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Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde Coletiva
Curso de Graduação em Saúde Coletiva
Acidentes de Trânsito: análise das vítimas menores de 18 anos em Mato Grosso, 2014
Edilene da Conceição Delgado Sena
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Saúde Coletiva. Orientador: Prof.a Dr.ª Noemi Dreyer Galvão
Cuiabá-MT 2017
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Acidentes de Trânsito: análise das vítimas menores de 18 anos em Mato Grosso, 2014.
Edilene da Conceição Delgado Sena
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso de Graduação em Saúde Coletiva do
Instituto de Saúde Coletiva da Universidade
Federal de Mato Grosso, como requisito parcial
para obtenção do título de Bacharel em Saúde
Coletiva.
Orientador: Prof.ª Dr.ª Noemi Dreyer Galvão
Cuiabá-MT
2017
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos aqueles que me ajudaram, ainda que de forma
indireta, nesta fase tão importante de minha vida, à meu querido, amado e
companheiro esposo Marcos Sena que me deu a tranquilidade necessária para
que eu pudesse me dedicar a essa tarefa e também a meu amado filho Raphael
Agner e a minha querida filha Anna Beatriz, e também a minha muito amada mãe
Bernadete que me ensinou os valores de uma cidadã de bem. Também quero
dedicar a minha mãe Maria Júlia que apesar de estar longe, sempre quis o
melhor para mim. Dedico ainda aos meus avós Jorge e Lourdes que sempre
estiveram ao meu lado me ensinando e fazendo os meus dias mais felizes
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AGRADECIMENTOS
Muitas pessoas tiveram colaboração, direta ou indireta, para o
desenvolvimento deste trabalho. Os agradecimentos são sempre parciais e
seletivos, não fazem justiça, mesmo assim, gostaria de agradecer a todas essas
pessoas e em especial:
À Deus, primeiramente, por ter me dado inteligência e perseverança,
pois nos momentos mais difíceis de toda essa trajetória, guiou-me
sempre, não deixando que eu desanimasse diante de todos os
obstáculos que foram surgindo a cada fase desse projeto, mostrando
o caminho, dando-me a força necessária para continuar acreditando
que o sonho era possível, bastava para isso acreditar em mim mesmo
e é graças a ele que esse trabalho pode ser concluído.
À minha orientadora, a professora Noemi Dreyer Galvão que me
orientou e com seus ensinamentos soube me guiar para que pudesse
ser realizado a feitura deste trabalho até sua conclusão final e a
paciência com que o fez. Ainda quero agradecer a professora Maria
Ângela que com todo carinho e atenção me ajudou em vários
momentos. Agradeço também ao professor Ageo que sempre esteve
à disposição ajudando no que era possível. E a todos os professores
que contribuíram para o meu aprendizado. Agradeço ainda a minha
chefe e amiga Clauzita que soube compreender os momentos
ausente.
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RESUMO
SENA, E. C. D. Acidentes de Trânsito: análise das vítimas menores de 18 anos em Mato Grosso, 2014. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Saúde Coletiva) – Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
Introdução: Os acidentes no trânsito é um problema de saúde pública,
caracterizada como a nona causa de lesões e de óbitos no mundo, também são
responsáveis por uma grande demanda nos serviços de urgência e emergência.
Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico das vítimas menores de 18 anos
atendidas nas urgências e emergências de Mato Grosso, no período de 1º a 30
de setembro de 2014. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, em serviços
de urgência e emergência nos municípios selecionados do Estado. Resultados:
Foram registrados cerca de 2.648 atendimentos, vítimas de acidentes de
trânsito. Cerca da metade eram jovens e a maioria do sexo masculino. Destas
vítimas, 412 atendimentos foram de menores de 18 anos. Sendo do sexo
masculino (64,6%), e do feminino (35,4%), 80,0%, aproximadamente, moravam
na zona urbana. Metade das vítimas eram passageiros e o meio de locomoção
era a motocicleta. Conclusão: Faz-se necessário o desenvolvimento de
métodos para agilizar o processo de prevenção e criar políticas para evitar a
violência no trânsito como diminuir a velocidade nas zonas urbanas onde está
concentrado a maior prevalência de acidentes de trânsito, pois o número de
acidentes causados, independente da distinção trazem implicações de altos
custos diretos e indiretos de ordem econômica e social, tanto para a vítima,
quanto para a sociedade, e que poderá ser pensado em políticas públicas de
Educação para Trânsito em busca de conscientização da população.
Palavras-chaves: Causas externas; Acidentes de Trânsito; Vigilância; Vítimas menores de 18 anos;
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ABSTRACT SENA, E. C. D. Traffic Accidents: an analysis of the victims under 18 years
of age in Mato Grosso, 2014. Graduation in Collective Health - Collective Health
Institute, Federal University of Mato Grosso, Cuiabá
Introduction: Accidents in traffic is a public health problem, characterized as the
ninth cause of injuries and deaths in the world, are also responsible for a great
demand in the emergency and emergency services. Objective: To describe the
epidemiological profile of the victims under the age of 18 attended in the
emergency and emergency departments of Mato Grosso, from September 1 to
30, 2014. Methods: This is a cross-sectional study in services urgency and
emergency in selected municipalities of the State. Results: Some 2,648 cases
were reported, victims of traffic accidents. About half were young and most were
male. Of these victims, 412 attendances were of minors of 18 years. Being male
(64.6%), and female (35.4%), approximately 80.0% lived in the urban area. Half
the victims were passengers and the vehicle was the motorcycle. Conclusion: It
is necessary to develop methods to streamline the prevention process and create
policies to avoid traffic violence such as slowing down in urban areas where the
highest prevalence of traffic accidents is concentrated as the number of accidents
caused, regardless of the distinction, have implications for high direct costs and
indirect economic and social, both for the victim and for society, and that may be
thought of public policies of Traffic Education in search of awareness of the
population.
