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VI Seminário Latino Americano de Geografia Física
II Seminário Ibero Americano de Geografia Física
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ANÁLISE DE TERRENOS COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO DE
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, SÃO PAULO - BRASIL: O CASO DA SERRA
DA CANTAREIRA
Antonio Gonçalves Pires Neto1, Marcio Rossi2, Isabel Fernandes de Aguiar Mattos3,
Marina Mitsue Kanashiro4
1. Introdução
A Serra da Cantareira situa-se nos municípios de São Paulo, Caieiras, Mairiporã e
Guarulhos, no Estado de São Paulo. O Estado apresenta área territorial de 248.400 km2
sendo 19,95% coberto com vegetação natural, em grande parte preservada como
Unidades de Conservação de proteção integral (UCs) e administradas pelo Governo de
São Paulo, nas figuras principais de Parques Estaduais (PE) e Estações Ecológicas (EE).
Neste contexto encontram-se os PE da Cantareira e Alberto Lofgren.
Duas etapas são necessárias para o levantamento das informações que compõem
as UCs. A abrangência regional, que envolve a UC e seu entorno imediato
(aproximadamente 10km de borda) e o conhecimento local. O estudo de Terrenos foi
aplicado nas UCs: PE da Cantareira, Alberto Lofgren, Vassununga, Carlos Botelho, Ilha
do Cardoso, Jacupiranga, Jurupará e Furnas do Bom Jesus; e EE dos Caetetus, Assis,
Xitué, Chauás, Campina do Encantado, Juréia-Itatins e Ribeirão Preto, perfazendo uma
grande parte das Unidades de Conservação do Estado.
Á área de estudo localiza-se entre as coordenadas 46°25’ e 46°50’ W e 23°17’ 23°30’
S e é drenada pela bacia dos rios Cabuçu de Cima e Guaraú e pelos ribeirões Santa
Clara e Juqueri, todos afluentes do Rio Tietê.
A região está nos Reversos da Serra do Mar e da Mantiqueira denominado Planalto
Atlântico, a área ocupa a zona de contato entre as Colinas de São Paulo do Planalto
Paulistano, onde ocorrem relevos de Morrotes baixos e de Colinas pequenas com
espigões locais e a Serrania de São Roque que é constituída por Morros arredondados,
Mar de Morros, Morros com serras restritas e Serras alongadas (Ponçano et al, 1981).
Ocupa a zona limítrofe entre a Bacia de São Paulo e a Bacia de Taubaté, no contato
entre os sedimentos terciários e as rochas do embasamento cristalino.
1 GEIA Consultoria, São Paulo - Brasil – [email protected];
2 Instituto Florestal, São Paulo – Brasil – [email protected];
3 Instituto Florestal, São Paulo – Brasil – [email protected];
4 Instituto Florestal, São Paulo – Brasil – [email protected]
Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais
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Condicionados pelos diferentes tipos de rocha e de relevo foram identificadas a
presença de Argissolo Vermelho-Amarelo e Latossolo Vermelho-Amarelo, que se
associam a Latossolo Câmbico, Cambissolo Háplico, Afloramento Rochoso, e, Gleissolos
Háplico nas planícies fluviais e fluvio-coluviais. (Oliveira et al.1999 e Rossi et al,1997).
O clima na região é temperado com verão chuvoso, de outubro a março, e inverno
seco, de abril a setembro, (Cwa de Koeppen). A precipitação média anual é de 1478
mm com temperaturas médias mensais entre 17,6 C no mês mais frio (julho) a 23,5 C
no mês mais quente (fevereiro).
As unidades litorestratigráficas que ocorrem na área de estudo (Figura1), abordam
os sedimentos aluviais (Argila, silte, areias, cascalhos e matéria orgânica), a Suíte
granítica Fácies Cantareira (Granitos e Granodioritos foliados, de granulação fina a
média) e o Grupo São Roque (Clorita xisto, metassiltitos, filitos, quartzo filitos,
micaxistos, quartizitos feldspáticos, metarcósios, anfibolitos, Migmatitos).
