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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
ANÁLISE TEMPORAL DO CARBONO ORGÂNICO DE SOLOS SOB DIFERENTES FITOFISIONOMIAS DO
PANTANAL MATO-GROSSENSE
JULIANA MILESI
C U I A B Á - MT
2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
ANÁLISE TEMPORAL DO CARBONO ORGÂNICO DE SOLOS SOB DIFERENTES FITOFISIONOMIAS DO
PANTANAL MATO-GROSSENSE
JULIANA MILESI
Engenheira Agrônoma
Orientador: Prof. Dr. EDUARDO GUIMARÃES COUTO
Dissertação apresentada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do título de Mestre em Agricultura Tropical.
C U I A B Á - MT
2010
ANÁLISE TEMPORAL DO CARBONO ORGÂNICO DE SOLOS SOB
DIFERENTES FITOFISIONOMIAS DO PANTANAL MATO-GROSSENSE RESUMO - Este estudo objetivou estudar o teor e estoque de carbono
existente no solo, identificando como foi a distribuição sazonal do teor e
estoque de carbono do solo, constatando se esta variação foi influenciada
pelas fitofisionomias ou pelo tipo de solo, sendo avaliados quatro períodos
existentes no Pantanal Mato-Grossense, sendo estes períodos vazante,
estiagem, cheia e enchente e quatro fitofisionomias, Cambarazal,
Espinheiral, Cordilheira e Floresta Ripária. Esta pesquisa foi realizada pelo
Programa de Estudos Ecológicos de Longa Duração (PELD). Foi
estabelecido um esquema amostral para coletas de solo para as quatro
fitofisionomias. Foram realizadas coletas quinzenais no período de 12
meses, totalizando 24 coletas. Coletou-se amostras deformadas e
indeformadas, para análise do teor de carbono e densidade aparente do
solo. Com os resultados obtidos através de equações pode-se estimar o
valor do estoque de carbono do solo. Utilizou-se a análise estatística do tipo
descritiva para análise do carbono orgânico total e estoque total de carbono
dos solos, nas diferentes fitofisionomias e profundidades. A comparação das
médias foi feita pelo Teste Tukey com nível de significância de 5%.
Constatou-se que a sazonalidade é o que condiciona o acúmulo de carbono
dos solos, destacando-se em maior evidência quando comparada com a
vegetação. A variação sazonal não apresentou variação direta com as
fitofisionomias, mas sim com os períodos do ano, vazante, estiagem,
enchente e cheia e com os tipos de solos encontrados Gleissolos e
Planossolos. O Pantanal durante o ano de coleta funcionou como um dreno
de carbono.
Palavras-chave: Gleissolos, Planossolos, Solos Hidromórficos, Sazonalidade
TEMPORAL ANALYSES OF THE SOIL ORGANIC CARBON UNDER
DIFFERENT VEGETATION TYPES IN MATO-GROSSENSE PANTANAL
ABSTRACT - This paperwork aimed to study the carbon content and storage
existent in the soil, identifying how it was the carbon stock seasonal
distribution in the soil, noting if this variation was influenced by the vegetation
types or by the kind of soil, being evaluated the four seasons existent in
Mato-Grossense Pantanal, the periods were, low water periods, drought, flow
and flood and four vegetation types, Cambarazal, Espinheiral, Mountain
Range and Riparian Forest. This research has been done by the Long Term
Ecological Studies Program (PELD). It was established a sample scheme for
soil collection for the four vegetation types. Periodic collections were made in
12 months, totalizing 24 collections. It was collected deformed and non
deformed samples for the analyses of the carbon content and the potential
soil density. With the results obtained through equations we can estimate the
carbon stock value of the soil. The statistical analyses were used, the
descriptive type for the total organic carbon analyses and the total carbon
stock of the soils, in the different vegetation types and deepness. The
average comparison was made by the Tukey Test with a meaningful level of
5%. It was observed that the seasonality determines the carbon
accumulation in the soils, detached in great evidence when compared with
the vegetation. The season variation didn’t present a direct variation with the
vegetation types, but with the seasons of the year, low water, drought, flow
and flood and with the types of soil found Gleisoils and Planosoils. Pantanal
during the collection year worked as a carbon sink.
Keywords: Gleisoils, Planosoils, Lowlands, Seasonality.
LISTA DE FIGURAS
Página
1 Localização da área de estudo, RPPN SESC Porto
Pantanal.....................................................................................................
2 Vegetação existente em cada local de coleta, Cambarazal, Cordilheira,
Espinheiral e Floresta Ripária, respectivamente........................................
20
23
3 Esquema amostral das coletas de solo para profundidade e
transectos................................................................................................... 24
4 Triângulo textural corresponde a 64 amostras de solo das fitofisionomias
Cambarazal, Espinheiral, Floresta Ripária e Cordilheira coletadas até a
profundidade de 20 cm............................................................................. 29
5 Interpretação da análise de solo correspondente a média de 64 amostras
coletadas em cada fitofisionomia até a profundidade de 20 cm ............... 31 6 Relações entre o conteúdo de matéria orgânica com macro e
micronutrientes dos solos das fitofisionomias estudadas.......................... 34
7 Variação do teor médio de carbono nos períodos de coleta, para as
diferentes fitofisionomias............................................................................ 36
8 Variação do estoque de carbono nos períodos de coleta, para as
diferentes fitofisionomias .........................................................................
9 Balanço do teor médio de carbono a partir da coleta inicial (vazante de
2008)..........................................................................................................
10 Balanço do estoque de Carbono nos solos das fitofisionomias................
37
39
39
LISTA DE TABELAS
Página
1 Fitofisionomia, classe de solo e coordenadas das áreas de coleta das
amostras de solo........................................................................................ 23
2 Datas de coletas realizadas entre Julho/2008 e Junho/2009...................... 24
3 Teores de carbono orgânico total em diferentes fitofisionomias da RPPN
SESC Pantanal do Pantanal de Barão de Melgaço-MT................................. 35
4 Estoque de carbono (t ha-1) em profundidade para diferentes
fitofisionomias da RPPN SESC Pantanal , no Pantanal de Barão de
Melgaço-MT................................................................................................ 36
SUMÁRIO
Página
RESUMO.................................................................................................. 4
LISTA DE FIGURAS................................................................................ 6
LISTA DE TABELAS.................... ........................................................... 7
1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 9
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................... 11
2.1 Pantanal............................................................................................... 11
2.2 Carbono................................................................................................ 13
3 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................... 20
3.1 Área de Estudo..................................................................................... 20
3.2 Procedimento de Amostragem de Solo................................................ 22
3.3 Procedimentos Analíticos..................................................................... 26
3.3.1 Preparação das Amostras................................................................. 26
3.4 Análise Estatística................................................................................ 27
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................. 28
5 CONCLUSÃO......................................................................................... 40
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁGICAS...................................................... 41
ANEXO I..................................................................................................... 48
9
1 INTRODUÇÃO
A relação entre a disponibilidade de nutrientes das áreas úmidas e as
mudanças climáticas globais ainda é uma incógnita (ALEWEEL et al., 2008).
Mesmo apresentando grande estoque de carbono nos solos, esses
ambientes podem contribuir com a emissão de gases poluentes,
aumentando as conseqüências do efeito estufa (SALLES, 2008).
Diante desses pressupostos, ressalta-se a necessidade de estudos
específicos sobre o Pantanal Matogrossense, tendo em vista sua
caracterização como a maior área alagável contínua do planeta. O território
em questão constitui uma bacia intercontinental delimitada pelo Planalto
Brasileiro, ao leste e pelas Chapadas Matogrossenses, a oeste. Pelo Rio
Paraguai, o Pantanal liga-se diretamente à Bacia do Rio Paraná – Rio da
Prata. Situado na região centro-oeste do Brasil, ocupa cerca de 250 mil km2
entre os estados de Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso, além de
abranger uma parte do sul da Bolívia e norte do Paraguai (Brasil, , 2008)
O bioma apresenta formações fitofisionômicas distintas como matas,
cerradões e savanas (cerrado), sendo a maior parte, aproximadamente 58%,
florestas inundáveis (VELOSO, 1972; SILVA et al., 2000), além de campos
inundáveis como brejos, lagoas e vazantes. Essas características apontam
para o interesse em estudos sobre a variação dos estoques de Carbono (C),
tendo em vista que o sistema está submetido à marcada sazonalidade
climática anual de cheia e estiagem. Ao longo destas mudanças anuais
ocorrem alterações tanto na paisagem natural quanto nos atributos químicos
do solo, por existirem águas paradas e correntes, temporárias ou
permanentes, sobre solos predominantes profundos, pouco estratificados,
lixiviados e pobres em resíduos orgânicos (Brasil,, 2008)
10
Considerando-se essas condições, é possível que os solos da região
possam funcionar como drenos de carbono, resultando em seu
armazenamento mais ou menos temporário na forma de matéria orgânica.
