aparelho

13
O aparelho psíquico e seu funcionamento Luzia Travassos Duarte Introdução O narcisismo universal da espécie humana, seu amor próprio, sofreu até o presente três severos golpes por parte das descobertas científicas. Nas primeiras etapas de suas pesquisas, o homem acreditou, que seu domicílio, a Terra, era o centro estacionário do universo, com o sol, a lua e os planetas girando ao seu redor. Seguia assim, os ditames das percepções de seus órgãos sensoriais, pois não percebia o movimento da Terra. Além disso, toda vez que conseguia uma visão sem obstáculos, encontrava-se no centro de um círculo que abarcava o mundo exterior. A posição central da Terra, de mais a mais, era para ele um sinal do papel dominante desempenhado por ele no universo e parecia-lhe ajustar-se muito bem à sua propensão a considerar-se o senhor do mundo. A destruição dessa ilusão narcisista associa-se, em nossas mentes, ao nome e a obra de Nicolau Copérnico, no século XVI, apesar de Aristarco de Samos, no século III a C., já haver declarado que a Terra era muito menor do que o sol e que movia-se ao redor daquele corpo celeste. Assim, o amor próprio da humanidade sofreu o seu primeiro golpe, o golpe cosmológico. No curso do desenvolvimento da civilização, o homem adquiriu uma posição dominante sobre as outras criaturas do reino animal. Não satisfeito com essa supremacia, contudo, começou a colocar um abismo entre a sua natureza e a dos animais. Atribuiu a si mesmo uma alma imortal, alegando uma ascendência ina que lhe permitia romper o laço de comunidade entre ele e o reino animal.

Upload: allisson-vieira

Post on 10-Sep-2015

214 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

explicação sobre conceitos da psicanalise

TRANSCRIPT

  • mainFrame

    O aparelho psquico e seu funcionamento

    Luzia Travassos Duarte

    Introduo

    O narcisismo universal da espcie humana, seu amor prprio, sofreu at o presente trs severos golpes por parte das descobertas cientficas. Nas primeiras etapas de suas pesquisas, o homem acreditou, que seu domiclio, a Terra, era o centro estacionrio do universo, com o sol, a lua e os planetas girando ao seu redor. Seguia assim, os ditames das percepes de seus rgos sensoriais, pois no percebia o movimento da Terra. Alm disso, toda vez que conseguia uma viso sem obstculos, encontrava-se no centro de um crculo que abarcava o mundo exterior. A posio central da Terra, de mais a mais, era para ele um sinal do papel dominante desempenhado por ele no universo e parecia-lhe ajustar-se muito bem sua propenso a considerar-se o senhor do mundo.

    A destruio dessa iluso narcisista associa-se, em nossas mentes, ao nome e a obra de Nicolau Coprnico, no sculo XVI, apesar de Aristarco de Samos, no sculo III a C., j haver declarado que a Terra era muito menor do que o sol e que movia-se ao redor daquele corpo celeste. Assim, o amor prprio da humanidade sofreu o seu primeiro golpe, o golpe cosmolgico.

    No curso do desenvolvimento da civilizao, o homem adquiriu uma posio dominante sobre as outras criaturas do reino animal. No satisfeito com essa supremacia, contudo, comeou a colocar um abismo entre a sua natureza e a dos animais. Atribuiu a si mesmo uma alma imortal, alegando uma ascendncia ina que lhe permitia romper o lao de comunidade entre ele e o reino animal.

    file:///D|/Documents%20and%20Settings/Freedom/Desktop/psimed/FILES/aparelho.html (1 of 13) [28/04/2003 22.26.28]

  • mainFrame

    Todos sabemos que no sculo passado, as pesquisas de Charles Darwin e seus colaboradores e precursores puseram fim a essa presuno por parte do homem. O homem no um ser diferente dos animais, embora lhes seja superior; ele prprio tem ascendncia animal, relacionando-se mais estreitamente com algumas espcies, e mais distanciadamente com outras. Foi este o segundo golpe, o golpe biolgico ao narcisismo humano.