Keywords: External causes; Traffic-accidents; Surveillance; Victims under 18 years of age;
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 8
2. OBJETIVOS ................................................................................................. 11
2.1 Objetivo Geral ........................................................................................ 11
2.2 Objetivos Específicos: ............................................................................. 11
3. REVISÃO LITERÁRIA...................................................................................12
3.1 Causas Externas......................................................................................12
3.2 Acidentes de Trânsito: conceito e classificação ..................................... 13
3.3 A Violência .......................................................................................... ...16
3.4 Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes – VIVA.........................17
4. MÉTODOS ................................................................................................. 199
4.1 Tipo de estudo e População ................................................................... 20
4.2 Coleta de dados ...................................................................................... 20
4.3 Variáveis de estudo ................................................................................ 22
4.4 Processamento e análise dos dados ..................................................... 23
4.5 Aspectos Éticos ...................................................................................... 24
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 25
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 33
7. REFERÊNCIAS ........................................................................................ 2534
8. ANEXO..................................................................................................... 3737
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LISTA DE TABELAS
1. Vítimas de Acidente separadas por município.............................................25
2. Vítimas de Acidente pelo sexo.....................................................................26
3. Vítimas menores de 18 anos........................................................................27
4. Especificações das estatísticas....................................................................28
5. Tipos de Lesões...........................................................................................29
6. Tipologia e Dias da semana.........................................................................30
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1. INTRODUÇÃO
Os acidentes e violências no trânsito é um problema de saúde pública,
pois é a violência sobre rodas, caracterizada como a 9ª causa de lesões e de
óbitos no mundo. No Brasil, é a quinta causa. Os óbitos das altas velocidades
nas ruas das cidades matam mais de 1,2 milhões de pessoas a cada ano em
todo o mundo. Devido à gravidade das ocorrências, é considerada uma epidemia
pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que escolheu os anos de 2011 a
2020 como a década de Ação em Segurança Viária (MALTA et al., 2012).
Segundo MALTA et al. (2012), existe uma estimativa que cinco
milhões de vidas poderão ser salvas com metas estabelecidas para reduzir e
estabilizar a violência no trânsito.
Agrega-se a isso que, apenas 28 países, representando 449 milhões
de pessoas (7% da população mundial), têm leis apropriadas para os principais
fatores de risco: velocidade excessiva, ingestão de bebida alcoólica, ausência
dos usos de capacete, cinto de segurança e de sistemas de retenção para
crianças.
No Brasil segundo OLIVEIRA et al. (2015), as causas de acidentes de
trânsito são variadas, porém a velocidade excessiva dos veículos e a distração
de condutores e pedestres são os motivos mais recorrentes de atropelamento,
além da falta de sinalização, baixa visibilidade noturna, obras na pista, entre
outros fatores que podem potencializar as ocorrências.
Os números alertam para tomadas de decisão e ações urgentes, entre
elas, a redução do limite de velocidade em áreas urbanas para controlar esta
epidemia de morbimortalidade.
Em Mato Grosso, os dados são preocupantes, dentre os anos de 1980
e 2005, o risco de morrer por acidente de trânsito em Cuiabá e no restante do
estado apresentou uma média maior que a brasileira (OLIVEIRA e MELLO
JORGE, 2008). e as vítimas não fatais sobrecarregam os serviços de saúde em
todas as complexidades, além das situações sociais advindas destas.
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Existe uma grande preocupação em relação ao aumento dos índices
de motorização dos países pobres e emergentes, sem equivalente investimento
na segurança viária, este quadro é semelhante o que vem ocorrendo no Brasil,
com o apoio maciço do governo para reduzir impostos a fim de que a população
adquira mais veículos. O investimento na melhoria do transporte público ainda é
baixo. Assim, com a crescente demanda por atendimentos nas unidades de
saúde, principalmente aquelas de urgência e emergência, que se caracterizam
como a porta de entrada do sistema para as vítimas dos acidentes de transporte,
tem-se então a importância da vigilância desses atendimentos, a partir de outras
ferramentas, que não aquelas ligadas as mortes e internações (IPEA, 2013).
Com essa crescente demanda por atendimentos nas unidades de
saúde de urgência e emergência, que se caracterizam como a porta de entrada
do sistema para as vítimas dos acidentes automobilísticos, tem-se então a
importância de avaliar esses atendimentos. Levando em consideração que os
atropelamentos ocorrem com condutores e pedestres de diferentes perfis,
especialmente, com motoristas mais jovens e com pouco tempo de habilitação,
o estudo busca analisar o perfil epidemiológico das vítimas menores de 18 anos
envolvidas em acidentes de trânsito em Mato Grosso no ano de 2014.
A motivação para a escolha do tema surgiu decorrente de vivência
profissional, que já atua nesta área, como também por ser uma temática de
interesse público, abrindo a discussão sobre os acidentes de trânsito envolvendo
menor.
O estudo delimita-se na análise do perfil das vítimas dos acidentes de
trânsito atendidas nos serviços de urgências e emergências das principais
cidades do estado de Mato Grosso, buscando saber as implicações do
envolvimento de menores de dezoito anos. E esta análise utilizará informações
de um levantamento realizado pelo projeto de pesquisa “Violência e Acidentes:
conhecendo os eventos não fatais e suas consequências", financiado pela
Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, a partir de sua
aprovação no Chamamento Público nº 20/2013.
