ansiedade social e cooperaÇÃo em contexto de hierarquia social · catalogação da publicação...

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ARIELA MOREIRA DOS SANTOS ANSIEDADE SOCIAL E COOPERAÇÃO EM CONTEXTO DE HIERARQUIA SOCIAL NATAL 2015 Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Mestre em Psicobiologia.

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Page 1: ANSIEDADE SOCIAL E COOPERAÇÃO EM CONTEXTO DE HIERARQUIA SOCIAL · Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Santos, Ariela Moreira

ARIELA MOREIRA DOS SANTOS

ANSIEDADE SOCIAL E COOPERAÇÃO EM CONTEXTO DE HIERARQUIA

SOCIAL

NATAL

2015

Dissertação apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, para

obtenção do título de Mestre em

Psicobiologia.

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ARIELA MOREIRA DOS SANTOS

ANSIEDADE SOCIAL E COOPERAÇÃO EM CONTEXTO DE HIERARQUIA

SOCIAL

Orientadora: Profª. Fívia de Araújo Lopes

NATAL

2015

Dissertação apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, para

obtenção do título de Mestre em

Psicobiologia.

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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências

Santos, Ariela Moreira dos. Ansiedade social e cooperação em contexto de hierarquia social / Ariela Moreira dos Santos. – Natal, RN,

2015.

82 f.: il.

Orientadora: Profa. Dra. Fívia de Araújo Lopes.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Programa de

Pós Graduação em Psicobiologia.

1. Ansiedade social. – Dissertação. 2. Altivez. – Dissertação. 3. Assertividade. – Dissertação. 4. Divisão de

recurso. – Dissertação. I. Lopes, Fívia de Araújo. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 616.89-008.441

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Título: Ansiedade social e cooperação em contexto de hierarquia social

Autor: Ariela Moreira dos Santos

Data da defesa: 30/07/2015

Banca Examinadora:

_____________________________________________________

Prof. Dr. Mauro Dias Silva Júnior

Universidade Federal do Pará

_____________________________________________________

Profª. Drª Neuciane Gomes da Silva

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________

Profª. Drª Fívia de Araújo Lopes

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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AGRADECIMENTOS

À minha mãe, Débora Moreira, por ser tão paciente e me ajudar nos momentos

difíceis, sempre apoiando em todas as minhas decisões. Ao meu irmão, Igor Moreira, pelos

momentos de descontração, por me fazer rir e lembrar que sempre estará comigo para o que

der e vier. Ao meu pai, Marco Antônio, pelo “bolsa pai” e por ser sempre tão prestativo.

À minha orientadora, Fívia Lopes, por ter aceitado trabalhar com o tema que eu

escolhi, por ter paciência com minhas crises de ansiedade, por confiar no meu trabalho e pelas

orientações e sugestões.

À Jéssica Winne e Everton Lima, dois amigos que estiveram muito presentes em

minha vida nos últimos anos. Obrigada pela amizade, por escutarem minhas lamúrias e por

sempre me fazerem sentir bem.

Aos melhores amigos que esse mestrado me deu: Lisiane Souza, Luciana Rocha e

Jaqueiuto Jorge. Como teria sido o mestrado sem vocês? Provavelmente muito triste!

Obrigada por todo apoio, por todas as dicas de estatística, pelas risadas e por existirem na

minha vida!

À Liana Lorena, minha amiguirmã, por sempre estar presente em todos os

momentos da minha vida torcendo pelo meu sucesso.

Aos meus queridos confederados, sem eles esta pesquisa não teria saído do papel:

Aline Marques, Arnaud Marques, Bárbara Floripes, Daniela Pedroso, Davi Andrade,

Ewerton Calixto, Fátima Dantas, Higor Gonçalves, Milena Rodrigues, Rebeca Brito,

Roberto Cirilo e Vitor Aguiar. Obrigada por me ajudarem nos experimentos, pelas dicas,

pelas fofocas, pelas risadas e pelas vibrações positivas. Com certeza eu dividiria todos os

meus Bis com vocês!

À Diego Sousa, por toda ajuda dada no projeto, na escolha dos instrumentos e na

interpretação dos dados. Obrigada por sempre me ajudar quando estou no aperto!

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À Anthonieta Looman, pelas sugestões na dissertação e pelas dicas em estatística.

À Capes, pela bolsa de estudos.

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“Nada como procurar quando se quer achar alguma coisa. Quando se procura geralmente se

encontra alguma coisa, sem dúvida, mas nem sempre o que estávamos procurando”.

Thorin, por J.R.R. Tolkien

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 13

ALTRUÍSMO RECÍPROCO ..................................................................................................................................... 13

HIERARQUIA SOCIAL .......................................................................................................................................... 20

ANSIEDADE SOCIAL ........................................................................................................................................... 24

OBJETIVOS ........................................................................................................................................................ 31

OBJETIVO GERAL ............................................................................................................................................... 31

OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................................................... 31

HIPÓTESES E PREDIÇÕES ............................................................................................................................ 32

MÉTODO ............................................................................................................................................................. 34

ASPECTOS ÉTICOS .............................................................................................................................................. 34

PARTICIPANTES .................................................................................................................................................. 33

INSTRUMENTOS .................................................................................................................................................. 35

Termo de consentimento livre e esclarecido. ................................................................................................ 35

Inventário de Fobia Social . ......................................................................................................................... 35

Escala Fatorial de Extroversão. ................................................................................................................... 36

Escala de nível de ansiedade situacional. .................................................................................................... 36

Questionário sociodemográfico. ................................................................................................................... 37

Ficha de status social. .................................................................................................................................. 37

Verificação de percepção do status/verificação chocolate. .......................................................................... 38

Jogo do Ultimato. ......................................................................................................................................... 38

PROCEDIMENTOS ............................................................................................................................................... 39

ANÁLISE DE DADOS ........................................................................................................................................... 41

RESULTADOS .................................................................................................................................................... 43

1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ................................................................................................................... 43

2. RELAÇÃO ENTRE SPIN, ASSERTIVIDADE, ALTIVEZ E ANSIEDADE SITUACIONAL ............................................ 44

3. RELAÇÃO ENTRE ANSIEDADE SITUACIONAL E NÍVEL HIERÁRQUICO ............................................................... 47

4. RESPOSTA NO JOGO DO ULTIMATO ................................................................................................................ 48

5. RELAÇÃO ENTRE A RESPOSTA NO JOGO DO ULTIMATO E ASSERTIVIDADE E ALTIVEZ ..................................... 50

6. GENEROSIDADE E ANSIEDADE SOCIAL ............................................................................................................ 51

DISCUSSÃO ........................................................................................................................................................ 52

RELAÇÃO ENTRE SPIN, ASSERTIVIDADE, ALTIVEZ E ANSIEDADE SITUACIONAL ................................................. 53

RELAÇÃO ENTRE ANSIEDADE SITUACIONAL E NÍVEL HIERÁRQUICO ................................................................... 55

RESPOSTA NO JOGO DO ULTIMATO .................................................................................................................... 56

JOGO DO ULTIMATO. .......................................................................................................................................... 57

RELAÇÃO ENTRE A RESPOSTA NO JOGO DO ULTIMATO E ASSERTIVIDADE E ALTIVEZ ......................................... 60

GENEROSIDADE E ANSIEDADE SOCIAL ............................................................................................................... 61

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................................. 63

LIMITAÇÕES ..................................................................................................................................................... 64

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 65

ANEXOS .............................................................................................................................................................. 74

ANEXO 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ....................................................................... 74

ANEXO 2 – INVENTÁRIO DE FOBIA SOCIAL ........................................................................................................ 75

ANEXO 3 - SUBSCALAS DA EFEX ....................................................................................................................... 77

ANEXO 4 – ESCALA DE ANSIEDADE SITUACIONAL ............................................................................................ 78

ANEXO 5 - QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO ............................................................................................... 79

ANEXO 6 – FICHA DE STATUS SOCIAL. ............................................................................................................... 80

ANEXO 7 – VERIFICAÇÃO DE STATUS/VERIFICAÇÃO DE CHOCOLATE ................................................................. 81

ANEXO 8 – RESUMO DOS RESULTADOS .............................................................................................................. 82

ANEXO 9 – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA....................................................................................................................................84

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Diagrama de previsão de reação durante interação em função da hierarquia.. 29

Tabela 1 – Percepção de hierarquia social por grupo...................................................... 43

Figura 2- Correlação entre a pontuação apresentada no SPIN e a assertividade............. 44

Figura 3- Correlação entre a pontuação apresentada no SPIN e a altivez.......................

44

Figura 4- Correlação entre a pontuação apresentada no SPIN e a ansiedade situacional

para NHA.............................................................................................................

45

Figura 5- Correlação entre a pontuação apresentada no SPIN e a ansiedade situacional

para NHB..............................................................................................................

46

Figura 6- Mediana de ansiedade situacional para condição inicial, com NHA e

NHB..................................................................................................................................

47

Tabela 2- Respostas ao Jogo do Ultimato........................................................................ 48

Figura 7- Frequências de quantidade de chocolates oferecidos por GSAs...................... 51

Figura 8- Frequências de quantidade de chocolates oferecidos por GAs...................... 52

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LISTA DE ABREVIATURAS

EFEX – Escala Fatorial de Extroversão

GAs – Grupo com ansiedade social

GSAs – Grupo sem ansiedade social

NHA – Nível hierárquico alto

NHB – Nível hierárquico baixo

SPIN – Inventário de Fobia Social

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RESUMO

O Jogo do Ultimato é uma metodologia da Teoria dos Jogos que pretende investigar o

comportamento cooperativo de indivíduos em situações de divisão de recurso. A literatura

tem mostrado que metade dos sujeitos não aceita divisão de recurso injusta, e ainda prefere

arcar com um custo momentâneo para se vingar do trapaceiro. Entretanto, pessoas que têm

prejuízo em assertividade, como indivíduos que possuem fobia social, podem ter dificuldade

em rejeitar ofertas de divisão de recurso injusta, especialmente em situações que lhes causem

ansiedade demasiada, como estar na presença de um indivíduo considerado de maior nível

hierárquico. A percepção negativa sobre seu próprio valor também pode o fazer pensar que

não merece uma divisão justa. Esses indivíduos também possuem um forte desejo de

transmitir uma impressão positiva aos demais, o que poderia levá-los a serem mais generosos

em uma divisão de recurso. O objetivo desta pesquisa foi verificar, através do Jogo do

Ultimato, se indivíduos com ansiedade social aceitariam mais ofertas injustas de confederados

de maior comparados aos de menor nível hierárquico e se seriam mais generosos na divisão

de bens, no mesmo jogo, quando comparados a indivíduos sem ansiedade social. Noventa e

cinco (95) estudantes universitários participaram deste estudo respondendo ao Inventário de

Fobia Social, a Escala Fatorial de Extroversão, questionário sociodemográfico, escala de

ansiedade situacional e, por fim, o Jogo do Ultimato em quatro rodadas (1ª e 3ª - confederado

representando alto ou baixo nível hierárquico com uma proposta injusta; 2ª - confederado sem

pista de status social faz com proposta justa; 4ª - sujeito da pesquisa faz a oferta). Os

resultados mostraram uma correlação negativa significativa entre ansiedade social e altivez, e

ansiedade social e assertividade, e uma correlação positiva significativa entre ansiedade social

e ansiedade situacional. Não houve diferença significativa na ansiedade situacional em função

do status para indivíduos ansiosos. Também não foi encontrada diferença significativa na

quantidade de bens doados, mostrando que o comportamento generoso não diferiu entre os

grupos. Por fim, o status social não influenciou na decisão na resposta ao jogo, para

indivíduos ansiosos. Esses resultados corroboram outras pesquisas que mostram a relação

entre ansiedade social e assertividade, e ansiedade social e autopercepção negativa de

capacidade e valor (baixa altivez). Como mostraram os resultados de ansiedade situacional, o

estímulo de maior status não foi percebido como ameaçador para o indivíduo, o que pode ter

afetado sua resposta no jogo. Os resultados para o Jogo do Ultimato seguem a mesma direção

quanto a taxa de aceitação pra propostas injustas (aproximadamente 50%) em estudos

realizados com amostra não clínica.

Palavras-chave: Altivez, Ansiedade Social, Assertividade, Divisão de Recurso, Jogo do

Ultimato.

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ABSTRACT

The Ultimatum Game is a methodology of the Game Theory that intends to investigate the

individuals cooperative behavior in situations of resources division. Studies have shown that

half of the subjects don’t accept unfair division of resources, and prefer to bear a momentary

cost to revenge the deceivers. However, people who have assertiveness impairment, such as

social phobic individuals, could have some difficulties to reject unfair offer division resource,

especially in situations that cause over anxiety, like being in the presence of an individual

considered to be in a high hierarchical level. A negative perception about his own worth can

also make the person thinks that he does not deserve a fair division. These individuals also

have a strong desire to convey a positive impression to the others, which could cause them to

be more generous in a resource division. The aim of this study was to verify, through the

Ultimatum Game, if social anxiety individuals would accept more high confederate’s unfair

offers that low confederate’s unfair offers; and if they would be more generous in goods

division, in the same game, when compared to individuals without social anxiety. Ninety-five

(95) college students participated in this study answering the Social Phobia Inventory, the

Factorial Scale of Extroversion, socio-demographic questionnaire, situational anxiety scale

and, finally, the Ultimatum Game in four rounds (1st and 3rd – confederate representing high

or low ranking using an unfair proposal; 2nd – confederate without social status using fair

proposal; 4th – subject’s research proposes the offer). The results showed a significant

negative correlation between social anxiety and haughtiness, and social anxiety and

assertiveness, and a significant positive correlation between social anxiety and situational

anxiety. There was no significant difference in situational anxiety due to the status for anxious

individuals. Also we found no significant difference in the amount of donated goods, showing

that generous behavior does not differ between groups. Finally, the social status did not

influence the decision in response to the game for anxious individuals. These results

corroborate to other studies that show the relationship between social anxiety and

assertiveness, and social anxiety and negative self-perception capability and value (low

haughtiness). As show the results of situational anxiety scale, the high status stimulus was not

perceived as threatening to the individual, which may have affected his answer in the game.

The results for the Ultimatum Game follow the same direction as the acceptance rate for

unfair proposals (approximately 50%) in studies with non-clinical sample.

