apostila comunicacao e expressao

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Apostila Comunicacao e Expressao

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Pedro Antonio Gonzalez Hernandez Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Erwin Francisco Tochtrop Júnior  Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários
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Diretor de Ensino do EAD  Joelci Clécio de Almeida
Orientação e revisão da escrita Dóris Cristina Gedrat 
Design/Infograa/Programação  José Renato dos Santos Pereira
Luiz Carlos Specht Filho Sabrina Marques Maciel
 
DDG: 0800.6426363 E-mail: [email protected] 
Corredor central - Sala 130 · Canoas/RS  Atendimento de segunda-feira a sexta-feira: Manhã/Tarde/Noite: Das 8:00hs às 22:30hs
 Atendimento aos sábados: Manhã: 8:00hs às 12:00hs
 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS E SUA IMPORTÂNCIA PARA O FALANTE NA-  TIVO .......... ............ .............. ............ ........... .............. ............ ....... 3
NÍVEIS E FUNÇÕES DA LINGUAGEM ...............................................9
COESÃO DO TEXTO ESCRITO........................................................13
  VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS E SUA  IMPORTÂNCIA PARA O FALANTE NATIVO
 A língua, por ser viva, muda no tempo e no espaço. Vamos  ver como isso acontece!
Neste capítulo, nós nos dedicamos ao estudo das diversas possibilidades para utilização da língua portuguesa, as quais variam de acordo com as diferentes situações em que ela é utilizada.
Estudos da linguagem: uma breve retomada histórica
Nesse imenso território, usamos a mesma língua para nos comunicarmos, ou seja, usamos a língua portuguesa. Ainda que muitos estados tenham fronteiras com diferentes países, que cada um tenha sido colonizado por povos dife- rentes, que tenhamos climas, aspectos geográfi- cos e culturas diferentes, falamos todos a mesma língua portuguesa. Será que essa língua é, de fato, a mesma?
Ao longo da história, vários teóricos ten- taram estudar a linguagem humana. A grande maioria, até o século XVII, selecionava uma lín- gua e a analisava em todos os seus aspectos: fô- nico (sons), semântico (sentidos), sintático (gra- maticais) e morfológico (estrutura das palavras). Sabiam muito do funcionamento daquela língua, mas ignoravam como funcionavam as demais.
No século XVII, houve o desejo de se “fa- zer” uma língua que todos falassem, em todos os lugares do mundo, para que ocorresse a comu- nicação sem precisar estudar a língua que fosse própria de cada país. A busca por essa “lingua- gem universal” fez com que os estudiosos estu-
dassem várias línguas ao mesmo tempo, compa- rando-as em todos os aspectos. Esse estudo fez com que se observasse a existência de princípios que eram comuns a TODAS AS LÍNGUAS DO MUNDO. A verdade é que não se conseguiu uma língua universal, mas essa descoberta foi de suma importância para o avanço nos estudos lin- guísticos. Esses princípios diziam que todas as
 Vanessa Loureiro Corr ea
culações, uma que trata dos fonemas e outra que
diz respeito aos morfemas. Quando se estudou
todas as línguas juntas, descobriu-se que existem
aspectos linguísticos que estão presentes em to-
das as línguas. No entanto, viu-se também que
cada uma organiza suas articulações de maneira
própria, particular. Observou-se que o falante, ao
adquirir uma língua, aprende todos as suas partes
Voltando à questão da língua universal, o
homem sempre desejou que houvesse uma que
fosse comum a todos os povos. Baseado nesse
desejo, criou-se o Esperanto, que tinha por obje-
tivo substituir o inglês. No entanto não deu certo,
ainda que a gramática seja acessível, o Esperanto
não permite ironias e ambiguidade, o que dificul-
tou o seu emprego.
interessaram em buscar a língua-mãe, ou seja,
aquela que deu origem a um grupo de línguas.
Nessa nova abordagem, eles descobriram que
a língua sofre mudanças de maneira ordena-
da e que essas transformações não ocorrem
porque alguém decreta, mas pelo amplo uso
de uma estrutura em um grupo. Por exemplo:
Aqua água
 pela vontade do homem, mas sim pelo uso que o
mesmo faz dela.
A verdade é que não se conseguiu uma língua universal, mas essa
descoberta foi de suma importância para o avanço nos estudos lin-
güísticos. Esses princípios diziam que todas as línguas variam no tem-
po e no espaço. Também descobriu-se que todas as línguas têm duas
articulações, uma que trata dos fonemas e outra que diz respeito aos
morfemas. Quando se estudou todas as línguas juntas, descobriu-se
que existem aspectos linguísticos que estão presentes em todas as
línguas. No entanto, viu-se também que cada uma organiza suas ar-
ticulações de maneira própria, particular. Observou-se que o falante,
ao adquirir uma língua, aprende todos as suas partes juntas, isto é,
todo o sistema, e não por partes – primeiro o som, depois a formação
de palavras, em seguida a formação de frases e o significado das pa-
lavras. Tudo isso é feito ao mesmo tempo pela criança. Constatou-se
que somente o homem é capaz de criar frases e palavras novas para
expressar situações inéditas, bem como é próprio do falante tornar
regulares as formas irregulares da língua.
 juntas, isto é, todo o sistema, e não por partes –
primeiro o som, depois a formação de palavras,
em seguida a formação de frases e o significado
das palavras. Tudo isso é feito ao mesmo tempo
pela criança. Constatou-se que somente o ho-
mem é capaz de criar frases e palavras novas para
expressar situações inéditas, bem como é próprio
do falante tornar regular as formas irregulares da
5 www.ulbra.br/ead 
Em 1916, com a publicação do livro Cours de Linguistique General de Ferdinad Saussure, fundou-se a Linguística. Essa ciência estuda a linguagem verbal (palavra escrita ou falada) hu- mana. Não cabe aos linguistas dizer o que é cer- to ou errado na língua, apenas analisar os vários usos e estruturas que a mesma apresenta em gru- pos sociais, a fim de descrevê-la. Na Linguística, dizer “Nóis fumo, vortemo e nada incontremo”
não é errado, se o emissor comunica a sua men- sagem. O linguista vai analisar essa frase dentro do contexto comunicativo em que ela foi dita e ver o porquê dessa estrutura gramatical, sem se preocupar em dizer que ela está errada, pois não está de acordo com a língua-padrão.
Para melhor entendermos a afirmação aci- ma, vamos tratar da variação linguística.
 Variação linguística e sua importância para o falante nativo
Como já foi dito anteriormente, não pode- mos esperar que se fale a mesma língua portu- guesa em todas as regiões do Brasil. A língua varia de acordo com a necessidade do falante, ou seja, toda vez que precisarmos de uma estrutura nova ou adaptada, nós mudaremos a nossa lín- gua. É importante lembrar que TODAS AS LÍN- GUAS, segundo o Princípio da Variação Lin- guística mudam no tempo e no espaço. Vamos ver alguns exemplos:
Ex.: “Veio ainda infante Claudio Manuel da Costa para a cidade do Rio de Janeiro a fim de receber a sua educação litteraria. Tinham os je- suítas as melhores escholas; pertenciam á Com- panhia os mais affamados mestres: frequentou elle as escholas dos Jesuítas; aprendeu latim, rhetorica, philosophia, rudimentos de mathema- ticas (...)” (trecho do livro “Os varões illustres do Brazil durante os tempos coloniáes, 1858, p.12)
Por incrível que pareça, o trecho acima foi escrito em português, o mesmo que falamos ago- ra, mas diferente porque pertence a outra época, provando que a língua muda de um período para outro.
No Rio Grande do Sul, os gaúchos fazem rancho (compras de comida) passam pela lom- bada. Esperam o ônibus na faixa (na rua) e co- mem negrinhos (brigadeiros).
Existem alguns motivos que levam a língua a variar, como os que seguem:
Região: cada região tem características pró- prias em termos geográficos, climáticos, cultu-
rais. Por isso, existem termos próprios usados somente nelas. No Norte, por exemplo, temos a disputa do boi Garantido versus o Caprichoso. Para isso, existe toda uma linguagem que se refe- re a essa disputa. No Sul, temos o tradicionalis- mo gaúcho, rico em expressões e ditados que são desconhecidos dentro do próprio Rio Grande do Sul, se o falante não fizer parte do movimento.
Ex. “Mais perdido que cusco em tiroteio” (ditado gaúcho)
Vamos ver um exemplo da linguagem nor- tista, que aborda a maior festa dessa região:
Os bois e os sons das toadas na floresta no Festival de Parintins. O som das toadas e o repique dos tam- bores. No centro, figuras típicas como Pai Francisco, Mãe Catirina, Tuchauas, Cunhã-Poranga, Pajé e diversas tribos indígenas cantam e dançam no ritmo alucinante e contagiante das toadas de boi. Esta é uma das cenas que podem ser vistas durante o Festival de Pa- rintins, considerado uma das maiores manifestações culturais do Brasil.
