ao encontro dos montagnes de hoje

104
X Encontro da Rede Interamericana de EAM Sumário Primeiro dia Marcelino e os Pobres................................. 03 Segundo dia Os "Montagne" hoje ........................................ 31 Terceiro dia Maristas ao encotro dos "Montagne" ................................................ 65 Encontro: Os Maristas com os "Montagne".......... 95

Upload: leminh

Post on 08-Jan-2017

215 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

SumárioPrimeiro dia

Marcelino e os Pobres .................................03

Segundo dia

Os "Montagne" hoje ........................................31

Terceiro dia

Maristas ao encotro dos "Montagne" ................................................ 65

Encontro:

Os Maristas com os "Montagne" ..........95

Marcelinoe os

pobres

Marcelinoe os

pobres

Primeiro dia:

Marcelinoe os

pobres

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

04

Esquema geral:PRIMEIRO DIA SEGUNDO DIA TERCEIRO DIA

Tem

a

Marcelino e os pobres Os "Montagne" hoje Maristas: ao encontro dos "Montagne"

Mot

ivaçã

oPp

.

Necessitamos de Irmãos.

Direitos da criança

A pobreza no mundo

Crianças indígenas em perigo

Rostos sofredores: América Latina

Manh

ã

Contemplemos e escutemos a Marcelino.

No coração de Marcelino: os pobres

Os pobres hoje

A opção pelos pobres

Os maristas: Irmãos e Leigos com os "Montagne" hoje

Presença significativa entre os pobres

Maria Com o coração

de MariaCom Maria, compassivos

Maria se pôs a caminho

Tard

e

Experiência "Montagne"

Minhas experiências "Montagne"…

Minha opção pelos pobres ou os pobres e eu…

No futuro Marista esperam os "Montagne"…

No fi

m d

a ta

rde Momento para

compartilhar em grupos

Momento para compartilhar em grupos

Momento para compartilhar em grupos

Oraç

ão Champagnat e os "Montagne"

Saiamos depressa como Maria; os "Montagne" nos esperam. (Celebração)

Primeiro dia

05

OBJETIVO:

Contemplar e escutar Marcelino Champagnat para encher-nos de seus sentimentos e de sua pai-xão pelos necessitados, os "Montagne" de hoje.

MOTIVAÇÃO

“No encontro com o jovem Montagne , Marcelino movido pelos Espírito, revive a experiên-cia do amor incondicional de Jesus e de Maria pela humanidade. Pleno de compaixão, lança-se à aventura de fundar uma família de Irmãos que entreguem suas vidas a serviço das crianças e dos jovens, especialmente dos mais necessitados” (EAM 23).

“Cremos que participamos da missão de Jesus, “enviado para anunciar a Boa -nova aos pobres”.

E porque hoje, mais do que nunca, aumenta o número dos pobres e marginalizados aos quais não se anuncia o Evangelho, sentimo-nos chamados a recriar a experiên-cia "Montagne" por fi delidade a Cristo e ao Fundador, a educar em solidariedade e para a solidariedade, como poderoso instrumento de evangelização e a evangelizar, posto que é o melhor serviço que podemos prestar à humanidade (Solidariedade, 10 – XIX Capítulo Geral).

Primeiro dia:

Marcelino e os pobresMarcelino e os pobres

Entre os anos 1820-1840 existiram muitas coisas que, por diversas razões, um homem caritativo como o Padre Champagnat não pôde realizar (por ex., a luta política). Diz Kelly (piedoso cú-quero norte-americano) que o essencial não são os feitos externos ou visíveis a serviço da humanidade sofredora, pois o próprio Cristo não o fez em seu tempo.

O essencial é que haja um princípio inte-rior que nos mantenha em alerta ante o que nos é apresentado, e especialmente ante as mudanças. Necessita-se de vigi-lância constante para adaptar as lições do passado. De outro modo, nos passará como aos fariseus que foram incapazes de compreender a nova lei de Cristo.

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

06

Há um versículo em Lc 12, 57 que reza assim: “Por que não julgam por si mesmos o que é justo”? No versículo anterior, Jesus dizia: Vocês sabem discernir o aspecto da terra e do céu; por que não discernem o tempo presente? É como se dissesse: Há coisas simples que não supõem estudos, por exemplo, meus milagres; eles deveriam ajudá

-los a compreender quem eu sou. Ninguém jamais fez tais coisas, isso signifi ca algo!

COMPAIXÃO DO PADRE CHAMPAGNAT

CASO BERLIER

Temos uma história que os Irmãos João Batista e Avit nos contam. Estamos em janeiro de 1825, e signifi ca que a Comunidade de La Valla ainda não viera morar em L’Hermitage. Ali estão apenas alguns Irmãos para ajudar a pôr o piso. A Comunidade não se transferirá antes da primavera.

Ocorre então o caso de um enfermo, em si-tuação grave, em Le Bechat (a 500m de distância). O Pe. Champagnat estava ausente, em viagem, e quando retorna, um Irmão lhe diz: Em Le Bechat há um jovem gravemente enfermo que jaz sobre palhas, quase desnudo (em janeiro?) e com poucas cobertas. A mãe não está, porque ele não quer vê-la, sob o pretexto de que ela o que envenenar.

Talvez estivesse meio louco, não sei. Mas, o interessante é a reação do Padre Champagnat. Quando lemos o texto, percebemos que o Pe. Champagnat estava contrariado pelo fato de os Irmãos terem esperado até seu retorno para agir. Parte, pois para ver o doente; diz-lhe palavras de consolação e logo corre até em casa, chama o ecônomo e lhe dá ordem de levar, com urgência, um colchão, lençóis e cobertores.

– Desculpe, Padre, já não há colchões.– Como? Nem um sequer?– Não, Padre. Lembra que o último entregamos, faz poucos dias.– Então, pegue o meu e leva-o, em seguida, para esse pobre homem.

Primeiro dia

07

O que signifi ca esse exemplo? Não é ne-cessário nós termos uma Regra ou um determinado fi m apostólico para perce-bermos certas coisas. Elas se impõem por si. O caso terá consequências curiosas, porque não se tratava de um jovem po-bre, mas de um jovem, possivelmente, um tanto fi lho pródigo. Em todo caso, como estava em desavença com sua família, e como fora tratado com tanta caridade pelo Pe. Champagnat, fez um testamento em favor deste. A família moveu, depois, um processo contra o Pe. Champagnat, acusando-o de ter in-fl uenciado o jovem, na confi ssão...

O Pe. Champagnat pôde demonstrar que não fora ele quem o havia atendido em confi ssão, mas o padre de Izieux. O pro-cesso foi provavelmente demorado – não estudei a fundo todo o caso –, mas o Ir. Avit oferece mais detalhes. Assim, vemos que 4 ou 5 anos depois disso, o Pe. Champagnat recebeu vários terre-nos que eram parte da fortuna de um tal Berlier. Está claro que o Pe. Champagnat não buscara isso, mas assim aconteceu.

O pensamento de Champagnata) A escolaEm face das grandes necessidades edu-cativas de seu tempo. O Pe. Champagnat se ocupou, em primeiro lugar, das es-colas rurais porque, nesse aspecto não

existia quase nada. Mais adiante, aceitou escolas em povoados maiores, porque os Irmãos de La Salle não podiam fazer tudo. Em ambos os casos, tratava-se de evangelização.

b) Trabalhadores manuaisO objetivo de Marcelino é fazer a vonta-de de Deus e anunciar o Evangelho aos pobres. E constatamos que no fi m de sua vida, havia 280 Irmãos entres quais 180 professores. Suponhamos que 30 fossem noviços e 10 eram os Irmãos idosos e enfermos. Restam, pois, 50 a 60 Irmãos dedicados aos trabalhos manuais. Não sei se o Pe. Champagnat, em 1816, pen-sara em ter tantos Irmãos dedicados a trabalhos manuais. No entanto, ele não tinha preconceitos. Não dizia: Fundei uma congregação de professores: que sentido têm esses Irmãos não ensinan-tes? Mas qualquer um que apenas tivesse visto L’Hermitage poderia perguntar-se:

– O que é isso?

– É um mosteiro.

– Então, Champagnat é o tipo de pessoa que não sabe o que deve fazer?

– Sim, ele o sabe. Quer fazer a vontade de Deus. E esta consiste em poucas teorias e muita abertura ao Senhor e aos sinais dos tempos.

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

08

c) Os pobres órfãosEstá claro que, desde o início, o Padre Champagnat pensou nas crianças órfãs, talvez porque para elas não havia então nenhum recurso. Elas não podiam pagar (cf. o Cura d’Ars). Calcula-se que, em torno dos 14 anos, 50% dos meninos já tinham perdido o pai ou a mãe. De algum modo o Pe. Champagnat se deu conta de que o tema dos órfãos era um problema diferente daquele das demais crianças do campo. Mais que os outros, os órfãos precisavam de aprender outro ofício, diferente da agricultura.

No entanto, no início pensou apenas e ocupar-se dos órfãos tanto quanto das de-mais crianças, com a única diferença de que eles, certamente, não pagariam nada. No Boletim do Instituto nº 208, estudei o caso de um que se chamava J. B. Berne. O Pe. Champagnat encontrou a mãe dele, sozinha e enferma. Ocupou-se dela por muito tempo, todo o tempo de sua enfermidade. Estava na miséria, sem lenha para suportar o inverno cruel de 1820. Atendeu-a em confi ssão, exortou-a a colocar-se nas mãos de Deus e a oferecer seus sofrimentos e privações ao Senhor. Mas, como nada se remediava apenas com palavras, fazia com que se lhe levasse comida, roupa e lenha, além de conseguir alguém que lhe fi zesse companhia, dia e noite. Sua casa não fi cava longe de Maisonnette; penso que a mãe do Ir. Francisco não estivesse alheia ao caso.

Quando essa mulher morreu, deixou um fi lho de 9 anos, nascido fora do matrimô-nio. O rapaz se chamava Berne, sobrenome da mãe que, posteriormente, se casara com um tal Jamet; o menino não havia sido reconhecido. O casal teve depois uma menina e, provavelmente, o rapaz sentiu-se um estranho. Em todo caso, falecida a mãe, o Pe. Champagnat consegue que o menino fosse aceito na escola-albergue dos Irmãos; porém, não se submetia à disciplina e escapou várias vezes. Finalmente, os Irmãos pedem ao Padre Champagnat que o despedisse, entregando-o à própria sorte. Como Champagnat, com palavras de alento, tratasse de sua aceitação pelos Irmãos, estes responderam:

– Ele não tem nenhum princípio religioso; tem hábitos viciosos, seu coração e seu caráter são corrompidos; é um inconstante que apenas quer seguir suas inclinações perversas.

– De acordo, mas não é razão sufi ciente para expulsá-lo; precisam rezar mais e ter paciência…

Primeiro dia

09

– Mas é inútil: à bondade responde com blasfêmias; prefere pedir esmola a submeter-se à disciplina. Fizemos todo o possível para inspirar-lhe bons sentimentos e aderir ao bem; já não há o que fazer.

Então o Pe. Champagnat disse umas palavras muito sérias:

– “Se vocês o expulsam, Deus confi ará a alguém outro o encargo e lhe dará as graças para educá-lo.” É provável que o Pe. Champagnat conhecesse uma pessoa a quem poderia pedir este ato de caridade. Os Irmãos aceitaram, por fi m, fazer um último intento. O rapaz chegou a uma idade menos rebelde (11-12 anos), tornou-se mais dócil e mais disposto, e pediu para fazer a primeira comunhão. Depois, pediu para ser Irmão; foi aceito como noviço. Recebeu o nome de Ir. Nilamon (tinha 14 anos, era do ano de 1825) e o célebre hábito azul. Três anos depois, em 1828, fez os votos e morreu como santo em 1830.

O Ir. João Batista consagra três páginas para nos contar essa história, ainda que não nos tenha transmitido o nome do rapaz. O Padre Champagnat, provavelmente, viu nesse caso um sinal do Senhor e, por ele, se deixou interpelar.

d) Uma segunda fi nalidade da Congregação

Quando, em 1825, o Pe. Champagnat apresenta ao governo francês um pedido de autorização para seu Instituto, constatamos que não se mencionam os órfãos. Entretanto, quando, em 1828, faz novo pedido, acrescenta um objetivo ao principal:

– Educar os jovens do campo e dirigir casa de providência ou de refúgio para os jovens dese-josos de se regenerarem, ou ainda para adolescentes expostos a perderem os bons costumes.

Como foi demonstrado pelo Ir. Balko (FMS nº 36), está claro que no intervalo em que se construiu o Hermitage, uma das razões para levantar um edifício tão grande foi a de poder acolher órfãos na casa e ensinar-lhes algum ofício.

Encontrei num texto de 1827, no “Amigo da Religião” (L’Ami de la Religion), em que o Pe. Cholleton fala das Irmãs de São José, que mantêm uma casa de providência em Lião (para meninas abandonadas e sem defesa, o que signifi ca quase condenadas à prostituição) e observa que para o meninos se estava preparando algo semelhante,

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

10

pelos Irmãos de Maria. Como sabemos que o Pe. Cholleton estava encarregado da Congregação marista e tinha sido diretor dos que fi zeram a promessa de Fourvière, em 1816, e ele mesmo pensava fazer-se Padre Marista – chegou a sê-lo, mais tar-de -, é evidente que o artigo se refere a nós. Isso corresponde com o que escrevia Champagnat, em 1825: “Tão logo terminarmos a casa de l’Hermitage e que nossas condi-ções nos permitirem de utilizar uma boa captação de água para fazer frente aos gastos da obra, receberemos aos meninos das “casas de caridade” (de providência); vamos dar-lhes um ofício e, ao mesmo tempo, uma educação cristã. Os que tiverem disposições para a virtude e a ciência serão empregados na casa”.

Provavelmente, isso aconteceu por um ano, e durante o ano de 1826, devido às faltas morais de Courveille e outros casos semelhantes – o Ir. João Batista conta dois outros escândalos – o Pe. Champagnat deve ter percebido como sinal de Deus que com os órfãos era preciso atuar de outro modo. No fi m de sua vida escreveu numa carta (em 03.12.1839): “No início, tínhamos decidido de receber no Hermitage alguns rapazes externos e outros, internos. Vimo-nos obrigados a renunciar a isso porque arruinavam moralmente a um bom número de noviços e aos outros causavam dano evidente.”

Pelo artigo citado vemos que continuou com sua ideia, mas em outros lugares; du-rante sua vida, foram dois: em Saint-Chamond (casa de albergue) e Lião (Providência Denuzière). Ambas as casas eram destinadas a órfãos. E, pouco depois de sua morte, foi criada outra, a dois passos de Fourvière, a Providência Caille. Igualmente, a “co-lônia agrícola”, que tanto o preocupou no fi m de sua vida, provinha provavelmente da mesma intuição.

Primeiro dia

11

MARCELINO E OS NECESSITADOS

(“RELATOS SOBRE MARCELINO CHAMPAGNAT” – IR. SYLVESTRE, EDIPUCRS, 2014)

“Até então os habitantes não se tinham importado muito com os Irmãos, mas ao ver sua escola bem disciplinada e os rápidos progressos dos meninos, começaram a abrir os olhos e com-preenderam que os Irmãos do Padre Champagnat não eram apenas piedo-sos fabricantes de pregos, mas bons professores religiosos. Dessa forma, o número de alunos aumentou consi-deravelmente. Diversos pais, que mo-

ravam nas aldeias mais afastadas, querendo fazer com que os fi lhos aproveitassem das lições dos Irmãos, os colocaram na sede; infelizmente não eram vigiados depois das aulas e brigavam entre si. Para fazer cessar o abuso, o Venerado Padre fez alguns adendos à casa e os recebeu como pensionistas. Diversos meninos indigentes se apresentaram. O bom Padre, confi ando na Providência, recebeu-os apesar de tudo e não somente se encarregou de sua ins-trução mas ainda de alimentá-los; con-tentava-se dizer aos que o censuravam, porque sabiam que não dispunha de recursos: «A esmola não empobrece, como a missa não faz atrasar os negó-cios». Prosseguiu nas boas obras sem se perturbar com o diz-que-diz-que.” (Relatos sobre Marcelino Champagnat, pág. 132, nº 13)

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

12

“Vimos que tinha ainda em vista outro objetivo, o de formar obreiros para ou-tras atividades, mas o Ir. Francisco, a quem comunicou a ideia, o desviou dis-so porque prejudicaria à Congregação no momento em que a governava e não pensou mais nisso. Contudo, o cuidado de dirigir casas para abandonados sempre esteve entre suas ideias, a prova é que ele mesmo cedeu Irmãos para o abrigo de Denuzière, em Lião, porque se tratava, nesse caso, de ministrar a educação primária, sobretu-do religiosa, a crianças, antes do que lhes ensinar um ofí-cio.” (Relatos sobre Marcelino Champagnat, pág. 242; 2º Objetivo da Congregação)

“Digamos que o coração trans-bordava de caridade não ape-nas pelos Irmãos, mas por todas as pessoas. Recordo-me que nas escolas onde havia crianças pobres, fazia-lhes distribuir, depois das férias, roupas lavadas ou remendadas, a fi m de serem usadas sem repugnância. Também por caridade, mantinha, às custas da casa, quatro ou cinco pessoas

idosas enfermas que tratava com bon-dade paternal querendo que os Irmãos agissem da mesma forma para com elas. Recordo-me que fui repreendido e mesmo castigado por me ter permitido, embora sem malícia, travessuras em seu

alojamento. E foi até à morte que a casa cuidou dessa gente. Entre os asilados en-contrava-se um desequilibrado mental que foi guardado por quarenta anos, ape-sar das enfermidades das mais repugnan-tes.” (Relatos sobre Marcelino Champagnat, p. 296; 6 – Sua Generosidade)

Primeiro dia

13

REFLEXÃO PESSOAL A PARTIR DAS MENSAGENS

• Em seu próprio itinerário espiritual, que pessoas ou acontecimentos deixa-ram marcas em você? Pode assinalar alguns fatos decisivos de sua vida que contribuíram para modelar sua espiri-tualidade? Quais foram os "Montagne" em sua vida?

• O que mais lhe chamou a aten-ção, nas diferentes experiências de Champagnat que foram lidas?

• Em meu coração, o que ou quem me move para acolher toda essa realidade dos "Montagne"?

• Pode fazer algo de especial, neste ano "Montagne"? Haverá algo de espe-cial que possamos fazer, enquanto comunidade, fraternidade ou grupo de professores/as?

• Há alguma situação parecida que você tenha vivido, seja ao seu redor, em sua família ou em seu local de trabalho?

• Concretamente, em que seu coração se parece com o de Marcelino? Em que deve crescer para ser mais parecido?

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

14

(DESSA SUA REFLEXÃO ESCOLHA O QUE QUISER PARA PARTILHAR COM OS DEMAIS.)

