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FUNDAÇÃO VISCONDE DE CAIRU FACULDADE VISCONDE DE CAIRU CEPPEV – CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA VISCONDE DE CAIRU MESTRADO INTERDISCIPLINAR EM MODELAGEM COMPUTACIONAL CONRADO PEREIRA ROSA APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE REDE SOCIAL NO PROCESSO DE DIFUSÃO DO CONHECIMENTO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA ORGANIZAÇÃO Salvador – Bahia 2008

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FUNDAÇÃO VISCONDE DE CAIRU FACULDADE VISCONDE DE CAIRU

CEPPEV – CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA VISCONDE DE CAIRU MESTRADO INTERDISCIPLINAR EM MODELAGEM COMPUTACIONAL

CONRADO PEREIRA ROSA

APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE REDE SOCIAL NO PROCESSO DE DIFUSÃO DO CONHECIMENTO DE

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA ORGANIZAÇÃO

Salvador – Bahia 2008

CONRADO PEREIRA ROSA

APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE REDE SOCIAL NO PROCESSO DE DIFUSÃO DO CONHECIMENTO DE

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA ORGANIZAÇÃO

Dissertação apresentada ao Centro de Pós-Graduação e Pesquisa Visconde de Cairu (CEPPEV), da Faculdade Visconde de Cairu, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre no Mestrado Interdisciplinar em Modelagem Computacional. Orientador: Prof. Dr. Renelson Ribeiro Sampaio

Salvador – Bahia 2008

CONRADO PEREIRA ROSA

APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE REDE SOCIAL NO PROCESSO DE DIFUSÃO DO CONHECIMENTO DE

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA ORGANIZAÇÃO Dissertação apresentada ao Centro de Pós-Graduação e Pesquisa Visconde de Cairu (CEPPEV), da Faculdade Visconde de Cairu, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre no Mestrado Interdisciplinar em Modelagem Computacional.

Prof. Dr. Renelson Ribeiro Sampaio Orientador – Presidente da Banca

Profa. Dra. Teresinha Fróes Burnham Componente da Banca

Prof. Dr. Hernane Borges de Barros Pereira Componente da Banca

AGRADECIMENTOS

Sem dúvida a etapa mais emocionante desta jornada foi escrever esta página.

Incontáveis noites, livros, artigos, viagens, telefonemas, horas de estudos, angústia, alegrias

servem como base para este resultado. Indiscutivelmente, agradeço a minha família (Celso,

Socorro, Carol, Carina, Maira, Larissa, Caio); com certeza as horas ausentes do convívio

familiar pesaram para todos, mas a escolha foi gratificante e tenho a certeza do apoio de

todos, sempre. Neste caminho ora prazeroso, ora tortuoso, fiz amigos, conheci pessoas, criei

laços, aprendi e apliquei novos conhecimentos e informações. É um caminho que aconselho a

todos. Adianto que não é fácil; trilhá-lo significa aprender e aprender traz consigo uma

relação de prazer e esforço permanentes.

Confesso ter relutado em relacionar nomes, mas, ao mesmo tempo, devo desculpas

aos que aqui me esqueci de mencionar e preciso agradecer a alguns amigos que participaram e

trilharam comigo este caminho: Alexei Korb, Carlos Pereira, Paulo Tonding obrigado pelo

apoio, confiança e respeito oferecido a mim dentro e fora da Vivo, a Hernane Borges e

Marcelo Moret, agradeço a confiança em mim depositada, a Alexandre Feitosa, um enorme

abraços e uma enorme gratidão pela ajuda e tempo desprendidos, a Almir Ribeiro, Henio

Aires, Leonel Wallau, Mirson Filho e Wagner Gama obrigado por terem estado ao meu lado

todo o tempo sintetizando o significado da palavra amizade. Também agradeço enormemente

a todos os que tiveram a paciência e a disposição em responder o questionário, tendo um

especial abraço a todos os membros da equipe de capacidade e a recursos humanos da Vivo,

por ter tido e oferecido o apoio para a minha pesquisa. Agradeço a Maria José Bacelar por ter

tido paciência e competência na revisão e normalização da dissertação.

Ao Prof. Dr. Renelson Ribeiro Sampaio resta-me economizar as palavras, pois elas me

faltam. Como se agradece por ganhar um amigo e não perder um orientador? Como se

agradece por ser recebido em sua família de braços abertos? Obrigado amigo.

