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Prezado leitor, Voltamos com a segunda edição do Bioinformativo trazendo diversas informações e dicas úteis para você, que aprecia as novidades de toda a cadeia de biodiesel brasileira. Em primeira mão, destacamos os preços das oleaginosas nas negocia- ções entre cooperativas e agricultores familiares no mês de julho. Em seguida, abordaremos uma novidade, a análise das cotações do setor industrial com cotações de biodiesel, glicerina, farelo, álcool e outros. A seção “Matéria Especial”é contemplada com o panorama da cultura do pinhão-manso nos últimos anos do Brasil, além de listar perspectivas positivas para essa cultura dentro do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB). Para finalizar, o espaço MDA conta com um texto explicativo sobre o PNPB. Boa leitura! Apresentação Nesta Edição Ano I – Nº 2 –Agosto de 2011 Matéria Especial: Retrospecto e perspectivas da produção de pinhão- manso no Brasil Análise e Cotações preços da agricultura familiar UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 1 REALIZAÇÃO: APOIO:

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Prezado leitor,

Voltamos com a segunda edição do Bioinformativo trazendo diversas informações e dicas úteis para você, que aprecia as novidades de toda a cadeia de biodiesel brasileira.

Em primeira mão, destacamos os preços das oleaginosas nas negocia-ções entre cooperativas e agricultores familiares no mês de julho. Em seguida, abordaremos uma novidade, a análise das cotações do setor industrial com

cotações de biodiesel, glicerina, farelo, álcool e outros.

A seção “Matéria Especial”é contemplada com o panorama da cultura do pinhão-manso nos últimos anos do Brasil, além de listar perspectivas positivas para essa cultura dentro do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB).

Para fi nalizar, o espaço MDA conta com um texto explicativo sobre o PNPB. Boa leitura!

Apresentação

Nesta Edição

Ano I – Nº 2 –Agosto de 2011

Matéria Especial:

Retrospecto e perspectivas da produção de pinhão-manso no Brasil

Análise e Cotações

preços da agricultura familiar

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

1

REALIZAÇÃO: APOIO:

A média brasileira dos preços da soja nas cooperativas de agricultura familiar no mercado con-vencional, apresentou alta de 1,49 % no mês de julho em relação a junho, pas-sando de R$ 38,39/sc em junho para R$ 38,96/sc em julho (Ta-bela 1). A maior alta foi obser-vada no estado de Minas Gerais (8,57 %), passando de R$ 35,00/sc para R$ 38,00/sc, e a maior queda foi observada no estado de Santa Catarina (-2,31 %), passan-do de R$ 40,50/sc em junho para R$ 39,56/sc em julho. Os preços foram maiores no estado do Sul, intermediários em Goiás e Minas Gerais, e mais baixas em Mato Grosso, refletindo a distância dos portos e dos mercados consumi-dores.

A soja negociada dentro do Programa Selo Combustível So-cial também apresentou acrésci-mo na média brasileira (1,25 %), passando de R$ 40,12/sc em

junho para R$ 40,62/sc em julho. O maior acréscimo foi observado em Minas Gerais (7,68 %) e o menor em Santa Catarina (-2,54 %). O preço no estado do Mato Grosso foi relativamente menor que nos demais estados. O bônus, por sua vez, foi maior nos estados de Goiás e Minas Gerais e não chegou sequer à média nacional nos outros estados. Em relação ao mês de junho, a média nacio-nal do bônus teve um decréscimo de 4,10 %, passando de R$ 1,73/sc em junho para R$ 1,66/sc em julho.

O preço do caroço de al-godão ficou estável no estado de Minas Gerais, com queda de 0,10 %. Contudo, no estado do Mato Grosso o preço apresentou acréscimo de 2,33 %, passando de R$ 322,50/ton em junho para R$330,00/ton em julho. O preço do amendoim ficou estável, com a mesma média em relação a junho.

