apostila nazi-fascismo
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Colégio Pedro II
Disciplina: História Prof: Marco Lamarão
3º ano– O surgimento e a consolidação dos fascismos na Europa.
Introdução
O termo nazi fascismo é a junção de
duas palavras: nazismo + fascismo.
Os fascismos foram regimes políticos
que se formaram na Europa no perí-
odo do entre guerras (1919-1939),
tendo influenciado diversos regimes
políticos ao redor do mundo, inclusi-
ve o Brasil no período denominado
Estado Novo, na Era Vargas, tema de
aulas posteriores. Já o Nazismo é o
nome dado ao fascismo em uma for-
ma específica, a forma alemã, da
qual trataremos mais detalhadamen-
te a frente.
Se nas aulas passadas pudemos estu-
dar a crise econômica do capitalismo
liberal no final da década de 1920, o
nazi fascismo pode ser considerado a
crise política do liberalismo, onde os
regimes políticos baseados no libera-
lismo (com Parlamento, eleições,
Constituição liberal, etc.) foram, na
Europa, sendo substituídos por dita-
duras, baseadas na concentração de
poder, na censura à opinião, no par-
tido único, na forte dirigismo econô-
mico do Estado (intervenção do Esta-
do na economia: o Estado determi-
nava quais seriam as áreas prioritá-
rias de investimentos econômicos,
metas de produção, etc.), bastante
distinto, portanto, daquilo que se
acreditava ser o modelo a adotar-se
por todas as “nações civilizadas” do
mundo. Quais condições históricas
levaram o modelo politico liberal à
esta crise?
1.0 O contexto histórico da Europa
no entre guerras.
As consequências da 1ª Guerra
Mundial.
Um Fator importante que deve ser
levado em conta na ascensão dos
fascismos é a 1ª Guerra Mundial.
Afinal ela levou a destruição física e
ao esgotamento econômico de diver-
sos países europeus, mesmo vitorio-
sos. A Itália, mesmo sendo parte dos
declaradamente vencedores, não
consegue novas conquistas territori-
ais e, ao contrário, perde territórios
coloniais na África.
Já para a Alemanha a situação é bem
mais grave. Considerada pelos trata-
dos de paz da 1ª guerra como a única
culpada, este país sofre pesadas pu-
nições que deixa sua economia em
frangalhos. Restrições militares, per-
das de territórios na Europa e uma
pesada indenização de guerra são
algumas delas, levando ao cresci-
mento de um sentimento de revan-
chismo alemão. Neste sentido, a des-
truição física, econômica e moral de
países da Europa podem ser conside-
rados importantes fatores para o
surgimento e fortalecimento do nazi-
fascismo.
A Revolução Bolchevique de 1917 e
a ascensão da esquerda socialista
europeia.
Além disso, a expe-
riência revolucioná-
ria pelo qual passa-
ra a Rússia era, ao
mesmo tempo, fa-
tor de atração dos
setores da esquerda
socialista europeia
que aspiravam uma revolução socia-
lista na Europa e fonte de medo aos
capitalistas que combateriam com
todas as forças a possibilidade de
transformação do capitalismo em
socialismo. No entanto, as primeiras
eleições do pós– guerra na Europa
mostraram um crescimento dos par-
tidos socialistas no cenário politico.
Este crescente temor contribuiu para
o fortalecimento destas correntes
conservadoras inspiradas no
“fascismo”.
A instabilidade econômica e a crise
de 1929.
No caso alemão, em especial, a crise
de 1929 fora outro fator que contri-
buiu para o fortalecimento do nazis-
mo e sua chegada ao poder. A crise
econômica daquele ano piora ainda
mais a situação econômica alemã e
leva ao vertiginoso crescimento do
movimento nazista alemão. Atenção:
a crise de 1929 não pode ser usado
como fator explicativo do fascismo
italiano, afinal o fascismo italiano
chega ao poder em 1922, 7 anos an-
tes da crise de 1929. Esta relação é
válida, somente, no caso alemão.
2.0 Características Gerais do fascis-
mo.
O fascismo se caracterizou por um
conjunto de práticas
e de ideias que não
podem ser tomadas
como um todo orgâ-
nico ou coerente. Ou
seja, dependendo do
país, aquela ou esta
característica pode
ser realçada, uma ou outra pode es-
tar ausente. Por esta heterogeneida-
de de casos e por ser mais um con-
junto de práticas e valores do que
um corpo doutrinário seria mais cor-
reto chamarmos-lhe pelo seu plural:
os fascismos . Contudo, de forma
esquemática, algumas ideias ou ca-
racterísticas gerais destes regimes
poderiam ser destacadas.
Anti individualismo: A própria ori-
gem da palavra fascismo é bastante
explicativa neste sentido. A palavra
fascium designava um símbolo do
poder do Estado, representado por
30 varas atadas por uma corda. A
ideia era de que elas juntas, unidas,
seriam impossíveis de serem quebra-
das. Ao contrario, quando sozinhas,
eram fáceis de se partir. Esta metáfo-
ra era utilizada para a sociedade e o
indivíduo. Para o fascismo, o indiví-
duo deveria sacrificar parte de sua
liberdade em nome de um bem co-
mum. A liberdade individual era en-
tendida como um mal que deveria
ser combatido,
isso era a base de
um antiliberalis-
mo.
O totalitarismo:
A ideia de totali-
tarismo, utilizada
por Benito Mus-
solini (líder fascis-
ta Italiano) para valorizar o seu regi-
me, foi utilizada posteriormente aí
com um sentido pejorativo, negativo.
Mais do que um regime autoritário
que se impõe sobre a repressão ou a
violência ( o que o fascismo também
fazia), o regime totalitário é caracte-
rizado por buscar controlar todos os
âmbitos da vida social. Ele se baseia
não na violência, mas no terror, que
teme não só inimigos, como descon-
fia de aliados, buscando interferir na
forma de agir, pensar, se expressar
de toda a população. Aqueles que
não se adequarem a estas diretrizes
são eliminados da sociedade (mortos
ou exilados). Além disso, os regimes
fascistas eram totalitários porque
buscavam submeter toda a humani-
dade a esta forma de governo.
O corporativismo: Esta ideia, embora
reconhecesse a existência de classes
sociais distintas, mantinha à distância
a ideia de luta de classes, através da
afirmação de uma aceitação das hie-
rarquias, em favor de um bem co-
mum, um bem maior: o bem da na-
ção. Afinal, a sociedade era um todo
orgânico, onde cada classe deveria
desempenhar da melhor forma a sua
função, ao invés de promoverem a
desordem ou o conflito. Aqueles que
incitavam a luta de classes, como os
socialistas, deveriam ser duramente
enfrentados, aliava-se a isto o senti-
mento anticomunista propagado
pelo regime fascista. Cabe aqui des-
fazer uma afirmação presente no
senso comum: a de
que o fascismo se-
ria herdeiro ou ins-
pirado no socialis-
mo. Pois que os
fascistas se utiliza-
ram de muitas sim-
bologias importan-
tes aos comunistas,
dando outros signi-
ficados a ela, como
forma de combatê-
los e não de home-
nageá-lo. Assim, a
bandeira vermelha
da Alemanha Nazis-
ta, ou a expressão
“Nacional-socialista”
no nome do partido
nazista, ou mesmo a
instituição de 1º de
maio (dia internacional do trabalha-
dor) como feriado na Alemanha após
1933, embora tivesse semelhanças
com os símbolos socialistas, tinham
significados completamente diferen-
tes, senão opostos.
Culto à personalidade: Os regimes
fascistas depositavam a sua direção
em um grande líder que deveria ser
idolatrado de maneira “mística”. O
respeito à autoridade do Chefe da
Nação era valorizado, como condutor
legítimo dos desejos e da “vontade
coletiva”. Por isso a ditadura exerci-
da por esta figura não era só legitima
como desejada por parcelas significa-
tivas destas nações. Efetivamente, o
fascismo era um movimento de mas-
sas que tinha o apoio de amplos se-
tores da população. A figura do gran-
de líder era, a todo o momento, valo-
rizada, sua imagem repetidamente
expostas, seus discursos exausta-
mente transmitidos pelas rádios. Ain-
da mais, desprezava-se a ideia de
razão e a racionalidade, e dava-se
mais valor a fé e ao voluntarismo.
Militarismo: Embora em grande par-
te de sua existência os regimes fas-
cistas vivessem em tempos de paz, a
guerra não só era valorizada como a
sociedade se organizava em função
dela. Assim, a militarização da juven-
tude era intensa, os modos militares,
o respeito à hierarquia, a disciplina, a
obediência, eram todos valorizados
neste regime. A guerra tinha um ca-
ráter purificador, que separava os
homens covardes, dos corajosos e
deveria ser reconhecida como o ine-
vitável caminho para verdadeira paz.
Ultranacionalismo: Como você já
deve ter percebido, o sentimento
nacionalista era exagerado nestes
discursos e servia como mais um ele-
mento para fortalecer a unidade so-
cial. Aliada à ideia do militarismo e
de que a guerra era inevitável, o dis-
curso ultranacionalista era fortaleci-
do pela ideia de um inimigo estran-
geiro que deveria ser, uma hora ou
outra, combatido.
Embora não fossem as únicas, estas
características permitem delinear,
em linhas gerais, algumas caracterís-
ticas dos regimes fascistas que teve
nos casos italiano e alemão as suas
principais expressões.
3.0 O fascismo Italiano
O fascismo surgiu na Itália por obra,
principalmente, de Benito Mussolini,
um jornalista, que fundou em 1919, o
Fasci Italiani di Combatimento, algo
que poderia ser traduzido como
“Grupos Italianos de Combate”. Até
1914, Mussolini era integrante do
Partido Socialista Italiano, tendo sido
expulso deste por ter sido favorável a
entrada da Itália na 1ª Guerra Mundi-
al, posição contrária a defendida pelo
partido. Despois da expulsão, Musso-
lini se alista no exército Italiano e luta
na guerra entre 1915-17.
Embora esteja ao lado dos vencedo-
res na 1ª grande guerra, a Itália sofre
perdas de territórios coloniais, sendo
a sua vitória na guerra conhecida,
por isso, como “Vitória Mutilada”.
Nas eleições de 1919 na Itália, logo
após o fim da 1ª Guerra Mundial, o
partido socialista italiano sai vence-
dor, obtendo 32% dos votos. Em
1921, uma ala do partido socialista
sairá deste e fundará o Partido Co-
munista Italiano que era liderado,
dentre outros, por Giacomo Matteoti
e Antônio Gramsci. O desempenho
eleitoral do partido de Mussolini não
fora expressivo, obtendo algo em
torno de 5% dos votos. Assim, Mus-
solini transforma seu partido em
uma milícia paramilitar que tinha
como alvos privilegiados os partidos
de esquerda, seus sindicatos e jor-
nais, eram os “Camisas Negras”, por
conta da cor da roupa que usavam.
Em 1921, esta milícia se transforma
no Partido Fascista, conquistando
diversos militantes e em muito pouco
tempo, o partido alcança a marca de
200 mil filiados. Nestas eleições
(1921), os
fascistas
elegeram
35 deputa-
dos. Em
1922, no
Congresso
do Partido
Fascista em
28 de outu-
bro, os seus
militantes
resolvem
fazer uma
“Marcha sobre Roma”, onde busca-
vam pressionar pela participação dos
fascistas no poder. Como os fascistas
tinham a simpatia da burguesia italia-
na, pois acreditava-se que os fascis-
tas eram a força mais eficaz no com-
bate ao crescimento do comunismo,
o rei italiano indica Mussolini ao car-
go de Primeiro- Ministro, marcando a
chegada dos fascistas ao poder na
Itália.
Entre 1922 e 1925, os esquadrões
fascistas passam a combater os soci-
alistas e comunistas. Governos de
inspiração socialistas são dissolvidos,
jornais incendiados e fechados, parti-
dos intimidades, militantes agredi-
dos, passeatas socialistas são inter-
rompidas. Em 1924, no dia 10 de ju-
lho, o militante comunista Giacomo
Matteotti fora assassinado, depois de
ter denunciado em discurso as agres-
sões praticadas pelos fascistas aos
comunistas. Em 1926, Antônio
Gramsci, então deputado do Partido
Comunista é preso com outras lide-
ranças, e só será liberto meses antes
de sua morte. Com o desmonte das
organizações comunistas, o fascismo
teve campo livre para o seu cresci-
mento. Nas eleições de 1924, os fas-
cistas obtém a marca de 65% dos
votos. Mussolini não assume a res-
ponsabilidade pelo atentado a
Matteotti. Alguns grupos antifascitas
tentam a reação o que leva ao fecha-
mento, por parte de Mussolini, do
Congresso Italiano. Ainda em 1925,
todos os partidos da Itália, exceto o
fascista, são postos na ilegalidade e
fechados.
O sindicalismo na Itália fora desarti-
culado através do Pacto do Palácio
de Vindoni, onde somente os sindica-
tos reconhecidos pelo Estado poderi-
am negociar com os patrões. Era o
Estado Corporativista. Este Estado foi
aperfeiçoado pela Carta del Lavoro
(1927) que buscava arbitrar (em ge-
ral, em favor da burguesia italiana) os
conflitos entre trabalhadores e bur-
gueses. Nunca é demais lembrar que
esta Carta del Lavoro foi a inspiração
para Getúlio Vargas, no Brasil, criar a
Consolidação das Leis Trabalhistas
(CLT) que, ainda hoje, vigoram em
nosso país.
Em 192, o governo fascistas e a Igreja
católica assinam o Tratado de Latrão,
pondo fim a chamada Questão Ro-
mana, onde Igreja e o Estado italiano
disputavam o controle sobre Roma.
Com o tratado se cria o Estado do
Vaticano e se institui o catolicismo
como religião oficial da Itália.
Na economia, a forte intervenção do
Estado (politica protecionista, política
de construção de obras públicas e
geração de empregos e uma política
de contenção salarial) permitem o
crescimento da produção e o fortale-
cimento da economia italiana. Já a
sociedade começava a se organizar
de acordo com os preceitos fascistas,
o lema: “Crer, obedecer e combater”
passou a ser repetido pela juventude.
Ainda em 1929, Mussolini promove
um plebiscito para avaliar o seu go-
verno, onde recebe a aprovação de
98% da população. Com isto, Musso-
lini se torna Duce (do latim: dux=
chefe).
4.0 O nazismo alemão
A situação da
Alemanha no
pós-guerra
era muito
mais crítica
do que a da
Itália. O Tra-
tado de Ver-
salhes coloca
a culpa da 1ª
Guerra na
Alemanha e
obriga este país a sofrer severas pu-
nições. A restrição dos exércitos, as
perdas territoriais, a pesada indeni-
zação eram alguns dos aspectos que
tornavam a situação da Alemanha
crítica.
O crescimento da esquerda comu-
nista na Alemanha também pode ser
observado no período logo após a 1ª
Guerra Mundial. A liga Espartaquis-
ta, que logo será o Partido Comunista
alemão, comandado principalmente
por Rosa Luxemburgo, após uma sé-
rie de levantes entre 1918-1919, con-
segue o controle da região da Baviera
e funda nesta localidade a República
soviética da Baviera. O governo da
república de Weimar busca reprimir
este levante e, com o auxílio dos frei-
korps (corpos de voluntários), não só
dissolvem os comitês revolucionários
como assassinam Rosa Luxemburgo e
Karl Liebknecht.
Em 1919, Hitler, integrante das for-
ças alemãs que participaram da 1ª
guerra mundial onde é ferido e con-
decorado com a Cruz de Ferro, se filia
ao Partido dos Trabalhadores Ale-
mães e objetiva combater o cresci-
mento do comunismo. Em 1920, ele
transforma o partido no Partido Naci-
onal- Socialista dos Trabalhadores
Alemães (NSDAP) ou Partido Nazista.
Em 1923, depois de inflamados dis-
cursos em uma cervejaria que servia
de ponto de encontro das lideranças
nazistas em Munich, Hitler e os de-
mais nazistas saem em marcha, pro-
curando repe-
tir o feito itali-
ano de um
ano antes.
Contudo, não
obtém o mes-
mo êxito e
Hitler, dentre
outros, é pre-
so. Na prisão
Hitler escreve um livro denominado
Mein Kampf (Minha Luta, em portu-
guês) onde sintetiza algumas ideias
do Nazismo. Nesta obra Hitler formu-
la ideias antissemitas, afirmando que
grande responsabilidade do desastre
econômico alemão era culpa dos ju-
deus, pois, de um lado, eram os capi-
talistas mais avarentos e, de outro,
os propagadores do comunismo. Os
alemães seriam um povo superior
(superioridade racial) e por isso, de-
veria evitar miscigenações com raças
inferiores (o ideal de raça pura) a fim
de manter intacta a sua condição de
ariano (arianismo), por serem superi-
ores era legítimo que estes povos
buscassem sua expansão territorial
(espaço vital ou expansionismo). Es-
tas ideias diferenciam o nazismo dos
demais fascismos.
O desempenho da economia alemã
começa a melhorar em 1924, graças
ao auxílio americano para isso, e o
crescimento dos nazistas diminuí. A
milícia nazista se chamava SA e usava
camisetas pardas com um bracelete
com o símbolo nazista. O partido na-
zista não ia bem nas eleições, domi-
nadas pelos sociais democratas, até a
crise econômica de 1929. A retirada
dos capitais americanos e a crise in-
flacionária levam a situação econô-
mica alemã ao caos. Nas eleições de
1930 os nazistas conquistaram 107
cadeiras de deputados, contra 12
anteriormente. Animado, Hitler re-
solve se candidatar à presidência e
disputa com o Marechal Hindenburg,
em 1932.
Contudo,
Hitler aca-
ba derrota-
do, obten-
do 37% dos
votos con-
tra 53% de
Hinden-
burg. No entanto, a derrota nas elei-
ções não detém o partido Nazista
que continua com suas agitações nas
ruas e os ataques aos partidos de
esquerda. Nas eleições parlamenta-
res deste mesmo ano o crescimento
dos nazistas era patente, eles obtive-
ram 230 cadeiras. Com o apelo de
grandes industriais, em 29 de janeiro
de 1933, Hitler é nomeado Chanceler
alemão pelo Marechal Hindenburg:
os nazistas chegam ao poder.
Assim, Hitler pode dar andamento a
uma série de mudanças radicais de
caráter fascista na sociedade alemã.
Em 1934, um incêndio no parlamento
alemão é atribuído ao Partido Comu-
nista e, diante desta situação, Hitler
decreta estado de emergência e de-
termina o fechamento do partido
comunista bem como de muitos sin-
dicatos onde este partido tinha influ-
encia. Além disso, judeus, esquerdis-
tas e democratas são expurgados do
serviço público alemão. Crianças e
pessoas portadoras de necessidades
especiais- físicas ou mentais- passa-
ram a ser eliminadas. Criou-se cam-
pos de concentração e a Gestapo
(policia secreta do estado). Questio-
nado por setores do nazismo por sua
aproximação com grandes capitalis-
tas alemães, em especial pela AS,
tratou de eliminar a dissidência e
extinguiu a SA através da ação da SS
(esquadrão de proteção).
Ainda em 1934, o Mal. Hindenburg
morre dando condições de Hitler
acumular o cargo de primeiro Minis-
tro e de Presidente da Alemanha. Era
o início do Terceiro Reich. Um impor-
tante elemento na construção do
nazismo foi a propaganda. Deixada a
cargo do Ministro Goebbels, a cultura
e a literatura alemã irão sofrer ações
no sentido da “purificação” sendo
perseguidos autores e artistas que
propagassem outros valores. É co-
nhecido o episódio da queima de
livros em praça pública. Em 1937,
fora organizada a mostra de “arte
degenerada” que era como ser refe-
riam os nazistas as artes produzidas
pelas “raças inferiores”. Nas escolas,
o culto ao Füher era bastante forte,
desde cedo as crianças alemães
aprendiam a cultuar Hitler. Os brin-
quedos também faziam o seu papel
educativo, ao ressaltar símbolos do
nazismo. As casinhas de boneca vi-
nham com a foto do Hitler na sala de
jantar. Os discursos de Hitler e os
atos nazistas eram transmitidos pelas
rádios e transformados em docu-
mentários que passavam nos cine-
mas alemães.
Em 1935, as leis de Nuremberg insti-
tuem e regulamentam a perseguição
aos judeus e continham medidas
como: proibição do casamento de
um ariano com um judeu, proibidos
destes de ocupar determinadas pro-
fissões.
A economia alemã, contudo, conse-
gue reencontrar o seu crescimento
devido ao forte intervencionismo do
Estado e ao fato de a indústria militar
ser bastante estimulada. Este fortale-
cimento militar alemão, contrariando
o tratado de Versalhes e a ideia do
expansionismo alemão serão dois
importantes fatores que desemboca-
rão na 2ª Guerra Mundial.
Bibliografia recomendada:
GRAMSCI, Antônio. Cadernos do Cárcere.
Vol. 1. Rio de janeiro: Civilização Brasilei-
ra, 4ª ed., 2006.
HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos: O
breve século XX- 1914-1991. São Paulo:
Companhia das letras, 1995.
LENHARO, Alcir. Nazismo: o triunfo da
Vontade. 4 ed. São Paulo: Ática, 1994.
SILVA, Francisco C.T. da, Os fascismos. In:
REIS FILHO, Daniel Aarão. Século XX. Vol.
II: o tempo das crises. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2000.
TRENTO, Ângelo. Fascismo Italiano. São
Paulo: Ática, 1986.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1) (Unesp 2012) Nas primeiras se-quências de O triunfo da vontade [filme alemão de 1935], Hitler chega de avião como um esperado Messias. O bimotor plaina sobre as nuvens que se abrem à medida que ele des-ce sobre a cidade. A propósito dessa cena, a cineasta escreveria: “O sol desapareceu atrás das nuvens. Mas quando o Führer chega, os raios de sol cortam o céu, o céu hitleriano”.
(Alcir Lenharo. Nazismo, o triunfo da vontade, 1986.)
O texto mostra algumas característi-cas centrais do nazismo:
a) o desprezo pelas manifestações de massa e a defesa de princípios religi-osos do catolicismo.
b) a glorificação das principais lide-ranças políticas e a depreciação da natureza.
c) o uso intenso do cinema como propaganda política e o culto da figu-ra do líder.
d) a valorização dos espaços urbanos e o estímulo à migração dos campo-neses para as cidades.
e) o apreço pelas conquistas tecnoló-gicas e a identificação do líder como um homem comum.
2)(Ufu 2011) Sobre as características da propaganda nazista, assinale a alternativa correta.
a) A ascensão de Hitler se deu pela natureza científica de suas afirma-ções, sendo a propaganda e o terror utilizados apenas quando se tratava da oposição política.
b) A propaganda utiliza fundamentos dissociados da cultura e das disposi-ções sociais da população, por esta razão usa de insinuações indiretas, veladas.
c) O terror e a propaganda tiveram semelhante grau de importância no estabelecimento da ideologia nazista, ao mostrar à população os benefícios de quem a ela aderisse e o horror destinado aos inimigos.
d) A ameaça, a efetiva violência, o uso político da ciência e a propagan-da alinhada aos princípios culturais de um povo nunca foram usados co-mo estratégia de doutrinação das massas.
3) (Enem 2009) A primeira metade do século XX foi marcada por confli-tos e processos que a inscreveram como um dos mais violentos perío-dos da história humana.
Entre os principais fatores que estive-ram na origem dos conflitos ocorri-dos durante a primeira metade do século XX estão
a) a crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo e do totalitarismo.
b) o enfraquecimento do império britânico, a Grande Depressão e a corrida nuclear.
c) o declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e a Revolução Cuba-na.
d) a corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o expansionismo soviéti-co.
e) a Revolução Bolchevique, o imperi-alismo e a unificação da Alemanha.
4) INTERTEXTO Bertold brecht Primeiro levaram os negros Mas não me importei com isso Eu não era negro Em seguida levaram alguns operários Mas não me importei com isso Eu também não era operário Depois prenderam os miseráveis Mas não me importei com isso Porque eu não sou miserável Depois agarraram uns desemprega-dos Mas como tenho meu emprego Também não me importei Agora estão me levando Mas já é tarde. Como eu não me importei com nin-guém Ninguém se importa comigo.
Este texto foi escrito pelo dramatur-go comunista alemão Bertold Brecht. E relata a perseguição sofrida por cidadãos durante o regime nazista alemão. Destaque 3 características do nazismo que podemos depreen-der a partir da leitura do texto. Justi-fique sua resposta.
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5)Documento 1:
Sem a possibilidade que lhe foi
dada de empregar homens de nível
inferior, o Ariano nunca teria po-
dido dar os primeiros passos na
estrada que devia conduzi-lo à
civilização [...].
Assim, a existência de homens in-
feriores foi um dos fundamentos
essenciais para a elaboração de
civilizações superiores; pois com-
pensava a penúria de recursos
materiais sem os quais um pro-
gresso posterior é inimaginável.
Incontestavelmente, a primeira
civilização da humanidade des-
cansava menos sobre a domestica-
ção do animal que sobre o empre-
go de homens inferiores.
Adolfo Hitler. Mein Kampf ("Minha Lu-
ta"). HITLER, A. Mein Kampf. Apud
MATTOSO, Kátia M. de Queirós (Org.).
"Textos e documentos para o estudo da
história contemporânea (1789-1963)".
São Paulo: HUCITEC, Ed. da Universi-
dade de São Paulo, 1977. p. 178.
Documento 2:
Partindo desses elementos da pro-
paganda nazista, atenda às solicita-
ções seguintes.
a) Que aspecto da ideologia nazis-
ta esses documentos expressam?
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