aplicaÇÃo de um check list para avaliaÇÃo do...
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APLICAÇÃO DE UM CHECK LIST PARA
AVALIAÇÃO DO CUMPRIMENTO DA NR-18 EM
UM CANTEIRO DE OBRAS
Andre Rigolon (UTFPR )
Andre Nagalli (UTFPR )
Leandro Nicoletti Gilioli (UTFPR )
Rodrigo Eduardo Catai (UTFPR )
A indústria da construção civil, devido às peculiaridades inerentes a suas
atividades, apresenta uma das piores condições de segurança e saúde do
trabalho. A constante busca pela redução de custo gera um descaso com a
saúde e segurança de seus colaboradores. Diante deste cenário almeja-se
realizar uma análise da situação atual, apontar as não conformidades e
propor ações corretivas para adequar um canteiro de obra aos requisitos da
Norma Regulamentadora nº 18 - NR 18. Para tanto, foi realizado um estudo
de caso, aplicando uma lista de verificação com base na NR-18 em uma obra
de construção civil em andamento. A aplicação desta ferramenta de
verificação permitiu uma visão geral do cumprimento da norma, apontando
as irregularidades e sugerindo ações corretivas sempre visando a segurança
dos trabalhadores com o intuito de evitar acidentes de trabalho. Através dos
resultados obtidos conclui-se que as condições de segurança do trabalho no
canteiro de obras avaliado são satisfatórias, uma vez que o índice de
conformidade do cumprimento aos requisitos da norma é superior à média
encontrada em trabalhos semelhantes.
Palavras-chaves: Construção Civil, Segurança do Trabalho, Acidentes de
Trabalho.
XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
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1. INTRODUÇÃO
No Brasil, a incidência de acidentes de trabalho na construção civil é historicamente elevada,
e a sua preocupação ganhou ênfase após a década de 1970, quando o país assumiu a liderança
mundial no número de acidentes (MICHEL, 2001).
É sabido que a indústria da construção civil é um dos setores que mais empregam no país,
sendo de extrema importância para a economia do país, porém devido ao alto índice de
acidentes do trabalho também se torna responsável pela geração de prejuízos (DRAGONI,
2005).
O Ministério do Trabalho e Emprego ao instituir as Normas Regulamentadoras, editou uma
norma exclusiva para a construção civil, a Norma Regulamentadora no18, para estabelecer as
condições mínimas de segurança em uma edificação em construção.
Devido ao alto grau de risco das atividades inerentes à construção civil, os problemas com
segurança do trabalho do setor são maiores que em outros setores. Com o passar dos anos as
leis trabalhistas e as leis relacionadas à segurança do trabalho vêm sofrendo um processo de
evolução e se tornando cada vez mais rigorosas. O resultado desta evolução já é sentido uma
vez que vem diminuindo o índice de acidentes de trabalho (BRASIL, 2012a).
O setor da construção civil, que já foi o líder no quadro de acidentes de trabalho não ocupa
mais este posto, estando atualmente no terceiro lugar, atrás da indústria de alimentos e
bebidas e também dos serviços relacionados com comércio e reparos de veículos (BRASIL,
2012a).
Fator importante que contribui para a ocorrência de acidentes de trabalho é a falta de
treinamento e conscientização dos trabalhadores da construção civil. Também podemos citar
o baixo grau de instrução destes trabalhadores como outro fator importante para o alto índice
de acidentes de trabalho.
A segurança do trabalho não deve ser encarada como um gerador de custo adicional, mas sim
como investimento, uma vez que os gastos com os acidentes são geralmente maiores do que
os custos de implantação e fiscalização das medidas de segurança, portanto a prevenção de
acidentes reduz despesas (DRAGONI, 2005).
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Desta forma o principal objetivo deste artigo é verificar o cumprimento da Norma
Regulamentadora no18 em uma edificação em construção, para avaliar as condições de
segurança do trabalho em um canteiro de obras em construção e propor ações de tratamento
das não conformidades.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Segurança do trabalho
A Segurança do Trabalho vem sofrendo um processo de evolução, na medida que o tema fica
mais em evidência. No princípio era vista como um ato informativo, porém com o passar dos
anos se passou a dar um enfoque mais preventivo e corretivo, com o intuído de dar proteção a
saúde e vida do trabalhador (ALBERTON, 1996).