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Perante o contexto apresentado, justifica-se o presente trabalho,
devido à necessidade de se conhecer o perfil das vítimas de acidentes de trânsito
menores de 18 anos, de menor gravidade, atendidas nos serviços de urgência e
emergência, por meio dos dados do inquérito realizado nos serviços
selecionados da Rede VIVA, pois se constituem uma demanda “invisível” para o
Sistema Único de Saúde. A partir dessa análise poderão ser elaboradas
propostas para o atendimento dessa demanda, e, consequentemente, a redução
das sequelas desses acidentes e, além disso, políticas de prevenção dos
acidentes com vistas às especificidades dos grupos populacionais mais
vulneráveis a estes agravos.
Desta maneira formalizou-se a seguinte questão norteadora: Qual o
perfil epidemiológico das vítimas menores de 18 anos envolvidas em acidentes
de trânsito, atendidas nas urgências e emergências em Mato Grosso, no período
de 1º a 30 de setembro de 2014?
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2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Descrever o perfil epidemiológico das vítimas de acidentes de trânsito,
menores de 18 anos, atendidas nas urgências e emergências de Mato Grosso,
no período de 1º a 30 de setembro de 2014.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Caracterizar as vítimas de acidentes de trânsito menores de 18 anos, segundo
variáveis sócio demográficas (sexo, faixa etária, raça/cor, escolaridade);
Descrever as vítimas de acidentes de trânsito menores de 18 anos, segundo
dados da ocorrência (dia da semana, local, zona, tipo da vítima e meio de
locomoção);
Identificar os desfechos do acidente segundo a natureza da lesão, parte do
corpo mais atingida e evolução da vítima.
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3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 CAUSAS EXTERNAS
Desde a década de 1980, as causas externas simbolizam a segunda
causa de mortalidade no Brasil e a primeira para as crianças e os indivíduos
jovens e adultos (SANTOS et al., 2008). Segundo dados do Sistema de
Informações sobre Mortalidade (SIM), somente em 2011, ocorreram 145.842
óbitos por causas externas em todo o território nacional, representando 12,4%
dos óbitos ocorridos no país1.
As causas externas (acidentes e violências) são todos os
agravos à saúde de início repentino e como resultado de
violência ou outra causa exógena. Agregados a este grupo
estão também as lesões provocadas por eventos no
transporte, homicídios, agressões, quedas, afogamentos,
envenenamentos, lesões por deslizamento ou enchente, e
outras ocorrências relacionadas ao ambiente (GONSAGA
et al., 2012).
Essas causas recebem uma classificação, de acordo com a Classificação
Internacional de Doenças (CID-10), sendo as causas externas correspondentes
ao capítulo XX com os seguintes códigos: Acidentes V01-X59; Lesões
autoprovocadas intencionalmente X60-X84; Agressões X85-Y09; Eventos com
intenção indeterminada Y10-Y34; Intervenções legais e operações de guerra
Y35-Y36; Complicações de assistência médica e cirúrgica Y40-Y84; Sequelas
de causas externas de morbidade e mortalidade Y85-Y89; Fatores
suplementares relacionados com as causas de morbidade e mortalidade
classificadas em outra parte Y90-Y98 (OMS, 2008).
1Dados extraídos de: http://ptdocz.com/doc/282303/avalia%C3%A7%C3%A3o-da-qualidade-
das-informa%C3%A7%C3%B5es-sobre-%C3%B3bitos-por-c. Acesso em: 15 mar. 2017.
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De acordo com MENDES,
O Brasil vive, nesse início de século, uma situação de
saúde que combina uma transição demográfica acelerada
e uma transição epidemiológica singular expressa na tripla
carga de doenças: uma agenda não superada de doenças
infecciosas e carenciais, uma carga importante de causas
externas e uma presença fortemente hegemônica das
condições crônicas. MENDES (2012, p. 21).
Verificou-se que os custos destas causas são também extremamente
altos, estimativas apontam gastos de 4 (quatro) bilhões de reais (RODRIGUES
et al., 2009). Para o setor saúde, os acidentes de trânsito despertam
preocupação por sua quantificação, impacto na mortalidade e morbidade, por
atingir faixas etárias jovens principalmente os menores de 18 anos, com elevado
número de anos potenciais de vida perdidos (APVP) e consequente redução da
esperança de vida, além de gastos que representam para o setor
congestionamento dos serviços de emergência e custos com reabilitação, em
função das sequelas que ocasionam, o que também representa custo familiar e
social (MAGALHÃES et al., 2011)
3.2 ACIDENTES DE TRÂNSITO: CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO
O Ministério da Saúde (MS) define como acidente “o evento não
intencional e evitável, causador de lesões físicas e ou emocionais no âmbito
doméstico ou nos outros ambientes sociais, como o do trabalho, do trânsito, da
escola, de esportes e o de lazer”. Ainda segundo o MS (2002), entende-se por
violência o evento representado por ações realizadas intencionalmente por
indivíduos, grupos, classes, nações, que ocasionam danos físicos, emocionais,
morais e/ou espirituais a si próprio ou a outros (BRASIL, 2002).
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Os acidentes de trânsito têm sido uma das principais causas de morte
no Brasil, caracterizado como todo evento que envolva o veículo, a via, o homem
ou animais. O tráfego de veículos na maioria das grandes cidades brasileiras é
percebido e interpretado pela maioria dos motoristas de carros particulares como
um social caótico e caracterizado como um campo de guerra atribuído às
condições culturais e sociais com as práticas transgressoras, violentas, egoístas
e desrespeitosas. Deste modo, sendo a violência um fenômeno generalizado e
complexo. Um esforço para chegar a um consenso e padrão universal de
conduta é necessário (OLIVEIRA e SOUSA, 2003).
