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João António Alves Ferreira
ANÁLISE TÉCNICA E ECONÓMICA DE TECNOLOGIAS DE
ARMAZENAMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA PARA A INTEGRAÇÃO EM
LARGA ESCALA DE GERAÇÃO RENOVÁVEL INTERMITENTE
Fevereiro 2017
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores
ANÁLISE TÉCNICA E ECONÓMICA DE
TECNOLOGIAS DE ARMAZENAGENTO DE ENERGIA
ELÉTRICA PARA A INTEGRAÇÃO EM LARGA
ESCALA DE GERAÇÃO RENOVÁVEL INTERMITENTE
Mestrado em Engenharia Eletrotecnia e de Computadores
João António Alves Ferreira
Júri:
Professor Doutor André Manuel dos Santos Mendes (Presidente)
Professor Doutor Pedro Manuel Soares Moura (Orientador)
Professor Doutor Tony Richard de Oliveira de Almeida (Vogal)
Coimbra, Fevereiro 2017
Agradecimentos
Queria começar por agradecer ao Professor Doutor Pedro Manuel Soares Moura pela total
disponibilidade, prontidão e facilidade de comunicação tornando possível a realização desta
dissertação.
Um obrigado a todos os professores da Faculdade de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores
da Universidade de Coimbra, assim como aos restantes membros desta instituição com quem tive
o prazer de trabalhar, aprender e viver.
Um obrigado a todos os conhecidos, colegas e amigos com que passei momentos bons e menos
bons que me moldaram na pessoa que hoje sou.
Agradeço à Carla Filipa que me acompanhou ao longo deste período da minha vida.
Por fim, gradeço aos meus pais e à minha irmã pelo apoio que me deram e por investirem no meu
futuro.
Resumo
As energias renováveis são a melhor opção para garantir um futuro sustentável. A grande
disponibilidade e diversidade de fontes de energias naturais levou ao desenvolvimento de
tecnologias de geração flexíveis adaptadas às necessidades dos sistemas de energia elétrica. Em
Portugal, o potencial da energia eólica, solar e hídrica permitem um futuro energético
maioritariamente baseado em energias renováveis.
No entanto, a mudança de sistemas de geração fóssil previsível e facilmente controlável para
sistemas de geração dependentes de fontes de energia naturais variáveis tem um forte impacto no
perfil da energia gerada. Níveis de geração inconstantes, incapacidade de garantir os níveis de
energia consumida, e dificuldade em realizar uma correta gestão dos sistemas são apenas alguns
dos problemas inerentes a este tipo de energia renovável intermitente.
De entre as diferentes soluções existentes que permitem atenuar os problemas referidos, a
utilização de reserva operacional baseada em sistemas de armazenamento de larga escala é a que
apresenta melhores resultados. Armazenando energia em excesso e descarregando quando
necessário, estes sistemas interligados com a rede elétrica permitem suavizar os diagramas de
carga, reduzir os valores de energia importada e evitar a utilização de fontes de energia nocivas
para o ambiente. Após uma análise das especificações técnicas dos sistemas atualmente
conhecidos, foram selecionados os 4 sistemas mais adequados para a utilização com geração de
energia intermitente, nomeadamente sistemas de armazenamento de comprimido, de baterias
convencionais de iões de lítio, de baterias de sódio-enxofre e de baterias de fluxo de redox de
vanádio.
Para esta dissertação foi criado um algoritmo em Matlab® capaz de simular as variações causadas
por cada um do sistema de armazenamento nos diagramas de carga de casos de estudo
selecionados. Após obtenção dos resultados através do algoritmo, foi realizada uma análise técnica
e económica das trocas de energia e dos custos de energia de cada um dos sistemas com a rede ao
longo de um ano. No final foram apresentados quais os sistemas que fornecem energia a um custo
mais reduzido e mais adequados para a resolução dos problemas relacionados com a geração de
energia intermitência.
Palavras-chave: energia renovável intermitente; excesso de geração; variabilidade da geração;
armazenamento de energia elétrica; análise técnica e económica;
Abstract
Renewable energies are the obvious option to ensure a sustainable future. The wide availability
and diversity of natural energy resources allows the development of flexible generation
technologies adapted to the needs of electric power systems. In Portugal, the potential of wind,
solar and hydro power enable an energy future mainly based on renewable energy.
However, changing from predictable and easily controllable fossil energy systems, to systems that
use natural energy sources has a strong impact on the generated energy profile. Inconstant levels
of generation, difficulties to match the consumption levels, and difficulty in ensuring a correct
management of the systems are only some of the problems inherent to this type of renewable
intermittent energy.
Among the different solutions that reduce these problems, the use of an operating reserve by large-
scale storage systems produce the best results. By storing excess energy and discharging when
necessary, these grid-connected systems can smooth the load diagrams, reduce imported energy
values, and avoid the use of environmentally harmful energy sources. Following an analysis of the
technical specifications of the currently known systems, were chosen the 4 most suitable systems
for use with intermittent power generation were selected. The systems selected were compress air
energy storage (CAES), conventional lithium ion batteries (Li-ion), sodium-sulfur (NaS) batteries
and Vanadium redox (VRB) flow batteries.
In this dissertation, an algorithm was created in Matlab® able to simulate the impact caused by
each of the storage system on the load diagrams of the preselected case studies. After obtaining
the results using the algorithm, a technical and economic analysis of the energy exchanges and
energy costs for each of the systems was done. At the end, an analysis of the systems that provide
energy at a lower cost and with greater efficiency to solve problems related to intermittent power
generation is done.
Key-words: intermittent renewable generation; generation surplus; generation variability; electric
energy storage; technical and economic analysis;
i
Índice
1. Introdução ................................................................................................................................ 1
1.1. Motivação ......................................................................................................................... 1
1.2. Objetivos ........................................................................................................................... 1
1.3. Estrutura da dissertação .................................................................................................... 2
2. Intermitência da energia renovável .......................................................................................... 5
2.1. Panorama atual da energia renovável ............................................................................... 5
2.2. Problemas originados pela Intermitência ......................................................................... 6
2.3. Intermitência no sistema de energia elétrica Português .................................................... 8
2.4. Diminuir problemas associados com geração intermitente ............................................ 11
3. Armazenamento de energia .................................................................................................... 13
3.1. Classificação das tecnologias de armazenamento .......................................................... 13
3.2. Especificações técnicas das tecnologias de armazenamento .......................................... 16
4. Soluções de armazenamento para compensação da intermitência ......................................... 19
4.1. Área de aplicação ............................................................................................................ 19
4.2. Nível de potência, energia e tempo de descarga ............................................................. 20
4.3. Volume, densidade de energia e potência ...................................................................... 21
4.4. Eficiência cíclica, auto-descarga e ciclos de descarga ................................................... 22
5. Simulador e Casos de estudo ................................................................................................. 25
5.1. Descrição do modelo de simulação ................................................................................ 25
5.2. Dados técnicos de cada tecnologia ................................................................................. 31
5.3. Casos de estudo .............................................................................................................. 34
6. Simulações e Análise dos Resultados .................................................................................... 39
6.1. Resultados dos casos de estudo ...................................................................................... 39
6.2. Análise de resultados ...................................................................................................... 50
6.2.1. Comparação de custos e estimativas de evolução ................................................... 51
6.2.2. Rentabilidade do investimento ................................................................................ 53
6.2.3. Comparação de tecnologias de armazenamento ...................................................... 58
7. Conclusão e Trabalhos Futuros .............................................................................................. 61
7.1. Conclusão ....................................................................................................................... 61
7.2. Trabalhos futuros ............................................................................................................ 63
8. Bibliografia ............................................................................................................................ 66
9. Anexos ................................................................................................................................... 66
ii
Índice de Figuras
Figura 2.1 - Percentagem de energia renovável face ao total produzida em cada país Europeu durante o ano
de 2014, e percentagem alvo de geração para 2020 [2]................................................................................ 5
Figura 2.2 – Estimativa do custo final dado por dólares por Megawatt hora dos diferentes tipos de geração
[6] ................................................................................................................................................................. 7
Figura 2.3 Interligações entre os diversos mercados de energia elétrica na Europa [7] ............................... 7
Figura 2.4 - Diagrama de carga relativo ao dia 10-03-2014 ......................................................................... 8
Figura 2.5 - Diagramas de carga do dia 6-02-2014 ...................................................................................... 9
Figura 2.6 - Diagramas de cargas do dia 30-08-2014 ................................................................................ 10
Figura 2.7 - Diagramas de carga desagregado (a) e gráfico da potência prevista e gerada (b) no dia 17-05-
2014 ............................................................................................................................................................ 10
Figura 4.1 - Comparação entre os níveis de energia, potência e tempo de descarga das diversas tecnologias
[26] ............................................................................................................................................................. 20
Figura 4.2 Comparação da densidade de potência com a densidade de energia das diferentes tecnologias
[26][10] ....................................................................................................................................................... 21
Figura 4.3 – Comparação da eficiência cíclica das diferentes tecnologias de armazenamento.................. 22
Figura 4.4 – Gamas de ciclos que cada sistema de aramzenamento de energia realiza ............................. 23
Figura 5.1 - (a) Exemplo de inserção de dados para a simulação; (b) diagrama de carga exemplo com e sem
SAEE, gerado no modelo de simulação ..................................................................................................... 25
Figura 5.2 - Diagrama de blocos simplificado do algoritmo utilizado para o cálculo da energia armazenada
e descarregada ............................................................................................................................................ 26
Figura 5.3 - Diagrama de carga do dia 10-03-2014 .................................................................................... 34
Figura 5.4 - Diagrama de carga do dia 6-02-2014 (a) gráfico dos custos de energia ao longo do dia (b) .. 35
Figura 5.5 - Diagrama de carga do dia 30-08-2014 .................................................................................... 36
Figura 5.6 - Diagramas de carga do dia 17-05-2014 .................................................................................. 36
Figura 5.7 - Diagrama de carga da energia prevista e gerada no dia 8-08-2014 ........................................ 37
Figura 6.1 - Diagrama de carga relativos ao caso 1 utilizando sistemas de baterias de iões de litio (a)
diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de iões de litio (b) ................................................... 40
Figura 6.2 - Diagrama de carga relativos ao caso 2 utilizando sistemas de baterias de iões de litio (a)
diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de iões de litio (b) ................................................... 42
Figura 6.3 - Diagramas de carga relativos ao caso 3 utilizando sistema de baterias de iões de litio (a) e ar
comprimido (b) ........................................................................................................................................... 43
Figura 6.4 - Diagrama de carga relativos ao caso 4 utilizando baterias de iões de litio (a) e ar comprimido
(b) ............................................................................................................................................................... 45
Figura 6.5 - Diagrama de carga da previsão e geração eólica parcial em comparação com a geração eólica
total relativo ao caso 5 ................................................................................................................................ 47
Figura 6.6 - Diagrama de carga da previsão de geração eólica vs geração real relativo ao caso 5 ............ 48
Figura 6.7 - Diagrama de carga utilizando sistema de baterias de iões de lítio (a) e de ar comprimido (b)48
Figura 6.8 Diagrama de carga utilizando baterias de iões de lítio (a) e gráfico do custo de energia em cada
hora (b) relativos ao caso 1 ......................................................................................................................... 53
Figura 6.9 - Diagrama de carga utilizando baterias de iões de lítio (a) e gráfico do custo de energia em cada
hora (b) relativos ao caso 2 ......................................................................................................................... 54
Figura 6.10 - Diagrama de carga utilizando baterias de iões de lítio (a) e gráfico do custo de energia em
cada hora (b) relativos ao caso 3 ................................................................................................................ 55
Figura 6.11 - Diagrama de carga utilizando baterias de iões de lítio (a) e gráfico do custo de energia em
cada hora (b) relativos ao caso 4 ................................................................................................................ 56
Figura 6.12 - Diagrama de carga utilizando baterias de iões de lítio (a) e gráfico do custo de energia em
cada hora (b) relativos ao caso 5 ................................................................................................................ 57
iii
Figura 6.13 Custo de energia por capacidade de armazenamento dos diferentes sistemas de armazenamento
[25][32] ....................................................................................................................................................... 58
Figura 9.1 - Diagrama de carga relativos ao caso 1 utilizando sistemas de armazenamento de ar comprímido
(CAES) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de ar comprimido (CAES) (b) ............................... 69
Figura 9.2 - Diagrama de carga relativos ao caso 1 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de
iões de lítio (Li-ion) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de iões de lítio (Li-ion) (b)69
Figura 9.3 - Diagrama de carga relativos ao caso 1 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de
sódio-enxofre (NaS) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de sódio-enxofre (NaS) (b)
.................................................................................................................................................................... 70
Figura 9.4 - Diagrama de carga relativos ao caso 1 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de
fluxo redox de vanádio (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de fluxo de redox de vanádio
(VRB) (b) ................................................................................................................................................... 70
Figura 9.5- Diagrama de carga relativos ao caso 2 utilizando sistemas de armazenamento de ar comprímido
(CAES) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de ar comprimido (CAES) (b) ............................... 71
Figura 9.6 - Diagrama de carga relativos ao caso 2 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de
iões de lítio (Li-ion) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de iões de lítio (Li-ion) (b)71
Figura 9.7 - Diagrama de carga relativos ao caso 2 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de
sódio-enxofre (NaS) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de sódio-enxofre (NaS) (b)
.................................................................................................................................................................... 72
Figura 9.8 - Diagrama de carga relativos ao caso 2 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de
fluxo redox de vanádio (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de fluxo de redox de vanádio
(VRB) (b) ................................................................................................................................................... 72
Figura 9.9 - Diagrama de carga relativos ao caso 3 utilizando sistemas de armazenamento de ar comprímido
(CAES) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de ar comprimido (CAES) (b) ............................... 73
Figura 9.10 - Diagrama de carga relativos ao caso 3 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de
iões de lítio (Li-ion) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de iões de lítio (Li-ion) (b)73
Figura 9.11 - Diagrama de carga relativos ao caso 3 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de
sódio-enxofre (NaS) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de sódio-enxofre (NaS) (b)
.................................................................................................................................................................... 74
Figura 9.12 - Diagrama de carga relativos ao caso 3 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de
fluxo redox de vanádio (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de fluxo de redox de vanádio
(VRB) (b) ................................................................................................................................................... 74
Figura 9.13 - Diagrama de carga relativos ao caso 4 utilizando sistemas de armazenamento de ar
comprímido (CAES) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de ar comprimido (CAES) (b) .......... 75
Figura 9.14 - Diagrama de carga relativos ao caso 4 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de
iões de lítio (Li-ion) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de iões de lítio (Li-ion) (b)75
Figura 9.15 - Diagrama de carga relativos ao caso 4 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de
sódio-enxofre (NaS) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de sódio-enxofre (NaS) (b)
.................................................................................................................................................................... 76
Figura 9.16 - Diagrama de carga relativos ao caso 4 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de
fluxo redox de vanádio (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de fluxo de redox de vanádio
(VRB) (b) ................................................................................................................................................... 76
Figura 9.17 - Diagrama de carga relativos ao caso 5 utilizando sistemas de armazenamento de ar
comprímido (CAES) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de ar comprimido (CAES) (b) .......... 77
Figura 9.18 - Diagrama de carga relativos ao caso 5 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de
iões de lítio (Li-ion) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de iões de lítio (Li-ion) (b)77
Figura 9.19 - Diagrama de carga relativos ao caso 5 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de
sódio-enxofre (NaS) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de sódio-enxofre (NaS) (b)
.................................................................................................................................................................... 78
iv
Figura 9.20 - Diagrama de carga relativos ao caso 5 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de
fluxo redox de vanádio (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de fluxo de redox de vanádio
(VRB) (b) ................................................................................................................................................... 78
v
Índice de Tabelas
Tabela 2-1 Categorias de energia presentes nos diagramas de carga obtidos através dos dados da REN [6]
...................................................................................................................................................................... 8
Tabela 2-2 Técnicas de Redução da intermitência [5] ............................................................................... 11
Tabela 2-3 Técnicas baseadas em Reserva Operacional [6] ....................................................................... 12
Tabela 3-1 Sistemas de armazenamento de energia elétrica [10][11][12][13][14] .................................... 13
Tabela 3-2 Sistemas de armazenamento de energia mecânica [10][11][12][15][16][17][18] .................... 14
Tabela 3-3 Sistemas de armazenamento de energia térmica [10][11][12][19][20] .................................... 15
Tabela 3-4 Sistemas de armazenamento de energia química [10][11][12][21][22] ................................... 15
Tabela 3-5 Sistemas de armazenamento de energia eletroquímica [10][11][12][23][24] .......................... 16
Tabela 3-6 Características técnicas das diferentes tecnologias de armazenamento em larga escala (a)
[25][26][27] ................................................................................................................................................ 17
Tabela 3-7 Características técnicas das diferentes tecnologias de armazenamento em larga escala (b)
[25][26][27] ................................................................................................................................................ 18
Tabela 4-1 - Áreas de aplicação dos sistemas armazenamento de energia em larga escala [26] ............... 19
Tabela 5-1 Dados técnicos dos sistemas de armazenamento de energia utilizados nas simulações .......... 31
Tabela 5-2 Dados técnicos dos sistemas de armazenamento de energia utilizados nas simulações .......... 31
Tabela 5-3 Exemplo de sistemas de armazenamento recentes, em operação ou em fase de projeto [31] .. 32
Tabela 6-1 Tabela de custos assciados aos sistemas de aramzenaento totais e anuais ............................... 39
Tabela 6-2 Diferentes valores de potência e energia dos 4 sistemas obtidos na simulação do caso 1 ....... 40
Tabela 6-3 Diferentes valores de energia e percentagem dos diversos sistemas simulados no caso 1 ...... 40
Tabela 6-4 Diferentes valores de potência e energia dos 4 sistemas obtidos na simulação do caso 2 ....... 42
Tabela 6-5 Diferentes valores de energia e percentagem dos diversos sistemas simulados no caso 2 ...... 42
Tabela 6-6 Diferentes valores de potência e energia dos 4 sistemas obtidos na simulação do caso 3 ....... 44
Tabela 6-7 Diferentes valores de energia e percentagem dos diversos sistemas simulados no caso 3 ...... 44
Tabela 6-8 Diferentes valores de potência e energia dos 4 sistemas obtidos na simulação do caso 4 ....... 45
Tabela 6-9 Diferentes valores de energia e percentagem dos diversos sistemas simulados no caso 4 ...... 45
Tabela 6-10 - Diferentes valores de potência e energia dos 4 sistemas obtidos na simulação do caso 5 ... 49
Tabela 6-11 - Diferentes valores de energia e percentagem dos diversos sistemas simulados no caso 5 .. 49
Tabela 6-12 - Valores finais de energia utilizada da rede eletrica por cada sistema .................................. 50
Tabela 6-13 - Valores finais de energia descarregada para a rede elétrica cada sistema ........................... 50
Tabela 6-14 - Capacidade de resposta às necessidades energéticas dos diagramas de carga ..................... 51
Tabela 6-15 - Valores finais de energia e de custo de energia dos diferentes sistemas ............................. 51
Tabela 6-16 - Preço médio de energia utilizada na fase de carga e descarga relativos ao caso 1 .............. 53
Tabela 6-17 - Preço médio de energia utilizada na fase de carga e descarga relativos ao caso 2 e 3 ......... 55
Tabela 6-18 - Preço médio de energia utilizada na fase de carga e descarga relativos ao caso 1 e 4 ......... 56
Tabela 6-19 - Preço médio de energia utilizada na fase de carga e descarga relativos ao caso 5 .............. 57
vi
Lista de acrónimos
CAES Compressed Air Energy Storage / Armazenamento de ar comprimido
DLC Double layer capacitor / Condensador de dupla camada
FES Flywheel Energy Storage / Armazenamento através de volantes de inércia
LAES Liquid Air Energy Storage / Armazenamento de ar liquido
Li-ion Iões de lítio
MIBEL Mercado Ibérico de Eletricidade
NaS Sódio-enxofre
NiCd Niquel-cádmio
PbA Ácido-chumbo
PHS Pumped Hydro Storage / Armazenamento hidroelétrico reversível
PRE SEE
PSB Polisulfeto de brometo
REN Rede de Energia Nacional
SAEE Sistema de Armazenamento de Energia Elétrica
SEE Sistema de Energia Elétrica
SMES Supercondocting mangnetic energy Storage / Armazenamento de supercondutores
magnéticos
SNG Synthetic Natural Gas / Gás natural sintético
TES Thermal Energy Storage / Sistemas de armazenamento de energia térmica
VRB Redox de vanádio
ZEBRA Zero Emissions Batteries Research Activity / Actividade de desenvolvimento de
baterias com zero emissões (ie. Bateria de cloreto sódio-níquel)
ZnBr Brometo de zinco
1
1. Introdução
1.1. Motivação
A realização desta dissertação surge na sequência do aumento de produção de energia elétrica
através de fontes renováveis e dos problemas inerentes a este tipo de geração. A diversidade e
abundância de fontes de energia renovável permitem diminuir a dependência de combustíveis
fósseis, garantindo a sustentabilidade energética do planeta. Porém, a sua natureza imprevisível e
inconstante torna este tipo de energia difícil de controlar.
