à serviço da construção de uma sociedade mais humana e fraterna.
613.Cada vez mais, com a alegação de melhoria contínua e o avanço dos processos
produtivos, as empresas exigem que o jovem se qualifique profissionalmente,
dando pouco ou nenhum incentivo para que isso se realize, comprometendo
grande parte do ordenado já diferenciado e defasado do jovem, para esse fim.
Importante frisar que cada vez mais os rendimentos dos jovens vêem sendo
fundamentais, quando não exclusivos, na composição da renda familiar.
614.Muitas empresas aproveitam a mão de obra e a expectativa de empregabilidade
dos estagiários ou “treineés” para demonstrar uma das faces mais brutas do
Capital, expondo-os à cargas horárias e ritmos alucinantes sem nenhuma
remuneração ou direito, convênio médico ou alimentação, apenas para terem em
seu currículo o nome da Empresa que trabalhou, na esperança que isso lhe abra
possibilidades no mercado de trabalho.
615.A falta de identidade dos jovens enquanto sujeitos atuantes nos processos
políticos e sociais de nossa nação somada a alienação dos meios de comunicação
que aleijam o senso-crítico e difundem o consumismo e o individualismo, vem se
colocando como um dos maiores entraves na busca de uma consciência coletiva
transformadora por parte da juventude, expondo essa à fisiologismos e interesses
particulares que pouco ou nada contribuem para a melhora efetiva da sociedade ou
para a criação de um arcabouço teórico que balize a prática e as lutas para
mudarmos efetivamente essa sociedade.
Pessoas com Deficiência, Panorama Brasileiro616.Com quase 25 milhões de pessoas com deficiência, o Brasil precisa com urgência
gerar políticas públicas que atendam de fato esta grande parcela da sociedade.
Este montante significa quase 14,5% da população brasileira, conforme o Censo
do IBGE 2000, número bastante expressivo, devendo gerar ações que possibilitem
a participação destas pessoas na sociedade como cidadãs, de direito e de fato.
617.Desta população 15,22 milhões têm entre 15 e 59 anos, ou seja, estão em idade
de atuar no mercado de trabalho formal. Deste total, 51% (7,8 milhões) estão
empregadas. Os homens são maioria, correspondendo 5,6 milhões, contra 3,5
milhões de mulheres trabalhadoras.
618.No quesito rendimentos, os trabalhadores com deficiência sobrevivem com uma
renda mensal de até um salário mínimo.
619.No Brasil, o setor de serviços é o ramo que mais emprega, correspondendo a
31,5%, seguido depois pelas indústrias, empregando 27,33% dos trabalhadores
com deficiência.
620.Uma grande distorção existente no Brasil é em relação ao serviço público, que
está sub-representado, sendo a representação neste setor de 17,63% de
trabalhadores com deficiência.
621.Promover a inclusão das pessoas com deficiência , em todas as esferas da
sociedade e em especial no mercado formal de trabalho é uma obrigação do
Estado e, como observamos nos dados acima, é o que menos contrata. Um dado
interessante é que enquanto estão em desvantagem de empregabilidade no setor
público, as atividades consideradas “rurais” são as que mais empregam, conforme
o Censo de 2000 do IBGE.
622.A baixa escolaridade é um dos principais argumentos usados pelos empregadores
para fechar as portas de acesso ao mercado de trabalho às pessoas com
deficiência, argumento este que facilmente se derruba quando constatamos que
um total 2,6 milhões de pessoas com deficiência possuem o ensino médio e curso
superior completo, não justificando a falta de contratação. De qualquer modo, as
barreiras ao acesso e permanência das pessoas com deficiência no ensino regular
e à formação profissional, precisam ser combatidas enquanto direito fundamental
de todas as pessoas de nossa sociedade.
623.Com a globalização e a reestruturação capitalista - visando aumentar os seus
lucros e seus dividendos - os patrões, estrategicamente, aumentam a sua
produção em escala geométrica, enquanto que a força de trabalho necessária para
fabricar uma enorme quantidade de produtos, nem sequer permanece a mesma,
não ocorrem contratações e muitos postos de trabalho são eliminados, com a
adoção de novas tecnologias.
624.Dessa forma aumenta-se a exploração do trabalho, pelo aumento de sua
intensidade e produtividade, além do aumento da jornada de trabalho, colocando
em risco sua saúde e, por vezes, causando acidentes de trabalho, que quando não
são fatais contribui para o aumento da população com deficiência (é comum
trabalhadores perderem pernas, braços, dedos, etc, no processo de produção).
625.O número de acidentes de trabalho no Brasil que geram deficiências continua
acima da média conforme a OIT – Organização Internacional do Trabalho. Cada
vez mais as empresas, devido ao alto grau de exploração da força de trabalho em
suas linhas de produção, acabam produzindo trabalhadores com deficiência,
mutilando muito mais do que as atuais guerras pelo mundo. Se, por um lado, as
indústrias empregam hoje, 28 mil trabalhadores com deficiência, por outro lado,
elas mutilam cerca de 101 mil trabalhadores em suas fábricas.