Conclua com uma breve oração:

Primeiro dia

15

MEDITAÇÃO E REFLEXÃO PARA A TARDE (PRIMEIRO DIA)

A EXPERIÊNCIA "MONTAGNE" (Ir. Aureliano Brambila de la Mora)

Certo dia do mês de outubro de 1816, dia 28, para ser exato, no lugar chamado

“Les Palais”, perto do Bessat, na região do Monte Pilat, um adolescente de 17 anos, João Batista Montagne , estava acama-do, gravemente enfermo. Pode-se dizer que, praticamente, chegara o fi m de sua vida, neste mundo. O jovem pároco de La Valla-en-Gier, um povoado de 2.000 almas, o Padre Marcelino Champagnat fora chamado para dar assistência ao moribundo. Qual não foi sua surpresa ao constatar que esse adolescente não sabia na de religião, nem de Deus, nem do além. O pobre rapaz era desprovido de elementares conhecimentos cultu-rais e religiosos. Pouco sabia porque estava neste mundo e o que o espera-va depois. Em momento dado o pobre rapaz mostrou-se muito angustiado, tomou a Marcelino pelos braços e lhe gritou com os olhos banhados de lágri-mas: “Padre Marcelino, ajuda-me!” Este, profundamente comovido, o atendeu com imensa solicitude. No entanto, pouca coisa podia fazer, em semelhante

circunstância. Crescera em situação de grande abandono. Falou-lhe desse Ser Supremo que o acolheria com grande amor porque era seu Pai. Assim também de Maria, sua Mãe…

Depois que o jovem Montagne faleceu, Marcelino retomou o caminho de volta à sua paróquia, bastante longe da região do Palais. Enquanto caminhava pelas es-tradas ziguezagueantes da região mon-tanhosa, não conseguia reprimir em seu coração o eco daquele grito angustiado do jovem que se despedira... Uma angús-tia lhe subia até a garganta, acentuan-do a obscuridade que o rodeava pelo caminho. Sua angústia se assemelhava a do jovem; era como compartilhada. Marcelino já não ouvia apenas uma voz mas um coro imenso de jovens desam-parados que suplicavam. Detrás do grito desse rapaz, Marcelino percebia o grito imenso da juventude abandonada em todo o mundo. Chegado à sua paróquia, meteu-se ao trabalho. Era preciso res-ponder a esse clamor, sem ligar ao preço.

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

16

A resposta que Marcelino Champagnat deu à juventude que pede auxílio são os Irmãozinhos de Maria que fundou, apenas dois meses depois do encontro com o jovem Montagne . Estamos no dia 2 de janeiro de 1817: dia do surgimento da obra marista. Pouco depois, Marcelino construiu, com suas próprias mãos, uma casa em l’Hermi-tage, nos arredores de Saint Chamond, ao mesmo tempo que formava a comunidade marista, através de sua presença, seu amor e seus ensinamentos. Marcelino, liberado dos encargos de seu ministério paroquial, dedicou-se plenamente aos Irmãos. Ele, nas-cera em 1789, em pequena aldeia, Rosey, no município de Marlhes; fi zera seus estudos no Seminário menor de Verrières e se preparara ao sacerdócio, no Seminário maior de Santo Irineu, em Lião. Pertencia ao ramo do Padres da Sociedade de Maria e se convertia em pai de uma grande família, a dos Irmãozinhos de Maria, isto é, a dos Irmãos Maristas das Escolas, que evangelizam e preparam os jovens mediante a educação cristã.

Marcelino Champagnat permaneceu toda sua vida em l’Hermitage. Aí formava seus Irmãos como religiosos e como apóstolos, na unidade harmônica da espiritualidade apostólica marista. Quando morreu, no dia 6 de junho de 1840, tinha apenas 51 anos, mas havia concluído sua missão e atingira grande estatura espiritual.

Não poderia terminar sem acrescentar que, no objetivo de ser congruente em sua resposta ao chamado da juventude, sempre insistiu esse homem, ante seus Irmãos e os Bispos, que “todas as dioceses do mundo entravam em seus planos.” Em con-sequência, seus Irmãozinhos foram por todos os quadrantes do mundo, à escuta do grito dos "Montagne" de hoje...

Primeiro dia

17

CONTEMPLA UM POUCO CHAMPAGNAT E O JOVEM MONTAGNE …

Observa o sofrimento no rosto de Marcelino, sustentando em seus braços o cadáver do jovem Montagne. Aparece mais do que entristecido pela morte de um jovem, quase usual na França rural do Século XIX, onde o serviço médico rudimentar das cidades não existia na longínqua zona de Maisonettes. O sofrimento de Marcelino é profundo e durador. Não se trata de morte a mais, em meio a tantas outras. Esse é um adolescente de Deus, é um ser precioso ao qual negaram cuidado e oportuni-dades que deveriam estar ao alcance de todos. A partir desse momento, ele jura que

“isso não voltará a acontecer”. Conforme seu primeiro biógrafo, Marcelino sentiu-se obrigado a agir com prontidão. “Marcelino fi cou com a forte obsessão de fundar uma Sociedade de Irmãos que aliviaria tragédias como essa, por meio da educação cristã dos jovens.”

…Tal como faziam os profetas, que se adaptaram às pessoas e às necessidades de seu tempo, respondendo de acordo com elas. Necessitava-se, agora, de professores e mes-tres comprometidos com a difusão do reino da compaixão de Deus, um povo de justiça e misericórdia. Na França do século XIX isso signifi cava fundar uma ordem de religiosos ou religiosas. Talvez, num momento e lugar diferentes, Marcelino teria optado por uma resposta diferente; no entanto, esta era a ma-neira mais prática de cumprir com o que pa-recia dever ser feito. A Marcelino preocupava pouco se o plano original não contemplara haver Irmãos para o ensino, mas ele insistiu e insistiu. Seus companheiros resistiram e resistiram. Ele, porém, continuou a insistir e,

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

18

fi nalmente, se deram por vencidos e su-geriram que ele mesmo se ocupasse dis-so. Assim, triunfou sua pouca “paciência face à injustiça.”

Mesmo tendo Marcelino os pés na terra, mantinha seu olhar colocado em Deus. Sua disposição e intuição, seu chamado e fundação iam mais longe que seu eu. Quando o rapaz Montagne morre, a dor de Marcelino é a dor e a compaixão de Deus, manifestadas nele...Marcelino tem em seus braços o adolescente Montagne como se fosse uma oferta a Deus. A si-tuação parece desesperada; Marcelino não tem experiência, tem poucos recur-sos e pode oferecer pouco apoio emo-cional ou moral. Sua fé é a inquebran-tável fé em Deus. Não surpreende que o Salmo 127 seja seu mantra: “Se o Senhor não edifi ca a casa, em vão trabalham os construtores.” (Sl 127, 1). Em situação que parece desesperada, Marcelino dá esperança. Trata-se da esperança, como explica Walter Brueggemann, “enrai-zada na certeza de que Deus nunca nos abandona, nem mesmo quando a evi-dência nos demonstra o contrário.”

A EXEMPLODO FUNDADOR

CONSTITUIÇÕES, 33

A pobreza de coração do Padre Marcelino Champagnat revela-se, sobre-tudo, em sua confi ança na Providencia1. A fundação de nosso Instituto é a prova, sempre atual, de que a fé permite todas as audácias.

Amando os pobres, nosso Fudador quiz enviar-nos a eles2, de preferência sem excluir ninguém. Seus primeiros discípulos, pela austeridade de vida, permaneciam próximos daqueles aos quais se dedicavam. Para cada um de nós La Valla3 é um convite a viver na simplicadade e no desapego, tanto no plano pesssoal, quanto no comunitário e no provincial4.

33.1 A exemplo do Padre Champagnat, acei-tamos sem queixa as situações de pobreza que nos oferecem ocasião de pôr nossa con-fi ança em Deus. Evitamos confi ar demais nos meios humanos.

1 V 3332 V 4173 V 904 V 263

Primeiro dia

19

• Vários distritos deixaram de pagar os Irmãos, e estes comunicaram ao bom Padre o temor que lhes produzia a situação em que se metiam. Respondeu-lhes:

• “Os homens lhes retiraram o salário, mas Deus, que sabe que precisais comer, não lhes retirou sua proteção. Ele se preocupa de vocês, uma vez que fazem sua obra. Quem dá alimento aos pássaros, dá pão aos maus que blasfemam seu san-to nome e insultam a religião, não vai abandoná-los nem os deixará carecer do necessário, se nele colocarem sua confi ança; a confi ança deve ser muito maior porque vocês não dispõem de outro apoio e amparo fora dele. Além do mais, quando não puderem subsistir, venham em casa; enquanto houver um pedaço de pão, vamos partilhá-lo.”

• Para manter a comunidade e alimentar os pobres que havia recolhido, o Padre Champagnat não dispunha de outros fundos, além de seu salário de coadjutor. Por isso, todos se perguntavam como podia fazer para dar de comer a tanta gente.

“Não compreendo – dizia-lhe um de seus amigos – o que pretende ao encher sua casa de meninos pobres, e ao admitir tantos postulantes que não trazem nada. A menos que tenha autorização especial para tirar do tesouro público, não pode se não ir à bancarrota.”

O Padre, sorrindo, lhe respondeu: “Disponho de muito mais que isso: do tesouro da Providência que tem para todos e não se exaure.”

Outra pessoa lhe dizia:

– Deve ter o bolso bem guarnecido para encarregar-se de tantas misérias!

– Meu bolso – respondeu o Padre – não tem fundo; é o da Providência; quanto mais se tira, mais tem.

O que me diz o testemunho de confi ança em Deus de nosso fundador? A que me convida?

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

20

O AMOR… QUE NOS FAZ CAMINHAR

(Dora Londoño Enríquez)

Quero compartilhar, hoje, com vocês minha experiência dentro da grande Família Marista. Senti a mão de Deus e sua presença no transcorrer de minha vida. Experimentei-a em minha família, através de cada uma das pessoas maravilhosas que a integram, nesse amor desmesurado e sem condições de minha mãe, no sorriso de meu bebê, nos problemas e difi culdades, e tantas alegrias; também confi rmo

que o sinto no contato com as crianças, especialmente as mais necessitadas, não somente na parte econômica, mas naquelas que necessitam de uma palavra de carinho, um abraço, alguém com quem possam contar. Porque, lamentavelmente, as crianças de hoje estão crescendo sozinhas e pedem um pouco de amor; para elas precisamos converter-nos nessa mãe amorosa como foi nos-

sa BOA MÃE, MARIA, acolhendo-as com amor, esperança e fortaleza como ela fez com os discípulos de Jesus. Todas as crianças têm talentos que podem aportar. É preciso reconhecer que cada uma é depositária do amor de Deus. Meu primeiro contato com o carisma Marista foi através dos grupos juvenis, especialmente no REMAR, onde pude observar a dedicação dos Irmãos e seu amor pelos jovens e como eles correspondiam a essa doação fraterna, com simplicidade, humildade e modéstia.

É assim que me vem à mente o episódio tão signifi cativo de Marcelino, quando socorre João Batista Montagne que, na idade de 17 anos, morria sem ter ouvido falar de Deus. Como educadora marista me senti animada para assumir essa res-ponsabilidade, ensinando aos meninos o grande amor que Deus nos tem, mantendo coerência entre o que digo e faço; assim é que se torna realidade. “Para educar os meninos é preciso amá-los e amá-los todos igualmente.”

Primeiro dia

21

Finalmente, através de meu compromisso na Fraternidade “São Marcelino”, pude participar da família marista para dar apoio e exemplo de como se pode viver o carisma marista, na comunidade escolar e no bairro. O progresso onde desempe-nhamos a missão evangelizadora atende os mais necessitados.

Meu compromisso no trabalho missionário dos Irmãos, no projeto de solidariedade foi uma experiência inesquecível para mim. Isso me dá novo ânimo para continuar com a tarefa de Marcelino, nos próximos anos. Meu sonho futuro é continuar a apoiar o trabalho que vínhamos desempenhando na comunidade marista e com minha fraternidade, nesta cidade, e conseguir levar adiante tantas pessoas que necessitam de nosso apoio para tornar reais seus sonhos: ter vida digna e, oxalá, se diga de cada um de nós... “vejam como se amam os Irmãos” e nos una um mesmo coração e um mesmo espírito.

RECRIAR A EXPERIÊNCIA "MONTAGNE"

MARCELINO NOS INTUIU NO OLHAR DE UM RAPAZ IGNORANTE...

Penso em minha realidade vizinha………….

Em seu caminho espiritual, que expe-riências "Montagne" você teve e em que lhe ajudaram?

Que jovens ou crianças "Montagne" en-contro, hoje em dia? Como você os vê?

A atitude de Marcelino, frente ao jo-vem Montagne e os "Montagne" que encontro em minha realidade a que me comprometem?

Que eco tem em sua vida marista a determinação de Champagnat de en-tregar nossa vida a serviço das crian-ças e dos jovens, especialmente dos mais abandonados?

Como percebe os progressos, em sua Província, no que tange à educação na solidariedade e para a solidariedade?

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

22

PARA A PARTILHA FRATERNA

• Como estamos res-pondendo às neces-sidades dos meni-nos/as e dos jovens de nossas obras e presenças?

• Qual seria a respos-ta de Marcelino na atualidade, frente à realidade infantil e juvenil?

• São realmente os mais necessita-dos os atendidos em nossos centros maristas, hoje?

• Neste “Ano Montagne” que sonhos e ideais você quereria viver?

Primeiro dia

23

CARTA A UM/A "MONTAGNE"

• Recorde um menino/a, jovem ou outra pessoa que despertou em você a compaixão.• Relembre onde ocorreu esse fato e os detalhes que o rodeavam.• ESCREVA A ESSA PESSOA uma carta comunicando-lhe o que viu nela; o que

viveu a seu lado; o que ela despertou em você, e o que ela lhe fez sentir.

2014|2015Montagne

Primeiro dia

25

Escreva uma oração agradecendo ao Senhor os sentimentos, as moções e as buscas… que o dia de hoje suscitou em você.

CHAMPAGNAT E OS “MONTAGNE”

MOTIVAÇÃO

A urna que contém os restos de Marcelino Champagnat, no Hermitage, apresen-ta dois esmaltes artísticos que representam sua fi gura ou imagem e sua história. Na parte dianteira da urna vem narrada sua vida interior, impulsionada pela força do Espírito de Jesus e pela presença de Maria; vida interior cheia de fé, de fi delidade, de oração e das belas virtudes de seu coração delicado e generoso. Na parte traseira, se relata sua escuta atenta à vontade de Deus e às necessidades das crianças pobres e abandonadas. Em sua fi gura está a imagem de um educador e de uma família de educadores.

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

26

O CORAÇÃO COMPASSIVODO PADRE

No dia 28 de outubro de 1816, Marcelino subiu até um povoado bem afastado para atender a João Batista Montagne , um jovem moribundo de 17 anos. O rapaz não sabia de Deus e esta-va tão enfermo que, praticamente, não se inteirava de nada. Marcelino passou duas longas horas com João Batista. Palavras, gestos, mãos que dão calor, co-rações quebrantados que sofrem. Toda a compaixão de um jovem sacerdote que viu a dor, a pobreza, o abandono dos mais fracos. Toda a pena de um pobre jovem, perdido no campo, enfraquecido pela febre e morto em seu próprio leito. Quando João Batista morreu, depois de experimentar um raio de luz e esperan-ça, Marcelino lembrou as difi culdades

que teve em sua infância para ir à es-cola, a rudeza dos métodos educativos. Depois pensou em quantos adolescentes, diariamente, se encontram em situação semelhante. E não esperou mais.

Em 2 de janeiro de 1817, numa peque-na casa, junto à casa paroquial, na qual Marcelino fabrica, com suas mãos, duas camas e uma mesa de refeitório, acolhe a João Maria Granjon, de 23 anos, e João

Batista Audras, de 14 anos e meio. Este é o começo dos maristas. Em seguida virão ou-tros jovens ou qua-se meninos. E tudo caminhará.

Primeiro dia

27

SOMOS CHAMPAGNAT

«EU SOU CHAMPAGNAT». Isso pode parecer gracioso na boca de um rapaz. Mas, para nós, maristas, expressa uma profunda verdade. Cada um de nós é Champagnat, e nos esforçamos por dar aos jovens o que ele mesmo, Champagnat, lhes dava: respeito, estímulo, amor, verdade cristã, educação em todos os seus aspectos e solicitude para com todos. Em outras palavras, procuramos ser IRMÃOS para eles.

• Somos Champagnat para os jovens necessitados, para o que buscam novos valores, para os que procuram testemunhas autênticas do cristianismo.

• Somos Champagnat para os jovens que neces-sitam de irmãos, para aqueles que precisam de alguém que os escute, anime e ame.

• Somos Champagnat para os pobres, para os mais abandonados, para os marginalizados; somos irmãos dos mais carentes.

• Somos Champagnat para nossos próprios ir-mãos, mediante nossa entrega, alento, apoio, oração e carinho.

• Somos Champagnat para uma Igreja que se esforça por servir a humanidade. Somos segui-dores de Champagnat em seu grande amor à Igreja, povo peregrino e corpo de Cristo.

• Somos Champagnat para aqueles que não co-nhecem Maria, não entendem o amor que Ela lhes tem, nem reconhecem sua presença.

(Fragmento da Circular «O fundador interpela a seus Irmãos», do Ir. Ch. Howard)

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

28

MOMENTO DE SILÊNCIO E DE ORAÇÃO PARTILHADA

• Podemos escutar a canção:«En los ojos de un muchacho» e sentir, em si-lêncio, seu eco em nosso coração.

• Ser Marcelino hoje é ser fi lhos de quem nos enviou pelo mundo para estar perto dos jovens, especialmen-te dos mais abandonados. Vitais da capela de l’Hermitage, desta página, colocam os maristas entre os quatro evangelistas para serem o evangelho vivo no mundo. (Ainda que o vital ostente apenas Irmãos, é claro que ali estão todos os maristas: Irmãos, Leigos e Leigas.

• Apresentamos ao Senhor nossos pedidos pela família marista, por seus projetos e obras, pelas crian-ças e pelos jovens, seus sonhos por um mundo mais justo... (Façamo-lo, livremente).

• Terminamos esta oração partilhada, rezando o Pai-nosso.

ORAÇÃO FINAL

Deus da Vida e da História, vos confi a-mos o "Ano Montagne". Queremos des-pertar a aurora e viver a novidade de “um novo começo” que nos ofereceis com a celebração do Bicentenário Marista.

Oferecemos nosso desejo de crescer, na convicção de que nos convidais a ser profetas e místicos para nosso tempo. Esta é nossa vocação marista; e sabemos que de nossa resposta depende nosso presente e nosso futuro. No mundo que nos arrasta para o ativismo, acolhei, Maria, nossa vontade de colocar Jesus no centro de nossa vida. Concedei que nosso compromisso educativo, pasto-ral e social brote da fonte de vida que é vosso Filho Jesus, e que a experiência de estar com Ele nos mova a agir e a de-nunciar as situações injustas de nosso tempo. Jesus, despertai em nós o desejo de ir para novas terras, para que sejais conhecido e amado.

Primeiro dia

29

Maria, nossa Boa Mãe, animai-nos, como evangelizadores de esperança, a ir ao encon-tro dos "Montagne" atuais e aproximá-los de vós, como fez Champagnat. Fazei que, como Maristas, possamos refl etir o rosto mariano da Igreja. Amém.

No dia 28 de outubro de 2014, aniversário do encontro do Pe. Champagnat com o jovem Montagne , iniciamos o "ANO MONTAGNE". Acolhamos o desafi o e vivamos este ano unidos a todo o Instituto e ao lado dos "Montagne" de hoje.

COM O CORAÇÃO DE MARIA E CHAMPAGNAT

MARIA ATENTA ÀS NECESSIDADES DE SEUS FILHOS E FILHAS

CANTO: LEMBRA-TE MARIALembra-te, ó Maria, que nunca se ouviu dizer que alguém

que tenha recorrido a ti, implorando tua assistência e pedindo teu socorro, tenha sido abandonado!

OH, OH MARIA, OH, OH MARIA…

A PALAVRATrês dias depois, celebraram-se bodas em Caná da Galileia, e a mãe de Jesus estava ali. Jesus também foi convidado com seus discípulos. Como faltasse vinho, a mãe de Jesus lhe disse: «Eles não têm vinho». Jesus lhe respondeu: «Mulher, o que temos nós com isso? Minha hora ainda não chegou». Mas, sua mãe disse aos serventes: «Fazei tudo o que ele vos disser». (Jo 2,1-5)

A Virgem Maria, sempre teve a capacidade de estar atenta às necessidades dos demais e de descobrir a maneira de manifestar essas necessidades a seu fi lho Jesus.