Para Saliba (2004), a ideia da Segurança do Trabalho é a prevenção e pode de algum modo
pode ser definido como “a ciência que atua na prevenção dos acidentes do trabalho
decorrentes dos fatores de riscos operacionais” por analisar de modo prévio os potencias
riscos, desta maneira podendo prever acidentes.
2.2 SEGURANÇA DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL
A indústria da construção civil é uma das mais importantes na economia do Brasil. Pode-se
dizer que hoje vivencia-se um momento de aquecimento em todo o território nacional devido
a diversos fatores, entre eles políticos e econômicos.
Segundo o DIEESE (2002, p. 1), “A Construção ocupa um contingente crescente de
trabalhadores e pode ser apontada como um dos responsáveis pelo dinamismo econômico e do
mercado de trabalho nos últimos anos”. Ainda segundo o DIEESE (2002) o mercado
brasileiro vem sofrendo algumas mudanças na última década, com a diminuição da taxa de
desemprego e aumento do emprego formal. As atividades realizadas na indústria da
construção civil comumente não requerem muito conhecimento e técnicas apuradas de seus
executores, por isso, este setor é tão atrativo para os trabalhadores.
Como a mão-de-obra não hoje não possui muita formação, esforços de treinamento e
conscientização dos trabalhadores devem ser redobrados, pois não existe a difusão e a cultura
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de trabalhar a segurança do trabalho nas empresas da construção civil, com isso os números
relativos aos acidentes de trabalho no setor continuam elevados (FONSECA, 2007).
Deve-se salientar que o objetivo da segurança do trabalhado é garantir a saúde e integridade
do trabalhador, ao mesmo tempo em que as atividades se desenvolvam conforme planejado,
eliminado os riscos de acidentes ou incidentes (DE FARIA, GRAEF e SANCHES, 2006).
No passado, existia a ideia que dentro do trabalho no canteiro da construção civil os acidentes
eram inevitáveis, por isso, os trabalhos desenvolvidos para a segurança buscavam somente
trazer uma diminuição da ocorrência e da sua gravidade. Contudo esse conceito está mudando
empresas hoje, buscam a eliminação da ocorrência de acidentes no ambiente de trabalho.
(ROCHA, 1994).
2.3 Norma Regulamentadora NR-18
A Norma Regulamentadora nº 18 trata dos requisitos relacionados a construção civil e criou
diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, para estabelecer
medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no
meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção (BRASIL, 2014).
Com as mudanças da Norma Regulamentadora nº 18 ocorridas em 1995, notou-se que as
condições de trabalho vêm se apresentando em melhores condições, porém ainda muito
inferior ao desejável (RAZENTE; THOMAS; DUARTE, 2005).
3. METODOLOGIA
Para atingir os objetivos desejados neste trabalho foi realizado um estudo de caso em uma
obra de construção civil em andamento, para verificação do cumprimento da legislação de
segurança do trabalho.
Para a avaliação quanto ao cumprimento da NR-18, foram verificados os principais itens da
referida norma, conforme a sua aplicabilidade na obra analisada tomando como base o
checklist elaborado pelo Ministério Público do Trabalho (BRASIL, 2014).
A obra avaliada é um edifício em estrutura de concreto armado executado em uma edificação
de ensino pública na cidade de Curitiba. O edifício possui área construída de 3.060 m²
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divididos em 4 (quatro) pavimentos mais um andar de casa de máquinas e caixa d’água, com
objetivo de abrigar salas de aula e gabinetes para professores.
A obra avaliada encontra-se em fase final de construção, ou seja, fase de acabamento, porém
o presente estudo ocorreu durante toda fase evolutiva da obra. Atualmente encontram-se
trabalhado no canteiro de obra 22 funcionários, sendo 18 funcionários da construtora e 4 da
empresa contratada para fornecimento e instalação das janelas de alumínio.
