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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 6º TERMO DISCIPLINA - ERGONOMIA Octaviano Rojas Luiz RA: 913154 João Victor Rojas Luiz RA: 913162 APLICAÇÃO DO MODELO DE WESTLEY NO SETOR DE MANUTENÇÃO DE UM HOSPITAL PÚBLICO DA REGIÃO DE BAURU BAURU JUNHO / 2012

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Page 1: APLICAÇÃO DO MODELO DE WESTLEY NO SETOR DE MANUTENÇÃO DE UM HOSPITAL PÚBLICO DA REGIÃO DE BAURU

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO – 6º TERMO

DISCIPLINA - ERGONOMIA

Octaviano Rojas Luiz RA: 913154

João Victor Rojas Luiz RA: 913162

APLICAÇÃO DO MODELO DE WESTLEY NO SETOR DE

MANUTENÇÃO DE UM HOSPITAL PÚBLICO DA REGIÃO DE

BAURU

BAURU

JUNHO / 2012

Page 2: APLICAÇÃO DO MODELO DE WESTLEY NO SETOR DE MANUTENÇÃO DE UM HOSPITAL PÚBLICO DA REGIÃO DE BAURU

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO – 6º TERMO

DISCIPLINA - ERGONOMIA

Octaviano Rojas Luiz RA: 913154

João Victor Rojas Luiz RA: 913162

APLICAÇÃO DO MODELO DE WESTLEY NO SETOR DE

MANUTENÇÃO DE UM HOSPITAL PÚBLICO DA REGIÃO DE

BAURU

Trabalho de pesquisa, apresentado como parte das

atividades da disciplina Ergonomia da graduação em

Engenharia de Produção da Faculdade de Engenharia

de Bauru.

Professor: Prof. Dr. Marco Antonio Rossi

BAURU

JUNHO / 2012

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Sumário

1. Introdução ..................................................................................................... 4

2. Problema de Pesquisa .................................................................................. 4

3. Referencial Teórico ....................................................................................... 4

3.1. Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) ...................................................... 4

3.2. Modelo de Westley para QVT .................................................................... 5

4. Empresa pesquisada ..................................................................................... 7

5. Materiais e métodos ...................................................................................... 7

6. Resultados ..................................................................................................... 8

6.1. Caracterização da amostra ......................................................................... 8

6.2. Resultados da avaliação ........................................................................... 10

7. Recomendações .......................................................................................... 14

8. Considerações finais .................................................................................... 15

9. Bibliografia ................................................................................................... 15

Anexo I – Questionário baseado em Belo (2009) ............................................ 17

Anexo II – Lista de gráficos e tabelas .............................................................. 21

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1. Introdução

Este trabalho busca identificar e resolver problemas relacionados a Qualidade

de Vida no Trabalho de acordo com o modelo de Westley (1979), no setor de

manutenção de um hospital público em Bauru – SP. A metodologia usada foi

baseada no trabalho de Belo (2009), com levantamento de dados através de

questionário.

Buscou-se mapear as principais necessidades do setor apontadas por baixos

indicadores na pesquisa e propor recomendações de melhoria baseadas em

trabalhos de outros autores.

A justificativa deste trabalho é evidenciada pela Ergonomia como ciência ter

muito a oferecer para a atividade dos profissionais de manutenção. Segundo

Souza, Marçal e Xavier (2006), a Ergonomia é, a princípio, o entendimento da

atividade real para propor melhorias. Para a ergonomia atender melhor os

profissionais da manutenção, previamente surge a pergunta: quais os principais

contornos da atividade manutenção no presente e em que a ergonomia pode

contribuir para o seu sucesso?

Estabelecem-se ligações entre as atividades da manutenção e a qualidade de vida. Devido à decorrência de novos paradigmas de organização do trabalho, onde a manutenção dentro da hierarquia funcional passa a integrar os processos de trabalho de operadores e de gerentes, estabelecidos por novas políticas de produtos e serviços, ou seja, os processos de manutenção necessários e bem realizados se constituem no melhor meio de evitar o desgastante processo que é a vida repleta de defeitos e falhas (SOUZA; MARÇAL; XAVIER, 2006).

2. Problema de Pesquisa

Procurou-se responder as seguintes questões: Quais são as características da

Qualidade de Vida no Trabalho do setor de manutenção do hospital estudado?