Recentemente, os níveis recordes de geração renovável em Portugal, permitiram satisfazer os
valores energia consumida durante 4 dias consecutivos [1]. Ao mesmo tempo, espera-se um
aumento continuo da taxa de renováveis no sistema de energia elétrica, sendo necessário tomar
medidas que permitam controlar e atenuar o impacto causado nos diagramas de carga. A solução
mais comum consiste na utilização de reservas operacionais de energia através de sistemas de
armazenamento hidroelétrico reversível. Porém, novos tipos de tecnologias de armazenamento
mais flexíveis, fáceis de construir e com um menor impacto ambiental têm emergido. Movidos
pela revolução dos sectores da energia e dos transportes, estas sistemas têm sido alvo de grandes
avanços tecnológicos, permitindo armazenar mais energia, de forma mais eficiente e a um preço
cada vez mais reduzido.
É assim importante realizar um estudo que determine quais os sistemas de armazenamento que
atenuem o impacto causado da geração renovável intermitente, ao mesmo tempo que garantam o
menor custo possível para o sistema de energia elétrica.
1.2. Objetivos
A presente dissertação tem como objetivo avaliar a viabilidade técnica e económica da utilização
de sistemas de armazenamento de energia elétrica em larga escala integrados na rede de energia
elétrica nacional. Numa fase inicial pretende-se analisar os problemas da intermitência na rede
elétrica indicando os métodos utilizados na mitigação desses problemas dando especial atenção
aos sistemas de armazenamento de energia. Será também efetuada uma análise dos sistemas de
armazenamento de energia tendo como objetivo selecionar os 4 sistemas mais adequados à
mitigação da intermitência energética. Posteriormente serão selecionados 5 diagramas de carga
diários relativos ao sistema de energia elétrico português, que representem os problemas da
intermitência. Para simular o impacto dos sistemas de armazenamento de energia nestes diagramas
2
de carga, pretende-se desenvolver um modelo de simulação matemático capaz de calcular os
diferentes custos e capacidades de energia relativas a cada sistema. Através da comparação dos
dados obtidos, espera-se determinar quais dos sistemas apresentam maiores benefícios técnicos e
económicos quando interligados com os sistemas de geração elétrica intermitente.
1.3. Estrutura da dissertação
Esta dissertação encontra-se dividida em 7 capítulos. No primeiro capítulo é apresentada uma
breve introdução, motivação e enquadramento geral do tema.
No capítulo 2 realiza-se uma análise do panorama global da geração renovável onde se descrevem
os problemas inerentes a este tipo de geração. Posteriormente, são apresentados exemplos de
diagramas de carga diários relativos à rede de energia portuguesa, onde se realiza uma breve
análise dos problemas anteriormente referidos. No fim do capítulo apresentam-se as diferentes
soluções utilizadas na atenuação dos problemas relativos à geração intermitente, com foco nos
sistemas de armazenamento de energia.
No capítulo 3 são apresentados diferentes tipos de tecnologias atualmente utilizadas no
armazenamento de energia. Estas tecnologias são agrupadas em diferentes categorias realizando
uma breve descrição sobre o seu funcionamento e apresentando em detalhe as respetivas
especificações técnicas.
No capítulo 4 são analisadas as características técnicas e económicas dos diferentes sistemas de
armazenamento, selecionando os mais adequados a atenuar a intermitência da geração renovável
em aplicações de larga escala.
No capítulo 5 é descrito de forma detalhada o modelo de simulação desenvolvido em Matlab-
Simulink® utilizado para calcular os valores de potência, de energia de carga e descarga, os custos
e os diagramas de carga associados a cada sistema. Posteriormente, são apresentados os níveis
totais de potência e energia, entre outras especificações a serem utilizados nas simulações. No fim
do capítulo é realizada uma análise a 5 diagramas de carga que refletem os problemas associados
à geração intermitente.
No capítulo 6 simula-se o impacto da utilização dos sistemas de armazenamento em cada um dos
diagramas de carga. Do modelo de simulação obtêm-se valores relativos à potência, energia de
carga e descarga, custos de investimento e de manutenção e os diagramas de carga e descarga dos
sistemas de armazenamento.
3
O capítulo 7 é reservado às conclusões retiradas da realização deste trabalho, relativamente às
tecnologias que oferecem o melhor compromisso a nível técnico e económico na atenuação dos
problemas causados pela utilização de energia intermitente.
4
5
2. Intermitência da energia renovável
O crescente aumento da utilização de energia renovável intermitente trouxe implicações a nível
técnico e económico ao sistema de energia elétrico. Neste capitulo realiza-se uma análise aos
níveis de energia renovável utilizados atualmente na Europa, seguindo-se a descrição dos
problemas causados por este tipo de energia em aplicações de larga escala. Analisa-se também o
impacto deste tipo de geração no sistema elétrico português, assim como as soluções mais
adequadas para larga escala.
2.1. Panorama atual da energia renovável
A natureza variável das fontes de energia renovável adiciona uma camada extra de complexidade
ao sistema de energia elétrica. Os parques de geração eólica, fotovoltaicos e barragens
hidroelétricas são sistemas cuja produção de energia depende de fatores externos, tais como a
velocidade do vento, a intensidade de radiação solar ou as afluências de água. Condicionados pelas
condições meteorologias ocorridas no momento da geração, as energias renováveis são
consideradas um tipo de energia intermitente.
Enquanto a quantidade de energia intermitente utilizada for reduzida a geração é facilmente
controlável. Contudo, como se pode observar no diagrama da Figura 2.1, construído com base nos
últimos dados da Eurostat relativos a 2014 [2], a percentagem de utilização de renováveis, em
muitos países, é já superior a 25% da geração total. Adicionalmente, a tendência será para que
ocorra um aumento no número de sistemas de geração renovável e consequentemente de energias
intermitentes no SEE - sistema de energia elétrica.
Figura 2.1 - Percentagem de energia renovável face ao total produzida em cada país Europeu durante o ano de 2014,
e percentagem alvo de geração para 2020 [2]
%
Objetivo Europa 2020
6
Através da Figura 2.1 é possível observar que a produção de energia elétrica renovável em Portugal
atingiu cerca de 27%, valor muito superior à média da União Europeia, que se situa nos 16%. Em
Portugal o valor de energia renovável duplicou nos últimos 12 anos [3][4] e prevê-se um
crescimento continuo dos níveis de energia renovável tanto em Portugal como nos restantes os
países. E em 2020 é esperado que 31% da energia produzida seja renovável, e que a média europeia
suba de 16% para 20% [2].
2.2. Problemas originados pela Intermitência
Além dos problemas relativos à incerteza e disponibilidade de energia já referidos, verifica-se
também que nos períodos noturnos os baixos níveis de consumo originam níveis excessivos (face
ao consumo) de energia gerada. Já nos períodos diurnos os níveis de consumo aumentam e os
níveis de geração renovável podem não ser suficientes. Por outro lado, o excesso de geração
renovável leva a elevadas perdas económicas, pois nesses períodos a energia é transacionada no
mercado ibérico de eletricidade (MIBEL) a um preço muito reduzido (ou mesmo nulo).
Adicionalmente, a necessidade de reajustes constantes e até mesmo a ativação e descativação de
centrais de energia para atenuar as variações de geração levam a um aumento do custo final da
energia distribuída na rede. Outro problema está relacionado com a localização das centrais de
geração de renovável. No caso dos sistemas de geração se localizarem numa zona que não permita
uma interligação adequada com o SEE, o fornecimento e utilização da energia gerada nos períodos
de maior consumo são restringidos. Nos pontos seguintes são então apresentados os 5 principais
problemas originados pela geração intermitente no sistema de energia elétrica [5].
1. Previsão de geração com erros elevados, sendo possível apenas prever com exatidão a geração
para períodos de tempo próximos;
2. O aumento de geração renovável substitui outras centrais de geração com custos mais
reduzidos, como se pode observa da comparação dos custos de energia da Figura 2.2;
3. Aumento dos custos de operação devido à necessidade do constante reajuste do nível de geração
ou até mesmo a total desativação ou ativação de centrais;
4. Energia desperdiçada, pois não pode ser absorvida devido aos limites impostos pelo sistema de
energia elétrica ou devido à quantidade de geração de energia em excesso;
5. Necessidade de um número elevado de interligações de modo a transmitir a energia em excesso
para os locais com maior procura. No caso de Portugal, existe apenas o mercado ibérico, como
mostra a Figura 2.3.
7
O diagrama de custos da Figura 2.2 reflete o problema referido no ponto 2.
Da análise do diagrama da Figura 2.2 observa-se que o custo médio final de energia gerada através
da queima de carvão e gás natural (energias fósseis representadas pelas barras a azul) é menor face
ao custo das restantes energias renováveis (representadas pelas barras a verde).
No mapa da Figura 2.3 observam-se as interligações entre os diferentes SEE europeus.
Verifica-se que a localização geográfica de Portugal apenas permite permutas de energia com o
sistema elétrico espanhol. Como foi descrito anteriormente, o número limitado de pontos de
interligação restringe as trocas de energia e os preços de energia implicações a nível técnico e
económico.
Figura 2.3 Interligações entre os diversos mercados de energia
elétrica na Europa [7]
Custo médio
de energia
Europa 2012
Biomassa
Biomassa
com queima
Geotérmica
Solar
fotovoltaico Hidroelétrica
Eólica
onshore Eólica
offshore
Carvão
Gás ciclo
combinado
Solar térmica
360
215
270
225
180
135
90
45
0
€/MWh
Figura 2.2 – Estimativa do custo final dado por dólares por Megawatt hora dos diferentes tipos de geração [6]
8
2.3. Intermitência no sistema de energia elétrica Português
Nesta seção apresenta-se um conjunto de diagramas de carga diários relativos ao ano de 2014 em
Portugal continental, obtidos da base de dados da REN - Redes Energéticas Nacionais [8]. Através
dos valores de potência recolhidos, com intervalos de 15 minutos, obtêm-se os valores energia
gerada, consumida e importada. Relativamente aos diferentes tipos de geração, estes estão
agrupados na categoria de energias renováveis e energias fósseis. Já os valores de energia
consumida contêm a energia utilizada para a bombagem nos sistemas hídricos do SEE. Os valores
de energia importada correspondem à energia fornecida por Espanha (ver Tabela 2-1).
Tabela 2-1 Categorias de energia presentes nos diagramas de carga obtidos através dos dados da REN [8]
Tipo de Energia Descrição
Energias renováveis Albufeiras; Fios de água; PRE - Produção em regime especial Hidráulico; PRE
térmico; PRE Eólico; PRE Fotovoltaico; PRE Ondas
Energias fósseis Carvão; Fuel (diesel); Gás Natural
Energia consumida Energia consumida + energia utilizada para bombagem de água nos PRE hidráulico
Energia importada Energia proveniente dos mercados externos
Na Figura 2.4 apresenta-se um diagrama de carga relativo ao dia 10-03-2014. Neste diagrama a
área a verde representa a energia renovável gerada e a área a cinzento a energia fóssil. Observa-se
ainda os valores da potência total gerada representada pela a curva a preto, e a potência consumida
representada pela curva a amarelo.
Da análise do diagrama de carga verifica-se que os níveis de geração de energia elétrica renovável
são superiores aos níveis de consumo total do SEE nos períodos das 22:00h às 0:00h e das 0:00h
às 13:00 h. Este desequilíbrio entre a geração e procura é causado pela diminuição de atividade da
horas
MW
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Renovaveis FosseisGeração Consumo
Figura 2.4 - Diagrama de carga relativo ao dia 10-03-2014
9
população durante os períodos noturnos, tornando os valores de energia gerada muito superiores
aos necessários para assegurar o consumo. Após as 7:00h, o consumo de energia aumenta
superando os níveis de geração renovável e entre o período das 13:00h às 22:00h os níveis de
energia renovável não são suficientes.
Na Figura 2.5 (a) e (b) apresenta-se o segundo diagrama de carga exemplo relativo ao dia 6-02-
2014. O gráfico da Figura 2.5 (a) representa a totalidade da energia renovável e fóssil gerada
juntamente com a curva da potência da geração e consumo. Na Figura 2.5 (b) são descriminados
os diferentes tipos de geração renovável.
Figura 2.5 - Diagramas de carga do dia 6-02-2014
Da análise da Figura 2.5 (a) observa-se que o excesso de energia renovável (região a verde) leva
a uma diminuição nos níveis de geração fóssil (região a cinzento). Devido à proximidade
geográfica, os níveis de geração renovável no território espanhol são igualmente elevados. Como
dito anteriormente, os elevados níveis de geração renovável fazem com que o preço da energia
gerada sofra uma grande redução. No diagrama da Figura 2.5 (b) desagrega-se o total das
renováveis pelos diferentes tipos de geração e verifica-se que a energia eólica juntamente com as
centrais de fio-de-água e as albufeiras perfazem a maioria da energia renovável. Conclui-se que a
ocorrência de variações na geração destes 3 tipos de energia causam um grande impacto no
diagrama de carga.
Os dados dos diagramas de carga presentes na Figura 2.6 (a) e (b) foram recolhidos no dia 30-08-
2014. Na Figura 2.6 (a) representa-se a energia gerada de origem renovável e fóssil, a energia
importada e a curva de potência da geração total e do consumo. Na Figura 2.6 (b) encontra-se a
energia renovável gerada com a energia eólica descriminada juntamente com a curva da potência
do consumo.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Renovaveis Fosseis Geração Consumo
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Eólica Albufeiras Fios de agua
PRE termico PRE hidráulico Renovaveis
MW
MW
(a) (b)
horas horas
10
Neste caso observam-se níveis de energia renovável baixos. Da análise dos valores de potência do
diagrama de carga da Figura 2.6 (b) verifica-se que às 15:00h a diferença entre os valores de
potência renovável gerada e do consumo atingiu o valor máximo. Nesse instante foram
consumidos 5272 MW e gerados apenas 2133 MW de energia renovável. Na Figura 2.6 (b)
verifica-se que os níveis de geração eólica foram muito inferiores aos que se observaram no
diagrama de carga do caso anterior, na Figura 2.5 (b). O fato de cerca de metade da totalidade de
energia renovável gerada ser eólica faz com que pequenas variações da velocidade do vento
tenham um impacto elevado no diagrama de carga.
Na Figura 2.7 (a) e (b) encontra-se 2 diagramas de carga relativos ao dia 17-05-2014. Na Figura
2.7 (a) representam-se os níveis de energia renovável e eólica gerados e na Figura 2.7 (b)
representam-se as curvas de potência eólica prevista e a gerada.
Nos diagramas da Figura 2.7 (a) e (b) são observadas as variações e a difícil previsão dos níveis
de geração renovável. De referir que o diagrama da Figura 2.7 (b) utiliza os dados das estações
com telemetria que correspondem a cerca de metade dos níveis de potência eólica instalada. Da
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Renovaveis éolica
horas
MW
Figura 2.6 - Diagramas de cargas do dia 30-08-2014
6 horas
20
00
MW
0
500
1000
1500
2000
2500
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
real previsto
horas
(a) (b)
)-
(a)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Renovaveis Fosseis Importada
Geração Consumo
MW
horas (b)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Renovaveis eólica Consumo
MW
horas
MW
Figura 2.7 - Diagramas de carga desagregado (a) e gráfico da potência prevista e gerada (b) no dia 17-05-2014
11
análise da região a verde da Figura 2.7 (a) verifica-se que no período das 0:00 às 6:00 horas o nível
de geração renovável manteve-se aproximadamente constante. No entanto como se observa na
Figura 2.7 (b) era previsto um aumento nos níveis de geração ao longo desse período. Após as
8:00h as previsões indicavam um decréscimo acentuado dos níveis de renovável, o que se veio a
verificar. Na Figura 2.7 (a) observa-se que a quebra dos valores de energia foi provocada pela
rápida diminuição de energia eólica, resultando numa diminuição nos níveis de potência gerada
de aproximadamente 330 MW por hora, ao longo de um período das 9:00 às 15:00 horas.
Com base nos exemplos descritos conclui-se que é necessário intervir nos sistemas de energia
elétrica de modo a atenuar os desequilíbrios causados pela utilização de energias renováveis.
2.4. Diminuir problemas associados com geração intermitente
De forma a diminuir o impacto causado pela geração renovável são tomadas medidas que reduzem
a intermitência (ver Tabela 2-2) ou que controlem as variações de energia intermitente gerada
através de reserva operacional (ver Tabela 2-3).
Tabela 2-2 Técnicas de Redução da intermitência [9]
Técnicas de Redução da Intermitência Descrição
Integração na rede Interligação adequadas dos sistemas de geração com a rede de
distribuição de energia elétrica
Distribuição geográfica e técnica dos
geradores
Maior número de unidades de geração numa determinada área e
numa área mais vasta, diminui a variabilidade da produção
Diminuição no erro de previsão
Estimar com maior precisão o nível de energia que poderá ser usado
ou armazenado num dado período próximo evitam desequilíbrios no
diagrama
Atuando sobre os fatores que provocam a intermitência diminui-se o impacto deste tipo de geração
nos diagramas de carga. Estas medidas são normalmente aplicadas antes da construção dos
sistemas de geração e podem consistir num aumento do número de interligações com a rede
elétrica ou melhorias nos equipamentos de previsão utilizando equipamentos meteorológicos e de
medição com maior precisão. Adicionalmente, o aumento do número de estações de geração
distribuídas numa determinada região torna os valores de energia gerada menos suscetíveis a
variações de energia (ex. eólica e solar).
Por outro lado, as técnicas de reserva operacional descritas na Tabela 2-3 têm como principal
objetivo atenuar o impacto nos diagramas de carga causados pela geração intermitente.
