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ANÁLISE DOS DEPÓSITOS DE LATERITAS NIQUELÍFERAS DO
BRASIL A PARTIR DO CONCEITO DE SISTEMAS MINERAIS HOLÍSTICOS
Igor Henrique Fernandes Silva1
Flávia Cristina Silveira Braga2
10.18190/1980-8208/estudosgeologicos.v30n1p79-99
1Universidade do Estado de Minas Gerais, João Monlevade, Minas Gerais
[email protected] 2Universidade do Estado de Minas Gerais, João Monlevade, Minas Gerais
RESUMO
O conceito de sistema mineral, o qual interpreta os depósitos minerais relacionando-os à
dinâmica terrestre, atualmente é utilizado para interpretação da gênese dos depósitos de
maneira holística, sendo importante ferramenta para a pesquisa mineral. Nesse sentido, o
presente trabalho faz uma interpretação do níquel laterítico segundo preceitos dos
sistemas minerais, e aponta áreas potenciais para novas pesquisas no Brasil. Uma das
principais fontes de níquel provém de minerais formados por alterações superficiais de
rochas ultramáficas submetidas à climas tropicais e à relativa estabilidade tectônica,
existindo, no território brasileiro, diversas regiões potenciais. Os melhores protólitos que
se tem registro no Brasil são complexos ultramáficos-máficos estratiformes. Entretanto,
os complexos ofiolíticos associados às faixas móveis pré-cambrianas, correspondem a um
importante ambiente geotectônico que pode hospedar depósitos. Praticamente todos os
protólitos brasileiros estão serpentinizados, processo que de certa forma auxiliou na
precipicitação e acumulação de níquel dissolvido em ambiente supergênico. Quanto à
geomorfologia, o processo está intimamente relacionado com as superfícies de
aplainamento. Na maioria das lateritas niquelíferas brasileiras, as condições
paleobioclimáticas submeteram os silicatos primários portadores de níquel das rochas
ultramáficas, exumadas pelas superfícies de aplainamento, ao intemperismo químico, ou
seja, à hidrólise, forçando a precipitação da Ni-goethita (nível oxidado) e posteriormente
à dissolução, reprecipitação e formação das ‘garnieritas’ (nível silicatado).
Palavras chave: sistema mineral, níquel, lateritização, intemperismo, rochas ultramáficas
ABSTRACT
The concept of mineral system, which interprets mineral deposits in relation to terrestrial
dynamics, is currently used to interpret the genesis of deposits holistically, being an
important tool for mineral research. In this sense, the present work makes an interpretation
of nickel laterite according to the precepts of mineral systems and points out potential
areas for further research in Brazil. One of the main sources of nickel comes from
minerals formed by surface changes of ultramafic rocks submitted to tropical climates
and relative tectonic stability, with several potential regions in Brazil. The best protoliths
that are registered in Brazil are stratiform ultramafic-mafic complexes. However, the
ophiolitic complexes associated with the Precambrian mobile belts, correspond to an
important geotectonic environment that can host significant deposits. Practically all
Brazilian protoliths are serpentinized, a process that supported the precipitation and
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accumulation of nickel dissolved in a supergenic environment. In term of
geomorphology, the lateritization profile is closely related to plane surfaces. In most
Brazilian nickeliferous laterites, paleobioclimatic conditions submitted the primary
silicates with ultramafic nickel, exhumed by planing surfaces, to chemical weathering,
and hydrolysis, forcing the precipitation of Ni-goethite (oxidized level) and subsequently
to dissolution, reprecipitation and formation of 'garnieritas' (silicate level).
Keywords: mineral system, nickel, lateritization, weathering, ultramafic rocks
INTRODUÇÃO
A abordagem dos sistemas
minerais para entender os depósitos
minerais ganhou aceitação crescente nos
últimos 25 anos. Essa abordagem tem
origem na indústria petrolífera, em que a
ênfase dos estudos está nos processos
críticos para a formação de um depósito
mineral, na análise da fonte, liberação,
migração, caminho, armadilha e trapa
(Hagemann et al., 2016; McCuaig et al.,
2010).
O conceito de sistema mineral
engloba informações que tornam
possível a interpretação dos depósitos
minerais como sendo originados pela
dinâmica terrestre no espaço-tempo, ou
seja, busca-se a partir desse conceito um
entendimento integral dos fenômenos
formadores dos depósitos, para assim
selecionar e explorar novos alvos
(Hagemann et al., 2016; Groves et al.,
2016; McCuaig et al., 2010; Wyborn et
al., 1994). Segundo Hagemann et al.
(2016), os sistemas minerais visam
reconhecer os eventos tectônicos e
geoquímicos primários, os mecanismos e
fluxos dos fluidos mineralizantes, os
processos físico-químicos que causaram
a concentração in situ do elemento, os
processos pós-concentração que são
passíveis de detecção e todos aqueles que
auxiliaram de alguma forma na
preservação e evolução dos depósitos.
Portanto, é feita a análise da formação do
minério em resposta à processos
geológicos que operam em escala e
prazos muito maiores do que o
considerado na maioria dos modelos
tradicionais centrados em depósitos
(Hagemann et al., 2016; Barnes et al.,
2016).