O espetáculo se transforma numa verdadeira batalha folclórica, em que os guerreiros são os simpatizantes dos
“Festival de Parintins”
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Faixa Etária: nossa linguagem muda con- forme a idade, tendo em vista o interesse que te- mos em cada faixa etária. A linguagem de uma criança é diferente da linguagem de um ado- lescente e essa é diferente da linguagem de um adulto, conforme os exemplos abaixo.
Sexo: homens e mulheres não falam a mes- ma linguagem. Pessoas do sexo feminino, por exemplo, preferem frases mais longas e elabo- radas, tendo em vista as revistas direcionadas a esse público. Já os homens são mais objetivos, por isso as frases são mais curtas e truncadas. Também o vocabulário difere, uma vez que os assuntos têm focos distintos. Em revistas femini- nas, encontramos questões que lidam com a vida amorosa, relacionamentos. Já as masculinas, tra- tam de futebol, carros e viagens. Há muito mais figuras nessas últimas do que nas primeiras.
Ex. “A linguagem do diretor de redação, Felipe Zobaran, é direta o objetiva, procurando se aproximar o máximo possível do seu sujeito interpretante:
Ex. “Eu e os meus irmãozinhos fomos a uma festinha na casa de amiguinhos.”
“Eu e os brothers fomos a uma balada na baía da galera.”
“Eu e amigos fomos a uma reunião na casa de amigos.”
luxo, fantasias e muita coreografia. A grande festa começa com uma re-
cepção chamada “Festa dos Visitantes” que acontece no Clube Ilha Verde e nos currais dos bumbas Garantido e Caprichoso.”
Bumbás Garantido (Vermelho e Branco) e Caprichoso (Azul e Branco). Na aveni- da, durante quase seis horas, a cada noite, sempre no final do mês de junho, eles en- cenam um verdadeiro ritual festivo, que encanta. São belas mulheres e homens,
Fonte 1 - Amazônia
Fonte 2 - SXC
Estudo:  quanto mais educação intelectual tiver o falante nativo, mais rica será a sua lin- guagem. Isso se dá pelo acesso à leitura, a novos conhecimentos. Infelizmente, no Brasil, a educa- ção, com tudo que diz respeito a la, é cara. Logo, são poucos que podem ter uma linguagem mais diversificada em todos os aspectos. É através do conhecimento que podemos conhecer e dominar os diferentes níveis de linguagem para, da melhor forma, adequá-los aos contextos comunicativos.
Ex. “ Fomos ao médico para consultá-lo so- bre dores de cabeça”
“Fumo ao médico para consultar ele sobre dor de cabeça.”
Tribos ou grupos sociais: cada vez mais, em busca de uma identificação e individualiza- ção em um mundo tão globalizado. Tribos ou grupos sociais se formam em cada canto do pla- neta. Além de roupas, comportamentos e ideo- logias diferentes, esses grupos se caracterizam por uma linguagem própria. A pessoa que não
Fonte 3 - Filologia
Estou sentado na cadeira de diretor de redação da VIP e a vista daqui não é nada má, ga- ranto a você. Estou muito bem cercado. Se giro a cadeira, vejo Sabrina, a musa instantânea, no seu primeiro ensaio calien- te para uma revista. Delícia. Giro de novo e é só prazer, acredite.
Este é o mundo de VIP. E meu trabalho é tra- tar muito bem dele. Como se fosse você, meu caro, sentado nessa cadeira.”
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Como se pode ver, esses e outros aspectos fazem com que a nossa língua mude sempre que acharmos necessário. É importante termos essa consciência para que possamos evitar atitudes preconceituosas e excludentes. Não podemos exigir que todos falem a mesma língua, pois a
mesma veste diferentes roupagens, a fim de aten- der nossas necessidades diárias. O importante, neste caso, é comunicar, ou seja, passar a mensa- gem para alguém, adequando o nível de lingua- gem ao contexto comunicativo.
 Arquivo
“Dropei a onda, peguei um tubo e levei uma vaca!”
Sur stas:
Funkeiros:
“Fui a um baile que era uma maresia. Conheci um alemão que tinha o maior conchavo. Dava corte em to- das as princesas. Um verdadeiro playboy.”
domina a linguagem desses grupos, não pode pertencer aos mesmos.. Vamos aos exemplos:
No próximo capítulo você aprenderá os níveis e funções
da linguagem. É muito importante que você lembre da variação lin- guística, porque, somente assim, você entenderá que a língua tem diferentes níveis e que o falan-
 te tem diferentes objetivos no processo comunicativo.
 Atividade Responda a questão a seguir:
Se não falamos a mesma língua, por que so- mos tão preconceituosos com aqueles que não empregam o nível coloquial?
Referência Comentada
MUSSALIN, Fernanda & BENTES, Ana Christina. Introdução à Linguística. São Pau- lo: Cortez, 2004. v.1
é um livro que inicia qualquer falante nativo na ciência da Linguística. Ainda que seja da área de Letras, a linguagem não é tão difícil e pode servir para as demais áreas, desde que as mes- mas tenham interesse em estudar a linguagem relacionada a outras ciências.
Referências Bibliográcas
BRANDÃO, Silvia Figueiredo. A Geogra- fia Linguística do Brasil. São Paulo: Ática, 1991.
CALVET, J.L. Sociolinguística. S. P. Pará- bola, 2002.
GNERRE, Maurizzio. Linguagem, escrita e poder. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
KRISTEVA, Julia. História da Lingua- gem. São Paulo: Editora 70, 2003. Coleção Signos.
 Autoavaliação Marque, com um X, a única alternativa cor-
reta.
1. As pessoas que estudam mais sofrem variação linguística porque:
A) a linguagem varia de acordo com as tri-
bos;
B) a linguagem varia de acordo com o sexo;
C) a linguagem varia de acordo com a idade;
D) a linguagem varia de acordo com o núme- ro de leituras e conhecimentos que fazemos e adquirimos.
2. Todas as línguas variam:
A) somente no espaço;
B) somente no tempo;
D) de acordo com a vontade do homem.
3. A forma que os grupos sociais ou tribos têm de se diferenciar é:
A) criando uma linguagem própria;
B) vestindo roupas diferenciadas;
C) usando cabelos diferenciados;
D) criando danças próprias.
Somos preconceituosos porque associamos outros níveis de linguagem, exceto os níveis coloquial e culto, com pessoas sem cultura e sem estudo.
 Autoavaliação
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 NÍVEIS E FUNÇÕES DA  LINGUAGEM Há várias formas de comunicação e também diferentes objetivos linguísticos.
Neste capítulo, destacamos a necessidade de observar em qual contexto comunicativo es- tamos inseridos, a fim de utilizarmos o nível de linguagem adequado. Além disso, estudamos as principais funções exercidas pela língua em nos- sa vida diária.
No que consistem os níveis de linguagem
Sempre que falamos, devemos observar em qual contexto comunicativo estamos inseridos, a fim de utilizarmos o nível de linguagem adequa- do. Ainda que a Linguística diga que não existe o certo e o errado na língua, devemos ter consciên- cia de que existe o adequado e o inadequado para determinadas situações. A língua é como roupa, assim como não vamos dar uma palestra usando
LÍNGUA CULTA OU PADRÃO No nível culto, dizemos: “Dá-me um copo d’água” porque esse nível está de acordo com as normas da gramática tradicional. Ideal para textos escritos. LÍNGUA COLOQUIAL Neste nível, podemos dizer: “Me dá um copo d’água” porque permite pequenos desvios da gramática padrão. É ideal para situações comunicativas orais. LÍNGUA VULGAR OU INCULTA Este nível contém várias inadequações se for-
mos levar em conta a gramática normativa da língua portuguesa. No entanto, em contextos comunicativos orais, pode ser usada sem pro-
blemas. Ex. Nóis não vimu ninguém.
 Vanessa Loureiro Corr ea
trajes de banho ou não usamos traje de gala para irmos à praia, não podemos usar um nível regio- nal, por exemplo, em textos escritos.
Sendo assim, atualmente, aquele que melhor conhece e domina os cinco níveis de linguagem existentes em nossa língua, tem melhores opor- tunidades do que aqueles que sabem apenas um. Abaixo estão os níveis com os exemplos.
LÍNGUA REGIONAL O nível regional diz respeito à linguagem usa- da nas regiões. Ex. Olha o tranco da morena, que passa ali no rancho!
LÍNGUA GRUPAL É o nível de linguagem que pertence a gru- pos fechados. Divide-se em técnica e gíria. Técnica: pertence a áreas de estudo. Só é com- preendida por aqueles que estudaram os termos. Ex.: O juiz deu um hábeas corpus ao réu. Gíria: é própria de “tribos” existentes na so- ciedade, como, por exemplo, os surfistas, os skatistas, os funkeiros e assim por diante. Ex.: Dropamos a onda e levamos uma vaca.