Figura 1: Mapa geológico dos PE da Cantareira e Alberto Löfgren,São Paulo-Brasil.
Em continuidade aos Projetos: “Diagnóstico ambiental para o manejo sustentável
do Núcleo Cabuçu do PE da Cantareira e áreas vizinhas do município de Guarulhos”,
“Bases geoambientais para um sistema de informações ambientais do município de
Guarulhos” Processos FAPESP nº 01/02767-0 e 05/57965-1 e como subsidio aos Planos
de Manejo dos Parques, elaborou-se a análise integrada do meio físico, caracterizando
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os condicionantes abióticos dos ecossistemas terrestres utilizando-se como base o
conceito de terreno, importante ferramenta que permite avaliar as potencialidades e
restrições quanto ao uso em planejamento.
2. Material e Método
O estudo dos Terrenos é realizado através da análise integrada dos atributos do
meio físico, elaborado com base nos padrões fisiográficos e compreende a compilação
de informações e trabalhos de campo em que se relacionam o substrato rochoso, seu
potencial mineral e seus atributos geotécnicos; o relevo no que se refere aos seus
atributos morfométricos e a sua dinâmica superficial; os solos e a sua aptidão agrícola,
de modo a se identificar os principais tipos de terrenos que ocorrem na área,
oferecendo subsídios importantes para o entendimento das características estruturais
e de composição da cobertura vegetal, das condições ecológicas em que estão
inseridos os diferentes tipos de vegetação, bem como dos processos geradores e
mantedores da biodiversidade.
O conceito de terreno utilizado agrega as propostas de MABBUTT (1968), AUSTIN e
COOCKS (1978) e ZONNEVELD (1992) e considera que os terrenos são áreas definidas e
uniformes podendo ser facilmente reconhecidas pela sua fisionomia, no campo e nas
imagens de sensores remotos. Caracterizado com base na forma de relevo, solo e
vegetação, podem ser descritos simultaneamente em relação as suas feições mais
significativas e com relação a um propósito prático. Seus principais componentes são
interdependentes e tendem a ocorrer correlacionados.
O estudo do terreno classifica o espaço segundo suas condições ambientais
dominantes e suas qualidades ecológicas. Avalia seu potencial de uso e de suas várias
partes, tendo como pressuposto, a realização de estudos multidisciplinares integrados,
o que se mostra muito mais eficiente para o planejamento territorial e na análise
ambiental, facilitando a implantação e a manutenção do zoneamento territorial.
Os parâmetros morfométricos do relevo tais como comprimento de rampa,
amplitude e inclinação das encostas e as propriedades texturais e físico-químicas do
solo refletem-se na dinâmica superficial e nas características das formas de relevo, na
freqüência e intensidade dos processos erosivos e de deposição, determinando
diferentes possibilidades de ocupação e de manejo. Incorporam ainda, os resultados
de avaliação da aptidão agrícola, de classificação da terra e da capacidade de uso
agropecuário, usos importantes a considerar no planejamento territorial.
A análise do relevo compreendeu a caracterização de compartimentos de tipos
Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais
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homogêneos, individualizados com base na sua morfografia, morfometria e
morfogênese, bem como, com relação à cobertura pedológica e os processos de
erosão e deposição predominantes e ao seu condicionamento litoestrutural,
compondo-se assim um mapa que identifica áreas com constituintes e atributos
semelhantes. Estas informações permitiram identificar o grau de estabilidade das
encostas, do substrato rochoso e dos solos, apontando áreas de maior fragilidade
frente aos processos erosivos potenciais e aos processos de acumulação.
O estudo pedológico caracterizou as principais associações de solo e relevo e a
avaliação estimativa da aptidão agrícola e florestal dos diferentes terrenos,
subsidiando a análise geoambiental integrada voltada para a compreensão da
dinâmica da paisagem e entendimento das características estruturais.