A abordagem do sistema mineral
nasceu da necessidade de aumentar a
taxa de sucesso da exploração e exigiu a
formulação de modelos de mineralização
genéticos que não se concentrassem
apenas nos depósitos, mas também
integrassem dados locais, de campo e
regionais relacionados à mineralização
investigada (Hagemann et al., 2016). A
aplicação de sistemas minerais mostra-se
bastante eficiente quando aplicada em
áreas pouco exploradas e com poucos
afloramentos, onde modelos empíricos
são desenvolvidos, e o mapeamento das
expressões dos elementos críticos dos
sistemas minerais pode efetivamente
focalizar o direcionamento da
exploração mineral (Hagemann et al.,
2016).
O Brasil devido as suas condições
climáticas tropicais e semi-áridas em
grande parte do território a partir do final
do Cretáceo e relativa estabilidade
tectônica, combinadas com a
complexidade dos seus terrenos
geológicos, proporcionaram a formação
de diversos depósitos lateríticos, ainda
pouco estudados (Costa, 2007). O país é
uma fronteira para pesquisas de novos
depósitos minerais em pleno início de
século XXI, e as regiões nordeste,
centro-oeste e a amazônica constituem as
fronteiras mais importantes. O Brasil
atualmente situa-se na segunda posição
em reservas mundiais de níquel. As
reservas brasileiras estão distribuídas
entre os Estados de Goiás (77,2%), Bahia
(12,4%), Pará (8,9%), Minas Gerais
(1,0%), São Paulo (0,4%) e Piauí (0,1%).
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Em 2015 o Brasil foi o sexto maior
produtor mundial de níquel (DNPM,
2018).
Nesse contexto, o presente
trabalho teve como objetivo reconhecer
e descrever aspectos gerais do conceito
de sistema mineral aplicado aos
depósitos minerais de níquel laterítico no
Brasil. Uma das principais fontes de
níquel provém de minerais formados por
alterações de rochas ultramáficas
submetidas a climas tropicais e relativa
estabilidade tectônica, existindo no
território brasileiro diversas regiões
potenciais para esse tipo de
mineralização.
EXPLORAÇÃO MINERAL E A
APLICAÇÃO DOS SISTEMAS
MINERAIS
A exploração mineral é um
processo de avaliação de longo prazo,
que depende de fatores geológicos,
técnicos, ambientais, sociais, políticos,
legislativos e econômicos. É um
exercício de criatividade intelectual e
científica, que envolve inovação e teste
contínuo de ideias geradas, além do
desenvolvimento de técnicas analíticas
(Bettencourt et al., 2016).
Para embasar a prática de
exploração mineral, foram criados
modelos genéticos de depósitos
minerais, os quais estão em constante
renovação (Figueiredo, 1992). A partir
da segunda metade do século passado, os
modelos se tornaram indispensáveis na
pesquisa e exploração mineral. Segundo
Cox & Singer (1986), um modelo de
depósito mineral consiste em um arranjo
sistemático de informações, que
descrevem os atributos essenciais
(propriedades intrínsecas) de uma dada
classe de depósitos minerais. O modelo
pode ser: empírico (factual, descritivo ou
modelo de ocorrência) que, em si, é
desenvolvido a partir de características
geológicas mensuráveis e mapeáveis,
sendo assim baseado em observações
factual; conceitual (genético,
interpretativo, causal ou modelos de
processos), que deriva de dados do
modelo empírico, para identificar
processos envolvidos na gênese do
minério, baseado em observações e
interpretações. Para a criação de um
modelo de depósito mineral a ser usado
em exploração mineral, os modelos
empírico e genético são geralmente
combinados (Evans & Moon, 2006).
Segundo Figueiredo (1992) o
modelo descritivo-genético de depósitos
minerais compreende a listagem dos
atributos reconhecidos como
diagnósticos ou essenciais de um tipo de
depósito, mesmo que as relações entre
esses atributos não sejam claras.
Segundo o autor, quando se aplicam os
modelos descritivos-genéticos na
exploração mineral, muitas vezes, não é
dada a devida importância para as
relações espaciais e temporais entre os
vários tipos de depósitos presentes na
mesma unidade geológica-tectônica.
Biondi (2015) trata dos depósitos
minerais segundo os conceitos de
sistemas, processos mineralizadores e
modelos genéticos. Segundo o autor,
sistema é a parte do universo que
participou da formação do depósito, e o
processo mineralizador é um conjunto de
ações que levam a formação do depósito.
Já o modelo genético ou conceitual de
um depósito mineral, segundo o autor, é
um modo simplificado e objetivo de
explicar como se forma um depósito. É
importante destacar que, diferentes
processos mineralizadores podem
ocorrer em um mesmo sistema e vice-
versa. O autor trata os depósitos minerais
brasileiros segundo os seguintes
sistemas mineralizadores: endomag-
mático, hidrotermal magmático,
hidatogênico, metamórfico, sedimentar e
supergênico. Outros livros tais como
Arndt & Ganino (2012) e Ridley (2013)
tratam os depósitos segundo quatro
grupos: magmáticos, hidrotermais,
sedimentares e superficiais e
Igor Henrique Fernandes Silva e Flávia Cristina Silveira Braga
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supergênicos. Tratam-se de
classificações baseadas nos processos de
concentração em escala de depósito, com
restritas informações sobre sua
configuração geodinâmica e conexão
dentre províncias (Hagemann et al.,
2016).