626.Sendo assim, se faz necessário e urgente uma ação que envolva o Ministério do
Trabalho, os Sindicatos e Centrais Sindicais, para fiscalizar o cumprimento das
cotas, para amenizar ou pelo menos, compensar as mutilações provocadas na
classe trabalhadora.
627.Se os sindicatos, numa ação nacional, cobrarem o cumprimento da Lei de Cotas,
na negociação coletiva com a classe patronal, nas 10.637 empresas que têm a
obrigação de realizar a contratação, será viabilizado a criação de mais de 527 mil
novas vagas para as pessoas com deficiência.
628.No entanto, não basta apenas cobrar a abertura de vagas, é necessário também
formarmos esta parcela de pessoas com deficiência para atender esta nova
demanda, com a criação de Centros de Formação e Acompanhamento do
Trabalhador com Deficiência, utilizando verbas oriundas das multas das empresas
que não cumprirem a Lei de Cotas, do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e
do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social). Há muita verba nestes
fundos, porém, é necessário força política e pressão do nosso coletivo de
trabalhadoras e trabalhadores com deficiência, para que estas ações inclusivas
sejam implantadas.
629.Outra ação política sindical de inclusão da classe trabalhadora com deficiência,
consiste na ampliação da participação destes trabalhadores nas estruturas dos
sindicatos, nos congressos, seminários, fóruns, encontros, propiciando sempre as
condições de participação, ou seja, tornando os meios e os espaços acessíveis.
630.Da maneira como estão montadas as estruturas sindicais, as pessoas com
deficiência (cadeirantes, cegos, surdos e paraplégicos, principalmente) não
conseguem representações nas instâncias, não por incompetência mais sim por
falta de acessibilidade e condições iguais de competitividade.
631.Por isso, somos a favor da reserva de 5% de vagas dentro do estatuto de cada
sindicato para que trabalhadoras e trabalhadores com deficiência possam fazer a
representação de 7 milhões e 500 mil trabalhadores com algum tipo de deficiência.
632.É notório que este século trás um novo paradigma que deve ser acompanhado
pelos sindicatos e centrais sindicais na questão da inclusão, que devem nortear as
nossas preocupações enquanto dirigentes sindicais, o papel que os sindicatos têm
na cobrança de melhorias nas condições e relações de trabalho e, particularmente,
com a parcela da classe trabalhadora com deficiência que em sua grande maioria
foi gerada de dentro do processo produtivo. Abaixo mencionaremos o novo papel
de política inclusiva que os sindicatos tem que protagonizar neste novo século que
se inicia, conforme recomendações da OIT.
633.Nós, trabalhadores com deficiência reivindicamos na CUT:
634.Promoção de políticas de igualdade de oportunidades para os trabalhadores, tanto
no programa da empresa como nos procedimentos de consultas e negociações,
nacionalmente. As organizações dos trabalhadores devem propor ativamente o
aumento das oportunidades de emprego e formação para pessoas com deficiência,
assim como medidas favoráveis à manutenção do emprego e a reintegração
profissional destas pessoas;
635.Incentivar os trabalhadores com deficiência a se sindicalizarem, assim como
assumirem funções diretivas;
636.Sensibilizar e educar os filiados no que diz respeito às pessoas com deficiência,
por meio de atividades de conscientização e de publicações sindicais, que
exponham as questões relacionadas à deficiência e igualdade de tratamento;
637.Lutar por condições adequadas nos seus locais de trabalho, que garanta:
638. defesa da legislação vigente em matéria de saúde e segurança no trabalho,
introduzindo procedimentos de intervenção e recursos aos serviços competentes
em conformidade com este relatório e, Cooperar com os programas de informação
e prevenção em relação à deficiência, oferecidas pelos patrões e organizações de
pessoas com deficiência, em benefício dos trabalhadores, e também participar dos
mesmos.
639.Promover a introdução de estratégias de gestão dos trabalhadores com
deficiência no trabalho. As organizações devem adotar e aplicar tais estratégias em
benefício do seu próprio pessoal;
640.Sensibilizar os patrões sobre as leis específicas, convênios e suportes
tecnológicos que facilitem o acesso ao emprego das pessoas com deficiência;
641.Estimular os seus membros para cooperarem com os programas de reintegração
profissional desenvolvidos pelos patrões em conformidade com este repertório, a
fim de acelerar o processo.
642.Por fim, estas são metas a serem atingidas pela nossa central neste novo século
e no ceio de nossos sindicatos. 643. Texto debatido no 11º CECUT/SP
A organização Metalúrgica e sua intervenção nas Políticas
Públicas relacionadas à Questão Racial
“Nasci lá na Bahia de mucama com feitor,
o meu pai dormia em cama minha mãe no pisador.” Caetano Veloso
644.O movimento sindical e as organizações da sociedade civil têm procurado intervir
nesse tema, e sua ação tem sido fundamental no sentido de eliminar toda e
qualquer forma de discriminação contra a população negra. Mas existe um espaço
que o movimento sindical tem uma obrigação maior de intervir, pois diz respeito
diretamente a natureza de sua atuação na sociedade – o mercado de trabalho.