A Lei brasileira prevê a concessão de habilitação, tanto para motocicleta
como para automóvel, a partir dos 18 anos; são frequentes, entretanto, os casos
em que menores de 18 anos conduzem veículos (com ou sem a ciência dos pais)
e acabam se envolvendo em acidentes. Mesmo para os que possuem habilitação
recente, estudos comprovam que a inexperiência na condução de veículos pode
provocar colisões e quedas (OMS 2008).
Neste contexto, além da pouca experiência comum aos condutores
adolescentes, é preciso repensar na questão da ilegalidade, cabendo aos pais e
responsáveis determinarem o uso do veículo apenas por pessoas devidamente
habilitadas (SANTOS et al.,2008).
O comportamento também contribui significativamente para a ocorrência
do evento, pois a necessidade de testar seus limites e de transgredir regras,
própria da adolescência e dos jovens, colabora para que os números sejam
elevados desta causa. Para o adolescente e jovens, a moto e o carro são vistos
como um símbolo de aventura e desafio (DINIZ & LIMA 2005).
A velocidade excessiva, muitas vezes testada em "rachas" ou em
exibições em grupo, com manobras radicais, torna o uso do veículo perigoso e
nocivo. A imaturidade, o sentimento de onipotência, a tendência de superestimar
suas capacidades, a pouca experiência e habilidade para dirigir são
comportamentos de risco que contribuem sobremaneira para este evento
(MELLO JORGE & MARTIN, 2013).
Outro fator que colabora para a ascensão dos números de acidentes de
trânsito consiste o não cumprimento das leis de trânsito associado à impunidade
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como: ultrapassar os limites de velocidade, não respeitar as faixas de segurança
e nem a sinalização, avançar o sinal vermelho, o consumo de bebidas alcoólicas,
que se tornou um hábito comum em quase todo o mundo, entre outras infrações,
são comportamentos habituais, principalmente entre os jovens menores de 18
anos (MELLO JORGE & MARTIN, 2013).
Entretanto, o seu consumo tem sido relatado como fator intimamente
associado aos acidentes no trânsito, pois diminui a visão periférica, reduz a
percepção e leva à incoordenação, colocando em risco não apenas a própria
vida, mas a vida de terceiros, como pedestres e condutores/passageiros de
outros veículos (HINGSON & WINTER, 2003).
Destaca-se, ainda, o não uso de equipamentos de segurança, como o
capacete e roupa adequada para os motociclistas e o uso do cinto de segurança
para os ocupantes de automóvel, a fim de reduzir as lesões em caso de acidente
(MELLO JORGE & MARTIN, 2013).
Neste sentido, ressalta-se o papel da sociedade como um todo:
profissionais da saúde e de diversas áreas, educadores, pais e gestores, no
esforço de encontrar caminhos que canalizem para a segurança de nossas
crianças e adolescentes no trânsito. Torna-se urgente investir em medidas
preventivas a fim de reduzir o sofrimento e a incapacidade da
criança/adolescente, da família e as pesadas cargas econômicas impostas à
sociedade pelos acidentes de trânsito, a fim de reduzir a violência no trânsito
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3.3 A VIOLÊNCIA
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a violência como uso
intencional da força física ou do poder, ou ameaça, contra si mesmo, outra
pessoa, grupo ou comunidade, de modo que os resultados têm uma alta
probabilidade de resultar em lesão, morte, mau desenvolvimento ou privação
(OMS, 1996 apud DAHLBERG e KRUG, 2007).
A violência é um grave problema de saúde pública mundial, milhões
de pessoas morrem como resultado de lesões causadas por violência e um
número ainda maior de indivíduos podem sobreviver, mas sofrem incapacidades
permanentes. Globalmente, a violência é uma das principais causas de morte de
pessoas entre 15 e 44 anos de idade, que compreende 14% de todas as mortes
de homens e 7% total de mortes de mulheres. Observa-se que a complexidade
e a variedade de atos violentos criam sentimentos de impotência e apatia (OMS,
2015).
Os acidentes são avaliados sendo eventos não intencionais e
evitáveis, causadores de lesões físicas e emocionais, no âmbito doméstico ou
nos outros ambientes sociais, como o do trabalho, do trânsito, da escola, de
esporte e o de lazer. Por debaterem as causas que em sua quase totalidade
podem assim ser evitadas com ações de promoção e atenção/cuidado
adequado, diferenciar como um relevante problema de saúde pública (OMS,
2015).
Deste modo, pode se dizer que a humanidade é acompanhada pela
violência, por um fenômeno conhecido como sócio histórico; não sendo em si um
problema de saúde pública, porém se transforma em um quando afeta a saúde
individual e coletiva, necessitando de políticas, práticas e serviços específicos
para essa demanda (MINAYO, 2005).
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3.4 SISTEMAS DE VIGILÂNCIA DE VIOLÊNCIA E ACIDENTES (VIVA)
Segundo ANDRADE et al. (2012), conhecer todas as circunstâncias
dos acidentes e atos de violência é fundamental para a elaboração de políticas
públicas. Assim, com essas informações podemos adotar medidas de
prevenção, além de atender as vítimas, promover a saúde e incentivar uma
cultura de paz. As lesões e óbitos decorrentes de acidentes (referentes ao
trânsito, envenenamento, afogamento, quedas, queimaduras e outros) e casos
de violência (relacionados a agressões, homicídios, suicídios ou tentativas,
abusos físicos, sexuais, psicológicos, negligências e outras) são definidas ou
classificadas como causas externas de morbidade e mortalidade (BRASIL,
2013).