E quais são as principais necessidades em QVT do setor e quais as medidas

possíveis de serem tomadas?

3. Referencial Teórico

3.1. Qualidade de Vida no Trabalho (QVT)

Limongi-França (1996) declara que vários autores voltados para estudos do comportamento organizacional, patologia do trabalho, promoção da saúde e, ultimamente, programas de qualidade total têm-se dedicado ao exame da qualidade de vida no trabalho. “Observam-se conceitos sobre o tema qualidade de vida no trabalho, com os enfoques relacionados: grau de satisfação da

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pessoa com a empresa; condições ambientais gerais e promoção da saúde” (Limongi-França, 1996, p. 9).

A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) relaciona-se com a mobilização, o comprometimento pessoal, a participação com o bem-estar do funcionário na execução da atividade na empresa, visando a consecução das metas da Qualidade Total. Um ambiente organizacional em que há uma gestão dinâmica e contingencial de fatores físicos, psicológicos, sociológicos e tecnológicos da organização do próprio trabalho torna-se saudável e mais propício ao aumento de produtividade. Este ambiente influencia o comportamento do funcionário no atendimento aos clientes e no contato com fornecedores (FREITAS; SOUZA, 2009).

Ainda, segundo Conte (2003), a meta principal do programa de QVT é a conciliação dos interesses dos indivíduos e das organizações, ou seja, ao melhorar a satisfação do trabalhador, melhora-se a produtividade da empresa.

3.2. Modelo de Westley para QVT

Segundo (Muller, 2008), existem diversos modelos que foram desenvolvidos

por estudiosos, visando oferecer referenciais para a avaliação da QVT,

destacando-se os modelos a seguir (Muller, 2008):

Modelo de Maslow e Herzberg que enfatiza as necessidades humanas;

Modelo de Walton que apresenta critérios e indicadores para medir a QVT;

Modelo de Westley menciona quatro dimensões para avaliar a QVT;

Modelo de Werther e Davis consideram os elementos organizacionais,

ambientais e comportamentais;

Modelo de Belanger que tem como característica além do trabalho também o

crescimento dos funcionários aliado ao significado das tarefas, funções e

estruturas;

Modelo Hackman e Oldham que apresentam as dimensões básicas da tarefa.

Neste trabalho o Modelo adotado como metodologia de análise da QVT será o

de Westley.

De acordo com Belo (2009), este modelo aponta a relevância de quatro

diferentes perspectivas: política, econômica, psicológica e sociológica, que

fundamentam importantes indicadores de QVT:

a) Política (concernente à noção de segurança no emprego): direito de trabalhar e não sofrer dispensa ou discriminação, ter estabilidade no emprego, atuação do sindicato, retroinformação/feedback; liberdade de expressão, valorização do cargo e bom relacionamento com a chefia;

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b) Econômica (relacionada à eqüidade salarial): remuneração adequada, benefícios, condições adequadas no local de trabalho, carga horária e interferência do ambiente externo; c) Psicológica (traduzida pelo conceito de auto-realização, que evita a alienação): nível de desafio, possibilidade de desenvolvimento pessoal e profissional, criatividade no trabalho, auto-avaliação imediata, variedade de funções e identificação com a tarefa; d) Sociológica (relacionada à idéia de participação ativa em decisões que dizem respeito ao processo de trabalho, à forma de executar as tarefas e à distribuição de responsabilidades dentro da equipe): possibilidade de autonomia, relacionamento interpessoal, grau de responsabilidade exigida e reconhecimento do valor pessoal. Freitas e Souza afirmam que, segundo este modelo, os problemas vivenciados pelas pessoas no ambiente de trabalho podem ser classificados em quatro categorias: injustiça, insegurança, isolamento e anomia. A Tabela 1 sumariza os fatores que caracterizam os problemas de Qualidade de Vida no Trabalho, apresentando os sintomas, indicadores, ações e propostas que têm como objetivo humanizar o trabalho:

Tabela 1 – Fatores que influenciam a QVT (adaptado de Westley (1979) por

Freitas e Souza (2009))

Westley (1979) afirma que a participação global dos empregados nas atividades da empresa e a formação de associações de classe, sindicatos e partidos políticos são fundamentais para a manutenção do bem-estar organizacional. Trata-se de uma concepção abrangente, uma vez que leva em conta aspectos internos e externos à organização a que pertence o trabalhador.

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O pensamento de Westley (1979), representado por seus conceitos e métodos, mostra-se bastante pertinente, razão pela qual será tomado como marco da fundamentação teórica deste presente trabalho.

Conforme já referenciado, William Westley (1979) foi o primeiro estudioso a introduzir os pontos de vista psicológico, social, econômico e político na análise da QVT e, por isso, obteve acentuado destaque para sua metodologia entre os modelos disponíveis. Segundo o autor, as implicações decorrentes desses aspectos afetam diretamente o trabalhador e podem constituir obstáculos importantes para a QVT.

4. Empresa pesquisada

A pesquisa ficou restringida ao setor de manutenção de um hospital público

ligado a uma Universidade estadual localizado em Bauru, estado de São Paulo.

Este setor presta serviços de reparo e prevenção de quebras aos

equipamentos médico-odontológicos, de informática, bem como à toda a

infraestrutura do complexo hospitalar.

O setor de manutenção apresenta 27 funcionários, dentre eles têm-se um

engenheiro civil, um engenheiro eletricista, um projetista, técnicos em

equipamentos médico-odontológicos, pintores, serralheiros, técnicos em

refrigeração, eletricistas, pedreiros e técnicos de segurança.

5. Materiais e métodos

Este trabalho consiste numa pesquisa descritiva e quantitativa, com

levantamento de dados através de questionário baseado no trabalho de Belo

(2009), acerca do modelo proposto por Westley (1979) para análise da

Qualidade de Vida no Trabalho e levantamento qualitativo na literatura de

recomendações para os pontos críticos.

Etapas da Metodologia (BELO, 2009):

1) Adaptação do questionário à realidade da organização estudada;

2) Distribuição do questionário à população estudada;

3) Coleta de amostra e análise estatística dos dados;

4) Análise dos resultados e elaboração de recomendações.

O questionário utilizado na pesquisa é apresentado no Anexo I no final do

trabalho, já com as adaptações realizadas. Foi retirada a questão 4 sobre

seguros (inexistentes na organização estudada, omitida a avaliação da

influência dos critérios sobre a QVT, sendo apenas enfocada a avaliação

desses. Algumas perguntas sobre dados pessoais foram omitidas, pois os

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dados coletados neste bloco serviram apenas como descrição da população

estudada, não sendo feita nenhuma estratificação na pesquisa.

Foram emitidos questionários em número igual ao de funcionários do setor.

Porém como alguns trabalhadores poderiam estar afastados por licença ou

férias, nem toda a população fez parte da amostra.

A coleta foi realizada uma semana após a emissão. Foi feita a caracterização

da amostra e as seguintes análises estatísticas feitas foram:

- Média, desvio padrão, valor mínimo e máximo das respostas para cada

questão

-Frequência de cada resposta para cada bloco

- Média e desvio padrão para cada bloco de questões (I de IV)

As análises estatísticas foram adaptadas de Belo (2009), de forma a simplificar

a pesquisa e focar em resultados agregados que serão mais importantes para

a proposição de soluções para o problema de pesquisa.

Os resultados foram analisados, sendo elaboradas propostas de melhoria para

as necessidades mais críticas apontadas pela análise.

6. Resultados

6.1. Caracterização da amostra:

Como discutido anteriormente, foram enviados 27 questionários ao setor, um

para cada funcionário. Destes, tivemos uma resposta de 22 questionários, o

que representa 81,5% da população, o que compõem a amostra que será

analisada estatisticamente.

Abaixo serão apresentados os dados demográficos: sexo, faixa etária,

escolaridade e anos de trabalho na organização.

Análise dos dados pessoais da amostra:

Sexo

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Gráfico 1 - Distribuição dos respondentes por sexo (elaboração própria)

Verifica-se, conforme o Gráfico 1, que 4,5% dos respondentes da pesquisa são do sexo feminino e 95,5% do sexo masculino.

Faixa etária

Gráfico 2 - Distribuição dos respondentes por faixa etária (elaboração própria)

Escolaridade

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Gráfico 3 - Distribuição dos respondentes por escolaridade (elaboração própria)

Número de anos trabalhando na organização

Gráfico 4 - Distribuição dos respondentes por anos na empresa (elaboração própria)

6.2. Resultados da avaliação

Resultados para as questões individualmente

Para cada questão, foi tomada a média das 22 respostas, através da seguinte

fórmula:

Média para uma certa questão = Soma das respostas para a questão/ 22

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Também foi calculado o desvio padrão da amostra da seguinte forma:

Onde Xi seria o valor da resposta para a questão i e x-barra é a média, n é o

tamanho da amostra.

Os valores da média e desvio padrão para cada questão estão contidos na

tabela abaixo, conjuntamente com os valores máximo e mínimo correlatos.

Questões Média Desvio-padrão

Máximo Mínimo

1 5,9 0,297 7 4

2 6,2 0,256 7 5

3 4 0,234 4 4

4 5 0,150 7 4

5 5,1 0,205 7 4

6 6,5 0,140 7 4

7 6 0,116 7 4

8 5,3 0,258 6 3

9 4,4 0,281 6 2

10 5,4 0,117 7 1

11 5 0,170 7 2

12 5,8 0,174 7 2

13 5,7 0,274 7 3

14 5,7 0,209 7 2

15 5,6 0,182 7 4

16 3,5 0,245 6 1

17 5 0,275 6 2

18 4,8 0,143 6 2

19 6,3 0,266 7 4

20 5 0,215 7 4

21 6 0,277 7 3

22 6,5 0,125 7 2

23 6,5 0,236 7 1

24 5,7 0,270 6 3

25 3,8 0,146 5 1

26 5,5 0,293 7 3

Tabela 2 – Análise estatística por questão (elaboração própria)

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Resultados bloco a bloco

Para cada bloco de questões são apresentados gráficos da frequência

de cada tipo de resposta para este bloco. Para isso, somou-se a

quantidade de respostas de um dado grau (notas de 1 a 7) para todas

as questões do bloco e em seguida dividiu-se este valor por 154 (22

respondentes X 7 questões).

Bloco 1

Gráfico 5 - Frequência das respostas para o bloco 1 (elaboração própria)

Bloco2

Gráfico 6 - Frequência das respostas para o bloco 2 (elaboração própria)

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Bloco 3

Gráfico 7 - Frequência das respostas para o bloco 3 (elaboração própria)

Bloco 4

Gráfico 8 - Frequência das respostas para o bloco 4 (elaboração própria)

Médias e desvio padrão para cada bloco

A média foi obtida pela soma do produto entre o valor de resposta pela

sua frequência para cada grau.

O desvio padrão foi obtida fazendo-se a raiz quadrada da subtração

entre a soma das respostas ao quadrado e a média das respostas ao

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quadrado para cada grau, multiplicando-se por 7 e dividindo-se por 6

pois o desvio padrão é amostral.

Bloco Média Desvio padrão

I 5,5 0,871

II 5,3 0,513

III 5,2 0,877

IV 5,6 1,104

Tabela 3 – Análise estatística por bloco (elaboração própria)

7. Recomendações

Apesar do desempenho semelhante e igualmente favorável de todos os blocos

de indicadores, devemos, de acordo com Westley (1979) priorizar o conjunto

de fatores com mais baixa avaliação. No caso, o bloco III, relativo aos fatores

psicológicos, obteve a menor média (5,2) e, portanto, deve ser alvo prioritário

de ações de melhoria.

O próprio modelo de Westley apresenta propostas de melhoria para cada

conjunto de fatores, como mostrado no referencial na Tabela 1.

Para o bloco III (fatores psicológicos), Westley (1979) destaca a valorização

das tarefas e a auto-realização no trabalho como forma de atenuar problemas

psicológicos ocupacionais como a sensação de isolamento e problemas

administrativos como absenteísmo e rotatividade de funcionários.

Analisando o desempenho das questões deste bloco, através da Tabela 2,

evidencia-se valores abaixo de bom (5) para duas questões: a questão 16 e 18.

De acordo com o Modelo, o baixo desempenho nestas questões evidencia a

necessidade de melhora na motivação dos funcionários por parte do líder e no

oferecimento de mais oportunidades de desenvolvimento profissional para os

trabalhadores. A segunda proposição é mais concreta que a primeira, podendo

ser mais rapidamente adotada, pela disponibilização de cursos, bolsas de

estudo, treinamentos e flexibilização de horários.

Baron e Shane (2007) propõem como forma de aumentar a motivação dos

trabalhadores (necessidade apontada pela questão 16), a definição de metas

de trabalho eficazes, a imparcialidade no tratamento com os empregados e o

enriquecimento da função exercida por cada trabalhador.

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De acordo com a Tabela 1, as questões 3, 9 e 25 também apresentaram

desempenho menor que bom (média menor que 5).

A questão 3 se refere à alimentação disponibilizada aos funcionários. Uma

possível razão para a baixa avaliação foi apresentada pelo chefe do setor como

uma recente mudança em que os trabalhadores não poderiam mais almoçar no

restaurante universitário, recebendo um valor para a refeição em dinheiro, o

que causou controvérsia.

A questão 9 corrobora com o resultado obtido por Belo (2009) de que a

atuação de sindicatos ainda é pouco valorizada pelos trabalhadores brasileiros.

Sobre a questão 25, vemos que os trabalhadores da manutenção não sentem

que seus trabalhos são essenciais para o hospital. Segundo Hackman e

Oldham (1976) citado por Morin (2001), para dar mais sentido de

responsabilidade ao trabalho deve-se variar as funções, permitir que o

trabalhador realize trabalhos do começo ao fim e que estes tenham

repercussão no trabalho de outras pessoas. Ainda afirmam que o feedback é

uma importante ferramenta nesse sentido.

8. Considerações finais

Neste trabalho, procurou-se aplicar o Modelo de Westley no contexto do tema

Qualidade de Vida no Trabalho, como forma de descrever qualitativa e

quantitativamente o panorama de QVT no setor de manutenção do hospital

estudado.

Através da análise, definimos os pontos a serem melhorados de acordo com a

avaliação feita pelos funcionários nas diversas dimensões de QVT propostas

pelo modelo.

Para cada foco de melhoria (seja no bloco ou em questões individuais),

elaboraram-se recomendações a partir da pesquisa na bibliografia

especializada na resolução destes problemas

9. Bibliografia

BARON, R. A.; SHANE, S. A. Empreendedorismo: uma visão do processo. São Paulo: Thomson, 2007.

BELO, E. F. Qualidade de Vida no Trabalho dos garis da área central de Belo Horizonte. 2009. Dissertação de mestrado profissional em Administração. Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo, Pedro Leopoldo.

CONTE, A. L. Qualidade de vida no trabalho. Revista FAE Business, n. 7, nov. 2003. Disponível em http://www.rh.com.br.

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FREITAS, A. L. P.; SOUZA, R.G.B. Um modelo para avaliação da Qualidade de Vida no Trabalho em universidades públicas. Sistemas & Gestão, v.4, n.2, p.136-154, 2009.

LIMONGI-FRANÇA, A. C. Indicadores Empresariais de Qualidade de Vida no Trabalho. 1996. 213 f. Tese de Doutorado. FEA/USP, São Paulo.

MORIN, E. M. Os Sentidos do Trabalho. RAE - Revista de Administração de Empresas, v. 41, n. 3, p. 8-19, 2001.

MULLER, K. N. As dimensões da Qualidade de Vida no Trabalho no modelo de Westley: Um estudo na empresa Perdigão Agroindustrial S/A. 2008. Trabalho de conclusão de estágio. Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí.

SOUZA, J.B.; MARÇAL, R.F.M; XAVIER, A.A.P. Contribuições da Ergonomia nas Atividades da Manutenção Mecânica em uma Coqueria de uma Usina Siderúrgica. In: XIII SIMPEP - SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 2006, Bauru, 2006.

WESTLEY, W. A. Problems and solutions in the quality of working life. Human Relations, [s.l.], v. 32, n. 2, p. 113-123, 1979.

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Anexo I – Questionário baseado em Belo (2009) PESQUISA SOBRE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO INSTRUÇÕES: De acordo com sua avaliação, marque com um X o número que corresponde à resposta que lhe parecer mais adequada. Para responder às questões constantes nos Blocos I, II, III e IV, pense sobre a realidade vivida por você, atualmente, na empresa em que trabalha. Analise também o quanto cada um dos fatores apontados pelo questionário tem influência direta em sua qualidade de vida neste momento de sua vida.