RESUMO O conhecimento é o fundamento sobre o qual a competitividade das organizações pode alcançar um diferencial vantajoso. A crescente evolução dos mercados ao redor do mundo, em paralelo com a rápida taxa de absolecencia tecnológica tem remodelado profundamente a estratégia das organizações, não apenas no que se refere ao reconhecimento da importância da criação e difusão do conhecimento, mas também a exigência que este novo conhecimento deva ser rapidamente incorporado em novas tecnologias, produtos e/ou serviços. Competitividade requer um processo auto-sustentável de crescimento nas habilidades específicas, capacitações e níveis de conhecimento. Os indivíduos são os principais atores neste processo, sendo responsáveis pela criação e aquisição de conhecimento. A principal hipótese desta pesquisa é que o fator chave para o processo e criação do conhecimento está no melhoramento continuo das relações interpessoais através de toda organização. Este trabalho usa um referencial teórico baseado nas técnicas de Análise de Rede Social (ARS), combinado com o Modelo proposto por Nonaka e Takeuchi (MNT) para análise tanto da criação quanto da difusão do conhecimento na organização. Esta pesquisa investiga o processo pertinente ao fluxo de informação na organização, através do qual o conhecimento pode ser disseminado e integrado nos projetos e nas áreas técnicas da organização, em conformidade com as melhores práticas recomendadas pela biblioteca de infra-estrutura em tecnologia da informação (ITIL). Este trabalho busca contribuir no entendimento da dinâmica que envolve a difusão e aquisição de conhecimento dentro da organização. A principal questão desta pesquisa é entender em que medida a rede de colaboração técnicas (rede formal) estruturada pela ITIL, efetivamente contribui tanto para a difusão quanto a elevação do nível de conhecimento técnico. Contribuição esta que, poderá proporcionar uma expansão da competência da organização na medida em que integra o corpo técnico ao objetivo da organização. Para explorar essas questões teóricas, uma análise empírica é conduzida no contexto de um estudo de caso em uma organização do setor de telecomunicação. Esta investigação tem como foco analisar a influencia e o impacto da chamada rede de colaboração informal, que surge nas atividades diárias de solução de problemas técnicos. Essas redes foram obtidas a partir de dados coletados através de questionários e com base na aplicação das técnicas de mapeamento da ARS. Por fim, é proposto um referencial analítico, integrando o MNT com a ARS, no contexto das melhores práticas de governança de tecnologia da informação proposta pela ITIL. Para obter uma avaliação mais precisa sobre o nível de eficiência de uma rede, no contexto do MNT e ITIL, dois novos conceitos são então construídos, integrando-os com as técnicas da ARS: Conhecimento Relacional e Coeficiente de difusão do conhecimento. O primeiro permite avaliar a capacidade de interação interpessoal de um dado nó da rede (indivíduo) com os demais membros, e o segundo, fornece uma indicação do nível de propagação de conhecimento na rede. A aplicação dos índices propostos na rede mapeada, por meio do estudo de caso, demonstrou-se consistente quando comparada com os resultados registrados nas atividades de suporte técnico no dia-a-dia da organização. Palavras-chave: Criação e difusão do conhecimento. Rede social. Análise de rede social. Tecnologia da informação, ITIL

ABSTRACT Knowledge is the foundation upon which the competitiveness of organizations can successfully achieve an advantage edge. The increasing changes in the markets around the world, alongside with fast technology obsolescence rates, have deeply shaping organization’s strategies forcing them not only to consider the importance of both knowledge creation and knowledge diffusion, but also the requirement that this new knowledge should be quickly embody into new technologies, products and / or services. Competitiveness relies on a self-sustained process of growth on skills, capabilities and knowledge level. The individuals are the main actors in this process, being responsible for either creation or acquisition of knowledge. The main hypothesis of this research is that the key factor in the process of knowledge creation is that it shall be continuously improved by interpersonal relationships throughout the organization itself. This work uses a theoretical framework based on techniques of Social Network Analysis (SNA), combined with the Nonaka and Takeuchi model (MNT) for both the creation and diffusion of knowledge. This research then examines the processes of information flow in the organization through which knowledge could be disseminated and integrated across projects and the organization’s technical areas, accordingly with the best practices recommended by the framework of the Information Technology Infrastructure Library (ITIL). We seek to understand the dynamics involved in spreading information and knowledge acquisition within an organization. A central issue of this research is to understand the extent that the technical network (formal network) designed by ITIL effectively accomplishes the dissemination of information and raises the knowledge level of technical staff. To explore those theoretical issues, an empirical analysis is carried out in the context of a single organization, as a case study, from the telecommunication sector. This investigation then focuses on analysing the influence and the strength of the so-called informal networks which emerge on daily problem solve activities. These networks came out of the analysis of the data gathered in the case study, as a result of SNA mapping techniques. Finally, an analytical framework is proposed, integrating Nonaka and Takeuchi model (MNT), Social Network Analysis (SNA) tools and ITIL managing framework. To obtain a more accurate assessment of a network’s efficiency level, in the MNT and ITIL context, two new elements are built in the SNA tools: Relational Knowledge and Coefficient of Diffusion. The first give us an indication of the intensity that a given actor (“node”) have interpersonal interactions within the network and, the second, provides the level of knowledge diffusion within the network. Keywords: Creation and diffusion of knowledge; Social Network Analysis (SNA); Information technology; Information Technology Infrastructure Library (ITIL). .

ILUSTRAÇÕES

ESQUEMAS

FIGURAS

1 – MNT, ARS e ITIL 18

2 – Abordagens metodológicas que convivem na ARS 20

3 – Modelo de Governança de T.I. 26

4 – Estágios e resultados esperados na adoção de tecnologias da informação e telecomunicações

27

5 – “Cobit Cube” 32

6 – Inter-relacionamento dos Processos do Cobit com a T.I. 33

7 – Domínios da ITIL v2 35

8 – Gerenciamento de Serviços da ITIL 36

9 – Interdependências entre as gerências da ITIL versão 2 37

10 – Entrada e saída da gerência de capacidade 42

11 – Processos do Cobit que possuem intersecção com a ITIL 44

12 – Dimensões da criação do conhecimento 56

13 – Espiral do conhecimento 58

14 – Espiral do conhecimento organizacional 58

15 – Modelo do processo de criação do conhecimento 60

16 – Dimensões da aptidão estratégica 64

17 – Grafo dígrafo 72

18 – Caminho e Cadeia 73

19 – Tipos de Redes quanto a sua formação 78

20 – Cliques 79

21 – Pontes 80

22 – Estruturas das redes complexas 81

23 – Rede de Mundo Pequeno (A) e Rede Livre de Escala (B) 82

24 – Papéis desempenhados na rede de relacionamento 84

25 – Conversão do conhecimento 91

26 – Extensão da dimensão epistemológica do conhecimento 95

27 – Rede de processos 104

1 – Processo de tratamento dos dados 23

28 – Rede do colaborador como fonte de conhecimento 107

29 – Rede mapeada para a Complexidade, Urgência e Impacto para todos os problemas operacionais

110

30 – Rede mapeada para o tipo de problema operacional: Banco de Dados e Rede 112

31 – Rede mapeada para o tipo de problema operacional: Sistema Operacional e Storage 113