12
Tabela 2-3 Técnicas baseadas em Reserva Operacional [6]
Técnicas de Reserva Operacional Descrição
Centrais de reserva operacional Flexíveis e com tempos de resposta curto, repõem a capacidade em
falta de um SEE
Interligação com outras redes Maior fiabilidade do sistema, podendo exportar em períodos de
excesso e importar em períodos de baixa produção
Curtailment da geração Limita a produção de uma central de geração intermitente, desligando
alguns ou a totalidade dos geradores
Geração distribuída Fornecem capacidade de reserva rápida ou de longo termo a um nível
regional ou em substituição da geração convencional
Armazenamento de energia em larga
escala
Geração de renovável transferida no tempo para ser utilizada em
períodos de baixa geração ou elevado consumo
Complementaridade entre fontes
renováveis
Interligação de várias energias intermitentes, completando-se
mutuamente e diminuído as variações
Gestão da procura Alteração dos hábitos dos consumidores transferindo o consumo nos
períodos de ponta para as horas de baixo consumo
Demand response Desligam-se cargas momentâneas durante os períodos de redução
rápida da geração
Para atingir este objetivo são utilizadas centrais de reserva operacional, que ao se manterem a
funcionar em reserva girante permitem responder de forma rápida a eventuais quedas na geração
renovável. Para evitar os picos de geração podem ser utilizadas técnicas de curtailment da geração
que consistem na limitação de unidades de geração quando os níveis de energia são superiores aos
necessários. Outro tipo de abordagem consiste em modificar os hábitos dos consumidores
reajustando os níveis de consumo consoante os níveis de geração em determinado período. A
análise efetuada nesta dissertação recai sobre o armazenamento de energia em larga escala. Este
método permite repor a capacidade de energia em falta no diagrama de carga recorrendo a energia
previamente armazenada em períodos de excesso. Esta tipo de reserva operacional tem sido
utilizada ao longo dos últimos anos sob forma de barragens hidroelétricas reversíveis e permitiu
eficazmente atenuar os problemas associados à geração intermitente.
13
3. Armazenamento de energia
O crescimento tecnológico das ultimas décadas impulsionou o consumo de energia elétrica e a
necessidade de desenvolver sistemas para a armazenar. Utilizados em tecnologias de consumo,
habitações, transportes e rede elétrica torna-se necessário realizar um estudo sobre quais os
sistemas mais adequados na integração em larga escala com sistemas de geração intermitente.
Neste capitulo é descrito o funcionamento e apresentadas as respetivas especificações técnicas das
diferentes tecnologias de armazenamento atualmente em utilização ou em fase de
desenvolvimento.
3.1. Classificação das tecnologias de armazenamento
Antes de ser utilizada no sistema de energia elétrico, a energia pode ser armazenada sob a forma
de energia elétrica, mecânica, térmica, química ou eletroquímica. Na Tabela 3-1, Tabela 3-2,
Tabela 3-3, Tabela 3-5 e Tabela 3-5 são apresentadas as características, uma ilustração exemplo e
um quadro com vantagens e desvantagens de cada tecnologia de armazenamento.
Tabela 3-1 Sistemas de armazenamento de energia elétrica [10][11][12][13][14]
Armazenamento de Energia Elétrica
Supercondensadores
DLC – double layer capacitor
Características: armazenam energia electroestática entre duas placas
condutoras separadas por material isolante.
vantagens desvantagens
Elevado rendimento
Elevado número de ciclos
Vida útil média
Flexíveis
Potências elevadas
Capacidade de energia baixa
Requer condicionamento da
potência
Supercondutores magnéticos -
SMES – supercondocting mangnetic energy storage
Características: armazena energia na forma de um campo magnético gerado
por uma bobina supercondutora.
vantagens desvantagens
Elevada densidade de potência
Tempo de resposta e carregamento
rápido
Elevado rendimento
Baixa manutenção
Elevado custo por unidade
de energia
Sistema complexo
Baixos níveis de energia
Bobina com corrente
máxima de 1050 Amperes
(indutância de 4.1 H)
Supercondensadores
Maxwell de 48 e 75V
14
Tabela 3-2 Sistemas de armazenamento de energia mecânica [10][11][12][15][16][17][18]
Armazenamento de Energia Mecânica
Aproveitamento hidroelétrico reversível PHS – Pumped Hydro Storage
Características: armazena energia potencial através da transferência de água
entre dois reservatórios a alturas diferentes. A reversibilidade permite utilizar
o excesso de energia da rede para bombar a água para o reservatório com
maior energia potencial.
vantagens desvantagens
Grandes quantidades de energia
armazenadas a baixo custo
Longa duração
Elevado rendimento
Tecnologia madura
Necessita de locais
específicos
Densidade de energia
média
Impacto ambiental
Ar líquido LAES – Liquid Air Energy Storage
Características: utiliza energia mecânica para comprimir um fluido
criogénico (ar liquido) e mantêm esse liquido a baixas temperaturas. A
energia térmica do ar liquido é depois convertido em energia elétrica.
vantagens desvantagens
Ar não toxico e não inflamável
Ar liquido tem grande densidade de
energia
Armazenamento a baixa pressão
Tecnologia em
desenvolvimento e/ou
fase de estudo
Ar comprimido CAES - Compressed Air Energy Storage Características: armazena energia na forma de ar comprimido através de
um motor/compressor elétrico. O ar ao ser libertado é aquecido através da
queima de gás natural acionando uma turbina/gerador.
vantagens desvantagens
Elevado nível de energia e
potência
Baixo custo por MWh
Grande dependência das
condições geológicas
Os sistemas atuais baseiam-
se na queima de gás
Volante de inércia FES - Flywheel Energy Storage
Características: armazena energia cinética rotacional num rotor (flywheel),
que ficando a girar a permite reutilizar a sua rotação para converter em
energia elétrica.
vantagens desvantagens
Elevada densidade de potência
Baixo impacto ambiental
Elevado tempo de vida
Baixa densidade de energia
Manutenção cara e difícil
PHS de 3000 MW, com uma
diferença de elevação entre
reservatórios de 385 m
(Virgínia, USA)
Representação gráfica de um
sistema CAES de 290 MW
de 150.000 m3 (Huntorf,
Alemanha)
Volante de inércia, 200
unid. fornecem 20 MW
/5 MWH
Reservatórios de 1600m2 de
ar liquido, capaz de
armazenar 220 MWh
15
Tabela 3-3 Sistemas de armazenamento de energia térmica [10][11][12][19][20]
Armazenamento de Energia Térmica
Sensível ao calor
Sensible Heat
Características: é o método mais comum de armazenamento de energia
térmica. Recorre à transferência de energia entre matéria aumentando a sua
temperatura sem que haja alteração de estado, no caso mais comum a energia
solar é transferida para um sal fundido. Quando é necessária o sal fundido
circula até a um gerador de vapor alimentando uma turbina/gerador.
vantagens desvantagens
Larga escala
Baixo custo
Economicamente viável
Utilizada apenas em centrais
solares térmicas
Sal fundido corrosivo e
sensível a arrefecimentos
Sistema de calor latente
Latent Heat Energy Storage
Características: utiliza a energia térmica para a mudança de estado de um
material. Os exemplos mais comuns são sal inorgânico, água ou um metal.
vantagens desvantagens
Elevada capacidade de
armazenamento de temperatura
por unidade de peso
Poucas perdas
Tecnologia em estado de
desenvolvimento
Utilizada em pequena escala
em arrefecimento de edifícios
Tabela 3-4 Sistemas de armazenamento de energia química [10][11][12][21][22]
Armazenamento de Energia Química
Células de combustível Hydrogen Energy Storage
Características: a energia elétrica é convertida em hidrogénio e armazenada
em tanques de alta-pressão, tanques criogénicos ou no estado solido.
Posteriormente pode ser convertida em eletricidade através de células de
combustível.
vantagens desvantagens
Escalável de geração
distribuída a larga escala e de
curto a longo termo
Baixo impacto ambiental
Baixo rendimento do ciclo
Elevado custo de capital Problemas de segurança
Baixa densidade de energia à
temperatura ambiente
Gàs natural sintético
SNG - Synthetic Natural Gas
Características: a eletricidade é convertida em hidrogénico através de
eletrolise. O hidrogénio pode ser injetado na rede de gás existentes até aos
consumidores, ou transformado em gás natural sintético (através da metanação)
para ser utilizado em turbinas a gás. vantagens desvantagens
Potencial para assegurar
armazenagem inter-sazonal
Valor elevado de energia
química por unidade de massa
Gás natural mais barato
Custo de capital
Necessidade de fonte de CO2
Baixo rendimento do ciclo
Torre atingida por raios
solares, aquecendo o sal
fundido. Capacidade de
110 MW (Nevada, USA)
Depósitos de gelo alojados
na cave de um edifício
Tanques de 2.400 m3 a 200
bar, com 55 kW de
hidrogénio usado para
geração (Noruega)
Esquema do processo de
metanação, onde o H2
juntamento com CO2 é
convertido em gás natural
CH4
16
Tabela 3-5 Sistemas de armazenamento de energia eletroquímica [10][11][12][23][24]
Armazenamento de Energia Eletroquímica
Baterias convencionais
BESS – Battery Energy Storage System
Características: armazena energia de forma química, com base em reações
eletroquímicas que provocam fluxos de eletrões entre dois elétrodos.
Os materiais mais comuns são o ácido-chumbo (PbA), sódio-enxofre (NaS),
cloreto sódio-níquel (ZEBRA), iões de Lítio (Li-ion) e níquel-cádmio
(Nicd).
vantagens desvantagens
Elevado rendimento
Larga experiência em
aplicações portáteis
Aplicações para pequena e
media dimensão
Tempo de vida limitado
Problemas de segurança e
ambientais em caso de avaria
Baterias de fluxo
Flow battery
Características: armazena energia química através de uma reação química
entre duas soluções eletrolíticas liquidas. As soluções químicas mais comuns
são o brometo de Zinco (ZnBr), polisulfeto de brometo (PSB) e Redox de
vanádio (VRB).
vantagens desvantagens
Valor de potência e energia
independentes
Adequada a grandes aplicações
Tempo de vida longo
Descargas profundas
Mais complexo que as
baterias convencionais
Tecnologia em fase de
desenvolvimento
3.2. Especificações técnicas das tecnologias de armazenamento
A descrição de cada tecnologia apresentada na secção anterior não é suficiente para determinar
quais as tecnologias utilizadas na atenuação dos problemas da intermitência em larga escala. É
necessário um conhecimento das especificações técnicas de cada sistema para posteriormente se
proceder à realização de uma simulação e respetiva analise analítica. Nas páginas seguintes são
apresentadas as Tabela 3-6 e Tabela 3-7 que contêm informações como a densidade de energia,
potência, capacidade, custos de energia, rendimento, entre outras especificações. A construção de
projetos com características diferentes, a evolução tecnológica e a variações dos custos associados
aos sistemas dificultam a determinação com exatidão dos alguns dos parâmetros apresentados.
Apresentando uma gama de valores assegura-se que os parâmetros técnicos e económicos são
coerentes com os praticados.
Unidade de 34 MW a operar
em conjunto com uma estação
eólica (Rokkasho-
Futamata,Japão)
Uma unidade de células de
fluxo, composta por 2
soluções em 2 reservatórios
17
Tabela 3-6 Características técnicas das diferentes tecnologias de armazenamento em larga escala (a) [25][26][27]
Tecnologia
Densidade
de energia
(Wh/L)
Densidade
de
potência
(W/L)
Potência
(MW)
Capacidade
de energia
(MWh)
Custo de
investimento
(€/kW)
Custos de
manutenção
anual
%*
Hidroelétrico
reversível 1-2 0,5-1,5 100-5000 8000 1800-3600 1,5-2
Ar comprimido em
larga escala CAES 2-6 0,5-2 1000 2860 360-720 1,5-2
Ar comprimido
pequena escala
CAES
- - ~10 ~0.01 465-1395 -
Volante de Inércia 20-80 ~5000 0.1-20 5 225-315 1.5-2
Bateria Chumbo
ácido 50-90 10-400 0-40 40 270-540 1.5-2
Bateria iões de lítio 200-500 1500-
10000 1-100 400 380-1170 1.5-2
Bateria NaS 150-300 ~140-180 <34 244,8 315-2700 1,5-2
Bateria NiCd 60-150 80-600 0-40 6,75 450-1350 -
Bateria VRB 25-3 ~<2 50 <60 540 -1350 1,5-2
Bateria ZnBr 30-60 ~<25 1-10 4 630 – 2250 -
Bateria PSB ~20-30 ~<2 1-15 120
630
–2250 -
Condensador 2-10 100 000+ 0-0.05 - 180–360 1,5-2
Supercondesadores 10-30 100 000+ ~0,3+ 0,0005 90–270 1,5-2
Supercondutor
Magnético ~6 1000-4000 ~1-10 0,015 180–270 -
Combustível Solar 500-10000 - 0-10 - - -
Célula de
Combustível de
Hidrogénio
500-3000 500+ 58,8 39 (previsão) 1350-2700 -
Energia Térmica 200-500 - 0.1-300 - 90-240 1,5-2
Ar liquido 8-36 - 10-200 2,5 810-1440 1-2
*% relativa ao custo de investimento inicial
Os preços apresentados na tabela foram convertidos de dólares para euros à taxa de 1 euro por
0,89 dólar americano.
18
Tabela 3-7 Características técnicas das diferentes tecnologias de armazenamento em larga escala (b) [25][26][27]
Tecnologia
Auto
descarga
diária
(%)
Descarga
máxima
(%)
Vida útil
Eficiência
cíclica
(%)
Duração da
descarga
Tempo de
resposta (anos)
Ciclos
(#)
Hidroelétrico
reversível ~0 100 40-60
10 000-
30 000 75-85 1-24 h Minutos
Ar comprimido em
larga escala CAES ~0 100 20-40
8000-
12 000 70 1-24 h+ Minutos
Ar comprimido
pequena escala (à
superfície) CAES
~0 - 23+ 30 000 - <Minutos Segundos-
minutos
Volante de Inércia 100 100 20 21 000 ~90-95 Seg Segundos
Bateria Chumbo
ácido 0,1-0,3 60-70 5-15
500-
1000 75-80
Segundos-
horas Milissegundos
Bateria iões de
lítio 0,1-0,3 70 14-16
1000-
20 000 ~90-97
Minutos-
horas Milissegundos
Bateria NaS ~0 90 12-20 2500-
4500 ~75-90
Segundos-
horas -
Bateria NiCd 0.03-0.6 - 15-20 3500 60-83 Segundos-
horas Milissegundos
Bateria VRB ~0 100 ~20 12 000+ 75-85 Segundos-
24h+ <1/4 ciclo
Bateria ZnBr 0-1 - <25 2000+ 66-88 Segundos-
10h+ 4
Bateria PSB ~0 - 15 - ~60-75 Segundos-
10h+ Milissegundos
Condensador 40 - 1-10 50 000+ 70 Milisegundos-
1h Milissegundos
Supercondesadores 20-40 75 10-30 100
000+ -90-97 1 minuto Milissegundos
Supercondutor
Magnético 10-15 - 30
100
000+ ~90-97 30 minutos 0,015
Combustível Solar 0 - - - ~20-30 1-24h+ -
Célula de
Combustível de
Hidrogénio
~0 - 20+ 20 000+ 45-66 Segundos-
24h+ Segundos
Energia Térmica 0,05-1 100 30 - ~30-60 1-24h+ Segundos
Ar liquido ~0 100 25+ - 55-80 Varias horas Minutos
19
4. Soluções de armazenamento para compensação da intermitência
Nas ultimas décadas o armazenamento através das hidroelétricas reversíveis foi o standard das
tecnologias utilizadas. Baseados nos sistemas de geração hidroelétrica, os sistemas de
armazenamento através de barragens hidroelétricas reversíveis garantem elevados níveis de
potência e energia de armazenamento utilizando um baixo nível de complexidade tecnológica. Em
2015 a capacidade de energia armazenada na Europa foi superior a 50 GW, e cerca de 95% desta
energia foi armazenada através de sistema hidroelétricos reversíveis [28].
No entanto, nos últimos anos observou-se a um novo conceito de geração de energia elétrica com
níveis de potência e energia inferiores, mas em maior número e distribuídos pelo território. Estas
unidades de geração, na sua maioria de energia eólica e solar, fornecem grandes quantidades de
energia limpa, mas intermitente, o que levou ao desenvolvimento de novos sistemas mais versáteis
e com um menor impacto ambiental capazes de auxiliar os sistemas hidroelétrico reversível. Neste
capitulo são selecionados 4 sistemas de armazenamento alternativos à utilização de barragens
hidroelétricas reversíveis. Esta seleção é efetuada com base nas especificações técnicas dos
diferentes sistemas presentes na Tabela 3-6 e Tabela 3-7, e são agrupadas em 5 pontos, tais como:
área de aplicação; nível de potência, energia e tempo de descarga; volume densidade de energia e
potência; eficiência cíclica, auto-descarga e ciclos de descarga;
4.1. Área de aplicação
Na Tabela 4-1 são apresentadas as 3 principais áreas de aplicação dos sistemas de armazenamento
de energia. Para cada uma das áreas, são indicadas as características e especificações necessárias
de cada sistema, assim como exemplos de possíveis sistemas de armazenamento.
Tabela 4-1 - Áreas de aplicação dos sistemas armazenamento de energia em larga escala [26]
Área de aplicação Características e especificações Possíveis sistemas a utilizar
Qualidade de
energia
~ < 1 MW, tempo de resposta
(~milissegundos), duração da descarga
(milissegundos a segundos)
Volantes de inercia, baterias, SMES,
condensador, Supercondensador
Energia de
ligação
~100 kW – 10 MW, tempo de resposta (até ~
1s), tempo de descarga (segundos/minutos a
horas)
Baterias convencionais e de fluxo
Gestão de
intermitência
1-100 MW, tempo de resposta (minutos),
tempo de descarga (horas-dias)
Hídricas reversíveis, ar comprimido, TES,
baterias convencionais, baterias de fluxo
20
Da tabela 4-1 observa-se que os sistemas utilizados na gestão de intermitência apresentam
intervalos de potência mínima entre 1 e 100 MW, tempos de resposta de cerca de 1 minuto e
durações de descarga longas (de horas a dias). Analisando os dados presentes na Tabela 3-7
conclui-se que todas as tecnologias listadas têm tempos de resposta suficientemente rápidos para
a gestão de intermitência, no entanto nem todos os sistemas apresentam os níveis de potência de
duração de descarga necessários.
4.2. Nível de potência, energia e tempo de descarga
De acordo com os dados da Tabela 3-6 e com os níveis de potência e tempo de descarga necessários
para a gestão da intermitência indicados na tabela 4-1, obtém-se o diagrama da Figura 4.1. As
tecnologias de armazenamento são representadas por elipses coloridas abrangendo valores de
potência e energia existentes, permitindo representar não só sistemas em funcionamento como
também possíveis aplicações futuras. Adicionalmente, as elipses estão distribuídas numa escala
tempo de descarga de segundos a meses, ao longo das regiões transversais marcadas a tracejado.