A mamona na Bahia sinali-zou queda de 3,77 %, passando de R$ 98,33/sc em junho para R$ 94,63/sc em julho. Não foram obti-das as cotações da mamona para os estados do Ceará e Paraíba. O Gi-rassol enfrentou queda de 26,03 % na Bahia, passando de R$ 58,50/sc em junho para R$ 43,28/sc em julho. Em Goiás a queda foi de 7,01 %, passando de R$ 42,75/sc em junho para R$ 39,75/sc. O preço do girassol em Sergipe alcan-çou alta de 1,39 %, passando de R$ 43,20/sc em junho para R$ 43,80/sc em julho. A primeira co-leta para o estado do Mato Grosso foi realizada no mês de julho.

O padrão das cotações do girassol mostra que o preço é relativamente menor nos estado do Centro-Oeste (Goiás e Mato Grosso) com relação ao Nordeste (Bahia e Sergipe). A expressiva queda em Goiás é decorrente do aumento da oferta relacionada à

Preços da Agricultura Familiar

Ano I - N° 2 - Agosto de 2011

Estado Mercado Selo Bônus

GO 38,65 41,99 3,34

MG 38,00 40,11 2,11

MT 36,76 37,90 1,14

PR 40,19 41,19 1,00

RS 40,62 41,86 1,25

SC 39,56 40,69 1,13

Brasil 38,96 40,62 1,66

Tabela 1 – Preços médios da soja em R$/sc em julho de 2011

Fonte: Dados coletados nas cooperativas de agricultura familiar.

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Preços da Agricultura Familiar Preços da Agricultura Familiar

Ano I - N° 2 - Agosto de 2011

Análise e Cotações

Produtos UNDEstado

BA CE GO MG MT PB PR RS SC SE SP

Algodão* Ton - - - 499,5 330 - - - - - -

Amendoim** Sc (25 kg) - - - - - - - - - - 20,5

Mamona*** Sc (60 kg) 94,63 - - - - - - - - - -

Girassol Sc (60 kg) 43,28 - 39,75 - 38,50 - - - - 43,80 -

Milho Sc (60 kg) - - 23,75 - 16,37 - 24,12 26,00 24,30 - -

Tabela 2 – Preço em R$ do caroço de algodão, amendoim, mamona, girassol e milho por estado para o mês de julho

colheita da safrinha na região, visto que o girassol é uma opção ao plantio do milho.

Houve aumento no preço do milho nos estados de Goiás (1,88 %), Paraná (1,90 %) e Rio Grande do Sul (0,85 %) e queda em Mato

Grosso (- 9,71 %). Novamente, os estados mais próximos dos cen-tros consumidores conseguiram preços mais altos para o milho. O aumento dos preços nos estados do Sul e em Goiás foi decorrente de problemas climáticos que le-varam a quebra de safra. O Mato

Grosso não presenciou problemas climáticos tão severos como nos outros estados, o que explica a expressiva queda do produto.

Fonte: Dados coletados nas cooperativas de agricultura familiar, com exceção do algodão e amendoim.*caroço. ** produto com casca para a produção de óleo (impróprio para consumo in natura). *** sem casca.

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Os preços do óleo de soja e do sebo bovino em R$/ton são apre-sentados no Gráfi co 1. O óleo de soja e o sebo bovino são as principais matérias-primas do biodiesel, repre-sentando 83,76 % e 13,36 % dos óleos

A quantidade produzida e exportada de óleo de soja no Brasil (Gráfi co 2) possui características sa-zonais, com maiores volumes nos meses de maio e junho, no transcor-rer da safra, e sucessivas quedas até o mês de fevereiro, quando o proces-samento e as exportações se elevam

e gorduras utilizados no país. Pode-se observar no gráfi co que o preço do sebo acompanha o preço do óleo de soja devido à infl uência direta da demanda do mercado de biodiesel. Os valores destes óleos apresentaram

em decorrência do início da colheita. Percebe-se também que não houve nenhuma tendência defi nida de cresci-mento ou queda da produção e expor-tação de óleo de soja, o que indica que nos últimos três anos, esses in-dicadores se mantiveram estáveis. A produção de óleo de soja em junho foi

variação de - 0,87% e 7,59% de junho para julho e queda de 9,61% e 7,61% de janeiro a julho deste ano. No en-tanto, obtiveram um aumento de 26,29% e 50,44%, em relação a maio de 2010.