Ao contrário, os solos podem também funcionar como compartimentos de
emissão de carbono para atmosfera e essa dinâmica nos solos, ainda não
descrita para o Pantanal, pode ser influenciada por vários fatores, entre eles
os tipos de fitofisionomias, a própria sazonalidade, ou ambos.
Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi quantificar os teores e
estoques de carbono do solo nos períodos vazante, enchente, cheia e
estiagem no Pantanal Matogrossense, para verificar se a sazonalidade, mais
do que a vegetação, é que condiciona a dinâmica de carbono.
A partir dessa proposição, objetiva-se responder a duas questões
principais: Como se dá a variação sazonal do conteúdo e estoque de
carbono nos solos do ambiente estudado? Essa variação é influenciada
pelas fitofisionomias, pela sazonalidade ou ambas?
11
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Pantanal
O Pantanal é uma imensa planície de áreas alagáveis, onde a
pecuária extensiva caracteriza-se como a principal atividade econômica
(CORDEIRO, 2004).
Há que se destacar, no contexto dos atributos químicos do solo, o
baixo conteúdo de matéria orgânica. Estudos de mapeamento realizados por
LOBATO (2000) mostram que solos de constituição orgânica (Organossolos)
não são expressivos no Pantanal Matogrossense. Por outro lado, acusam
expressiva ocorrência de solos com horizonte A fraco. Aparentemente, seria
contraditório o baixo conteúdo de matéria orgânica no horizonte superficial
dos solos num ambiente de grande umidade, onde a decomposição tende a
ser limitada (hidromorfismo acentuado com déficit de oxigênio em parte do
ano, propiciando o acúmulo de carbono).
O manejo e uso dos solos do Pantanal envolvem a utilização do fogo, a
introdução de pastagens em área sob cerrado não-inundável e a oscilação
do pulso de água em decorrência das épocas da cheia e da seca são fatores
que induzem à mudança na dinâmica da matéria orgânica e dos nutrientes.
A utilização do fogo como elemento de manejo das áreas de savanas
e campos naturais, embora muito contestada no meio científico, por
entidades ambientalistas e pela sociedade em geral, constitui uma realidade
e prática bastante comum em muitas regiões tropicais e subtropicais,
especialmente naquelas caracterizadas por estação seca pronunciada. No
Brasil, o uso do fogo é prática comum na atividade agropecuária,
destacando-se sua utilização na região dos Cerrados e Amazônia com o
objetivo de promover a renovação ou recuperação das pastagens. A
12
utilização dessa prática no Pantanal como alternativa de manejo das
savanas se justifica pelo controle de plantas invasoras e maior oferta de
forragem fresca e palatável para o gado, obtida por meio da emissão de
brotações e proporcionada pela remoção da macega, conforme observa
CARDOSO et al. (2000).
Na maioria das áreas de savanas e especialmente nos cerrados
brasileiros, ao final da estação seca, queimam-se indiscriminadamente áreas
de vegetação herbácea, arbustiva e arbórea. Ainda que o emprego da
queimada no Pantanal se faça de forma controlada, sua utilização requer
cautela. Resultados de estudos desenvolvidos por CARDOSO et al. (2000)
em áreas de savana gramíneo-lenhosa, na subregião da Nhecolândia,
Pantanal Sul Mato-Grossense, demonstram que a queima anual do caronal
promove uma redução na biomassa aérea, acumulada nos onze meses
subseqüentes à queima, de aproximadamente 36% quando comparada à
área sem queima. Com sua reincidência no ano seguinte, a redução é de
cerca de 50%. A fitomassa morta decresce expressivamente, com valores
máximos, representando não mais que 10% da área sem queima.
Quanto aos períodos estacionais, o Pantanal apresenta um regime
hidrológico caracterizado pela sazonalidade dos níveis dos rios (variações
intra-anuais) e pelos ciclos de cheia e seca (variações inter-anuais), segundo
observações de HASENACK et al. (2009). Esses fenômenos naturais que
ocorrem em seu interior, cujo destaque é a inundação do bioma, ocasionam
mudanças que promovem alterações significativas no ambiente. A cada ano,
várias regiões deste bioma mudam de hábitats aquáticos para terrestres e
vice-versa, ocasionando momentos em que as cheias ocupam 80% do
Pantanal, embora, no período de estiagem, grande parte da área inundada
seque, pois a água acaba evaporando ou retornando para o leito dos rios
(LOBATO, 2000).
Esses fenômenos são responsáveis por grandes contrastes no local
ao longo do ano, havendo épocas muito secas, quando há incidência de
grandes queimadas e, em seguida, o período chuvoso, quando o grande
volume de água ocasiona o surgimento de uma lâmina de água sobre a
13
superfície, em determinados locais, conforme aponta MACHADO (2005).
Esses processos, de acordo com SOARES et al. (2010), são responsáveis
por modificações espaciais e temporais na região, como umidade do solo,
variabilidade dos processos físicos da atmosfera, entre outros. Define-se,
dessa forma, como equilíbrio estacional desse bioma, os fluxos de entrada e
saída das águas oriundas das enchentes estando, assim, sua caracterização
diretamente ligada à precipitação pluviométrica anual.
2.2 Carbono
O dióxido de carbono (CO2) emitido pelas atividades humanas,
principalmente no meio agrícola, chega a atingir 8,5 bilhões de toneladas
anuais. De acordo com PINTO et al. (2000), metade da emissão deste gás
permanece na atmosfera, provocando efeitos nocivos ao cenário natural do
bioma.
O CO2 é apontando como o principal gás responsável pela
intensificação do efeito estufa. As mudanças climáticas ocorridas
desordenadamente e sentidas por todos, constituem um dos principais
meios de comprovação dessas alterações, conforme asseveram
FERNANDES et al.(2007).
Em estudos gerais, juntamente com simulações associadas ao
aumento da concentração de CO2 na atmosfera, detectou-se que a
temperatura global pode aumentar em média 4°C até o ano de 2100,
embora alguns pesquisadores defendam a hipótese de que este aumento
pode ser menor, em torno de 0,2°C por década, em virtude do resfriamento
ocorrido pelos aerosóis sulfatados, de acordo com observações de
MITCHELL et al. (1995).
COSTA et al. (2008) afirmam que fatores direta ou indiretamente
ligados à atividade microbiana, juntamente com variados preparos de solo
em combinação com ação da temperatura e umidade de solo, influenciam a
taxa de emissão de CO2 para a atmosfera, tendo em vista a direta relação de
emissão desse gás apresentado pela sazonalidade ocorrida em
determinadas regiões, como é o caso do Pantanal.
14
Em solos onde naturalmente há cobertura vegetal, sem a
transformação humana, o CO2 encontra-se em equilíbrio dinâmico, com
teores praticamente constantes embora haja variação temporal, observam
D’ANDRÉA et al.(2004),. As áreas agrícolas com culturas anuais e
pastagens, cujas práticas envolvem o preparo intensivo do solo. Resultam
no revolvimento do mesmo, ocasionando intensa perturbação da camada
microbiana. Esse fato, entendem PEREZ et al. (2004), tem gerado o
aumento da mineralização da matéria orgânica, promovendo
conseqüentemente a erosão e o aquecimento global pela emissão de CO2.