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

30

ORAÇÃORespondamos: «Ajuda-nos a ser servidores dos demais»

Quando um irmão estiver caído e necessitar de nossa ajuda...Quando um irmão estiver triste e necessitar de nossa alegria...Quando um irmão estiver angustiado e necessitar de nosso alívio...Quando um irmão estiver só e necessitar de nossa companhia...Quando um irmão estiver desesperado e necessitar de nossa esperança...Quando um irmão estiver cansado e necessitar de nosso alento...Quando um irmão estiver perturbado e necessitar de nossa paz...Quando um irmão estiver decepcionado e necessitar de nosso otimismo...Quando um irmão estiver abandonado e necessitar de nossa presença...

REZEMOS 2 AVE-MARIAS

Continuemos, colocando no coração da Mãe as nossas necessidades.

Segundo diaOs "Montagne"

hoje

Segundo dia:

Os "Montagne"

hoje

32

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

Esquema geral:PRIMEIRO DIA SEGUNDO DIA TERCEIRO DIA

Tem

a

Marcelino e os pobres Os “Montagne” hoje Maristas: ao encontro dos “Montagne”

Mot

ivaçã

oPp

s

Necessitamos de Irmãos

Direitos da criança

A pobreza no mundo

Crianças indígenas em perigo

Rostos sofredores: América Latina

Manh

ã

Contemplemos e escutemos a Marcelino;

No coração de Marcelino: os pobres

Os pobres hoje

A opção pelos pobres

Os maristas: Irmãos e Leigos com os pobres

Os “Montagne” hoje

Presença significativa entre os pobres

Maria Com o coração

de MariaCom Maria, compassivos

Maria se pôs a caminho

Tard

e Experiência “Montagne”

Minhas experiências “Montagne”…

Minha opção pelos pobres ou os pobres e eu…

A compaixão

No futuro marista estão esperando os “Montagne”…

No fi

m

da ta

rde

Momento para partilhar em grupos

Momento para partilhar em grupos

Momento para partilhar em grupos

Oraç

ão Saiamos depressa como Maria; os “Montagne” nos esperam (Celebração)

Sejam compassivos como seu pai… Ir depressa

33

Segundo dia

Segundo dia:

Os "Montagne" hoje Segundo dia

Os "Montagne" hoje

A OPÇÃO PELOS POBRES

OPÇÃO PELOS POBRES

Daniel Camarero

IntroduçãoCertamente, nunca como hoje se fala, na Igreja, de “opção pelos po-bres”; não há um programa pastoral, diocesano ou paroquial em que não apareçam capítulos ou parágrafos para assinalar, com mais ou me-nos claridade, as ações que vão ser desenvolvidas dentro da “opção pelos pobres”, tão lembrada, hoje, pela maioria.

A “opção pelos pobres”, entretanto, não é apenas, nem principalmente, consequência do atual momento da refl exão teológica ou atividade pastoral mais ou menos planeja-da; a “opção pelos pobres”, muito mais que tudo isso, é uma opção radicalmente cristã, de sua própria essência, de sua própria identida-de. É uma opção bíblica, evangélica. Nasce do comportamento histórico

do Deus libertador e se manifesta também, expressa e centralmente, na prática de Jesus.

A Igreja assim o compreendeu, desde seus primeiros anos, e é imensa tanto a riqueza de textos, desde os Santos Padres, como a mes-ma prática, na orientação de sua prática con-creta. Outra coisa será, entretanto, que em todos os momentos históricos, não se tenha discernido ou não se tenha praticado com a clareza e a força que o requeria, não somente a situação dos pobres, mas o exigia também a Palavra sempre atual do Evangelho.

Hoje o pobre reclama um lugar prioritário: ser não apenas destinatário, às vezes passivo, da ação dos cristãos, mais muito mais, ser um sujeito mais ativo e central, forjador de seu próprio destino no mundo e na Igreja. A Igreja – assim o entende boa parte de seus membros – deve passar de Igreja para

34

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

os pobres a ser Igreja dos pobres, (segundo a afi rmação que João XXIII fez sua), onde os pobres se sintam não somente evangelizados, mas agentes e protagonistas da evangelização.

A “opção pelo pobre” se torna “opção prefe-rencial pelo pobre” para ser conhecida, de-pois, como “opção preferencial pelo pobre, nem exclusiva nem excludente”; são ma-tizes que marcam, sob perspectivas com-plementares, os ângulos de uma realidade.

1. O DEUS LIBERTADOR

A História da Salvação está centrada na ação misericordiosa de Deus que cuida de seu povo e que tem especial predileção pelo oprimido; essa predileção faz com que atue permanentemente em favor dele. Um dos momentos mais esclarecedores dessa História vem narrada no Êxodo, com a liberação do povo de Israel: “Vi a opressão de meu povo, no Egito; ouvi o clamor que lhe arrancam seus opressores e conheço suas angús-tias” (Ex. 3,7). A saída libertadora do Egito é o acontecimento chave, fundacional, do povo de Israel. Este compreende que seu Deus é um Deus de misericórdia que o livrou da opressão. Desde então, vai unir Deus e a Salvação à Libertação. Deus será o Salvador, o Libertador.

Seguindo os textos bíblicos do A.T., constatamos que Israel vai conhecendo o seu Deus. O Deus de Israel é o que situa a justiça e o direito, isto é, a defesa da vida dos pobres e desvalidos, no centro de seu plano de salvação. É denominado de Goiel – o defensor e libertador - aquele que vai advogar em favor dos que não têm quem os defenda. Dele se dirá: “Pai dos órfãos e defensor das viúvas... O Deus que procura um lar para os desvalidos e liberta os cativos com força” (Sl 68, 6-7).

Mas a tradição bíblica nos leva mais longe: falando já da realidade do pobre, na tra-dição bíblica se relaciona a pobreza com a injustiça e com a violência. Os poderosos

35

Segundo dia

abusam e oprimem os indefesos. A po-breza é causada pela violência e pelo espólio; por isso, os chamados “profe-tas sociais” vinculam o conhecimento de Deus e os atos cultuais à prática da justiça: “fazei com que o direito fl ua como água e a justiça, como rio inesgotável” (Am 5, 24), “porque quero amor, não sacrifícios; conhecimento de Deus e não holocaustos” (Os 6,6), e a razão disso está bem clara: o verdadeiro culto a Deus vivo é aquele que benefi cia os oprimidos.

Mais diretamente, outros profetas se dirigem aos causadores de tanto mal. O capítulo segundo de Habacuc está re-pleto dessas imprecações: “Ai de quem acumula bens às custas de outro” (2,6).

“Ai de quem enche sua casa de lucros in-justos” (2,9); “Ai de quem constrói uma cidade com o sangue” (2,12). E da mes-ma forma, Miqueias diz aos opressores que o julgamento de Deus virá sobre eles: “Ai daqueles que planejam a mal-dade; que tramam o mal em seus leitos, e enquanto é dia executam-no porque têm poder sobre ele. Cobiçam campos e roubam-nos, casas e se apoderam delas, oprimem ao chefe de família e a todos os seus...” (Mq 2,1 e ss.).

Mas a voz de Javé ressoa com toda sua força profética em Isaías, o profeta por excelência do povo de Israel. Voz que

denuncia os opressores: “Ai dos que es-tabelecem leis iníquas, dos que publicam decretos vexatórios, que não fazem justiça aos indefesos, e despojam os pobres de meu povo de seus direitos, que fazem das viúvas sua presa e dos órfãos seu botim” (Is 10,1-2).

Voz que esclarece qual é a verdadeira re-ligião e porque Deus não escuta os que dizem que O buscam. Javé encorajará a Isaías para que grite com evidência a denúncia: “Grita a plenos pulmões, não te contenhas, levanta tua voz como trombeta e faze ver ao meu povo a sua transgressão... o jejum (culto) que eu quero é este: que rompas os grilhões da iniquidade, que soltes as ata-duras do jugo, que ponhas em liberdade os oprimidos, que acabes com todas as tiranias, que repartas teu pão com o faminto, que re-colhas em tua casa os pobres desabrigados...” (Is 58,1 e ss.)

E, fi nalmente, destaca e é esclarecedora voz referida à era messiânica. Neste tex-to messiânico (61,1-3) em que se põe os pobres como destinatários da Boa-nova:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me para anun-ciar a Boa-nova aos pobres...”, passagem que Jesus tomará na Sinagoga de Nazaré, anunciando em sua pessoa o cumpri-mento dessa profecia.

36

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

2. O ENSINO E A PRÁTICA DE JESUS

Jesus nos apresenta a opção pelo s pobres e oprimidos como consequência natural da instauração do Reino. São seus destinatários e libertá-los de seus males será a principal fi nalidade. Jesus identifi ca o Reino de Deus com sua própria pessoa, com seu ensino e com sua prática; quer dizer, torna-o presente com cada uma de suas ações e ao mesmo tempo com a totalidade de sua vida. Dessa forma, o Reino de Deus que é libertação para os pobres e oprimidos se manifesta em sua dimensão histórica.

No começo de sua vida pública, o texto da Sinagoga de Nazaré nos mostra ao mesmo tempo a radicalidade do Reino e seus principais destinatários: os pobres, os oprimi-dos: “Ele foi a Nazaré, onde fora criado, e, segundo seu costume, entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para fazer a leitura. Foi lhe entregue o livro do profeta Isaías; desenrolou-o, encontrando o lugar onde está escrito: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou pela unção para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor” (Lc 4, 16-19).

Trata-se, sem dúvida, de um texto jubilar, do anúncio do ano de graça do Senhor, e mais ainda, da instauração da nova era, a era do Reino de Deus. Nela se fala de boa notícia de libertação, luz e liberdade. É o começo da era do Messias, quando os pobres serão os primeiros destinatários da mensagem de Salvação. Acontece no começo de sua vida pública, durante a qual, Jesus vai desenvolvê-la através da Palavra e através de suas obras.

Jesus falava do Reino através de parábolas; escolhemos algumas: na do Bom Samaritano nos dirá com claridade não só quem é o próximo, mas também o que devemos fazer por ele. O próximo é o desvalido, o despojado, o maltratado, a quem nem sequer conhecemos, e que, aparecendo em nosso caminho, não podemos dei-xar de assisti-lo, não podemos passar ao largo, e, mesmo compadecendo-nos dele, precisamos atuar, ainda que isso requeira a mudança de nossos planos (Lc 10,25-37). Naquela da ovelha perdida, em que se fala de um Bom Pastor que, mesmo tendo 99 ovelhas em seu redil, vai buscar aquela que se perdeu. E isso é feito, não por egoísmo, mas por amor, para o bem da ovelha que se perdeu, para resgatá-la e devolvê-la ao rebanho (à salvação); por isso, quando a encontra, o dono do rebanho é tão feliz que a carrega sobre seus ombros, esquecendo-se da fadiga.

37

Segundo dia

Na parábola do pobre Lázaro (Lc 16, 19-31) Jesus expõe a desumanizadora con-duta do rico que não se compadece do pobre que tem à sua mesa, e o contrapõe com a ação dos cães, que chegam a lam-ber-lhe as chagas. Os cães mostram me-lhor “atitude” do que a pessoa rica que, satisfeita e desfrutando de seus bens, se desinteressa dos problemas angustiosos do pobre.

A palavras de Jesus tomam cor mais for-te, de advertência e denúncia, quando vê com tristeza as massas empobrecidas e enganadas. Jesus, dirigindo-se a seus discípulos, alguns dos quais discutem sobre os primeiros lugares, se incomoda com o comportamento deles, denuncia os poderosos e lembra que eles, seus dis-cípulos, não devem ser assim: “sabeis que os governadores das nações as dominam e os grandes as tiranizam. Entre vós não deverá ser assim. Ao contrário, aquele que quiser tornar-se grande, entres vós, seja aquele que serve e o que quiser ser o primeiro, dentre vós, seja o vosso servo” (Mt 20, 25-27).

Esta denúncia se torna mais trágica no capítulo 23 do mesmo Mateus, quando denunciando a conduta e a hipocrisia dos fariseus e mestres da lei, em longo texto lhe diz com clareza: “Ai de vós, mestres da lei e fariseus, hipócritas, porque bloqueais o Reino dos Céus diante dos ho-mens... percorreis o mar e a terra... pagais

o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas omitis as coisas mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fi delidade.” (23, 13-33).

Os milagres que Jesus realiza são ou-tra forma da presença do Reino e têm, em sua grande maioria, uns principais destinatários: os leprosos, os cegos, os paralíticos, que não apenas sofrem suas enfermidades mas, ademais, são excluídos da sociedade e tidos por pe-cadores (Jo 9, 1 e ss.) ou por impuros (Mc 1, 40-45). Jesus se rebela contra essa ordem (desordem) e cura, não apenas seus males, mas os integra de novo à sociedade. Os enfermos são curados de seus males e os excluídos são reintegra-dos à sociedade (Lc 17,11-18). O Reino de Deus se torna presente.

Jesus, porém, vai mais longe. Chega, na plenitude histórica de sua mensagem do Reino, a identifi car-se com os pobres. Já no Sermão da Montanha tinha procla-mado com força a instauração de uma nova ordem, onde os que choram, os po-bres, os misericordiosos, os limpos de coração, os que buscam a paz, serão os primeiros em tudo; é no texto de Mateus, referente ao fi m dos tempos, que Jesus reclama a plenitude da opção pelos po-bres, ao identifi car-se com eles.

Nos pobres encontramos a Ele; o que fa-zemos com eles estamos fazendo com

38

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

Ele: “Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós, desde a fundação do mundo. Pois tive forme e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me acolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me. Então responderão os justos: Senhor, quando te vimos... Garanto-lhes que quando o fi zestes com um desses meus irmãos mais pequenos, a mim o fi zestes” (Mt 25,31 ss.).

É o texto defi nitivo. Os pobres, os cegos, os forasteiros, os que estão nus, os famintos, os encarcerados, os enfermos, se constituem, não só por sua situação, em desti-natários privilegiados do Reino, mas Jesus se encontra presente neles. É uma das presenças permanentes mais reais de Jesus: sua presença nos pobres.

3. A TRADIÇÃO DA IGREJA

O começo dos Atos dos Apóstolos, num texto referente à forma de vida das primei-ras comunidades, nos apresenta não só o ideal de vida, mas algo que em realidade ocorria: quando se convertem, os ricos partilham seus bens e os põem à disposição dos apóstolos que os dividem segundo as necessidades de cada um: “Todos os crentes viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam seus bens e propriedades e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um” (At 2, 44-45), este texto vem repetido quase ao pé da letra em At 4,32-35, que inclusive acrescenta, para confi rmá-lo, a identifi cação de uma pessoa – José – um levita natural de Chipre que vendeu um campo, trouxe o dinheiro e colocou-o à disposição dos Apóstolos.

São Tiago, em sua Epístola, (cap. 2) repreende duramente os que fazem discrimina-ção a favor dos ricos e recorda-lhes que “Deus elegeu os pobres, segundo o mundo, para fazê-los ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam” e ad-verte com fi rmeza que a fé deve expressar-se em obras: “De que serve para alguém, irmãos meus, dizer que tem fé se não tem obras?” (Tg 2,14-17)

Fiel a esse espírito evangélico e apostólico, a tradição da Igreja, desde os tempos dos Santos Padres, é rica na denúncia da oposição riqueza – pobreza, riqueza – justiça, e isso tanto em seus textos como na sua prática.

Segundo dia

39

Referindo-nos aos textos, um tema antigo nos Santos Padres é a insistência do caráter iníquo da riqueza quando, açambarcada por uns poucos, se converte em instru-mento para enriquecimento injusto. A riqueza conduz não só a gastos supérfl uos e insultantes, mas, se fosse compartilhada, não haveria pobres. Os Padres insistem com vigor sobre a injustiça de muitas riquezas como sobre a dignidade dos pobres. A tradição patrística recolhe assim o espírito do Novo Testamento, onde a riqueza e o amor ao próximo aparecem incompatíveis na prática:

“Tu possuis muitas riquezas – de onde provêm? -, preferiste gozar sozinho delas em vez de, com elas, socorrer a muitos” (S. Basílio). Não vás pensar que, pelo fato de os ricos não pagarem aqui suas injustiças, estejam livres de pecado. Se fosse possível castigar com justiça aos ricos, os cárceres estariam repletos com eles” (S. João Crisóstomo). “Sempre que possuis algo supérfl uo, possuis o alheio... Talvez esse ao qual acolhes é justo e se ele necessita de pão, tu necessitas de verdade; ele necessita de teto e tu do céu; ele carece de dinheiro e tu de justiça” (S. Agostinho). E é S. Jerônimo quem nos recorda que Cristo está no pobre: “Que sentido têm as paredes refulgirem de pedras preciosas e Cristo morrer no pobre?” (São Jerônimo).

Durante longos séculos, que já não podemos tocar, a tradição da Igreja se enriqueceu; doutrina, refl exão e ações pastorais, entrelaçadas, vão se aprofundando de diversas formas, nessa opção.

Por outra parte, também é certo que, em muitas outras maneiras, deixa de ser clara e radical como deveria. A Igreja, como humana, é vítima também dos tempos, e em épocas e circunstâncias obscurece sua ação. O pobre aparece às vezes simplesmente como objeto de esmola ou destinatário de obras de misericórdia, situação quase considerada como normal; como se tivesse obscurecido, de forma generalizada, a relação de seu estado com a injustiça. Luzes e sombras no papel (missão) eclesial.

Não devemos terminar este breve título sem referir-nos ao primeiro momento da Evangelização, na América. É preciso assinalar, ainda que de passagem, as vozes e ações denunciadoras e proféticas que tiveram, a favor dos indígenas, sua dignidade e seus direitos inalienáveis, Bartolomeu de las Casas, e o índio Guamán Poma, no Peru, junto a outros destacados dominicanos, como Antonio Montesinos; os jesuítas

40

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

nas famosas “reduções” do Paraguai; o Bispo de Manágua, Antonio Valdivielso, o frei Junípero Serra que encoraja, com os franciscanos, as “missões” no México. Todas es-sas vozes e ações, junto a muitas outras, se unem de diversos modos em defesa do índio, injustamente oprimido e mesmo desprezado, e reclamam, em nome de Cristo, mesmo nas instâncias mais altas, o reconhecimento de sua dignidade como pessoa e a defesa de suas terras, costumes e direitos.

4. NOVA IRRUPÇÃO DA OPÇÃO PELOS POBRES

A força da irrupção do tema da opção pelos pobres, na Igreja atual, é conse-quência do fato de a Igreja ter estado aberta a dois polos importantes: o de olhar atentamente o mundo e procurar entender os sinais dos temos; e ainda, o de beber de forma permanente e sempre nova nas fontes bíblicas, de modo particular no Evangelho de Cristo.

No século XX, a realidade dos pobres in-cide fortemente na sociedade; as guerras, as revoluções e ideologias conseguem que se veja, se viva, se sinta e se revise, com mais fi rmeza, a situação dos que são vítimas, dos que sofrem, enfi m dos pobres, genérica e especifi camente tra-tados. Sua situação é contemplada não só com estupor, mas já não se aceita o chavão da fatalidade ou da impotência; já se busca abertamente as causas; elas são relacionadas com a injustiça, com a opressão, consequência da exploração das classes ou mesmo da situação de espoliação de países inteiros.

A Igreja não apenas não está alheia a esse movimento social, mas está no meio dele, sustentando-o. Desde o co-meço do século, contribui de modo crescente para que se mantenha e mes-mo prospere a consciência coletiva da desumana situação, dos direitos dos homens e da urgência de encontrar soluções. Neste sentido, os movimen-tos em favor da educação dos mais po-bres, surgidos especialmente na França (Champagnat, La Salle) e as exigências em favor dos trabalhadores contidas na

“Rerum Novarum”, de Leão XIII, serão claros exemplos dessa opção.

A sociedade toma consciência e, à medi-da que passam os anos, o melhor conhe-cimento da situação, em escala mundial, contribui para que entre em cena o pro-blema dos pobres do “Terceiro Mundo”.