645.É praticamente inexistente a negociação coletiva de uma pauta que estabeleça
condições igualitárias de acesso ao mercado de trabalho, de salários e de
promoção, entre outras. Nosso objetivo é iniciar essa trajetória entre os
metalúrgicos, e procurar intervir nesse espaço, que estabelece as regras do jogo, e
que pode concretamente, eliminar discriminações contra a população negra no
acesso ao mercado de trabalho.
646.A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT sempre teve como
preocupação à temática racial. Exemplo disso, são as discussões travadas em
seus congressos que sempre definiram ações concretas e posicionamentos dos
metalúrgicos frente às desigualdades e descriminações raciais. Mas agora, através
de parceria com o Centro de Solidariedade - AFL-CIO, estamos tendo a
oportunidade de consolidar nosso trabalho e dar mais um passo nessa discussão.
647.Para iniciarmos uma discussão sobre a questão racial no Brasil e mais ainda, para
refletirmos sobre seus impactos no mercado e nas relações de trabalho é
necessário que voltemos a origem de nossa pretensa democracia racial. Que
desde de sua origem é falsa por ter se construído tendo como pilar de sustentação
o regime escravista que durante muitos séculos subjugou, explorou e torturou uma
enorme parcela da população que vivia no Brasil.
648.Essa hipocrisia é uma prática política recorrente em nossa história na medida que
as próprias leis que deveriam nos beneficiar, são criadas dando direitos ou que na
prática já estavam conquistados ou que efetivamente não saem do papel,
promovendo apenas a desarticulação de movimentos reivindicatórios.
649.Quase metade dos africanos escravizados veio para o Brasil, cerca de quatro
milhões em um espaço de trezentos e vinte anos. Dentro desse longo período
existiram diversas formas de luta: resistência individual, as insurreições urbanas e
o quilombismo.
650.O Quilombo dos Palmares (AL) chegou a abrigar 200 mil pessoas, no período de
1595 a 1695.
651.As resistências individuais também tiveram papel fundamental na luta contra
escravidão, havia recusa no cumprimento das tarefas exigidas, suicídios e até
assassinatos de filhos seguidos de suicídio da mãe.
652.Essas lutas nasceram em função dos maus tratos e da excessiva exigência de
tarefas. Um dado interessante é bastante ilustrativo do nível a que chegava a
exploração, o tempo de trabalho máximo que um negro resistia era de 20 anos. Em
geral, a vida útil de um escravo era de 7 a 10 anos, devido ás altas taxas de
mortalidade ocasionadas pelas condições de trabalho, o tempo diário de trabalho
era de 14 a 16 horas.
653.A luta dos negros, na época da escravidão, era tão proeminente que a Lei Áurea
libertou apenas 20% dos negros, pois a esmagadora maioria já havia conseguido a
liberdade por meio da lutas, quer em forma de fugas ou meios legais.
654.Após a abolição, imigraram para o Brasil, no período de 1871 a 1982, cerca de
3.400.000 europeus. A chegada desses imigrantes coincide com início da exclusão
da mão-de-obra negra, que até em então levou sobre seus ombros toda a
produção do país. A elite brasileira decidiu que o negro não servia mais para
trabalhar em suas lavouras, restando apenas os trabalhos mais precários e mal
remunerados.
655.No início do século 20, apenas 10% dos trabalhadores nas industrias eram
negros. Este dado é ainda mais gritante se levarmos em conta que metade dos
trabalhadores brasileiros naquela época eram negros ou tinham ascendência
negra.
656.A lógica da dominação tenta a todo o momento colocar o negro na lata de lixo da
sociedade brasileira. Esta lógica acabou naturalizando um discurso racista, levando
a crer que o negro nasceu para viver na miséria, como se houvesse uma
superioridade do branco.
657.Alguns dizem que racismo no Brasil não existe, que preto quando se esforça sobe
na vida tanto quanto qualquer um. Não podemos cair em mais esta armadilha,
sabemos que as condições sempre estiveram desfavoráveis e em um país com
uma legião de miseráveis e desempregados os negros são sempre maioria nesses
grupos.
Mulher/Gênero
658.Não parece possível discutirmos os diferentes aspectos da questão racial no
Brasil, sem voltarmos nosso olhar por alguns instantes à condição feminina.
659.Se for óbvio que a prática discriminatória produziu uma cidadania hierarquizada,
as mulheres estão no ponto mais baixo dessa hierarquia tendo sempre menores
salários do que os homens, no caso das mulheres negras, tendo menores salários
que os homens sejam eles brancos ou negros e tendo um menor salário que as
mulheres brancas.
660.No caso do acesso à educação, nosso próximo assunto, as mulheres representam
51,3% com mais de cinco anos de idade e 50,5% dos(as). Entre as mulheres
negras, devido à dupla discriminação (gênero e raça), a situação é muito mais
grave. Entre as pessoas não-alfabetizadas acima de 40 anos, as mulheres negras
representam mais do que o dobro das mulheres brancas.
Educação
661.As diferenças raciais no Brasil refletem uma discriminação que vem de longa data.
Alguns dados são bastante ilustrativos desta condição:
662.A diferença de anos de estudos que tem se mantido estável ao longo do tempo,
os negros não conseguem alcançar mais do que 70% da média de anos de estudo
dos brancos;
663.A taxa de analfabetismo que mesmo com uma redução significativa ao longo dos
anos, continua sendo 10% maior entre os negros.