Florestas Tropicais Úmidas destacam-se por apresentarem grande
diversidade e alta produtividade biológica (SANTOS et al.,2004). Em áreas
desmatadas, há um aumento da emissão de gás carbônico (CO2) e outros
gases como metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), capazes de contribuir para
o aumento do efeito estufa. A partir da regeneração de florestas
secundárias, parte do CO2 é reabsorvido através do renascimento das
plantas, embora muitos gases não se tornem absorvíveis pela atmosfera,
conforme afirma FEARNSIDE (2006).
As florestas contribuem de forma significativa para o equilíbrio do
carbono global, tendo em vista que armazenam nas árvores e no solo mais
carbono que o total existente na atmosfera. Essa característica possibilita,
segundo FERNANDES et al.(2007), que as florestas sejam manejadas,
condicionando um menor lançamento de CO2 na atmosfera.
A vegetação retira o gás carbônico da atmosfera através do processo
de fotossíntese, convertendo-o, dessa forma, em compostos orgânicos
utilizados no crescimento e desenvolvimento. Embora as plantas lenhosas
armazenem o carbono durante o seu crescimento, há o momento de
decomposição, quando o carbono poderá ser desprendido da planta na
forma de gás carbônico e liberado na atmosfera como monóxido de carbono
ou metano, ou, ainda, permanecer incorporado no solo como substância
orgânica (LELES et al., 1994). Com o desmatamento, ocorre um
desequilíbrio drástico, reduzindo o teor de matéria orgânica e,
conseqüentemente, de carbono no solo. Desse modo, é necessário que haja
um manejo apropriado de acordo com cada tipo de solo, para que a
15
tendência de desequilíbrio não ocorra. Caso isso aconteça, apenas adições
temporárias de adubação orgânica poderão restaurar o equilíbrio do teor de
matéria orgânica. Diante do exposto, comprova-se que ecossistemas com
grande biomassa e com o solo pouco perturbado, como as florestas, retêm o
carbono em uma escala temporal muito maior (PAULA & VALLE, 2007).
No ciclo geral do carbono (C), o CO2, entra na atmosfera a partir da
respiração dos animais e vegetais, da decomposição e queima das
substâncias orgânicas e da atividade dos oceanos. Em seguida, volta ao
solo através da fotossíntese das plantas terrestres e do plâncton oceânico.
Segundo GAUDART (2009), o C na Terra apresenta-se, necessariamente,
em forma de compostos orgânicos e carbonatos, ou sob forma de gás (CO2)
na atmosfera, cujo ciclo consiste na transferência desse elemento, por meio
de queima, respiração, reações químicas, para a atmosfera ou para o mar.
Sobre esse aspecto, ROCHA (2000) afirma que a reintegração do gás na
matéria orgânica, inclusive o menor teor de carbono orgânico estocado no
solo, está diretamente relacionado com o aumento da emissão de CO2 na
atmosfera.
Em regiões tropicais, o ciclo do C está intimamente ligado às
mudanças no uso e cobertura do solo, tendo em vista que essas alterações
ocorreram em grande escala nessas regiões, ressaltando-se que
ecossistemas de regiões tropicais possuem grande quantidade de C
estocados, conforme observam FEARNSIDE & BARBOSA, 1998; CERRI et
al., 2000; MURTY et al., 2002; HOUGHTON, 2003; HANSEN et al., 2005;
HAUSER et al., 2005; POLWSON, 2005.
Como exemplo de regiões tropicais, pode ser citado o Pantanal, onde
regiões com espécies de vegetação mais lenhosa, devido ao grande
acúmulo de matéria orgânica (liteira), apresentam maior quantidade de
carbono estocado no solo (HAASE, 1999).
FERNANDEZ et al. (1999), ao avaliarem o efeito da queima sobre os
conteúdos de C e N do solo em área de pastagem nativa dominada por
“capim carona”, Elionurus muticus (Spreng.), observa que os conteúdos de
carbono orgânico do solo (C total) apresentaram-se bastante baixos,
16
variando de 4,44 a 6,37 g C/dm3 TFSA (Terra Fina Seca ao Ar) na área não
queimada e de 4,60 a 6,61 g C/dm3 TFSA na área queimada.
FERNANDEZ et al. (1990), verificaram que o conteúdo de C total do
solo diminui após a queima, porém vários outros autores ponderam que,
após a queima, os conteúdos de C total do solo não se alteraram ou mesmo
aumentam ao longo do tempo, nos primeiros anos após implantação do
regime de queima como prática de manejo. Esses autores observaram
também que, apesar de haver um aumento no conteúdo de CO2 total, 15
dias após a queima, não ocorre alteração no conteúdo de C total do solo,
quando considerado o período todo. Para ALMENDROS et al. (1990), esse
comportamento pode estar relacionado com a incorporação da necromassa
de material semi-queimado ou oriundo do sistema radicular, o que foi
suficiente para compensar a combustão do húmus.
O solo pode apresentar um balanço dinâmico entre a adição de
material vegetal morto e a perda pela decomposição ou mineralização, cujo
fenômeno ocorre sob vegetação natural. PAULA (2007) adverte que a
determinação da qualidade do carbono existente depende de uma série de
fatores como temperatura do ar, chuvas, tipo de vegetação, fertilidade do
solo. Para a autora, os processos de transformação do carbono são
fortemente influenciados por esses fatores
Em locais onde o revolvimento do solo é mínimo, como em florestas,
a preservação da matéria orgânica (MO) tende a ser máxima, apresentando
assim um aporte de carbono mais elevado em florestas do que em áreas
cultivadas, onde há intenso revolvimento do solo. Esses processos expõem
as frações orgânicas ao ataque de microorganismos, proporcionando, assim,
a desestruturação do solo.
De acordo com a mesma autora, existem três processos responsáveis
pelo seqüestro de carbono no solo, quais sejam: humificação, agregação e
sedimentação. Os estudos mostram ainda os processos de erosão,
decomposição, volatilização e lixiviação como responsáveis pelas perdas de
carbono no solo.
17
Em pesquisas, autores como ESWARAN et al. (1995); SCHIMEL
(1995); BATJES & SOMBROEK (1997); HOUGHTON (2003); IPCC (2003) e
LAL (2003), defendem que os primeiros 100 cm de solo armazenam
aproximadamente 1576 Pg (1 Pg = 1015 g) de carbono (C) e outros 562 Pg
de C na vegetação, cuja soma aproxima até três vezes a quantidade de C
existente na atmosfera. Já BERNOUX et al. (2002), em estudos sobre os
estoques de C no Brasil, indica a existência de 36 Pg de C nos primeiros 30
cm de solo sob condições nativas.
Estimativas avaliadas em solos de Florestas englobando todo o
território brasileiro registram que 57% do estoque total de C localiza-se a 100
cm de profundidade, (41 Pg de C para 5 milhões de km2), conforme apontam
BATJES (1997); CERRI et al. (2000) e BERNOUX et al.(2002).
MELLO (2007) identificou que em regiões onde prevalecem altos
índices de umidade, margeadas pelo rio Araguaia, no Mato Grosso, com
predominância de Planossolos, o estoque de C é maior nos primeiros 30 cm
de profundidade.
Representando o principal elo de carbono na biosfera, a matéria
orgânica atua como fonte e dreno de carbono e nutrientes, destacando-se
por ter importância ressaltada quanto à disponibilidade de nutrientes,
agregação do solo e fluxo de gases do efeito estufa entre a superfície
terrestre e a atmosfera, conforme ALMEIDA (2005).
A matéria orgânica apresenta-se como sistema complexo de
substâncias em que a adição de resíduos orgânicos (diversas fontes) sofre
alterações contínuas sob ação de fatores biológicos, químicos e físicos,
determinando a dinâmica da reação. RANGEL et al.(2008) observa que em
ecossistemas naturais, onde há desenvolvimento de atividades humanas, os
estoques de carbono são diminuídos e a composição química da matéria
orgânica do solo é alterada.
Os valores de carbono da biomassa microbiana podem ser
determinados pela decomposição de materiais de origem vegetal e/ou
animal acumulados na superfície a partir do momento em que entram em
processo de decomposição pelos microrganismos do solo, segundo PEREZ
et al. (2004).
18
Além de a matéria orgânica ser um importante fator para oscilação da
quantidade de carbono existente no solo, as quatro estações sazonais que
ocorrem no Pantanal, estiagem, vazante, enchente e cheia, tornam ainda
mais complexos os fenômenos ocorridos em seu interior. Por esse fator,
justifica-se a afirmação de NOGUEIRA et al. (2002) de que a distribuição de
matéria orgânica em um campo inundável na região norte do Pantanal de
Mato Grosso é grandemente influenciada pelo pulso de inundação. Os
resultados desse estudo indicaram que em 91,9% da área houve remoção
de matéria orgânica na época de chuva.
Neste caso, a água da inundação depositou pouca matéria orgânica
no campo inundável, confirmando o fato de que a água remove matéria
orgânica promovendo a decomposição do material acumulado sobre o solo
durante a seca, em mais de 90% da área amostrada. Esse processo revela a
dinâmica cíclica do sistema, e a importância do pulso de inundação para sua
manutenção.
Alguns autores observaram também que, independente do pulso de
inundação que ocorre no Pantanal, os valores dos teores de matéria
orgânica variaram em função da profundidade do solo. Constataram os
maiores teores de matéria orgânica na profundidade de 0 a 5 cm, tanto para
antes como depois da cheia, e decréscimos lineares na medida em que
aumentava a profundidade do solo. É possível que a não constatação do
efeito da cheia sobre os teores de matéria orgânica tenha sido decorrente da
amostragem imediatamente antes e imediatamente após o término da
inundação, não havendo tempo suficiente para início da decomposição dos
restos vegetais depositados pela inundação, conforme afirmam CARDOSO
et al. (2000).
Já WEBER et al. (2005) não observaram variações significantes para
os teores de carbono orgânico e nitrogênio total no Pantanal de Poconé-MT.
ZECH et al. (1990) afirmam que em solos tropicais, a disponibilidade de
matéria orgânica torna-se menor, sendo elevada a presença de compostos
orgânicos ricos em grupamentos aromáticos e carboxílicos.
19
Além da matéria orgânica, um importante fator para a determinação
do estoque de carbono é o tipo de solo predominante, além de condições
climáticas e tipo de uso de solo, assevera FERNANDES et al. (1999). O solo
é considerado reservatório temporário de carbono no ecossistema, sendo
que na natureza este elemento está em constante processo de ciclagem,
conforme afirmam BRUCE et al.(1999 e De Bona et al. (2006).
A estocagem de carbono pode oscilar de acordo com a época da
coleta, a qualidade do ambiente, a vegetação existente, a profundidade de
coleta de solo, a deposição e decomposição dos resíduos e/ou matéria
orgânica, além das condições ambientais e de manejo (ALMEIDA, 2005).
De acordo com MENDES (2009), em estudos realizados no Pantanal
Matogrossense, o estoque de carbono médio do solo foi estimado em 89,9 ±
25,1Mg de C ha-1. Em virtude das reações sazonais, na fase seca o estoque
de carbono correspondeu a 88,9 ± 27,7 Mg de C ha-1 e na fase vazante 90,8
± 29,4 1Mg de C ha-1. O autor ainda mostra que o estoque de carbono total
do solo associado à sazonalidade ocorrida no Pantanal foi positiva,
proporcionando incorporação do carbono orgânico no solo.
Ainda são poucos os trabalhos e estudos sobre componentes de
reservatório de C entre ecossistemas nativos e cultivados, cujas publicações
concentram-se na profundidade de até 20 cm e em ecossistemas que
possuem características edafoclimáticas distintas das do Cerrado. Nesses
estudos, afirmam FERREIRA et al. (2007), as informações que explicam as
consequências do impacto das práticas agrícolas nos teores de C e de
matéria orgânica biologicamente ativa, representada pela biomassa
microbiana, são bastante escassos.
20
3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Área de Estudo
O presente estudo foi conduzido em diferentes fitofisionomias da Reserva
Particular de Patrimônio Natural do SESC (RPPN SESC Pantanal),
localizada no município de Barão de Melgaço, Estado de Mato Grosso. A
RPPN possui uma área de 106.300 hectares, localizando-se no interflúvio
dos rios Cuiabá e São Lourenço (Figura 1).
Figura 1 – Localização da área de estudo, RPPN SESC Porto Pantanal.
Adaptado por Mendes (2009).
21
A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) SESC Pantanal é
uma Unidade de Conservação (UC) particular, criada em 1997 de
responsabilidade do Serviço Social do Comércio (SESC) e está localizada
no município de Barão de Melgaço, Nordeste do Pantanal de Mato Grosso.
A RPPN foi reconhecida, em 2002, como sítio RAMSAR (sendo esta
considerada como primeiro sítio RAMSAR em área particular do Brasil), e
considerada como Área Prioritária para Conservação da Biodiversidade
(CORDEIRO, 2004).
As temperaturas médias na RPPN variam, no verão, entre 27º e 28ºC, e
durante o inverno, entre 22º e 23ºC, sendo a precipitação total média anual
entre 1.100 e 1.200 mm. Destes, entre 450 e 525 mm estão concentrados no
trimestre janeiro, fevereiro e março (HASENACK et al., 2003).
O volume de chuva na região da Reserva está entre os mais elevados
do Pantanal. A elevada concentração da precipitação durante os meses de
verão, a maior velocidade da passagem das águas vindas das cabeceiras
dos rios da Bacia do Alto Paraguai (BAP) pela proximidade com a borda do
Planalto, aliadas às altas temperaturas durante o verão (evapotranspiração)
são os principais fatores condicionantes do comportamento mais seco da
Reserva em relação aos demais pantanais (BRASIL, 1997).
As altitudes variam de 110 a 120m na porção oeste da Reserva,
identificada como Pantanal do Paiaguás pelo projeto RADAMBRASIL (Folha
SE 21 e parte da Folha SE 20. pp. 161-224) e de 120 a 140m nas porções
central e leste da Reserva (CORDEIRO, 2004).
São reconhecidas na RPPN Sesc Pantanal sete fisionomias vegetais:
Cerrado “stricto sensu”, Cerradão, Cambarazal, Campo de Murunduns,
Floresta Estacional com Acuri, Campo e outras fisionomias e ecótonos
(HASENACK, 2003).
As Fitofisionomias estudadas foram as seguintes:
Cambarazal – Corresponde à fitofisionomia que ocorre em área
sazonalmente inundada, com monodominância da espécie Vochysia
divergens Pohl (Vochysiaceae). Essa área tem predominância de solo
22
hidromórfico classificado como Gleissolo Háplico Alumínico neofluvissólico,
(Anexo I)1.
Cordilheira – Corresponde aos cordões de deposição de sedimentos
arenosos assentados ao longo dos leitos fósseis dos rios ou porções desses,
localmente e recobertos com vegetação arbórea ou arbustiva, formando
cerrados ou florestas que se localizam cerca de 1m acima do nível de
inundação. Esta área tem predominância de solo hidromórfico classificado
como Planossolo Háplico Alítico gleissólico (Anexo I).
Espinheiral – Corresponde à fitofisionomia que ocorre em área
sazonalmente inundada mais próxima ao leito maior do rio Cuiabá, com
monodominância da espécie Mimosa pellita K. & W. (MENDES, 2009),
caracterizada pela presença de arbustos com grande incidência de
espinhos. Esta área tem predominância de solo hidromórfico classificado
como Gleissolo Háplico Alumínico “vertissólico”, (Anexo I).
Floresta Ripária – Corresponde à fitofisionomia de floresta ripária
que ocorre em área sazonalmente inundada mais próxima às depressões
(baías). Esta área tem predominância de solo hidromórfico classificado como
Planossolo Háplico Alítico gleissólico (Anexo I).
3.2 Procedimento de amostragem de solo
Em julho de 2008 foi feito o reconhecimento da área e a escolha dos
locais de coleta, que foram definidos, primeiramente, nas quatro diferentes
fitofisionomias anteriormente descritas (Figura 2).
1 O Anexo I traz o resultado do trabalho realizado pelo Mestre e Doutorando em Agricultura Tropical João Paulo Novaes Filho e Dr. Léo Adriano Chig, que, apoiando o presente trabalho, identificaram os solos segundo as normas estabelecidas por LEMOS & SANTOS (1996) e os classificaram segundo as normas do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006).