Keywords: Haughtiness, Social Anxiety, Assertiveness, Resource Division, Ultimatum Game

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INTRODUÇÃO

Altruísmo recíproco

Um senhor, cego, tenta atravessar uma movimentada avenida. De longe, um

jovem percebe a dificuldade daquele senhor, e prontamente oferece um pouco do seu

tempo e energia para levá-lo até o outro lado da rua. Ao olharmos para essa cena, fica

evidente que o senhor se beneficiou com o comportamento do jovem, mas e este, o que

ganhou com essa atitude? Se avaliarmos essa situação sob o ponto de vista da seleção

natural (Darwin, 1959), aparentemente poderíamos dizer que a atitude de ajuda do

jovem não é adaptativa, já que não lhe conferiu nenhum benefício, senão só o custo de

gastar tempo e energia em detrimento do bem-estar de outrem. Em outras palavras, a

aptidão1 do jovem teria diminuído, enquanto que a do senhor aumentado. O próprio

Darwin se questionava como atitudes altruístas, entre indivíduos não aparentados,

teriam evoluído já que conferiam desvantagem para aqueles que utilizavam essa

estratégia. A resposta para esse questionamento só foi desenvolvida por Trivers, em

1971, com um constructo que ele denominou “Teoria do altruísmo recíproco”, que

consiste em uma alternância de favores, em que ambos os indivíduos obtêm benefício:

um, de forma imediata, e para o que confere inicialmente o favor, há um custo

momentâneo que só será retribuído no futuro.

O altruísmo recíproco, enquanto estratégia comportamental, pode ter sido

importante nas interações sociais de antepassados. Segundo a Psicologia Evolucionista,

1 Aptidão ou fitness se referem à capacidade de um organismo transmitir seus genes às gerações

seguintes, de forma direta – através de seus próprios filhos – e de forma indireta – através de parentes (Hamilton 1964a; Hamilton 1964b).

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a mente humana evoluiu como um produto da seleção natural, a fim de solucionar

problemas específicos de nossos ancestrais. Tais problemas tinham relação com fatores

ambientais como: clima, temperatura, disponibilidade de alimentos, e principalmente

com outros indivíduos. A vida social dos nossos antepassados, caçadores-coletores, se

modificou em função do advento da agricultura, que forçou uma convivência em

grandes grupos, pressionando os indivíduos a desenvolverem novas estratégias para

lidar com o novo formato de convivência (Cosmides & Tooby, 1992; Oliva et al.,

2006).

Nessa nova estrutura de grupo, todos, de alguma forma, contribuíam para o bem

comum e recebiam algum tipo de retorno, mesmo que em longo prazo, sendo a não-

reciprocidade punida. A vigilância e a punição em relação às ações não cooperativas

foram possíveis em grupos pequenos, porém quanto mais as sociedades cresciam, mais

difícil se tornava a vigilância, favorecendo, assim, a proliferação daqueles que não

colaboravam - trapaceiros ou free-riders (Yamamoto et al., 2009). As pressões

ocasionadas pela convivência com trapaceiros foram responsáveis por selecionar alguns

mecanismos cognitivos na espécie humana como, por exemplo: detecção de trapaça,

memória para trapaceiros, teoria da mente e senso de justiça (Cosmides & Tooby,

1992).

As emoções morais também são mecanismos que auxiliam na manutenção do

comportamento cooperativo e punição dos trapaceiros. Segundo Haidt (2003), emoções

morais são emoções eliciadas na ocorrência de violação de alguma regra ou norma

moral. Podemos sentir raiva quando alguém colabora com menos dinheiro para a cota

do cafezinho, ou quando um amigo pede seu livro emprestado e não devolve. Ao passo

que podemos nos sentir totalmente agradecidos quando um colega nos oferece uma

carona, naquele dia em que estamos muito atrasados para chegar à faculdade. A raiva é

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um dispositivo necessário para o indivíduo punir o trapaceiro (Trivers, 1971) e a

gratidão garante a retribuição do favor (McCullough et al., 2001; Trivers, 1971). Por

esse motivo as emoções morais também são chamadas de “dispositivos de

compromisso” (Frank, 1988 citado por Haidt, 2003).

Comportamentos cooperativos foram, e ainda são tão importantes para

humanidade que evoluímos de modo a nos tornar indivíduos naturalmente pró-sociais2

(Nowak, 2006; Rand et al., 2012; Zaki & Mitchell, 2013) e avessos a injustiça, salvo

casos de transtorno mental como psicopatia (Mealey, 1995). Faz-se necessário ressaltar

aqui que somos cooperativos em benefício próprio, já que esse comportamento nos traz

vantagens. Podemos receber auxílio futuro de alguém que já ajudamos – reciprocidade

direta (Trivers, 1971), de alguém que presenciou nosso comportamento cooperativo –

reciprocidade indireta (Nowak & Sigmund, 2005) ou esse benefício pode ser imediato,

diretamente do bem-estar que essa atitude nos causa (Andreoni, 1990). Desse modo,

podemos dizer que, afinal, somos seres egoístas e estamos sempre em busca de

maximizar nossa aptidão. Para isso utilizamos uma série de estratégias que são

moldadas de acordo com o ambiente/situação em que os indivíduos se encontram.

A teoria dos jogos é uma metodologia utilizada para investigar essas estratégias

por meio de modelos matemáticos (Von Neumann & Morgenstern, 1940), sob uma

gama de condições cooperativas, de acordo com o que se pretende medir. O Jogo do

Ultimato (Guth et al., 1982), por exemplo, é um modelo que investiga o dilema entre

cooperar ou punir. Neste jogo dois indivíduos devem dividir um montante, mas somente

um deles decide como esse benefício deve ser dividido. O outro jogador tem o poder de

decidir se a oferta é justa, e caso não a aceite, ambos terminam o jogo com payoff igual

a zero.

2 Comportamento pró-social é definido, segundo Tomasello (2009), como todo ato que pretende

aumentar o bem-estar de outro indivíduo; isso inclui cooperar, dividir e ajudar.

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O Jogo do Ultimato tem sido utilizado para verificar se os indivíduos utilizam

estratégias racionais ou emocionais para basear suas decisões, principalmente quando as

ofertas são injustas. A estratégia racional sugere que os indivíduos deveriam aceitar

qualquer oferta diferente de zero, já que essa seria a única oportunidade de maximizar

seu benefício (Rubinstein, 1982). Entretanto, quanto mais injusta é a proposta, maior a

probabilidade de o indivíduo rejeitá-la. Propostas levemente injustas de 60:40 (60%

para o proponente e 40% para o receptor) são aceitas, mas as severamente injustas, de

90:10, são rapidamente rejeitadas, como evidenciado por Fergunson et al. (2014). Em

estudo realizado por Mussel et al. (2013), no qual os indivíduos deveriam dividir um

montante de 12 moedas, os resultados seguem o mesmo caminho: quanto mais injusta,

maior a probabilidade de a proposta ser rejeitada. Especificamente as taxas de aceitação

foram de 92% para 5:7 (5 para proponente e 7 para receptor); 93% 6:6; 50% 10:2; e

44% 11:1. Hewig et al. (2011) também encontraram taxa de rejeição de 50% para

propostas de 80:20, em testes da mesma natureza.

Essa decisão parece estar diretamente associada a quem faz a proposta, já que

quando o jogo é realizado com um robô, os indivíduos são mais propensos a aceitarem

ofertas injustas. Sanfey et al. (2003) mostraram que quando os sujeitos recebiam

proposta injusta de outro ser humano, havia uma ativação mais significativa na ínsula

anterior bilateral, no córtex pré-frontal dorsolateral, e no córtex cingulado anterior,

quando comparados a proposta feita por um robô. De acordo com os autores, esse

fenômeno levava à maior rejeição de propostas injustas feitas por seres humanos que

por máquinas, pois havia uma intencionalidade associada à divisão desigual. Dessa

forma, a proposta injusta era interpretada como uma forma direta de agressão ao

receptor, fazendo com que este eliciasse uma reposta de raiva, aumentando as chances

de retaliação. Pesquisas que investigam a ativação de áreas cerebrais indicam que

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indivíduos que rejeitam ofertas injustas podem estar utilizando estratégias mais

emocionais (Blount, 1995; Sanfey et al., 2003).

Indivíduos que sentem raiva quando confrontados com uma proposta injusta

rejeitam a oferta com mais frequência, pois interpretam que o proponente está tentando

lhe prejudicar (Bosman et al., 2001; Pillutla & Murnighan, 1996). Entretanto, quando é

dada a possibilidade dos receptores expressarem seu desgosto para com o proponente,

em relação à oferta desigual, as taxas de rejeição diminuem. Nesse contexto, aceitar

uma proposta injusta é interpretado como submissão e inferioridade em relação ao

proponente, e a possibilidade de expressar o desagrado é uma oportunidade de mostrar

que não são inferiores e não aceitam ser explorados (Xiao & Houser, 2005).

Rejeições a ofertas injustas podem estar associadas aos níveis hormonais, como

a testosterona (Burnham, 2007; Kouri et al., 1995). Para humanos e outras espécies,

altos níveis de testosterona estão relacionados à busca por dominância (Mazur & Booth,

1998). Uma oferta baixa, no Jogo do Ultimato, pode ser interpretada como um desafio

para indivíduos dominantes, pois a proposta pode indicar que o proponente o considera

como inferior. Aqueles com altos níveis de testosterona serão mais dispostos a

retaliação (rejeição), pois dominantes são menos propensos a recuar diante de um

desafio (Ellison, 2001).

Quando a situação é claramente injusta, a estratégia ótima é rejeitar, uma vez

que dessa maneira o indivíduo mostra ao proponente que não aceita desigualdade, e

aumenta as chances de uma divisão mais justa no futuro (Rand & Nowak, 2013). A fim

de manter a ordem, alguns indivíduos aceitam arcar com certo custo para punir aqueles

que não são justos, ação chamada de punição altruísta por Fehr e Gachter (2002). Fehr e

Fischbacher (2003) demonstraram que quando os indivíduos tinham a possibilidade de

punir os trapaceiros, por mais que isso lhe custasse um pouco do seu recurso, 84,3% dos

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sujeitos optavam por essa estratégia. Esse tipo de punição é uma forma de reforçar e

ensinar ao violador as normas de justiça, e garantir que ele seja mais cooperativo no

futuro.

Além disso, a punição de trapaceiros ativa o sistema de recompensa,

mecanismo cerebral responsável pela sensação de prazer, tal como demonstrado por

Singer et al. (2006). Em seu experimento, os participantes jogavam o Dilema do

Prisioneiro, em que recebiam 10 pontos (posteriormente trocados por dinheiro), que

podiam ser enviados a um segundo jogador, sendo a quantia enviada triplicada. O

segundo jogador (confederado), por sua vez, poderia escolher entre ficar com o

montante recebido ou retornar uma quantia ao primeiro jogador, a ser triplicada

também. Os sujeitos da pesquisa jogavam com dois confederados: um “justo” que lhe

repassava uma alta quantia de pontos e um “injusto” que repassava uma baixa

quantidade de pontos. Em uma segunda etapa do experimento, os confederados eram

submetidos a uma sessão de choques, sob a observação dos participantes do estudo. A

imagem por ressonância magnética (fMRI) mostrou ativação da ínsula anterior e córtex

cingulado anterior, quando era observado o choque no confederado justo, apontando

que os sujeitos sentiam empatia pela dor do outro. Entretanto, quando o choque era

aplicado no confederado injusto, havia ativação nas áreas de recompensa (estriado

ventral, núcleo accumbens e córtex órbito-frontal), indicando que os sujeitos sentiam

prazer ao ver o trapaceiro ser castigado (Singer et al. 2006).

Como podemos notar, vários são os mecanismos envolvidos na manutenção de

comportamentos cooperativos, e algumas dessas estratégias, como a punição, requerem

um custo momentâneo que será sanado no futuro, com o aumento da probabilidade da

cooperação do violador em um possível reencontro. Entretanto, devemos ressaltar que

esta é uma estratégia de longo prazo, em que o indivíduo deve esperar para ter acesso ao

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benefício. Outros indivíduos, porém, possuem maior tendência a utilizarem estratégias

de curto prazo, em que preferem um benefício imediato, mesmo que pouco

recompensador, a investir em algo melhor para o futuro (Del Giudice et al., 2014), ou

seja, eles tenderiam a aceitar uma oferta pequena (recompensa imediata) a ter um custo

para aumentar as chances de cooperação do parceiro no futuro. Essa estratégia de curto

prazo é conhecida na literatura como “desconto de futuro” (Daly & Wilson 2005).

Comportamentos cooperativos, mais especificamente divisões de recurso

igualitário e senso de justiça, também são observadas em primatas não humanos, em

condições experimentais, como por exemplo, em macacos prego (Cebus apella)

(Brosnan & de Waal, 2003). Em contrapartida, outro grupo de macacos, como babuínos

(Papio cynocephalus), dividem o recurso de acordo com a posição do indivíduo na

hierarquia social. A presa é capturada em grupo, mas na maioria das vezes acaba nas

mãos do indivíduo mais dominante (Hall & DeVore, 1965). A forte predominância de

hierarquia nesses grupos diminui as interações cooperativas e as tornam unilaterais, ou

seja, existem atos altruístas dos subordinados favorecendo os dominantes, mas muito

dificilmente dos dominantes favorecendo os subordinados.

Em chimpanzés, primatas mais próximos aos humanos na escala evolutiva, os

indivíduos mais dominantes também possuem alguns privilégios, como mais catação e

suporte em coalizões (Jaeggi & Van Schaik, 2011); porém, os dominantes dividem a

caça com os subordinados (Kawanaka, 1982), o que indica que essas interações são

baseadas em altruísmo recíproco (apesar do uso de “moedas” diferentes: catação em

troca de alimento, por exemplo). Em humanos parece existir um mecanismo similar. A

relação entre comportamento cooperativo e hierarquia social ficará mais clara no

próximo tópico, em que tratamos dessa questão com mais especificidade.

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20

Hierarquia social

A organização social dos primatas é, em geral, baseada em hierarquia de

dominância, na qual indivíduos que estão no topo (dominantes) possuem mais

privilégios que aqueles que estão abaixo (subordinados). Indivíduos de alta posição

social tendem a ter uma influência desproporcional nas decisões do grupo, possuindo

acesso preferencial aos recursos e parceiros sexuais (Berger et al., 1980), além de serem

alvos de mais catação e receberem apoio em coalizões (Jaeggi & Van Schaik, 2011).

Em consequência dessas vantagens, primatas dominantes têm maior aptidão que os

subordinados (Barkow, 1975; Majolo et al., 2012; Sapolsky, 2005). Para manter essas

regalias, os dominantes utilizam comportamentos agonistas como agressão e

intimidação (Sapolsky, 2005), enquanto que os de status mais baixo respondem com

comportamentos submissos, como evitar olhar nos olhos e abaixar a cabeça (Mignault

& Chaundhuri, 2003).