32 – Rede mapeada para o tipo de problema operacional: Web e Aplicação 114

33 – Rede completa mapeada com base na questão 11 116

34 – Cliques mapeados na rede completa 118

35 – Rede mapeada com base nas questões 9,12,13,14,15,17 122

36 – Distribuição de graus das redes mapeadas 123

37 – Visão da MNT com base nos conceitos criados 125

FÓRMULAS

GRÁFICOS

1 – Distribuição dos modelos de Governança de T.I. no Brasil 29

2 – Distribuição do conhecimento relacional por Tipo de Problema Operacional para a rede completa mapeada

112

3 – Dispersão do CR na rede completa 117

4 – Variação do CR na rede total 117

5 – CDC Cruzamento do CDC e o Grau de Maturidade da ITIL 119

6 – Cruzamento do CDC e do Grau de Maturidade da ITIL (simulação) 120

7 – Intensidade média de P&D nas principais empresas de TI, por segmento - 2000 129

8 – Grau de Maturidade da gerência de capacidade da empresa Vivo 172

1 – Indegree e Outdegree 75

1 – Densidade da rede dirigida 76

3 – Centralidade de grau 77

4 – Centralidade de proximidade 77

5 – Conhecimento Relacional 92

6 – Coeficiente de difusão do conhecimento 99

7 – Cálculo do Coeficiente de Difusão do Conhecimento relativo ao estudo de caso 119

8 – Simulação sobre o avanço do CDC 120

QUADROS

1 – Domínios e Processos do Cobit 31

2 – Objetivos das gerências pertencentes ao gerenciamento de serviço 38

3 – Comparação entre o ITIL e o Cobit 44

4 – Descritivo do modelo proposto pela OGC para avaliar a maturidade de uma organização

46

5 – Duas dimensões do conhecimento 52

6 – Características da criação do conhecimento 55

7 – Conteúdo do conhecimento criado pelos modos de conversão 57

8 – Quadro comparativo das cinco condições capacitadoras da criação do conhecimento

59

9 – Paralelo dos conceitos do MNT 61

10 – Atividades geradoras e difusoras de conhecimento 63

11 – Aptidões estratégicas 64

12 – Tipos de Nós da ARS 76

13 – Comparação dos três modelos gerenciais 86

14 – Variação do conhecimento relacional 93

15 – Objetivo principal das perguntas 9, 11-15 do Questionário aplicado na coleta de dados

101

TABELAS 1 – Importância da T.I. em diferentes indústrias 14

2 – Retorno dos questionários aplicados 22

3 – Percentual de uso das fontes de conhecimento mapeadas 106

4 – Cálculo do CR para a Rede de Complexidade, Urgência e Impacto por tipo de problema operacional

111

5 – Conhecimento relacional, por tipo de problema operacional e grau de complexidade 115

6 – Conhecimento relacional, por tipo de problema operacional e grau de urgência 115

7 – Conhecimento relacional, por tipo de problema operacional e grau de impacto 115

8 – Comparação entre os índices de ARS 123

SIGLAS E ABREVIATURAS

ACT – Atomic Component of Thought

AI – Aquisição e Implementação

ARO – Análise de Rede Organizacional

ARS – Análise de Rede Social

AV – Monitorar e Avaliar

CCTA – Central Computer and Telecommunications Agency

CDC – Coeficiente de Difusão do Conhecimento

Cobit - Control Objectives for Information and related Technology

CPD – Centro de Processamento de Dados

CR – Conhecimento Relacional

DS – Entrega e Suporte

GED – Sistemas Gerenciadores de Documentos

ISACF – Information Systems Audit and Control Foundation

ISO – International Organization for Standardization

ITGI – IT Governance Institute

ITIL – Information Technology Infrastructure Library

MNT – Modelo Nonaka e Takeuchi

OGC – Office of Government Commerce

O&M – Organização e Métodos

PDCA – Plan, Do, Check and Act

PO – Planejamento e Organização

RS – Rede Social

SEI – Software Engineering Institute

SPICE – Software Process Improvement Capability Etermination

T.I. – Tecnologia da Informação

TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação

TCI – Tecnologia da Comunicação e Informação

SUMÁRIO INTRODUÇÃO 12

1 GOVERNANÇA DE TI 24 1.1 COBIT 30 1.2 ITIL 34 1.2.1 Gerência de capacidade 40 1.3 INTEGRAÇÃO ENTRE COBIT E ITIL 42 1.4 MODELO DE MATURIDADE 45 1.5 GOVERNANÇA DE T.I.: SÍNTESE FINAL 47

2 CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL 49 2.1 CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO PARA NONAKA E TAKEUCHI 52 2.2 NASCENTES DO SABER 63 2.3 CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL: SÍNTESE FINAL 66

3 REDE SOCIAL 68 3.1 CONCEITOS DA ARS IMPORTANTES PARA O ESTUDO 74 3.2 TOPOLOGIA DA REDE 80 3.3 CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL E A ARS 83 3.4 REDE SOCIAL: SÍNTESE FINAL 87

4 MÉTODO UTILIZADO 89 4.1 CONHECIMENTO RELACIONAL 90 4.2 COEFICIENTE DE DIFUSÃO DO CONHECIMENTO 96 4.3 ESTUDO DE CASO 100 4.3.1 Sobre a população 102 4.3.2 Sobre processos 103 4.3.3 Sobre o relacionamento 105 4.3.4 Sobre o conhecimento 108 4.4 TOPOLOGIA DA REDE SEGUNDO A ARS 121 4.5 MÉTODO UTILIZADO: SÍNTESE FINAL 124

CONCLUSÃO 127

REFERÊNCIA 135

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO 143 APÊNDICE B – CONTRATO DE CONFIDENCIALIDADE DOS DADO S 157 APÊNDICE C – PROGRAMA AUXILIAR (CÓDIGO FONTE) 159 APÊNDICE D – GRAU DE MATURIDADE DA GERÊNCIA DE

CAPACIDADE

171

12

INTRODUÇÃO

Quando se pensa em organização, uma noção básica se impõe: uma organização é feita

por pessoas. Então, proporcionar um ambiente, não só propício ao negócio objetivado, mas

também às pessoas envolvidas é um desafio constante. Tornar este ambiente confiável a um

maior número de pessoas de dentro e de fora da organização é um desafio maior ainda, para o

qual a administração corporativa criou e cria soluções evolutivamente.