A Rede VIVA (Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes), foi
implantada pelo Ministério da Saúde (MS) no ano de 2006, para assim
complementar os sistemas de informações SIM e SIH/SUS para a vigilância dos
acidentes e violências. Esta rede dividiu-se em dois componentes: o VIVA
Contínuo, que faz a vigilância das violências domésticas, sexual e/ou outras
violências; e o VIVA Inquérito, que se caracteriza pela vigilância dos acidentes e
violências em serviços sentinelas de urgência e emergência (ANDRADE, 2012).
O VIVA aparece com o intuito de possibilitar o acesso às informações
sobre os acidentes com automóveis que envolvem menores, assim poderá ser
avaliado tais tipos de lesões e gravidade (BRASIL, 2013).
A ficha do VIVA é composta por grupos de variáveis, que contêm
informações gerais (município de notificação, unidade de saúde, data, dia e hora
do atendimento, além da concordância em participar da pesquisa); sobre a
pessoa atendida (identificação, idade, sexo, cor da pele, escolaridade, meio de
locomoção até a unidade hospitalar); sobre residência (país, estado, município,
bairro de residência, naturalidade, e forma de contato); dados das ocorrências
(data, horário e local da ocorrência, tipo da ocorrência); dados sobre a violência
ou acidente (queimadura, acidente de transporte, queda, lesão autoprovocada e
agressão/maus-tratos/intervenção por agente legal público, uso de álcool e
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equipamentos de segurança, acidente de trabalho); e dados sobre a
lesão/evolução do caso (natureza da lesão, parte do corpo atingida e evolução
na emergência) (GAWRYSZEWSKI et al., 2007).
Verificou-se que os dados contidos na ficha são de suma importância
para saber das causas do acidente, tais como: utilização de álcool; utilização de
equipamentos de segurança e local de ocorrência. Ressalta-se que essas
informações não auxiliam apenas no planejamento ou na execução de políticas
públicas no setor, como também permite o acompanhamento dos resultados e
avaliação de projetos de prevenção de acidentes de trânsito a fim de promover
à saúde (BRASIL, 2013).
O processo de aperfeiçoamento do Sistema de Vigilância de
Violências e Acidentes (Viva) vem sendo desenvolvido a partir da participação
efetiva de parceiros de diversas instituições, o que é fundamental para conhecer
o impacto das violências e de acidentes (causas externas) no perfil de
morbimortalidade da população e para promover saúde e cultura de paz no
contexto do Sistema Único de Saúde do Brasil.
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4. MÉTODOS
Este estudo integra o projeto de pesquisa "Violência e Acidentes:
conhecendo os eventos não fatais e suas consequências", financiado pela
Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde a partir de sua
aprovação no Chamamento Público nº 20/2013: Estudos e Pesquisas Aplicadas
em Vigilância em Saúde.
O projeto foi coordenado pelo Instituto de Saúde Coletiva da
Universidade Federal de Mato Grosso e desenvolvido em parceria com a
Secretaria Estadual de Saúde e 14 municípios sedes dos escritórios regionais
de saúde do Estado de Mato Grosso: Pontes e Lacerda, São Felix do Araguaia,
Peixoto de Azevedo, Rondonópolis, Barra do Garças, Cáceres, Água Boa, Juína,
Alta Floresta, Diamantino, Colíder, Juara, Tangará da Serra e Sinop (OLIVEIRA
et al., 2015).
Foram previstas duas abordagens epidemiológicas distintas em cada
uma das etapas da pesquisa: 1) estudo de demanda e exploratório, com base
em dados primários, visando caracterizar o perfil de vítimas de causas externas
atendidas em serviço de urgência e emergência e; 2) estudo de uma mostra de
acidentes de trânsito com base em dados primários, visando identificar,
prospectivamente, as consequências (deficiências e incapacidades) desses
agravos (OLIVEIRA et al., 2015).
A primeira abordagem, no mês de setembro de 2014, denominada no
estudo de "Etapa 1", foi baseada na metodologia do VIVA Inquérito conduzido
pelo Ministério da Saúde, em outros municípios brasileiros (OLIVEIRA et al.,
2015).
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4.1 TIPO DE ESTUDO E POPULAÇÃO
O tipo de estudo foi delineamento transversal por meio da análise dos
dados secundários obtido pelo banco de dados do VIVA Inquérito, extraído do
projeto: Acidentes e Violências: conhecendo os eventos não fatais e suas
consequências.
Este tipo de estudo caracteriza-se por ser uma “foto” da população de
estudo, pois, diversas informações são coletadas em um momento pontual, é
também aquele que possibilita a descrição de variáveis e seus padrões de
evolução, e é o único que permite a identificação de prevalência de um dado
agravo/doença. Dentre suas principais vantagens podem ser citados: baixo custo
para realização e a menor quantidade de perdas. Devido à pontualidade
temporal, o estudo permite ao pesquisador a rápida coleta dos dados, é a
ausência de necessidade de acompanhamento (ROUQUAYROL, 2013).
A população para este estudo foram as vítimas de acidentes de
trânsito menores de 18 anos atendidas nos serviços de urgência e emergência
do Estado de Mato Grosso.
A coleta dos dados secundários (Etapa 1) deu-se a partir da Ficha de
Notificação de Violências e Acidentes (VIVA) desenvolvida pelo Ministério da
Saúde para utilização no VIVA Inquérito-2014, realizado nas capitais e
municípios selecionados do país (Anexo I). Esta foi preenchida para as vítimas
de acidentes e violências atendidas nas unidades de urgência e emergência
selecionadas no período de 01 a 30 de setembro de 2014, por profissionais da
saúde selecionados, contratados e capacitados especificamente para essa
atividade.