3,04 % menor que em maio, 17,75 % menor que em junho de 2010, e 41,51 % maior em relação a janeiro. As ex-portações apresentaram variação de 12,28 % de maio para julho, de -23,2 % em relação a junho de 2010 e de 32,41 % no acumulado do ano.

Ano I - N° 2 - Agosto de 2011

Análise e Cotações - Indústria

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Gráfi co 1 – Preços médios men-sais do óleo de soja na praça de São Paulo (CIF 12 % de ICMS) e do sebo bovino no estado de São Paulo (CIF 12 % de ICMS). Fonte: MME/CISoja e Aboissa.

Gráfi co 2 – Produção e exportação mensal de óleo de soja no Brasil.Fonte:Abiove

Óleos e Gorduras

Os preços de importação dos óleos de girassol e de exportação do óleo de amendoim são apresentados no Grá-fi co 3. Percebe-se que o comportamento do preço do óleo de girassol se aproxima do óleo de soja, sendo atualmente mais barato (preço CIF no porto). O preço do óleo de amendoim exportado é maior que o do óleo de soja, visto que é um

óleo destinado a um mercado específi co, diferente do óleo de soja que é o básico de consumo brasileiro. Nesse sentido, ele se torna uma alternativa menos viável para a produção de biodiesel. Os óleos de girassol e amendoim obtiveram varia-ções no preço de – 0,57 % e 0,91 % de maio para junho, variação de -2,92 % e 38,13 % de janeiro a junho e aumento de

37,85 % e 29,92 % em relação junho de 2010, respectivamente. As importações brasileiras de óleo de girassol apresen-taram uma tendência de crescimento nos últimos três anos, contudo, esse aumento foi acompanhado de grande irregulari-dade, e, consequentemente, variabilidade do fl uxo de importação (Gráfi co 4).

Ano I - N° 2 - Agosto de 2011

Análise e Cotações - Indústria Análise e Cotações - Indústria

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Gráfi co 3 – Preços médios mensais de importação* (CIF) do óleo de girassol e de exportação (FOB) de amendoim.Fonte: MDIC/Aliceweb.*Preço em dólar convertido em reais pela taxa de câmbio média de compra obtida no Ipea.

Gráfi co 4 – Importações brasileiras de óleo de girassol.Fonte: MDIC/Aliceweb.

O preço do óleo de gergelim ficou acima dos R$ 3.500,00/ton du-rante o período analisado, também com alta variabilidade (Gráfico 5).

Os preços do metanol na Améri-ca do Norte e do etanol no estado de São Paulo em R$/litro são abordados no Grá-fi co 6. Tais preços não podem ser com-parados diretamente, uma vez que, os mercados de referência são diferentes. Apesar disso, observa-se que o preço do metanol varia menos que o do etanol.

Essas duas caraceterísticas fazem com que esse óleo, neste momento, não seja uma opção viável para a produção de biodiesel. O óleo do

O metanol teve um decréscimo de 1,64% de seu preço de maio para junho e um acréscimo de 7,10% em relação a junho do ano passado. Contudo, obteve uma queda de 10,16% de seu valor no período de janeiro a maio deste ano.Os preços do etanol anidro elevaram-se no começo do ano de 2011 devido à en-

gergelim variou 47,56 % de maio para junho, aumentou em 38,13 % de janeiro a junho e 16,45 % em relação a junho de 2010.

tressafra brasileira e ao aumento da de-manda mundial por açúcar. Além disso, a partir dos dados, nota-se que o etanol teve uma queda de 15,42% no preço de maio a junho, refl exo do começo da sa-fra no Centro-Sul, variação de 44,14% em relação a junho de 2010, porém, houve uma queda de 3,09 % de janeiro a junho do mesmo ano.

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Análise e Cotações - Indústria

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Álcoois

Gráfi co 6 – Preços médios mensais do metanol* (América do Norte) e do etanol anidro (São Paulo) em R$/litro.Fonte: Methanex e Cepea/Esalq. *Preço em dólar convertido em reais pela taxa de câmbio média de compra obtida no Ipea.

Gráfi co 5 – Preços médios mensais de importação* (CIF) do óleo de gergelim.Fonte: MDIC/Aliceweb.*Preço em dólar convertido em reais pela taxa de câmbio média de compra obtida no Ipea.

No período de junho de 2009 a janeiro de 2010, o farelo de soja comer-cializado no mercado interno manifestou grande queda de preço, como pode

A produção e exportação de fare-lo de soja seguem um comportamento semelhante ao do óleo de soja (Gráfi co 8). Ambos apresentam os maiores mon-tantes nos meses de maio e junho, no fi m da colheita da safra de soja, diminuindo

ser visualizado no Gráfi co 7. Esta varia-ção seguiu, aproximadamente, o preço da soja em grãos. O preço do farelo de soja variou 0,73 % de maio para junho, obteve

no decorrer do segundo semestre. Após isso, ocorre um aumento da produção e das exportações no mês de fevereiro com o início da safra. A produção e a exporta-ção de farelo de soja apresentou variação de -2,27 % e -15,91 %, respectivamente,

queda de 18,78 % de janeiro a junho e au-mentou em 14,79 % de junho de 2010 a junho de 2011.

de maio para junho. Em relação a junho do ano passado a variação foi de -17,76 % (produção) e -23,09 % (exportação). No acumulado do ano a variação foi de 41,49 % para a produção e 14,56 % para a exportação.

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Análise e Cotações

Análise e Cotações - Indústria

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Gráfi co 7 – Preços médios mensais do farelo de soja em R$/ton em São Paulo (ICMS 8,4 %). Fonte: Abiove.

Gráfi co 8 – Produção e exportação mensais de farelo de soja no Brasil.Fonte:Abiove

Análise e Cotações - Indústria Coproduto da indústria de óleo

Análise e Cotações

Os preços do biodiesel e do diesel estão discriminados no Gráfi co 9. Estes não podem ser comparados diretamente, uma vez que, o preço do diesel está acrescido do ICMS. Contu-do, é fácil constatar que o preço do die-sel varia menos que o preço do biodie-sel. Observa-se também, que o preço do biodiesel sinaliza uma tendência de queda nos últimos três anos, refl exo do aumento de competição do setor.

Os preços da glicerina são en-contrados no Gráfi co 10. Houve um aumento de preço do coproduto da indústria de biodiesel de 2010 para

A partir da análise dos preços, nota-se que o diesel teve um aumento de 0,09% no seu valor de maio a junho deste ano. A mesma comparação não pode ser feita com relação ao preço do biodiesel, já que o mesmo é formado trimestralmente nos leilões da ANP. De acordo com os dados de janeiro a junho deste ano verifi ca-se uma queda de 10,11% no preço do biodie-sel e um aumento de 0,11% no valor

2011, o que pode elevar a rentabili-dade das plantas de produção deste combustível. Esse fato é demonstrado pelo acréscimo de 40,76 % do preço

do diesel. De maio de 2010 a maio de 2011 houve uma queda de 8,23% no preço do biodiesel e um aumento de 0,60% no preço do diesel. Embora o biodiesel seja um dos produtos que compõem o diesel que é distribuído ao país, não se observa, até o momento, uma sincronia de comportamento dos preços destes produtos.

de junho de 2010 a junho de 2011. De maio para junho o preço da glicerina caiu 22,40 % e subiu 15,92 % no acu-mulado do ano.

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Análise e Cotações - Indústria

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Gráfi co 9 – Preços médios mensais do diesel e biodiesel pago ao produtor no Brasil em R$/litro.Fonte: ANP.

Gráfi co 10 – Preços médios mensais de exportação da glicerina em R$/ton*. Fonte: MDIC.*Preço em dólar convertido em reais pela taxa de câmbio média de compra obtida no Ipea.

Produtos e subprodutos da indústria de biodiesel e diesel

Análise e Cotações - Indústria

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O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), desde a sua implantação, procurou alternativas rentáveis para a inserção da agricultura fa-miliar como potencial fornecedo-ra de matéria-prima para a matriz energética nacional. O pinhão-manso (Jatropha curcas), com um óleo de excelentes características para produção de biodiesel, sur-giu como uma das soluções para o PNPB.

Essa expectativa era justi-ficada pelas potenciais caracterís-ticas agronômicas da planta, tais como resistência e estresse hídrico

(sendo adequada para cultivo no semi-árido), perenidade, possibili-dade de cultivo em áreas inapro-priadas para as atuais culturas, dentre outras. Trabalhos cientí-ficos apontavam que o potencial produtivo do pinhão-manso era de três a seis toneladas de grãos por hectare, o que equivale a uma produção de 1,2 a 2 toneladas de óleo por hectare, cerca de quatro vezes mais óleo do que a soja.

De posse desses argumen-tos, a mídia e alguns agentes do setor privado promoveram e es-timularam a produção de pinhão-

manso para o biodiesel, com en-foque especial na agricultura familiar. Nesse contexto, muitos produtores investiram em lavouras da oleaginosa esperando retor-nos favoráveis. Contudo, alguns entraves da produção e comer-cialização do pinhão-manso ain-da não estavam suficientemente consolidados.

O alto potencial produtivo demonstrado nas pesquisas não foi verifi cado nas lavouras comerciais devido à diversidade genética das plantas utilizadas. De fato, o pinhão-manso ainda não havia

Retrospecto e perspectivas da produção de pinhão-manso no Brasil

Matéria especial

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sido domesticado totalmente. Em consequência, não houve oferta relevante de sementes de quali-dade comprovada para o plantio da oleaginosa, o que gerou uma produção nas lavouras muito ir-regular, uma vez que as plantas sofriam com estresse hídrico, ataques inesperados de pragas, amadurecimento não uniforme dos grãos (o que os obrigava a fazer várias coletas aumentando os custos com mão-de-obra), en-tre outros problemas. Esse quadro fez com que a atividade apresen-tasse baixa rentabilidade, o que levou a desistência por grande parte das iniciativas existentes no Brasil.

Para contornar tais dificul-dades, esforços têm sido empreen-didos para o desenvolvimento de variedades e inserção mais efetiva do pinhão-manso na cadeia do biodiesel. O setor público está promovendo a

aplicação de recursos e incentivando a articulação de pesquisas com o in-tuito de melhorar a adaptabilidade da planta às regiões brasileiras, reduzir a variabilidade e sazonalidade da produção e, consequentemente, aumentar os ganhos do produtor. Essas pesquisas são realizadas pela Embrapa, Epamig (que realiza pesquisas para a cultura desde a década de 1970) e universidades (como a Universidade Federal de Viçosa - UFV).

Este não é só um esforço brasileiro, uma vez que as pesqui-sas e plantios de pinhão-manso avançam em várias regiões do mundo, com destaque para a Índia e México que já possuem grandes áreas de plantio comercial. A FAO, como entidade internacio-nal, acompanha e apoia o avanço do pinhão-manso em regiões semi-áridas e/ou inapropriadas para a produção de alimentos, buscando

proporcionar alternativas de gera-ção de renda para as populações estabelecidas nessas regiões.

Do ponto de vista do mer-cado, a política de inclusão social na cadeia de biocombustíveis do Governo Federal, a partir de incentivos fiscais ao biodiesel, poderá gerar uma demanda por pinhão-manso, visto que essa cultura pos-sui características que favorecem o plantio pela agricultura familiar. Assim, torna-se uma alternativa para reduzir a concentração tanto a nível regional, quanto em oleagi-nosas utilizadas.