Da análise da Figura 4.1 constata-se a relação entre os valores de potência e energia e tempos de
descarga, isto é, para um determinado valor de energia, quanto maior o nível de potência menor é
o tempo de descarga do sistema. O alinhamento das elipses com o eixo dos tempos de descarga
comprova a corelação entre os valores de potência e energia dos sistemas, onde considerando o
mesmo volume, uma maior densidade de potência corresponde a um aumento de energia. A região
a amarelo presente no canto superior direito delimita os níveis de potência, energia e tempos de
Supercondensador
Ar comprimido
grande escala
(large CAES)
Energia
Térmica (TES)
Hidroelétrico
reversível
Supercon
d.Magnéti
co SMES
Ar comprimido
pequena
escala
(small CAES)
Ácido-
chumbo
(lead-
acid)
Volante de
inércia (FES)
1 segundo 1 minuto 1 hora
1 dia
1 mês
Ar-liquido
Célula de
Combusti.
Energia
Po
tên
cia
Figura 4.1 - Comparação entre os níveis de energia, potência e tempo de descarga das diversas tecnologias [26]
21
Figura 4.2 Comparação da densidade de potência com a densidade de energia das diferentes tecnologias [26][10]
descarga adequados para a gestão de intermitência. Nesta região encontram-se não só os sistemas
hidroelétrico reversível (PHS) como também as baterias sódio-enxofre (NaS), baterias de fluxo
redox de vanádio (VRB), bateria convencionais de brometo de zinco (ZnBr), de iões de lítio (li-
ion), de ácido chumbo (PbA), de níquel-cádmio (NiCd), ar comprimido em larga escala (CAES),
e armazenamento de energia térmica (TES),
4.3. Volume, densidade de energia e potência
De acordo com os dados da Tabela 3-6 apresenta-se o gráfico da Figura 4.2 onde se comparada a
densidade de potência, a densidade de energia e o volume dos dispositivos.
Da análise do gráfico é possível observar que para determinado valor de potência quanto maior a
densidade de potência por unidade de volume menor será espaço ocupado pelo sistema de
armazenamento. Na região superior direita da figura situam-se as tecnologias mais compactas,
enquanto que no canto oposto se encontra as tecnologias com maior volume para o mesmo valor
de energia. Os sistemas de armazenamento de energia por condensadores e supercondesadores têm
a maior densidade de potência enquanto que as células de combustível garantem os maiores valores
de densidade de energia. Em aplicações de larga escala a densidade de energia e/ou potência pode
ser um fator a desprezar já que se prioriza elevados níveis de potência e energia face, não sendo o
volume ocupado uma restrição forte (ao contrário de aplicações de pequena escala em edifícios).
Densidade de energia (Wh/L)
Densid
ad
e d
e p
otê
ncia
(W
/L)
Diminuição do volume de armazenamento
Aumento do volume de
armazenamento
Condensador Supercondensador
Volante inércia
Célula de
Combustível
Ácido Chumbo
22
4.4. Eficiência cíclica, auto-descarga e ciclos de descarga
A eficiência cíclica relaciona o valor de energia utilizada no processo de armazenamento face ao
valor de energia útil que o sistema disponibiliza. As perdas de energia ocorridas ao longo do ciclo
podem ser causadas por transferências de calor com o meio exterior, fugas de ar, degradação
química das baterias, entre outras. Através dos dados da Tabela 3-7 constrói-se o diagrama da
Figura 4.3 onde se podem observar as eficiências cíclicas médias das tecnologias selecionadas no
ponto 4.2.
Figura 4.3 – Comparação da eficiência cíclica das diferentes tecnologias de armazenamento
No gráfico da Figura 4.3 observa-se que a maioria dos sistemas apresenta valores médios de
eficiência cíclica entre 70% e 93,5%. Com eficiências inferiores encontram-se os sistemas de
baterias de polisulfeto de brometo (PSB) e de energia térmica. Para além de eficiência cíclica
baixa, os sistemas de energia térmica são normalmente projetados para funcionar com centrais de
geração de energia solar térmica ou geotérmica. Dos sistemas inicialmente analisados, selecionam-
se os sistemas de ar comprimido, baterias convencionais de acido-chumbo (PbA), iões de lítio (Li-
ion), sódio-enxofre (NaS), níquel-cádmio (NiCd), brometo de zinco (ZnBr) e as baterias de fluxo
de redox de vanádio (VRB).
Os sistemas de armazenamento apresentam ainda uma percentagem de auto-descarga diária
provocada pela dissipação de energia sob a forma de dissipação de calor, fugas de ar, elétricas
durante o período de repouso ou de descarga. Analisando a Tabela 3-7, observa-se que das
tecnologias da Figura 4.3 apenas os sistemas de baterias de brometo de zinco (ZnBr) e de iões de
lítio apresentam perdas por auto-descarga diárias de 0-1% e 0,1-0,3%, respetivamente. No entanto,
o impacto desta percentagem no valor final de energia é praticamente nulo.
70 77,5
93,5
82,571,5
8077
67,5
45
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Ar
comprimido
Bateria acido-
chumbo
Bateria Li-ion Bateria NaS Bateria NiCd Baeria VRB Bateria ZnBr Bateria PSB Energia
Térmica
% e
fici
ênci
a cí
clic
a
23
As tecnologias de armazenamento utilizadas em aplicações de larga escala devem garantir um
elevado número de ciclos de carga e descarga, permitindo funcionar durante grandes períodos de
tempo. Para facilitar a comparação do número de ciclos entre sistemas analisa-se o gráfico da
Figura 4.4, contruído com base na gama de valores da Tabela 3-7.
Dos sistemas representados no gráfico da Figura 4.4 observa-se que os sistemas ar comprimido,
baterias de iões de lítio e baterias de fluxo de redox de vanádio (VRB) garantem um número médio
de ciclos igual ou superior a 10 000. Os sistemas de baterias de iões de lítio e de sódio-enxofre
(NaS) apresentam um número médio ciclos de 5500 e 3500, respetivamente. O número de ciclos
elevado permite o aumento da vida útil do sistema, o que provoca uma diminuição do custo final
de energia fornecida, pelo que foi este o critério final para selecionar os 4 sistemas de
armazenamento de energia elétrica a serem utilizados nesta dissertação.
É esperado que os sistemas selecionados garantam níveis de potência e energia adequados,
eficiências e durações de descarga elevadas e longos períodos de vida útil, características mínimas
para reduzir o impacto da geração renovável intermitente no sistema de energia elétrico.
Figura 4.4 – Gamas de ciclos que cada sistema de aramzenamento de energia realiza
10000
750
5500
35002900
12000
2000
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
Ar comprimido Bateria acido-
chumbo
Bateria Li-ion Bateria NaS Bateria NiCd Baeria VRB Bateria ZnBr
Nú
mer
o d
e ci
clo
s
24
25
5. Simulador e Casos de estudo
No âmbito do trabalho desenvolvido nesta dissertação foi criado um modelo de simulação
computacional no ambiente Matlab®. Este modelo permite receber um ficheiro no formato Excel
contendo dados de potência dos vários tipos de geração e de consumo ao longo de um dia,
distribuídos por intervalos de 15 minutos. Consoante as características das tecnologias de
armazenamento inseridas pelo utilizador, este emula o funcionamento e fornece dados sobre o
impacto técnico e económico das tecnologias de armazenamento no diagrama de carga em análise.
Neste capítulo é apresentado o modelo de simulação desenvolvido, seguido da explicação
detalhada do seu funcionamento. São ainda apresentados os dados técnicos de cada tecnologia a
inserir no simulador, e uma descrição detalhada dos diagramas de carga exemplo utilizados na
simulação.
5.1. Descrição do modelo de simulação
A Figura 5.1 (a) apresenta a interface gráfica do modelo desenvolvido, com os diversos campos
de entrada e de saída, e na Figura 5.1 (b) é apresentado um dos diversos diagramas obtidos no
simulador.
Na Figura 5.2 pode-se observar o diagrama de blocos da estratégia utilizada para controlar os
ciclos de energia e potência durante a carga e a descarga.
Figura 5.1 - (a) Exemplo de inserção de dados para a simulação; (b) diagrama de carga exemplo com e sem SAEE,
gerado no modelo de simulação
(a) (b)
26
Para facilitar a análise, cada um dos blocos é referenciado e associado aos diferentes pontos
descritos nas páginas seguintes. Por questões gráficas, as equações relativas às percentagens de
eficiência e auto-descarga não estão representadas no diagrama de blocos, no entanto serão
explicados ao longo desta secção
Ponto a) - Os diagramas diários de carga utilizados têm diferentes valores de potência de geração
e consumo, recolhidos em intervalos de 15 minutos, perfazendo um total de 96 amostras diárias.
Após a introdução dos ficheiros Excel no modelo, estes dados são armazenados nos respetivos
vetores.
Ponto b) - Através dos valores de potência de geração e consumo armazenados no ponto (a) são
calculados os valores de potência disponível para cada um dos 96 instantes através das equações
Figura 5.2 - Diagrama de blocos simplificado do algoritmo utilizado para o cálculo da energia armazenada e
descarregada
27
(1) e (2). Se o objetivo for comparar o total de potência gerada com a potência consumida, recorre-
se à equação (1). Caso se pretenda comparar os valores de potência renovável com os de potência
consumida em cada instante, aplica-se a equação (2). Os valores de potência resultantes são
armazenados num vetor denominado Pdisponivel (i).
𝑃𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑣𝑒𝑙(𝑖) = 𝑃𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙𝐺𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎(𝑖) − 𝑃𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎(𝑖) (1)
𝑃𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙(𝑖) = 𝑃𝑅𝑒𝑛𝑜𝑣á𝑣𝑒𝑙(𝑖) − 𝑃𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎(𝑖) (2)
Se o valor da subtração das equações (1) e (2) for positivo, existe energia em excesso, que se pode
armazenar e passa-se para região 1 da Figura 5.2. Caso contrário, existe necessidade de fornecer
energia ao SEE, o que corresponde à região 2 da Figura 5.2. Numa primeira fase desta descrição,
assume-se que é possível armazenar energia e como tal é analisada a região (1) do diagrama de
blocos.
Fase de armazenamento – região 1
Ponto c-1) - Começa-se por verificar se o valor de potência disponível Pdisponível (i), neste caso para
armazenar, é inferior ou não ao valor de potência máxima suportada pelo dispositivo de
armazenamento. Caso seja inferior, o valor de potência à entrada do sistema de armazenamento
poderá ser o próprio valor disponível nesse mesmo instante, Pdisponivel(i). Se for igual ou superior
ao valor máximo, o valor de potência que se pode armazenar é limitado pelo valor de potência
máxima do sistema, sendo nesse caso o valor de potência que se pode utilizar igual a Pmáxima.
Adicionalmente este valor de potência medida de 15 em 15 minutos é convertido em energia (em
MWh), através das equações (3) e (4).
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑣𝑒𝑙 (𝑖) = 𝑃𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙(𝑖)
4(3)
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑣𝑒𝑙 (𝑖) = 𝑃𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎
4(4)
Analisando o diagrama de blocos, observa-se que a energia disponível calculada na equação (3) é
utilizada no ponto f-1) e a equação (4) utilizada no ponto e-1). Nesta fase considera-se que a
potência fornecida pela rede é superior ao valor máximo suportado pelo sistema, o que resulta num
valor de energia disponível máximo, dado pela equação (4).
Ponto e-1) – Inicialmente verifica-se se o valor da soma da energia que a rede disponibiliza
(determinada pela equação (4)) com a energia do sistema de armazenamento ESA(i) é inferior, igual
ou superior à energia máxima do sistema (Emáx). Caso seja igual ou superior, a energia armazenada
28
atinge o valor máximo dado pela equação (7). Caso o valor de energia resultante do somatório seja
inferior à capacidade máxima o valor de energia armazenada será o valor do somatório dado pela
equação (8). Simultaneamente, o valor da energia que a rede fornece é afetado pelo rendimento, o
que provoca uma diminuição na quantidade de energia adicionada ao sistema. No entanto a
variável ESA(i) apenas guarda o valor de energia armazenada no sistema a cada 15 minutos, sendo
que este valor é alterado a cada iteração. Para que no final das 96 iterações seja possível calcular
as trocas de energia entre o sistema de armazenamento e a rede elétrica, e também, traçar os
diferentes diagramas de carga que se obtêm nas simulações, os valores de potência de carga e
descarga do sistema são armazenados num vetor denominado PSA15(i). Este vetor depende do valor
de energia disponibilizada pela rede, dos valores de potência e energia máximas suportados pelo
sistema, e do valor de energia armazenada.
De forma semelhante ao cálculo da energia, começa-se por analisar se a energia disponível
fornecida pela rede adicionada ao valor de energia presente no sistema de armazenamento é igual
ou superior ao valor máximo que o sistema pode armazenar. Caso o valor final de energia seja
superior ao valor máximo, o valor de potência de carregamento do sistema para um determinado
instante é calculado pela equação (6). Como o valor de potência disponível da rede resulta num
valor de energia superior á capacidade do sistema, o valor de potência de carregamento naquele
instante é calculado pela diferença entre o valor de energia nominal e a energia já armazenada no
sistema, multiplicado por 4. Simultaneamente, o valor de potência é afetado de forma inversa pela
percentagem de rendimento. Ou seja, para um menor rendimento maior os níveis de potência
absorvida pelo sistema, necessários para compensar as perdas de energia que ocorrem no sistema.
Caso a soma da energia disponível da rede com a quantidade já armazenada seja inferior ao valor
de energia nominal do sistema, o valor de potência armazenada é igual ao valor de potência do
ponto c-1), ou seja, a potência máxima (equação (9)).
Adicionalmente, os sistemas de armazenamento com auto-descarga apresentam perdas de energia.
Para calcular tais perdas, começa-se por dividir o respetivo valor em percentagem, em períodos de
15 minutos, ou seja, por 96 períodos ao longo de um dia, através da equação (5).
%𝑎𝑢𝑡𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎15 𝑚𝑖𝑛 = %𝑎𝑢𝑡𝑜𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎
4 ×24(5)
Esta percentagem afeta o valor de energia armazenada no sistema como se verifica na equação (8).
𝒔𝒆 (𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂 𝒅𝒊𝒔𝒑𝒐𝒏𝒊𝒗𝒆𝒍 + 𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂𝑺𝑨) ≥ 𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂𝒎á𝒙𝒊𝒎𝒂
𝑃𝑆𝐴15(𝑖) = (𝐸𝑚𝑎𝑥 − 𝐸𝑆𝐴(𝑖)) × 4 × (2 − 𝜂) (6)
29
𝐸𝑆𝐴(𝑖) = 𝐸𝑚𝑎𝑥 (7)
𝒔𝒆 (𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂 𝒅𝒊𝒔𝒑𝒐𝒏𝒊𝒗𝒆𝒍 + 𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂𝑺𝑨) < 𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂𝒎á𝒙𝒊𝒎𝒂
𝐸𝑆𝐴(𝑖) = 𝐸𝑆𝐴(𝑖 − 1) + 𝐸𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙(𝑖) × 𝜂 × (1 − %𝑎𝑢𝑡𝑜𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎) (8)
𝑃𝑆𝐴15(𝑖) = 𝑃𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 (9)
Caso o valor da potência disponível no ponto c-1) seja inferior ao valor máximo de potência do
sistema, o cálculo do valor de energia disponível é dado pela equação (3). Dá-se assim inicio à
análise do ponto f-1).
Ponto f-1) - À semelhança do que acontece no ponto e-1) os valores de ESA(i) e de PSA15(i) são
dados pelas equações (10)(11)(12)(13) diferindo apenas na equação (13), onde o valor de potência
armazenada no vetor PSA15 (i) é inferior ao valor de potência máxima.
𝒔𝒆 (𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂 𝒅𝒊𝒔𝒑𝒐𝒏𝒊𝒗𝒆𝒍 + 𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂𝑺𝑨) ≥ 𝑬𝒎á𝒙𝒊𝒎𝒂
𝑃𝑆𝐴15(𝑖) = (𝐸𝑚𝑎𝑥 − 𝐸𝑆𝐴(𝑖)) × 4 × (2 − 𝜂) (10)
𝐸𝑆𝐴(𝑖) = 𝐸𝑚𝑎𝑥 (11)
𝒔𝒆 (𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂 𝒅𝒊𝒔𝒑𝒐𝒏𝒊𝒗𝒆𝒍 + 𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂𝑺𝑨) < 𝑬𝒎á𝒙𝒊𝒎𝒂
𝐸𝑆𝐴(𝑖) = 𝐸𝑆𝐴(𝑖 − 1) + 𝐸𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙(𝑖) × 𝜂 × (1 − %𝑎𝑢𝑡𝑜𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎) (12)
𝑃𝑆𝐴15(𝑖) = 𝑃𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙 (13)
Assume-se agora que o valor de potência disponível no ponto b) é negativo. Dá-se inicio à
descrição da região (2) do diagrama de blocos.
Fase de descarga – região 2
Ponto c-2) – Inicialmente é verificado se o módulo do valor da potência disponível nesse instante
é inferior ao valor de potência máxima suportada pelo dispositivo de armazenamento. Caso seja
inferior, o valor de potência a utilizar será o valor disponível no instante Pdisponivel(i), valor
calculado através da equação (3). Caso o valor de potência disponível seja igual ou superior à
potência máxima suportada pelo sistema, utiliza-se o próprio valor de potência máxima (Pmáxima)
e o cálculo da respetiva energia é realizado através da equação (4). Na região 2, a energia
disponível calculada pela equação (3) é utilizada no ponto e-2) e a equação (4) utilizada no ponto
f-2).
Ponto e-2) - Começa-se por subtrair o módulo do valor de energia disponível à energia
previamente armazenada, e analisa-se se o valor de energia resultante é inferior, igual ou superior
30
ao valor de energia mínimo. Caso este seja igual ou superior, o valor de ESA(i) é dado pela equação
(15). Se o valor da subtração for inferior à energia mínima (Emin) o valor de energia no sistema é o
indicando pela equação (17). Ao mesmo tempo, calcula-se o valor de potência que o sistema de
armazenamento fornece em cada instante pelas equações (14) e (16). Este valor de energia mínima
é também designado por energia de manutenção, e permite minimizar a degradação dos
componentes químicos ao longo dos ciclos.
Para calcular as perdas de energia que ocorrem por auto-descarga durante a fase de descarga, é
utilizado o valor de percentagem de auto-descarga distribuída por períodos de 15 minutos ao longo
de um dia (como calculado na equação (13)). A cada iteração o sistema descarrega uma
percentagem de energia afetando o valor de energia armazenada através da equação (17).
𝒔𝒆 (𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂𝑺𝑨 − |𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂 𝒅𝒊𝒔𝒑𝒐𝒏𝒊𝒗𝒆𝒍|) < 𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂𝒎𝒊𝒏𝒊𝒎𝒂
𝑃𝑆𝐴15(𝑖) = (𝐸𝑚𝑖𝑛𝑖𝑚𝑎 − 𝐸𝑆𝐴(𝑖)) × 4 (14)
𝐸𝑆𝐴(𝑖) = 𝐸𝑚𝑖𝑛𝑖𝑚𝑎 (15)
𝒔𝒆 (𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂 𝒅𝒊𝒔𝒑𝒐𝒏𝒊𝒗𝒆𝒍 + 𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂𝑺𝑨 ≥ 𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂𝒎𝒊𝒏𝒊𝒎𝒂
𝑃𝑆𝐴15(𝑖) = 𝑃𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙(𝑖) (16)
𝐸𝑆𝐴(𝑖) = (𝐸𝑆𝐴(𝑖 − 1) − |𝐸𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑣𝑒𝑙(𝑖)|)×(1 − %𝑎𝑢𝑡𝑜𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎) (17)
Ponto f-2) - Caso o módulo do valor de potência disponível em c-1) seja inferior ao valor máximo
de potência suportado pelo sistema, o cálculo da respetiva energia é dado pela equação (4). À
semelhança do que acontece em e-2) os valores de ESA(i) e de PSA15(i) são dados pelas equações
(18)(19)(20)(21) .