23
Figura 2 Vegetação existente em cada local de coleta (Cambarazal,
Cordilheira, Espinheiral e Floresta Ripária, respectivamente).
Nestes locais foram abertas trincheiras para a identificação e
classificação dos solos (Anexo I), além da determinação da localização
geográfica por meio de GPS (Global Position System).
A Tabela 2 apresenta um resumo dos quatro locais amostrados, nas
quatro áreas de coleta, demonstrando área, tipo de solo e coordenadas.
Tabela 1 - Fitofisionomia, classe de solo e coordenadas das áreas de coleta
das amostras de solo.
Área Soloa Coordenadas
Espinheiral Gleissolo Háplico Alumínico “vertissólico”,
21K 575.949m E e
8.172.454m N
Cambarazal Gleissolo Háplico Alumínico neofluvissólico
21K 576.177m E e
8.169.541m N
Cordilheira Planossolo Háplico Alítico gleissólico
21K 576.548m E e
8.167.453m N
Floresta Ripária Planossolo Háplico Alítico gleissólico
21K 574.362m E e
8.170.461m N aDe acordo com a Classificação Brasileira de Solos (Embrapa, 1999b).
Os pontos acima geograficamente referenciados representam os
pontos centrais de amostragem. A partir de cada um deles foi planejado um
esquema de amostragem (Figura 3), que consistiu na coleta de amostras de
solo em quatro profundidades (0 - 5 cm, 5 - 10 cm, 10 - 15 cm e 15 - 20 cm),
24
a cada 15 dias, segundo a numeração nos círculos abaixo, perfazendo 24
coletas em doze meses, de Julho/2008 a Junho/2009 (Tabela 2) e um total
de 1.536 amostras.
Figura 3 Esquema amostral das coletas de solo para profundidade e transectos.
Tabela 2. Datas de coletas realizadas entre Julho/2008 e Junho/2009.
Meses/ Ano/ Período Coletas Data
Julho/2008 – Vazante 1 04/7/2008
Julho/2008 – Vazante 2 18/07/2008
Agosto /2008 – Estiagem 3 01/08/2008
Agosto/2008 – Estiagem 4 15/08/2008
Agosto/2008 – Estiagem 5 29/08/2008
Setembro/2008 – Estiagem 6 13/09/2008
Setembro/2009 – Estiagem 7 27/09/2008
Outubro/2009 – Estiagem 8 10/10/2008
Outubro/2009 – Estiagem 9 24/10/2008
Novembro/2009 – Enchente 10 15/11/2008
Novembro/2009 – Enchente 11 29/11/2008
25
Dezembro/2009 – Enchente 12 12/12/2008
Janeiro/2009 – Enchente 13 15/01/2009
Janeiro/2009 – Enchente 14 30/01/2009
Fevereiro/2009 – Cheia 15 12/02/2009
Fevereiro/2009 – Cheia 16 26/02/2009
Março/2009 – Cheia 17 14/03/2009
Março/2009 – Cheia 18 29/03/2009
Abril/2009 – Cheia 19 13/04/2009
Abril/2009 – Cheia 20 25/04/2009
Maio/2009 – Vazante 21 09/05/2009
Maio/2009 – Vazante 22 23/05/2009
Junho/2009 – Vazante 23 11/06/2009
Junho/2009 - Vazante 24 27/06/2009
Para a coleta dos solos em profundidade, foi utilizada uma pá e
amostradores de “kopeck”. As amostras deformadas foram homogeneizadas
e armazenadas em sacos plásticos e enviadas para um laboratório comercial
na cidade de Cuiabá para a realização de análises químicas e físicas para
caracterização do ambiente.
As amostras de solo foram coletadas tanto deformadas para análise
do carbono total, quanto indeformadas em todos os períodos do ano. Nas
épocas de enchente e cheia, quando a lâmina d´água acima do solo variava
entre 10 e 200 cm, realizava-se o mergulho nos locais amostrais e coletava-
se apenas amostras superficiais de 0 a 5 cm de profundidade. Já no período
de estiagem e seca, as amostras eram retiradas em profundidades de 0 a 5
cm; 5-10 cm; 10 a 15 cm; 15 a 20 cm, gerando um total, em cada coleta, de
64 amostras deformadas e 64 indeformadas por área experimental.
Como em determinados períodos não foi possível a coleta de
amostras indeformadas para cálculo do estoque de carbono, em virtude do
alagamento, não foi possível realizar o cálculo da densidade aparente. No
entanto, para cálculo do carbono total foram utilizados os valores obtidos nas
coletas anteriores ao período de cheia e enchente.
26
3.3 Procedimentos Analíticos
3.3.1 Preparação e análise das Amostras
As amostras coletadas foram congeladas para evitar o contato com o
ar atmosférico, e para inibir o processo decomposição da matéria
orgânicaaté que pudessem ser devidamente tratadas e analisadas.
A densidade aparente foi determinada por meio de amostras de solo com
estrutura indeformada e secas em estufa a 105ºC, por um período de 24
horas, utilizando-se a seguinte equação:
β= ms Vs
Onde:
β – densidade do solo em ton/m3
ms = massa do solo seco em Mg
Vs = volume do solo em Mdm3
Para os demaisprocedimentos analíticos, as amostras foram
acondicionadas em bandejas de papel e postas em estufa com temperatura
de 105ºC, sendo posteriormente desagregadas manualmente e peneiradas
em uma peneira de malha de 2 mm de abertura e homogeneizadas, sendo
denominadas terra fina seca em estufa (TFSE).
Os teores de carbono foram determinados pelo Método de
Combustão Seca através do Analisador de Carbono Multi N/C 3000-Analytik-
Jena, Eltra HTF 540 e forno com temperatura 1350º C.
De acordo com Soil Survey Staff (1996), a quantidade de solo
estimado para obter resultados de teores de carbono no equipamento acima
mencionado era 0,5 gramas. No entanto, tendo em vista o alto teor de
carbono existente nas amostras trabalhadas, este valor reduziu-se para 0,2
gramas.
Os estoques de carbono orgânico no solo foram calculados pelos
métodos de camada e de massa de solo. O método da camada equivalente
27
levou em consideração a espessura da camada e a densidade do solo
(BAYER et al., 2000).
Para determinação do estoque de carbono foram seguidas as
seguintes etapas:
1. Calculou-se a percentagem da alteração do estoque de carbono
em relação ao estoque atual, usando a seguinte fórmula:
100*[(estoque do período atual - estoque do período seguinte) / estoque do período atual)]
2. Calculou-se o balanço a partir do estoque inicial, usando a seguinte fórmula:
- para o tempo zero, estoque =100
- para o próximo tempo, usou-se a seguinte fórmula:
100 + valor encontrado no item 1
- para os tempos seguintes, foi usada a seguinte fórmula=
estoque do período anterior *(valor encontrado no item 1./100) + estoque do período anterior
3.4 Análise Estatística
A análise estatística consistiu da organização dos dados aplicando-se
a estatística descritiva para análise do carbono orgânico total e estoque total
de carbono nas diferentes fitofisionomias e profundidades para os períodos
de estiagem, vazante, enchente e cheia. A comparação das médias foi
realizada pelo teste de Tukey com nível de significância 5%.
Realizou-se a análise de regressão para expressar as relações entre
o conteúdo de matéria orgânica com macro e micronutrientes dos solos das
fitofisionomias estudadas.
28
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os solos pantaneiros guardam estreita relação com a natureza dos
sedimentos depositados o que, por sua vez, é conseqüência da natureza do
material fonte e dos processos ou formas de deposição/sedimentação,
conforme afirmam COUTO & OLIVEIRA (2009).
Os atributos químicos e físicos dos solos correspondentes às
fitofisionomias Cambarazal, Espinhal, Floresta Ripária e Cordilheira,
encontram-se nas Figuras 4 e 5.
As Figuras 4 e 5 (elaboradas a partir de coletas de 64 amostras)
evidenciam haver dois grupos distintos de solos. O primeiro deles
caracteriza-se pela presença de solos denominados Gleissolos e inclui as
fitofisionomias Cambarazal e Espinhal, caracterizando-se pela textura média
e maior disponibilidade de nutrientes. O segundo grupo caracteriza-se pela
presença de solos denominados Planossolos e inclui as fitofisionomias
Cordilheira e Floresta Ripária, sendo Espinhal caracterizado pela textura
arenosa (na camada de 20 cm), com grande limitação no que se refere à
disponibilidade de nutrientes.