(1)

Péssimo

(2)

Muito

Ruim

(3)

Ruim

(4)

Regular

(5)

Bom

(6)

Muito bom

(7)

Excelente

BLOCO I: INDICADOR ECONÔMICO Avaliação

1 – O que você acha do seu salário em relação ao salário pago

por outras empresas para realização das mesmas tarefas? Seu

salário tem influência em sua Qualidade de Vida no Trabalho?

2 – Como você avalia a qualidade da assistência médica

(médicos, clinicas etc.) oferecida pela empresa em que

trabalha? Essa assistência tem influência na sua Qualidade de

Vida no Trabalho?

3 – Que nota você daria para a alimentação oferecida por sua

empresa? (Quantidade e qualidade dos alimentos fornecidos

nos restaurantes da empresa ou ticket alimentação) Essa

alimentação interfere em sua Qualidade de Vida no Trabalho?

4 – Como você analisa as condições físicas gerais do seu

ambiente de trabalho? (barulho, calor, radiação, umidade,

periculosidade). Essas condições têm alguma influência em sua

Qualidade de Vida no Trabalho?

5 – Como se mostram essas condições de trabalho em relação

aos equipamentos, máquinas, ferramentas e materiais que você

utiliza para realizar seu trabalho? Essas

condições/equipamentos têm influência em sua Qualidade de

Vida no Trabalho?

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18

6 – Como você avalia o ritmo diário exigido para realização de

suas tarefas de rotina (tarefas diárias)? Essa exigência interfere

em sua Qualidade de Vida no Trabalho?

7 – Como você avalia a carga horária diária de trabalho que lhe

é imposta, em relação a quantidade de serviço sob sua

responsabilidade (é muito, é pouco)? Essa carga horária e o

volume de serviço diário interferem em sua Qualidade de Vida

no Trabalho?

BLOCO II: INDICADOR POLÍTICO

8 – Como você avalia o nível de segurança e as expectativas

em relação ao seu futuro na empresa em que trabalha? Esses

fatores influenciam sua Qualidade de Vida no Trabalho?

9 – Que nota você daria para a atuação do Sindicato de sua

categoria? Essa atuação sindical tem influência sobre sua

Qualidade de Vida no Trabalho?

10 – Como você avalia a quantidade e nível de informações

transmitidas (repassadas) por seus superiores sobre o seu

desempenho no trabalho? Essas informações influenciam sua

Qualidade de Vida no Trabalho?

11 – Em sua opinião, o grau de liberdade para expressar seus

pensamentos (sua opinião) na empresa em que trabalha (fazer

críticas, discordar etc.) é satisfatório (é bom, é ruim, pode

melhorar)? Essa liberdade de expressão influencia sua

Qualidade de Vida no Trabalho?

12 – Como você avalia o grau de valorização atribuído ao cargo

que você ocupa na empresa? Essa valorização tem reflexos em

sua Qualidade de Vida no Trabalho?

13 – Como você define o tratamento que recebe de seu chefe

imediato? Esse tratamento influencia sua Qualidade de Vida

no Trabalho?

BLOCO III: INDICADOR PSICOLÓGICO

14 – Como a experiência anterior de sua função, facilita ou

dificulta a realização do seu trabalho, dispensando o suporte de

colegas e superiores? Essa experiência tem influência sobre

sua Qualidade de Vida no Trabalho?

Page 19: APLICAÇÃO DO MODELO DE WESTLEY NO SETOR DE MANUTENÇÃO DE UM HOSPITAL PÚBLICO DA REGIÃO DE BAURU

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15 – De um a sete que nota você daria para o nível de

realização pessoal alcançado com a realização de seu trabalho

na empresa? Essa avaliação interfere em sua Qualidade de

Vida no Trabalho?

16 – Você se sente motivado para realizar o seu trabalho? Essa

avaliação influencia sua Qualidade de Vida no Trabalho?

17 – Em uma escala de um a sete, como você avalia as

possibilidades oferecidas por sua empresa no sentido de

favorecer o desenvolvimento pessoal dos empregados (acesso

a cursos, teatro etc.)? Essas oportunidades têm influência sobre

sua Qualidade de Vida no Trabalho?

18 – Em uma escala de um a sete pontue as oportunidades

direcionadas para o crescimento e desenvolvimento profissional

dos empregados (incluindo treinamento, reciclagem)? Essas

oportunidades influenciam sua Qualidade de Vida no Trabalho?

19 – Como você avalia as oportunidades de por em prática seu

talento e criatividade, no sentido de buscar outros meios de

realizar seu serviço (um novo meio de efetuar os reparos), com

mais eficiência e menos esforço? Essa variável tem influência

em sua Qualidade de Vida no Trabalho?

20 – Como você avalia as oportunidades de realizar tarefas

específicas, com início, meio e fim bem determinados. Essa

variável influencia sua Qualidade de Vida no Trabalho?

21 – Como você avalia oportunidades de exercer funções

alternativas (diferente das suas habituais)? Essa variável

interfere em sua Qualidade de Vida no Trabalho?

BLOCO IV: INDICADOR SOCIOLÓGICO

22 – Como você avalia as oportunidades de participação dos

empregados nas decisões da empresa, contribuindo com

críticas e sugestões para seu melhor desempenho? Essas

oportunidades/participações, de alguma forma, impactam sua

Qualidade de Vida no Trabalho?

23 – Em uma escala de um a sete, como você avalia a

autonomia dos empregados quanto a tomar decisões sobre seu

próprio serviço? Essas possibilidades / decisões influenciam

sua Qualidade de Vida no Trabalho?

24 – Como você avalia, de maneira geral, o relacionamento de

sua equipe de trabalho, com vistas ao melhor exercício das

funções de cada um? Esse relacionamento tem alguma

influência em sua Qualidade de Vida no Trabalho?

Page 20: APLICAÇÃO DO MODELO DE WESTLEY NO SETOR DE MANUTENÇÃO DE UM HOSPITAL PÚBLICO DA REGIÃO DE BAURU

20

25 – Numa escala de um a sete como você avalia o nível de

responsabilidade exigido para realização de seu trabalho nessa

empresa? Essa avaliação influência sua Qualidade de Vida no

Trabalho?

26 – Como você determina o grau de prestigio que exerce entre

os colegas, para realizar com eficácia o seu trabalho? Essa

avaliação tem alguma influência em sua Qualidade de Vida no

Trabalho?

BLOCO V: DADOS PESSOAIS SOBRE O RESPONDENTE Este bloco do questionário contém seus dados pessoais. Por favor, marque a alternativa correspondente ao seu caso com um X, no espaço ao lado direito da resposta.

1. Sexo

1. masculino 2. feminino

2. Faixa etária

1. até 25 anos 4. de 36 a 40 anos

2. de 26 a 30 anos 5. de 41 a 45 anos

3. de 31 a 35 anos 6. mais de 45 anos

3. Escolaridade

1. 1º grau

incompleto

5. superior

incompleto

2. 1º grau

completo 6. superior completo

3. 2º grau

incompleto 7. pós-graduação

4. 2º grau

completo 8. outro / qual?

4. Há quanto tempo você trabalha na empresa?

1. menos de 6 anos 4. de 16 a 20 anos

2. de 6 a 10 anos 5. de 21 a 25 anos

3. de 11 a 15 anos 6. mais de 25 anos

Page 21: APLICAÇÃO DO MODELO DE WESTLEY NO SETOR DE MANUTENÇÃO DE UM HOSPITAL PÚBLICO DA REGIÃO DE BAURU

21

Anexo II – Lista de gráficos e tabelas Gráfico 1 - Distribuição dos respondentes por sexo (elaboração própria)...................9

Gráfico 2 - Distribuição dos respondentes por faixa etária (elaboração própria)........9

Gráfico 3 - Distribuição dos respondentes por escolaridade (elaboração própria)....10

Gráfico 4 - Distribuição dos respondentes por anos na empresa (elaboração

própria).........................................................................................................................10

Gráfico 5 - Frequência das respostas para o bloco 1 (elaboração própria)...............12

Gráfico 6 - Frequência das respostas para o bloco 2 (elaboração própria)...............12

Gráfico 7 - Frequência das respostas para o bloco 3 (elaboração própria)...............13

Gráfico 8 - Frequência das respostas para o bloco 4 (elaboração própria)...............13

Tabela 1 – Fatores que influenciam a QVT (adaptado de Westley (1979) por

Freitas e Souza (2009)) .....................................................................................6

Tabela 2 – Análise estatística por questão (elaboração própria) .....................11

Tabela 3 – Análise estatística por bloco (elaboração própria)..........................14