No mapeamento da geomorfologia adotou-se o procedimento descrito por PIRES
NETO (1992), que considera a perspectiva sintética-histórica no mapeamento em
pequenas escalas, baseados em DEMECK (1967) e de VAN ZUIDAN (1982), e,
compreendeu ainda, revisão bibliográfica e cartográfica, interpretação de fotografias
aéreas, imagens de satélite e trabalhos de campo.
O relevo é caracterizado com base nos critérios de amplitude (h) das formas de
relevo, comprimento da vertente (l) em planta e a inclinação das encostas (d), onde: h
é a diferença de altitude entre o topo da saliência e o fundo da reentrância contígua; l
é a distância entre a linha do divisor de águas e o canal; e, d = h/l (em %).
Os critérios utilizados são apresentados no Quadro 1 e quando ocorrem formas
associadas, os relevos são diferenciados por nomes compostos, sendo que o primeiro
nome indica a forma predominante.
Para a dinâmica superficial (DEMEK, 1967), são analisadas as encostas, as
coberturas detríticas, os depósitos coluviais e aluviais e as cicatrizes de processos
erosivos (erosão laminar, em sulcos ou ravinas, boçorocas, erosão fluvial, rastejo,
escorregamentos planares e rotacionais e quedas de blocos), aqui descritos
qualitativamente quanto ao modo de ocorrência: ocasional (em alguns locais, de modo
fortuito e eventual); freqüente (em vários locais, se repete no relevo); e generalizado
(em muitos locais, sendo comum a presença) e a intensidade: Baixa (afetam pequenas
áreas ou tem pouca profundidade); Alta (afetam grandes áreas ou tem grandes
profundidades); e, Média (situações intermediárias).
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Amplitude local Inclinação predominante Formas de Relevo
< 100 m
< 2 % Rampas
2 a 15 % Colinas
> 15 % Morrotes
100 a 300 m 5 a 15 %
Morros com encostas suaves
> 15 % Morros
> 300 m >15 % Montanhas Quadro 1 - Classificação de formas de relevo, segundo a amplitude e inclinação. Conforme
a expressão das formas em área (km2) elas são classificadas em: Muito Pequena (< 0,3),
Pequena (0,3 a 2), Média (2 a 4), Ampla (4 a 30) e Muito ampla (> 30). Modificada de
PONÇANO et al. (1981), por PIRES NETO (1992).
O grau de dissecação dos relevos seguiu os procedimentos de ROSS e MOROZ
(1997), baseado em uma matriz que relaciona índices morfométricos da dimensão
interfluvial e o grau de entalhamento.
No caso da Serra da Cantareira, na caracterização dos atributos e na análise de
terrenos procedeu-se inicialmente a adequação de legendas e escala dos mapas;
existentes, correlacionando as informações e adequando conteúdos e denominações,
após, elaborou-se a fotointerpretação de fotografias aéreas na escala 1:60.000 e a
confecção de mapas.
3. Resultados
Com a aplicação da metodologia descrita foram produzidos os mapas
geomorfológico, altimétrico, clinográfico, geológico, pedológico e de Unidades de
Terreno. No mapa geomorfológico foram diferenciados 7 tipos de relevo, Planícies
Fluviais (Pf), Colinas pequenas (Cp), Colinas pequenas e Morrotes (CpMT), Morrotes
(MT), Morrotes paralelos (MTp), Morrotes e Morros (MTM), Morros e Montanhas
(MMH), representados na Figura 2. Os mapas de apoio hipsométrico e clinográfico
evidenciaram diferenças marcantes entre os relevos das Unidades, principalmente
quanto às altitudes, amplitude das formas de relevo e inclinação das encostas.