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Assim como temos níveis para usar nos con- textos comunicativos, também, quando falamos, sempre temos um objetivo. Ninguém fala se não tem necessidade; logo, o nosso discurso é acom- panhado de uma função. Vejamos as funções da
linguagem mais relevantes para a área acadêmica. Cabe ressaltar que temos as funções fática, poéti- ca, emotiva. No entanto, as mesmas, no contexto acadêmico, não são tão utilizadas. Sendo assim, vamos nos deter nas funções que seguem:
Função referencial (ou denotativa, ou cognitiva)
Aponta para o sentido real dos seres e coisas.
No texto anterior, Lua está no sentido denotativo, ou seja, como um satélite da Terra. É encontrada em todos os textos informativos que lemos e produzimos.
Função conativa (ou apelativa ou imperativa)
Centra-se no sujeito receptor e é eminente- mente persuasória.
“Quem tem Dell não troca Seu presente com total comodidade! Compre um Dell!”
Na propaganda anterior, vimos que o objeti- vo é fazer com que o receptor compre um compu- tador da marca Dell. Usamo-na, principalmente, quando emitidos uma ordem, estando ela ou não em forma de pedido, sugestão ou conselho.
 ASTROLOGIA: A importância da lua na vida das pessoas
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Função metalinguística É a língua falando da própria língua. Serve para verificar se emissor e receptor estão usando o
mesmo repertório.
Nesta canção, o autor define o que é saber amar usando outras palavras da língua para ex- plicar um sentimento, uma atitude. Esse tipo de função pauta todos os textos técnicos que têm por meta introduzir palavras próprias de cada área de estudo.
 Arquivo
 
verbal humana.
 Atividade Responda a questão a seguir:
Por que temos que ter um nível padrão nos textos escritos?
Referência Comentada
CHALHUB, Samira. 5 ed. Funções da lin- guagem. São Paulo. Ática, 1991.
É um livro que mostra todas as funções da linguagem através de uma conceituação simples e muitos exemplos. O leitor termina a leitura en- tendendo a diferença existente entre cada uma delas, uma vez que consegue visualiza-las nos exemplos dados.
Referências Bibliográcas
JACKOBSON, Roman. 18 ed. Linguística e Comunicação. São Paulo: Cultrix, 2001.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 2. ed. S.Paulo: Cortez, 2001
MARTINS, Dileta Silveira. Português Instrumental. 22.ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2002.
 Autoavaliação 1. No trecho da música : “Negue, o seu amor, o seu carinho. Diga que você já me esqueceu. Pise, machucando com jeitinho...”, a função predomi- nante é:
A) função metalinguística
B) função conativa
C) função referencial
D) função poética
2. No trecho da música Morocha: “Mulher pra mim é como redomão, maneador nas patas, pele- go na cara”, o nível de linguagem predominante é:
A) culto
B) coloquial
C) regional
D)grupal técnico
3. No trecho: “A crise mundial tem assustado a todos os países, sejam eles ricos, pobres ou em desenvolvimento. Sendo assim, urge que se te- nha cautela com os gastos domésticos nesse perí- odo.”, o nível e função predominantes são:
A) culto- referencial
B) coloquial - referencial
C) culto- metalinguística
Gabarito Questão para reexão
 Tendo em vista o tamanho do território brasileiro, temos que ter um código escrita que seja compreendido em qualquer região do país. No momento que usamos qual- quer outro nível que não o padrão, teremos – certamente – diculdades em entender a mensagem do texto. Preci- samos lembrar que a forma escrita não possui os mais
 variados recursos da forma falada (gestos, olhares, entre outros), precisando, por isso, ser o mais autosuciente possível na comunicação de uma ideia.
 Autoavaliação
 COESÃO DO  TEXTO ESCRITO
 Você sabe quais são as palavras que garantem a unidade dos textos?
Neste capítulo estudamos a coesão textual, destacando o papel dos anafóricos e dos articuladores como elementos que caracterizam este fator de textualidade. O objetivo é compreender o conceito de coesão textual e reconhecer e analisar o funcionamento dos anafóricos e dos articuladores na constru- ção do sentido em um texto.
O que é um texto coeso?
Todo texto escrito pressupõe uma organi- zação diferente da que caracteriza o texto fala- do. Veremos que a sua forma e estruturação são essenciais para a clareza da comunicação da mensagem, entretanto outros elementos também contribuem para que esse discurso seja bem-su- cedido. O que é a coesão textual?.
A palavra coesão no dicionário possui vários significados, entre os quais “ligação e associação íntima entre as partes de um todo”. Ora, se o todo é o texto, associar as suas partes é ligar as pala- vras e as ideias que o compõem sem repeti-las.
Para confirmar isso, consulte um dicionário e compare com a definição abaixo.
  1. Harmonia e equilíbrio entre as par- tes de um todo ou entre membros de um grupo ; UNIDADE. [ + a, entre: Falta coesão ao grupo.: Não se vê coesão entre os adversários do re- gime.]
  2. Caráter lógico de um discurso, tex- to etc. ; COERÊNCIA: O advoga- do mostrou a coesão das provas.
  3. Ling. Expressão formal das cone- xões de sentido que ligam entre si as partes de um texto. Pl.: -sões.
[F.: do fr. cohésion. Ideia de liga- ção, de adesão.]
Daniela Duarte Ilhesca Mozara Rossetto da Silva
Casa rosa bonita casa branca
Todos os elos podem formar uma corrente, po- rém precisam estar ligados entre si por meio de outros elos. Isso formará uma corrente coesa, e, no caso das palavras, isso também dará coesão ao texto. Veja o resultado:
A casa rosa é mais bonita que a branca.
Observemos o exemplo 1 depois de ler o texto a seguir.
Omarceneiro Osvaldo notou que o filho estava caminhan- do com os pés tortos. O mar-
ceneiro resolveu investigar. O marce- neiro concluiu que o filho estava com os pés apertados. Era hora de substituir aquele velho tênis. Levou o filho à lo-
 jinha do Manoel. A lojinha ficava per- to da casa do marceneiro. Chegando à lojinha, o marceneiro escolheu um tê- nis novo para o filho e separou o velho para jogar fora. O filho experimentou o tênis e começou a chorar. O marce- neiro não entendeu o porquê daquele choro, pensou que alguma coisa estava machucando o filho e tirou imediata- mente o tênis novo dos pés do filho. O filho continuou a chorar e disse que amava demais o tênis velho para trocar
O que notamos nesse texto é a falta de coe- são. Resumindo, nele encontramos:
a) muitas repetições;
b) muitas frases estanques, isto é, as ideias não estão ligadas umas às outras.
Agora que identificamos os problemas no texto, fica fácil reformulá-lo, corrigindo as re- petições e estabelecendo relação entre as ideias. Tente fazer as modificações necessárias e com- pare-as com as sugeridas no texto abaixo.
Exemplo 1
O marceneiro Osvaldo notou que o filho estava caminhando com os pés tortos E resolveu investigar. Concluiu que o garoto estava com os pés aper- tados, ALÉM DISSO que já era hora de substituir aquele tênis surrado. Levou-o, então, à lojinha do Manoel, que ficava perto de sua casa. QUAN- DO lá chegou, escolheu um novo cal- çado para seu piá E, TAMBÉM, se- parou o velho para jogar fora. MAL experimentara o presente, começou a chorar. Sem entender o porquê daque- le choro, o homem NÃO SÓ pensou que alguma coisa o estava machu- cando, COMO TAMBÉM tirou ime- diatamente o sapato do baixinho, que continuou a choramingar, dizendo que amava demais o companheiro para trocá-lo por outro. ASSIM, o pai pôs o antigo amigo no moleque A FIM DE voltarem para casa da mesma maneira como haviam saído.
Fonte 5 - SXC
por outro tênis. O marceneiro calçou os tênis velhos no filho e ele e o filho voltaram para casa da mesma maneira como tinham quando saído.
www.ulbra.br/ead  15
O texto sublinhado  indica as substituições feitas para evitar a repetição de palavras, enquan- to o texto em letras maiúsculas corrige a ligação entre as ideias por meio de uma possível relação de sentido.
Vejamos primeiramente as substituições. Observemos que todas possuem um referente an- terior, ou seja, só procuramos substituir aquelas palavras que já foram escritas anteriormente e não devem ser repetidas.
SUBSTITUIÇÕES REFERENTES
o presente novo calçado
o sapato o presente / novo calçado
Baixinho o piá / garoto / lho
o companheiro tênis surrado
Voltarem o lho e o pai
Que maneira
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No estudo da coesão, nomeiam-se as substitui- ções como anafóricos, os quais possuem um re- ferente anterior. O primeiro passo para obter co- esão textual é utilizar esse recurso, pois, dessa forma, o texto não ficará repetitivo.
Ainda em relação ao texto sobre o marce- neiro, precisamos também observar as palavras que ligaram ideias, estabelecendo uma relação de sentido entre elas. Verifique o quadro abaixo, observando a relação de sentido surgida entre as ideias, no momento em que foram conectadas.