Para a verificação foi adotado um checklist que também é utilizado pelo Ministério Público do
Trabalho, para avaliar o cumprimento dos requisitos da NR-18 (BRASIL, 2012b). Após a
aplicação, foi possível identificar as não conformidades em relação aos requisitos exigidos
pela NR-18 e então foram propostas ações corretivas para adequação dos mesmos. Com a
identificação das não conformidades também foi possível calcular o custo das mesmas
segundo o Anexo II da NR 28, aplicando as infrações correspondentes.
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
O critério utilizado para avaliações foi “sim” para itens conformes; “não” para itens não
conformes; e “não aplicável” para os itens dispensáveis de verificação para a obra avaliada. A
seguir estão descritos os resultados mais importantes.
4.1 Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção –
PCMAT (NR-18.3)
A NR-18, nos subitens do item 18.3, estabelece os requisitos referente à elaboração do
PCMAT para os estabelecimentos com 20 (vinte) trabalhadores ou mais. Porém a norma não
especifica se esta quantidade de funcionários é referente aos trabalhadores da empresa, ou,
trabalhadores em geral trabalhando no canteiro de obras.
Apesar de a obra contar com apenas 18 (dezoito) funcionários da construtora, é necessária a
elaboração do PCMAT, pois como foi verificado em visita estavam trabalhando na obra 22
(vinte e dois) trabalhadores.
Pode-se identificar que não foi elaborado o PCMAT para a obra avaliada. O PCMAT é um
dos principais programas para a prevenção de acidentes de trabalho, portanto é muito
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importante a sua elaboração. Para corrigir esta não conformidade é necessária a elaboração do
PCMAT.
4.2 Área de vivência (NR-18.4)
A área de vivência definida pela norma deve dispor de instalações sanitárias vestiário,
alojamento, local de refeições, lavanderia, área de lazer e ambulatório (quando se tratar de
frentes de trabalho com cinquenta ou mais trabalhadores).
Foi construído pela empresa um barraco de obras em chapa de madeira compensada com pé
direito de 2,5m. O barraco possui dimensões de 22,0m x 3,3m. Os ambientes do barraco são:
escritório de obra, depósito de materiais e ferramentas, local para refeições, vestiário com dois
ambientes isolados com chuveiro, e dois sanitários.
As instalações sanitárias estão de acordo com os requisitos da norma, no que se refere aos
equipamentos e também estão dispostas de maneiro coerente com o numero de trabalhadores
da obra.
Foi construído junto ao barraco da obra um local para refeições com dimensões, número de
assentos, ventilação, entre outros, de maneira adequada. Todos os itens atendem aos requisitos
da lista de verificação com exceção do pé direito mínimo.
Foi constatado que as instalações sanitárias não estão com seu estado de higiene adequado, é
sugerido que se faça a higienização diária das instalações sanitárias. Para isso é recomendado
que se disponibilize um funcionário da empresa para que pare suas atividades 30 minutos
antes do encerramento da jornada de trabalho para realizar este serviço, além disso é
necessário a conscientização por parte dos trabalhadores para a manutenção da higiene diária
dos sanitários.
Apesar de existir dois sanitários isolados um do outro, os mesmos não possuem identificação
para separação por sexo. Esta sendo proposto que se coloque uma placa de identificação em
cada sanitário, um masculino e um feminino.
Todo o barraco de obra foi construído utilizando chapa de madeira compensada. O barraco foi
construído objetivando um melhor aproveitamento das chapas, com isso o pé direito ficou em
2,5m, portanto não atende ao requisito da norma referente ao pé direito do local para
refeições, que exige pé direto mínimo de 2,8m.
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Para a regularização desta não conformidade é proposto relocar o refeitório para um ambiente
interno da edificação, que possui pé direito de 3,5m, uma vez que é inviável a adequação do
refeitório existente, pois seria necessário desmontar toda a cobertura do barraco para aumentar
a sua altura.
4.3 Escavações, fundações e desmonte de rochas (NR-18.6)
A obra analisada foi construída em um terreno em nível. O serviço de terraplanagem realizado
foi somente para limpeza do terreno e retirada da comada vegetal, portanto não houve
escavações na obra, ou foram consideradas irrelevantes.
