anÁlise da evoluÇÃo do teto de mÉdia e alta complexidade ... · 2 artigo: evolução do teto de...

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Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Odontologia de Piracicaba SERGIO LUIZ DA COSTA ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE BRASIL NO PERÍODO DE 2010 A 2014 PIRACICABA 2017

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Page 1: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Odontologia de Piracicaba

SERGIO LUIZ DA COSTA

ANAacuteLISE DA EVOLUCcedilAtildeO DO TETO DE MEacuteDIA E ALTA COMPLEXIDADE BRASIL NO PERIacuteODO DE 2010 A 2014

PIRACICABA 2017

SERGIO LUIZ DA COSTA

ANAacuteLISE DA EVOLUCcedilAtildeO DO TETO DE MEacuteDIA E ALTA COMPLEXIDADE BRASIL NO PERIacuteODO DE 2010 A 2014

Dissertaccedilatildeo de mestrado profissional apresentada agrave Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Odontologia em Sauacutede Coletiva

Orientador Prof Dr Antonio Carlos Pereira

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE Agrave VERSAtildeO

FINAL DA DISSERTACcedilAtildeO DEFENDIDA PELO ALUNO

SERGIO LUIZ DA COSTA E ORIENTADA PELO

PROF DR ANTONIO CARLOS PEREIRA

Piracicaba 2017

DEDICATOacuteRIA

Dedico a minha famiacutelia a todos os gestores que contribuem para o

fortalecimento do Sistema de Sauacutede Brasileiro e a todos que me apoiaram e foram

fonte de inspiraccedilatildeo para conclusatildeo da dissertaccedilatildeo

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a DEUS por estar sempre presente em minha vida e me dar

forccedilas para lutar em prol dos meus objetivos

A minha famiacutelia pela compreensatildeo e apoio

Agradeccedilo de forma especial ao meu orientador Prof Dr Antonio Carlos

Pereira por seu apoio e amizade que mesmo com todas as minhas dificuldades no

percorrer do processo sempre me incentivou de forma gentil acolhedora com

dedicaccedilatildeo e competecircncia

Em especial agraves minhas amigas Livia Fernandes Probst e Denise de Faacutetima

Barros Cavalcante pelo apoio nas revisotildees e sugestotildees fatores fundamentais para

conclusatildeo da dissertaccedilatildeo

Aos meus amigos do mestrado pela oportunidade iacutempar de conviver a

aprender com a singularidade de cada um de vocecircs sem duacutevidas escola para a vida

Por fim agradeccedilo ao Magniacutefico Reitor Marcelo Knobel e ao Diretor

Guilherme Elias Pessanha Henriques da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da

Universidade Estadual de Campinas por ter sido o espaccedilo incentivador da construccedilatildeo

dos saberes no desenvolvimento do mestrado

RESUMO

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede para dar responder

tanto agraves previsotildees constitucionais de universalidade integralidade e igualdade no

acesso a bens e serviccedilos quanto agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute

imprescindiacutevel Este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de 2010 a

2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal aprovado no paiacutes

Trata-se de um estudo retrospectivo analiacutetico de natureza quantitativa desenvolvido

por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras coletadas do Sistema de Orccedilamento

Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS) do teto de meacutedia e alta complexidade para os Estados

Distrito Federal e Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014 Foram considerados na

anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da

inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA) nos respectivos

periacuteodos A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do teto do bloco

de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do paiacutes em seguida a

distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os valores per capita das regiotildees

aplicando-se o teste estatiacutestico two-way ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

Os resultados mostraram que o teto se manteve estaacutevel em alguns estados e elevou-

se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados sendo que o bloco

de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e municiacutepios

em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento Entretanto a manutenccedilatildeo desse

aumento progressivo necessitaraacute de ajustes em razatildeo do congelamento dos gastos do

governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo adequar suas

receitas atraveacutes do planejamento ascendente para garantir o direito a serviccedilos de alta

e meacutedia complexidade de sua populaccedilatildeo

Palavras-chave Financiamento Governamental Economia Financiamento da

Assistecircncia agrave Sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Poliacutetica de Sauacutede

ABSTRACT

Evaluating the Brazilian National Health System funding sufficiency in tackling either

the constitutional provisions of universality comprehensiveness and equity in

accessing goods and services or the population health needs has never been so

important This present study had as its objective the analysis of the evolution in the

increase of Intermediate and High Level Complexity ceiling in Brazil from 2010 to 2014

and the reflection on future perspectives in the face of the New Tax Regime approved

in Brazil It is a retrospective analytical and reflexive study of quantitative nature

developed through the analysis of financial transfers collected from the Health Public

Budget System (Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede) of intermediate and high

level complexity ceiling to states the Federal District and municipalities from 2010 to

2014 Resource distribution nominal value and actual value with the application of

inflation measured by the National Extended Consumer Price Index (Iacutendice de Preccedilos

ao Consumidor Amplo) for the related period were considered The statistical analysis

used firstly the descriptive analysis of the financial block ceiling for intermediate and

high level complexity in the regions of the country and then applying the statistical text

two-way ANOVATukey for the intercensal periods The results showed that the ceiling

kept stable in some states and increase in others presenting heterogeneity among

them and demonstrating that this financial part concentrated the biggest ratio to states

and municipalities in comparison to other financial blocks However keeping this

progressive increase tends not to continue due to the Federal Governmentrsquos expanses

freezing Thus municipalities and states will need to adapt their incomes to guarantee

the rights of the populations to intermediate and high level complexity services

Key-words Financing Government Economics Healthcare Financing Unified Health

System Health Policy

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10

2 ARTIGO Evoluccedilatildeo do teto de meacutedia e alta complexidade no Brasil por cinco anos e

possiacuteveis impactos do novo regime fiscal 12

3 CONCLUSAtildeO 35

REFEREcircNCIAS 37

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO 39

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

A universalidade de acesso aos serviccedilos de sauacutede em todos os

niacuteveis de assistecircncia eacute princiacutepio constitucional do Sistema Uacutenico de Sauacutede

(SUS) Entretanto muito se tem discutido quanto agrave insuficiecircncia do

investimento financeiro para a garantia da execuccedilatildeo e respeito de todos os

princiacutepios e diretrizes estabelecidos sendo recorrente o uso da expressatildeo

ldquosubfinanciamentordquo do Sistema para chamar a atenccedilatildeo de que a proposta

avanccedilada de um SUS universal integral e equacircnime natildeo se sustenta sem os

recursos necessaacuterios (Soares e Santos 2014 Pescuma Juacutenior e Mendes

2015 Vieira e Benevides 2016 Vieira e Piola 2016)

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 198 contava com um

texto inespeciacutefico a respeito do financiamento pontuando apenas que seriam

utilizados recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontes para custear todo o

Sistema (Brasil 1988) A Emenda Constitucional nordm 29 de 2000 (12 anos apoacutes

a promulgaccedilatildeo da Carta Magna) veio para definir os percentuais a serem

aplicados por cada esfera de governo no financiamento da sauacutede (Brasil 2000)

e a Lei Complementar 1412012 (Brasil 2012) para estabelecer o que satildeo

accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede circunscrevendo o que deve ser

considerado na apuraccedilatildeo de suas despesas

O financiamento da sauacutede constitui-se portanto nas fontes de

receitas e sua vinculaccedilatildeo ou natildeo para compor a estrutura de planejamento

alocativo que se concretiza nos orccedilamentos federal estadual e municipal

(Viana et al 2014) sendo de responsabilidade conjunta das trecircs esferas da

federaccedilatildeo que devem desenvolver suas respectivas atividades de maneira

funcional para conformar um sistema de Estado que seja nacionalmente

integrado Assim as atividades de planejamento desenvolvidas de forma

individual em cada uma das esferas em seus territoacuterios devem levar em conta

as atividades das demais esferas buscando gerar complementariedade e

funcionalidade (Brasil 2016)

De acordo com a Lei Complementar nordm 141 de 2012 a Uniatildeo deveria

aplicar anualmente em accedilotildees e serviccedilos de sauacutede o montante correspondente

ao valor empenhado no exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo

11

o percentual correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB)

ocorrida no ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo

negativa do PIB sem reduccedilatildeo do valor em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro O setor sauacutede representa 8 do PIB em 2013 os

gastos puacuteblicos corresponderam a 45 e o setor privado 55 do

financiamento da sauacutede (SIOPS) Todavia em relaccedilatildeo aos gastos com sauacutede

haacute uma tendecircncia geral de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo

federal que se estende das uacuteltimas gestotildees ateacute agrave atual (FHC Lula e Dilma)

(Soares e Santos 2014)

No ano de 2016 o financiamento puacuteblico em sauacutede foi R$ 2472

bilhotildees sendo Uniatildeo 1062 bilhotildees Estados R$ 633 bilhotildees e Municiacutepios 777

bilhotildees (SIOPS 2016)

Diante do Novo Regime Fiscal recentemente aprovado no Governo

Temer (EC 95) considera-se que eacute premente avaliar a suficiecircncia do

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede para dar conta de responder tanto

agraves previsotildees constitucionais de universalidade integralidade e igualdade no

acesso a bens e serviccedilos quanto agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo

brasileira

O presente trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

12

2 ARTIGO Evoluccedilatildeo do teto de meacutedia e alta complexidade no Brasil por

cinco anos e possiacuteveis impactos do novo regime fiscal

Artigo submetido ao perioacutedico Ciecircncia e Sauacutede Coletiva (Anexo 1)

Evolution of financial transfers to medium and high complexity and the

possible impacts of the new tax regime

Autores

Sergio Luiz da Costa1

Livia Fernandes Probst2

Denise de Faacutetima Barros Cavalcante2

Marcelo de Castro Meneghim2

Antonio Carlos Pereira2

1Ministeacuterio da Sauacutede

2Department of Community Dentistry Piracicaba Dental School University

of Campinas Piracicaba Brazil

Correspondence Dr Antonio Carlos Pereira PO Box 52 13414-903

Piracicaba-SP Brazil (TelFax +55 19 2106-5209 e-mail

apereriafopunicampbr)

13

RESUMO

Este trabalho fez uma anaacutelise da evoluccedilatildeo do incremento do Teto de Meacutedia e

Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de 2010 a 2014 e refletiu sobre as

perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal aprovado no paiacutes Trata-se

de um estudo retrospectivo analiacutetico e reflexivo de natureza quantitativa

desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras coletadas do

Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede do teto de meacutedia e alta

complexidade para os Estados Distrito Federal e Municiacutepios no periacuteodo de

2010 a 2014 Os resultados mostraram que o teto se manteve estaacutevel em

alguns estados e elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade

entre os estados sendo essa fatia de financiamento a que concentrou a maior

relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Entretanto a manutenccedilatildeo desse aumento progressivo tende a natildeo continuar

em razatildeo do congelamento dos gastos do governo federal Dessa forma os

municiacutepios e estados precisaratildeo adequar suas receitas para garantir o direito a

serviccedilos de alta e meacutedia complexidade de sua populaccedilatildeo

Palavras-chave Financiamento Governamental Economia Financiamento da

Assistecircncia agrave Sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Poliacutetica de Sauacutede

14

ABSTRACT

This research made an analysis of the evolution of the increase of the average

to Medium and High Complexity in Brazil during the period from 2010 to 2014

Then we reflect on the future perspectives in view of the New Fiscal Regime

approved in the country This is a retrospective analytical and reflexive study

developed through an analysis of the financial transfers for the States Federal

District and Municipalities The results showed that the financial transfers

remained stable in some states and increased in others but there was

heterogeneity among the states This share of financing was the one that

concentrated the largest proportional relation of transfers of financial resources

to the states and municipalities in relation to the other financing blocks

However maintaining this progressive increase tends not to continue because

of the new tax regime of federal government spending In this way

municipalities and states will need to adjust their revenues to guarantee the

right to services of high and medium complexity of their population

Key words Financing Government Economics Healthcare Financing Unified

Health System Health Policy

15

INTRODUCcedilAtildeO

A responsabilidade pelo financiamento do Sistema Uacutenico de

Sauacutede pertence agraves trecircs esferas de governo conforme previsto na Constituiccedilatildeo

Federal1 leis 80802 e 81423 de 1990 regido pela Emenda Constitucional nordm

2920004 e pela Lei Complementar 14120125

A Portaria GMMS nordm 204 de 29 de janeiro de 20076

regulamentou o financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para

accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede bem como seu respectivo monitoramento e

controle Os recursos federais destinados agraves accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

passaram a ser organizados e transferidos na forma de Blocos de

Financiamento Satildeo seis os Blocos de financiamento Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo

de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar Vigilacircncia em Sauacutede

Assistecircncia Farmacecircutica Gestatildeo do SUS e por meio da Portaria GMMS nordm

837097 foi criado ainda o investimento na Rede de Serviccedilos de Sauacutede

Para o propoacutesito de anaacutelise do presente estudo eacute importante

ressaltar que nos termos do Art 13 da Portaria nordm 20420076 o Bloco de

Atenccedilatildeo de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar eacute constituiacutedo

por dois componentes I ndash Componente Limite Financeiro da Meacutedia e Alta

Complexidade Ambulatorial e Hospitalar (MAC) e II ndash Componente Fundo de

Accedilotildees Estrateacutegicas e Compensaccedilatildeo (FAEC) Os recursos do MAC dos

Estados Distrito Federal e Municiacutepios satildeo destinados ao financiamento de

accedilotildees de meacutedia e alta complexidade em sauacutede e de incentivos transferidos

mensalmente sendo transferidos do Fundo Nacional de Sauacutede (FNS) aos

Fundos de Sauacutede dos Estados do Distrito Federal e Municiacutepios conforme a

Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI) e Programaccedilatildeo Geral de Accedilotildees e

16

Serviccedilos de Sauacutede (PGASS) Os recursos do FAEC por sua vez satildeo extra

teto o que significa que natildeo haacute limite para os repasses dentro do prazo

estabelecido que eacute de seis meses Somente apoacutes a constataccedilatildeo de sua

importacircncia eacute que esses volumes financeiros seratildeo incorporados ao MAC e

teratildeo como base uma correspondecircncia histoacuterica de repasses isto eacute uma

referecircncia quanto aos dispecircndios realizados8

Cabe esclarecer que o componente MAC corresponde ao

financiamento dos seguintes serviccedilos Serviccedilo Moacutevel de Urgecircncia (SAMU)

Centro de Especialidades Odontoloacutegicas (CEO) Centro de Referecircncia agrave Sauacutede

do Trabalhador (CEREST) Hospitais de Ensino Hospitais de Pequeno Porte

Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem Miseacuteria Rede

Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre outros que podem

ser instituiacutedos atraveacutes de portaria9

Em 2012 a Lei Complementar nordm 1415 definiu os percentuais

miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito Federal e

Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede (ASPS) aleacutem de

estabelecer quais accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos poderiam ser considerados gastos

com sauacutede De acordo com este dispositivo legal a Uniatildeo deveria aplicar

anualmente em ASPS o montante correspondente ao valor empenhado no

exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo o percentual

correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no

ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo negativa do

PIB o valor natildeo poderia ser reduzido em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro Compreende-se que estes percentuais miacutenimos devem

ser utilizados em accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

17

recuperaccedilatildeo da sauacutede de acesso universal igualitaacuterio e gratuito em

conformidade com objetivos e metas explicitadas nos Planos de Sauacutede de cada

ente da Federaccedilatildeo5

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede

para dar conta de responder tanto agraves previsotildees constitucionais de

universalidade integralidade e igualdade no acesso a bens e serviccedilos quanto

agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute imprescindiacutevel Com

relaccedilatildeo ao comportamento dos gastos com sauacutede houve uma tendecircncia geral

de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo federal nos gastos com

sauacutede nas trecircs gestotildees anteriores agrave atual (FHC Lula e Dilma)10 Com o Novo

Regime Fiscal11 recentemente aprovado no Governo Temer eacute premente trazer

ao debate dados estatiacutesticos reais para refletir agrave luz da atual conjuntura se seraacute

possiacutevel a manutenccedilatildeo do Sistema de Sauacutede defendido pela Reforma Sanitaacuteria

Brasileira

Considerando o exposto as mudanccedilas com relaccedilatildeo ao

financiamento do Sistema de Sauacutede e a importacircncia dos recursos cada vez

mais escassos para a garantia da universalidade do acesso em todos os niacuteveis

de assistecircncia este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

18

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo e analiacutetico de natureza

quantitativa desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras

coletadas do Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede12 (SIOPS) do teto de

meacutedia e alta complexidade (MAC) para os Estados Distrito Federal e

Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014

Foram considerados na anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o

valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de

Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA IBGE) nos respectivos periacuteodos13

Os dados populacionais foram coletados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica13 considerando os dados validados relativos agrave

estimativa populacional residente nos municiacutepios brasileiros e distrito federal

nos termos da Lei Complementar nordm 5914 de 22 de dezembro de 1988 e ao

artigo 102 da Lei nordm 844315 de 16 de julho de 1992 paracircmetro utilizado pelo

Tribunal de Contas de Uniatildeo para caacutelculo do Fundo de Participaccedilatildeo de Estados

e Municiacutepios quanto aos indicadores econocircmicos e sociodemograacuteficos nos

periacuteodos intercensitaacuterios

A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do

teto do bloco de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do

paiacutes em seguida a distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os

valores per capita das regiotildees aplicando-se o teste estatiacutestico two-way

ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

19

RESULTADOS

O Teto de Meacutedia e Alta Complexidade concentra a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento conforme mostra a

figura 1

Figura 1 Participaccedilatildeo Relativa dos Blocos de Financiamento dos recursos federais do SUS ndash Fundo a Fundo 2010 a 2014 Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS)

12

Evoluccedilatildeo do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade Brasil no periacuteodo de

2010 a 2014

A Figura 2 apresenta a distribuiccedilatildeo dos recursos (MAC) de acordo

com as macrorregiotildees brasileiras Eacute possiacutevel observar que houve um aumento

de 117 dos recursos totais repassados entre os anos de 2010 e 2011

Considerando que a inflaccedilatildeo oficial medida em 2010 foi de 591 houve

aumento real nominal de recursos da ordem de 58 No mesmo periacuteodo a

populaccedilatildeo brasileira diminuiu em 04 Da mesma forma em 2012 o aumento

de investimentos foi de 96 em relaccedilatildeo ao ano anterior o que significa

aumento real nominal de 31 pois a inflaccedilatildeo medida no periacuteodo foi de 65

20

Entre 2012 e 2013 a populaccedilatildeo cresceu 17 e a inflaccedilatildeo foi de 584

Entretanto o aumento dos investimentos foi da ordem de 24 ou seja 34

abaixo da inflaccedilatildeo daquele periacuteodo Em 2014 o aumento dos recursos foi da

ordem de 13 em relaccedilatildeo ao periacuteodo anterior e considerando a inflaccedilatildeo de

591 no periacuteodo houve aumento nominal de 71 acima da inflaccedilatildeo Nesse

periacuteodo a populaccedilatildeo brasileira tambeacutem aumentou em 37

Figura 2 Distribuiccedilatildeo absoluta dos recursos (MAC) natildeo corrigidos pela inflaccedilatildeo de acordo com as 5 macrorregiotildees brasileiras ao longo de 5 anos

O aumento de recursos foi ininterruptamente crescente entre 2010

e 2014 Entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de acordo com a inflaccedilatildeo

em todos os periacuteodos ou em todas as regiotildees como mostra a Tabela 1

Tabela 1 Correccedilatildeo do repasse (em ) e inflaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos periacuteodos de anaacutelise

Diferenccedila () com o ano precedente

Periacuteodo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil Inflaccedilatildeo no periacuteodo (em )

20102011 19 129 105 98 12 117 591

20112012 12 104 143 69 107 96 65

20122013 36 09 83 32 32 24 584

20132014 103 112 115 144 141 13 591

0

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1 0

1 5

2 0

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N o rd e s te

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2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4

21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

0 0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

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C e n tro -O e s te N o rd e s te N o rte S u d e s te S u l

23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

0

2 0

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24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 2: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

SERGIO LUIZ DA COSTA

ANAacuteLISE DA EVOLUCcedilAtildeO DO TETO DE MEacuteDIA E ALTA COMPLEXIDADE BRASIL NO PERIacuteODO DE 2010 A 2014

Dissertaccedilatildeo de mestrado profissional apresentada agrave Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Odontologia em Sauacutede Coletiva

Orientador Prof Dr Antonio Carlos Pereira

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE Agrave VERSAtildeO

FINAL DA DISSERTACcedilAtildeO DEFENDIDA PELO ALUNO

SERGIO LUIZ DA COSTA E ORIENTADA PELO

PROF DR ANTONIO CARLOS PEREIRA

Piracicaba 2017

DEDICATOacuteRIA

Dedico a minha famiacutelia a todos os gestores que contribuem para o

fortalecimento do Sistema de Sauacutede Brasileiro e a todos que me apoiaram e foram

fonte de inspiraccedilatildeo para conclusatildeo da dissertaccedilatildeo

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a DEUS por estar sempre presente em minha vida e me dar

forccedilas para lutar em prol dos meus objetivos

A minha famiacutelia pela compreensatildeo e apoio

Agradeccedilo de forma especial ao meu orientador Prof Dr Antonio Carlos

Pereira por seu apoio e amizade que mesmo com todas as minhas dificuldades no

percorrer do processo sempre me incentivou de forma gentil acolhedora com

dedicaccedilatildeo e competecircncia

Em especial agraves minhas amigas Livia Fernandes Probst e Denise de Faacutetima

Barros Cavalcante pelo apoio nas revisotildees e sugestotildees fatores fundamentais para

conclusatildeo da dissertaccedilatildeo

Aos meus amigos do mestrado pela oportunidade iacutempar de conviver a

aprender com a singularidade de cada um de vocecircs sem duacutevidas escola para a vida

Por fim agradeccedilo ao Magniacutefico Reitor Marcelo Knobel e ao Diretor

Guilherme Elias Pessanha Henriques da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da

Universidade Estadual de Campinas por ter sido o espaccedilo incentivador da construccedilatildeo

dos saberes no desenvolvimento do mestrado

RESUMO

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede para dar responder

tanto agraves previsotildees constitucionais de universalidade integralidade e igualdade no

acesso a bens e serviccedilos quanto agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute

imprescindiacutevel Este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de 2010 a

2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal aprovado no paiacutes

Trata-se de um estudo retrospectivo analiacutetico de natureza quantitativa desenvolvido

por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras coletadas do Sistema de Orccedilamento

Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS) do teto de meacutedia e alta complexidade para os Estados

Distrito Federal e Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014 Foram considerados na

anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da

inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA) nos respectivos

periacuteodos A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do teto do bloco

de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do paiacutes em seguida a

distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os valores per capita das regiotildees

aplicando-se o teste estatiacutestico two-way ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

Os resultados mostraram que o teto se manteve estaacutevel em alguns estados e elevou-

se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados sendo que o bloco

de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e municiacutepios

em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento Entretanto a manutenccedilatildeo desse

aumento progressivo necessitaraacute de ajustes em razatildeo do congelamento dos gastos do

governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo adequar suas

receitas atraveacutes do planejamento ascendente para garantir o direito a serviccedilos de alta

e meacutedia complexidade de sua populaccedilatildeo

Palavras-chave Financiamento Governamental Economia Financiamento da

Assistecircncia agrave Sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Poliacutetica de Sauacutede

ABSTRACT

Evaluating the Brazilian National Health System funding sufficiency in tackling either

the constitutional provisions of universality comprehensiveness and equity in

accessing goods and services or the population health needs has never been so

important This present study had as its objective the analysis of the evolution in the

increase of Intermediate and High Level Complexity ceiling in Brazil from 2010 to 2014

and the reflection on future perspectives in the face of the New Tax Regime approved

in Brazil It is a retrospective analytical and reflexive study of quantitative nature

developed through the analysis of financial transfers collected from the Health Public

Budget System (Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede) of intermediate and high

level complexity ceiling to states the Federal District and municipalities from 2010 to

2014 Resource distribution nominal value and actual value with the application of

inflation measured by the National Extended Consumer Price Index (Iacutendice de Preccedilos

ao Consumidor Amplo) for the related period were considered The statistical analysis

used firstly the descriptive analysis of the financial block ceiling for intermediate and

high level complexity in the regions of the country and then applying the statistical text

two-way ANOVATukey for the intercensal periods The results showed that the ceiling

kept stable in some states and increase in others presenting heterogeneity among

them and demonstrating that this financial part concentrated the biggest ratio to states

and municipalities in comparison to other financial blocks However keeping this

progressive increase tends not to continue due to the Federal Governmentrsquos expanses

freezing Thus municipalities and states will need to adapt their incomes to guarantee

the rights of the populations to intermediate and high level complexity services

Key-words Financing Government Economics Healthcare Financing Unified Health

System Health Policy

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10

2 ARTIGO Evoluccedilatildeo do teto de meacutedia e alta complexidade no Brasil por cinco anos e

possiacuteveis impactos do novo regime fiscal 12

3 CONCLUSAtildeO 35

REFEREcircNCIAS 37

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO 39

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

A universalidade de acesso aos serviccedilos de sauacutede em todos os

niacuteveis de assistecircncia eacute princiacutepio constitucional do Sistema Uacutenico de Sauacutede

(SUS) Entretanto muito se tem discutido quanto agrave insuficiecircncia do

investimento financeiro para a garantia da execuccedilatildeo e respeito de todos os

princiacutepios e diretrizes estabelecidos sendo recorrente o uso da expressatildeo

ldquosubfinanciamentordquo do Sistema para chamar a atenccedilatildeo de que a proposta

avanccedilada de um SUS universal integral e equacircnime natildeo se sustenta sem os

recursos necessaacuterios (Soares e Santos 2014 Pescuma Juacutenior e Mendes

2015 Vieira e Benevides 2016 Vieira e Piola 2016)

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 198 contava com um

texto inespeciacutefico a respeito do financiamento pontuando apenas que seriam

utilizados recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontes para custear todo o

Sistema (Brasil 1988) A Emenda Constitucional nordm 29 de 2000 (12 anos apoacutes

a promulgaccedilatildeo da Carta Magna) veio para definir os percentuais a serem

aplicados por cada esfera de governo no financiamento da sauacutede (Brasil 2000)

e a Lei Complementar 1412012 (Brasil 2012) para estabelecer o que satildeo

accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede circunscrevendo o que deve ser

considerado na apuraccedilatildeo de suas despesas

O financiamento da sauacutede constitui-se portanto nas fontes de

receitas e sua vinculaccedilatildeo ou natildeo para compor a estrutura de planejamento

alocativo que se concretiza nos orccedilamentos federal estadual e municipal

(Viana et al 2014) sendo de responsabilidade conjunta das trecircs esferas da

federaccedilatildeo que devem desenvolver suas respectivas atividades de maneira

funcional para conformar um sistema de Estado que seja nacionalmente

integrado Assim as atividades de planejamento desenvolvidas de forma

individual em cada uma das esferas em seus territoacuterios devem levar em conta

as atividades das demais esferas buscando gerar complementariedade e

funcionalidade (Brasil 2016)

De acordo com a Lei Complementar nordm 141 de 2012 a Uniatildeo deveria

aplicar anualmente em accedilotildees e serviccedilos de sauacutede o montante correspondente

ao valor empenhado no exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo

11

o percentual correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB)

ocorrida no ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo

negativa do PIB sem reduccedilatildeo do valor em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro O setor sauacutede representa 8 do PIB em 2013 os

gastos puacuteblicos corresponderam a 45 e o setor privado 55 do

financiamento da sauacutede (SIOPS) Todavia em relaccedilatildeo aos gastos com sauacutede

haacute uma tendecircncia geral de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo

federal que se estende das uacuteltimas gestotildees ateacute agrave atual (FHC Lula e Dilma)

(Soares e Santos 2014)

No ano de 2016 o financiamento puacuteblico em sauacutede foi R$ 2472

bilhotildees sendo Uniatildeo 1062 bilhotildees Estados R$ 633 bilhotildees e Municiacutepios 777

bilhotildees (SIOPS 2016)

Diante do Novo Regime Fiscal recentemente aprovado no Governo

Temer (EC 95) considera-se que eacute premente avaliar a suficiecircncia do

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede para dar conta de responder tanto

agraves previsotildees constitucionais de universalidade integralidade e igualdade no

acesso a bens e serviccedilos quanto agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo

brasileira

O presente trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

12

2 ARTIGO Evoluccedilatildeo do teto de meacutedia e alta complexidade no Brasil por

cinco anos e possiacuteveis impactos do novo regime fiscal

Artigo submetido ao perioacutedico Ciecircncia e Sauacutede Coletiva (Anexo 1)