664.Nos últimos anos, apesar de tênue diminuição na desigualdade entre brancos e
negros, as perspectivas de progressão e desempenho dos negros são menores.
665.Podemos pensar que os alunos negros são oriundos de país com menos
escolaridade que os pais dos alunos brancos, o que condicionaria seu
desempenho escolar. No entanto, existe um agravante para este quadro: “A maior
parte do diferencial racial pode ser atribuída à discriminação na escola,
constataram que mesmo se os negros tivessem a mesma origem social dos
brancos, a diferença de escolaridade ainda se manteria em 2,27 anos de estudas
em favor dos últimos, o que comprova a tese de estudiosos do tema, sobre o ambiente escolar formal como reprodutor contumaz de desigualdades sociais.”(II congresso nacional Unegro, 2003, p.10)
Segurança /dados sobre a violência
666.Ao tratarmos de assuntos relacionados a segurança, não é difícil pensarmos em
como o negro é extremamente afetado pela violência. Talvez uma das faces mais
chocantes da discriminação é a violência sofrida pelos negros por parte dos
aparelhos legais responsáveis pela manutenção da segurança e da ordem. Ordem
esta que tem estado muito desfavorável não apenas para os negros, mas também
para todos marginalizados, entre eles mulheres, migrantes e homossexuais.
667.O negro é alvo preferencial da Polícia Militar e dos grupos de extermínio. Das
crianças e adolescentes mortas por grupos de extermínio, 70% são negras. Entre
as vítimas da Polícia Militar de São Paulo, 48,14% são negros, embora a maioria
dos indiciados em inquéritos judiciais seja de brancos (68% nos casos de assalto,
65% nos casos de homicídios e 68% nos casos de estupro).
668.O perfil social das vítimas da PM e dos grupos de extermínio de crianças e
adolescentes coincide no essencial: além de negros são pobres, moradores da
periferia e renda inferior a um salário mínimo.
669.De 1970 a 1972 a PM matou cerca de 8000 pessoas, sendo 51% negros. Esses
números são ainda mais alarmantes se considerarmos que nessa época, segundo
o IBGE, os negros somavam 25% da população.
670.A ação da polícia e dos grupos de extermínio não deve ser vista de forma isolada,
ela tem sido um instrumento de controle de todos aqueles que se encontram à
margem do sistema, como negros, pobres, trabalhadores, jovens e moradores da
periferia.
Mercado de Trabalho
671.“Esse imaginário social sobre negros certamente influencia a avaliação do seu
potencial e o julgamento de suas habilidades, colaborando com a definição do
lugar que ocupam no trabalho”.
672.Os estereótipos, como os preconceitos, desempenham uma importante função na
área do trabalho: a de manter a ideologia do grupo que está no poder, ‘explicando
e justificando’ as diferenças de tratamento.”(REVISTA latino-americana de estudos
do trabalho, 1999, p.125)”.
673.Se nos atentarmos a alguns números, veremos que os trabalhos realizados por
negros são os menos remunerados e com as piores condições de trabalho, pois,
teoricamente são funções que não exigem superioridade técnica e intelectual
como: serviço informal, trabalhos domésticos, construção civil e agricultura.
674.Outra taxa que confirma a discriminação no mercado de trabalho é a do
desemprego. Segundo o DIEESE, o maior número desempregados está entre os
trabalhadores com ensino fundamental incompleto, já para os trabalhadores
negros, as taxas são elevadas em todos os graus de escolaridade.
Trabalho, emprego e renda
675.No que se refere à renda, dentro da mesma qualificação, o salário dos negros é
70% do salário do branco.
676.De acordo com o CEERT – Centro de Estudos das Relações do Trabalho e
Desigualdades, pelo menos seis em cada dez casos de discriminação racial
registrados em delegacias de São Paulo são de discriminação no trabalho,
especialmente nos processos de admissão e demissão.
677.Negras e negros, quando empregados, ocupam os piores postos de trabalho. E
mesmo que tenham o mesmo nível de estudo, ainda assim a remuneração é
menor.
Governo e sociedade
678.Uma das maiores preocupações apontadas pelo novo governo são as
desigualdades sociais e econômicas, dentre elas a questão racial tem um destaque
importante.
679.O Brasil é o país que conta com a maior população negra fora da África. Entre a
população pobre, 64% é negra e entre os indigentes o número chega a 69%.
Aqueles que estão empregados, a maior parte encontra-se entre os empregos mais
precários e com menores rendimentos.
680.Esse quadro é fruto um processo histórico de quatro séculos de trabalho sob o
regime de mão-de-obra escrava e que mesmo com a abolição da escravidão não
foi revertido.
681.Levantamento de Negociações, Resoluções de congressos sobre a questão racial
682.Para qualquer discussão acerca das políticas públicas é importante conhecermos
o conceito ação afirmativa.
683.Ação afirmativa é um conjunto de ações discriminatórias positivas que partem do
reconhecimento do racismo, da própria discriminação racial e da desigualdade de
oportunidades visando combater e eliminar estas práticas dentro da sociedade.
684. A ação só pode ser considerada afirmativa se for completa, explica-se: se houver
uma política compensatória sem medidas preventivas, estaremos eternizando a
compensação e a discriminação positiva sem criar mecanismo que possam
eliminar a causa, daí o caráter positivo torna-se negativo a medida em que mantém
um círculo vicioso que só serve para alimentar o oportunismo.
685.As políticas públicas devem ser amplas e conter medidas de solução imediatas e
soluções de longo prazo como a eliminação dos focos de racismo e discriminação,
garantindo que gerações futuras não mais necessitem de políticas compensatórias
ou reparatórias para terem acesso à educação, saúde, moradia e emprego/renda
dignos.
686.São necessárias ações (medidas) preventivas que visem combater as causas da
discriminação, ou seja, qualquer política compensatória ou reparatória só pode
existir em conjunto com medidas preventivas (políticas públicas) que visem
erradicar a pobreza e a discriminação.
687.No Campo da educação, lutar pela reformulação da política de ensino no sentido
de se construir novos conteúdos nos livro didáticos e nos currículos escolares sob
o ponto de vista dos negros e negras e demais trabalhadores e trabalhadoras
explorados.
As organizações sindicais devem ampliar sua preocupação com a política interna
no mercado de trabalho, garantindo o direito de ir e vir do trabalhador, extinguindo
a discriminação salarial de gênero e raça.
688.Proposta de ação
689.Multiplicar a discussão apresentada para os coletivos estaduais por meio de
seminários e debates, assumindo a bandeira contra discriminação.
formação para aprofundar o tema, resgatando a história dos negros, multiplicando
este seminários para os Estados; Sem duvida a política de reparações e as ações
afirmativas podem ser úteis como elemento tático para a construção de uma nova
sociedade. No entanto, temos na OTI - Organização Internacional do Trabalho, um
grande instrumento de luta.
690. A Convenção 111 da OIT (anexo I), que trata da igualdade de oportunidades e
tratamento em matéria de emprego e ocupação, não apenas proíbe o Estado de
discriminar, mas principalmente estabelece medidas positivas que devem ser
adotadas para promover a igualdade de oportunidade e tratamento. Determina que
o combate das práticas discriminatórias deve partir do Estado, cabe a ele a
implementação de políticas que combatam as discriminações.
691.Resoluções do congresso da CUT sinalizam a linha política que devemos adotar
no combate a discriminação racial, por meio da conscientização e informação,
cobrando do Estado as medidas cabíveis.
692.Destacam-se algumas destas resoluções:
693.- Participar das comissões e conselhos tripartites que desenvolvam o tema racial;
694.- Propor mudanças no papel e na organização do ensino técnico e
profissionalizante no país;
695.- Realizar atividades (seminários, conferências) em âmbito estadual e nacional
sobre negros, educação e mercado de trabalho; - As escolas de formação sindical
da CUT deverão capacitar os conselheiros com o tema da discriminação racial;
696.– As escolas de formação sindical da CUT deverão incluir a temática racial em
todos os cursos destinados aos conselheiros, formadores e dirigentes, observando
as elaborações e sistematizações feitas por sindicalistas que militam neste tema;
697.- Propor que a CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação
e a CUT pressionem o MEC – Ministério da Educação e Cultura - objetivando
garantir o debate sobre educação e relações raciais;
698.O movimento sindical não tem apenas a tarefa de denunciar, mas o compromisso
de apresentar propostas, introduzir questões raciais e de preconceito nas pautas
reivindicatórias e de reunião de diretoria e pauta do contrato coletivo. E o dever de
lutar pela implementação das mesmas.
699. “Com este conjunto de propostas não queremos incentivar a competitividade
entre negros e brancos, entre homens e mulheres. Ao contrário, o nosso objetivo
central é fazer com que a discriminação injusta, que durante tantos anos vem
dificultando a ascensão social da população negra, seja eliminada, e possamos ter
uma sociedade mais justa e igualitária”.(CONCUT, V)
700.políticas públicas (aquelas que tem caráter universal e atinge toda a população),
políticas sociais (de natureza corretiva, paliativa e compensatória, portanto,
focalizada, mas sem recorte de raça ou gênero, por exemplo) e ações afirmativas
(de natureza corretiva, paliativa e temporária, mas também focalizada).
701.as políticas afirmativas partem do pressuposto que as políticas publicas não são
suficientes, já que alguns grupos não se encontram no mesmo patamar, e
conseqüentemente, não existe igualdade para desiguais.
702.As ações afirmativas não se restringem às cotas. São metas temporárias para
“correção” de uma situação de discriminação. Elas permitem estabelecer um
espaço de disputa de poder.
703.três matrizes fundamentam a produção e reprodução do preconceito. A primeira
delas é a Judaico Cristã, que apresenta, a partir da religião, justificativas para a
suposta inferioridade da raça negra, por exemplo, sobre a marca imposta a Caim
por ter matado seu irmão Abel.
704.Outra matriz, a biológica, que apresenta justificativas inerentes ao organismo
humano que definem as diferenças raciais, características que supostamente
interferem no desempenho, no intelecto, etc.
705.Por fim, a matriz social, de que determinados grupos, no caso, raças, são mais
aptas para determinados tipos de atividades, o negro é bom para musica, sexo, é
movido pela emoção e não pela razão.
706.A partir dessas matrizes podemos observar que raça é uma construção social, e
não biológica. Mas como desconstruir essa noção?
707.Temos ainda que combater o racismo institucional. A televisão, a propaganda,
reproduz os conceitos de beleza que negam as características negras como
padrão estético. Certos canais de televisão, como a Record, discriminam
abertamente as religiões de descendência africana.
708.As organizações populares e sindicais muitas vezes não se atentam para as
questões da população negra, como por exemplo, a luta pelo reconhecimento das
comunidades Quilombolas e a necessidade de apoio para esse combate.
709.A proposta é construir o debate na sociedade civil organizada e na sociedade em
geral, o debate das cotas, nesse sentido, tem provocado muita discussão, o
problema é que muito mais através dos meios de comunicação, que sempre
desvirtuam a luta dos trabalhadores e dos movimentos sociais.
710.A discriminação do negro no mercado de trabalho, demonstrando que alem de
salários menores, o negro está nas piores ocupações, e também é a maioria entre
os desempregados.
711. O sindicato tem o dever de agir em todas as ações que caminhem para a
eliminação da discriminação racial, mas que tem obrigação ainda maior de intervir
quando se trata do mercado de trabalho, pela sua própria natureza.
712.Para desconstruir os preconceitos, nesse sentido, muitas ações alem das cotas
devem ser desenvolvidas.
713.Ainda temos dificuldade em pensar qual e a pauta dos trabalhadores para esse
tema? Qual as cláusulas que poderiam ajudar a eliminar a discriminação racial no
local de trabalho, no acesso a melhores postos, a treinamento.
714.Outra questão é que esse tipo de negociação precisa de estratégias de
organização e de argumentação diferentes das utilizadas em negociações de outro
tipo, por exemplo, nas negociações salariais.
715.O fortalecimento da unidade da classe trabalhadora, compreendida como grupo
social que se forja a partir da sua condição econômica e de trabalho, passa
necessariamente pela construção da sua identidade como classe, que não significa
a negação das suas diferenças físicas e biológicas (que é da natureza humana),
mas pelo enfrentamento das desigualdades resultantes da construção social
influenciada por um determinando tipo de modo de produção (capitalista) que se
reflete na organização do conjunto da sociedade.
716.Compreendendo que a acentuada desigualdade entre brancos e negros é fruto de
uma construção social que buscou eliminar a presença significativa dos negros no
processo de formação da sociedade brasileira, constituindo-se, portanto, em uma
problemática estrutural do nosso país, que demandou uma ação específica do
movimento sindical.
717.Portanto, faz-se necessário que os sindicalistas da CNM/CUT participem dos
fóruns criados não só na Central, mas também nos diversos espaços institucionais
das entidades comprometidas com a nossa luta.
718.Incorporando em suas resoluções as reivindicações dos militantes sindicais que
atuam no combate à discriminação racial, com o intuito de fortalecer esta luta como
uma luta do conjunto da classe trabalhadora.
719.A CNM/CUT como etapa preparatória deste Congresso, iniciou uma tomada de
informações para que em seu cadastro possam constar dados importantes sobre
as diversas bases dos sindicatos filiados.
720.Nesse novo cadastro estamos solicitando informações quanto ao número de
negros e não brancos na base de cada sindicato filiado.
721.Entretanto, os sindicatos não tem disponíveis essas informações, essa dificuldade
traduz a necessidade dos sindicatos, federações e a própria CNM/CUT em
desenvolver um mapeamento sobre o perfil dos trabalhadores do ramo metalúrgico
que trate também sobre a questão racial.
722.Reconhecida oficialmente como um novo órgão da CUT durante a realização do
5º Congresso Nacional em 1994, a Comissão Nacional Contra a Discriminação
Racial - CNCDR tem contribuído para a consolidação de políticas que visam
discutir o trabalhador e a trabalhadora na sua plenitude, considerando as
especificidades existentes no interior da classe. A tarefa da CNCDR tem sido a
busca da igualdade, respeitando sempre a diversidade. Nesse período, a
Comissão cumpriu um papel importante nas discussões de Políticas Públicas de
Promoção da Igualdade Racial, participando efetivamente de espaços e fóruns de
debates públicos, envolvendo várias temáticas, como educação, saúde do
trabalhador(a), crianças e adolescentes e orientação sexual.
723.Outras ações desenvolvidas pela CNCDR, como a participação em atividades da
Organização Internacional do Trabalho - OIT sobre Gênero, Raça, Pobreza e
Emprego; a discussão de políticas de qualificação para as trabalhadoras
domésticas; o debate sobre a reforma sindical e sobre o salário mínimo, demonstra
a necessidade de manter e aprimorar a transversalidade da discussão racial nas
políticas gerais da Central. Além disso, as ações com as entidades do movimento
negro e social que discutem a questão racial, como a mobilização da Marcha
Zumbi + 10, tem possibilitado o fortalecimento da relação da CUT com essas
entidades.
724.Para avançar em nossa estratégia e intensificar as lutas pela superação das
desigualdades e pela busca da cidadania para os trabalhadores(as) negros e
negras, a CUT decidiu em seu 9º congresso nacional em ampliar o conhecimento
do movimento sindical cutista sobre as relações raciais, especialmente sobre a
discriminação no mercado de trabalho, suas causas e implicações em todos os
âmbitos, sensibilizando e envolvendo um maior número de sindicatos em torno da
participação nos Coletivos Estaduais Anti-racistas, assim como realizar Encontros
Estaduais de Sindicalistas Antiracistas.
725.Também definiu investir no processo de formação cidadã, voltada para a
capacitação de dirigentes e lideranças sindicais na perspectiva da transversalidade
dos temas relativos às questões raciais nas discussões de políticas públicas e
sindicais.
726.Assim como formular e propor cláusulas nos acordos coletivos que contribuam na
superação da discriminação e das desigualdades entre trabalhadores e
trabalhadoras, brancos e negros e exigir das empresas o perfil de seus
empregados, levantando entre outros dados, o gênero, salário, nível de
escolaridade, a raça/cor, função e a posição que ocupa na família.
727.O congresso da CUT nacional também aprovou resolução no sentido de
assegurar o acompanhamento pelas organizações dos trabalhadores, durante todo
o tempo em que transcorrer a levantamento do perfil dos empregados nas
empresas e lutar pela implementação de políticas públicas no plano federal para a
população negra, intervindo em licitações e concorrências publicas,
financiamentos, licenciamentos, subsídios, funcionamentos, licenças de exportação
e nas atividades de licença do governo ou aval.
728.Que haja um compromisso explícito na contratação de mão-de-obra negra e a
ausência do trabalho infantil, pela Implementação do Programa Nacional de
Anemia Falciforme nos Estados e Municípios da Federação; implementação da
Convenção da ONU sobre Eliminação da Discriminação Racial no Ensino;
assegurar o acesso da população negra a cursos profissionalizantes e ao sistema
educacional, garantindo na educação integral o tema racial; implementação das
Convenções 111,105,29 e a 100 da OIT; pesquisa científica, visando detectar as
conseqüências e impactos sofridos pelos trabalhadores negros e negras, tendo em
vista as transformações que vêm ocorrendo no mundo do trabalho; contemplar a
diversidade de raça e gênero nos anúncios dos meios de comunicação, outdoors,
etc., quer na linguagem falada, escrita, imagem e/ou outros;
729.Igualmente aprovada a resolução de promover debates entre o Governo e
entidades organizadas, institutos de pesquisa, parlamentares, juristas, para a
concepção correta dos diferentes tipos de cor (no que se refere à descendência),
como objetivo de suprimir o termo pardo/parda bem como articular com os órgãos
competentes a inclusão de “nota explicativa” nos dicionários sempre que houver
palavras que promovam a perpetuação da ideologia racista e sexista através da
linguagem, bem como a supressão das mesmas nos livros didáticos;
730.Estreitar a relação com o Movimento Negro e o Movimento das Mulheres e atuar
conjuntamente com os órgãos de defesa da criança e do adolescente,
principalmente no que diz respeito ao trabalho infantil, onde se insere a maioria das
crianças e adolescentes negros.
731.Propostas de ações junto ao governo:
732.Pressionar para a manutenção e tratamento adequado do quesito “Cor” na Rais e no
Caged;
733.Inserir nos programas de vereadores e prefeitos de esquerda as propostas para
erradicação das desigualdades;
734.Ações Gerais
735.Apoiar outras categorias e movimentos com maior dificuldade de expressão, como por
exemplo, as/os trabalhadores domésticos;
736.Participar do Seminário promovido pela SEPPIR sobre saúde e raça, em agosto;
737.Organizativas
738.Formação do CNCDR/CNM, tendo como Coordenador Lorenço, STIM Campinas, SP;
739.Reproduzir as discussões realizadas no seminário para a diretoria dos sindicatos;
740.Manter uma regularidade de matérias sobre o assunto nos jornais das entidades sindicais;
741.Propostas
742.Incluir nas pautas de negociação (e procurar em um ambiente de livre negociação criar
pauta própria), cláusulas que garantam a igualdade de oportunidades;
743.Negociar proposta de cotas nas empresas: nos treinamentos e cursos de formação e na
contratação por função.
744.Sugestões:
745.Coletivo realizar reuniões nos estados. Reproduzir o seminário nas regiões
746.Trocar informações permanentemente sobre o tema
747.Realizar um seminário sobre historia da África
748.Incluir o tema como plano de lutas dos sindicatos e estruturas sindicais
749.Garantir cotas de mulheres nas atividades
750.Manter comunicação com os estados/fem's sobre o andamento do tema
751.Criar condições para negociação do tema
752.Reproduzir essa discussão nos sindicatos
753.Realizar seminários com outras categorias
754.Divulgar as iniciativas do coletivo
755.Envolver CUTs estaduais nessa discussão
756.Ações junto ao governo:
757.Pressionar para a manutenção e tratamento adequado do quesito “Cor” na Rais e no
Caged;
758.Inserir nos programas de vereadores e prefeitos de esquerda as propostas para
erradicação das desigualdades
759.Ações Gerais:
760.Apoiar outras categorias e movimentos com maior dificuldade de expressão, como por
exemplo, as/os trabalhadores domésticos;
761.Participar do Seminário promovido pela SEPPIR sobre saúde e raça, em agosto;
762.Organizativas:
763.Formação do CNCDR/CNM, tendo como Coordenador Lorenço, STIM Campinas, SP;
764.Reproduzir as discussões realizadas no seminário para a diretoria dos sindicatos;
765.Manter uma regularidade de matérias sobre o assunto nos jornais das entidades sindicais;
766.Propostas:
767.Incluir nas pautas de negociação (e procurar em um ambiente de livre negociação criar
pauta própria), cláusulas que garantam a igualdade de oportunidades
768.Negociar proposta de cotas nas empresas: nos treinamentos e cursos de formação
e na contratação por função.
Trabalhadores Não Manuais769.Durante o 6º Congresso da CNM em junho de 2004, foi aprovada uma resolução
para que se criasse um grupo de trabalho no intuito de propor ações de
organização para os trabalhadores técnicos e não manuais.
770.Logo após o nosso congresso, a CNM participou do seminário organizado pela
FITIM “A sindicalização dos trabalhadores não manuais – a perspectiva da América
Latina”, realizado em 2-3 de setembro de 2004, no Rio de Janeiro.
771.Nesse evento, os participantes definiram a elaboração de um caderno com os
informes dos países feitos durante o seminário e a aplicação de um questionário
para todos os países membros da FITIM na América Latina, com o objetivo de
conhecer melhor o perfil desse trabalhador e as ações de cada país; e estabeleceu
o compromisso de cada país participante com a definição de um plano de trabalho
próprio.
772.Os participantes da reunião levantaram alguns pontos que devem ser
considerados quando pensamos em organizar esses trabalhadores:
773.Os trabalhadores não-manuais/mensalistas, possuem salários mais altos, e o
percentual de desconto para sócios acaba ficando muito alto, a reivindicação é de
que exista um teto;
774.Nos Acordos e Convenções Coletivas existe teto para os reajustes salariais e os
mensalistas sempre acabam com reajustes bem menores, o que ao longo do
tempo faz com que tenham seus salários reduzidos;
775.Os sindicatos não dão a devida atenção para as questões relacionadas às
condições de trabalho dos não-manuais, como por exemplo, a questão das horas
extras. Pela proximidade da chefia e o isolamento no posto de trabalho esses
trabalhadores acabam sendo obrigados a realizar horas extras e muitas vezes sem
remuneração ou compensação;
776.A qualificação profissional é um ponto muito importante para esses trabalhadores.
Os sindicatos deveriam pensar em negociar com as empresas o aumento das
bolsas de estudo/cursos e também os requisitos para seu preenchimento, pois
serve de moeda de troca para a chefia pressionar os funcionários;
777.Os benefícios oferecidos pelos sindicatos também não atraem esses
trabalhadores. A sugestão de muitos deles é, por exemplo, de estabelecer
convênios internacionais para cursos de língua. Durante a reunião foi proposto
entrar em contato com a CAW/Canadá e discutir a possibilidade de um convênio
para esse tipo de curso.
778.A partir das discussões ficou estabelecido um plano de trabalho baseado na
elaboração de um questionário para melhorar os dados que possuímos sobre os
trabalhadores não-manuais e para levantar as iniciativas realizadas pelos
sindicatos para organização desses trabalhadores.
779.Elaborar também uma carta para os sindicatos, ressaltando a importância de
implementar iniciativas para organização desse grupo de trabalhadores que foi
enviada junto com o questionário.
780.Entretanto, nenhum sindicato enviou os questionários respondidos, isso aliado às
questões conjunturais e estruturais da CNM, resultou na paralisação do processo.
781.Essa paralisia da ação não permitiu a implementação de uma campanha nacional
de sindicalização específica para esses trabalhadores e estabelecimento de um
plano de trabalho mais detalhado.
782.Para não perdermos a oportunidade reproduzimos abaixo o teor do questionário
enviado às entidades sindicais filiadas:
1. Nome do sindicato (Cidade e Estado):............................................................................................................................................................................................................................
2. Qual o número de trabalhadores desse Sindicato?............................................................................................................................................................................................................................
3. Qual o número de trabalhadores sindicalizados desse Sindicato?............................................................................................................................................................................................................................
4. Qual o número de trabalhadores não manuais?............................................................................................................................................................................................................................
5. Qual o número de trabalhadores não manuais sindicalizados?............................................................................................................................................................................................................................
6. Em sua avaliação, porque os trabalhadores não manuais estão distantes do sindicato?........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
7. Existem empresas em que estes trabalhadores estão mais concentrados? Quais?............................................................................................................................................................................................................................
8. Quais são as principais questões/reivindicações apresentadas por esses trabalhadores? Cite três.........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
9. O sindicato tem realizado alguma ação para aproximar esses trabalhadores do sindicato? Quais?........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
10. Em sua avaliação, como o sindicato deveria atuar para melhor atender as expectativas dos trabalhadores não manuais? Cite exemplos.
.....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
.........................................
783.O 7º Congresso da CNM/CUT tem portanto, tarefa importante para a organização
desses trabalhadores, retomar de onde paramos e estabelecer políticas específicas
que atendam às demandas do movimento sindical para com esses companheiros e
companheiras.