    O terceiro golpe, o psicolgico, foi dado por Sigmund Freud ao salientar que o comportamento humano dominado por foras que esto alm do nosso controle, o que significa dizer que o eu no senhor de sua prpria casa. Ao enfatizar o estado inconsciente de grande parte de suas motivaes, ele privou-nos de nossa racionalidade; e, ao salientar a natureza sexual e agressiva dessas motivaes, ele deu o golpe final dignidade humana.

    1O conceito de inconsciente

    Antes de Freud, pensava-se que a subjetividade humana estivesse plenamente identificada com a conscincia e dominada pela razo. Admitia-se, quando muito, que a conscincia podia conter uma parte do inconsciente, que algumas ocorrncias psquicas podiam permanecer abaixo do umbral da conscincia. Ou seja, o termo inconsciente era empregado no sentido puramente adjetivo para designar aquilo que no era consciente, mas nunca para designar um sistema psquico autnomo, regido por leis prprias.

    Em Freud, o inconsciente (Ics) um sistema psquico que se contrape a

    file:///D|/Documents%20and%20Settings/Freedom/Desktop/psimed/FILES/aparelho.html (2 of 13) [28/04/2003 22.26.28]

  • mainFrame

    outro, o pr-conciente conscincia (Pc/Cs) que em parte inconsciente mas que no o inconsciente.

    O inconsciente no tampouco, uma entidade emprica que se manteve oculta at o momento em que Freud veio a descobri-lo. Algo como um rgo ou uma regio do crebro at ento inacessvel observao cientfica. A verificao direta do inconsciente jamais ser feita, sua impossibilidade emprica no se deve falta de instrumentos, mas sua prpria natureza. Ele quando muito poder ser inferido a partir de seus efeitos na conscincia, ou melhor, a partir de seus efeitos no discurso manifesto, nos atos e nos comportamentos das pessoas mas jamais ser objeto da observao direta. Como exemplo de efeitos do inconsciente do discurso, encontramos os atos falhos, aqueles erros involuntrios que cometemos ao falar. Trocar o nome da namorada pelo de outra moa, por exemplo.

    1. O sentido descritivo. Uma representao pode estar ausente da conscincia e encontrar-se no Pr-consciente ou no Inconsciente, segundo possam ou no serem acessadas facilmente conscincia.

    2. O sentido sistemtico. Outras representaes, entretanto, podem ter seu acesso negado conscincia, pertencendo ao sistema Ics e constituindo o material recalcado.

    Freud idiu o aparelho psquico em dois sistemas: o pr-consciente/conscincia e o inconsciente. Para efeito didtico veremos o Pcs/Cs separadamente.

    A conscincia est localizada na periferia do aparelho psquico e sua funo receber informaes que tanto provm do interior do organismo como do meio externo. Entretanto, a conscincia no conserva nenhuma marca duradoura dessas informaes, j que no funciona como arquivo, cabendo esta funo ao Pcs e ao Ics. A conscincia responsvel pela discriminao qualitativa das vivncias do aparelho psquico, ela as

    file:///D|/Documents%20and%20Settings/Freedom/Desktop/psimed/FILES/aparelho.html (3 of 13) [28/04/2003 22.26.28]

  • mainFrame

    identifica como agradveis ou no. tambm responsvel pelos aspectos lgicos do pensamento, pela capacidade de julgamento e pelo raciocnio.

    O pr-consciente o inconsciente do ponto de vista descritivo mas, de acordo com sua localizao sistemtica ele se encontra entre o Inconsciente e a Conscincia. Funciona como um arquivo mas seus contedos so facilmente recuperveis, bastando para isso um ato da vontade. justamente essa facilidade de passagem Conscincia, o que diferencia os contedos do Pcs daqueles do Ics. Aqui encontramos o que a psicanlise chama de representao da palavra, uma marca mnmica da palavra ouvida e a representao de coisa, uma marca mnmica dos objetos visualizados.