Apesar do retrospecto ainda pouco representativo, a perspec-tiva para a utilização do pinhão-manso no Brasil é promissora, princi-palmente em função dos inúmeros potenciais da cultura, além das relevantes pesquisas que tem sido feitas para adequar o plantio a um sistema comercial de alta produ-tividade e rentabilidade ao peque-no agricultor. Contudo, deve-se ainda estruturar seus canais de comercialização de forma a mini-mizar o risco da plantação de um cultivo perene, que até então só tem um mercado de utilização definido, a produção de biocom-bustíveis, tanto o biodiesel quanto a bioquerosene de aviação, sendo que este último mercado ainda não foi estabelecido.

Matéria especial

Espaço MDAO PNPB e a Agricultura Familiar

Ascon/MDA.

Ano I - N° 2 - Agosto de 2011

O biodiesel é um combus-tível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode ser produzido a partir de gorduras ani-mais ou de óleos vegetais, existindo dezenas de espécies vegetais no Brasil que podem ser utilizadas, tais como mamona, dendê, gi-rassol, algodão, gergelim, amen-doim, pinhão manso, macaúba e soja, dentre outras. Por esse motivo a energia gerada pelo biodiesel é chamada de “energia renovável”.

Substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores au-tomotivos (de caminhões, tratores, camionetas, au-

tomóveis, etc) ou estacionários (geradores de eletricidade, calor, etc). Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas proporções. A mistura de 5% de biodiesel ao diesel de petróleo

é chamada de B5 e assim suces-sivamente, até o biodiesel puro, denominado B100.

AS VANTAGENS DO BIODIESEL

Por substituir o óleo diesel, proveniente do petróleo, o biodie-sel tem sido um grande vetor de redução das emissões de diver-

sos poluentes (monóxido de carbono, enxofre, e outros) e no combate ao efeito estufa.

Colabora para uma maior diversifi cação da matriz energé-tica brasileira, que já é exemplo mundial na utilização de ener-

gias renováveis.

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Reforça o protagonismo do Brasil nos acordos e compro-missos internacionais de respeito ao meio ambiente e mudanças climáticas.

Contribui para que o Bra-sil compre menos óleo diesel de petróleo de países estrangeiros e também deixe de exportar grãos in natura, esmagando e produzindo óleo e farelo dentro do país.

Além das vantagens am-bientais e econômicas, a produção de biodiesel brasileiro inova pelos

benefícios sociais. Produzir biodiesel gera trabalho e renda, tanto no campo, quanto na fábrica.

O cultivo da matéria-prima cria oportunidades de trabalho e ge-ração de renda na agricultura familiar, estimulando a inclusão social em to-das as regiões do país.

Para participar do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) o agricultor fa-miliar deve possuir a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), que pode ser tirada em Empresas Estaduais de Assistência Técnica e Extensão

Rural e Sindicatos Rurais. Para maiores informações sobre a DAP acessar http://comunidades.mda.gov.br/portal/saf/institucional/ae-claracaoaptidaopronaf

Ano I - N° 2 - Agosto de 2011

Espaço MDA - O BIODIESEL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

EXPEDIENTE

O Bioinformativo é uma publicação mensal do Centro de Referêcia da Cadeia de Produção de Biocombustíveis para a Agrigultura Familiar da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Endereço: Centro de Referência da Cadeia de Produção de Biocombustíveis para Agricultura Familiar, Vila Gianetti 25. Campus Universitário – Viçosa, MG. Cep: 36570-000Telefone: 31 3891 0203e-mail: [email protected]

Equipe

Coordenador do Centro de ReferênciaProf. Ronaldo Perez

ColaboradorProf. Aziz Galvão da Silva Júnior

Equipe técnica

Edna de Cássia Carmélio (Engenheira de Alimentos)Ester Roberti de Melo (Engenheira de Alimentos)Joélcio Cosme Carvalho Ervilha (Técnico em Agroindústria)

Marcelo Dias Paes Ferreira (Bacharel em Agronegócio)Fernanda Cardoso de MeloAuxiliar adminsitrativo

Revisão textualAmanda Castro de SouzaJuliana Nedina Souza

Projeto Gráfi coSamuel Araújo Figueiredo

Colaboração: Ascom/MDA

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REALIZAÇÃO: APOIO: