apostila ibge

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Técnico em Informações Geográficas e Estatísticas - IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE Técnico em Informações Geográficas e Estatísticas ÍNDICE LÍNGUA PORTUGUESA: Compreensão e interpretação de texto; ....................................................................................................................................................... 1 A organização textual dos vários modos de organização discursiva; ............................................................................................. 5 Coerência e coesão; ............................................................................................................................................................................................... 8 Ortografia; .............................................................................................................................................................................................................. 20 Classe, estrutura, formação e significação de vocábulos; Derivação e composição; ............................................................ 30 A oração e seus termos; ................................................................................................................................................................................... 46 A estruturação do período; ............................................................................................................................................................................. 40 As classes de palavras: aspectos morfológicos, sintáticos e estilísticos; Linguagem figurada; Pontuação. .............. 30 RACIOCÍNIO LÓGICO: Avaliação da habilidade do candidato em entender a estrutura lógica de relações entre pessoas, lugares, coisas ou eventos, deduzir novas informações e avaliar as condições usadas para estabelecer a estrutura daquelas relações. As questões das provas poderão tratar das seguintes áreas: estruturas lógicas; lógica de argumentação; diagra- mas lógicos; aritmética, álgebra e geometria básica. ............................................................................................................. Pp 1 a 80 GEOGRAFIA: Noções básicas de cartografia: Orientação: pontos cardeais; Localização: coordenadas geográficas (latitude e longitude); Representação: leitura, escala, legenda e convenções. ................................................................................................. 1 Natureza e meio ambiente no Brasil: Grandes domínios climáticos; Ecossistemas. ............................................................... 5 As atividades econômicas e a organização do espaço: Espaço agrário: modernização e conflitos; Espaço urbano: atividades econômicas, emprego e pobreza; ............................................................................................................................................. 9 A rede urbana e as Regiões Metropolitanas. .......................................................................................................................................... 16 Formação Territorial e Divisão Político-Administrativa: Divisão Político-Administrativa; Organização federativa. ...................................................................................................................................................................................................................................... 17 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS: Conhecimentos específicos sobre o IBGE: informações sobre a Instituição, conceitos básicos para o desenvolvi- mento do trabalho na Agência e da atividade do Técnico de Coleta. .............................................................................. Pp 1 a 14 CONHECIMENTOS GERAIS: Elementos de política brasileira. ..................................................................................................................................................................... 1 Cultura e sociedade brasileira: música, literatura, artes, arquitetura, rádio, cinema, teatro, jornais, revistas e tele- visão. ............................................................................................................................................................................................................................ 2 História do Brasil. ............................................................................................................................................................................................... 11 Descobertas e inovações científicas na atualidade e seus impactos na sociedade contemporânea. ............................. 27 Meio ambiente e sociedade: problemas, políticas públicas, organizações não governamentais, aspectos locais e aspectos globais. .................................................................................................................................................................................................. 29 Panorama da economia nacional. ................................................................................................................................................................ 46 O cotidiano brasileiro. ...................................................................................................................................................................................... 48 NOÇÕES DE INFORMÁTICA: Correio Eletrônico (mensagens, anexação de arquivos, cópias). Periféricos. Componentes. Estruturação de diretó- rios, subdiretórios e arquivos. Windows 7. Browser. .......................................................................................................... Pp 1 a 55

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  • Tcnico em Informaes Geogrficas e Estatsticas - IBGE

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IBGE

    Tcnico em Informaes Geogrficas e Estatsticas

    NDICE

    LNGUA PORTUGUESA: Compreenso e interpretao de texto; ....................................................................................................................................................... 1

    A organizao textual dos vrios modos de organizao discursiva; ............................................................................................. 5

    Coerncia e coeso; ............................................................................................................................................................................................... 8

    Ortografia; .............................................................................................................................................................................................................. 20

    Classe, estrutura, formao e significao de vocbulos; Derivao e composio; ............................................................ 30

    A orao e seus termos; ................................................................................................................................................................................... 46

    A estruturao do perodo; ............................................................................................................................................................................. 40

    As classes de palavras: aspectos morfolgicos, sintticos e estilsticos; Linguagem figurada; Pontuao. .............. 30

    RACIOCNIO LGICO: Avaliao da habilidade do candidato em entender a estrutura lgica de relaes entre pessoas, lugares, coisas ou

    eventos, deduzir novas informaes e avaliar as condies usadas para estabelecer a estrutura daquelas relaes.

    As questes das provas podero tratar das seguintes reas: estruturas lgicas; lgica de argumentao; diagra-

    mas lgicos; aritmtica, lgebra e geometria bsica. ............................................................................................................. Pp 1 a 80

    GEOGRAFIA: Noes bsicas de cartografia: Orientao: pontos cardeais; Localizao: coordenadas geogrficas (latitude e

    longitude); Representao: leitura, escala, legenda e convenes. ................................................................................................. 1

    Natureza e meio ambiente no Brasil: Grandes domnios climticos; Ecossistemas. ............................................................... 5

    As atividades econmicas e a organizao do espao: Espao agrrio: modernizao e conflitos; Espao urbano:

    atividades econmicas, emprego e pobreza; ............................................................................................................................................. 9

    A rede urbana e as Regies Metropolitanas. .......................................................................................................................................... 16

    Formao Territorial e Diviso Poltico-Administrativa: Diviso Poltico-Administrativa; Organizao federativa.

    ...................................................................................................................................................................................................................................... 17

    CONHECIMENTOS ESPECFICOS: Conhecimentos especficos sobre o IBGE: informaes sobre a Instituio, conceitos bsicos para o desenvolvi-

    mento do trabalho na Agncia e da atividade do Tcnico de Coleta. .............................................................................. Pp 1 a 14

    CONHECIMENTOS GERAIS: Elementos de poltica brasileira. ..................................................................................................................................................................... 1

    Cultura e sociedade brasileira: msica, literatura, artes, arquitetura, rdio, cinema, teatro, jornais, revistas e tele-

    viso. ............................................................................................................................................................................................................................ 2

    Histria do Brasil. ............................................................................................................................................................................................... 11

    Descobertas e inovaes cientficas na atualidade e seus impactos na sociedade contempornea. ............................. 27

    Meio ambiente e sociedade: problemas, polticas pblicas, organizaes no governamentais, aspectos locais e

    aspectos globais. .................................................................................................................................................................................................. 29

    Panorama da economia nacional. ................................................................................................................................................................ 46

    O cotidiano brasileiro. ...................................................................................................................................................................................... 48

    NOES DE INFORMTICA: Correio Eletrnico (mensagens, anexao de arquivos, cpias). Perifricos. Componentes. Estruturao de diret-

    rios, subdiretrios e arquivos. Windows 7. Browser. .......................................................................................................... Pp 1 a 55

  • APOSTILAS OPO A Sua Melhor Opo em Concursos Pblicos

    A Opo Certa Para a Sua Realizao

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    APOSTILAS OPO

  • APOSTILAS OPO A Sua Melhor Opo em Concursos Pblicos

    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 1

    LNGUA PORTUGUESA

    Compreenso e interpretao de texto; A organizao textual dos vrios modos de organizao discursiva; Coerncia e coeso; Ortografia; Classe, estrutura, formao e significao de vocbu-los; Derivao e composio; A orao e seus termos; A estruturao do perodo; As classes de palavras: aspectos morfolgicos, sintti-cos e estilsticos; Linguagem figurada; Pontuao.

    COMPREENSO E INTERPRETAO DE TEXTOS

    Os concursos apresentam questes interpretativas que tm por finali-dade a identificao de um leitor autnomo. Portanto, o candidato deve compreender os nveis estruturais da lngua por meio da lgica, alm de necessitar de um bom lxico internalizado.

    As frases produzem significados diferentes de acordo com o contexto

    em que esto inseridas. Torna-se, assim, necessrio sempre fazer um confronto entre todas as partes que compem o texto.

    Alm disso, fundamental apreender as informaes apresentadas por

    trs do texto e as inferncias a que ele remete. Este procedimento justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura ideolgica do autor diante de uma temtica qualquer.

    Denotao e Conotao Sabe-se que no h associao necessria entre significante (expres-

    so grfica, palavra) e significado, por esta ligao representar uma con-veno. baseado neste conceito de signo lingustico (significante + signi-ficado) que se constroem as noes de denotao e conotao.

    O sentido denotativo das palavras aquele encontrado nos dicionrios,

    o chamado sentido verdadeiro, real. J o uso conotativo das palavras a atribuio de um sentido figurado, fantasioso e que, para sua compreenso, depende do contexto. Sendo assim, estabelece-se, numa determinada construo frasal, uma nova relao entre significante e significado.

    Os textos literrios exploram bastante as construes de base conota-

    tiva, numa tentativa de extrapolar o espao do texto e provocar reaes diferenciadas em seus leitores.

    Ainda com base no signo lingustico, encontra-se o conceito de polis-

    semia (que tem muitas significaes). Algumas palavras, dependendo do contexto, assumem mltiplos significados, como, por exemplo, a palavra ponto: ponto de nibus, ponto de vista, ponto final, ponto de cruz ... Neste caso, no se est atribuindo um sentido fantasioso palavra ponto, e sim ampliando sua significao atravs de expresses que lhe completem e esclaream o sentido.

    Como Ler e Entender Bem um Texto Basicamente, deve-se alcanar a dois nveis de leitura: a informativa e

    de reconhecimento e a interpretativa. A primeira deve ser feita de maneira cautelosa por ser o primeiro contato com o novo texto. Desta leitura, extra-em-se informaes sobre o contedo abordado e prepara-se o prximo nvel de leitura. Durante a interpretao propriamente dita, cabe destacar palavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma palavra para resumir a ideia central de cada pargrafo. Este tipo de procedimento agua a memria visual, favorecendo o entendimento.

    No se pode desconsiderar que, embora a interpretao seja subjetiva,

    h limites. A preocupao deve ser a captao da essncia do texto, a fim de responder s interpretaes que a banca considerou como pertinentes.

    No caso de textos literrios, preciso conhecer a ligao daquele texto com outras formas de cultura, outros textos e manifestaes de arte da poca em que o autor viveu. Se no houver esta viso global dos momen-tos literrios e dos escritores, a interpretao pode ficar comprometida. Aqui no se podem dispensar as dicas que aparecem na referncia bibliogrfica da fonte e na identificao do autor.

    A ltima fase da interpretao concentra-se nas perguntas e opes de

    resposta. Aqui so fundamentais marcaes de palavras como no, exce-to, errada, respectivamente etc. que fazem diferena na escolha adequa-da. Muitas vezes, em interpretao, trabalha-se com o conceito do "mais adequado", isto , o que responde melhor ao questionamento proposto. Por isso, uma resposta pode estar certa para responder pergunta, mas no ser a adotada como gabarito pela banca examinadora por haver uma outra alternativa mais completa.

    Ainda cabe ressaltar que algumas questes apresentam um fragmento

    do texto transcrito para ser a base de anlise. Nunca deixe de retornar ao texto, mesmo que aparentemente parea ser perda de tempo. A descontex-tualizao de palavras ou frases, certas vezes, so tambm um recurso para instaurar a dvida no candidato. Leia a frase anterior e a posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor, desta maneira a resposta ser mais consciente e segura.

    Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretao de texto. Para isso, devemos observar o seguinte:

    01. Ler todo o texto, procurando ter uma viso geral do assunto; 02. Se encontrar palavras desconhecidas, no interrompa a leitura, v

    at o fim, ininterruptamente; 03. Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo monos

    umas trs vezes ou mais; 04. Ler com perspiccia, sutileza, malcia nas entrelinhas; 05. Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar; 06. No permitir que prevaleam suas ideias sobre as do autor; 07. Partir o texto em pedaos (pargrafos, partes) para melhor compre-

    enso; 08. Centralizar cada questo ao pedao (pargrafo, parte) do texto cor-

    respondente; 09. Verificar, com ateno e cuidado, o enunciado de cada questo; 10. Cuidado com os vocbulos: destoa (=diferente de ...), no, correta,

    incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; palavras que aparecem nas perguntas e que, s vezes, dificultam a entender o que se perguntou e o que se pediu;

    11. Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais exata ou a mais completa;

    12. Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamento de lgica objetiva;

    13. Cuidado com as questes voltadas para dados superficiais; 14. No se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta,

    mas a opo que melhor se enquadre no sentido do texto; 15. s vezes a etimologia ou a semelhana das palavras denuncia a

    resposta; 16. Procure estabelecer quais foram as opinies expostas pelo autor,

    definindo o tema e a mensagem; 17. O autor defende ideias e voc deve perceb-las; 18. Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito so importants-

    simos na interpretao do texto. Ex.: Ele morreu de fome. de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na realizao

    do fato (= morte de "ele"). Ex.: Ele morreu faminto. faminto: predicativo do sujeito, o estado em que "ele" se encontrava

    quando morreu.; 19. As oraes coordenadas no tm orao principal, apenas as idei-

    as esto coordenadas entre si; 20. Os adjetivos ligados a um substantivo vo dar a ele maior clareza

    de expresso, aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado. Eraldo Cunegundes

    ELEMENTOS CONSTITUTIVOS

  • APOSTILAS OPO A Sua Melhor Opo em Concursos Pblicos

    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 2

    TEXTO NARRATIVO As personagens: So as pessoas, ou seres, viventes ou no, for-

    as naturais ou fatores ambientais, que desempenham papel no desenrolar dos fatos.

    Toda narrativa tem um protagonista que a figura central, o heri ou

    herona, personagem principal da histria. O personagem, pessoa ou objeto, que se ope aos designos do prota-

    gonista, chama-se antagonista, e com ele que a personagem principal contracena em primeiro plano.

    As personagens secundrias, que so chamadas tambm de compar-

    sas, so os figurantes de influencia menor, indireta, no decisiva na narra-o.

    O narrador que est a contar a histria tambm uma personagem,

    pode ser o protagonista ou uma das outras personagens de menor impor-tncia, ou ainda uma pessoa estranha histria.

    Podemos ainda, dizer que existem dois tipos fundamentais de perso-

    nagem: as planas: que so definidas por um trao caracterstico, elas no alteram seu comportamento durante o desenrolar dos acontecimentos e tendem caricatura; as redondas: so mais complexas tendo uma dimen-so psicolgica, muitas vezes, o leitor fica surpreso com as suas reaes perante os acontecimentos.

    Sequncia dos fatos (enredo): Enredo a sequncia dos fatos, a

    trama dos acontecimentos e das aes dos personagens. No enredo po-demos distinguir, com maior ou menor nitidez, trs ou quatro estgios progressivos: a exposio (nem sempre ocorre), a complicao, o climax, o desenlace ou desfecho.

    Na exposio o narrador situa a histria quanto poca, o ambiente,

    as personagens e certas circunstncias. Nem sempre esse estgio ocorre, na maioria das vezes, principalmente nos textos literrios mais recentes, a histria comea a ser narrada no meio dos acontecimentos (in mdia), ou seja, no estgio da complicao quando ocorre e conflito, choque de inte-resses entre as personagens.

    O clmax o pice da histria, quando ocorre o estgio de maior ten-

    so do conflito entre as personagens centrais, desencadeando o desfecho, ou seja, a concluso da histria com a resoluo dos conflitos.

    Os fatos: So os acontecimentos de que as personagens partici-pam. Da natureza dos acontecimentos apresentados decorre o g-nero do texto. Por exemplo o relato de um acontecimento cotidiano constitui uma crnica, o relato de um drama social um romance social, e assim por diante. Em toda narrativa h um fato central, que estabelece o carter do texto, e h os fatos secundrios, rela-cionados ao principal.

    Espao: Os acontecimentos narrados acontecem em diversos lu-gares, ou mesmo em um s lugar. O texto narrativo precisa conter informaes sobre o espao, onde os fatos acontecem. Muitas ve-zes, principalmente nos textos literrios, essas informaes so extensas, fazendo aparecer textos descritivos no interior dos textos narrativo.

    Tempo: Os fatos que compem a narrativa desenvolvem-se num determinado tempo, que consiste na identificao do momento, dia, ms, ano ou poca em que ocorre o fato. A temporalidade sa-lienta as relaes passado/presente/futuro do texto, essas relaes podem ser linear, isto , seguindo a ordem cronolgica dos fatos, ou sofre inverses, quando o narrador nos diz que antes de um fa-to que aconteceu depois.

    O tempo pode ser cronolgico ou psicolgico. O cronolgico o tempo

    material em que se desenrola ao, isto , aquele que medido pela natureza ou pelo relgio. O psicolgico no mensurvel pelos padres fixos, porque aquele que ocorre no interior da personagem, depende da sua percepo da realidade, da durao de um dado acontecimento no seu esprito.

    Narrador: observador e personagem: O narrador, como j dis-

    semos, a personagem que est a contar a histria. A posio em que se coloca o narrador para contar a histria constitui o foco, o aspecto ou o ponto de vista da narrativa, e ele pode ser caracteri-zado por :

    - viso por detrs : o narrador conhece tudo o que diz respeito s personagens e histria, tendo uma viso panormica dos acon-tecimentos e a narrao feita em 3a pessoa.

    - viso com: o narrador personagem e ocupa o centro da narra-tiva que feito em 1a pessoa.

    - viso de fora: o narrador descreve e narra apenas o que v, aquilo que observvel exteriormente no comportamento da per-sonagem, sem ter acesso a sua interioridade, neste caso o narra-dor um observador e a narrativa feita em 3a pessoa.

    Foco narrativo: Todo texto narrativo necessariamente tem de a-presentar um foco narrativo, isto , o ponto de vista atravs do qual a histria est sendo contada. Como j vimos, a narrao feita em 1a pessoa ou 3a pessoa.

    Formas de apresentao da fala das personagens Como j sabemos, nas histrias, as personagens agem e falam. H

    trs maneiras de comunicar as falas das personagens. Discurso Direto: a representao da fala das personagens atra-

    vs do dilogo. Exemplo: Z Lins continuou: carnaval festa do povo. O povo dono da

    verdade. Vem a polcia e comea a falar em ordem pblica. No carna-val a cidade do povo e de ningum mais.

    No discurso direto frequente o uso dos verbo de locuo ou descendi:

    dizer, falar, acrescentar, responder, perguntar, mandar, replicar e etc.; e de travesses. Porm, quando as falas das personagens so curtas ou rpidas os verbos de locuo podem ser omitidos.

    Discurso Indireto: Consiste em o narrador transmitir, com suas

    prprias palavras, o pensamento ou a fala das personagens. E-xemplo:

    Z Lins levantou um brinde: lembrou os dias triste e passa-dos, os meus primeiros passos em liberdade, a fraternidade que nos reunia naquele momento, a minha literatura e os me-nos sombrios por vir.

    Discurso Indireto Livre: Ocorre quando a fala da personagem se

    mistura fala do narrador, ou seja, ao fluxo normal da narrao. Exemplo:

    Os trabalhadores passavam para os partidos, conversando alto. Quando me viram, sem chapu, de pijama, por aqueles lugares, deram-me bons-dias desconfiados. Talvez pensassem que estivesse doido. Como poderia andar um homem quela hora , sem fazer nada de cabea no tempo, um branco de ps no cho como eles? S sendo doido mesmo.

    (Jos Lins do Rego) TEXTO DESCRITIVO Descrever fazer uma representao verbal dos aspectos mais carac-

    tersticos de um objeto, de uma pessoa, paisagem, ser e etc. As perspectivas que o observador tem do objeto so muito importantes,

    tanto na descrio literria quanto na descrio tcnica. esta atitude que vai determinar a ordem na enumerao dos traos caractersticos para que o leitor possa combinar suas impresses isoladas formando uma imagem unificada.

    Uma boa descrio vai apresentando o objeto progressivamente, vari-

    ando as partes focalizadas e associando-as ou interligando-as pouco a pouco.

    Podemos encontrar distines entre uma descrio literria e outra tc-

    nica. Passaremos a falar um pouco sobre cada uma delas: Descrio Literria: A finalidade maior da descrio literria

    transmitir a impresso que a coisa vista desperta em nossa mente atravs do sentidos. Da decorrem dois tipos de descrio: a subje-

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    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 3

    tiva, que reflete o estado de esprito do observador, suas prefern-cias, assim ele descreve o que quer e o que pensa ver e no o que v realmente; j a objetiva traduz a realidade do mundo objeti-vo, fenomnico, ela exata e dimensional.

    Descrio de Personagem: utilizada para caracterizao das personagens, pela acumulao de traos fsicos e psicolgicos, pela enumerao de seus hbitos, gestos, aptides e temperamen-to, com a finalidade de situar personagens no contexto cultural, so-cial e econmico .

    Descrio de Paisagem: Neste tipo de descrio, geralmente o observador abrange de uma s vez a globalidade do panorama, para depois aos poucos, em ordem de proximidade, abranger as partes mais tpicas desse todo.

    Descrio do Ambiente: Ela d os detalhes dos interiores, dos ambientes em que ocorrem as aes, tentando dar ao leitor uma visualizao das suas particularidades, de seus traos distintivos e tpicos.

    Descrio da Cena: Trata-se de uma descrio movimentada, que se desenvolve progressivamente no tempo. a descrio de um incndio, de uma briga, de um naufrgio.

    Descrio Tcnica: Ela apresenta muitas das caractersticas ge-rais da literatura, com a distino de que nela se utiliza um vocabu-lrio mais preciso, salientando-se com exatido os pormenores. predominantemente denotativa tendo como objetivo esclarecer convencendo. Pode aplicar-se a objetos, a aparelhos ou mecanis-mos, a fenmenos, a fatos, a lugares, a eventos e etc.

    TEXTO DISSERTATIVO Dissertar significa discutir, expor, interpretar ideias. A dissertao cons-

    ta de uma srie de juzos a respeito de um determinado assunto ou ques-to, e pressupe um exame critico do assunto sobre o qual se vai escrever com clareza, coerncia e objetividade.

    A dissertao pode ser argumentativa - na qual o autor tenta persuadir

    o leitor a respeito dos seus pontos de vista ou simplesmente, ter como finalidade dar a conhecer ou explicar certo modo de ver qualquer questo.

    A linguagem usada a referencial, centrada na mensagem, enfatizan-

    do o contexto. Quanto forma, ela pode ser tripartida em : Introduo: Em poucas linhas coloca ao leitor os dados funda-

    mentais do assunto que est tratando. a enunciao direta e ob-jetiva da definio do ponto de vista do autor.

    Desenvolvimento: Constitui o corpo do texto, onde as ideias colo-cadas na introduo sero definidas com os dados mais relevan-tes. Todo desenvolvimento deve estruturar-se em blocos de ideias articuladas entre si, de forma que a sucesso deles resulte num conjunto coerente e unitrio que se encaixa na introduo e de-sencadeia a concluso.

    Concluso: o fenmeno do texto, marcado pela sntese da ideia central. Na concluso o autor refora sua opinio, retomando a in-troduo e os fatos resumidos do desenvolvimento do texto. Para haver maior entendimento dos procedimentos que podem ocorrer em um dissertao, cabe fazermos a distino entre fatos, hiptese e opinio.

    - Fato: o acontecimento ou coisa cuja veracidade e reconhecida; a obra ou ao que realmente se praticou.

    - Hiptese: a suposio feita acerca de uma coisa possvel ou no, e de que se tiram diversas concluses; uma afirmao so-bre o desconhecido, feita com base no que j conhecido.

    - Opinio: Opinar julgar ou inserir expresses de aprovao ou desaprovao pessoal diante de acontecimentos, pessoas e obje-tos descritos, um parecer particular, um sentimento que se tem a respeito de algo.

    O TEXTO ARGUMENTATIVO

    Um texto argumentativo tem como objetivo convencer algum das nossas ideias. Deve ser claro e ter riqueza lexical, podendo tratar qualquer tema ou assunto.

    constitudo por um primeiro pargrafo curto, que deixe a ideia no ar, depois o desenvolvimento deve referir a opinio da pessoa que o escreve, com argumentos convincentes e verdadeiros, e com exemplos claros. Deve tambm conter contra-argumentos, de forma a no permitir a meio da leitura que o leitor os faa. Por fim, deve ser concludo com um pargrafo que responda ao primeiro pargrafo, ou simplesmente com a ideia chave da opinio.

    Geralmente apresenta uma estrutura organizada em trs partes: a introduo, na qual apresentada a ideia principal ou tese; o desenvolvimento, que fundamenta ou desenvolve a ideia principal; e a concluso. Os argumentos utilizados para fundamentar a tese podem ser de diferentes tipos: exemplos, comparao, dados histricos, dados estatstico, pesquisas, causas socioeconmicas ou culturais, depoimentos - enfim tudo o que possa demonstrar o ponto de vista defendido pelo autor tem consistncia. A concluso pode apresentar uma possvel soluo/proposta ou uma sntese. Deve utilizar ttulo que chame a ateno do leitor e utilizar variedade padro de lngua.

    A linguagem normalmente impessoal e objetiva. O roteiro da persuaso para o texto argumentativo:

    Na introduo, no desenvolvimento e na concluso do texto argumen-tativo espera-se que o redator o leitor de seu ponto de vista. Alguns recur-sos podem contribuir para que a defesa da tese seja concluda com suces-so. Abaixo veremos algumas formas de introduzir um pargrafo argumenta-tivo:

    Declarao inicial: uma forma de apresentar com assertivi-dade e segurana a tese.

    A aprovao das Cotas para negros vem reparar uma divida moral e um dano social. Oferecer oportunidade igual de ingresso no Ensino Superi-or ao negro por meio de polticas afirmativas uma forma de admitir a diferena social marcante na sociedade e de igualar o acesso ao mercado de trabalho.

    Interrogao: Cria-se com a interrogao uma relao prxima com o leitor que, curioso, busca no texto resposta as perguntas feitas na introduo.

    Por que nos orgulhamos da nossa falta de conscincia coletiva? Por que ainda insistimos em agir como espertos individualistas?

    Citao ou aluso: Esse recurso garante defesa da tese car-ter de autoridade e confere credibilidade ao discurso argumentativo, pois se apoia nas palavras e pensamentos de outrem que goza de prestigio.

    As pessoas chegam ao ponto de uma criana morrer e os pais no chorarem mais, trazerem a criana, jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e irem embora. O comentrio do fotgrafo Sebastio Salgado sobre o que presenciou na Ruanda um chamado conscincia pbli-ca.

    Exemplificao: O processo narrativo ou descritivo da exempli-ficao pode conferir argumentao leveza a cumplicidade. Porm, deve-se tomar cuidado para que esse recurso seja breve e no interfira no processo persuasivo.

    Noite de quarta-feira nos Jardins, bairro paulistano de classe mdia. Restaurante da moda, frequentado por jovens bem-nascidos, sofre o se-gundo arrasto do ms. Clientes e funcionrios so assaltados e amea-ados de morte. O cotidiano violento de So Paulo se faz presente.

    Roteiro: A antecipao do que se pretende dizer pode funcionar como encaminhamento de leitura da tese.

    Busca-se com essa exposio analisar o descaso da sociedade em relao s coletas seletivas de lixo e a incompetncia das prefeituras.

    Enumerao: Contribui para que o redator analise os dados e exponha seus pontos de vista com mais exatido.

    Pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Sade de So Pau-lo aponta que as maiores vtimas do abuso sexual so as crianas meno-res de 12 anos. Elas representam 43% dos 1.926 casos de violncia se-

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    xual atendidos pelo Programa Bem-Me-Quer, do Hospital Prola Bying-ton.

    Causa e consequncia: Garantem a coeso e a concatenao das ideias ao longo do pargrafo, alm de conferir carter lgico ao pro-cesso argumentativo.

    No final de maro, o Estado divulgou ndices vergonhosos do Idesp indicador desenvolvido pela Secretaria Estadual de Educao para ava-liar a qualidade do ensino (). O pssimo resultado apenas conse-quncia de como est baixa a qualidade do ensino pblico. As causas so vrias, mas certamente entre elas est a falta de respeito do Estado que, prximo do fim do 1 bimestre, ainda no enviou apostilas para al-gumas escolas estaduais de Rio Preto.

    Sintese: Refora a tese defendida, uma vez que fecha o texto com a retomada de tudo o que foi exposto ao longo da argumentao. Recurso seguro e convincente para arrematar o processo discursivo.

    Quanto a Lei Geral da Copa, aprovou-se um texto que no o ideal, mas sustenta os requisitos da Fifa para o evento.

    O aspecto mais polmico era a venda de bebidas alcolicas nos es-tdios. A lei eliminou o veto federal, mas no exclui que os organizadores precisem negociar a permisso em alguns Estados, como So Paulo.

    Proposta: Revela autonomia critica do produtor do texto e ga-rante mais credibilidade ao processo argumentativo.

    Recolher de forma digna e justa os usurios de crack que buscam ajuda, oferecer tratamento humano dever do Estado. No faz sentido isolar para fora dos olhos da sociedade uma chaga que pertence a to-dos. Mundograduado.org

    Modelo de Dissertao-Argumentativa

    Meio-ambiente e tecnologia: no h contraste, h soluo

    Uma das maiores preocupaes do sculo XXI a preservao ambi-ental, fator que envolve o futuro do planeta e, consequentemente, a sobre-vivncia humana. Contraditoriamente, esses problemas da natureza, quan-do analisados, so equivocadamente colocados em oposio tecnologia.

    O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avano tem um preo a se pagar. As indstrias, por exemplo, que so costumeiramente ligadas ao progresso, emitem quantidades exorbitantes de CO2 (carbono), respons-veis pelo prejuzo causado Camada de Oznio e, por conseguinte, pro-blemas ambientais que afetam a populao.

    Mas, se a tecnologia significa conhecimento, nesse caso, no vemos contrastes com o meio-ambiente. Estamos numa poca em que preservar os ecossistemas do planeta mais do que avano, uma questo de continuidade das espcies animais e vegetais, incluindo-se principalmente ns, humanos. As pesquisas acontecem a todo o momento e, dessa forma, podemos consider-las parceiras na busca por solues a essa problemti-ca.

    O desenvolvimento de projetos cientficos que visem a amenizar os transtornos causados Terra plenamente possvel e real. A era tecnol-gica precisa atuar a servio do bem-estar, da qualidade de vida, muito mais do que em favor de um conforto momentneo. Nessas circunstncias no existe contraste algum, pelo contrrio, h uma relao direta que poder se transformar na salvao do mundo.

    Portanto, as universidades e instituies de pesquisas em geral preci-sam agir rapidamente na elaborao de pacotes cientficos com vistas a combater os resultados caticos da falta de conscientizao humana. Nada melhor do que a cincia para direcionar formas prticas de amenizarmos a ferida que tomou conta do nosso Planeta Azul.

    Nesse modelo, didaticamente, podemos perceber a estrutura textual dissertativa assim organizada:

    1 pargrafo: Introduo com apresentao da tese a ser defendi-da;

    Uma das maiores preocupaes do sculo XXI a preservao ambi-ental, fator que envolve o futuro do planeta e, consequentemente, a sobre-

    vivncia humana. Contraditoriamente, esses problemas da natureza, quan-do analisados, so equivocadamente colocados em oposio tecnologia.

    2 pargrafo: H o desenvolvimento da tese com fundamentos ar-gumentativos;

    O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avano tem um preo a se pagar. As indstrias, por exemplo, que so costumeiramente ligadas ao progresso, emitem quantidades exorbitantes de CO2 (carbono), respon-sveis pelo prejuzo causado Camada de Oznio e, por conseguinte, problemas ambientais que afetam a populao.

    Mas, se a tecnologia significa conhecimento, nesse caso, no vemos contrastes com o meio-ambiente. Estamos numa poca em que preservar os ecossistemas do planeta mais do que avano, uma questo de continuidade das espcies animais e vegetais, incluindo-se principalmente ns, humanos. As pesquisas acontecem a todo o momento e, dessa forma, podemos consider-las parceiras na busca por solues a essa problemti-ca.

    3 pargrafo: A concluso desenvolvida com uma proposta de interveno relacionada tese.

    O desenvolvimento de projetos cientficos que visem a amenizar os transtornos causados Terra plenamente possvel e real. A era tecnol-gica precisa atuar a servio do bem-estar, da qualidade de vida, muito mais do que em favor de um conforto momentneo. Nessas circunstncias no existe contraste algum, pelo contrrio, h uma relao direta que poder se transformar na salvao do mundo.

    Portanto, as universidades e instituies de pesquisas em geral preci-sam agir rapidamente na elaborao de pacotes cientficos com vistas a combater os resultados caticos da falta de conscientizao humana. Nada melhor do que a cincia para direcionar formas prticas de amenizarmos a ferida que tomou conta do nosso Planeta Azul. Prof Francinete

    A ideia principal e as secundrias Para treinarmos a redao de pequenos pargrafos narrativos, vamos

    nos colocar no papel de narradores, isto , vamos contar fatos com base na organizao das ideias.

    Leia o trecho abaixo:

    Meu primo j havia chegado metade da perigosa ponte de ferro quando, de repente, um trem saiu da curva, a cem metros da ponte. Com isso, ele no teve tempo de correr para a frente ou para trs, mas, demons-trando grande presena de esprito, agachou-se, segurou, com as mos, um dos dormentes e deixou o corpo pendurado.

    Como voc deve ter observado, nesse pargrafo, o narrador conta-nos um fato acontecido com seu primo. , pois, um pargrafo narrativo. Anali-semos, agora, o pargrafo quanto estrutura.

    As ideias foram organizadas da seguinte maneira:

    Ideia principal:

    Meu primo j havia chegado metade da perigosa ponte de ferro quando, de repente, um trem saiu da curva, a cem metros da ponte.

    Ideias secundrias:

    Com isso, ele no teve tempo de correr para a frente ou para trs, mas, demonstrando grande presena de esprito, agachou-se, segurou, com as mos, um dos dormentes e deixou o corpo pendurado.

    A ideia principal, como voc pode observar, refere-se a uma ao peri-gosa, agravada pelo aparecimento de um trem. As ideias secundrias complementam a ideia principal, mostrando como o primo do narrador conseguiu sair-se da perigosa situao em que se encontrava.

    Os pargrafos devem conter apenas uma ideia principal acompanhado de ideias secundrias. Entretanto, muito comum encontrarmos, em par-grafos pequenos, apenas a ideia principal. Veja o exemplo:

    O dia amanhecera lindo na Fazenda Santo Incio.

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    Os dois filhos do sr. Soares, administrador da fazenda, resolveram a-proveitar o bom tempo. Pegaram um animal, montaram e seguiram conten-tes pelos campos, levando um farto lanche, preparado pela me.

    Nesse trecho, h dois pargrafos.

    No primeiro, s h uma ideia desenvolvida, que corresponde ideia principal do pargrafo: O dia amanhecera lindo na Fazenda Santo Incio.

    No segundo, j podemos perceber a relao ideia principal + ideias secundrias. Observe:

    Ideia principal:

    Os dois filhos do sr. Soares, administrador da fazenda, resolveram a-proveitar o bom tempo.

    Ideia secundrias:

    Pegaram um animal, montaram e seguiram contentes pelos campos, levando um farto lanche, preparado pela me.

    Agora que j vimos alguns exemplos, voc deve estar se perguntando: Afinal, de que tamanho o pargrafo?

    Bem, o que podemos responder que no h como apontar um pa-dro, no que se refere ao tamanho ou extenso do pargrafo.

    H exemplos em que se veem pargrafos muito pequenos; outros, em que so maiores e outros, ainda, muito extensos.

    Tambm no h como dizer o que certo ou errado em termos da ex-tenso do pargrafo, pois o que importante mesmo, a organizao das ideias. No entanto, sempre til observar o que diz o dito popular nem oito, nem oitenta.

    Assim como no aconselhvel escrevermos um texto, usando apenas pargrafos muito curtos, tambm no aconselhvel empregarmos os muito longos.

    Essas observaes so muito teis para quem est iniciando os traba-lhos de redao. Com o tempo, a prtica dir quando e como usar pargra-fos pequenos, grandes ou muito grandes.

    At aqui, vimos que o pargrafo apresenta em sua estrutura, uma ideia principal e outras secundrias. Isso no significa, no entanto, que sempre a ideia principal aparea no incio do pargrafo. H casos em que a ideia secundria inicia o pargrafo, sendo seguida pela ideia principal. Veja o exemplo:

    As estacas da cabana tremiam fortemente, e duas ou trs vezes, o solo estremeceu violentamente sob meus ps. Logo percebi que se tratava de um terremoto.

    Observe que a ideia mais importante est contida na frase: Logo per-cebi que se tratava de um terremoto, que aparece no final do pargrafo. As outras frases (ou ideias) apenas explicam ou comprovam a afirmao: as estacas tremiam fortemente, e duas ou trs vezes, o solo estremeceu violentamente sob meus ps e estas esto localizadas no incio do par-grafo.

    Ento, a respeito da estrutura do pargrafo, conclumos que as ideias podem organizar-se da seguinte maneira:

    Ideia principal + ideias secundrias

    ou

    Ideias secundrias + ideia principal

    importante frisar, tambm, que a ideia principal e as ideias se-cundrias no so ideias diferentes e, por isso, no podem ser separadas em pargrafos diferentes. Ao selecionarmos as ideias secundrias deve-mos verificar as que realmente interessam ao desenvolvimento da ideia principal e mant-las juntas no mesmo pargrafo. Com isso, estaremos evitando e repetio de palavras e assegurando a sua clareza. importan-te, ao termos vrias ideias secundrias, que sejam identificadas aquelas que realmente se relacionam ideia principal. Esse cuidado de grande valia ao se redigir pargrafos sobre qualquer assunto.

    ESTRUTURAO E ARTICULAO DO TEXTO

    Resenha Critica de Articulao do Texto Amanda Alves Martins Resenha Crtica do livro A Articulao do Texto, da autora Elisa Guima-

    res No livro de Elisa Guimares, A Articulao do Texto, a autora procura

    esclarecer as dvidas referentes formao e compreenso de um texto e do seu contexto.

    Formado por unidades coordenadas, ou seja, interligadas entre si, o

    texto constitui, portanto, uma unidade comunicativa para os membros de uma comunidade; nele, existe um conjunto de fatores indispensveis para a sua construo, como as intenes do falante (emissor), o jogo de ima-gens conceituais, mentais que o emissor e destinatrio executam.(Manuel P. Ribeiro, 2004, p.397). Somado isso, um texto no pode existir de forma nica e sozinha, pois depende dos outros tanto sintaticamente quanto semanticamente para que haja um entendimento e uma compreenso deste. Dentro de um texto, as partes que o formam se integram e se expli-cam de forma recproca.

    Completando o processo de formao de um texto, a autora nos escla-

    rece que a economia de linguagem facilita a compreenso dele, sendo indispensvel uma ligao entre as partes, mesmo havendo um corte de trechos considerados no essenciais.

    Quando o tema a situao comunicativa (p.7), a autora nos esclare-

    ce a relao texto X contexto, onde um essencial para esclarecermos o outro, utilizando-se de palavras que recebem diferentes significados con-forme so inseridas em um determinado contexto; nos levando ao entendi-mento de que no podemos considerar isoladamente os seus conceitos e sim analis-los de acordo com o contexto semntico ao qual est inserida.

    Segundo Elisa Guimares, o sentido da palavra texto estende-se a

    uma enorme vastido, podendo designar um enunciado qualquer, oral ou escrito, longo ou breve, antigo ou moderno (p.14) e ao contrrio do que muitos podem pensar, um texto pode ser caracterizado como um fragmen-to, uma frase, um verbo ect e no apenas na reunio destes com mais algumas outras formas de enunciao; procurando sempre uma objetivida-de para que a sua compreenso seja feita de forma fcil e clara.

    Esta economia textual facilita no caminho de transmisso entre o enun-

    ciador e o receptor do texto que procura condensar as informaes recebi-das a fim de se deter ao ncleo informativo (p.17), este sim, primordial a qualquer informao.

    A autora tambm apresenta diversas formas de classificao do discur-

    so e do texto, porm, detenhamo-nos na diviso de texto informativo e de um texto literrio ou ficcional.

    Analisando um texto, possvel percebermos que a repetio de um

    nome/lexema, nos induz lembrar de fatos j abordados, estimula a nossa biblioteca mental e a informa da importncia de tal nome, que dentro de um contexto qualquer, ou seja que no fosse de um texto informacional, seria apenas caracterizado como uma redundncia desnecessria. Essa repeti-o normalmente dada atravs de sinnimos ou sinnimos perfeitos (p.30) que permitem a permutao destes nomes durante o texto sem que o sentido original e desejado seja modificado.

    Esta relao semntica presente nos textos ocorre devido s interpre-

    taes feitas da realidade pelo interlocutor, que utiliza a chamada semnti-ca referencial (p.31) para causar esta busca mental no receptor atravs de palavras semanticamente semelhantes que fora enunciada, porm, existe ainda o que a autora denominou de inexistncia de sinnimo perfeito (p.30) que so sinnimos porm quando posto em substituio um ao outro no geram uma coerncia adequada ao entendimento.

    Nesta relao de substituio por sinnimos, devemos ter cautela

    quando formos usar os hipernimos (p.32), ou at mesmo a hiponmia (p.32) onde substitui-se a parte pelo todo, pois neste emaranhado de subs-tituies pode-se causar desajustes e o resultado final no fazer com que a

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    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 6

    imagem mental do leitor seja ativada de forma corretamente, e outra assimi-lao, errnea, pode ser utilizada.

    Seguindo ainda neste linear das substituies, existem ainda as nomi-

    naes e a elipse, onde na primeira, o sentido inicialmente expresso por um verbo substitudo por um nome, ou seja, um substantivo; e, enquanto na segunda, ou seja, na elipse, o substituto nulo e marcado pela flexo verbal; como podemos perceber no seguinte exemplo retirado do livro de Elisa Guimares:

    Louve-se nos mineiros, em primeiro lugar, a sua presena suave. Mil deles no causam o incmodo de dez cearenses.

    __No grita, ___ no empurram< ___ no seguram o brao da gente,

    ___ no impem suas opinies. Para os importunos inventaram eles uma palavra maravilhosamente definidora e que traduz bem a sua antipatia para essa casta de gente (...) (Rachel de Queiroz. Mineiros. In: Cem crnicas escolhidas. Rio de Janeiros, Jos Olympio, 1958, p.82).

    Porm preciso especificar que para que haja a elipse o termo elptico

    deve estar perfeitamente claro no contexto. Este conceito e os demais j ditos anteriormente so primordiais para a compreenso e produo textu-al, uma vez que contribuem para a economia de linguagem, fator de grande valor para tais feitos.

    Ao abordar os conceitos de coeso e coerncia, a autora procura pri-

    meiramente retomar a noo de que a construo do texto feita atravs de referentes lingusticos (p.38) que geram um conjunto de frases que iro constituir uma microestrutura do texto (p.38) que se articula com a estrutu-ra semntica geral. Porm, a dificuldade de se separar a coeso da coe-rncia est no fato daquela est inserida nesta, formando uma linha de raciocnio de fcil compreenso, no entanto, quando ocorre uma incoern-cia textual, decorrente da incompatibilidade e no exatido do que foi escrito, o leitor tambm capaz de entender devido a sua fcil compreen-so apesar da m articulao do texto.

    A coerncia de um texto no dada apenas pela boa interligao entre

    as suas frases, mas tambm porque entre estas existe a influncia da coerncia textual, o que nos ajuda a concluir que a coeso, na verdade, efeito da coerncia. Como observamos em Nova Gramtica Aplicada da Lngua Portuguesa de Manoel P. Ribeiro (2004, 14ed):

    A coeso e a coerncia trazem a caracterstica de promover a inter-

    relao semntica entre os elementos do discurso, respondendo pelo que chamamos de conectividade textual. A coerncia diz respeito ao nexo entre os conceitos; e a coeso, expresso desse nexo no plano lingusti-co (VAL, Maria das Graas Costa. Redao e textualidade, 1991, p.7)

    No captulo que diz respeito s noes de estrutura, Elisa Guimares,

    busca ressaltar o nvel sinttico representado pelas coordenaes e subor-dinaes que fixam relaes de equivalncia ou hierarquia respectiva-mente. Um fato importante dentro do livro A Articulao do Texto, o valor atribu-do s estruturas integrantes do texto, como o ttulo, o pargrafo, as inter e intrapartes, o incio e o fim e tambm, as superestruturas.

    O ttulo funciona como estratgica de articulao do texto podendo de-

    sempenhar papis que resumam os seus pontos primordiais, como tam-bm, podem ser desvendados no decorrer da leitura do texto.

    Os pargrafos esquematizam o raciocnio do escritos, como enuncia

    Othon Moacir Garcia: O pargrafo facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar con-

    venientemente as ideias principais da sua composio, permitindo ao leitor acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estgios.

    bom relembrar, que dentro do pargrafo encontraremos o chamado

    tpico frasal, que resumir a principal ideia do pargrafo no qual esta inserido; e tambm encontraremos, segundo a autora, dez diferentes tipos de pargrafo, cada qual com um ponto de vista especfico.

    No que diz respeito ao tpico Inicio e fim, Elisa Guimares preferiu a-

    bord-los de forma mtua j que um consequncia ou decorrncia do

    outro; ficando a organizao da narrativa com uma forma de estrutura clssica e seguindo uma linha sequencial j esperada pelo leitor, onde o incio alimenta a esperana de como vir a ser o texto, enquanto que o fim exercer uma funo de dar um destaque maior ao fechamento do texto, o que tambm, alimenta a imaginao tanto do leito, quanto do prprio autor.

    No geral, o que diz respeito ao livro A Articulao do Texto de Elisa

    Guimares, ele nos trs um grande nmero de informaes e novos concei-tos em relao produo e compreenso textual, no entanto, essa grande leva de informaes muitas vezes se tornam confusas e acabam por des-prenderem-se uma das outras, quebrando a linearidade de todo o texto e dificultando o entendimento terico.

    A REFERENCIAO / OS REFERENTES / COERNCIA E COESO A fala e tambm o texto escrito constituem-se no apenas numa se-

    quncia de palavras ou de frases. A sucesso de coisas ditas ou escritas forma uma cadeia que vai muito alm da simples sequencialidade: h um entrelaamento significativo que aproxima as partes formadoras do texto falado ou escrito. Os mecanismos lingusticos que estabelecem a conectivi-dade e a retomada e garantem a coeso so os referentes textuais. Cada uma das coisas ditas estabelece relaes de sentido e significado tanto com os elementos que a antecedem como com os que a sucedem, constru-indo uma cadeia textual significativa. Essa coeso, que d unidade ao texto, vai sendo construda e se evidencia pelo emprego de diferentes procedimentos, tanto no campo do lxico, como no da gramtica. (No esqueamos que, num texto, no existem ou no deveriam existir elemen-tos dispensveis. Os elementos constitutivos vo construindo o texto, e so as articulaes entre vocbulos, entre as partes de uma orao, entre as oraes e entre os pargrafos que determinam a referenciao, os contatos e conexes e estabelecem sentido ao todo.)

    Ateno especial concentram os procedimentos que garantem ao texto

    coeso e coerncia. So esses procedimentos que desenvolvem a din-mica articuladora e garantem a progresso textual.

    A coeso a manifestao lingustica da coerncia e se realiza nas

    relaes entre elementos sucessivos (artigos, pronomes adjetivos, adjetivos em relao aos substantivos; formas verbais em relao aos sujeitos; tempos verbais nas relaes espao-temporais constitutivas do texto etc.), na organizao de perodos, de pargrafos, das partes do todo, como formadoras de uma cadeia de sentido capaz de apresentar e desenvolver um tema ou as unidades de um texto. Construda com os mecanismos gramaticais e lexicais, confere unidade formal ao texto.

    1. Considere-se, inicialmente, a coeso apoiada no lxico. Ela pode dar-se pela reiterao, pela substituio e pela associao. garantida com o emprego de:

    enlaces semnticos de frases por meio da repetio. A mensa-gem-tema do texto apoiada na conexo de elementos lxicos su-cessivos pode dar-se por simples iterao (repetio). Cabe, nesse caso, fazer-se a diferenciao entre a simples redundncia resul-tado da pobreza de vocabulrio e o emprego de repeties como recurso estilstico, com inteno articulatria. Ex.: As contas do patro eram diferentes, arranjadas a tinta e contra o vaqueiro, mas Fabiano sabia que elas estavam erradas e o patro queria engan-lo.Enganava. Vidas secas, p. 143);

    substituio lxica, que se d tanto pelo emprego de sinnimos como de palavras quase sinnimas. Considerem-se aqui alm das palavras sinnimas, aquelas resultantes de famlias ideolgi-cas e do campo associativo, como, por exemplo, esvoaar, revoar, voar;

    hipnimos (relaes de um termo especfico com um termo de sentido geral, ex.: gato, felino) e hipernimos (relaes de um termo de sentido mais amplo com outros de sentido mais especfi-co, ex.: felino, gato);

    nominalizaes (quando um fato, uma ocorrncia, aparece em forma de verbo e, mais adiante, reaparece como substantivo, ex.: consertar, o conserto; viajar, a viagem). preciso distinguir-se en-tre nominalizao estrita e. generalizaes (ex.: o co < o animal) e especificaes (ex.: planta > rvore > palmeira);

    substitutos universais (ex.: Joo trabalha muito. Tambm o fao.

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    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 7

    O verbo fazer em substituio ao verbo trabalhar); enunciados que estabelecem a recapitulao da ideia global.

    Ex.: O curral deserto, o chiqueiro das cabras arruinado e tambm deserto, a casa do vaqueiro fechada, tudo anunciava abandono (Vidas Secas, p.11). Esse enunciado chamado de anfora con-ceptual. Todo um enunciado anterior e a ideia global que ele refere so retomados por outro enunciado que os resume e/ou interpreta. Com esse recurso, evitam-se as repeties e faz-se o discurso a-vanar, mantendo-se sua unidade.

    2. A coeso apoiada na gramtica d-se no uso de: certos pronomes (pessoais, adjetivos ou substantivos). Destacam-

    se aqui os pronomes pessoais de terceira pessoa, empregados como substitutos de elementos anteriormente presentes no texto, diferentemente dos pronomes de 1 e 2 pessoa que se referem pessoa que fala e com quem esta fala.

    certos advrbios e expresses adverbiais; artigos; conjunes; numerais; elipses. A elipse se justifica quando, ao remeter a um enunciado

    anterior, a palavra elidida facilmente identificvel (Ex.: O jovem recolheu-se cedo. ... Sabia que ia necessitar de todas as suas for-as. O termo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a relao entre as duas oraes.). a prpria ausncia do termo que marca a inter-relao. A identificao pode dar-se com o prprio enunciado, como no exemplo anterior, ou com elementos extraver-bais, exteriores ao enunciado. Vejam-se os avisos em lugares p-blicos (ex.: Perigo!) e as frases exclamativas, que remetem a uma situao no-verbal. Nesse caso, a articulao se d entre texto e contexto (extratextual);

    as concordncias; a correlao entre os tempos verbais. Os diticos exercem, por excelncia, essa funo de progresso textu-

    al, dada sua caracterstica: so elementos que no significam, apenas indicam, remetem aos componentes da situao comunicativa. J os com-ponentes concentram em si a significao. Referem os participantes do ato de comunicao, o momento e o lugar da enunciao.

    Elisa Guimares ensina a respeito dos diticos: Os pronomes pessoais e as desinncias verbais indicam os participan-

    tes do ato do discurso. Os pronomes demonstrativos, certas locues prepositivas e adverbiais, bem como os advrbios de tempo, referenciam o momento da enunciao, podendo indicar simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento (presente); ulti-mamente, recentemente, ontem, h alguns dias, antes de (pretrito); de agora em diante, no prximo ano, depois de (futuro).

    Maria da Graa Costa Val lembra que esses recursos expressam rela-

    es no s entre os elementos no interior de uma frase, mas tambm entre frases e sequncias de frases dentro de um texto.

    No s a coeso explcita possibilita a compreenso de um texto. Mui-

    tas vezes a comunicao se faz por meio de uma coeso implcita, apoia-da no conhecimento mtuo anterior que os participantes do processo comunicativo tm da lngua.

    A ligao lgica das ideias Uma das caractersticas do texto a organizao sequencial dos ele-

    mentos lingusticos que o compem, isto , as relaes de sentido que se estabelecem entre as frases e os pargrafos que compem um texto, fazendo com que a interpretao de um elemento lingustico qualquer seja dependente da de outro(s). Os principais fatores que determinam esse encadeamento lgico so: a articulao, a referncia, a substituio voca-bular e a elipse.

    ARTICULAO Os articuladores (tambm chamados nexos ou conectores) so conjun-

    es, advrbios e preposies responsveis pela ligao entre si dos fatos denotados num texto, Eles exprimem os diferentes tipos de interdependn-cia de sentido das frases no processo de sequencializao textual. As

    ideias ou proposies podem se relacionar indicando causa, consequncia, finalidade, etc.

    Ingressei na Faculdade a fim de ascender socialmente. Ingressei na Faculdade porque pretendo ser bilogo. Ingressei na Faculdade depois de ter-me casado. possvel observar que os articuladores relacionam os argumentos di-

    ferentemente. Podemos, inclusive, agrup-los, conforme a relao que estabelecem.

    Relaes de: adio: os conectores articula sequencialmente frases cujos contedos

    se adicionam a favor de uma mesma concluso: e, tambm, no s...como tambm, tanto...como, alm de, alm disso, ainda, nem.

    Na maioria dos casos, as frases somadas no so permutveis, isto ,

    a ordem em que ocorrem os fatos descritos deve ser respeitada. Ele entrou, dirigiu-se escrivaninha e sentou-se. alternncia: os contedos alternativos das frases so articulados por

    conectores como ou, ora...ora, seja...seja. O articulador ou pode expres-sar incluso ou excluso.

    Ele no sabe se conclui o curso ou abandona a Faculdade. oposio: os conectores articulam sequencialmente frases cujos con-

    tedos se opem. So articuladores de oposio: mas, porm, todavia, entretanto, no entanto, no obstante, embora, apesar de (que), ainda que, se bem que, mesmo que, etc.

    O candidato foi aprovado, mas no fez a matrcula. condicionalidade: essa relao expressa pela combinao de duas

    proposies: uma introduzida pelo articulador se ou caso e outra por ento (consequente), que pode vir implcito. Estabelece-se uma relao entre o antecedente e o consequente, isto , sendo o antecedente verdadeiro ou possvel, o consequente tambm o ser.

    Na relao de condicionalidade, estabelece-se, muitas vezes, uma

    condio hipottica, isto ,, cria-se na proposio introduzida pelo articula-dor se/caso uma hiptese que condicionar o que ser dito na proposio seguinte. Em geral, a proposio situa-se num tempo futuro.

    Caso tenha frias, (ento) viajarei para Buenos Aires. causalidade: expressa pela combinao de duas proposies, uma

    das quais encerra a causa que acarreta a consequncia expressa na outra. Tal relao pode ser veiculada de diferentes formas:

    Passei no vestibular porque estudei muito

    visto que j que

    uma vez que _________________ _____________________

    consequncia causa

    Estudei tanto que passei no vestibular. Estudei muito por isso passei no vestibular

    _________________ ____________________ causa consequncia

    Como estudei passei no vestibular Por ter estudado muito passei no vestibular ___________________ ___________________ causa consequncia

    finalidade: uma das proposies do perodo explicita o(s) meio(s) para

    se atingir determinado fim expresso na outra. Os articuladores principais so: para, afim de, para que.

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    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 8

    Utilizo o automvel a fim de facilitar minha vida. conformidade: essa relao expressa-se por meio de duas proposi-

    es, em que se mostra a conformidade de contedo de uma delas em relao a algo afirmado na outra.

    O aluno realizou a prova conforme o professor solicitara. segundo consoante como de acordo com a solicitao... temporalidade: a relao por meio da qual se localizam no tempo

    aes, eventos ou estados de coisas do mundo real, expressas por meio de duas proposies.

    Quando Mal Logo que terminei o colgio, matriculei-me aqui. Assim que Depois que No momento em que Nem bem a) concomitncia de fatos: Enquanto todos se divertiam, ele estu-

    dava com afinco. Existe aqui uma simultaneidade entre os fatos descritos em cada

    uma das proposies. b) um tempo progressivo: proporo que os alunos terminavam a prova, iam se retirando.

    bar enchia de frequentadores medida que a noite caa. Concluso: um enunciado introduzido por articuladores como portan-

    to, logo, pois, ento, por conseguinte, estabelece uma concluso em relao a algo dito no enunciado anterior:

    Assistiu a todas as aulas e realizou com xito todos os exerccios. Por-

    tanto tem condies de se sair bem na prova. importante salientar que os articuladores conclusivos no se limitam

    a articular frases. Eles podem articular pargrafos, captulos. Comparao: estabelecida por articuladores : tanto (to)...como,

    tanto (tal)...como, to ...quanto, mais ....(do) que, menos ....(do) que, assim como.

    Ele to competente quanto Alberto. Explicao ou justificativa: os articuladores do tipo pois, que, por-

    que introduzem uma justificativa ou explicao a algo j anteriormente referido.

    No se preocupe que eu voltarei pois porque As pausas Os articuladores so, muitas vezes, substitudos por pausas (marca-

    das por dois pontos, vrgula, ponto final na escrita). Que podem assinalar tipos de relaes diferentes.

    Compramos tudo pela manh: tarde pretendemos viajar. (causalida-

    de) No fique triste. As coisas se resolvero. (justificativa) Ela estava bastante tranquila eu tinha os nervos flor da pele. ( oposi-

    o) No estive presente cerimnia. No posso descrev-la. (concluso)

    http://www.seaac.com.br/ A anlise de expresses referenciais fundamental na interpretao do

    discurso. A identificao de expresses correferentes importante em diversas aplicaes de Processamento da Linguagem Natural. Expresses referenciais podem ser usadas para introduzir entidades em um discurso ou podem fazer referncia a entidades j mencionadas,podendo fazer uso de

    reduo lexical. Interpretar e produzir textos de qualidade so tarefas muito importantes

    na formao do aluno. Para realiz-las de modo satisfatrio, essencial saber identificar e utilizar os operadores sequenciais e argumentativos do discurso. A linguagem um ato intencional, o indivduo faz escolhas quan-do se pronuncia oralmente ou quando escreve. Para dar suporte a essas escolhas, de modo a fazer com que suas opinies sejam aceitas ou respei-tadas, fundamental lanar mo dos operadores que estabelecem ligaes (espcies de costuras) entre os diferentes elementos do discurso.

    Autor e Narrador: Diferenas Equipe Aprovao Vest

    Qual , afinal, a diferena entre Autor e Narrador? Existe uma diferena enorme entre ambos.

    Autor

    um homem do mundo: tem carteira de identidade, vai ao supermer-cado, masca chiclete, eventualmente teve sarampo na infncia e, mais eventualmente ainda, pode at tocar trombone, piano, flauta transversal. Paga imposto.

    Narrador

    um ser intradiegtico, ou seja, um ser que pertence histria que est sendo narrada. Est claro que um preposto do autor, mas isso no significa que defenda nem compartilhe suas ideias. Se assim fosse, Ma-chado de Assis seria um crpula como Bentinho ou um bgamo, porque, casado com Carolina Xavier de Novais, casou-se tambm com Capitu, foi amante de Virglia e de um sem-nmero de mulheres que permeiam seus contos e romances.

    O narrador passa a existir a partir do instante que se abre o livro e ele, em primeira ou terceira pessoa, nos conta a histria que o livro guarda. Confundir narrador e autor fazer a loucura de imaginar que, morto o autor, todos os seus narradores morreriam junto com ele e que, portanto, no disporamos mais de nenhuma narrativa dele.

    COESO E COERNCIA

    Diogo Maria De Matos Polnio Introduo Este trabalho foi realizado no mbito do Seminrio Pedaggico sobre

    Pragmtica Lingustica e Os Novos Programas de Lngua Portuguesa, sob orientao da Professora-Doutora Ana Cristina Macrio Lopes, que decor-reu na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

    Procurou-se, no referido seminrio, refletir, de uma forma geral, sobre a

    incidncia das teorias da Pragmtica Lingustica nos programas oficiais de Lngua Portuguesa, tendo em vista um esclarecimento terico sobre deter-minados conceitos necessrios a um ensino qualitativamente mais vlido e, simultaneamente, uma vertente prtica pedaggica que tem necessaria-mente presente a aplicao destes conhecimentos na situao real da sala de aula.

    Nesse sentido, este trabalho pretende apresentar sugestes de aplica-

    o na prtica docente quotidiana das teorias da pragmtica lingustica no campo da coerncia textual, tendo em conta as concluses avanadas no referido seminrio.

    Ser, no entanto, necessrio reter que esta pequena reflexo aqui a-

    presentada encerra em si uma minscula partcula de conhecimento no vastssimo universo que , hoje em dia, a teoria da pragmtica lingustica e que, se pelo menos vier a instigar um ponto de partida para novas reflexes no sentido de auxiliar o docente no ensino da lngua materna, j ter cum-prido honestamente o seu papel.

    Coeso e Coerncia Textual Qualquer falante sabe que a comunicao verbal no se faz geralmen-

    te atravs de palavras isoladas, desligadas umas das outras e do contexto

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    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 9

    em que so produzidas. Ou seja, uma qualquer sequncia de palavras no constitui forosamente uma frase.

    Para que uma sequncia de morfemas seja admitida como frase, torna-

    se necessrio que respeite uma certa ordem combinatria, ou seja, preciso que essa sequncia seja construda tendo em conta o sistema da lngua.

    Tal como um qualquer conjunto de palavras no forma uma frase, tam-

    bm um qualquer conjunto de frases no forma, forosamente, um texto. Precisando um pouco mais, um texto, ou discurso, um objeto materia-

    lizado numa dada lngua natural, produzido numa situao concreta e pressupondo os participantes locutor e alocutrio, fabricado pelo locutor atravs de uma seleo feita sobre tudo o que dizvel por esse locutor, numa determinada situao, a um determinado alocutrio1.

    Assim, materialidade lingustica, isto , a lngua natural em uso, os c-

    digos simblicos, os processos cognitivos e as pressuposies do locutor sobre o saber que ele e o alocutrio partilham acerca do mundo so ingre-dientes indispensveis ao objeto texto.

    Podemos assim dizer que existe um sistema de regras interiorizadas

    por todos os membros de uma comunidade lingustica. Este sistema de regras de base constitui a competncia textual dos sujeitos, competncia essa que uma gramtica do texto se prope modelizar.

    Uma tal gramtica fornece, dentro de um quadro formal, determinadas

    regras para a boa formao textual. Destas regras podemos fazer derivar certos julgamentos de coerncia textual.

    Quanto ao julgamento, efetuado pelos professores, sobre a coerncia

    nos textos dos seus alunos, os trabalhos de investigao concluem que as intervenes do professor a nvel de incorrees detectadas na estrutura da frase so precisamente localizadas e assinaladas com marcas convencio-nais; so designadas com recurso a expresses tcnicas (construo, conjugao) e fornecem pretexto para pr em prtica exerccios de corre-o, tendo em conta uma eliminao duradoura das incorrees observa-das.

    Pelo contrrio, as intervenes dos professores no quadro das incorre-

    es a nvel da estrutura do texto, permite-nos concluir que essas incorre-es no so designadas atravs de vocabulrio tcnico, traduzindo, na maior parte das vezes, uma impresso global da leitura (incompreensvel; no quer dizer nada).

    Para alm disso, verificam-se prticas de correo algo brutais (refazer;

    reformular) sendo, poucas vezes, acompanhadas de exerccios de recupe-rao.

    Esta situao pedagogicamente penosa, uma vez que se o professor

    desconhece um determinado quadro normativo, encontra-se reduzido a fazer respeitar uma ordem sobre a qual no tem nenhum controle.

    Antes de passarmos apresentao e ao estudo dos quatro princpios

    de coerncia textual, h que esclarecer a problemtica criada pela dicoto-mia coerncia/coeso que se encontra diretamente relacionada com a dicotomia coerncia macro-estrutural/coerncia micro-estrutural.

    Mira Mateus considera pertinente a existncia de uma diferenciao

    entre coerncia textual e coeso textual. Assim, segundo esta autora, coeso textual diz respeito aos processos

    lingusticos que permitem revelar a inter-dependncia semntica existente entre sequncias textuais:

    Ex.: Entrei na livraria mas no comprei nenhum livro. Para a mesma autora, coerncia textual diz respeito aos processos

    mentais de apropriao do real que permitem inter-relacionar sequncias textuais:

    Ex.: Se esse animal respira por pulmes, no peixe.

    Pensamos, no entanto, que esta distino se faz apenas por razes de sistematizao e de estruturao de trabalho, j que Mira Mateus no hesita em agrupar coeso e coerncia como caractersticas de uma s propriedade indispensvel para que qualquer manifestao lingustica se transforme num texto: a conetividade.

    Para Charolles no pertinente, do ponto de vista tcnico, estabelecer

    uma distino entre coeso e coerncia textuais, uma vez que se torna difcil separar as regras que orientam a formao textual das regras que orientam a formao do discurso.

    Alm disso, para este autor, as regras que orientam a micro-coerncia

    so as mesmas que orientam a macro-coerncia textual. Efetivamente, quando se elabora um resumo de um texto obedece-se s mesmas regras de coerncia que foram usadas para a construo do texto original.

    Assim, para Charolles, micro-estrutura textual diz respeito s relaes

    de coerncia que se estabelecem entre as frases de uma sequncia textual, enquanto que macro-estrutura textual diz respeito s relaes de coerncia existentes entre as vrias sequncias textuais. Por exemplo:

    Sequncia 1: O Antnio partiu para Lisboa. Ele deixou o escritrio mais cedo para apanhar o comboio das quatro horas.

    Sequncia 2: Em Lisboa, o Antnio ir encontrar-se com ami-gos.Vai trabalhar com eles num projeto de uma nova companhia de teatro.

    Como micro-estruturas temos a sequncia 1 ou a sequncia 2, enquan-

    to que o conjunto das duas sequncias forma uma macro-estrutura. Vamos agora abordar os princpios de coerncia textual3: 1. Princpio da Recorrncia4: para que um texto seja coerente, torna-se

    necessrio que comporte, no seu desenvolvimento linear, elementos de recorrncia restrita.

    Para assegurar essa recorrncia a lngua dispe de vrios recursos: - pronominalizaes, - expresses definidas, - substituies lexicais, - retomas de inferncias. Todos estes recursos permitem juntar uma frase ou uma sequncia a

    uma outra que se encontre prxima em termos de estrutura de texto, reto-mando num elemento de uma sequncia um elemento presente numa sequncia anterior:

    a)-Pronominalizaes: a utilizao de um pronome torna possvel a re-

    petio, distncia, de um sintagma ou at de uma frase inteira. O caso mais frequente o da anfora, em que o referente antecipa o

    pronome. Ex.: Uma senhora foi assassinada ontem. Ela foi encontrada estrangu-

    lada no seu quarto. No caso mais raro da catfora, o pronome antecipa o seu referente. Ex.: Deixe-me confessar-lhe isto: este crime impressionou-me. Ou ain-

    da: No me importo de o confessar: este crime impressionou-me. Teremos, no entanto, que ter cuidado com a utilizao da catfora, pa-

    ra nos precavermos de enunciados como este: Ele sabe muito bem que o Joo no vai estar de acordo com o Antnio. Num enunciado como este, no h qualquer possibilidade de identificar

    ele com Antnio. Assim, existe apenas uma possibilidade de interpretao: ele dir respeito a um sujeito que no ser nem o Joo nem o Antnio, mas que far parte do conhecimento simultneo do emissor e do receptor.

    Para que tal acontea, torna-se necessrio reformular esse enunciado: O Antnio sabe muito bem que o Joo no vai estar de acordo com ele. As situaes de ambiguidade referencial so frequentes nos textos dos

    alunos. Ex.: O Pedro e o meu irmo banhavam-se num rio.

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    Um homem estava tambm a banhar-se. Como ele sabia nadar, ensinou-o. Neste enunciado, mesmo sem haver uma ruptura na continuidade se-

    quencial, existem disfunes que introduzem zonas de incerteza no texto: ele sabia nadar(quem?), ele ensinou-o (quem?; a quem?) b)-Expresses Definidas: tal como as pronominalizaes, as expres-

    ses definidas permitem relembrar nominalmente ou virtualmente um elemento de uma frase numa outra frase ou at numa outra sequncia textual.

    Ex.: O meu tio tem dois gatos. Todos os dias caminhamos no jardim. Os gatos vo sempre conosco.

    Os alunos parecem dominar bem esta regra. No entanto, os problemas

    aparecem quando o nome que se repete imediatamente vizinho daquele que o precede.

    Ex.: A Margarida comprou um vestido. O vestido colorido e muito ele-gante.

    Neste caso, o problema resolve-se com a aplicao de deticos contex-

    tuais. Ex.: A Margarida comprou um vestido. Ele colorido e muito elegante. Pode tambm resolver-se a situao virtualmente utilizando a elipse. Ex.: A Margarida comprou um vestido. colorido e muito elegante. Ou

    ainda: A Margarida comprou um vestido que colorido e muito elegante. c)-Substituies Lexicais: o uso de expresses definidas e de deticos

    contextuais muitas vezes acompanhado de substituies lexicais. Este processo evita as repeties de lexemas, permitindo uma retoma do ele-mento lingustico.

    Ex.: Deu-se um crime, em Lisboa, ontem noite: estrangularam uma senhora. Este assassinato odioso.

    Tambm neste caso, surgem algumas regras que se torna necessrio

    respeitar. Por exemplo, o termo mais genrico no pode preceder o seu representante mais especfico.

    Ex.: O piloto alemo venceu ontem o grande prmio da Alemanha. S-chumacher festejou euforicamente junto da sua equipa.

    Se se inverterem os substantivos, a relao entre os elementos lingus-

    ticos torna-se mais clara, favorecendo a coerncia textual. Assim, Schuma-cher, como termo mais especfico, deveria preceder o piloto alemo.

    No entanto, a substituio de um lexema acompanhado por um deter-

    minante, pode no ser suficiente para estabelecer uma coerncia restrita. Atentemos no seguinte exemplo:

    Picasso morreu h alguns anos. O autor da "Sagrao da Primavera"

    doou toda a sua coleo particular ao Museu de Barcelona. A presena do determinante definido no suficiente para considerar

    que Picasso e o autor da referida pea sejam a mesma pessoa, uma vez que sabemos que no foi Picasso mas Stravinski que comps a referida pea.

    Neste caso, mais do que o conhecimento normativo terico, ou lexico-

    enciclopdico, so importantes o conhecimento e as convices dos parti-cipantes no ato de comunicao, sendo assim impossvel traar uma fron-teira entre a semntica e a pragmtica.

    H tambm que ter em conta que a substituio lexical se pode efetuar

    por - Sinonmia-seleo de expresses lingusticas que tenham a maior

    parte dos traos semnticos idntica: A criana caiu. O mido nun-ca mais aprende a cair!

    - Antonmia-seleo de expresses lingusticas que tenham a maior parte dos traos semnticos oposta: Disseste a verdade? Isso cheira-me a mentira!

    - Hiperonmia-a primeira expresso mantm com a segunda uma re-lao classe-elemento: Gosto imenso de marisco. Ento lagosta, adoro!

    - Hiponmia- a primeira expresso mantm com a segunda uma re-lao elemento-classe: O gato arranhou-te? O que esperavas de um felino?

    d)-Retomas de Inferncias: neste caso, a relao feita com base em

    contedos semnticos no manifestados, ao contrrio do que se passava com os processos de recorrncia anteriormente tratados.

    Vejamos: P - A Maria comeu a bolacha? R1 - No, ela deixou-a cair no cho. R2 - No, ela comeu um morango. R3 - No, ela despenteou-se. As sequncias P+R1 e P+R2 parecem, desde logo, mais coerentes do

    que a sequncia P+R3. No entanto, todas as sequncias so asseguradas pela repetio do

    pronome na 3 pessoa. Podemos afirmar, neste caso, que a repetio do pronome no sufi-

    ciente para garantir coerncia a uma sequncia textual. Assim, a diferena de avaliao que fazemos ao analisar as vrias hi-

    pteses de respostas que vimos anteriormente sustenta-se no fato de R1 e R2 retomarem inferncias presentes em P:

    - aconteceu alguma coisa bolacha da Maria, - a Maria comeu qualquer coisa. J R3 no retoma nenhuma inferncia potencialmente dedutvel de P. Conclui-se, ento, que a retoma de inferncias ou de pressuposies

    garante uma fortificao da coerncia textual. Quando analisamos certos exerccios de prolongamento de texto (con-

    tinuar a estruturao de um texto a partir de um incio dado) os alunos so levados a veicular certas informaes pressupostas pelos professores.

    Por exemplo, quando se apresenta um incio de um texto do tipo: Trs

    crianas passeiam num bosque. Elas brincam aos detetives. Que vo eles fazer?

    A interrogao final permite-nos pressupor que as crianas vo real-

    mente fazer qualquer coisa. Um aluno que ignore isso e que narre que os pssaros cantavam en-

    quanto as folhas eram levadas pelo vento, ser punido por ter apresentado uma narrao incoerente, tendo em conta a questo apresentada.

    No entanto, um professor ter que ter em conta que essas inferncias

    ou essas pressuposies se relacionam mais com o conhecimento do mundo do que com os elementos lingusticos propriamente ditos.

    Assim, as dificuldades que os alunos apresentam neste tipo de exerc-

    cios, esto muitas vezes relacionadas com um conhecimento de um mundo ao qual eles no tiveram acesso. Por exemplo, ser difcil a um aluno recriar o quotidiano de um multi-milionrio,senhor de um grande imprio industrial, que vive numa luxuosa vila.

    2.Princpio da Progresso: para que um texto seja coerente, torna-se

    necessrio que o seu desenvolvimento se faa acompanhar de uma infor-mao semntica constantemente renovada.

    Este segundo princpio completa o primeiro, uma vez que estipula que

    um texto, para ser coerente, no se deve contentar com uma repetio constante da prpria matria.

    Alguns textos dos alunos contrariam esta regra. Por exemplo: O ferreiro

    estava vestido com umas calas pretas, um chapu claro e uma vestimenta

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    Lngua Portuguesa A Opo Certa Para a Sua Realizao 11

    preta. Tinha ao p de si uma bigorna e batia com fora na bigorna. Todos os gestos que fazia consistiam em bater com o martelo na bigorna. A bigorna onde batia com o martelo era achatada em cima e pontiaguda em baixo e batia com o martelo na bigorna.

    Se tivermos em conta apenas o princpio da recorrncia, este texto no

    ser incoerente, ser at coerente demais. No entanto, segundo o princpio da progresso, a produo de um tex-

    to coerente pressupe que se realize um equilbrio cuidado entre continui-dade temtica e progresso semntica.

    Torna-se assim necessrio dominar, simultaneamente, estes dois prin-

    cpios (recorrncia e progresso) uma vez que a abordagem da informao no se pode processar de qualquer maneira.

    Assim, um texto ser coerente se a ordem linear das sequncias a-

    companhar a ordenao temporal dos fatos descritos. Ex.: Cheguei, vi e venci.(e no Vi, venci e cheguei). O texto ser coerente desde que reconheamos, na ordenao das su-

    as sequncias, uma ordenao de causa-consequncia entre os estados de coisas descritos.

    Ex.: Houve seca porque no choveu. (e no Houve seca porque cho-veu).

    Teremos ainda que ter em conta que a ordem de percepo dos esta-

    dos de coisas descritos pode condicionar a ordem linear das sequncias textuais.

    Ex.: A praa era enorme. No meio, havia uma coluna; volta, rvores e canteiros com flores.

    Neste caso, notamos que a percepo se dirige do geral para o particu-

    lar. 3.Princpio da No- Contradio: para que um texto seja coerente, tor-

    na-se necessrio que o seu desenvolvimento no introduza nenhum ele-mento semntico que contradiga um contedo apresentado ou pressuposto por uma ocorrncia anterior ou dedutvel por inferncia.

    Ou seja, este princpio estipula simplesmente que inadmissvel que

    uma mesma proposio seja conjuntamente verdadeira e no verdadeira. Vamos, seguidamente, preocupar-nos, sobretudo, com o caso das con-

    tradies inferenciais e pressuposicionais. Existe contradio inferencial quando a partir de uma proposio po-

    demos deduzir uma outra que contradiz um contedo semntico apresenta-do ou dedutvel.

    Ex.: A minha tia viva. O seu marido coleciona relgios de bolso. As inferncias que autorizam viva no s no so retomadas na se-

    gunda frase, como so perfeitamente contraditas por essa mesma frase. O efeito da incoerncia resulta de incompatibilidades semnticas pro-

    fundas s quais temos de acrescentar algumas consideraes temporais, uma vez que, como se pode ver, basta remeter o verbo colecionar para o pretrito para suprimir as contradies.

    As contradies pressuposicionais so em tudo comparveis s infe-

    renciais, com a exceo de que no caso das pressuposicionais um conte-do pressuposto que se encontra contradito.

    Ex.: O Jlio ignora que a sua mulher o engana. A sua esposa -lhe per-feitamente fiel.

    Na segunda frase, afirma-se a inegvel fidelidade da mulher de Jlio,

    enquanto a primeira pressupe o inverso. frequente, nestes casos, que o emissor recupere a contradio pre-

    sente com a ajuda de conectores do tipo mas, entretanto, contudo, no entanto, todavia, que assinalam que o emissor se apercebe dessa contradi-o, assume-a, anula-a e toma partido dela.

    Ex.: O Joo detesta viajar. No entanto, est entusiasmado com a parti-

    da para Itlia, uma vez que sempre sonhou visitar Florena. 4.Princpio da Relao: para que um texto seja coerente, torna-se ne-

    cessrio que denote, no seu mundo de representao, fatos que se apre-sentem diretamente relacionados.

    Ou seja, este princpio enuncia que para uma sequncia ser admitida

    como coerente, ter de apresentar aes, estados ou eventos que sejam congruentes com o tipo de mundo representado nesse texto.

    Assim, se tivermos em conta as trs frases seguintes 1 - A Silvia foi estudar. 2 - A Silvia vai fazer um exame. 3 - O circuito de Adelaide agradou aos pilotos de Frmula 1. A sequncia formada por 1+2 surge-nos, desde logo, como sendo mais

    congruente do que as sequncias 1+3 ou 2+3. Nos discursos naturais, as relaes de relevncia factual so, na maior

    parte dos casos, manifestadas por conectores que as explicitam semanti-camente.

    Ex.: A Silvia foi estudar porque vai fazer um exame. Ou tambm: A Sil-via vai fazer um exame portanto foi estudar.

    A impossibilidade de ligar duas frases por meio de conectores constitui um bom teste para descobrir uma incongruncia.

    Ex.: A Silvia foi estudar logo o circuito de Adelaide agradou aos pilotos de Frmula 1.

    O conhecimento destes princpios de coerncia, por parte dos profes-

    sores, permite uma nova apreciao dos textos produzidos pelos alunos, garantindo uma melhor correo dos seus trabalhos, evitando encontrar incoerncias em textos perfeitamente coerentes, bem como permite a dinamizao de estratgias de correo.

    Teremos que ter em conta que para um leitor que nada saiba de cen-

    trais termo-nucleares nada lhe parecer mais incoerente do que um tratado tcnico sobre centrais termo-nucleares.

    No entanto, os leitores quase nunca consideram os textos incoerentes.

    Pelo contrrio, os receptores do ao emissor o crdito da coerncia, admi-tindo que o emissor ter razes para apresentar os textos daquela maneira.

    Assim, o leitor vai esforar-se na procura de um fio condutor de pen-

    samento que conduza a uma estrutura coerente. Tudo isto para dizer que deve existir nos nossos sistemas de pensa-

    mento e de linguagem uma espcie de princpio de coerncia verbal (com-parvel com o princpio de cooperao de Grice8 estipulando que, seja qual for o discurso, ele deve apresentar forosamente uma coerncia prpria, uma vez que concebido por um esprito que no incoerente por si mesmo.

    justamente tendo isto em conta que devemos ler, avaliar e corrigir os

    textos dos nossos alunos. 1. Coerncia: Produzimos textos porque pretendemos informar, divertir, explicar, con-

    vencer, discordar, ordenar, ou seja, o texto uma unidade de significado produzida sempre com uma determinada inteno. Assim como a frase no uma simples sucesso de palavras, o texto tambm no uma simples sucesso de frases, mas um todo organizado capaz de estabelecer contato com nossos interlocutores, influindo sobre eles. Quando isso ocorre, temos um texto em que h coerncia.

    A coerncia resultante da no-contradio entre os diversos segmen-

    tos textuais que devem estar encadeados logicamente. Cada segmento textual pressuposto do segmento seguinte, que por sua vez ser pressu-posto para o que lhe estender, formando assim uma cadeia em que todos eles estejam concatenados harmonicamente. Quando h quebra nessa concatenao, ou quando um segmento atual est em contradio com um anterior, perde-se a coerncia textual.

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    A coerncia tambm resultante da adequao do que se diz ao con-texto extra verbal, ou seja, quilo o que o texto faz referncia, que precisa ser conhecido pelo receptor.

    Ao ler uma frase como "No vero passado, quando estivemos na capi-

    tal do Cear Fortaleza, no pudemos aproveitar a praia, pois o frio era tanto que chegou a nevar", percebemos que ela incoerente em decorrncia da incompatibilidade entre um conhecimento prvio que temos da realizada com o que se relata. Sabemos que, considerando uma realidade "normal", em Fortaleza no neva (ainda mais no vero!).

    Claro que, inserido numa narrativa ficcional fantstica, o exemplo acima

    poderia fazer sentido, dando coerncia ao texto - nesse caso, o contexto seria a "anormalidade" e prevaleceria a coerncia interna da narrativa.

    No caso de apresentar uma inadequao entre o que informa e a reali-

    dade "normal" pr-conhecida, para guardar a coerncia o texto deve apre-sentar elementos lingusticos instruindo o receptor acerca dessa anormali-dade.

    Uma afirmao como "Foi um verdadeiro milagre! O menino caiu do

    dcimo andar e no sofreu nenhum arranho." coerente, na medida que a frase inicial ("Foi um verdadeiro milagre") instrui o leitor para a anormalida-de do fato narrado.

    2. Coeso: A redao deve primar, como se sabe, pela clareza, objetividade, coe-

    rncia e coeso. E a coeso, como o prprio nome diz (coeso significa ligado), a propriedade que os elementos textuais tm de estar interliga-dos. De um fazer referncia ao outro. Do sentido de um depender da rela-o com o outro. Preste ateno a este texto, observando como as palavras se comunicam, como dependem uma das outras.

    SO PAULO: OITO PESSOAS MORREM EM QUEDA DE AVIO Das Agncias Cinco passageiros de uma mesma famlia, de Maring, dois tripulantes

    e uma mulher que viu o avio cair morreram Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma famlia e

    dois tripulantes, alm de uma mulher que teve ataque cardaco) na queda de um avio (1) bimotor Aero Commander, da empresa J. Caetano, da cidade de Marin