    O inconsciente contm as representaes de coisas, imagens mnmicas visuais, reprodues, muitas vezes modificadas, de antigas percepes. Trata-se de uma espcie de arquivo visual. Os contedos do Ics, as representaes de coisa, s se tornaro consciente quando se ligarem s representaes de palavras que lhes correspondem. Assim temos no Pcs/Cs a representao de coisa ligada sua correspondente representao de palavra e, no sistema Ics, apenas a representao de coisa. No Ics no h negao, ou seja, duas representaes contrrias podem existir lado a lado. O trabalho da negao, da contradio s vai se fazer na fronteira entre o Inconsciente e o Pcs, atravs da censura. Outra caracterstica do sistema a ausncia de temporalidade. por isso que nos sonhos, uma das expresses do Ics, acontecimentos do passado parecem atuais, e outras vezes, nos percebemos como somos atualmente mas em locais ou situaes da infncia. E, finalmente, os processos inconscientes dispensam pouca ateno realidade, estando sujeitos ao p. do prazer. No Inconsciente, passado, presente e futuro se misturam, todos perpassados pelo fio inexorvel do desejo.

    So trs os princpios de funcionamento do ap. psquico:

    Princpio da constncia Como todo organismo vivo, o ser humano

    file:///D|/Documents%20and%20Settings/Freedom/Desktop/psimed/FILES/aparelho.html (4 of 13) [28/04/2003 22.26.28]

  • mainFrame

    tem uma forte propenso a manter constante sua tenso interior. O princpio da constncia anlogo ao princpio fisiolgico da homeostase. Ele busca manter constante, ou reduzido ao mximo, o montante de energia ou tenso do aparelho psquico.

    Princpio do prazer A atividade psquica em seu conjunto tem por objetivo evitar o desprazer e proporcionar prazer. Na medida em que o desprazer est ligado ao aumento da tenso ou excitao e o prazer sua reduo, este princpio est a servio do anterior.

    Princpio da realidade Atua ao lado do p. do prazer tentando modific-lo, medida que o aparelho psquico vai evoluindo. Isso faz com que a descarga de tenso j no se faa pelo caminho mais curto, busca-se ainda a descarga mas promove-se adiamentos em funo das condies impostas pelo meio exterior. Por exemplo: as crianas pequenas tm uma tendncia a querer satisfazer seus desejos a todo custo e de forma imediata, com a maturao e a educao vai se desenvolvendo, entretanto, a capacidade de espera e elas j sero capazes de suportar os adiamentos, segundo exigncias da realidade.

    2 As instncias psquicas e os mecanismos de defesa

    A personalidade estrutura-se segundo um longo processo de intercmbios entre o dentro e o fora, constitutivos da oposio realidade interna/realidade externa. Ou seja, o aparelho psquico funciona segundo os princpios do prazer e realidade.

    medida em que a criana se desenvolve, ela aprende a esperar, aprende

    file:///D|/Documents%20and%20Settings/Freedom/Desktop/psimed/FILES/aparelho.html (5 of 13) [28/04/2003 22.26.28]

  • mainFrame

    que seus desejos nem sempre podem realizar-se de imediato, e a adiar suas satisfaes em funo das condies impostas pela realidade.

    Durante a infncia a criana necessita do apoio dos pais que vo desempenhar o papel de Ego auxiliar e daquilo que Freud chamou mediador de excitao, protegendo a criana dos traumatismos excessivos, mas, ao mesmo tempo, levando-a a compreender e viver a realidade. A partir das primeiras experncias de incorporao, a criana guardando para si o bom e rejeitando o mau, inicia-se uma operao de interiorizao progressiva das experincias com o mundo exterior.

    O mundo interno passa ento a ser organizado a partir das identificaes da criana com seus modelos, as figuras parentais, e as relaes com o seu mundo.

    O que so instncias?

    So modelos tericos fictcios, destinados a explicar a complexidade do funcionamento do aparelho psquico. So elas:

    ID Representa o polo pulsional, inteiramente inconsciente, funcionado segundo o processo primrio e procurando apenas a satisfao imediata das necessidades e o apaziguamento das tenses.

    Do ponto de vista dinmico, entra em conflito com o Ego e o Superego que so diferenciaes dele. o grande reservatrio das pulses.

    Quase todo o ser dos recm-nascidos, apenas ID. Os bebs satisfazem suas necessidades fsicas e psquicas de forma bastante direta e desinibida, se esto com fome choram, e tambm choram quando esto com a frauda molhada, ou quando querem calor humano, colo. Ento o ID funciona segundo o processo primrio que regido pelo princpio do prazer. O que interessa a satisfao imediata. O ID continua conosco na idade adulta e nos acompanha a vida toda. S que aos poucos vamos

    file:///D|/Documents%20and%20Settings/Freedom/Desktop/psimed/FILES/aparelho.html (6 of 13) [28/04/2003 22.26.28]

  • mainFrame

    aprendendo a controlar desejos a fim de nos adaptarmos ao nosso meio. Em outras palavras, aprendemos a afinar o princpio do prazer com o princpio da realidade. E da nasce o Ego, por diferenciao do ID, a parte do ID que foi modificada sob a influncia direta do mundo exterior, por intermdio do sistema de percepo-conscincia.

    O Ego forma-se graas s introjees e identificaes, funcionando conforme as leis do processo secundrio que regido pelo princpio da realidade, a sede dos mecanismos de defesa e representa a instncia formadora do recalque, encarregado ainda, de assegurar o equilbrio psquico, mantendo as tenses a um nvel constante.

    A partir de certa idade, no podemos sentar e simplesmente cair no choro, at que nossos desejos ou necessidades sejam satisfeitos. Quando algum adulto assim se comporta, que no recebeu os limites necessrios sua realidade, durante a infncia, e no tem maturidade para lutar, atravs dos meios adequados, por seus objetivos.

    Mas pode acontecer tambm, de desejarmos intensamente alguma coisa que o nosso meio no aceita, ou vivenciarmos uma situao que incompatvel com nossos princpios morais, religiosos, etc... E o Ego vai recalcar esse desejo ou representao insuportvel. O recalque um mecanismo de defesa.

    Freud aponta uma terceira instncia, no psiquismo. Ainda criana, somos confrontados com padres morais de nossos pais e de nosso meio. Quando fazemos alguma coisa de errado, nossos pais imediatamente dizem no faa isto, ou ento que vergonha, etc... E mesmo depois de adultos podemos ouvir o eco de tais censuras, representaes e julgamentos morais, no mais preciso que eles ou outra pessoa nos repreenda, ns j internalizamos, j somos ns mesmos que exigimos e cobramos, apesar de em certas ocasies dizermos que uma outra pessoa que exige isso de ns.

    file:///D|/Documents%20and%20Settings/Freedom/Desktop/psimed/FILES/aparelho.html (7 of 13) [28/04/2003 22.26.28]

  • mainFrame

    As expectativas de nosso meio no plano moral parecem ter se alojado dentro de ns e passado a constituir uma parte de ns mesmos. isso que Freud chama de Superego. Ele diz que o Superego se ope ao Ego como uma espcie de conscincia. Por exemplo: O superego nos informa, por assim dizer, quando nossos desejos so sujos ou imprprios e isso vale principalmente para os desejos erticos ou sexuais. Freud constatou que esses desejos surgem bem cedo, na infncia, ento qualquer manifestao deles, como a ereo no menino, ou o toque genitais em ambos, so reprovados com expresses tais como: Que coisa feia!, No faa isso!, Se voc fizer outra vez, eu corto seu pinto! ou Arranco sua mo!. Dessa forma, desenvolvemos sentimentos de culpa que armazenado no Superego (instncia formadora da moral) e atrelado a tudo o que diz respeito ao sexo, formando assim um conflito entre prazer e culpa que pode acompanhar o indivduo por toda a vida.

    Construmos tambm o nosso Ideal do Ego que est voltado para a auto-imagem que queremos perfeita, pois quando criana tambm ouvimos:

    Tu deves ser assim, ou Tu devias ser assim. Essas exigncias representariam o Ideal do ego, modelo ao qual o Ego deve adequar-se. O Ideal do Ego visa ao prprio indivduo, ao qual prope uma auto-imagem perfeita. Est portanto, intimamente ligado ao narcisismo e depende da imagem que os pais tm dos filho ou pelo menos, daquela que este captou. O filho procura colocar-se inconscientemente no lugar do objeto ideal que viria gratificar os pais.

    Como vimos, o Ego deve arcar com as exigncias conflitantes do ID, e o Superego, da realidade externa e com a ansiedade que esses conflitos e frustraes produzem. Assim, fazendo, para manter o equilbrio interno psquico, ele pode distorcer ou negar a natureza do conflito. A estes mtodos inconscientes Freud deu o nome de mecanismos de defesa.

    file:///D|/Documents%20and%20Settings/Freedom/Desktop/psimed/FILES/aparelho.html (8 of 13) [28/04/2003 22.26.28]

  • mainFrame

    3Os mecanismos de defesa

    Os mecanismos de defesa so operaes psquicas inconscientes, empregadas pelo Ego para se livrar da angstia. Mas o que angstia? Em termos psicodinmicos, a angstia uma espcie de sinal de alarme que informa ao Ego sobre a existncia de um conflito interno. Este se v ento obrigado a lanar mo de algumas operaes para evitar o sofrimento. Fenomenologicamente falando, a angstia experimentada como uma ameaa de perda. O ser humano experimenta a angstia muito cedo, ainda beb, como um estado indiferenciado de aflio que vivenciado como falta ou carncia de alguma coisa, o alimento, por exemplo. No plano mental esta sensao vivida como uma ameaa de sua prpria destruio, como angstia. A me, ou quem quer que substitua torna-se ento de extrema importncia para o infans, desde que ela que d o que lhe falta, ela quem o defende da angstia.

    Entretanto, medida que vai se desenvolvendo as funes motoras e psquicas, medida que o Ego vai se constituindo, essa defesa ou melhor, esses mecanismos de defesa, passam a ser da responsabilidade dessa instncia de nossa mente. Os mecanismos so inconscientes e por isso atuam de forma automtica. Vo surgindo durante o desenvolvimento do sujeito e esto presentes em todos ns. O emprego macio de determinados mecanismos de defesa faz parte de determinadas patologias mentais. Vejamos alguns deles:

    Recalque Trata-se da operao atravs da qual o sujeito tenta repelir da conscincia ou manter no inconsciente representaes (imagens, pensamentos, recordaes) ligadas a uma pulso. O recalque se produz quando a satisfao de uma pulso susceptvel de proporcionar prazer provocaria desprazer em relao a outras

    file:///D|/Documents%20and%20Settings/Freedom/Desktop/psimed/FILES/aparelho.html (9 of 13) [28/04/2003 22.26.28]

  • mainFrame

    exigncias. Tais exigncias dizem respeito realidade externa e ao Superego.

    Regresso - Um retorno s formas anteriores do desenvolvimento, do pensamento e do estilo de relaes do indivduo ao seu ambiente.

    Ex: O doente que comporta-se como criana que j foi, torna-se frgil e dependente, abrindo mo de dirigir sua vida. A presena do mdico aguardada com a mesma expectativa com a qual em outras pocas aguardava a presena da me, que lhe trazia conforto.

    Transformao no Contrrio Representa o processo pelo qual o objetivo de uma pulso se transforma em seu contrrio na passagem da atividade para a passividade. Os pares de condutas opostas coexistem no inconsciente e sua transformao de uma a outra s se pode compreender com a interveno da fantasia.

    Ex: Sadismo/Masoquismo O sdico que causa o sofrimento e sente prazer com isso, o mesmo que sofre e goza com a dor do outro.

    Identificao Processo psquico pelo qual o indivduo assimila um aspecto, uma propriedade, um atributo do outro e se transforma total ou parcialmente conforme esse modelo.

    Ex: A identificao com o objeto amado, como no se pode t-lo completamente, uma soluo pode ser vir a ser como ele, carreg-lo em si, ao ser como ele.

    A identificao da criana com os pais no incio da vida necessrio, depois h um afastamento progressivo, pois sua permanncia pode ser patognica.

    Projeo Mecanismo de defesa atravs do qual o indivduo atribui a um objeto caractersticas que lhe so prprias, porm recusadas como

    file:///D|/Documents%20and%20Settings/Freedom/Desktop/psimed/FILES/aparelho.html (10 of 13) [28/04/2003 22.26.28]

  • mainFrame

    suas.

    Ex: O marido que acusa a esposa de infidelidades que ela no cometeu, pode ter desejos inconscientes de traio.

    Sublimao Uma pulso dita sublimada quando se desvia para um novo alvo no sexual e visando a objetivos socialmente valorizados. Trata-se de um processo postulado por Freud para explicar as atividades artsticas e intelectuais aparentemente sem ligao com a sexualidade, mas que encontrariam sua energia na fora da pulso sexual.

    Ex: Um sujeito que tenha fortes pulses agressivas pode transform-las numa atividade respeitada e altamente valorizada como a profisso de cirurgio.

    A Formao Reativa uma atitude psquica de sentido oposto a um desejo recalcado e que se constitui como reao a este. Em termos econmicos a formao reativa o contra-investimento de um elemento consciente, de fora igual e direo oposta ao investimento inconsciente. Pode tratar-se de atitudes muito generalizadas, constituindo traos de carter mais ou menos integrados ao conjunto da personalidade; mas, s vezes, toma um valor sintomtico no que oferecem de rgido, de forado e de compulsivo. Enquanto trao de carter, um gosto excessivo pela limpeza mascara uma tendncia imundcie, ou uma piedade exagerada ser uma formao reativa contra desejos agressivos. Enquanto sintoma, o horror imundcie far com que o indivduo s pense nesta ou se concentre a, com efeito, sua exist6encia e seus interesses, valendo-se do subterfgio do seu cuidado com a limpeza; ou a existncia de piedade, fazendo-se tirnica, tornar-se- uma ocasio de agredir todos os que os cercam. Percebe-se, nestes ltimos exemplos, o retorno do recalcado.

    A Negao permite igualmente fazer a economia do recalque, podendo o indivduo formular um pensamento, um desejo, um sentimento anteriormente recalcado, desde que negue sua autoria: no

    file:///D|/Documents%20and%20Settings/Freedom/Desktop/psimed/FILES/aparelho.html (11 of 13) [28/04/2003 22.26.28]

  • mainFrame

    creio que eu pense isto ou eu no tenho tal desejo. Ela favorece o desenvolvimento do pensamento, que um excesso de recalque, ao contrrio, paralisa, diminuindo a potencialidade do conflito. Em excesso, empobrece a personalidade que fica, assim, condenada a no reconhecer o que lhe pertence, em particular no plano afetivo. A racionalizao se apoia freqentemente na negao e no isolamento para encontrar sempre boas razes que expliquem um comportamento cujas motivaes profundas so de fato julgadas inacessveis.

    Glossrio

    Representao Aquilo que se representa, o que forma o contedo concreto de um ato de

    pensamento e em especial a reproduo de uma percepo anterior - (imagens, lembranas).

    Representao de coisa Representao que deriva da coisa, essencialmente visual lembrana do que visualizado.

    Representao da palavra a representao essencialmente acstica, lembrana do que ouvido, escutado.

    Representaao - O termo designa os contedos do pensamento, idias, imagens mentais, cujo modelo a reproduo mental de uma percepo anterior.

    Objeto - Em psicologia, o termo abarca um amplo sentido e se refere a tudo aquilo que o sujeito pode ter conhecimento, sejam pessoas ou coisas.

    Leitura sugerida

    file:///D|/Documents%20and%20Settings/Freedom/Desktop/psimed/FILES/aparelho.html (12 of 13) [28/04/2003 22.26.28]

  • mainFrame

    FREUD, S. O Inconsciente. Ed. Standart Brasileira das Obras Psicolgicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro, IMAGO, 1972-80.

    LAPLANCHE J. Pontalis, J. B.; FONTES, Martins. Vocabulrio da Psicanlise Martins Fontes. 9 edio, Setembro de 1996.

    JEAMMET, P.; REYNAUD, M.; CONSOLI, S.. Manual de Psicologia Mdica. Editora Atheneu, So Paulo.

    file:///D|/Documents%20and%20Settings/Freedom/Desktop/psimed/FILES/aparelho.html (13 of 13) [28/04/2003 22.26.28]

    Local DiskO aparelho psquico e seu funcionamento