O pobre do Terceiro Mundo é um po-bre massificado, com pobreza gene-ralizada, pobreza de que participam

Segundo dia

41

os camponeses, os indígenas, os mi-neradores, os desocupados, a mulher, as crianças, os velhinhos. São pobres, quase pela simples localização porque habitam num mesmo entorno, num mesmo país, num mesmo Continente, bem abaixo das condições de vida dos países industrializados.

Quer-se destacar a injusta e desumana realidade que existe no mundo: en-quanto há países que vivem no desen-volvimento, na abundância e mesmo na opulência, há muitos outros países que, em conjunto, desaparecem na po-breza e mesmo na miséria. Esses países vivem assim, em boa parte, pela explo-ração e domínio que exercem sobre os países empobrecidos.

É verdade que existe a consciência de que nem todos os habitantes desses

países vivem na mesma situação, mas é verdade que assim vivem “as grandes maiorias”. É tempo das estatísticas, da constatação dos efeitos devastadores da pobreza, das refl exões sobre a dignidade humana violada, da análise científi ca para encontrar as causas, das denún-cias dos sistemas injustos e opressores, da busca e reivindicação de soluções que nunca chegam.

A realidade continua presente; no mun-do há uma grande maioria de pobres ma-teriais que carecem do mais elementar; são marginalizados sociais e excluídos. Mais de um bilhão e trezentos milhões de pessoas difi cilmente poderão sair dessa situação se não houver uma mu-dança completa, não apenas de atitudes pessoais, mas, fundamentalmente, de es-truturas políticas, econômicas e sociais.

5. A CONTRIBUIÇÃO DA IGREJA LATINO-AMERICANA

A América Latina é um continente muito característico; nele, as grandes maiorias são, ao mesmo tempo, pobres e crentes: essa dupla realidade, vivida e refl etida à luza da fé, sobretudo em pequenas comunidades será de ines-timável riqueza. Dela se nutrem, ao mesmo tempo, a refl exão teológica e

os documentos mais importantes dos Episcopados e do CELAM: - Situação de pobreza das grandes maiorias; refl exão sobre a fé das comunidades; elaboração teológica, principalmente da chamada Teologia da Libertação; os documentos eclesiais (sobretudo, os do CELAM); tor-na possível que, na Igreja da América

42

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

Latina, a “opção pelo pobre” seja eixo central e, ao mesmo tempo, infl uirá, ain-da que uns anos depois, em toda a Igreja.

Referindo-nos aos documentos do CELAM, é Medellin a primeira e funda-mental reafi rmação do caminho que já estava iniciado, e o faz, sobretudo, em seus documentos “Pobreza, Justiça e Paz”, onde, interpretando os sinais dos tempos, apresenta uma análise clara e determinante da situação atual da América Latina e de suas exigências cristãs; nessa perspectiva, é devedor das orientações do Concílio, em especial, da Gaudium et Spes e, principalmente da Populorum Progressio que, por sua vez, é infl uenciada pelas fortes vivências e refl exões eclesiais, na América Latina.

Medellin recolhe o clamor da situação das massas empobrecidas e cristãs e faz, ao longo dos documentos mencionados, uma solidária e profética opção pelos pobres. Já denuncia a situação que fala dessa violência institucionalizada em que vivem os pobres da América, ante o

que não é possível ser diferente, “posto que desses pobres brota um surdo cla-mor pela libertação que não lhes vem de parte nenhuma”.

A Igreja Latino-americana, agora enri-quecida pela voz de seus Pastores, con-tinua a aprofundar essa perspectiva do pobre. A voz de muitos episcopados lati-no-americanos se levanta nesse sentido.

A “opção pelos pobres” fortalece-se as-sim como opção fi rme da Igreja latino-

-americana e se constitui, ao mesmo tempo, uma das mais apreciadas con-tribuições dessa Igreja à Igreja Universal.

Os documentos de São Domingos inci-dem assim, nessa perspectiva, especial-mente na parte referente à “Promoção Humana” onde, atenta aos sinais dos tempos, explicitará os novos temas como são a defesa dos direitos humanos e o pedido da instauração de nova or-dem internacional como solução mais universal para a angustiosa situação de pobreza.

6. DESAFIOS ATUAIS

Enquanto, na Igreja, se difunde cada vez mais, na teoria e na prática, a opção pelo pobre, observa-se também que, nesta cesta, parece caber tudo; são numerosas as formas de entende-la, insiste-se em

teologizar demais sobre algo que está evidente no nível prático; isso desperdi-ça energias e, às vezes, enfrenta opiniões e, sobretudo, distorce a realidade e des-via o eixo da ação pastoral.

Segundo dia

43

Portanto é prioritário centrar a opção, dar-lhe a verdadeira orientação e dimensão, não deixar que o calor da discussão (por outro lado, legítima) – sobre “quem é o pobre”, “as causas da situação de pobreza” e “quais devem ser as ações capazes de livrá-lo da situação” – esterilize a mesma ação, e retarde a libertação e o protago-nismo do pobre. Uma sadia discussão e o esclarecimento são legítimos, quando preparam ações consequentes.

Hoje apresentam-se muitos desafi os; assinalamos apenas alguns, relacionados com as necessidades práticas:

a) O desafi o evangélicoO primeiro desafi o nasce do Evangelho. A “opção pelo pobre” é radical, isto é, da mesma essência de nossa fé. E é para todos igual: ricos e pobres, integrados e ex-cluídos, todos temos o mesmo mandato: a defesa do oprimido, a opção prioritária pelo pobre. Outra coisa é que para alguns os pobres (reais ou por opção) têm mais facilidade e para outros (os ricos, ou os satisfeitos) há maior difi culdade. Mas, isso Jesus já o disse: “é difícil que um rico entre no Reino dos céus”; “não se pode servir a dois senhores – a Deus e às riquezas”.

“A opção pelo pobre” é uma opção tão central no Evangelho que deve ser realizada “a exemplo de Cristo”, à sua maneira e em seu seguimento. Está centrada no amor, um amor que Jesus nos recorda ser o centro da Lei e que ele mesmo plenifi ca em sua pessoa. Dessa forma, o mandamento do amor passa de ser um amor preferencial ao pobre “como a teu próximo” e “como a ti mesmo” para ser um amor-prolongamento do amor que Jesus nos demonstrou em sua vida pública: “como eu os tenho amado”.

b) A complexidade do mundo do pobreNão se pode “optar pelo pobre” sem conhecê-lo e conhecer bem sua situação, sem fazer todo o possível para eliminar a pobreza ou, o que vem a ser a mesma coisa, não se pode estar com os pobres se não estamos contra a pobreza. O pobre é o rosto de Deus, a pobreza é um dos rostos-consequência do pecado do mundo.

Desde o começo da “opção pelo pobre”, os teólogos insistiram fortemente sobre a pobreza material – não podia ser de outro modo – mas também é certo que nunca trataram essa dimensão de modo exclusivo. Precisamente, ao analisar a situação de pobreza houve preocupação em não reduzir suas dimensões a essa única dimensão de carência material.

44

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

A partir de uma análise social foi visto que o pobre não é apenas o que não tem para comer, não tem como se vestir, não tem trabalho, educação (aqui caberia quase a quarta parte da humanidade que vive em situação de pobreza, ou inclusive na miséria, os que morrem de fome material ou vítimas da mortalidade infantil, da tu-berculose, etc., os analfabetos ou desprovidos da educação básica, os explorados por trabalhos desumanos).

Dizemos que o pobre é também e principalmente a vítima social: os deslocados por causa das catástrofes ou das guerras, os órfãos, as mulheres enganadas e violentadas na prostituição, os dependentes de droga, os doentes de AIDS, as crianças de rua, os que são obrigados a trabalhar desde a idade infantil, os emigrantes, os rejeitados por sua raça ou cor e os refugiados...

Pobre é o insignifi cante, o que não conta, o que quase não é considerado como pessoa, o excluído; pobre é aquele que não tem reconhecidos os seus direitos, é o submetido à escravidão; pobre é aquele que não tem defesa quando é violentado.

Certamente o mundo do pobre se aprofunda e estende. Puebla lembra esses rostos concretos do pobre em quem se refl ete o rosto de Cristo, pobres que não somente não têm desaparecido e estão aí. E mais, por desgraça, eles têm aumentado e se tornaram mais necessitados, mais implorantes; e a eles se juntaram outros que é preciso enxergar e somar. Entrar de vez em quando nesse mundo, identifi car e atacar as causas de tanta pobreza, de tanta escravidão, é uma de nossas principais tarefas. A “opção pelo pobre” convida-nos a ser não somente solidários, mas efi cientes.

c) Pobreza e desenvolvimentoA injusta situação dos pobres do mundo é um grito que nos convoca, primeiramente, a colocar-nos a seu lado. Mas, não podemos colocar-nos a seu lado se não fazemos esforço. Devemos encher-nos dessa atitude cristã, não somente de misericórdia e compaixão, mas também de empatia com o pobre e atrever-nos a olhar o mundo

“a partir do reverso da história”, quer dizer, a partir daquele que sofre e é vítima. Veremos que se trata de outra história, e isso nos fará buscar, ao máximo, a efi ciência.

Os pobres não precisam que deles nos compadeçamos; o que precisam é de nossa ajuda para transformar sua inumana e injusta realidade. O amor não termina na compaixão, mas a compaixão (o sofrer com) gera vitalidade nova que nos leva a

Segundo dia

45

querer transformar a realidade que provoca tanto sofrimento. Essa realidade de pobreza é tão geral que, por desgraça, podemos dizer: “neste mundo em que tudo se globaliza, nada há mais globalizado e generalizado do que a pobreza”. É preciso abreviar essa realidade e para abreviá-la há um nome: desenvolvimento.

Já sabemos que a pobreza é consequência de estruturas injustas. A consequência é dupla: denunciar em voz alta essas estruturas e comprometer-nos com energia em transformá-las.

Nosso dever cristão, nesse processo, é o compromisso sério que nos leve a denunciar, mais vezes, que essa injusta situação tem suas causas; que o bem-estar do “Norte” foi muitas vezes conseguido com a exploração do “Sul”, e que isso, que ainda se mantém, não é humano e, portanto, não é cristão.

São necessários passos concretos, urgentes e transformadores em favor dos quais já se iniciaram pressões por parte da Igreja, da ONG e de outras organizações: à campanha da dívida externa foram acrescentadas outras, reclamando mudanças signifi cativas nas leis do comércio mundial e, mais ainda, em favor de uma nova ordem internacional.

d) O protagonismo do pobreA radicalidade dos desafi os torna-se ainda maior, quando – tanto pela defesa da dignidade da pessoa como pela procura da efi cácia, a longo prazo -, se deve procurar que o pobre se comprometa muito mais nas ações e chegue a ser protagonista da própria história.

Se, tendo presente a dignidade da pessoa humana, o direito a ser respeitado, a ser valorizado, a ser levado em conta, dizíamos que “pobre é aquele que não conta para nada”, então podemos também dizer que ele continua sendo pobre “se apenas contamos com ele para que receba de nós”.

O refrão “é melhor ensinar a pescar do que oferecer peixe” é reforçado ainda mais com outros gestos que convidam a torná-los responsáveis por seu próprio destino. Os países do empobrecido necessitam de ajuda, de estímulos, de garantias; mas também necessitam e querem ser gestores de sua própria ressurreição e não apenas ou principalmente receptores, o que seria outro tipo de refi nado assistencialismo.

46

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

Encontramo-nos, novamente, com a utopia, e utopia evangélica; sabemos da necessi-dade de seu protagonismo, temos difi culdades reais pela frente, entretanto o desafi o deve continuar muito claro. Trata-se de nova leitura da realidade do pobre, crer nele, aprender dele; a realidade do pobre capacita-nos também a pensar de outro modo.

Isso nos leva a prosseguir com o maior respeito, a maior valorização. Levar-nos-á a mudar nossas atitudes. Ajudá-lo a afi rmar-se, não apenas incorporá-lo nas tarefas de transformação, mas permitir que seja gestor da própria história. Crer, segundo a frase feliz de Gustavo Gutiérrez, na força histórica dos pobres.

BIBL. — CASTILLO, JOSÉ MARÍA, Los pobres y la teología, Descleé de Brouwer. Bilbao 1997; CELAM:

Documentos de la II Asamblea General de Medellín, Bogotá 1968; CELAM:Documentos de la 1II

Asamblea General de Puebla, Bogotá 1979; COMBLÍN, JOSÉ, Cristianos rumbo al siglo XXI,

San Pablo. Madrid 1997; GONZALEZ FAUS, JOSÉ IGNACIO, Teología y opción por los pobres, en

Revista Latinoamericana de Teología. Núm. 42, págs. 223-242. Centro de Refl exión Teológica. UCA.

San Salvador; GUTIÉRREZ, GUSTAVO, La fuerza histórica de los pobres. Cep. Lima 1979. Pobres y

opción fundamental, en “Mysterium liberationis” Vol. I, págs. 303-323. Editorial Trotta. Madrid

1990. Renovar la opción por los pobres, en Revista Latinoamericana de Teología. n. 36. Págs. 269-280;

Lois, JULIO, El Dios de los pobres, en “El Dios cristiano. Diccionario teológico”, págs. 1110-1115.

Secretariado Trinitario. Salamanca1992; RICHARD, PABLO y ELLACURIA, IGNACIO, Pobreza/Pobres,

en “Conceptos Fundamentales del Cristianismo”; págs. 1030-1057. Editorial Trotta. Madrid

1993; SOBRINO, JON, Opción por los pobres, en “Conceptos fundamentales del cristianismo”,

págs. 880-898. Editorial Trotta. Madrid 1993; TAMAYO ACOSTA, JUAN JOSÉ, Para comprender la

teología de la liberación,fundamentalmente su capítulo 10: Opción por los pobres. Verbo Divino.

Estella 1989.

PARA A REFLEXÃO PESSOAL E A PARTILHA FRATERNA

• Defi nitivamente, a opção pelos pobres nasce do Evangelho e é um imperativo para todo cristão e evidentemente para todo consagrado. Que sentimentos nas-cem em teu coração? Te sentes à vontade, coerente, confi rmado em tua forma de viver, comprometido…? Ou pelo contrário, há resistências e mal-estar…?

• Que coisas te levantam dúvidas?

Segundo dia

47

• Vendo nosso mundo e nossa realidade marista, qual crês ser nossa maior e melhor contribuição e o que consideras que falta para respondermos ao que a Igreja e nosso Instituto nos solicitam com insistência?

• O que consideras que deverias fazer, em nível pessoal (e em outros níveis) para sentir a paixão de Champagnat, o fogo de Champagnat pelos pobres e necessitados/as?

• Partilha algo do que sublinhaste, nos vários documentos, e o que desejas a partir da refl exão pessoal realizada.

• Lê a Palavra de Deus em (Is 58, 1 e ss.). (Lc 4, 16-19). (Mt. 25, 31 e ss.) e imagina-te com Jesus e os profetas vivendo essa Boa-nova.

MINHA OPÇÃO PELOS POBRES OU OS POBRES E EU, NOS DOCUMENTOS ATUAIS DE NOSSO INSTITUTOEXTRATO DE ‘A ÁGUA DA ROCHA’

8. Marcelino também tinha consciência do amor de Jesus e de Maria pelos outros. Isso lhe inspi-rou uma paixão de apóstolo. Dedicou a vida a partilhar esse amor. No encontro com o jovem agonizante, Jean-Baptiste Montagne , constata-mos a que ponto Marcelino fi cou perturbado por encontrar um menino, no fi nal da vida, sem conhecer o amor que Deus lhe tinha.

9. Esse acontecimento teve, para ele, o sabor de um apelo de Deus. De imediato, um profundo sentimento de compaixão tomou conta dele, impulsionando-o a colocar em ação o projeto fundacional: “Precisamos de Irmãos!” Confi rmou-se, então, o projeto de oferecer resposta às necessidades da juventude, pela ação de um grupo de evangelizadores. Esse grupo levaria a Boa-nova de Jesus às pessoas que viviam à margem da Igreja e da sociedade.

48

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

10. Marcelino respondeu com entusiasmo e de modo prático às necessidades que observava ao seu redor. Essa atitude emergiu do Projeto, colocado sob a proteção de Maria em Fourvière e partilhado também pelos pioneiros da a Sociedade de Maria. Juntos sonharam um jeito renovado de ser Igreja.

EXTRATO DE ‘EM TORNO DA MESMA MESA’

41. Nosso coração marista bate em sintonia com a paixão de Marcelino, que se ma-nifesta atualmente nas palavras que o Ir. Seán Sammon, Superior Geral, dirige aos Irmãos: Viver e trabalhar no meio dos jovens; evangelizar prioritariamente pela mediação da educação, mas eventualmente por outros meios; demonstrar preocupação especial pelas crianças e pelos jovens pobres que vivem excluídos da sociedade.

42. Esta é a nossa missão: contribuir para que as novas gerações descubram o rosto de Deus e tenham vida em abundância. Como Champagnat, devemos responder ao grito dos “Montagne” que nos rodeiam. Não podemos ver uma criança sem amá-la e dizer-lhe o quanto Deus a ama.

• Consagramos o mundo ajudando os jovens a descobrirem o sentido de sua existência e a serem capazes de tomar a vida em suas próprias mãos, à luz da fé.

• Somos profetas com os jovens, anunciando-lhes que a vida é maravil-hosa em si mesma, que vale a pena lutar para construir um mundo melhor. Nós os animamos a serem críticos da sociedade em que estão inseridos e os convidamos a se comprometerem a transformar esse sonho em realidade.

• Somos também servidores dos jovens, estando junto deles e sendo referência para suas vidas, permanecendo atentos às suas necessi-dades e acompanhando-os em seus acertos e erros, em suas dúvidas e aspirações.

Segundo dia

49

EXTRATO DE‘TORNAR JESUS CRISTO CONHECIDO E AMADO’

(Ir. Sean Sammon, 2006)

Loire, que inclui La Valla, apresentava este inquietante quadro sobre o estado da educação: “Os jovens vivem na mais espantosa ignorância, entregues a uma alarmante vagabundagem”. Estas cir-cunstâncias deveriam pesar muito sobre o coração de Marcelino, na manhã em que o chamaram à cabeceira da cama do jovem Jean Baptiste Montagne , que se estava morrendo. Vinham-lhe, igual-mente, à mente o decreto que fi rmara Luís XVIII, em 1816, estabelecendo que cada paróquia proporcionasse a educa-ção primária para todas as crianças, in-cluindo as de famílias que não podiam pagar. De algum modo, o encontro com o rapaz moribundo ajudou Marcelino a ver mais claramente a missão que o Espírito lhe destinava. Tinha ante seus olhos uma vítima da exclusão. Sua ne-cessidade de consolo e de instrução nas verdades da fé determinaram a resposta do Fundador, a ponto de consumir sua vida nesse empenho. Assi não cabe a menor dúvida de que, ao fundar nosso Instituto, Champagnat tratava de solu-cionar a falta de uma adquada instru-ção religiosa, entre crianças e jovens pobres da região, e há razões para crer que sua visão ia mais longe. Para ele a

educação era algo mais do que um pro-cesso de transmissão de dados e conhe-cimentos, ou mesmo, de elementos de nossa fé. Ele a compreendia, sobretudo, como ferramenta poderosa para formar e transformar as mentes e os corações das crianças e dos jovens. Nesse sen-tido escreveu: “Se nos limitássemos a ensinar as ciências profanas, os Irmãos não teriam razão de ser; isso já é feito pelos professores; e se nos propusésse-mos apenas a instrução religiosa, nos limitaríamos a ser simples catequistas”.

“Nosso propósito é mais ambicioso; as-piramos a inculcar nas crianças espírito, sentimentos e costumes religiosos, as virtudes do bom cristão e do honrado cidadão. Para consegui-lo, devemos ser autênticos educadores, convivendo com as crianças todo o tempo possível.”

• Relaciona os chamados de nos-sos documentos maristas com os do Evangelho e da Igreja, e descobre as coincidências e apli-cações práticas.

• Para um Marista, a opção pelos pobres, hoje, tem que características peculiares?