O nome anafórico é esquisito, mas a sua função é muito simples: substi- tuir palavras ou ideias para que não se repitam no texto
PALAVRAS QUE LIGAM RELAÇÃO DE SENTIDO
E adição
 Assim conclusão
Exemplo 2 A ideia da mãe substituta é mais antiga do que parece. Na Bíblia, lemos que Sara, não
podendo engravidar, entregou sua serva Hagar ao marido Abraão, a fim de que ele se tor- nasse pai. Com isso, evitava o opróbrio que pesava sobre os casais sem filhos. Depois disso, a própria Sara engravidou, uma sugestão de que Deus recompensou seu desprendimento.
 Agora, vejamos mais um exemplo.
O que são anafóricos?
www.ulbra.br/ead  17
Observemos que, com as referên- cias/retomadas que estão sublinhadas, o texto fica muito mais claro e melhor redigido:
ele – Abraão com isso – entregar a serva ao ma- rido para que este se tornasse pai disso – entregar a serva ao marido para que este se tornasse pai seu – de Sara
A ideia da mãe substituta é mais an- tiga do que parece. Na Bíblia, lemos que Sara, não podendo engravidar, entregou sua serva Hagar ao marido Abraão, a fim de que Abraão se tornasse pai. En- tregando sua serva Hagar ao marido Abraão, a fim de que Abraão se tornasse pai, evitava o opróbrio que pesava sobre os casais sem filhos. Depois de entre- gar sua serva Hagar ao marido Abraão, a fim de que Abraão se tornasse pai, a própria Sara engravidou, uma sugestão de que Deus recompensou o desprendi- mento de Sara.
Exemplo 3
 Vamos analisar mais um exemplo.
Por que as gravações de depoimentos à CPI do Tráfico de Armas foram feitas por um funcionário terceirizado em vez de um servidor do quadro? Este último estaria submetido ao sigilo profissional que um cargo público implica. O primeiro, que entregou aos advogados de Marcos Camacho, o Marcola, por R$ 200, a fita com informações privilegiadas, não tem qualquer compromisso ético juramentado. Mesmo assim, há três anos, tem sido pela mão – pelo ouvido e confessadamente pelo bolso – dele que passam todas as informações sigilosas das CPIs. Informações essas que envolvem desde os nomes velados de testemunhas que arriscaram suas vidas depondo até a extensão do acesso das autoridades aos números das organizações criminosas e, mais, o planejamento estratégico para o seu combate.
Referências:
o primeiro – um funcionário terceirizado
dele – um funcionário terceirizado
suas – das testemunhas
Ficou terrível, não? Cansativo, extenso, prolixo, repetitivo e seria uma prova irrefutável da falta de vocabulário e revisão do autor.
Comparemos como seria desenvolvido o tex- to se o autor não tivesse tido esse cuidado:
 Arquivo
www.ulbra.br/ead  18
Outro recurso para estabelecermos a reto- mada de um termo que seria repetido é a elipse. Com ela, a palavra fica oculta, por ser facilmente depreendida do contexto.
Exemplo 4
Itamar Franco era um homem fe- liz ao passar a faixa presidencial para Fernando Henrique Cardoso, mas esta- va tristonho ao acordar no dia seguin- te. Já não era presidente da República desde 1º de janeiro e precisava deixar o Palácio do Jaburu (...) Calado, foi ao banheiro e embalou alguns objetos.
O sujeito do primeiro verbo é explicitamente mencionado, Itamar Franco. Os outros verbos do texto têm o mesmo sujeito, então não é necessá- rio repeti-lo a cada nova frase. É melhor manter o sujeito elíptico, isto é, oculto.
No estudo da coesão, nomeiam-se as pala- vras que ligam ideias de articuladores. Também conhecidos como conjunções, nexos ou conec- tivos, os articuladores possibilitam estabelecer uma relação de sentido entre as ideias.
Vamos ler os exemplos:
1.  Paulo não foi bem na prova. Ele não estudou oo,suficiente. 2. Joana estudou muito. Ela não passou no teste. 3. Chuva amanhã. Piquenique cancelado.
Veja se você consegue ligar as ideias por meio de um articulador.
Certamente, a escolha se deu a partir da relação de sentido que já existia entre as ideias mesmo sem estarem conectadas. Assim, é pos- sível que as respostas encontradas tenham sido as seguintes:
  1. Paulo não foi bem na prova porque não estudou o suficiente. (relação de expli- cação/causalidade)
  2. Joana estudou muito, mas não passou no teste. (relação de oposição/conces- são) ou Embora tenha estudado muito, Joana não passou no teste.
  3. Se houver chuva amanhã, o passeio será cancelado. (relação de condição)
Os articuladores apresentam várias possi- bilidades de sentidos. Abaixo, verifiquemos o quadro que contempla esses sentidos, bem como alguns exemplos de articuladores.
SENTIDOS ARTICULADORES
ADIÇÃO e, também, ainda, não só... mas também, além disso etc.
OPOSIÇÃO / CON- CESSÃO
mas, porém, contudo, entretanto, no entanto, embora, apesar de, mesmo que etc.
EXPLICAÇÃO /  CAUSALIDADE
porque, pois, visto que, uma vez que, já que etc.
COMPARAÇÃO tal qual, mais que, me- nos que, como etc.
CONDIÇÃO se, caso, desde que, quando etc.
ALTERNÂNCIA OU DISJUNÇÃO
TEMPORALIDA- DE ou PROPOR- CIONALIDADE
no momento em que, à medida que, mal, quan- do, enquanto, quanto mais... mais, à propor- ção que etc.
FINALIDADE a fim de, com o objeti- vo de, para etc.
CONFORMIDADE segundo, conforme, de acordo com, como etc.
CONCLUSÃO Portanto, assim, logo etc.
Como você escolheu o articulador apropriado? Será que acertou o alvo?
O que são articuladores?
Se me avisares do nascimento do bebê, irei visitá-lo. (condição)
No momento em que me avisares do nasci- mento do bebê, irei visitá-lo. (temporalidade)
Quando entrei em casa, vi que havia um vul- to atrás da cortina. (temporalidade)
Mal entrei em casa, vi que havia um vulto atrás da cortina.
c) Verifique o “e” nas seguintes frases:
Casaram-se e foram felizes para sempre. (adição)
Casaram-se, e não foram felizes para sem-
pre. (oposição) Casaram-se, mas não foram felizes para
sempre. Considerando os exemplos apresentados an-
teriormente, é importante conhecermos todos os
sentidos possíveis, mas é desaconselhável a “de-
coreba” dos articuladores, visto que um mesmo
nexo pode assumir um ou mais sentidos.
O que vale mesmo no estudo dos articuladores é entender a relação que as ideias podem ter em um determinado texto.
Observemos os textos a seguir, vericando a análi- se dos sentidos expressos pelos nexos destacados
É hoje, prática corrente de qualquer acadêmico, mesmo que não se dedi- que à carreira de inves- tigação, escrever artigos
destinados à apresentação em conferências da sua es-  pecialidade. Como a gene- ralidade das conferências satisfaz a tradição, é im-
 portante que o autor saiba cumprir o formato típico dos artigos científicos.
Exemplo 5 Elementos de coesão empregados:
mesmo que -  sentido de conces- são (poderia ser substituído, sem preju- ízo de significado, por apesar de não se dedicar... ou embora não se dedique...)
como - sentido de causalidade/expli- cação (poderia ser substituído, sem prejuí- zo de significado, por visto que ou já que)
É de suma importância a identificação do sentido que desejamos passar no momento da produção do texto, para que saibamos qual articulador de- verá ser selecionado para estabelecer essa “pon- te“ entre os períodos ou parágrafos.
Alguns articuladores podem estabelecer mais de uma relação de sentido.
Como não viu o carro, acabou provocando
um acidente. (explicação / causalidade)
Porque não viu o carro, acabou provocando um acidente.
Como prevê a lei, nenhuma criança pode fi- car sem escola. (conformidade)
Conforme prevê a lei, nenhuma criança pode ficar sem escola.
Ele é como o pai. (comparação) Ele é tal qual o pai.
Quando me avisares do nascimento do bebê, irei visitá-lo. (temporalidade ou condição)
Verifique o “como” nos exemplos abaixo:
a)
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Exemplo 6
Por vezes é pedido que um artigo seja acompanhado por um conjunto de palavras-chaves que caracterizem o domínio ou domínios em que ele se inscreve. Estes termos são normalmen- te utilizados para permitir que o artigo seja posteriormente encontrado em sistemas eletrônicos de pesquisa. Por isso, devem escolher-se palavras-chave tão gerais e comuns quanto possível.
Elementos de coesão empregados:
para –  sentido de finalidade (poderia ser substituído, sem prejuízo de significado, por a fim de permitir... ou com a finalidade de permitir...)
por isso – sentido de causalidade/explicação (poderia ser substituído, sem prejuízo de signifi- cado, por por esta razão... ou por este motivo...)
Agora vamos analisar dois trechos que uti- lizam os elementos de coesão estudados. O uso tanto dos anafóricos quanto dos articuladores confere aos trechos coesão, concisão e clareza,
Exemplo 7
O resumo não é uma introdução ao artigo, mas sim uma descrição su- mária da sua totalidade, na qual se procura realçar os aspectos menciona- dos. Deverá ser discursivo, e não ape- nas uma lista dos tópicos que o artigo cobre. Deve-se entrar na essência do resumo logo na primeira frase, sem ro- deios introdutórios nem recorrendo à fórmula estafada “Neste artigo ...”.
mas sim –  articulador que expressa oposição de ideias
e – articulador que expressa adição de informação
logo – articulador que expressa temporalidade
nem –  articulador que expressa adição de informação (Observe que mesmo os articula- dores não devem ser repetidos indefinidamente no texto; é preciso substituí-los por outros que transmitam o mesmo sentido, a fim de evitar a já comentada repetição de palavras.)
sua – anafórico que se refere ao termo artigo
na qual – anafórico que se refere à expres- são descrição sumária
deverá – anafórico que se refere ao termo resumo
A seguir, apresentamos uma demonstração de como o trecho do exemplo 7 estaria redigido se os elementos de coesão não fossem adequa- dos. Podemos comprovar, assim, o prejuízo em relação ao real sentido que o autor tenta transmi- tir e para o próprio acompanhamento da leitura e o entendimento do texto.
Exemplo 8
O resumo não é uma introdução ao artigo, portanto é uma descrição sumária da totalidade do artigo, na descrição sumária se procura realçar os aspectos mencionados. o resumo deverá ser discursivo, assim não ape- nas uma lista dos tópicos que o artigo cobre. Deve-se entrar na essência do resumo então na primeira frase, sem rodeios introdutórios nem recorrendo à fórmula estafada “Neste artigo ...”.
Elementos de coesão utilizados no texto 7:
qualidades indispensáveis para o bom entendi- mento de um texto.
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Exemplo 9
Pretendeu-se que este trabalho proporcionasse, de forma muito sin- tética, (1)  objetiva e estruturante, uma familiarização com os principais cuidados a ter na escrita de um artigo científico. (2)  satisfazer (3)  , optou-se por uma descrição sequencial das componentes típicas de um docu- mento desta natureza. Pensa-se que o resultado obtido satisfaz os requisitos de objetividade e pequena dimensão que pretendia atingir. Pensa-se (4) que constituirá um auxiliar útil, de
Cá entre nós.... ficou péssimo, não? Sentidos deturpados, repetições desnecessárias. Entretanto, como vimos, perfeit amente passível de aprimoramento.
No trecho a seguir, vamos identificar quais seriam os elementos coesivos necessários para que o texto apresentasse uma redação com mais estilo.
referência frequente para o leitor que pretenda construir a sua competência na escrita de artigos científicos. Faz- se notar, (5)  , que ninguém se pode considerar perfeito neste tipo de tare- fa. A arte de escrever artigos cientí- ficos constrói-se no dia-a-dia, através da experiência e da cultura. (6)  , as indicações deste texto deverão ser entendidas como um mero primeiro passo, enquadrador, para uma jornada plena de aliciantes, (7)  que nunca terá fim.
  1. oposição de ideias entre o caráter objetivo e estruturante e a forma muito sintética do tra- balho = porém ;
  2. finalidade / objetivo do trabalho= para;
  3. referência e retomada à pretensão citada na abertura do texto = este objetivo;
  4. adição/complementação de ideias = também;
  5. oposição entre o objetivo do trabalho e a dificuldade que toda redação de artigos científi- cos pressupõe = todavia;
  6. articulador que exprime a relação de conclusão, visto ser o último período do parágrafo = assim;
  7. oposição entre a ideia de um início de tarefa e a projeção dessa continuidade indefinida- mente = mas.
Fonte 8: Nogueira
Observamos o sentido exigido pelo contexto para complementar e unir as informações transmitidas:
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Como vimos, apenas um conjunto de palavras não é capaz de formar uma frase, e um conjunto aleatório de frases também não é suficiente para formar um texto.
Segue o texto na íntegra para
que comprovemos a sua redação
coesa e inteligível.
Pretendeu-se que este trabalho propor- cionasse, de forma muito sintética, porém objetiva e estruturante, uma familiarização com os principais cuidados a ter na escri- ta de um artigo científico. Para satisfazer este objetivo, optou-se por uma descrição sequencial das componentes típicas de um documento desta natureza. Pensa-se que o resultado obtido satisfaz os requisitos de objetividade e pequena dimensão que pre- tendia atingir. Pensa-se também que consti-
tuirá um auxiliar útil, de referência frequen- te para o leitor que pretenda construir a sua competência na escrita de artigos científi- cos. Faz-se notar, todavia, que ninguém se pode considerar perfeito neste tipo de ta- refa. A arte de escrever artigos científicos constrói-se no dia-a-dia, através da expe- riência e da cultura. Assim, as indicações deste texto deverão ser entendidas como um mero primeiro passo, enquadrador, para uma jornada plena de aliciantes, mas que nunca terá fim.
Fonte 9 - Nogueira
Para escrever um texto coeso, é necessário que as suas partes mantenham uma ordenação e uma relação entre si, que estejam de
acordo com o sistema lin- guístico e transmitam aos
leitores os sentidos COER- ENTES que o autor deseja demonstrar. Por isso, no
próximo capítulo, vamos es-  tudar os mecanismos que garantem essa COERÊNCIA
ções abaixo, observando a informação entre pa- rênteses.
a)Muitos candidatos não convencer mais nin- guém quase. Eles ainda impressionar alguns eleitores. (concessiva)
b)Eles parecer atores teatrais. Eles ser imbu- ídos da veemência das palavras e dos gestos. (explicação/causalidade)
Referência Comentada
COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e Textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
Este livro procura condensar noções rele- vantes sobre coesão textual e aplicá-las à análise de redações de vestibular, na tentativa de estabe- lecer um diagnóstico e levantar sugestões para o trabalho com a expressão escrita .
Referências Bibliográcas
GUIMARÃES, E. A articulação do texto. São Paulo: Ática, 2006.
KOCH, I.V. Coesão textual. São Paulo: Contexto, 2003.
 Autoavaliação No trecho: “Também tem o sentido de quem se apega à idade”, é correto afirmar a respeito do articulador TAMBÉM:
A) expressa sentido de condicionalidade, pois apresenta uma hipótese;
B) expressa sentido de conclusão ao encerrar uma ideia já apresentada;
C) expressa sentido de adição, pois acrescen-
ta um sentido;
D) expressa sentido de causalidade, pois é uma explicação do argumento anterior.
2) Assinale a alternativa que apresenta o referen- te do anafórico destacado em: “Curiosa palavra. Idoso. O que acumulou idade. Também tem o sentido de quem se apega à idade. Ou que A es- banja .”:
A) palavra;
B) Idoso;
D) idade.
3) Sobre a coesão do trecho: “Mas isso não ex- plicava a senhora do ônibus, uma desconhecida, sem qualquer expectativa de um dia ser recom- pensada pela sua gentileza. Ou os repetidos ges- tos de deferência de outros desconhecidos - até de bilheteiros, nos cinemas, me perguntando, por alguma razão, se eu queria um ingresso com des- conto.”, é correto afirmar que:
A) “se” é um articulador de causalidade;
B) “se” é um articulador de condição;
C) “sua” é um anafórico de “ ônibus”;
D) “sua” é um anafórico de “gentileza”.
Gabarito Questão reexiva
a) Muitos candidatos não convencem quase mais ninguém, embora ainda impressionem alguns eleitores. (concessiva)
b) Eles parecem atores teatrais, pois são imbuídos da  veemência das palavras e dos gestos. (explicação/cau- salidade)
 Autoavaliação
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 COERÊNCIA TEXTUAL  Você conhece os princípios que sustentam a coerência dos textos? Veja como isso acontece!
Neste capítulo, estudamos a coerência tex- tual, destacando os fatores principais que levam um texto a ser coerente.
O que é um texto coerente? A coerência textual implica que as palavras
devem manter uma correlação para que o texto não perca o seu sentido, ou seja, elas não podem ficar isoladas. Às vezes, quando redigimos um texto, não constatamos, em um primeiro mo- mento, que pode haver algumas incoerências que dificultarão a interpretabilidade textual. Vamos observar as frases abaixo e verificar se são coe- rentes ou não.
Exemplo 1
O meu pai não gosta de futebol, visto que meu pai comprou uma cami- seta da seleção brasileira para a Copa.
Façamos uma breve análise dessa frase.
Notamos que há repetição de palavras (o meu pai) e contradição de ideias (não gosta de futebol – comprou uma camiseta da seleção). Esses fatores acabam por comprometer a coerência do texto. Veja abaixo uma reconstrução coerente da frase:
Daniela Duarte Ilhesca Mozara Rossetto da Silva
 Arquivo
O meu pai não gosta de futebol, porém comprou uma camiseta da seleção brasileira para a Copa.
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Com a utilização de um articulador de oposição (porém), a ideia contraditória foi apagada, o texto ganhou fluência, e as duas ideias puderam ficar unidas, estabelecendo uma harmonia textual.
Que mecanismos garan- tem a coerência do texto?
No capítulo sobre coesão textual, vimos como é fundamental o uso de anafóricos  e de articuladores que contribuem para a qua- lidade do discurso escrito. Contudo, existem outros dois itens importantes que vão garan- tir a coerência de um texto: a não-contra- dição entre ideias, tempos verbais e pessoas do discurso e a relação das ideias de forma lógica, como veremos daqui a pouco.
De acordo com Charolles (1978), a coerência de um texto é sustentada pela utilização de quatro princípios básicos: repetição, progressão, não-contradição e relação.
Assim, quando terminamos uma produção textual, de vemos observar se todos foram con- siderados. Agora, vejamos cada um deles. O pri- meiro é o princípio da repetição, que se refere à utilização de anafóricos para evitar a repetição de palavras, expressões ou ideias, como podemos observar nos exemplos a seguir.
Exemplo 2
Ana comprou um carro, mas não o aprovou e decidiu trocá-lo por outro.
Exemplo 3
O meu trabalho foi entregue antes do prazo estipulado, mas ele apresen- tou alguns problemas de digitação e resolvi arrumá-lo.
O princípio da progressão  estabelece a utilização de articuladores para que o texto não se repita indefinidamente, isto é, para que haja sempre renovação da informação e acréscimo de novos argumentos.
Exemplo 4
Em votação realizada ontem à noite, os ministros do Tribunal Supe- rior Eleitoral (TSE) estabeleceram as regras para as eleições de outubro des- te ano. Entre as principais resoluções, os magistrados decidiram que não ha- verá teto para os gastos dos candidatos. Além disso, também está permitida a divulgação de pesquisas de opinião inclusive no dia da eleição, diferente- mente do que determinava a Lei Elei- toral sancionada pelo presidente Lula no último dia 10.
No entanto, o tribunal manteve a proibição à realização de showmícios e à distribuição de camisetas e brindes durante a campanha eleitoral, que co- meça em 5 de julho.
Observe que há presença de articuladores e informações novas são acrescentadas, permitindo a fluência do texto e garantindo sua progressão.
O princípio da não-contradição diz respei- to à obrigatoriedade da coerência entre as ideias, os tempos verbais e as pessoas do discurso, de forma que todos esses itens estejam presentes no texto sem nenhuma contradição. Vejamos alguns exemplos.
Fonte 10 - Zero Hora
Exemplo 5
Na elaboração deste trabalho, ob-  jetivamos mostrar os resultados, para que se tenha uma ideia bastante níti- da...
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Nos exemplos 5 e 6, houve modificação da pessoa do discurso (1ª pessoa do plural para 3ª pessoa do singular) e devemos manter a unidade no nosso texto.
Vejamos como poderíamos redigir essas frases de maneira correta:
 Na elaboração deste tra- balho, objetivamos mos- trar os resultados, para que tenhamos uma ideia bastante nítida ...
Exemplo 8 A seleção brasileira venceu a
Copa, apesar de ser a favorita.
Os exemplos 7 e 8 apresentam ideias con- traditórias, já que uma ideia vai de encontro à outra.
Não há censura no Brasil, mas nem todas as informações podem ser publicadas, pois com- prometem algumas pessoas.
A seleção brasileira venceu a Copa, já que era a favorita.
Exemplo 9
A pesquisa não possuía caráter científico e não tem um referencial te- órico adequado.
Exemplo 10
O ministro faz o anúncio de novas medidas econômicas na televisão, e os
 jornais publicaram-nas.
Nos exemplos 9 e 10, há modificação do tempo verbal, o que fere o princípio da não-con- tradição, pois devemos observar a uniformidade do tempo verbal (presente, pretérito, futuro e de- mais flexões) no texto.
Exemplo 6
Em suma, procuramos estabelecer alguns parâmetros para que se possa chegar a um resultado satisfatório.
Eles poderiam ser reescritos assim:
Finalizando, o princípio da relação  esta- belece que cada parte do texto, cada parágrafo encerrado, prepara o seguinte, e este, por sua vez, retoma e amplia o que foi apresentado pelo ante- rior, garantindo, assim, a permanência no tema,
 A pesquisa não possuía caráter científico e não tinha um referencial teó- rico adequado. O ministro fez o anúncio de novas medidas econô- micas na televisão, e os  jornais publicaram -nas.
O correto seria:
Exemplo 7 Não há censura no Brasil, só
que algumas informações não po- dem ser publicadas.
Em suma, procuramos estabelecer alguns parâ- metros para que possa- mos chegar a um resul- tado satisfatório.
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Exemplo 11
A noite mais fria do ano até agora cobriu de branco o Rio Grande do Sul. Quem teve de sair de casa logo no iní- cio da manhã presenciou belas paisa- gens, com campos cobertos pela geada na maior parte do Estado. Cambará do Sul voltou a ter temperatura negativa pelo segundo dia consecutivo. Desta vez, o termômetro registrou na cidade dos Campos de Cima da Serra -2,6°C, a menor marca do ano até agora.
O frio também foi intenso nas ou- tras regiões gaúchas, que tiveram mí- nimas variando entre 2°C e 4ºC. Em Santa Maria, termômetros registraram 0,9ºC, a segunda temperatura mais fria do Estado. No distrito de Boca do Mon- te, às 6h30min, uma ponte parecia que recém havia sido pintada de branco.
No exemplo 11, percebemos que não houve fuga do tema proposto no início do parágrafo, o qual foi retomado e ampliado através de um pas- seio pelas regiões onde fez frio naquele estado.
Como podemos notar, dois princípios já fazem parte do seu conhecimento básico sobre produção textual: o da repetição, que contempla o uso dos anafóricos, e o da progressão, que se refere à utilização de articuladores.
Já os princípios da não-contradição e da re- lação estão diretamente ligados à logicidade das ideias, considerando a manutenção do tema, da pessoa do discurso, do tempo verbal e da não- contradição de ideias.
Para nalizar, veja quantas incoerên-
cias o texto a seguir apresenta...
Exemplo 12
O turismo oferece muitas vanta- gens. Algumas delas e para quem tra- balha muito e não conseguia organi- zar uma agenda de viagens, para isso existirão as maravilhosas agências e outra é o conhecimen- to de novos vocabulários. Depois que voltamos para nossa terra na- tal é que se dá o devido valor para o nosso habitat, na ver- dade o que ficam mesmo são fotos, filmagens e lembranças e nem sempre as agências conseguem satisfazer os clientes. A vida é feita para ser vivida.
é contraditório quando diz que o tu- rismo oferece muitas vantagens e, no final, afirma que nem sempre as agên- cias conseguem satisfazer os clientes;
é contraditório quanto ao uso dos tem- pos verbais, pois o pensamento inicia no presente, mas no mesmo racio- cínio mistura o pretérito e o futuro;
é contraditório em relação à pessoa do discurso, na medida em que inicia com a 3ª pessoa (o turismo oferece) e passa à 1ª do plural (voltamos) no meio do texto;
 
para isso exis- tirão as maravilhosas agências e outra é o conhecimento de novos vocabulários;
falta relação do tópico frasal o turismo oferece muitas vantagens com a con- clusão a vida é feita para ser vivida.
sem fuga do assunto, como podemos constatar no exemplo seguinte, que trata sobre a noite mais fria do ano no estado do Rio Grande do Sul:
Fonte 11 - Zero Hora Problemas do texto:
a)
b)
c)
d)
e)
http://www.ulbra.br/ead
http://www.ulbra.br/ead
 
Notemos que o texto deixou de ser confuso, contraditório e sem lógica. Há manutenção do tema e da pessoa do discurso (sempre na 3a.), e as ideias estão relacionadas
entre si. Já sabemos o que é um texto coe- so e coerente! No próximo capítu- lo, utilizaremos esses conceitos para produzirmos um PARÁGRAFO- PADRÃO cujas ideias devem ser
concatenadas e estruturadas, a fim de preservar a unidade indis-
pensável para a redação.
O texto caria bem melhor assim...
O turismo oferece muitas vanta- gens. Algumas agências de viagens, por exemplo, facilitam a vida de quem tra- balha, uma vez que organizam roteiros maravilhosos que possibilitam conhe- cimentos variados. Outro benefício é a experiência de um vocabulário novo, pois, dependendo da região ou país que
Notamos ainda repetição de palavras e falta de articulação, o que compromete a coerência do texto.
se visita, tem-se contato com dialetos diferentes, ou mesmo, com línguas es- trangeiras. Há, também, a valorização da terra natal, já que só viajando é que se tem parâmetro de comparação para ava- liar o habitat natural. Logo, até quando se veem as fotos, as filmagens e as lem- branças, percebe-se o quanto vale viajar.
 Atividade Analise o trecho a seguir. Qual é o princípio
da coerência que foi infringido? Reescreva o tre- cho, tornando-o coerente.
Comprei um carro usado, mas esse carro apresentou problemas nos primeiros dias de uso e resolvi trocar o carro por outro carro.
Referência Comentada
KOCH, I.V. Coerência textual. São Paulo: Contexto, 2003.
A obra expõe a constituição dos sentidos nos textos e seus fatores, tais como os elementos linguísticos, o conhecimento do mundo, as infe- rências e a situação. Um de seus capítulos é dedi- cado ao registro de como a análise da coerência textual pode auxiliar no trabalho do professor no ensino da língua. Os autores apresentam ampla bibliografia comentada para os interessados em se aprofundar nesse campo.
Referências Bibliográcas
GUIMARÃES, E. A articulação do texto. São Paulo: Ática, 2006.
COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e Textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
Questão reexiva
O princípio infringido é o da REPETIÇÃO. Não houve cuidado com a substituição de palavras e o termo “carro” foi repetido quatro vezes.
O trecho caria melhor da seguinte forma:
Comprei um carro usado, mas esse apresentou problemas nos primeiros dias de uso e resolvi trocá-lo por outro automóvel.
 Autoavaliação
1.
( a ) há contradição no uso da pessoa do discur- so;
( d ) faltou relação do tópico frasal com a con- clusão;
( c ) há contradição no uso do tempo verbal.
2. C
3. D
problemas de construção, relacionan- do-os com os itens a seguir:
A) O trânsito apresenta inúmeros acidentes graves. É preciso saber-se suas causas para descobrirmos as possíveis soluções.
B) Pelé foi o melhor jogador de futebol que o mundo já viu. Maradona também foi o melhor.
C) Quando fazia chuva nas minhas férias, eu pensava que até é bom para descansar.
D) O progresso tecnológico avança a cada dia. A internet é o carro-chefe de todo esse avanço. Hoje, poucas pessoas ainda usam tevê sem controle remoto. As pessoas es- tão cada vez mais comodistas.
( ) há contradição de ideias;
( ) faltou relação do tópico frasal com a conclusão;
( ) há contradição no uso do tempo verbal.
2. Leia o período seguinte e assinale a al- ternativa que mostra o princípio de co- erência infringido:
“É verificável que a mulher, ao sair do lar para trabalhar fora, conquistou espaço social. Entretanto, com isso, ela perderia várias prerrogativas das quais sempre des- frutou“.
A)Princípio da progressão.
B)Princípio da relação.
C)Princípio da não-contradição.
D)Princípio da repetição.
3. Leia o período seguinte e assinale a al- ternativa que mostra o princípio de co- erência infringido:
“A administradora entende que os cães da
raça pitbull não deveriam existir, pois os cães oferecem risco de vida a todas as pessoas, inclusive às pessoas que criam os cães.“
A)Princípio da progressão.
B)Princípio da relação.
C)Princípio da não-contradição.
D)Princípio da repetição.
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 O PARÁGRAFO PADRÃO O processo de se escrever um texto coeso e coerente pode ser facilitado se prestarmos atenção a certos detalhes.
Neste capítulo, abordamos questões impres- cindíveis para a escrita do parágrafo-padrão, com o objetivo de levá-lo a reconhecer e dife- renciar os componentes de sua estrutura, além de planejá-lo e redigi-lo adequadamente.
Escrever um texto Muitas pessoas não sentem o mínimo es-
tímulo para elaborar umas poucas linhas es- critas; acreditam que não possuem o preparo indispensável para redigir algo que permita desvendar e compartilhar suas ideias. Elas fi- cam desanimadas e consideram-se inaptas para o dom da escrita. Qual o motivo de tais sen- timentos? Falta-lhes base cultural ou, tão so- mente, prática? Pois, para dominar os medos, é preciso praticar. É preciso ter iniciativa e es- crever. Porque só aprendemos a escrever escre- vendo.
A redação é um excelente instrumento para desenvolver a criatividade; seu hábito leva à or- ganização do pensamento e ao desenvolvimento da expressão linguística. Ao escrever, transmiti- mos o que pensamos sobre determinado assun- to a partir de experiências e vivências, e esta é uma tarefa que necessita aprendizagem. Parece uma solução fácil, mas não é. Muitas vezes, a pessoa se depara com a incumbência de redigir um texto, mas se encontra sem uma ideia central; não sabe como começar nem como prosseguir. Para superar o problema, ela deve se convencer
Ler e escrever: a prática leva à criação.
de que conhecimento, escrita e leitura são pro- cessos relacionados. Mesmo dominando as téc- nicas de redação, ninguém escreve sobre aquilo que não conhece; por outro lado, mesmo tendo plena informação sobre o assunto, a capacidade de expressão e de divulgação das ideias vai de- pender da compreensão dos princípios básicos redacionais.
Para poder executar bem a tarefa de escre- ver, você deve começar definindo o assunto; de- pois deve selecionar as ideias principais sobre esse assunto e, entre elas, escolher aquela que é
Luana Soares de Souza Mozara Rossetto da Silva
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Diariamente lemos textos e não paramos para analisar sua estrutura. Esta deve apresentar organização interna própria, que favoreça a coe- rência textual.
Leia o artigo transcrito a seguir e observe de quantos parágrafos ele é composto.
a central. A seguir, deve concatenar as ideias e organizar um esquema que preserve a unidade da redação. Finalmente, deve passar à escrita, lem- brando que, nem sempre, escrever bem significa escrever muito.
 A estrutura do parágrafo: suas partes
Exemplo 1
O desa o da qualidade
Crianças de 5ª série que não sabem ler nem escrever, salários baixos para todos os profissionais da escola, equipes deses- timuladas, famílias desinteressadas pelo que acontece com seus filhos nas salas de aula, qualidade que deixa a desejar, pro- fessores que fingem que ensinam e alunos que fingem que aprendem. O quadro da Educação brasileira (sobretudo a pública) está cada vez mais desanimador. Na mais recente avaliação nacional, o Prova Bra- sil, os estudantes de 4ª série obtiveram em Matemática e Língua Portuguesa notas que deveriam ser comuns na 1ª. E os de 8ª mal conseguem alcançar os conteúdos previstos para a 4ª. Enfrentar esse desafio parece, muitas vezes, uma tarefa impossível. Mas a verdade é uma só: assim como está, não dá para continuar! A boa notícia é que cada vez mais gente está percebendo isso – e se mobilizando para mudar essa situação dra- mática. No início de setembro, um grupo de empresários e líderes políticos lançaram (com grande apoio de jornais e emissoras de rádio e TV) o compromisso Todos pela Educação. Foram apresentadas cinco metas a ser atingidas até 7 de setembro de 2022, o ano do bicentenário da Independência:
• toda criança e jovem de 4 a 17 anos estará na escola;
• toda criança de 8 anos saberá ler e escrever;
• todo aluno aprenderá o que é apropriado para a sua série;
• todos os alunos vão concluir o Ensino Fundamental e o Médio;
• o investimento na Educação Bá- sica será garantido e bem geri- do.
A escolha da data é simbólica e re- força a crença de que um país só pode ser considerado independente, de fato, se suas crianças e jovens têm acesso à Educação de qualidade, afirma Ana Maria Diniz, presi- dente do Instituto Pão de Açúcar e uma das idealizadoras do pacto.(...).
Ninguém mais quer um país com uma taxa tão baixa de escolaridade: nossos alu- nos ficam, em média, apenas 4,9 anos na escola, contra 12 nos Estados Unidos, 11 na Coréia do Sul e oito na Argentina. E, o que é pior, não aprendem as competências bási- cas. Pesquisa nacional conduzida pelo Ins- tituto Paulo Montenegro mostra que 74% dos brasileiros são analfabetos funcionais, ou seja, não conseguem ler esta reportagem (na verdade, não compreendem nada mais complexo que um bilhete). É espantador, mas é verdade. De cada quatro pessoas, só uma é capaz de entender o que está escrito em qualquer texto minimamente complexo. E o mesmo ocorre com habilidades mate- máticas, como as quatro operações. Até algumas décadas atrás, esses dados tinham relativamente pouca relevância.
Hoje, com a globalização econômica, não dá mais para viver sem dominar essas competências básicas. Estudos comprovam que a riqueza de uma nação depende de sua produtividade e, portanto, da capacitação de sua mão-de-obra. Em bom economês, gente educada produz mais. Do ponto de vista social, a Educação também é a única saída para reduzir desigualdades. Números do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- tística (IBGE) mostram que filhos de mu-
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lheres com pouca escolaridade (até três anos de estudo) têm 2,5 vezes mais riscos de morrer antes de completar 5 anos de idade do que as crianças cujas mães estudaram por oito anos ou mais.
Nos últimos anos, o Brasil deu um passo im- portante ao (praticamente) resolver a questão do acesso à escola: 97% dos jovens de 7 a 14 anos estão matriculados. Só que esses míseros 3% que estão longe de livros e cadernos correspondem a 1,5 milhão de pessoas (logicamente, das cama- das mais pobres).(...).
No bicentenário da Independência, o cená- rio educacional pode ser o mesmo de hoje. Ou não. Mudar essa situação caótica é uma decisão de todos os cidadãos – e não só de empresários e dirigentes políticos, mas de diretores de escola, pais e professores. (...)
Fonte 12 - Nova Escola
Jornalismo literário
O que eu acredito é que existe texto bom e texto ruim. O bom texto é construído com infor- mações mais complexas do que a mera reprodu- ção do que é dito pelas fontes. É construído tam- bém com não-ditos, interditos, omissões, frases suspensas pelo meio, decepadas antes do ponto final. Dá ao leitor observação (muita), detalhes (muitos), cheiros, texturas, descrição do lugar, do jeito das pessoas, de como se vestem, sentam, andam, pegam o cigarro, passam a mão no cabe- lo, piscam etc. O jornalista tem de dar ao leitor esse retrato complexo de uma realidade que ele não testemunhou, mas pode alcançar pela leitura da reportagem. Uma enorme responsabilidade, portanto. E isso não é ficção, não é imaginação. É informação. Se eu digo que um sabiá cantou no enterro de tal pessoa, por exemplo, como já escrevi, é porque cantou – e não porque eu achei poético inventar um sabiá (se fosse escrever fic- ção, aliás, jamais usaria um sabiá porque é muito clichê...). Escrever um texto com grande nível de detalhamento dá muito mais trabalho ao repórter porque exige uma apuração exaustiva. Com todas as informações na mão, escrever é a parte mais fácil. Difícil é apurar bem para escrever bem. No  jornalismo, a qualidade do texto é resultado da qualidade da apuração. Costumam classificar esse tipo de texto, resultado dessa apuração rigorosa, de jornalismo literário. Mas eu prefiro chamar de bom jornalismo.
Exemplo 2
Essa simples conclusão é evidente, uma vez que é
puramente visual e assinalada pelo deslocamento
da margem. Entretanto, isso não é tudo. É preciso
aprender como se constrói um parágrafo para que
ele mantenha a estrutura e a coerência internas.
No artigo apresentado, notamos que, apesar
de existir uma relação entre eles (o cenário edu-
cacional brasileiro), a cada parágrafo é introduzi-
do um novo enfoque sobre o tema, como um pon-
to de vista diferente do anterior, ou é feita uma
nova abordagem desse tema. Assim, já podemos
deduzir que o parágrafo deve se ocupar de apenas
um aspecto ou de um enfoque do assunto; des-
sa forma, é garantida a sua unidade autônoma, a
qual pode compor um texto maior.
Um dos fatores que podem servir como ca-
racterística do parágrafo-padrão é o nível de lin-
guagem, uma vez que ele privilegia o registro
padrão.
produzido como um texto autônomo, isto é, ele
não compõe um texto com mais parágrafos.
O texto anterior é um exemplo de parágrafo. Esse tipo de construção textual traz as seguintes características estruturais:
a)  formalmente, apresenta uma única abertura ou entrada de margem, conforme observamos pela indicação da seta no exemplo apresentado.
b) apesar de serem textos relativamente curtos, pos- suem lógica interna e transmitem de maneira co- esa as informações necessárias. Ambos são com- postos pelas três partes indispensáveis a qualquer texto que pretenda estar completo e claro: introdu- ção, desenvolvimento e conclusão;
c) cada uma dessas partes é formada por certo nú- mero de períodos que, obviamente, pode variar de acordo com a necessidade do autor, mas também deve contemplar um mínimo que garanta sua cla- reza e concisão, lembrando que o desenvolvimen- to é maior do que as outras partes.
Fonte 15 - Zero Hora
Exemplo 3
de biodiesel
A semana será importante para a agricul- tura familiar no Rio Grande do Sul. Repre- sentantes do Ministério de Desenvolvimen- to Agrário e da Petrobras estarão no Estado para deflagrar projetos voltados para a produção de biodiesel. A meta é audacio- sa: não apenas inserir a agricultura familiar gaúcha na produção de álcool, como tornar o Estado auto-suficiente no médio prazo. A agenda começa nesta segunda-feira, com a assinatura de um memorando de enten- dimento para a instalação de uma usina de biodiesel e do contrato para instalação de uma usina de álcool entre a Petrobras e a Cooperbio, em Palmeira das Missões. Também será assinado um convênio para a manutenção do Curso de Técnico em Agropecuária Ecológica, com ênfase em Biocombustíveis, entre a Petrobras e a Fun- dep. Na quarta-feira, será a vez de assinar
Fonte 16 - Correio do Povo
memorando semelhante em Bagé, com os mesmo objetivos. As ações integram os projetos Biodiesel-Norte e Biodiesel-Sul, para implantação de um complexo indus- trial para a produção de biodiesel e álcool combustível.
 Argumento 1: integrantes de órgãos federais virão ao Rio Grande do Sul para dar início a progra- mas direcionados à produção de biodiesel.
Na introdução  (ou tópico frasal), a ideia inicial é apresentada. A partir de uma frase-núcleo, o leitor fica ciente do assun- to que será tratado no texto: as perspectivas favoráveis que se apresentam para a agri- cultura familiar gaúcha.
No desenvolvimento, a ideia inicial é expandida, sendo apresentados e ordenados os argumentos que a explicam e sustentam.
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Na conclusão, ocorre um fechamento que retoma a ideia central de modo coeso e coeren- te. Nesse parágrafo, o autor optou por uma con- clusão que apresenta o objetivo final das ações listadas: a construção de um complexo estadual destinado à produção de biodiesel e álcool com- bustível.
Observe que, para redigir cada parte, foi utilizado um determinado número de períodos.
QUADRO EXPLICATIVO
Relembrando
PERÍODO: começa com a letra ini- cial maiúscula e termina por uma pausa bem definida e indicada por ponto final (períodos 1 e 2, a seguir); ponto de inter- rogação (período 3); ponto de exclamação (período 4); ou reticências (período 5).
ATENÇÃO: vírgula, ponto-e-vírgula e dois-pontos são sinais de pontuação que
não delimitam períodos.
Exemplos de períodos:
1. O ponto nal é empregado ao término de um período de sentido completo.
2. O Brasil está entre os países que mais serão afetados pelo aquecimento global, conforme informa reportagem publicada pela Revista Veja.
3. Você gostou da comida daquele restau- rante na Estrada do Mar?
4. Mesmo em viagem ao exterior, não se esqueça de sua terra natal!
 Argumento 2: a inserção da agricul- tura familiar gaúcha na cadeia nacional de produção de álcool.
 Argumento 3: a assinatura pelos vi- sitantes de diversos documentos visando tornar o Estado, a médio prazo, auto- suficiente na área.
Representantes do Ministério de Desenvolvimento Agrário e da Petrobras estarão no Estado para
deflagrar projetos voltados para a produ- ção de biodiesel. A meta é audaciosa: não apenas inserir a agricultura familiar gaú- cha na produção de álcool, como tornar o Estado autosuficiente no médio prazo. A agenda começa nesta segunda-feira, com a assinatura de um memorando de enten- dimento para a instalação de uma usina de biodiesel e do contrato para instalação de uma usina de álcool entre a Petrobras e a Cooperbio, em Palmeira das Missões. Também será assinado um convênio para a manutenção do Curso de Técnico em Agropecuária Ecológica, com ênfase em Biocombustíveis, entre a Petrobras e a Fundep. Na quarta-feira, será a vez de assi- nar memorando semelhante em Bagé, com os mesmo objetivos.
5. Estou de regime; no momento só me ali- mento de carnes brancas e de hortaliças, como alface, rúcula, agrião, espinafre,...
Observação:
Os períodos 1, 3 e 4, por serem consti- tuídos de uma só oração (apenas um verbo), são períodos simples. Os períodos 2 e 5 são constituídos de mais de uma oração (mais de um verbo): são períodos compostos.
Vamos, agora, analisar os períodos do pará- grafo que constitui o exemplo 3.
A introdução é composta por um único pe- ríodo (ou seja, um ponto final).
A semana será importante para a agricultura familiar no Rio Grande do Sul.
O desenvolvimento tem cinco períodos (no caso, caracterizados por cinco pontos finais).
A conclusão traz um período (ou seja, um ponto final).
As ações integram os projetos Biodiesel- Norte e Biodiesel-Sul, para implantação de um complexo industrial para a produção de biodiesel e &aa