A compilação de modelos de
depósitos minerais é extremamente útil
aos estudos de avaliação de recursos
minerais e nos trabalhos de prospecção
(Bettencourt et al., 2016; Evans &
Moon, 2016; Figueiredo, 1992). São
também utilizadas como ferramentas
indispensáveis no planejamento do uso e
ocupação do solo, no ensino da geologia
econômica e para identificar problemas
fundamentais para a pesquisa científica
(Figueiredo, 1992). No entanto, segundo
Bettencourt et al. (2016), o uso de
modelos incompletos ou equivocados,
aliado a um nível baixo de conhecimento
geológico de determinadas regiões, tem
resultado em poucos sucessos na
exploração mineral.
Embora os modelos de depósitos
minerais descritivos e genéticos
sintetizem efetivamente características
comuns em escala de depósito, eles
geralmente falham em prever
adequadamente localizações e escalas de
depósitos minerais não descobertos - um
requisito importante para o
direcionamento eficaz da exploração
mineral, principalmente em regiões
pouco exploradas (Hagemann et al.,
2016).
Wyborn et al. (1994) define
sistema mineral como sendo todos os
fatores geológicos que controlam a
geração e preservação do depósito
mineral, com ênfase nos processos que
estão envolvidos na mobilização dos
componentes do minério da fonte, seu
transporte e acumulação em forma
concentrada e sua posterior preservação
ao longo da história geológica. A
vantagem da abordagem do sistema
mineral é que esta foca nos processos
geológicos críticos necessários para
formar um depósito, e não é restrita a
elementos descritivos específicos de um
estilo de mineralização (Hagemann et
al., 2016). O diagrama de escala de
tempo e espaço apresentado na Figura 1,
ilustra o conceito de um sistema mineral.
Figura 1. Conceitos envolvidos em sistema mineral, e sua relação com as escalas
temporal e espacial. Fonte: Bettencourt et al. (2016).
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McCuaig et al. (2010) determinam
as quatro etapas essenciais para vincular
os componentes conceituais de um
sistema mineral à prática da exploração.
Essas quatro etapas incluem: (1)
definição dos processos críticos do
sistema mineral (o que deve ocorrer para
que um depósito mineral se forme); (2)
processos constituintes do sistema
mineral (várias maneiras pelas quais os
processos críticos podem ocorrer); (3)
elementos de direcionamento
(evidências de que os processos
ocorreram) refletidos na geologia e (4)
critérios mapeáveis que podem ser
usados para detectar os elementos do
sistema mineral.
PROTOMINÉRIO
A sistemática da distribuição dos
elementos químicos na rocha mãe e os
processos endógenos, ígneos e
metamórficos, são cruciais para a
compreensão da maior ou menor
disponibilidade dos elementos durante a
alteração do protólito (Souza et al.,
2014). No contexto do sistema mineral
do níquel laterítico essa fase representa a
diferenciação crustal no espaço e no
tempo e o enriquecimento inicial do
elemento (Figura 1). A composição da
rocha mãe representa, portanto, o
controle primário da formação do
minério, uma vez que a rocha sob
intemperismo deve conter minerais
capazes de liberar níquel de sua estrutura
(Brand et al., 1998).
As lateritas niquelíferas,
notadamente, são formadas a partir do
intemperismo de rochas ultramáficas.
Essas concentrações secundárias de Ni
(contendo geralmente Co associado),
para serem caracterizadas como um
recurso econômico, requer que os
protólitos sejam moderadamente
enriquecidos em Ni (Marsh & Anderson,
2011). As rochas mais comuns como
protólitos do Ni laterítico são dunitos,
peridotitos, harzburgitos e wehrlitos em
sequências ofiolíticas, komatiítos ricos
em olivina e intrusões máficas-
ultramáficas em embasamento pré-
cambriano (Brand et al., 1998; Oliveira
et al., 1992).
A rochas ultramáficas podem
conter até 0,3% de níquel,
predominantemente presente na
estrutura de minerais ferro-magnesianos,
onde se apresenta sob solução sólida
juntamente com o Fe e Mg (Lelong et al.,
1976). O alto teor de Ni nas olivinas
(3000-4500 ppm), espinélios (3000-
3500 ppm) e minerais do grupo dos
ortopiroxênios (650-1000 ppm)
enfatizam sua alta afinidade pelos
primeiros minerais formados durante
cristalização fracionada magmática
(Burns, 1970; Trescases, 1997).
PROCESSOS DE
ENRIQUECIMENTOS
SUPERGÊNICO
As rochas ultramáficas possuem
uma mineralogia primária
essencialmente anidra, portanto, muito
pouco estável sob quaisquer condições
de metamorfismo e intemperismo
(Strieder, 2017). Os processos
metamórficos e deformacionais fazem
com que a mineralogia original seja
alterada, com geração de minerais
hidratados, tais como serpentina,
anfibólio e talco (Strieder, 2017).
O conhecido processo de
serpentinização, por se tratar de um
processo de hidratação da rocha, gera
uma expansão na mesma, aumentando o
volume entre 25% e 45% para uma
serpentinização completa (Wicks &
Whittaker, 1977). Esse fato torna a rocha
extremamente fraturada e mais reativa
aos processos químicos do
intemperismo.
As rochas fraturadas apresentam
maior permeabilidade, o que aumenta
sua taxa de intemperismo. Este processo,
por sua vez, forma depressões e
pináculos na interface entre a rocha
Igor Henrique Fernandes Silva e Flávia Cristina Silveira Braga
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fresca e a rocha intemperizada, que se
comportam como trapas para a
precipicitação e acumulação do Ni
dissolvido (Tomazoni Neto, 2011),
conforme ilustra a Figura 2.