Para a fundação da obra foi projetado fundação com estacas de concreto pré-moldada,
portanto somente se aplicam as verificações relacionadas com este tipo de fundação.
4.4 Carpintaria (NR-18.7)
Para os serviços de carpintaria, foi identificada a utilização de serra circular. A mesma
encontra-se em um ambiente amplo, coberto e bem iluminado. Ao analisar os requisitos
exigidos conclui-se que a mesma possui algumas não conformidades, porém de fácil correção.
Não foi localizada na serra circular recipiente coletor de serragem, a serragem estava
espalhada pelo chão do ambiente, portanto se faz necessário a instalação de equipamento, ou
recipiente, coletor de serragem.
Foi identificado que, apesar do ambiente ser bem iluminado, as lâmpadas não estavam
protegidas contra impactos, como é exigido pela norma. É proposta a utilização de luminária a
prova de impactos em substituição das lâmpadas instaladas.
4.5 Armações de aço (NR-18.8)
Para maior agilidade e devido ao elevado peso das armações de aço (vigas e pilares)
montadas, a ferragem é montada no pavimento em que será utilizada. Para proteção contra
intempéries existe uma área coberta onde é feito a montagem das ferragens em dias de chuva.
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Quanto às armações de aço foi verificado que os vergalhões estavam com as pontas sem
proteção, apesar de os protetores estarem a disposição dos trabalhadores. Portanto é
necessário maior fiscalização por parte do responsável da obra.
4.6 Estrutura de concreto (NR-18.9)
Em visita realizada a obra em dia de concretagem foi observado que os suportes e escoras de
fôrmas eram constantemente supervisionados, tanto antes quanto durante a concretagem por
trabalhador qualificado.
Não foram encontrados não conformidades para esta seção.
4.7 Escadas, rampas e passarelas (NR-18.12)
Na obra não foram encontrados rampas, passarelas e escadas provisórias para acesso aos
pavimentos. As escadas de acesso aos pavimentos foram construídas em concreto armado
junto com a concretagem das lajes. Somente foi encontrado na obra escadas de mão,
utilizadas para a execução das formas superiores de cada pavimento até a sua concretagem.
Foi constatado que a escada de mão utilizada não tinha altura compatível com seu uso, pois
sua altura não ultrapassava 1,0m do piso superior. O pé direito da edificação é 3,5m e estava
sendo utilizada escada com esta mesma altura, o que além de contrariar a norma era nítido o
risco de utilização, principalmente no momento de acesso a escada para o movimento de
descida, pois não se tinha apoio.
A escada utilizada também não apresentava degrau antiderrapante. Propõe-se a substituição
da escada, por outra com pelo menos 4,5m de comprimento com degrau antiderrapante.
4.8 Medidas de proteção contra quedas de altura (NR-18.13)
A edificação avaliada possui 4 (quatro) pavimentos, portanto não se fazia necessário a
construção de plataformas de proteção. A construção de guarda corpo na periferia da
construção seria o suficiente para atender os requisitos da norma. Porem foi construído, como
medida de proteção, uma plataforma principal na primeira laje, com 2,50m de projeção
horizontal e plataformas secundárias nos demais pavimentos.
Apesar de não necessária a utilização de tela para fechamento entre as plataformas segundo a
exigência da norma no referido item avaliado, a mesma foi considerada como não
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conformidade, pois a tela é um requisito exigido no item 18.15.25.1 referente ao andaime
fachadeiro, que não será utilizado, devido à construção destas plataformas.
Sugere-se a instalação de tela em todo o perímetro da obra a partir da plataforma principal
para proteção contra projeção de materiais e ferramentas.
4.9 Movimentação e transporte de materiais e pessoas (NR-18.14)
O transporte vertical de materiais é feito através de um guincho (mini-grua), instalado no
pavimento de cobertura da edificação. Este guincho é o único equipamento utilizado para o
transporte de cargas, portanto não se aplica a esta seção os itens de avaliação referente à torre
de elevadores, elevadores de transporte de material, elevador de passageiros e grua.