Evolution of financial transfers to medium and high complexity and the

possible impacts of the new tax regime

Autores

Sergio Luiz da Costa1

Livia Fernandes Probst2

Denise de Faacutetima Barros Cavalcante2

Marcelo de Castro Meneghim2

Antonio Carlos Pereira2

1Ministeacuterio da Sauacutede

2Department of Community Dentistry Piracicaba Dental School University

of Campinas Piracicaba Brazil

Correspondence Dr Antonio Carlos Pereira PO Box 52 13414-903

Piracicaba-SP Brazil (TelFax +55 19 2106-5209 e-mail

apereriafopunicampbr)

13

RESUMO

Este trabalho fez uma anaacutelise da evoluccedilatildeo do incremento do Teto de Meacutedia e

Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de 2010 a 2014 e refletiu sobre as

perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal aprovado no paiacutes Trata-se

de um estudo retrospectivo analiacutetico e reflexivo de natureza quantitativa

desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras coletadas do

Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede do teto de meacutedia e alta

complexidade para os Estados Distrito Federal e Municiacutepios no periacuteodo de

2010 a 2014 Os resultados mostraram que o teto se manteve estaacutevel em

alguns estados e elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade

entre os estados sendo essa fatia de financiamento a que concentrou a maior

relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Entretanto a manutenccedilatildeo desse aumento progressivo tende a natildeo continuar

em razatildeo do congelamento dos gastos do governo federal Dessa forma os

municiacutepios e estados precisaratildeo adequar suas receitas para garantir o direito a

serviccedilos de alta e meacutedia complexidade de sua populaccedilatildeo

Palavras-chave Financiamento Governamental Economia Financiamento da

Assistecircncia agrave Sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Poliacutetica de Sauacutede

14

ABSTRACT

This research made an analysis of the evolution of the increase of the average

to Medium and High Complexity in Brazil during the period from 2010 to 2014

Then we reflect on the future perspectives in view of the New Fiscal Regime

approved in the country This is a retrospective analytical and reflexive study

developed through an analysis of the financial transfers for the States Federal

District and Municipalities The results showed that the financial transfers

remained stable in some states and increased in others but there was

heterogeneity among the states This share of financing was the one that

concentrated the largest proportional relation of transfers of financial resources

to the states and municipalities in relation to the other financing blocks

However maintaining this progressive increase tends not to continue because

of the new tax regime of federal government spending In this way

municipalities and states will need to adjust their revenues to guarantee the

right to services of high and medium complexity of their population

Key words Financing Government Economics Healthcare Financing Unified

Health System Health Policy

15

INTRODUCcedilAtildeO

A responsabilidade pelo financiamento do Sistema Uacutenico de

Sauacutede pertence agraves trecircs esferas de governo conforme previsto na Constituiccedilatildeo

Federal1 leis 80802 e 81423 de 1990 regido pela Emenda Constitucional nordm

2920004 e pela Lei Complementar 14120125

A Portaria GMMS nordm 204 de 29 de janeiro de 20076

regulamentou o financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para

accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede bem como seu respectivo monitoramento e

controle Os recursos federais destinados agraves accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

passaram a ser organizados e transferidos na forma de Blocos de

Financiamento Satildeo seis os Blocos de financiamento Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo

de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar Vigilacircncia em Sauacutede

Assistecircncia Farmacecircutica Gestatildeo do SUS e por meio da Portaria GMMS nordm

837097 foi criado ainda o investimento na Rede de Serviccedilos de Sauacutede

Para o propoacutesito de anaacutelise do presente estudo eacute importante

ressaltar que nos termos do Art 13 da Portaria nordm 20420076 o Bloco de

Atenccedilatildeo de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar eacute constituiacutedo

por dois componentes I ndash Componente Limite Financeiro da Meacutedia e Alta

Complexidade Ambulatorial e Hospitalar (MAC) e II ndash Componente Fundo de

Accedilotildees Estrateacutegicas e Compensaccedilatildeo (FAEC) Os recursos do MAC dos

Estados Distrito Federal e Municiacutepios satildeo destinados ao financiamento de

accedilotildees de meacutedia e alta complexidade em sauacutede e de incentivos transferidos

mensalmente sendo transferidos do Fundo Nacional de Sauacutede (FNS) aos

Fundos de Sauacutede dos Estados do Distrito Federal e Municiacutepios conforme a

Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI) e Programaccedilatildeo Geral de Accedilotildees e

16

Serviccedilos de Sauacutede (PGASS) Os recursos do FAEC por sua vez satildeo extra

teto o que significa que natildeo haacute limite para os repasses dentro do prazo

estabelecido que eacute de seis meses Somente apoacutes a constataccedilatildeo de sua

importacircncia eacute que esses volumes financeiros seratildeo incorporados ao MAC e

teratildeo como base uma correspondecircncia histoacuterica de repasses isto eacute uma

referecircncia quanto aos dispecircndios realizados8

Cabe esclarecer que o componente MAC corresponde ao

financiamento dos seguintes serviccedilos Serviccedilo Moacutevel de Urgecircncia (SAMU)

Centro de Especialidades Odontoloacutegicas (CEO) Centro de Referecircncia agrave Sauacutede

do Trabalhador (CEREST) Hospitais de Ensino Hospitais de Pequeno Porte

Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem Miseacuteria Rede

Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre outros que podem

ser instituiacutedos atraveacutes de portaria9

Em 2012 a Lei Complementar nordm 1415 definiu os percentuais

miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito Federal e

Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede (ASPS) aleacutem de

estabelecer quais accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos poderiam ser considerados gastos

com sauacutede De acordo com este dispositivo legal a Uniatildeo deveria aplicar

anualmente em ASPS o montante correspondente ao valor empenhado no

exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo o percentual

correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no

ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo negativa do

PIB o valor natildeo poderia ser reduzido em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro Compreende-se que estes percentuais miacutenimos devem

ser utilizados em accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

17

recuperaccedilatildeo da sauacutede de acesso universal igualitaacuterio e gratuito em

conformidade com objetivos e metas explicitadas nos Planos de Sauacutede de cada

ente da Federaccedilatildeo5

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede

para dar conta de responder tanto agraves previsotildees constitucionais de

universalidade integralidade e igualdade no acesso a bens e serviccedilos quanto

agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute imprescindiacutevel Com

relaccedilatildeo ao comportamento dos gastos com sauacutede houve uma tendecircncia geral

de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo federal nos gastos com

sauacutede nas trecircs gestotildees anteriores agrave atual (FHC Lula e Dilma)10 Com o Novo

Regime Fiscal11 recentemente aprovado no Governo Temer eacute premente trazer

ao debate dados estatiacutesticos reais para refletir agrave luz da atual conjuntura se seraacute

possiacutevel a manutenccedilatildeo do Sistema de Sauacutede defendido pela Reforma Sanitaacuteria

Brasileira

Considerando o exposto as mudanccedilas com relaccedilatildeo ao

financiamento do Sistema de Sauacutede e a importacircncia dos recursos cada vez

mais escassos para a garantia da universalidade do acesso em todos os niacuteveis

de assistecircncia este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

18

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo e analiacutetico de natureza

quantitativa desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras

coletadas do Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede12 (SIOPS) do teto de

meacutedia e alta complexidade (MAC) para os Estados Distrito Federal e

Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014

Foram considerados na anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o

valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de

Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA IBGE) nos respectivos periacuteodos13

Os dados populacionais foram coletados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica13 considerando os dados validados relativos agrave

estimativa populacional residente nos municiacutepios brasileiros e distrito federal

nos termos da Lei Complementar nordm 5914 de 22 de dezembro de 1988 e ao

artigo 102 da Lei nordm 844315 de 16 de julho de 1992 paracircmetro utilizado pelo

Tribunal de Contas de Uniatildeo para caacutelculo do Fundo de Participaccedilatildeo de Estados

e Municiacutepios quanto aos indicadores econocircmicos e sociodemograacuteficos nos

periacuteodos intercensitaacuterios

A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do

teto do bloco de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do

paiacutes em seguida a distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os

valores per capita das regiotildees aplicando-se o teste estatiacutestico two-way

ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

19

RESULTADOS

O Teto de Meacutedia e Alta Complexidade concentra a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento conforme mostra a

figura 1

Figura 1 Participaccedilatildeo Relativa dos Blocos de Financiamento dos recursos federais do SUS ndash Fundo a Fundo 2010 a 2014 Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS)

12

Evoluccedilatildeo do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade Brasil no periacuteodo de

2010 a 2014

A Figura 2 apresenta a distribuiccedilatildeo dos recursos (MAC) de acordo

com as macrorregiotildees brasileiras Eacute possiacutevel observar que houve um aumento

de 117 dos recursos totais repassados entre os anos de 2010 e 2011

Considerando que a inflaccedilatildeo oficial medida em 2010 foi de 591 houve

aumento real nominal de recursos da ordem de 58 No mesmo periacuteodo a

populaccedilatildeo brasileira diminuiu em 04 Da mesma forma em 2012 o aumento

de investimentos foi de 96 em relaccedilatildeo ao ano anterior o que significa

aumento real nominal de 31 pois a inflaccedilatildeo medida no periacuteodo foi de 65

20

Entre 2012 e 2013 a populaccedilatildeo cresceu 17 e a inflaccedilatildeo foi de 584

Entretanto o aumento dos investimentos foi da ordem de 24 ou seja 34

abaixo da inflaccedilatildeo daquele periacuteodo Em 2014 o aumento dos recursos foi da

ordem de 13 em relaccedilatildeo ao periacuteodo anterior e considerando a inflaccedilatildeo de

591 no periacuteodo houve aumento nominal de 71 acima da inflaccedilatildeo Nesse

periacuteodo a populaccedilatildeo brasileira tambeacutem aumentou em 37

Figura 2 Distribuiccedilatildeo absoluta dos recursos (MAC) natildeo corrigidos pela inflaccedilatildeo de acordo com as 5 macrorregiotildees brasileiras ao longo de 5 anos

O aumento de recursos foi ininterruptamente crescente entre 2010

e 2014 Entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de acordo com a inflaccedilatildeo

em todos os periacuteodos ou em todas as regiotildees como mostra a Tabela 1

Tabela 1 Correccedilatildeo do repasse (em ) e inflaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos periacuteodos de anaacutelise

Diferenccedila () com o ano precedente

Periacuteodo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil Inflaccedilatildeo no periacuteodo (em )

20102011 19 129 105 98 12 117 591

20112012 12 104 143 69 107 96 65

20122013 36 09 83 32 32 24 584

20132014 103 112 115 144 141 13 591

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21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

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23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

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24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 3: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

DEDICATOacuteRIA

Dedico a minha famiacutelia a todos os gestores que contribuem para o

fortalecimento do Sistema de Sauacutede Brasileiro e a todos que me apoiaram e foram

fonte de inspiraccedilatildeo para conclusatildeo da dissertaccedilatildeo

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a DEUS por estar sempre presente em minha vida e me dar

forccedilas para lutar em prol dos meus objetivos

A minha famiacutelia pela compreensatildeo e apoio

Agradeccedilo de forma especial ao meu orientador Prof Dr Antonio Carlos

Pereira por seu apoio e amizade que mesmo com todas as minhas dificuldades no

percorrer do processo sempre me incentivou de forma gentil acolhedora com

dedicaccedilatildeo e competecircncia

Em especial agraves minhas amigas Livia Fernandes Probst e Denise de Faacutetima

Barros Cavalcante pelo apoio nas revisotildees e sugestotildees fatores fundamentais para

conclusatildeo da dissertaccedilatildeo

Aos meus amigos do mestrado pela oportunidade iacutempar de conviver a

aprender com a singularidade de cada um de vocecircs sem duacutevidas escola para a vida

Por fim agradeccedilo ao Magniacutefico Reitor Marcelo Knobel e ao Diretor

Guilherme Elias Pessanha Henriques da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da

Universidade Estadual de Campinas por ter sido o espaccedilo incentivador da construccedilatildeo

dos saberes no desenvolvimento do mestrado

RESUMO

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede para dar responder

tanto agraves previsotildees constitucionais de universalidade integralidade e igualdade no

acesso a bens e serviccedilos quanto agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute

imprescindiacutevel Este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de 2010 a

2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal aprovado no paiacutes

Trata-se de um estudo retrospectivo analiacutetico de natureza quantitativa desenvolvido

por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras coletadas do Sistema de Orccedilamento

Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS) do teto de meacutedia e alta complexidade para os Estados

Distrito Federal e Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014 Foram considerados na

anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da

inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA) nos respectivos

periacuteodos A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do teto do bloco

de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do paiacutes em seguida a

distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os valores per capita das regiotildees

aplicando-se o teste estatiacutestico two-way ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

Os resultados mostraram que o teto se manteve estaacutevel em alguns estados e elevou-

se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados sendo que o bloco

de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e municiacutepios

em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento Entretanto a manutenccedilatildeo desse

aumento progressivo necessitaraacute de ajustes em razatildeo do congelamento dos gastos do

governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo adequar suas

receitas atraveacutes do planejamento ascendente para garantir o direito a serviccedilos de alta

e meacutedia complexidade de sua populaccedilatildeo

Palavras-chave Financiamento Governamental Economia Financiamento da

Assistecircncia agrave Sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Poliacutetica de Sauacutede

ABSTRACT

Evaluating the Brazilian National Health System funding sufficiency in tackling either

the constitutional provisions of universality comprehensiveness and equity in

accessing goods and services or the population health needs has never been so

important This present study had as its objective the analysis of the evolution in the

increase of Intermediate and High Level Complexity ceiling in Brazil from 2010 to 2014

and the reflection on future perspectives in the face of the New Tax Regime approved

in Brazil It is a retrospective analytical and reflexive study of quantitative nature

developed through the analysis of financial transfers collected from the Health Public

Budget System (Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede) of intermediate and high

level complexity ceiling to states the Federal District and municipalities from 2010 to

2014 Resource distribution nominal value and actual value with the application of

inflation measured by the National Extended Consumer Price Index (Iacutendice de Preccedilos

ao Consumidor Amplo) for the related period were considered The statistical analysis

used firstly the descriptive analysis of the financial block ceiling for intermediate and

high level complexity in the regions of the country and then applying the statistical text

two-way ANOVATukey for the intercensal periods The results showed that the ceiling

kept stable in some states and increase in others presenting heterogeneity among

them and demonstrating that this financial part concentrated the biggest ratio to states

and municipalities in comparison to other financial blocks However keeping this

progressive increase tends not to continue due to the Federal Governmentrsquos expanses

freezing Thus municipalities and states will need to adapt their incomes to guarantee

the rights of the populations to intermediate and high level complexity services

Key-words Financing Government Economics Healthcare Financing Unified Health

System Health Policy

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10

2 ARTIGO Evoluccedilatildeo do teto de meacutedia e alta complexidade no Brasil por cinco anos e

possiacuteveis impactos do novo regime fiscal 12

3 CONCLUSAtildeO 35

REFEREcircNCIAS 37

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO 39

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

A universalidade de acesso aos serviccedilos de sauacutede em todos os

niacuteveis de assistecircncia eacute princiacutepio constitucional do Sistema Uacutenico de Sauacutede

(SUS) Entretanto muito se tem discutido quanto agrave insuficiecircncia do

investimento financeiro para a garantia da execuccedilatildeo e respeito de todos os

princiacutepios e diretrizes estabelecidos sendo recorrente o uso da expressatildeo

ldquosubfinanciamentordquo do Sistema para chamar a atenccedilatildeo de que a proposta

avanccedilada de um SUS universal integral e equacircnime natildeo se sustenta sem os

recursos necessaacuterios (Soares e Santos 2014 Pescuma Juacutenior e Mendes

2015 Vieira e Benevides 2016 Vieira e Piola 2016)

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 198 contava com um

texto inespeciacutefico a respeito do financiamento pontuando apenas que seriam

utilizados recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontes para custear todo o

Sistema (Brasil 1988) A Emenda Constitucional nordm 29 de 2000 (12 anos apoacutes

a promulgaccedilatildeo da Carta Magna) veio para definir os percentuais a serem

aplicados por cada esfera de governo no financiamento da sauacutede (Brasil 2000)

e a Lei Complementar 1412012 (Brasil 2012) para estabelecer o que satildeo

accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede circunscrevendo o que deve ser

considerado na apuraccedilatildeo de suas despesas

O financiamento da sauacutede constitui-se portanto nas fontes de

receitas e sua vinculaccedilatildeo ou natildeo para compor a estrutura de planejamento

alocativo que se concretiza nos orccedilamentos federal estadual e municipal

(Viana et al 2014) sendo de responsabilidade conjunta das trecircs esferas da

federaccedilatildeo que devem desenvolver suas respectivas atividades de maneira

funcional para conformar um sistema de Estado que seja nacionalmente

integrado Assim as atividades de planejamento desenvolvidas de forma

individual em cada uma das esferas em seus territoacuterios devem levar em conta

as atividades das demais esferas buscando gerar complementariedade e

funcionalidade (Brasil 2016)

De acordo com a Lei Complementar nordm 141 de 2012 a Uniatildeo deveria

aplicar anualmente em accedilotildees e serviccedilos de sauacutede o montante correspondente

ao valor empenhado no exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo

11

o percentual correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB)

ocorrida no ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo

negativa do PIB sem reduccedilatildeo do valor em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro O setor sauacutede representa 8 do PIB em 2013 os

gastos puacuteblicos corresponderam a 45 e o setor privado 55 do

financiamento da sauacutede (SIOPS) Todavia em relaccedilatildeo aos gastos com sauacutede

haacute uma tendecircncia geral de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo

federal que se estende das uacuteltimas gestotildees ateacute agrave atual (FHC Lula e Dilma)

(Soares e Santos 2014)

No ano de 2016 o financiamento puacuteblico em sauacutede foi R$ 2472

bilhotildees sendo Uniatildeo 1062 bilhotildees Estados R$ 633 bilhotildees e Municiacutepios 777

bilhotildees (SIOPS 2016)

Diante do Novo Regime Fiscal recentemente aprovado no Governo

Temer (EC 95) considera-se que eacute premente avaliar a suficiecircncia do

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede para dar conta de responder tanto

agraves previsotildees constitucionais de universalidade integralidade e igualdade no

acesso a bens e serviccedilos quanto agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo

brasileira

O presente trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

12

2 ARTIGO Evoluccedilatildeo do teto de meacutedia e alta complexidade no Brasil por

cinco anos e possiacuteveis impactos do novo regime fiscal

Artigo submetido ao perioacutedico Ciecircncia e Sauacutede Coletiva (Anexo 1)

Evolution of financial transfers to medium and high complexity and the

possible impacts of the new tax regime

Autores

Sergio Luiz da Costa1

Livia Fernandes Probst2

Denise de Faacutetima Barros Cavalcante2

Marcelo de Castro Meneghim2

Antonio Carlos Pereira2

1Ministeacuterio da Sauacutede

2Department of Community Dentistry Piracicaba Dental School University

of Campinas Piracicaba Brazil

Correspondence Dr Antonio Carlos Pereira PO Box 52 13414-903

Piracicaba-SP Brazil (TelFax +55 19 2106-5209 e-mail

apereriafopunicampbr)

13

RESUMO

Este trabalho fez uma anaacutelise da evoluccedilatildeo do incremento do Teto de Meacutedia e

Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de 2010 a 2014 e refletiu sobre as

perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal aprovado no paiacutes Trata-se

de um estudo retrospectivo analiacutetico e reflexivo de natureza quantitativa

desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras coletadas do

Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede do teto de meacutedia e alta

complexidade para os Estados Distrito Federal e Municiacutepios no periacuteodo de

2010 a 2014 Os resultados mostraram que o teto se manteve estaacutevel em

alguns estados e elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade

entre os estados sendo essa fatia de financiamento a que concentrou a maior

relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Entretanto a manutenccedilatildeo desse aumento progressivo tende a natildeo continuar

em razatildeo do congelamento dos gastos do governo federal Dessa forma os

municiacutepios e estados precisaratildeo adequar suas receitas para garantir o direito a

serviccedilos de alta e meacutedia complexidade de sua populaccedilatildeo

Palavras-chave Financiamento Governamental Economia Financiamento da

Assistecircncia agrave Sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Poliacutetica de Sauacutede

14

ABSTRACT

This research made an analysis of the evolution of the increase of the average

to Medium and High Complexity in Brazil during the period from 2010 to 2014

Then we reflect on the future perspectives in view of the New Fiscal Regime

approved in the country This is a retrospective analytical and reflexive study

developed through an analysis of the financial transfers for the States Federal

District and Municipalities The results showed that the financial transfers

remained stable in some states and increased in others but there was

heterogeneity among the states This share of financing was the one that

concentrated the largest proportional relation of transfers of financial resources

to the states and municipalities in relation to the other financing blocks

However maintaining this progressive increase tends not to continue because

of the new tax regime of federal government spending In this way

municipalities and states will need to adjust their revenues to guarantee the

right to services of high and medium complexity of their population

Key words Financing Government Economics Healthcare Financing Unified

Health System Health Policy

15

INTRODUCcedilAtildeO

A responsabilidade pelo financiamento do Sistema Uacutenico de

Sauacutede pertence agraves trecircs esferas de governo conforme previsto na Constituiccedilatildeo

Federal1 leis 80802 e 81423 de 1990 regido pela Emenda Constitucional nordm

2920004 e pela Lei Complementar 14120125

A Portaria GMMS nordm 204 de 29 de janeiro de 20076

regulamentou o financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para

accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede bem como seu respectivo monitoramento e

controle Os recursos federais destinados agraves accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

passaram a ser organizados e transferidos na forma de Blocos de

Financiamento Satildeo seis os Blocos de financiamento Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo

de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar Vigilacircncia em Sauacutede

Assistecircncia Farmacecircutica Gestatildeo do SUS e por meio da Portaria GMMS nordm

837097 foi criado ainda o investimento na Rede de Serviccedilos de Sauacutede

Para o propoacutesito de anaacutelise do presente estudo eacute importante

ressaltar que nos termos do Art 13 da Portaria nordm 20420076 o Bloco de

Atenccedilatildeo de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar eacute constituiacutedo

por dois componentes I ndash Componente Limite Financeiro da Meacutedia e Alta

Complexidade Ambulatorial e Hospitalar (MAC) e II ndash Componente Fundo de

Accedilotildees Estrateacutegicas e Compensaccedilatildeo (FAEC) Os recursos do MAC dos

Estados Distrito Federal e Municiacutepios satildeo destinados ao financiamento de

accedilotildees de meacutedia e alta complexidade em sauacutede e de incentivos transferidos

mensalmente sendo transferidos do Fundo Nacional de Sauacutede (FNS) aos

Fundos de Sauacutede dos Estados do Distrito Federal e Municiacutepios conforme a

Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI) e Programaccedilatildeo Geral de Accedilotildees e

16

Serviccedilos de Sauacutede (PGASS) Os recursos do FAEC por sua vez satildeo extra

teto o que significa que natildeo haacute limite para os repasses dentro do prazo

estabelecido que eacute de seis meses Somente apoacutes a constataccedilatildeo de sua

importacircncia eacute que esses volumes financeiros seratildeo incorporados ao MAC e

teratildeo como base uma correspondecircncia histoacuterica de repasses isto eacute uma

referecircncia quanto aos dispecircndios realizados8

Cabe esclarecer que o componente MAC corresponde ao

financiamento dos seguintes serviccedilos Serviccedilo Moacutevel de Urgecircncia (SAMU)

Centro de Especialidades Odontoloacutegicas (CEO) Centro de Referecircncia agrave Sauacutede

do Trabalhador (CEREST) Hospitais de Ensino Hospitais de Pequeno Porte

Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem Miseacuteria Rede

Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre outros que podem

ser instituiacutedos atraveacutes de portaria9

Em 2012 a Lei Complementar nordm 1415 definiu os percentuais

miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito Federal e

Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede (ASPS) aleacutem de

estabelecer quais accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos poderiam ser considerados gastos

com sauacutede De acordo com este dispositivo legal a Uniatildeo deveria aplicar

anualmente em ASPS o montante correspondente ao valor empenhado no

exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo o percentual

correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no

ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo negativa do

PIB o valor natildeo poderia ser reduzido em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro Compreende-se que estes percentuais miacutenimos devem

ser utilizados em accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

17

recuperaccedilatildeo da sauacutede de acesso universal igualitaacuterio e gratuito em

conformidade com objetivos e metas explicitadas nos Planos de Sauacutede de cada

ente da Federaccedilatildeo5

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede

para dar conta de responder tanto agraves previsotildees constitucionais de

universalidade integralidade e igualdade no acesso a bens e serviccedilos quanto

agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute imprescindiacutevel Com

relaccedilatildeo ao comportamento dos gastos com sauacutede houve uma tendecircncia geral

de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo federal nos gastos com

sauacutede nas trecircs gestotildees anteriores agrave atual (FHC Lula e Dilma)10 Com o Novo

Regime Fiscal11 recentemente aprovado no Governo Temer eacute premente trazer

ao debate dados estatiacutesticos reais para refletir agrave luz da atual conjuntura se seraacute

possiacutevel a manutenccedilatildeo do Sistema de Sauacutede defendido pela Reforma Sanitaacuteria

Brasileira

Considerando o exposto as mudanccedilas com relaccedilatildeo ao

financiamento do Sistema de Sauacutede e a importacircncia dos recursos cada vez

mais escassos para a garantia da universalidade do acesso em todos os niacuteveis

de assistecircncia este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

18

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo e analiacutetico de natureza

quantitativa desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras

coletadas do Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede12 (SIOPS) do teto de

meacutedia e alta complexidade (MAC) para os Estados Distrito Federal e

Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014

Foram considerados na anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o

valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de

Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA IBGE) nos respectivos periacuteodos13

Os dados populacionais foram coletados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica13 considerando os dados validados relativos agrave

estimativa populacional residente nos municiacutepios brasileiros e distrito federal

nos termos da Lei Complementar nordm 5914 de 22 de dezembro de 1988 e ao

artigo 102 da Lei nordm 844315 de 16 de julho de 1992 paracircmetro utilizado pelo

Tribunal de Contas de Uniatildeo para caacutelculo do Fundo de Participaccedilatildeo de Estados

e Municiacutepios quanto aos indicadores econocircmicos e sociodemograacuteficos nos

periacuteodos intercensitaacuterios

A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do

teto do bloco de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do

paiacutes em seguida a distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os

valores per capita das regiotildees aplicando-se o teste estatiacutestico two-way

ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

19

RESULTADOS

O Teto de Meacutedia e Alta Complexidade concentra a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento conforme mostra a

figura 1

Figura 1 Participaccedilatildeo Relativa dos Blocos de Financiamento dos recursos federais do SUS ndash Fundo a Fundo 2010 a 2014 Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS)

12

Evoluccedilatildeo do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade Brasil no periacuteodo de

2010 a 2014

A Figura 2 apresenta a distribuiccedilatildeo dos recursos (MAC) de acordo

com as macrorregiotildees brasileiras Eacute possiacutevel observar que houve um aumento

de 117 dos recursos totais repassados entre os anos de 2010 e 2011

Considerando que a inflaccedilatildeo oficial medida em 2010 foi de 591 houve

aumento real nominal de recursos da ordem de 58 No mesmo periacuteodo a

populaccedilatildeo brasileira diminuiu em 04 Da mesma forma em 2012 o aumento

de investimentos foi de 96 em relaccedilatildeo ao ano anterior o que significa

aumento real nominal de 31 pois a inflaccedilatildeo medida no periacuteodo foi de 65

20

Entre 2012 e 2013 a populaccedilatildeo cresceu 17 e a inflaccedilatildeo foi de 584

Entretanto o aumento dos investimentos foi da ordem de 24 ou seja 34

abaixo da inflaccedilatildeo daquele periacuteodo Em 2014 o aumento dos recursos foi da

ordem de 13 em relaccedilatildeo ao periacuteodo anterior e considerando a inflaccedilatildeo de

591 no periacuteodo houve aumento nominal de 71 acima da inflaccedilatildeo Nesse

periacuteodo a populaccedilatildeo brasileira tambeacutem aumentou em 37

Figura 2 Distribuiccedilatildeo absoluta dos recursos (MAC) natildeo corrigidos pela inflaccedilatildeo de acordo com as 5 macrorregiotildees brasileiras ao longo de 5 anos

O aumento de recursos foi ininterruptamente crescente entre 2010

e 2014 Entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de acordo com a inflaccedilatildeo

em todos os periacuteodos ou em todas as regiotildees como mostra a Tabela 1

Tabela 1 Correccedilatildeo do repasse (em ) e inflaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos periacuteodos de anaacutelise

Diferenccedila () com o ano precedente

Periacuteodo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil Inflaccedilatildeo no periacuteodo (em )

20102011 19 129 105 98 12 117 591

20112012 12 104 143 69 107 96 65

20122013 36 09 83 32 32 24 584

20132014 103 112 115 144 141 13 591

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2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4

21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

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23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