A mineralização é dada por uma
associação altamente variável de óxidos
de Fe- (Mn, Ni, Co), silicatos hidratados
de Ni-Mg-(Co), sílica amorfa,
serpentina, esmectitas, argilominerais,
carbonatos e goethita, que vai depender,
principalmente, da mineralogia da rocha-
mãe, das configurações climáticas e de
sua evolução temporal (Brand et al.,
1998; Marsh & Anderson, 2011).
Existem três tipos gerais de minérios,
baseados nos minerais que contêm o Ni
em sua estrutura cristalina: óxidos,
silicatos hidratados de magnésio e
argilo-silicatos que se dividem em zonas
nos perfis (Berger et al., 2011; Golightly,
2010; Brand et al., 1998), ilustrados na
Figura 2
.
Figura 2. Divisões do perfil laterítico desenvolvido em rocha ultramáfica
serpentinizada mostrando os principais minérios de níquel laterítico. (A) óxido; (B) óxido
parcialmente silicificado; (C) silicatos de magnésio hidratados; (D) argilominerais. Fonte:
modificado de Butt & Cluzel (2013).
ASPECTOS
GEOMORFOLÓGICOS E
CLIMÁTICOS BRASILEIROS
As concentrações lateríticas estão
associadas principalmente a formas de
relevo aplainadas, restos de paleo-
superfícies de intemperismo cobertas por
latossolos concrecionais que atuam
como blindagem, impedindo a erosão do
perfil e a dispersão de elementos (Melfi
et al., 1980, Oliveira et al., 1992).
As superfícies de aplainamento são
áreas de dimensões continentais, planas
ou levemente onduladas, resultantes da
erosão subaérea que trunca,
indistintamente, rochas e estruturas
geológicas de origem e resistência
diferentes (Ollier, 1981). Trata-se de
uma feição geomorfológica evidente nas
margens continentais passivas (Corrêa &
Mendes, 2002).
Segundo Oliveira (1990) a
intepretação local do relevo é importante
uma vez que os maciços ultramáficas
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podem corresponder a uma colina de
corpo tubular, a platôs dissecados ou a
serras. Outro ponto destacado por
Oliveira (1990) é o grau de dissecação.
Quando o relevo é pouco dissecado, as
zonas mais mineralizadas situam-se nos
topos e encostas, caso contrário, se o
relevo for mais dissecado o níquel
tenderá a se concentrar nas superfícies
mais rebaixadas da topografia.
Fundamentado nas superfícies de
aplainamento na África e no Brasil
Oriental, King (1956) criou um modelo
constituído por superfícies escalonadas,
identificando as Superfícies de Erosão
no Brasil na seguinte ordem: Superfície
Fóssil (Período Carbonífero); Superfície
Desértica (Triássico); Superfície Pós-
Gondwana ou Superfície Gondwana
(Cretáceo); Peneplanação Sul-
Americana (Paleoceno-Eoceno) seguido
por um soerguimento (Oligoceno); Ciclo
Velhas (Mioceno-Plioceno) e Ciclo
Paraguaçu (Pleistoceno-Holoceno).
Nesse contexto, grande parte da área do
território brasileiro permaneceu
soerguida e em acelerado processo
desnudacional desde o Paleozoico. Esses
eventos podem ter sido os responsáveis
pelo intenso processo desnudacional
causador da erosão de espessas
sequências de rochas e pela exumação de
complexos litoestruturais consolidados
em níveis crustais mais profundos (Lima
& Valadão, 2002). Os maciços
ultramáficos portadores de depósitos
lateríticos no Brasil encontram-se
relacionados às superfícies Velhas e Sul-
americana, em função de estarem mais
ou menos erodidos (Oliveira, 1990).
A maioria dos depósitos de Ni
laterítico do mundo ocorre nos trópicos
úmidos atuais (Figura 3). Muitos dos
depósitos da Indonésia e alguns na
África Ocidental e América do Sul
ocorrem em climas de floresta tropical
caracterizados por precipitações acima
de 1.800 mm de chuva por ano e estações
secas de menos de 2 meses. A maior
parte dos depósitos, no entanto,
incluindo aqueles na Nova Caledônia,
Filipinas, nordeste da Austrália, Caribe e
muitos no Brasil, estão situados em
savanas úmidas sazonais com chuvas de
verão de 900 a 1.800 mm e inverno seco
de 2 a 5 meses (Berger et al., 2011). No
entanto, é importante destacar que a
gênese dos perfis lateríticos em níquel no
Brasil não se deu sob as condições
climáticas atuais, sendo esta marcante
em sua fase final de evolução,
conferindo ao depósito algumas
características importantes (Oliveira,
1990). Sob essa perspectiva, em regiões
de climas mais úmidos, o horizonte
oxidado é mais desenvolvido. Thorne et
al. (2012) calculou que Ni-lateritas
tendem a se desenvolver onde a
precipitação excede 1000 mm/ano e as
temperaturas mensais variam entre 22 e
31 ºC no verão e 15 a 27 °C no inverno.
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Figura 3. Distribuição mundial dos principais depósitos de Ni laterítico, classificados
segundo o principal tipo de minério de níquel (óxido, silicato a garnierita ou esmectita) e
zonas morfoclimáticas. Fonte: modificado de Butt & Cluzel (2013).
PRINCIPAIS DEPÓSITOS DE
NÍQUEL LATERÍTICO DO
BRASIL
A seguir são apresentadas as
principais características, numa
interpretação holística, dos depósitos de
níquel laterítico do Brasil (Figs. 4 e 5),
com exposição de informações tais
como: a província estrutural, descrição
dos protólitos e climas condicionantes
das mineralizações.
Cráton Amazônico
No Cráton Amazônico há várias
ocorrências de rochas máficas-
ultramáficas, as quais ocorrem
intercaladas às sequências
metassedimentares ou como intrusões
em corpos graníticos, nas regiões norte e
noroeste dos estados de Roraima e
Amazonas (Maia, 2016).
Na porção sudoeste do cráton,
região denominada de Província Sunsás,
há um conjunto de rochas ultramáficas
serpentinizadas derivadas de peridotitos
(Nunes, 2000; Ruiz et al., 2014). Nessa
região estão localizados os depósitos
lateríticos de Morro do Leme e Morro
Sem Boné, onde as concentrações mais
expressivas de níquel encontram-se
distribuídas nas zonas saprolíticas do
dunito (Ruiz et al., 2014). O depósito
Morro do Leme possui reservas totais de
14 Mt com altas concentrações de Ni,
atingindo teor de 1,8% (Louro &
Mantovani, 2012).
Na Província Carajás, situada na
porção leste do Cráton Amazônico,
ocorrem intrusões acamadadas
representadas pelo Complexo Máfico-
Ultramáfico Serra Leste (Luanga,
Formiga e Lago Grande) e pela Suíte Intrusiva Cateté, esta última
representada por corpos máfico-
ultramáficos alongados, que recebem a
denominação local de Serra do Puma,
Serra da Onça, Serra do Jacaré, Serra do
Jacarezinho e outros corpos sem
denominação formal, os quais, contêm
importantes mineralizações de níquel em
concentrações supergênicas, elementos
do grupo da platina e cobalto associado
(Ferreira Filho et al., 2007; Klein &
Carvalho, 2008).
São conhecidos vários depósitos
de Ni laterítico associados a Suíte
Intrusiva Cateté tais como Puma-Onça,
Jacaré-Jacarezinho entre outros (Ferreira
Filho et al., 2007; Dardenne &
Schobbenhaus, 2003). O depósito Puma,
localizado na serra homônima, é
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caracterizado como um corpo tabular
com 27 km de extensão, largura entre 1,5
e 2,5 km, é acamadado e em sua zona
ultramáfica contêm dunitos e peridotitos
com intercalações de gabros e lherzolitos
(DNPM, 2009). A reserva total calculada
é de 53,5 Mt com 1,41% de Ni
(Dardenne & Schobbenhaus, 2003). O
depósito de Jacarezinho é caracterizado
por serpentinitos intemperizados,
originados de dunitos de textura
cumulática (DNPM, 2009). As jazidas de
Jacaré-Jacarezinho apresentam reservas
totais de 53,5 Mt, com 1,41% de Ni
(Dardenne & Schobbenhaus, 2003).
Na região de Canaã dos Carajás
ocorrem inúmeras associações de rochas
máficas-ultramáficas, sendo a mais
conhecida a Intrusão Acamadada
Vermelho, composta por corpos
ultramáficos, essencialmente de dunitos
serpentinizados (DNPM, 2009). O
depósito do Vermelho possui reserva de
146 Mt com teores médios de 1,05 % Ni
e 0,05% Co. (Horizonte Minerals, 2020).
Figura 4. Mapa com localização das províncias tectônicas brasileiras e a principais
ocorrências de níquel. Fonte dos dados: CPRM (2001).
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Figura 5. Mapa com localização das principais unidades de rochas máfica-ultramáficas
do Brasil e as principais ocorrências de níquel. A dimensão dos corpos foi aumentada
para facilitar visualização. Fonte dos dados: CPRM (2001).
Cráton São Francisco
Na região nordeste do cráton, no
estado da Bahia, ocorre a intrusão
máfica-ultramáfica Fazenda Mirabela,
onde se intercalam sequências de
harzburgitos e ortopiroxenitos que
hospedam mineralizações de sulfetos de
Ni-Cu (Depósitos Peri-Peri e Santa Rita),
com corpos menores de Ni laterítico
associados aos cumulados ultramáficos
(Matta, 2016; Barnes et al., 2011). Ainda
no estado da Bahia existem pequenas
ocorrências de níquel laterítico
garnierítico na Serra das Marrecas, no
norte do estado, já intensamente erodido
(CPRM, 2001; Oliveira et al., 1992).
No limite entre o Cráton do São
Francisco e a Faixa Brasília são
encontrados os depósitos de níquel
O’Toole e Morro do Níquel, explorados
desde 1962, associados ao greenstone
belt Morro do Ferro, sendo o primeiro
sulfetado e o segundo laterítico
(Dardenne & Schobbenhaus, 2003). Os
protólitos do depósito laterítico Morro
do Níquel representam a base do
greenstone belt, composto por derrames
komatiíticos intercalados com rochas
tufogênicas aluminosas, cherts,
formações ferríferas e grauvacas
(Teixeira & Dani, 1979).
Principais corpos máficos-ultramáficos em faixas móveis
Remanescentes de crosta oceânica
ocorrem, na maior parte das vezes, nas
faixas orogênicas Brasilianas
(Províncias Tocantins, Borborema e
Mantiqueira), como sequências
ofiolíticas. Os ofiolitos brasileiros são,
predominantemente, representados por
rochas metaultramáficas plutônicas,
acamadadas ou maciças, alóctones, e
ocorrem como corpos desmembrados,
pequenos e tectonicamente intercalados
com sequências
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metavulcanosedimentares ou
metassedimentares (Queiroga et al.,
2012). Geralmente, esses corpos exibem
metamorfismo de fácies xisto verde a
anfibolito, sendo raros os de grau
metamórfico mais alto (eclogitos e
retroeclogitos), como os localizados nas
regiões de São Sebastião do Paraíso e
Pouso Alegre, sul de Minas Gerais
(Pinheiro & Suita, 2008).