4.2 COLETA DE DADOS
Detalha-se abaixo como se deu a coleta de dados da presente
pesquisa, utilizando-se informações disponíveis na ficha de notificação.
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1. Dados da pessoa atendida: idade (menores de 18 anos), sexo, cor da pele,
escolaridade;
2. Dados específicos da ocorrência: dia da semana, horário e local da ocorrência,
tipo de vítima, tipo de transporte e outra parte envolvida nos acidentes, utilização
ou não de equipamentos de segurança, ocorrência ou não de acidente de
trabalho e utilização de álcool nas últimas 6 horas;
3. Lesão/evolução do caso: natureza da lesão, parte do corpo atingida e
evolução na emergência.
4. Após a seleção destas variáveis, foram elaboradas categorizações para cada
uma delas, que seguem:
1. Faixa etária: 7 grupos;
2. Cor da pele: branca, preta e amarela, visto que não houve notificações
de outras categorias;
3. Sexo: masculino e feminino;
4. Escolaridade: sem escolaridade, de 1 a 8 anos, de 9 a 11 anos, 12
anos e mais de estudo, não se aplica e ignorados;
5. Horário da ocorrência: Matutino (6:00h – 11:59h), Vespertino (12:00h
– 17:59h), Noturno (18:00h – 23:59h) e Madrugada (00:00h – 5:59h).
6. Uso de álcool, utilização de equipamentos de segurança e acidente
de trabalho: serão tratadas de forma dicotômicas (sim/não).
7. Em relação ao tipo de ocorrência foram selecionados apenas os
acidentes de transporte.
8. Local de ocorrência: residência, habitação coletiva, escola, área de
recreação, bar ou similar, via pública, comércio/serviços, indústrias/construções,
outros e ignorado.
9. Dia da semana: domingo, segunda-feira, terça-feira, quarta-feira,
quinta-feira, sexta-feira e sábado.
10. Tipo da vítima: pedestre, condutor e passageiro.
-
22
11. Tipo de transporte da vítima: a pé, automóvel, motocicleta,
bicicleta, transporte coletivo, outros e em branco.
12. Outra parte envolvida nos acidentes: automóvel, motocicleta,
transporte coletivo, bicicleta, objeto fixo, animal, outros, ignorado e em branco.
13. Natureza da lesão: sem lesão física, contusão, corte/laceração,
entorse/luxação, fratura, traumatismo crânio-encefálico, poli traumatismo,
queimadura e ignorado.
14. Parte do corpo atingida: boca/dentes, cabeça/face, pescoço,
coluna/medula, tórax/dorso, abdome/quadril, membros superiores e inferiores,
múltiplos órgãos/regiões e não se aplica.
15. Evolução dos atendimentos: alta, encaminhamento ambulatorial,
internação hospitalar, encaminhamento para outro serviço e ignorado.
Estas variáveis e suas categorizações foram utilizadas tanto para
análise geral, quanto para análise do meio de transporte mais prevalente.
4.3 VARIÁVEIS DE ESTUDO
Neste estudo foram consideradas as variáveis abaixo relacionadas.
Sócio demográficas:
Sexo: masculino e feminino.
Faixa etária: menores de 18 anos.
Raça/cor: preto, branco e amarelo.
Escolaridade: 1º grau e 2º ano.
Dados da ocorrência:
Dia da semana: todos os dias.
-
23
Local: do acidente.
Zona: urbana.
Tipo da vítima: motorista e passageiro.
Meio de locomoção: carro, moto e bicicleta.
Natureza da lesão: moderada à grave que não ameaça a vida; grave
que ameaça a vida com sobrevivência provável; a crítica com sobrevivência
incerta; lesão máxima que é quase sempre fatal.
Parte do corpo mais atingida: cabeça; pescoço; face; tórax; membros
e cintura pélvica.
Evolução da vítima: números de óbitos registrados pelo VIVA no
período em estudo.
4.4 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS
Para o processamento dos dados foi utilizado o programa Microsoft
Office Excel 2007. Os resultados foram avaliados mediante distribuição de
frequências absolutas e relativas das variáveis. A razão de sexo foi calculada por
meio da divisão do número de homens pelo de mulheres. Os dados foram
apresentados a partir de gráficos e tabelas, para assim proporcionar o
entendimento da extensão do agravo e o perfil das vítimas dos acidentes de
trânsito menores de 18 anos em Mato Grosso.
-
24
4.5 ASPECTOS ÉTICOS
O projeto de pesquisa "Violência e Acidentes: conhecendo os eventos
não fatais e suas consequências” foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
do Hospital Universitário Júlio Müller – UFMT (Processo Nº 093397/CEP-
HUJM/2014), desenvolvido seguindo os aspectos éticos recomendados pela
Resolução CNS nº 466, de 12 de dezembro de 2012.
-
25
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram registrados cerca de 6.702 (seis mil, setecentos e dois)
atendimentos, nas urgências e emergências de Mato Grosso de vítimas causas
externas, na tabela 1. Destas vítimas os acidentes totalizaram 6.293 (seis mil,
duzentos e noventa e três) e as de violências: 409 (quatrocentos e nove); sendo
a grande parte dos atendimentos nos municípios de Rondonópolis (24%) e Sinop
(19%). Dentre as causas externas, o estudo demonstrou predomínio das vítimas
de acidentes, similar ao encontrado em outros estudos (CASTRO, 2009;
GALVÃO, 2011; NEVES et al., 2013),
Tabela 1 - Vítimas de acidentes e violências atendidas em unidades de urgência
e emergência segundo local de atendimento. Municípios selecionados - Mato
Grosso, 2014.