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24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 4: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a DEUS por estar sempre presente em minha vida e me dar

forccedilas para lutar em prol dos meus objetivos

A minha famiacutelia pela compreensatildeo e apoio

Agradeccedilo de forma especial ao meu orientador Prof Dr Antonio Carlos

Pereira por seu apoio e amizade que mesmo com todas as minhas dificuldades no

percorrer do processo sempre me incentivou de forma gentil acolhedora com

dedicaccedilatildeo e competecircncia

Em especial agraves minhas amigas Livia Fernandes Probst e Denise de Faacutetima

Barros Cavalcante pelo apoio nas revisotildees e sugestotildees fatores fundamentais para

conclusatildeo da dissertaccedilatildeo

Aos meus amigos do mestrado pela oportunidade iacutempar de conviver a

aprender com a singularidade de cada um de vocecircs sem duacutevidas escola para a vida

Por fim agradeccedilo ao Magniacutefico Reitor Marcelo Knobel e ao Diretor

Guilherme Elias Pessanha Henriques da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da

Universidade Estadual de Campinas por ter sido o espaccedilo incentivador da construccedilatildeo

dos saberes no desenvolvimento do mestrado

RESUMO

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede para dar responder

tanto agraves previsotildees constitucionais de universalidade integralidade e igualdade no

acesso a bens e serviccedilos quanto agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute

imprescindiacutevel Este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de 2010 a

2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal aprovado no paiacutes

Trata-se de um estudo retrospectivo analiacutetico de natureza quantitativa desenvolvido

por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras coletadas do Sistema de Orccedilamento

Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS) do teto de meacutedia e alta complexidade para os Estados

Distrito Federal e Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014 Foram considerados na

anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da

inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA) nos respectivos

periacuteodos A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do teto do bloco

de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do paiacutes em seguida a

distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os valores per capita das regiotildees

aplicando-se o teste estatiacutestico two-way ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

Os resultados mostraram que o teto se manteve estaacutevel em alguns estados e elevou-

se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados sendo que o bloco

de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e municiacutepios

em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento Entretanto a manutenccedilatildeo desse

aumento progressivo necessitaraacute de ajustes em razatildeo do congelamento dos gastos do

governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo adequar suas

receitas atraveacutes do planejamento ascendente para garantir o direito a serviccedilos de alta

e meacutedia complexidade de sua populaccedilatildeo

Palavras-chave Financiamento Governamental Economia Financiamento da

Assistecircncia agrave Sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Poliacutetica de Sauacutede

ABSTRACT

Evaluating the Brazilian National Health System funding sufficiency in tackling either

the constitutional provisions of universality comprehensiveness and equity in

accessing goods and services or the population health needs has never been so

important This present study had as its objective the analysis of the evolution in the

increase of Intermediate and High Level Complexity ceiling in Brazil from 2010 to 2014

and the reflection on future perspectives in the face of the New Tax Regime approved

in Brazil It is a retrospective analytical and reflexive study of quantitative nature

developed through the analysis of financial transfers collected from the Health Public

Budget System (Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede) of intermediate and high

level complexity ceiling to states the Federal District and municipalities from 2010 to

2014 Resource distribution nominal value and actual value with the application of

inflation measured by the National Extended Consumer Price Index (Iacutendice de Preccedilos

ao Consumidor Amplo) for the related period were considered The statistical analysis

used firstly the descriptive analysis of the financial block ceiling for intermediate and

high level complexity in the regions of the country and then applying the statistical text

two-way ANOVATukey for the intercensal periods The results showed that the ceiling

kept stable in some states and increase in others presenting heterogeneity among

them and demonstrating that this financial part concentrated the biggest ratio to states

and municipalities in comparison to other financial blocks However keeping this

progressive increase tends not to continue due to the Federal Governmentrsquos expanses

freezing Thus municipalities and states will need to adapt their incomes to guarantee

the rights of the populations to intermediate and high level complexity services

Key-words Financing Government Economics Healthcare Financing Unified Health

System Health Policy

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10

2 ARTIGO Evoluccedilatildeo do teto de meacutedia e alta complexidade no Brasil por cinco anos e

possiacuteveis impactos do novo regime fiscal 12

3 CONCLUSAtildeO 35

REFEREcircNCIAS 37

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO 39

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

A universalidade de acesso aos serviccedilos de sauacutede em todos os

niacuteveis de assistecircncia eacute princiacutepio constitucional do Sistema Uacutenico de Sauacutede

(SUS) Entretanto muito se tem discutido quanto agrave insuficiecircncia do

investimento financeiro para a garantia da execuccedilatildeo e respeito de todos os

princiacutepios e diretrizes estabelecidos sendo recorrente o uso da expressatildeo

ldquosubfinanciamentordquo do Sistema para chamar a atenccedilatildeo de que a proposta

avanccedilada de um SUS universal integral e equacircnime natildeo se sustenta sem os

recursos necessaacuterios (Soares e Santos 2014 Pescuma Juacutenior e Mendes

2015 Vieira e Benevides 2016 Vieira e Piola 2016)

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 198 contava com um

texto inespeciacutefico a respeito do financiamento pontuando apenas que seriam

utilizados recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontes para custear todo o

Sistema (Brasil 1988) A Emenda Constitucional nordm 29 de 2000 (12 anos apoacutes

a promulgaccedilatildeo da Carta Magna) veio para definir os percentuais a serem

aplicados por cada esfera de governo no financiamento da sauacutede (Brasil 2000)

e a Lei Complementar 1412012 (Brasil 2012) para estabelecer o que satildeo

accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede circunscrevendo o que deve ser

considerado na apuraccedilatildeo de suas despesas

O financiamento da sauacutede constitui-se portanto nas fontes de

receitas e sua vinculaccedilatildeo ou natildeo para compor a estrutura de planejamento

alocativo que se concretiza nos orccedilamentos federal estadual e municipal

(Viana et al 2014) sendo de responsabilidade conjunta das trecircs esferas da

federaccedilatildeo que devem desenvolver suas respectivas atividades de maneira

funcional para conformar um sistema de Estado que seja nacionalmente

integrado Assim as atividades de planejamento desenvolvidas de forma

individual em cada uma das esferas em seus territoacuterios devem levar em conta

as atividades das demais esferas buscando gerar complementariedade e

funcionalidade (Brasil 2016)

De acordo com a Lei Complementar nordm 141 de 2012 a Uniatildeo deveria

aplicar anualmente em accedilotildees e serviccedilos de sauacutede o montante correspondente

ao valor empenhado no exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo

11

o percentual correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB)

ocorrida no ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo

negativa do PIB sem reduccedilatildeo do valor em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro O setor sauacutede representa 8 do PIB em 2013 os

gastos puacuteblicos corresponderam a 45 e o setor privado 55 do

financiamento da sauacutede (SIOPS) Todavia em relaccedilatildeo aos gastos com sauacutede

haacute uma tendecircncia geral de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo

federal que se estende das uacuteltimas gestotildees ateacute agrave atual (FHC Lula e Dilma)

(Soares e Santos 2014)

No ano de 2016 o financiamento puacuteblico em sauacutede foi R$ 2472

bilhotildees sendo Uniatildeo 1062 bilhotildees Estados R$ 633 bilhotildees e Municiacutepios 777

bilhotildees (SIOPS 2016)

Diante do Novo Regime Fiscal recentemente aprovado no Governo

Temer (EC 95) considera-se que eacute premente avaliar a suficiecircncia do

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede para dar conta de responder tanto

agraves previsotildees constitucionais de universalidade integralidade e igualdade no

acesso a bens e serviccedilos quanto agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo

brasileira

O presente trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

12

2 ARTIGO Evoluccedilatildeo do teto de meacutedia e alta complexidade no Brasil por

cinco anos e possiacuteveis impactos do novo regime fiscal

Artigo submetido ao perioacutedico Ciecircncia e Sauacutede Coletiva (Anexo 1)

Evolution of financial transfers to medium and high complexity and the

possible impacts of the new tax regime

Autores

Sergio Luiz da Costa1

Livia Fernandes Probst2

Denise de Faacutetima Barros Cavalcante2

Marcelo de Castro Meneghim2

Antonio Carlos Pereira2

1Ministeacuterio da Sauacutede

2Department of Community Dentistry Piracicaba Dental School University

of Campinas Piracicaba Brazil

Correspondence Dr Antonio Carlos Pereira PO Box 52 13414-903

Piracicaba-SP Brazil (TelFax +55 19 2106-5209 e-mail

apereriafopunicampbr)

13

RESUMO

Este trabalho fez uma anaacutelise da evoluccedilatildeo do incremento do Teto de Meacutedia e

Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de 2010 a 2014 e refletiu sobre as

perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal aprovado no paiacutes Trata-se

de um estudo retrospectivo analiacutetico e reflexivo de natureza quantitativa

desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras coletadas do

Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede do teto de meacutedia e alta

complexidade para os Estados Distrito Federal e Municiacutepios no periacuteodo de

2010 a 2014 Os resultados mostraram que o teto se manteve estaacutevel em

alguns estados e elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade

entre os estados sendo essa fatia de financiamento a que concentrou a maior

relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Entretanto a manutenccedilatildeo desse aumento progressivo tende a natildeo continuar

em razatildeo do congelamento dos gastos do governo federal Dessa forma os

municiacutepios e estados precisaratildeo adequar suas receitas para garantir o direito a

serviccedilos de alta e meacutedia complexidade de sua populaccedilatildeo

Palavras-chave Financiamento Governamental Economia Financiamento da

Assistecircncia agrave Sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Poliacutetica de Sauacutede

14

ABSTRACT

This research made an analysis of the evolution of the increase of the average

to Medium and High Complexity in Brazil during the period from 2010 to 2014

Then we reflect on the future perspectives in view of the New Fiscal Regime

approved in the country This is a retrospective analytical and reflexive study

developed through an analysis of the financial transfers for the States Federal

District and Municipalities The results showed that the financial transfers

remained stable in some states and increased in others but there was

heterogeneity among the states This share of financing was the one that

concentrated the largest proportional relation of transfers of financial resources

to the states and municipalities in relation to the other financing blocks

However maintaining this progressive increase tends not to continue because

of the new tax regime of federal government spending In this way

municipalities and states will need to adjust their revenues to guarantee the

right to services of high and medium complexity of their population

Key words Financing Government Economics Healthcare Financing Unified

Health System Health Policy

15

INTRODUCcedilAtildeO

A responsabilidade pelo financiamento do Sistema Uacutenico de

Sauacutede pertence agraves trecircs esferas de governo conforme previsto na Constituiccedilatildeo

Federal1 leis 80802 e 81423 de 1990 regido pela Emenda Constitucional nordm

2920004 e pela Lei Complementar 14120125

A Portaria GMMS nordm 204 de 29 de janeiro de 20076

regulamentou o financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para

accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede bem como seu respectivo monitoramento e

controle Os recursos federais destinados agraves accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

passaram a ser organizados e transferidos na forma de Blocos de

Financiamento Satildeo seis os Blocos de financiamento Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo

de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar Vigilacircncia em Sauacutede

Assistecircncia Farmacecircutica Gestatildeo do SUS e por meio da Portaria GMMS nordm

837097 foi criado ainda o investimento na Rede de Serviccedilos de Sauacutede

Para o propoacutesito de anaacutelise do presente estudo eacute importante

ressaltar que nos termos do Art 13 da Portaria nordm 20420076 o Bloco de

Atenccedilatildeo de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar eacute constituiacutedo

por dois componentes I ndash Componente Limite Financeiro da Meacutedia e Alta

Complexidade Ambulatorial e Hospitalar (MAC) e II ndash Componente Fundo de

Accedilotildees Estrateacutegicas e Compensaccedilatildeo (FAEC) Os recursos do MAC dos

Estados Distrito Federal e Municiacutepios satildeo destinados ao financiamento de

accedilotildees de meacutedia e alta complexidade em sauacutede e de incentivos transferidos

mensalmente sendo transferidos do Fundo Nacional de Sauacutede (FNS) aos

Fundos de Sauacutede dos Estados do Distrito Federal e Municiacutepios conforme a

Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI) e Programaccedilatildeo Geral de Accedilotildees e

16

Serviccedilos de Sauacutede (PGASS) Os recursos do FAEC por sua vez satildeo extra

teto o que significa que natildeo haacute limite para os repasses dentro do prazo

estabelecido que eacute de seis meses Somente apoacutes a constataccedilatildeo de sua

importacircncia eacute que esses volumes financeiros seratildeo incorporados ao MAC e

teratildeo como base uma correspondecircncia histoacuterica de repasses isto eacute uma

referecircncia quanto aos dispecircndios realizados8

Cabe esclarecer que o componente MAC corresponde ao

financiamento dos seguintes serviccedilos Serviccedilo Moacutevel de Urgecircncia (SAMU)

Centro de Especialidades Odontoloacutegicas (CEO) Centro de Referecircncia agrave Sauacutede

do Trabalhador (CEREST) Hospitais de Ensino Hospitais de Pequeno Porte

Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem Miseacuteria Rede

Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre outros que podem

ser instituiacutedos atraveacutes de portaria9

Em 2012 a Lei Complementar nordm 1415 definiu os percentuais

miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito Federal e

Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede (ASPS) aleacutem de

estabelecer quais accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos poderiam ser considerados gastos

com sauacutede De acordo com este dispositivo legal a Uniatildeo deveria aplicar

anualmente em ASPS o montante correspondente ao valor empenhado no

exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo o percentual

correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no

ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo negativa do

PIB o valor natildeo poderia ser reduzido em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro Compreende-se que estes percentuais miacutenimos devem

ser utilizados em accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

17

recuperaccedilatildeo da sauacutede de acesso universal igualitaacuterio e gratuito em

conformidade com objetivos e metas explicitadas nos Planos de Sauacutede de cada

ente da Federaccedilatildeo5

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede

para dar conta de responder tanto agraves previsotildees constitucionais de

universalidade integralidade e igualdade no acesso a bens e serviccedilos quanto

agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute imprescindiacutevel Com

relaccedilatildeo ao comportamento dos gastos com sauacutede houve uma tendecircncia geral

de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo federal nos gastos com

sauacutede nas trecircs gestotildees anteriores agrave atual (FHC Lula e Dilma)10 Com o Novo

Regime Fiscal11 recentemente aprovado no Governo Temer eacute premente trazer

ao debate dados estatiacutesticos reais para refletir agrave luz da atual conjuntura se seraacute

possiacutevel a manutenccedilatildeo do Sistema de Sauacutede defendido pela Reforma Sanitaacuteria

Brasileira

Considerando o exposto as mudanccedilas com relaccedilatildeo ao

financiamento do Sistema de Sauacutede e a importacircncia dos recursos cada vez

mais escassos para a garantia da universalidade do acesso em todos os niacuteveis

de assistecircncia este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

18

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo e analiacutetico de natureza

quantitativa desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras

coletadas do Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede12 (SIOPS) do teto de

meacutedia e alta complexidade (MAC) para os Estados Distrito Federal e

Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014

Foram considerados na anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o

valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de

Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA IBGE) nos respectivos periacuteodos13

Os dados populacionais foram coletados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica13 considerando os dados validados relativos agrave

estimativa populacional residente nos municiacutepios brasileiros e distrito federal

nos termos da Lei Complementar nordm 5914 de 22 de dezembro de 1988 e ao

artigo 102 da Lei nordm 844315 de 16 de julho de 1992 paracircmetro utilizado pelo

Tribunal de Contas de Uniatildeo para caacutelculo do Fundo de Participaccedilatildeo de Estados

e Municiacutepios quanto aos indicadores econocircmicos e sociodemograacuteficos nos

periacuteodos intercensitaacuterios

A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do

teto do bloco de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do

paiacutes em seguida a distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os

valores per capita das regiotildees aplicando-se o teste estatiacutestico two-way

ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

19

RESULTADOS

O Teto de Meacutedia e Alta Complexidade concentra a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento conforme mostra a

figura 1

Figura 1 Participaccedilatildeo Relativa dos Blocos de Financiamento dos recursos federais do SUS ndash Fundo a Fundo 2010 a 2014 Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS)

12

Evoluccedilatildeo do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade Brasil no periacuteodo de

2010 a 2014

A Figura 2 apresenta a distribuiccedilatildeo dos recursos (MAC) de acordo

com as macrorregiotildees brasileiras Eacute possiacutevel observar que houve um aumento

de 117 dos recursos totais repassados entre os anos de 2010 e 2011

Considerando que a inflaccedilatildeo oficial medida em 2010 foi de 591 houve

aumento real nominal de recursos da ordem de 58 No mesmo periacuteodo a

populaccedilatildeo brasileira diminuiu em 04 Da mesma forma em 2012 o aumento

de investimentos foi de 96 em relaccedilatildeo ao ano anterior o que significa

aumento real nominal de 31 pois a inflaccedilatildeo medida no periacuteodo foi de 65

20

Entre 2012 e 2013 a populaccedilatildeo cresceu 17 e a inflaccedilatildeo foi de 584

Entretanto o aumento dos investimentos foi da ordem de 24 ou seja 34

abaixo da inflaccedilatildeo daquele periacuteodo Em 2014 o aumento dos recursos foi da

ordem de 13 em relaccedilatildeo ao periacuteodo anterior e considerando a inflaccedilatildeo de

591 no periacuteodo houve aumento nominal de 71 acima da inflaccedilatildeo Nesse

periacuteodo a populaccedilatildeo brasileira tambeacutem aumentou em 37

Figura 2 Distribuiccedilatildeo absoluta dos recursos (MAC) natildeo corrigidos pela inflaccedilatildeo de acordo com as 5 macrorregiotildees brasileiras ao longo de 5 anos

O aumento de recursos foi ininterruptamente crescente entre 2010

e 2014 Entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de acordo com a inflaccedilatildeo

em todos os periacuteodos ou em todas as regiotildees como mostra a Tabela 1

Tabela 1 Correccedilatildeo do repasse (em ) e inflaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos periacuteodos de anaacutelise

Diferenccedila () com o ano precedente

Periacuteodo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil Inflaccedilatildeo no periacuteodo (em )

20102011 19 129 105 98 12 117 591

20112012 12 104 143 69 107 96 65

20122013 36 09 83 32 32 24 584

20132014 103 112 115 144 141 13 591

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2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4

21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

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23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

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24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 5: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

RESUMO

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede para dar responder

tanto agraves previsotildees constitucionais de universalidade integralidade e igualdade no

acesso a bens e serviccedilos quanto agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute

imprescindiacutevel Este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de 2010 a

2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal aprovado no paiacutes

Trata-se de um estudo retrospectivo analiacutetico de natureza quantitativa desenvolvido

por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras coletadas do Sistema de Orccedilamento

Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS) do teto de meacutedia e alta complexidade para os Estados

Distrito Federal e Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014 Foram considerados na

anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da

inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA) nos respectivos

periacuteodos A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do teto do bloco

de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do paiacutes em seguida a

distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os valores per capita das regiotildees

aplicando-se o teste estatiacutestico two-way ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

Os resultados mostraram que o teto se manteve estaacutevel em alguns estados e elevou-

se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados sendo que o bloco

de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e municiacutepios

em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento Entretanto a manutenccedilatildeo desse

aumento progressivo necessitaraacute de ajustes em razatildeo do congelamento dos gastos do

governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo adequar suas

receitas atraveacutes do planejamento ascendente para garantir o direito a serviccedilos de alta

e meacutedia complexidade de sua populaccedilatildeo

Palavras-chave Financiamento Governamental Economia Financiamento da

Assistecircncia agrave Sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Poliacutetica de Sauacutede

ABSTRACT

Evaluating the Brazilian National Health System funding sufficiency in tackling either

the constitutional provisions of universality comprehensiveness and equity in

accessing goods and services or the population health needs has never been so

important This present study had as its objective the analysis of the evolution in the

increase of Intermediate and High Level Complexity ceiling in Brazil from 2010 to 2014

and the reflection on future perspectives in the face of the New Tax Regime approved

in Brazil It is a retrospective analytical and reflexive study of quantitative nature

developed through the analysis of financial transfers collected from the Health Public

Budget System (Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede) of intermediate and high

level complexity ceiling to states the Federal District and municipalities from 2010 to

2014 Resource distribution nominal value and actual value with the application of

inflation measured by the National Extended Consumer Price Index (Iacutendice de Preccedilos

ao Consumidor Amplo) for the related period were considered The statistical analysis

used firstly the descriptive analysis of the financial block ceiling for intermediate and

high level complexity in the regions of the country and then applying the statistical text

two-way ANOVATukey for the intercensal periods The results showed that the ceiling

kept stable in some states and increase in others presenting heterogeneity among

them and demonstrating that this financial part concentrated the biggest ratio to states

and municipalities in comparison to other financial blocks However keeping this

progressive increase tends not to continue due to the Federal Governmentrsquos expanses

freezing Thus municipalities and states will need to adapt their incomes to guarantee

the rights of the populations to intermediate and high level complexity services

Key-words Financing Government Economics Healthcare Financing Unified Health

System Health Policy

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10

2 ARTIGO Evoluccedilatildeo do teto de meacutedia e alta complexidade no Brasil por cinco anos e

possiacuteveis impactos do novo regime fiscal 12

3 CONCLUSAtildeO 35

REFEREcircNCIAS 37

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO 39

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

A universalidade de acesso aos serviccedilos de sauacutede em todos os

niacuteveis de assistecircncia eacute princiacutepio constitucional do Sistema Uacutenico de Sauacutede

(SUS) Entretanto muito se tem discutido quanto agrave insuficiecircncia do

investimento financeiro para a garantia da execuccedilatildeo e respeito de todos os

princiacutepios e diretrizes estabelecidos sendo recorrente o uso da expressatildeo

ldquosubfinanciamentordquo do Sistema para chamar a atenccedilatildeo de que a proposta

avanccedilada de um SUS universal integral e equacircnime natildeo se sustenta sem os

recursos necessaacuterios (Soares e Santos 2014 Pescuma Juacutenior e Mendes

2015 Vieira e Benevides 2016 Vieira e Piola 2016)

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 198 contava com um

texto inespeciacutefico a respeito do financiamento pontuando apenas que seriam

utilizados recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontes para custear todo o

Sistema (Brasil 1988) A Emenda Constitucional nordm 29 de 2000 (12 anos apoacutes

a promulgaccedilatildeo da Carta Magna) veio para definir os percentuais a serem

aplicados por cada esfera de governo no financiamento da sauacutede (Brasil 2000)

e a Lei Complementar 1412012 (Brasil 2012) para estabelecer o que satildeo

accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede circunscrevendo o que deve ser

considerado na apuraccedilatildeo de suas despesas

O financiamento da sauacutede constitui-se portanto nas fontes de

receitas e sua vinculaccedilatildeo ou natildeo para compor a estrutura de planejamento

alocativo que se concretiza nos orccedilamentos federal estadual e municipal

(Viana et al 2014) sendo de responsabilidade conjunta das trecircs esferas da

federaccedilatildeo que devem desenvolver suas respectivas atividades de maneira

funcional para conformar um sistema de Estado que seja nacionalmente

integrado Assim as atividades de planejamento desenvolvidas de forma

individual em cada uma das esferas em seus territoacuterios devem levar em conta

as atividades das demais esferas buscando gerar complementariedade e

funcionalidade (Brasil 2016)

De acordo com a Lei Complementar nordm 141 de 2012 a Uniatildeo deveria

aplicar anualmente em accedilotildees e serviccedilos de sauacutede o montante correspondente

ao valor empenhado no exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo

11

o percentual correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB)

ocorrida no ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo

negativa do PIB sem reduccedilatildeo do valor em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro O setor sauacutede representa 8 do PIB em 2013 os

gastos puacuteblicos corresponderam a 45 e o setor privado 55 do

financiamento da sauacutede (SIOPS) Todavia em relaccedilatildeo aos gastos com sauacutede

haacute uma tendecircncia geral de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo

federal que se estende das uacuteltimas gestotildees ateacute agrave atual (FHC Lula e Dilma)

(Soares e Santos 2014)

No ano de 2016 o financiamento puacuteblico em sauacutede foi R$ 2472

bilhotildees sendo Uniatildeo 1062 bilhotildees Estados R$ 633 bilhotildees e Municiacutepios 777

bilhotildees (SIOPS 2016)

Diante do Novo Regime Fiscal recentemente aprovado no Governo

Temer (EC 95) considera-se que eacute premente avaliar a suficiecircncia do

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede para dar conta de responder tanto

agraves previsotildees constitucionais de universalidade integralidade e igualdade no

acesso a bens e serviccedilos quanto agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo

brasileira

O presente trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

12

2 ARTIGO Evoluccedilatildeo do teto de meacutedia e alta complexidade no Brasil por

cinco anos e possiacuteveis impactos do novo regime fiscal

Artigo submetido ao perioacutedico Ciecircncia e Sauacutede Coletiva (Anexo 1)

Evolution of financial transfers to medium and high complexity and the

possible impacts of the new tax regime

Autores

Sergio Luiz da Costa1

Livia Fernandes Probst2

Denise de Faacutetima Barros Cavalcante2

Marcelo de Castro Meneghim2

Antonio Carlos Pereira2

1Ministeacuterio da Sauacutede

2Department of Community Dentistry Piracicaba Dental School University

of Campinas Piracicaba Brazil

Correspondence Dr Antonio Carlos Pereira PO Box 52 13414-903

Piracicaba-SP Brazil (TelFax +55 19 2106-5209 e-mail

apereriafopunicampbr)

13

RESUMO

Este trabalho fez uma anaacutelise da evoluccedilatildeo do incremento do Teto de Meacutedia e

Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de 2010 a 2014 e refletiu sobre as

perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal aprovado no paiacutes Trata-se

de um estudo retrospectivo analiacutetico e reflexivo de natureza quantitativa

desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras coletadas do

Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede do teto de meacutedia e alta

complexidade para os Estados Distrito Federal e Municiacutepios no periacuteodo de

2010 a 2014 Os resultados mostraram que o teto se manteve estaacutevel em

alguns estados e elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade

entre os estados sendo essa fatia de financiamento a que concentrou a maior

relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Entretanto a manutenccedilatildeo desse aumento progressivo tende a natildeo continuar

em razatildeo do congelamento dos gastos do governo federal Dessa forma os

municiacutepios e estados precisaratildeo adequar suas receitas para garantir o direito a

serviccedilos de alta e meacutedia complexidade de sua populaccedilatildeo

Palavras-chave Financiamento Governamental Economia Financiamento da

Assistecircncia agrave Sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Poliacutetica de Sauacutede

14

ABSTRACT

This research made an analysis of the evolution of the increase of the average

to Medium and High Complexity in Brazil during the period from 2010 to 2014

Then we reflect on the future perspectives in view of the New Fiscal Regime

approved in the country This is a retrospective analytical and reflexive study

developed through an analysis of the financial transfers for the States Federal

District and Municipalities The results showed that the financial transfers

remained stable in some states and increased in others but there was

heterogeneity among the states This share of financing was the one that

concentrated the largest proportional relation of transfers of financial resources

to the states and municipalities in relation to the other financing blocks

However maintaining this progressive increase tends not to continue because

of the new tax regime of federal government spending In this way

municipalities and states will need to adjust their revenues to guarantee the

right to services of high and medium complexity of their population

Key words Financing Government Economics Healthcare Financing Unified

Health System Health Policy

15

INTRODUCcedilAtildeO

A responsabilidade pelo financiamento do Sistema Uacutenico de

Sauacutede pertence agraves trecircs esferas de governo conforme previsto na Constituiccedilatildeo

Federal1 leis 80802 e 81423 de 1990 regido pela Emenda Constitucional nordm

2920004 e pela Lei Complementar 14120125

A Portaria GMMS nordm 204 de 29 de janeiro de 20076

regulamentou o financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para

accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede bem como seu respectivo monitoramento e

controle Os recursos federais destinados agraves accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

passaram a ser organizados e transferidos na forma de Blocos de

Financiamento Satildeo seis os Blocos de financiamento Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo

de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar Vigilacircncia em Sauacutede

Assistecircncia Farmacecircutica Gestatildeo do SUS e por meio da Portaria GMMS nordm

837097 foi criado ainda o investimento na Rede de Serviccedilos de Sauacutede

Para o propoacutesito de anaacutelise do presente estudo eacute importante

ressaltar que nos termos do Art 13 da Portaria nordm 20420076 o Bloco de

Atenccedilatildeo de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar eacute constituiacutedo

por dois componentes I ndash Componente Limite Financeiro da Meacutedia e Alta

Complexidade Ambulatorial e Hospitalar (MAC) e II ndash Componente Fundo de

Accedilotildees Estrateacutegicas e Compensaccedilatildeo (FAEC) Os recursos do MAC dos