𝒔𝒆 (𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂𝑺𝑨 − |𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂 𝒅𝒊𝒔𝒑𝒐𝒏𝒊𝒗𝒆𝒍|) < 𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂𝒎í𝒏𝒊𝒎𝒂
𝑃𝑆𝐴15(𝑖) = (𝐸𝑚𝑖𝑛𝑖𝑚𝑎 − 𝐸𝑆𝐴(𝑖)) × 4 (18)
𝐸𝑆𝐴(𝑖) = 𝐸𝑚𝑖𝑛𝑖𝑚𝑎 (19)
𝒔𝒆 (𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂 𝒅𝒊𝒔𝒑𝒐𝒏𝒊𝒗𝒆𝒍 + 𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂𝑺𝑨 ≥ 𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂𝒎í𝒏𝒊𝒎𝒂
𝑃𝑆𝐴15(𝑖) = −𝑃𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 (20)
𝐸𝑆𝐴(𝑖) = (𝐸𝑆𝐴(𝑖 − 1) − |𝐸𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑣𝑒𝑙(𝑖)|)×(1 − %𝑎𝑢𝑡𝑜𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎) (21)
No fim de analisadas as 96 iterações o vetor PSA15(i) contêm todos os valores de potência
armazenada e descarregada pelos sistemas de armazenamento para cada instante. Com este vetor
31
é possível construir os diagramas de carga a analisar em cada caso, e também calcular a energia
final que foi armazenada e descarregada por cada sistema.
5.2. Dados técnicos de cada tecnologia
Na Tabela 5-1 e na Tabela 5-2 encontram-se as especificações técnicas dos sistemas de
armazenamento de energia a utilizar nas simulações. Estes dados foram adaptados ou calculados
através dos dados previamente apresentados (Tabela 3-6, Tabela 3-7) e são descritos com detalhe
ao longo desta secção.
Tabela 5-1 Dados técnicos dos sistemas de armazenamento de energia utilizados nas simulações
Tecnologia
Potência
nominal
MW
Energia
nominal
MWh
Energia
mínima
%
Energia mínima
MWh
Eficiência
cíclica
(%)
Auto
descarga
Diária (%)
Ar comprimido 400 2375 0 0 70 0
Bateria iões de lítio 400 1600 30% 480 93,5 0,2
Baterias sódio-
enxofre 400 2400 10% 240 82,5 0
Baterias VRB 400 1600 0 0 80 0
Tabela 5-2 Dados técnicos dos sistemas de armazenamento de energia utilizados nas simulações
Tecnologia
Vida útil
(ciclos)
Vida útil
(anos)
Custo investimento
(€/kW)
Custo de
manutenção
(%)
Ar comprimido 10000 36,5 540 1,75
Bateria iões de lítio 5500 20,1 775 1,75
Baterias sódio-
enxofre
3500 12,8 1507 1,75
Baterias VRB 12000 31 795 1,75
Começa-se por analisar a escolha dos valores de potência indicados na Tabela 5-1. Tratando-se de
uma simulação para o SEE em território nacional, considerou-se a utilização de várias instalações
de armazenamento de energia distribuídas ao longo do território. Tomando como exemplo a
construção de 8 unidades de sistemas de armazenamento de baterias de iões de lítio com 201 MW
no Reino Unido [28], e considerando que Portugal tem uma taxa de geração renovável duas vezes
superior [2] opta-se por utilizar como valor de potência máxima de carga total de 400 MW para
todas as tecnologias.
Após a seleção do valor de potência máxima a utilizar, é calculada a capacidade de energia que
cada sistema armazena. Na Tabela 5-3 encontram-se alguns exemplos recentes de unidades de
armazenamento de energia utilizando as tecnologias selecionadas, que serviram de base para o
32
calculo da energia nominal de cada sistema. Outra alternativa seria a utilização dos valores de
densidade de potência e de energia por unidade de volume. No entanto, as gamas de valores da
Tabela 3-6 são muito amplas, pelo que não garantem que a relação entre a potência instalada e a
capacidade de energia seja a mais correta. Utilizando como referência sistemas concretos em
operação ou em fase de projeto permite realizar uma análise a curto e a longo prazo, com sistemas
de armazenamento de energia mais próximos da realidade.
Tabela 5-3 Exemplo de sistemas de armazenamento recentes, em operação ou em fase de projeto [29][30][31][32]
Sistema de
armazenamento Localização Operação/Inicio
Potência
(MW)
Energia
(MWh)
Ar comprimido Larne, Reino Unido Previsto para 2017 330 1980
Bateria Li-ion Fukushima, Japão Operação desde 2016 40 40
Long Beach, EUA Previsto para 2020 100 400
Bateria NaS Buzen, Japão Operação desde 2016 50 300
Bateria de fluxo
VRB
Abira-Chou, Japão Operação desde 2016 15 60
Dalian, EUA Previsto para 2020 20 80
Da relação direta entre o valor de potência referido anteriormente e os valores de potência e de
energia das unidades de armazenamento da Tabela 5-3, calculam-se os valores de energia dos
sistemas a utilizar na simulação (Tabela 5-1). Para o caso do armazenamento através de ar
comprimido utilizam-se os dados de um sistema de armazenamento real projetado em Larne,
Reino Unido com uma potência nominal de 330 MW e energia de 1980 MWh. Juntamente com o
valor de potência máxima de 400 MW e através da equação (22) determina-se o valor de energia
máxima.
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑚𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜 =𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑚𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜×𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙
(22)
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑚𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜 =400 𝑀𝑊×1980 𝑀𝑊ℎ
330 𝑀𝑊= 2375 𝑀𝑊ℎ
Com base nos valores do sistema de baterias de iões de lítio (Li-ion) projetado em Long Beach,
Estados Unidos da América e da equação (22) obtêm-se um valor de energia de 1600 MWh. Para
o sistema de baterias de sódio-enxofre (NaS) a operar em Buzen no Japão calcula-se um valor de
energia de 2400 MWh e com base no sistema de baterias de fluxo de vanádio redox (VRB) a operar
em Abira-Chou no Japão, obtêm-se um valor de energia nominal de 1600 MWh. Para garantir
estes níveis de potência e energia considera-se que serão instaladas várias unidades de
armazenamento distribuídas pelo SEE. Analisando os valores de energia da Tabela 5-1 e da Tabela
33
5-3 estima-se que no caso do sistema de armazenamento através de ar comprimido será necessário
construir 2 unidades de armazenamento. No caso dos sistemas de baterias de iões de lítio será
necessário a construção de 4 unidades, para os sistemas de baterias de sódio-enxofre 8 e para os
sistemas de baterias de redox de vanádio 20. Comparando com o projeto realizado no Reino Unido,
estas estimativas são exequíveis. A energia mínima dos sistemas está diretamente relacionada com
o valor de energia nominal do sistema. Tomando como exemplo o sistema de baterias de iões de
lítio, foi considerado um estado de carga mínima de 30% do valor de energia nominal, de forma a
prolongar a vida útil das baterias. Com uma capacidade de 1600 MWh o valor de energia mínima
corresponde a 480 MWh. Para as baterias de sódio-enxofre, a energia de manutenção é de 240
MWh.
Os valores de eficiência cíclica e auto-descarga são recolhidos diretamente ou através do calculo
da média da gama de valores da Tabela 3-7.
Procede-se agora à análise dos parâmetros da Tabela 5-2. Os sistemas de armazenamento podem
armazenar e descarregar a sua energia no mesmo dia, perfazendo um ciclo diário. No entanto,
observa-se que em alguns casos a energia é armazenada num determinado dia, e reutilizada no dia
seguinte. Considera-se então que o ciclo completo ocorre num período de superior a 24h, e que
em média, cada tecnologia realiza 75% do seu ciclo num dia, ou seja, 0,75 ciclos. Através da
equação (23) estima-se a vida útil em anos para cada tecnologia.
𝑉𝑖𝑑𝑎 𝑢𝑡𝑖𝑙𝑎𝑛𝑜𝑠 =#𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠 𝑑𝑜 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎
0,75×365 (23)
Tomando como exemplo o sistema de ar comprimido, a vida útil em anos para este tipo de
aplicação, é dada pela equação (24). O cálculo da vida útil para os restantes sistemas segue o
mesmo raciocínio.
𝑉𝑖𝑑𝑎 𝑢𝑡𝑖𝑙𝑎𝑛𝑜𝑠 =10 000
0,75×365= 36,5 𝑎𝑛𝑜𝑠 (24)
No caso do sistema de redox de vanádio verificou-se que o calculo da vida útil baseado no número
de ciclos resultou num valor final de 43,8 anos, valor muito superior ao que normalmente é
observado neste tipo de sistema (aproximadamente 20 anos, ver Tabela 3-7). Para considerar a
possível degradação dos sistemas, o valor de vida útil é dado pela média entre o valor calculado e
o valor da Tabela 3-7, o que resultou num valor final cerca de 31 anos.
Os custos de investimento por nível de potência instalada são obtidos através do calculo da média
da gama de valores apresentados na Tabela 3-6. Os custos de manutenção e operação dos sistemas
34
são dados uma percentagem do custo de investimento inicial, e o valor de percentagem usado é
calculado através da media da gama de valores, de 1,5% a 2%, presentes na Tabela 3-6.
5.3. Casos de estudo
Nesta secção são apresentados 5 casos de estudo que representam as principais alterações nos
diagramas de carga causadas pela geração de energia elétrica intermitente.
Caso 1 - na Figura 5.3 é apresentado o diagrama de carga relativo ao dia 10-03-2014 onde se
observa o problema de geração renovável em excesso no período noturno, e em falta no período
diurno.
Da análise do diagrama observa-se que entre as 0:00h e as 7:00h o consumo noturno atinge valores
baixos. Após as 7:00h o número de cargas no sistema aumenta o que provoca uma subida na curva
do consumo, que supera os níveis de geração renovável por volta das 13:00h. Da análise dos
valores de potência do diagrama calcula-se que no período (a) estão disponíveis 14797 MWh de
energia renovável. No período (b), os níveis de energia renovável são inferiores aos níveis de
consumo e para compensar esta diminuição os sistemas de geração fóssil forneceram 1980 MWh.
Após o pico de consumo que ocorre às 19:30h, as cargas no sistema elétrico diminuem, e observa-
se que na região (c) os níveis de geração renovável voltam a ser superiores ao consumo. Neste
período estão disponíveis 684 MWh de energia renovável. Neste caso, a utilização de sistemas de
armazenamento interligados com a rede permite armazenar energia em excesso nos períodos (a) e
(c) e reutilizá-la no período (b), evitando assim recorrer a energias fósseis. A possibilidade de
armazenar a energia permite também uma melhor gestão da exportação de energia, sendo possível
exportar apenas nos períodos economicamente mais vantajosos. A utilização de sistemas de
armazenamento traz benefícios ambientais através da diminuição da geração de energia fóssil e
Figura 5.3 - Diagrama de carga do dia 10-03-2014
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Renovaveis Fosseis Importada
Geração Consumo
horas
MW
a b
c
35
também económicos, já que permitem uma melhor gestão das trocas de energia com os mercados
externos.
Caso 2 – na Figura 5.4 (a) é apresentado o diagrama de carga relativo ao dia 6-02-2014. Neste
diagrama são observados níveis de geração renovável excessivos durante grandes períodos de
tempo. Na Figura 5.4 (b) observa-se as variações do preço de energia elétrica ocorridas nesse
mesmo dia.
Da análise do diagrama de carga da Figura 5.4 (a) verifica-se que os níveis de energia renovável
perfazem praticamente a totalidade da energia gerada (linha a preto), e superam os níveis de
consumo em cerca de 34345 MWh. A proximidade geográfica de Espanha faz com que as
condições meteorológicas e os níveis de geração renovável sejam semelhantes. Nesta situação não
existe necessidade de exportar energia, o que causa uma redução no preço de mercado. Na Figura
5.4 (b) verifica-se que neste dia o preço da energia no SEE português foi muito baixo, tendo mesmo
sido nulo num período de cerca de 16 horas, o que resultou num preço médio da energia gerada de
apenas 1,55 €/MWh [33]. Com a utilização de sistemas de armazenando tem-se a possibilidade de
limitar a quantidade de energia exportada, transferindo-a para sistemas de armazenando. Apesar
de não trazer benefícios económicos imediatos, o armazenamento de energia permite mais tarde,
compensar variações, suavizar diagramas de carga ou na exportação de energia com custos mais
elevados.
Caso 3 – na Figura 5.5 é apresentado o diagrama de carga relativo ao dia 30-08-2014, onde se
verificam níveis geração renovável reduzidos durante longos períodos de tempo.
(b)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Renovaveis Fosseis Geração ConsumoMW
horas
Figura 5.4 - Diagrama de carga do dia 6-02-2014 (a) gráfico dos custos de energia ao
longo do dia (b) [33]
0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Preço da energia no SEE português (EUR/MWh)
horas (a)
36
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Renováveis Fósseis Importada
Geração ConsumoMW
horas
Da análise do diagrama da Figura 5.5 verifica-se que os níveis de geração renovável foram muito
inferiores face aos valores de energia gerados no caso 1 e caso 2. Os níveis de energia consumida
foram garantidos pelo aumento dos níveis não só pela geração de energia fóssil como também pela
importação de cerca 64115 MWh de energia (região a roxo). De forma semelhante ao caso anterior,
os níveis de energia renovável gerados no território espanhol são reduzidos. No entanto, através
da utilização de centrais de energia nuclear o SEE espanhol permite gerar e exportar elevados
níveis de energia. A utilização de sistemas de armazenamento permite diminuir ou até eliminar a
necessidade de importar energia a elevados custos, diminuindo assim os custos finais de energia
do sistema. Neste tipo de situações onde não ocorrem excessos de energia renovável, toda a energia
fornecida pelos sistemas é armazenada num dia anterior.
Caso 4 - na Figura 5.6 são apresentados dois diagramas de carga relativos ao dia 17-05-2018, onde
se observa uma descida acentuada nos níveis de geração num curto período de tempo
(b)
Figura 5.5 - Diagrama de carga do dia 30-08-2014
Figura 5.6 - Diagramas de carga do dia 17-05-2014
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Renováveis Fósseis Importada
Geração Consumo
ab c
MW
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Renováveis EólicaMW
horas horas (a)
37
0
200
400
600
800
1000
1200
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Real Previsão
MW
horas
a
b
c
Figura 5.7 - Diagrama de carga da energia prevista e gerada no dia 8-08-2014
Na Figura 5.6 (a) verifica-se que no período (a) foi necessário importar 870 MWh, e no período
(b) o aumento de energia renovável provocou um excesso de 2963 MWh. Após as 10:30h verifica-
se uma diminuição acentuada dos níveis de energia renovável, ao mesmo tempo que existe um
aumento do consumo. No período (c) foi necessário importar 18084 MWh de energia. Na figura
5.6 (b) observa-se que cerca de metade da geração renovável tem como base a energia eólica. Esta
dependência faz com que as variações na velocidade do vento provoquem um grande impacto na
geração renovável total. Utilizando tecnologias de armazenamento de energia existe a
possibilidade de reutilizar energia no período (a) e (c), e armazenar energia em excesso que se
verifica no período (b).
Caso 5 – na Figura 5.7 é apresentado o diagrama de carga relativo ao dia 8-08-2014. Este diagrama
exemplo representa o erro entre as previsões e os valores de energia renovável gerada.
Da análise do diagrama é possível observar os valores de potência previstos e a curva de potência
realmente gerada. Estes dados são recolhidos em estações de monitorização interligadas com as
algumas unidades de geração eólica, e correspondem a cerca de metade da geração total. No
período (a) e (c) observa-se que os níveis de energia gerados foram superiores aos previstos em
cerca de 1406 MWh e 1193 MWh, respetivamente. Como a gestão e o dimensionamento prévio
das unidades de geração é feito com base os valores previstos, estas variações não esperadas
poderão provocar níveis de geração superiores ao consumo. No período (b) as previsões de níveis
baixos de geração eólica obrigaram ao reajuste das unidades de reserva operacional ou à
importação de energia, de modo fornecer os 1592 MWh em falta que não foram gerados. A
utilização de um sistema de armazenamento permite atenuar estas variações, movimentando a
energia em excesso não prevista para os períodos em que os níveis gerados foram inferiores aos
previstos.
38
39
6. Simulações e Análise dos Resultados
No capítulo 6 são realizadas as simulações dos diferentes casos de estudo. Para cada caso é
apresentado o respetivo diagrama de carga, e sob a forma de tabela os valores de energia mínima
armazenada e descarregada, níveis de potência, custos do investimento e manutenção e
percentagens de energia. Através dos valores de custo e energia é calculado custo final da energia
ao longo do período simulado. No fim da seção é realizada uma análise individual e coletiva aos
sistemas simulados.
6.1. Resultados dos casos de estudo
Os custos anuais de investimento e manutenção de cada sistema dependem do nível de potência
inicialmente instalada e dos anos de vida útil de cada sistema. Independente do tipo de casos a
analisar, estes valores são calculados à parte e são apresentados na Tabela 6-1.
Tabela 6-1 Tabela de custos assciados aos sistemas de aramzenaento totais e anuais
Tecnologia
Custo
investimento
M€
Custo de
manutenção
M€
Vida
útil
anos
Custo
investimento
M€/ano
Custo de
manutenção
M€/ano
Custo Total
do sistema
M€/ano
Ar comprimido 216 37,8 ~36 6 1,05 7,05
Bateria iões de
lítio 310 54,25 ~20 15,5 2,71 18,21
Baterias sódio-
enxofre 602,8 105,49 ~12 50,23 8,79 59,02
Baterias VRB 278 48,65 ~31 13,23 2,31 15,55
Durante a simulação dos diferentes casos verificou-se uma semelhança entre os diagramas de carga
obtidos para cada sistema, assim numa primeira fase, opta-se por dar especial atenção ao sistema
de baterias de iões de lítio. Caso se verifique uma diferença significativa entre os valores de
potência e energia obtidos no simulador, são apresentados os diagramas de carga de outros
sistemas. Em anexo, são apresentados os diagramas de carga das restantes tecnologias.
Caso 1 – Geração renovável em excesso no período noturno, e em falta nos períodos diurnos
Na Figura 6.1 apresentam-se 2 diagramas gerados através do modelo de simulação em Matlab®.
O diagrama de carga da Figura 6.1 (a) representa o impacto da interligação do sistema de
armazenamento de energia de baterias de iões de lítio. A curva a verde representa os níveis de
potência gerados através de fontes renováveis, a curva a vermelho os níveis de potência gerados
40
pelas renováveis em conjunto com um sistema de armazenamento e a curva a amarelo é relativa
aos níveis de consumo. A Figura 6.1 (b) representa os níveis de potência de carga e descarga do
sistema de armazenamento.
(a) (b)
Figura 6.1 - Diagrama de carga relativos ao caso 1 utilizando sistemas de baterias de iões de litio (a) diagrama de
carga e descarga do sistema de baterias de iões de litio (b)
Do modelo de simulação obtêm-se os diversos valores apresentados nas Tabela 6-2 e Tabela 6-3.
Tabela 6-2 Diferentes valores de potência e energia dos 4 sistemas obtidos na simulação do caso 1
Tecnologia Potência
MW
Energia
mínima
MWh
Energia
inicial
MWh
Energia de
armazenamento (a)
MWh
Energia de
descarga (b)
MWh
Energia de
armazenamento (c)
MWh
Ar
comprimido 400 0 0 3385,47 1857,93 590,48
Bateria iões
de lítio 400 480 480 1199,26 1119,63 590,48
Baterias
sódio-enxofre 400 240 240 2614,56 1857,93 590,48
Baterias VRB 400 0 0 1996 1600 590,48
Tabela 6-3 Diferentes valores de energia e percentagem dos diversos sistemas simulados no caso 1
Tecnologia
Energia
disponível
MWh (a)
% de
energia
utilizada (a)
Energia
necessária
MWh (b)
% de energia
descarregada (b)
Energia
disponível
MWh (c)
% de energia
armazenada (c)
Ar
comprimido 14797,1 22,9 1979,63 93,8 683,61 86,4
Bateria iões
de lítio 14797,1 8,1 1979,63 56,1 683,61 86,4
Baterias
sódio-enxofre 14797,1 17,7 1979,63 93,8 683,61 86,4
Baterias VRB 14797,1 13,5 1979,63 80,8 683,61 86,4
a
b c
41
Da análise da Figura 6.1 (a) observa-se que no período entre as 0:00h e as 4:00h parte da energia
renovável produzida foi transferida para os sistemas de armazenamento de baterias de iões de lítio,
o que resultou numa diminuição dos níveis de potência da curva a vermelho. De notar que os
valores de energia de armazenamento não correspondem à energia descarregada, pois uma menor
eficiência cíclica resulta num consumo adicional de energia de modo a compensar as perdas.
Na Figura 6.1 (b) observa-se que a potência de carga se fixou nos 400 MW ao longo de todo o
período. Após as 4:00h o sistema atinge a capacidade máxima e entra na fase de repouso. Nesta
fase os níveis de potência mantêm-se ligeiramente superiores a 0 MW, permitindo compensar as
perdas de energia que ocorrem por auto-descarga.
Por volta das 13:00h os níveis de potência do consumo superam os da geração, e o sistema inicia
a fase de descarga. Neste período o sistema fornece 1119,63 MWh, cerca de 56% do valor
necessário. Da análise da curva de carga e descarga observa-se também que às 15:00h e 16:00h os
níveis de descarga atingem o valor de –400 MW. O valor de potência fornecida à rede é
momentaneamente limitado pelo sistema, e da análise da Figura 6.1 (a) observa-se que nestes
instantes a curva a vermelho não atinge os valores do consumo. Por volta das 17:00h o sistema
atinge o valor de energia mínima e o descarregamento é interrompido.
No período c) existem 683,61 MWh de energia disponível. No entanto, como os valores de
potência disponível são superiores aos valores suportados pelo sistema, há um aproveitamento de
86% da energia em excesso.
Neste caso, era esperado que a utilização de um sistema de armazenamento permitisse armazenar
os níveis de energia renovável em excesso nos períodos noturnos e reutiliza-los nos períodos
diurnos. Da análise dos dados da Tabela 6-2 e Tabela 6-3 conclui-se que apesar de não ter sido
possível armazenar mais que 22,9% da energia em excesso, os sistemas de armazenamento
fornecem até um máximo de 93,8% da energia em falta. Adicionalmente, foram armazenados
cerca de 590 MWh de energia, que poderá ser reutilizada num outro caso.
Caso 2 - Níveis de geração renovável elevados ao longo do dia
Na Figura 6.2 (a) é apresentado o diagrama de carga utilizando sistemas de armazenamento com
baterias de iões de lítio, onde são representados os níveis de potência do total de energia renovável
gerada com e sem sistema de armazenamento e também os níveis de potência do consumo total.
Na Figura 6.2 (b) o diagrama de carga e descarga do sistema de armazenamento representa os
níveis de potência de armazenamento do sistema de armazenamento de baterias de iões de lítio.
42
(a) (b)
Figura 6.2 - Diagrama de carga relativos ao caso 2 utilizando sistemas de baterias de iões de litio (a) diagrama de
carga e descarga do sistema de baterias de iões de litio (b)
Na Tabela 6-4 e na Tabela 6-5 são apresentados os dados obtidos na simulação.
Tabela 6-4 Diferentes valores de potência e energia dos 4 sistemas obtidos na simulação do caso 2
Tecnologia Potência
(MW)
Energia
mínima
(MWh)
Energia
inicial
(MWh)
Energia
armazenada
(MWh)
Energia
descarregada
(MWh)
Ar comprimido 400 0 0 3385,47 0
Bateria iões de
lítio 400 480 480 1200,43 0
Baterias sódio-
enxofre 400 240 240 2614,56 0
Baterias VRB 400 0 0 1996 0
Tabela 6-5 Diferentes valores de energia e percentagem dos diversos sistemas simulados no caso 2
Tecnologia
Energia
disponível
(MWh)
Energia
armazenada
(%)
Ar comprimido 34345,1 9,6
Bateria iões de
lítio 34345,1 3,5
Baterias sódio-
enxofre 34345,1 7,6
Baterias VRB 34345,1 5,8
Da análise do diagrama de carga da Figura 6.2 (a) observa-se que os níveis de geração renovável
são superiores ao consumo ao longo de todo o dia. Assim, o carregamento do sistema é inicializado
às 0:00 horas à potência máxima de 400 MW e atinge a capacidade máxima ás 4:00 h. Da Tabela
6-4 e Tabela 6-5 verificou-se que neste dia o sistema de baterias de iões de lítio armazenou 1200
43
MWh, que corresponde a apenas 3,5% da energia total disponível. O sistema de redox de vanádio
armazenou 5,8% de energia, e os sistemas de ar comprimido e sódio enxofre 9,6% e 7,6%
respetivamente.
No diagrama de carga e descarga da Figura 6.2 (b) observa-se a variação dos valores de potência
de carga da bateria. De forma semelhante ao que se verifica no caso 1, os níveis de potência
mantêm-se ligeiramente acima de 0, de forma a compensar as perdas por auto-descarga ocorridas
ao longo do dia. Este consumo adicional de energia permite que no final do período o sistema de
baterias de iões de lítio mantenha o valor de energia nominal.
No caso 2, o objetivo principal consistia em reduzir os níveis excessivos de energia renovável na
rede elétrica, de forma a diminuir os custos finais de energia. Da análise dos diagramas e valores
obtidos verifica-se os sistemas de armazenamento simulados permitiram uma redução entre 9,6%
e 3,5% do excesso de geração renovável, que o impacto provocado no SEE não foi significativo.
Caso 3 - Baixo nível de geração renovável face ao consumo total
Na Figura 6.3 (a) e (b) são apresentados dois diagramas relativos à utilização de sistemas de
armazenamento com baterias de iões de lítio e de ar comprimido, respetivamente. Em ambos os
diagramas são representadas as curvas da potência renovável gerada, a da potência total gerada
com e sem sistema de armazenamento, e a curva da potência consumida.
(a) (b)
Figura 6.3 - Diagramas de carga relativos ao caso 3 utilizando sistema de baterias de iões de litio (a) e ar
comprimido (b)
Na Tabela 6-6 e na Tabela 6-7 são apresentados os dados obtidos na simulação.
44
Tabela 6-6 Diferentes valores de potência e energia dos 4 sistemas obtidos na simulação do caso 3
Tecnologia Potência
(MW)
Energia
mínima
(MWh)
Energia
inicial
(MWh)
Energia
armazenada
(MWh)
Energia
descarregada
(MWh)
Ar comprimido 400 0 2375,75 0 2375,75
Bateria iões de lítio 400 480 480 + 1120 0 1119
Baterias sódio-
enxofre 400 240 240 + 2160 0 2160
Baterias VRB 400 0 1600 0 1600
Tabela 6-7 Diferentes valores de energia e percentagem dos diversos sistemas simulados no caso 3
Tecnologia
Energia
necessária
(MWh)
energia
descarregada
(%)
Ar comprimido 64115,3 3,7
Bateria iões de lítio 64115,3 1.7
Baterias sódio-
enxofre 64115,3 3,3
Baterias VRB 64115,3 2,5
Os valores de energia inicial presentes na Tabela 6-6 foram armazenados no caso 2. Para que não
ocorram perdas relevantes por auto-descarga, considera-se que o caso 3 ocorreu no dia seguinte
ao do caso 2.
Da análise do diagrama de carga da Figura 6.3 (a) observa-se que a interligação de um sistema de
armazenamento de iões de lítio com a rede permite um ligeiro aumento nos níveis de geração total
no período das 0:00h às 2:00h (curva a vermelho). Dos dados da Tabela 6-6 e
Tabela 6-7 observa-se que o sistema de baterias de iões de lítio injeta na rede 1119 MWh, apenas
1,7% da energia necessária. Da análise do diagrama de carga da Figura 6.3 (b), verifica-se que este
sistema de ar comprimido permite fornecer 2 vezes mais energia que o sistema de iões de lítio. Da
Tabela 6-6 verifica-se que este sistema disponibiliza 2375,75 MWh, que é o valor mais elevado
dos 4 sistemas. Os sistemas de sódio-enxofre e redox de vanádio fornecem 2160 MWh e 1600
MWh, respetivamente. Neste terceiro caso pretendia-se que, através da utilização de sistemas de
armazenamento fosse possível reduzir ou até eliminar os níveis de energia importada, diminuído
assim os custos de energia do SEE. Após a realização das simulações verificou-se que os níveis
de potência e energia dos sistemas simulados não são adequados para compensar quebras de
energia renovável ocorridas neste dia.
45
Caso 4 - Descida acentuada dos níveis de geração renovável
Na Figura 6.4 (a) e (b) são apresentados dois diagramas de carga obtidos na simulação utilizando
sistema de armazenamento de baterias de iões lítio e ar comprimido, respetivamente. Em cada
diagrama estão representadas as curvas relativas aos níveis de potência gerada total com ou sem
sistema de armazenamento, aos níveis de consumo total e potência do sistema de armazenamento.
(a) (b)
Figura 6.4 - Diagrama de carga relativos ao caso 4 utilizando baterias de iões de litio (a) e ar comprimido (b)
Na Tabela 6-8 e Tabela 6-9 encontram-se os dados obtidos na simulação do caso 4.
Tabela 6-8 Diferentes valores de potência e energia dos 4 sistemas obtidos na simulação do caso 4
Tecnologia Potência
MW
Energia
mínima
MWh
Energia
Inicial
MWh
Energia
descarregada
MWh (a)
Energia
armazenada
MWh (b)
Energia
descarregada
MWh (c)
Ar comprimido 400 0 590,48 590,48 1801,78 1441,42
Bateria iões de
lítio 400 480
480 +
590,48 590,27 1197,8 1119,67
Baterias sódio-
enxofre 400 240
240 +
590,48 590,48 1801,78 1486,47
Baterias VRB 400 0 590,48 590,48 1801,78 1441,42
Tabela 6-9 Diferentes valores de energia e percentagem dos diversos sistemas simulados no caso 4
Tecnologia
Energia
necessária
MWh (a)
% de energia
descarregada
(a)
Energia
disponível
MWh (b)
% de energia
armazenada
(b)
Energia
necessária
MWh (c)
% de energia
descarregada
(c)
Ar
comprimido 870,47 67,8 2962,65 60,8 18084,1 7,9
Bateria iões
de lítio 870,47 67,8 2962,65 40,4 18084,1 6,2
Baterias
sódio-enxofre 870,47 67,8 2962,65 60,8 18084,1 8,2
Baterias VRB 870,47 67,8 2962,65 60,8 18084,1 7,9
c
a b
46
Os 590,48 MWh de energia inicial da Tabela 6-8 foram armazenados no período c) do caso 1.
Mais uma vez, assume-se que o caso 4 ocorre no dia imediatamente após ao caso 1. Da análise do
diagrama da Figura 6.4 (a), da Tabela 6-8 e da Tabela 6-9 conclui-se que no período a) os níveis
de consumo são superiores à geração total e a única energia disponível são os 590,48 MWh iniciais.
Nesta região os 4 sistemas descarregaram 67,8% da energia necessária, sendo apenas limitados
pelos níveis de energia inicialmente disponíveis.
No período b) os níveis de geração superam o consumo em cerca de 2962,65 MWh, e da Tabela
6-9 verifica-se que os sistemas de baterias de iões de lítio armazenaram apenas 40,4% da energia
em excesso. Comparativamente, da análise da curva a vermelho da Figura 6.4 b) observa-se que a
quantidade de energia armazenada pelo sistema de ar comprimido foi limitada pelos níveis de
potência máxima suportados (400 MW). Esta restrição fez com que no período b) o sistema de ar
comprimido armazenasse apenas 1801,78 MWh. O mesmo se verificou no sistema de baterias
sódio-enxofre e redox de vanádio.
No período c) os níveis de geração renovável diminuem de forma inesperada. Os sistemas de
armazenamento simulados com tempos de resposta de segundos garantiram o seguimento dos
níveis de consumo. Da análise da Figura 6.4 (a) verifica-se que após 2 horas do inicio do
fornecimento de energia, os níveis de potência máxima suportados pelos sistemas não foram
suficientes para manter o equilíbrio entre geração e consumo (curva a vermelho e a amarelo). Neste
período o sistema de baterias iões de lítio descarregou um total de 1119 MWh, 6,2% da energia
necessária. Comparativamente o sistema ar comprimido forneceu 1441,42 MWh, e o sistema de
baterias de sódio-enxofre 1486,47 MWh, o valor mais elevado dos 4 sistemas.
Da analise dos diagramas e valores obtidos na simulação observou-se que os sistemas simulados
permitiram fornecer cerca de 67% da energia necessária no período a). No período b) os sistemas
de ar comprimido, baterias de sódio-enxofre e redox de vanádio armazenaram 60,8% e as baterias
de iões de lítio 40,4% da energia disponível. Na região c), todos os sistemas de armazenamento
garantiram níveis de geração iguais ao consumo num período de cerca de duas horas, no entanto,
nenhum dos sistemas apresentou os níveis de energia e potência necessários para compensar na
totalidade a diminuição da geração renovável no diagrama de carga.
Caso 5 – Erros nas previsões de geração
No diagrama de carga representado na Figura 6.5 estão representados os níveis de energia eólica
previstos e gerados. A curva a vermelho representa a geração eólica monitorizada nas estações de
47
medição, a curva a amarelo representa a geração eólica prevista para essas estações de
monitorização, e a curva azul que representa a energia eólica gerada no total para todo o território.
Figura 6.5 - Diagrama de carga da previsão e geração eólica parcial em comparação com a geração eólica total
relativo ao caso 5
Como foi referido anteriormente as estações de previsão monitorizam cerca de metade das
unidades de geração eólicas distribuídas ao longo do território português, pelo que foi necessário
estimar as previsões dos níveis de geração para a totalidade do sistema de geração eólica.
Como se pode observar na Figura 6.5 as variações que ocorrem na curva da geração eólica parcial
(curva a amarelo) e na curva da geração eólica total (curva a azul) não são iguais. Isto deve-se ao
facto de as variações na intensidade, direção e sentido do vento que ocorrem ao longo território
afetam de forma diferente os níveis de geração eólica ocorridas nos sistemas com monitorização
e sem monitorização. A conversão dos valores de geração prevista relativos aos níveis de energia
monitorizados para valores relativos à geração eólica total é então efetuada através da equação
(24).
𝑃𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑔𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑒ó𝑙𝑖𝑐𝑎 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙(𝑖) =𝑃𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑔𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑒ó𝑙𝑖𝑐𝑎𝑃𝑎𝑟𝑐𝑖𝑎𝑙(𝑖) ∗ 𝐺𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑒ó𝑙𝑖𝑐𝑎𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙(𝑖)
𝐺𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑒ó𝑙𝑖𝑐𝑎𝑃𝑎𝑟𝑐𝑖𝑎𝑙 (𝑖)(24)
Após o calculo dos 96 valores de potência de previsão eólica total, constrói-se um novo diagrama
de carga final da Figura 6.6. Este diagrama contêm os valores de energia eólica gerada em todo o
país juntamente com a respetiva previsão de energia eólica, calculada através da equação (24).
48
Figura 6.6 - Diagrama de carga da previsão de geração eólica vs geração real relativo ao caso 5
Simula-se agora o impacto dos 4 sistemas de armazenamento no diagrama de carga da Figura
6.6.Na Figura 6.7 (a) os níveis de geração e a previsão de geração eólica total são representados
pelas curvas a azul e roxo respetivamente, juntamente com a curva a vermelho que representa os
níveis de geração eólica auxiliados pelo sistema de armazenamento de baterias de iões de lítio. Na
Figura 6.7 (b) é apresentado o mesmo diagrama de carga, mas desta vez utilizando o sistema de
armazenamento de ar comprimido.
(a) (b)
Figura 6.7 - Diagrama de carga utilizando sistema de baterias de iões de lítio (a) e de ar comprimido (b)
Na Tabela 6-10 e Tabela 6-11 são apresentados os dados obtidos na simulação.
a
b
c
49
Tabela 6-10 - Diferentes valores de potência e energia dos 4 sistemas obtidos na simulação do caso 5
Tecnologia Potência
MW
Energia
mínima
MWh
Energia
inicial
MWh
Energia
armazenada
MWh (a)
Energia
descarregada
MWh (b)
Energia
armazenada
MWh (c)
Ar comprimido 400 0 0 2087.43 1293.11 1842,44
Bateria iões de
lítio 400 480 480 1197.87 1119,58 1198,54
Baterias sódio-
enxofre 400 240 240 2087.43 1293.11 1842,44
Baterias VRB 400 0 0 1998.02 1280 1614,72
Tabela 6-11 - Diferentes valores de energia e percentagem dos diversos sistemas simulados no caso 5
Tecnologia
Energia
disponível
MWh (a)
% de energia
armazenada
(a)
Energia
necessária
MWh (b)
% de energia
descarregada
(b)
Energia
disponível
MWh (c)
% de energia
armazenada
(c)
Ar
comprimido 2232.31 93,5 1293.11 100 1863.27 98,8
Bateria iões
de lítio 2232.31 53,6 1293.11 86,7 1863.27 64,3
Baterias
sódio-enxofre 2232.31 93,5 1293.11 100 1863.27 98.8
Baterias VRB 2232.31 89,5 1293.11 99,7 1863.27 86,6
Da análise da Figura 6.7 (a) e da Tabela 6-11 observa-se que no período a) os níveis de geração
eólica são superiores à curva da geração prevista em cerca de 2232 MWh. Da Tabela 6-10 e Tabela
6-11 observa-se que o sistema de baterias de iões de lítio e redox de vanádio armazenam 53,6% e
89,5% da energia em excesso. Comparativamente, o sistema de ar comprimido e as baterias de
sódio-enxofre armazenam 93,5% dos 2232 MWh em excesso. No diagrama Figura 6.7 (b) verifica-
se que no período entre as 4:00h e 5:00h os níveis de potência eólica gerados juntamente com o
sistema de armazenamento de energia elétrica (curva a vermelho) mantiveram-se superiores ao
consumo. Isto porque os níveis de potência disponível foram superiores aos suportados pelo
sistema. No período b) os níveis de geração eólica foram inferiores aos níveis inicialmente
previstos. Nesta região foram necessários 1293,11 MWh para garantir o fornecimento de energia
sem recorrer a outras fontes. Os sistemas de ar comprimido, baterias de sódio e baterias de redox
de vanádio forneceram perto de 100% da energia necessária e o sistema de baterias de iões de lítio
forneceu 77,8% da energia em falta. No período c) os sistemas de ar comprimido e baterias de
sódio-enxofre armazenaram cerca de 98.8% da energia em excesso que não prevista, os sistemas
de baterias de redox de vanádio armazenaram 86,6% e as baterias de iões de lítio 65,3%.
Neste ultimo caso os valores nominas de energia e potência dos sistemas simulados foram
adequados para as necessidades do diagrama de carga. O sistema de baterias de iões de lítio
armazenou em média 65% da energia em excesso enquanto que os restantes sistemas armazenaram
50
cerca de 93% da energia gerada acima do previsto. Relativamente aos períodos onde a energia
gerada foi inferior ao previsto, o sistema de baterias de iões de lítio compensou 77,8% do valor
em falta, e os restantes sistemas forneceram praticamente a totalidade da energia necessário.
6.2. Análise de resultados
Nesta seção são apresentados diversos valores de energia armazenada e descarregada, assim como
o custo final da energia fornecida por esses sistemas. Com base nestes resultados realiza-se uma
análise técnica e económica da utilização dos diferentes sistemas de armazenamento quando
interligados com o sistema de energia elétrica.
Com base nos valores obtidos da Tabela 6-2, Tabela 6-4, Tabela 6-6, Tabela 6-8 e Tabela 6-10
construi-se a Tabela 6-12 e Tabela 6-13. Nestas tabelas são apresentados os valores de energia
utilizada no processo de armazenamento, assim como os valores médios diários e anuais. Os
valores médios de energia diária são calculados através da média de energia de carga ou de
descarga dos 5 casos. Os valores anuais resultam da multiplicação dos valores médios diários por
365 dias.
Tabela 6-12 - Valores finais de energia utilizada da rede eletrica por cada sistema
Tecnologia Energia de carga (MWh)
Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5 Média diária Média anual
Ar comprimido 3975,95 3385,47 0 1801,78 3929,87 2618,614 955794,1
Bateria iões de lítio 1789,73 1200,43 0 1197,8 2396,41 1316,874 480659
Baterias sódio-enxofre 3205,04 2614,56 0 1801,78 3929,87 2310,25 843241,3
Baterias VRB 2586,48 1996 0 1801,78 3612,74 1999,4 729781
Na Tabela 6-13 são apresentados os valores de energia de descarga em cada caso, diários, e anuais
de cada uma das 4 tecnologias simuladas.
Tabela 6-13 - Valores finais de energia descarregada para a rede elétrica cada sistema
Tecnologia Energia de descarga (MWh)
Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5 Média diária Média anual
Ar comprimido 1857,93 0 2375,75 2031,9 1293,11 1511,738 551784,4
Bateria iões de lítio 1119,63 0 1120 1709,94 1119,58 1013,83 370048
Baterias sódio-
enxofre 1857,93 0 2160 2076,95 1293.11 1477,598 539323,3
Baterias VRB 1600 0 1600 2031,9 1280 1302,38 475368,7
51
Através das percentagem de energia descarregada presentes na Tabela 6-3, Tabela 6-5, Tabela 6-7,
Tabela 6-9 e Tabela 6-11 realiza-se uma análise global à capacidade que cada um dos sistemas
têm para fornecer os níveis de energia em falta dos diagramas de carga, representada na Tabela
6-14.
Tabela 6-14 - Capacidade de resposta às necessidades energéticas dos diagramas de carga
Tecnologia Percentagem de energia fornecida (%)
Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5 Média
Ar comprimido 93,8 0 3,7 37,9 100 47,1
Bateria iões de lítio 56,1 0 1,7 37 86,7 36,3
Baterias sódio-enxofre 93,8 0 3,3 38 100 47,02
Baterias VRB 80,8 0 2,5 37,9 99,7 44,2
O calculado do custo final energia tem como base os valores de custos anuais de investimento e
de manutenção de cada sistema apresentados na Tabela 6-1 juntamente com os valores de energia
fornecidos à rede pelos sistemas ao longo do ano, apresentados na Tabela 6-12. Estes dados são
agrupados na Tabela 6-15 e utilizados para o calculado final do custo da energia.
Tabela 6-15 - Valores finais de energia e de custo de energia dos diferentes sistemas
Tecnologia
Custo
investimento
M€
Custo de
manutenção
M€
Vida útil
anos
Custo total
M€/ano
Energia
fornecida
MWh/ano
Custo final
€/MWh
Ar comprimido 216 37,8 36 7,05 551784,4 12,78
Bateria iões de lítio 310 54,25 20 18,21 370048 49,22
Baterias sódio-enxofre 602,8 105,49 12 59,02 539323,3 109,44
Baterias VRB 278 48,65 36 13,23 475368,7 32,72
O custo de energia em €/MWh foi determinado através da equação (26).
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎€/𝑀𝑊ℎ =𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜€/𝑎𝑛𝑜 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑚𝑎𝑛𝑢𝑡𝑒𝑛çã𝑜€/𝑎𝑛𝑜
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑟𝑒𝑔𝑎𝑑𝑎𝑀𝑊ℎ/𝑎𝑛𝑜
(26)
6.2.1. Comparação de custos e estimativas de evolução
Após determinados os custos finais da energia fornecida por cada sistema obtidos na simulação é
importante analisar se os valores são coerentes com os praticados na atualidade. O gráfico da
Figura 6.8 permite comparar os preços da energia de cada um dos casos de estudo com os valores
de referência registados em 2014 [34][35], e estimados para 2017 e 2020 [35].
52
Da análise do gráfico da Figura 6.8 confirma-se que os sistemas de baterias de iões de lítio, sódio-
enxofre e redox de vanádio apresentaram preços de energia inferiores aos praticados em 2014.
Esta diferença entre os valores simulados e os de referência é justificada pelo facto de não se
considerar um ciclo de carga e descarga completo por dia, o que resultou em valores de vida útil
superiores aos valores nominais. Já o sistema de ar comprimido apresentou custos finais de energia
superiores aos de referência para o ano 2014. Ao contrário do que aconteceu com o sistema de
redox de vanádio, o calculo da vida útil baseada no número de ciclos resultou numa vida útil
inferior ao valor máximo da gama de anos de vida útil deste sistema. Adicionalmente as amplas
gamas de valores de custo de investimento por potência instalada e utilização de sistemas exemplo
em fase de projeto contribui para que os valores obtidos fossem mais próximos dos valores futuros.
Dos dados do gráfico prevê-se ainda que os custos de energia associados ao sistema de sódio-
enxofre permanecerão praticamente inalterados nos próximos anos sendo esperada apenas uma
ligeira redução de 7% em 2020 face aos valores de 2014. Por outro lado, são esperadas grandes
quebras nos custos de energia fornecida pelos sistemas de baterias de redox de vanádio e
principalmente de iões de lítio. Com base nos valores de referência estima-se que o custo de
energia fornecida pelos sistemas de redox de vanádio diminua 20% entre 2014 e 2017, e 49% até
2020. Com base nestas previsões calcula-se que o custo de energia obtida nesta simulação diminua
para 26,17 €/MWh no fim de 2017 e para 16,68 €/MWh em 2020. Relativamente aos sistemas de
baterias de iões de lítio, os desenvolvimentos levados a cabo pela industria de veículos elétricos e
consumíveis eletrónicos têm resultado em melhorias na densidade de potência, maiores
profundidades de descarga e redução nos custos de fabrico da tecnologia [36]. Com base na
evolução dos preços da energia fornecida em 2014, 2017 e 2020, estima-se que os valores obtidos
nesta dissertação sofram uma redução de 45% no final de 2017 (diminuindo para 26,93 €/MWh)
e cerca de 63% em 2020 (diminuindo para 18,11 €/MWh). Relativamente ao sistema de ar
12,77 5,43
49,21
89
53,40
32,36
109,44
136,04 136,04127,14
32,7250,43
22,2514,83
0
50
100
150
Simulados 2015-2016 2014 (ref) 2017 (ref) 2020 (ref)
Ar comprimido Iões de litio Sódio-enxofre Redox de vanádio€/MWh
Figura 6.8 - Custo de energia por capacidade de armazenamento dos diferentes sistemas de armazenamento
[34][35]
53
comprimido não existem dados relativos ao ano 2017 e 2020, no entanto não são esperados
investimentos neste tipo de tecnologia, o que resulta numa estagnação de custo de energia.
6.2.2. Rentabilidade do investimento
Para determinar a viabilidade do investimento é realizado uma análise dos ganhos económicos
obtidos através da utilização de cada um dos sistemas de armazenamento, para os diferentes casos.
Começa-se por analisar a utilização de sistemas de baterias de iões de lítio no caso 1. Na Figura
6.9 (a) observa-se que a energia injetada no período (b) foi armazenada no período (a). Através da
análise dos preços da energia no mercado português para esse dia (utilizando os dados do MIBEL)
na Figura 6.9 (b) determina-se a diferença entre o custo médio da energia no período de descarga
(b) e o custo médio da energia na fase de armazenamento (a).
(a) (b)
Com base nos dados da Figura 6.9 (a) e (b), e fazendo a mesma análise para os restantes sistemas
constrói-se a Tabela 6-16 onde são apresentados os custos médios da energia na fase de carga e
descarga, e a diferença entre eles.
Tabela 6-16 - Preço médio de energia utilizada na fase de carga e descarga relativos ao caso 1
Tecnologia
Preço médio da
energia de carga
(a)
€/MWh
Preço médio da
energia descarregada
(b)
€/MWh
Ganhos médios
(b) – (a)
€/MWh
Preço médio na
fase de carga (c)
€/MWh
Ar comprimido 15,0 39,5 24,5 37,1
Bateria iões de lítio 14,1 35,0 20,9 37,1
Baterias sódio-enxofre 13 39,5 26,5 37,1
Baterias VRB 13,3 38,7 25,4 37,1
Figura 6.9 Diagrama de carga utilizando baterias de iões de lítio (a) e gráfico do custo de energia em cada hora (b)
relativos ao caso 1
0
10,
20,
30,
40,
50,
60,
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Preço mercado português (EUR/MWh)
horas
a b c
54
Da análise dos custos de energia na Tabela 6-16 verifica-se que ao armazenar energia no período
(a) e reutiliza-la no período (b) seriam possíveis poupanças na ordem de 20 a 26 euros por cada
MWh de energia descarregada. Comparando com os custos de energia final que cada um dos
sistemas fornece presentes na Tabela 6-15 conclui-se das 4 tecnologias simuladas, apenas o
sistema de ar comprimido permitiu fornecer energia com um custo inferior aos ganhos obtidos
com a sua utilização. Por outro lado, os sistemas de baterias de iões de lítio, de sódio enxofre e de
redox de vanádio não foram rentáveis uma vez que os custos associados ao seu investimento e
manutenção superam aos ganhos conseguidos através da utilização dos sistemas, o que resulta em
prejuízos por cada MWh de energia fornecida.
O caso 2 e 3 são analisados em conjunto, já que a fase de carga ocorre no caso 2, e a fase de
descarga ocorre no caso 3. Na Figura 6.10 (a) são apresentados os diagramas de carga do sistema
de baterias de iões de lítio, e na Figura 6.10 (b) os custos de energia para cada hora ocorridos
durante o dia do caso 2. A análise dos custos médios da energia nas horas de carga e descarga para
cada uma das restantes tecnologias é efetuada com base nos respetivos diagramas de carga
presentes nos anexos.
(a) (b)
Figura 6.10 - Diagrama de carga utilizando baterias de iões de lítio (a) e gráfico do custo de energia em cada hora
(b) relativos ao caso 2
Na Figura 6.11 (a) é apresentado o diagramas de carga utilizando o sistema de baterias de iões de
lítio, e na Figura 6.11 (b) os custos de energia para cada hora ocorridos durante o dia do caso 3.
0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Preço da energia no SEE português (EUR/MWh)
horas
55
(a) (b)
Figura 6.11 - Diagrama de carga utilizando baterias de iões de lítio (a) e gráfico do custo de energia em cada hora
(b) relativos ao caso 3
Na Tabela 6-17 são apresentados os custos médios da energia na fase de carga e da fase da descarga
para o caso 2 e 3 respetivamente, juntamente com a diferença entre os dois casos.
Tabela 6-17 - Preço médio de energia utilizada na fase de carga e descarga relativos ao caso 2 e 3
Tecnologia
Custo da energia de
carga (caso 2)
€/MWh
Custo da energia de
descarga (caso 3)
€/MWh
Ganhos médios
(caso 3) – (caso 2)
€/MWh
Ar comprimido 0,6 45 44,4
Bateria iões de lítio 1 46,2 45,2
Baterias sódio-enxofre 0,7 45 44,3
Baterias VRB 0,8 46 45,2
A utilização de sistemas de armazenamento permitiu armazenar a energia em excesso no caso 2 e
reutiliza-la no caso 3. Da Tabela 6-17 observa-se que o preço médio da energia carregada durante
o caso 2 foi muito inferior em comparação aos preços praticados no caso 3, o que resultou em
ganhos na ordem dos 45 €/MWh para as 4 tecnologias de armazenamento. Comparando com os
custos de energia fornecida por cada sistema, conclui-se que os ganhos obtidos compensam os
custos de investimento e manutenção associados aos sistemas de ar comprimido e de redox de
vanádio. Por outro lado, os sistemas de baterias de iões de lítio apresentam custos finais de 49,2
€/MWh o que neste caso resulta em perdas de 4 euros por cada MWh descarregado. Com um custo
final de 109,44 €/MWh, as baterias de sódio enxofre são os sistemas que apresentam maior
prejuízo.
Na Figura 6.12 (a) representa-se o diagrama de carga do sistema de baterias de iões de lítio para o
caso 4, e na Figura 6.12 (b) o custo de energia médio em cada hora para esse período (os diagramas
de carga dos restantes sistemas de armazenamento encontram-se em anexo).
0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Preço de energia no SEE português (EUR/MWh)
horas
56
(a) (b)
Figura 6.12 - Diagrama de carga utilizando baterias de iões de lítio (a) e gráfico do custo de energia em cada hora
(b) relativos ao caso 4
Na Figura 6.12 são assinalados os períodos de descarga (a) e (c) e de carga (b) para o sistema de
baterias de iões de lítio, e na Tabela 6-18 são apresentados os custos médios para as respetivas
fases de carga e descarga. De forma semelhante aos casos anteriores, o calculo dos custos médios
das restantes tecnologias são calculados com base nos diagramas de carga presentes em anexo. De
notar que a energia descarregada em (a) foi armazenada no período (c) do caso 1.
Tabela 6-18 - Preço médio de energia utilizada na fase de carga e descarga relativos ao caso 1 e 4
Tecnologia
Custo médio na
fase de descarga
(a)
€/MWh
Ganhos médios
(a) – (c) caso 1
€/MWh
Custo médio na
fase de carga (b)
€/MWh
Custo médio na fase
de descarga (c)
€/MWh
Ganhos
médios
(c) – (b)
€/MWh
Ar comprimido 28,6 - 8,5 28 32 4
Bateria iões de
lítio 28,6 - 8,5 27,2 31,6 4,4
Baterias sódio-
enxofre 28,6 - 8,5 28 32 4
Baterias VRB 28,6 - 8,5 28 32 4
Analisando o custo médio da energia presentes na Tabela 6-16 e Tabela 6-18 verifica-se que a
reutilização de sistemas de armazenamento energia no período (a) não foi economicamente viável
já que o preço de energia em excesso armazenada foi superior ao preço praticado no período (c)
do caso 1. Nos períodos (b) e (c) a reutilização de energia resultou em ganhos médios de apenas 4
€/MWh o que não permitiu rentabilizar o investimento.
Na Figura 9.12 (a) representa-se o diagrama de carga do sistema de baterias de iões de lítio para o
caso 5, e na Figura 9.12 (b) o custo de energia médio em cada hora para esse período (os diagramas
de carga dos restantes sistemas de armazenamento encontram-se em anexo).
0
5,
10,
15,
20,
25,
30,
35,
40,
45,
50,
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Preço de energia no SEE português (EUR/MWh)
horas
a b c
57
(a) (b)
Figura 6.13 - Diagrama de carga utilizando baterias de iões de lítio (a) e gráfico do custo de energia em cada hora
(b) relativos ao caso 5
Na Figura 9.12 (a) são assinalados os períodos de carga (a) e de descarga (b) para o sistema de
baterias de iões de lítio, e na Tabela 6-19 são apresentados os custos médios para as respetivas
fases de carga e descarga.
Tabela 6-19 - Preço médio de energia utilizada na fase de carga e descarga relativos ao caso 5
Tecnologia
Custo médio na fase de
carga (a)
€/MWh
Custo médio na fase de
descarga (b)
€/MWh
Ganhos médios
(a) – (b)
€/MWh
Ar comprimido 44,8 52,5 7,7
Bateria iões de lítio 45,1 51,1 6
Baterias sódio-enxofre 44,8 52,5 7,7
Baterias VRB 44,8 52,5 7,7
Da análise da diferença entre os preços da energia de carga e descarga das fases (a) e (b) presentes
na Tabela 6-19, observa-se que os ganhos obtidos com a reutilização de energia não foram
suficientes para pagar o investimento associado aos sistemas de armazenamento.
Após analisar os 5 casos, conclui-se que a utilização de sistemas de armazenamento nem sempre
foi economicamente vantajosa. Nos casos 1, 2 e 3 a diferença de preços entre a fase de carga e
descarga permitiu suportar o investimento realizado na construção dos sistemas de ar comprimido
e redox de vanádio. Já os casos 4 e 5 a diferença de preços praticados não foram suficientes para
compensar o investimento dos sistemas simulados. No entanto, a interligação dos sistemas com a
rede elétrica traz benefícios a nível de gestão e fiabilidade o que indiretamente provoca uma
redução nos custos finais da energia gerada. Adicionalmente, espera-se que o aumento do mercado
de tecnologias de armazenamento origine uma redução nos custos finais de cada sistema.
0
10,
20,
30,
40,
50,
60,
70,
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Preço da energia no SEE português (EUR/MWh)
a b
horas
58
6.2.3. Comparação de tecnologias de armazenamento
SAEE de ar comprimido (CAES): sistema com elevados níveis de potencia e energia. Tem como
limitação necessitar das condições geológicas adequadas para atingir os níveis de potencia e
energia pretendidos, e de recorrer à queima de gás como método para reutilizar a energia. A
ausência de energia mínima e de perdas por auto-descarga permitiu fornecer um máximo de 2375
MWh por ciclo. Com um rendimento de apenas 70%, o sistema de armazenamento de ar
comprimido absorveu um total de 955,8 GWh durante a fase de carregamento. Deste valor, 57%
da energia foi reutilizada pelo sistema de energia, 30% foram dissipados na forma de perdas e a
restante energia não foi utilizada. Este sistema forneceu 551,8 GWh ao sistema elétrico, o que
permitiu compensar 47,1% da energia em falta permitindo uma redução no consumo de energias
fósseis ou de energia importada. A nível económico, foi estimado um investimento de 216 milhões
de euros na construção de 2 unidades de armazenamento. Considerando uma vida útil de 36 anos,
os custos anuais de investimento e manutenção fixaram-se em 7,05 milhões de euros, o que
resultou num custo final de energia de 12,78 €/MWh.
