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ANO 03 | EDIÇÃO 35 | FEVEREIRO 2017 WWW.EUAMOCAMINHAO.COM.BR Receptação de roubo de cargas Pág. 21 “Caminhão tombou, mercadoria chegou” Pág. 26 Prefeito do Rio baixa 80 decretos Pág. 19 O Rio vai mudar: GM-Rio entra no combate à receptação de roubos de cargas

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ANO 03 | EDIÇÃO 35 | fEvErEIrO 2017 www.EuAmOcAmINhAO.cOm.br

receptação deroubo de cargas

Pág. 21

“caminhão tombou, mercadoria chegou”

Pág. 26

Prefeito do rio baixa 80 decretos

Pág. 19

O rio vai mudar:

Gm-rio entra no

combate à receptação

de roubos de cargas

ANO 03 | EDIÇÃO 35 | fEvErEIrO 2017 www.EuAmOcAmINhAO.cOm.br

ANO 03 | EDIÇÃO 35 | fEvErEIrO 2017 www.EuAmOcAmINhAO.cOm.br

Expediente:

PRESIDENTESFrancesco Cupello – SINDICARGA

Eduardo Rebuzzi – FETRANSCARGA

VICE-PRESIDENTESSilvio Carvalho – SINDICARGA

Tania Drumond – FETRANSCARGA

DIRETOR FINANCEIRO E

ADMINISTRATIVO – SINDICARGAJosé Lúcio Bebber

COORDENAÇÃO E REVISÃOMaryland Moraes

EDITORGuttemberg Santos

(MTE/SRTE – RJ – Nº 35541)

PRODUÇÃO DE CONTEÚDOElen Genuncio

COLABORAÇÃOLuciana Nahid

Márcio d´AgostoSEST/SENAT

FOTOSLuiz Laprovita

DIAGRAMAÇÃOGustavo Gama

FALE CONOSCO21 3194-5555 / 9 6963-0880

[email protected]

PRODUÇÃO GERAL

Receptação de roubos de cargas

O roubo de cargas é uma das grandes preocupações dos empresários do TRC. De 2010 a 2015, a incidência dessa modalidade criminosa no Brasil acumulou um prejuízo de quase R$ 6 bilhões, representando um aumento de 48%, de acordo com dados da

NTC&Logística. E o estado do Rio de Janeiro ocupa o segundo lugar nesse ranking. As forças policiais já monitoraram os locais e vêm agindo com rigor no combate. Entretanto, a sensação que setem é de “enxugar gelo”, pois os números não param de aumentar.

Nesta edição, trazemos uma reportagem especial com o secretário municipal de Ordem Pública do Rio, coronel Paulo Cesar Amendola. Ele revela que a GM-Rio terá suas atribuições ampliadas, visando inibir ações criminais de menor gravidade. Atuará para coibir a receptação, assim como o comércio ambulante ilegal. E, em primeira mão, anuncia que apresentará ao prefeito Marcelo Crivella projeto para a substituição do atual Mercado Popular da Uruguaiana, conhecido como Camelódromo, por um shopping popular, nos moldes do Mercado Modelo, em Salvador (BA).

Ainda sobre este assunto, temos uma reportagem com o delegado titular da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Cargas(DRRFC), Maurício Mendonça, que garante ser a receptação a responsável pelo fomento do roubo de cargas, porque sempre háalguém para comprar as mercadorias roubadas, aliada a uma frágil legislação, tema em discussão no Congresso Nacional, onde está empauta o Projeto de Lei nº 8137/14, que prevê o aumento das penasdesse crime. Temos, também, uma reportagem exclusiva com ummorador de comunidade localizada na Zona Oeste do Rio, que conta,com detalhes, como acontece o comércio de mercadorias roubadas.Segundo ele, a participação de policiais, funcionários e donos deestabelecimentos comerciais é outro grave fator para a elevação dosíndices dessa modalidade criminosa.

Nesta edição, há também dois informes de extrema importância para o setor. No começo de fevereiro, acontecerá, na cidade de Rio Quente(GO), a primeira edição de 2017 do CONET&Intersindical. Entre os pontos principais a serem debatidos, a defasagem dos custos de frete, com base nos estudos feitos pelo Departamento de Custos Operacionais, Estudos Técnicos e Econômicos (DECOPE) da NTC&Logística. Já para abril, está previsto o seminário “Eu Amo Caminhão – Rio-Búzios 2017”. O evento reunirá lideranças do TRC nacional, autoridades policiais e empresários do setor, para discutir, entre outros temas, o roubo e furto de cargas.A revista Eu Amo Caminhão apresenta, ainda, alguns dos 80 decretos publicados no Diário Oficial do Município do Rio (DOM), no dia 1º de janeiro. Medidas e estipulação de prazos foram estabelecidas para a elaboração de planos e estudos em várias áreas da administração da cidade. Entre os decretos, o que determina prazo para que a Secretaria Municipal de Transportes apresente relatório sobreo funcionamento e a localização de todos os radares da cidade.

Boa leitura!

Editorial

4 ANO 03 | EDIÇÃO 35 | fEvErEIrO 2017 www.EuAmOcAmINhAO.cOm.br

15

rio-búzios 2017

17

campanha mercedes-benz

19

Novos decretos municipais

21

receptação de roubo de cargas

25

Ambulantes do trem

26

morador de comunidade

27

cONET

30

Artigo do Prof. márcio D’Agosto

28

SEST SENAT unidade Paciência

16

Palavra do PresidentefETrANScArGA

8

coronel Amendola

Especial

6

Palavra do PresidenteSINDIcArGA

7

coluna Jurídica

5ANO 03 | EDIÇÃO 35 | fEvErEIrO 2017 www.EuAmOcAmINhAO.cOm.br

Informamos que a FETRANSCARGA contratou a VALE SHOP para dar atendimento aos funcionários do TRC-RJ no que se refere à cláusula 11ª da

Convenção Coletiva de Trabalho 2016/2017 – ABONO PECUNIÁRIO,

PrEzADO EmPrESárIO DO TrANSPOrTE DE cArGAS

firmada entre o SINDICARGA e o Sindicato dos Rodoviários.Dessa forma, os pagamentos dos dias 05/10/2016 e 05/04/2017, referentes ao ABONO PECUNIÁRIO, só poderão ser realizados por meio do Cartão Social “EU AMO CAMINHÃO” –

Qualquer esclarecimento adicional também poderá serobtido junto ao SINDICARGA e à FETRANSCARGA.

Cordialmente,

VALE SHOP, cuja adesão deve ser feita nos sites www.euamocaminhao.com.br e www.valeshop.com.br/portal/eac, ou na central de atendimento VALE SHOP, pelos seguintes telefones: (21) 2025-1960 / 2025-1961 / 3176-6537 e 3176-6130.

Informamos que o SINDICARGA e a FETRANSCARGA contrataram os prestadores de serviços abaixo indicados,para dar atendimento às empresas de transporte quanto aos diferentes benefícios que constam na CCT 2016/2017.

BENEFICIOS SOCIAIS

PLANO DENTAL E TICKET REFEIÇÃO

Empresa: Siembra Beneficios

Contatos: (021) 2711-1140 – 2620-0750

E-mail: [email protected]

E- mail: [email protected]

Site: www.siembrabeneficios.com.br

SEGURO DE VIDA SULAMÉRICA

Empresa: Grupo Assure Corretagem de Seguros

Contatos: (021) 3974-3131 – 08000212468

E-mail: [email protected]

Site: www.grupoassure.com.br

CARTÃO SOCIAL MASTERCARD

Empresa: Vale Shop

Contatos: (021) 2025-1960

E-mail: [email protected]

Site: www.valeshop.com.br

EDUARDO F. REBUZZI

Presidente da FETRANSCARGA

FRANCESCO CUPELLO

Presidente do SINDICARGA

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Amigo transportador,

Um novo ano se inicia e voltamos a pensar em como enfrentar nossos

novos e antigos desafios. Temos uma agenda a ser cumprida e vamos trabalhar para que isso aconteça. Comecemos pelo Rio de Janeiro. A cidade ganha um novo prefeito, e dele esperamos o cumprimento de todas as promessas ligadas ao nosso setor. Queremos a Guarda Municipal combatendo o roubo e furto de cargas junto com outras forças policiais, como foi prometido. No ano passado, chegamos a quase 9 mil roubos e furtos na cidade. Inadmissível aceitar essa realidade.

Segundo dados das autoridades policiais, durante o período de janeiro a setembro de 2016, o número de ocorrências de roubo e furto de cargas aumentou 10,20%, em São Paulo, e 16,18%, no Rio de Janeiro, em relação ao mesmo período do ano de 2015. A região Sudeste concentra 85,7% dos casos. O prejuízo estimado na região passa dos R$ 775 milhões.

Novos passos foram dados para solucionar esse grave problema. No final de 2016, foi efetivamente criado o Comitê Gestor da Política Nacional de Repressão ao Furto e Roubo de Veículos e Cargas, após proposta do setor apresentada ao Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. Esse grupo de trabalho é composto por representantes, titulares e suplentes, do DNIT, ANTT, DENATRAN, CONCPC, CNCG e CONFAZ, órgãos responsáveis pelos procedimentos de fiscalização e repressão ao furto e roubo de cargas.No dia 10 de janeiro, deu-se a primeira

reunião do Comitê, no Ministério da Justiça, em Brasília, presidida pelo Coronel Adilson Pereira de Carvalho. Participaram desse encontro, além de mim, representando o SINDICARGA, o presidente da NTC&Logística, José Hélio Fernandes; Flávio Benatti, presidente da Seção de Cargas da CNT; Roberto Mira, vice-presidente de Segurança Patrimonial da NTC&Logística; Tayguara Helou, presidente do SETCESP; Manoel Souza Lima Junior, ex- presidente do SETCESP; demais líderes empresariais do setor e empresários ligados ao combate de contrabando e pirataria. As ações definidas nas reuniões do Comitê farão parte do Plano Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça.

Voltemos ao Rio de Janeiro. Por ocasião dos Jogos Olímpicos, foram criadas duas seletivas para ônibus e táxis, no trecho entre o Caju e Barros Filho. Com isso, os outros veículos foram prejudicados. Agora, uma dessas faixas foi liberada, o que, segundo a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), contribuirá para a fluidez do tráfego e a redução do tempo de viagem na via.

Vamos nos empenhar também por novas demarcações para operações de carga e descarga, principalmente no centro da cidade, e por novos pontos de estacionamento de caminhão. A SMTR já deverá iniciar o estudo para as novas vagas. E é intenção da Prefeitura cadastrar todos os caminhões que circulam pela cidade, para uma fiscalização mais efetiva, e fazer uso do conceito conhecido como “relógio de distribuição de cargas” – já adotado em Paris, Nova

York e Londres –, pelo qual as regras levam em conta as características das atividades.

Também estamos apoiando os transportadores de carga pesada nas reuniões da Comissão Permanente de Assuntos Portuários do Rio de Janeiro. Vem ocorrendo, entre outros problemas, uma perda de aproximadamente 40% de carga para o Porto de Santos. Atualmente, nenhum serviço da Ásia entra no Porto do Rio de Janeiro, por exemplo. Vamos incentivar o novo acesso ao portão 24, o Mergulhão de acesso à Avenida Brasil e à Avenida Portuária.

No dia 25 de janeiro, realizamos o 2º Fórum Nacional de Integração de Combate ao Roubo de Cargas, um dos principais encontros brasileiros do setor, com a presença de várias autoridades.

E não esqueçam: em abril, teremos mais uma edição do Rio-Búzios, com o encontro das lideranças do TRC nacional.

O ano é novo, mas nossas pretensões são as mesmas. Daremos continuidade às nossas antigas parcerias e abriremos as portas do SINDICARGA para outras que porventura surjam. Vão surgir, com certeza. Trabalho é o que não falta.

Feliz 2017 a todos. Forte abraço.

PAlAvrADO PrESIDENTESINDIcArGA

7ANO 03 | EDIÇÃO 35 | fEvErEIrO 2017 www.EuAmOcAmINhAO.cOm.br

Jurídico

Luciana NahidAssessora Jurídica do SINDICARGAO STF já havia, no ano passado, inovado com

a decisão num caso concreto acerca da prevalência das normas das convenções coletivas sobre a legislação ordinária. Em sua decisão, o recentemente falecido ministro

Teori Zavascki havia registrado que a própria Constituição Federal admite que as normas coletivas de trabalho disponham sobre o salário (art. 7, VI) e a jornada de trabalho (art. 7, XIII e XIV), limitando direitos por um lado em contrapartida à concessão de outros benefícios e vantagens ao trabalhador. O presidente Michel Temer, na trilha deste entendimento, incluiu, no projeto de reforma das normas trabalhistas, a ampliação da força negociativa dos sindicatos, autorizando que as normas coletivas firmadas prevaleçam sobre a legislação.

Tão logo o Congresso retorne do recesso, o projeto terá sua análise retomada, com possível vitória para os sindicatos, na proteção dos interesses de suas respectivas categorias. Espera-se que a nova legislação dê também, aos empresários e aos empregados, maior segurança jurídica em suas atuações, permitindo a concessão e o ajuste de benefíciosde forma mais específica a cada segmento do mercado.

No ano passado, o governo instituiu o Fundo Estadual de Estabilização Financeira (FEEF/RJ), por meio da Lei nº 7.428/2016, por um prazo de cerca de dois anos, cujo mote está na obrigação de recolhimento pelo contribuinte do percentual de 10% (dez por cento) do valor dos benefícios e incentivos fiscais em vigor ou a serem concedidos pelo Estado do Rio de Janeiro. O contribuinte que não efetuar o depósito estará sujeito a multa de mora e demais acréscimos previstos na legislação, e poderá perder automaticamente os benefícios ou incentivos fiscais que lhe foram concedidos, de forma temporária ou definitiva, a depender da quantidade de meses em que tenha deixado de realizar o referido depósito.

Visando a proteção de seus associados, o SINDICARGA impetrou Mandado de Segurança Coletivo em face desta inconstitucional medida adotada pelo Governo, no desesperado intuito de arrecadação a um Estado falido. Mais uma vez, o SINDICARGA atuou prontamente em defesa do interesse de sua categoria.

Caso tenha qualquer dúvida, não hesite em contatar o Departamento Jurídico do SINDICARGA, pelo e-mail [email protected].

NEGOcIAÇÃO cOlETIvA DArá mAIOr SEGurANÇA

JuríDIcA AOS EmPrESárIOS E EmPrEGADOS

8 ANO 03 | EDIÇÃO 35 | fEvErEIrO 2017 www.EuAmOcAmINhAO.cOm.br

Elen Genuncio

EAc – Como a Guarda Municipal atuará na receptação de roubos de cargas?coronel Paulo cesar Amendola – Inicialmente, foi o prefeito Marcelo Crivella que comentou que a Guarda Municipal iria colaborar nesse esforço, atuando na repressão aos furtos e roubos de cargas com foco na receptação. Os guardas municipais têm, hoje em dia, não é privativo, um serviço importante: a fiscalização do trânsito. Além disso, os agentes se

deslocam, de carro e de motocicleta, de um ponto para o outro, a fim de ocupar os seus postos de serviço, como praças e algumas ruas. Mas estão desarmados, usam apenas armas não letais e cassetetes. Porém foram treinados e podem acionar, de imediato, pelo rádio de comunicação ou até mesmo pelo smartphone, a Polícia Militar e o Centro de Operações Rio, o COR, passando as informações imediatas com o objetivo de impedir o roubo de cargas.

Especial

PArA INIbIr

A rEcEPTAÇÃO

DE mErcADOrIAS

rOubADAS,

cAmElÓDrOmO

SErá SubSTITuíDO

POr ShOPPING

POPulAr

GuArDA muNIcIPAl DO rIO

A Guarda Municipal do Rio será mais atuante no governo Marcelo Crivella. Em entrevista exclusiva para a revista Eu Amo Caminhão, o coronel

Paulo Cesar Amendola, secretário municipal de Ordem Pública, revela que a GM-Rio terá suas atribuições ampliadas, visando inibir ações criminais de menor gravidade. Ele esclarece que é da competência legal da Polícia Civil, especificamente da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Cargas (DRRFC), a investigação do roubo de cargas

e, da Polícia Militar, o policiamento ostensivo, por intermédio do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE). Entretanto, como a GM utiliza apenas armas não letais e cassetetes, agirá em ações coordenadas com as Polícias Civil e Militar. Já para coibir a receptação, assim como o comércio ambulante ilegal, apresentará ao prefeito projeto para a substituição do atual Mercado Popular Uruguaiana, conhecido como Camelódromo, por um shopping popular, nos moldes do Mercado Modelo, em Salvador (BA).

AGIrá NO cOmbATE AO

rOubO DE cArGAS

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EAc – Então o senhor quer dizer que a GM-Rio fará o policiamento ostensivo?coronel Paulo cesar Amendola – Não é atribuição da Guarda. É da competência legal da Polícia Civil, por meio da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Cargas, unidade especializada, investigar o roubo de cargas, buscando descobrir a sua autoria, localizar e prender os receptadores, que também são delinquentes das cargas roubadas. A missão é de repressão, porque tira aquele elemento de circulação. O fato de não estar mais solto na cidade contribui para baixar a estatística criminal relativa ao roubo e furto de cargas. Então a Polícia Civil faz a repressão dessa forma, através da investigação e da prisão dos autores do crime.

EAc – Qual o papel da Polícia Militar no combate ao roubo de cargas?coronel Paulo cesar Amendola –A Polícia Militar está envolvida nesse esforço por meio do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas, patrulhando as estradas, a Avenida Brasil, as Linhas Vermelha e Amarela, as artérias, as vias de escoamento de veículos que os marginais muitas vezes usam para fugir. A PM também opera muito no esforço da prevenção, com a presença ostensiva do patrulhamento, para que os marginais desanimem de assaltar, e, se necessário, indo para o confronto, trocando tiros e prendendo os marginais.

EAc – O fato de os guardas municipais estarem mais próximosda população favorece sua atuação?coronel Paulo cesar Amendola – A GM pertence ao município do Rio de Janeiro, que é a entidade federativa mais próxima docidadão. Conta com 15 inspetorias, distribuídas pela cidade.O guarda está perto. Assim como as Polícias Civil e Militar, aGM-Rio tem um setor de inteligência. O pessoal trabalha à paisana, disfarçado. Quando há umroubo de cargas, esse caminhão vai para algum lugar, porexemplo, favelas próximas, como a do Chapadão. A polícia já tem o levantamento dos possíveis locais onde vão desovara carga. Não é missão da Guarda, mas ela pode cooperarmandando esses dados para a Polícia Civil. O setor deinteligência pode e tem feito isso. Observa e passa a informação para a Polícia Civil, que manda seusinvestigadores para o local, a fim de prenderem emflagrante quem estiver distribuindo ou vendendoa mercadoria roubada.

coronel Paulo cesar Amendola

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EAc – A Polícia já realizou inúmeras operações para reprimir a atuação de ambulantes que comercializam mercadorias roubadas. No entanto, a situação persiste. Como a Guarda Municipal agirá nesta questão?coronel Paulo cesar Amendola – Esse é outro ponto. Cabe ao município fiscalizar a atuação do ambulante, por meio da Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização (CLF), que, na gestão passada, estava subordinada à Secretaria de Ordem Pública. Agora, o órgão retornou para a Secretaria da Fazenda. Eles dão licença, fiscalizam se a documentação está em ordem. Cabe à GM a proteção do fiscal da Fazenda. Mas já temos alguns locais mapeados, sabemos quem vende as mercadorias de procedência duvidosa. Ao fazer o trabalho conjunto com os fiscais, podemos montar operações para apreender os produtos roubados, pirateados, falsificados e contrabandeados. Existe Resolução que autoriza a GM a recolher quaisquer mercadorias e equipamentos móveis de ambulante que, por não possuir autorização para o exercício da atividade, esteja obstruindo e ocupando irregularmente áreas públicas domunicípio, independentemente da presença do fiscal.

Essa mercadoria é lacrada, o ambulante é informado para onde está sendo levada. Para retirá-la, precisa apresentar a nota fiscal. Caso contrário, perde a mercadoria. Mas, como não tem licença para comercializar em via pública, pagará uma multa. Se ele se prontificar a pagar a multa, leva a mercadoria. Se for fruto de roubo, de ilegalidade, é conduzido para a delegacia mais próxima.

Avenida Presidente Vargas. Eu, quando estava na Guarda, detectei, pelo serviço de inteligência, três barracas que vendiam drogas. Prendemos o pessoal e levamos para a delegacia. Isso foi na década de 1990. O prefeito, na época, era o Cesar Maia. Conversei com ele, havia o terreno remanescente da obra do Metrô. Houve um acordo com o Governo do Estado,

EAc – No Mercado Popular da Uruguaiana, mais conhecido como Camelódromo, a polícia, frequentemente, faz operação e apreende mercadorias roubadas e pirateadas. Já existe algum projeto para a atuação da Guarda no local? coronel Paulo cesar Amendola – As pessoas que estão ali ocupavam toda a Rua Uruguaiana, a começar pela

que doou a área. Assim foi construído o Camelódromo. A fiscalização cadastrou todo mundo, com exceção daqueles que foram presos, que tinham mandado de prisão. Os ambulantes foram alocados em boxes. Tudo arrumadinho, tudo certinho.

EAc – O que deu errado?coronel Paulo cesar Amendola –O poder público não acompanhou para manter a ordem. As pessoas tinham que se organizar melhor para que a pouca vergonha não entrasse ali, para que não vendesse drogas, contrabandos. Eles montaram uma associação dos ambulantes, mas mataram o presidente. A milícia tomou conta. A polícia deu o bote várias vezes e apreendeu uma série de coisas irregulares. No ano passado, a Delegacia de Repressão aos Crimes

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Contra a Propriedade Imaterial ficou uma semana no Camelódromo e houve nova apreensão de uma quantidade imensa de mercadoria contrabandeada,droga, objetos falsificados.

EAc – Como resolver esta situação?coronel Paulo cesar Amendola –Não adianta um órgão só. Tem que entrar o pessoal da PM, os órgãos sociais da Prefeitura e do Estado, para dar aos honestos o que eles precisam: condições de trabalho. É necessário um posto daGuarda, da Comlurb e da fiscalização.

EAc – O senhor tem alguma proposta para solucionar definitivamente esta questão?coronel Paulo cesar Amendola – Eu tenho, está aqui, primeira mão, foi elaborado em outubro de 2001. Um Shopping Popular para funcionar 24 horas, todos os dias. Agora, com o prefeito Crivella, vai ser mais fácil aprovar. A proposta consiste em substituir o atual Camelódromo por um shopping, nos moldes do MercadoModelo, em Salvador, na Bahia.Teria três andares, com capacidade para 1.580 boxes, beneficiando três mil ambulantes e com 20 mil pessoas transitando no local. Revitalizaríamos

o centro do Rio, além de combater a receptação de cargas roubadas.

EAc – Como funcionaria esteshopping?coronel Paulo cesar Amendola –Se você tivesse uma lojinha lá dentro, por exemplo, trabalhariam você e seu marido de manhã, uma prima que pode ficar no turno da noite, a outra, no sábado e no domingo. Veja quantas pessoas estariam ganhando dinheiro numa lojinha. No último andar, a ideia é colocar um Restaurante Popular e um espaço para apresentação de música, capoeira, atrações culturais.Pelo projeto, o espaço é autossustentável, pois poderíamos colocar outdoor e vender esse espaço. Assim, teríamos recursos para arcar com despesas de limpeza do espaço e, por exemplo, o pagamento de hora extra para o guarda que tirar serviço no local.

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EAc – Para que essas propostas sejam implantadas, há necessidade de contratar mais guardas?coronel Paulo cesar Amendola – A GM-Rio tem um efetivo de 7.500 guardas, mas tem autorização para elevar esse número para 10 mil. Pretendemos convocar os concursados de 2012, mas precisamos primeiramente buscar mecanismos para a admissão de todos os aprovados. Queremos, também, implantar o plano de cargos e salários da corporação. Estamos revendo a proposta que precisa ser atualizada para que as promoções comecem a fluir normalmente.

EAc – O TRC do Rio de Janeiro pode contar com o senhor?coronel Paulo cesar Amendola – Estaremos enfrentando este desafio com o setor, mesmo não sendo competência da Guarda. Vamos cooperar comas ações das Polícias Civil e Militar nas tarefas de prevenção e repressãoao roubo e furto de cargas. Na prevenção, o policiamento ostensivo.Na repressão, verificando os locais de distribuição desses materiais,informando a polícia para prender o pessoal e também os locais emque, eventualmente, houver o roubo em flagrante. O guardavai acionar a polícia, e esta dará o bote. E temos o projeto do shopping para coibir a receptação das mercadorias roubadas.

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No segundo dia útil como prefeito do Rio, Marcelo Crivella estipulou em 60 dias o prazo para que os índices de criminalidade

no município baixassem. Para atender a esta solicitação, o secretário de Ordem Pública, coronel Paulo Cesar Amendola, assinou Resolução que estabelece o plano de prevenção contra pequenos delitos e arrastões nas praias da cidade durante o verão de 2017, atuando em conjunto com as forças de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro.

Em seus 16 artigos, a Resoluçãonº 286/2017 determina que caberá à GM-Rio elaborar seu plano de ação operacional, estabelecendo critérios que levem em consideração dados estatísticos recentes, oriundos de órgãos de segurança pública nas regiões de praia, bem como um canal de integração contínua durante as fases de planejamento e de operação com outras forças de segurança e órgãos de interesse, visando contribuir para a melhor eficiência do serviço.Um canal de comunicação único, a ser utilizado pelas forças municipais e estaduais de segurança pública, durante as operações conjuntas, também está previsto na Resolução.

Os departamentos de inteligência da GM-Rio e da Secretaria de Ordem Pública trabalharão em conjunto, para identificar ameaças e oportunidades de ação no “teatro de operações”, coletando informações.

A Resolução esclarece, ainda, que o planejamento realizado pela GM-Rio deverá, além de contemplar as praias da cidade, os acessos, como pontos de ônibus, saídas do metrô e principais ruas de acesso, garantindo assim a sensação de segurança. O planejamento deverá ser adequado sempre que os dados estatísticos demonstrarem uma tendência diferente do que foi observado anteriormente, mantendo-se, portanto, sempre atualizado.

cONTrA PEQuENOS DElITOSE ArrASTÕES NAS PrAIAS

PlANO DEPrEvENÇÃO

14 ANO 03 | EDIÇÃO 35 | fEvErEIrO 2017 www.EuAmOcAmINhAO.cOm.br

cOrONEl AmENDOlA:

Filiado ao Partido Republicano Brasileiro (PRB), o coronel Paulo César Amendola de Souza, de 72 anos, é filho de um capitão do Exército. Aos 20 anos de idade, ingressou como oficial nas fileiras da

Polícia Militar e, quatro anos mais tarde, na linha de frente do Batalhão de Choque. Foi fundador do Núcleo da Companhia de Operações Especiais (NuCOE) da Polícia Militar em 1978, que deu origem, em 1991, ao famoso Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE).

Para sua criação, o coronel Amendola inspirou-se no seriado americano “Swat”, acrônimo em inglês para Armas e Táticas Especiais. É sua a ideia do símbolo do grupo: um crânio com um punhal encravado de cima para baixo (“vitória sobre a morte”) e duas pistolas cruzadas, transformando-o em “Caveira número 1”, uma homenagem recebida, em 1982, depois de sua saída da tropa de elite. Considerado linha dura, também foi comandante, superintendente e o idealizador da Guarda Municipal, que criou na primeira gestão Cesar Maia na Prefeitura do Rio (1993 a 1996).

um hOmEm

vISIONárIO

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16 ANO 03 | EDIÇÃO 35 | fEvErEIrO 2017 www.EuAmOcAmINhAO.cOm.br

PAlAvrADO PrESIDENTEfETrANScArGA

Eduardo F. RebuzziPresidente da Federação do Transporte

de Cargas do Estado do Rio de Janeiro – FETRANSCARGA e Presidente do

Conselho Empresarial de Logística e Transporte da Associação Comercial do

Rio de Janeiro – ACRio

Para o setor do Transporte Rodoviário de Cargas, o ano de 2016 não apresentou bons resultados. Nossas empresas, além dos inúmeros problemas

enfrentados no dia a dia da rotina gerencial e na circulação de nossos veículos nas rodovias e vias urbanas de todo o país, conviveram com pesada redução nos valores dos fretes, provocada pela queda de receita que abate as demais atividades econômicas. Ao mesmo tempo, tiveram elevação de custos, com o aumento dos valores da mão de obra; dos insumos, como diesel e outros, e da perda da eficiência operacional, em função do menor volume de carga transportada e das diversas restrições de trânsito impostas pelas prefeituras.

Entre tantos problemas, como amplamente divulgado, o roubo de cargas alcançou índices absurdamente elevados, praticado a qualquer hora do dia e em todos os lugares, sem o menor temor por parte dos criminosos, que identificaram nessa presa fácil um grande “produto” para arrecadar recursos e suprir financeiramente a estrutura das quadrilhas do tráfico e comércio de drogas e de armas.

Aliadas a isso, as leis de que dispomos ainda não têm o imprescindível rigor para manter, atrás das grades, aqueles que atuam nesse tipo de crime, seja cometendo assaltos nas vias públicas com pesados armamentos, seja receptando mercadorias surrupiadas, colocando-as nas prateleiras do comércio “legalizado” ou nos estoques de matérias-primas de algumas indústrias.

O que pode gerar uma boa expectativa, digamos assim, nessa área, é o fato de

que tal quadro caótico chegou ao ponto de, finalmente, chamar mais a atenção dos governos federal e estaduais, e dos próprios embarcadores, clientes do TRC, além da imprensa como um todo, no sentido de passarem a ver esse tipo de ação criminosa como uma séria ameaça aos investimentos produtivos e à geração de empregos, ao abastecimento da sociedade e aos seus próprios negócios.

Essa conscientização a fórceps, e após a representativa reunião realizada em Brasília, em novembro do ano passado, sob a liderança da NTC&Logística, culminou com a resposta do Ministério da Justiça, criando, no final de 2016, o Comitê da Política Nacional de Repressão ao Furto e Roubo de Cargas que, em sua primeira reunião, realizada no último dia 10, nas dependências do próprio Ministério da Justiça, formou quatro importantes grupos de trabalho – de Inteligência; Operacional; Legislação e Tecnologia/ Sistemas –, que trabalharão de maneira integrada e coordenada, e contarão sempre com a colaboração da NTC, de outrasentidades e dos próprios empresários.

Com relação à infraestrutura logística, base do transporte, o Brasil continua com seu quadro negativo em todos os modais, destacando aqui a Pesquisa CNT de Rodovias 2016, que avaliou 103.259 km, em sua 20ª edição, ou seja, quase a metade da extensão pavimentada das rodovias nacionais (211.468 km), que representam, apenas, 12,3% de toda a malha rodoviária composta por 1.720.756 km. Nesses quilômetros avaliados, o resultado foi que58,2% apresentaram algum tipo de deficiência, seja no Pavimento, na

Sinalização ou na Geometria da Via,comprometendo significativamente odesempenho operacional e a segurançados usuários.

Afetam o TRC, também, de forma grave – por ser uma atividade que emprega muito e necessita de dinamismo e agilidade –, as ações trabalhistas que, em sua grande maioria, acabam em processos irreais e com sentenças absurdas, geradoras de um impagável e injusto passivo trabalhista.

Por não ter como abordar outros temas de semelhante relevância neste curto espaço de uma página, chamo a atenção e convoco as demais lideranças, empresários e executivos do TRC para participar do próximo CONET&Intersindical, que será realizado pela NTC em Rio Quente – GO, no período de 9 a 12 de fevereiro de 2017, quando todos os assuntos de interesse do setor serão debatidos, em especial, a defasagem dos fretes e o roubo de cargas.

Importante mantermos muita união e consequente representação para superar este ano de 2017, que ainda será de muitas mudanças e ajustes, visando um futuro melhor nos próximos anos.

Este é o nosso compromisso!

SuPErAr 2017, PArA um fuTurO mElhOr

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Todo caminhoneiro deseja manter seu veículo funcionando perfeitamente. Ele sabe que isso gera economia e tranquilidade na hora de enfrentar as estradas em péssimas condições de conservação. Entretanto, precisa ficar atento, pois o mercado está invadido com peças piratas. Já foram apreendidos rolamentos, lâmpadas, amortecedores, juntas e até anéis

de pistão. Os piratas falsificam tudo dos itens de revisão/desgaste, como filtros, pastilhas, bico injetor e engrenagens do câmbio. Na maioria das vezes, o motorista só descobre que caiu no golpe quando a peça quebra.

mErcEDES-bENz

cONTrA PEÇASPIrATEADAS

lANÇA cAmPANhA

Para combater a pirataria, a Mercedes-Benz, por meio da área Peças e Serviços ao Cliente, iniciou uma nova campanha, no final de 2016, alertando quanto aos perigos que estes itens podem representar para a segurança do condutor e do seu veículo. Com a temática Você se sente seguro com Peças Piratas?, a empresa destaca, nessa campanha, que somente na rede de concessionárias Mercedes-Benz o cliente encontra peças com qualidade e preços competitivos por meio de um amplo portfólio de peças de reposição: Genuínas, Remanufaturadas e Alliance, disponíveis em todo o território nacional.

INÚmErOSOS rIScOS

PArA A

SÃO

SEGurANÇADO mOTOrISTA

PEÇASPIrATAS

cOm A uTIlIzAÇÃO DE

18 ANO 03 | EDIÇÃO 35 | fEvErEIrO 2017 www.EuAmOcAmINhAO.cOm.br

O tema das peças de procedência duvidosa não é recente. A Mercedes-Benz realiza regularmente ações de conscientização junto aos seus clientes sobre os riscos causados pela utilização das peças de reposição sem a garantia da marca. Muitas vezes, na busca de redução de custos, os clientes deixam de lado a qualidade e a procedência, optando somente por preço. Um campo fértil para seduzir os clientes com a promessa de preço baixo e disponibilidade, sem oferecer a garantia necessária para o cliente.

São inúmeros os riscos para a segurança do motorista com a utilização de peças piratas. Os veículos da marca têm uma alta tecnologia embarcada, adequada a cada componente (peças e agregados), garantindo seu funcionamento. Esta mesma tecnologia e controle a Mercedes-Benz utiliza na produção de suas peças de reposição (materiais, processos, controle e qualidade) para garantir o melhor desempenho de seus veículos, maior durabilidade e performance. As peças de procedência duvidosa não acompanham o mesmo processo produtivo de uma peça genuína. Seus componentes e sua qualidade são inferiores ao que só as peças genuínas oferecem, inclusive o tempo de 12 meses de garantia sem limite de quilometragem.

Ao utilizar peças pirateadas de reposição na manutenção do seu veículo, o motorista compromete sensivelmente todo o conjunto, seu desempenho e segurança, podendo acarretar o desgaste prematuro ou danos às demais peças, causando a parada do veículo e prejuízo financeiro ao seu negócio. Peças de procedência duvidosa, que venham a apresentar uma falha grave durante a operação, podem eventualmente resultar em acidentes, colocando a vida do condutor em risco.

A Mercedes-Benz não possui estatística relacionada à pirataria, mas faz um acompanhamento de alguns segmentos de peças, monitorando a sua oferta duvidosa no mercado. Vale o alerta, no entanto, de que o responsável pela utilização destes produtos responde a processos criminais pelo uso de itens sem especificação. Quem é surpreendido vendendo produtos falsificados, por exemplo, é enquadrado no Código de Defesa do Consumidor e na Lei da Propriedade Industrial. E mais: em caso de acidentes com lesões corporais ou morte por conta da instalação de peças falsas nos carros, o processo pode ser penal, e, na melhor das hipóteses, o profissional poderá arcar com o prejuízo financeiro do conserto do veículo.

Portanto, a dica é sempre usar peças originais, recomendadas pelas montadoras e vendidas em concessionárias. Essas peças passam por rigorosos testes de qualidade, com equipamentos de tecnologia de ponta, antes de serem usados nos veículos que saem das montadoras.

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No primeiro dia útil à frente da gestão pública municipal do Rio de Janeiro, o prefeito Marcelo Crivella reuniu-se com os

secretários de sua equipe para falar sobre as diretrizes do seu governo, já delineadas nos 80 decretos publicados no Diário Oficial do Município do Rio (DOM), no dia 1º de janeiro. Medidas e estipulação de prazos foram estabelecidas para a elaboração de planos e estudos em várias áreas da administração da cidade. Entre os decretos, o que determina prazo para que a Secretaria Municipal de Transportes apresente relatório sobre o funcionamento e a localização de todos os radares da cidade.

Também foram publicadas as nomeações do vice-prefeito Fernando MacDowell como secretário de Transportes – conforme fora adiantado na edição passada da revista Eu Amo Caminhão – e do coronel Paulo Cesar Amendola de Souza para a Secretaria de Ordem Pública.

veja, abaixo, o resumo de alguns decretos baixados pelo prefeito.Decreto Rio nº 42723/2017 – Suspende o processo de “racionalização das linhas de ônibus” e estabelece prazo de 60 dias para o secretário municipal de Transportes apresentar Diagnóstico e Plano de Trabalho preliminar para reestruturação do sistema de transporte coletivo da cidade, visando promover maior eficiência para o sistema e qualidade para o usuário, com previsão de participação popular.

Decreto Rio nº 42730/2017 – Cria grupo de trabalho para apresentar

Plano de Aumento de Arrecadação, no prazo de 90 dias, composto por integrantes da Secretaria Municipal de Fazenda e da Procuradoria Geral do Município. O grupo deve propor sugestões de aumento da base contributiva, revisão de incentivos fiscais, formalização de atividades econômicas, securitização da dívida e buscar maior correspondência entre os níveis de contribuição e a capacidade contributiva, dentre outros.

Decreto Rio nº 42761/2017 – Estipula prazo de 60 dias para que a Secretaria Municipal de Ordem Pública apresente detalhamento com a localização e características de todas as câmeras de vigilância do Município do Rio de Janeiro e um Plano de Ampliação de 20% deste total, com foco nas áreas com grande circulação de pessoas e baixa sensação de segurança.

vice-Prefeito fernando

macDowell é nomeado

para a Secretaria municipal

de Transportes

PrEfEITO mArcElO crIvEllA bAIxA 80 DEcrETOS

NO DIA DA POSSE

Decreto Rio nº 42734/2017 – Estabelece prazo de 10 dias para que a Secretaria Municipal de Ordem Pública elabore plano de prevenção contra pequenos delitos e arrastões nas praias da cidade durante o verão de 2017.

Decreto Rio nº 42759/2017 – Estipula prazo de 90 dias para que a Secretaria Municipal de Ordem Pública apresente plano que garanta a presença constante de 80% do efetivo da Guarda Municipal em operações de policiamento comunitário e vigilância ostensiva, até o final de 2018, especialmente nas áreas com índices elevados de criminalidade.

Decreto Rio nº 42760/2017 – Fixa prazo para de 30 dias para que a Guarda Municipal elabore plano de trabalho para celebração de parceria com a Força Nacional e o Corpo de Fuzileiros Navais para treinamento e aprimoramento dos guardas municipais no que se refere às suas capacidades para executar operações de vigilância ostensiva e policiamento comunitário nas ruas da cidade, utilizando-se de armas não letais e de um sistema eficiente de comunicação.

Decreto Rio nº 42769/2017 – Estipula prazo de 30 dias para que a Secretaria Municipal de Transportes apresente relatório sobre o funcionamento e a localização de todos os radares da Cidade do Rio de Janeiro e apresente plano para que o número seja reduzido, e que se revise a localização e os limites de velocidade atualmente considerados, até o final de 2017.

Decreto Rio nº 42776/2017 – Estipula o prazo de 120 dias para que a Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente e a Secretaria Municipal de Fazenda apresentem plano para instituir o Imposto Predial e Territorial Urbano Verde (IPTU Verde) na cidade do Rio de Janeiro. As medidas de fomento para obtenção de descontos no pagamento de IPTU devem prever a adoção de sistemas de aquecimento solar e a captação de águas de chuva, dentre outros.

Decreto Rio nº 42777/2017 – Estipula o prazo de 60 dias para que a Subsecretaria de Projetos Estratégicos do Gabinete do Prefeito e o presidente

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da RIOLUZ apresentem um cronograma para estabelecer Parceria Público-Privada, com vistas à ampliação, modernização e melhoria da iluminação pública da cidade, com foco nas áreas que apresentem os piores indicadores de violência e com previsão para a conclusão dos investimentos até o final de 2019.

Decreto Rio nº 42778/2017 – Estipula o prazo de 90 dias para que órgão competente do Gabinete do Prefeito e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Inovação apresentem conjuntamente cronograma para implantação do Programa Oficina para Emprego (OPE) por meio de uma Parceria Público-Privada que garanta a preparação de jovens de baixa renda para as novas exigências do mercado de trabalho, sobretudo nas áreas de turismo, saúde, entretenimento, tecnologia da informação, logística e serviços para a indústria de Petróleo e Gás.

Decreto Rio nº 42795/2017 – Institui estado de alerta contra a Tríplice Epidemia de Arboviroses (dengue, zika e chicungunya) na Cidade do Rio de Janeiro; dispõe sobre a prevenção e o controle da transmissão; orienta a prática assistencial para os Sistemas de Saúde e integra os recursos municipais no enfrentamento. Dentre as medidas, torna obrigatória a instalação de cobertura fixa ou desmontável, em toda e qualquer espécie de comércio autodenominado depósito de pneus, novos ou usados, para evitar o acúmulo de água que possa se tornar meio propício para gerar foco do mosquito aedes aegypti, transmissor das arboviroses. Pelo decreto, a cobertura deverá ser de material rígido, a fim de evitar bolsões acumulativos de água. O seu descumprimento poderá dar ensejo à apreensão e remoção dos pneus pela Secretaria Municipal de Ordem Pública, quando solicitado pela Secretaria Municipal de Saúde. A mesma medida será aplicada para os ferros-velhos.

Decreto Rio nº 42796/2017 – Cria Comitê para elaborar, em 180 dias, plano de desenvolvimento sustentável da Cidade do Rio de Janeiro, a ser orientado segundo as melhores práticas nacionais e internacionais. Integrarão o Comitê, representantes das Secretarias Municipais de Conservação e Meio Ambiente, que o presidirá; da Casa Civil; de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação; de Fazenda; de Transportes; da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (COMLURB) e do Instituto Pereira Passos (IPP).

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A incidência de roubos de cargas no Brasil acumulou, de 2010 a 2015, um prejuízo de quase R$ 6 bilhões,

representando um aumento de 48%, de acordo com dados da NTC&Logística, baseados nas informações recebidas das secretarias de Segurança dos estados, empresas do mercado segurador, gerenciadoras de riscos e transportadoras. Produtos alimentícios, cigarros, eletroeletrônicos, medicamentos ebebidas são as mercadorias mais visadas. O Sudeste permanece como a principal região do país em que ocorre essa modalidade criminosa, tendo o estado de São Paulo como líder doranking, seguido do Rio de Janeiro.

lEGISlAÇÃO

brANDAfAvOrEcE O

crImEDE

rEcEPTAÇÃO DE

rOubADAcArGA

Para coibir a ação dos bandidos, no Rio de Janeiro, a Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Cargas (DRRFC) vem intensificando suas ações, especialmente na investigação sobre os receptores de cargas. Entretanto, os números não param de aumentar. A explicação para esse fenômeno, afirma o delegado titular da especializada, Maurício Mendonça, está na legislação branda com os criminosos. Enquadrada no artigo 180 do Código Penal, a receptação de carga roubada resulta

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O levantamento da DRRFC, tendo como base o ano de 2016, indica que foram efetuadas 75 prisões, mas apenas 12 permaneceram atrás das grades por terem tido sua prisão preventiva decretada. Os demais (63) conseguiram liberdade, sendo 43 durante a Audiência de Custódia, dois após pagamento de fiança, e os 18 restantes, soltos pelo juiz do processo.

naquele que adquire, recebe, transporta, conduz, oculta, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime. Ainda incorre no mesmo crime aquele que, no exercício de atividade comercial, expõe, vende, utiliza, mantém em depósito, entre outras modalidades, produtos ou objetos que foram adquiridos por meios ilícitos. As penas variam de um a oito anos de reclusão mais multa.

“A receptação fomenta o roubo de cargas, porque sempre há alguém para comprar as mercadorias roubadas. A fragilidade do enquadramento penal cria a sensação de impunidade. Por ser um crime praticado sem violência, de menor potencial ofensivo, o bandido é indiciado, mas aguarda o processo em liberdade. Fizemos um levantamento na delegacia e constatamos que, oito, em cada 10 presos em flagrante pelo delito, foram liberados em, no máximo, uma semana”, ressalta.

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DElEGADO DA

“A maior parte dos detentos por recepção é de comerciantes que atuam regularmente. No estado do Rio de Janeiro, contamos com legislações para inibir esta prática, como a que cancela o ICMS dos estabelecimentos que comercializam produtos roubados. No Congresso Nacional, também há projeto nesse sentido. Mas, enquanto nada for feito de concreto, o roubo de cargas só tende a aumentar, pois hoje a punição é extremamente branda”, pondera Maurício Mendonça.

O titular da DRRFC refere-se ao Projeto de Lei nº 8137/14, do deputado federal Pauderney Avelino (DEM-AM), que aumenta as penas desse crime. A matéria está em análise no Senado Federal desde abril de 2015. Atualmente, o Código Penal prevê pena de um a quatro anos de reclusão. Se o PL 8137/14 for aprovado, a penalidade passará a ser de dois a oito anos. No caso do crime qualificado, a pena de três a oito anos e multa passará a ser de três a 10 anos de reclusão e multa.

DrrfcAPOSTA NA

APrOvAÇÃODE

PrOJETODE lEI

QuE AumENTAAS PENAS

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Na justificativa da proposição, o deputado afirma que, com o intuito de dar um enfrentamento sistemático aos crimes patrimoniais, torna-se necessário reconhecer sua perspectiva mercadológica, impondo-se também incrementar o enfrentamento aoscrimes intimamente ligados àqueles, ou seja, os de roubo e furto. De acordo com o parlamentar, a receptação não é um crime menos grave que o roubo ou o furto, pois viola bens de mercado e patrimônio, e ofende a administração da justiça, já que o bem será ocultadoe retornará ao mercado como lícito.

“Em 2015, fizemos uma série deprojetos para criar um enfrentamentosistemático aos crimes e à violência,como o de receptação de cargasroubadas. A pena anterior erainsignificante para a gravidade docrime, podendo até mesmo fomentarsua prática, porque para o criminosocompensava fazer a receptação emvez de comprar o produto no mercado. E não se pode esquecer que a violênciaé fomentada pelo tráfico de drogas epela receptação, pelo roubo. Um crimeestá associado ao outro, na maioriados casos”, define o deputadoPauderney Avelino.

Deputado federalPauderney Avelino

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O artigo 40 do Regulamento dos Transportes Ferroviários proíbe a “negociação ou comercialização de produtos e serviços no interior dos trens, nas estações e instalações, exceto aqueles devidamente autorizados pela Administração Ferroviária”.

Mas a realidade é completamente diferente nas 102 estações administradas pela Supervia, concessionária que opera o serviço de trens urbanos na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro.

Em seus vagões, circula diariamente uma infinidade de vendedores ambulantes não cadastrados. É uma típica feira livre. Comercializa-se chocolate, barra de cereal, bala, biscoito, amendoim, carregador de celular, barbeador elétrico, máquina de cortar cabelo e o que mais sua imaginação permitir. O problema está em ser também um dos destinos das mercadorias roubadas do transporte rodoviário de cargas.

Um dos fundadores do Movimento dos TrabalhadoresAmbulantes dos Trens de Saracuruna, Jorge Gonzaga, conhecidocomo Azulão, conta que os ambulantes que atuam nos trens doramal Saracuruna/Gramacho negociam com a Supervia, há dois anos, um projeto de formalização do comércio, visando melhorar a imagem das 110 pessoas que integram a entidade. Segundo ele, o grupo é identificado por usar camisas padronizadas com os seguintes dizeres: “Sou amigo do trem” e “Trem, quem ama também cuida”:Azulão lembra que a mobilização dos ambulantes começou há mais de 15 anos, por intermédio do Sindicato dos Ambulantes do Trem (Sindatrem) e da Associação dos Trabalhadores dos Trens do Rio de Janeiro (Astraterj), quando definiram algumas regras para atuação

SÃO

TrENS DA

fEIrASlIvrES dos ambulantes, como não trabalhar

embriagado ou fumando, não falarpalavrões, não andar pendurado nos trens,não travar as suas portas e, principalmente,jamais comercializar produtos de procedência duvidosa e mercadoriasvencidas. “Trabalho há 30 anos nostrens. Passamos períodos complicados, devido à fiscalização e uma administração que não queria nos atender. Mas, em 2011, houve uma mudança na direção da Supervia. Agora, as negociações estão avançando.A maioria dos trabalhadores é gente dobem. No entanto, há quem comercializemercadorias roubadas. A Supervia fazfiscalização diária, entretanto o ramal édominado pelo tráfico (de drogas). Elesentram por buracos abertos nas estaçõese vendem de tudo”, revela.

SuPErvIA

NOTA DA REDAÇÃO:

A redação de Eu Amo Caminhãofez diversos contatos com a direção da Supervia, mas, até ofechamento desta edição, nãoobteve retorno da concessionáriapara que expusesse as ações quevem realizando no sentido deinibir a comercialização dasmercadorias roubadas.

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Nascido e criado em uma comunidade localizada na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, R.A.P., de 32 anos, em entrevista exclusiva à

revista Eu Amo Caminhão, faz revelações sobre roubos e receptação de mercadorias do transporte rodoviário de cargas.Por questão de segurança, sua identidade e moradia não podem ser reveladas. Segundo ele, a participação de policiais, funcionários e donos de estabelecimentos comerciais são os principais fatores que contribuem para a elevação dos índices dessa modalidade criminosa. Leia, agora, a íntegra da entrevista com R.A.P.

EAc – Como ocorre a chegada dos produtos roubados na sua comunidade?rAP – Quando a mercadoria chega, vai para um local determinado, na própria comunidade. Lá onde eu moro, os caraslevam o caminhão para a praça. Tem detudo, tem cigarro, tem ar condicionado,tem queijo, comida. Quando é comida,eles distribuem na comunidade mesmo,algumas coisas eles vendem e outras dãopara a comunidade.

EAc – O que mais é comercializado?rAP – O que mais aparece é eletrônico e eletrodoméstico, ar condicionado, micro-ondas, telefone, parece que tem fábrica lá. Tem muito celular também e de todas as marcas e modelos. Geralmente, são caminhões de entrega. Algumas coisas também são dadas (informadas), porque o próprio cara que trabalha na empresa avisa, e eles vão lá e roubam. Na maioria das vezes, é assim. Quando é coisa importante, como eletroeletrônico, por exemplo, ar condicionado, o cara da empresa já fala para o ladrão onde vai passar o

cAmINhÃOTOmbOu,mErcADOrIA

chEGOucaminhão, o modelo e a placa. Então, os caras vão atrás do caminhão. Quando chegam no ponto certo, eles abordam e levam para a comunidade. O cara que faz a parada leva um percentual, ganhapela informação e também com a venda.

EAc – Qual o preço médio das mercadorias?rAP – Um ar condicionado de R$ 1 mil sai por R$ 500; o de R$ 1.500, por R$ 700. Eles até parcelam, e o acordo é de boa: vou te dar R$ 250 hoje e, daqui a 15 dias, R$ 250. Isso depende da amizade. Tem gente quenão aceita, mas, se é um amigo, tranquilo.

para longe, colocam na comunidade rival. Mas a polícia sabe para ondevai, onde dá, sabe tudo direitinho, sónão pega porque não quer, essa é averdade.

EAc – Você pode explicar melhor esseprocesso?rAP – Quando desova, não tem ninguém lá para comprar. Eles tiram, guardam tudo num canto e depois começam a oferecer. Caminhão tombou, mercadoria chegou. Eles não levam na mão, dizem tem um ar condicionado lá de 10 mil BTUs. Mas celular levam na mão, sim, levam vários na mão, na mochila, chegam lá mostram no plástico, na caixa, aí você olha e diz quero tanto.Mas, quando é coisa muito pesada, eles não levam, não. Se vende celular de última geração. Um iPhone 7, de repente, não vale porque ele é bloqueado. Mas, se for antesde chegar na empresa, porque é na empresa que eles cadastram, dá para tu usar direitinho. Mas, se bate (chega) antes na empresa, você não usa, não. De R$ 3 mil, tu paga R$ 1 mil, depende muito. É muito rápido, eles chegam assim, com o celular na mão. Por exemplo, você está num bar bebendo com seus amigos, eles chegam com o celular na mão e mostram para um, aí o cara diz: agora estou duro. Aí o outro vê e pergunta quanto dá, olha e compra na hora. Para se livrar das mercadorias não leva nem uma semana, é muito rápido. Dependendo da quantidade, em até dois dias. Mas, se for celular, em dois dias você vende 500 dentro da comunidade, barato assim. Eles vão divulgando. Se não tem, perguntam para um amigo, passamum whatsapp e pedem para guardar.

EAc – Quer dizer que tem comoencomendar uma mercadoria roubada?rAP – Encomenda é roubo pessoal. Traficante não pede, não. Isso é receptador, é gente que tem empresa, é gente que tem loja, é no centro de Bangu. Por exemplo, o cara tem empresa de colchão, ele pode encomendar um caminhão de entrega de colchão. Isso tem, sim. Na comunidade, os caras precisam ter o aval dos traficantes para vender, porque, se o cara (traficante) não gosta, ele apaga (mata).

EAc – Mas a comercialização de produtos roubados é feita com toda essa tranquilidade relatada por você?rAP – Não tem dificuldade nenhuma. Muitas vezes a polícia mesmo sabe, vai lá e pega dois aparelhos de ar condicionado, pega dinheiro, finge que não viu, vai embora. Os caras desovam muito rápido porqueos caminhões são rastreados. O que eles fazem também é quebrar o rastreador, desovar numa comunidade próxima, esvaziar rápido o caminhão, colocar em outro, ou então vão na comunidade, desovam rapidinho, levam o caminhão

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A PrImEIrA EDIÇÃO DE 2017 DO

Um dos eventos mais relevantes do calendário anual do setor de transporte de cargas, a primeira edição de 2017

do CONET&Intersindical já tem data marcada. O encontro será realizado de 9 a 12 de fevereiro, no Rio Quente Resorts, em Rio Quente/GO. Entre os pontos principais a serem debatidos, o anúncio sobre a defasagem dos custos de frete, baseado nos estudos feitos pelo Departamento de Custos Operacionais, Estudos Técnicos e Econômicos da NTC&Logística (DECOPE). Esse número é de suma importância para o equilíbrio econômico e financeiro das empresas que transportam cargas no país. A partir desses estudos, um debate é iniciado com os empresários de cargas de todo o país e suas lideranças.

Outros temas de interesse do TRC serão discutidos. O roubo de cargas é um deles. Só no estado do Rio de Janeiro, em 2015, foram registrados, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP) do estado, 4.424 roubos de carga. Estatísticas da NTC&Logística, que fornece informações para a Confederação Nacional do Transporte (CNT), mostram que, de cada 10 mil viagens no país – que podem ser feitas em um mesmo dia –, seis serão alvo de criminosos. E o número não para de crescer. Conforme dados da NTC&Logística, é possível comprovar

Entre os temas discutidos, a defasagemdos custos de frete e o roubo de cargas

cONET & INTErSINDIcAlAcONTEcE Em fEvErEIrO

o aumento no número de assaltos ano após ano. As leis voltadas ao roubo de cargas têm sido eficazes no combate a essa prática criminosa? Que novas ações devem ser empreendidas para que se reverta esse quadro? O que o governo federal tem feito e ainda deve fazer?

Mais informações no portal NTC

www.portalntc.org.br

SERVIÇO:

CONET & IntersindicalRio Quente/GO

Data: 9 a 12 de fevereirode 2017Local:Rio Quente Resorts

Que medidas têm sido tomadas pelos governos estaduais? Estes são alguns dos questionamentos a serem levantados a propósito do tema.

No CONET&Intersindical, todas asentidades terão a oportunidadede apresentar suas propostas demelhorias para o setor. Acesse oportal NTC (www.portalntc.org.br)para obter mais informações sobreo encontro.

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área da SaúdeOdontologia – odontopediatria, endodontia, prótese, ortodontia, periodontia, cirurgia, prevençãoe Raio X;Fisioterapia – RPG, pilates, ginástica laboral, orientação ergonômica, tratamento da coluna, trauma ortopédico, neurológico, emagrecimento por exercícios funcionais, dentre outras atividades;Nutrição – orientação nutricional, exame de bioimpedânciae avaliação de IMC;Psicologia – especialista em álcoole drogas, atendimento clínico, emgrupo e orientação vocacional paraos dependentes dos trabalhadoresdo transporte.

área de lazerAmplo espaço com quatro churrasqueiras, que podem ser utilizadas de forma simultânea;piscina adulta e infantil; dois campos de futebol e duas quadras poliesportivas. Há, ainda, aulasde natação infantil e adulta,hidroginástica e funcional.

DE POrTASAbErTASPArA OSASSOcIADOS

SEST SENAT

A partir de agora, todos os serviços da unidade operacional do SEST SENAT de Paciência estão disponíveis, sem

nenhum custo, para os trabalhadores do sistema de transporte e seus dependentes – atendimento na área de saúde, utilização do espaço e inscrição em cursos de qualificação. A diretora Márcia Vaz adianta que as instalações ficarão abertas todos os sábados, podendo ser aproveitadas como num clube. Para acessar esse benefício, basta se cadastrar e receber a carteirinha do SEST SENAT. Mas, se desejar usar a

piscina, é necessária a apresentação de atestado médico.Se o interesse for a preparação, a promoção do emprego e renda e, acima de tudo, o sucesso profissional, as entidades também estão oferecendo treinamentos na modalidade presencial e à distância, por meio dos cursos online, acessíveis na plataforma EaD, segundo o interesse das empresas. A diretora esclarece que, mediante acordo, podem ser ministrados treinamentos In Company para melhor logística das instituições. Conheça os serviços e aproveite esta grande oportunidade.

PAcIêNcIA:

Alunos

29ANO 03 | EDIÇÃO 35 | fEvErEIrO 2017 www.EuAmOcAmINhAO.cOm.br

Formação profissional:Programa Jovem AprendizOperador de Tráfego; Assistente Administrativo; Auxiliar de Mecânica Diesel e Auxiliar de Elétrica Veicular.

Cursos DiversosInformática Básica; Excel Básico; Excel Avançado; Atendimento ao Cliente; Programa de Treinamento por Simulador; Mecânica Básica Diesel; Elétrica Básica Veicular; Operador de Empilhadeira; Direção Defensiva e Condução Econômica, entre outros.

Cursos Especializados(Resolução 168)MOPP; Condutores de Coletivo de Passageiros; Condutores de Transporte Escolar; Condutores de Transporte de Veículos de Emergência e Cargas Indivisíveis.

Serviço:SEST SENAT de PaciênciaAvenida Cesário de Melo, 12000 – Paciência – Zona Oeste

Telefones: (21) 2409-1350 (Geral) / (21) 2409-1362 (Cursos) / (21) 2409-1356 (Saúde)

Horário de funcionamento da Unidade: de segunda-feira à sexta-feira, de 8h às 18 horas.

Horário de funcionamento do Clube: de terça-feira a sábado, de 7h às17 horas. Para manutenção do espaço, a entidade fica fechada às segundas-feiras.

Documentação necessária para confecção da carteira:Titular (trabalhador): cópia dos documentos CNH ou RG e CPF;último contracheque; comprovantede residência e Carteira de Trabalho.

Dependentes (esposa ou marido): Certidão de Casamento ou declaração de união estável (cartório), RG e CPF.

Filhos até 21 anos: Certidão de Nascimento ou RG.

TODOS OS SErvIÇOS OfErEcIDOS SÃO

GrATuITOS

área de lazer

Aula

consutório

Piscina

unidade

churrasqueira

Para uso da piscina e a práticade atividade esportiva são necessários foto 3x4 e atestado médico apto para atividade física.

Natação: de terça-feira à sexta-feira, às 7h, 9h e 14 horas (adulto), e às 10h, 11h e 15 horas (infantil).

Hidroginástica: de terça-feira à sexta-feira, às 8h e 16 horas.Sábado: Funcional – 8 horas Natação – 9 horas Hidroginástica – 10 horas

Toda semana, o SENAT de Paciência disponibiliza

agenda de cursos MOPP e Carga Indivisível.

Contato pelos telefones:

(21) 2409-1350 / 2409-1362.

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30 ANO 03 | EDIÇÃO 35 | fEvErEIrO 2017 www.EuAmOcAmINhAO.cOm.br

Logística é uma atividade vital para toda a sociedade pelo suprimento de cargas e serviços, e por ampliar os resultados econômicos das empresas, representando de 7% a 9% do produto interno bruto (PIB) mundial e cerca de 12% do PIB

brasileiro1. No entanto, consome significativo volume de energia (entre 9% e 12% da energia consumida no mundo2 e cerca de 19% da energia consumida no Brasil3, 4 , ), tem potencial de prejudicar a qualidade do ar local, gerar ruído e vibração, provocar acidentes, gerar resíduos sólidos e líquidos, e contribuir com o aquecimento global, que, atualmente, é o maior desafio ambiental do planeta.

1 Panorama ILOS 2016.2 Sims R., R. Schaeffer, F. Creutzig, X. Cruz-Núñez, M. D’Agosto, D. Dimitriu, M. J. Figueroa Meza, L. Fulton, S. Kobayashi, O. Lah,A. McKinnon, P. Newman, M. Ouyang, J. J. Schauer, D. Sperling, and G. Tiwari, 2014: Transport. In: Climate Change 2014: Mitigationof Climate Change. Contribution of Working Group III to the Fifth Assessment Report of the Intergovern- mental Panel on Climate Change [Edenhofer, O., R. Pichs-Madruga, Y. Sokona, E. Farahani, S. Kadner, K. Seyboth, A. Adler, I. Baum, S. Brunner, P. Eickemeier, B. Kriemann,J. Savolainen, S. Schlömer, C. von Stechow, T. Zwickel and J.C. Minx (eds.)]. Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdomand New York, NY, USA.3 [R]Evolução Energética, Rumo a um Brasil com 100% de energias limpas e renováveis. Cenário 2016, Greenpeace Brasil, São Paulo, SP.4 D´Agosto; Márcio de Almeida. Transporte, Uso de Energia e Impactos Ambientais. Uma Abordagem Introdutória. 1ª Ed., Elsevier, 2015.

márcio de Almeida D´Agosto*

O conceito de logística está associado às atividades de planejamento, implantação e controle do fluxo de mercadorias, serviços e informações, do ponto de origem (suprimento de insumos de produção) até o ponto de destino (cliente final), com objetivos voltados para a redução de custos totais e a ampliação do nível de serviço. Indo além desta visão tradicional, a logística deve objetivar também a redução dos impactos ambientais promovidos por suas atividades, principalmente no que diz respeito à atividade do transporte rodoviário, que representa mais de 50% da movimentação de cargas no Brasil.

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SuSTENTAbIlIDADEEm TrANSPOrTEDE cArGA

lOGíSTIcAE

Neste contexto, em função da sua quase total dependência do uso de combustíveis derivados do petróleo, o transporte de carga, principal função logística, é um importante contribuinte da emissão mundial de dióxido de carbono (CO2), principal gás de efeito estufa (GEE), e contribui para as mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global.

31ANO 03 | EDIÇÃO 35 | fEvErEIrO 2017 www.EuAmOcAmINhAO.cOm.br

*Doutor em Engenharia de Transportes pela COPPE/UFRJ, é presidente da Associação

Nacional de Ensino e Pesquisa em Transportes (ANPET), professor Associado

do Programa de Engenharia de Transporte (PET) da COPPE/UFRJ, pesquisador

Bolsista em Produtividade 1ª do CNPq e coordenador do Laboratório de Transporte

de Carga (LTC)

Vencer o desafio de ampliar o horizonte conceitual do termo logística, reforçando o compromisso com a responsabilidade socioambiental corporativa pode ser feito por meio de boas práticas, que busquem conciliar a maximização dos lucros e o aumento do nível de serviço e da competitividade das empresas no que se refere ao transporte rodoviário de carga.

O Laboratório de Transporte de Carga (LTC) do Programa de Engenharia de Transporte (PET) da COPPE/UFRJ já iniciou este processo de identificar e consolidar boas práticas para o transporte rodoviário de carga, que atendam especificamente à realidade brasileira e aos perfis de operação das empresas nacionais. Todo o material será disponibilizado em breve na forma de um Guia de Boas Práticas no site do LTC (www.ltc.coppe.ufrj.br). Confira!

A ampliação deste horizonte conceitual leva a termos como logística de baixo carbono, logística verde e logística sustentável. Destaca-se que a logística de baixo carbono busca especificamente a redução do uso de combustíveis fósseis e da emissão de CO2. A logística verde amplia a abrangência para a consideração de outros atributos ambientais, como emissão de poluentes atmosféricos; geração de ruído e vibração; consumo de água e geração de resíduos sólidos e líquidos. A logística sustentável é a mais abrangente, pois introduz a consideração do aspecto social à avaliação do desempenho logístico.

Empresas de classe mundial e com atuação global já perceberam, há algum tempo, a importância de estabelecer e atingir metas comprometidas com o conceito de logística sustentável, e que os termos “verde” e “sustentável” vão muito além de um compromisso com o meio ambiente e representam, de fato, a prática de ações que aprimoram a efetividade de suas operações e representam uma questão de sobrevivência no mercado.

SÓcIOS mANTENEDOrES