No âmbito da Tecnologia da Informação e Comunicação (T.I.C.)1, a administração

corporativa evoluiu para a governança corporativa e, mais especificamente, para a governança

da tecnologia da informação. Esta, por sua vez, traz um conjunto de elementos que procuram

proporcionar uma transparência e uma estabilidade ao ambiente de T.I. de uma dada

organização, que em alguns momentos do passado foi negligenciado em detrimento de uma

evolução técnica.

Na década de 1970 e meados da década de 1980, a T.I. foi vista como um setor

exógeno à organização. A não compreensão do seu papel e o seu distanciamento do negócio

fim da organização proporcionou tal situação. Com a evolução técnica e administrativa

ocorrida entre final da década de 1980 e meados da década de 1990, a T.I. se aproximou do

negócio da organização, passando a ter respostas não só mais rápidas, como também mudando

a visão sobre o negócio e alterando o comportamento da organização. A partir do final da

década e principalmente em meados do ano 2000, a governança de T.I. passou a ter status não

apenas de uma novidade ou modismo, mas também de elemento fundamental na

administração, além de se tornar mais voltada para o negócio fim da organização.

A idéia da governança coorporativa de T.I. tem a sua gênese na administração; e a

governança de T.I., que vai além de uma simples gerência, é resposta a uma demanda da

sociedade econômica, fundamentada na necessidade das empresas de interagir com o meio

social, nas bolsas de valores, instituições financeiras etc. Este meio social, por sua vez, precisa

estabelecer níveis de confiança com estas empresas.

Os processos de interação entre a sociedade e as empresas exigem que se estabeleça

entre esses dois elementos um nível excelente de confiança. Outro desafio constante para uma

organização é cativar e reter talentos internos e externos. Em setores especializados, como é o

caso de T.I., este desafio torna-se potencialmente maior, à medida que a competitividade

1 A T.I.C. será tratada nesta dissertação por T.I., equivalente a Tecnologia da Informação.

13

avança não somente por produtos ou serviços, mas pelos talentos que os criaram e/ou

dominam. A governança de T.I. também possui o papel de criar e estabelecer um nível de

confiança para o cliente interno e externo à organização.

A governança de T.I. possui inúmeros caminhos, a depender do foco específico, os

quais serão abordados com mais profundidade no Capítulo 1 desta Dissertação, contudo o

conjunto de melhores práticas para a governança de T.I., sugeridas pela Information

Technology Infrastructure Library (ITIL) 2, fornece o ambiente propício deste estudo.

A ITIL representou uma evolução no tratamento dos processos operacionais,

particularmente a todo e qualquer processo relacionado à infra-estrutura3 de T.I. Os processos

sugeridos pela ITIL são executados por pessoas, às quais são intrínsecas as suas relações no

ambiente organizacional. Com base nessa observação, tornou-se uma necessidade e ao mesmo

tempo um desafio fazer o mapeamento das relações interpessoais existentes numa organização

empresarial, no caso específico, no ambiente de T.I. Este desafio reside no fato de que as

relações interpessoais em uma empresa possuem um dinamismo complexo e intenso.

A T.I. é realizada pela combinação de três elementos: tecnologia, pessoas e processos.

A sinergia entre estes três alicerces deve ocorrer de forma a subsidiar o negócio-fim da

organização.

Uma característica da T.I., enquanto evolução tecnológica, é se fazer necessária em

todos os setores, escalas e tipos de organização. A T.I. provocou um novo entendimento na

forma de organizar os setores da economia (pecuária, extração, indústria, comércio e

serviços), uma vez que engloba a força de criação de uma nova economia, não tão bem

enquadrada nos padrões formais em um determinado momento, mas vista como fundamental.

A adoção de novas práticas, ocorrida mediante um processo de amadurecimento da TI,

torna-se parte integrante das organizações, como destacam Laurindo et al. (2007, p. 3).

O uso eficaz da TI e a integração entre sua estratégia e a estratégia do negócio vão além da idéia de ferramenta de produtividade, sendo muitas vezes fator crítico de sucesso. Hoje, o caminho para este sucesso não está mais relacionado somente com o hardware e o software utilizados, ou ainda com metodologias de desenvolvimento, mas com o alinhamento da TI com a estratégia e as características da empresa e de sua estrutura organizacional.

A mudança no papel da T.I., movendo-se de simples repositório de dados para uma

ferramenta efetiva no processo de tomada de decisão é a questão. A alteração do paradigma,

ainda não estabilizado, do antigo Centro de Processamento de Dados (CPD) para a T.I. do

2 Marca registrada do Office of Government Commerce. Neste trabalho, o ITIL foi considerado na versão 2. 3 Ambiente físico necessário para o suporte das tecnologias.

14

século XXI, fortemente atrelada à computação distribuída, deixa de ser um contra-senso à

topologia cliente/servidor, que, inevitavelmente, tende a cair em desuso; inconcebível há

cerca de 30 anos.

A importância da T.I. nas organizações é incontestável. A simbiose4 entre T.I. e

organização é irreversível. Em pesquisa feita pelo IT Governance Institute, concluiu-se que

50% das organizações, na média dos diferentes segmentos da indústria, consideram a T.I.

fundamental para a execução da estratégia do seu negócio (MAGALHÃES; PINHEIRO,

2007). Na Tabela 1 pode-se visualizar detalhes dessa pesquisa:

Tabela 1 – Importância da T.I. em diferentes indústrias

Setor Muito

Importante (%) Importante

(%) Indiferente

(%) Pouco

Importante (%)

Setor público 56 40 4 -

Varejo 38 43 19 -

Manufatura 45 45 9 1

Financeira 59 38 2 -

TI/Telecomunicações 65 28 7 -

Fonte: IT Governance Global Status Report (2004 apud MAGALHÃES; PINHEIRO, 2007, p. 36)

A reflexão por parte dos utilizadores da tecnologia (T.I.) ainda não foi totalmente

assimilada, porém o passo dado pelas organizações na sua utilização é irrevogavelmente um

marco: “As organizações freqüentemente dependem muito dos serviços de T.I. e esperam que

estes não apenas as auxiliem como também apresentem novas opções para implementar os

seus objetivos.” (ITSMF, 2006, p.3).

A mudança de papel da T.I. segue ultrapassando a noção de uma simples ferramenta

de Organização e Métodos (O&M), comum na década de 1990, para uma gestão baseada em

processos e serviços. A T.I. necessita da inovação contínua para sobreviver, reciclar e criar

processos, permitindo uma melhor interligação de todas as etapas de uma cadeia produtiva.

Deixa de ser uma novidade e torna-se parte integrante, possibilitando o alinhamento entre o

negócio-fim da organização e a tecnologia. É, portanto, um diferencial irrevogável e

4 “sim.bi.o.se sf (gr symbíosis) (1) Biol. Vida em comum ou reunião de dois ou mais organismos

dessemelhantes, como no helotismo, parasitismo, mutualismo e comensalismo. (2) Biol. Vida em comum de dois animais ou vegetais de espécies diferentes em qualquer uma de várias relações mutuamente vantajosas ou necessárias; mutualismo. (3) Cooperação mútua entre pessoas ou grupos em uma sociedade. S. industrial, Socio l: agrupamento de fabricantes independentes da mesma região que utilizam produtos, uns dos outros, a fim de baratear o custo de fabricação.” (MICHAELIS, 2007, p.1). Ou seja, no contexto desta dissertação, o termo simbiose significa (2 e 3) viver juntos, compartilhar as necessidades mutuamente.

15

indispensável a qualquer segmento de negócio. Um dos inúmeros percalços a serem

transpostos é a quebra de paradigmas existentes, como, por exemplo, mudar um pressuposto

até então verdadeiro, alterando o papel das pessoas, que saem da posição de expectadores e

passam para atores do processo. Esta é a base para o avanço da TI.

A capacidade de entendimento das pessoas e das suas necessidades (negócios) é o que

permite aos profissionais ligados a T.I. entender os personagens que compõem a cena deste

avanço da tecnologia, na qual é inevitável o agrupamento do papel exercido na organização

com o pessoal, criando um novo mote de trabalhadores dependentes e atuantes na tecnologia e

com a tecnologia voltada para o negócio.

A T.I. deu início a uma revolução que tem tocado fortemente na capacidade das

pessoas analisarem e atuarem no seu entorno, particularmente no contexto das organizações.

Esta revolução, dentre outras características, tem requerido a construção de uma relação

intensa entre as pessoas e o próprio desenvolvimento da T.I. Sem esta interação não tem

sentido a própria da evolução da T.I. Igualmente importante é fato de a T.I. corresponder ao

anseio das pessoas, intensificando a interação entre elas, em uma escala nunca antes

experimentada na história das organizações. Esta interação não encontra obstáculos espaciais

ou temporais, experimentados ou vislumbrados em outros momentos e se estende não só às

pessoas, mas às próprias organizações. Desta forma, a simbiose mencionada envolve a

organização e as pessoas, que se tornaram parte e/ou interagem com outras organizações e

pessoas.

É neste contexto que a essência do tema da gestão do conhecimento na organização é

tratada nesta dissertação. Entende-se que as organizações são compostas principalmente por

pessoas e que estas precisam absorver a simbiose mencionada; ou seja, a gestão dos processos

de geração e difusão do conhecimento na organização deve ser vista pelas pessoas como um

meio e suas atuações são necessárias à sobrevivência e à evolução da T.I. e das organizações.

Os processos de geração e difusão de conhecimento, futuramente agregados aos

processos de governança de T.I., possuem um impacto vital na organização. Quanto mais

eficiente e eficaz a T.I. na organização, mais atuante será o processo de inovação tecnológica

e, por conseguinte, a organização evolui positivamente no sentido de extrair melhor os

benefícios proporcionados pelas práticas de governança de TI.

Fundamentalmente, o ser humano é a peça chave do processo de geração e difusão do

conhecimento, principalmente no âmbito de T.I. A ruptura consciente na sua capacidade de

inovação e o uso do meio tecnológico se faz necessário para que a simbiose ocorra de forma

natural. A visão sistêmica da T.I., quando flexível e maleável ao ponto de se interpor como

16

suporte ao negócio fim da organização, é capaz de tornar a T.I. ajustável e integrada com a

sociedade, com a organização e com as pessoas. Significa que é preciso ver a organização e a

T.I. juntos, como um ser vivo, mutável e evolutivo, que sofre interferências constantes de

agentes externos e internos. Se a T.I. não encontrar dentro da organização um ambiente

favorável para o desenvolvimento e expansão da simbiose TI, pessoas, organização, ela não

será percebida e efetivamente tornar-se-á uma barreira não só ao seu próprio

desenvolvimento, mas também ao da própria organização. Portanto as pessoas precisam ser

agentes ativos dos processos, interferindo nos conceitos cognitivos atuais não apenas

vislumbrando tal mudança, mas agindo coerentemente com tal contexto.

A quebra de paradigma associada à evolução que a internet5 proporcionou tanto em

termos pessoais quanto profissionais tem contribuído amplamente para esta necessária simbiose.

Historicamente, pode-se estabelecer um paralelo da situação presente da T.I. com o impacto

transversal e, até então único, causado pela difusão e utilização em larga escala da energia

elétrica. A transformação que está ocorrendo na sociedade, gerada pela difusão e penetração da

internet em todas as esferas sociais, proporciona um impacto, senão maior, ao mesmo poder de

mudança que a energia elétrica teve entre o final do século XIX e início do século XX.

Não se concebe uma cadeia produtiva em qualquer segmento, nos dias atuais, sem a

eletricidade e a internet, em um patamar de igual importância. Neste contexto, a intensificação

dos processos de comunicação e difusão informacional pelas pessoas que atuam na cadeia é

fundamental. Este fato tem característica única na história e a sua compreensão e

conseqüências devem ser objeto de investigação que a gestão do conhecimento precisa

considerar hoje e sempre.

As organizações estão sendo modificadas, repensadas, re-estruturadas para absorver

tal impacto. Algo até então não ocorrido, uma vez que a T.I. “do antigo CPD” não passava de

um setor não muito bem compreendido dentro das organizações. Não passava de um corpo

exógeno dentro da organização, que não apresentava nenhuma forma de sinergia entre os

demais setores, muito menos com as pessoas da organização, quem dirá entre organizações!...

Na última década, porém, tem havido uma intensificação do processo de integração entre T.I.,

organização e pessoas, criando um só corpo.

5 Considerando a internet como uma evolução natural da simbiose entre T.I. e as pessoas participantes deste

contexto, as quais encontraram o meio tecnológico capaz de quebrar a barreira espacial vivenciada até então.

17

O meio pelo qual a T.I., atualmente, se faz intrínseca na organização são os seus

processos.6 A unidade de medida, dentre outras, da T.I. atual é o processo, por meio do qual

pode-se tornar possível o alinhamento ao negócio-fim da organização. Além de eficazes e

eficientes, os processos precisam de pessoas para executá-los e aperfeiçoá-los, criando-se,

assim, um ciclo pertinente: tecnologia, pessoas e processos. As melhores práticas propostas

pela ITIL sugerem uma T.I. voltada para os processos gerenciais, estabelecendo não só uma

ferramenta de avaliação da capacidade técnica, mas de aferição da criação e difusão do

conhecimento. A ITIL tem um papel importante na integração da T.I. com a organização que

fornece um meio, o ambiente necessário para a ocorrência desta simbiose.

Considerando que as organizações são compostas de pessoas e estas constroem e

difundem o conhecimento, o MNT fornece uma sugestão de ambiente, pelo qual a criação do

conhecimento seja o principal foco. Contudo este modelo possui uma característica

predominantemente descritiva de determinar o quão favorável a empresa se encontra para a

criação e difusão do conhecimento em detrimento das condições facilitadoras7 propostas pelo

MNT. Pode ser visto como uma contribuição ao modelo, não só sob o ponto de vista de

compreender a sua complexidade, mas aos fatores necessários para excitar a ocorrência da

criação e difusão do conhecimento em um contexto intra-organizacional.

O resultado esperado desta pesquisa, além de mais fonte de conhecimento, está em

agregar às teorias aparentemente distintas de ARS, criação e difusão do conhecimento no

MNT, uma ferramenta útil no dia-a-dia das organizações aderentes às melhores práticas

sugeridas pelo ITIL.

O objeto de estudo desta dissertação é identificar os determinantes do processo de

difusão do conhecimento e compreender as dinâmicas que envolvem os fluxos informacionais

e de conhecimento dentro da organização. A base utilizada para a compreensão desta

dinâmica é o modelo de conversão de conhecimento proposto pelos pesquisadores Ikujiro

Nonaka e Hirotaka Takeuchi (1997), doravante referenciado por MNT (Modelo Nonaka e

Takeuchi). Considerando que uma das premissas fundamentais desse modelo está associada à

geração do conhecimento, que se inicia no indivíduo e tem subseqüente difusão e

aprimoramento na organização, por meio da relação entre os indivíduos que a compõem,

então proporcionar um ambiente em que as relações interpessoais sejam factíveis é um

6 Processos, neste texto, como qualquer atividade que recebe uma entrada (input), agrega-lhe valor informacional

gerando uma saída (output) para um cliente interno ou externo. Para Magalhães e Pinheiro (2007, p. 41), um processo “[...] é uma série de ações, atividades, mudanças, etc., conectadas entre si e realizadas por agentes com o fim de satisfazer um propósito ou alcançar uma meta”.

7 No Capítulo 2, as condições facilitadoras, fundamentadas no MNT — Intenção, Autonomia, Flutuação e Caos Criativo e Redundância —, serão discutidas com mais profundidade.

18

elemento chave de sucesso de uma organização. Neste trabalho, busca-se uma integração do

modelo de conversão de conhecimento proposto por estes autores com as técnicas de Análise

de Rede Social (ARS), aplicadas ao contexto da ITIL.

A principal hipótese desta pesquisa admite que o conhecimento adquirido, mantido e

criado pelo indivíduo, somado às suas interações na organização é a base para a

competitividade. A investigação desta hipótese, além de se basear na literatura existente, faz

uso das técnicas de ARS, que permitem agregar ao modelo de MNT uma dimensão temporal

importantíssima no auxílio à aferição da difusão e criação do conhecimento organizacional.

A questão fundamental que motivou este trabalho envolve a compreensão da

importância mútua das relações intra-organizacionais8 para a organização e o seu colaborador,

com base no MNT, nas técnicas de ARS e nas melhores práticas sugeridas pela ITIL. A

Figura 1 é ilustrativa dessas relações.

Figura 1 – MNT, ARS e ITIL

O dinamismo intrínseco nas relações intra-organizacionais torna-se o principal

obstáculo ao seu entendimento e posterior melhoria. Para que as relações existam, o indivíduo

se faz necessário e é responsável pela criação e difusão do conhecimento, tendo a função de

proporcionar o meio necessário para o seu desenvolvimento.

O problema principal não está em somente metrificar o nível documental e/ou

processual de uma organização, o que é possível se fazer com certo grau de assertividade.

8 Considerando a definição do tema proposto por Bastos e Santos (2007).

19

Aferir o nível de difusão e criação de conhecimento no âmbito organizacional torna mais

contundente a avaliação da força motriz de uma organização atual: o conhecimento.

O elevado grau de iteração e interação subjetivo na dinâmica de difusão e criação do

conhecimento pode evoluir ao ponto de estabelecer uma barreira para a sua metrificação e,

por conseguinte, entendimento e ajuste.

Ciente da dificuldade associada à pesquisa e consciente do grau de subjetividade

intrínseco ao contexto, o problema em questão caminha preliminarmente no início deste

objetivo, agregando aos trabalhos já existentes nesta linha, um estudo inicial de como

metrificar tal capacidade pessoal de criação e difusão do conhecimento.

A ARS se faz necessária como forma de trazer a esta subjetividade o meio pelo qual

será possível, nesta interpretação da problemática, aferir tal processo de difusão de

conhecimento. O MNT agrega a definição de conhecimento e a ITIL cria o meio que

possibilita à informação semântica9 — base do conhecimento — trafegar.

Pretende-se alcançar uma fórmula matemática que, por meio do contexto da ITIL, das

métricas de ARS e do MNT permita a aferição do grau de difusão de conhecimento, mesmo

que preliminarmente, trazendo aos modelos já existentes a soma deste trabalho e ciente do

estágio inicial da proposta.

O objetivo desta pesquisa é estudar o fluxo informacional na organização através da

ARS, do MNT e da ITIL, permitindo, com base neste, a melhor compreensão da dinâmica

associada à difusão do conhecimento organizacional.

Para lograr o objetivo principal, são necessários:

a) agregar aos estudos já existentes o conhecimento da dinâmica intra-organizacional,

no contexto da ITIL;

b) mapear as relações existentes no âmbito organizacional, as quais facilitam o

processo de difusão do conhecimento;

c) agregar as ferramentas já existentes para ARS, para avaliar o nível de difusão do

conhecimento;

d) entender os fatores necessários para a difusão do conhecimento no âmbito de um

setor de tecnologia da informação.

9 Segundo Nonaka e Takeuchi (1997, p. 64): “[...] a informação pode ser vista sob duas perspectivas: a

informação ‘sintática (ou o volume de informações) e a informação ‘semântica’ (ou significado) [...] O aspecto semântico da informação é mais importante para a criação do conhecimento [...]”

Do ponto de vista metodológico, segundo Mateus (2005), e

sobre ARS podem co-existir até quatro abordagens distintas

descritiva e normativa. As abordagens determinista e probabilística podem ser associadas à

dimensão de “concepção”

dimensão “atuação” em relação à realidade.

destes conceitos expostos pelo autor:

Figura 2 - Abordagens metodológicas que convivem na ARS

Segundo Cross e Parker (2004, p. 143)

conduzir uma pesquisa no campo da ARS

diferenças entre essas duas

passos consistem em definir

os atores que fazem parte da pesquisa

estão disponíveis somente na rede social

questionário para o levantamento dos dados

questionário constitui o Apê

A pesquisa foi realizada

Dessa forma, os dados aqui

10 Do inglês egocentric é oriunda a terminologia traduzida adotada pelos autores para a pesquisa do tipo pessoal

e equivalente a ao termo boundedterminologia está sendo adotada no texto desta dissertação.

Do ponto de vista metodológico, segundo Mateus (2005), em uma mesma pesquisa

existir até quatro abordagens distintas: probabilística, determinística,

normativa. As abordagens determinista e probabilística podem ser associadas à

dimensão de “concepção”; já as abordagens normativa e descritiva estão associadas à

dimensão “atuação” em relação à realidade. Na Figura 2, esquematiza

expostos pelo autor:

Abordagens metodológicas que convivem na ARS

Fonte: Matheus (2005, p. 36)

egundo Cross e Parker (2004, p. 143), duas maneiras podem ser escolhidas para

conduzir uma pesquisa no campo da ARS: pessoal10 e em grupo. Uma das principais

as duas maneiras está no fato de que, na análise em grupo,

passos consistem em definir a rede a ser pesquisada, a que fundamenta a investigação, e

os atores que fazem parte da pesquisa. As informações a respeito das relações entre os atores

estão disponíveis somente na rede social. Por isso, os autores recomendam

questionário para o levantamento dos dados (no caso desta pesquisa, o modelo deste

questionário constitui o Apêndice A desta Dissertação).

foi realizada em um contexto formal de organizações atuantes do mercado.

os dados aqui apresentados são pertinentes a um ambiente real de uma

é oriunda a terminologia traduzida adotada pelos autores para a pesquisa do tipo pessoal

bounded para a tradução de grupo (CROSS, PARKER. 2004). Esta mesma terminologia está sendo adotada no texto desta dissertação.

20

m uma mesma pesquisa

probabilística, determinística,

normativa. As abordagens determinista e probabilística podem ser associadas à

já as abordagens normativa e descritiva estão associadas à

esquematiza-se uma sumarização

Abordagens metodológicas que convivem na ARS

duas maneiras podem ser escolhidas para

grupo. Uma das principais

que, na análise em grupo, os primeiros

a a investigação, e listar

informações a respeito das relações entre os atores

Por isso, os autores recomendam a aplicação de um

(no caso desta pesquisa, o modelo deste

um contexto formal de organizações atuantes do mercado.

resentados são pertinentes a um ambiente real de uma

é oriunda a terminologia traduzida adotada pelos autores para a pesquisa do tipo pessoal para a tradução de grupo (CROSS, PARKER. 2004). Esta mesma

21

organização aderente às melhores práticas da ITIL. Por esta razão, foi necessária uma

autorização formal por parte da empresa selecionada para a realização da pesquisa, o que

implicou na assinatura de um contrato de confidencialidade dos dados coletados (O modelo

deste contrato constitui o Apêndice B desta Dissertação).

A rede social determinada para a pesquisa são os atores que compõem a gerência de

capacidade da empresa Vivo S.A. A escolha desta empresa não foi aleatória. Dentre as

empresas de projeção nacional aderentes à ITIL, Vivo registra um elevado grau de

implementação das disciplinas sugeridas nas melhores práticas, destacando-se a gerência de

capacidade, que é formalmente constituída e constante nos fluxos processuais11 entre as

demais gerências.

O questionário proposto para a consecução dos objetivos deste trabalho está dividido

em três blocos: dados básicos, visão sobre processos, visão sobre o relacionamento. No

primeiro bloco, somente uma análise quantitativa foi efetuada; as partes seguintes foram

objeto tanto de análise quantitativa quanto qualitativa (ver Modelo do Questionário no

Apêndice A desta Dissertação).

No primeiro bloco (dados básicos) são levantadas questões individuais referentes à

formação profissional, sexo, tempo de trabalho, setor e contato. Já no segundo bloco (visão

sobre processos), obtêm-se os processos da área de T.I. baseados na ITIL, não sendo objeto do

questionário os itens administrativos da organização. O último bloco (visão sobre o

relacionamento) está subdividido em duas partes: a primeira busca identificar as fontes de

informação e a segunda trata da obtenção/construção do Conhecimento no âmbito

organizacional. Em ambas cruzam-se estas fontes de informação e conhecimento com a

prioridade, a freqüência de utilização e a intensidade necessárias para a solução de um

determinado processo/problema.

Foram estabelecidos dois critérios para a definição dos atores, tendo em vista a

necessidade de mapear os elos das cadeias de fluxo de informação e conhecimento, ponto de

fundamental importância para a pesquisa: o primeiro está em que o ator deve fazer parte da

gerência de capacidade da empresa pesquisada; o segundo critério está baseado no resultado

da questão onze12 do questionário, que forneceu a segunda iteração da aplicação. O primeiro

critério serviu de lastro para que fossem elencados onze atores pertencentes à equipe de

capacidade, aos quais foi aplicado e totalmente respondido o referido questionário. Com base

11 Por uma questão de confidencialidade, tais fluxos não podem ser detalhados nesta dissertação. 12 Questão onze: “Elencar até 10 pessoas, da sua área ou não, as quais você considera as suas fontes de consulta

para obtenção de informações na organização.” Conforme já mencionado, o questionário pode ser observado na sua íntegra no Apêndice A desta Dissertação.

22

nestes foi possível determinar mais quarenta e três atores, perfazendo o total de cinqüenta e

quatro questionários aplicados. Dos quarenta e três atores apontados pela equipe de

capacidade como as suas fontes de informação na organização, trinta e quatro responderam e

nove não retornaram, conforme pode ser verificado na Tabela 2.

Tabela 2 – Retorno dos questionários aplicados

Origem do questionário Quantidade de questionários

Retorno da pesquisa

Porcentagem de retorno

Equipe de capacidade 11 11 100%

Indicados pela equipe de capacidade 43 34 77%

Total 54 45 81%

De um total de 54 questionários foi obtido um retorno de 81%. Atualmente, a empresa

Vivo S.A. tem, associados à diretoria de infra-estrutura de operações de sistemas, cerca de

290 colaboradores13. A amostra de 54 questionários representa 19% do total de colaboradores.

A aplicação de cada questionário durou em média 20 minutos, sendo antecedida de

uma explanação individual a respeito do objetivo da entrevista. A pesquisa teve início em

outubro de 2007 e foi concluída em fevereiro de 2008.

Para a análise dos dados obtidos, foram utilizados três recursos computacionais: a

tabulação dos dados qualitativos foi executada pelo Microsoft Excel; para a análise pertinente

RS foi utilizado o programa UCINET 6 for Windows14, versão 6.135 (BORGATTI,

EVERETT, FREEMAN, 2008) e o software Netdraw, versão 2.074, disponível em conjunto

ao UCINET, foi utilizado para a modelagem gráfica das redes mapeadas. Na aplicação dos

índices sugeridos neste trabalho nas redes mapeadas pelo estudo de caso, foi desenvolvido um

programa utilizando a linguagem C (pode ser visto na íntegra no Apêndice C desta

Dissertação), que possui como função básica tratar os dados computados pelo UCINET,

realizando a aplicação das fórmulas matemáticas que constituem os conceitos aqui sugeridos.

13 Dados como organograma funcional, distribuição dos funcionários nas gerências que compõem a diretoria de

operações de sistemas estão protegidos pelo contrato de confidencialidade dos dados, assinado entre as partes. 14 A última versão disponível do software é a release 6.182, disponibilizada em 7 de fevereiro de 2008. Pelo

descritivo que relaciona as novas funções e correção de bug, disponibilizado na url: http://www.analytictech. com/ucinet/Ucinet_versions.htm, não se julgou necessária a mudança de versão da 6.135, usada, para a 6.182. Outra fonte de pesquisa, com uma abordagem mais ampla dos programas existentes para ARS, é o livro de Wasserman e Faust (1994).

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No Esquema 1, pode-se observar, em uma visão macro, o fluxo do processamento dos

dados obtidos com o estudo de caso.

Esquema 1 – Processo de tratamento dos dados

A exposição pormenorizada do assunto desta Dissertação é feita em quatro capítulos

que tratam das seguintes questões: o primeiro capítulo trata da governança de TI, a qual se faz

necessária para propiciar uma integração harmoniosa entre a T.I. e o negócio-fim da

organização; o segundo capítulo aborda os conceitos associados à criação e difusão do

conhecimento no MNT, principalmente no que tange ao processo de difusão do

conhecimento; o terceiro capítulo trata da rede social e o seu importantíssimo papel neste

contexto, em que a relação entre as pessoas proporciona significativo avanço para a T.I. e a

fotografia estabelecida pela ARS, que permite certo grau de aferição; o Capítulo 4 discorre

sobre a metodologia de pesquisa, detalha os dados obtidos com a pesquisa e analisa esses

dados não só sob a ótica da ARS, mas também sob o ponto de vista de junção dos conceitos

de ARS, MNT e ITIL, trazendo um estudo de caso em que o protótipo da pesquisa de

aglutinação destes conceitos é avaliado praticamente. As Conclusões encerram a exposição.