antônio duarte gomes leal
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5/19/2018 Ant nio Duarte Gomes Leal
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Literatura Portuguesa
Antnio Gomes Leal
Efignia Gregrio Damio
RA-0050040769
4 semestre curso LetrasProf Elizabeth Franke
Nov 2013
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Antnio Duarte Gomes Leal nasceu em Lisboa nodia 6 de Junho de 1848, na Praa do Rossio,
freguesia da Pena. Filho ilegtimo de umfuncionrio da Alfndega, com algumas posses,que morreu em 1876, e de HenriquetaFernandina Monteiro Alves Cabral Leal.
Viveu com a sua me e irm Maria Faustaa sua
principal fonte de inspirao
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Frequentou o Curso Superior de Letras, mas noo concluiu. No se fixou porm em qualquer
carreira ou profisso que lhe assegurasse umasubsistncia regular;
No jornalismo, no panfletarismo poltico, acima
de tudo na poesia, aplicaria a sua vocao deboemia e artista;
Empregou-se como escrevente de um notrio deLisboa, mas a sua cultura literria foi quase todaadquirida no seu meio de trabalho e nos cafs;
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Comeou cedo a trabalhar no mundojornalstico, tendo tambm feito edio de livrose panfletos;
Colaborou com diversos jornais da poca,publicando crticas literrias e artigos satricos.Enquanto crtico, Gomes Leal era j defensor do
realismo, mas como poeta era ainda ultraromntico, o que bem visvel, formalmente, notom de balada e na exposio narrativa demuitas das suas composies, componente que
no deixar nunca de revelar, apesar dasvicissitudes e converses do seu percursoliterrio e pessoal,ou por isso mesmo.
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Quando Gomes Leal publica as suas primeirascomposies poticas na Gazeta de Portugal, apoesia do romantismo em Portugal atravessavaum perodo de radical conflito a nvel terico. Erao perodo da clebre polemica QuestoCoimbr ou do Bom Senso e Bom Gosto,
provocada por Antero de Quental; Pode-se dizer que, nessa altura salvo rarssimas
excees, a poesia em Portugal continuava alheias influncias desse modernismo que, no
interior do prprio romantismo europeu,Baudelaire proclamara j genericamente em1846;
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Tudo isto nos permite situar Gomes Leal nosfinais dos anos 60 do sc. XIX, como um herdeiro
direto (mas no um imitador ou mesmo umdiscpulo) dos primeiros romnticos portugueses.Mas h tambm desde o incio da sua obra, umsentido finissecular baudeilairiano que a defineessencialmente, tornando-a nica;
Em LisboaPraa de Cames em 1868, GomesLeal estreou-se aos dezoito anos em 1866, aopublicar a poesia Aquela Morta, na Gazeta de
Portugal, aonde publica igualmente A
gondoleira a 5 de Novembro de 1867
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Em 16 de Janeiro de 1869, comea a publicar ofolhetim "Trevas" na Revoluo de Setembro;Com este trabalho tornou-se conhecido comopoeta. apresentado por Luciano Cordeiro comoum dos "poetas Novos", a par de Tefilo Braga,Antero de Quental, Guilherme Braga e Guerra
Junqueiro, entre outros; No ano da morte de sua irm (Maria Fausta, sua
principal fonte de inspirao) publica "Claridadesdo Sul"(1875), o seu primeiro livro potico, e
nele j se notam os seus ideais anticlericalistas erepublicanos, preocupaes tambm presentesem obras posteriores;
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Em 1881 um dos fundadores do jornal OSculo, publica A banalidade nacional irritada
(30 de Janeiro de 1881);
Para celebrar Cames e Bocage, publica o poema
em 4 cantosA Fome de Cames paracelebrar o tricentenrio do poeta (1880) e A
Morte de Bocage, (1881);
Nestes dois ltimos livros reflete sobre o destinofatal do poeta de misso, com que ele prprio seidentificava;
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Poesia oscilante entre trs escolas literrias dasegunda metade do sc. XX: o Romantismo, o
Simbolismo e o Parnasianismo. Foi consideradoainda um precursor do Modernismo;
Fez poemas de quase todos os tipos, inspirados
em diversas tendncias literrias; Poesia de cunho social, retratando a misria e o
desalento dos mais necessitados;
Poesia satrica em que ironizava a corte, o clero,a burguesia e os costumes do povo portugus. Foidetido e cumpriu pena na priso do Limoeiro porcrticas ao rei D. Lus;
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Poesia romntica em que exaltava o amor eidealizava a mulher;
Trabalhou ainda outros temas, como areligiosidade, o ocultismo, o pessimismo e a vidabomia noturna de Portugal.
Quando a me morre, em 1910, converte-se aocatolicismo, o que tem influncia na sua escrita,
mudana que se manifestou na sua obra, emlivros como "A Senhora da Melancolia;
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A Senhora da Melancolia
Poema de Gomes Leal, datado de 1910, subintitulado "Avatares de um ateu", que assinala aconverso do poeta, pois como o autor diz no
prefcio;No impossvel que o descrente um belo
dia encontre a sua estrada real de Damasco,
como Saulo, onde a cegueira dos seus olhosse cure e dissipe enfim".
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Comea aqui o perodo mais difcil da sua vida,do ponto de vista econmico, foi recolhido em
1913 por uma pessoa piedosa, dormia de casaem casa, ou nos bancos da praa pblica, echegou mesmo a ser apedrejado pelos garotosda rua, at que Teixeira Pascoaes e outrosescritores lanaram um apelo pblico para que oEstado lhe atribusse uma penso. Este objetivofoi conseguido quando o Parlamento votou que
lhe fosse atribuda a penso, no valor de 600$00reis que, apesar de diminuta, foi o seu sustentoat a morte;
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A fase final da vida de Gomes Leal foi marcadapor um grande fervor religioso, associado degradao fsica e moral consequente do seualcoolismo. Morreu em Lisboa no dia 29 deJaneiro de 1921;
Apesar de se mover literria e pessoalmente noscrculos prximos da Gerao de 70, no integrao grupo dos Vencidos da Vida, referindo porm,
o apreo que Ea de Queirs e Antero de Quentallhe dedicam, num comentrio feito pelo prprioGomes Leal na obra A Morte do Rei Humberto(1900);
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Designao com que Oliveira Martins batizou em
1888, o "grupo jantante", de onze intelectuais
portugueses, que se encontrava ora no Caf
Tavares ora no Hotel Bragana, e que congregava,
para fins de mero convvio e diverso, os membros
mais destacados da chamada Gerao de 70, entre
os quais o prprio Oliveira Martins (autor dadenominao Vencidos da Vida), Ramalho Ortigo,
Guerra Junqueiro, Antnio Cndido, o Marqus de
Soveral, o conde de Ficalho e, a partir de 1889, Ea
de Queirs;
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Para alm destes, e para completar o grupo dosonze tambm participaram Carlos Mayer, Carlos
Lobo d'vila, Bernardo de Pindela e o Conde deSabugosa;
Vrios destes intelectuais estiveram associados a
iniciativas de renovao da vida social e culturalportuguesa de ento, como as Conferncias doCasino. Como um grupo, ficaram conhecidos(embora no com inteira justia) pelo seudiletantismo, por um certo mundanismodesencantado;
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Estes no eram, contudo, sinais de falta deprofundidade intelectual, como comprovam asabundantes realizaes dos seus membros na
poltica, na diplomacia, na historiografia e naliteratura; Respondendo aos comentrios dos muitos que
desconfiavam da existncia de intenes polticas
ocultas por detrs destes encontros,nomeadamente a uma crnica de Pinheiro Chagasno Correio da Manh, em que este ironizava sobre ofato de todos aqueles vultos eminentes dasociedade portuguesa se autoproclamaremvencidos, Ea escreveu: "Mas que o querido rgo[Correio da Manh], nosso colega, reflita que, paraum homem, o ser vencido e derrotado na vidadepende, no da realidade aparente a que chegou,
mas do ideal ntimo a que aspirava;
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O autor de Os Maiasdava assim, voz aosentimento de desencanto ou frustrao de uma
gerao que almejara a reforma socioculturalprofunda do pas e que, como Ea dizia desde1878, parecia ter "falhado;
Com a morte e o afastamento progressivo dosseus membros, o grupo dos "Vencidos da Vida"dissolveu-se por volta de 1894.
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Desde o incio da sua obra potica, Gomes Lealrevela uma curiosa tendncia heterclita. Para
essa tendncia contribuem, sem dvida, osmodelos do romantismo portugus,paralelamente a modelos estrangeiros, frentedos quais est Baudelaire;
Gomes Leal rene Garrett e Herculano nummesmo preito patritico, em 1897, num textoem poesia, bastante polmico: O estrangeiro
vampiro. Carta a El-Rei D. Carlos I;
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Gomes Leal define-se como um gnio inadaptado sociedade, num misticismo visionrio.
Inmeros so os exemplos desta perspectiva dopoeta proscrito e infeliz, como Soneto dumpoeta morto, Aquele Sbio, El Desdichado eNoites de Chuvade Claridades do Sul;
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Obras O Tributo do Sangue (1873) A Canalha (1873) Claridades do sul (1875) A Fome de Cames: Poema em 4 cantos (1880)
A Traio (1881) O Renegado a Antnio Rodrigues Sampaio carta
ao Velho Pamphletario sobre a perseguio daimprensa(1881) (2)A morte do athleta (1883)
Histria de Jesus para as Criancinhas Lerem(1883) Troa Inglaterra (1890) A Senhora da Melancolia (1910)
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Noites de chuvaEu no sei, meu bem, cheio de graas!Se tu amas no Outono -- j sem rosas --
A longa e lenta chuva nas vidraas,E as noites glaciais e pluviosas!...
Nessas noites sem luz, que -- visionrios --Temos quimeras msticas, celestes,E cismamos nos pobres solitrios
Que tiritam debaixo dos ciprestes!
Que evocamos os lricos passados,As quimeras, e as horas infelizes,Os velhos casos tristes olvidadosE os mortos coraes sob as razes!...
Nessas noites, meu bem, em que desfeitocai o frio granizo nas estradas,E tanto apraz sonhando, sobre o leito,Ouvir a longa chuva nas caladas;
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Nessas noites, elctricas, nervosas,
Todas cheias de aromas outonais,
Que a tristeza tem formas monstruosas,
Como, num sonho, os prticos claustrais;
Noites s em que o sbio acha prazeres,
-- To ignorados dos cruis profanos; --
E em que as nervosas, msticas, mulheres,Desfalecem chorando, nos pianos;
Nessas noites, meu bem! que os poetas
Tm s vezes seus sonhos mais brilhantes,
Folheiam suas obras predilectas...
-- evocam rostos... e vises distantes!
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