Município Acidentes Violências Total
nº % nº % nº
Água Boa 255 92,1 22 7,9 277
Alta Floresta 490 95,7 22 4,3 512
Barra da Garça 455 92,5 37 7,5 492
Cáceres 552 93,4 39 6,6 591
Colíder 13 59,1 9 40,9 22
Diamantino 172 94,0 11 6,0 183
Juara 254 93,0 19 7,0 273
Juína 332 94,3 20 5,7 352
Peixoto de Azevedo 199 93,0 15 7,0 214
Pontes e Lacerda 374 95,9 16 4,1 390
Rondonópolis 1.505 94,5 88 5,5 1.593
São Feliz do Araguaia 56 88,9 7 11,1 63
Sinop 1.192 94,5 69 5,5 1.261
-
26
Continua
Tangará da Serra 444 92,7 35 7,3 479
Total 6.293 93,9 409 6,1 6.702
Fonte: VIVA Inquérito, Mato Grosso 2014
Cabe destacar ainda que 87% dos atendimentos foram de residentes nos
quatorze municípios que integraram a pesquisa enquanto 11% foram de
residentes em outros municípios mato-grossenses e somente 2% de outras
localidades.
Os acidentes de trânsito atendidos pelos municípios do estado do Mato
Grosso se destacaram e representam aproximadamente 40% de todos os
atendimentos e 42% dos atendimentos por acidentes. Comparando com o
resultado do VIVA Inquérito realizando em 2011, nas capitais brasileiras, os
acidentes de trânsito também se destacam nos atendimentos de urgência e
emergência (BRASIL 2013)
Tabela 2 - Vítimas de acidentes e violências atendidas em unidades de urgência
e emergência segundo tipo de ocorrência e sexo. Municípios selecionados - Mato
Grosso, 2014.
Tipo de Ocorrência
Sexo Total
Masculino Feminino
nº % nº % nº %
Acidente de trânsito 1.788 39,5 860 39,6 2.648 39,5
Queda 852 18,8 573 26,4 1.425 21,3
Outros acidentes 1.643 36,3 577 26,6 2.220 33,1
Lesão autoprovocada 31 0,7 28 1,3 59 0,9
Agressão/maus-tratos 216 4,8 134 6,2 350 5,2
Total 4.530 2.172 6.702
Fonte: VIVA Inquérito, Mato Grosso 2014
Na tabela 2, observa-se que os atendimentos de vítimas de acidentes de
trânsito são mais frequentes em ambos os sexos, porém somente os homens
-
27
correspondem aproximadamente 66% atendimentos, este percentual está em
consonância com os resultados apresentados pela SVS/MS no VIVA de 2011
(BRASIL 2013) .
Dos 2648 atendimentos de acidentes de trânsito, cerca da metade das
vítimas eram jovens e a maioria do sexo masculino. Destas vítimas de acidentes
de trânsito, 412 atendimentos foram de menores de 18 anos, sendo no município
de Sinop com maior frequência (Tabela 3)
Tabela 3 – Distribuição de Acidentes de trânsito em menores de 18 anos
segundo município de residência em Mato Grosso 2014. .
Município Acidentes de transito
nº %
Água Boa 22 5,4
Alta Floresta 24 5,8
Barra do Garça 34 8,2
Cáceres 33 8,0
Diamantino 7 1,7
Juara 18 4,4
Juína 18 4,4
Peixoto de Azevedo 14 3,4
Pontes e Lacerda 23 5,6
Rondonópolis 93 22,6
São Félix do Araguaia 3 0,7
Sinop 100 24,0
Tangará da Serra 23 5,6
Total 412
Fonte: VIVA Inquérito, Mato Grosso 2014
A tabela 3, demonstra a maior frequência das vítimas de acidente de
trânsito em menores de 18 anos atendidas nas unidades selecionadas de Mato
-
28
Grosso, sendo os municípios Sinop, Rondonópolis e Barra Garças que
apresentaram os maiores percentuais.
Na tabela 4 mostra algumas características das vítimas atendidas nas
unidades selecionadas: sendo do sexo masculino (64,6%), de cor/raça parda
(55,6%). Em cerca de metade (51,9%) das vítimas prevaleceu o ensino
fundamental, aproximadamente 80,0% moravam na zona urbana e o local do
acidente se deu numa via pública em praticamente em 88,0%. Metade das
vítimas eram passageiros e o meio de locomoção era a motocicleta, estes
achados diferem dos encontrados por MARCHESE et al.(2008) e por BONILHA
(2012).