SAEE de baterias convencionais de iões de lítio (Li-ion): utilizado numa vasta gama de
aplicações portáteis e de média dimensão. Tem como principal desvantagem o número de ciclos
limitado. A nível técnico, a existência de um valor de energia mínima de 480 MWh restringiu os
valores de energia armazenada e consequentemente o valor de energia útil. Por outro lado, a auto-
descarga diária originou perdas de energia adicionais que variam consoante a duração do período
de repouso ou de descarga. Estes dois fatores resultaram numa diminuição da capacidade nominal
de 1600 MWh para valores inferiores a 1120 MWh. Em contrapartida a eficiência cíclica de 93,5%
permitiu reduzir as perdas energéticas. Este sistema utilizou 480 GWh durante o período de
carregamento e reutilizou cerca de 370,5 GWh. Da energia inicialmente armazenada 77% foi
reutilizada e a restante energia foi convertida em perdas ou não foi utilizada. No período simulado,
o sistema de bateria de iões de lítio permitiu compensar 34,5% das necessidades energéticas dos
diagramas de carga analisados. Para garantir os valores de potência e energia simulados foram
utilizadas 4 unidades de armazenamento, com um investimento total de 310 milhões de euros.
Estimando uma vida útil de 20 anos o custo anual total dos sistemas fixou-se em 18,21 milhões de
euros, resultando num preço final de energia de 49,22 €/MWh.
SAEE de baterias convencionais de sódio-enxofre (NaS): a existência de um valor de energia
mínima de manutenção teve um grande impacto no valor de energia armazenada e descarregada.
Os níveis máximos de armazenamento por ciclo diminuíram de 2400 MWh para 2160 MWh. Em
59
contrapartida, a eficiência cíclica de 82,5% permitiu reduzir as perdas de energia. No total o
sistema utilizou 843,2 GWh no processo de armazenamento, onde 64% (539,3 GWh) foi
reutilizado pelo sistema elétrico, 17,5% foi dissipada e a restante não foi reutilizada. Este sistema
permitiu assim compensar 46,8% da energia em falta nos diagramas de carga analisados. A nível
económico, foi estimado um investimento inicial de 602 milhões de euros na construção de 8
unidades de armazenamento. Com uma vida útil de 16 anos, os custos anuais totais fixaram-se em
59,02 milhões de euros, o que resultou num custo final de energia de 109,44 €/MWh.
SAEE de baterias de fluxo de redox de vanádio (VRB): sistema com valores de potencia e energia
independes, adequado a grandes aplicações, com tempos de vida útil e descargas profundas. Tem
como principal desvantagem, estar em estado de desenvolvimento e não existir grande
disponibilidade comercial. Com uma capacidade nominal de 1600 MWh, sem perdas de energia
através de auto-descarga e sem energia mínima permitiu que este sistema descarregasse até um
máximo de 1600 MWh por ciclo. Nos casos simulados, este sistema utilizou 729,79 GWh no
processo de carregamento, fornecendo à rede elétrica cerca de 475,37 GWh. Da energia absorvida,
65,1% foi injetada no sistema elétrico, 20% foi convertida em perdas e a restante não foi utilizada.
Da comparação dos valores de energia em falta na rede elétrica e dos valores de energia de
descarga conclui-se que este sistema assegurou 42,2% das necessidades energéticas dos diagramas
de carga analisados. Para a construção deste sistema, estimou-se a construção de 20 unidades de
armazenamento, num investimento total de 278 milhões de euros. O número elevado de ciclos
permitiu uma vida útil de 31 anos, o que resultou num custo anual total de cerca 13,23 milhões de
euros. O custo final de energia fornecida por este sistema foi de 32,73 €/MWh.
Na Tabela 6-20 realiza-se uma comparação qualitativa das principais características dos sistemas.
Tabela 6-20 Comparação qualitativa final das principais características dos sistemas simulados
Flexibilidade Rendimento 𝜂 Energia
fornecida
Compensação
diagrama Vida útil
Preço
energia
Perspetiva
de evolução
CA
ES
Reduzida Médio Elevada Média Elevada Baixo Reduzida
Li-
ion
Elevada Muito elevado Média Média Média Médio Muito
elevada
NaS
Elevada Elevado Elevada Média Reduzida Muito
Elevado Reduzida
VR
B
Elevada Elevado Média Média Elevada Médio Média
60
61
7. Conclusão e Trabalhos Futuros
7.1. Conclusão
Nesta dissertação realizou-se uma análise técnica e económica de diferentes tecnologias de
armazenamento em larga escala interligadas com sistemas de geração de energia renovável
intermitente.
Da análise dos níveis de energia renovável gerados nos países europeus observou-se que no ano
2014 em Portugal, 27% da energia elétrica gerada teve origem em fontes renováveis. Estes níveis
de geração intermitente, na sua maioria eólica e solar, têm um grande impacto nos diagramas de
carga, levando a problemas, tais como variações súbitas do nível de geração, excesso e falta de
energia face aos níveis de consumo, dificuldade na previsão e gestão dos níveis de geração
renovável. Para diminuir o impacto deste tipo de geração optou-se por analisar a utilização de uma
reserva operacional com base em sistemas de armazenamento de energia elétrica em larga escala.
Após uma análise detalhada das diferentes tecnologias destacaram-se 4 sistemas, nomeadamente
os sistemas de armazenamento de ar comprimido, baterias convencionais de iões de lítio, baterias
de sódio-enxofre e baterias de fluxo de redox de vanádio. Para analisar o impacto dos sistemas de
armazenamento nos diagramas de carga desenvolveu-se um modelo matemático em Matlab®
capaz de calcular as trocas de energia entre os sistemas e a rede, os níveis de potência de carga e
descarga e os custos finais de energia. Na simulação foi considerado um valor fixo de potência
nominal de 400 MW idêntico para os 4 sistemas. Com base nesse valor, determinaram-se os níveis
de energia característicos de cada sistema, nomeadamente 2400 MWh para o sistema de baterias
de sódio enxofre, 2375 MWh para o sistema de ar comprimido e 1600 MWh para o sistema de
iões de lítio e redox de vanádio. Após a simulação dos 5 diagramas de carga exemplo que refletem
os problemas da intermitência, foram recolhidos diversos dados técnicos e económicos que
permitiram analisar quais as tecnologias mais adequadas para uma utilização em larga escala.
Relativamente ao sistema de ar comprimido, o método de armazenamento de energia através da
pressurização de ar em reservatórios naturais permitiu reduzir os custos associados ao sistema.
Num período de um ano, a interligação deste sistema com a rede permitiu adicionar 551,7 GWh
nos períodos em falta, o que compensou cerca de 47,1% das quebras de energia provocadas pela
geração intermitente. O preço final da energia fornecida à rede fixou-se em 12,77 €/MWh, o que
garantiu a rentabilidade do investimento em cerca de metade dos casos simulados. Porém, a
necessidade de recorrer a estas cavernas naturais cuja disponibilidade é reduzida, juntamente com
a dependência de volumes adequados para atingir os níveis de energia projetados, fazem com que
62
apenas seja possível utilizar estes sistemas sob condições muito especificas. Adicionalmente, o
rendimento cíclico de 70% (o menor valor dos sistemas analisados) resultou em perdas de energia
elevadas.
Com níveis de energia semelhantes, mas com eficiência cíclica de 82,5% e com a possibilidade de
ser instalado numa vasta gama de aplicações, o sistema de baterias convencionais de sódio-enxofre
apresenta características técnicas superiores ao do sistema de ar comprimido. Com base nos
valores obtidos nas simulações verificou-se que o sistema de sódio-enxofre forneceu ao sistema
elétrico 539,3 GWh compensando cerca de 46,7% das necessidades da rede. Apesar do valor
nominal superior, este valor foi ligeiramente inferior ao do sistema de ar comprimido devido ao
facto de o sistema de sódio enxofre necessitar de um valor de energia mínima de 10%, o que
limitou os níveis de energia finais do sistema. Por outro lado, o maior nível de complexidade de
fabricação das baterias desta tecnologia faz com que os custos de totais sejam os mais elevados
dos 4 sistemas. Com um custo final de 109,44 €/MWh e sem perspetivas que ocorram reduções
significativas no custo de energia, as baterias de sódio enxofre são consideradas, a nível
económico, a solução menos interessante.
Dos restantes sistemas, as baterias de iões de lítio e de redox de vanádio são consideradas as
soluções mais equilibradas a curto e a longo prazo respetivamente. Relativamente às baterias de
iões de lítio, a existência de um valor de energia mínima de 30% (energia mantida no sistema para
garantir a estabilidade e a longevidade dos ciclos) resultou num valor de capacidade inferior ao
valor nominal de 1600 MWh. No período simulado, o sistema forneceu um total de 370 GWh, o
que permitiu compensar 34,5% da energia em falta nos períodos de baixa. Em contrapartida, a
eficiência cíclica de 93,5% fez com que as perdas energéticas fossem reduzidas. A nível
económico, o sistema de baterias de iões de lítio apresentou um custo final de energia de 49,21
€/MWh, cerca de metade dos obtidos com a utilização de baterias de sódio-enxofre. No entanto, o
investimento realizado no desenvolvimento deste tipo de tecnologia tem permitido um aumento
da densidade de energia e potência por unidade de volume, juntamente com uma redução
acentuada nos custos finais. Dados recentes apontam para que os custos de energia obtidos nesta
dissertação sofram uma redução de 63% em 2020, ou seja, a energia fornecida nesta simulação
custará cerca de nesta simulação terá um custo final 18,11 €/MWh.
Com uma capacidade nominal semelhante, mas sem energia mínima de manutenção, o valor de
energia do sistema baterias de fluxo redox de vanádio final foi de 1600 MWh. Através do
simulador determinou-se que foram utilizados 729,8 GWh na fase de carga, e descarregados 475
63
GWh. Este sistema permitiu assim compensar 44,2% dos níveis de energia em falta no sistema,
apenas 2,9% menos que com o sistema de ar comprimido. De forma semelhante ao sistema de iões
de lítio é esperado que os custos associados a este sistema sofram uma redução de 49% dos valores
obtidos nesta simulação. Assim, estima-se que o custo de energia de 32,73 €/MWh sofra uma
redução para 16,68 €/MWh em 2020. Porém, a disponibilidade comercial deste sistema é muito
baixa face comparativamente ao sistema de iões de lítio. O número reduzido de produtos
comercializados poderá restringir a adoção e utilização destes sistemas em aplicações larga escala.
Com base nos dados obtidos, conclui-se que ao compensar 46% das necessidades do sistema com
um custo final de 32,73 €/MWh e a possibilidade de ser instalado em virtualmente qualquer
aplicação, o sistema de redox de vanádio é considerado, teoricamente, a melhor solução técnica e
económica a interligar com o SEE de geração intermitente.
Pode-se ainda afirmar que a longo prazo, os desenvolvimentos tecnológicos nos sistemas de
baterias de iões de lítio permitirão fornecer energia a cerca de metade do custo praticado
atualmente. Por outro lado, o aumento da densidade de energia e das profundidades de descarga
resultarão em níveis de energia armazenada mais elevados. Num futuro próximo, as baterias de
iões de lítio terão custos de energia final mais reduzidos, níveis de energia fornecida superiores e
uma grande disponibilidade comercial, o que fará deste tipo de tecnologia uma das melhores
soluções a utilizar no sistema de energia elétrico.
7.2. Trabalhos futuros
Os resultados obtidos nesta dissertação foram coerentes com os esperados, porém existe a
possibilidade de melhorias na análise dos diagramas e dos sistemas de armazenando.
Através de modificações no algoritmo desenvolvido é possível adicionar a capacidade de se efetuar
uma análise automática para os 365 dias do ano. Com esta alteração são evitadas projeções,
cálculos de médias e arredondamentos que causam o aumento do erro associado aos resultados
obtidos. A adição de um algoritmo de degradação aos sistemas de baterias permitia simular de
forma mais exata a diminuição nos valores de capacidade de energia armazenada que ocorrem ao
longo da vida útil do sistema. Existe ainda a possibilidade de modificar o algoritmo de forma a
permitir introduzir os preços horários do MIBEL e de analisar quais os períodos que permitem
armazenar energia a um menor custo, e descarregar nos períodos onde o custo é mais elevado. Por
outro lado, a simulação de tecnologias diferentes das analisadas poderá trazer outros benefícios
técnicos e económicos.
64
65
66
8. Bibliografia
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four-days-straight-on-renewable-energy-alone Acesso a 23/09/2016
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[5] Moura, Pedro, “Planeamento de Energia”, slide 1 de apoio à disciplina de Planeamento e
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[8] REN.
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[9] Lopes, Sérgio, “Tecnologias De Armazenamento De Energia Para Fornecimento De Serviços
De Sistema”, Setembro 2015
[10] Decourt, Benoit, Debarre, Romain, “Electricity Storage”, SBC Energy Institute, Setembro
2013
[11] PPE 13 Moura, Pedro, “Planeamento de Energia”, slide 1 de apoio à disciplina de
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[21] Audi. http://v1.audi-encounter.com/magazine/technology/02-2013/67-the-winds-of-change
Acesso em 26/08/2016
[22] NGK Japan. https://www.ngk.co.jp/nas/ Acesso em 03/09/2016
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Acesso em 15/10/2016
[30] Li-ion, Japan Toshiba. https://www.toshiba.co.jp/sis/en/topics/2016/20160226.htm Acesso
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[31] Energy Storage. http://www.energystorageexchange.org/ Acesso em 22/10/2016
[32] Renewablesnow. https://renewablesnow.com/news/japan-s-hepco-sei-kick-off-15-mw-
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[33] MIBEL. http://www.colorado.edu/physics/phys1120/phys1120_sp08/mainPage10.html
Acesso em 19/12/2016
[34] Lazard, “Lazard’s Levelized Cost of Energy Analysis – Version 2.0”, Dezembro 2016
[35] Computer World. http://www.computerworld.com/article/2977655/sustainable-it/as-energy-
push-accelerates-battery-costs-set-to-plunge-60.html Acesso em 22/10/2016
68
[36] Energy Storage Update. http://analysis.energystorageupdate.com/lithium-ion-costs-fall-50-
within-five-years Acesso em 27/12/2016
69
9. Anexos
Nesta seção são apresentados os restantes diagramas de carga para cada um dos 4 sistemas de
armazenamento simulados no capitulo 6.
Caso 1
Sistema de armazenamento de energia através de ar comprimido (CAES)
(a) (b)
Figura 9.1 - Diagrama de carga relativos ao caso 1 utilizando sistemas de armazenamento de ar comprímido (CAES)
(a) diagrama de carga e descarga do sistema de ar comprimido (CAES) (b)
Sistema de armazenamento de energia através de baterias de iões de lítio (Li-ion)
(a) (b)
Figura 9.2 - Diagrama de carga relativos ao caso 1 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de iões de lítio
(Li-ion) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de iões de lítio (Li-ion) (b)
70
Sistema de armazenamento de energia através de baterias de sódio-enxofre (NaS)
(a) (b)
Figura 9.3 - Diagrama de carga relativos ao caso 1 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de sódio-
enxofre (NaS) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de sódio-enxofre (NaS) (b)
Sistema de armazenamento de energia através de baterias de fluxo redox de vanádio (VRB)
(a) (b)
Figura 9.4 - Diagrama de carga relativos ao caso 1 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de fluxo redox
de vanádio (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de fluxo de redox de vanádio (VRB) (b)
71
Caso 2
Sistema de armazenamento de energia através de ar comprimido (CAES)
(a) (b)
Figura 9.5- Diagrama de carga relativos ao caso 2 utilizando sistemas de armazenamento de ar comprímido (CAES)
(a) diagrama de carga e descarga do sistema de ar comprimido (CAES) (b)
Sistema de armazenamento de energia através de baterias de iões de lítio (Li-ion)
(a) (b)
Figura 9.6 - Diagrama de carga relativos ao caso 2 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de iões de lítio
(Li-ion) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de iões de lítio (Li-ion) (b)
72
Sistema de armazenamento de energia através de baterias de sódio-enxofre (NaS)
(a) (b)
Figura 9.7 - Diagrama de carga relativos ao caso 2 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de sódio-
enxofre (NaS) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de sódio-enxofre (NaS) (b)
Sistema de armazenamento de energia através de baterias de fluxo redox de vanádio (VRB)
(a) (b)
Figura 9.8 - Diagrama de carga relativos ao caso 2 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de fluxo redox
de vanádio (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de fluxo de redox de vanádio (VRB) (b)
73
Caso 3
Sistema de armazenamento de energia através de ar comprimido (CAES)
(a) (b)
Figura 9.9 - Diagrama de carga relativos ao caso 3 utilizando sistemas de armazenamento de ar comprímido (CAES)
(a) diagrama de carga e descarga do sistema de ar comprimido (CAES) (b)
Sistema de armazenamento de energia através de baterias de iões de lítio (Li-ion)
(a) (b)
Figura 9.10 - Diagrama de carga relativos ao caso 3 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de iões de
lítio (Li-ion) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de iões de lítio (Li-ion) (b)
74
Sistema de armazenamento de energia através de baterias de sódio-enxofre (NaS)
(a) (b)
Figura 9.11 - Diagrama de carga relativos ao caso 3 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de sódio-
enxofre (NaS) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de sódio-enxofre (NaS) (b)
Sistema de armazenamento de energia através de baterias de fluxo redox de vanádio (VRB)
(a) (b)
Figura 9.12 - Diagrama de carga relativos ao caso 3 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de fluxo
redox de vanádio (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de fluxo de redox de vanádio (VRB) (b)
75
Caso 4
Sistema de armazenamento de energia através de ar comprimido (CAES)
(a) (b)
Figura 9.13 - Diagrama de carga relativos ao caso 4 utilizando sistemas de armazenamento de ar comprímido
(CAES) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de ar comprimido (CAES) (b)
Sistema de armazenamento de energia através de baterias de iões de lítio (Li-ion)
(a) (b)
Figura 9.14 - Diagrama de carga relativos ao caso 4 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de iões de
lítio (Li-ion) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de iões de lítio (Li-ion) (b)
76
Sistema de armazenamento de energia através de baterias de sódio-enxofre (NaS)
(a) (b)
Figura 9.15 - Diagrama de carga relativos ao caso 4 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de sódio-
enxofre (NaS) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de sódio-enxofre (NaS) (b)
Sistema de armazenamento de energia através de baterias de fluxo redox de vanádio (VRB)
(a) (b)
Figura 9.16 - Diagrama de carga relativos ao caso 4 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de fluxo
redox de vanádio (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de fluxo de redox de vanádio (VRB) (b)
77
Caso 5
Sistema de armazenamento de energia através de ar comprimido (CAES)
(a) (b)
Figura 9.17 - Diagrama de carga relativos ao caso 5 utilizando sistemas de armazenamento de ar comprímido
(CAES) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de ar comprimido (CAES) (b)
Sistema de armazenamento de energia através de baterias de iões de lítio (Li-ion)
(a) (b)
Figura 9.18 - Diagrama de carga relativos ao caso 5 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de iões de
lítio (Li-ion) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de iões de lítio (Li-ion) (b)
78
Sistema de armazenamento de energia através de baterias de sódio-enxofre (NaS)
(a) (b)
Figura 9.19 - Diagrama de carga relativos ao caso 5 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de sódio-
enxofre (NaS) (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de sódio-enxofre (NaS) (b)
Sistema de armazenamento de energia através de baterias de fluxo redox de vanádio (VRB)
(a) (b)
Figura 9.20 - Diagrama de carga relativos ao caso 5 utilizando sistemas de armazenamento de baterias de fluxo
redox de vanádio (a) diagrama de carga e descarga do sistema de baterias de fluxo de redox de vanádio (VRB) (b)