50

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

Conclui com uma oração:

(Oração e refl exão para a tarde)

Segundo dia

51

COMPAIXÃO

O famoso cantor Cliff Richards, o «Peter Pan do Pop», nasceu na Índia, mas foi educado na Inglaterra. Seus repetidos triunfos tornaram-no um habitual das listas de campeão, conquistanto o pri-meiro lugar em catorze ocasiões, du-rante várias semanas e recebendo um montão de discos de ouro. Tudo isso, desde a década dos 50 do século passado.

Entretanto a vida profi ssional não tudo para ele. Sua preocupação e interesse em ajudar aos necessitados levou-o a visi-tar um dos campos de refugiados em Bangladesh. Confessou que, no primeiro dia, se lavou as mãos centenas de vezes. Não queria tocar nada nem ninguém por medo de uma infecção: todos, mesmo as crianças de colo, estavam cobertos de chagas malcheirosas.

Um fotógrafo lhe pediu que se inclinas-se em direção de uma criança. Cliff o fez com muito cuidado para não tocá-lo. Mas alguém machucou por descuido o pequeno e seu grito de dor desarmou Cliff. Levado por impulso, tomou a criança em seus braços, esquecendo sua sujeira e suas chagas. “Recordo aquele corpinho quente agarrando-se em mim confi ante. Seu choro parou por encan-to. Naquele momento me dei conta de

quanto me faltava por aprender sobre o verdadeiro amor cristão. Mas, ao menos, esse foi o princípio.”

Em seguida, continuou a ajudar os mais pobres. A rainha Isabel II, considerando seus numerosos e generosos gestos de solidariedade, concedeu-lhe o título de

“sir” e passou a formar parte da nobre-za inglesa. A fotografi a de Bangladesh em que é visto com o susto estampado no rosto e a criança acomodando-se em seu colo é uma das coisas que Cliff mais aprecia: “Está pendurada na pare-de que fi ca entre meu quarto e o banho. Assim não posso deixar de vê-la todos os dias.

EXPLORA TUA MENTE

– Distingues claramente entre interesse e compaixão?

– Fazes teus as necessidades e os sofri-mentos alheios?

– Teu interesse e tua preocupação fi cam em ideias e bons sentimentos ou te le-vam à ação?

– Estás disposto a «sujar-te as mãos» para ajudar emigrantes, enfermos, pobres e miseráveis?

52

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

DESPERTA TEU CORAÇÃO

«Compaixão é uma palavra cheia de conteúdo: signifi ca “paixão por”, isto é, partilhar o sofrimento alheio, compartilhar a agonia dos demais, aceitar em meu coração a afl ição que há em teu, sofrer com tua desdita. Tua dor me chama, toca meu coração, desperta algo dentro de mim e acaba fazendo-me um contigo, no pesar. Talvez não seja capaz de aliviá-lo, mas ao procurar entendê-lo e a compartilhá-lo, torno a ti capaz de suportá-lo de modo mais digno, e isso ajuda a nós dois a amadurecer e a crescer como pessoas” (Jean Vanier).

Compaixão é mais do que simpatia, interesse ou preocupação. Jesus Cristo sentiu em seu estômago a fome dos que o seguiam e, por isso, pôde oferecer-lhes pão. Jesus Cristo sentiu em seus ossos a repulsa que sofriam os leprosos e, por isso, re-cusou a “lei” e tocou-os com sua própria mão, antes de curá-los. Jesus Cristo sentiu a dor da mãe viúva ao levar para o enterro seu fi lho morto e, por isso, o ressuscitou e devolveu a ela.

Compaixão é mais do que lástima. Muitas vezes pensamos que temos um coração compassivo porque “sentimos pena”, quando passamos perto de um pobre; vemos na televisão crianças famintas ou famíias infelizes, mas nos mantemos à distâcia sem entrar em contato direto com as pessoas. Trata-se de cômoda “tele-piedade” que não compromete, ainda que comova. A verdadeira compaixão nos move a atuar.

Os infelizes clamam com voz emudecida: “Olha-me com olhos humanos, prova as lágrimas que choro, toca-me com tua mão humana, ouve-me com teus próprios ouvidos...” (Ric Masten). No entanto, muitas vezes seus gritos permanecem emu-decidos pelo ruído do tráfego e da vida.

ELEVA TEU ESPÍRITO

• Trata de viver a cena de Marcos 8,22 26 ou 10,46-52. Identifi ca-te com o cego, sente como Jesus te toca e cura tua cegueira.

• Faze o mesmo com a cura do leproso (Mc 1,40-45). Percebe como a mão de Jesus te toca e escuta o que diz: “Quero, sê curado.”

Segundo dia

53

• Lê e participa imaginariamente, de alguma forma, na ressurreição do fi lho da viúva de Naim (Lc 7,11-15).

• “O Senhor é compassivo e misericordioso (Ex 34, 6; Sl 86,15; Tg 5, 11; etc.).

SEGUIR JESUS A PARTIR DAS VÍTIMAS (COMUNICADO FINAL)

Escrito por Semana Andaluza de Teologia

Procedentes da Andaluzia e de outras partes do país, entre 350 pessoas par-ticipamos dessa Semana Andaluz de Teologia, como espaço cristão, vivo e comunitário, onde se estimula e celebra nossa fé em Jesus de Nazaré e se refor-çam, com entusiasmo, nossas esperan-ças e compromissos por outra socieda-de mais justa, e outra Instituição-Igreja mais evangélica.

Ante a crueldade e a sem-razão do lucro insaciável de minorias, continuamos a crer na razão e na justiça dos direitos das vítimas. Nesses dias, partilhamos compromissos pessoais ou locais, pe-quenos mas transformadores, germe de modelo alternativo de viver, de crer na Sabedoria Divina e de seguir a Jesus. Compromissos que põem em seu eixo a compaixão solidária com as vítimas feridas, expoliadas e excluídas.

Sabemos que crer em Deus não é ques-tão-chave, mas, sim em que Deus cremos.

Como pessoas seguidoras de Jesus da-mos nossa adesão-confi ança ao Deus de Jesus e também ao Jesus de Deus. Para ser fi éis a essa fé-seguimento precisamos

“voltar a Jesus” sempre, para caminhar por seus caminhos com liberdade e criatividade, atentos às sugerências do Espírito que transcende e ultrapassa o marco religioso-institucional e se faz sentir no clamor dos empobrecidos e das vítimas sociais.

A prioridade da vida sobre a religião é a consequência mais radical que brota das propostas de Jesus sobre o Reino e tam-bém sua exigência mais urgente. A me-diação essencial entre os seres humanos e Deus é a vida, pois a Ele o encontramos no fazer com que todas as pessoas vivam com dignidade e sejam respeitadas em seus direitos; achamo-Lo no gozo e na alegria de viver na partilha, em igualdade.

54

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

Seguindo a Jesus, a orientação essencial da espiritualidade cristã consiste no com-promisso com a vida humana; sua segurança, sua dignidade, seus direitos e sua felicidade. Porque não se pode captar o alcance e a profundidade da fé cristã se não a vivemos a partir do lugar social das vítimas da exclusão.

Essa opção de seguimento de Jesus pode, inclusive, levar-nos a vivê-la à margem dos marcos religiosos instituídos, esses que tantas vezes desfi guram, ocultam e difi cultam o acesso à sua Vida e Mensagem a muitas pessoas.

Quando se margina o Evangelho, e se avivam a religião, o sagrado, os ritos, a di-mensão confessional, etc., a Instituição-Igreja aparece claramente religiosa, aliada com os poderes sociais e econômicos e pouco ou nada evangélica, de modo que se torna incapaz de manter viva a memória subversiva e a proposta de Jesus, e o quanto representa de libertador para as pessoas. Assim pois, o compromisso com as vítimas é expressão iniludível (evidente) do seguimento de Jesus.

Nossa estatura ética, em nível coletivo, não virá calculada pelo PIB, mas por nossa radicalidade democrática e comprometida com o próximo-vítima.

Se observamos somente nossa realidade eespanhola, continua a diminuição das receitas familiares e cresce o aumento da desigualdade na partilha, com o desa-parecimento das rendas mais baixas. O número de famílias sem receita, em nosso país, supera os 700.000 e, desses, 334.000 lares andaluzes vivem em grande pobreza.

Agravam-se, sem cessar, os processos que limita o acesso aos direitos e aso serviços básicos (alimentação, educação, saúde, moradia), e índice de desemprego chega a 27% da população ativa e, entre os jovens, supera os 50%. A situação trabalhista está assim: menos emprego mais desocupados, a maioria dos empregos novos são de caráter temporal ou precário e com salários baixos ou muito baixos. Em síntese: pobreza crescente e direitos minguantes.

Entre as incontáveis vítimas do sistema sócio-econômico imperante, consideramos as vidas cortadas, proibidas, perseguidas ou expulsas de milhares de pessoas imi-grantes que não encontram em nossas sociedades opulentas a acolhida hospitaleira e a devida justiça, ante suas situações de emergência.

Segundo dia

55

Hoje, precisamos dizer “não a uma economia de exclusão e de desigualdade”. Essa economia mata. Grandes massas da população são excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem horizontes, sem saída. Considera-se o ser humano como um bem de con-sumo que se pode usar e, em seguida, tirar fora. Vivemos na cultura do “descartável”: os excluídos não são “explorados” mas desfeitos, excedentes.

“Enquanto não sejam resolvidos, radicalmente, os problemas dos pobres, renunciando à autonomia absoluta dos mercados, da especulação fi nanceira, e atacando as causas estruturais da desigualdade, não serão resolvidos os problemas do mundo. A desigual-dade é a raiz dos males sociais” (Papa Francisco).

Confessamos que seguir a Jesus nos move a trazer conosco a esperança e o im-pulso de uma nova sociedade, com valores alternativos aos dominantes. Estamos convictos de que a fé cristã tem irrenunciável dimensão social e pública, donde brota um irrecusável impulso para o compromisso ético e sócio-político. Nossa fé cristã nos dá Vida e queremos vivê-la como fé atravessada pelo clamor da justiça, da igualdade e libertação.

“Aí queremos estar. A chama da esperança subversiva continua viva, apesar de tudo. Queremos vigiar o fogo da indignação e da paz para fazer frente à cobiça insaciável do Mercado – o pior dos terrorismos, a pior das epidemias – para cuidar melhor de nós, para cuidar dos irmãos/ãs que perecem, para preservar a terra e a vida ameaçada de todos os viventes, para curar e salvar a Vida. Jesus nos inspira e nos impulsiona” (José Arregi).

EL MORCHE -TORROX (MÁLAGA) 21-22-23 DE NOVEMBRO DE 2014.

• Intenta, agora, fazer uma análise crítica de tua realidade e elabora alguns compromissos concretos que crês possível viver, neste “Ano Montagne” e que podes propor ao grupo ou comunidade.

QUESTÃO DE FOGO

CONTEMPLANDO CHAMPAGNAT

56

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

LES PALAISNão longe do Bessat, num casario chamado “Les Palais”, o jovem Juan Bautista Montagne , de 19 anos, está morrendo. Champagnat, avisado, percorre imediatamente os quase 20 Km. a partir de La Valla – ida e volta – por caminhos de montanha, para poder assisti-lo. O jovem não conhece nada de Deus. Champagnat o instrui nas verdades da fé e o atende em confi ssão. O jovem morre, pouco depois. Marcelino Champagnat reconhece neste sinal a voz de Deus e sem demora funda os Irmãozinhos de Maria.

CHAMPAGNAT, UM HOMEM DE FOGO

Como pôde? Somente com fogo interior.Um jovem morre. Uma criança chora, uma mãe soluça...E seu eco desgarrador ressoa nas montanhas do Pilat.

Escuta-o um sacerdote;Um fogo se acende e um homem zelosoCaminha montanha acima.Quantas horas? ... uma, duas? Que importa!

Marcelino Champagnat te agigantas ante mimQuando te vejo caminhar, subir, suar e pensarEm busca de um rosto enfermo, Um jovem morrendo,Ou uma criança chorando…Para dar-lhe consolo, para acariciá-lo, Catequizá-lo, amá-lo.Para dizer-lhe que um lugar no céu é seu.

E este jovem não sabe, não conheceNinguém lhe disse jamaisQue o sol brilha porque existe Deus;Que o irmão existe porque há um Pai;Que o amor não se apaga porque há uma Mãe;Que sofrimento tem sentido porque há um Cristo;Que a felicidade é possível aqui na terra,Porque há mãos estendidas e abertas,Cheias de fl ores e frutos para repartir generosamente.

Segundo dia

57

E o cansaço do caminho desaparece, Ao ver brilhar no rosto do jovem e da criança, O sorriso imenso dos olhos límpidos Da felicidade eterna.

Chegaste em tempo porque partiste com urgência,Como Maria e com ela, saíste depressa para a nova terra.E o fogo te queima com brasas de urgência.Não podes esperar mais…É preciso começar, pois o grito é muito forte e profundo,Nas montanhas do Pilat, nos Alpes e nos Andes,No mar, nas ilhas … e mais além.

Marcelino, quero dizer-te que teu fogo não se apagou ainda.Após de 200 anos continua teu fogo aquecendo de amor os corações, Enxugando lágrimas, entusiasmando jovens.

Não obstante, atrevo-me a pedir que me regales teu fogo,Que animes, em mim e em meus irmãos, teu fogo apaixonante.

IRMÃO LOURENÇO

Conta-nos, o que viste em ChampagnatPara fi cares com ele?O que viste nas criançasPara te entregares a elas?

Irmão Lourenço,Agora te compreendo.Somente o fogoDe um irmão, de um amigo,O fogo do Evangelho,Pôde mover-te e entregar-teA esse povo.

Por fi m, dize a ChampagnatQue as quero muito.

58

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

Tua expressão artística (poesia, desenho, salmo, canção…)

Segundo dia

59

COMPAIXÃO PARA COM MARIA(Momento mariano)

MOTIVAÇÃO

“Por isso, nós, hoje aqui, podemos continuar a louvar a Deus pelas maravilhas que operou na vida dos povos latino-americanos. Deus, segundo seu estilo, ocultou essas coisas aos sábios e entendidos, dando-as a conhecer aos pequenos, aos humildes, aos puros de coração.”

Nas maravilhas que o Senhor realizou em Maria, Ela reconhece o estilo e o modo de atuar de seu Filho, na história da salvação. Transtornando o pensar mundano, destruindo os ídolos do poder, da riqueza, do êxito a todo custo, denunciando a autossufi ciência, a soberba e os messianismos secularizados, que afastam de Deus, o cântico mariano confessa que Deus se compraz em subverter as ideologias e as jerarquias mundanas.

Enaltece os humildes, vem em socorro dos pobres e dos pequenos, enche de bens, bênçãos e esperanças aos que confi am em sua misericórdia, de geração em geração, enquanto derruba de seus tronos os ricos, os potentes e dominadores.

O “Magnifi cat” nos introduz nas “bem-a-venturanças”, síntense primordial da men-sagem evangélica. À sua luz, sentimo-nos movidos a pedir que o futuro da América Latina seja construído pelos pobres e pelos que sofrem, pelos humildes, pelos que têm fome e sede de justiça, pelos compassivos, pelos de coração limpo, pelos que traba-lham pela paz, pelos perseguidos por causa do nome de Cristo, “porque deles é o Reino dos céus”.

(Da homilia do Papa Francisco na festa de N. Sra. de Guadalupe. Vaticano, 12 de dezembro).

60

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

CANÇÃO: “MADRE DE NUESTRO PUEBLO”

MÃE DE NOSSO POVO, OS HOMENS ABREM O CORAÇÃO.QUEREM CHAMAR-TE MÃE EM SUAS PALAVRAS E EM SUA CANCÃO.

Mãe te chamam os pobres, sem pão nem calor;Pobres sem livro nas mãos, pobres sem uma ilusão.

Mãe te chama o que sofre penas de pranto e dor,Penas por ver-se oprimido, penas que evocam amor.

Mãe te chama esse povo, povo nascido na cruz.Povo que marcha para o céu. Mãe do povo és tu.

ORAÇÃO COMUNITÁRIA

À força de amor humanoAbraso-me de amor divino.A compaixão é caminho Que vai de mim ao irmão.Dei-me sem estender a mãoPara cobrar o favor.Dei-me na saúde e na dorA todos, e de tal modoQue me encontrou a morteSem nada mais que o amor.

Na mesa dos fi lhosPreparei um lugar para os pobres. Serviu, consolou, deu forças,Guardou para si suas penas.Guardou a memória dos mortos,Gastou com os vivos o seu tempoVestiu a dor de oração,A solidão, de esperança.E Deus cobriu-a de glóriaComo de um véu de bodas.

Segundo dia

61

Maria dos marginalizados,Dos que parecem sobrarNeste mundo, em nossa sociedade,Como os compreendes bem!Como se prolongou na história a tua dor: Mãe solteira postergada,Mãe de um justiciado,Imigrante no Egito,Campesina e mulher de aldeia,Marginalizada com teu fi lho marginalizado,Jesus, o crucifi cado.Como compreendes bem, Maria,Aqueles que não são louvados nem acolhidos,Mas desprezados, condenados e expulsos!Contagie-nos tua compaixãoPara que sejamos bons samaritanos!

(José C.R. García Paredes)

• Façamos eco da oração comunitária. Acompahado de uma Ave-maria.• Cantamos de novo:

MÃE DE NOSSO POVO, OS HOMENS ABREM O CORAÇÃO.QUEREM CHAMAR-TE MÃE EM SUAS PALAVRAS E EM SUA CANÇÃO.

Sean compasivos como vuestro Padre...

62

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS (25, 31-46)

Naquele tempo, 31 Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso. 32 Todas as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos ou-tros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33 Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda.

34 Então o Rei dirá aos que estão à direi-ta: – Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, 35 porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; 36 nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim.

37 Perguntar-lhe-ão os justos: – Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? 38 Quando foi que te vimos pere-grino e te acolhemos, nu e te vestimos? 39 Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar?

40 Responderá o Rei: – Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fi zestes isto a um destes meus irmãos mais peque-ninos, foi a mim mesmo que o fi zestes.

41 Voltar-se-á em seguida para os da sua esquerda e lhes dirá: – Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos.

42 Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de be-ber; 43 era peregrino e não me acolhes-tes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes.

44 Também estes lhe perguntarão: – Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te socorremos?

45 E ele responderá: – Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer. 46 E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna.

Segundo dia

63

UM JULGAMENTO ESTRANHO José Antonio Pagola

As fontes não admitem dúvidas. Jesus vive voltado para aqueles que percebe neces-sitados de ajuda. É incapaz de passar indiferente. Nenhum sofrimento lhe é alheio. Identifi ca-se com os mais humildes e desvalidos, e por eles faz todo o possível. Para Ele a compaixão vem em primeiro lugar. Eis o único modo de nos parecermos com Deus: “Sede compassivos como vosso Pai é compassivo.”

Como podemos achar estanho que, ao falar do juízo fi nal, Jesus apresente a compai-xão como critério último e decisivo que julgará nossas vidas e nossa identifi cação com Ele? Como nos poderá ser estranho que se apresente identifi cado com todos os pobres e desgraçados da história?

Segundo o relato de Mateus, comparecem diante do Filho do Homem, isto é, ante Jesus, o compassivo, “todas as nações”. Não são feitas diferenças entre “povo eleito” e “povo pagão”. Nada se diz das diferentes religiões e cultos. Fala-se de algo muito humano e que todos entendem: O que fi zemos com todos os que viveram sofrendo?

O Evangelista não se detém propriamente a descrever os detalhes de um julgamento. O que destaca é um duplo diálogo que lança luz imensa sobre nosso presente, e nos abre os olhos para ver que, fi nalmente, há duas maneiras de reagir, ante os que so-frem: nos compadecemos e os ajudamos; ou, nos desentendemos e os abandonamos.