Com relação às informações de solos (Figura 3) estabeleceu-se 13 unidades de
mapeamento sendo 2 simples e 11 associações de solos, compostas basicamente por
Latossolos Vermelho-Amarelos e Amarelos (Oxisoils/Ferralsols), Cambissolos
(Inceptsoils/Cambisols), Argissolos Vermelho-Amarelos (Ultisoils, Lixisols), Gleissolos
(Aquents/Gleysols)e Neossolos Flúvicos (Fluvents/Fluvisols) e Neossolos Litólicos (Lithic
Ortents/Leptosols).
Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais
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As análises de solo indicam que independentemente do tipo de solo, do relevo e da
litologia encontrados, apresentam-se com uniformidade química e muito lixiviados,
ácidos a excessivamente ácidos, soma de bases baixa e saturação por alumínio elevada
(álicos), com baixíssima fertilidade natural e com profundidade variada, dominando os
solos pouco profundos A drenagem interna desses solos também é variada, sendo
mais comuns os moderadamente drenados, que aliados ao clima úmido, permitem a
disponibilização de água durante o ano todo. Pela granulometria, predominam os solos
argilosos, nas litologias compostas por rochas metapelíticas e metavulcânicas,
enquanto que nos granitos aparecem os solos de textura média a argilosa. Em todos
esses casos, o relevo encontrado oscila entre morros e montanhas e em menor
proporção, morrotes. Quando o material originário de metapelítos (xistos) ocorre no
relevo colinoso, a textura dos solos tende a muito argilosa.
Figura 2: Mapa Geomorfológico dos PE da Cantareira e Alberto Löfgren, S. Paulo-Brasil
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Figura 3: Mapa de solos dos PE da Cantareira e Alberto Löfgren, São Paulo-Brasil. LVA e
LA=Latossolo; CX=Cambissolo; GX= Gleissolo; RL= Neossolo Litólico.
As Unidades de Terreno
O PE da Cantareira insere-se na Serrania de São Roque, sendo constituido por
terrenos Montanhosos, Amorreados Baixos, Colinosos com ocorrência restrita na área
e de Planície fluvio-coluvial que se distribui nos fundos de vale, condicionados por
soleiras litoestruturais. Enquanto o PE Alberto Löfgren encontra-se no Planalto
Paulistano, sendo constituido por terrenos Colinosos e de Planicie fluvio-coluvial.
Terrenos Montanhosos (Figura 4), caracterizam-se por apresentar relevo de grande
amplitude, com vales erosivos encaixados, encostas íngremes e por vezes rochosas.
São sustentados por rochas proterozoicas, representadas na parte oeste da unidade
por granitos do Batolito Cantareira e na parte leste por xistos, quatzitos, filitos,
anfibolitos e migmatitos do Grupo São Roque (Quadro 2).
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MONTANHOSOS
Relevo Altitude: 900
a 1250m
Morros e Montanhas
Amplitude: 120-420m
Inclinação: 20 a 50 %
Formas maciças, angulosas e desniveladas. Topos estreitos agudos e rochosos, por vezes com picos isolados. Perfil de vertente descontínuo, segmentos longos, retilíneos, convexos e rochosos. Vales erosivos e muito encaixados. Canais em rocha e blocos, com cachoeiras e rápidos. Planícies alveolares localizadas a montante de soleiras. Canais de 1a ordem pouco encaixados, rede de drenagem de alta densidade.
Substrato Rochoso,
Sedimentos e Coberturas
Granitos foliados, granulação fina a média, porfiríticos, composição tonalítica a granítica que predominam e por migmatitos heterogêneos de paleossoma xistoso, xisto, filitos, quartizito e anfibolitos.
Associações de Solos
Dominam Cambissolos Háplicos textura argilosa, rochoso ou não rochoso, que ocorrem associados com Latossolo Vermelho-Amarelo de textura argilosa, Neossolo Litólico de textura arenosa a média (em quartzitos) e Afloramentos Rochosos.
Dinâmica Superficial
Erosão laminar, em sulcos e ravinas ocasionais e de média intensidade. Rastejo e movimentos de massa (escorregamentos planares e queda de blocos) são freqüentes e de média a alta intensidade. Entalhe fluvial é generalizado e de alta intensidade.