Estados Distrito Federal e Municiacutepios satildeo destinados ao financiamento de

accedilotildees de meacutedia e alta complexidade em sauacutede e de incentivos transferidos

mensalmente sendo transferidos do Fundo Nacional de Sauacutede (FNS) aos

Fundos de Sauacutede dos Estados do Distrito Federal e Municiacutepios conforme a

Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI) e Programaccedilatildeo Geral de Accedilotildees e

16

Serviccedilos de Sauacutede (PGASS) Os recursos do FAEC por sua vez satildeo extra

teto o que significa que natildeo haacute limite para os repasses dentro do prazo

estabelecido que eacute de seis meses Somente apoacutes a constataccedilatildeo de sua

importacircncia eacute que esses volumes financeiros seratildeo incorporados ao MAC e

teratildeo como base uma correspondecircncia histoacuterica de repasses isto eacute uma

referecircncia quanto aos dispecircndios realizados8

Cabe esclarecer que o componente MAC corresponde ao

financiamento dos seguintes serviccedilos Serviccedilo Moacutevel de Urgecircncia (SAMU)

Centro de Especialidades Odontoloacutegicas (CEO) Centro de Referecircncia agrave Sauacutede

do Trabalhador (CEREST) Hospitais de Ensino Hospitais de Pequeno Porte

Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem Miseacuteria Rede

Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre outros que podem

ser instituiacutedos atraveacutes de portaria9

Em 2012 a Lei Complementar nordm 1415 definiu os percentuais

miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito Federal e

Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede (ASPS) aleacutem de

estabelecer quais accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos poderiam ser considerados gastos

com sauacutede De acordo com este dispositivo legal a Uniatildeo deveria aplicar

anualmente em ASPS o montante correspondente ao valor empenhado no

exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo o percentual

correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no

ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo negativa do

PIB o valor natildeo poderia ser reduzido em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro Compreende-se que estes percentuais miacutenimos devem

ser utilizados em accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

17

recuperaccedilatildeo da sauacutede de acesso universal igualitaacuterio e gratuito em

conformidade com objetivos e metas explicitadas nos Planos de Sauacutede de cada

ente da Federaccedilatildeo5

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede

para dar conta de responder tanto agraves previsotildees constitucionais de

universalidade integralidade e igualdade no acesso a bens e serviccedilos quanto

agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute imprescindiacutevel Com

relaccedilatildeo ao comportamento dos gastos com sauacutede houve uma tendecircncia geral

de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo federal nos gastos com

sauacutede nas trecircs gestotildees anteriores agrave atual (FHC Lula e Dilma)10 Com o Novo

Regime Fiscal11 recentemente aprovado no Governo Temer eacute premente trazer

ao debate dados estatiacutesticos reais para refletir agrave luz da atual conjuntura se seraacute

possiacutevel a manutenccedilatildeo do Sistema de Sauacutede defendido pela Reforma Sanitaacuteria

Brasileira

Considerando o exposto as mudanccedilas com relaccedilatildeo ao

financiamento do Sistema de Sauacutede e a importacircncia dos recursos cada vez

mais escassos para a garantia da universalidade do acesso em todos os niacuteveis

de assistecircncia este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

18

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo e analiacutetico de natureza

quantitativa desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras

coletadas do Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede12 (SIOPS) do teto de

meacutedia e alta complexidade (MAC) para os Estados Distrito Federal e

Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014

Foram considerados na anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o

valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de

Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA IBGE) nos respectivos periacuteodos13

Os dados populacionais foram coletados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica13 considerando os dados validados relativos agrave

estimativa populacional residente nos municiacutepios brasileiros e distrito federal

nos termos da Lei Complementar nordm 5914 de 22 de dezembro de 1988 e ao

artigo 102 da Lei nordm 844315 de 16 de julho de 1992 paracircmetro utilizado pelo

Tribunal de Contas de Uniatildeo para caacutelculo do Fundo de Participaccedilatildeo de Estados

e Municiacutepios quanto aos indicadores econocircmicos e sociodemograacuteficos nos

periacuteodos intercensitaacuterios

A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do

teto do bloco de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do

paiacutes em seguida a distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os

valores per capita das regiotildees aplicando-se o teste estatiacutestico two-way

ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

19

RESULTADOS

O Teto de Meacutedia e Alta Complexidade concentra a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento conforme mostra a

figura 1

Figura 1 Participaccedilatildeo Relativa dos Blocos de Financiamento dos recursos federais do SUS ndash Fundo a Fundo 2010 a 2014 Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS)

12

Evoluccedilatildeo do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade Brasil no periacuteodo de

2010 a 2014

A Figura 2 apresenta a distribuiccedilatildeo dos recursos (MAC) de acordo

com as macrorregiotildees brasileiras Eacute possiacutevel observar que houve um aumento

de 117 dos recursos totais repassados entre os anos de 2010 e 2011

Considerando que a inflaccedilatildeo oficial medida em 2010 foi de 591 houve

aumento real nominal de recursos da ordem de 58 No mesmo periacuteodo a

populaccedilatildeo brasileira diminuiu em 04 Da mesma forma em 2012 o aumento

de investimentos foi de 96 em relaccedilatildeo ao ano anterior o que significa

aumento real nominal de 31 pois a inflaccedilatildeo medida no periacuteodo foi de 65

20

Entre 2012 e 2013 a populaccedilatildeo cresceu 17 e a inflaccedilatildeo foi de 584

Entretanto o aumento dos investimentos foi da ordem de 24 ou seja 34

abaixo da inflaccedilatildeo daquele periacuteodo Em 2014 o aumento dos recursos foi da

ordem de 13 em relaccedilatildeo ao periacuteodo anterior e considerando a inflaccedilatildeo de

591 no periacuteodo houve aumento nominal de 71 acima da inflaccedilatildeo Nesse

periacuteodo a populaccedilatildeo brasileira tambeacutem aumentou em 37

Figura 2 Distribuiccedilatildeo absoluta dos recursos (MAC) natildeo corrigidos pela inflaccedilatildeo de acordo com as 5 macrorregiotildees brasileiras ao longo de 5 anos

O aumento de recursos foi ininterruptamente crescente entre 2010

e 2014 Entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de acordo com a inflaccedilatildeo

em todos os periacuteodos ou em todas as regiotildees como mostra a Tabela 1

Tabela 1 Correccedilatildeo do repasse (em ) e inflaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos periacuteodos de anaacutelise

Diferenccedila () com o ano precedente

Periacuteodo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil Inflaccedilatildeo no periacuteodo (em )

20102011 19 129 105 98 12 117 591

20112012 12 104 143 69 107 96 65

20122013 36 09 83 32 32 24 584

20132014 103 112 115 144 141 13 591

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2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4

21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

0 0

2 0

4 0

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C e n tro -O e s te N o rd e s te N o rte S u d e s te S u l

23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

0

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E s ta d o s M u n ic ip io s

24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 6: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

ABSTRACT

Evaluating the Brazilian National Health System funding sufficiency in tackling either

the constitutional provisions of universality comprehensiveness and equity in

accessing goods and services or the population health needs has never been so

important This present study had as its objective the analysis of the evolution in the

increase of Intermediate and High Level Complexity ceiling in Brazil from 2010 to 2014

and the reflection on future perspectives in the face of the New Tax Regime approved

in Brazil It is a retrospective analytical and reflexive study of quantitative nature

developed through the analysis of financial transfers collected from the Health Public

Budget System (Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede) of intermediate and high

level complexity ceiling to states the Federal District and municipalities from 2010 to

2014 Resource distribution nominal value and actual value with the application of

inflation measured by the National Extended Consumer Price Index (Iacutendice de Preccedilos

ao Consumidor Amplo) for the related period were considered The statistical analysis

used firstly the descriptive analysis of the financial block ceiling for intermediate and

high level complexity in the regions of the country and then applying the statistical text

two-way ANOVATukey for the intercensal periods The results showed that the ceiling

kept stable in some states and increase in others presenting heterogeneity among

them and demonstrating that this financial part concentrated the biggest ratio to states

and municipalities in comparison to other financial blocks However keeping this

progressive increase tends not to continue due to the Federal Governmentrsquos expanses

freezing Thus municipalities and states will need to adapt their incomes to guarantee

the rights of the populations to intermediate and high level complexity services

Key-words Financing Government Economics Healthcare Financing Unified Health

System Health Policy

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10

2 ARTIGO Evoluccedilatildeo do teto de meacutedia e alta complexidade no Brasil por cinco anos e

possiacuteveis impactos do novo regime fiscal 12

3 CONCLUSAtildeO 35

REFEREcircNCIAS 37

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO 39

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

A universalidade de acesso aos serviccedilos de sauacutede em todos os

niacuteveis de assistecircncia eacute princiacutepio constitucional do Sistema Uacutenico de Sauacutede

(SUS) Entretanto muito se tem discutido quanto agrave insuficiecircncia do

investimento financeiro para a garantia da execuccedilatildeo e respeito de todos os

princiacutepios e diretrizes estabelecidos sendo recorrente o uso da expressatildeo

ldquosubfinanciamentordquo do Sistema para chamar a atenccedilatildeo de que a proposta

avanccedilada de um SUS universal integral e equacircnime natildeo se sustenta sem os

recursos necessaacuterios (Soares e Santos 2014 Pescuma Juacutenior e Mendes

2015 Vieira e Benevides 2016 Vieira e Piola 2016)

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 198 contava com um

texto inespeciacutefico a respeito do financiamento pontuando apenas que seriam

utilizados recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontes para custear todo o

Sistema (Brasil 1988) A Emenda Constitucional nordm 29 de 2000 (12 anos apoacutes

a promulgaccedilatildeo da Carta Magna) veio para definir os percentuais a serem

aplicados por cada esfera de governo no financiamento da sauacutede (Brasil 2000)

e a Lei Complementar 1412012 (Brasil 2012) para estabelecer o que satildeo

accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede circunscrevendo o que deve ser

considerado na apuraccedilatildeo de suas despesas

O financiamento da sauacutede constitui-se portanto nas fontes de

receitas e sua vinculaccedilatildeo ou natildeo para compor a estrutura de planejamento

alocativo que se concretiza nos orccedilamentos federal estadual e municipal

(Viana et al 2014) sendo de responsabilidade conjunta das trecircs esferas da

federaccedilatildeo que devem desenvolver suas respectivas atividades de maneira

funcional para conformar um sistema de Estado que seja nacionalmente

integrado Assim as atividades de planejamento desenvolvidas de forma

individual em cada uma das esferas em seus territoacuterios devem levar em conta

as atividades das demais esferas buscando gerar complementariedade e

funcionalidade (Brasil 2016)

De acordo com a Lei Complementar nordm 141 de 2012 a Uniatildeo deveria

aplicar anualmente em accedilotildees e serviccedilos de sauacutede o montante correspondente

ao valor empenhado no exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo

11

o percentual correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB)

ocorrida no ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo

negativa do PIB sem reduccedilatildeo do valor em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro O setor sauacutede representa 8 do PIB em 2013 os

gastos puacuteblicos corresponderam a 45 e o setor privado 55 do

financiamento da sauacutede (SIOPS) Todavia em relaccedilatildeo aos gastos com sauacutede

haacute uma tendecircncia geral de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo

federal que se estende das uacuteltimas gestotildees ateacute agrave atual (FHC Lula e Dilma)

(Soares e Santos 2014)

No ano de 2016 o financiamento puacuteblico em sauacutede foi R$ 2472

bilhotildees sendo Uniatildeo 1062 bilhotildees Estados R$ 633 bilhotildees e Municiacutepios 777

bilhotildees (SIOPS 2016)

Diante do Novo Regime Fiscal recentemente aprovado no Governo

Temer (EC 95) considera-se que eacute premente avaliar a suficiecircncia do

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede para dar conta de responder tanto

agraves previsotildees constitucionais de universalidade integralidade e igualdade no

acesso a bens e serviccedilos quanto agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo

brasileira

O presente trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

12

2 ARTIGO Evoluccedilatildeo do teto de meacutedia e alta complexidade no Brasil por

cinco anos e possiacuteveis impactos do novo regime fiscal

Artigo submetido ao perioacutedico Ciecircncia e Sauacutede Coletiva (Anexo 1)

Evolution of financial transfers to medium and high complexity and the

possible impacts of the new tax regime

Autores

Sergio Luiz da Costa1

Livia Fernandes Probst2

Denise de Faacutetima Barros Cavalcante2

Marcelo de Castro Meneghim2

Antonio Carlos Pereira2

1Ministeacuterio da Sauacutede

2Department of Community Dentistry Piracicaba Dental School University

of Campinas Piracicaba Brazil

Correspondence Dr Antonio Carlos Pereira PO Box 52 13414-903

Piracicaba-SP Brazil (TelFax +55 19 2106-5209 e-mail

apereriafopunicampbr)

13

RESUMO

Este trabalho fez uma anaacutelise da evoluccedilatildeo do incremento do Teto de Meacutedia e

Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de 2010 a 2014 e refletiu sobre as

perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal aprovado no paiacutes Trata-se

de um estudo retrospectivo analiacutetico e reflexivo de natureza quantitativa

desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras coletadas do

Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede do teto de meacutedia e alta

complexidade para os Estados Distrito Federal e Municiacutepios no periacuteodo de

2010 a 2014 Os resultados mostraram que o teto se manteve estaacutevel em

alguns estados e elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade

entre os estados sendo essa fatia de financiamento a que concentrou a maior

relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Entretanto a manutenccedilatildeo desse aumento progressivo tende a natildeo continuar

em razatildeo do congelamento dos gastos do governo federal Dessa forma os

municiacutepios e estados precisaratildeo adequar suas receitas para garantir o direito a

serviccedilos de alta e meacutedia complexidade de sua populaccedilatildeo

Palavras-chave Financiamento Governamental Economia Financiamento da

Assistecircncia agrave Sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Poliacutetica de Sauacutede

14

ABSTRACT

This research made an analysis of the evolution of the increase of the average

to Medium and High Complexity in Brazil during the period from 2010 to 2014

Then we reflect on the future perspectives in view of the New Fiscal Regime

approved in the country This is a retrospective analytical and reflexive study

developed through an analysis of the financial transfers for the States Federal

District and Municipalities The results showed that the financial transfers

remained stable in some states and increased in others but there was

heterogeneity among the states This share of financing was the one that

concentrated the largest proportional relation of transfers of financial resources

to the states and municipalities in relation to the other financing blocks

However maintaining this progressive increase tends not to continue because

of the new tax regime of federal government spending In this way

municipalities and states will need to adjust their revenues to guarantee the

right to services of high and medium complexity of their population

Key words Financing Government Economics Healthcare Financing Unified

Health System Health Policy

15

INTRODUCcedilAtildeO

A responsabilidade pelo financiamento do Sistema Uacutenico de

Sauacutede pertence agraves trecircs esferas de governo conforme previsto na Constituiccedilatildeo

Federal1 leis 80802 e 81423 de 1990 regido pela Emenda Constitucional nordm

2920004 e pela Lei Complementar 14120125

A Portaria GMMS nordm 204 de 29 de janeiro de 20076

regulamentou o financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para

accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede bem como seu respectivo monitoramento e

controle Os recursos federais destinados agraves accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

passaram a ser organizados e transferidos na forma de Blocos de

Financiamento Satildeo seis os Blocos de financiamento Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo

de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar Vigilacircncia em Sauacutede

Assistecircncia Farmacecircutica Gestatildeo do SUS e por meio da Portaria GMMS nordm

837097 foi criado ainda o investimento na Rede de Serviccedilos de Sauacutede

Para o propoacutesito de anaacutelise do presente estudo eacute importante

ressaltar que nos termos do Art 13 da Portaria nordm 20420076 o Bloco de

Atenccedilatildeo de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar eacute constituiacutedo

por dois componentes I ndash Componente Limite Financeiro da Meacutedia e Alta

Complexidade Ambulatorial e Hospitalar (MAC) e II ndash Componente Fundo de

Accedilotildees Estrateacutegicas e Compensaccedilatildeo (FAEC) Os recursos do MAC dos

Estados Distrito Federal e Municiacutepios satildeo destinados ao financiamento de

accedilotildees de meacutedia e alta complexidade em sauacutede e de incentivos transferidos

mensalmente sendo transferidos do Fundo Nacional de Sauacutede (FNS) aos

Fundos de Sauacutede dos Estados do Distrito Federal e Municiacutepios conforme a

Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI) e Programaccedilatildeo Geral de Accedilotildees e

16

Serviccedilos de Sauacutede (PGASS) Os recursos do FAEC por sua vez satildeo extra

teto o que significa que natildeo haacute limite para os repasses dentro do prazo

estabelecido que eacute de seis meses Somente apoacutes a constataccedilatildeo de sua

importacircncia eacute que esses volumes financeiros seratildeo incorporados ao MAC e

teratildeo como base uma correspondecircncia histoacuterica de repasses isto eacute uma

referecircncia quanto aos dispecircndios realizados8

Cabe esclarecer que o componente MAC corresponde ao

financiamento dos seguintes serviccedilos Serviccedilo Moacutevel de Urgecircncia (SAMU)

Centro de Especialidades Odontoloacutegicas (CEO) Centro de Referecircncia agrave Sauacutede

do Trabalhador (CEREST) Hospitais de Ensino Hospitais de Pequeno Porte

Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem Miseacuteria Rede

Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre outros que podem

ser instituiacutedos atraveacutes de portaria9

Em 2012 a Lei Complementar nordm 1415 definiu os percentuais

miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito Federal e

Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede (ASPS) aleacutem de

estabelecer quais accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos poderiam ser considerados gastos

com sauacutede De acordo com este dispositivo legal a Uniatildeo deveria aplicar

anualmente em ASPS o montante correspondente ao valor empenhado no

exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo o percentual

correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no

ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo negativa do

PIB o valor natildeo poderia ser reduzido em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro Compreende-se que estes percentuais miacutenimos devem

ser utilizados em accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

17

recuperaccedilatildeo da sauacutede de acesso universal igualitaacuterio e gratuito em

conformidade com objetivos e metas explicitadas nos Planos de Sauacutede de cada

ente da Federaccedilatildeo5

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede

para dar conta de responder tanto agraves previsotildees constitucionais de

universalidade integralidade e igualdade no acesso a bens e serviccedilos quanto

agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute imprescindiacutevel Com

relaccedilatildeo ao comportamento dos gastos com sauacutede houve uma tendecircncia geral

de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo federal nos gastos com

sauacutede nas trecircs gestotildees anteriores agrave atual (FHC Lula e Dilma)10 Com o Novo

Regime Fiscal11 recentemente aprovado no Governo Temer eacute premente trazer

ao debate dados estatiacutesticos reais para refletir agrave luz da atual conjuntura se seraacute

possiacutevel a manutenccedilatildeo do Sistema de Sauacutede defendido pela Reforma Sanitaacuteria

Brasileira

Considerando o exposto as mudanccedilas com relaccedilatildeo ao

financiamento do Sistema de Sauacutede e a importacircncia dos recursos cada vez

mais escassos para a garantia da universalidade do acesso em todos os niacuteveis

de assistecircncia este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

18

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo e analiacutetico de natureza

quantitativa desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras

coletadas do Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede12 (SIOPS) do teto de

meacutedia e alta complexidade (MAC) para os Estados Distrito Federal e

Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014

Foram considerados na anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o

valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de

Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA IBGE) nos respectivos periacuteodos13

Os dados populacionais foram coletados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica13 considerando os dados validados relativos agrave

estimativa populacional residente nos municiacutepios brasileiros e distrito federal

nos termos da Lei Complementar nordm 5914 de 22 de dezembro de 1988 e ao

artigo 102 da Lei nordm 844315 de 16 de julho de 1992 paracircmetro utilizado pelo

Tribunal de Contas de Uniatildeo para caacutelculo do Fundo de Participaccedilatildeo de Estados

e Municiacutepios quanto aos indicadores econocircmicos e sociodemograacuteficos nos

periacuteodos intercensitaacuterios

A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do

teto do bloco de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do

paiacutes em seguida a distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os

valores per capita das regiotildees aplicando-se o teste estatiacutestico two-way

ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

19

RESULTADOS

O Teto de Meacutedia e Alta Complexidade concentra a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento conforme mostra a

figura 1

Figura 1 Participaccedilatildeo Relativa dos Blocos de Financiamento dos recursos federais do SUS ndash Fundo a Fundo 2010 a 2014 Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS)

12

Evoluccedilatildeo do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade Brasil no periacuteodo de

2010 a 2014

A Figura 2 apresenta a distribuiccedilatildeo dos recursos (MAC) de acordo

com as macrorregiotildees brasileiras Eacute possiacutevel observar que houve um aumento

de 117 dos recursos totais repassados entre os anos de 2010 e 2011

Considerando que a inflaccedilatildeo oficial medida em 2010 foi de 591 houve

aumento real nominal de recursos da ordem de 58 No mesmo periacuteodo a

populaccedilatildeo brasileira diminuiu em 04 Da mesma forma em 2012 o aumento

de investimentos foi de 96 em relaccedilatildeo ao ano anterior o que significa

aumento real nominal de 31 pois a inflaccedilatildeo medida no periacuteodo foi de 65

20

Entre 2012 e 2013 a populaccedilatildeo cresceu 17 e a inflaccedilatildeo foi de 584

Entretanto o aumento dos investimentos foi da ordem de 24 ou seja 34

abaixo da inflaccedilatildeo daquele periacuteodo Em 2014 o aumento dos recursos foi da

ordem de 13 em relaccedilatildeo ao periacuteodo anterior e considerando a inflaccedilatildeo de

591 no periacuteodo houve aumento nominal de 71 acima da inflaccedilatildeo Nesse

periacuteodo a populaccedilatildeo brasileira tambeacutem aumentou em 37

Figura 2 Distribuiccedilatildeo absoluta dos recursos (MAC) natildeo corrigidos pela inflaccedilatildeo de acordo com as 5 macrorregiotildees brasileiras ao longo de 5 anos

O aumento de recursos foi ininterruptamente crescente entre 2010

e 2014 Entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de acordo com a inflaccedilatildeo

em todos os periacuteodos ou em todas as regiotildees como mostra a Tabela 1

Tabela 1 Correccedilatildeo do repasse (em ) e inflaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos periacuteodos de anaacutelise

Diferenccedila () com o ano precedente

Periacuteodo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil Inflaccedilatildeo no periacuteodo (em )

20102011 19 129 105 98 12 117 591

20112012 12 104 143 69 107 96 65

20122013 36 09 83 32 32 24 584

20132014 103 112 115 144 141 13 591

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2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4

21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

0 0

2 0

4 0

6 0

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C e n tro -O e s te N o rd e s te N o rte S u d e s te S u l

23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

0

2 0

4 0

6 0

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1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4A N O S

E s ta d o s M u n ic ip io s

24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 7: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 10

2 ARTIGO Evoluccedilatildeo do teto de meacutedia e alta complexidade no Brasil por cinco anos e

possiacuteveis impactos do novo regime fiscal 12

3 CONCLUSAtildeO 35

REFEREcircNCIAS 37

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO 39

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

A universalidade de acesso aos serviccedilos de sauacutede em todos os

niacuteveis de assistecircncia eacute princiacutepio constitucional do Sistema Uacutenico de Sauacutede

(SUS) Entretanto muito se tem discutido quanto agrave insuficiecircncia do

investimento financeiro para a garantia da execuccedilatildeo e respeito de todos os

princiacutepios e diretrizes estabelecidos sendo recorrente o uso da expressatildeo

ldquosubfinanciamentordquo do Sistema para chamar a atenccedilatildeo de que a proposta

avanccedilada de um SUS universal integral e equacircnime natildeo se sustenta sem os

recursos necessaacuterios (Soares e Santos 2014 Pescuma Juacutenior e Mendes

2015 Vieira e Benevides 2016 Vieira e Piola 2016)

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 198 contava com um

texto inespeciacutefico a respeito do financiamento pontuando apenas que seriam

utilizados recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontes para custear todo o

Sistema (Brasil 1988) A Emenda Constitucional nordm 29 de 2000 (12 anos apoacutes

a promulgaccedilatildeo da Carta Magna) veio para definir os percentuais a serem

aplicados por cada esfera de governo no financiamento da sauacutede (Brasil 2000)

e a Lei Complementar 1412012 (Brasil 2012) para estabelecer o que satildeo

accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede circunscrevendo o que deve ser

considerado na apuraccedilatildeo de suas despesas

O financiamento da sauacutede constitui-se portanto nas fontes de

receitas e sua vinculaccedilatildeo ou natildeo para compor a estrutura de planejamento

alocativo que se concretiza nos orccedilamentos federal estadual e municipal

(Viana et al 2014) sendo de responsabilidade conjunta das trecircs esferas da

federaccedilatildeo que devem desenvolver suas respectivas atividades de maneira

funcional para conformar um sistema de Estado que seja nacionalmente

integrado Assim as atividades de planejamento desenvolvidas de forma

individual em cada uma das esferas em seus territoacuterios devem levar em conta

as atividades das demais esferas buscando gerar complementariedade e

funcionalidade (Brasil 2016)

De acordo com a Lei Complementar nordm 141 de 2012 a Uniatildeo deveria

aplicar anualmente em accedilotildees e serviccedilos de sauacutede o montante correspondente

ao valor empenhado no exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo

11

o percentual correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB)

ocorrida no ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo

negativa do PIB sem reduccedilatildeo do valor em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro O setor sauacutede representa 8 do PIB em 2013 os

gastos puacuteblicos corresponderam a 45 e o setor privado 55 do

financiamento da sauacutede (SIOPS) Todavia em relaccedilatildeo aos gastos com sauacutede

haacute uma tendecircncia geral de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo

federal que se estende das uacuteltimas gestotildees ateacute agrave atual (FHC Lula e Dilma)

(Soares e Santos 2014)

No ano de 2016 o financiamento puacuteblico em sauacutede foi R$ 2472

bilhotildees sendo Uniatildeo 1062 bilhotildees Estados R$ 633 bilhotildees e Municiacutepios 777

bilhotildees (SIOPS 2016)

Diante do Novo Regime Fiscal recentemente aprovado no Governo

Temer (EC 95) considera-se que eacute premente avaliar a suficiecircncia do

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede para dar conta de responder tanto

agraves previsotildees constitucionais de universalidade integralidade e igualdade no

acesso a bens e serviccedilos quanto agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo

brasileira

O presente trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

12

2 ARTIGO Evoluccedilatildeo do teto de meacutedia e alta complexidade no Brasil por

cinco anos e possiacuteveis impactos do novo regime fiscal

Artigo submetido ao perioacutedico Ciecircncia e Sauacutede Coletiva (Anexo 1)

Evolution of financial transfers to medium and high complexity and the

possible impacts of the new tax regime

Autores

Sergio Luiz da Costa1

Livia Fernandes Probst2

Denise de Faacutetima Barros Cavalcante2

Marcelo de Castro Meneghim2

Antonio Carlos Pereira2

1Ministeacuterio da Sauacutede

2Department of Community Dentistry Piracicaba Dental School University

of Campinas Piracicaba Brazil

Correspondence Dr Antonio Carlos Pereira PO Box 52 13414-903

Piracicaba-SP Brazil (TelFax +55 19 2106-5209 e-mail

apereriafopunicampbr)

13

RESUMO

Este trabalho fez uma anaacutelise da evoluccedilatildeo do incremento do Teto de Meacutedia e

Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de 2010 a 2014 e refletiu sobre as

perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal aprovado no paiacutes Trata-se

de um estudo retrospectivo analiacutetico e reflexivo de natureza quantitativa

desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras coletadas do

Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede do teto de meacutedia e alta

complexidade para os Estados Distrito Federal e Municiacutepios no periacuteodo de

2010 a 2014 Os resultados mostraram que o teto se manteve estaacutevel em

alguns estados e elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade

entre os estados sendo essa fatia de financiamento a que concentrou a maior

relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Entretanto a manutenccedilatildeo desse aumento progressivo tende a natildeo continuar

em razatildeo do congelamento dos gastos do governo federal Dessa forma os

municiacutepios e estados precisaratildeo adequar suas receitas para garantir o direito a

serviccedilos de alta e meacutedia complexidade de sua populaccedilatildeo

Palavras-chave Financiamento Governamental Economia Financiamento da

Assistecircncia agrave Sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Poliacutetica de Sauacutede

14

ABSTRACT

This research made an analysis of the evolution of the increase of the average

to Medium and High Complexity in Brazil during the period from 2010 to 2014

Then we reflect on the future perspectives in view of the New Fiscal Regime

approved in the country This is a retrospective analytical and reflexive study

developed through an analysis of the financial transfers for the States Federal

District and Municipalities The results showed that the financial transfers

remained stable in some states and increased in others but there was

heterogeneity among the states This share of financing was the one that

concentrated the largest proportional relation of transfers of financial resources

to the states and municipalities in relation to the other financing blocks

However maintaining this progressive increase tends not to continue because

of the new tax regime of federal government spending In this way

municipalities and states will need to adjust their revenues to guarantee the

right to services of high and medium complexity of their population

Key words Financing Government Economics Healthcare Financing Unified

Health System Health Policy

15

INTRODUCcedilAtildeO

A responsabilidade pelo financiamento do Sistema Uacutenico de

Sauacutede pertence agraves trecircs esferas de governo conforme previsto na Constituiccedilatildeo

Federal1 leis 80802 e 81423 de 1990 regido pela Emenda Constitucional nordm

2920004 e pela Lei Complementar 14120125

A Portaria GMMS nordm 204 de 29 de janeiro de 20076

regulamentou o financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para

accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede bem como seu respectivo monitoramento e

controle Os recursos federais destinados agraves accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

passaram a ser organizados e transferidos na forma de Blocos de

Financiamento Satildeo seis os Blocos de financiamento Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo

de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar Vigilacircncia em Sauacutede

Assistecircncia Farmacecircutica Gestatildeo do SUS e por meio da Portaria GMMS nordm

837097 foi criado ainda o investimento na Rede de Serviccedilos de Sauacutede

Para o propoacutesito de anaacutelise do presente estudo eacute importante

ressaltar que nos termos do Art 13 da Portaria nordm 20420076 o Bloco de

Atenccedilatildeo de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar eacute constituiacutedo

por dois componentes I ndash Componente Limite Financeiro da Meacutedia e Alta

Complexidade Ambulatorial e Hospitalar (MAC) e II ndash Componente Fundo de

Accedilotildees Estrateacutegicas e Compensaccedilatildeo (FAEC) Os recursos do MAC dos

Estados Distrito Federal e Municiacutepios satildeo destinados ao financiamento de

accedilotildees de meacutedia e alta complexidade em sauacutede e de incentivos transferidos

mensalmente sendo transferidos do Fundo Nacional de Sauacutede (FNS) aos

Fundos de Sauacutede dos Estados do Distrito Federal e Municiacutepios conforme a

Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI) e Programaccedilatildeo Geral de Accedilotildees e

16

Serviccedilos de Sauacutede (PGASS) Os recursos do FAEC por sua vez satildeo extra

teto o que significa que natildeo haacute limite para os repasses dentro do prazo

estabelecido que eacute de seis meses Somente apoacutes a constataccedilatildeo de sua

importacircncia eacute que esses volumes financeiros seratildeo incorporados ao MAC e

teratildeo como base uma correspondecircncia histoacuterica de repasses isto eacute uma

referecircncia quanto aos dispecircndios realizados8

Cabe esclarecer que o componente MAC corresponde ao

financiamento dos seguintes serviccedilos Serviccedilo Moacutevel de Urgecircncia (SAMU)

Centro de Especialidades Odontoloacutegicas (CEO) Centro de Referecircncia agrave Sauacutede

do Trabalhador (CEREST) Hospitais de Ensino Hospitais de Pequeno Porte

Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem Miseacuteria Rede

Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre outros que podem

ser instituiacutedos atraveacutes de portaria9

Em 2012 a Lei Complementar nordm 1415 definiu os percentuais

miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito Federal e

Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede (ASPS) aleacutem de

estabelecer quais accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos poderiam ser considerados gastos

com sauacutede De acordo com este dispositivo legal a Uniatildeo deveria aplicar

anualmente em ASPS o montante correspondente ao valor empenhado no

exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo o percentual

correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no

ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo negativa do

PIB o valor natildeo poderia ser reduzido em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro Compreende-se que estes percentuais miacutenimos devem

ser utilizados em accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

17

recuperaccedilatildeo da sauacutede de acesso universal igualitaacuterio e gratuito em

conformidade com objetivos e metas explicitadas nos Planos de Sauacutede de cada

ente da Federaccedilatildeo5

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede

para dar conta de responder tanto agraves previsotildees constitucionais de

universalidade integralidade e igualdade no acesso a bens e serviccedilos quanto

agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute imprescindiacutevel Com

relaccedilatildeo ao comportamento dos gastos com sauacutede houve uma tendecircncia geral

de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo federal nos gastos com

sauacutede nas trecircs gestotildees anteriores agrave atual (FHC Lula e Dilma)10 Com o Novo

Regime Fiscal11 recentemente aprovado no Governo Temer eacute premente trazer

ao debate dados estatiacutesticos reais para refletir agrave luz da atual conjuntura se seraacute

possiacutevel a manutenccedilatildeo do Sistema de Sauacutede defendido pela Reforma Sanitaacuteria

Brasileira

Considerando o exposto as mudanccedilas com relaccedilatildeo ao

financiamento do Sistema de Sauacutede e a importacircncia dos recursos cada vez

mais escassos para a garantia da universalidade do acesso em todos os niacuteveis

de assistecircncia este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

18

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo e analiacutetico de natureza

quantitativa desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras

coletadas do Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede12 (SIOPS) do teto de

meacutedia e alta complexidade (MAC) para os Estados Distrito Federal e

Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014

Foram considerados na anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o

valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de

Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA IBGE) nos respectivos periacuteodos13

Os dados populacionais foram coletados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica13 considerando os dados validados relativos agrave

estimativa populacional residente nos municiacutepios brasileiros e distrito federal

nos termos da Lei Complementar nordm 5914 de 22 de dezembro de 1988 e ao

artigo 102 da Lei nordm 844315 de 16 de julho de 1992 paracircmetro utilizado pelo

Tribunal de Contas de Uniatildeo para caacutelculo do Fundo de Participaccedilatildeo de Estados

e Municiacutepios quanto aos indicadores econocircmicos e sociodemograacuteficos nos

periacuteodos intercensitaacuterios

A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do

teto do bloco de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do

paiacutes em seguida a distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os

valores per capita das regiotildees aplicando-se o teste estatiacutestico two-way

ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

19

RESULTADOS

O Teto de Meacutedia e Alta Complexidade concentra a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento conforme mostra a

figura 1

Figura 1 Participaccedilatildeo Relativa dos Blocos de Financiamento dos recursos federais do SUS ndash Fundo a Fundo 2010 a 2014 Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS)

12

Evoluccedilatildeo do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade Brasil no periacuteodo de

2010 a 2014

A Figura 2 apresenta a distribuiccedilatildeo dos recursos (MAC) de acordo

com as macrorregiotildees brasileiras Eacute possiacutevel observar que houve um aumento

de 117 dos recursos totais repassados entre os anos de 2010 e 2011

Considerando que a inflaccedilatildeo oficial medida em 2010 foi de 591 houve

aumento real nominal de recursos da ordem de 58 No mesmo periacuteodo a

populaccedilatildeo brasileira diminuiu em 04 Da mesma forma em 2012 o aumento

de investimentos foi de 96 em relaccedilatildeo ao ano anterior o que significa

aumento real nominal de 31 pois a inflaccedilatildeo medida no periacuteodo foi de 65

20

Entre 2012 e 2013 a populaccedilatildeo cresceu 17 e a inflaccedilatildeo foi de 584

Entretanto o aumento dos investimentos foi da ordem de 24 ou seja 34

abaixo da inflaccedilatildeo daquele periacuteodo Em 2014 o aumento dos recursos foi da

ordem de 13 em relaccedilatildeo ao periacuteodo anterior e considerando a inflaccedilatildeo de

591 no periacuteodo houve aumento nominal de 71 acima da inflaccedilatildeo Nesse

periacuteodo a populaccedilatildeo brasileira tambeacutem aumentou em 37

Figura 2 Distribuiccedilatildeo absoluta dos recursos (MAC) natildeo corrigidos pela inflaccedilatildeo de acordo com as 5 macrorregiotildees brasileiras ao longo de 5 anos

O aumento de recursos foi ininterruptamente crescente entre 2010

e 2014 Entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de acordo com a inflaccedilatildeo

em todos os periacuteodos ou em todas as regiotildees como mostra a Tabela 1

Tabela 1 Correccedilatildeo do repasse (em ) e inflaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos periacuteodos de anaacutelise

Diferenccedila () com o ano precedente

Periacuteodo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil Inflaccedilatildeo no periacuteodo (em )

20102011 19 129 105 98 12 117 591

20112012 12 104 143 69 107 96 65

20122013 36 09 83 32 32 24 584

20132014 103 112 115 144 141 13 591

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2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4

21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

0 0

2 0

4 0

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23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

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24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 8: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

A universalidade de acesso aos serviccedilos de sauacutede em todos os

niacuteveis de assistecircncia eacute princiacutepio constitucional do Sistema Uacutenico de Sauacutede

(SUS) Entretanto muito se tem discutido quanto agrave insuficiecircncia do

investimento financeiro para a garantia da execuccedilatildeo e respeito de todos os

princiacutepios e diretrizes estabelecidos sendo recorrente o uso da expressatildeo

ldquosubfinanciamentordquo do Sistema para chamar a atenccedilatildeo de que a proposta

avanccedilada de um SUS universal integral e equacircnime natildeo se sustenta sem os

recursos necessaacuterios (Soares e Santos 2014 Pescuma Juacutenior e Mendes

2015 Vieira e Benevides 2016 Vieira e Piola 2016)

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 198 contava com um

texto inespeciacutefico a respeito do financiamento pontuando apenas que seriam

utilizados recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontes para custear todo o

Sistema (Brasil 1988) A Emenda Constitucional nordm 29 de 2000 (12 anos apoacutes

a promulgaccedilatildeo da Carta Magna) veio para definir os percentuais a serem

aplicados por cada esfera de governo no financiamento da sauacutede (Brasil 2000)

e a Lei Complementar 1412012 (Brasil 2012) para estabelecer o que satildeo

accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede circunscrevendo o que deve ser

considerado na apuraccedilatildeo de suas despesas

O financiamento da sauacutede constitui-se portanto nas fontes de

receitas e sua vinculaccedilatildeo ou natildeo para compor a estrutura de planejamento

alocativo que se concretiza nos orccedilamentos federal estadual e municipal

(Viana et al 2014) sendo de responsabilidade conjunta das trecircs esferas da

federaccedilatildeo que devem desenvolver suas respectivas atividades de maneira

funcional para conformar um sistema de Estado que seja nacionalmente

integrado Assim as atividades de planejamento desenvolvidas de forma

individual em cada uma das esferas em seus territoacuterios devem levar em conta

as atividades das demais esferas buscando gerar complementariedade e

funcionalidade (Brasil 2016)

De acordo com a Lei Complementar nordm 141 de 2012 a Uniatildeo deveria

aplicar anualmente em accedilotildees e serviccedilos de sauacutede o montante correspondente

ao valor empenhado no exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo

11

o percentual correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB)

ocorrida no ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo

negativa do PIB sem reduccedilatildeo do valor em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro O setor sauacutede representa 8 do PIB em 2013 os

gastos puacuteblicos corresponderam a 45 e o setor privado 55 do

financiamento da sauacutede (SIOPS) Todavia em relaccedilatildeo aos gastos com sauacutede

haacute uma tendecircncia geral de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo

federal que se estende das uacuteltimas gestotildees ateacute agrave atual (FHC Lula e Dilma)

(Soares e Santos 2014)

No ano de 2016 o financiamento puacuteblico em sauacutede foi R$ 2472

bilhotildees sendo Uniatildeo 1062 bilhotildees Estados R$ 633 bilhotildees e Municiacutepios 777

bilhotildees (SIOPS 2016)

Diante do Novo Regime Fiscal recentemente aprovado no Governo

Temer (EC 95) considera-se que eacute premente avaliar a suficiecircncia do

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede para dar conta de responder tanto

agraves previsotildees constitucionais de universalidade integralidade e igualdade no

acesso a bens e serviccedilos quanto agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo

brasileira

O presente trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

12

2 ARTIGO Evoluccedilatildeo do teto de meacutedia e alta complexidade no Brasil por

cinco anos e possiacuteveis impactos do novo regime fiscal

Artigo submetido ao perioacutedico Ciecircncia e Sauacutede Coletiva (Anexo 1)

Evolution of financial transfers to medium and high complexity and the

possible impacts of the new tax regime

Autores

Sergio Luiz da Costa1

Livia Fernandes Probst2

Denise de Faacutetima Barros Cavalcante2

Marcelo de Castro Meneghim2

Antonio Carlos Pereira2

1Ministeacuterio da Sauacutede

2Department of Community Dentistry Piracicaba Dental School University

of Campinas Piracicaba Brazil

Correspondence Dr Antonio Carlos Pereira PO Box 52 13414-903

Piracicaba-SP Brazil (TelFax +55 19 2106-5209 e-mail

apereriafopunicampbr)

13

RESUMO

Este trabalho fez uma anaacutelise da evoluccedilatildeo do incremento do Teto de Meacutedia e

Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de 2010 a 2014 e refletiu sobre as

perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal aprovado no paiacutes Trata-se

de um estudo retrospectivo analiacutetico e reflexivo de natureza quantitativa

desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras coletadas do

Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede do teto de meacutedia e alta

complexidade para os Estados Distrito Federal e Municiacutepios no periacuteodo de

2010 a 2014 Os resultados mostraram que o teto se manteve estaacutevel em

alguns estados e elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade

entre os estados sendo essa fatia de financiamento a que concentrou a maior

relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Entretanto a manutenccedilatildeo desse aumento progressivo tende a natildeo continuar

em razatildeo do congelamento dos gastos do governo federal Dessa forma os

municiacutepios e estados precisaratildeo adequar suas receitas para garantir o direito a

serviccedilos de alta e meacutedia complexidade de sua populaccedilatildeo

Palavras-chave Financiamento Governamental Economia Financiamento da

Assistecircncia agrave Sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Poliacutetica de Sauacutede

14

ABSTRACT

This research made an analysis of the evolution of the increase of the average

to Medium and High Complexity in Brazil during the period from 2010 to 2014

Then we reflect on the future perspectives in view of the New Fiscal Regime

approved in the country This is a retrospective analytical and reflexive study

developed through an analysis of the financial transfers for the States Federal

District and Municipalities The results showed that the financial transfers

remained stable in some states and increased in others but there was

heterogeneity among the states This share of financing was the one that

concentrated the largest proportional relation of transfers of financial resources

to the states and municipalities in relation to the other financing blocks

However maintaining this progressive increase tends not to continue because

of the new tax regime of federal government spending In this way

municipalities and states will need to adjust their revenues to guarantee the

right to services of high and medium complexity of their population

Key words Financing Government Economics Healthcare Financing Unified

Health System Health Policy

15

INTRODUCcedilAtildeO

A responsabilidade pelo financiamento do Sistema Uacutenico de

Sauacutede pertence agraves trecircs esferas de governo conforme previsto na Constituiccedilatildeo

Federal1 leis 80802 e 81423 de 1990 regido pela Emenda Constitucional nordm

2920004 e pela Lei Complementar 14120125

A Portaria GMMS nordm 204 de 29 de janeiro de 20076

regulamentou o financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para

accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede bem como seu respectivo monitoramento e

controle Os recursos federais destinados agraves accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

passaram a ser organizados e transferidos na forma de Blocos de

Financiamento Satildeo seis os Blocos de financiamento Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo

de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar Vigilacircncia em Sauacutede

Assistecircncia Farmacecircutica Gestatildeo do SUS e por meio da Portaria GMMS nordm

837097 foi criado ainda o investimento na Rede de Serviccedilos de Sauacutede

Para o propoacutesito de anaacutelise do presente estudo eacute importante

ressaltar que nos termos do Art 13 da Portaria nordm 20420076 o Bloco de

Atenccedilatildeo de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar eacute constituiacutedo

por dois componentes I ndash Componente Limite Financeiro da Meacutedia e Alta

Complexidade Ambulatorial e Hospitalar (MAC) e II ndash Componente Fundo de

Accedilotildees Estrateacutegicas e Compensaccedilatildeo (FAEC) Os recursos do MAC dos

Estados Distrito Federal e Municiacutepios satildeo destinados ao financiamento de

accedilotildees de meacutedia e alta complexidade em sauacutede e de incentivos transferidos

mensalmente sendo transferidos do Fundo Nacional de Sauacutede (FNS) aos

Fundos de Sauacutede dos Estados do Distrito Federal e Municiacutepios conforme a

Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI) e Programaccedilatildeo Geral de Accedilotildees e

16

Serviccedilos de Sauacutede (PGASS) Os recursos do FAEC por sua vez satildeo extra

teto o que significa que natildeo haacute limite para os repasses dentro do prazo

estabelecido que eacute de seis meses Somente apoacutes a constataccedilatildeo de sua

importacircncia eacute que esses volumes financeiros seratildeo incorporados ao MAC e

teratildeo como base uma correspondecircncia histoacuterica de repasses isto eacute uma

referecircncia quanto aos dispecircndios realizados8

Cabe esclarecer que o componente MAC corresponde ao

financiamento dos seguintes serviccedilos Serviccedilo Moacutevel de Urgecircncia (SAMU)

Centro de Especialidades Odontoloacutegicas (CEO) Centro de Referecircncia agrave Sauacutede

do Trabalhador (CEREST) Hospitais de Ensino Hospitais de Pequeno Porte

Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem Miseacuteria Rede

Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre outros que podem

ser instituiacutedos atraveacutes de portaria9

Em 2012 a Lei Complementar nordm 1415 definiu os percentuais

miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito Federal e

Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede (ASPS) aleacutem de

estabelecer quais accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos poderiam ser considerados gastos

com sauacutede De acordo com este dispositivo legal a Uniatildeo deveria aplicar

anualmente em ASPS o montante correspondente ao valor empenhado no

exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo o percentual

correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no

ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo negativa do

PIB o valor natildeo poderia ser reduzido em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro Compreende-se que estes percentuais miacutenimos devem

ser utilizados em accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

17

recuperaccedilatildeo da sauacutede de acesso universal igualitaacuterio e gratuito em

conformidade com objetivos e metas explicitadas nos Planos de Sauacutede de cada

ente da Federaccedilatildeo5

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede

para dar conta de responder tanto agraves previsotildees constitucionais de

universalidade integralidade e igualdade no acesso a bens e serviccedilos quanto

agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute imprescindiacutevel Com

relaccedilatildeo ao comportamento dos gastos com sauacutede houve uma tendecircncia geral

de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo federal nos gastos com

sauacutede nas trecircs gestotildees anteriores agrave atual (FHC Lula e Dilma)10 Com o Novo

Regime Fiscal11 recentemente aprovado no Governo Temer eacute premente trazer

ao debate dados estatiacutesticos reais para refletir agrave luz da atual conjuntura se seraacute

possiacutevel a manutenccedilatildeo do Sistema de Sauacutede defendido pela Reforma Sanitaacuteria

Brasileira

Considerando o exposto as mudanccedilas com relaccedilatildeo ao

financiamento do Sistema de Sauacutede e a importacircncia dos recursos cada vez

mais escassos para a garantia da universalidade do acesso em todos os niacuteveis

de assistecircncia este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

18

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo e analiacutetico de natureza

quantitativa desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras

coletadas do Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede12 (SIOPS) do teto de

meacutedia e alta complexidade (MAC) para os Estados Distrito Federal e

Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014

Foram considerados na anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o

valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de

Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA IBGE) nos respectivos periacuteodos13

Os dados populacionais foram coletados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica13 considerando os dados validados relativos agrave

estimativa populacional residente nos municiacutepios brasileiros e distrito federal

nos termos da Lei Complementar nordm 5914 de 22 de dezembro de 1988 e ao

artigo 102 da Lei nordm 844315 de 16 de julho de 1992 paracircmetro utilizado pelo

Tribunal de Contas de Uniatildeo para caacutelculo do Fundo de Participaccedilatildeo de Estados

e Municiacutepios quanto aos indicadores econocircmicos e sociodemograacuteficos nos

periacuteodos intercensitaacuterios

A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do

teto do bloco de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do

paiacutes em seguida a distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os

valores per capita das regiotildees aplicando-se o teste estatiacutestico two-way

ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

19

RESULTADOS

O Teto de Meacutedia e Alta Complexidade concentra a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento conforme mostra a

figura 1

Figura 1 Participaccedilatildeo Relativa dos Blocos de Financiamento dos recursos federais do SUS ndash Fundo a Fundo 2010 a 2014 Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS)

12

Evoluccedilatildeo do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade Brasil no periacuteodo de

2010 a 2014

A Figura 2 apresenta a distribuiccedilatildeo dos recursos (MAC) de acordo

com as macrorregiotildees brasileiras Eacute possiacutevel observar que houve um aumento

de 117 dos recursos totais repassados entre os anos de 2010 e 2011

Considerando que a inflaccedilatildeo oficial medida em 2010 foi de 591 houve

aumento real nominal de recursos da ordem de 58 No mesmo periacuteodo a

populaccedilatildeo brasileira diminuiu em 04 Da mesma forma em 2012 o aumento

de investimentos foi de 96 em relaccedilatildeo ao ano anterior o que significa

aumento real nominal de 31 pois a inflaccedilatildeo medida no periacuteodo foi de 65

20

Entre 2012 e 2013 a populaccedilatildeo cresceu 17 e a inflaccedilatildeo foi de 584

Entretanto o aumento dos investimentos foi da ordem de 24 ou seja 34

abaixo da inflaccedilatildeo daquele periacuteodo Em 2014 o aumento dos recursos foi da

ordem de 13 em relaccedilatildeo ao periacuteodo anterior e considerando a inflaccedilatildeo de

591 no periacuteodo houve aumento nominal de 71 acima da inflaccedilatildeo Nesse

periacuteodo a populaccedilatildeo brasileira tambeacutem aumentou em 37

Figura 2 Distribuiccedilatildeo absoluta dos recursos (MAC) natildeo corrigidos pela inflaccedilatildeo de acordo com as 5 macrorregiotildees brasileiras ao longo de 5 anos

O aumento de recursos foi ininterruptamente crescente entre 2010

e 2014 Entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de acordo com a inflaccedilatildeo

em todos os periacuteodos ou em todas as regiotildees como mostra a Tabela 1

Tabela 1 Correccedilatildeo do repasse (em ) e inflaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos periacuteodos de anaacutelise

Diferenccedila () com o ano precedente

Periacuteodo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil Inflaccedilatildeo no periacuteodo (em )

20102011 19 129 105 98 12 117 591

20112012 12 104 143 69 107 96 65

20122013 36 09 83 32 32 24 584

20132014 103 112 115 144 141 13 591

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21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

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23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

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24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 9: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

11

o percentual correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB)

ocorrida no ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo

negativa do PIB sem reduccedilatildeo do valor em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro O setor sauacutede representa 8 do PIB em 2013 os

gastos puacuteblicos corresponderam a 45 e o setor privado 55 do

financiamento da sauacutede (SIOPS) Todavia em relaccedilatildeo aos gastos com sauacutede

haacute uma tendecircncia geral de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo

federal que se estende das uacuteltimas gestotildees ateacute agrave atual (FHC Lula e Dilma)

(Soares e Santos 2014)

No ano de 2016 o financiamento puacuteblico em sauacutede foi R$ 2472

bilhotildees sendo Uniatildeo 1062 bilhotildees Estados R$ 633 bilhotildees e Municiacutepios 777

bilhotildees (SIOPS 2016)

Diante do Novo Regime Fiscal recentemente aprovado no Governo

Temer (EC 95) considera-se que eacute premente avaliar a suficiecircncia do

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede para dar conta de responder tanto

agraves previsotildees constitucionais de universalidade integralidade e igualdade no

acesso a bens e serviccedilos quanto agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo

brasileira

O presente trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

12

2 ARTIGO Evoluccedilatildeo do teto de meacutedia e alta complexidade no Brasil por

cinco anos e possiacuteveis impactos do novo regime fiscal

Artigo submetido ao perioacutedico Ciecircncia e Sauacutede Coletiva (Anexo 1)

Evolution of financial transfers to medium and high complexity and the

possible impacts of the new tax regime

Autores

Sergio Luiz da Costa1

Livia Fernandes Probst2

Denise de Faacutetima Barros Cavalcante2

Marcelo de Castro Meneghim2

Antonio Carlos Pereira2

1Ministeacuterio da Sauacutede

2Department of Community Dentistry Piracicaba Dental School University

of Campinas Piracicaba Brazil

Correspondence Dr Antonio Carlos Pereira PO Box 52 13414-903

Piracicaba-SP Brazil (TelFax +55 19 2106-5209 e-mail

apereriafopunicampbr)

13

RESUMO

Este trabalho fez uma anaacutelise da evoluccedilatildeo do incremento do Teto de Meacutedia e

Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de 2010 a 2014 e refletiu sobre as

perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal aprovado no paiacutes Trata-se

de um estudo retrospectivo analiacutetico e reflexivo de natureza quantitativa

desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras coletadas do

Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede do teto de meacutedia e alta

complexidade para os Estados Distrito Federal e Municiacutepios no periacuteodo de

2010 a 2014 Os resultados mostraram que o teto se manteve estaacutevel em

alguns estados e elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade

entre os estados sendo essa fatia de financiamento a que concentrou a maior

relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Entretanto a manutenccedilatildeo desse aumento progressivo tende a natildeo continuar

em razatildeo do congelamento dos gastos do governo federal Dessa forma os

municiacutepios e estados precisaratildeo adequar suas receitas para garantir o direito a

serviccedilos de alta e meacutedia complexidade de sua populaccedilatildeo

Palavras-chave Financiamento Governamental Economia Financiamento da

Assistecircncia agrave Sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Poliacutetica de Sauacutede

14

ABSTRACT

This research made an analysis of the evolution of the increase of the average

to Medium and High Complexity in Brazil during the period from 2010 to 2014

Then we reflect on the future perspectives in view of the New Fiscal Regime

approved in the country This is a retrospective analytical and reflexive study

developed through an analysis of the financial transfers for the States Federal

District and Municipalities The results showed that the financial transfers

remained stable in some states and increased in others but there was

heterogeneity among the states This share of financing was the one that

concentrated the largest proportional relation of transfers of financial resources

to the states and municipalities in relation to the other financing blocks

However maintaining this progressive increase tends not to continue because

of the new tax regime of federal government spending In this way

municipalities and states will need to adjust their revenues to guarantee the

right to services of high and medium complexity of their population

Key words Financing Government Economics Healthcare Financing Unified

Health System Health Policy

15

INTRODUCcedilAtildeO

A responsabilidade pelo financiamento do Sistema Uacutenico de

Sauacutede pertence agraves trecircs esferas de governo conforme previsto na Constituiccedilatildeo

Federal1 leis 80802 e 81423 de 1990 regido pela Emenda Constitucional nordm

2920004 e pela Lei Complementar 14120125

A Portaria GMMS nordm 204 de 29 de janeiro de 20076

regulamentou o financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para

accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede bem como seu respectivo monitoramento e

controle Os recursos federais destinados agraves accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

passaram a ser organizados e transferidos na forma de Blocos de

Financiamento Satildeo seis os Blocos de financiamento Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo

de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar Vigilacircncia em Sauacutede

Assistecircncia Farmacecircutica Gestatildeo do SUS e por meio da Portaria GMMS nordm

837097 foi criado ainda o investimento na Rede de Serviccedilos de Sauacutede

Para o propoacutesito de anaacutelise do presente estudo eacute importante

ressaltar que nos termos do Art 13 da Portaria nordm 20420076 o Bloco de

Atenccedilatildeo de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar eacute constituiacutedo

por dois componentes I ndash Componente Limite Financeiro da Meacutedia e Alta

Complexidade Ambulatorial e Hospitalar (MAC) e II ndash Componente Fundo de

Accedilotildees Estrateacutegicas e Compensaccedilatildeo (FAEC) Os recursos do MAC dos

Estados Distrito Federal e Municiacutepios satildeo destinados ao financiamento de

accedilotildees de meacutedia e alta complexidade em sauacutede e de incentivos transferidos

mensalmente sendo transferidos do Fundo Nacional de Sauacutede (FNS) aos

Fundos de Sauacutede dos Estados do Distrito Federal e Municiacutepios conforme a

Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI) e Programaccedilatildeo Geral de Accedilotildees e

16

Serviccedilos de Sauacutede (PGASS) Os recursos do FAEC por sua vez satildeo extra

teto o que significa que natildeo haacute limite para os repasses dentro do prazo

estabelecido que eacute de seis meses Somente apoacutes a constataccedilatildeo de sua

importacircncia eacute que esses volumes financeiros seratildeo incorporados ao MAC e

teratildeo como base uma correspondecircncia histoacuterica de repasses isto eacute uma

referecircncia quanto aos dispecircndios realizados8

Cabe esclarecer que o componente MAC corresponde ao

financiamento dos seguintes serviccedilos Serviccedilo Moacutevel de Urgecircncia (SAMU)

Centro de Especialidades Odontoloacutegicas (CEO) Centro de Referecircncia agrave Sauacutede

do Trabalhador (CEREST) Hospitais de Ensino Hospitais de Pequeno Porte

Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem Miseacuteria Rede

Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre outros que podem

ser instituiacutedos atraveacutes de portaria9

Em 2012 a Lei Complementar nordm 1415 definiu os percentuais

miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito Federal e

Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede (ASPS) aleacutem de

estabelecer quais accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos poderiam ser considerados gastos

com sauacutede De acordo com este dispositivo legal a Uniatildeo deveria aplicar

anualmente em ASPS o montante correspondente ao valor empenhado no

exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo o percentual

correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no

ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo negativa do

PIB o valor natildeo poderia ser reduzido em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro Compreende-se que estes percentuais miacutenimos devem

ser utilizados em accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

17

recuperaccedilatildeo da sauacutede de acesso universal igualitaacuterio e gratuito em

conformidade com objetivos e metas explicitadas nos Planos de Sauacutede de cada

ente da Federaccedilatildeo5

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede

para dar conta de responder tanto agraves previsotildees constitucionais de

universalidade integralidade e igualdade no acesso a bens e serviccedilos quanto

agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute imprescindiacutevel Com

relaccedilatildeo ao comportamento dos gastos com sauacutede houve uma tendecircncia geral

de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo federal nos gastos com

sauacutede nas trecircs gestotildees anteriores agrave atual (FHC Lula e Dilma)10 Com o Novo

Regime Fiscal11 recentemente aprovado no Governo Temer eacute premente trazer

ao debate dados estatiacutesticos reais para refletir agrave luz da atual conjuntura se seraacute

possiacutevel a manutenccedilatildeo do Sistema de Sauacutede defendido pela Reforma Sanitaacuteria

Brasileira

Considerando o exposto as mudanccedilas com relaccedilatildeo ao

financiamento do Sistema de Sauacutede e a importacircncia dos recursos cada vez

mais escassos para a garantia da universalidade do acesso em todos os niacuteveis

de assistecircncia este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

18

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo e analiacutetico de natureza

quantitativa desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras

coletadas do Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede12 (SIOPS) do teto de

meacutedia e alta complexidade (MAC) para os Estados Distrito Federal e

Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014

Foram considerados na anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o

valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de

Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA IBGE) nos respectivos periacuteodos13

Os dados populacionais foram coletados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica13 considerando os dados validados relativos agrave

estimativa populacional residente nos municiacutepios brasileiros e distrito federal

nos termos da Lei Complementar nordm 5914 de 22 de dezembro de 1988 e ao

artigo 102 da Lei nordm 844315 de 16 de julho de 1992 paracircmetro utilizado pelo

Tribunal de Contas de Uniatildeo para caacutelculo do Fundo de Participaccedilatildeo de Estados

e Municiacutepios quanto aos indicadores econocircmicos e sociodemograacuteficos nos

periacuteodos intercensitaacuterios

A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do

teto do bloco de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do

paiacutes em seguida a distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os

valores per capita das regiotildees aplicando-se o teste estatiacutestico two-way

ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

19

RESULTADOS

O Teto de Meacutedia e Alta Complexidade concentra a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento conforme mostra a

figura 1

Figura 1 Participaccedilatildeo Relativa dos Blocos de Financiamento dos recursos federais do SUS ndash Fundo a Fundo 2010 a 2014 Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS)

12

Evoluccedilatildeo do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade Brasil no periacuteodo de

2010 a 2014

A Figura 2 apresenta a distribuiccedilatildeo dos recursos (MAC) de acordo

com as macrorregiotildees brasileiras Eacute possiacutevel observar que houve um aumento

de 117 dos recursos totais repassados entre os anos de 2010 e 2011

Considerando que a inflaccedilatildeo oficial medida em 2010 foi de 591 houve

aumento real nominal de recursos da ordem de 58 No mesmo periacuteodo a

populaccedilatildeo brasileira diminuiu em 04 Da mesma forma em 2012 o aumento

de investimentos foi de 96 em relaccedilatildeo ao ano anterior o que significa

aumento real nominal de 31 pois a inflaccedilatildeo medida no periacuteodo foi de 65

20

Entre 2012 e 2013 a populaccedilatildeo cresceu 17 e a inflaccedilatildeo foi de 584

Entretanto o aumento dos investimentos foi da ordem de 24 ou seja 34

abaixo da inflaccedilatildeo daquele periacuteodo Em 2014 o aumento dos recursos foi da

ordem de 13 em relaccedilatildeo ao periacuteodo anterior e considerando a inflaccedilatildeo de

591 no periacuteodo houve aumento nominal de 71 acima da inflaccedilatildeo Nesse

periacuteodo a populaccedilatildeo brasileira tambeacutem aumentou em 37

Figura 2 Distribuiccedilatildeo absoluta dos recursos (MAC) natildeo corrigidos pela inflaccedilatildeo de acordo com as 5 macrorregiotildees brasileiras ao longo de 5 anos

O aumento de recursos foi ininterruptamente crescente entre 2010

e 2014 Entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de acordo com a inflaccedilatildeo

em todos os periacuteodos ou em todas as regiotildees como mostra a Tabela 1

Tabela 1 Correccedilatildeo do repasse (em ) e inflaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos periacuteodos de anaacutelise

Diferenccedila () com o ano precedente

Periacuteodo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil Inflaccedilatildeo no periacuteodo (em )

20102011 19 129 105 98 12 117 591

20112012 12 104 143 69 107 96 65

20122013 36 09 83 32 32 24 584

20132014 103 112 115 144 141 13 591

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21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

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23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

0

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4 0

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E s ta d o s M u n ic ip io s

24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 10: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

12

2 ARTIGO Evoluccedilatildeo do teto de meacutedia e alta complexidade no Brasil por

cinco anos e possiacuteveis impactos do novo regime fiscal

Artigo submetido ao perioacutedico Ciecircncia e Sauacutede Coletiva (Anexo 1)

Evolution of financial transfers to medium and high complexity and the

possible impacts of the new tax regime

Autores

Sergio Luiz da Costa1

Livia Fernandes Probst2

Denise de Faacutetima Barros Cavalcante2

Marcelo de Castro Meneghim2

Antonio Carlos Pereira2

1Ministeacuterio da Sauacutede

2Department of Community Dentistry Piracicaba Dental School University

of Campinas Piracicaba Brazil

Correspondence Dr Antonio Carlos Pereira PO Box 52 13414-903

Piracicaba-SP Brazil (TelFax +55 19 2106-5209 e-mail

apereriafopunicampbr)

13

RESUMO

Este trabalho fez uma anaacutelise da evoluccedilatildeo do incremento do Teto de Meacutedia e

Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de 2010 a 2014 e refletiu sobre as

perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal aprovado no paiacutes Trata-se

de um estudo retrospectivo analiacutetico e reflexivo de natureza quantitativa

desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras coletadas do

Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede do teto de meacutedia e alta

complexidade para os Estados Distrito Federal e Municiacutepios no periacuteodo de

2010 a 2014 Os resultados mostraram que o teto se manteve estaacutevel em

alguns estados e elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade

entre os estados sendo essa fatia de financiamento a que concentrou a maior

relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Entretanto a manutenccedilatildeo desse aumento progressivo tende a natildeo continuar

em razatildeo do congelamento dos gastos do governo federal Dessa forma os

municiacutepios e estados precisaratildeo adequar suas receitas para garantir o direito a

serviccedilos de alta e meacutedia complexidade de sua populaccedilatildeo

Palavras-chave Financiamento Governamental Economia Financiamento da

Assistecircncia agrave Sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Poliacutetica de Sauacutede

14

ABSTRACT

This research made an analysis of the evolution of the increase of the average

to Medium and High Complexity in Brazil during the period from 2010 to 2014

Then we reflect on the future perspectives in view of the New Fiscal Regime

approved in the country This is a retrospective analytical and reflexive study

developed through an analysis of the financial transfers for the States Federal

District and Municipalities The results showed that the financial transfers

remained stable in some states and increased in others but there was

heterogeneity among the states This share of financing was the one that

concentrated the largest proportional relation of transfers of financial resources

to the states and municipalities in relation to the other financing blocks

However maintaining this progressive increase tends not to continue because

of the new tax regime of federal government spending In this way

municipalities and states will need to adjust their revenues to guarantee the

right to services of high and medium complexity of their population

Key words Financing Government Economics Healthcare Financing Unified

Health System Health Policy

15

INTRODUCcedilAtildeO

A responsabilidade pelo financiamento do Sistema Uacutenico de

Sauacutede pertence agraves trecircs esferas de governo conforme previsto na Constituiccedilatildeo

Federal1 leis 80802 e 81423 de 1990 regido pela Emenda Constitucional nordm

2920004 e pela Lei Complementar 14120125

A Portaria GMMS nordm 204 de 29 de janeiro de 20076

regulamentou o financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para

accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede bem como seu respectivo monitoramento e

controle Os recursos federais destinados agraves accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

passaram a ser organizados e transferidos na forma de Blocos de

Financiamento Satildeo seis os Blocos de financiamento Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo

de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar Vigilacircncia em Sauacutede

Assistecircncia Farmacecircutica Gestatildeo do SUS e por meio da Portaria GMMS nordm

837097 foi criado ainda o investimento na Rede de Serviccedilos de Sauacutede

Para o propoacutesito de anaacutelise do presente estudo eacute importante

ressaltar que nos termos do Art 13 da Portaria nordm 20420076 o Bloco de

Atenccedilatildeo de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar eacute constituiacutedo

por dois componentes I ndash Componente Limite Financeiro da Meacutedia e Alta

Complexidade Ambulatorial e Hospitalar (MAC) e II ndash Componente Fundo de

Accedilotildees Estrateacutegicas e Compensaccedilatildeo (FAEC) Os recursos do MAC dos

Estados Distrito Federal e Municiacutepios satildeo destinados ao financiamento de

accedilotildees de meacutedia e alta complexidade em sauacutede e de incentivos transferidos

mensalmente sendo transferidos do Fundo Nacional de Sauacutede (FNS) aos

Fundos de Sauacutede dos Estados do Distrito Federal e Municiacutepios conforme a

Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI) e Programaccedilatildeo Geral de Accedilotildees e

16

Serviccedilos de Sauacutede (PGASS) Os recursos do FAEC por sua vez satildeo extra

teto o que significa que natildeo haacute limite para os repasses dentro do prazo

estabelecido que eacute de seis meses Somente apoacutes a constataccedilatildeo de sua

importacircncia eacute que esses volumes financeiros seratildeo incorporados ao MAC e

teratildeo como base uma correspondecircncia histoacuterica de repasses isto eacute uma

referecircncia quanto aos dispecircndios realizados8

Cabe esclarecer que o componente MAC corresponde ao

financiamento dos seguintes serviccedilos Serviccedilo Moacutevel de Urgecircncia (SAMU)

Centro de Especialidades Odontoloacutegicas (CEO) Centro de Referecircncia agrave Sauacutede

do Trabalhador (CEREST) Hospitais de Ensino Hospitais de Pequeno Porte

Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem Miseacuteria Rede

Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre outros que podem

ser instituiacutedos atraveacutes de portaria9

Em 2012 a Lei Complementar nordm 1415 definiu os percentuais

miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito Federal e

Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede (ASPS) aleacutem de

estabelecer quais accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos poderiam ser considerados gastos

com sauacutede De acordo com este dispositivo legal a Uniatildeo deveria aplicar

anualmente em ASPS o montante correspondente ao valor empenhado no

exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo o percentual

correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no

ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo negativa do

PIB o valor natildeo poderia ser reduzido em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro Compreende-se que estes percentuais miacutenimos devem

ser utilizados em accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

17

recuperaccedilatildeo da sauacutede de acesso universal igualitaacuterio e gratuito em

conformidade com objetivos e metas explicitadas nos Planos de Sauacutede de cada

ente da Federaccedilatildeo5

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede

para dar conta de responder tanto agraves previsotildees constitucionais de

universalidade integralidade e igualdade no acesso a bens e serviccedilos quanto

agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute imprescindiacutevel Com

relaccedilatildeo ao comportamento dos gastos com sauacutede houve uma tendecircncia geral

de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo federal nos gastos com

sauacutede nas trecircs gestotildees anteriores agrave atual (FHC Lula e Dilma)10 Com o Novo

Regime Fiscal11 recentemente aprovado no Governo Temer eacute premente trazer

ao debate dados estatiacutesticos reais para refletir agrave luz da atual conjuntura se seraacute

possiacutevel a manutenccedilatildeo do Sistema de Sauacutede defendido pela Reforma Sanitaacuteria

Brasileira

Considerando o exposto as mudanccedilas com relaccedilatildeo ao

financiamento do Sistema de Sauacutede e a importacircncia dos recursos cada vez

mais escassos para a garantia da universalidade do acesso em todos os niacuteveis

de assistecircncia este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

18

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo e analiacutetico de natureza

quantitativa desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras

coletadas do Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede12 (SIOPS) do teto de

meacutedia e alta complexidade (MAC) para os Estados Distrito Federal e

Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014

Foram considerados na anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o

valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de

Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA IBGE) nos respectivos periacuteodos13

Os dados populacionais foram coletados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica13 considerando os dados validados relativos agrave

estimativa populacional residente nos municiacutepios brasileiros e distrito federal

nos termos da Lei Complementar nordm 5914 de 22 de dezembro de 1988 e ao

artigo 102 da Lei nordm 844315 de 16 de julho de 1992 paracircmetro utilizado pelo

Tribunal de Contas de Uniatildeo para caacutelculo do Fundo de Participaccedilatildeo de Estados

e Municiacutepios quanto aos indicadores econocircmicos e sociodemograacuteficos nos

periacuteodos intercensitaacuterios

A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do

teto do bloco de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do

paiacutes em seguida a distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os

valores per capita das regiotildees aplicando-se o teste estatiacutestico two-way

ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

19

RESULTADOS

O Teto de Meacutedia e Alta Complexidade concentra a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento conforme mostra a

figura 1

Figura 1 Participaccedilatildeo Relativa dos Blocos de Financiamento dos recursos federais do SUS ndash Fundo a Fundo 2010 a 2014 Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS)

12

Evoluccedilatildeo do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade Brasil no periacuteodo de

2010 a 2014

A Figura 2 apresenta a distribuiccedilatildeo dos recursos (MAC) de acordo

com as macrorregiotildees brasileiras Eacute possiacutevel observar que houve um aumento

de 117 dos recursos totais repassados entre os anos de 2010 e 2011

Considerando que a inflaccedilatildeo oficial medida em 2010 foi de 591 houve

aumento real nominal de recursos da ordem de 58 No mesmo periacuteodo a

populaccedilatildeo brasileira diminuiu em 04 Da mesma forma em 2012 o aumento

de investimentos foi de 96 em relaccedilatildeo ao ano anterior o que significa

aumento real nominal de 31 pois a inflaccedilatildeo medida no periacuteodo foi de 65

20

Entre 2012 e 2013 a populaccedilatildeo cresceu 17 e a inflaccedilatildeo foi de 584

Entretanto o aumento dos investimentos foi da ordem de 24 ou seja 34

abaixo da inflaccedilatildeo daquele periacuteodo Em 2014 o aumento dos recursos foi da

ordem de 13 em relaccedilatildeo ao periacuteodo anterior e considerando a inflaccedilatildeo de

591 no periacuteodo houve aumento nominal de 71 acima da inflaccedilatildeo Nesse

periacuteodo a populaccedilatildeo brasileira tambeacutem aumentou em 37

Figura 2 Distribuiccedilatildeo absoluta dos recursos (MAC) natildeo corrigidos pela inflaccedilatildeo de acordo com as 5 macrorregiotildees brasileiras ao longo de 5 anos

O aumento de recursos foi ininterruptamente crescente entre 2010

e 2014 Entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de acordo com a inflaccedilatildeo

em todos os periacuteodos ou em todas as regiotildees como mostra a Tabela 1

Tabela 1 Correccedilatildeo do repasse (em ) e inflaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos periacuteodos de anaacutelise

Diferenccedila () com o ano precedente

Periacuteodo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil Inflaccedilatildeo no periacuteodo (em )

20102011 19 129 105 98 12 117 591

20112012 12 104 143 69 107 96 65

20122013 36 09 83 32 32 24 584

20132014 103 112 115 144 141 13 591

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21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

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23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

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24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 11: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

13

RESUMO

Este trabalho fez uma anaacutelise da evoluccedilatildeo do incremento do Teto de Meacutedia e

Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de 2010 a 2014 e refletiu sobre as

perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal aprovado no paiacutes Trata-se

de um estudo retrospectivo analiacutetico e reflexivo de natureza quantitativa

desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras coletadas do

Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede do teto de meacutedia e alta

complexidade para os Estados Distrito Federal e Municiacutepios no periacuteodo de

2010 a 2014 Os resultados mostraram que o teto se manteve estaacutevel em

alguns estados e elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade

entre os estados sendo essa fatia de financiamento a que concentrou a maior

relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Entretanto a manutenccedilatildeo desse aumento progressivo tende a natildeo continuar

em razatildeo do congelamento dos gastos do governo federal Dessa forma os

municiacutepios e estados precisaratildeo adequar suas receitas para garantir o direito a

serviccedilos de alta e meacutedia complexidade de sua populaccedilatildeo

Palavras-chave Financiamento Governamental Economia Financiamento da

Assistecircncia agrave Sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Poliacutetica de Sauacutede

14

ABSTRACT

This research made an analysis of the evolution of the increase of the average

to Medium and High Complexity in Brazil during the period from 2010 to 2014

Then we reflect on the future perspectives in view of the New Fiscal Regime

approved in the country This is a retrospective analytical and reflexive study

developed through an analysis of the financial transfers for the States Federal

District and Municipalities The results showed that the financial transfers

remained stable in some states and increased in others but there was

heterogeneity among the states This share of financing was the one that

concentrated the largest proportional relation of transfers of financial resources

to the states and municipalities in relation to the other financing blocks

However maintaining this progressive increase tends not to continue because

of the new tax regime of federal government spending In this way

municipalities and states will need to adjust their revenues to guarantee the

right to services of high and medium complexity of their population

Key words Financing Government Economics Healthcare Financing Unified

Health System Health Policy

15

INTRODUCcedilAtildeO

A responsabilidade pelo financiamento do Sistema Uacutenico de

Sauacutede pertence agraves trecircs esferas de governo conforme previsto na Constituiccedilatildeo

Federal1 leis 80802 e 81423 de 1990 regido pela Emenda Constitucional nordm

2920004 e pela Lei Complementar 14120125

A Portaria GMMS nordm 204 de 29 de janeiro de 20076

regulamentou o financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para

accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede bem como seu respectivo monitoramento e

controle Os recursos federais destinados agraves accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

passaram a ser organizados e transferidos na forma de Blocos de

Financiamento Satildeo seis os Blocos de financiamento Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo

de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar Vigilacircncia em Sauacutede

Assistecircncia Farmacecircutica Gestatildeo do SUS e por meio da Portaria GMMS nordm

837097 foi criado ainda o investimento na Rede de Serviccedilos de Sauacutede

Para o propoacutesito de anaacutelise do presente estudo eacute importante

ressaltar que nos termos do Art 13 da Portaria nordm 20420076 o Bloco de

Atenccedilatildeo de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar eacute constituiacutedo

por dois componentes I ndash Componente Limite Financeiro da Meacutedia e Alta

Complexidade Ambulatorial e Hospitalar (MAC) e II ndash Componente Fundo de

Accedilotildees Estrateacutegicas e Compensaccedilatildeo (FAEC) Os recursos do MAC dos

Estados Distrito Federal e Municiacutepios satildeo destinados ao financiamento de

accedilotildees de meacutedia e alta complexidade em sauacutede e de incentivos transferidos

mensalmente sendo transferidos do Fundo Nacional de Sauacutede (FNS) aos

Fundos de Sauacutede dos Estados do Distrito Federal e Municiacutepios conforme a

Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI) e Programaccedilatildeo Geral de Accedilotildees e

16

Serviccedilos de Sauacutede (PGASS) Os recursos do FAEC por sua vez satildeo extra

teto o que significa que natildeo haacute limite para os repasses dentro do prazo

estabelecido que eacute de seis meses Somente apoacutes a constataccedilatildeo de sua

importacircncia eacute que esses volumes financeiros seratildeo incorporados ao MAC e

teratildeo como base uma correspondecircncia histoacuterica de repasses isto eacute uma

referecircncia quanto aos dispecircndios realizados8

Cabe esclarecer que o componente MAC corresponde ao

financiamento dos seguintes serviccedilos Serviccedilo Moacutevel de Urgecircncia (SAMU)

Centro de Especialidades Odontoloacutegicas (CEO) Centro de Referecircncia agrave Sauacutede

do Trabalhador (CEREST) Hospitais de Ensino Hospitais de Pequeno Porte

Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem Miseacuteria Rede

Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre outros que podem

ser instituiacutedos atraveacutes de portaria9

Em 2012 a Lei Complementar nordm 1415 definiu os percentuais

miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito Federal e

Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede (ASPS) aleacutem de

estabelecer quais accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos poderiam ser considerados gastos

com sauacutede De acordo com este dispositivo legal a Uniatildeo deveria aplicar

anualmente em ASPS o montante correspondente ao valor empenhado no

exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo o percentual

correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no

ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo negativa do

PIB o valor natildeo poderia ser reduzido em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro Compreende-se que estes percentuais miacutenimos devem

ser utilizados em accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

17

recuperaccedilatildeo da sauacutede de acesso universal igualitaacuterio e gratuito em

conformidade com objetivos e metas explicitadas nos Planos de Sauacutede de cada

ente da Federaccedilatildeo5

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede

para dar conta de responder tanto agraves previsotildees constitucionais de

universalidade integralidade e igualdade no acesso a bens e serviccedilos quanto

agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute imprescindiacutevel Com

relaccedilatildeo ao comportamento dos gastos com sauacutede houve uma tendecircncia geral

de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo federal nos gastos com

sauacutede nas trecircs gestotildees anteriores agrave atual (FHC Lula e Dilma)10 Com o Novo

Regime Fiscal11 recentemente aprovado no Governo Temer eacute premente trazer

ao debate dados estatiacutesticos reais para refletir agrave luz da atual conjuntura se seraacute

possiacutevel a manutenccedilatildeo do Sistema de Sauacutede defendido pela Reforma Sanitaacuteria

Brasileira

Considerando o exposto as mudanccedilas com relaccedilatildeo ao

financiamento do Sistema de Sauacutede e a importacircncia dos recursos cada vez

mais escassos para a garantia da universalidade do acesso em todos os niacuteveis

de assistecircncia este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

18

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo e analiacutetico de natureza

quantitativa desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras

coletadas do Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede12 (SIOPS) do teto de

meacutedia e alta complexidade (MAC) para os Estados Distrito Federal e

Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014

Foram considerados na anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o

valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de

Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA IBGE) nos respectivos periacuteodos13

Os dados populacionais foram coletados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica13 considerando os dados validados relativos agrave

estimativa populacional residente nos municiacutepios brasileiros e distrito federal

nos termos da Lei Complementar nordm 5914 de 22 de dezembro de 1988 e ao

artigo 102 da Lei nordm 844315 de 16 de julho de 1992 paracircmetro utilizado pelo

Tribunal de Contas de Uniatildeo para caacutelculo do Fundo de Participaccedilatildeo de Estados

e Municiacutepios quanto aos indicadores econocircmicos e sociodemograacuteficos nos

periacuteodos intercensitaacuterios

A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do

teto do bloco de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do

paiacutes em seguida a distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os

valores per capita das regiotildees aplicando-se o teste estatiacutestico two-way

ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

19

RESULTADOS

O Teto de Meacutedia e Alta Complexidade concentra a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento conforme mostra a

figura 1

Figura 1 Participaccedilatildeo Relativa dos Blocos de Financiamento dos recursos federais do SUS ndash Fundo a Fundo 2010 a 2014 Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS)

12

Evoluccedilatildeo do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade Brasil no periacuteodo de

2010 a 2014

A Figura 2 apresenta a distribuiccedilatildeo dos recursos (MAC) de acordo

com as macrorregiotildees brasileiras Eacute possiacutevel observar que houve um aumento

de 117 dos recursos totais repassados entre os anos de 2010 e 2011

Considerando que a inflaccedilatildeo oficial medida em 2010 foi de 591 houve

aumento real nominal de recursos da ordem de 58 No mesmo periacuteodo a

populaccedilatildeo brasileira diminuiu em 04 Da mesma forma em 2012 o aumento

de investimentos foi de 96 em relaccedilatildeo ao ano anterior o que significa

aumento real nominal de 31 pois a inflaccedilatildeo medida no periacuteodo foi de 65

20

Entre 2012 e 2013 a populaccedilatildeo cresceu 17 e a inflaccedilatildeo foi de 584

Entretanto o aumento dos investimentos foi da ordem de 24 ou seja 34

abaixo da inflaccedilatildeo daquele periacuteodo Em 2014 o aumento dos recursos foi da

ordem de 13 em relaccedilatildeo ao periacuteodo anterior e considerando a inflaccedilatildeo de

591 no periacuteodo houve aumento nominal de 71 acima da inflaccedilatildeo Nesse

periacuteodo a populaccedilatildeo brasileira tambeacutem aumentou em 37

Figura 2 Distribuiccedilatildeo absoluta dos recursos (MAC) natildeo corrigidos pela inflaccedilatildeo de acordo com as 5 macrorregiotildees brasileiras ao longo de 5 anos

O aumento de recursos foi ininterruptamente crescente entre 2010

e 2014 Entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de acordo com a inflaccedilatildeo

em todos os periacuteodos ou em todas as regiotildees como mostra a Tabela 1

Tabela 1 Correccedilatildeo do repasse (em ) e inflaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos periacuteodos de anaacutelise

Diferenccedila () com o ano precedente

Periacuteodo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil Inflaccedilatildeo no periacuteodo (em )

20102011 19 129 105 98 12 117 591

20112012 12 104 143 69 107 96 65

20122013 36 09 83 32 32 24 584

20132014 103 112 115 144 141 13 591

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2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4

21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

0 0

2 0

4 0

6 0

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C e n tro -O e s te N o rd e s te N o rte S u d e s te S u l

23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

0

2 0

4 0

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E s ta d o s M u n ic ip io s

24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 12: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

14

ABSTRACT

This research made an analysis of the evolution of the increase of the average

to Medium and High Complexity in Brazil during the period from 2010 to 2014

Then we reflect on the future perspectives in view of the New Fiscal Regime

approved in the country This is a retrospective analytical and reflexive study

developed through an analysis of the financial transfers for the States Federal

District and Municipalities The results showed that the financial transfers

remained stable in some states and increased in others but there was

heterogeneity among the states This share of financing was the one that

concentrated the largest proportional relation of transfers of financial resources

to the states and municipalities in relation to the other financing blocks

However maintaining this progressive increase tends not to continue because

of the new tax regime of federal government spending In this way

municipalities and states will need to adjust their revenues to guarantee the

right to services of high and medium complexity of their population

Key words Financing Government Economics Healthcare Financing Unified

Health System Health Policy

15

INTRODUCcedilAtildeO

A responsabilidade pelo financiamento do Sistema Uacutenico de

Sauacutede pertence agraves trecircs esferas de governo conforme previsto na Constituiccedilatildeo

Federal1 leis 80802 e 81423 de 1990 regido pela Emenda Constitucional nordm

2920004 e pela Lei Complementar 14120125

A Portaria GMMS nordm 204 de 29 de janeiro de 20076

regulamentou o financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para

accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede bem como seu respectivo monitoramento e

controle Os recursos federais destinados agraves accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

passaram a ser organizados e transferidos na forma de Blocos de

Financiamento Satildeo seis os Blocos de financiamento Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo

de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar Vigilacircncia em Sauacutede

Assistecircncia Farmacecircutica Gestatildeo do SUS e por meio da Portaria GMMS nordm

837097 foi criado ainda o investimento na Rede de Serviccedilos de Sauacutede

Para o propoacutesito de anaacutelise do presente estudo eacute importante

ressaltar que nos termos do Art 13 da Portaria nordm 20420076 o Bloco de

Atenccedilatildeo de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar eacute constituiacutedo

por dois componentes I ndash Componente Limite Financeiro da Meacutedia e Alta

Complexidade Ambulatorial e Hospitalar (MAC) e II ndash Componente Fundo de

Accedilotildees Estrateacutegicas e Compensaccedilatildeo (FAEC) Os recursos do MAC dos

Estados Distrito Federal e Municiacutepios satildeo destinados ao financiamento de

accedilotildees de meacutedia e alta complexidade em sauacutede e de incentivos transferidos

mensalmente sendo transferidos do Fundo Nacional de Sauacutede (FNS) aos

Fundos de Sauacutede dos Estados do Distrito Federal e Municiacutepios conforme a

Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI) e Programaccedilatildeo Geral de Accedilotildees e

16

Serviccedilos de Sauacutede (PGASS) Os recursos do FAEC por sua vez satildeo extra

teto o que significa que natildeo haacute limite para os repasses dentro do prazo

estabelecido que eacute de seis meses Somente apoacutes a constataccedilatildeo de sua

importacircncia eacute que esses volumes financeiros seratildeo incorporados ao MAC e

teratildeo como base uma correspondecircncia histoacuterica de repasses isto eacute uma

referecircncia quanto aos dispecircndios realizados8

Cabe esclarecer que o componente MAC corresponde ao

financiamento dos seguintes serviccedilos Serviccedilo Moacutevel de Urgecircncia (SAMU)

Centro de Especialidades Odontoloacutegicas (CEO) Centro de Referecircncia agrave Sauacutede

do Trabalhador (CEREST) Hospitais de Ensino Hospitais de Pequeno Porte

Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem Miseacuteria Rede

Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre outros que podem

ser instituiacutedos atraveacutes de portaria9

Em 2012 a Lei Complementar nordm 1415 definiu os percentuais

miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito Federal e

Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede (ASPS) aleacutem de

estabelecer quais accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos poderiam ser considerados gastos

com sauacutede De acordo com este dispositivo legal a Uniatildeo deveria aplicar

anualmente em ASPS o montante correspondente ao valor empenhado no

exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo o percentual

correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no

ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo negativa do

PIB o valor natildeo poderia ser reduzido em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro Compreende-se que estes percentuais miacutenimos devem

ser utilizados em accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

17

recuperaccedilatildeo da sauacutede de acesso universal igualitaacuterio e gratuito em

conformidade com objetivos e metas explicitadas nos Planos de Sauacutede de cada

ente da Federaccedilatildeo5

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede

para dar conta de responder tanto agraves previsotildees constitucionais de

universalidade integralidade e igualdade no acesso a bens e serviccedilos quanto

agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute imprescindiacutevel Com

relaccedilatildeo ao comportamento dos gastos com sauacutede houve uma tendecircncia geral

de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo federal nos gastos com

sauacutede nas trecircs gestotildees anteriores agrave atual (FHC Lula e Dilma)10 Com o Novo

Regime Fiscal11 recentemente aprovado no Governo Temer eacute premente trazer

ao debate dados estatiacutesticos reais para refletir agrave luz da atual conjuntura se seraacute

possiacutevel a manutenccedilatildeo do Sistema de Sauacutede defendido pela Reforma Sanitaacuteria

Brasileira

Considerando o exposto as mudanccedilas com relaccedilatildeo ao

financiamento do Sistema de Sauacutede e a importacircncia dos recursos cada vez

mais escassos para a garantia da universalidade do acesso em todos os niacuteveis

de assistecircncia este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

18

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo e analiacutetico de natureza

quantitativa desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras

coletadas do Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede12 (SIOPS) do teto de

meacutedia e alta complexidade (MAC) para os Estados Distrito Federal e

Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014

Foram considerados na anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o

valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de

Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA IBGE) nos respectivos periacuteodos13

Os dados populacionais foram coletados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica13 considerando os dados validados relativos agrave

estimativa populacional residente nos municiacutepios brasileiros e distrito federal

nos termos da Lei Complementar nordm 5914 de 22 de dezembro de 1988 e ao

artigo 102 da Lei nordm 844315 de 16 de julho de 1992 paracircmetro utilizado pelo

Tribunal de Contas de Uniatildeo para caacutelculo do Fundo de Participaccedilatildeo de Estados

e Municiacutepios quanto aos indicadores econocircmicos e sociodemograacuteficos nos

periacuteodos intercensitaacuterios

A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do

teto do bloco de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do

paiacutes em seguida a distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os

valores per capita das regiotildees aplicando-se o teste estatiacutestico two-way

ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

19

RESULTADOS

O Teto de Meacutedia e Alta Complexidade concentra a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento conforme mostra a

figura 1

Figura 1 Participaccedilatildeo Relativa dos Blocos de Financiamento dos recursos federais do SUS ndash Fundo a Fundo 2010 a 2014 Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS)

12

Evoluccedilatildeo do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade Brasil no periacuteodo de

2010 a 2014

A Figura 2 apresenta a distribuiccedilatildeo dos recursos (MAC) de acordo

com as macrorregiotildees brasileiras Eacute possiacutevel observar que houve um aumento

de 117 dos recursos totais repassados entre os anos de 2010 e 2011

Considerando que a inflaccedilatildeo oficial medida em 2010 foi de 591 houve

aumento real nominal de recursos da ordem de 58 No mesmo periacuteodo a

populaccedilatildeo brasileira diminuiu em 04 Da mesma forma em 2012 o aumento

de investimentos foi de 96 em relaccedilatildeo ao ano anterior o que significa

aumento real nominal de 31 pois a inflaccedilatildeo medida no periacuteodo foi de 65

20

Entre 2012 e 2013 a populaccedilatildeo cresceu 17 e a inflaccedilatildeo foi de 584

Entretanto o aumento dos investimentos foi da ordem de 24 ou seja 34

abaixo da inflaccedilatildeo daquele periacuteodo Em 2014 o aumento dos recursos foi da

ordem de 13 em relaccedilatildeo ao periacuteodo anterior e considerando a inflaccedilatildeo de

591 no periacuteodo houve aumento nominal de 71 acima da inflaccedilatildeo Nesse

periacuteodo a populaccedilatildeo brasileira tambeacutem aumentou em 37

Figura 2 Distribuiccedilatildeo absoluta dos recursos (MAC) natildeo corrigidos pela inflaccedilatildeo de acordo com as 5 macrorregiotildees brasileiras ao longo de 5 anos

O aumento de recursos foi ininterruptamente crescente entre 2010

e 2014 Entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de acordo com a inflaccedilatildeo

em todos os periacuteodos ou em todas as regiotildees como mostra a Tabela 1

Tabela 1 Correccedilatildeo do repasse (em ) e inflaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos periacuteodos de anaacutelise

Diferenccedila () com o ano precedente

Periacuteodo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil Inflaccedilatildeo no periacuteodo (em )

20102011 19 129 105 98 12 117 591

20112012 12 104 143 69 107 96 65

20122013 36 09 83 32 32 24 584

20132014 103 112 115 144 141 13 591

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21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

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23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

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24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 13: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

15

INTRODUCcedilAtildeO

A responsabilidade pelo financiamento do Sistema Uacutenico de

Sauacutede pertence agraves trecircs esferas de governo conforme previsto na Constituiccedilatildeo

Federal1 leis 80802 e 81423 de 1990 regido pela Emenda Constitucional nordm

2920004 e pela Lei Complementar 14120125

A Portaria GMMS nordm 204 de 29 de janeiro de 20076

regulamentou o financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para

accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede bem como seu respectivo monitoramento e

controle Os recursos federais destinados agraves accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

passaram a ser organizados e transferidos na forma de Blocos de

Financiamento Satildeo seis os Blocos de financiamento Atenccedilatildeo Baacutesica Atenccedilatildeo

de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar Vigilacircncia em Sauacutede

Assistecircncia Farmacecircutica Gestatildeo do SUS e por meio da Portaria GMMS nordm

837097 foi criado ainda o investimento na Rede de Serviccedilos de Sauacutede

Para o propoacutesito de anaacutelise do presente estudo eacute importante

ressaltar que nos termos do Art 13 da Portaria nordm 20420076 o Bloco de

Atenccedilatildeo de Meacutedia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar eacute constituiacutedo

por dois componentes I ndash Componente Limite Financeiro da Meacutedia e Alta

Complexidade Ambulatorial e Hospitalar (MAC) e II ndash Componente Fundo de

Accedilotildees Estrateacutegicas e Compensaccedilatildeo (FAEC) Os recursos do MAC dos

Estados Distrito Federal e Municiacutepios satildeo destinados ao financiamento de

accedilotildees de meacutedia e alta complexidade em sauacutede e de incentivos transferidos

mensalmente sendo transferidos do Fundo Nacional de Sauacutede (FNS) aos

Fundos de Sauacutede dos Estados do Distrito Federal e Municiacutepios conforme a

Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI) e Programaccedilatildeo Geral de Accedilotildees e

16

Serviccedilos de Sauacutede (PGASS) Os recursos do FAEC por sua vez satildeo extra

teto o que significa que natildeo haacute limite para os repasses dentro do prazo

estabelecido que eacute de seis meses Somente apoacutes a constataccedilatildeo de sua

importacircncia eacute que esses volumes financeiros seratildeo incorporados ao MAC e

teratildeo como base uma correspondecircncia histoacuterica de repasses isto eacute uma

referecircncia quanto aos dispecircndios realizados8

Cabe esclarecer que o componente MAC corresponde ao

financiamento dos seguintes serviccedilos Serviccedilo Moacutevel de Urgecircncia (SAMU)

Centro de Especialidades Odontoloacutegicas (CEO) Centro de Referecircncia agrave Sauacutede

do Trabalhador (CEREST) Hospitais de Ensino Hospitais de Pequeno Porte

Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem Miseacuteria Rede

Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre outros que podem

ser instituiacutedos atraveacutes de portaria9

Em 2012 a Lei Complementar nordm 1415 definiu os percentuais

miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito Federal e

Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede (ASPS) aleacutem de

estabelecer quais accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos poderiam ser considerados gastos

com sauacutede De acordo com este dispositivo legal a Uniatildeo deveria aplicar

anualmente em ASPS o montante correspondente ao valor empenhado no

exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo o percentual

correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no

ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo negativa do

PIB o valor natildeo poderia ser reduzido em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro Compreende-se que estes percentuais miacutenimos devem

ser utilizados em accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

17

recuperaccedilatildeo da sauacutede de acesso universal igualitaacuterio e gratuito em

conformidade com objetivos e metas explicitadas nos Planos de Sauacutede de cada

ente da Federaccedilatildeo5

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede

para dar conta de responder tanto agraves previsotildees constitucionais de

universalidade integralidade e igualdade no acesso a bens e serviccedilos quanto

agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute imprescindiacutevel Com

relaccedilatildeo ao comportamento dos gastos com sauacutede houve uma tendecircncia geral

de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo federal nos gastos com

sauacutede nas trecircs gestotildees anteriores agrave atual (FHC Lula e Dilma)10 Com o Novo

Regime Fiscal11 recentemente aprovado no Governo Temer eacute premente trazer

ao debate dados estatiacutesticos reais para refletir agrave luz da atual conjuntura se seraacute

possiacutevel a manutenccedilatildeo do Sistema de Sauacutede defendido pela Reforma Sanitaacuteria

Brasileira

Considerando o exposto as mudanccedilas com relaccedilatildeo ao

financiamento do Sistema de Sauacutede e a importacircncia dos recursos cada vez

mais escassos para a garantia da universalidade do acesso em todos os niacuteveis

de assistecircncia este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

18

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo e analiacutetico de natureza

quantitativa desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras

coletadas do Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede12 (SIOPS) do teto de

meacutedia e alta complexidade (MAC) para os Estados Distrito Federal e

Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014

Foram considerados na anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o

valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de

Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA IBGE) nos respectivos periacuteodos13

Os dados populacionais foram coletados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica13 considerando os dados validados relativos agrave

estimativa populacional residente nos municiacutepios brasileiros e distrito federal

nos termos da Lei Complementar nordm 5914 de 22 de dezembro de 1988 e ao

artigo 102 da Lei nordm 844315 de 16 de julho de 1992 paracircmetro utilizado pelo

Tribunal de Contas de Uniatildeo para caacutelculo do Fundo de Participaccedilatildeo de Estados

e Municiacutepios quanto aos indicadores econocircmicos e sociodemograacuteficos nos

periacuteodos intercensitaacuterios

A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do

teto do bloco de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do

paiacutes em seguida a distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os

valores per capita das regiotildees aplicando-se o teste estatiacutestico two-way

ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

19

RESULTADOS

O Teto de Meacutedia e Alta Complexidade concentra a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento conforme mostra a

figura 1

Figura 1 Participaccedilatildeo Relativa dos Blocos de Financiamento dos recursos federais do SUS ndash Fundo a Fundo 2010 a 2014 Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS)

12

Evoluccedilatildeo do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade Brasil no periacuteodo de

2010 a 2014

A Figura 2 apresenta a distribuiccedilatildeo dos recursos (MAC) de acordo

com as macrorregiotildees brasileiras Eacute possiacutevel observar que houve um aumento

de 117 dos recursos totais repassados entre os anos de 2010 e 2011

Considerando que a inflaccedilatildeo oficial medida em 2010 foi de 591 houve

aumento real nominal de recursos da ordem de 58 No mesmo periacuteodo a

populaccedilatildeo brasileira diminuiu em 04 Da mesma forma em 2012 o aumento

de investimentos foi de 96 em relaccedilatildeo ao ano anterior o que significa

aumento real nominal de 31 pois a inflaccedilatildeo medida no periacuteodo foi de 65

20

Entre 2012 e 2013 a populaccedilatildeo cresceu 17 e a inflaccedilatildeo foi de 584

Entretanto o aumento dos investimentos foi da ordem de 24 ou seja 34

abaixo da inflaccedilatildeo daquele periacuteodo Em 2014 o aumento dos recursos foi da

ordem de 13 em relaccedilatildeo ao periacuteodo anterior e considerando a inflaccedilatildeo de

591 no periacuteodo houve aumento nominal de 71 acima da inflaccedilatildeo Nesse

periacuteodo a populaccedilatildeo brasileira tambeacutem aumentou em 37

Figura 2 Distribuiccedilatildeo absoluta dos recursos (MAC) natildeo corrigidos pela inflaccedilatildeo de acordo com as 5 macrorregiotildees brasileiras ao longo de 5 anos

O aumento de recursos foi ininterruptamente crescente entre 2010

e 2014 Entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de acordo com a inflaccedilatildeo

em todos os periacuteodos ou em todas as regiotildees como mostra a Tabela 1

Tabela 1 Correccedilatildeo do repasse (em ) e inflaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos periacuteodos de anaacutelise

Diferenccedila () com o ano precedente

Periacuteodo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil Inflaccedilatildeo no periacuteodo (em )

20102011 19 129 105 98 12 117 591

20112012 12 104 143 69 107 96 65

20122013 36 09 83 32 32 24 584

20132014 103 112 115 144 141 13 591

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2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4

21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

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2 0

4 0

6 0

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C e n tro -O e s te N o rd e s te N o rte S u d e s te S u l

23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

0

2 0

4 0

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E s ta d o s M u n ic ip io s

24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 14: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

16

Serviccedilos de Sauacutede (PGASS) Os recursos do FAEC por sua vez satildeo extra

teto o que significa que natildeo haacute limite para os repasses dentro do prazo

estabelecido que eacute de seis meses Somente apoacutes a constataccedilatildeo de sua

importacircncia eacute que esses volumes financeiros seratildeo incorporados ao MAC e

teratildeo como base uma correspondecircncia histoacuterica de repasses isto eacute uma

referecircncia quanto aos dispecircndios realizados8

Cabe esclarecer que o componente MAC corresponde ao

financiamento dos seguintes serviccedilos Serviccedilo Moacutevel de Urgecircncia (SAMU)

Centro de Especialidades Odontoloacutegicas (CEO) Centro de Referecircncia agrave Sauacutede

do Trabalhador (CEREST) Hospitais de Ensino Hospitais de Pequeno Porte

Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem Miseacuteria Rede

Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre outros que podem

ser instituiacutedos atraveacutes de portaria9

Em 2012 a Lei Complementar nordm 1415 definiu os percentuais

miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito Federal e

Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede (ASPS) aleacutem de

estabelecer quais accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos poderiam ser considerados gastos

com sauacutede De acordo com este dispositivo legal a Uniatildeo deveria aplicar

anualmente em ASPS o montante correspondente ao valor empenhado no

exerciacutecio financeiro anterior acrescido de no miacutenimo o percentual

correspondente agrave variaccedilatildeo nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no

ano anterior ao da lei orccedilamentaacuteria anual e no caso de variaccedilatildeo negativa do

PIB o valor natildeo poderia ser reduzido em termos nominais de um exerciacutecio

financeiro para o outro Compreende-se que estes percentuais miacutenimos devem

ser utilizados em accedilotildees e serviccedilos de Sauacutede para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

17

recuperaccedilatildeo da sauacutede de acesso universal igualitaacuterio e gratuito em

conformidade com objetivos e metas explicitadas nos Planos de Sauacutede de cada

ente da Federaccedilatildeo5

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede

para dar conta de responder tanto agraves previsotildees constitucionais de

universalidade integralidade e igualdade no acesso a bens e serviccedilos quanto

agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute imprescindiacutevel Com

relaccedilatildeo ao comportamento dos gastos com sauacutede houve uma tendecircncia geral

de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo federal nos gastos com

sauacutede nas trecircs gestotildees anteriores agrave atual (FHC Lula e Dilma)10 Com o Novo

Regime Fiscal11 recentemente aprovado no Governo Temer eacute premente trazer

ao debate dados estatiacutesticos reais para refletir agrave luz da atual conjuntura se seraacute

possiacutevel a manutenccedilatildeo do Sistema de Sauacutede defendido pela Reforma Sanitaacuteria

Brasileira

Considerando o exposto as mudanccedilas com relaccedilatildeo ao

financiamento do Sistema de Sauacutede e a importacircncia dos recursos cada vez

mais escassos para a garantia da universalidade do acesso em todos os niacuteveis

de assistecircncia este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

18

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo e analiacutetico de natureza

quantitativa desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras

coletadas do Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede12 (SIOPS) do teto de

meacutedia e alta complexidade (MAC) para os Estados Distrito Federal e

Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014

Foram considerados na anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o

valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de

Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA IBGE) nos respectivos periacuteodos13

Os dados populacionais foram coletados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica13 considerando os dados validados relativos agrave

estimativa populacional residente nos municiacutepios brasileiros e distrito federal

nos termos da Lei Complementar nordm 5914 de 22 de dezembro de 1988 e ao

artigo 102 da Lei nordm 844315 de 16 de julho de 1992 paracircmetro utilizado pelo

Tribunal de Contas de Uniatildeo para caacutelculo do Fundo de Participaccedilatildeo de Estados

e Municiacutepios quanto aos indicadores econocircmicos e sociodemograacuteficos nos

periacuteodos intercensitaacuterios

A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do

teto do bloco de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do

paiacutes em seguida a distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os

valores per capita das regiotildees aplicando-se o teste estatiacutestico two-way

ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

19

RESULTADOS

O Teto de Meacutedia e Alta Complexidade concentra a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento conforme mostra a

figura 1

Figura 1 Participaccedilatildeo Relativa dos Blocos de Financiamento dos recursos federais do SUS ndash Fundo a Fundo 2010 a 2014 Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS)

12

Evoluccedilatildeo do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade Brasil no periacuteodo de

2010 a 2014

A Figura 2 apresenta a distribuiccedilatildeo dos recursos (MAC) de acordo

com as macrorregiotildees brasileiras Eacute possiacutevel observar que houve um aumento

de 117 dos recursos totais repassados entre os anos de 2010 e 2011

Considerando que a inflaccedilatildeo oficial medida em 2010 foi de 591 houve

aumento real nominal de recursos da ordem de 58 No mesmo periacuteodo a

populaccedilatildeo brasileira diminuiu em 04 Da mesma forma em 2012 o aumento

de investimentos foi de 96 em relaccedilatildeo ao ano anterior o que significa

aumento real nominal de 31 pois a inflaccedilatildeo medida no periacuteodo foi de 65

20

Entre 2012 e 2013 a populaccedilatildeo cresceu 17 e a inflaccedilatildeo foi de 584

Entretanto o aumento dos investimentos foi da ordem de 24 ou seja 34

abaixo da inflaccedilatildeo daquele periacuteodo Em 2014 o aumento dos recursos foi da

ordem de 13 em relaccedilatildeo ao periacuteodo anterior e considerando a inflaccedilatildeo de

591 no periacuteodo houve aumento nominal de 71 acima da inflaccedilatildeo Nesse

periacuteodo a populaccedilatildeo brasileira tambeacutem aumentou em 37

Figura 2 Distribuiccedilatildeo absoluta dos recursos (MAC) natildeo corrigidos pela inflaccedilatildeo de acordo com as 5 macrorregiotildees brasileiras ao longo de 5 anos

O aumento de recursos foi ininterruptamente crescente entre 2010

e 2014 Entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de acordo com a inflaccedilatildeo

em todos os periacuteodos ou em todas as regiotildees como mostra a Tabela 1

Tabela 1 Correccedilatildeo do repasse (em ) e inflaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos periacuteodos de anaacutelise

Diferenccedila () com o ano precedente

Periacuteodo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil Inflaccedilatildeo no periacuteodo (em )

20102011 19 129 105 98 12 117 591

20112012 12 104 143 69 107 96 65

20122013 36 09 83 32 32 24 584

20132014 103 112 115 144 141 13 591

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2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4

21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

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23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

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24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 15: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

17

recuperaccedilatildeo da sauacutede de acesso universal igualitaacuterio e gratuito em

conformidade com objetivos e metas explicitadas nos Planos de Sauacutede de cada

ente da Federaccedilatildeo5

Avaliar a suficiecircncia do financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede

para dar conta de responder tanto agraves previsotildees constitucionais de

universalidade integralidade e igualdade no acesso a bens e serviccedilos quanto

agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira eacute imprescindiacutevel Com

relaccedilatildeo ao comportamento dos gastos com sauacutede houve uma tendecircncia geral

de queda da participaccedilatildeo proporcional do governo federal nos gastos com

sauacutede nas trecircs gestotildees anteriores agrave atual (FHC Lula e Dilma)10 Com o Novo

Regime Fiscal11 recentemente aprovado no Governo Temer eacute premente trazer

ao debate dados estatiacutesticos reais para refletir agrave luz da atual conjuntura se seraacute

possiacutevel a manutenccedilatildeo do Sistema de Sauacutede defendido pela Reforma Sanitaacuteria

Brasileira

Considerando o exposto as mudanccedilas com relaccedilatildeo ao

financiamento do Sistema de Sauacutede e a importacircncia dos recursos cada vez

mais escassos para a garantia da universalidade do acesso em todos os niacuteveis

de assistecircncia este trabalho teve como objetivo a avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do

incremento do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade no Brasil durante periacuteodo de

2010 a 2014 e refletir as perspectivas futuras diante do Novo Regime Fiscal

(NRF) aprovado no paiacutes

18

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo e analiacutetico de natureza

quantitativa desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras

coletadas do Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede12 (SIOPS) do teto de

meacutedia e alta complexidade (MAC) para os Estados Distrito Federal e

Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014

Foram considerados na anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o

valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de

Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA IBGE) nos respectivos periacuteodos13

Os dados populacionais foram coletados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica13 considerando os dados validados relativos agrave

estimativa populacional residente nos municiacutepios brasileiros e distrito federal

nos termos da Lei Complementar nordm 5914 de 22 de dezembro de 1988 e ao

artigo 102 da Lei nordm 844315 de 16 de julho de 1992 paracircmetro utilizado pelo

Tribunal de Contas de Uniatildeo para caacutelculo do Fundo de Participaccedilatildeo de Estados

e Municiacutepios quanto aos indicadores econocircmicos e sociodemograacuteficos nos

periacuteodos intercensitaacuterios

A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do

teto do bloco de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do

paiacutes em seguida a distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os

valores per capita das regiotildees aplicando-se o teste estatiacutestico two-way

ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

19

RESULTADOS

O Teto de Meacutedia e Alta Complexidade concentra a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento conforme mostra a

figura 1

Figura 1 Participaccedilatildeo Relativa dos Blocos de Financiamento dos recursos federais do SUS ndash Fundo a Fundo 2010 a 2014 Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS)

12

Evoluccedilatildeo do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade Brasil no periacuteodo de

2010 a 2014

A Figura 2 apresenta a distribuiccedilatildeo dos recursos (MAC) de acordo

com as macrorregiotildees brasileiras Eacute possiacutevel observar que houve um aumento

de 117 dos recursos totais repassados entre os anos de 2010 e 2011

Considerando que a inflaccedilatildeo oficial medida em 2010 foi de 591 houve

aumento real nominal de recursos da ordem de 58 No mesmo periacuteodo a

populaccedilatildeo brasileira diminuiu em 04 Da mesma forma em 2012 o aumento

de investimentos foi de 96 em relaccedilatildeo ao ano anterior o que significa

aumento real nominal de 31 pois a inflaccedilatildeo medida no periacuteodo foi de 65

20

Entre 2012 e 2013 a populaccedilatildeo cresceu 17 e a inflaccedilatildeo foi de 584

Entretanto o aumento dos investimentos foi da ordem de 24 ou seja 34

abaixo da inflaccedilatildeo daquele periacuteodo Em 2014 o aumento dos recursos foi da

ordem de 13 em relaccedilatildeo ao periacuteodo anterior e considerando a inflaccedilatildeo de

591 no periacuteodo houve aumento nominal de 71 acima da inflaccedilatildeo Nesse

periacuteodo a populaccedilatildeo brasileira tambeacutem aumentou em 37

Figura 2 Distribuiccedilatildeo absoluta dos recursos (MAC) natildeo corrigidos pela inflaccedilatildeo de acordo com as 5 macrorregiotildees brasileiras ao longo de 5 anos

O aumento de recursos foi ininterruptamente crescente entre 2010

e 2014 Entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de acordo com a inflaccedilatildeo

em todos os periacuteodos ou em todas as regiotildees como mostra a Tabela 1

Tabela 1 Correccedilatildeo do repasse (em ) e inflaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos periacuteodos de anaacutelise

Diferenccedila () com o ano precedente

Periacuteodo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil Inflaccedilatildeo no periacuteodo (em )

20102011 19 129 105 98 12 117 591

20112012 12 104 143 69 107 96 65

20122013 36 09 83 32 32 24 584

20132014 103 112 115 144 141 13 591

0

5

1 0

1 5

2 0

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C e n tro -O e s te

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S u d e s te

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2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4

21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

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23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

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24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 16: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

18

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo e analiacutetico de natureza

quantitativa desenvolvido por meio de anaacutelise das transferecircncias financeiras

coletadas do Sistema de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede12 (SIOPS) do teto de

meacutedia e alta complexidade (MAC) para os Estados Distrito Federal e

Municiacutepios no periacuteodo de 2010 a 2014

Foram considerados na anaacutelise da distribuiccedilatildeo dos recursos o

valor nominal e valor real com a aplicaccedilatildeo da inflaccedilatildeo medida pelo Iacutendice de

Preccedilos ao Consumidor Amplo (IPCA IBGE) nos respectivos periacuteodos13

Os dados populacionais foram coletados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica13 considerando os dados validados relativos agrave

estimativa populacional residente nos municiacutepios brasileiros e distrito federal

nos termos da Lei Complementar nordm 5914 de 22 de dezembro de 1988 e ao

artigo 102 da Lei nordm 844315 de 16 de julho de 1992 paracircmetro utilizado pelo

Tribunal de Contas de Uniatildeo para caacutelculo do Fundo de Participaccedilatildeo de Estados

e Municiacutepios quanto aos indicadores econocircmicos e sociodemograacuteficos nos

periacuteodos intercensitaacuterios

A anaacutelise estatiacutestica utilizou inicialmente a anaacutelise descritiva do

teto do bloco de financiamento de meacutedia e alta complexidade das regiotildees do

paiacutes em seguida a distribuiccedilatildeo dos recursos foram comparados com os

valores per capita das regiotildees aplicando-se o teste estatiacutestico two-way

ANOVATukey nos periacuteodos intercensitaacuterios

19

RESULTADOS

O Teto de Meacutedia e Alta Complexidade concentra a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento conforme mostra a

figura 1

Figura 1 Participaccedilatildeo Relativa dos Blocos de Financiamento dos recursos federais do SUS ndash Fundo a Fundo 2010 a 2014 Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS)

12

Evoluccedilatildeo do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade Brasil no periacuteodo de

2010 a 2014

A Figura 2 apresenta a distribuiccedilatildeo dos recursos (MAC) de acordo

com as macrorregiotildees brasileiras Eacute possiacutevel observar que houve um aumento

de 117 dos recursos totais repassados entre os anos de 2010 e 2011

Considerando que a inflaccedilatildeo oficial medida em 2010 foi de 591 houve

aumento real nominal de recursos da ordem de 58 No mesmo periacuteodo a

populaccedilatildeo brasileira diminuiu em 04 Da mesma forma em 2012 o aumento

de investimentos foi de 96 em relaccedilatildeo ao ano anterior o que significa

aumento real nominal de 31 pois a inflaccedilatildeo medida no periacuteodo foi de 65

20

Entre 2012 e 2013 a populaccedilatildeo cresceu 17 e a inflaccedilatildeo foi de 584

Entretanto o aumento dos investimentos foi da ordem de 24 ou seja 34

abaixo da inflaccedilatildeo daquele periacuteodo Em 2014 o aumento dos recursos foi da

ordem de 13 em relaccedilatildeo ao periacuteodo anterior e considerando a inflaccedilatildeo de

591 no periacuteodo houve aumento nominal de 71 acima da inflaccedilatildeo Nesse

periacuteodo a populaccedilatildeo brasileira tambeacutem aumentou em 37

Figura 2 Distribuiccedilatildeo absoluta dos recursos (MAC) natildeo corrigidos pela inflaccedilatildeo de acordo com as 5 macrorregiotildees brasileiras ao longo de 5 anos

O aumento de recursos foi ininterruptamente crescente entre 2010

e 2014 Entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de acordo com a inflaccedilatildeo

em todos os periacuteodos ou em todas as regiotildees como mostra a Tabela 1

Tabela 1 Correccedilatildeo do repasse (em ) e inflaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos periacuteodos de anaacutelise

Diferenccedila () com o ano precedente

Periacuteodo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil Inflaccedilatildeo no periacuteodo (em )

20102011 19 129 105 98 12 117 591

20112012 12 104 143 69 107 96 65

20122013 36 09 83 32 32 24 584

20132014 103 112 115 144 141 13 591

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2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4

21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

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2 0

4 0

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23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

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24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 17: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

19

RESULTADOS

O Teto de Meacutedia e Alta Complexidade concentra a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento conforme mostra a

figura 1

Figura 1 Participaccedilatildeo Relativa dos Blocos de Financiamento dos recursos federais do SUS ndash Fundo a Fundo 2010 a 2014 Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Orccedilamento Puacuteblico em Sauacutede (SIOPS)

12

Evoluccedilatildeo do Teto de Meacutedia e Alta Complexidade Brasil no periacuteodo de

2010 a 2014

A Figura 2 apresenta a distribuiccedilatildeo dos recursos (MAC) de acordo

com as macrorregiotildees brasileiras Eacute possiacutevel observar que houve um aumento

de 117 dos recursos totais repassados entre os anos de 2010 e 2011

Considerando que a inflaccedilatildeo oficial medida em 2010 foi de 591 houve

aumento real nominal de recursos da ordem de 58 No mesmo periacuteodo a

populaccedilatildeo brasileira diminuiu em 04 Da mesma forma em 2012 o aumento

de investimentos foi de 96 em relaccedilatildeo ao ano anterior o que significa

aumento real nominal de 31 pois a inflaccedilatildeo medida no periacuteodo foi de 65

20

Entre 2012 e 2013 a populaccedilatildeo cresceu 17 e a inflaccedilatildeo foi de 584

Entretanto o aumento dos investimentos foi da ordem de 24 ou seja 34

abaixo da inflaccedilatildeo daquele periacuteodo Em 2014 o aumento dos recursos foi da

ordem de 13 em relaccedilatildeo ao periacuteodo anterior e considerando a inflaccedilatildeo de

591 no periacuteodo houve aumento nominal de 71 acima da inflaccedilatildeo Nesse

periacuteodo a populaccedilatildeo brasileira tambeacutem aumentou em 37

Figura 2 Distribuiccedilatildeo absoluta dos recursos (MAC) natildeo corrigidos pela inflaccedilatildeo de acordo com as 5 macrorregiotildees brasileiras ao longo de 5 anos

O aumento de recursos foi ininterruptamente crescente entre 2010

e 2014 Entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de acordo com a inflaccedilatildeo

em todos os periacuteodos ou em todas as regiotildees como mostra a Tabela 1

Tabela 1 Correccedilatildeo do repasse (em ) e inflaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos periacuteodos de anaacutelise

Diferenccedila () com o ano precedente

Periacuteodo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil Inflaccedilatildeo no periacuteodo (em )

20102011 19 129 105 98 12 117 591

20112012 12 104 143 69 107 96 65

20122013 36 09 83 32 32 24 584

20132014 103 112 115 144 141 13 591

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21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

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23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

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24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 18: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

20

Entre 2012 e 2013 a populaccedilatildeo cresceu 17 e a inflaccedilatildeo foi de 584

Entretanto o aumento dos investimentos foi da ordem de 24 ou seja 34

abaixo da inflaccedilatildeo daquele periacuteodo Em 2014 o aumento dos recursos foi da

ordem de 13 em relaccedilatildeo ao periacuteodo anterior e considerando a inflaccedilatildeo de

591 no periacuteodo houve aumento nominal de 71 acima da inflaccedilatildeo Nesse

periacuteodo a populaccedilatildeo brasileira tambeacutem aumentou em 37

Figura 2 Distribuiccedilatildeo absoluta dos recursos (MAC) natildeo corrigidos pela inflaccedilatildeo de acordo com as 5 macrorregiotildees brasileiras ao longo de 5 anos

O aumento de recursos foi ininterruptamente crescente entre 2010

e 2014 Entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de acordo com a inflaccedilatildeo

em todos os periacuteodos ou em todas as regiotildees como mostra a Tabela 1

Tabela 1 Correccedilatildeo do repasse (em ) e inflaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos periacuteodos de anaacutelise

Diferenccedila () com o ano precedente

Periacuteodo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil Inflaccedilatildeo no periacuteodo (em )

20102011 19 129 105 98 12 117 591

20112012 12 104 143 69 107 96 65

20122013 36 09 83 32 32 24 584

20132014 103 112 115 144 141 13 591

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2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4

21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

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2 0

4 0

6 0

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23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

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4 0

6 0

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24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 19: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

21

Observa-se que no ano de 2013 o repasse do total de recursos foi

menor que a inflaccedilatildeo em todas as regiotildees exceto na regiatildeo norte Aleacutem disso

a regiatildeo sudeste concentra a menor porcentagem de aumento de recursos na

maior parte dos periacuteodos avaliados

A Figura 3 mostra a tendecircncia de aumento dos investimentos ao

longo do tempo Esses dados revelam que o investimento per capita variou

entre os estados mas de uma forma geral apresentou aumento gradativo

Contudo natildeo uniforme ao longo do periacuteodo medido em praticamente todos os

estados O estado de Mato Grosso do Sul por exemplo apresentou 372 de

aumento da MAC per capita de 2011 em relaccedilatildeo agrave MAC de 2010 mas nos dois

anos seguintes houve reduccedilatildeo de cerca de 5 De uma forma geral os

estados que tiveram reduccedilatildeo num periacuteodo recuperaram os recursos nos

periacuteodos seguintes como o estado de Tocantins por exemplo que apresentou

reduccedilatildeo de 137 do investimento per capita em 2011 recuperando a perda

nos anos seguintes No ano de 2013 houve diminuiccedilatildeo dos recursos em vaacuterios

estados tais como Mato Grosso do Sul Rio Grande do Norte e Sergipe sendo

que no ano seguinte as perdas foram compensadas nos estados a exceccedilatildeo do

MS

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

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C e n tro -O e s te N o rd e s te N o rte S u d e s te S u l

23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

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E s ta d o s M u n ic ip io s

24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 20: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

22

Figura 3 Distribuiccedilatildeo dos recursos (corrigidos pela inflaccedilatildeo) totais e per capita de acordo com cada estado federativo

A comparaccedilatildeo (two-way ANOVATukey) entre os valores per

capita das regiotildees revelou que natildeo houve diferenccedilas estatisticamente

significantes (p=064) entre as regiotildees ao longo do tempo Entretanto houve

aumento significativo (plt00001) dos valores per capita independentemente da

regiatildeo nos anos 2012 e 2014 em relaccedilatildeo aos periacuteodos anteriores Natildeo houve

poreacutem aumento significativo nos anos 2011 (p=09998) e 2013 (p=01491)

Na Figura 4 observam-se os recursos federais (em percentuais)

destinados aos estados (SES) e municiacutepios (SMS) sendo possiacutevel visualizar

trecircs faixas distintas de distribuiccedilatildeo sendo a primeira constituiacuteda por estados

cuja porcentagem de recursos se concentra massivamente nos municiacutepios

Desta faixa fazem parte os estados PA GO MS MT PB PI RN CE AL RJ

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23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

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24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 21: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

23

MG e PR Numa faixa intermediaacuteria na qual a distribuiccedilatildeo de recursos eacute

equilibrada entre estado e municiacutepios encontram-se os estados de RO SE

BA SC RS e SP Por fim numa faixa na qual os recursos satildeo concentrados

maciccedilamente nos estados e natildeo nos municiacutepios estatildeo os estados de DF RR

TO AM AP AC PE e ES

Figura 4 Distribuiccedilatildeo (em ) dos recursos entre estados e municiacutepios

Houve pela distribuiccedilatildeo dos recursos observada na Figura 4

variaccedilotildees sazonais em alguns estados particularmente em RR PA RO AP

TO BA SE MA PI MA RN e PB sendo que nos demais estados foi possiacutevel

observar pouca variaccedilatildeo ao longo do tempo na proporccedilatildeo de distribuiccedilatildeo dos

recursos entre estados e municiacutepios

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24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 22: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

24

DISCUSSAtildeO

O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede eacute objeto frequente

em debates tanto nos meios acadecircmicos como nos movimentos sociais e nas

instacircncias gestoras desde a Constituiccedilatildeo Federal1 uma vez que eacute considerado

insuficiente para atender agraves necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo brasileira

considerando-se os princiacutepios constitucionais de universalidade integralidade e

igualdade no acesso a bens e serviccedilos81617 Os resultados do presente estudo

permitem afirmar que o teto do MAC se manteve estaacutevel em alguns estados e

elevou-se em outros havendo contudo heterogeneidade entre os estados

sendo que o bloco de financiamento da meacutedia e alta complexidade concentrou

a maior relaccedilatildeo proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os

estados e municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento

Uma reflexatildeo sobre os resultados encontrados merece atenccedilatildeo

especial em razatildeo das recentes alteraccedilotildees legais quanto aos repasses federais

para os municiacutepios Embora os resultados tenham mostrado que natildeo houve

diminuiccedilatildeo na verba investida na meacutedia e alta complexidade no periacuteodo

analisado alguns fatos podem impactar negativamente o financiamento nos

proacuteximos anos Para as despesas com sauacutede que na Constituiccedilatildeo Federal de

19881 receberam atenccedilatildeo diferenciada com o objetivo de que fossem

protegidas e natildeo ficassem sujeitas agraves discricionariedades dos diferentes

governos as regras foram alteradas por meio da Emenda Constitucional nordm

8618 de 2015 que modificou significativamente a forma de vinculaccedilatildeo de

recursos da Emenda Constitucional nordm 29 que vigorou por 15 anos e garantiu a

estabilidade do financiamento do SUS16

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 23: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

25

De acordo com o estabelecido pela EC 8618 a Uniatildeo deveria

doravante aplicar o miacutenimo de 15 da Receita Corrente Liacutequida (RCL) da

arrecadaccedilatildeo de competecircncia federal a partir de uma regra progressiva a

ocorrer escalonada em cinco anos sendo 132 no primeiro ano 137 no

segundo ano 141 no terceiro ano 145 no quarto ano e 15 no quinto

ano A partir do quinto ano o patamar de 15 da RCL deveria ser o montante

miacutenimo de recursos financeiros a ser aplicado pela Uniatildeo em accedilotildees e serviccedilos

de sauacutede

O gasto em sauacutede jaacute poderia ser considerado insuficiente mesmo

que explicitadas as fontes que financiam a seguridade social da qual a sauacutede

faz parte e estabelecidas as regras para vinculaccedilatildeo de recursos pelos entes da

Federaccedilatildeo por meio das Emendas Constitucionais 292000 e 86201541718

Todavia o comprometimento do financiamento da sauacutede natildeo

parou nas alteraccedilotildees feitas pela EC 86 e seguem fazendo com que precisemos

discutir sobre como continuaraacute esse investimento em Meacutedia e Alta

complexidade nos proacuteximos anos a partir da receacutem-aprovada Emenda

constitucional 95201611 Trata-se do Novo Regime Fiscal (NRF) adotado pelo

Brasil

A contar de 16 de dezembro de 2016 quando foi aprovada foram

inseridos no Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias vaacuterios

dispositivos que programaram um novo regime fiscal com um limite para os

gastos do governo federal limite esse do qual nem a Sauacutede e nem a Educaccedilatildeo

foram poupados e que vigoraraacute pelos proacuteximos 20 (vinte) anos

A ideia lanccedilada eacute a de que o NRF contribua para o resgate da

credibilidade da poliacutetica fiscal e econocircmica inaugure um panorama de

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 24: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

26

sustentabilidade do gasto e da diacutevida e estabeleccedila uma dinacircmica capaz de no

meacutedio prazo assegurar o reequiliacutebrio das contas puacuteblicas19 Para isso as

despesas ficaratildeo estacionadas em termos reais

Fixado o teto uma uacutenica vez isso vincularia todos os fenocircmenos

administrativos que ocorrerem nas vaacuterias unidades oacutergatildeos e pessoas

administrativas pelos proacuteximos vinte anos Para alguns economistas essa

medida eacute necessaacuteria e bem-vinda uma vez que a deterioraccedilatildeo das contas

puacuteblicas nos uacuteltimos anos tornam um forte ajuste fiscal necessaacuterio mesmo

reconhecendo que com probabilidade bastante elevada haveraacute corte de

gastos sociais20

Se a economia crescer por exemplo a participaccedilatildeo relativa do

dispecircndio estatal como proporccedilatildeo do PIB deveraacute diminuir Mantida a mesma

carga tributaacuteria e verificado o aumento da base econocircmica de incidecircncia pelo

aumento do PIB o resultado das contas puacuteblicas deveraacute melhorar

progressivamente A partir daiacute poderatildeo ser vistos os reflexos positivos

associados entre si alguns que seratildeo imediatos e outros de meacutedio e longo

prazo referidos agraves expectativas dos agentes econocircmicos sobre a solvecircncia do

setor puacuteblico e a sustentabilidade da diacutevida agraves taxas de juros e inflaccedilatildeo ao

tamanho relativo da diacutevida puacuteblica e ao custo de sua rolagem19

Todavia essa posiccedilatildeo natildeo eacute unacircnime principalmente no que

tange agrave Sauacutede e agrave Educaccedilatildeo pois o congelamento do teto dos gastos por vinte

anos poderaacute impedir os investimentos necessaacuterios agrave manutenccedilatildeo e expansatildeo

dos serviccedilos puacuteblicos incorporaccedilatildeo de inovaccedilotildees tecnoloacutegicas aumentos de

remuneraccedilatildeo contrataccedilatildeo de pessoal reestruturaccedilatildeo de carreiras o que se faz

necessaacuterio em virtude do crescimento demograacutefico e sobretudo em razatildeo dos

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 25: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

27

objetivos e fundamentos constitucionais que direcionam um projeto constituinte

de um Estado de Bem Estar Social21

Sem essa exclusatildeo do teto o financiamento do SUS nos Estados

e Municiacutepios seraacute fortemente atingido pois cerca de 23 das despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede satildeo transferidas fundo a fundo para accedilotildees de atenccedilatildeo

baacutesica meacutedia e alta complexidade assistecircncia farmacecircutica vigilacircncia

epidemioloacutegica e sanitaacuteria entre outras a cargos dos entes federados A

expansatildeo do serviccedilo estaraacute portanto vedada pois implica em aumento de

despesa real a natildeo ser que seja acompanhada de corte em outras aacutereas21

Considerando que o teto do MAC concentrou a maior relaccedilatildeo

proporcional das transferecircncias de recursos financeiros para os estados e

municiacutepios em relaccedilatildeo aos demais blocos de financiamento no periacuteodo

analisado e que o investimento se manteve estaacutevel e ateacute aumentou vislumbra-

se que a partir do NRF os municiacutepios e estados precisaratildeo usar de recursos

proacuteprios se quiserem investir de forma progressiva em serviccedilos como o Serviccedilo

Moacutevel de Urgecircncia Centro de Especialidades Odontoloacutegicas Centro de

Referecircncia agrave Sauacutede do Trabalhador Hospitais de Ensino Hospitais de

Pequeno Porte Hospitais Filantroacutepicos Rede Melhor em Casa Brasil Sem

Miseacuteria Rede Cegonha Rede de Sauacutede Mental Viver Sem Limites entre

outros

Outras limitaccedilotildees ou avanccedilos estatildeo sendo desenhados atraveacutes da

recomendaccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede ao Ministeacuterio da Sauacutede no que

faz jus agrave mudanccedila da forma de repasse fundo a fundo de 6 blocos de

financiamento da portaria 204 de 200722 do pacto pela sauacutede para apenas

duas modalidades (custeio e investimento) Essa alteraccedilatildeo na forma de

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 26: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

28

repasse sinaliza mudanccedilas pois com os seis blocos em vigor que identifica

linhas especiacuteficas de financiamento natildeo eacute permitida a movimentaccedilatildeo entre

contas que natildeo sejam dos respectivos blocos A nova proposta traz uma nova

flexibilidade na conduccedilatildeo do financiamento onde todos os recursos seratildeo

centralizados em bloco de investimentos e de custeio dando autonomia ao

gestor sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos23

Seria essa uma sinalizaccedilatildeo de que diante do congelamento do

teto seraacute dada uma liberdade para que os municiacutepios e estados pudessem

fazer as movimentaccedilotildees para usar o investimento recebido da forma que

melhor lhes aprouvessem Para garantir o crescimento dos serviccedilos de Meacutedia

e Alta Complexidade seria necessaacuterio retirar recursos da Atenccedilatildeo Primaacuteria por

exemplo Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais mas

existe alguma garantia de que isso venha a ocorrer

Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatiacutesticas

e Estudos socioeconocircmicos (DIEESE) fez uma projeccedilatildeo do teto dos gastos

aplicado como se estivesse em vigor nos anos de 2002 a 2015 Com relaccedilatildeo

agraves despesas de sauacutede haveria uma reduccedilatildeo de 27 Isso significa em valores

que a perda na sauacutede entre 2002 e 2015 teria sido de R$ 2959 bilhotildees que

na loacutegica do novo regime fiscal jaacute em vigor seriam expropriados das poliacuteticas

sociais para remunerar os investimentos dos donos da diacutevida puacuteblica

brasileira2124 Jaacute de acordo com um estudo do IPEA divulgado no iniacutecio do

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 27: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

29

mecircs de outubro de 2016 somente o SUS perderaacute com o novo regime fiscal

cerca de R$ 743 bilhotildees1621

Todavia para Freitas e Mendes20 a comparaccedilatildeo relevante natildeo

deve ser entre o Brasil apoacutes a EC 95 e o Brasil antes dessa Emenda mas

entre o (hipoteacutetico) Brasil poacutes-EC 95 e um Brasil (igualmente hipoteacutetico) sem

EC 95 Os pesquisadores acreditam que nessa comparaccedilatildeo o Paiacutes ficaraacute

melhor com agora apoacutes aprovaccedilatildeo da Emenda e questionam ainda se

somente a limitaccedilatildeo dos gastos pela inflaccedilatildeo seraacute suficiente para trazer a

diacutevida puacuteblica para uma trajetoacuteria sustentaacutevel20

O que cabe no presente estudo eacute debater como continuaraacute a ser o

repasse federal para o Bloco de Meacutedia e Alta Complexidade frente ao NRF

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo da inflaccedilatildeo ao

verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram ininterruptamente

crescentes no periacuteodo avaliado entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos

No contexto do teto de meacutedia e alta complexidade que concentra

a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia quanto aos demais blocos de

financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo considera a capacidade instalada

Desta forma a anaacutelise demonstra a concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu

adensamento tecnoloacutegico concentrando 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Conclui-se portanto que houve aumento nominal progressivo e

reajustado em termos gerais nos repasses para o MAC aleacutem de valores per

capta por estado contudo esses apresentam enorme heterogeneidade devido

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 28: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

30

a capacidade instalada recursos humanos dispendido e percentuais de

investimento dos diferentes entes Todavia possivelmente a manutenccedilatildeo

desse aumento progressivo natildeo deva continuar em razatildeo do congelamento dos

gastos do governo federal Dessa forma os municiacutepios e estados precisaratildeo

adequar suas receitas para garantir o direito a serviccedilos de alta e meacutedia

complexidade de sua populaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

1 Brasil Constituiccedilatildeo (1988) Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil de 5 de outubro de 1988 Brasiacutelia Senado Federal 1998

2 Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 180 20set1990 Seccedilatildeo I p 1

3 Brasil Lei ndeg 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede e daacute outras providecircncias [Brasiacutelia] 1990b Disponiacutevel

emlthttpconselhosaudegovbrlegislacaolei8142_281290htmgt Acesso em

30 de abril de 2016

4 Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera

os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 29: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

31

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia n 178 14 set 2000 Seccedilatildeo I p 98

5 Brasil Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial

da Uniatildeo Brasiacutelia n 11 16 jan 2012 Seccedilatildeo I p1

6 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 204 de 24 de janeiro de 2007

Regulamenta o financiamento e as transferecircncias dos recursos federais em

blocos de financiamento

7 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria nordm 837 de 23 de abril de 2009

Insere o bloco de infraestrutura de rede de Serviccedilos de Sauacutede na composiccedilatildeo

dos blocos de financiamento

8 Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede

e a Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

9 Brasil Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Assistecircncia de

Meacutedia e Alta Complexidade no SUS Conselho Nacional de Secretaacuterios de

Sauacutede ndash Brasiacutelia CONASS 2007 248 p (Coleccedilatildeo Progestores ndash Para

entender a gestatildeo do SUS 9)

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 30: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

32

10 Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede debate 2014 38( 100 ) 18-25

11 Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 Altera

o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir o Novo

Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

12 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

13 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Disponiacutevel em

httpwww2Cibgegovbrhome]httpwwwibgegovbrhome

14 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro

de 1988 Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

15 Brasil Presidecircncia da Repuacuteblica Lei nordm 8443 de 16 de julho de 1992

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL8443htm

16 Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil Brasiacutelia setembro de 2016 IPEA

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 31: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

33

17 Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash ipea 2016

18 Brasil Emenda Constitucional nordm 86 de 17 de marccedilo de 2015 Altera os

arts 165 166 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal para tornar obrigatoacuteria a

execuccedilatildeo da programaccedilatildeo orccedilamentaacuteria que especifica Diaacuterio Oficial da Uniatildeo

Brasiacutelia n 52 18 mar 2015 Seccedilatildeo 1 p 1

19 Baumbach R Sobre o idealizado novo regime fiscal reflexos no

financiamento da sauacutede 2016

httpwww2senadolegbrbdsfhandleid522699

20 Freitas PSD Mendes FS Comentaacuterios sobre a PEC do teto dos gastos

puacuteblicos aprovada na Cacircmara dos Deputados necessidade e

constitucionalidade da medida 2016 Disponiacutevel em

httpswww2senadolegbrbdsfbitstreamhandleid525615Boletim_55_Paulo

Springer_FranciscoSchertelpdfsequence=1

21 Mariano CM Emenda constitucional 952016 e o teto dos gastos

puacuteblicos Brasil de volta ao estado de exceccedilatildeo econocircmico e ao capitalismo do

desastre Revista de Investigaccedilotildees Constitucionais 2017 4(1) 259-281

22 Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Gabinete do Ministro Portaria nordm 204 de 29

de janeiro de 2007 Regulamenta o financiamento e a transferecircncia dos

recursos federais para as accedilotildees e os serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de

financiamento com o respectivo monitoramento e controle Disponiacutevel em

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 32: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

34

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2007prt0204_29_01_2007_comp

html

23 Conselho nacional de Sauacutede Recomendaccedilatildeo nordm 006 de 10 de marccedilo de

2017 Disponiacutevel em

httpconselhosaudegovbrrecomendacoes2017Reco006pdf

24 Pesquisa DIEESE PEC nordm 2412016 o novo regime fiscal e seus

possiacuteveis impactos Disponiacutevel em

httpwwwdieeseorgbrnotatecnica2016notaTec161novoRegimeFiscalpdf

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 33: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

35

3 CONCLUSAtildeO

Conforme exposto haacute diferenccedilas na alocaccedilatildeo nominal real

percentual e per capita dos recursos do Teto de Meacutedia Alta Complexidade As

transferecircncias realizadas no periacuteodo demonstram o aumento de 128 bilhotildees

Quando analisado os recursos proacuteprios dos Estados Distrito Federal e

Municiacutepios haacute limitaccedilatildeo decorrente dos lanccedilamentos por elementos de

despesas e natildeo agregaccedilatildeo por blocos de financiamento

Apesar da loacutegica de alocaccedilatildeo do MAC natildeo considerar a variaccedilatildeo

da inflaccedilatildeo ao verificar o valor nominal eacute evidente que os recursos foram

ininterruptamente crescentes entretanto os recursos natildeo foram corrigidos de

acordo com a inflaccedilatildeo em todos os periacuteodos No contexto do teto de meacutedia e

alta complexidade que concentra a maior relaccedilatildeo proporcional de transferecircncia

quanto aos demais blocos de financiamento a loacutegica de incorporaccedilatildeo

considera a capacidade instalada desta forma a anaacutelise demonstra a

concentraccedilatildeo na regiatildeo Sudeste pelo seu adensamento tecnoloacutegico

concomitantemente agrave concentraccedilatildeo de 42 da populaccedilatildeo brasileira No

entanto o Nordeste concentra o maior per capita Considerando os estados e

distrito federal o Acre tem o maior e o Paraacute o menor per capita

Desta forma ficam evidentes que satildeo necessaacuterios vaacuterios criteacuterios

para alocaccedilatildeo do MAC pois puramente per capita restringiria as alocaccedilotildees

sem atender as especificidades locais e geraria dificuldades para promover

ajustes necessaacuterios Os criteacuterios para rateio dos recursos devem considerar as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo as dimensotildees epidemioloacutegica

demograacutefica socioeconocircmica territorial e a capacidade de oferta de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede com intuito da reduccedilatildeo das desigualdades regionais

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

39

ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 34: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

36

O financiamento eacute um grande desafio a ser superado no processo

de implementaccedilatildeo e efetivaccedilatildeo da descentralizaccedilatildeo dada agrave dimensatildeo do Brasil

em seu contexto territorial considerando as especificidades regionais as

diferenccedilas locais complexidades e os antagonismos inerentes ao SUS

37

REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

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ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 35: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

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REFEREcircNCIAS

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Lei Complementar nordm 59 de 22 de dezembro de

1988 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpspresrepublicajusbrasilcombrlegislacao103397lei-complementar-59-

88

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os

arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo

ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os

recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de

sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2000 Set Seccedilatildeo 1 p 98

Brasil Portaria ndeg 53 de 16 de janeiro de 2013 [acesso 2017 Abr 27]

Estabelece diretrizes para o funcionamento do Sistema de Informaccedilotildees sobre

Orccedilamentos Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) e fixa prazos para registro e

homologaccedilatildeo de informaccedilotildees em observacircncia ao art 39 da Lei Complementar

ndeg 141 de 13 de janeiro de 2012 e ao Capiacutetulo I do Decreto ndeg 7827 de 16 de

outubro de 2012 Disponiacutevel em

httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013prt0053_16_01_2013html

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Sistema de Informaccedilotildees Sobre Orccedilamentos

Puacuteblicos em Sauacutede (SIOPS) 2015 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpportalsaudesaudegovbrindexphpo-ministerioprincipalsiops

Brasil Emenda Constitucional Nordm 95 de 15 de dezembro de 2016 [acesso 2017

Abr 27] Altera o Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para instituir

o Novo Regime Fiscal e daacute outras providecircncias Disponiacutevel em

httpwwwplanaltogovbrccivil_03constituicaoemendasemcemc95htm

Pescuma Juacutenior Mendes A Argumentum O Fundo Nacional de Sauacutede e a

Prioridade da Meacutedia e Alta Complexidade 2015 7(2) 161-177

Soares A Santos NR Financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nos

governos FHC Lula e Dilma Sauacutede em Debate 2014 38(100) 18-25

38

Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

9199

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ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 36: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

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Viana LBF Brito RL Santos FP Financiamento e governanccedila em sauacutede um

ensaio a partir do cotidiano Divulg sauacutede debate 2014 (52)177-189

Vieira FS Benevides RPDS Os impactos do novo regime fiscal para o

financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede e para a efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede no Brasil IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27] Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampid=28589

Vieira FS Piola SF Implicaccedilotildees do contingenciamento de despesas do

Ministeacuterio da Sauacutede para o financiamento federal do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA 2016 [acesso 2017 Abr 27]

Disponiacutevel em

httpwwwipeagovbrportalindexphpoption=com_contentampview=articleampid=2

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ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO

Page 37: ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TETO DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ... · 2 ARTIGO: Evolução do teto de média e alta complexidade no Brasil por cinco anos e possíveis impactos do novo

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ANEXO 1 ndash COMPROVACcedilAtildeO DE SUBMISSAtildeO