Tabela 4 -– Distribuição de Acidentes de transito em menores de 18 anos
segundo variáveis selecionadas
Características Acidente de Trânsito %
Sexo
Masculino 266
64,6
Feminino 146
35,4
Faixa etária
0-05 anos 70 17,0
06-10anos 74 18,0
11-17anos 268 65,0
Raça/cor
Branca 143 34,7
Preta 28 6,8
Parda 229 55,6
Indígena 5 1,2
Ignorado 5 1,2
Sem Informação 2 0,5
Escolaridade
Analfabeto/Sem escolaridade 3 0,7
Creche (0 a 3 anos) 23 5,6
Pré-escola (4 a 5 anos) 18 4,4
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29
1º ciclo Ens. Fund. (1º ao 5º ano) 82 19,9
2º ciclo Ens. Fund. (6º ao 9º ano) 132 32,0
Continua
Ensino médio 120 29,1
Ensino superior 1 0,2
Não aplica 18 4,4
Ignorado 11 2,7
Zona
Urbana 343 83,0
Rural 69 16,7
Local de ocorrência
Via pública 366 88,8
Escola 5 1,2
Outros 41 9,9
Meio de locomoção
Carro 47 11,4
Moto 195 47,4
A pé 24 5,8
Bicicleta 128 31,0
Ônibus 5 1,2
Outros 13 3,1
Não se aplica 2 0,5
Natureza da lesão
Sem lesão física 20 4,8
Contusão 47 11,4
Corte/laceração 163 39,5
Entorse/luxação 61 14,8
Fratura 56 13,6
Amputação 2 0,5
Traumatismo dentário 7 1,7
Traumatismo crânio-encefálico 19 4,6
Poli traumatismo 1 0,2
-
30
Intoxicação 35 8,5
Queimadura 0 0,0
Outros 1 0,2
Parte do corpo atingida
Boca/dentes 10 2,3
Outra região da cabeça/face 54 13,1
Pescoço 3 0,7
Coluna/medula 5 1,2
Tórax/dorso 16 3,9
Abdômen/quadril 7 1,7
Membros superiores 98 24,0
Membros inferiores 129 31,3
Genitais/ânus 1 0,2
Múltiplos órgãos/regiões 89 21,6
Evolução
Alta 275 66,8
Encaminhamento ambulatorial 26 6,3
Internação hospitalar 54 13,1
Encaminhamento para outro serviço 50 12,2
Evasão/fuga 2 0,5
Óbitos 1 0,2
Fonte: VIVA Inquérito, Mato Grosso 2014
Pode-se verificar a imprudência no trânsito por meio desses dados.
Verificou se que a maior parte dos acidentes as vítimas sofreram lesões na parte
inferior e superior do corpo, o que também foi encontrado pelo estudo realizado
por MARCHESE et al. (2008) em Alta Floresta e BONILHA (2012) em Mato
Grosso. Alguns casos apresentaram lesões em múltiplas regiões (18,4%).
Quanto a evolução, 66,8% das vítimas tiveram alta e apenas um caso fatal no
período analisado.
Além da mortalidade precoce e das sequelas decorrentes dos acidentes
de trânsito, deve-se considerar os sofrimentos enfrentados pelas pessoas
-
31
acometidas por essas condições clínicas e suas famílias. OLIVEIRA e SOUZA
(2003) reforçam que as sequelas físicas podem determinar alterações na
qualidade de vida de motociclistas vítimas de acidentes de trânsito, trazendo
como implicações altos custos diretos e indiretos de ordem econômica e social,
tanto para a vítima, quanto para a sociedade.
Tabela 5 - Distribuição de Acidentes de transito em menores de 18 anos
segundo dia da Semana e tipo de vítima em Mato Grosso 2014
Dia da semana
Domingo 93 22,6
Segunda-feira 50 12,1
Terça-feira 49 11,9
Quarta-feira 51 12,4
Quinta-feira 51 12,4
Sexta-feira 49 11,9
Sábado 66 16,1
Tipo de vitima
Pedestre 24 5,8
Condutor 225 54,6
Passageiro 158 38,4
Outros 3 0,7
Não se aplica 1 0,2
Fonte: VIVA Inquérito, Mato Grosso 2014
Em relação os dias de semana, observa-se que os finais de semana
(sábado e domingo) concentraram-se o maior percentual de atendimento, porém
nos dias de semana sempre tem uma frequência acima de 10%. BASTOS et
al.(2005) em estudo realizado com as vítimas de acidentes de trânsito atendidas
em serviço pré-hospitalar em cidade do Sul do Brasil, encontrou maior
prevalência de acidentes durante o sábado, o que difere do encontrado neste
estudo. No entanto, nos resultados do VIVA 2011 divulgado pela SVS/MS
-
32
(BRASIL 2013) encontrou domingo com maior frequência estando em
consonância com este estudo.
O aumento do número de veículos, a ausência de fiscalização adequada,
falta de infraestruturas rodoviárias e de programas de promoção voltados aos
grupos de risco são fatores que influenciam no aumento dos acidentes (BRASIL,
2005).
-
33
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento do presente estudo, possibilitou identificar o perfil
epidemiológico das vítimas de acidentes de trânsito menores de 18 anos no
período de 1º a 30 de setembro de 2014 nas urgências e emergências de Mato
Grosso.
De acordo com o estudo conclui-se que o perfil entre os jovens menores
de 18 anos são de pessoas considerados brancas e pardas, do ensino
fundamental (5º ao 9º ano), a motocicleta é o principal meio de locomoção na
hora do acidente, maior parte dos acidentados no estudo sofreram lesões na
parte superior e inferior do corpo ou sofreram múltiplas lesões com apenas uma
vítima chegando a óbito.
Dada a importância do assunto, é necessário o desenvolvimento de
métodos para agilizar o processo de prevenção e criar políticas para evitar a
violência no trânsito, como diminuir a velocidade nas zonas urbanas, onde está
concentrado a maior prevalência de acidente de trânsito, pois o número de
acidentes causados, independente da distinção, trazem implicações de altos
custos diretos e indiretos de ordem econômica e social, tanto para a vítima,
quanto para a sociedade, e que poderá ser pensado em políticas públicas de
Educação para Trânsito em busca da conscientização da população.
E ainda, desenvolver um trabalho com a população com o intuito de
diminuir o acesso de menores na direção para que assim se evite mais
acidentes. Não podemos esquecer outros fatores muito importantes como uso
de celular e de bebida alcoólica.
-
34
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ANEXO I
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS