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ANÁLISE DOS RISCOS OCUPACIONAIS
DO OPERADOR DE EXPEDIÇÃO EM
UMA COOPERATIVA
AGROINDUSTRIAL
Ana Caroline Francisco da Rosa
Maria de Lourdes Santiago Luz
Aline Culchesk
O presente trabalho apresenta como objeto de estudo, os riscos
ocupacionais sob a perspectiva da ergonomia com ênfase na função
Operador de Expedição de farelo de soja, em uma Cooperativa
Agroindustrial localizada na região noroeste do Paraná. O acentuado
crescimento da demanda desse produto principalmente no mercado
externo, tem exigido dos operadores agilidade e alta produtividade,
todavia, cuidados a respeito de segurança e saúde ocupacional não
são tratados como prioridade. A ergonomia estuda a relação entre o
homem e seu meio de trabalho, as condições ambientais e outros
fatores que possam influenciar na saúde e no desempenho em relação
ao processo no qual está inserido. Como suporte ao estudo, a pesquisa
foi conduzida segundo as orientações metodológicas da Análise
Ergonômica do Trabalho (AET). Ferramentas de análise de riscos
como FMEA e OWAS deram suporte ao diagnóstico. É caracterizada
como uma pesquisa qualitativa, exploratória, porém nesse estudo, com
escopo de estudo de caso. Os resultados apontaram que a função
Operador de Expedição apresenta-se estressante, exaustiva,
evidenciando a exposição a diversos riscos ocupacionais. Foram
propostas recomendações de melhoria afim de mitigar os
constrangimentos sofridos pelo trabalhador.
Palavras-chave: riscos ocupacionais, Operador de Expedição, Método
OWAS, FMEA
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1. Introdução
Aumentar o desempenho organizacional, financeiro, etc. é um fator de sobrevivência às
organizações. Nesse contexto de crescente performance, o elemento humano e suas limitações
não podem ser desconsiderados, de forma que, para garantir a integridade física e intelectual
do trabalhador a todos os postos de trabalho é recomendável realizar análises de riscos e
ergonômica (FERREIRA, 2015).
Segundo BRASIL (2017a), a análise ergonômica objetiva rastrear, avaliar e analisar o
profissional em seu posto de trabalho, verificar a relação existente entre acidentes, doenças,
condições de trabalho, sistemas e organização das tarefas.
Diversos acidentes, de acordo com Rangel Júnior (2008), que ocorrem por intoxicação,
soterramento, asfixia, explosões, quedas em altura, são ocasionados pelo acúmulo de poeira
nos armazéns e ruídos emitidos pelos equipamentos em unidades de armazenagem de grãos.
Nesse sentido, verifica-se a importância da engenharia na elaboração de medidas de
planejamento, monitoramento e controle de riscos de forma a eliminá-los ou minimizá-los.
O presente trabalho apresenta como objeto de estudo, os riscos ocupacionais sob a perspectiva
da ergonomia com ênfase na função de operador de expedição de farelo de soja, em uma
Cooperativa Agroindustrial, localizada na região noroeste do Paraná. O acentuado
crescimento da demanda desse produto, principalmente no mercado externo, tem exigido dos
operadores agilidade e alta produtividade.Todavia, cuidados a respeito de segurança e saúde
ocupacional não são tratados como prioridade. Portanto, o objetivo desse estudo foi identificar
os fatores de risco por meio do estudo da rotina de trabalho do setor, identificação dos riscos
ambientais, identificação de ações de segurança e saúde no trabalho da empresa, assim como
propor a implantação de Programas de apoio a Higiene, Saúde e Segurança do Trabalho.
2. Riscos Ocupacionais
Conforme Pardo (2009) o risco é medido pela severidade e probabilidade de um efeito
adverso para a integridade da saúde de pessoas, bens e meio ambiente. O risco ocupacional é
estimado pela conjugação de consequências associadas, probabilidade de ocorrência e do
ambiente de trabalho.
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Mapa de Riscos é a representação gráfica dos fatores atuantes no ambiente de trabalho capaz
de ocasionar agravos à saúde dos trabalhadores. Possui a finalidade de conscientizar e
informar os laboriosos dos riscos existentes no ambiente, estabelecer diagnóstico de
segurança e estimular a participação dos mesmos em atividades de prevenção dos acidentes
(NOVELLO; NUNES; MARQUES, 2011).
2.1 Fatores de Risco durante a armazenagem de grãos
Segundo com Tietboehl Filho (2004), “a poeira gerada durante os processos de armazenagem
e movimentação de grãos é o principal fator de risco ocupacional para o sistema respiratório
nesses ambientes de trabalho”. Outro fator de risco relacionado à atividade física é a
intensidade das operações, pois, ao aumentar-se a frequência respiratória e o volume de ar
corrente, as vias aéreas são expostas a uma maior dose de agentes inaláveis (TIETBOEHL
FILHO, 2004).
O ruído intenso e constante proveniente das fitas transportadoras e elevadores, possui
capacidade de ocasionar alterações psicológicas, perdas irreversíveis de audição,
interferências na comunicação, agressão ao sono, estresse, e aumento da incidência de
acidentes de trabalho e trajeto (MACAGNAN, 2009).
Outros fatores de risco relacionados à operação de movimentação e armazenagem de grãos
são: o calor excessivo, esforços biomecânicos e acidentes. Em relação ao calor excessivo,
pode ocasionar no trabalhador, superaquecimento do corpo e esgotamento físico. No que
tange os esforços biomecânicos, há os constrangimentos osteomusculares, oriundos de
posturas e aplicação de forças inadequadas. Quanto aos acidentes, podem proporcionar lesões
temporárias ou permanentes, além de óbitos. A observação de rotinas básicas e uso de EPIs
(Equipamentos de Proteção Individual) podem evitar esse tipo de acidentes (TIETBOEHL
FILHO, 2004).
2.2 Ergonomia e Alimentação
Segundo Mattos e Másculo (2011) ergonomia pode ser definida como: “uma disciplina
científica que busca estudar o ser e sua interação com elementos de um sistema visando
saúde, segurança, conforto e eficiência; enfim, bem-estar do homem”.
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A alimentação desempenha grande influência na vida de uma pessoa: sua saúde, longevidade,
capacidade de trabalho, entretenimento e aparência uma vez que toda a energia do corpo
humano é proveniente da alimentação (GALISA; ESPERANÇA; SÁ, 2011).
Segundo Paula (2011), a alimentação se realizada de forma adequada aos esforços físicos
resulta em redução do número de acidentes de trabalho e queda do absenteísmo. Uma
alimentação inadequada, entretanto, é manifestada nos trabalhadores por sintomas de
sensação de fadiga e tontura, que se agravam à medida que o trabalhador se distancia do
horário em que a última refeição foi ingerida.
2.3 Ferramentas para Análise Ergonômica e de Riscos
As ferramentas para análise de riscos (What if, FMEA), análise ergonômica (método OWAS)
e de e análise de ruído, estão sintetizadas nas descrições a seguir:
What if (E se)
Trata-se de uma técnica de análise qualitativa de revisão de riscos de processos que se
desenvolve através de reuniões de questionamento com o intuito de postular condições
anormais que possam resultar em eventos indesejáveis e, traçar possíveis soluções. Os
objetivos do What if são: identificar problemas operacionais, perigos presentes em instalações,
projetos ou estruturas existentes; relacionar diferentes ações de melhorias complementares
que permitam obter um nível de segurança aceitável (RUPPENTHAL, 2013).
FMEA
O FMEA (Failure Mode and Effect Analysis) é uma metodologia sistemática para analisar e
classificar os riscos associados com a variação do produto/processo e seus modos de falha,
traçando-se ações corretivas. (PACIAROTTI; MAZZUTO; D’ETTORRE, 2014). A aplicação
do FMEA pode ser dividida em três fases:
Análise Qualitativa, baseada na identificação de todos os potenciais modos de falha,
suas causas e efeitos;
Análise Quantitativa, baseada na evolução dos índices de severidade (S), ocorrência
(O) e detecção (D). O grau de severidade, corresponde aos possíveis efeitos das falhas.
Para a ocorrência, correlaciona-se à probabilidade de a falha acontecer e a detecção,
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equivale a capacidade de detectar a falha antes que o cliente seja afetado. Os índices
são classificados de 1 a 10, onde 1 significa que raramente acontece e 10 acontece
com muita frequência. Baseado em tal avaliação quantitativa é calculado o número de
prioridades de risco (NPR) para cada causa potencial de falha, a partir da
multiplicação entre os três índices.
Análise Corretiva, pautada na implantação de melhorias e estratégias para reduzir o
nível dos riscos (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON,2009).
Análise de Ruído
Saliba (2008) cita que o ruído pode ser definido como um fenômeno físico vibratório, onde
para cada frequência podem existir aleatoriamente no tempo variações de pressões. De acordo
com a NR (Norma Regulamentadora) 15, ruído contínuo é aquele cujo nível de pressão sonora
varia até 3dB (decibéis) durante mais de 15 minutos de observação, enquanto o ruído de
impacto é caracterizado como picos de energia acústica de duração inferior a 1 segundo, a
intervalos superiores a 1 segundo. Para ruídos contínuos a exposição máxima permissível é de
85dB durante 8 horas, enquanto os níveis de pico máximo admissíveis variam em função do
número de impactos e de níveis de pico máximo admissíveis, sendo que para 100 impactos
admite-se nível de pico de até 140dB dispensando o uso de protetores auriculares, enquanto,
para níveis de pico superiores a 140dB é obrigatório o uso de protetores auditivos
(BRASIL,2017b).
Segundo a NR 15, em situações cuja exposição do ruído contínuo é composta por dois ou
mais períodos de exposição a diferentes níveis, deve ser estimado a dose de ruído que é
calculado a partir da Equação (1) (SALIBA, 2008).
= (1)
Cn corresponde ao tempo total à exposição ao ruído, enquanto Tn equivale a duração total
permitida nesse nível. O Nível Equivalente de Ruído (Leq) calcula-se conforme a Equação(2).
Leq = 16,61 x log + 85 (2)
Onde D corresponde à dose equivalente em fração decimal, a variável T equivale ao tempo de
medição (SALIBA, 2008).
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Método OWAS
O Sistema OWAS trata de um sistema prático de registro desenvolvido para superar as
dificuldades em analisar e corrigir más posturas que são categorizadas em: classe 1 – postura
normal, que dispensa cuidados, a não ser em casos excepcionais; classe 2 – postura que deve
ser verificada durante a próxima revisão rotineira dos métodos de trabalho; classe 3 – postura
que deve merecer atenção em curto prazo e classe 4 – postura que deve merecer atenção
imediata (IIDA ; BUARQUE, 2016). A Figura 1 ilustra a codificação e classificação proposta
pelo método, o qual permite evidenciar 252 tipos de posturas de trabalho, combinando os
segmentos das costas, braços, pernas ao uso de força e a fase da atividade que está sendo
observada, sendo atribuídos valores e um código de quatro dígitos. O primeiro dígito do
código indica a posição das costas, o segundo, posição dos braços, o terceiro, das pernas, o
quarto indica levantamento de peso ou uso de força. A combinação das posições das costas,
braços e pernas determinam níveis de ação para as medidas corretivas. Determina-se,
portanto, o efeito resultante sobre o sistema osteomuscular.
Figura 1: Posturas codificadas no Método OWAS
Fonte: Adaptado de Zanutti; Cielo; Poncino (2005)
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3. Metodologia
O presente estudo caracteriza-se como pesquisa qualitativa, exploratória com escopo de
estudo de caso. Como abordagem metodológica utilizou-se os procedimentos da Análise
Ergonômica do Trabalho (AET) (ABRAHÃO et al., 2009). Uma ação ergonômica é composta
por um ciclo contínuo de Diagnóstico, Implantação e Avaliação e, nesse estudo comportou
pelas as seguintes fases:
Caracterização da Empresa;
Análise do Ambiente de Trabalho;
Análise da Tarefa;
Análise Ergonômica – esforços biomecânicos;
Análise de Ruído;
Identificação dos Riscos Ambientais;
Diagnóstico;
Recomendações.
As informações sobre a empresa e características da população foram coletadas através
dos dados da organização. Foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) para autorização dos registros por meio de filmagens, fotografias e entrevistas. Foram
realizadas as análises de Ruídos e os registros foram obtidos com o equipamento próximo ao
ouvido do operador, utilizando o aparelho Termo-Higro Decibelímetro Luxímetro - modelo
THDL-400. A análise ergonômica foi feita por meio de observações sistemáticas e os
registros de imagem, munidos do software Ergolândia utilizando a ferramenta OWAS. A
etapa de diagnóstico abrangeu as condições organizacionais do trabalho, a compreensão
técnica da atividade e condições ambientais resultando na construção do Mapa de Riscos.
4. Desenvolvimento
Trata-se de uma Cooperativa Agroindustrial, fundada em 1966, cujas atividades incluem:
recebimento, beneficiamento, industrialização e comercialização de soja, milho, canola,
algodão, café, trigo e suplemento mineral. No complexo industrial localiza-se as seguintes
indústrias: fios, óleos, bebidas e sucos, e, em diversas cidades do sul do Brasil encontra-se as
unidades operacionais, além de atuar também no transporte rodoviário de cargas.
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4.1 Caracterização e análise do Ambiente de Trabalho
O ambiente de trabalho no setor M&A é composto por 2 armazéns graneleiros (onde o
produto é armazenado), fitas e elevadores (transportadores do produto) e a área de embarque
(onde é realizado o carregamento e expedição do farelo).
As atividades operacionais do operador de expedição são: receber o farelo a jusante das
Fábricas de óleo, armazenar o produto nos armazéns, e, conforme a demanda, enviá-lo dos
armazéns para o embarque. Algumas situações atípicas podem ocorrer quando os armazéns
estiverem cheios e, passar-se a embarcar a produção sem que o produto seja armazenado no
armazém conforme apresentado na Figura 2.
Figura 2: Mapeamento das Atividades Operacionais da Expedição de Farelo
Fonte: Autoras
Na Expedição de farelo, as atividades operacionais acontecem 24 horas por dia, 7 dias por
semana, e, os colaboradores são alocados em três turnos. Há funcionários que trabalham em
horário comercial, outros no turno com períodos das 06:40 às 14:30h, das 14:30 às 22:35h e
das 22:40 às 06:40h. Em nenhum dos três turnos de operação a equipe possui tempo para
lanche/ou café o que acarreta em estresse e fadiga no decorrer da jornada de trabalho.
A rotatividade no Setor de M&A é alta, os operadores permanecem em operação, no máximo,
2 anos. Em relação ao absenteísmo, normalmente 2 a 3 vezes na semana de 1 até 3
colaboradores se ausentam no trabalho devido a alergias, dores nas costas e/ou outros motivos
desconhecidos. Faltas relacionadas aos acidentes de trabalho não são situações rotineiras,
mas, quando acontecem normalmente são ocasionadas devido à acidentes graves, como
compressão de parte do corpo, queda de altura, etc.
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O uso de Equipamentos de Proteção Individual para a função do operador de expedição é
obrigatório e fornecido pela empresa a saber: bota, capacete, cinto de segurança, luvas, óculos
e máscara. Os óculos e a máscara comumente não são utilizados porque os colaboradores
consideram que tais itens mais atrapalham sua atividade laboral do que conferem benefícios
aos mesmos.
4.2 Tarefas – sequência operacional
O Operador de Expedição realiza o carregamento dos caminhões vagões (Figura 3).
Figura 3: Atividade Carregamento de Caminhões
Fonte: Autoras
Um fator agravante à saúde vocal do trabalhador se dá no momento de carregamento do
caminhão, em que o operador precisa gritar para o motorista colocar o veículo para frente/traz
conforme a necessidade, com a finalidade de melhor distribuição da carga.
Em relação a atividade Carregamento dos Vagões, o sequenciamento das operações
configuram-se conforme a Figura 4:
Figura 4: Atividade Carregamento dos Vagões
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Fonte: Autoras
Em linhas gerais, a tarefa de carregar vagões é condizente com a atividade realizada,
entretanto, todas as atividades exigem atenção e domínio das tarefas, pois o não cumprimento
de qualquer uma dessas atividades implica em atrasos e complicações durante o dia laboral.
4.3 Análise dos Riscos Ocupacionais
Análise Ergonômica- Método OWAS
O Operador de Expedição realiza as atividades relacionadas nas Figuras 3 e 4. As atividades
cujas posturas e podem ser consideradas idênticas tanto para carregamento de caminhões
como de vagões estão representadas pela Figura 5, estratificadas nas operações de:
Receber/Devolver Ordem de Carregamento, Emissão de Nota Fiscal/Autorização de Saída. A
porcentagem de tempo foi estimada a partir dos dados históricos da empresa e por meio da
medição dos tempos de operação.
Na análise postural verificou-se que existem atividades que requerem correções imediatas,
outras onde são necessárias correções em um futuro próximo, enquanto há aquelas que não
necessitam de correções.
Figura 5: Análise postural da Função Operador de Expedição
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Fonte: Autoras
Análise de Ruído
A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos em função do nível de ruído, sua classificação e
período de exposição estimado. Para ruídos contínuos que são a realização do carregamento e
o ruído do ambiente, o nível de ruído e o tempo de exposição foram de, respectivamente:
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85dB por 4 horas e 76,2dB por 3 horas. Quanto aos ruídos de pico que correspondem ao
acionamento das bicas e o fechamento da tampa dos vagões, o nível de ruído e o número de
picos estimado foram respectivamente de 93,8dB em 160 picos e 104,3dB em 50 picos.
Tabela 1: Nível de ruído obtido nas medições
Fonte: Autoras
O Leq obtido a partir dos ruídos contínuos foi de 84,03dB. Ao que tange os ruídos de
impacto, a quantidade é 210 picos a 104,3dB de exposição, o que caracteriza, segundo a NR
15 dispensa do uso de protetores auriculares.
4.4 Análise e elaboração do Mapa de Riscos
O Setor Farelo de Soja é composto por 4 ambientes: 2 armazéns, fitas e elevadores e área de
embarque.
Os armazéns são classificados como espaço confinado, apresentando riscos físicos, químicos
e biológicos que entre os quais: asfixia , combustão, fungos e doenças transmitidas por
animais.
Para a análise dos riscos ocupacionais utilizou-se as ferramentas What if e FMEA. Antes da
execução desta atividade foi realizado um brainstorming com 16 trabalhadores, para que se
tivesse um melhor entendimento sobre o processo, conforme destacado no Quadro 1.
Nas fitas transportadoras e elevadores, os riscos são físicos, ergonômicos, acidentais e
químicos, e, são considerados espaços confinados. Os riscos físicos são: enclausuramento,
exposição ao ruído, calor excessivo. Já os riscos químicos são: combustão do farelo, asfixia e
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intoxicação. Quanto aos riscos de acidentes apresenta-se: cortes, colisão, fratura e lesões
múltiplas.
Quadro 1: Análise de Riscos What If/FMEA
Fonte: Autoras
Na área de embarque, os riscos encontrados foram: ergonômico, físico, acidente e biológico.
Risco ergonômico por possibilitar que o colaborador fique com constrangimento postural
durante a execução de seu trabalho; risco físico devido exposição ao calor, ruído; de acidente
quando o operador desce do trabalho em altura ainda existe a possibilidade de atropelamento
principalmente por parte dos caminhões, tanto a queda quanto o atropelamento podem levar o
trabalhador a ter lesões múltiplas e/ou fraturas; riscos biológicos estão relacionados à
contaminação por bactérias e fungos, conforme apresentado na Figura 6.
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Verificou-se que em todos os ambientes encontram-se riscos ambientais de características
grave e médio, destacando-se o risco físico que se configura de distintas formas no ambiente
como um todo. O que requer de todos os trabalhadores atenção, foco e disciplina, pois
qualquer descuido ou ato inseguro pode acarretar na perda de uma vida.
Figura 6: Mapa de Riscos
Fonte: Autoras
5. Diagnóstico
Conforme observações e análise de dados foi possível diagnosticar que a função Operador de
Expedição é estressante, exaustiva e ergonomicamente incorreta.
Na análise de ruídos, verificou-se que tanto os ruídos contínuos quanto aos ruídos de impacto
não são suficientes para caracterizar insalubridade, ou seja, não atingem níveis de forma a
afetar a saúde do trabalhador permanentemente, porém causa irritabilidade, estresse,
dificultam a comunicação entre os operadores.
Quanto à análise ergonômica, observou-se que 37% do período laboral são necessárias
correções imediatas nas atividades de: receber/devolver ordem de carregamento, lonar
caminhões e lacrar vagões em cima. Em 58% do período laboral são necessárias correções
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tão logo quanto possível correspondendo a: carregar caminhão/vagão e lacrar vagões em
baixo. Somente em 5% do tempo despendido na jornada de trabalho diária, não são
necessárias correções ergonômicas, correspondendo às atividades de emissão de nota fiscal,
autorização de saída e anotações das placas. Nas atividades lacrar vagões embaixo e
receber/devolver ordem de carregamento verificou-se a necessidade de ações corretivas
imediatamente.
Quanto à análise dos demais riscos ocupacionais, verificou-se que a atividade que expõe o
funcionário a elevado risco ocupacional é a limpeza das fitas. Em relação ao carregamento
dos caminhões os riscos se manifestam na movimentação do veículo com operador em cima
da carga, escorregamento do operador no vão entre o caminhão e plataforma.
No que diz respeito à atividade carregar vagão, os riscos estão na possibilidade de
rompimento da tampa no ato da abertura do vagão e existência de animais peçonhentos.
A respeito do mapa de riscos, observou-se que em todas as áreas os riscos foram classificados
como grandes e médios, o que requer que toda a equipe tenha comportamentos e práticas
laborais seguras.
Com relação à Saúde e Segurança do Trabalhador, os pontos considerados mais críticos são
postura inadequada durante a execução das atividades, desconforto térmico, desgaste físico
relacionado à intensidade das operações e impossibilidade de se alimentar durante a jornada
de trabalho. Outro fator a ser considerado é a negligência do uso dos EPIs óculos e máscara.
6. Recomendações
Recomenda-se o uso de protetores auriculares para evitar irritações auditivas. Em relação a
atividade lacrar vagões embaixo, indica-se que a aquisição de assentos de elevação de forma
que os colaboradores não mais necessitem abaixar-se para a colocação dos lacres nos vagões.
No que tange as atividades receber/devolver ordem de carregamento e lonar caminhões, as
mesmas podem ser melhoradas com o uso de pegador de objetos com garra.
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Para evitar o escorregamento no vão entre o caminhão e a plataforma e rompimento do cinto
de segurança, aconselha-se manutenção periódica no cinto de segurança, colocação de fitas
antiderrapantes, e, o operador não mais solicitar movimentação do caminhão enquanto está
sobre o mesmo.
Para evitar rompimento na abertura das tampas dos vagões aconselha-se práticas seguras ao
abrir uma tampa por vez e o uso de luvas de proteção.
Algumas ações que se aplicadas podem melhorar de imediato a Saúde e Segurança do
Trabalhador: o estabelecimento de uma área próxima do ambiente de trabalho que possibilite
realizar pequenas refeições e pausas para descanso. Desta forma, a equipe trabalhará mais
motivada, erros de operação e acidentes de trabalho devido ao desgaste físico ocorrerão com
menor frequência e, consequentemente, os colaboradores terão maior interesse em
permanecer na organização.
Outra melhoria importante para a saúde ocupacional é a implantação de um sistema de som
para que não mais seja necessário que o colaborador grite para a movimentação do caminhão.
Recomenda-se estudos futuros abrangindo a dispersão do pó.
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