Aquele que fala é um Juiz identifi cado com todos os pobres e necessitados: “Cada vez que ajudastes a um desses meus pequenos irmãos, comigo o fi zestes”. Aqueles que se aproximaram para ajudar um necessitado, aproximaram-se dele. Por isso, estarão com ele no Reino: “Vinde, benditos de meu Pai”.

Em seguida, dirige-se aos que viveram sem compaixão: “Cada vez que não ajudastes a um desses pequenos, deixastes de fazê-lo a mim”. Aqueles que se afastaram dos que sofrem, afastaram-se de Jesus. É lógico que agora lhes diga: “Afastai-vos de mim”. Continuai em vosso caminho...

Nossa vida acontece agora mismo. Não é preciso esperar nenhum julgamento. Agora, nos aproximamos ou afastamos dos que sofrem. Agora, nos aproximamos ou afastamos de Cristo. É agora que decidimos a nossa vida.

64

X Encontro da Rede Interamericana de EAM

ORAÇÃO: ELE VAI OLHAR-NOS

Florentino Ulibarri

Não temos em nossas mãos a solução dos problemas do mundo;mas, frente aos problemas do mundo, temos nossas smãos.Quando o Deus da história vier, Ele vai olhar nossas mãos.

Não temos em nosso coração ter-nura para acalmar tantos mares de violência;mas, frente a esses mares de violência, temos nosso coração.Quando o Deus da história vier, Ele vai olhar o coração.

Não temos em nossas entranhas con-solo para serenar este vale de lágrimas;mas, frente a esse vale de lágrimas, temos nossas entranhas.Quando o Deus da história vier, Ele vai olhar as entranhas.

Não temos em nossa cabeça sabedoria e inteligência sufi ciente para mudar as coisas que não funcionam; mas, frente à realidade, resta-nos a dignidade.Quando o Deus da história vier, perguntar-nos-á sobre nossa dignidade.

Não temos em nosso poder a pa-lavra com autoridade que manda e, obedecida,

muda situações e circunstâncias; mas, frente a essas situações, te-mos a palavra.Quando o Deus da história vier, perguntar-nos-á sobre nossas palavras.

Não temos em nossa carteira dinheiro sufi ciente para alegrar os pobres;Mas, apesar de tanta pobreza e miséria, ainda economizamos e sobra.Quando o Deus da história vier, de nada servirão nossas economias e moedas.

Oremos: Pelos pais, educadores, ca-tequistas, agentes de pastoral, para que sintam como primeira e última missão a transmissão do estilo de vida de Jesus: contagiem os outros com a alegria do serviço e do interesse pelos mais necessitados. Pai, que nosso reinado seja o serviço.

Pai, conheces bem nossos corações e sabes do nosso temor em deixar-te reinar dentro de nós. Pedimos, pela mediação de teu Filho Jesus, concede-nos o gozo de viver-te e sentir-te como Pai e Mãe que nos quer e necessita. Amém.

Maristas ao encotnro dos"Montagne"

Terceiro día:

Maristas ao encontro dos "Montagne"

66

X Encuentro de la Red Interamericana de EAM

Esquema geral:PRIMEIRO DIA SEGUNDO DIA TERCEIRO DIA

Tem

a

Marcelino e os pobres Os “Montagne” hoje Maristas: ao encontro dos “Montagne”

Motiv

ação

Pp.

Necessitamos de Irmãos

Direitos das crianças

A pobreza no mundo

Crianças indígenas em perigo

Rostos sofredores: América Latina

Manh

ã

Contemplemos e escutemos Marcelino

No coração de Marcelino: Os pobres

Os pobres hoje

A opção pelos pobres

Os maristas: Irmãos e leigos comos “Montagne” hoje

Pedido do Papa: Presença significativa entre os pobres

Maria Com o coração

de MariaCom Maria, compassivos

Maria se pôs a caminho

Tard

e

Experiência “Montagne”

Minhas experiências “Montagne”…

Minha opção pelos pobres ou os pobres e eu…

No futuro Marista os “Montagne” estão esperando… (NAIRÓBI)

No fi

m d

a ta

rde Momento para

partilhar em gruposMomento para partilhar em grupos

Momento para partilhar em grupos

Oraç

ão Marcelino e os “Montagne” hoje

Sede compassivos como vosso Pai…

Ide depressa como Maria, os “Montagne” nos esperam. (Celebração)

Tercer día

67

Terceiro dia:

Maristas ao encontro dos "Montagne"

Maristas ao encontro dos "Montagne"

AS/OS MARISTAS: IRMÃOS E LEIGOS COM OS POBRES

OS “MONTAGNE” EMNOSSOS DOCUMENTOS

EXTRATOS DO DOCUMENTO ÁGUA DA ROCHA:

127. Os gritos do mundo, especialmente os dos pobres, tocam o coração de Deus e também o nosso. A profundidade da compaixão de Deus nos desafi a a ser ho-mens e mulheres de coração sem fron-teiras já que Deus, em seu infi nito amor, continua apaixonado pelo homem e pelo mundo de hoje com seus dramas e esperanças.

132. Confi rmada em sua vocação* pelo convite do Espírito, Maria sentiu-se im-pelida a deixar sua casa para ir à casa de outra pessoa. Preconizou desse modo o sentido de nosso apostolado: ir ao en-contro das pessoas, lá onde elas estão.

138. Marcelino optou por chamar de “Irmãos” os primeiros Maristas em La Valla. Ele acreditava na força do amor

que constrói comunidade e cura as má-goas. Impelido por um amor sem fron-teiras, sentiu-se motivado a ser irmão para todo o mundo. Sua visão espalhou-se por toda a parte, superando tempo e espaço: Todas as dioceses do mundo fazem parte de nossos planos.

142. Motivados por esse amor, busca-mos ocasiões e razões para estar com as crianças e os jovens, e assim poder participar de seu mundo e de sua vida. Para muitos deles, somos o único Evangelho que terão oportunidade de ler. Inspiramos os jovens a ser criativos na afi rmação de sua própria identidade, enfrentando novos desafi os na vida e aprofundando o conhecimento de si, dos outros, do mun-do e de Deus.

68

X Encuentro de la Red Interamericana de EAM

143. Participando do mundo das crian-ças e dos jovens, defrontamo-nos com in-justiças, sofrimento e, freqüentemente, maldade. Jesus nos convida a incorporar tais experiências à nossa vida como par-ticipação no Mistério Pascal – o encon-tro da Sexta- Feira Santa com a Páscoa, o paradoxo que transforma o fracasso em vida, vida nascida do sofrimento.

144. Seguindo Jesus e vivendo a missão, somos inspirados pela paixão e pelo es-tilo prático de Marcelino. Com um cora-ção dedicado às crianças e aos jovens po-bres, os apóstolos Maristas procuram dar respostas concretas à dolorosa condição em que essas crianças e jovens vivem.

148. O Espírito renova o amor de Deus por nosso mundo. Desejamos continuar abertos à ação e às urgências do Espírito. O agonizante Jean-Baptiste Montagne impeliu Marcelino a iniciar seu projeto de ter Irmãos para a educação das crianças menos favorecidas da região rural. Quem são os “Montagne” hoje? Quem nos im-pele a dar uma resposta apostólica? São questões cruciais no processo permanente de discernimento.

149. Por isso, dirigimo-nos àqueles lugares aonde ninguém quer ir, para lá parti-lharmos o sofrimento, como Maria ao pé da cruz e, assim, sermos presença fi el e serviço, apesar de todos os riscos. Essa experiência nos estimula a deslocar-nos, com audácia e senso missionário, para missões de fronteira, áreas marginalizadas, ambientes inexplorados, onde a implantação do Reino é mais necessária. Quando nossa missão está concluída, escolhemos outros lugares que exijam nossa presença.

Tercer día

69

DA MISSÃO EDUCATIVA MARISTA

ENTRE OS JOVENS, ESPECIALMENTE OS MAIS NECESSITADOS.

53. Marcelino Champagnat viveu en-tre crianças e jovens, amou-os pro-fundamente e lhes dedicou todas as suas energias. Como seus discípulos, também experimentamos uma alegria especial em partilhar com eles o nosso tempo e as nossas vidas; fazemos eco das suas aspirações; sentimo-nos cheios de compaixão para com eles e fazemo-nos presentes nas suas difi culdades.

54. Do mesmo modo como Marcelino Champagnat pensava nas crianças e nos jovens menos favorecidos, ao fundar os Irmãos Maristas, a nossa preferência deve ser pelos excluídos da sociedade e por aqueles que, por causa da sua pobreza material, não têm acesso à saúde, a uma vida familiar equilibrada, à escolarização e à educação nos valores.

55. Reconhecemos, nesse amor por to-das as crianças e jovens, e especialmente pelos pobres, a característica essen-cial da nossa Missão Marista.

56. A fi delidade ao nosso carisma exige de nós uma atenção constante às ten-dências sociais e culturais que exer-cem profunda infl uência na formação

da consciência das crianças e dos jovens, assim como no seu bem-estar espiritual, emocional, social e físico.

57. O nosso mundo é confrontado com novos desafi os: a interdependência mundial, a vida em uma sociedade pluralista, a secularização e o advento de novas tecnologias. Essas mudanças abrem outros horizontes e, apesar das ambigüidades que podem encerrar, ofe-recem-nos inauditas possibilidades.

58. Algumas das tendências atuais são uma ameaça ao amadurecimento sa-dio das crianças e dos jovens, como, por exemplo, o ritmo acelerado das mudan-ças, a cultura do individualismo e do consumismo, a insegurança na família e na perspectiva de trabalho. Pelo contrá-rio, em outras situações, não se produzi-ram as mudanças necessárias: cresce a diferença entre ricos e pobres, em um mundo dominado pelos interesses cria-dos pelos poderosos; e continuamente dilacerado por guerras. A desigualdade de condições de vida e de oportunidades educativas, as experiências de violência pessoal, de abandono, de exploração e de

70

X Encuentro de la Red Interamericana de EAM

discriminação de todo o tipo continuam sendo a realidade diária para muitos.

59. Observamos também evidentes sinais de esperança: uma crescente consciência dos direitos humanos, in-cluindo os direitos das crianças, esforços para universalizar o acesso à educação para todos. Constatamos os exemplos extraordinários de avanço no serviço à vida humana e uma responsabilidade crescente em favor do meio ambiente, o empenho daqueles que trabalham pela paz e dos que lutam contra a injus-tiça. Vemos o desejo dos pobres e margi-nalizados de envolver-se ativamente na sua libertação e desenvolvimento dian-te de estruturas opressivas. Vemos tanta gente, sobretudo jovens comprometidos em lançar pontes de solidariedade entre diferentes povos, oferecendo voluntaria-mente os seus serviços.

60. Através do nosso contato individual com as crianças e jovens, podemos apre-ciar seu idealismo e sua necessidade de formar parte de grupos que lhes moti-vem e lhes deem identidade. Sabemos como podem, nos seus melhores mo-mentos, ser alegres, entusiastas e since-ros. Como desejam confi ar em alguém, colaborar ativamente e expressar suas ânsias de liberdade.

61. Nos damos conta do seu profun-do senso de justiça, seu desejo de um mundo mais acolhedor e a sua fome espiritual. Ouvimos seus gritos pedin-do aceitação e confi ança, educação de qualidade, esperança e autenticidade, uma busca pelo sentido. Vemos seus olhares postos sobre nós, examinando nossa credibilidade como adultos.

62. Freqüentemente, no entanto, encon-tramos jovens que estão desalentados, desorientados, ou para quem a vida é uma luta diária. Vemo-los convivendo com problemas de aprendizagem, defi -ciências pessoais, falta de aceitação por parte dos companheiros. Encontramos muitos distanciados da Igreja, que des-conhecem Jesus Cristo, ou se mostram indiferentes para com Ele e para com sua mensagem. Testemunhamos o seu drama interior, quando são vítimas da pobreza, da desintegração familiar, do abuso e da desordem social. No seu estado de confusão, podem provocar es-tragos, tornar-se violentos, ou se entre-gar a comportamentos autodestrutivos.

63. O espírito compassivo de Marcelino Champagnat anima as nossas atitudes para com aqueles que nos são confi ados. Escutamos com o nosso cora-ção as suas palavras: “Sede bondosos com as crianças mais pobres, as mais ignorantes

Tercer día

71

e as menos dotadas; fazei-lhes perguntas e tratai de demonstrar-lhes em todo o momen-to que as apreciais e as quereis tanto mais quanto mais carentes se acham dos bens da fortuna e da natureza.”

64. A dura realidade em que vivem tantas crianças e jovens nos convoca pessoalmente e como grupo a crescer es-piritualmente e a dar uma resposta mais audaciosa e decidida, fi el ao Evangelho e ao nosso carisma.

65. Quando abrimos os nossos olhos e corações para compreender o profundo sofri-mento das crianças e dos jovens, começamos a compartilhar da compaixão que Deus sente pelo mundo. A nossa fé nos faz ver o rosto de Jesus nos que sofrem, e procuramos fazer algo pessoalmente para aliviá-los. Mais ainda, sentimo-nos inco-modados e indignados ante as estruturas que originam ou condicionam a pobreza e começamos a atuar sobre as causas mais do que sobre os sintomas.

66. Sentimo-nos pequenos diante da determina-ção e da capacidade dos pobres em ajudar-se a si mesmos. Ouvimos a voz de Deus, vemos a mão e o poder do Senhor quando lutam. Podemos sen-tir-nos desiludidos, ao vermos nossa própria po-breza e a debilidade humana dos pobres, até que aprendamos o que é a verdadeira solidariedade. Juntos, não mais “nós” ou “eles”, reconhecemos a causa dos pobres como a causa de Deus, e aceitamos que existam aspectos em nós e nas nossas realidades que somente Ele pode sanar.

67. Empenhamo-nos na transformação, onde é necessária, das nossas estruturas institu-cionais e outros campos de apostolado, para chegar de uma maneira mais efetiva aos jovens

72

X Encuentro de la Red Interamericana de EAM

ESCUTEMOS O CHAMADO DO PAPA FRANCISCO

Em seguida, lhe oferecemos alguns extratos da “Evangelii Gaudium” do Papa Francisco, em que se faz referência aos pobres. Convidamo-lo a lê-los e a tomar consciência de nossa presença sig-nifi cativa entre os pobres, como consagrados maristas. No fim, encontrará algumas pistas para a partilha comunitária.

“Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, não se ouve a voz de Deus, não se goza da doce alegria do seu amor nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem. Esse risco, certo e permanente, correm também os crentes. Muitos caem nele, transformam-se em pessoas ressentidas, queixosas, sem vida. Esta não é a escolha de uma vida digna e plena nem o desígnio que Deus tem para nós. Esta não é a vida no Espírito que jorra do coração de Cristo ressuscitado.” (EG, 2)

“Quando se lê o Evangelho, encontramos uma orientação muito clara: não tanto aos amigos e vizinhos ricos, mas, sobretudo, aos pobres e aos doentes, àqueles que muitas vezes são deprezados e esquecidos, “àqueles que não têm com que te retribuir” (Lc 14,14). Não devem subsistir dúvidas nem explicações que debilitem esta mensagem claríssi-ma. Hoje e sempre, “os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho1”, e a

1 BENTO XVI, Discurso durante o encontro com o Episcopado brasileiro, na Catedral de São Paulo, Brasil (11 maio 2007), 3:

que estão verdadeiramente vulneráveis ou marginalizados devido, a circunstâncias familiares ou sociais.

68. Compreendemos, especialmente os Irmãos, a necessidade de arriscar algo da nossa própria segurança, indo aonde ninguém vai, até a “periferia” e a “fronteira”.

Tercer día

73

evangelização dirigida gratuitamente a eles é sinal do Reino que Jesus veio trazer. Há que afi rmar sem rodeios que existe um vínculo indissolúvel entre a nossa fé e os pobres. Não os deixemos jamais sozinhos!” (EG. 48)

“É impressionante como até aqueles que aparentemente dispõem de sólidas convicções doutrinais e espirituais acabam, muitas vezes, por cair num estilo de vida que os leva a se agarrarem a seguranças econômicas ou a espaços de poder e de glória humana que se buscam por qualquer meio, em vez de dar a vida pelos outros na missão. Não os deixemos roubar o entusiasmo missionário!” (EG, 80)

“Para compreender esta realidade, (referindo-se à piedade popular) é preciso abordá-la com o olhar do Bom Pastor, que não procura julgar, mas amar. Só a partir da cona-turalidade afetiva que dá o amor é que podemos apreciar a vida teologal presente na piedade dos povos cristãos, especialmente nos pobres.” (EG, 125)

“Deriva da nossa fé em Cristo, que Se fez pobre e sempre Se aproximou dos pobres e marginalizados, a preocupação pelo desenvolvimento integral dos mais abandonados da sociedade.” (EG, 186)

“Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus a serviço da liberação e da promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo. Basta percorrer as Escrituras, para descobrir como o Pai bem quer ouvir o clamor dos pobres: “Eu bem vi a opressão do meu povo que está no Egito, e ouvi o seu clamor diante dos seus inspetores; conheço, na verdade, os seus sofrimentos. Desci a fi m de os libertar (...). E agora, vai; Eu te envio...” (Ex 3,7-8.10). E Ele Se mostra solícito com as suas necessidades: “Os fi lhos de Israel clamaram, então ao Senhor, e Ele enviou-lhes um salvador” (Jz 3,15). Ficar surdo a este clamor, quando somos os instrumentos de Deus para ouvir o pobre, coloca-nos fora da vontade do Pai e do seu projeto, porque esse pobre “clamaria ao Senhor contra ti, e aquilo se tornaria para ti um pecado” (Dr 15,9). E a falta de solidariedade, nas suas necessidades, infl ui diretamente sobre a nossa rela-ção com Deus: “Se te amaldiçoa na amargura da sua alma, Aquele que o criou ouvirá a sua oração” (Sr 4,6). Sempre retorna à antiga pergunta: “Se alguém possuir bens deste mundo e, vendo o seu irmão com necessidade, lhe fechar o seu coração, como é que

74

X Encuentro de la Red Interamericana de EAM

o amor de Deus pode permanecer nele?” (1 Jo 3,17). Lembremos também com quanta convicção o Apóstolo São Tiago retomava a imagem do clamor dos oprimidos: “Olhai que o salário que não pagastes aos trabalhadores que ceifaram os vossos campos, está a clamar; e os clamores dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor do universo” (Tg 5,4). (EG, 187)

“Animados pelos seus Pastores, os cristãos são chamados, em todo lugar e circunstância, a ouvir o clamor dos pobres” EG, 191).

“Este imperativo de ouvir o clamor dos pobres faz-se carne em nós, quando, no mais íntimo de nós mesmos, nos comovemos à vista do sofrimento alheio”. (EG, 193)

“No coração de Deus, ocupam lugar preferencial os pobres, tanto que até Ele mesmo “Se fez pobre” (2Cr 8,9). Todo o caminho da nossa redenção está assinalado pelos pobres. Esta salvação veio a nós, através do “sim” de uma jovem humilde, de uma pe-quena povoação perdida na periferia de um grande império. O Salvador nasceu num presépio, entre animais, como sucedia com os fi lhos dos mais pobres; foi apresentado no Templo, juntamente com dois pombinhos, a oferta de quem não podia permitir-se pagar um cordeiro (cf. Lc 2,24; Lv 5,7); cresceu num lar de simples trabalhadores, e trabalhou com suas mãos para ganhar o pão. Quando começou a anunciar o Reino, seguiam-no multidões de deserdados, pondo assim em evidência o que Ele mesmo dissera: “O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Me ungiu para anunciar a Boa-nova aos pobres” (Lc 4,18). A quantos sentiam o peso do sofrimento, acabrunhados pela pobreza, assegurou que Deus os tinha no âmago do seu coração: “Felizes vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus” (Lc 6, 20); e com eles Se identifi cou: “Tive fome e destes-Me de comer”, ensinando que a misericórdia para com eles é a chave do Céu (cf. Mt 25, 35 e ss.). (EG, 197)

“Por isso desejo uma Igreja pobre para os pobres. Estes têm muito para nos ensinar. Além de participar do sensus fi dei, nas suas próprias dores conhecem Cristo sofredor. É necessário que todos nos deixemos evangelizar por eles. A nova evangelização é um convite a reconhecer a força salvífi ca das suas vidas, e a colocá-los no centro do caminho da Igreja. Somos chamados a descobrir Cristo neles: não só a emprestar-lhes a nossa voz nas suas causas, mas também a ser seus amigos, a escutá-los, a compreendê-los

Tercer día

75

e a acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através de-les.” (EG, 198)

“Quando amado, o pobre “é estimado como de alto valor2”, e isto diferencia a autêntica opção pelos pobres de qual-quer ideologia, de qualquer tentativa de utilizar os pobres a serviço de interes-ses pessoais ou políticos. Unicamente a partir dessa proximidade real e cordial é que podemos acompanhá-los adequa-

damente no seu caminho de libertação. Só isto tornará possível que “os pobres se sintam, em cada comunidade cristã, como ‘em casa’. Não seria, este estilo, a maior e mais efi caz apresentação da Boa-nova do Reino?” (EG, 199)

2 Santo Tomás de Aquino, Summa Theologiae II-II, q. 27, art. 2.

“Dado que esta Exortação se dirige aos membros da Igreja Católica, de-sejo afi rmar, com mágoa, que a pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual. A imensa maioria dos pobres possui uma especial abertura à fé; tem necessidade de Deus e não podemos deixar de lhe oferecer a Sua amizade, a sua bênção, a sua Palavra, a celebração dos Sacramentos e a proposta de um caminho de cresci-mento e amadurecimento na fé. A op-

ção preferencial pelos pobres deve traduzir-se, principal-mente, em uma solicitude religiosa privilegiada e prioritária.” (EG, 200)

‘…Ninguém pode sentir-se exonerado da preocupação pelos pobres e pela justiça social: “A conversão espiri-tual, a intensidade do amor a Deus e ao próximo, o zelo pela justiça e pela paz, o sen-

tido evangélico dos pobres e da pobreza são exigidos a todos.”’ (EG, 201)

“Qualquer comunidade da Igreja, na medida em que pretender subsistir tranquila, sem se ocupar criativamente

76

X Encuentro de la Red Interamericana de EAM

nem cooperar de forma efi caz para que os pobres vivam com dignidade e haja a inclusão de todos, correrá também o risco da sua dissolução, mesmo que fale de temas sociais ou critique os governos. Facilmente acabará submersa pela mundanidade espiritual, dissimulada em práticas religiosas, reuniões infecundas ou discursos vazios.” (EG, 207)

“Duplamente pobres são as mulheres que padecem situações de exclusão, maus-tratos e violência, porque frequentemente têm menores possibilidades de defender os seus direitos. E, todavia, também entre elas, encontramos continuamente os mais admi-ráveis gestos de heroísmo quotidiano, na defesa e no cuidado da fragilidade das suas famílias.” EG, 212)

PARA A REFLEXÃO, ORAÇÃO E PARTILHA

1. O que mais lhe ressoa no coração, a partir dos textos lidos? Por quê?

2. Relendo sua caminhada marista, existe alguma experiência de encon-tro com os pobres que o tenha marca-do ou modifi cado, em sua consagração ou em seu caminhar de leigo Marista?

3. Como Maristas estamos conscien-tes do chamado a ser instrumentos de Deus para a libertação e promo-ção dos pobres, de modo que possam integrar-se plenamente na sociedade? (Como o expressamos e vivemos em nossa vida, em nosso entorno e realidade?)

4. Os pobres têm um lugar preferencial em nosso coração e em nossa comunidade?

5. Favorecemos, em nosso centro educativo, a promoção integral dos pobres que supere o mero assistencialismo?

6. Os documentos do Instituto falam com clareza e insistem na opção e atenção pelos pobres. Seu coração vibra nesse sentido? Falta-lhe algo? O que poderia fazer neste “Ano Montagne”?

Tercer día

77

CARTA DE UMA CRIANÇA EXPLORADA

Escrito por Francisco Batista

A QUEM INTERESSAR POSSA

Se pudesse comer todos os diasnão teria tanto medo de morrer amanhã.Se pudesse, sabem, beber água limpa, calçar sandálias, ir ao colégio, cami-nhar por estradas sem minas, desenhar o arco-íris, sonhar futuros, pensar que há um amanhã sem perigos, que minha casa tem telhado, que meu pai tem pai, que tenho um hospital próximo, que meus direitos são respeitados, que não mais me obrigam a trabalhar por empreitada,que posso brincar sem fazê-lo às escondidas...

Se pudesse conseguir que não me tratassem com desprezo,que não precisasse refugiar-me quando as bombas caem do céu.Se pudesse pensar em tudo isso,não teria mais tanto medo de morrer amanhã.

Mas minha irmãzinha morreude febre muito alta, ao despontar a aurora.Minha tia disse que minha mãe faleceu quando eu era muito criança.Mas que, apesar de tudo, tenho vontade de vivere de seguir sempre adiante.

Recebam minha saudação e meu carinhode um país que sorri, embora a tragédia ronde em cada esquina.

78

X Encuentro de la Red Interamericana de EAM

Resposta à carta de uma criança explorada:

Tercer día

79

A LÂMPADA DOS POBRES(Ideias que transformam a vida do pobre…)

Alfredo Moser é um mecânico brasileiro que teve uma ideia particularmente brilhante, no ano 2002, depois de sofrer frequentes apagões que atingiam a cidade de Uberaba, onde vive, no sul do Brasil.Cansado com os problemas elétricos, Moser começou a entrter-se com a ideia da refração da luz solar na água e, em pouco tempo, tinha inventado a lâmpada dos pobres. O engenho é simples e está ao alcance de qual-quer um: Uma garrafa de plástico de dois litros, cheia de água, à qual se acrescenta um pouco de lixívia para protegê-la das algas. A garrafa é colocada numa abertura do telhado, ajustada com resina de poliéster.

Resultado? Iluminação gratuita e ecológica, durante o dia, especialmente útil para casebres e construções precárias que mal dispõem de janelas.

Em função da intensidade do sol, a potência dessas lâmpadas artesanais, oscila entre 40 e 60 vátios (watts). “É uma luz divina. Deus fez o sol para todos e sua luz é para todos”, diz Moser, em declarações à BBC. “Não lhes custa um centavo e é impossível eletrocutar-se.”

Ainda que o inventor tenha conseguido alguns ingressos, instalando essas garrafas nas casas e lojas locais, sua ideia não o tornou rico, o que também não pretendia.

Tem sim, uma grande sensação de orgulho: “Conheço um homem que instalou as garrafas e, num mês, economizou o sufi ciente para comprar os artigos básicos para um fi lho recém-nascido”, comenta ele, satisfeito.

UMA IDEIA QUE SE ESTENDEU POR TODO O PLANETA

Entretanto, a engenhosa lâmpada não se restringiu à Uberaba, MG. Nos últimos anos, o invento teve grande expansão em todo planeta.

Por exemplo, a Fundação My Shelter (Meu refúgio) nas ilhas Filipinas, abraçou com entusiasmo a ideia. My Shelter é especializada em construções alternativas, utilizando materiais como o bambu, pneumáticos ou papel.

80

X Encuentro de la Red Interamericana de EAM

Nesse país asiático, onde uns 25% da população vive abaixo do nível da pobreza, e a eletricidade é particularmente cara, há mais de 140.000 casas que recorreram a esse sistema de iluminação.

O direitor executivo da My Sheltler, Illac Angelo Díaz, explica que as lâmpadas-garrafa se estenderam ao menos a quinze países, ente eles a Índia, Bangladesh, Fidji e Tanzânia.

“Nunca imaginei que minha invenção teria tanta importância”, comenta Moser, emocionado. “Pensar nisso me produz pele de galinha.”

• Pense… você tem alguma ideia sobre como mudar a situação do pobre, em sua realidade?

(Para a tarde do terceiro dia)

NO FUTUROMARISTA OS POBRES ESTÃO ESPERANDO

CONFERÊNCIA GERAL DE NAIRÓBI

A aurora se aproxima, e já intuí-mos alguns sinais do novo dia.

Durante a Conferência geral, os participantes tentaram identifi car alguns desses sinais de futuro. Um deles, que em minha opinião vai marcar de modo fundamental o novo Centenário, é a emergência do laicato marista. Trata-se de um grande regalo do Espírito Santo que, tenho certeza, saberemos acolher com carinho.

Por outra parte, creio que outras duas importantíssimas tendências de futuro vão ser o chamado para as periferias e o cuidado atento à dimensão mística de nossas vidas. Vencer os temores e resistências para ir às periferias e para promover e defender os Direitos das crianças, meninas, meninos e jovens.

Tercer día

81

Nosso sonho é que, Maristas de Champagnat, sejamos reconhecidos como PROFETAS porque:

• Abandonamos nossas zonas de conforto e estamos em permanente atitude de saída rumo às periferias de nosso mundo, impulsionados aproclamar e construir o Reino de Deus.

• Vamos com decisão ao encontro dos novos “Montagne” e somos presença signifi cativa entre eles e com eles.

• Promovemos os direitos das crianças e jovens e somos uma voz pública em defesa desses direitos nos foros políticos e sociais que refl etem sobre eles e onde as decisões são tomadas.

• Vivemos uma atitude de disponibilidade missionária global para novos modos de presença encarnada nas periferias nacionais e internacionais.

• Empenhamo-nos de forma corajosa e decidida para que nossas obras educativas (escolas, universidades, centros sociais...) sejam plataformas privilegiadas de evangelização e nelas se promova uma educação inclusiva, crítica, comprometida, compassiva e transfor-madora das realidades.

• Acompanhamos as pessoas e os processos da Pastoral Juvenil Marista dos quais emergem os profetas e evangelizadores para o nosso tempo.

Com esperança e alegria, constatamos também as seguintes OPORTUNIDADES que permitirão maior vitalidade ao carisma e à missão maristas:

• Os milhares de crianças e jovens que atendemos em nossa missão.• Todas as pessoas já envolvidas na vida e na missão maristas.• A atualidade e atratividade do carisma marista, expressão eclesial de

nosso tempo.• O desenvolvimento de processos de crescimento e acompanhamento

de novas vocações maristas.• O carisma de São Marcelino Champagnat que se expressa em novas

82

X Encuentro de la Red Interamericana de EAM

formas de vida, em especial no laicato marista;• A sede de espiritualidade e busca de sentido em nosso mundo.• A vivência do carisma marista a partir da perspectiva da mulher, que

incorpora e integra em nossas vidas elementos marianos como a tenaci-dade, a ternura maternal, a sensibilidade pelos “pequeninos”, a atenção aos detalhes e a intuição.

• A força e a sensibilidade que reconhecemos nos jovens e em nossos pro-cessos da Pastoral Juvenil Marista. Neles descobrimos a mudança possível e o rosto dos novos evangelizadores do futuro.

• O potencial de nossas obras e escolas maristas presentes nos cinco con-tinentes; toda a história e experiência acumuladas e a validade e a atua-lidade da tradição educativa e evangelizadora marista.

• O compromisso de muitos maristas que trabalham com as crianças e os jovens em situações de vulnerabilidade e exclusão.

• As estruturas e recursos já existentes em âmbito local, provincial e internacional.

• Os organismos e as redes de solidariedade e de voluntariado, no Instituto, como resposta àqueles que são a razão de nossa missão: os “Montagne” de hoje.

• As novas tecnologias e redes sociais.

IDEIAS E AÇÕES CONCRETAS…

Deus reconhece a dignidade e a nobreza de um “fi lho amado” naqueles que o mundo recusa como ‘inúteis”. O Papa Francisco reafi rmou um pensamento muito querido para ele, ao receber, hoje, em audiência, no Palácio apostólico, a um grupo perten-cente à obra “Notre-Dame des Sans-Abri” (Nossa Senhora dos Sem Teto).

Talvez à Virgem, à qual a veneração e o amor valeram títulos espiritualmente pro-fundíssimos e altos, será particularemente querido esse último, tão concreto, cheio

Tercer día

83

de humanidade e piedade genuína. “Nossa Senhora dos Sem Teto” foi o nome que um professor francês de literatura, do século passado, Gabriel Rosset, escolheu para a obra de assistência que fundou e à qual dedicou sua vida, junto com sua profi ssão de professor.

Essa obra abre os braços aos quais, frequentemente, o mundo fecha as portas. “Quisera que soubésseis quanto aprecio vosso compromisso com os mais pobres, as pessoas recusadas pela sociedade, que não têm teto, nem o que comer, que não têm trabalho e, por isso, tampouco dignidade”, disse-lhes o Papa Francisco.

“O mundo atual precisa, urgentemente, esse testemunho de misericórdia divina. No mo-mento em que a pessoa é excluída como inútil, porque não produz mais, Deus, ao contrário, nela reconhece sempre a dignidade e a nobreza de um fi lho amado; ela tem um lugar privilegiado em seu coração. O pobre é o preferido do Senhor, está no centro do Evangelho”.

Gabriel Rosset “escutou o grito dos pobres: comoveu-se ante o sofrimento dos demais e respondeu com generosidade”, recorda o Papa, sublinhando que o grito daquele que não tem nada é o mesmo grito de Jesus sofredor e “nas pessoas que servis, to-cais suas feridas e as curais”. Os pobres permitem encontrar a Jesus, diretamente;

“eles nos evangelizam, nos evangelizam sempre”, afi rmou o Papa:

“Agradeço-vos por esse testemunho de misericórdia que dais com tantas ações concretas, gestos simples e calorosos, mediante os quais aliviais a miséria das pessoas, dando-lhes uma esperança nova e restituindo-lhes a dignidade. Não há meio melhor para anunciar, hoje, ao mundo a alegria do Evangelho. A opção pelos últimos, pelos que a sociedade recusa e deixa de lado, é um sinal que podemos dar sempre, um sinal que é efi caz testemunho de Cristo morto e ressuscitado. É um sinal sacramental”.

“Nossa Senhora dos Sem Teto, diz o Papa – que nome bonito! A Mãe de Jesus garante teto a seus fi lhos. A dimensão marial de vossa tarefa em favor dos outros me parece essencial. O coração de Maria está cheio de compaixão por todos os homens, so-bretudo, pelos mais pobres, os que mais necessitam; e sua ternura materna – junto com a da Igreja – manifesta-se através de vós”.

(Artigo publicado pela edição italiana da Rádio Vaticana.)

84

X Encuentro de la Red Interamericana de EAM

«EPIDEMIA» DE AMOR

Quando foi fechada a fábrica em que tra-balhava, John encontrou emprego numa garagem. Certa vez teve que ir, já no en-tardecer, provar um carro numa estrada pouco frequentada. O céu estava encober-to e começava a chover. Quase não pôde ver a mulher e o Mercedes dela. Já parecia velhinha, indecisa e nervosa na valeta da estrada. Apesar da pouca visibilidade, John percebeu que ela necessitava de ajuda e saiu do carro para socorrê-la.

Ainda que tenha esboçado um sorriso, percebia-se que estava preocupada. Ninguém parara para ajudá-la, em mais de uma hora, e quem agora se aproximava viria para roubá-la e prejudicá-la? Viu que ele estava pobremente vestido e as roupas estavam demasiado sujas para pode confi ar nele. John se deu conta da situação e, ainda à boa distância, gritou, perguntando se precisava de ajuda, pois ele era mecânico.

Tratava-se simplesmente de um pneu furado e sem ar. Trocou-o num momento. Quando a senhora ofereceu dinheiro, John moveu a cabeça negativamente e, sim-plesmente lhe disse:

– Se quiseres pagar-me, na próxima vez que encontrares alguém que precisa de ajuda, dá-lhe uma mão.

A poucos quilômetros havia um restaurante, bastante desordenado e sujo mas a senhora necessitava de tomar um café quente. A atendente também estava pobre-mente vestida e grávida de vários meses. Era muito amável e serviçal.

Ao terminar, a senhora colocou uma nota de valor no pratinho. A camareira estra-nhou ao ver tanto dinheiro e foi para devolvê-lo. Mas a senhora tinha desaparecido. Tinha escrito no quardanapo de papel: “Alguém me ajudou, quando eu necessitava. A ti faltará dinheiro para enfrentar o nascimento do teu fi lho. Não precisas devolver. Nem precisas me agradecer, mas prossegue com esta cadeia de caridade e ajuda aos que necessitam.

Tercer día

85

EXPLORA TUA MENTE

– Pensaste alguma vez na cadeia que tuas palavras e boas obras podem iniciar? O mesmo pode ocorrer com o mal.

– Não te animarias a começar uma «epi-demia» de amabilidade: uma palavra de carinho, um sorriso, uma pequena ajuda, perdoar, servir…?

– Não crês que algumas profi ssões se prestam mais para infl uir e contagiar para o bem ou para o mal, e dali sua maior responsabilidade: professores, diretores, chefes…?

– Não te parece que um seguidor de Jesus Cristo tem também maior responsabi-lidade, na hora de promover o amor e o serviço?

DESPERTA TEU CORAÇÃO E ATUA

Praticamente, qualquer coisa que faças tem consequências mais amplas do que se poderia esperar. Tudo na vida, sejam ideias ou obras, vão numa direção ou outra, e infl uem para o bem ou para o mal. Não há nada indiferente ou “neutro” no que está “vivo”; tudo tem seu efeito, bom ou ruim.

Às vezes, sucede de modo quase inadver-tido, como as ondas concêntricas levan-tadas por uma pedra lançada no meio de um açude, ou como um rebento ou uma vergôntea que não para de crescer, ainda que lentamente, e que, no fi m, dá fruto bom ou mau.

86

X Encuentro de la Red Interamericana de EAM

CADEIA DE FAVORES…

O avô aconselha:«Se quiseres passar um bom dia,Comece por dar algo».E prega com o exemplo.

Ao vagabundo da esquinaRegala um frango assado.O pobre não sai de sua admiração:

“Que maravilha! Que comida!”.

Mas em vez de comê-lo,Pensa nos fi lhos da Margaa viúva que naquela manhãlhe havia preparadouma taça de leite quente.

Quando a boa mulherviu aquele frango suculentoexclamou entusiasmada:

“Que surpresa tão bonita!”Nunca o teria imaginado!Mandarei para Lola, a assistente,O biscoito de uvas e chocolate.Gosto de tornar feliz alguém,quando eu mesmo me sinto feliz.”

«Meu pastel favorito», disse Joana ao vê-lo. “Semelhante obséquio me comove.Penso que agora cabe a mimenviar esta torta de maçãaos pequeninos da vizinha.”

Uma boa obra feita com genuína com-paixão, pode ter um “efeito multipli-cador”. Pode ser que, para ti não tenha significado muito, mas, quem sabe, foi muito importante para a pessoa que o recebeu de ti. Em não poucas ocasiões, os benefi ciados se sentem inspirados a atuar do mesmo modo com outros, quando a ocasião se apresenta.

Tercer día

87

João e Luizinho não acreditam no que veem.«Que torta mais genial! Que delícia!Como cheira bem! O sabor será melhor!Vamos dar um pedaço ao amigo Totó.»

Totó, um céu de rapaz,É o dependente do bairro.Como desfruta mastigandoO pedaço devagar, devagar!Mas guarda com muito cuidadoas migalhas que lhe caem da boca.«São para os pássaros, pobrezinhos!

PARA A REFLEXÃO, A ORAÇÃO E A PARTILHA…

• Como ir ao encontro dos “Montagne” que hoje nos impelem a ir depressa às periferias da pobreza e da exclusão?

• Como fazer entender que conhecer Jesus Cristo e seu Evangelho é um direito das crianças e dos jovens?

• Como converter nossas obras educativas em espaços nos quais se garan-tam os direitos dos meninos, das meninas e dos jovens?

• Que planos e projetos devemos priorizar para comprometer-nos com a transformação social? Como podemos proteger os direitos das crianças, nas instâncias sociais e políticas?