Alguns autores consideram que as sociedades humanas possuem organização

hierárquica similar a dos primatas não humanos (Barkow, 1975, 1989; Ellis, 1995),

embora discordem que estratégias agressivas e intimidadoras sejam eficazes para manter

ou elevar a posição social (Anderson & Kilduff, 2009a, 2009b; Barkow, 1975;

Ridgeway & Diekema, 1989). Segundo Henrich e Gil-White (2001) humanos utilizam

uma estratégia peculiar, característica da espécie, para ascender na hierarquia: o

prestígio. Os autores argumentam que nossos ancestrais sofreram pressões ambientais

que os tornaram capazes de aprender novas habilidades por meio de transmissão cultural

– a qual possuía uma vantagem adaptativa, já que livrava os aprendizes do custo

individual da aprendizagem. Dessa forma, passou a ser vantajoso associar-se àqueles

que pudessem ensinar habilidades importantes para o grupo em que viviam. Os

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indivíduos que possuíam altas habilidades em determinado domínio tinham,

consequentemente, sua aptidão aumentada e se tornavam modelo para os demais, que

copiavam o comportamento dos primeiros na tentativa de aumentar seu fitness também.

Entretanto, esses modelos passaram a ser muito disputados, limitando o acesso aos

mesmos e pressionando os indivíduos a desenvolverem estratégias para conseguirem

aproximação; tais estratégias se estendiam a concessão de variados tipos de favores e

deferência. A qualidade dos modelos pode ser identificada pela quantidade de

aprendizes que tentam ter acesso às suas informações culturais. Portanto, quanto mais

habilidades e competências, maior a quantidade de aprendizes e maior o prestígio.

Deve-se ressaltar que os modelos são alvos de deferência com mais frequência quando

possuem habilidades que são importantes para aquele grupo.

Pratto et al. (2006) consideram que todas as sociedades que possuem economia

estável se organizam em, basicamente, três sistemas hierárquicos (Estrutura trimorfa):

1) Sistema baseado em idade: em que adultos possuem influência e poder sob os mais

jovens; 2) Sistema baseado em gênero: homens têm maior poder político, social e

militar comparados às mulheres; 3) Sistema arbitrário: conjunto arbitrário de regras de

uma sociedade que consideram que alguns grupos devem ter mais direitos que outros;

podem ser baseadas em nacionalidade, raça, etnia, classe, descendência, estado, religião

ou clã. Apesar da estrutura trimorfa ser universal, ela pode ter algumas variações de

acordo com a cultura, e dentro de uma mesma sociedade em função do tempo. O

sistema hierárquico possibilita que alguns grupos sejam considerados superiores a

outros e se utilizem de discriminação, coerção e intimidação para manterem a sua

dominância. Essa cultura é mantida por organizações que possibilitam a desigualdade

entre alguns grupos; organizações que reforçam o poder de uns indivíduos sobre outros;

e os próprios sujeitos que se comportam com base em crenças que reforçam a

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superioridade de alguns grupos. Portanto, podemos considerar que as sociedades

humanas utilizam tanto prestígio (habilidades valorizadas pelo grupo) quanto

dominância (estratégias agressivas e hostis) para manterem ou ascenderem na hierarquia

social.

Na intenção de investigar qual das estratégias (dominância x prestígio) exercia

maior influência social - habilidade de modificar comportamentos, sentimentos e

pensamentos, Cheng et al. (2013) conduziram um estudo em que solicitavam à um

grupo de indivíduos que solucionassem uma atividade e posteriormente indicassem

quem “liderou a tarefa”, quem tinha “status mais alto”, e em quem “prestavam mais

atenção”. Os resultados mostraram que tanto aqueles indivíduos que inspiravam medo

(dominância) como aqueles que inspiravam admiração (prestígio), influenciaram nas

decisões do grupo, assim como foram alvos de maior atenção. Portanto, dominância e

prestígio são diferentes estratégias interpessoais utilizadas para alcançar patamares mais

altos na hierarquia social, sendo ambas eficazes. Crianças de 3 a 6 anos de idade já

mostram propensão ao tipo de estratégia preferida para promover influência social. Em

estudo de Hawley (2002), as crianças que utilizavam comportamentos coercitivos, como

atirar um brinquedo, insultar ou agredir fisicamente outra criança, eram mais propensas

a conseguir obter o brinquedo desejado, assim como aquelas que utilizavam

comportamentos pró-sociais, como fazer sugestões ou oferecer ajuda, em comparação às

crianças que não utilizavam nenhuma dessas estratégias.

Dado que reconhecer o status social dos pares é uma habilidade importante

para dinâmica grupal - detectar os modelos sociais e evitar encontros agonistas -

desenvolvemos, em termos evolutivos, mecanismos cerebrais especializados em

perceber pistas de dominância social. Um estudo que classificava a hierarquia dos

sujeitos através do seu desempenho em um jogo de videogame mostrou que indivíduos

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ativavam áreas específicas do cérebro quando se comparavam aos outros participantes.

Ao observar um jogador superior, as atividades cerebrais aumentavam no córtex

occipital/parietal, estriado ventral e córtex parahimpocampal, mas o mesmo não ocorria

ao observar um jogador inferior (Zink et al., 2008). Atividade acentuada no córtex

occipital/parahipocampal e no estriado ventral estão associadas ao aumento dos

processos atencionais (Bradley et al., 2003) e de saliência3 (Zink et al., 2006),

respectivamente.

Outros estudos também têm ressaltado o papel central da atenção nas relações

hierárquicas. Maner et al. (2008) verificaram que homens olham mais atentamente para

fotos de outros homens de terno (maior dominância) que para aqueles com vestimenta

casual (menor dominância). Em outra pesquisa, indivíduos que tinham sido

classificados como líderes por membros do seu grupo, recebiam mais atenção visual de

observadores que desconheciam os objetivos do estudo (Foulsham et al., 2010). O

mesmo mecanismo é visto em outro grupo de primatas: Van Lawick-Goodall (1967)

relatou como o chimpanzé Mike ascendeu na hierarquia social, apenas aprendendo a

fazer um barulho com latas de querosene vazias, aumentando a atenção dos outros

membros do grupo em relação a ele.

O mecanismo da atenção voltada para o dominante evoluiu dos primeiros

grupos de mamíferos, os quais tinham organização social baseada no modelo agonístico

(Chance, 1980, 1984, 1988 citado por Trower & Gilbert, 1989). Os grupos que

funcionavam dentro desse modelo tinham estrutura hierárquica bem estabelecida, em

que os dominantes detinham, claramente, o controle sob os recursos e parceiros sexuais

e utilizavam estratégias agressivas para manter o controle sob os subordinados.

Qualquer confronto com o dominante poderia resultar em perda do acesso aos recursos,

3 Devido às limitações dos nossos recursos cognitivos, não processamos todas as informações ao mesmo

tempo. Uma informação se torna saliente quando interrompemos algum processo cognitivo em andamento, em decorrência de uma informação mais importante, ou saliente, no ambiente.

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danos físicos ou até mesmo exclusão do grupo, o que afetaria de modo negativo a

aptidão do subordinado. Portanto, era importante o estado constante de alerta, para

detectar possíveis sinais de ameaça do dominante e rapidamente demonstrar sinais de

submissão, evitando o conflito (Chance, 1980, 1984 citado por Trower & Gilbert 1989).

Segundo Chance (1980, 1984 citado por Trower & Gilbert 1989) chimpanzés e

humanos funcionam em um sistema mais complexo do que o descrito acima, uma vez

que seu modo de organização social é baseado no “modelo hedônico”. Neste modelo, o

subordinado não precisa mostrar sinais de submissão para amenizar o clima agonístico,

mas o próprio dominante envia sinais indicando que o outro pode se aproximar, o que

gera muito mais interações cooperativas. Os indivíduos buscam

reconhecimento/apreciação e procuram formar alianças, em vez de interações hostis que

envolvam comportamentos dominantes ou submissos. É importante salientar que seres

humanos possuem capacidade de funcionar dentro dos dois modelos, e cada um deles é

acionado de acordo com o contexto. Entretanto, existe um tipo específico de indivíduos

que possuem dificuldade em funcionar no modelo hedônico, e acionam com mais

frequência o modelo agonístico, fazendo com que todas as interações sejam

interpretadas de modo ameaçador e competitivo. Essa falha em acionar o modelo

hedônico está presente em indivíduos que possuem Transtorno de Ansiedade Social

(TAS) (Trower & Gilbert, 1989).

Ansiedade social

A persistência de transtornos psicopatológicos gera dúvidas quando a

veracidade do conceito de seleção natural, pois como características desvantajosas

poderiam ter ajudado os indivíduos a sobreviverem e se reproduzirem? A

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Psicopatologia Evolucionista considera que alguns sintomas de transtornos mentais

foram adaptativos no ambiente ancestral e hoje se encontram descompassados com o

ambiente moderno (Luz & Bussab, 2009). As fobias de aranhas e cobras podem ter

concedido benefícios em um ambiente em que nossos antepassados viviam tão

próximos a esses animais (Marks & Nesse, 1994), mas atualmente já não são tão úteis,

uma vez que a urbanização afastou esse perigo das cidades. Apesar de termos

desenvolvido mecanismos para lidar com problemas relativos ao contexto ancestral,

alguns deles ainda se provam necessários ao ambiente atual, como é o caso das

emoções.

Erroneamente, as emoções são classificadas como positivas ou negativas com

base em sua agradabilidade; portanto, tristeza e raiva são emoções comumente vistas

como altamente indesejáveis. Mas se analisarmos mais detalhadamente, em um contexto

de rivalidade/luta, a raiva tem a função de desencadear reações fisiológicas que nos

auxiliam na defesa da própria vida (Frijda, 1986). Partindo desse mesmo raciocínio, a

tristeza, por mais desagradável que seja, tem a função de fazer com que os indivíduos

recebam atenção em um período de dificuldade (Smith & Lazarus, 1993). Por outro

lado, emoções que são desejáveis podem se tornar vilãs se empregadas no momento

errado ou intensidade desproporcional, como no caso da mania, que é causada por um

estado exacerbado de alegria (Gruber et al., 2011).

Ao desencadear cada uma dessas emoções em um contexto inadequado e/ou

com intensidade desproporcional, podemos dizer que estamos lidando com uma

disfunção emocional ou psicopatologia. Segundo Wakefield et al. (2005), um transtorno

mental é uma falha em um mecanismo que evoluiu com a função de solucionar

problemas específicos, causando prejuízo na vida do indivíduo. É interessante ressaltar

que a maior parte das características humanas segue a regra da distribuição normal

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(Ravenscroft, 2011): a maioria dos indivíduos está localizada próximo à média, e alguns

poucos nos dois extremos. Aqueles localizados próximo à média são considerados

normais, enquanto que os extremos são considerados portadores de desordens mentais.

Um mecanismo frequente na vida das pessoas é a ansiedade, compreendida

como uma resposta emocional natural e de extrema importância para proteger os

organismos de perigos físicos e sociais. Como a maioria das características, essa

emoção foi selecionada por conferir benefícios aos animais, os quais podiam evitar

ameaças sem entrar em contato direto com os perigos. Portanto, a ansiedade é uma

“avaliação de risco” e sob o ponto de vista evolutivo é perfeitamente normal e

adaptativa. Entretanto, quando vivenciada de forma intensa, deixa de ter valor

adaptativo e passa a ser disfuncional (Becerra-García et al., 2007).

Como ocorre com todas as emoções, o excesso na intensidade e frequência,

assim como a inadequação da resposta ao contexto (por exemplo, sentir alegria em uma

situação triste; ou sentir ansiedade quando não existe ameaça real) são consideradas

respostas disfuncionais, e trazem prejuízo e sofrimento para a vida do indivíduo. Essas

respostas disfuncionais de ansiedade são conhecidas como transtornos de ansiedade, e

aqui trataremos mais especificamente do Transtorno de Ansiedade Social (Castillo et

al., 2000; Gruber et al., 2011).

O Transtorno de Ansiedade Social, ou fobia social, é caracterizado por

preocupações excessivas com relação a possíveis avaliações negativas ou escrutínio por

parte dos outros, em situações de interação social ou que envolvam desempenho

(Bieling et al., 2008). Os sintomas envolvidos na fobia social são frio no estômago,

boca seca, mãos suadas, palpitações, atenção aumentada, tensão muscular e

incapacidade de raciocinar, o que gera desconforto (Becerra-García et al., 2007) e faz

com que o indivíduo evite ou fuja de situações como reuniões, festas, conversas, comer,

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beber, escrever e falar em público (Bieling et al., 2008). O TAS pode ser dividido em

dois subtipos, ansiedade social generalizada – abarca situações sociais e de desempenho

(APA, 2013); e ansiedade social circunscrita – envolvendo temor a um número menor

de situações, geralmente mais relacionadas a desempenho, como falar em público (Cox

et al., 2009).

Rapee e Heimberg (1997) criaram um modelo baseado em representação

mental para explicar como a ansiedade social funciona a nível cognitivo. Quando o

indivíduo está em uma situação social, por exemplo, ele cria uma representação mental

de como o outro está avaliando seu comportamento e aparência externa. A

representação mental é uma integração de memória de longo-prazo, sintomas físicos e

pistas externas (feedback do público), mais especificamente pistas interpretadas como

ameaça. Durante a situação o indivíduo foca a atenção na própria imagem e nas

(potenciais) ameaças externas (indícios de avaliação negativa), as quais influenciam a

representação mental, e formula um conjunto de comportamentos padrão que ele acha

que o público espera que ele desempenhe naquela situação.

A discrepância entre o padrão e a representação é grande, uma vez que o

padrão criado pelo ansioso é sempre mais alto que o normal e ele não se acha capaz de

alcançá-lo, pois a representação criada em sua mente indica sempre uma avaliação

negativa por parte do público. Quanto maior a discrepância, maior é a ansiedade gerada

em determinada situação. De acordo com o modelo autorregulatório da cognição social

(Carver & Scheier, 1986 citado por Mahone et al., 1993) quanto mais atributos positivos

o interlocutor tiver, sob a perspectiva do ansioso, maior a ansiedade gerada, uma vez

que este conclui que a sua performance não é tão boa quanto a do outro.

O déficit em habilidade social é uma das características de pessoas com

ansiedade social, porém pesquisas mostraram que essa incompetência se deve ao fato do

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ansioso focar sua atenção nos próprios sintomas em vez de na interação (Clark &

Arkowitz, 1975), ou até mesmo uma autoavaliação negativa por parte do mesmo

levando-o a pensar que não consegue se comportar de maneira apropriada à situação

(Beidel et al., 2010). O modelo de Rapee e Heimberg (1997) também postula que o

prejuízo na habilidade não se deve ao fato de um real décifit, mas é um resultado da

própria ansiedade. Isso leva a crer que se a situação não gerar tamanha ansiedade, as

habilidades sociais se manteriam a ponto do indivíduo ter um bom desempenho social.

A percepção do outro como muito atrativo, competente ou acima do seu status

social aumenta as preocupações sobre ameaça, e consequentemente aumenta a

ansiedade. Nessa direção, um estudo mostrou que quando homens, durante uma

conversa com confederadas, consideravam a parceira como possuidora de muitos

atributos positivos, eles se comparavam negativamente com esse padrão e isso

aumentava a ansiedade nessa situação (Mahone et al. 1993). Pesquisas têm mostrado

que a ansiedade está negativamente relacionada à assertividade (Anderson, 1997;

Bandeira et al., 2005; Creed & Funder,1998; Orenstein et al., 1975; Pachman & Foy,

1978), habilidade social que envolve a afirmação e expressão dos próprios direitos,

sentimentos e pensamentos de forma direta, honesta e apropriada, sem violar o direito

dos pares (Lange & Jakubowski, 1978).

Pessoas que possuem poder, atratividade, inteligência e status podem afetar a

representação mental do ansioso (Schlenker & Leary, 1982) fazendo com que ele se

sinta menos capaz de interagir ou competir com aquele indivíduo, uma vez que

subestimam sua capacidade e superestimam a capacidade dos outros (Bandura, 1969;

Clark & Arkowitz, 1975). Nesse contexto, fóbicos sociais ativam o modelo agonístico e

são mais propensos a se comportarem de forma submissa, podendo ser facilmente

influenciados por aquele indivíduo que ele percebe como sendo “melhor” que ele. Um

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estudo feito por Hu et al. (2014) mostrou que quando o indivíduo se percebe como

sendo de nível hierárquico mais baixo, a probabilidade dele aceitar uma oferta injusta no

Jogo do Ultimato aumenta. Partindo da pesquisa feita por Weisman et al. (2011), em

que demonstram que indivíduos com ansiedade social se percebem como inferiores,

submissos e de status social mais baixo que os outros, supomos, portanto, que em

situação do jogo do Ultimato, indivíduos com fobia social serão mais propensos a

aceitarem propostas injustas de confederados de alto prestígio, pois essa interação

aumenta sua ansiedade e diminui suas habilidades assertivas. Por outro lado, interações

com indivíduos avaliados menos competentes, ou de baixo prestígio, podem fazer com

que o ansioso se perceba como capaz de competir, o que diminui a ansiedade, causando

menos prejuízo na assertividade e, consequentemente, facilitando a expressão de suas

vontades (Figura 1).

Outra característica bastante marcante em pessoas com ansiedade social é o

forte desejo de transmitir uma imagem positiva e passar boa impressão ao interlocutor.

Isso ocorre porque o ansioso pensa que está sempre sendo avaliado negativamente,

então, busca diminuir a discrepância entre o padrão e a representação mental, tentando

passar uma imagem positiva aos pares (Schlenker & Leary, 1982). A avaliação de

terceiros é um dos aspectos centrais da fobia social, fazendo com que os indivíduos

adotem um padrão comportamental extremamente alto para os padrões normais (Clark

& Wells, 1995). Em uma situação de divisão de recursos, essa característica poderia

levar o ansioso a ser mais generoso em relação às outras pessoas devido a essa busca

por aprovação.

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Figura 1- Diagrama de previsão de reação durante interação em função da hierarquia

Interação com confederado de alto status social

“Adversário”

de alto status

social

Grande

discrepância

entre padrão e

representação Alta ansiedade

Percebe-se

como incapaz

de competir

pelo recurso

Ativação do

esquema de

apaziguamento

e submissão.

Aceita divisão

injusta

1

2

3

4 5

6

“Adversário”

de baixo status

social

Pequena

discrepância

entre padrão e

representação Baixa

ansiedade

Percebe-se

como capaz de

competir pelo

recurso

Ativação do

esquema de

competição.

Não aceita

divisão injusta

1

2

3

4 5

6

Interação com confederado de baixo status social

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OBJETIVOS

Objetivo geral

O objetivo deste estudo foi investigar o comportamento cooperativo de pessoas

que pontuaram acima do corte no Inventário de Fobia Social, em situações de Jogo do

Ultimato.

Objetivos específicos

Investigar se as decisões de cooperação estão relacionadas à assertividade

e altivez;

Investigar se as decisões de cooperação estão relacionadas à hierarquia

social do parceiro (confederado) no Jogo do Ultimato;

Investigar se pessoas que pontuaram acima do corte no Inventário de

Fobia Social são mais generosas que pessoas que ficaram abaixo do ponto de corte.

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HIPÓTESES E PREDIÇÕES

HIPÓTESE 1: Há relação entre os resultados no SPIN, assertividade, altivez e

ansiedade situacional.

PREDIÇÃO 1.1: Indivíduos que tiveram alta pontuação no SPIN apresentarão

baixa pontuação em assertividade.

PREDIÇÃO 1.2: Indivíduos que tiveram alta pontuação no SPIN apresentarão

baixa pontuação em altivez.

PREDIÇÃO 1.3: Indivíduos que tiveram alta pontuação no SPIN apresentarão

altos níveis de ansiedade situacional.

HIPÓTESE 2: Há relação entre ansiedade situacional e nível hierárquico do

confederado, para indivíduos do grupo com ansiedade social (GAs).

PREDIÇÃO 2.1: A ansiedade situacional será mais alta em interação com

confederados de nível hierárquico alto, quando comparada a ansiedade situacional em

interação com confederados de nível hierárquico baixo e a ansiedade situacional inicial.

HIPÓTESE 3: A resposta no Jogo do Ultimato é influenciada pelo status social do

confederado.

PREDIÇÃO 3.1: Indivíduos do GAs irão aceitar mais propostas injustas de

confederados de alto status social que de confederados de baixo status social.

PREDIÇÃO 3.2: Indivíduos do GSAs (Grupo sem ansiedade social) não

apresentarão diferenças nas respostas ao jogo em função do status do confederado.

HIPÓTESE 4: Há diferença entre os grupos na resposta ao Jogo do Ultimato.

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PREDIÇÃO 4.1: Indivíduos do GAs irão aceitar mais propostas injustas que

indivíduos do GSAs, para ambos os níveis de status social.

HIPÓTESE 5: A resposta no jogo do Ultimato é influenciada pela assertividade e

altivez.

PREDIÇÃO 5.1: Quanto mais baixa a pontuação em assertividade e altivez

maior a probabilidade de aceitar a proposta injusta para ambos níveis de status social.

HIPÓTESE 6: Há diferença no comportamento cooperativo entre os grupos.

PREDIÇÃO 6.1: Indivíduos do GAs serão mais generosos na divisão do

recurso, quando comparados aos indivíduos do GSAs.

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MÉTODO

Aspectos éticos

O projeto foi submetido a apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte e, tendo atendido aos requerimentos

necessário para sua execução, foi aprovado sob protocolo nº 36086014.0.0000.5537

(Anexo 9).

Participantes

A amostra foi composta por 95 estudantes (8 indivíduos que relataram não

gostar de chocolates foram retirados de uma amostra inicial de 103 participantes) da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sendo 61,1% (58) mulheres e

38,9% (37) homens. Os sujeitos foram divididos em dois grupos conforme pontuação

no SPIN: aqueles que pontuaram abaixo do corte (19) compuseram o grupo sem

ansiedade social (GSAs) – 43 indivíduos, sendo 39,5% (17) homens e 60,5% (26)

mulheres, com média de idade de 20,2 anos. Os indivíduos que pontuaram acima do

ponto de corte compuseram o grupo com ansiedade social (GAs) – 51 indivíduos, sendo

39,2% (20) homens e 60,8% (31) mulheres, com média de idade de 20,7 anos. Todos os

indivíduos concordaram em participar voluntariamente da pesquisa, mediante termo de

consentimento livre e esclarecido. É importante ressaltar que os indivíduos que

compõem o grupo com ansiedade social não foram submetidos à entrevista clínica,

assim, não receberam diagnóstico de Transtorno de Ansiedade Social. O SPIN aponta

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somente uma tendência à ansiedade social, o que indica que quanto maior a pontuação,

maior a propensão ao diagnóstico para o transtorno citado. Entretanto, para fins

didáticos os indivíduos que pontuaram acima do ponto de corte no SPIN serão referidos,

neste estudo, como ansiosos/ansiosos sociais; fóbicos/fóbicos sociais.

Instrumentos

Termo de consentimento livre e esclarecido: documento que esclarece os

objetivos da pesquisa, possíveis riscos, questões de confidencialidade e ressarcimento, e

solicita autorização dos participantes para utilização de suas informações na pesquisa

(Anexo 1).

Inventário de Fobia Social (SPIN): questionário composto de 17 itens, os quais

avaliam questões referentes a três fatores: medo, esquiva e sintomas fisiológicos. O

inventário avalia tanto situações de desempenho como de interação social com

afirmações referentes ao quanto esses sintomas incomodaram o indivíduo na última

semana. As respostas são marcadas em escala Likert de 0 a 4 (0 - nada; 1- um pouco; 2-

moderado; 3- bastante; 4-extremamente), e a pontuação total varia de 0 a 68 (a

pontuação final é dada pela soma dos itens). Este instrumento foi desenvolvido por

Connor et al. (2000) e adaptado e validado por Vilete et al. (2006). Nesta pesquisa

utilizamos como ponto de corte 19, como sugerido pelo autor. O instrumento possui boa

consistência interna (alfa de Cronbach = 0,88) e boa confiabilidade da pontuação total

do instrumento (CCIC = 0,78) (Vilete et al., 2004) (Anexo 2).

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Escala Fatorial de Extroversão (EFEx): a extroversão compõe um dos cinco

fatores de personalidade, conhecido na literatura como “Big Five” ou modelo dos

“Cinco Grandes Fatores” (CGF). É uma escala composta de 57 itens, os quais

descrevem atitudes relacionadas a traços de personalidade que compõem a extroversão.

Os sujeitos devem responder em uma escala Likert de 1 a 7, em que 1 representa “essa

sentença não me descreve absolutamente nada” e 7 “essa sentença me descreve muito

bem”. A EFEx avalia quatro subfatores da extroversão, são eles: Nível de Comunicação,

itens que descrevem comunicação e expansividade; Altivez, itens sobre percepção de

capacidade e valor; Assertividade, itens referentes a capacidade assertiva, liderança,

nível de atividade e motivação; e Interações Sociais, que descrevem contatos com outras

pessoas em diversos contextos (Nunes, 2007). Para este estudo só serão utilizadas as

subescalas de altivez (composta de 14 itens) e assertividade (composta de 10 itens). Os

fatores demonstram boa consistência interna, com alfa de Cronbach de 0,78 para altivez

e 0,78 para assertividade. A escala geral apresentou uma consistência interna de 0,91

(Nunes & Hutz, 2006) (Anexo 3).

Escala de nível de ansiedade situacional (criada ad hoc): pergunta ao sujeito

qual o nível de ansiedade percebido em uma escala de diferencial semântico, que varia

de 0 a 10 – “Se você pudesse medir sua ansiedade em uma escala de 0 a 10, em que

nível ela estaria neste exato momento?”. Os indivíduos respondiam a esta escala em

cinco momentos subsequentes. A primeira antes de começar o experimento, e as outras

quatro após o primeiro contato com cada um dos quatro confederados. Somente a

primeira escala - respondida antes de começar o experimento - e as escalas referentes à

interação com os confederados que representavam alto e baixo nível hierárquico

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entraram na análise de dados. As outras duas escalas foram mantidas para que os

participantes não percebessem o objetivo desse instrumento (Anexo 4).

Questionário sociodemográfico ABEP 2015 (Associação Brasileira de

Empresas de Pesquisa): medida socioeconômica desenvolvida por Kamakura e Mazzon

(2013) que identifica estratos socioeconômicos por meio da posse de itens, condições de

moradia e nível de educação (Anexo 5).

Ficha de status social (criada ad hoc): ficha que elencava informações sobre

idade, escolaridade, habilidades e quantidade de amigos na rede social mais utilizada

atualmente – Facebook. Este instrumento serviu como estímulo para que os sujeitos da

pesquisa percebessem seus adversários de acordo com o nível hierárquico. Três

elementos principais destacavam o status do confederado: habilidades, nível de

escolaridade e quantidade de amigos no Facebook (remete a popularidade do modelo).

Dois modelos de ficha foram confeccionados, uma para o confederado de alto status e

outra para o de baixo status, cada modelo tendo a versão feminina e masculina, idênticas

nas habilidades e demais informações, com exceção do nome do participante. A ficha

do confederado de alto status continha habilidades desejáveis no ambiente acadêmico; a

escolaridade estava a um nível acima da graduação – mestrado; e grande quantidade de

amigos. A ficha do confederado de baixo status continha somente uma habilidade; a

escolaridade estava a um nível abaixo da graduação – cursinho pré-vestibular; e pouca

quantidade de amigos. As habilidades contidas nas fichas dos confederados foram

selecionadas pela pesquisadora deste estudo, e posteriormente analisadas por um grupo

de pesquisadores do mestrado e doutorado, os quais concordaram com o conteúdo. Esta

ficha foi idealizada com base no artigo de Henrich e Gil-White (2001) que defende o

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prestígio como meio de atingir postos superiores na hierarquia social. Além disso, cada

participante foi solicitado a elaborar sua própria ficha de status social, com os dados

reais (Anexo 6).

Verificação de percepção do status/verificação chocolate: ao final do

experimento o participante respondia se gostava de chocolate, e qual a sua percepção de

status para os participantes com ficha, através do seguinte questionamento: “Você foi

apresentado a dois participantes com ficha. Se pudesse fazer uma classificação de nível

hierárquico, você diria que: 1) O primeiro participante está acima de mim; 2) O

primeiro participante está abaixo de mim; 3) Nós estamos em posições iguais. Com

relação ao terceiro participante: 1) O terceiro participante está acima de mim; 2) O

terceiro participante está abaixo de mim; 3) Nós estamos em posições iguais” (Anexo

7).

Jogo do Ultimato: o jogo é realizado com dois indivíduos, e tem como objetivo

avaliar como os participantes se comportam em dois papéis distintos: fazer a proposta

(P) e decidir sobre a proposta (D). O jogador P recebe um montante de bens (neste

estudo usamos 10 wafers de chocolate) e é orientado a dividir essa quantia com o outro

participante. Se D achar a proposta justa, aceita, caso contrário (recusar proposta) os

dois saem com quantia zero (Guth Schmittberger & Schwarze, 1982). No presente

estudo foram realizadas quatro rodadas do jogo, sendo duas propostas injustas, uma

proposta justa, e a última rodada em que o sujeito da pesquisa fazia a oferta.

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Procedimentos

Os indivíduos foram abordados nos corredores e praça de alimentação do

Centro de Biociências (CB - UFRN) e convidados a participar da pesquisa de forma

voluntária. Aqueles que aceitaram o convite responderam, após ler e assinar o termo de

consentimento livre e esclarecido, o SPIN e a EFEx com duração de aproximadamente

15 minutos. Após essa etapa, foram conduzidos ao Laboratório de Evolução do

Comportamento Humano (LECH - CB), onde responderam o questionário

sociodemográfico, a ficha de status social e a primeira escala de ansiedade, antes de

iniciarem o experimento (duração de aproximadamente 10 minutos). O participante

sentava-se à um lado da mesa, mantendo com ele os últimos instrumentos respondidos e

era avisado que algumas pessoas entrariam na sala para participar do jogo. O primeiro

confederado entrava e sentava-se do outro lado da mesa. O experimentador pedia que os

participantes trocassem a ficha de status (ao participante foi dito que era uma ficha de

apresentação) para se conhecerem e era dado um tempo para que lessem as informações

um do outro. Os participantes destrocavam as fichas e respondiam, a pedido do

pesquisador, a segunda escala de ansiedade (no total eram 5 escalas intercaladas a cada

vez que um novo confederado entrava na sala). As regras do Jogo do Ultimato eram

explicadas e o confederado fazia a proposta injusta: mantinha 8 wafers para si e oferecia

2 ao sujeito. Após a decisão do recipiente, de aceitar ou não a proposta, era pedido para

que o primeiro adversário se retirasse e outro confederado entrava na sala. O Jogo do

Ultimato se repetia quatro vezes para cada participante, como descrito abaixo:

1ª: Um confederado de alto status social joga como “P” e faz uma proposta

injusta ao participante (D), oferecendo 2 de 10 wafers (8 para P e 2 para D).

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2ª: Um confederado, sem pistas de status social, joga como “P” e faz uma

proposta justa ao participante (D), oferecendo 5 de 10 wafers (5 para P e 5 para D).

3ª: Um confederado de baixo status social joga como “P” e faz uma proposta

injusta ao participante (D), oferecendo 2 de 10 wafers (8 para P e 2 para D).

4ª: O participante da pesquisa joga como “P” e decide como dividir os wafers

com um confederado, sem pistas de status social.

A cada rodada era solicitado que o sujeito respondesse à escala de ansiedade,

antes do experimentador perguntar como o proponente gostaria de dividir o benefício.

Como descrito acima, somente os confederados de alto e baixo status tinham fichas

(padronizadas), e alternavam na ordem do jogo: para metade dos sujeitos o indivíduo de

alto status foi o primeiro jogador, para outra metade foi o terceiro. Ao final do

experimento, os participantes respondiam à verificação de status. Os indivíduos

jogavam com confederados do mesmo sexo, totalizando 8 confederados (4 mulheres e 4

homens). O experimento feminino foi conduzido com as mesmas confederadas do início

ao fim das coletas de dados, porém, o experimento masculino utilizou 2 homens

diferentes para o papel de indivíduo de alto status, um deles tendo participado somente

da primeira coleta, enquanto que o segundo se manteve até o final. Para a segunda

rodada, em que o confederado fazia uma proposta justa, três homens diferentes foram

utilizados durante a coleta. Nas demais rodadas os mesmos confederados se mantiveram

do início ao fim.

Devemos salientar também que o estudo teve efeito duplo cego quanto à

avaliação de ansiedade social do participante. O pesquisador e os confederados não

tinham informação sobre a pontuação dos indivíduos no Inventário de Fobia Social,

portanto, não sabiam se o indivíduo pertencia ao GAs ou GSAs.

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Análise de dados

Para verificar se os resultados do SPIN estavam associados à assertividade,

altivez e ansiedade situacional em relação ao nível hierárquico alto (NHA) e nível

hierárquico baixo (NHB), realizamos correlações de Spearman, uma vez que os testes

de normalidade mostraram que essas variáveis não apresentaram distribuições normais.

Os testes de correlação foram rodados para amostra única, ou seja, sem dividir os

indivíduos por grupo. Utilizamos significância unilateral para esses testes, pois as

predições indicavam a direção da correlação.

O teste de Friedman, não-paramétrico para amostras pareadas, foi utilizado

para verificar se havia diferença no nível de ansiedade dos indivíduos do grupo GAs,

em três momentos: antes do jogo começar, no jogo com NHA e no jogo com NHB. O

objetivo era saber se havia diferença na ansiedade para alto status e baixo status, tendo a

primeira medida de ansiedade como parâmetro para verificar o nível de ansiedade antes

da interação com qualquer sujeito.

Com o intuito de verificar se o status do confederado influenciou sua resposta

no Jogo do Ultimato, realizamos o teste de McNemar para variáveis categóricas.

Comparamos se os indivíduos do GAs aceitaram mais propostas injustas de NHA que

de NHB. O mesmo foi feito com o grupo GSAs. Para analisar se indivíduos do GAs

aceitavam mais propostas injustas que GSAs, no geral, o teste de Qui-quadrado foi

realizado.

A verificação de status mostrou que uma quantidade considerável de

indivíduos não classificou o confederado de NHA como “acima de mim” e o de NHB

como “abaixo de mim”, portanto, achamos necessário verificar se a percepção de status

interferia na resposta do jogo, por meio do teste de Qui-quadrado.

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Para verificar se a resposta ao Jogo do Ultimato teve associação com

assertividade e altivez, realizamos o teste de Correlação Ponto Bisserial, utilizado para

relacionar variáveis nominais com variáveis contínuas. Essa análise foi executada sem

dividir a amostra em grupos. Utilizamos nível de significância unilateral devido a

direção indicada pela predição.

Por fim, para averiguarmos se indivíduos do GAs doavam maior quantidade de

bens que indivíduos do GSAs, foi realizado o teste U de Mann-Whitney para amostras

com distribuição não-normal.

Todos os testes foram realizados com nível de significância de 0,05.

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RESULTADOS

1. Caracterização da amostra

Dos 95 sujeitos que participaram da pesquisa, 10,5% (10) pertenciam à classe

A; 12,6% (12) à classe B1; 25,3% (24) à classe B2; 23,2% (22) à classe C1; 20% (19) à

classe C2; e 4,2% (4) à classe DE. Com relação ao resultado do SPIN, a pontuação

média foi de 21,49 (desvio padrão 11,86) e mediana 20, sendo 2 a menor pontuação e

63 a máxima.

No que diz respeito à percepção de hierarquia social, ver resultados na tabela

abaixo (Tabela 1).

Tabela 1. Percepção de hierarquia social por grupo

Grupos a partir do resultado do SPIN

GSAs GAs

Nível hierárquico

alto

Acima de mim

46,5% (20)

64,7% (33)

Abaixo de mim

2,3% (1)

2% (1)

Somos iguais

51,2% (22)

33,3% (17)

Nível hierárquico

baixo

Acima de mim

4,7% (2)

5,9% (3)

Abaixo de mim

44,2% (19)

49% (25)

Somos iguais

51,2% (22)

45,1% (23)

Com relação à proposta justa (partição de 5:5), 96,8% (92) dos indivíduos

aceitaram e 2,1% (2) recusaram a proposta, sendo um sujeito do GSAs e o outro do

GAs.

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2. Relação entre SPIN, assertividade, altivez e ansiedade situacional

O teste de correlação de Spearman mostrou que os resultados do SPIN se

correlacionam negativamente com a assertividade (ρ = - 0,51; p = 0,001 unilateral)

(Figura 2). Além disso, a partir do cálculo do coeficiente de determinação, foi

constatado que a ansiedade social explica 28% da variação da assertividade (R² = 0,28).

O teste de correlação de Spearman também mostrou que os resultados do SPIN

se correlacionam negativamente com a altivez (ρ = - 0,23; p = 0,01 unilateral) (Figura

3), com coeficiente de determinação de R² = 0,05, indicando que a ansiedade social

explica somente 5% da variação da altivez.

Figura 2- Correlação entre a pontuação apresentada no SPIN e a assertividade

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Figura 3 – Correlação entre a pontuação apresentada no SPIN e a altivez

A correlação entre ansiedade situacional para NHA e SPIN foi positiva (ρ =

0,40; p = 0,001 unilateral), o que indica que quanto maior a pontuação no SPIN maior

ansiedade no jogo com NHA (Figura 4). Com relação a ansiedade para NHB e SPIN,

também encontramos uma correlação positiva (ρ = 0,37; p = 0,001), indicando a mesma

direção que o resultado anterior (Figura 5).

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Figura 4 – Correlação entre a pontuação apresentada no SPIN e ansiedade situacional

para NHA

Figura 5 – Correlação entre a pontuação apresentada no SPIN e ansiedade situacional

para NHB

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3. Relação entre ansiedade situacional e nível hierárquico

Essa análise foi realizada somente para os indivíduos do GAs, para os quais

havíamos previsto efeito. A mediana para primeira escala de ansiedade foi 6. A mediana

de ansiedade situacional para NHA foi 4. A ansiedade situacional para NHB teve

mediana 5 (Figura 6). Para verificar se havia diferença significativa na ansiedade

situacional em função do status social, foi realizado o teste de Friedman, não-

paramétrico para amostras dependentes. Os resultados mostraram que não existe

diferença significativa entre os níveis de ansiedade (χ²(2)= 3,32; p = 0,18).

Figura 6 – Mediana de ansiedade situacional para condição inicial, NHA e NHB

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Ansiedade situacional

Ansiedade inicial

Ansiedade para NHA

Ansiedade para NHB

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4. Resposta no Jogo do Ultimato

No que concerne às respostas no Jogo do Ultimato, ver resultados na tabela

abaixo (Tabela 2).

Tabela 2. Resposta ao Jogo do Ultimato

Para verificar se havia diferença significativa dentre grupo nas respostas ao

Jogo do Ultimato em função do status social, foi realizado o teste não-paramétrico para

amostras pareadas de McNemar. Os resultados do teste mostraram que não houve

diferença significativa entre as respostas de NHB e NHA para GAs (p = 0,39) e nem

para GSAs (p = 0,27) (o teste de McNemar não fornece valor específico, somente a

significância).

A fim de verificar se houve diferença entre os grupos na resposta ao Jogo do

Ultimato, foi realizado o Teste do Qui-quadrado (χ²). Os resultados do teste apontaram

que não havia diferença significativa (χ²(1) = 0,004; p = 0,94) entre os grupos, na

resposta ao NHB, o que mostra que as respostas no jogo não estão associadas ao grupo,

em outras palavras, a ansiedade social não teve efeito na resposta ao Jogo do Ultimato

com confederados de baixo status. Para NHA, o teste de Qui-quadrado também não foi

Grupos a partir do resultado do SPIN

GSAs

GAs

Nível Hierárquico Alto Sim 48,8% (21) 45,1% (23)

Não 51,2% (22) 54,9% (28)

Nível Hierárquico Baixo

Sim

41,9% (18)

41,2 % (21)

Não 58,1% (25) 58,8% (30)

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significativo (χ²(1)= 0,13; p = 0,71), o que indica que a ansiedade social não teve efeito

sobre a resposta no Jogo do Ultimato com indivíduos de nível hierárquico alto.

A verificação de status apontou que 51,2% dos indivíduos do GSAs

perceberam o confederado de NHA como “igual” em nível hierárquico, o mesmo

ocorreu para NHB, com 51,2% do GSAs e 45,1% do GAs classificando os confederados

de baixo status em “somos iguais”. Devido aproximadamente metade da amostra não ter

percebido o estímulo de status como esperávamos, achamos necessário realizar o teste

de Qui-quadrado para verificar se a percepção de status influenciou as respostas no Jogo

do Ultimato. Limitações no teste de Qui-quadrado não permitem realizar a análise, com

eficácia, quando uma célula possui menos de 5 sujeitos. Portanto, 2 indivíduos que

haviam classificado NHA em “abaixo de mim” (1 do GSAs e 1 do GAS) e 5 que

classificaram NHB em “acima de mim” (2 do GSAs e 3 do GAs) foram excluídos da

amostra, somente para esta análise.

Os resultados apontaram que dos 16 indivíduos do GSAs que aceitaram

proposta injusta com confederado do NHB, 56,2% (9) o classificaram como “somos

iguais” e 43,8% (7) o classificaram como “abaixo de mim”. Com relação aos 24

indivíduos que rejeitaram a proposta injusta do confederado de NHB, 50% (12) o

classificaram como “somos iguais” e 50% (12) o classificaram como “abaixo de mim”.

O teste de Qui-quadrado não foi significativo (χ²(2) = 0,15); p = 0,75), indicando que não

existe influência de percepção de status nas respostas do Jogo do Ultimato para GSAs

com NHB.

Para o GAs, dos 19 sujeitos que aceitaram a proposta injusta do confederado de

NHB, 52,6% (10) o classificaram como “somos iguais” e 47,4% (9) o classificaram

como “abaixo de mim”. Para os 28 indivíduos que rejeitaram a proposta do confederado

de NHB, 46,4% (13) o classificaram como “somos iguais” e 53,6% (15) o classificaram

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como “abaixo de mim”. O teste de Qui-quadrado não foi significativo (χ²(1) = 0,17; p =

0,77), indicando que não existe influência de percepção de status nas respostas do Jogo

do Ultimato para GAs com NHB.

Os resultados para interação com NHA apontaram que dos 19 indivíduos do

GSAs que aceitaram proposta injusta de um confederado de alto status, 68,4% (13) o

classificaram como “somos iguais” e 31,6% (6) o classificaram como “acima de mim”.

Dos 21 indivíduos que rejeitaram a proposta injusta do confederado de NHA, 42,9% (9)

o classificaram como “somos iguais” e 57,1% (12) o classificaram como “acima de

mim”. O teste de Qui-quadrado não foi significativo (χ²(1) = 2,63; p = 0,12), indicando

que não existe influência de percepção de status nas respostas do Jogo do Ultimato para

GSAs com NHA.

Para o GAs, dos 21 indivíduos que aceitaram proposta injusta do confederado

de NHA, 42,9% (9) o classificaram como “somos iguais” e 57,1% (12) o classificaram

como “acima de mim”. Dos 26 indivíduos que rejeitaram a proposta injusta do

confederado do NHA, 26,9% (7) o classificaram como “somos iguais” e 73,1% (19) o

classificaram como “acima de mim”. O teste de Qui-quadrado não foi significativo (χ²(1)

= 1,31; p = 0,35), indicando que não existe influência de percepção de status nas

respostas do Jogo do Ultimato para GAs com NHA.

5. Relação entre a resposta no Jogo do Ultimato e assertividade e altivez

Para verificar se a resposta no Jogo do Ultimato foi influenciada pela

assertividade e altivez utilizamos o teste de Correlação ponto bisserial. Os resultados do

teste mostraram que a assertividade não se correlacionou significativamente com as

respostas no Jogo do Ultimato para NHA (r = 0,007; p = 0,47 unilateral), nem para

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NHB (r = - 0,04; p = 0,32 unilateral). A altivez também não se correlacionou

significativamente com as respostas ao jogo para NHA (r = 0,09; p = 0,18 unilateral) e

NHB (r = 0,05; p = 0,30 unilateral).

6. Generosidade e ansiedade social

A mediana de chocolates oferecida ao confederado, para o GSAs foi 5 (ver

Figura 7 para a frequência de chocolates oferecida), mesmo valor encontrado para GAs

(mediana 5) (ver Figura 8 para a frequência de chocolates oferecida). O teste U de

Mann-Whitney não identificou nenhuma diferença significativa entre os grupos (U =

990,5; p = 0,18 unilateral), o que indica que não houve diferença na generosidade.

Figura 7- Frequências de quantidade de chocolates oferecidos por GSAs

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Figura 8 - Frequências de quantidade de chocolates oferecidos por GAs

DISCUSSÃO

Este estudo pretendeu verificar, a partir da utilização do Jogo do Ultimato, se

indivíduos com ansiedade social aceitavam mais propostas injustas de confederados de

alto nível hierárquico que de confederados de baixo nível hierárquico. Esta investigação

se baseou em estudos que relataram que a interação com indivíduos que possuem

muitos atributos desejáveis faz com que haja um aumento na discrepância entre a

representação mental e o padrão comportamental estabelecido pelo ansioso, aumentando

a ansiedade do fóbico social, o que consequentemente prejudica suas habilidades

assertivas (ver quadro com resumo dos resultados – Anexo 8).

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Relação entre SPIN, assertividade, altivez e ansiedade situacional

Os resultados mostram que quanto maior a pontuação no Inventário de Fobia

Social (SPIN), menor a pontuação na subescala de assertividade, confirmando a

primeira predição da primeira hipótese. Esse resultado corrobora outros estudos que

apontam a mesma direção (Anderson, 1997; Bandeira et al., 2005; Creed & Funder,

1998; Larijani et al., 2010; Orenstein et al., 1975; Pachman & Foy, 1978). A

assertividade é uma habilidade social que está relacionada a expressão dos seus próprios

direitos, sentimentos e pensamentos (Lange & Jakubowski, 1978).

Segundo Costa e McCrae (1992) sujeitos que possuem alta pontuação em

assertividade são dominantes, enérgicos, influentes e tornam-se líderes em diversas

situações, já aqueles que obtêm baixa pontuação preferem manter-se em segundo plano,

permitindo que outros tomem decisões por eles. Indivíduos que possuem fobia social

têm prejuízo em assertividade, pois diante de uma situação interpretada como

ameaçadora, focam sua atenção nos próprios sintomas ansiosos, no intuito de controlá-

los, e acabam falhando em se comportar apropriadamente de acordo com a situação

(Clark & Arkowitz, 1975; Clark & Wells, 1995; Rector et al., 2006). Ademais,

percebem-se como inferiores e submissos (Weisman et al., 2011), fazendo com que

sejam facilmente influenciados pelas vontades alheias. Essas características também

podem levar o ansioso a pensar que não merece os mesmos direitos que os demais, não

exercendo, assim, sua habilidade assertiva.

Os resultados também demonstraram que quanto maior a pontuação no SPIN,

menor a pontuação na subescala de altivez, confirmando a segunda predição da primeira

hipótese. A correlação indica que os ansiosos se percebem como pouco capazes, de

pouco valor, e com baixa habilidade em tomar a frente de situações. Esses achados

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corroboram as ideias de autores que definem que ansiosos demonstram uma avaliação

negativa sobre si mesmos, sempre se desvalorizando em relação a seus pares, ao passo

que supervalorizam as habilidades dos demais (Bandura, 1969; Clark & Arkowitz,

1975). Manter uma autoimagem negativa é uma característica comum para indivíduos

com ansiedade social, levando a efeitos emocionais e cognitivos prejudiciais, como

elevados níveis de ansiedade, maior atenção autofocada, e desempenho avaliado como

pobre (Makkar & Grisham, 2011). A autoimagem negativa é construída tomando como

base a interpretação do interlocutor, sob o ponto de vista do ansioso, ou seja, como ele

pensa que os outros indivíduos o estão avaliando. Apesar dessa percepção ser

frequentemente distorcida, fóbicos sociais acreditam que essa é sua verdadeira imagem

(Clark & Wells, 1995).

A terceira predição da primeira hipótese foi corroborada, mostrando que

quanto mais alto o escore em fobia social, mais alto o nível de ansiedade situacional

para interações com NHA e com NHB. Em situações sociais, indivíduos ansiosos

possuem extrema preocupação em se comportarem de forma inadequada e serem

avaliados negativamente. Acreditam ainda, que seu comportamento terá consequências

desastrosas, fazendo-os perderem o valor, status e serem rejeitados (Clark & Wells,

1995). Esses fatores contribuem para o aumento da ansiedade relacionado à situação.

Além disso, Russell et al. (1986) relatam que situações novas (por exemplo, situação do

Jogo do Ultimato) e a interação com indivíduos desconhecidos, também são motivos

que trazem desconforto e aumento na ansiedade de fóbicos sociais. Isso se deve ao fato

desses indivíduos possuírem um padrão cognitivo voltado para manter altos níveis de

vigilância para possíveis perigos sociais (Mathews, 1990).

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Relação entre ansiedade situacional e nível hierárquico

A partir das análises realizadas constatamos que não houve diferença

significativa entre a ansiedade situacional inicial, ansiedade na interação com NHA e

ansiedade na interação com NHB para indivíduos do GAs, não confirmando a predição

da segunda hipótese. Esse resultado não está de acordo com o comportamento relativo

ao modelo agonístico descrito por Chance (1980, 1984, 1988 citado por Trower &

Gilbert, 1989), em que indivíduos que possuem fobia social tendem a entrar em estado

de alerta quando interagem com indivíduos considerados como superiores na hierarquia

social, a fim de evitarem um possível conflito. Não segue também as consequências

previstas pelo modelo autorregulatório da cognição social (Carver & Scheier, 1986

citado por Mahone et al., 1993), o qual indica que quanto mais atributos positivos o

interlocutor tiver, maior a ansiedade gerada no fóbico social, uma vez que há um

aumento na discrepância entre a representação mental e o padrão.

Com o intuito de provocar os comportamentos previstos pelo modelo de

Chance, Carver e Scheier, utilizamos uma ficha que continha informações de um

indivíduo fictício, representado pelo confederado, que possuía habilidades consideradas

desejáveis (sob a perspectiva dos jurados) dentro do ambiente acadêmico, como falar

mais de um idioma, jogar xadrez e entender de programação de computadores. Além de

utilizarmos informação da quantidade de amigos em uma rede social, indicando que o

confederado de alto status era um “modelo” popular, ou seja, de muito prestígio. Como

todos os sujeitos da pesquisa eram alunos de graduação, os confederados de alto status

representaram estudantes de mestrado, o que indicava um nível acima dos primeiros.

Apesar de 64,7% dos indivíduos do GAs terem classificado os confederados

de alto nível hierárquico como “acima de mim”, o estímulo (ficha de alto status) parece

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não ter sido interpretado como uma ameaça, de acordo com o esperado. Especulamos

que dois fatores podem ter contribuído para esse resultado: aspecto físico e expressão

corporal dos confederados. Expressões posturais, como a expansão corporal, quando o

indivíduo ocupa um espaço maior no ambiente, está associada à dominância (Argyle,

1988), assim como expressões faciais agressivas (Hess et al., 2000), olhar diretamente

nos olhos e manter a cabeça inclinada para cima (Mignault & Chaundhuri, 2003),

aspectos que não incluímos no nosso estudo. Ademais os confederados de alto status

podem ter sido percebidos como muito jovens, não representando a idade fictícia

contida na ficha – 27 anos. A jovialidade, segundo Henrich e Gil-White (2001) é um

fator que indica baixo prestígio, e supõe uma correlação positiva entre idade e prestígio,

já que quanto mais tempo, mais oportunidades para se adquirir e aprimorar

competências e habilidades.

Resposta no Jogo do Ultimato

As análises para verificar se havia diferença na rejeição de ofertas injustas em

função do status mostraram que os indivíduos de ambos os grupos, GSAs e GAs, não

aceitaram mais propostas injustas de NHA em comparação a NHB. Esse resultado não

corrobora a primeira predição, mas corrobora a segunda predição da terceira hipótese.

Com relação aos resultados encontrados para o GAs, esperava-se que os fóbicos sociais

aceitassem mais ofertas de indivíduos de alto status social, que de baixo status, uma vez

que a interação com indivíduos percebidos como possuidores de muitas qualidades

aumentaria a discrepância entre a representação mental e o padrão, elevando a

ansiedade situacional e diminuindo as habilidades assertivas desses indivíduos.

Entretanto, os resultados encontrados para ansiedade situacional e interação com NHA,

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mostraram que não houve maior ansiedade autorrelatada para alto status, em

comparação a baixo status e a ansiedade inicial. Esse achado nos leva a supor que não

houve um prejuízo em assertividade, permitindo que os indivíduos expusessem as

próprias vontades e opiniões, o que pode ter levado à maior rejeição de ofertas injustas.

Vale ressaltar que essa suposição não se baseia na medida de assertividade utilizada

nesse estudo, a qual se refere à um traço e não estava necessariamente associada à

situação do jogo.

Para os indivíduos do GSAs os resultados seguem o esperado, mostrando que

não há diferença significativa na rejeição de ofertas injustas em função do status.

Henrich e Gil-White (2001) defendem que as sociedades humanas possuem dois tipos

de indivíduos considerados altos na hierarquia social, os que possuem prestígio e os que

se utilizam de comportamentos dominantes. Indivíduos de prestígio, como representado

pelo confederado de NHA, não causam intimidação em sujeitos não ansiosos, mas sim

comportamentos de deferência, pois essa é uma estratégia de barganha pelos benefícios

que a aproximação com o “modelo” pode trazer (Henrich & Gil-White, 2001). Isso

significa que apesar de haver hierarquia social nas sociedades humanas, as relações são

baseadas em altruísmo recíproco: o modelo transmite as habilidades e competências de

interesse do subordinado, e este, por sua vez, concede uma gama de favores ao

indivíduo de alto prestígio. Além disso, alguns autores defendem que uma das maiores

características de sujeitos de prestígio são atitudes altruístas (Hardy & Vugt, 2006),

generosas, honestas e justas (Lord & Maher, 1991). A atitude de não cooperação dos

nossos confederados (divisão injusta) pode ter levado os sujeitos a os rejeitarem como

um bom modelo a ser seguido, favorecendo a retaliação no Jogo do Ultimato.

Devido à baixa assertividade e altivez, em indivíduos com ansiedade social,

esperávamos que houvesse mais aceitação de propostas injustas em comparação com

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indivíduos sem ansiedade social. Entretanto, os resultados mostraram que indivíduos do

GAs se comportaram conforme os indivíduos do GSAs, o que não confirma a predição

da quarta hipótese. Resultado contrário foi encontrado no estudo de Grecucci et al.

(2013) com pacientes diagnosticados com Transtorno de Ansiedade Generalizada e

Transtorno de Pânico, que aceitaram mais ofertas injustas, no Jogo do Ultimato, quando

comparados ao grupo controle. Os autores explicam que pacientes com transtorno de

ansiedade possuem medo de confrontos interpessoais e baixa assertividade, o que os

leva a interpretar propostas injustas de forma menos desigual que os controles.

Rodebaugh et al. (2013) também constataram que pacientes diagnosticados com

ansiedade social retaliavam não-cooperadores em menores taxas quando comparados ao

grupo controle. Devemos considerar que ambos os estudos de Grecucci e Rodebaugh

foram realizados com parceiros através de computador, ao passo que a presente

pesquisa utilizou confederados. Sanfey (2003) demonstrou que indivíduos que jogavam

com humanos ativavam com mais intensidade a ínsula anterior, associada a respostas

emocionais, levando-os a rejeitarem as propostas injustas com mais frequência, em

comparação ao jogo com parceiros virtuais. Apesar de Grecucci e Rodebaugh terem

encontrado diferença significativa entre o grupo de ansiosos e o grupo controle,

supomos que a interação com humanos, apesar de não explicar totalmente os resultados,

tenha contribuído para aumentar as taxas de rejeição de ofertas injustas na presente

pesquisa.

A hierarquia social não teve efeito para nenhum dos grupos. Indivíduos do

GSAs e do GAs rejeitaram pouco mais de 50% das propostas injustas, corroborando

outras pesquisas que mostram o mesmo resultado para indivíduos não-clínicos e sem

pista de status social (Fergunson et al., 2014; Hewig et al., 2011; Mussel et al., 2013).

Aproximadamente metade da amostra (de ambos grupos) da presente pesquisa aceitou

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uma oferta de 20% do montante, e a outra metade rejeitou. A aceitação de ofertas baixas

pode ser explicada pela utilização de estratégias de curto prazo e estratégia racional. A

estratégia racional sugere que seria mais vantajoso aceitar qualquer oferta diferente de

zero, uma vez que essa é a única forma de maximizar o benefício (Rubinstein, 1982).

Alguns indivíduos exibem maior tendência a utilizarem estratégias de curto prazo (Del

Giudice et al., 2014), preferindo um benefício imediato, mesmo que pouco

recompensador, a investir em comportamentos mais cooperativos.

Estratégias emocionais e de longo prazo podem explicar a rejeição de ofertas

injustas. A proposta injusta pode ser interpretada como uma forma de prejudicar o

receptor, levando-o a eliciar o sentimento de raiva, a qual facilita a retaliação (Bosman

et al., 2001; Pillutla & Murnighan, 1996). No caso do Jogo do Ultimato o receptor

poderia se vingar dizendo “não” à proposta e fazendo com que o proponente saísse com

payoff igual a zero. Outro motivo para rejeição de ofertas injustas é uma tendência a

utilização de estratégias de longo prazo (Del Giudice et al., 2014). Aos sujeitos da

presente pesquisa era explicado que algumas pessoas entrariam na sala para ser

parceiros de jogo, porém, não revelamos a quantidade de rodadas, nem se os

confederados seriam parceiros de mais de uma rodada do jogo. A situação de “futuro

incerto” deixa em aberto a possibilidade de um novo encontro com o mesmo indivíduo

que fez a proposta injusta. No caso de haver encontros futuros é mais vantajoso que o

recipiente ensine ao proponente, através da punição, que não aceita divisões de recurso

desiguais. Dessa forma, aumenta a probabilidade de comportamentos mais cooperativos

nas próximas interações (Rand & Nowak, 2013). Supomos, portanto, que os indivíduos

podem ter sido influenciados por estratégias emocionais e de longo prazo para aqueles

que rejeitaram, e estratégias racionais e de curto prazo para aqueles que aceitaram as

ofertas injustas.

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Os resultados encontrados para o GAs no Jogo do Ultimato não reforçam a

sobreutilização do modelo agonístico (Chance, 1980, 1984 citado por Trower & Gilbert,

1989) por sujeitos com ansiedade social. Caso os indivíduos tivessem se comportado

com base nesse modelo, haveria maior aceitação de ofertas injustas feitas por

confederados de alto nível social que de baixo nível social, uma vez que dessa forma se

reforçariam os papéis dominantes e subordinados. O comportamento similar dos dois

grupos em relação à rejeição de ofertas injustas nos leva a supor que indivíduos com

tendência a fobia social podem se comportar, mais frequentemente que o esperado, com

base no modelo hedônico (Chance, 1980, 1984 citado por Trower & Gilbert, 1989). A

rejeição de ofertas injustas pode ser interpretada como uma expectativa para que o

proponente se comportasse de forma cooperativa, o que levaria a uma possível aliança,

reforçando as bases hedônicas.

Relação entre a resposta no Jogo do Ultimato e assertividade e altivez

O fato dos indivíduos com ansiedade social possuírem um nível de altivez

baixo, pode levá-los a pensar que não merecem os mesmos benefícios que os demais,

não reivindicando seus direitos e não expressando as suas vontades, o que poderia vir a

interferir na tomada de decisão no Jogo do Ultimato – aceitando uma proposta injusta,

especialmente daqueles indivíduos de alto status social. Entretanto, esse não foi o

resultado encontrado em nosso estudo, não confirmando a predição da quinta hipótese.

Apesar de a fobia social ter uma correlação negativa com a altivez, essa característica

não teve uma correlação significativa com as respostas no Jogo do Ultimato, tanto para

interações com NHB como para interações com NHA. Este resultado não corrobora

estudos que mostram que a autopercepção sobre inferioridade/superioridade interfere

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nas decisões das respostas do mesmo jogo. As pesquisas de Hu et al. (2014) e Albrecht

et al. (2013) demonstraram que quanto mais inferior o indivíduo se percebe, em relação

ao parceiro, maiores as chances de aceitar e se sentir satisfeito com uma oferta injusta.

Estudos que associam assertividade e teoria dos jogos não foram encontrados

na revisão de literatura, com exceção daqueles que relacionam essa característica com

ansiedade social. Grecucci et al. (2013) sugerem que indivíduos com transtorno de

ansiedade aceitam mais ofertas injustas devido à baixa assertividade. Rodebaugh et al.

(2013) mostram uma correlação positiva entre assertividade e defecção (interrromper

comportamento cooperativo quando o parceiro parava de cooperar) em uma adaptação

do jogo do Dilema do Prisioneiro.

Dada a simplicidade do Jogo do Ultimato especulamos que os indivíduos com

ansiedade social tenham se achado capazes de desempenhar o que a situação solicitava:

dizer “sim” ou “não”. Deste modo, o jogo pode não ter sido afetado pelo traço altivez e

assertividade.

Generosidade e ansiedade social

Clark e Wells (1995) estabelecem que indivíduos com ansiedade social têm

forte necessidade em transmitir uma imagem positiva às pessoas, por este motivo,

adotam padrões de comportamento acima do esperado. Levando essa característica em

consideração, esperávamos que o GAs fizesse maior quantidade de doações de wafers

em comparação ao GSAs. Porém, nossas análises revelaram que não existe diferença

significativa entre as propostas dos dois grupos. Esse resultado não confirma a predição

da sexta hipótese.

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Rodebaugh et al. (2013), associando ansiedade a cooperação demonstraram,

através do jogo de Dilema do Prisioneiro, que indivíduos diagnosticados com

Transtorno de Ansiedade Social Generalizada ofereciam menor quantidade de moedas

aos parceiros de jogo, em comparação ao grupo controle. Os autores sugerem que esse

resultado pode ser explicado devido à dificuldade de se comportar de forma afiliativa, o

que leva a menos ações cooperativas. Porém, a presente pesquisa mostrou que, apesar

de os ansiosos não serem mais generosos que o grupo controle, eles foram justos na

divisão dos bens, mostrando uma propensão ao comportamento afiliativo4.

Os resultados para hipótese de generosidade corroboram outros estudos sobre

divisão de recurso para amostra não-clínica. De acordo com o esperado pelo modelo

econômico, o proponente deveria oferecer o mínimo possível, em jogos econômicos,

para maximizar seu ganho. Não obstante, Ding et al. (2014) mostraram que os

proponentes dividem o montante igualmente com o recipiente, como encontra neste

estudo. Alguns autores argumentam que a tendência à justiça seria um dos motivos que

levariam os indivíduos a fazerem ofertas generosas (Dickinson, 2000; Guth et al.,

1982). Porém, outras pesquisas têm mostrado que a motivação não seria,

necessariamente, uma tendência à justiça/igualdade, mas medo de que as ofertas injustas

sejam rejeitadas, prejudicando seu próprio payoff (Ding, 2014; Fellner & Guth, 2003).

Straub e Murnighan (1995) mostraram que quando os receptores não sabiam qual o total

do montante a ser dividido, os proponentes faziam ofertas menores quando comparado à

condição em que os receptores tinham essa informação.

4 Comportamentos afiliativos envolvem ações de aproximação e cooperação em relação a outros

indivíduos (Trower & Gilbert 1989).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa mostrou que quanto maior a pontuação no Inventário de

Fobia Social menor a assertividade a altivez. A interação com ambos confederados

também eliciou maior ansiedade situacional quanto maior a ansiedade social, entretanto,

não houve diferença significativa na medida de ansiedade quando comparamos

interação com indivíduo de alto status e baixo status para o GAs. Este resultado mostra

que os indivíduos de alto status não foram considerados uma ameaça como previsto

pelo modelo agonístico e o modelo autorregulatório da cognição social. Uma vez que o

estímulo de alto nível hierárquico não eliciou nível de ansiedade superior à inicial,

supomos que a assertividade não tenha sido prejudicada a ponto de o indivíduo ansioso

ser capaz de rejeitar a proposta injusta, comportando-se conforme o modelo hedônico de

acordo com o grupo sem ansiedade social.

Traços que compõem a personalidade extrovertida, como assertividade e

altivez, não contribuíram para as respostas no Jogo do Ultimato, no geral, mostrando

que a habilidade de expressar suas vontades e sentimentos, e autopercepção sobre

capacidade e valor não influenciam na decisão para rejeição de propostas injustas para

ambos os níveis hierárquicos.

Indivíduos com ansiedade social não se mostraram mais generosos que

indivíduos sem ansiedade social, embora os dois grupos tenham sido justos na divisão

dos bens. As divisões igualitárias não apontam necessariamente para um forte senso de

justiça, podendo indicar somente o medo da retaliação.

Concluímos, dessa forma, que de acordo com a metodologia empregada por

esta pesquisa, indivíduos com ansiedade social e sem ansiedade social não diferem em

comportamento cooperativo, mais especificamente ao que diz respeito às estratégias

punitivas para propostas injustas e generosidade na distribuição de bens.

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LIMITAÇÕES

A presente pesquisa possui algumas limitações que devem ser consideradas ao

analisar os resultados. O tamanho da amostra é limitado, podendo ter influenciado os

resultados. Devido ao mesmo motivo, análises para verificar diferença entre os sexos

não foram realizados. Também deve-se atentar para o fato de o GAs não ter passado por

entrevista clínica, portanto, nenhum dos nossos sujeitos foi diagnosticado com

Transtorno de Ansiedade Social. Para manter o rigor científico, os confederados

masculinos deveriam ter sido os mesmos, até o final do experimento, porém por

motivos de prazos e desistência de voluntários na participação dos experimentos,

tivemos que utilizar mais de um indivíduo para cada rodada, como descrito no tópico de

procedimentos.

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ANEXOS

Anexo 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Esclarecimentos:

Este é um convite para você participar de uma pesquisa sobre cooperação, a qual

é coordenada pela mestranda Ariela Moreira dos Santos e pela Profª Fívia de Araújo

Lopes. Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer

momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou

penalidade.

Essa pesquisa procura investigar como pessoas se comportam em um contexto

de divisão de recurso, e será composta por duas etapas. Caso decida aceitar o convite,

você será submetido à primeira etapa da pesquisa, que consiste no preenchimento de

três questionários, tarefas que, em princípio, não apresentam nenhum risco à sua

integridade física ou psíquica. Para minimizar qualquer desconforto e manter sua

privacidade, os questionários devem ser respondidos individualmente. Todas as

informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum

momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será

feita de forma a não identificar os voluntários. Para a realização da coleta dos dados

será necessário apenas que você disponibilize cerca de 25 (vinte e cinco) minutos do seu

tempo.

A presente pesquisa não envolve nenhuma troca financeira. Se você tiver algum

gasto que, comprovadamente, seja devido à sua participação na pesquisa, será

ressarcido, caso solicite. Em qualquer momento, se você sofrer algum dano,

comprovadamente, decorrente desta pesquisa, terá direito a indenização. Qualquer tipo

de ressarcimento ou indenização será responsabilidade do Programa de Pós-graduação

em Psicobiologia (UFRN).

Você ficará com uma cópia deste Termo e toda dúvida que tiver a respeito desta

pesquisa, poderá perguntar diretamente para Ariela Moreira, no endereço eletrônico

[email protected]. Dúvidas a respeito dos aspectos éticos desta pesquisa

poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, Natal/RN, CEP: 5978-970. Fone/fax: 3215-3135. E-mail:

[email protected] e no endereço eletrônico: www.etica.ufrn.br.

Consentimento Livre e Esclarecido

Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os

riscos e benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente do projeto.

Participante da pesquisa:

___________________________________________________________

Natal, ____ de __________de _____.

Pesquisador responsável: Ariela Moreira dos

Santos_____________________________________

Orientadora: Fívia de Araújo Lopes

___________________________________________________

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75

Anexo 2 – Inventário de Fobia Social

Inventário de Fobia Social (SPIN – Social Phobia Inventory)

Tradução e adaptação para o Português: Crippa JAS, Graeff FG, Zuardi

AW, Hetem LA, Busatto GF e Loureiro SR (2003)

Nome:____________________________________________________

Data de Nascimento:____/____/____ Sexo: M ( ) F ( )

Estado Civil:______________________

INSTRUÇÕES: Por favor, indique quanto os seguintes problemas incomodaram você

durante a última semana. Marque somente um item para cada problema, e verifique se

respondeu a todos os itens.

Nada Um pouco Moderado Bastante Extremamente

1. Tenho medo de

autoridades

0 1 2 3 4

2. Incomoda-me

ficar vermelho na

frente das pessoas

0 1 2 3 4

3. Festas e eventos

sociais me

assustam

0 1 2 3 4

4. Evito falar com

pessoas que não

conheço

0 1 2 3 4

5. Fico muito

assustado ao ser

criticado

0 1 2 3 4

6. Evito fazer

coisas ou falar com

certas pessoas por

medo de ficar

envergonhado

0 1 2 3 4

7. Transpirar na

frente das pessoas

me incomoda

0 1 2 3 4

8. Evito ir a festas 0 1 2 3 4

9. Evito atividades

nas quais sou o

centro das atenções

0 1 2 3 4

10. Conversar com

estranhos me

assusta

0 1 2 3 4

11. Evito falar para

uma plateia ou dar

discursos (ex.

apresentações em

0 1 2 3 4

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76

sala de aula)

12. Faço qualquer

coisa para não ser

criticado

0 1 2 3 4

13. Sentir

palpitações

cardíacas me

incomoda quando

estou no meio de

outras pessoas

0 1 2 3 4

14. Tenho receio

de fazer coisas

quando posso estar

sendo observado

0 1 2 3 4

15. Ficar

envergonhado ou

parecer bobo são

meus maiores

temores

0 1 2 3 4

16. Evito falar com

qualquer

autoridade

0 1 2 3 4

17. Tremer ou

estremecer na

frente de outras

pessoas me

angustia

0 1 2 3 4

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77

Anexo 3 - Subscalas da EFEx

Listagem dos itens que compõem a escala de Altivez

Item Conteúdo

24 Tento controlar as pessoas

10 Sinto que sou incrível, capaz de realizar qualquer coisa

13 Acho que sou muito mais inteligente do que as pessoas em geral

15 Dou ordens sem nenhum problema

20 O principal objetivo da minha vida é ter poder e fama

49 Acredito que darei importantes contribuições para a humanidade

32 Tento influenciar os outros

35 É comum terem inveja de mim

37 Acho que muitas pessoas têm inveja da minha capacidade

22 Acho que posso fazer qualquer coisa

43 Devo ser bem tratado, pois sou uma pessoa especial

51 Quando estou entre um grupo, gosto que me dêem atenção

5 Gosto de me gabar pelas minhas qualidades

56 Posso conquistar quem desejar

Listagem dos itens que compõem a escala de Assertividade

Item Conteúdo

18 Espero pela decisão dos outros

23 Costumo agir com tranquilidade diante de situações novas

26 Tomo minhas decisões rapidamente

30 Facilmente coloco as minhas ideias em prática

34 Consigo defender-me quando necessário

38 Deixo-me influenciar pelos outros

40 Resolvo meus problemas com rapidez

45 Deixo que os outros tomem as decisões por mim

53 Não me sinto muito motivado a lutar pelas coisas que quero

3 Desisto facilmente das coisas

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78

Anexo 4 – Escala de Ansiedade Situacional

Se você pudesse medir sua ansiedade em uma escala de 0 a 10, em que nível ela estaria

neste exato momento?

1-

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

2-

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

3-

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

4-

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

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79

Anexo 5 - Questionário sociodemográfico ABEP 2015

QUESTIONÁRIO SÓCIODEMOGRÁFICO

1. Idade:______anos

2. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

3. Escolaridade:

( ) Ensino superior incompleto ( ) Ensino superior completo

( ) Pós-graduação incompleta ( ) Pós-graduação completo

Itens Marque um "x" nos itens que possui

Não possui 1 2 3 4 ou mais

Banheiros

Empregados

domésticos

Automóveis

Computador

Lava louça

Geladeira

Freezer

Lava roupa

DVD

Microondas

Motocicleta

Secador de

roupa

4. Escolaridade do chefe da família:

( ) Analfabeto/ Ensino fundamental I incompleto

( ) Ensino fundamental I completo/ Ensino fundamental II incompleto

( ) Ensino fundamental II completo/ Médio incompleto

( ) Ensino médio completo/ Ensino superior incompleto

( ) Superior completo

5. Você tem acesso a água encanada? ( ) Sim ( ) Não

6. Sua rua é pavimentada? ( ) Sim ( ) Não

Se você pudesse medir sua ansiedade em uma escala de 0 a 10, em que nível ela estaria

neste exato momento?

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

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FICHA DE APRESENTAÇÃO

Nome: Daniela Ruiz

Idade: 17 anos

Escolaridade: cursinho do DCE

Curso/profissão: estudante

Quais suas principais habilidades? Acho que não tenho muitas habilidades, mas jogo

bem baralho.

Quantos amigos você tem no facebook? 198

Anexo 6 – Ficha de status social (as fichas masculinas eram idênticas, mudando

somente o nome do confederado).

Ficha de alto nível hierárquico

Ficha de baixo nível hierárquico

FICHA DE APRESENTAÇÃO

Nome: Milena Rodrigues

Idade: 27 anos

Escolaridade: aluna de mestrado

Curso/profissão: estudante

Quais suas principais habilidades? Sou fluente em três idiomas, entendo um pouco de

programação de computadores e já fui campeã de xadrez.

Quantos amigos você tem no facebook? Em média 1300

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Anexo 7 – Verificação de status/verificação de chocolate

Você gosta de chocolate?

Sim ( ) Não ( )

Você foi apresentado a dois participantes com ficha. Se pudesse fazer uma classificação

de nível hierárquico, você diria que:

1) O primeiro participante está acima de mim

2) O primeiro participante está abaixo de mim

3) Nós estamos em posições iguais

Com relação ao terceiro participante:

1) O primeiro participante está acima de mim

2) O primeiro participante está abaixo de mim

3) Nós estamos em posições iguais

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82

Anexo 8 – Resumo dos resultados

Hipótese 1: Há relação entre os resultados no SPIN, assertividade, altivez e ansiedade situacional.

Predição Resultados Conclusão

Predição 1.1: Indivíduos que

tiveram alta pontuação no SPIN

apresentarão baixa pontuação em

assertividade.

Quanto maior a pontuação no

SPIN menor a pontuação na

subscala de assertividade da

EFEX.

Corroborada

Predição 1.2: Indivíduos que

tiveram alta pontuação no SPIN

apresentarão baixa pontuação em

altivez.

Quanto maior a pontuação no

SPIN menor a pontuação na

subscala de altivez da EFEX.

Corroborada

Predição 1.3: Indivíduos que

tiveram alta pontuação no SPIN

apresentarão altos níveis de

ansiedade situacional.

Quanto maior a pontuação no

SPIN maior os níveis de

ansiedade situacional para

interações com NHA e NHB.

Corroborada

Hipótese 2: Há relação entre ansiedade situacional e nível hierárquico do confederado, para indivíduos

do grupo com ansiedade social (GAs).

Predição Resultados Conclusão

Predição 2.1: A ansiedade

situacional será mais alta quando

em interação com confederados

de nível hierárquico alto, quando

comparada a ansiedade

situacional quando em interação

com confederados de nível

hierárquico baixo e a ansiedade

situacional inicial.

Não houve diferença

significativa entre os três níveis

de ansiedade situacional.

Não corroborada

Hipótese 3: A resposta no Jogo do Ultimato é influenciada pelo status social do confederado.

Predição Resultados Conclusão

Predição 3.1: Indivíduos do

GAs irão aceitar mais propostas

injustas de confederados de alto

status social que de

confederados de baixo status

social.

Não houve diferença

significativa na taxa de rejeição

de propostas injustas em função

do status social.

Não corroborada

Predição 3.2: Indivíduos do

grupo sem ansiedade social

Não houve diferença

significativa na taxa de rejeição

Corroborada

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(GSAs) não apresentarão

diferenças nas respostas ao jogo

em função do status do

confederado.

de propostas injustas em função

do status social.

Hipótese 4: Há diferença entre os grupos na resposta ao Jogo do Ultimato.

Predição Resultados Conclusão

Predição 4.1: Indivíduos do

GAs irão aceitar mais propostas

injustas que indivíduos do

GSAs, para ambos os níveis de

status social.

Não houve diferença

significativa entre os grupos nas

respostas ao Jogo do Ultimato,

para ambos os níveis de status

social.

Não corroborada

Hipótese 5: A resposta no jogo do Ultimato é influenciada pela assertividade e altivez.

Predição Resultados Conclusão

Predição 5.1: Quanto mais

baixa a pontuação em

assertividade e altivez maior a

probabilidade de aceitar a

proposta injusta para ambos os

níveis de status social.

Não houve correlação

significativa entre a pontuação

nas subescalas de assertividade e

altivez e resposta no Jogo do

Ultimato, para ambos os níveis

de status social.

Não corroborada

Hipótese 6: Há diferença no comportamento cooperativo entre os grupos.

Predição Resultados Conclusão

Predição 6.1: Indivíduos do

GAs serão mais generosos na

divisão do recurso, quando

comparados aos indivíduos do

GSAs.

Não houve diferença

significativa entre a quantidade

de bens doados entre os grupos.

Não corroborada

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UNIVERSIDADE FEDERAL DORIO GRANDE DO NORTE /UFRN CAMPUS CENTRAL

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

Pesquisador:

Título da Pesquisa:

Instituição Proponente:

Versão:

CAAE:

Ansiedade social e cooperação em contexto de hierarquia social

Fívia de Araújo Lopes

Pós-Graduação em Psicobiologia

2

36086014.0.0000.5537

Área Temática:

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Número do Parecer:

Data da Relatoria:

915.080

27/11/2014

DADOS DO PARECER

Este projeto está associado a uma dissertação de mestrado do Programa de Pós-graduação em

Psicobiologia. A proposta é para arrolar 240 participantes, e o convite será realizado em sala de aula. A

participação será realizada em duas etapas - na primeira será respondida alguns questionários já validados,

e na segunda parte eles interagirão com mais 3 participantes onde irão jogar. Assim, a amostra será

composta por 240 estudantes da UFRN, de ambos os sexos e sem faixa etária delimitada. O estudo será

composto por duas etapas: (1) aplicação dos instrumentos: Inventário de ansiedade social-SPIN, Escala

fatorial de extroversão-EFEx, Questionário sócio-demográfico, e, posteriormente, (2) Jogo do Ultimato. A

primeira etapa servirá para análise e divisão da amostra. Será verificada a ocorrência de ansiedade social a

partir dos instrumentos e os participantes divididos em dois grupos, Ansiosos e Não-ansiosos. Etapa 1)

Aplicação dos instrumentos; Etapa 2) Jogo do Ultimato: As pessoas que concordarem em participar

voluntariamente da segunda etapa serão convidadas a comparecer ao Centro de Biociências-UFRN,

Laboratório de Evolução do Comportamento Humano, onde será realizado o experimento. Quando o

voluntário chegar, será solicitado que ele responda a ficha de status com informações sobre ocupação,

principais habilidades e quantidade de amigos no facebook. Após o preenchimento da ficha do status, os

participantes entrarão na sala, o experimentador explicará as regras do jogo, e será dado um tempo para

que eles leiam as informações um do outro e respondam o nível de

Apresentação do Projeto:

CENTRAL/UFRNPatrocinador Principal:

59.078-970

(84)9193-6266 E-mail: [email protected]

Endereço:Bairro: CEP:

Telefone:

Av. Senador Salgado Filho, 3000Lagoa Nova

UF: Município:RN NATAL

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Continuação do Parecer: 915.080

ansiedade na escala. As fichas (alto ou baixo status) dos confederados já estarão preenchidas, pois são

padronizadas. Esse procedimento será realizado nas etapas 1 e 2. As etapas 3 e 4 serão compostas pelos

mesmos procedimentos descritos, exceto que os participantes não trocarão fichas, ou seja, o experimento

será realizado sem pistas de status social. Depois de entrar na sala, o participante permanecerá no mesmo

lugar durante todas as etapas, mudando somente os "adversários". A seguir as quatro etapas: 1ª: Um

confederado de alto status social jogará como P e fará uma proposta injusta ao ansioso (D), oferecerá 3

itens partilháveis(7 para P e 3 para D). 2ª: Um confederado de baixo status social jogará como P e fará uma

proposta injusta ao ansioso (D), oferecerá 3 itens partilháveis (7 para P e 3 para D). 3ª: Um ansioso jogará

como P e decidirá como dividir itens partilháveis com um confederado, sem de status social. 4ª: Um

confederado, sem pistas de status social, jogará como P e fará uma proposta justa ao ansioso (D), oferecerá

5 itens partilháveis (5 para P e 5 para D). Todos os voluntários, dos dois grupos, participarão das quatro

etapas e seguirão os mesmo procedimentos. Para minimizar o efeito da ansiedade na interação com

pessoas do sexo oposto, cada participante jogará com um confederado do mesmo sexo. Os pesquisadores

propõem que pessoas com ansiedade social tenderiam a aceitar mais ofertas injustas de pessoas de alto

status social, já que não se acham capazes de competir com elas, mas não aceitariam esse tipo de proposta

de uma pessoa de status social mais baixo que o seu. Também acreditam que os ansiosos serão mais

cooperativos devido a uma característica bastante marcante nessas pessoas, que é o forte desejo de

transmitir impressão positiva aos demais.

Objetivo primário:

O objetivo deste estudo é investigar o comportamento cooperativo de pessoas com ansiedade social

generalizada, em situações de jogo do ultimato.

Objetivos secundários:

1. Caracterizar a amostra quanto às habilidades sociais, o que será feito através da Escala Fatorial de

Extroversão;

2. Investigar se as decisões de cooperação, em pessoas com ansiedade social generalizada, estão

relacionadas à hierarquia social;

3. Investigar se pessoas com ansiedade social generalizada cooperam mais que pessoas sem esse

transtorno.

Objetivo da Pesquisa:

59.078-970

(84)9193-6266 E-mail: [email protected]

Endereço:Bairro: CEP:

Telefone:

Av. Senador Salgado Filho, 3000Lagoa Nova

UF: Município:RN NATAL

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Continuação do Parecer: 915.080

Os riscos são considerados mínimos, apenas aqueles inerentes a toda pesquisa com o ser humano. Os

benefícios indiretos serão a contribuição para compreensão do comportamento de divisão de recursos em

pessoas tímidas a partir da perspectiva da psicologia evolucionista.

Avaliação dos Riscos e Benefícios:

A amostra será composta por 240 estudantes da UFRN, de ambos os sexos e sem faixa etária delimitada. A

amostra será dividida em dois grupos (120 pessoas para cada grupo): Grupo dos ansiosos (Gans) para os

que atingirem a pontuação para fobia social no Inventário de Ansiedade Social; e Grupo dos não-ansiosos

(GNans) para os que ficarem abaixo do ponto de corte no inventário.

Etapa 1) A aplicação dos instrumentos será feita em sala de aula, mediante autorização do professor, nas

próprias instituições. Os alunos serão convidados a participar da pesquisa e aqueles que se interessarem

receberão um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, os questionários, e um convite para a segunda

etapa, o qual explica como será realizada a mesma. A aplicação dos questionários tem duração de

aproximadamente 25 minutos.

Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:

Todos os documentos necessários foram apresentados - Formulário CEP/UFRN, folha de rosto, carta de

anuência do Centro de Biociências - CB, formulários e questionários a serem respondidos.

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:

Após a revisão ética das respostas às pendências levantadas no parecer anterior, concluímos que as

mesmas foram reparadas adequadamente.

Essa adequação situa o protocolo em questão dentro dos preceitos básicos da ética nas pesquisas que

envolvem o ser humano.

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:

Aprovado

Situação do Parecer:

Não

Necessita Apreciação da CONEP:

59.078-970

(84)9193-6266 E-mail: [email protected]

Endereço:Bairro: CEP:

Telefone:

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Continuação do Parecer: 915.080

Em conformidade com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde - CNS e Manual Operacional

para Comitês de Ética - CONEP é da responsabilidade do pesquisador responsável:

1. elaborar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE em duas vias, rubricadas em todas as

suas páginas e assinadas, ao seu término, pelo convidado a participar da pesquisa, ou por seu

representante legal, assim como pelo pesquisador responsável, ou pela (s) pessoa (s) por ele delegada(s),

devendo as páginas de assinatura estar na mesma folha (Res. 466/12 - CNS, item IV.5d);

2. desenvolver o projeto conforme o delineado (Res. 466/12 - CNS, item XI.2c);

3. apresentar ao CEP eventuais emendas ou extensões com justificativa (Manual Operacional para Comitês

de Ética - CONEP, Brasília - 2007, p. 41);

4. descontinuar o estudo somente após análise e manifestação, por parte do Sistema CEP/CONEP/CNS/MS

que o aprovou, das razões dessa descontinuidade, a não ser em casos de justificada urgência em benefício

de seus participantes (Res. 446/12 - CNS, item III.2u) ;

5. elaborar e apresentar os relatórios parciais e finais (Res. 446/12 - CNS, item XI.2d);

6. manter os dados da pesquisa em arquivo, físico ou digital, sob sua guarda e responsabilidade, por um

período de 5 anos após o término da pesquisa (Res. 446/12 - CNS, item XI.2f);

7. encaminhar os resultados da pesquisa para publicação, com os devidos créditos aos pesquisadores

associados e ao pessoal técnico integrante do projeto (Res. 446/12 - CNS, item XI.2g) e,

8. justificar fundamentadamente, perante o CEP ou a CONEP, interrupção do projeto ou não publicação dos

resultados (Res. 446/12 - CNS, item XI.2h).

Considerações Finais a critério do CEP:

NATAL, 15 de Dezembro de 2014

LÉLIA MARIA GUEDES QUEIROZ(Coordenador)

Assinado por:

59.078-970

(84)9193-6266 E-mail: [email protected]

Endereço:Bairro: CEP:

Telefone:

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