A norma determina que o equipamento seja operado por pessoa qualificada. Foi verificado
que o funcionário que estava operando o guincho tinha qualificação para operação, mas sua
função na empresa, conforme registro na carteira profissional, era outra.
Foi justificada pela empresa, e também constatada nas diversas visitas técnicas a obra, que a
movimentação vertical de material era pequena, portanto seria inviável a contratação de um
funcionário somente para a operação deste guincho.
Devido a esta baixa utilização de guincho, não somente nesta obra, mas nas obras da empresa
de uma maneira em geral, um funcionário da empresa realizou o treinamento necessário esta
habilitado para a operação deste equipamento. Portanto quando se faz necessário o manuseio
do guincho, é solicitado que este funcionário opere este equipamento.
4.10 Instalações elétricas (NR-18.21)
As instalações elétricas analisadas se referem às instalações provisórias de energia, para
atender a necessidade da obra, ou seja, instalação elétrica do barrado de obras e para os
equipamentos necessários na execução dos serviços. Todos os serviços foram executados por
um eletricista devidamente habilitado. Foram verificadas algumas não conformidades nestas
instalações.
Foi verificado que alguns condutores estavam sem a devida proteção. As extensões elétricas
passavam pelo chão, e em algumas ocasiões estavam obstruindo a passagem de circulação de
pessoas.
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Também é necessária uma melhor disposição da extensão utilizada para não obstruir a
circulação de pessoas.
Existe na obra um quadro de tomadas, porém o mesmo não possui chave geral, além de não
possuir dispositivo de tranca, estando desprotegido. Qualquer funcionário tem acesso a este
quadro.
A adequação do quadro de tomadas encontrado é extremamente necessária, pois está
oferecendo risco aos trabalhadores. Primeiramente sugere-se a instalação de uma chave geral
para o quadro, também será necessário instalar uma caixa protetora do quadro, com
dispositivo de tranca, para evitar o acesso ao quadro de um funcionário sem habilidade para
tal.
4.11 Máquinas, equipamentos e ferramentas diversas (NR-18.22)
Os equipamentos e ferramentas utilizados na obra são basicamente o guincho de coluna, a
serra circular, betoneira e ferramentas manuais com furadeiras, policorte, esmerilhadeira.
A serra circular e o policorte são dois dos principais equipamentos responsáveis por mutilação
de trabalhadores em obras. Ambos não possuem sistema de proteção dos comandos, o que
possibilita qualquer funcionário acionar o equipamento. Portanto é necessária a instalação de
uma chave de ignição, evitando assim o seu uso por pessoa não habilitada.
Em entrevista com o responsável pela manutenção das ferramentas, foi verificado que as
mesmas inspecionadas com frequência, e a suas manutenções estão em dia, porém não é feio
o registro desta manutenção, portanto é importante que este procedimento seja implantado. O
registro pode ser feito de maneira simples através de uma ficha de manutenção de
equipamento.
Estes apontamentos são importantes, pois é possível identificar o estado atual do quadro de
ferramentas da empresa e também o valor gasto em manutenção.
4.12 Equipamento de Proteção Individual – EPI (NR-18.23)
É dever da empresa fornecer e fiscalizar o uso dos EPIs por seus colaboradores. A falta de
utilização do EPI representa um alto risco de segurança para o trabalhador. A empresa
responsável pela obra tem um politica estritamente rigorosa quanto a utilização destes
equipamentos de segurança.
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Não foram encontradas não conformidades para esta seção.
4.13 Sinalização de segurança (NR-18.27)
Canteiro de obras não apresenta a sua sinalização de maneira adequada. Com isso foi
apontado a não conformidade.
A sinalização de segurança encontrada na obra é precária, só foram encontrados identificação
dos ambientes do canteiro de obra, porém não existe nenhuma sinalização quanto aos riscos e
precauções necessárias para evitar acidentes de trabalho.
É necessária a colocação de placas de sinalização de saídas, perigo com corrente elétrica,
cartazes explicativos quanto aos riscos de utilização de equipamentos e ferramentas de forma
inadequada, riscos de queda, entre outros.
4.14 Ordem e limpeza (NR-18.29)
Durante as visitas a obra foi observada que os ambientes do canteiro de obra sempre
estiveram relativamente organizados. Não foram encontradas calhas fechadas para o
escoamento dos resíduos dos pavimentos superiores, sendo que os mesmos são retirados
através de caçambas próprias do guincho de coluna utilizado na obra.
Apesar da ordem e limpeza em relação aos entulhos e materiais dispostos no canteiro de obra,
foram observados alguns entulhos depositados fora da área delimitada do canteiro, porém de
proveniência da construção, dispostos de maneira não adequada. Os mesmos estavam
espalhados sem estar isolado e sinalizado.
É proposta a retirada dos entulhos depositados neste local, ou a demarcação e sinalização
desta área, para posterior retirada dos entulhos, uma vez que os mesmos trazem riscos para
todas as pessoas que circulam pelo local.
4.15 Discussão dos resultados
Analisando todos os dados referentes aos itens verificados é possível estabelecer um
percentual de conformidade referente ao cumprimento dos requisitos exigidos na norma
regulamentadora nº 18. O Quadro 1 apresenta os resultados das conformidades e não
conformidades resultantes da aplicação do checklist.
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Foram desconsiderados os itens não aplicáveis. A figura 1 ilustra o percentual de
conformidade alcançado.
Quadro 1 – Resultados da Verificação
Resultado Quantidade
Total de Itens Conformes 125
Total de Itens Não Conformes 30
Total de Itens Avaliados 155
Fonte: Autor (2013)
Figura 1 – Percentual de Conformidade
Fonte: Autor (2013)
Os resultados apresentados são em função das condições analisadas no momento das visitas
técnicas à obra. Como as atividades da construção civil em um canteiro de obras são muitas
heterogenias, as condições de segurança podem variar de um dia para outro, sendo assim os
resultados apresentados também podem sofrer alterações.
O percentual de conformidade medido, encontrado com a aplicação da lista de verificação, foi
de 81%, bem acima da média apontada por outros trabalhos semelhantes a este, como o de
Mallmann (2008), que apresentou 66,6% de atendimento aos itens avaliados e Rocha et al.
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(2000), que encontrou 62,4%. Os percentuais dos trabalhos citados formam alcançados
mediante a avaliação de diversas obras, portanto servem como base de comparação.
Mesmo a obra apresentando um grau de conformidade satisfatório, nota-se que o custo das
não conformidades é elevado. Nesta avaliação o custo referente às infrações correspondentes
a estas não conformidades foi de R$ 40.781,09.
5. CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos, é possível constatar que a empresa responsável pela construção
da obra avaliada compreende a importância da segurança do trabalho.
O índice de conformidade com relação a segurança é superior à média encontrada em
trabalhos semelhantes.
Pode-se concluir que as condições de segurança do trabalho no canteiro de obra avaliado
apresentam resultados satisfatórios em relação aos requisitos de exigência da norma
regulamentadora nº 18.
Mesmo verificando que a empresa responsável pela construção da obra preza pela segurança
dos trabalhadores, e pelo cumprimento das normas regulamentadoras, nota-se que não são
cumpridos todos os requisitos da norma. Foram encontradas algumas não conformidades no
decorrer da avaliação, porém, todas de fácil correção. Forma propostas algumas ações de
correção para adequação do canteiro. Da apuração destas não conformidades é possível
calcular o custo referente as infrações segundo os critérios da NR 28.
Não é possível afirmar que mesmo após a implantação das ações sugeridas, a obra estará
100% regularizada quanto ao atendimento da NR-18, uma vez que a rotina da obra varia
muito de um dia para o outro.
É necessário um trabalho árduo de conscientização dos trabalhadores, para que se mude a
cultura destes em relação à segurança do trabalho que é muitas vezes deixada em segundo
plano, ainda mais considerando que as atividades da construção civil possuem risco elevado
de acidentes. Acidentes do trabalho são infortúnios que devem ser combatidos. A segurança
do trabalhador deve estar em primeiro lugar, e a sua eficácia se faz através de prevenção e
conscientização.
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SALIBA, T. M. Curso Básico de Higiene Ocupacional. São Paulo: Blücher, 2004.