Voam ao redor de Totó,bicam aqui e acoláe logo partem voandoaté a janela do avô.

O velho escuta os gorjeiose entende seu trinar.Dizem os passarinhos:«Se queres passar um bom dia,Começa por dar algo».

(H. S. Phillips)

88

X Encuentro de la Red Interamericana de EAM

Escreva uma oração, um salmo, uma poesia... expressando seus sentimentos e seus compromissos,face ao futuro dos “Montagne” de hoje.

María se puso en camino...

Tercer día

89

EM NOSSAS ORIGENS…

“A exemplo de Maria, “partindo apressada em direção a uma cidade na região mon-tanhosa”, todas as semanas eles se dirigiam aos vilarejos, nos arredores da cidade, procurando tornar Jesus conhecido e amado. Davam especial atenção às crianças pobres e acolhiam-nas em casa.”

“Maria, discípula sensível e apaixonada, respondeu imediatamente e sem hesitação às pessoas que precisavam dela. Ela foi “depressa” anunciar com júbilo a notícia de um Deus amoroso e a promessa segura de que o reino de justiça e fi delidade estava a caminho. Ela ofereceu a Isabel o auxílio concreto das mãos e a experiência do Espírito.” (Água da Rocha, nº 5 e 133)

Alegra-te!Alegra-te, alegra-te, cheia de graça! A voz fi cou gravada em suas entranhas, a Palvra se fez carne.Alegra-te, alegra-te, cheia de graça! Alegra-te!

Como um rio que transborda, como cálice de vinho na festa, exultante de amor, saíste ao encontro. Já não há distância, não há tempo, é a vida engendrada em teu seio que te dá certeza de que tudo, tuo é possível para Deus!

Risas en el aire, gozo hecho canción; música de encuentro, danza de dos cuerpos, al ritmo de un abrazo, dos vidas multiplicadas por el amor. (2)

Risos no ar, gozo feito canção; música de encontro, dança dos corpos ao ritmo de um abraço, duas vidas multiplicadas pelo amor. (2)

Exultam minhas entranhas, sinto que é Deus quem se aproxima e inunda meu ser com o Espírito Santo. Não ouves gritos de júbilo? É o mundo que explode num canto! Feliz tu que acreditaste em seu Nome; e entre todas as mulheres – Bendita és tu!

Alegra-te!

90

X Encuentro de la Red Interamericana de EAM

MOMENTO DE INTERIORIZAÇÃO

SALMO A PARTIR DO CORAÇÃO DE MARIA:

Em teu coração orante, Senhora, quero entrar para encontrar o caminho que me leve ao Deus que te habita, e que nele me empape de seu orvalho. Mãe, praia virgem, abre-me teu coração, abre-o a meus desejos de Infi nito.

Ave Maria…

Permite que abre minhas asas e voe, e em teu coração encontre meu ninho, porque ao vento, venho cruzando os mares e está cansado o pobre passarinho. Quero dormir e sonhar teus sonhos; so-nhos que arrulham divinos amores.

Ave Maria…

Teu coração, Mãe, é mar de aromas: aro-mas do Pai e aromas do Filho; aromas de Amor que deixa o Espírito, inundando tua alma de paz qual um rio. Deixa que eu me empregne, Rainha do céu, des-ses perfumes que recendem a Cristo. Teu coração é arca que guarda as coisas tão belas que criou teu fi lho; as coisas tão puras que ele viveu em seu íntimo, quando adolescente, se perdeu.

Ave Maria…

Em teu coração guardaste, silenciosa, os anos juvenis sempre escondidos. Em teu coração de Mãe guardaste o pranto, na gruta envolta em frio; a espada cruel anunciada no templo, e o medo na noi-te da fuga para o Egito. Vigiaste a Cruz no monte, e sua derradeira oração com grande grito.

Ave Maria…

És, novamente, belo anúncio do ama-nhecer de teu fi lho redivivo, de novo na História, Ressuscitado dentre os mortos, o primeiro nascido. Irradia, Senhora, ir-radia essa Luz, porque é Hora da alva já amanhecida. Abre a porta do teu Coração, porque trago a alma ferida de amor, e quero sentar-me junto a teu fogo para contagiar-me de amor incendido. Eu sei que tu, Maria, és morada onde o peregrino sermpre tem acolhida.

Ave Maria…

Em teu coração, guarda-me, Mãe, porque venho cansado e gemo como um pássa-ro solitário a piar desvalido. Conserva-me em ti, guarda-me bem, sob tuas asas sinto-me amado.

Ave Maria

Tercer día

91

DA CIRCULAR “DEU-NOS O NOME DE MARIA”:

Ícone da Visitação: a Igreja do avental• Igreja do serviço, da solidariedade e da justiça.• Igreja da admiração – “sua visão do mundo e da

vida jamais será como antes”.• Com presença fortemente signifi cativa entre as

crianças e os jovens pobres.• Com presença comprometida na defesa dos di-

reitos da criança e dos jovens, através de nosso serviço educativo.

CELEBRAÇÃO

“COMO MARIA, IDE DEPRESSA, ‘MONTAGNE’ NOS ESPERA…”

Ambientação:Colocar num lugar destacado o lema: COMO MARIA, IDE DEPRESSA, “MONTAGNE” NOS ESPERA. Fotografi as de pessoas pobres, enfermas, presas; roupa pobre, um prato com pão e uma vela acesa.

Para este momento é necessário ter um ambiente de si-lêncio. Sugere-se música de fundo.

Momento de interiorização (O animador lê lentamente, enquanto os demais se vão concentrando.)

• Toma consciência e acolhe tudo o que foi dito.• Que sentimentos nascem em mim?• A que me sinto chamado? • Pensa naqueles que são teus amigos e amigas.

2014|2015Montagne

92

X Encuentro de la Red Interamericana de EAM

Recorda as pessoas que sentes mais próximas. • Quantos pobres há entre elas?

• Reza por elas e com elas.• gradece ao Senhor todo o vivido.

MARIA SE COLOCOU NA ESTRADA…

EM NOSSAS ORIGENS…

“A exemplo de Maria, “partindo apressada em direção a uma cidade da região montanhosa”, todas as semanas eles se dirigiam aos vilarejos, nos arredores da cidade, procu-rando tornar Jesus conhecido e amado. Davam especial atenção às crianças pobres e acolhiam-nas em casa.”

“Maria, discípula sensível e apaixonada, respondeu imediatamente e sem hesitação às pessoas que precisavam dela. Ela foi “depressa” anunciar com júbilo a notícia de um Deus amoroso e a promessa segura de que o reino de justiça e fi delidade estava a caminho. Ela ofereceu a Isabel o auxílio concreto das mãos e a experiência do Espírito.” (Água da Rocha, nº 5 e 133)

CANÇÃO : PROSSEGUIR AMANDO

No compromisso com os povos,somos fi éis à voz de Deus.Transformando realidades de injustiça,transformando nossa vida e coração.

A presença com os que, hoje, sofreminterpela nossa doação.E a vida que nos dá o Evangelhoabre ao mundo nossas mãos, nossa voz. (2)

É teu amor fi el que pede cada diaser verdade de justiça e de paz,ser luz para gerartua vida universal.Dá-nos teu amor para prosseguir amando,tua simplicidade, tua confi ança e teu perdãopara ser tua voz a anunciar teu rosto de bondade.

Tercer día

93

É teu amor fi el que pede cada diaser verdade de justiça e de paz,ser luz para gerartua vida universal.Dá-nos teu amor para prosseguir amando,tua simplicidade, tua confi ança e teu perdãopara ser tua voz a anunciar teu rosto de bondade.

Educando onde ninguém educa,onde nos reclama cada cruz.Na criança abandonada que grita: quero o sorriso que me dê tua luz!Junto ao enfermo que te olha, junto ao ancião sem amor,e no jovem que não encontra o caminho,ninguém jamais acompanhou sua dor. (2)

Bom Pai, Deus,Senhor de nossas vidas,dá-nos a luz que nos ajude a veronde estás tu; onde tua cruz para ressuscitar.Obrigado. Senhor, caminho em nossa história, renova-nospara saber viver com ilusãotua vontade em cada realidade.

Enquanto escutas a canção, vai escrevendoas palavras que te afloram ao coração:

2014|2015Montagne

94

X Encuentro de la Red Interamericana de EAM

PARTILHANDO NOSSA ORAÇÃO

Dispomos de tempo para que cada Irmão ou Leigo partilhe sua experiencia do dia; e ao terminar, reza uma Ave-maria. (Pode partilhar algo da carta a um “Montagne” ou da oração pelo dia vivido.)

RECORDEMOS:

Somos convidados/as a ser Jesus para os “Montagne” de hoje; acompanhá-los com ternura e delicadeza, em seu caminho, como fi zeram Maria e Champagnat.

PAI NOSSO…

Como família marista nos damos as mãos para a oração que Jesus nos ensinou (cantado, se possível).

ORAÇÃO FINAL

Obrigado, Senhor, por tocar nosso coração, no dia de hoje. Agradecemos o convite, atra-vés de Marcelino Champagnat, a sermos manifestação da bondade, da misericordia e ternura de Deus, para os ncessitados, para os “Montagne” atuais. Que ao longo deste ano, dedicado a deixar-nos encher dos sentimentos e ações de Marcelino para com os “Montagne”, possamos, juntos, encontrar os caminhos mais acertados para ser solidá-rios, atuando como Jesus, Maria e Marcelino. AMÉM.

Os Maristascom os

"Montagne"Os Maristas

com os"Montagne"

Encontro:

96

X Encuentro de la Red Interamericana de EAM

Encontro:

Os Maristas com os "Montagne"

Os Maristas com os "Montagne"

“Ide depressa, ‘Montagne’ nos espera...”PODERÍAMOS DEDICAR

CADA UM DOS DIAS PARA DESENVOLVER CADA UMA DAS SEGUINTES PERGUNTAS:

• Onde estão os “MONTAGNE” hoje?

• Que situações concretas, normal-mente, me impactam, me tocam, me machucam, como impactaram a Champagnat?

• O que fazem os Maristas, hoje, no mundo e com quem estão?

• O que posso eu fazer? O que faço, neste momento?

• Como e a partir de que atualiza-mos, hoje, a Missão?

97

OBJETIVOS:

• Acolher o dom que Deus nos oferece, constantemente, como Maristas, para viver com alegria a nossa vocação;

• Exercitar nosso olhar para aprender a ver o mundo com olhos de criança e de jo-vens pobres?

• Descobrir as possibi-lidades reais de servir aos mais necessitados, começando pelos mais próximos a nós.

• Celebrar a VIDA que o Instituto Marista está brindando, desde sua fundação, à Igreja, ao mundo, às crianças e jovens.

Primeiro dia:

Procurando atender os "Montage"

• Boas-vindas e dinâmica de integração

• Motivação geral e apresentação do ENCONTRO (Taller) – Apresentar o pps: Montagne .

• ORGANIZAÇÃO DO PRIMEIRO DIA

ORGANIZAÇÃO POR GRUPOS:

Os participantes se organizam por grupos, se-gundo sua preferência.

Inicialmente, são propostos os 4 grupos de traba-lho e, depois, os participantes se inscrevem em um grupo. (Isso pode ser feito, anteriormente)

Procurando atender os "Montage"

98

X Encuentro de la Red Interamericana de EAM

1. Leitura dos textos da vida do padre champagnat relativos aos pobres e necessitados.

• Buscar e ler a Vida de Champagnat: Capítulo XXI; Atenção aos doentes – Páginas 54 a 56 e 110; 75-76; O jovem Montagne , página 60)

• Que situações concretas, normal-mente, me impactam, me tocam, me machucam, como impactaram a Champagnat?

2. Nas Circulares de nossos superio-res, buscar o tema da opção pelos pobres e necessitados (Crianças e jovens).

• Como evoluiu ou como se insis-tiu sobre esse tema, nas diversas Circulares? Destacar algumas de modo especial.

• De que modo particular as Circulares insistiram sobre esse tema? Que ações concretas?

3. Nos Capítulos Gerais... • Investigar como a opção pelos po-

bres e necessitados foi tratada nos diversos Capítulos Gerais.

• Como e a partir de que atualizamos a Missão, hoje?

4. Nas Cartas do P. Champagnat• Expressões de Marcelino

Champagnat, em suas cartas, que se referem explicitamente aos necessi-tados e à atenção aos mesmos.

• Que posso fazer eu? O que faço neste momento?

SUGESTÕES DE ORAÇÃO:

• Na oração da manhã, marial e da tarde: rezar com as Constituições no que se refere aos pobres...

• Num cartaz na capela. Ao longo do dia, podemos escrever nossa respos-ta às perguntas do dia. (Na oração da noite partilharemos e rezaremos a partir delas).

Uma vez organizados os grupos, tomare-mos o tempo necessário para pesquisar, ler, resumir, partilhar e decidir sobre o que vamos apresentar na sessão plená-ria, do fi m do dia.

99

Faremos trabalho em gru-pos, de manhã e de tarde. (Cada grupo organiza seu tempo).

• De tarde: Espaço sufi ciente para que cada grupo apre-sente seu trabalho, com criatividade.

Segundo dia:

Presenças Maristas no mundo dos "Montage"

O que fazem, hoje, os Maristas no mundo e com quem estão?

MOTIVAÇÃO INICIAL: O MUNDO MARISTA

Conhece uma das iniciativas maristas em fa-vor das crianças e dos jovens mais necessita-dos: Visita o portal da Fundação Marista para a Solidariedade (FMSI) em http://www.fmsi-onlus.org/enlaces.php e pesquisa em algumas das pá-ginas web que ali constam. Faze um comentário sobre sua missão e projetos.

Presenças Maristas no

"Montage"

100

X Encuentro de la Red Interamericana de EAM

ORGANIZAÇÃO.

SUGESTÃO DE AÇÃO:

Preparar a apresentação de:

• Comunidades e presenças para os pobres, na atualidade.

• Projetos de futuro, caso existam.

• Casos de “Montagne”, em nossas salas de aula, em nossos centros, em nossa pátria... que nos tocaram mais de perto. Relatar e apresentar com criatividade; encontrar fotos e ou-tros materiais...

Apresentar, à noite, diferentes vídeos da ação dos Irmãos e Leigos/as, no mun-do marista.

Encontrar ações de solidariedade no mundo Marista e preparar a apresenta-ção para a noite.

Como e a partir de que atuali-zamos a Missão, hoje?

PARA A NOITE:

SUGESTÃO DE AÇÃO:

Ver um fi lme sobre o tema dos pobres: Ex. “A cidade da alegria”

101

Terceiro dia:

Celebramosa Vida

MOTIVAÇÃO INICIAL

ORGANIZAÇÃO

a) Mediante jornais, redes sociais, sites da web, os participantes procurem informação sobre a realidade e as situações da in-fância e da juventude, em seus países. Por grupos, elaborar um collage ou cartaz com a informa-ção mais signifi cativa: frases, imagens fotos, etc.

b) Os grupos de trabalho dediquem um tempo para visualizar as possibilidades e organizar uma experiência solidária, em algum lugar próximo ao local em que vivem ou trabalham.

Vejam as possibilidades

As datas

A maneira de se organizarem (pes-soalmente, em pequenos grupos, no grupo inteiro...)

c) Testemunhas no mundo dos “Montagne”. (Pesquisa sobres essas realidades vividas).Nossos Irmãos e Leigos mártires (Mártires na China, na África, na Europa, na América...).

O martírio dos Irmãos Miguel Angel, Servando, Júlio e Fernando, em Bugobe (Zaire).

Como se manifesta a disponibilida-de e a pobreza em minha vida?

SUGESTÃO DE AÇÃO:

Celebrar o martírio dos Irmãos nas orações do dia.

Terceiro dia:

Celebramos

Hora Dia 8 | 4a feira Dia 9 | 5a feira Dia 10 | 6a feira Dia 11 | Sábado

7:30

Chegada dos participantes do Encontro

Oração da manhã (Rio Grande do Sul)

Oração da manhã (México Ocidental)

Oração da manhã (Norandina)

8:00 Café da manhã Café da manhã Café da manhã

8:45

MEMÓRIA DA ESPIRITUALIDADE NA REDE E EM CHAMPAGNAT

(Ir. Mariano Varona)

“ANO MONTAGNE” (Irs. Rodrigo Cuesta

e Benê Oliveira)

ANO FOURVIÈRE (Ir. Ivo Strobino)

10:30 Cafezinho Cafezinho

11:00

MEMÓRIA DA ESPIRITUALIDADE NA REDE E EM CHAMPAGNAT

(Ir. Mariano Varona)

“ANO MONTAGNE” (Irs. Rodrigo Cuesta

e Benê Oliveira)

ANO FOURVIÈRE Taller de elaboração

pessoal e grupal (Irs. Javier e Horácio)

12:30 Almoço e descanso

Almoço e descanso

Almoço e descanso

Almoço e descanso

15:00

Chegada dos participantes do Encontro

Oração marial Oração marial Oração marial

15:20PLANOS DAS UAs e

DA SUBCOMISSÃO EM (Ir. Javier P. París)

EXPERIÊNCIA SOLIDÁRIA

(Ir. Rafael Ferreira)

ANO FOURVIÈRE Taller de elaboração

pessoal e grupal (Irs. Javier e Horacio)

16:30 Café Café Café

17.00 PLANOS DAS UAs e

DA SUBCOMISSÃO EM (Ir. Javier P. París)

EXPERIÊNCIA SOLIDÁRIA

(Ir. Rafael Ferreira)

ANO FOURVIÈRE Partilha

(Irs. Javier e Horacio)

18.00Página de Deus: 15’

Eucaristia (S. M. de los Andes)

Página de Deus: 15’ Celebração

(Brasil Centro-Sul)

Página de Deus: 15’ Celebração

(Brasil Centro-Norte)

19:00 Jantar Jantar Jantar Jantar

20.00APRESENTAÇÃO DO ENCONTRO

(IR. BENÊ OLIVEIRA)

Momento cultural: EXPRESSÃO CULTURAL DO BRASIL

Película

Programação

Hora Dia 12 | Domingo Dia 13 | 2a feira Dia 14 | 3a feira

7:30

DIA DE PASSEIO A BRASÍLIA E REGIÃO

Saída: 9h EUCARISTIA NA

CATEDRAL

Oração da manhã (México Central)

Oração da manhã (América Central)

8:00 Café da manhã Café da manhã

8:45 ANO LA VALLA (Ir. Ivo Strobino)

RETIRO Retomar o vivido

(Ir. Rodrigo)

10:30 Cafezinho Cafezinho

11:00

ANO LA VALLA Taller de elaboração

pessoal e grupal (Gustavo e Christian)

RETIRO Retomar o vivido

(Ir. Rodrigo)

(12h EUCARISTIA: na UMBRASIL)

12:30 Almoço e descanso

Almoço e descanso

15:00 Oração marial Oração marial

15:20

ANO LA VALLA Taller de elaboração

pessoal e grupal (Gustavo e Christian)

AVALIAÇÃO E PROJEÇÃO (Ir. Javier e Gustavo)

16:30 Café Café

17.00 ANO LA VALLA

Partilha (Gustavo e Christian)

AVALIAÇÃO E PROJEÇÃO (Ir. Javier e Gustavo)

18.00Página de Deus: 15’

Celebração (Cruz del Sur e Canadá)

CELEBRAÇÃO DO ENVIO (Gustavo e Benê)

19:00 Jantar Jantar Jantar

20.00 Momento festivo: PRESENTES/DESPEDIDA

X Encontro da Rede Interamericana de EAM(XX Encontro Latino-americano)

Ao encontro dos "Montagne"Expediente

Original:Ir. Rodrigo Cuesta, fms (PMAC)

Tradução para o português: Ir. Aloísio Kuhn, fms (PMBCS)

Organização:Ir. Benê Oliveira, fms e Diretoria de Marketing – Grupo Marista

Projeto gráfico e diagramação:Capitular Design Editorial www.capitulardesign.com.br