Província Tocantins
As manifestações máficas-
ultramáficas mais importantes do ponto
de vista geoeconômico são os complexos
de Barro Alto, Niquelândia e Cana
Brava, presentes no Maciço Goiás,
localizado na porção central da
província. O Maciço de Goiás é
considerado um fragmento crustal de um
microcontinente constituído por terrenos
granito-greenstone de idade arqueana,
acrescidos de ortognaisses
paleoproterozoicos, sequências
vulcanosedimentares e complexos
granulíticos (Fuck et al., 1993). A
reserva de minério da região de
Niquelândia, distribuída em mais de 20
jazidas, é de aproximadamente de 60 Mt
com um teor médio de 1,45% Ni, e
resulta da decomposição de peridotitos e
dunitos (DNPM, 2018).
Numerosos corpos máfico-
ultramáficos de caráter ofiolítico
formam um extenso alinhamento com
cerca de 500 km de comprimento
bordejando o limite leste do Cráton
Amazônico (Paixão, 2009; Paixão &
Nilson, 2002; Gorayeb, 1989). Estes
corpos são frequentemente estreitos e
alongados, estruturados segundo as
direções N-S, NNE ou NNW, alguns
com dimensões expressivas, e
apresentam mineralizações de níquel,
representadas principalmente pela Serra
do Tapa e Serra do Quatipuru. Os tipos
litológicos presentes são peridotitos e
dunitos serpentinizados, cromititos e
metaultramafitos (Mendonça, 2012).
Segundo Gorayeb (1989) grande parte
dos corpos ultramáficos foram
sepentinizados e uma proporção de 70%
a 90% das olivinas dos dunitos e
peridotitos foram transformadas para
serpentina (lizardita).
Na região da Faixa Brasília, braço
sudeste da província Tocantins, localiza-
se o corpo ultramáfico Liberdade. Soares
et al. (2018) localizou teores
significativos de níquel nas zonas
saprolíticas e nos horizontes oxidados de
peridotitos típicos de base de sequências
ofiolíticas.
Província Mantiqueira
No leste do estado de Minas Gerais
ocorrem pequenas intrusões ultramáficas
de dunitos e harzburgitos
serpentinizados neoproterozoicas do
Grupo Rio Doce, que apresentam
mineralizações em níquel. Próximo à
cidade de Ipanema, existem vários
corpos ultrámáficos, no entanto só o de
Santa Cruz e Santa Maria apresentam
potencial niquelífero (Angeli, 1988).
Segundo Tuller (2000) o conjunto de
rochas foi metamorfisado na fácies
granulito e quando retrometamorfisado
para a fácies xisto verde, ocorreu o
serpentinização das rochas ultramáficas.
Souza et al. (2014) estudou a
mobilidade no Ni em rochas ultramáficas
do Escudo Sul-Riograndense, no estado
do Rio Grande do Sul. Os teores de Ni
encontrados em algumas das rochas
estudadas são comparáveis aos
encontrados em ultramáficas geradoras
de jazidas silicatadas no mundo. No
entanto, não há registro de concentrações
econômicas na região. Fatores como a
recorrência de eventos de deformação e
metamorfismo que propiciariam a
mobilização do níquel na sequência e a
ausência de um clima tropical úmido
atuante por um longo período de tempo,
suficiente para geração de uma evolução
supergênica do tipo laterítica, justificam
Igor Henrique Fernandes Silva e Flávia Cristina Silveira Braga
90
Estudos Geológicos v 30(1) https://periodicos.ufpe.br/revistas/estudosgeologicos/index
a ausência de depósitos na região (Souza
et al., 2014; Menegotto, 2018).
No domínio da Faixa Ribeira,
porção centro norte da Província
Mantiqueira, são conhecidas algumas
ocorrências de níquel silicatado
derivados da lateritização de pequenos
corpos máficos-ultramáficos. De modo
geral, o minério corresponde a veios
milimétricos a centimétricos de
garnierita contidos em serpentinitos e
peridotitos (Riccomini et al., 2004;
Fonseca et al., 1998).
Província Borborema
Os domínios morfoclimáticos que
atuaram no nordeste brasileiro fizeram
com que a erosão prevalecesse sobre a
alteração laterítica. Dessa forma quase
todos os maciços ultramáficos da
província Borborema não contém
depósitos lateríticos de níquel (Melfi et
al., 1988). As ocorrências mais
expressivas da província estão em sua
porção meridional, região de Paulistana,
Monte Orebe e São João do Piauí, onde
ocorrem metamafitos associados a
ofiolitos, com baixo a médio grau de
metamorfismo, nos quais a zona
serpentinítica apresenta um elevado grau
de alteração intempérica que
proporcionou a formação de espessos
perfis lateríticos (Oliveira, 1990; Melfi et
al., 1988).
DISCUSSÕES
O Brasil possui protominérios
niquelíferos de excelência em seu
território, distribuídos no tempo e em
diferentes províncias (Figuras 4 e 5).
Grande parte estão serpentinizados, os
mais antigos se relacionam a orogênese
paleoproterozoica Transamazônica e
correspondem a grandes intrusões no
Cráton Amazônico como a suíte
intrusiva Cateté na sub-Província
Carajás, que hospedam importantes
depósitos em fase de atividade de lavra.
Outra intrusão também relacionada ao
período Transamazônico é a intrusão
Cacoal da Faixa Sunsás.
Outros protólitos, principalmente
no sudeste e centro-oeste brasileiros,
foram formados na diferenciação crustal
do ciclo Brasiliano e estão hospedados
em faixas orogenéticas como na
Província Tocantins (Figura 4), que
apresentam intrusões acamadadas de
grandes extensões e algumas menores,
como as do sul da Faixa Brasília, e ainda
pequenos corpos intrusivos encaixados
em rochas de alto grau metamórfico da
Província Mantiqueira.
Um fato interessante é que corpos
ofiolíticos que sofreram lateritização no
Cenozoico apresentam grande potencial
metalífero para níquel, como os da Faixa
Araguaia, Província Tocantins. Já rochas
ultramáficas komatiíticas de greenstone
belts não parecem possuir potencialidade
para ter gerado lateritas niquelíferas
consideráveis.
Do ponto de vista petrológico, os
protólitos duníticos parecem ser mais
propícios do que os piroxenitos, por
exemplo, o que pode ser explicado pelo
maior conteúdo médio de níquel presente
nas olivinas quando se comparado com
os piroxênios.
Observa-se a partir da localização
das principais ocorrências de níquel do
Brasil, com relação as zonas climáticas
brasileiras, que a maior parte dos
depósitos se localiza na porção de clima
tropical de savana (Fig. 6). Este tipo de
clima é caracterizado por duas estações
bem definidas, uma seca e outra úmida.
Em climática árida o intemperismo físico
comumente predomina sobre o químico,
o que dificulta a formação e preservação
de perfis lateríticos. Com relação aos
aspectos geomorfológicos brasileiros,
observa-se na Figura 7 que a maior parte
dos depósitos se encontra no domínio das
depressões e planaltos. A evolução e a
preservação das lateritas de níquel no
Brasil estão intimamente vinculadas à
topografia, uma vez que ela está
ANÁLISE DOS DEPÓSITOS DE LATERITAS NIQUELÍFERAS DO BRASIL...
91
Estudos Geológicos v 30(1) https://periodicos.ufpe.br/revistas/estudosgeologicos/index
diretamente correlacionada ao perfil de
drenagens que se relaciona à mobilidade
de alguns elementos, e à preservação do
perfil laterítico in situ. Por exemplo, em
relevos de encostas íngremes, a taxa de
erosão tende a ser maior que a taxa de
intemperismo químico. Dessa forma as
reações químicas que balizam à alteração
de supergênese e consequentemente a
formação das lateritas, ficam limitadas.
Figura 6. Mapa com a localização das diferentes zonas climáticas brasileiras, segundo
classificação de Köppen-Geiger, e as principais ocorrências de níquel. Fonte dos dados:
CPRM (2001) e Peel et al. (2007).
Igor Henrique Fernandes Silva e Flávia Cristina Silveira Braga
92
Estudos Geológicos v 30(1) https://periodicos.ufpe.br/revistas/estudosgeologicos/index
Figura 7. Mapa com a localização das diferentes zonas geomorfológicas brasileiras e as
principais ocorrências de níquel. Fonte dos dados: CPRM (2001) e IBGE (2015).
Baseado no conceito de sistema
mineral foi efetuado um fluxograma que
destaca os principais aspectos do
processo mineralizador do Ni laterítico,
presente na Figura 8. A janela crítica da
formação dos depósitos lateríticos de
níquel do Brasil, em boa parte do
território, estão relacionadas aos perfis
de aplainamento com a existência do
clima tropical, com certas variações,
desde o início do Cenozoico. Um
exemplo onde não houve esse evento
crítico foi o escudo Sul-Riograndense,
que apesar de possuir rochas
ultramáficas com potencial para
depósitos de níquel, por ter passado por
um clima mais ameno durante o
Cenozoico, não ocorreram processos de
lateritização suficiente para a formação
de lateritas niquelíferas. Outro exemplo
se encontra no contexto da Província
Borborema, que apesar de hospedar
rochas ultramáficas e ter existido climas
mais úmidos no Cenozoico (Lima,
2008), também não ocorrem grandes
depósitos lateríticos de níquel, salvo
exceções. A lateritização nessa região foi
restrita, por efeito do clima
dominantemente semi-árido e
desenvolvimento de intemperismo
predominantemente físico.
As lateritas brasileiras carecem de
informações geocronológicas de datação
absoluta. Esse fato, de certo modo,
dificulta a interpretação delas na
variação temporal, no decorrer do
Cenozoico e das características mais
específicas do clima da época, como
períodos de estiagem e precipitação
média, por exemplo. Lima (2008) datou
ANÁLISE DOS DEPÓSITOS DE LATERITAS NIQUELÍFERAS DO BRASIL...
93
Estudos Geológicos v 30(1) https://periodicos.ufpe.br/revistas/estudosgeologicos/index
diversos perfis de intemperismo da
Província Borborema pelo método Ar-
Ar e U-Th/He afim de definir os limites
geocronológicos da evolução
geomorfológica do nordeste brasileiro.