Os Gleissolos apresentam grande diversidade de características
químicas em virtude de serem solos originados de sedimentos com grande
heterogeneidade quanto à composição granulométrica e mineralógica
(LOPES et al., 2006). Os processos de oxirredução que ocorrem nos solos
de várzea alteram as características químicas, inclusive a dinâmica dos
nutrientes (PONNAMPERUMA,1972).
Em geral, o pH é uma importante propriedade química do solo,
particularmente em relação à disponibilidade de nutrientes e a presença de
elementos tóxicos (FAGERIA, 2004). Osvalores variaram de 4,7 a 4,9
29
(Figura 5), classificando-se como muito ácidos. FIGUEIRA (2004) confirma
em seus estudos essa forte acidez dos solos de várzea do Brasil.
Figura 4 Triângulo textural correspondente a 64 amostras de solos das
fitofisionomias Cambarazal, Espinhal, Floresta Ripária e Cordilheira
coletadas até a profundidade de 20 cm.
O conteúdo de matéria orgânica nos solos foi muito variável, com
nível máximo obtido no Cambarazal (Gleissolo), com valores próximos a
41,7 g.kg-1 , enquanto a Floresta Ripária (Planossolo) apresentou o valor
mínimo de 11,3 g/kg. Desta forma, os solos do Cambarazal e Espinhal
(Gleissolos), de acordo com a classificação de FAGERIA (2004)2
classificam-se como solos com valores médios 15 g a 45 g kg-1 (1,5% a
4,5%). Os solos da Floresta Ripária e Cordilheira (Planossolos) classificam-
2 Presença de matéria orgânica
30
se como solos que apresentam baixos teores em matéria orgânica, ou seja,
solos que apresentam valores menores que 15 g kg-1 (1,5%).
A baixa concentração de cálcio e magnésio nas fitofisionomias
Cambarazal, Floresta Ripária e Cordilheira pode estar ligada ao aporte de
sedimentos pelas águas de inundação, tendo em vista que no período de
31
Figura 5 Interpretação da análise do solo correspondente à média de 64 amostras coletas em cada fitofisionomia até a
profundidade de 20 cm.
32
inundação as águas passam por diversos locais, podendo agregar ou retirar
elementos químicos, como observam SOARES & OLIVEIRA (2009).
Em relação ao carbono, um fator que pode ter determinado o nível de
perda dos estoques de C, também observado por FERNANDES et al.( {,
1999), é a textura bastante arenosa no solo presente em duas fitofisionomias
estudadas (Figura 4).
A grande importância da matéria orgânica depositada no solo consiste
em sua capacidade de reter nutrientes, minimizando a lixiviação através do
solo para fora da zona de raízes (HAY, 1984). A figura 5 apresenta várias
relações entre a matéria orgânica do solo com os macros e micronutrientes
estudados. Com exceção do enxofre (S) para a fitofisionomia Espinhal, foi
encontrada uma relação positiva e significativa entre o conteúdo de matéria
orgânica e os macronutrientes do solo (Figuras 5 A, 5B, 5C, 5D, 5E) para
todas as outras fitofisionomias estudadas.
É possível observar que os valores dos coeficientes de determinação
das equações de regressões (R2) foi sempre maior na fitofisionomia Espinhal
(Figura 6), indicando que nessa fitofisionomia as concentrações dos
nutrientes são mais dependentes do aporte de carbono que as demais.
Nessa fitofisionomia o fogo age com maior intensidade, motivo pelo qual o
aporte de nutrientes é maior, conforme afirmam COUTO et al. (2006).
Os solos argilosos (Gleissolos) estão associados às fitofisionomias
Cambarazal e Espinhal. Nesse caso, os resultados indicam que os locais
com maiores teores de Al no solo apresentaram os maiores conteúdos de
matéria orgânica (Figura 5).
Os valores referentes aos teores e estoque de carbono existentes nos
solos das fitofisionomias estudadas no Pantanal Mato-Grossense são
apresentados nas Tabelas 3 e 4, respectivamente.
As fitofisionomias não apresentaram diferença significativa no
conteúdo de carbono ao longo do ano, na camada de 0 a 5 cm, onde há
maior concentração da liteira. No período da cheia, são levados vários
sedimentos para os locais, aumentando o aporte dos nutrientes, mas no
33
momento da vazante, esses nutrientes são carregados novamente para
outros locais(NEVES et al., 2004).
34
Figura 6 Relações entre o conteúdo de matéria orgânica e macro e
micronutrientes dos solos das fitofisionomias estudadas.
35
Embora as fitofisionomias Cordilheira e Floresta Ripária não
apresentassem diferença significativa no conteúdo de carbono nos primeiros
cinco centímetros, os menores valores foram encontrados no período da
vazante. Dessa forma, concorda-se com NOGUEIRA et al.(2002) no sentido
de que o solo neste período esteja funcionando como um dreno de carbono,
com armazenamento apenas temporário.
Considerando-se que as diferenças estatísticas entre os valores
médios totais são mais significativas entre as fitofisionomias do que entre os
períodos, pode-se concluir que o conteúdo de carbono, como também seu
estoque (Tabelas 3 e 4) são mais dependentes do tipo de fitofisionomia que
está sobre o solo, do que da sazonalidade ao longo do ano.
Há que se destacar, no contexto dos atributos químicos, o baixo
conteúdo de matéria orgânica dos solos do Pantanal (WEBER & COUTO,
2008).
Durante os períodos de vazante e estiagem, ocorreram maiores
concentrações de carbono e estoque de carbono nas fitofisionomias
Cambarazal, Espinhal e Floresta Ripária, sendo este fenômeno diretamente
relacionado ao pulso de inundação, pois estes locais recebiam grandes
quantidades de água no período inundável. Nesse processo, a Floresta
Ripária alcança destaque por ser uma fitofisionomia localizada próxima à
baía, que se mantém úmida durante todos os períodos estacionais.
As fitofisionomias Cambarazal e Espinhal, por se localizarem em
regiões mais baixas, ao chegar os períodos de enchente e cheia, mostram
um aumento na concentração de matéria orgânica, as quais são levadas e
trazidas com a movimentação da água. Como a matéria orgânica está
suspensa na água, ao adentrar o período da vazante, essa matéria
acondiciona-se no solo, aumentando, conseqüentemente, o teor de carbono
e o aporte de nutrientes do local (Figura 7).
35
Tabela 3. Teores de carbono orgânico total em diferentes fitofisionomias da RPPN SESC Pantanal do Pantanal de Barão de Melgaço-MT Fitofisionomia Prof
(cm) Período
Vazante Estiagem Enchente Cheia Média Anual Média E F P Média E F P Média E F P Média E F P
Cambarazal 0-5 49,76 A a 1 72,66 A a 1 63,93 A a 1 58,84 A a 1 5-10 23,82 B a 2 50,51 A a 2 51,29 A a 13 29,57 B a 2 10-15 10,96 B a 2 31,31 A a 23 28,12 AC a 23 18,72 BC a 2
15 - 20 5,12 B a 2 13,81 AB a 3 20,83 A a 2 16,43 A a 2 Média 22,42 C a 42,07 A a 41,04 AB a 30,89 BC a 34,15 a Cordilheira 0-5 10,21 A b 1 10,40 A b 1 13,38 A c 1 15,84 A b 1
5-10 4,79 A b 1 6,43 A bc 1 5,39 A c 2 11,63 A b 1 10-15 3,44 A a 1 5,88 A c 1 3,54 A c 2 9,38 A ab 12
15 - 20 3,14 A a 1 3,90 A a 1 3,21 A bc 2 3,21 A bc 2 Média 5,40 B c 6,65 B c 6,38 B c 10,02 A c 7,12 d Espinhal 0-5 29,12 A ab 1 44,57 A c 1 50,43 A ab 1 31,56 A b 1
5-10 19,97 B ab 12 33,82 AB d 1 37,10 AB ab 12 22,14 B ab 12 10-15 11,41 A a 23 20,11 A b 2 22,60 A ab 23 16,85 A ab 2
15 - 20 5,21 B a 3 12,06 AB a 2 17,05 AC a 3 12,38 BC ac 2 Média 16,43 B ab 27,64 A b 31,79 A a 20,74 B b 24,12 b Floresta Ripária 0-5 18,90 A b 1 17,84 A b 1 35,41 A bc 1 23,09 A b 1
5-10 10,39 A ab 1 13,63 A c 1 21,12 A bc 12 12,33 A b 1 10-15 7,44 A a 1 6,84 A c 1 14,95 A bc 2 5,34 A b 1 15-20 6,47 A a 1 8,10 A a 1 11,27 A ac 2 9,75 A ac 1
Média 10,80 B bc 11,60 B c 20,69 A b 12,63 B c 13,55 c
Média Anual 13,76 C 21,99 AB 24,97 A 18,47 B
Vazante: maio, junho, julho; estiagem: agosto, setembro, outubro; enchente: novembro, dezembro, janeiro; cheia: fevereiro, março e abril. As colunas E, F e P correspondem às comparações entre épocas do ano, fitofisionomias e profundidades, respectivamente. Letras maiúsculas comparam épocas do ano para uma mesma fitofisionomia e profundidade; letras minúsculas comparam fitofisionomias para uma mesma época e profundidade; e números comparam profundidades para uma mesma fitofisionomia e época do ano. Médias (DP) seguidas de pelo menos um caráter numérico comum, não diferem entre si. Letras maiúsculas e minúsculas em negrito referem-se aos valores médios respectivamente para épocas do ano e fitofisionomias.