Potencialidades
Predominam Áreas para proteção e abrigo da fauna e da flora silvestre, recreação e turismo.
Restrições
- Solos ácidos e pobres em nutrientes, com severas restrições para o uso agrícola, pastoril ou florestal devido a sua elevada capacidade de degradação, a elevada erodibilidade, a forte a muito forte limitação a trafegabilidade. - Dificuldades de escavação e de cravação de estacas, possibilidade de recalques diferenciais em fundações estruturais devido à presença de matacões no solo. - Risco de escorregamentos e queda de blocos, devido à exposição do contato solo/rocha, em áreas saturadas ou com surgência d‘água e ao descalçamento em taludes de corte ou superfície de encosta. - Risco mais intenso de erosão em sulcos e ravinamentos em cortes do que em aterros, que podem ser compactados. - Risco de assoreamento dos canais fluviais próximos às áreas de intervenção devido à erodibilidade elevada dos solos.
Diagnóstico Terrenos impróprios e/ou muito susceptíveis à interferência devido à inclinação acentuada de suas encostas, a erodibilidade dos solos de alteração e a intensidade dos processos erosivos. Áreas para proteção e abrigo da fauna e da flora silvestre, recreação e turismo.
Ocorrência dos processos: Ocasional - ocorre em alguns locais, de modo fortuito e eventual. Freqüente - ocorre em vários
locais, sendo um processo que se repete no relevo. Generalizado - ocorre em muitos locais sendo comum a sua presença.
Intensidade dos processos: baixa, média e alta.
Quadro 2 - Características dos Terrenos Montanhosos
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Figura 4: Mapa de tipos de terreno dos PE da Cantareira e Alberto Löfgren.
Predominam os Cambissolos sobre os Latossolos, todos argilosos, ocorrendo
diferenciações condicionadas pelo substrato rochoso. Na parte oeste sobre os granitos
é comum à presença de blocos e matacões na massa e na superfície do solo, sendo
freqüente a presença de campos de matacões e afloramentos rochosos nas encostas.
Na parte leste do Parque dominam as rochas metasedimentares sendo comum à
presença de pedregosidade e rochosidade nos solos desenvolvidos sobre xistos e
migmatitos. Nos quartzitos feldspáticos ocorrem Neossolo litólico de textura arenosa e
Cambissolos de textura média a argilosa, enquanto que nos filitos, os solos são pouco
profundos, amarelos de textura argilosa a média.
A ocorrência de processos de erosão laminar, em sulcos e ravinas ocasionais e de
média intensidade, bem como de processos de rastejo e movimentos de massa:
escorregamentos planares e queda de blocos freqüentes e de média a alta
intensidade, e o entalhe fluvial generalizado e de alta intensidade, tornam esses
terrenos muito susceptíveis à interferência. Tais características associadas à inclinação
acentuada de suas encostas configuram esses terrenos, como áreas para proteção e
abrigo da fauna e da flora silvestre, e para fins de recreação e turismo.
Cabe considerar que a alta suscetibilidade desses terrenos à ocupação gera
problemas de estabilidade dos cortes e aterros ao longo das várias estradas que
cortam o Parque, causando alterações significativas nas encostas e assoreamentos
Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais
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intensos em inúmeros cursos de água.
Terrenos Amorreados Baixos formam uma faixa de direção nordeste na parte leste
do PE da Cantareira, ao longo do Ribeirão Cabuçú, tendo seu desenvolvimento, em
parte, condicionado a presença das falhas do Barro Alto e Cabuçu que devido ao maior
grau de fraturamento das rochas, favoreceram a erosão diferencial e um rebaixamento
do relevo (Quadro 3).
AMORREADOS BAIXOS
Relevo Altitudes: 850
a 980m
Morrotes Amplitude: 40 a 90
m Inclinação:12% a
25%
Morrotes paralelos
Amplitude: 30 a 90m
Inclinação:10% a 30 %
Morrotes e
Morros Amplitude: 40 a
100m Inclinação: 15 a
35%
Formas niveladas. Topos estreitos e convexos. Perfil de vertente contínuo com segmentos retilíneos. Vales erosivos abertos. Padrão de drenagem subdendrítico de média densidade. Formas niveladas. Topos estreitos, convexos e alongados na direção nordeste. Perfil de vertente contínuo com segmentos retilíneos ou convexos. Vales erosivos encaixados. Canais em rocha e blocos. Padrão de drenagem treliça e paralelo de alta densidade. Formas niveladas. Topos estreitos convexos. Perfil de vertente descontínuo com segmentos retilíneos e convexos. Vales erosivos encaixados e erosivos-acumulativos abertos. Planícies fluviais estreitas e descontínuas. Canais em rocha e blocos. Padrão de drenagem subdendrítico e subparalelo de média a alta densidade
Substrato Rochoso,
Sedimentos e Coberturas
Xisto, filitos, quartizitos, anfibolitos, migmatitos e de modo subordinado em granitos foliados, granulação fina a média e porfiríticos.
Associações de Solos
Associação de Latossolo Vermelho-Amarelo de textura argilosa com Cambissolo Háplico textura argilosa, ambos pedregosos, nos xistos e migmatitos, podendo apresentar blocos e matacões na massa e na superfície do solo, nos granitos.
Dinâmica Superficial
Erosão laminar, em sulcos (ravinas) e entalhe fluvial freqüente e de média intensidade. Rastejo, escorregamentos pequenos e queda de blocos ocasionais e de baixa intensidade.
Potencialidades
Solos com boas drenagens internas. Porosidade e friabilidade elevada favorecem o enraizamento. Terras aptas para a agricultura, pastagem e silvicultura, mas que necessitam de praticas complementares de melhoramento. Áreas de proteção e abrigo da fauna e flora silvestre e para fins de recreação e turismo.
Restrições Profundidade variável apresenta minerais primários pouco intemperizáveis, maior
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disponibilidade de nutrientes próximo à rocha. Podem favorecer a contaminação de aqüíferos devido à permeabilidade elevada. Baixa disponibilidade de nutrientes e toxidade por Al3+. Susceptibilidade a erosão laminar, em sulcos e a pequenos escorregmentos, quando da remoção do solo devido à aração, à obras de terraplenagem ou a obras de drenagem que provocam a concentração do escoamento superficial, principalmente nos granitos.
Diagnóstico Terrenos susceptíveis à interferência devido à setores de encostas mais inclinados. Áreas para proteção e abrigo da fauna e flora silvestre, para fins de recreação e turismo.
Ocorrência dos processos: Ocasional - ocorre em alguns locais, de modo fortuito e eventual. Freqüente - ocorre em vários
locais, sendo um processo que se repete no relevo. Generalizado - ocorre em muitos locais sendo comum a sua presença.
Intensidade dos processos: baixa, média e alta.
Quadro 3 - Características dos Terrenos Amorreados Baixos
Na parte oeste do PE da Cantareira, sobre granitos, há uma ocorrência menor
desses terrenos, associada a um alvéolo formado a montante de soleira litoestrutural,
que condiciona ainda a presença de Planície Fluvio-coluvial, no Córrego Itaguaçu.
Nesse alvéolo também predominam os Latossolos Vermelho-Amarelo sobre os
Cambissolos ambos argilosos, porém com a presença de blocos e matacões na massa e
na superfície do solo.
Embora esses terrenos apresentem menor amplitude, suas encostas têm
inclinações acentuadas favorecendo a presença de processos erosivos de média a alta
intensidade o que também limita a ocupação dessas áreas e provocam problemas de
estabilidade nas estradas implantadas nesses terrenos.
Terrenos Colinosos constituem o Planalto Paulistano, com ocorrência restrita.
Esses terrenos, descritos no Quadro 4, são constituídos por granitos do Batólito
Cantareira, tem encostas de baixa inclinação, predominando Latossolo Vermelho-
Amarelo de textura argilosa associados a Cambissolo Háplico textura argilosa, rochosa
nos granitos e com Argissolo Vermelho-Amarelo textura argilosa a muito argilosa nos
xistos.
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COLINOSOS
Relevo Altitudes:
800 a 880m
Colinas pequenas Amplitude:20 a 40
m Inclinação: 6 a 13 %
Colinas pequenas e
Morrotes Amplitude:25 a 60
m Inclinação:10 a 20 %
Formas subniveladas. topos estreitos convexos. Vertentes de perfil contínuo, com segmentos retilíneos a convexos. Vales erosivos abertos e bem marcados no relevo. O padrão de drenagem é sub-dendrítico de baixa a média densidade. Associam-se colinas e morrotes de topos estreitos convexos. Perfil de vertente contínuo e descontínuo com segmentos convexos e retilíneos, sendo mais íngreme nas nascentes. Vales erosivos-acumulativos encaixados e acumulativos abertos, com planícies estreitas e contínuas. Padrão de drenagem sub-dendrítico de baixa a média densidade.
Substrato Rochoso,
Sedimentos e Coberturas
Granitos foliados, granulação fina a média, porfiríticos e xisto de composição variada.
Unidades de Solos
Associação de Latossolo Vermelho-Amarelo de textura argilosa com Cambissolo Háplico textura argilosa rochoso nos granitos e de Latossolo Vermelho-Amarelo de textura argilosa com Argissolo Vermelho-Amarelo textura argilosa a muito argilosa nos xistos.
Dinâmica Superficial
Erosão laminar e em sulcos freqüentes e de média intensidade. Boçorocas ocasionais e de baixa intensidade.
Potencialidades
Áreas favoráveis ao uso urbano e industrial Solos em geral com fertilidade muito baixa, necessitando de fertilização e irrigação para obtenção de produtividades economicamente viáveis. O relevo permite a mecanização.
Restrições Susceptibilidade a erosão laminar e em sulcos quando da remoção do solo superficial em obras de terraplenagem ou de drenagem que provocam a concentração do escoamento superficial.
Diagnóstico Terreno pouco susceptível a interferência e favorável ao uso antrópico. Ocorrência dos processos: Ocasional - ocorre em alguns locais, de modo fortuito e eventual. Freqüente - ocorre em vários locais, sendo um
processo que se repete no relevo. Generalizado - ocorre em muitos locais sendo comum a sua presença. Intensidade dos processos: baixa,
média e alta.
Quadro 4 - Características dos Terrenos Colinosos
Apresentam processo de erosão laminar e em sulcos freqüentes e de média a baixa
intensidade e ainda boçorocas ocasionais e de baixa intensidade, o que lhes confere
baixa susceptibilidade à ocupação e a urbanização. Porém, a ocupação desordenada
pode acelerar processos de erosão e acumulação e a contaminação de cursos de água.
O grande número de construções que existem nos terrenos Colinosos, bem como a
disposição de grande quantidade de entulho, restos de construção e restos de poda,
tem provocado alterações significativas, que afetam as suas encostas e as Planicies
fluvio-coluviais adjacentes, processos largamente verificados.
Terrenos de Planície fluvio-coluvial são terrenos em que ocorrem vários canais
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fluviais, em sua maior parte alterados pela construção dos lagos do Parque, pela
atividade mineraria passada e pela urbanização. São formados por uma rampa
levemente inclinada, geralmente com blocos e matacões e uma planície de inundação
mais rebaixada e plana com canais aluviais e áreas alagadiças, nos fundos de vales
erosivos-acumulativos, geralmente encaixados e profundos (Quadro 5).
PLANÍCIE FLUVIO COLUVIAL
Relevo
Planície Fluvio-Coluvial
Altitudes variadas Inclinação: 2 a 5%
Área plana, estreita, descontínua com alagadiços, que ocorrem no fundo dos vales e lateralmente passam a rampas pouco inclinadas. Canais sinuosos aluviais com areia, blocos e matacões. Formadas por processos fluviais, gravitacionais e pluviais.
Substrato Rochoso,
Sedimentos e Coberturas
Constituídos por camadas de areias médias e grossas, micáceas, por vezes arcoseanas e ou argilosas, que predominam no topo e níveis de seixos orientados, blocos arredondados e matacões.
Unidades de Solos
Associação de Gleissolo Háplico de textura argilosa com Neossolo Flúvico textura errática, nas áreas mais inclinadas associam-se Cambissolo Háplico textura argilosa, rochoso ou não rochoso com o Gleissolo Háplico de textura argilosa.
Dinâmica Superficial
Erosão vertical e lateral de canais. Rastejo e acumulo de detritos,freqüente e de média a alta intensidade. Enchentes sazonais e torrenciais.
Potencialidades
Áreas para proteção e abrigo da fauna e da flora silvestre, recreação e turismo.
Restrições
Solos ácidos e pobres em nutrientes, com severas restrições para o uso agrícola, pastoril ou florestal devido a sua elevada capacidade de degradação, a elevada erodibilidade, a forte a muito forte limitação a trafegabilidade. Dificuldades de escavação e de cravação de estacas, possibilidade de recalques diferenciais em fundações estruturais devido à presença de matacões no solo. Problemas localizados de instabilidade devido a presença de blocos e matacões. Risco de processos erosivos e de assoreamento dos canais fluviais devido à ação das torrentes serranas. Proximidade de Áreas de Preservação Permanente (APP).
Diagnóstico Terrenos muito susceptíveis à interferência devido a inundações sazonais e torrenciais. Áreas para proteção e abrigo da fauna e flora silvestre, recreação e turismo.
Ocorrência dos processos: Ocasional - ocorre em alguns locais, de modo fortuito e eventual. Freqüente - ocorre em vários
locais, sendo um processo que se repete no relevo. Generalizado - ocorre em muitos locais sendo comum a sua presença.
Intensidade dos processos: baixa, média e alta.
Quadro 5 - Características das Unidade de Terreno Planície Fluvio-Coluvial
Esses terrenos são constituídos por camadas de areias médias e grossas, micáceas,
por vezes arcoseanas e ou argilosas, que predominam nas áreas planas, onde se
desenvolve Gleissolo argiloso e Neossolo Flúvico; e nas rampas, com níveis de seixos
orientados, blocos arredondados e matacões, onde se associam Cambissolo argiloso e
Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socioambientais
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rochoso ou não rochoso com o Gleissolo argiloso.
Por se tratarem de áreas com riscos de enchentes sazonais e torrenciais que
provocam acúmulo de detritos freqüente de média a alta intensidade, pelo risco de
contaminação devido à presença de lençol freático elevado e pela presença de áreas
de Preservação Permanente, são áreas de uso restrito.
No PE Alberto Lofgren a qualidade ambiental é bastante comprometida pelo
lançamento de esgoto e águas servidas, deposição de lixo e entulhos e pela retificação,
barramento e aterramento dos canais fluviais. Dessa forma, esses terrenos
apresentam alta susceptibilidade à ocupação sendo comumente recomendados para
proteção e abrigo da fauna e da flora silvestre e para fins de recreação e turismo.
4. Conclusões
As Unidades de terrenos são áreas relacionadas e uniformes podendo ser descritas
simultaneamente.
A aplicação do conceito de terreno permite realizar a análise conjunta das
características de uma dada área, otimizando recursos humanos e financeiros.
No planejamento é possível sugerir restrições e potencialidades de uso da área.
VI Seminário Latino Americano de Geografia Física
II Seminário Ibero Americano de Geografia Física
Universidade de Coimbra, Maio de 2010
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5. Bibliografia
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