apostila manutenÇÃo de sistemas pneumÁticos
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Tópicos sobre manutenção
de sistemas pneumáticos
Prof. Eng° André Godoy Rainys
SUMÀRIO
Tópico Página
1- Energia pneumática............................................................................................ 3
2 -Como conservar um sistema pneumático........................................................... 3
3 - Cuidados básicos............................................................................................... 4
4 - Instalação de válvulas pneumáticas.................................................................. 5
4.1 - Válvulas com operação manual..................................................................... 5
4.2 – Válvulas com operação mecânica................................................................. 7
4.3 – Válvulas operadas por solenóides................................................................. 7
4.4 – Válvulas operadas por piloto......................................................................... 8
5- Causas de falhas em válvulas pneumáticas........................................................ 9
5.1 – Válvulas operadas manualmente................................................................... 9
5.2 – Válvulas operadas mecanicamente................................................................ 9
5.3 – Válvulas operadas por solenóides.................................................................. 10
5.4 – Válvulas operadas por piloto......................................................................... 11
6 – Manutenção preventiva.................................................................................... 11
7 – Estocagem de sobressalentes............................................................................ 13
8 – Vedações........................................................................................................... 14
8.1 – Exemplos de montagens de vedações em atuadores pneumáticos................ 16
9 – Plano de manutenção preventiva em uma instalação pneumática.................... 18
10 – Defeitos mais comuns em sistemas pneumáticos........................................... 19
Referências bibliográficas...................................................................................... 20
Tópicos sobre manutenção de sistemas pneumáticos
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1 - ENERGIA PNEUMÁTICA
A produtividade industrial tem aumentado de forma extraordinária nos
últimos anos, fato conhecido por todos. Este aumento na produtividade é, em
grande parte, impulsionado pela presença de atuadores pneumáticos. Os
elementos pneumáticos de potência – motores e cilindros, possuem enormes
vantagens sobre os acionamentos mecânicos. Porém, existe um fato negativo
nesse aspecto que é importante: seu custo energético, visto que a energia
pneumática é a mais cara em relação à elétrica.
2 - COMO CONSERVAR UM SISTEMA PNEUMÁTICO
Na lista de componentes de um sistema pneumático, existem três
importantes elementos que, freqüentemente são esquecidos e são de vital
importância para o bom funcionamento de um sistema pneumático: os filtros
de ar, os reguladores de pressão e os lubrificadores de linha. Como não
realizam nenhuma função dinâmica, tornou-se comum pensar que esses
elementos possam ser relegados a um segundo plano. Contudo, todo o circuito
pneumático deve ser instalado com um filtro, um regulador de pressão e um
lubrificador em sua entrada.
Sem um filtro de ar é quase impossível excluir as impurezas das
tubulações que, com o passar do tempo, danificam internamente as tubulações
que ligam o compressor à máquina. Isso porque a condensação que se deposita
na superfície interna dos tubos provoca a formação de ferrugem a certos
depósitos de impurezas que, com o tempo, se desprendem e atingem o circuito
pneumático, provocando avarias graves nas válvulas e nos cilindros do
sistema.
O regulador de pressão assegura o fornecimento de uma pressão
constante ao circuito pneumático, uma vez que o fornecimento de pressão
uniforme na alimentação é essencial. Isto não poderia ser obtido sem o
regulador, porque as variações de pressão na rede de distribuição são
constantes face ao consumo também variável. A pressão na rede também é
mais elevada que a requerida pelo sistema para um funcionamento satisfatório
e só o regulador permite que se trabalhe com uma pressão pré-determinada.
A lubrificação desempenha papel igualmente importante no processo ao
se desejar reduzir ao mínimo desgaste, já que os lubrificantes aumentam, sem
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dúvida, o tempo de vida das vedações e, conseqüentemente, de todo o
equipamento pneumático.
Dessa forma, para a correta instalação de um circuito pneumático, não
se concebe a ausência desses três equipamentos pneumáticos. Por outro lado,
o funcionamento adequado dos circuitos depende, ainda, de sua acertada
instalação o que pode ser conseguido mediante as seguintes precauções:
- Efetuar a limpeza de toda a tubulação, através da passagem forçada de
ar, antes de se ligar qualquer válvula ou cilindro;
- Providenciar proteção conveniente das válvulas contra calor excessivo,
poeira, elementos corrosivos e pancadas;
- Evitar estrangulamento desnecessário da tubulação;
- Verificar se a tensão da bobina é a mesma da rede;
- Munir os circuitos dos equipamentos necessários (filtros, lubrificador e
regulador) e fazer o sistema funcionar primeiramente com excesso de
óleo, até se notar uma neblina saindo pelos escapes das válvulas,
quando então, se regula o lubrificador para uma quantidade de óleo
ideal. A lubrificação é constante pelo visor do lubrificador, mas não se
nota a neblina de óleo ideal (lubrificação é constante pelo visor de
lubrificador, mas não se nota a neblina de óleo formada pelo escape).
3 - CUIDADOS BÁSICOS
Os equipamentos pneumáticos em funcionamento necessitam de alguns
cuidados para que um pequeno defeito não venha prejudica-los seriamente. As
principais observações que devem ser feitas são as seguintes:
- Verificação diária do nível do óleo nos lubrificantes e constatação, pelo
visor, se os mesmos estão funcionando para que não falte lubrificação;
- Observação dos equipamentos quanto à sua fixação (cilindros
trabalhando soltos passam, geralmente, a receber esforços radiais em
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seu eixo e pode ocasionar sua ruptura, desgaste, irregulares dos mancais
riscos no tubo);
- Eliminação de qualquer vazamento, pois este defeito implica consumo
de ar desnecessário e queda de pressão;
- Drenagem diária dos filtros para evitar a sua saturação;
- Manter sempre que possível, os equipamentos limpos e protegidos
contra impurezas, pancadas e elementos corrosivos.
Outros cuidados que evitam manutenções corretivas devem ser tomados
por ocasião de montagem e desmontagem dos equipamentos pneumáticos
que possuem guarnições e superfícies lisas de todo tipo.
Alguns dos principais cuidados a serem tomados envolvem:
- A escolha de um lugar limpo e livre de poeira para a desmontagem da
válvula ou cilindro;
- Limpeza perfeita de todas as peças antes que sejam montadas - as
guarnições não podem ser limpas com solventes que ataquem a
borracha, com gasolina, benzina e tinner;
- Lubrificação de todas as peças, antes da montagem;
- Exame cuidadoso (antes da montagem dos acabamentos das superfícies
metálicas que entram em contato com as guarnições, já que montar uma
guarnição nova em uma superfície áspera, batida ou arranhada é o
mesmo que perde-la);
- Prevenção contra o uso de martelo de metal e de ferramentas de aresta
cortante no ato de desmontar e montar (se necessário, usar o martelo de
plástico ou borracha).
Numa segunda etapa, deve-se cuidar para que toda guarnição seja
desmontada ou montada sem esforços demasiados, pois a ocorrência destes
indica que algo está errado e tal erro deve ser localizado. Ao montar uma
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guarnição tipo “O” Ringe em um fixo, deve-se tomar todas as precauções
caso a guarnição tenha que passar por uma aresta cortante.
4- INSTALAÇÃO DE VÁLVULAS PNEUMÁTICAS
4.1 - VÁLVULAS COM OPERAÇÃO MANUAL
- Se a válvula tiver pés para montagem, coloque-os com segurança em uma
superfície plana. Não coloque um esforço sobre o corpo da válvula montando
esta em uma superfície desigual;
- Instale a válvula de forma que o atuador esteja prontamente acessível ao
operador. Não lhe exija procurar em todo o mecanismo de movimento para
alcançar o atuador da válvula;
- Instale a válvula de forma que ela não esteja sujeita a jatos quentes. O calor
extremo produz um efeito nocivo na maioria das vedações;
- Instale a válvula de forma que ela não fique coberta de sujidade. As válvulas
freqüentemente ficam cobertas e são difíceis de achar;
- Faça ligações com os orifícios da válvula de forma que não vazem, mas não
aplique muita força ao apertar essas ligações para que as aberturas não se
quebrem;
- Instale as válvulas de forma que se possam ser facilmente acessíveis ao
operador, contudo, altas o suficiente para que não sejam atingidas por
elementos móveis;
- Quando instalar as válvulas certifique-se de que a sujidade não entrou nas
válvulas antes de serem operadas.
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4.2 - VÁLVULAS COM OPERAÇÃO MECÂNICA
- A válvula deve ser montada numa boa superfície plana. Essa válvula deve
suportar esforços de roletes, braços de disparo, pinos e outros meios de
operação mecânica. Os parafusos de montagem devem ser colocados uniforme
e firmemente;
- Certifique-se de que a válvula esteja limpa antes que seja instalada;
- Instale a válvula, de forma que funcione melhor na disposição dos tubos. Em
outras palavras, elimine curvas na tubulação tanto quanto possível;
- Certifique-se de que todas as conexões de canos estão apertadas. Os
vazamentos de óleo e de ar são desaconselháveis;
- Verifique os disparos mecânicos para saber se estão no alinhamento
adequado. Verifique também se passam além do curso normal;
- Lubrifique os mecanismos de atuação, e certifique-se de que funcionam
livremente.
4.3 - VÁLVULAS OPERADAS POR SOLENÓIDES
- Monte a válvula a solenóide conforme recomendações do fabricante. Alguns
modelos são recomendados para movimento horizontal do êmbolo, e outros
modelos para o movimento vertical do êmbolo.
- Se a válvula for do tipo projetado para montagem em tubulação, certifique-se
de que a válvula esta montada para cima, de forma que não vaze, já que
muitas válvulas montadas em linha possuem corpos de ferro fundido ou latão,
certifique-se de que os canos não estão parafusados no corpo da válvula de tal
maneira que rachem o corpo da válvula;
- Verifique cuidadosamente a especificação usual na placa de registro da
válvula ou na bobina do solenóide, antes de ligar os fios. Nunca utilize uma
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corrente elétrica diferente da especificada na válvula. As recomendações do
fabricante devem ser seguidas;
- Mantenha as válvulas de solenóide afastadas de regiões em que a
temperatura seja alta. As bobinas de solenóide devem ser mantidas, se
possível, em temperaturas normais;
- Nas atmosferas explosivas, instale válvulas de solenóides que tenham
invólucros à prova de explosão;
- Certifique-se de que o interior da válvula está limpo quando esta for
instalada;
- Monte a válvula do solenóide de forma que esteja protegida de carros de
oficina, caçambas e outros objetos que possam danificar a válvula;
- Certifique-se de que as tampas do solenóide estão no lugar antes que a
válvula seja posta em funcionamento; isso evita a entrada de sujidade e
partículas.
4.4 - VÁLVULAS OPERADAS POR PILOTO
- Se a válvula tiver pés para montagem, monte-a com segurança numa
superfície plana uniforme. Se a válvula for montada em tubulação, os tubos
deverão ser seguramente apertados no corpo da válvula;
- Assegure-se de que não há vazamento nas ligações piloto;
- Certifique-se de que as ligações do piloto não estão restringidas;
- Mantenha a válvula afastada do calor;
- Veja se a lubrificação está disponível para a válvula;
- Monte a válvula, quando possível, numa posição horizontal. Embora isso não
seja necessário para algumas válvulas, não ocorre o mesmo para outras.
- Não martele a válvula nem quando da instalação nem depois desta;
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- Certifique-se de haver selecionado a válvula de piloto correta para acionar a
válvula operada a piloto;
5 - CAUSAS DE FALHAS EM VÁLVULAS PNEUMÁTICAS
5.1 - VÁLVULAS OPERADAS MANUALMENTE
- Sujidade – Esta é a causa principal de falha nas válvulas. A sujidade das
linhas sem filtros ou de sistemas sujos pode incrustar-se nas vedações das
válvulas, arranhar revestimentos de válvulas e êmbolos metálicos, bloquear a
passagem de fluidos e causar vários tipos de danos;
- Falta de lubrificação – A maioria das válvulas pneumáticas necessitam de
lubrificação. Sem lubrificação as peças desgastam-se rapidamente. A falta de
lubrificação pode fazer o atuador da válvula travar;
- Temperatura de operação – Altas temperaturas levam à deterioração a
maioria das vedações, causando vazamentos. A dilatação térmica das
vedações pode causar falhas;
- Peças danificadas – Algumas válvulas possuem mola para retorno do atuador
à posição inicial. Se o atuador não retornar a mola pode estar danificada;
- Vedações incorretas – Especifique a vedação correta de acordo com o
fabricante e o código da válvula, não esquecendo de observar a faixa de
temperatura em que as vedações devem operar.
5.2 - VÁLVULAS OPERADAS MECANICAMENTE
- Se a válvula falhar em deixar passar a quantidade correta de fluido, verifique
se o meio de acionamento está impulsionando o mecanismo da válvula na
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extensão total de seu curso. O mecanismo de disparo pode estar empenado ou
frouxo, comprometendo a operação da válvula;
- Se um rolete, pino ou alavanca articulada falharem em retornar à posição
inicial quando a pressão for aliviada, vários elementos devem ser verificados,
como, por exemplo, a mola de retorno pode estar quebrada, lubrificação
inadequada, ou pode haver sujeira em excesso, pois partículas podem se
introduzir no mecanismo de operação fazendo a válvula travar.
5.3 - VÁLVULAS OPERADAS POR SOLENÓIDES
- As válvulas são construídas para trabalhar em certas faixas de pressão
nominal e o fabricante recomenda que se respeitadas as especificações mínima
e máxima de pressão, a válvula funcionará satisfatoriamente. Nunca exceda
essas recomendações de pressão;
- O mau funcionamento das válvulas acionadas por solenóides pode ser
ocasionado por uma queda de tensão na rede. Verifique a tensão elétrica na
bobina usando um voltímetro;
- Uma bobina curto-circuitada fará a válvula falhar. Troque a bobina do
solenóide não esquecendo da tensão de alimentação da rede elétrica;
- Um condutor quebrado faz com que a bobina não seja energizada, logo o
solenóide não funcionará.
- A falha da válvula freqüentemente é atribuída a uma condição externa ao
solenóide, isto é, uma chave limitadora defeituosa, ou um atuador elétrico que
não permita a chegada de corrente elétrica na bobina do solenóide, de forma
que o mesmo não possa atuar;
- Use sempre a voltagem correta na bobina do solenóide, caso contrário o
solenóide não acionará ou a bobina queimará;
- Nunca retire as vedações ou peças do solenóide, pois ele poderá não
funcionar;
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- Se a válvula não deixar passar a quantidade de fluido esperada, verifique o
êmbolo do solenóide está abrindo corretamente;
- Se o solenóide for acionado numa freqüência muito alta, a bobina poderá
superaquecer-se, causando falhas.
5.4 - VÁLVULAS OPERADAS POR PILOTO
- As causas de falhas nas válvulas operadas a piloto são similares às outras
estudadas como, por exemplo, temperatura de operação adequada, sujidade,
vedações defeituosas, molas quebradas, etc;
- A pressão de operação de uma válvula pilotada de ser obedecida de acordo
com as recomendações do fabricante, caso contrário a válvula poderá não
acionar ou reduzir a vida útil das vedações;
- Um vazamento na linha piloto pode causar o mau funcionamento da válvula;
- A câmara piloto deve estar sempre bem lubrificada para não formar
encrustrações.
6 - MANUTENÇÃO PREVENTIVA
É difícil estabelecer um período igual para a manutenção preventiva dos
equipamentos pneumáticos.
Não há dúvida que a manutenção deve ser periódica, mas os intervalos
devem ser indicados conforme as condições ambientais, como a existência de
poeira, calor agentes corrosivos e outros. Pode-se dizer que, de um modo
geral, para condições normais de trabalho, a manutenção pode ser feita em
intervalos que variam entre 3 a 4 meses.
A variável de período é estabelecida durante a própria manutenção, pois
se os equipamentos se apresentarem em bom estado, sem nenhum reparo a
fazer, logicamente o intervá-lo poderá ser ampliado. Caso contrário, quando
os equipamentos apresentarem muitos defeitos antes da manutenção, o
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intervalo deve ser reduzido. Outra providência sustenta-se na manutenção de
um razoável estoque de elementos mais sujeitos a defeitos, para que o
equipamento pneumático não fique parado por muito tempo em caso de
substituição do elemento defeituoso.
Os principais itens abordados quando da manutenção preventiva são:
- Cuidado na desmontagem das válvulas ou cilindros (na maioria das vezes
trata-se de elementos mecanicamente perfeitos que necessitam apenas de
limpeza), já que a falta de cuidado pode produzir avaria de uma guarnição ou
peça, implicando a sua substituição;
- Verificação atenta do estado das guarnições que devem trabalhar
perfeitamente até a próxima manutenção (uma guarnição que ainda não
apresentou vazamento, mas tem indícios de desgaste deve ser substituída);
- Exame cuidadoso das superfícies metálicas de trabalho onde deslizam eixos,
tubos, verificando se não apresentam ranhuras pancadas ou rebarbas;
- Inspeção dos elementos desmontados quanto à lubrificação para constatação
da eficiência do sistema de lubrificação. No caso de os equipamentos
apresentarem defeitos antes do tempo previsto, convém investigar como
causas prováveis: lubrificação escassa, presença de impurezas no interior do
equipamento, desgaste exagerado ou ranhuras nos eixos, tubos e mancais;
- No caso de sobressalentes, há um cuidado especial que deve ser tomado:
quando o equipamento que está trabalhando precisar de reparos, deve-se trocar
todo o conjunto e recuperar na oficina o que foi retirado, sem a pressão do
pessoal da produção, e deixa-lo como sobressalente no lugar do item que foi
retirado. Outro artifício que auxilia bastante na manutenção é a determinação
da vida útil do equipamento, para que este seja substituído antes de quebrar.
Uma ficha de manutenção do equipamento permite acompanhar o
comportamento do elemento em observação, desde sua instalação até o
momento de sua substituição, temporária ou definitiva, por outro elemento.
Quando qualquer das partes internas das válvulas e cilindros apresentar sinais
de oxidação ou desgaste, deve ser trocada imediatamente, pois, nesse estado,
elas já não cumprem a finalidade a que se propõem e é nesta condição que se
apresenta a necessidade do sobressalente adequado;
- Deve-se ter como sobressalente um mínimo de 10% dos equipamentos
instalados para que se possa fazer a rotatividade do equipamento durante as
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manutenções preventivas, sem a necessidade de expor ao risco de uma
paralisação da produção por falta de equipamento sobressalente. Pela ficha de
manutenção determina-se, com antecedência, quantos conjuntos deve-se ter
prontos para a próxima manutenção preventiva. Como peças de reposição,
deve-se ter os “kits” de reparo para as válvulas, reguladores de pressão e os
cilindros;
- O único detergente utilizado na limpeza dos componentes pneumáticos é o
querosene, pois outros produtos contêm substâncias que atacam as borrachas
(matéria-prima das guarnições de válvulas e cilindros). Para limpeza de peças,
usam-se panos ou flanelas, mas nunca estopas cujos fios e linhas podem
entupir as passagens internas das válvulas, cilindros, filtros, etc. Sempre que
se desmontar qualquer equipamento, principalmente as válvulas, é
aconselhável usar o desenho em corte desse equipamento como auxilio de
montagem, invertida ou fora de lugar prejudicará o funcionamento do
equipamento ou o impedirá de funcionar. Deve-se também testar os
equipamentos logo depois de sua recuperação;
- Quando o número de equipamentos instalados é muito grande, aconselha-se
o uso de uma bancada de testes que proporciona ganho de tempo e economia.
7 - ESTOCAGEM DE SOBRESSALENTES
Todo equipamento pneumático deve ser estocado em lugar limpo e
seco. Os equipamentos recuperados devem ficar em prateleiras limpas e secas
e com batoques (tampões de plástico) nos orifícios das válvulas, cilindros,
filtros, lubrificadores, reguladores de pressão, etc., para prevenir a entrada de
poeira, limalhas, carepas e outros detritos. Os equipamentos devem ser
armazenados um ao lado do outro e nunca um sobre o outro exceto se
estiverem acondicionados em embalagens próprias de papelão ou madeira.
Os “kits” de reparo também devem ser armazenados em prateleiras
limpas e secas, e em local arejado para que as guarnições não ressequem.
Normalmente os “kits” são embalados em sacos plásticos e guardados também
em caixas de papelão ou madeira, o que facilita sua localização dentro do
almoxarifado. É necessário observar, ainda, que em casos de “kits” para
cilindros é bom verificar o diâmetro do cilindro, o diâmetro do eixo e o tipo do
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cilindro (se simples ou dupla ação/duplex contínuo ou geminado/eixo simples
ou passante).
8 - VEDAÇÕES
Existem, basicamente, dois tipos de vedações: as estáticas, que vedam a
passagem de ar entre duas superfícies que não possuem movimento relativo
(entre o tubo e os cabeçotes do cilindro, entre o eixo e o embolo do pistão), e
as dinâmicas, que evitam vazamento de ar entre as superfícies que possuem
movimento relativo (entre o eixo e o mancal do cilindro, entre o embolo do
pistão e tubo). Normalmente, as vedações utilizadas em aplicações
pneumáticas são feitas de borracha sintética.
Quanto ao formato, o mais simples e mais comum é o anel “O” usado
tanto para vedações dinâmicas como, estáticas. Geralmente são alojadas em
sulcos do componente e sofrem uma pré-compressão em uma direção, para
efetuar a vedação desejada. O maior problema com esses anéis é sua constante
tendência à extrusão, quando sujeitos a altas pressões, ou seja, de serem
esmagados ao entrarem na folga entre duas superfícies.
O problema, que inutiliza rapidamente a vedação, pode ser evitado ao se
recorrer a um anel de resina termoplástica fluorcarbono entre o fim do rasgo
onde se aloja e a folga, pois esse material é resistente a altas pressões. A
função do anel, no caso, é a de impedir a entrada do material na vedação entre
a folga das superfícies em contato.
A mais simples das vedações para uso dinâmico é a guarnição de
limpeza ou separadora do eixo. Embora sem finalidade precípua de vedação,
serve para manter seu mancal livre de poeira e de outros materiais abrasivos,
evitando o rápido desgaste.
Outros tipos dessa mesma classe são as vedações em forma de “L”, cuja
principal vantagem é serem fixas, evitando qualquer possibilidade de
enrolamento. Sua maior desvantagem é que as peças montadas devem possuir
duas partes separadas, que serão acopladas, acarretando maior trabalho de
ajustagem e montagem.
As vedações em forma de “U” estão incluídas na classe das dinâmicas e
sua característica principal é a montagem do êmbolo em uma só peça,
facilitando sua ajustagem. Essas vedações, porém, ficam soltas dentro de seu
rebaixo e podem provocar dificuldades quando sujeitas a altas pressões.
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As matérias-primas básicas empregadas na fabricação das vedações em
geral são: a borracha nitrílica, composta quimicamente de butadieno e
acrilonitrila (Buna N), a borracha cloroprene (mais conhecida como
Neoprene), as resinas termoplásticas fluorcarbono (Teflon) e borracha
fluorada (Víton).
Indicadas particularmente para guarnições de óleo de petróleo e fluidos,
água, óleos de silicone, graxas e fluidos à base de glicol resistentes ao fogo, as
borrachas nitrílicas não são resistentes ao ozônio (ação do tempo e luz solar),
embora suas propriedades, possam ser melhoradas com a adição de alguns
compostos. Devido à sensibilidade ao ozônio, as borrachas não devem ser
guardadas ou instaladas perto de uma possível fonte de ozônio (próxima a
motores elétricos ou da luz solar direta).
As propriedades mecânicas e químicas da Buna N permanecem
constantes numa temperatura entre 54C a 121C, podendo ser empregada em
todas as guarnições de cilindros e válvulas que operem em ambientes com
temperaturas máxima de 80C.
Embora possa ser usado com vantagens nas guarnições de limpeza, o
Neoprene está sendo substituído totalmente pela Buna N, que apresenta
grandes vantagens na aplicação em produtos hidropneumáticos.
O Neoprene possui boa resistência à ação do tempo e também é superior
à borracha natural no rendimento a altas temperaturas, mas tende a endurecer
e se tornar rijo a baixas temperaturas, chegando a cristalizar-se quando
submetido a esforços dinâmicos. Esta borracha mantém suas propriedades
numa faixa de temperatura de 54C a 149C.
Já o Teflon pode ser usado sem perigo de engripamento dos
equipamentos, evitando os inconvenientes da lubrificação, enquanto não for
ultrapassada a velocidade limite de 100 mm/min para o Teflon seco, pois
lubrificado, essa velocidade pode ser maior.
Esta matéria-prima tem sua aplicação principal nesses produtos como
anel de encosto (“back-up”) das guarnições, “O” Ring dos pistões e mancais
hidráulicos, porque os anéis de borracha fluorcarbono colocados nos dois
lados do “O” Ring impedem a extrusão dos mesmos sob alta pressão, devido a
sua alta resistência. Também evitam que o pistão arranhe e toque o tubo,
prolongando-lhe a vida e a das vedações, já que o coeficiente de atrito entre a
superfície do tubo e o Teflon é quase desprezível.
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8.1 – EXEMPLOS DE MONTAGENS DE VEDAÇÕES EM
ATUADORES PNEUMÁTICOS
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9 - PLANO DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA EM UMA
INSTALAÇÃO PNEUMÁTICA
MANUTENÇÃO PROCEDIMENTO
DIÁRIA - Esvaziar a condensação no depósito de filtro, se
não houver dispositivo de dreno automático.
- Controlar o nível de lubrificante.
SEMANAL - Revisar se há sujeira e desajustes nos finais de
curso.
- Ajustar os manômetros nos reguladores de
pressão.
- Ajustar o funcionamento dos lubrificadores.
TRIMESTRAL - Verificar se não existem perdas nas conexões.
Reapertá-las se for preciso.
- Verificar se não existem perdas nas válvulas de
escape.
- Limpar os cartuchos filtrantes e os silenciadores.
- Verificar o funcionamento dos dispositivos de
dreno automático.
SEMESTRAL - Fazer funcionar manualmente os cilindros
pneumáticos, sem ar comprimido, para verificar
possíveis desalinhamentos.
- Verificar perdas nas conexões e vedações.
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10 - DEFEITOS MAIS COMUNS EM SISTEMAS PNEUMÁTICOS
DEFEITO
VERIFICADO
CAUSA MAIS
PROVÁVEL
VERIFICAR PROVIDÊNCIAS
O cilindro parou
de funcionar.
Falta de ar na linha. A pressão do manômetro – se não há tubulação partida ou desconectada. Registros fechados.
Reparar – abrir os registros.
Válvula não está atuando. O acionamento da válvula: solenóide, rolete, gatilho, etc.
Trocá-lo.
Guarnições internas do cilindro dando passagem.
Desconectar as mangueiras do cilindro(uma de cada vez) e verificar se o ar entra de
um lado do cilindro e sais do outro.
Trocar o “kit” do cilindro.
O cilindro funciona,
porém não tem força
suficiente para
executar seu trabalho.
Baixa pressão na linha. Testar pressão na entrada do circuito.
Normalizar a pressão.
Elemento filtrante do filtro de ar:( se está muito sujo).
Limpa-lo com querosene.
Regulador de pressão não regulado ou com diafragma
furado.
Regular ou trocar o diafragma.
Válvula solenóide
atuando
incorretamente ou
sem sinal elétrico.
Desgaste das guarnições do conjunto do solenóide.
Se há desgastes nas guarnições de vedação.
Trocar o conjunto de solenóide.
Curto circuito elétrico ou defeito na parte elétrica.
Trocar a bobina do solenóide Verificar o condutor
Válvulas fim de
curso não acionam as
válvulas de comando.
Guarnições gastas.
Se a válvula está dando
passagem interna de ar, quando na posição de repouso.
Trocar o “kit” da válvula.
Acionamento danificado. O acionamento (visualmente).
Trocar a válvula.
Cilindros e/ou
válvulas não estão
sendo lubrificadas.
Falta de óleo no lubrificador. Nível de óleo. Completar o nível.
Lubrificador desregulado (fechado).
Visor de óleo (4 gotas por minuto).
Regular
Bujão de reabastecimento frouxo.
Posição do bujão. Apertá-lo (com a mão).
Outros defeitos. Olhar o esquema do circuito pneumático.
Encontrar o defeito e corrigi-lo.
Tópicos sobre manutenção de sistemas pneumáticos
Prof. Eng° André G. Rainys – CREA-RS 83795-D
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 FESTO Didactic. Automação Pneumática. Catálogo Linha Geral. 2 ed. São
Paulo, 1996. p. 867
2 PARKER Automation. Cilindros Pneumáticos. Catálogo Eletrônico 1114
BR. Versão 1.0. São Paulo, 1998. CD.
3 PARKER Pneumatic. Válvulas solenóide. Catálogo Linha Geral. São Paulo,
1999. p. 45.
6 PROAR. Apostila Técnica. Porto Alegre, 1996. p. 154.
7 FESTO Pneumatic. Informações Técnicas. Catálogo de Máquinas e
Equipamentos Pneumáticos. 3 ed. São Paulo, 1997. p 246.
8 STUART, H. – Pneumática e Hidráulica, Editora Helmus São Paulo, 1989
p 525
9 RAINYS, A. – Automação Peumática – Apostila Técnica p. 165