Os minerais datados foram óxidos de
manganês surpegênicos (Ar-Ar), e
óxidos/hidróxidos de ferro supergênicos
(U-Th/He). Os métodos, restritos a
alguns poucos trabalhos em lateritas
brasileiras, se mostraram eficazes e
revelaram que a complexidade e
profundidade dos perfis refletem a
duração da exposição destes perfis às
condições intempéricas. As idades
obtidas registram uma história de
intemperismo que vai desde o Eoceno até
o Pleistoceno.
Figura 8. Fluxograma modificado de Bettencourt et al. (2016) e Huston et al. (2016), com
proposta de modelo de sistema mineral do Ni laterítico do Brasil.
CONCLUSÕES
Foi possível definir as
características genéticas das lateritas
niquelíferas brasileiras, através do
conceito de sistema mineral, mesmo que
muitas dessas formações possuam certa
singularidade. Os protólitos formados
pela diferenciação crustal do território
brasileiro se relacionam principalmente
ao evento Transamazônico, como as
Províncias Sunsás e Carajás (intrusões
acamadadas), que correspondem aos
mais antigos que se tem registro do
Brasil, a algumas intrusões proterozoicas
consolidadas no ciclo Brasiliano como
Niquelândia e os ofiolitos das faixas
móveis. O enriquecimento inicial do
níquel se associa aos primeiros minerais
que se cristalizaram nessas rochas.
Entretanto é bastante complexo inferir
como se deu esse fracionamento de
forma genérica, principalmente devido à
especificidade intrínseca da evolução
geoquímica de cada protólito. As rochas
duníticas, com maior concentração de
olivina, parecem ser as mais propícias ao
desenvolvimento de perfis mais
significativos. Esse enriquecimento
inicial pode ainda ser modificado pela
serpentinização e outros eventos
metassomáticos e hidrotermais, que
Igor Henrique Fernandes Silva e Flávia Cristina Silveira Braga
94
Estudos Geológicos v 30(1) https://periodicos.ufpe.br/revistas/estudosgeologicos/index
devem ser estudados, caso a caso, porque
podem se relacionar a eventos
deformacionais de diferentes escalas e
naturezas.
As lateritas niquelíferas brasileiras
correspondem à remanescentes dos
mantos de alteração das superfícies de
aplainamento, que se formaram a partir
do Cenozoico, onde devido,
basicamente, ao clima tropical úmido, o
intemperismo químico atuou e
prevaleceu sobre o físico. Essa alteração
química é representada principalmente
pela hidrólise dos silicatos primários em
ambiente oxidante e em seguida, pela
remobilização do níquel e precipitação
de minerais secundários de níquel junto
ao saprólito grosseiro, seja como
garnieiritas, esmectitas ou até mesmo
serpentinas. Ciente disso, é possível
traçar um paralelo entre as superfícies de
aplainamento, com a atual configuração
da paisagem. Através da interpretação da
evolução geomorfológica regional,
parece ser possível localizar os
correspondentes lateríticos niquelíferos,
não sucumbidos pela drenagem, que
foram preservados na topografia.
Regiões de destaque para futuras
pesquisas e que apresentam aspectos
favoráveis segundo fluxograma de
sistema mineral do níquel laterítico
produzido (Figura 8), são a porção
centro-leste do estado da Bahia, sudeste
e extremo norte do Tocantins e norte de
Roraima. A porção centro-leste do
estado da Bahia possui diversos corpos
metamáficos e metaultramáficos na zona
climática tropical de savana e no
domínio geomorfológico de depressões,
orientados na direção N-S (Fig. 5) e,
portanto, favoráveis a formação de
lateritas niquelíferas. A única ocorrência
catalogada na região é a da Serra das
Marrecas (CPRM, 2001). Intrusões
máficas-ultramáficas Tipo Gameleira
presentes ao sul do estado do Tocantins
também estão inseridas na zona
climática tropical de savana e no
domínio geomorfológico de depressões,
no entanto, nenhuma ocorrência de
níquel ainda foi catalogada na região
segundo dados da CPRM (2001), e pode
ser uma área potencial para novas
pesquisas. O extremo norte do
Tocantins, divisa com Pará, possui
rochas intrusivas máficas-ultramáficas
tipo Quatipuru, que apesar de estarem
localizadas no domínio geomorfológico
de serras, apresenta-se como área
potencial. Roraima apresenta as Suítes
Serra da Estrutura e Tapuruquara, que
associadas ao clima tropical podem
apresentar ocorrências de Ni laterítico.
A Suíte intrusiva Figueira Branca
localizada no sudoeste do estado do
Mato Grosso é também uma área
potencial, tendo sido descrita apenas a
ocorrência do Rio Aguapei (CPRM,
2001). Remanescente ofiolíticos
localizados nas Províncias Mantiqueira e
Tocantins são também importantes alvos
para futuras pesquisas. Em menor
proporção, remanescentes ofiolíticos da
Província Borborema não devem ser
descartados como alvos de pesquisa,
uma vez que o clima úmido já foi
predominante na região durante parte do
Cenozoico. Nessa região, porções de
Serra e de relevo menos dissecados
apresentam maior potencial.
McCuaig et al. (2010) sugere que,
para a aplicação de sistemas minerais na
exploração mineral, é necessário a
determinação de critérios mapeáveis que
podem ser usados para detectar os
elementos do sistema mineral. Os
principais critérios são exibidos nos
mapas das Figuras 5, 6 e 7: ocorrências
de rochas máficas-ultramáficas, clima
tropical ou equatorial, relevo
preferencial do tipo depressões ou
planaltos, e secundariamente tipo serras.
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