36
Tabela 4. Estoque de carbono na profundidade de 0 – 20 cm (t ha-1) em diferentes fitofisionomias da RPPN SESC Pantanal, no Pantanal de Barão de Melgaço-MT
Fitofisionomia Período
Vazante E F Estiagem E F Enchente E F Cheia E F Média Anual Cambarazal 35,68 C a 64,78 AB a 77,55 A a 54,53 BC a 57,60 a Cordilheira 14,38 B b 16,42 AB b 17,14 AB b 26,16 A b 18,50 d Espinhal 31,24 B a 54,85 A a 61,49 A a 35,94 B b 45,60 b Floresta Ripária 26,91 B ab 29,62 AB b 54,89 A a 31,30 AB b 34,63 c
Média Anual 27,05 C 41,42 B 52,77 A 36,98 BC
Vazante: maio, junho, julho; estiagem: agosto, setembro, outubro; enchente: novembro, dezembro, janeiro; cheia: fevereiro, março e abril. As colunas E e, F correspondem às comparações entre épocas do ano e fitofisionomias, respectivamente. Letras maiúsculas comparam épocas do ano para uma mesma fitofisionomia e letras minúsculas comparam fitofisionomias para uma mesma época .
Figura 7 Variação do teor médio de carbono nos períodos de coleta, para as diferentes fitofisionomias.
37
Assim, o Cambarazal, determinado pela constante presença Vochysia
divergens Pohl (Vochysiaceae), apresenta uma diferença na quantidade de
vegetação quando comparados os períodos de seca e cheia. Devido ao
impacto do fogo, nos períodos de seca, ocorre uma diminuição considerável
no número de plantas, as quais voltam a se expandir no período de cheia,
conforme observaram CUNHA & JUNK (2001). Já o Espinhal consiste em
um bosque seco margeando áreas de campos abertos, sujeitos à inundação
periódica, permanecendo, dessa forma, completamente expostos à
sazonalidade. A seqüência da quantificação de carbono orgânico e estoque
de carbono para as fitofisionomias, em todos os períodos, ocorreram na
seguinte tendência de decréscimo: Cambarazal, Espinhal, Floresta Ripária e
Cordilheira (Figuras 7 e 8).
Figura 8 Variação do estoque de carbono nos períodos de coleta, para as
diferentes fitofisionomias.
SCHONGART et al. (2008), em pesquisas realizadas no Pantanal,
relataram que o local, mais precisamente a região denominada neste
trabalho por Cambarazal, inundado sazonalmente, funciona como
reservatório constante de carbono. Desse modo, explicam-se as maiores
38
concentrações de carbono e estoque de carbono nesta fitofisionomia,
fenômeno observado também por MENDES (2009).
Compreende-se assim, que os menores valores do estoque de
carbono, nos períodos de maior umidade (cheia e enchente), estão
associados diretamente ao aumento da profundidade da lâmina d’água,
processo esse que dificulta a ação do vento e a conseqüente circulação dos
gases, segundo SILVA & ESTEVES (1995).
Já as fitofisionomias Cordilheira e Floresta Ripária, ambas situadas
sobre solos arenosos e com nível de alagamento baixo, quando comparados
com Cambarazal e Espinhal (nível de alagamento maior durante todo o
período de cheia), revelam incremento do carbono orgânico nos períodos da
vazante, estiagem e enchente, diferindo apenas no período da cheia,
quando a Floresta Ripária tende a diminuir a concentração de carbono
orgânico. Esse fenômeno pode estar associado fato de os pontos amostrais
estarem localizados próximos à baía (local permanentemente alagado). No
entanto, para a Cordilheira, atribui-se essa tendência de aumento de
carbono ao do baixo nível de inundação sofrido ao longo do ano.
Nas Figuras 9 e 10 é possível verificar que os solos estudados
funcionam como drenos de carbono. Considerando-se o índice inicial 100, os
solos de todas fitofisionomias estudas acumularam carbono durante o
período estudado, estes valores oscilaram de 149,9 (1,5 vezes) para a
fitofisionomia Cordilheira até 347,5 (3,5 vezes) para Floresta Ripária.
No conjunto das fitofisionomias, os solos funcionaram como dreno durante o
período compreendido entre a vazante de 2008 e a vazante de 2009,
acumulando 1,5 vezes o seu valor inicial.
39
Figura 9 Balanço do teor médio de carbono a partir da coleta inicial (vazante
de 2008).
vazante 2008
estiagem enchente cheia vazante
2009
Cambarazal 100.0 410.4 491.2 345.4 289.0
Cordilheira 100.0 152.2 158.9 242.5 149.9
Espinheiral 100.0 306.3 343.4 200.7 211.7
Floresta Riparia 100.0 291.7 540.6 308.3 347.5
Geral 100.0 303.2 386.3 270.8 247.1
0.0
100.0
200.0
300.0
400.0
500.0
600.0
Bala
nço
do E
stoq
ue d
e Ca
rbon
o (%
)
Figura 10 Balanço do Estoque de Carbono nos solos das fitofisionomias.
40
5 CONCLUSÃO
A fitofisionomia, mais do que a sazonalidade, é o que condicionou o
acúmulo de carbono pelos solos.
No conjunto das fitofisionomias estudadas, os solos acumularam
cerca de 1,5 vezes mais carbono do que seu valor inicial, funcionado como
um dreno.
Evidentemente, resultados de apenas um ano de estudo não são
conclusivos e sinalizam para sua continuidade.
41
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48
ANEXO I
49
Cambarazal - GLEISSOLO HÁPLICO Alumínico neofluvissólico, A
moderado.
Litologia: sedimentos argilosos
- Formação geológica: formação Pantanal
- Cronologia: quaternário
- Material originário: produtos de decomposição das litologias supracitadas
- Pedregosidade: não pedregosa
- Rochosidade: não rochosa
- Relevo local: plano
- Relevo regional: plano
- Erosão: não aparente
- Drenagem: Imperfeitamente / mal drenado
- Vegetação: Floresta secundária (cambarazal)
- Uso atual: reserva natural
- Clima: Aw, segundo classificação de Köppen
Quanto à descrição Morfolófica tem-se:
A 0 a 16 cm, preto (10YR 2/1, úmida); muito argilosa; fraca pequena
granular e grãos simples; macia, friável, plástica, pegajosa; transição plana e
abrupta;
Bg 16 a 48 cm, cinzento-brunado-claro (10 YR 6/2, úmida), mosqueado
comum, pequeno, difuso, amarelo-avermelhado (5YR 6/6, úmida); muito
argilosa; forte, média, blocos subangulares; dura, firme, plástica, pegajosa;
transição plana e abrupta;
2Cg 48 a 53 cm, bruno muito claro-acinzentado (10YR 7/3, úmida); areia-
franca; grãos simples; solta, não plástica, não pegajosa; transição plana e
abrupta;
3Cg 53 a 100 cm+, coloração variegada constituída de: cinzento (N 5,
úmida) e vermelho (2,5YR 5/8, úmida); argila; forte, média/grande, blocos
subangulares; muito dura, firme, plástica, pegajosa;
50
Raízes: poucas, secundárias e muitas, finas, fasciculares no horizonte A;
comuns, finas, fasciculares e raras, finas, secundárias no horizonte Bg;
raras, finas, fasciculares nos horizontes 2Cg e 3Cg.
Observações: presença de horizonte Oo de 2 cm, na superfície do solo.
Figura 1 GLEISSOLO HÁPLICO Alumínico neofluvissólico, A moderado,
fase floresta secundária (cambarazal), relevo plano.
51
Cordilheira – PLANOSSOLO HÁPLICO Alítico gleissólico, A moderado.
Litologia: sedimentos arenosos inconsolidados e sedimentos argilosos
Formação geológica: formação Pantanal
Cronologia: quaternário
Material originário: produtos de decomposição das litologias supracitadas
Pedregosidade: não pedregosa
Rochosidade: não rochosa
Relevo local: plano
Relevo regional: plano
Erosão: não aparente
Drenagem: imperfeitamente drenado
Vegetação primária: Cerradão (cordilheira)
Uso atual: reserva natural
Clima: Aw, segundo classificação de Köppen
Descrição morfológica:
A 0 a 12 cm, bruno-amarelado-escuro (10YR 3/4, úmida); areia; grãos
simples; solta, friável, não plástica, não pegajosa; transição plana e difusa;
E1 12 a 36 cm, bruno-amarelado-claro (10YR 6/3, úmida); areia; grãos
simples; solta, não plástica, não pegajosa; transição plana e clara;
E2 36 a 85 cm, coloração variegada constituída de: bruno muito claro-
acinzentado (10YR 7/3, úmida) e amarelo-brunado (10YR 6/8, úmida); areia;
grãos simples; solta, não plástica, não pegajosa; transição plana e abrupta;
EB 85 a 116 cm, coloração variegada constituída de: cinzento (10YR 6/1,
úmida) e bruno-amarelado (10YR 5/8, úmida); franco-arenosa; fraca,
pequena, blocos subangulares e grãos simples; solta, não plástica, não
pegajosa, transição plana e abrupta;
Btg 116 a 150 cm+, coloração variegada constituída de: cinzento claro
(10YR 7/1, úmida) e vermelho (2,5YR 4/8, úmida) e com nódulos de
52
manganês de cor preta (10YR 2/1, úmida); argila; forte, grande/muito
grande, blocos subangulares; muito dura, muito firme, plástica, pegajosa;
Raízes: muitas, finas, fasciculares e comuns, finas, secundárias nos
horizontes A e E1; comuns, finas, fasciculares e raras, finas, secundárias nos
horizontes E2 e EB; ausentes no Btg;
Observações: presença de horizonte Oo de 1 cm, na superfície do solo.
Figura 2 PLANOSSOLO HÁPLICO Alítico gleissólico, A moderado, fase
cerradão (cordilheira), relevo plano.
53
Espinheiral – GLEISSOLO HÁPLICO Alumínico “vertissólico”, A moderado.
Litologia: sedimentos argilosos
- Formação geológica: formação Pantanal
- Cronologia: quaternário
- Material originário: produtos de decomposição das litologias supracitadas
- Pedregosidade: não pedregosa
- Rochosidade: não rochosa
- Relevo local: plano
- Relevo regional: plano
- Erosão: não aparente
- Drenagem: Imperfeitamente / mal drenado
- Vegetação: Secundária (arbustal, espinheiral)
- Uso atual: reserva natural
- Clima: Aw, segundo classificação de Köppen
Quanto a descrição Morfolófica tem-se:
A 0 a 15 cm, bruno-acinzentado-escuro (10YR 4/2, úmida); argila;
moderada muito pequena granular; macia; friável, plástica, pegajosa;
transição plana e abrupta;
Bg1 15 a 45 cm, cinzento-brunado-claro (10YR 6/2, úmida), mosqueado
comum, pequeno e médio, difuso, amarelo brunado (10YR 6/6, úmida);
argila; forte, média, blocos subangulares; dura, firme, plástica, pegajosa;
transição ondulada e gradual;
Bg2 45 a 96 cm, coloração variegada constituída de: cinzento escuro
(10YR 4/1, úmida) e vermelho-amarelado (5YR 4/6, úmida); argila; forte,
grande/muito grande, blocos subangulares; muito dura, muito firme, muito
plástica, pegajosa; transição plana e gradual;
54
Bg3 96 a 140 cm+, coloração variegada constituída de: cinzento (10YR 5/1,
úmida) e vermelho (2,5YR 4/6, úmida); argila; forte, grande/muito grande,
blocos subangulares; muito dura, muito firme, muito plástica, muito pegajosa;
Raízes: muitas, finas, fasciculares no horizonte A; comuns, finas,
fasciculares, penetrando principalmente do horizonte Bg1 e Bg3;
Observações: presença de horizonte Oo de 3 cm, na superfície do solo. O
horizonte Bg1 apresentou fina camada de areia solta, revestindo a sua
estrutura em blocos subangulares, mascarando a sua cor acinzentada.
Figura 3 GLEISSOLO HÁPLICO Alumínico “vertissólico”, A moderado, fase
arbustiva, relevo plano
55
Floresta Ripária – PLANOSSOLO HÁPLICO Alítico gleissólico, A
moderado.
Litologia: sedimentos arenosos inconsolidados e sedimentos argilosos
- Formação geológica: formação Pantanal
- Cronologia: quaternário
- Material originário: produtos de decomposição das litologias supracitadas
- Pedregosidade: não pedregosa
- Rochosidade: não rochosa
- Relevo local: plano
- Relevo regional: plano
- Erosão: não aparente
- Drenagem: imperfeitamente / mal drenado
- Vegetação: floresta secundária (cambarazal)
- Uso atual: reserva natural
- Clima: Aw, da classificação de Köppen
Descrição Morfológica:
A 0 a 14 cm, bruno (10YR 5/3, úmida); areia; grãos simples; solta, não
plástica, não pegajosa; transição plana e gradual;
E 14 a 38 cm, bruno-claro-acinzentado (10YR 6/3, úmida); franco-
arenosa; fraca, pequena, blocos subangulares e grãos simples; macia, muito
friável, não plástica, não pegajosa; transição plana e clara;
Btg1 38 a 56 cm, bruno-acinzentado (10YR 5/2, úmida), mosqueado pouco,
pequeno, difuso, bruno-forte (7,5YR 5/8, úmida); franco-argiloarenosa;
moderada, pequena a média, blocos subangulares; ligeiramente dura, firme,
ligeiramente plástica, ligeiramente pegajosa; transição plana e clara;
Btg2 56 a 85 cm, coloração variegada constituída de: cinzento (10YR 5/1,
úmida) e vermelho-amarelado (5YR 5/6, úmida); franco-argilosa; forte,
56
média/grande, blocos subangulares; muito dura, muito firme, plástica,
pegajosa; transição ondulada e gradual;
Btg3 85 a 120 cm+, coloração variegada constituída de: cinzento-escuro
(10YR 4/1, úmida) e vermelho-amarelado (5YR 5/8, úmida); argila; forte,
média/grande, blocos subangulares; extremamente dura, extremamente
firme, muito plástica, muito pegajosa;
Raízes: muitas, finas, fasciculares e comuns, finas, secundárias nos
horizontes A e E; raras, finas, fasciculares e raras, finas, secundárias, nos
horizontes Btg1 e Btg2; ausentes no Btg3.
Observações: presença de horizonte Oo de 4 cm na superfície do solo.
Figura 4 PLANOSSOLO HÁPLICO Alítico gleissólico, A moderado, fase
floresta secundária (cambarazal), relevo plano.
Responsável pela descrição dos perfis: João Paulo Novaes Filho.