apresentaÇÃo a presente edição da revista de ... · domínio tropical atlântico no conjunto do...
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APRESENTAO
A presente edio da Revista de Educao da APEOESP contem
subsdios para os professores da rede pblica estadual, associados
do nosso sindicato, que se inscrevero nos prximos concursos
pblicos promovidos pela Secretaria de Estado da Educao e que
participaro das provas institudas pelo governo.
Organizada pela Secretaria de Formao, esta publicao contm
as resenhas dos livros que compem a bibliografia dos concursos,
realizadas por profissionais altamente qualificados, de forma a
contribuir para os professores possam obter o melhor desempenho
nas provas.
Ao mesmo tempo, no podemos deixar de registrar nossa posio
contrria s avaliaes excludentes que vem sendo promovidas
pela Secretaria Estadual da Educao que, alm de tudo,
desrespeita os professores ao divulgar extensa bibliografia a
poucos dias da prova, inclusive contendo vrios ttulos esgotados.
Esperamos, no entanto, que todos os professores possam extrair
desta edio da Revista de Educao o mximo proveito, obtendo
alto rendimento nas provas dos concursos e avaliaes.
Nossa luta por mais concursos prossegue, com a periodicidade
necessria a uma drstica reduo no nmero de professores
temporrios, agregando mais qualidade ao ensino e
profissionalizando, cada vez mais, o magistrio estadual. A
periodicidade dos concursos a cada quatro anos com ritmo mais
acelerado nos prximos dois anos foi uma conquista nossa e
vamos exigir que seja efetivada.
A diretoria
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Bibliografia para Geografia
1. ABSABER, Aziz. Os domnios de natureza no Brasil: potncialidades paisagsticas. So Paulo: Ateli, 2007.
2. CASTELLS, Manuel. A Galxia da internet: reflexes sobre a internet, os negcios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
3. CASTROGIOVANNI, A. Carlos; CALLAI, Helena; KAERCHER, Nestor Andr. Ensino de Geografia: prticas e textualizaes no cotidiano. Porto Alegre: Mediao, 2001.
4. DURAND, Marie-Franoise et. al. Atlas da Mundializao: compreender o espao mundial contemporneo. Traduo de Carlos Roberto Sanchez Milani. So Paulo: Saraiva, 2009.
5. ELIAS, Denise. Globalizao e Agricultura. So Paulo: EDUSP, 2003.
6. GUERRA, Jos Teixeira; COELHO Maria Clia Nunes. Unidades de Conservao: abordagens e caractersticas geogrficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009.
7. HAESBAERT, Rogrio; PORTO-GONALVES, Carlos Walter. A nova des-ordem mundial. So Paulo: UNESP, 2006.
8. HUERTAS, Daniel Monteiro. da fachada atlntica imensido amaznica: fronteira agrcola e integrao territorial. So Paulo: Annablume, 2009
9. MAGNOLI, Demtrio. Relaes Internacionais: teoria e histria. So Paulo: Saraiva, 2004.
10. MARTINELLI, Marcelo. Mapas da Geografia e da Cartografia Temtica. So Paulo: Contexto, 2003.
11. SALGADO-LABOURIAU, Maria La. Histria ecolgica da Terra. So Paulo: Edgard Blucher, 1996.
12. SANTOS, Milton. Por uma outra Globalizao. Rio de Janeiro: Record, 2004.
13. SOUZA, Marcelo Lopes. O ABC do Desenvolvimento Urbano. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.
14. THRY, Herv; MELLO, Neli Aparecida. Atlas do Brasil: disparidades e dinmicas do territrio. So Paulo: EDUSP, 2008
15. TOLEDO, Maria Cristina Motta de; FAIRCHILD, Thomas Rich; TEIXEIRA, Wilson. (Org.). Decifrando a Terra. So Paulo: IBEP, 2009.
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1. ABSABER, Aziz. Os domnios de natureza no Brasil: potncialidades paisagsticas. So Paulo: Ateli, 2007.
POTNCIALIDADES:PAISAGENS BRASILEIRAS
A paisagem a herana (de processos fisiogrficos e biolgicos) e patrimnio coletivo dos povos que as herdam. o territrio de atuao das suas comunidades.
1. Os grandes domnios paisagsticos brasileiros
O territrio brasileiro apresenta um mostrurio complexo de paisagens
ecolgicas do mundo tropical. Existem seis grandes domnios paisagsticos.
Quatro so intertropicais e dois subtropicais:
1) Terras baixas florestadas da Amaznia.
2) As depresses interplanlticas.
3) Os "mares de morros".
4) Os chapades cobertos por cerrados e penetrados por florestas galerias.
5) Os planaltos das Araucrias.
6) Domnios das pradarias mistas.
2. "Mares de morros", cerrados e caatingas:
Geomorfologia comparada
Existem, grosso modo, trs imensos domnios morfoclimticos. So recobertos
por trs das principais provncias fitogeogrficas do mundo tropical:
1) Domnio das regies serranas, de morros mamelonares do Sudeste: Uma
rea de climas tropicais e subtropicais midos. Inclu a zona da mata, atingindo
o sul e a parte oriental do Brasil.
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2) Domnio dos chapades tropicais do Brasil Central: rea subquente, de
regime pluviomtrico e duas estaes (veres chuvosos e invernos secos).
Presente na zona dos cerrados e florestas galerias.
3) Domnios das depresses intermontanas e interplanlticas do Nordeste
semirido: a rea subequatorial e tropical semirida. Abrange a zona das
caatingas.
3. Nos vastos espaos dos cerrados
Nas reas de cerrados (muito destrudas, atualmente, pela ao antrpica),
existiam florestas baixas, de troncos finos e esguios. As principais regies que
sofreram as alteraes foram: Tringulo Mineiro, Mato Grosso (sentido leste-
oeste e sul-norte) e o centro de Gois. Os cerrados, tambm chamados de
campos cerrados, formam um conjunto semelhante aos cerrades. Os climas
apresentam o mesmo regime: as temperaturas apresentam mdias anuais
mnimas entre 20 e 22C e mximas entre 24 a 26C. A umidade do ar atinge
nveis muito baixos no inverno e muito elevados no vero.
A aparncia xeromrfica de muitas espcies do cerrado falsa: trata-se de um
pseudoxeromorfismo.
A combinao de fatores fsicos, ecolgicos e biticos que caracterizam o
cerrado , na aparncia, homognea, extensvel a grandes espaos. uma
rea formada no apenas por chapades, mas trata-se de um domnio
morfoclimtico onde ocorre a maior extensividade de formas homogneas
relativas de todo o Planalto Brasileiro (Planalto Central).
Durante um longo perodo geolgico (de 12 a 18 mil anos), as principais
mudanas ocorridas foram:
- O conjunto de cerrados, no Planalto Central, era menor e menos contnuo.
- Chapadas arenticas, de Urucaia, tiveram climas secos, cerrados degradados,
estepes ou manchas de caatingas.
- Catingas predominavam no norte das bordas acidentadas (regio de Braslia).
- No extremo sul de Mato Grosso, onde existem campos de vacaria, ocorriam
subestepes e campos limpos, com climas mais frios e secos.
- Onde ocorrem as Matas de Dourados, deveriam ocorrer bosques subtropicais.
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- Os cerrades formam um patrimnio biolgico arcaico. Quando degredados
por aes antrpicas, no se refazem facilmente e no se recompe. Os
cerrados, por sua vez, foram deles originados e resistem s aes antrpicas.
4. Domnio Tropical Atlntico
No conjunto do territrio intertropical e subtropical brasileiro, destaca-se o
contnuo norte-sul das Matas Atlnticas, na categoria de segundo complexo
principal. Originalmente, cobria o sudeste do Rio Grande do Norte e o sudeste
de Santa Catarina, incluindo trs enclaves: as matas biodiversas da Serra
Gacha, as florestas de Iguau e as do extremo oeste dos planaltos
paranaenses. As florestas tropicais costeiras formam reas de transio com
as reas de caatingas, cerrados, cerrades campestres e planaltos de
araucrias. Uma das mais famosas reas de transio entre a zona da mata e
os sertes conhecida como "agreste".
As matas tropicais esto associadas s altas temperaturas e forte umidade
(exemplo: Serra do Itapanha, em Bertioga, com ndices pluviomtricos
superiores a 4.500 mm anuais).
Atingem a linha da costa, cobrindo tabuleiros no Nordeste, espores e costes
na Serra do Mar (pes-de-acar, penedos e pontes rochosos). Entre as
matas tropicais e o litoral, destacam-se formaes de restingas (faixas
arenosas com cobertura florstica).
Minas Gerais (Vale do Rio Doce, Serra do Mar e Mantiqueira - rea tpica de
mares de morro) recebe a denominao de Zona da Mata Mineira. Em So
Paulo, as matas tropicais penetram o interior dos planaltos, onde formam
mosaicos de cerrados e matas em solos calcrios e de terras roxas. Aparecem
penetraes de bosques de araucrias nas grandes altitudes da Serra da
Mantiqueira (Campos de Jordo) e no Planalto da Bocaina. Na Serra do Jardim
(em Valinhos, Vinhedo), nos altos da Serra do Japi (em Jundia), nos campos e
mataces (em Salto e Itu) e na Serra de So Francisco (em Rio Claro),
ocorrem mini-redutos de cactceas e bromlias. Por fim, necessrio registrar
as matas tropicais densas do norte do Paran em dois trechos: no Pontal do
Paranapanema e no litoral, com penetraes na faixa ocidental de Santa
Catarina.
No Rio Grande do Sul, h a ocorrncia de planaltos no norte gacho e na Serra
Gacha (Aparados). O domnio dos mares de morros constitui um fator para o
conhecimento morfogentico das reas intertropicais.
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5. Amaznia brasileira: um macrodomnio
A Amaznia destaca-se pela continuidade de suas florestas, pela ordem de
grandeza de sua principal rede hidrogrfica e pela variao de seus
ecossistemas; tanto em nvel regional como de altitude. Trata-se do cinturo de
maior diversidade biolgica do planeta.
Tem um domnio permanente da massa de ar mido, de grande nebulosidade,
de baixa amplitude trmica e de ausncia de pronunciadas estaes secas em
quase todo os seis subespaos regionais.
Nas reas perifricas, observa-se forte sazonalidade, incluindo a "friagem", que
vai desde o oeste de Rondnia at o Acre. Essa quantidade de gua, na
Amaznia, resultado direto da excepcional pluviosidade: a bacia Amaznia
corresponde a 20% da gua doce do planeta.
Os critrios populares para a classificao da malha hidrogrfica tm valor
cientfico: as cores dos rios, a ordem de grandeza dos cursos d'gua, sua
largura, volume e posio fisiogrfica, assim como o sentido, continuidade e
duplicidade da correnteza.
As imagens de satlites apontam uma visualizao mais completa e integrada
do catico quadro de produo de espaos antrpicos sobre a natureza da
regio. Vrias atividades so responsveis pela devastao da Amaznia:
fracassos agropecurios, rodovias, loteamentos de espaos silvestres com
ausncia administrativa, derrubadas e queimadas.
6. Caatinga: o domnio dos sertes secos
O domnio das caatingas um dos trs espaos semiridos da Amrica do Sul.
A caatinga a rea seca mais homognea do ponto de vista fisiogrfico,
ecolgico e social.
As razes da existncia de um grande espao semirido, insulado num
quadrante de um continente predominantemente mido, so complexas. Os
rios do Nordeste chegam ao mar (so exorricos); so intermitentes,
peridicos, com solos salinizados (Rio Grande do Norte: esturios assoreados
para a produo de sal) e depende das condies climticas. Poucos rios so
perenes (rios que vm de longe) como o So Francisco ("Velho Chico", "Nilo
Caboclo" ou "Brasileiro") e o Parnaba (entre o Maranho e Piau). A populao
se concentra nas reas de maior umidade: entre o serto, uma rea de criao
extensiva de gado, e o agreste, terras para a criao de caprinos (produo de
leite) e sequeiros - plantas forrageiras como milho, feijo e mandioca.
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Essa regio teve fortes fluxos de migrao entre 1950, 1960 e 1970. Tem um
comrcio intenso no interior, representado por grandes feiras: Caruaru, Feira
de Santana, Juazeiro do Norte e outras.
A iniciativa estatal foi de grande importncia para a economia e sociedade
nordestinas. Houve a construo de grandes usinas hidreltricas, estmulos
industrializao, programas de audagem, irrigao, perfurao de poos,
irrigao das reas de sequeiros e reviso dos lenis d'gua.
7. Planaltos de Araucrias e pradarias mistas
O Brasil Meridional uma rea onde a tropicalidade se perde.
rea de cobertura vegetal, com bosques de araucrias e climas temperados e
midos, principalmente nas grandes altitudes planlticas. Tem rios perenes
com
dois perodos de cheias.
Ao lado dessa cobertura vegetal, aparecem formaes de cerrados, matas
tropicais e pradarias mistas.
Para entender a geologia e a geomorfologia do sul do Brasil, necessrio partir
do perfil leste-oeste dos trs estados do sul do Brasil:
1) Primeiro Planalto: rea cristalina que acompanha o Atlntico (Planalto do
Paran, Serra Geral e Aparados).
2) Segundo Planalto: rea sedimentar com depresses e chapades. Possui
reas carbonferas em Santa Catarina, Uruanga, Cricima, Lauro Mller e
colinas do baixo Jacu (no Rio Grande do Sul). Formaes uniformes, como o
caso de Vila Velha, no Paran.
3) Terceiro Planalto: rea de solos sedimentares (arenito) e vulcnicos
(basaltos); regio de cuestas e solos de terra roxa. No Rio Grande do Sul,
aparecem colinas onduladas conhecidas como coxilhas, formando a
Campanha Gacha. O povoamento do sul do pas compe um captulo
parte:- Colonizao alem: desde o Vale dos Rios dos Sinos at os sops das
serranias, rinces de Nova Petrpolis, Canela e Gramado. Em Santa Catarina,
no Vale do rio Itajai-Au. - Colonizao italiana: regio dos vinhedos (Caxias do
Sul, Bento Gonalves e Farroupilha), dirigindo-se tambm para o oeste e norte
do Rio Grande do Sul e para o oeste de Santa Catarina e do Paran.- Luso-
brasileiros: de Laguna at a regio costeira, indo tambm para a barra da
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Lagoa dos Patos (Colnia de Sacramento).- Aorianos: colonizaram as coxilhas
da depresso de Porto Alegre at o rio Pardo e Santa Maria, destaque para a
regio metropolitana de Porto Alegre (Porto dos Casais), importante centro
cultural universitrio, industrial e porto fluvial.
8.0 Domnio dos cerrados
Paisagem que domina grande parte do Brasil Central, tambm ocorre em
Minas Gerais, So Paulo, Bahia, Piau, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Rondnia, Roraima e Par.
Apresenta uma vegetao tpica e um clima tropical mido e seco. o segundo
maior bioma do Brasil. Possui vrios aspectos fisionmicos: rvores
(cerrades), cerrados e campos sujos (vegetao arbustiva e herbcea).
Vegetao com variedade de espcies: rvores de troncos finos, retorcidos e
de cascas grossas (cortia).
A densidade da drenagem nessa regio baixa (o Planalto Central o divisor
d'gua). Os rios so perenes, do tipo fluvial tropical (cheias de vero e
vazantes de inverno).
Os componentes de relevo na rea central dos cerrados so produtos de
condicionantes climticos.
Quanto ao relevo, o Planalto Central a principal unidade geomorfolgica,
composto por terrenos cristalinos (erodidos) e sedimentares (chapadas e
chapades). Nesse domnio, em funo da existncia de solos cidos, sempre
prevalece a prtica da pecuria extensiva para o corte, o que determina um
grande desmatamento para a formao de pastagens.
Recentemente, verifica-se a correo dos solos cidos (calagem) e o incio de
uma atividade agrcola mais intensa (soja, milho, tomate, laranja). Ao sul desse
domnio, observa-se a existncia de solos mais frteis (terra roxa), com intensa
atividade agrcola (regio de Dourados e Campo Grande, no Mato Grosso do
Sul).
Alm das atividades agrrias e da pecuria extensiva, a expanso urbana e a
construo de rodovias e ferrovias contribuem para a ocupao irregular dos
cerrados.
necessrio observar trs diretrizes bsicas para conciliar desenvolvimento e
proteo dos patrimnios genticos:
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1) Exigir a preservao dos cerrados e cerrades localizados nas reas
elevadas dos interflvios (bancos genticos).
2) Preservao de faixas de cerrados e campestres nas baixas vertentes dos
chapades.
3) Congelamento total do uso dos solos que se encontram nas faixas de matas
de galeria, com vistas preservao mltipla das faixas aluviais florestadas,
assim como das veredas existentes sua margem.
9. Domnio da natureza e famlias de ecossistemas
O conceito de ecossistema foi introduzido na Cincia por Arthur Tansley, em
1935. o sistema ecolgico de uma regio, que envolve fatores abiticos e
biticos do local. O termo "bioma" passou a ser utilizado por bilogos de vrios
pases, s vezes se confundindo com o termo ecossistema. Comeou a ser
usado com superficialidade e se desdobrou em conceitos de maior
aplicabilidade e versatilidade: Bioma, zonobioma, psamobioma, helobioma e
rupreste bioma. No Brasil, os bilogos deram preferncia ao termo bioma,
notadamente rupreste bioma.
Em 1968, George Bertrand publicou uma tipologia de espaos naturais,
desdobrada em zonas de paisagens ecolgicas, domnios (macro) regionais de
natureza e regies diferenciadas intradomnios. Agregam-se trs termos na
tentativa de substituir os termos ecossistemas / biomas: geossitemas,
geofceis e getipo.
ANEXOS
I. Relictos, Redutos e Refgios
(os caprichos da natureza e a capacidade
evocadora da terminologia cientfica)
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Em linguagem simblica, usamos expresses conceituais para designar "ilhas"
de vegetao: relictos, enclaves, redutos e refgios.
- Relictos: Aplicada para designar qualquer espcie vegetal. Encontrada em
uma localidade especfica e circundada por vrios trechos de outros
ecossistemas.
- Enclave, redutos e refgios: Manchas de ecossistemas tpicos de outras
provncias, encravadas no interior de um domnio de natureza diferente -
refletem a dinmica de mudanas climticas e paleoecolgicas.
II. Cerrados e Mandacarus
rea de Salto-ltu e referncia para investigaes envolvendo condies
climticas do passado.
Essa regio e seus arredores apresentam uma das mais importantes
paisagens fitogeogrficas e geolgicas do Brasil. Encontra-se grande cobertura
vegetal, ecossistemas de cerrados cactceos residuais (mandacarus), matas
de fundo de vales e encostas baixas.
A presena de caatingas na regio anterior presena dos cerrados, das
manchas florestais biodiversas do fundo dos vales regionais e dos setores das
serranias de So Roque (Jundia). Inclui as laterais da Serra do Jardim
(Valinhos-Vinhedo) e da Serra do Japi (Jundia).
Provavelmente, a regio apresentava, em um passado geolgico, perodos
semiridos.
III. Paisagens de exceo e canyons brasileiros
Paisagens de exceo constituem fatos isolados, de diferentes aspectos fsicos
e ecolgicos inseridos no corpo das paisagens naturais.
Destacam-se:
1) Exemplos de topografia ruiniformes:
- Piau: Sete Cidades de Piracuruca e Serra da Capivara.
- Sudeste de Gois: Torres do Rio Bonito.
- Norte de Tocantins: Segundo Planalto do Paran (Vila Velha).
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- Mato Groso: Chapada dos Guimares.
- Pontes rochosos do tipo po de acar.
- Penedos ou "Dedos de Deus", no Rio de Janeiro, Terespolis, Vitria e
pontos da Serra do Mar.
2) Icebergs, sob a forma de montes e ilhas rochosas, pontilham nos domnios
das caatingas: em Milagres (Bahia), Quixad, Jaguaribe e Sobral (Cear) e
regio de Patos, no alto do serto da Paraba.
3) Macios elevados (900-1000 m), voltados para ventos midos do leste e
sudeste nos sertes secos, apresentam florestas tropicais de encostas e "ps
de serra".
4) Canyons brasileiros envolvendo grandes variedades de nomes: gargantas,
rasges, boqueires, grutas largas, sovaces, itambs, passos fundos,
desfiladeiros e estreitos. Esto no Piau, Paran e sudeste de Gois.
5) O macio de Itatiaia (RJ) e a alta meseta do Pico de Roraima so excees
nos altiplanos do Brasil.
6) No caso das plancies, a exceo vai para a Plancie do Pantanal.
Sntese elaborada por Maria Lcia E. B. de Camargo
2. CASTELLS, Manuel. A Galxia da internet: reflexes sobre a internet, os negcios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
Castells inicia esse trabalho comparando a internet com a energia eltrica,
assim como a ltima estava para o xito da fbrica e da corporao, a
primeira est para a era da informao e da rede. O autor alerta que se por
um lado as redes proliferam no domnio da economia e da sociedade
superando em desempenho antigas organizaes, por outro lado ainda tem
dificuldade de concentrar recursos e metas alm de realizar tarefas de
grande complexidade.
Uma nova estrutura social do final do sculo XX baseada em redes envolve
trs processos: flexibilidade administrativa da economia (produo e
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comrcio) e globalizao do capital, a necessidade da sociedade em
liberdade individual e comunicao e os avanos da computao e
telecomunicaes.
Desde o primeiro ano de uso disseminado da rede (1995) o nmero de
usurios no parou de avanar, todas as atividades humanas passam a ser
estruturadas por ela, motivo pelo qual estar excludo dela seria a maior das
excluses.
O autor alerta que estamos entrando a toda velocidade na galxia da
Internet num estado de perplexidade informada (pg. 9). A velocidade e o
ritmo das transformaes dificultam um estudo emprico da influncia da
internet no cotidiano e no mundo acadmico. Extrapola-se sobre as
maravilhas que a rede pode propiciar ao mesmo tempo em que, denuncia-
se seu poder alienante. Tambm a rede foi castigada pelo mercado de
capitais que influncia psicologicamente as pessoas dificultando uma real
avaliao da gesto de uma empresa
Apesar de no esgotar o assunto Castells espera com o seu texto lanar
alguma luz sobre a interao entre a Internet, os negcios e a sociedade. A
esperana do autor em reduzir uma sociedade que vive em desigualdade
reside no fato de acreditar que qualquer tecnologia pode ser experimentada,
apropriada e modificada. A Internet por ter sido criada como uma tecnologia
da comunicao pode realmente levar a uma ideia de liberdade, claro que
isso depende de inmeros contextos e processos.
A nova economia fundamentada no uso da Internet promove um
crescimento da produtividade sem precedentes, inclusive podendo
alavancar a economia terceiro-mundista. Mas, sem perder os ps no cho
Castells enfatiza que: A elasticidade da Internet a torna particularmente
suscetvel a intensificar as tendncias contraditrias presentes em nosso
mundo. Nem utopia nem distopia, a Internet a expresso de ns mesmos,
atravs de um cdigo de comunicao especfico, que devemos
compreender se quisermos mudar nossa realidade (pg. 11).
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Surpreendentemente o autor no tratou dos assuntos ligados diretamente
educao e educao eletrnica. Sua base de trabalho de campo a
Amrica do Norte, coletando algumas outras informaes sobre outros
pases inclusive o Brasil.
Os principais eventos que conduziram criao e formao da Internet
esto ligados ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos no contexto
da Guerra Fria durante os anos 1960. O grupo de cientistas envolvidos
(ARPA) fez uso de uma revolucionria tcnica de telecomunicaes e
comutao por pacote criando um programa chamado Arpanet.
Os ns dessa rede foram se espalhando por diversas Universidades norte-
Americanas e nos anos 1970 j falava-se em redes de redes. Mas apenas
no incio da dcada de 1990 que a rede deixa de ser domnio militar,
ocorreu ento o desregulamento e a privatizao da companhia resultando
na constituio da Internet.
Castells procura demonstrar que a Arpanet no foi a nica fonte da Internet,
seu programa inicial permitiu que vrias Universidades, estudantes tcnicos
e cientistas desenvolvessem outros ns de comunicao.
A partir desse momento a Internet cresce rapidamente. Sob domnio pblico
surgem inclusive movimentos como o da fonte aberta que culminou com a
criao do sistema LINUX.
Fator relevante para a Internet abraar o mundo foi a criao do sistema
www. Os projetos de associao fontes de informao atravs da
computao interativa remontam os anos de 1940. Mas somente nos anos
1990 o sistema conseguiu ser aplicado, um sotware que permitia obter e
acrescentar informao de e para qualquer computador atravs da
Internet... (pg. 18). Um sistema de hipertexto navegador /editor chamado
world wide web ou rede mundial. Nessa dcada tambm foi disseminado o
uso dos navegadores, como atesta Castells: em meados da dcada de
1990 a Internet estava privatizada e dotada de uma arquitetura tcnica
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aberta, que permitia a interconexo de todas as redes de computadores em
qualquer lugar do mundo... (pg. 19).
Castells acredita que a Internet tenha surgido de uma improvvel unio da
big science (investigaes cientficas carssimas), da pesquisa militar e da
cultura militar sendo os centros universitrios o ponto de encontro.
Apesar da origem militar da Rede, era interesse inicial do governo norte-
Amricano financiar a cincia da computao. No entanto, como de origem
militar, a nova criao dependia de trs elementos: flexibilidade, ausncia
de um centro de comando, e autonomia mxima de cada n.
Sempre enfatizando a origem militar da Internet sob o comando do
departamento de Defesa dos Estados Unidos, Castells explica que havia
uma boa dose de autonomia dos cientistas que compunham o grupo de
pesquisas (Arpanet). Como algo que fora pensado, os ns necessrios para
o desenvolvimento do que viria a ser a Internet foi disseminado nos grandes
centros Universitrios.
Como algo projetado, toda essa revoluo tecnolgica teve origem nos
contextos do trmino da Segunda Guerra e da Guerra Fria, justamente por
conta da busca da supremacia tecnolgica que os Estados Unidos teriam
tornado o desenvolvimento da Internet algo muito flexvel, o contrrio no
ocorrera na extinta Unio Sovitica o que acabaria por contribuir sua
derrocada nos anos 1980.
Sempre exigindo grandes recursos o desenvolvimento da rede no teria
sido possvel nas mos das Corporaes, tendo sido recusada por grandes
companhias telefnicas. Dependente de instituies governamentais e
centros universitrios a Internet era um projeto caro demais para as
empresas privadas, mas tambm para as companhias pblicas.
Em grande medida foi o grupo de cientistas e estudantes envolvidos na
criao e desenvolvimento da Internet que fizeram a ligao entre a Big
Science e a contracultura das dcadas de 1960 e 1970. No que eles se
interessassem por movimentos sociais ativistas, mas desenvolviam uma
contracultura dentro do progresso tecnolgico. Essa cultura estudantil
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adotou a interconexo de computadores como um instrumento da livre
comunicao, e, no caso de suas manifestaes mais polticas (...) como
um instrumento de libertao, que, junto com o computador pessoal, daria
s pessoas o poder da informao, que lhes permitiria se libertar tanto dos
governos como das corporaes (pg. 26).
A abertura da arquitetura da Arpanet levou-a sua rpida globalizao,
valendo-se de protocolos de telecomunicaes independentes do poder
pblico a sua flexibilidade interagiu diferentes sistemas estabelecendo seu o
padro como o global.
Qualquer pessoa com conhecimento tcnico podia se ligar a Internet,
mltiplas contribuies de diversos hackers comprovam a teoria da
tecnologia onde os usurios so seus produtores (pg. 28) o que foi
potncializado na Internet pela sua velocidade.
Desde o seu incio sob a gide de diversas organizaes governamentais a
Internet foi se privatizando culminando na criao da Internet Corporation
fos Assigned Names and Numbers (ICANN) sem fins lucrativos que
assume a administrao do sistema de nomes de domnio e administrao
do sistema de servidores de raiz, anteriormente desenvolvidas por
organizaes governamentais (pg. 31).
Segundo Castells qualquer pessoa com conhecimento tcnico pode ser
membro da Instituio, a despeito de uma viso romntica de uma
comunidade global, as eleies para a ICANN no esto isentas de lobbies,
provocando protestos da Unio Europeia que v a instituio sob amplo
domnio Amricano, mas que para o autor a instituio ainda ter uma
compartilhao cultural mais ampla e internacionalizada.
De acordo com Castells a produo social da Internet fruto da ao
cultural de um lado dos produtores/usurios de outro dos
consumidores/usurios. Haveria assim quatro culturas que estruturam a
Internet: a tecnomeritocrtica, a hacker, a cultura comunitria virtual e a
cultura empresarial. Esto estruturadas hierarquicamente levando Castells a
acreditar em uma abertura culturalmente determinada (pg. 36).
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A tecnoelites encabeam o projeto de se criar um sistema de comunicao
eletrnico global, fazem parte dos tecnoquadros aqueles que respeitam uma
srie de proposies tais como: publicar trabalhos, seguir normas formais e
informais, comunicao aberta de suas pesquisas, o que em grande parte
enraza a cultura da Internet na tradio acadmica, em sua reputao, do
exame dos pares e o crdito dos autores.
A segunda cultura, a Hacker, de difcil definio, cercada de
ambiguidades, por isso Castells considera que a melhor maneira de
compreender os valores especficos e a organizao da cultura Hacker
considerar o processo de desenvolvimento do movimento da fonte aberta
como uma extenso do movimento original do software gratuito (pg. 38).
Um dos grandes exemplos dessa abertura o de Linus Torvalds, sempre
precisando de ajuda para desenvolver seus sistemas publicava seus
trabalhos frequentemente, uma ampla cooperao propiciou em 1993 ao
seu sistema, o LINUX. Um sistema operacionalmente melhor que os
patenteados UNIX. No entanto o sistema LINUX permanece ainda distante
dos usurios/consumidores sem sofisticao.
Na verdade, dentro da cultura hacker ocorre a aplicao das regras da
tecnomeritocracia, surge dentre os hackers uma mistura entre a alegria da
criatividade com a reputao entre os pares. Acima de tudo deve-se
garantir a liberdade de criar e se apropriar do conhecimento, ainda que os
prprios hackers reivindicam o direito de escolher o desenvolvimento
comercial de suas aplicaes a principal condio no trair o acesso
aberto.
A comunidade hacker tem grande satisfao em ser inovadora e doadora,
envolve-a um sentimento comunitrio, baseado na integrao ativa a uma
comunidade, que se estrutura em torno de costumes e princpios de
organizao social informal (pg. 43). Cises ocorrem entre as
comunidades, mas nunca so de cunho ideolgico, mas sim sempre
tecnolgicos, apesar disso so agudos os conflitos resultando mesmo em
expulses das comunidades.
-
Um diferenciador da cultura hacker so seus encontros virtuais, raramente
ocorrem encontros formais, justamente os hackers so reconhecidos pelos
seus nomes virtuais. verdade que por conta das inmeras caractersticas
da cultura hacker muitos a consideraram uma marginalidade psicolgica,
mas seus participantes na verdade so pessoas ditas normais pessoas
que vivem em famlia e vivem uma vida regular.
A verdadeira cultura hacker tambm no enxerga limites quanto ao princpio
de doar, no importa se em naes desenvolvidas ou no, a falta de
recursos podem levar as pessoas a criar suas prprias solues.
Mas h tambm as subculturas hackers montadas sob princpios polticos
lutando pela liberdade total da Internet, tambm nesse caminho surgem os
cyberpunks e os crackers alguns deles sabotadores polticos de um
mundo que vigiado. Isso no os envolveria no cibercrime mas obviamente
a sociedade os enxerga com muita apreenso.
Tambm as comunidades virtuais tm seu valor na Internet, a princpio
muitos dessa comunidade eram hackers, mas com o tempo ganharam
muitos adeptos. No so necessariamente exmios programadores, mas,
com a exploso da Internet realizaram muitas contribuies sociais, no
entanto sua contribuio comercial foi decisiva. Nas palavras de Castells:
Assim, enquanto a cultura hacker forneceu os fundamentos tecnolgicos da
Internet, a cultura comunitria moldou suas formas sociais, processos e
usos. (pg. 47);
As origens das comunidades on-line so muito parecidas com as origens
dos movimentos de contra cultura da dcada de 1960. Mas no momento em
que ela se expande ela tambm distancia-se dos movimentos de contra
cultura que se enfraquecera pouco a pouco. Movimentos sociais de todos
os tipos surgiram entre as comunidades: ambientalistas, extremistas,
correios para sexo. O que para Castells no representa um sistema de
valores coerentes como a cultura hacker, mas que apresentam ao menos
duas caractersticas bsicas: a comunicao livre e a formao autnoma
de redes, difundindo-se para todo o domnio social.
-
Por fim a cultura empresarial foi formada a partir de crculos fechados de
tecnlogos e comunidades organizadas. Castells v as relaes da Internet
com bastante relativismo frente aos outros domnios do mundo dos
negcios.
A Internet tornou-se a partir dos anos 1990 a fora propulsora da nova
economia, em uma poca em que a renovao empresarial partiu de ideias
e no do capital, a realizao de poder transformar poder mental em
dinheiro tornou-se a pedra angular da cultura empresarial do vale do silcio
e da indstria da Internet em geral (pg. 49).
Essas ideias passaram a ser vendidas em ofertas pblicas na bolsa de
valores. Mas h uma grande diferena entre a Internet e as outras
empresas, enquanto estas procuram prever o futuro do mercado a Internet
vende o futuro. A estratgia mudar o mundo atravs da tecnologia. Mas
a Internet mantm uma relao simbitica com o capital de risco, se odeiam,
mas precisam um do outro.
Castells entende que a cultura empresarial a cultura do dinheiro, e na
Internet essa cultura assombrosa. Desenvolve-se dentro dela tambm a
cultura do trabalho e da gratificao imediata. As pessoas envolvidas nessa
cultura so em geral solteiras e chegam a apresentar um ndice de
relacionamento cvico 22% menor do que a mdia nos Estados Unidos.
Artistas e ambiciosos desse mundo empresarial transformaram a Internet de
uma crena tecnocrtica do progresso dos seres humanos, na espinha
dorsal de nossas vidas.
Um movimento significativo da Internet na economia eletrnica a
possibilidade de surgir uma Nasdaq eletrnica, inclusive em uma tendncia
de a transao eletrnica ser o ncleo do mercado financeiro e para a
consolidao das bolsas de valores de todo o mundo. Suas vantagens so:
o custo das transaes muito menores, os investimentos on-line que
mobilizam poupanas de todo o mundo, grande fluxo de informao,
ausncia de intermedirios e rpidas reaes s intempries do mercado.
-
Mas isso tudo no impediu a Internet de sofrer com o que Castells chama
de turbulncias de informao, os mercados agem de diversas formas sob
diversas incertezas. Houve uma mudana qualitativa dos mercados na Era
da Internet, fugindo de controle, resultado de uma complexidade catica.
Ocorre tambm a especulao das supervalorizaes das empresas da
Internet assim como a subestimao fruto tambm dos humores do
mercado. A bolha de 2000 de fato afetou quase todas as empresas
tecnolgicas, poucas empresas escaparam das perdas. A Internet provoca
uma volatilidade maior e consequentemente uma maior alternncia de alta e
quedas bruscas.
Algumas importantes caractersticas surgem com a sociedade da Internet,
por exemplo, a necessidade do aprender a aprender, de transformar a
informao em conhecimento. Com isso, vem tambm a possibilidade do
ressurgimento da autonomia no trabalho com uma agregao do capital e
desagregao do trabalho.
Com relao diviso dos gneros no trabalho a incorporao estrutural
de mulheres ao mercado de foi a base indispensvel para o
desenvolvimento da nova economia, com consequncias duradouras para a
vida familiar e para o conjunto da estrutura social (pg. 78). Por fim tem
provocado a formao e mobilizao de uma mo de obra imigrante
especializada
Com relao aproximao da Internet com outras mdias como a
televiso, o futuro do vdeo interativo ainda exige muitos recursos que ainda
a sociedade no dispe. Mas Castells entende que a Internet no tomou e
nem ir substituir outras mdias, ele acredita que trata-se de um uso ativo,
associado a uma variedade de interesses, na maioria dos casos de
orientao muito prtica, ao passo que o mundo do entretenimento da mdia
fica confinado ao tempo disponvel para relaxamento passvel (pg.159)
-
Embora considere todas as muitas dificuldades que permeiam uma
implantao e utilizao em curto prazo deste tipo de tecnologia como
produto de consumo vivel e eficiente, Castells acredita que esta uma
tendncia que ser perseguida por muitos cientistas e que receber a maior
parte de investimentos progressivos e crescentes nos prximos anos,
mesmo se ainda puder demorar mais de duas dcadas para se
experimentarem resultados considerveis neste setor.
A demanda por livre expresso interativa, coisa que a mdia tradicional
estagnou, encontra a possibilidade de ocorrer nas formas de comunicao
geradas na nova economia.
Castells ao analisar a poltica da Internet entende que a rede mundial de
computadores permite uma maior troca de informaes e,
consequentemente, um maior controle da sociedade civil sobre as aes
dos governantes. Pode se apresentar como um importante mecanismo
aliado da democracia, permitindo e oferecendo um espao de fcil acesso
para informaes e encontros virtuais a custos baixos e com uma maior
flexibilidade da dependncia das variveis de tempo e espao.
Esta tecnologia tambm no est isenta de formas de controle e
manipulao, como ocorre em algumas naes, que possuem filtros nos
servidores, impedindo o acesso de informaes que os seus controladores
considerem perigosas ou que no queiram tornar pblicas. Sendo a rede
Internet um meio de comunicao e de troca de informaes, controlar o
seu acesso sempre uma forma de poder, tratando-se, de uma relao
essencialmente poltica. O autor alerta para os perigos de uma confiana
exagerada das novas possibilidades da rede.
A Internet possui a sua Geografia, a dos lugares em rede. Estes novos
lugares tambm tm uma mobilidade urbana.
-
Castells discute sobre ser a Era da Internet a responsvel pelo fim da
Geografia, ou seja, desprovida de lugares, o que na verdade no
corresponde ocorre de fato. A geografia da Internet tem uma forma prpria,
seus espaos possuem contornos, novas configuraes territoriais
emergem de processos simultneos de concentrao, descentralizao e
conexes espaciais.
H uma infraestrutura de telecomunicaes da Internet que forma uma
verdadeira topografia de ns em rede mundial. A maior capacidade de
desenvolver conexes centrais entre os pases continua nas mos dos EUA
desenvolvendo-se na Europa uma segunda sede de roteadores.
A dimenso geogrfica analisada em trs perspectivas: a sua geografia
tcnica, a distribuio espacial de seus usurios e a geografia econmica
da produo da Internet. Os EUA despontam ainda como o pas coma maior
quantidade e as melhores condies de acesso e produo de informaes.
Mas esta realidade extremamente desigual se comparada a outras reas
do globo, como a Amrica Latina, grande parte da sia e principalmente a
quase totalidade da frica.
A dimenso da diviso digital diz respeito desigualdade de acesso
Internet. A partir do conjunto de dados recolhidos por Castells, possvel
verificar que a diviso digital no um fenmeno homogneo e esttico,
mas que ela se apresenta distintamente nas diferentes regies do globo.
A Internet, portanto continua a se apresentar distribuda de forma
extremamente desigual em todo o planeta. Ainda que a difuso do
crescimento do nmero de usurios vem sendo extremamente rpida, essa
difuso segue o padro da riqueza, da tecnologia e do poder.
O controle da produo mantm-se no vale do Silcio conectado a outros
importantes ns da rede como na Sucia, Finlndia e Japo. Essa produo
espacializa-se nas periferias das grandes metrpoles formando uma
metropolizao seletiva.
Os EUA so tambm os maiores produtores de domnios por cada mil
habitantes, inclusive exportando essa produo para outros pases.
-
H de fato ainda muitas barreiras para a democratizao da Internet, por
exemplo 78% dos websites so em ingls, gerando uma a diviso digital
numa perspectiva global.
A nova diviso tecnolgica digital tem como pando de fundo uma real
disparidades de conhecimento entre as naes.
O mais paradoxal da Internet ela provocar ao mesmo tempo o aumento da
riqueza e do desenvolvimento, mas tambm a pobreza e a degradao
ambiental. So essas algumas das justificativas de Castells para explicar o
processo global de desenvolvimento desigual da diviso digital: com a nova
economia antigas formas de produo desapareceram e seus antigos
atores no foram includos no novo sistema produtivo, os sistemas
educacionais esto ainda muito atrasados estruturalmente e
tecnologicamente em entre a maior parte das naes, a nova economia no
escapa aos redemoinhos financeiros e suas crises globais, novos
gigantescos xodos rurais j esto ocorrendo, as negociaes coletivas de
trabalhadores vo sendo desorganizadas, abriu-se precedentes para o
crime globalizado, enfraquecimento das instituies polticas.
Castells alerta que a Internet de fato uma tecnologia da liberdade mas
pode libertar os poderosos para oprimir os desinformados (pg. 225). Mas
possvel que nesse novo ambiente da comunicao, o da sociedade em
rede, continuem a surgir movimentos como os de antiglobalizao. As redes
da Internet ainda propiciam comunicao livre e global, mas eles podem
acabar sendo controlados por interesses comerciais, polticos ou
ideolgicos. Por fim e fundamentalmente Castells relembra que apenas com
uma reestruturao dos sistemas educacionais e que se poder chegar a
uma verdadeira democratizao da Internet e o fim da excluso digital.
Tambm o bem-estar social est em cheque, novos contratos sociais
devero emergir, talvez por isso mesmo seja necessrio imaginar um certo
controle do mercado da nova economia, com instituies internacionais que
possam regular eficientemente suas aes.
-
Contraditoriamente ao mesmo tempo em que a nova economia impele
busca de mais recursos naturais degradando o meio ambiente ela que,
atravs da Internet pode fornecer conhecimento para um desenvolvimento
sustentvel do processo produtivo.
Questes
1) Nem utopia (ideal) nem distopia (utopia negativa), a Internet a reflexo
de ns mesmos. Considerando esse pensamento de Manuel Castells em
A galxia da Internet, pode-se considerar que essa tecnologia:
a) Supera em desempenho nas esferas econmicas e sociais todas as
antigas organizaes.
b) Est estruturada por um lado na flexibilidade, globalizao do capital,
avanos das telecomunicaes e por outro em uma sociedade individual
controlada.
c) Intensifica as tendncias contraditrias da sociedade uma vez que pode
ser alienante e libertadora.
d) menos exclusiva que antigas organizaes, pois est baseada nos
princpios da liberdade.
e) Permite a ns mesmos control-la, tornando-a alienante ou libertadora.
2) A produo social da Internet estruturada hierarquicamente por quatro
culturas: a tecnomeritocrtica, a hacker, das comunidades virtuais e das
empresas. Qual das alternativas se adqua melhor ao princpio hierrquico
estabelecido por Castells?
-
a) A comunidade empresarial est na base da hierarquia, pois ainda no
despertaram definitivamente para as inovaes da Internet.
b) As tecnoelites esto no topo justamente porque foram elas que no
princpio idealizaram tecnologicamente e comercialmente a Internet.
c) A cultura hacker faz o elo de ligao entre as comunidades virtuais e as
empresas de um lado e as tecnoelites de outro, dando liberdade e
comercializando a Internet.
d) A cultura empresarial foi a ltima de fato a se interessar pela Internet, a
partir dos anos 1990 quando essa tecnologia torna-se a grande fora
propulsora da economia.
e) uma hierarquia atemporal seguindo critrios econmicos, onde os
ltimos passaram a dominar a Internet.
3) O advento da nova economia bem como do uso das novas tecnologia e
de comunicao alterou e est alterando os padres de organizao do
mundo do trabalho. Assinale a alternativa abaixo que contm apenas as
afirmativas que corroboram com essas alteraes:
I Busca da autonomia do trabalho e o desenvolvimento do conceito de
aprender a aprender.
II Diviso e distribuio espacial total dos meios e modos de produo dos
diversos setores da economia, inclusive das novas tecnologias.
III Uma diviso mais equitativa entre os gneros, possibilitando maior
acesso das mulheres ao mercado de trabalho.
IV Antigas formas de produo cedem espao para as novas formas
acarretando em novas ondas migratrias campo-cidade.
-
V A diminuio de movimentos de migraes internacionais de mo de
obra tecnologicamente qualificada.
a) I, II e V
b) I, II e III
c) I, III e V
d) I, III e IV
e) II, III e IV
4) O mapa a seguir diz respeito taxa de penetrao da Internet na populao
das naes, com relao a isso possvel afirmar que:
a) A distribuio desigual do nmero de usurios atravs do planeta reflete
um movimento de maior integrao no futuro, uma vez que j se encontram
significativos nmeros de internautas em naes subdesenvolvidas.
b) A taxa de penetrao da Internet equnime tanto entre as naes ditas
desenvolvidas como entre as em desenvolvimento e subdesenvolvidas.
-
c) Apesar de uma rpida difuso da Internet esta ainda segue o padro da
riqueza, da tecnologia e do poder, concentrada nas naes que
despontaram como inovadoras.
d) Apesar de os EUA, o norte da Europa e o Japo possurem as maiores
taxas de penetrao da Internet, as legendas nos permitem identificar que
em um breve futuro essa diferena ser muito menor.
e) No possvel fazer uma real apreciao sobre as taxas de penetrao
da Internet no mundo, uma vez que no h a disponibilidade de dados de
muitas naes.
5) Sobre a democratizao da Internet incorreto afirmar que:
a) Movimentos como os de antiglobalizao e do livre acesso no
encontram nela um meio eficaz de difuso.
b) uma tecnologia da liberdade, mas pode libertar os poderosos para
oprimir os desinformados.
c) Sua democratizao depende da reforma dos sistemas educacionais em
todo o planeta.
d) O controle e a censura de certos domnios por algumas naes ainda
representam uma barreira para a democratizao da Internet.
e) Apesar de a Internet propiciar a liberdade da comunicao, h o temor
de que ela se torne controlada por interesses comerciais, polticos e
ideolgicos.
3. CASTROGIOVANNI, A. Carlos; CALLAI, Helena; KAERCHER, Nestor Andr. Ensino de Geografia: prticas e textualizaes no cotidiano. Porto Alegre: Mediao, 2001.
Estudar o lugar para compreender o mundo
-
Helena Copetti Callai
A autora afirma que em Geografia uma das questes mais significativas, quando se trata
do que estudar, diz respeito escala de anlise que ser considerada.
Assim, ao estudar o espao geogrfico, a delimitao do mesmo um passo necessrio,
pois que o espao imenso, planetrio, mundial.
Questes como: 1-O que nele/dele estudar ? 2-Qual a referncia escala de anlise? 3-Em
quais nveis ? - devem ser levadas em considerao, pois ao mesmo tempo em que o
mundo global,as coisas da vida, as relaes sociais se concretizam nos lugares
especficos.
A compreenso da realidade do mundo atual se d a partir dos novos significados que
assume a dimenso do espao local.
Citando Milton Santos, a autora afirma :
A globalizao e a localizao, fragmentando o espao, exigem que se pense,
dialeticamente, esta relao,pois cada lugar , sua maneira, o mundo...
A histria concreta do nosso tempo repe a questo do lugar numa posio
central(Santos,1996: 152).
Estudar e compreender o espao, em Geografia, significa entender o que acontece no
espao onde se vive para alm das suas condies naturais ou humanas, uma vez que,
muitas vezes, a explicao pode estar fora, sendo necessrio buscar motivos internos e
externos para se compreender o que acontece em cada lugar, pois o espao construdo a
partir da histria das pessoas, dos grupos que nele vivem,das formas como
trabalham,como produzem,como se alimentam e como fazem/usufruem do lazer.
Isso resgata a questo da identidade e de pertencimento, por isso fundamental que se
busque reconhecer os vnculos afetivos que ligam as pessoas aos lugares, s paisagens e
tornam significativo o seu estudo.
Compreender o lugar em que se vive permite ao sujeito conhecer a sua histria e
conseguir entender as coisas que ali acontecem.
-
Citando mais vez Milton Santos, cada lugar , ao mesmo tempo, objeto de uma razo
global e de uma razo local,convivendo dialeticamente... (Santos,1996:273)
Estudar o lugar, portanto, passa a ser o desafio constante para os professores e as aulas
de Geografia.
O lugar como categoria de anlise pressupe que se vislumbre o espao geogrfico
considerado em seus aspectos relativos e relacionais no contexto em que se insere.
Princpios terico-metodolgicos de uma aula de Geografia
O processo de ensino-aprendizagem, segundo a autora, supe um determinado contedo e
certos mtodos.
A autora sugere alguns contedos e alguns mtodos.
1. Uma conscincia espacial = o material necessrio para que o aluno construa o seu
conhecimento. Aprender a pensar significa elaborar, a partir do senso comum, do
conhecimento produzido pela humanidade e do confronto com outros sabres, o seu
conhecimento.
2. O olhar espacial = o modo de fazer Geografia, como devemos estudar a
realidade. Uma realidade que tenha a ver com a vida dos alunos.
Supe desencadear o estudo de determinada realidade social verificando as
marcas inscritas nesse espao.
-
3. A escala de anlise = A escala de anlise (j tratada nesse texto) um critrio
importante no estudo da Geografia. fundamental que se considere sempre os
vrios nveis desta escala social de anlise. O local, o regional, o nacional e o
mundial.
4. A natureza na anlise geogrfica = Na trajetria histrica, as sociedades constroem
o espao subordinando, cada vez mais, a natureza e suas regras, devido aos
avanos da tecnologia e pelas possibilidades de preveno e planejamento. Essa
lgica da natureza precisa ser considerada e deve ser objeto de anlise da Geografia.
5. A paisagem = A paisagem revela a realidade do espao em um determinado
momento do processo.
O espao construdo ao longo do tempo de vida das pessoas, considerando-se as
formas como vivem, o tipo de relao que existe entre elas e que estabelecem com a
natureza.
A paisagem o resultado do processo histrico de construo do espao.
Obs: A autora cita, ainda, a estruturao e formao do espao - a dimenso histrica do
espao - conceitos cotidianos/cientficos comparao/correlao
Estabelecendo concluses identidades etc., entendemos as noes que estiveram
contempladas nas explicaes anteriores.
Concluso:
Pensar globalmente e agir localmente significa entender como o mundo, como se
organiza, como vem se transformando,como age o capital, como se estruturam as grandes
empresas multinacionais e transnacionais, como acontece a produo, o destino do
-
produto, a circulao, a informao e o papel do Estado numa economia cada vez mais
mundializada.
Os lugares particulares se interligam entre si de forma seletiva, e de acordo com seus
interesses locais/nacionais/mundiais.
O espao concretiza todas estas relaes e torna-se fundamental estudar o particular e o
local.
Esta nova ordenao do espao, que se expressa a partir da globalizao, gera uma
concentrao de riqueza e acentua o carter desigual do desenvolvimento e cada lugar
responde de acordo com suas condies e capacidades.
Lembremos Milton Santos,quando afirma que Vivemos uma poca em que as pessoas
perderam a capacidade de visualizar a abrangncia do real.
Geografizando o jornal e outros cotidianos: prticas em Geografia para alm do livro
didtico.
Nestor Andr Kaercher
A importncia da geografia, presente em diferentes tipos de texto, que no o livro
didtico, normalmente o maior inspirador para prepararmos as aulas, o Jornal, por
mostrar o cotidiano, a atualidade e a importncia dos fatos dirios.
No novidade essa interao, mas ela traz resultados satisfatrios, pois o jornal um
recurso acessvel.
O autor mostra trs formas distintas desse trabalho com Jornal.
Alguns passos iniciais:
1. O que notcia ?
-
2. Que fatos viram notcia?
3. O que opinio ( do jornalista/dono do Jornal) ?
4. Qual o espao para poltica/economia/futebol ?
1. forma: O local
Escolher, aps ouvir os alunos que notcia da cidade/local ir trabalhar.
Levantar os passos iniciais acima para uma identificao clara do que analisar
Exemplo- FOLHA DE SO PAULO p. 10, 25/7/1999
Ttulo: SUL GACHO TEM IDH SEMELHANTE AO NORDESTE
Em um mapa do Brasil, localizar o R.G. do Sul,o Nordeste(quantos e quais s so os Estados).
Localizar em um mapa do R.G. Sul quais cidades fazem parte do Sul gacho.
Quais as novidades dessa comparao?
2. forma : O regional
Exemplo: FOLHA DE SO PAULO p.10, 25/7/1999
Ttulo : PAR TEM FRAUDE EM REGISTRO DE TERRAS.
Mesma sistemtica quanto aos mapas. As questes a serem levantadas so diferentes.
Exemplo: na questo fundiria o que diz a Constituio Federal?
Aqui no nosso municpio, o que h de semelhante/diferente ?
Qual a opinio dos alunos sobre latifndio/Sem Terras?
Quem(empresas/pessoas) so os maiores proprietrios dessas terras e fraudes?
E a questo indgena ?
-
3. forma : O mundial
Exemplo: FOLHA DE SO PAULO p. 10, 25/7/1999
Ttulo: REINO UNIDO TENTA DETER XODO URBANO.
Em um mapa mundi localizar o Reino Unido.
Localizar os pases que fazem parte do Reino Unido.
Quais so os fatores que esto levando os britnicos a sarem de grandes cidades
para cidades mdias ou pequenas.
Esse fato ocorre tambm no Brasil e em nossa cidade?
Qual a noo de Primeiro,Segundo e Terceiro Mundo? Isso ainda vale ?
Outras prticas no cotidiano.
No se trata de receita, nem novidade! Descrevemos aqui por termos obtido
Respostas positivas por parte dos alunos.
Alguns exemplos:
1-Pesquisas de preos = pesquisar, durante trs meses, a partir de uma tabela com os
principais produtos a serem pesquisados. Utilizar diferentes referncias como DIEESE, FIPE,
IPCA, INPC etc...
2-Entrevista com idosos = os alunos elaboram as principais perguntas sobre os idosos.
Exemplo: valor da aposentadoria, asilos, relaes familiares, qualidade de vida, preos de
medicamentos etc.
-
3-Colagem com msica= a partir de letras de msicas, escolhidas pelos alunos, os mesmos
devero fazer colagens com recortes de revistas, jornais etc., e um vdeo com fotos
recortadas.
4-Viajando no mapa mundi = Consiste em solicitar duas tarefas: A primeira distribuir
um mapa mundi e os alunos escolhem cinco pases que gostariam de visitar.
A segunda, consiste em fornecer aos alunos uma tabela com trs colunas (A-B-C), formando
grupos cada qual com sua tabela. A imaginao do professor poder sugerir vrias formas de
trabalhar (questes como economia, lngua, moeda, destaques etc.).
5-Tcnica da frase e do minuto =Pode ser desenvolvida com alunos de todas as
idades, basicamente fazer com que expressem suas opinies e tragam, para a sala de
aula, assuntos de seu interesse.
Cria-se um calendrio mensal ou bimestral, encarregando-se um aluno, a cada incio de
aula, de colocar no quadro(lousa) uma frase para reflexo.
O aluno deve justificar por que a trouxe. Os colegas podero dar subsdios
e acrescentar o que sabem sobre a mesma.
Concluso Algumas certezas e muitas dvidas.
O autor relata que os resultados de suas experincias, no Ensino Fundamental e Mdio,
foram bastante satisfatrios porque os alunos participaram mais das aulas de geografia
e mudaram a concepo de que a geografia uma disciplina chata e maante,
restrita apenas aos livros didticos.
-
O autor alerta que nenhuma das atividades propostas prescindem do contedo e que
o ideal articular os mesmos com as diferentes atividades.
O autor tambm no desmerece as aulas expositivas e que o importante superar a
viso do espao como palco, suporte de nossa existncia.
Apreenso e compreenso do espao geogrfico.
Antonio Carlos Castrogiovanni
Segundo o autor, pesquisas comprovam que muitos professores que atuam nas sries
iniciais no foram alfabetizados em Geografia.
Assim, as crianas chegam 5. srie sem as noes conceituais que compreenderia tal
alfabetizao (entendida como a construo de noes bsicas de cartografia-localizao,
organizao, representao e compreenso da estrutura do espao elaborado
dinamicamente pelas sociedades).
Dessa forma o ensino de Geografia deve preocupar-se com o espao nas suas
multidimenses.
O espao tudo e todos. Compreende todas as estruturas e formas de organizao.
Os signos trabalhados nos dois primeiros ciclos (1. a 4. sries) pelos chamados
Estudos Sociais, tendem a aparecer sem significado frente ao mundo do aluno.
Muitas vezes so incompreendidos pelos prprios professores.
Faltam significaes para o professor e, mais ainda, para o educando.
-
Todo o trabalho espacial deve conter o sentimento de provocao dos porqus,para
qus e para quem. O quando e o como so indispensveis no entendimento
do processo.
Em sntese, nos primeiros anos da escolarizao deve-se trabalhar com a idia de
alfabetizao em Estudos Sociais, incluindo-se a a valorizao do espao e do tempo
vivenciados.
Nesse perodo, a criana inicia a construo da funo simblica (substituio de uma ao
ou objeto por um smbolo,imagem ou palavra) e, com isso, ocorre a construo do espao
significativo .
Alguns exemplos que devem ser trabalhados nessa fase:
1. Vizinhana: Relaes em que os elementos so percebidos prximos uns aos outros
no mesmo campo.
2. Separao: As crianas percebem que os objetos, embora prximos, ocupam
posies distintas no mesmo espao.
3. Ordem ou sucesso: Relaes que se estabelecem entre elementos vizinhos
e separados.
d) Envolvimento: Estabelece-se no sentido das noes de interior/exterior,
centralidade, proximidade, contorno etc.
e) Continuidade: Envolve o conhecimento de pontos colocados em sequncia no espao,
o desenho de uma paisagem por exemplo.
f) Noes fundamentais: Envolvem as noes de direita/esquerda,frente/atrs,
em cima/embaixo e ao lado de.
g) Pontos cardeais: Norte/Sul e Leste/Oeste
-
colocar fig. 1 p. 22
Atividades sugeridas:
1. caa ao tesouro
2. caminhada pelo bairro e arredores
3. quem o vizinho
4. batalha naval
5. limites e fronteiras(entre municpios e Estados)
6. disco voador
7. o banho de papel
8. equador corporal
9. meridiano corporal
10. construo dos pontos cardeais em sala de aula
11. o surgimento das cidades
etc...
4. DURAND, Marie-Franoise et. al. Atlas da Mundializao: compreender o espao mundial contemporneo. Traduo de Carlos Roberto Sanchez Milani. So Paulo: Saraiva, 2009.
ESPAOS EM CONTRASTE
ESPAOS VAZIOS E CHEIOS
Desigualdades espaciais e sociais
A populao do mundo encontra-se distribuda de forma desigual.
Encontramos espaos quase vazios, enquanto em outros h densidade muito
alta. H uma tendncia de aprofundamento dessas diferenas. Alguns dados
ajudam no sentido de esclarecer essa tendncia:
-
dos dez pases com mais de 100 milhes de habitantes
no incio do sculo XXI, sete situam-se no Sul.
As populaes dos Estados mais pobres iro crescer mais:
em 2007, representavam 82% da populao mundial;
em 2050, esse ndice ser de 86%.
A acelerao do crescimento do nmero de habitantes recente na
histria da humanidade.
Dos 5000 milhes de indivduos no incio do sculo XVI,
a populao passou a 1 bilho no incio do sculo XIX,
1,5 bilho no incio do sculo XX, at atingir os atuais
6,5 bilhes de pessoas.
Nos anos 1960, os demgrafos projetavam uma populao de 15 bilhes
de habitantes em 2050. Hoje, prev-se para 2075, um mximo de 9,2 bilhes
de indivduos e dever ocorrer uma estabilizao em torno de 9 bilhes.
O envelhecimento, as transformaes ecolgicas e a acelerao das
mobilidades internas e internacionais podem influncia r evolues mais
complexas imperfeitamente descritas no esquema clssico da transio
demogrfica.
A evoluo nos ltimos 40 anos mostra caminhos bem distintos:
regies de crescimento contnuo, como Amrica Latina, frica e sia,
regies de baixo crescimento, como a Amrica do Norte, Europa,
Austrlia e China.
regies com diminuio da populao total como a Rssia e a Europa
do Leste.
Um mundo mais denso
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Com exceo da sia do Sul e da Europa, o povoamento do planeta
perifrico, frequentemente costeiro e cada vez mais urbano. A sia sozinha
representa 60% da populao mundial. Alm de inmeras e grandes cidades,
as mais altas densidades em grandes extenses territoriais so
majoritariamente rurais. A Europa, intensamente cultivada e urbanizada
acumula todas as densidades. O eixo Londres-Itlia do Norte um espao
urbano quase contnuo de produo e de intercmbios de rara densidade no
planeta.
Vastas regies menos povoadas
O povoamento das Amricas, essencialmente costeiro, mais denso no
Norte do que ao Sul. A colonizao produziu um fenmeno demogrfico:
o trfico de escravos tirou um enorme contingente
humano da frica para povoar o Sul dos Estados
Unidos, o Caribe e o Brasil.
Aps as independncias e as abolies da escravatura, o sculo XIX
testemunhou a chegada macia de migrantes europeus.
Nos Estados Unidos, o desenvolvimento das costas leste e oeste
reforam a tese de ocupao costeira. Na Amrica do Sul, o espao pouco
ocupado na sua poro interior. O povoamento s denso na regio do Rio da
Prata e em menos grau, na regio dos Andes,
No Brasil, a maior ocupao se verifica na regio litornea, com a
presena de grandes aglomeraes. A Amaznia apresenta uma das mais
baixas densidades do mundo.
Na frica, a regio do Magreb, o vale do Nilo, a regio dos Grandes
Lagos e o Golfo da Guin so os arquiplagos de povoamento mais densos.
Nessa regio, a Nigria destaca-se por ser um gigante demogrfico. Quase
vazio, o Saara um espao de circulao de nmades mercadores ou
pastores, at mesmo de guerreiros, traficantes ou intermediadores. A floresta
equatorial abriga apenas pequenos grupos de populao
Os efeitos acumulados do trfico, da ausncia de Estados e de sistemas
coloniais predatrios contribuem para explicar essas baixas densidades. As
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desigualdades de desenvolvimento e os conflitos explicam, por sua vez, os
deslocamentos abruptos, frequentes e macios, voluntrios ou impostos.
A URBANIZAO DO MUNDO
O arquiplago das cidades globais
Em 1800 o mundo tinha apenas 2% de habitantes urbanos; hoje eles
somam 50% e provvel que, em 2030, representem 60% da populao
mundial.
Com o crescimento econmico dos pases emergentes a urbanizao
acelerou-se bruscamente. Quase todos os Estados Amricanos, a exemplo da
Europa e da Rssia, apresentam taxas de urbanizao superiores a 70%. Na
sia e na frica, a proporo da populao urbana inferior mdia mundial,
mas as taxas de crescimento das grandes cidades so as mais elevadas do
mundo.
Em 1950, apenas a cidade de Nova York ultrapassava 10 milhes de
habitantes; em 2000 19 aglomeraes possuam mais de 20 milhes.
Desde a dcada de 1930, os gegrafos evidenciam as relaes entre a
hierarquia das cidades.
As cidades globais contemporneas desenvolvem mais
laos entre si do que com o meio ambiente local e
mesmo nacional, acumulando, assim, todos os poderes
de natureza econmica, financeira, poltica, de
informao e cultural.
Nesses gigantescos polos urbanos interdependentes e em permanente
concorrncia desenvolvem-se todos os fluxos de intercmbios globais:
portos,
aeroportos,
anis rodovirios,
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plataformas logsticas e de informao,
bolsas de valores,
sedes de empresas,
centros universitrios e de pesquisa,
centros de criao audiovisual e a internet.
A fragmentao social e espacial
Nos Estados Unidos a periurbanizao acelerou-se a partir dos anos
1950. Atualmente, mais da metade da populao urbana vive em subrbios
(suburbs) caracterizados por um habitat individual pouco denso de servios e
de empregos de ponta. As sociedades muito desiguais do Sul passam pelos
mesmos processos de polarizao social e espacial, ainda mais marcantes, em
razo do aumento acelerado das populaes. Aos centros de negcios e
bairros residncias mais favorecidos e protegidos, contrapem-se favelas,
towmships, slums, onde vive 1/3 da populao urbana mundial. Na periferia, ou
no prprio corao do tecido urbano, as ocupaes precrias instalam-se em
zonas degradadas ou inviveis para a construo, poludas, perigosas, sem
gua potvel e sem rede de esgotos.
Abandonados pelos Estados, pelas administraes municipais e mesmo
pelas agncias de desenvolvimento, os habitantes se mobilizam em
associaes e ONGs locais, s vezes com apoios de ONGs nacionais ou
transnacionais, na tentativa de legalizar sua habitao e desenvolver servios
de base. Essas populaes jovens originrios da zona rural, forados a
abandon-la em decorrncia da misria ou dos conflitos, e trabalhadores
pobres h muitas geraes so confrontadas com a violncia e condenadas a
empregos mal remunerados, atuando frequentemente no setor informal da
economia (54% na frica, 65% nos pases rabes, 39% na Amrica Latina).
MIGRAES DO PASSADO
A fico de uma fixidez do passado
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Durante os ltimos 40 anos, a duplicao da quantidade total de
migrantes internacionais, sincrnica acelerao dos processos de
globalizao, trouxe essa questo de forma brusca e em vrios contextos para
o centro dos debates polticos e econmicos
O recorte progressivo do mundo em Estados nacionais conduziu pouco ao
esquecimento de uma histria da humanidade marcada por mobilidades de
longas distncias. Todos os tipos de circulaes ampliam-se os fluxos de
capitais circulam quase sem restrio; a informao generalizada, ubqua e
contnua , mas no as circulaes de indivduos: por todos os lados existem
freios s migraes. Estimados em mais de 200 milhes, os migrantes
internacionais representam cerca de 3% da populao mundial, divididos em
propores iguais entre migrao de trabalho, familiar e de refugiados.
Imensos territrios construdos por fluxos macios de migrantes
Desde o incio da Antiguidade o mundo marcado por rotas milenares
(ouro, especiarias, seda, sal, mbar, peles etc.), eixos de intercmbios que
religam os espaos frequentemente recortados de forma no definitiva,
propiciando fluxos de pessoas e de bens materiais e imateriais.
Como os homens, circulam suas ideias e seus modos de vida:
o individualismo,
o capitalismo,
o Estado nacional,
as religies,
as tcnicas e as lnguas.
Choques, atritos, encontros e intercmbios, produziram misturas e
hibridaes: melting-pot, multiculturalismo e mestiagem. Em outros lugares e
mais tarde em termos negativos para a frica e positivo para o novo mundo
muitos estados e sociedades tornaram-se o produto histrico das migraes.
A migrao foi muitas vezes uma escolha sem sada ou
mesmo um constrangimento absoluto, mas raramente
uma deciso.
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O trfico de escravos, sistema comercial altamente lucrativo de migraes
foradas (durante o sculo VII ao incio do sculo XIX) foi o trfico oriental dos
negreiros muulmanos entre a frica Oriental e o Oriente Prximo e Mdio, a
sia e o Sul da Europa. O comrcio triangular deslocou, por sua vez, durante
mais de quatro sculos, mais de 10 milhes de africanos para a Amrica do
Norte, Amrica do Sul e Caribe. No final do sculo XIX, mais de 50 milhes de
europeus, fugindo das crises agrcolas, da pobreza e das perseguies,
migraram para as Amricas.
Devem se somar a essas migraes os deslocamentos Sul-Sul, muito
menos conhecidos. Em parte movidos pelas necessidades de
aprovisionamento de matrias-primas da Revoluo Industrial europeia,
importantes deslocamentos foram organizados desde a ndia e a China em
direo s grandes plantaes de todo o Sudeste Asitico (12 milhes de
trabalhadores chineses e 30 milhes de indianos, nos anos 1930).
A virada dos Trinta Anos Gloriosos
Depois da Segunda Guerra Mundial, a reconstruo da Europa e o forte
crescimento econmico produziram uma retomada dos movimentos migratrios
de orientao Sul-Norte. Dos anos 1970 em diante, marcados pelos choques
do petrleo e pela reduo do crescimento econmico, quase todas as
fronteiras fecharam-se para as migraes.
UM MUNDO EM MOVIMENTO
Presso migratria
Muitas pessoas circulam pelo mundo: turistas, funcionrios e gestores de
empresas. Mas, a maior parte dos que se deslocam por um tempo mais longo
constituda de migrantes internacionais.
A pobreza a principal causa da mobilidade, mas as
defasagens entre sociedades jovens e em processo de
envelhecimento, os conflitos, a difuso da informao, a
reduo dos custos de transporte e as demandas de
mo de obra nos pases do Norte alimentam os desejos
de partida.
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A partir dos anos 1970, com o fechamento das fronteiras, gerou um
grande nmero de clandestinos e de novas formas de trficos. Redes mafiosas
transnacionais prosperam com a misria (passadores, negociantes de
documentos falsos, de trabalhadores clandestinos, de empregadas e de
prostitutas). Os Estados contribuem com a organizao da exportao da sua
mo de obra pletrica e pobre. o caso de sia Ocidental e Filipinas.
Local, nacional, transnacional.
Elos entre lugares e sociedades, os migrantes vivem de forma diferente,
conforme as sociedades de chegada tenham sido construdas a partir da
imigrao (Estados Unidos, Austrlia) ou tenham passado recentemente do
estatuto de regio emigrao ao de regio de imigrao. Caso da Europa.
No primeiro caso, a identidade nacional se construiu em torno da
valorizao da diversidade.
Na Europa, as perdas dos imprios coloniais, a construo da Unio
supranacional, as deslocalizaes de empresas e mundializao da cultura
geram dificuldades identitrias que reforam ainda mais a crise econmica
atual. Embora reafirmado os direitos humanos, grupos polticos, governos e
setores da populao estigmatizaram os imigrantes em nome da segurana
pblica, restringem seus direitos ou os expulsam.
REFUGIADOS E DESLOCADOS
67 milhes de deslocamentos forados
Refugiados internacionais, demandantes de asilo, deslocados internos,
aptridas, refugiados ambientais...O nmero de indivduos que abandonaram
seu local de residncia para sobreviver no cessa de crescer. Nas ltimas dez
dcadas, entre 15 e 25 milhes de pessoas sofreram algum tipo de violncia
que as levaram a partir, na maioria das vezes para um destino prximo, no
interior das fronteiras de seu prprio Estado (deslocados) ou alm dessas
fronteiras (refugiados)
At o final da Guerra Fria, os refugiados eram muito mais numerosos do
que os deslocados, porm as propores inverteram-se desde ento. Os
deslocados constituem um contingente de:
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1 milho de pessoas no leste da Repblica Democrtica do
Congo,
2 milhes no Sudo
2 milhes no Iraque.
A imagem tpica do refugiado mudou bastante:
Inicialmente tratava-se de indivduos fugindo do
comunismo; hoje, so massas desesperadas.
Uma ferramenta multilateral imperfeita
A Revoluo Russa e, em seguida, a Primeira Guerra Mundial e o
desmembramento dos imprios na Europa geram os primeiros fluxos de
refugiados (5 milhes).
A Sociedade das Naes cria o Escritrio Internacional Nansen para os
Refugiados. A Segunda Guerra provoca uma exploso desses nmeros (40
milhes), e a ONU estabelece, em 1947, uma nova organizao que se tornar
o ACNUR (Alto Comissariado das Naes Unidas para os Refugiados), em
1951, assegurando os direitos fundamentais dos refugiados:
asilo
garantia contra reenvios forados para as situaes de perigo ou
perseguies
ajuda na repatriao consentida
A Conveno de Genebra define o estatuto dos refugiados, sua proteo
e seus direitos e deveres. O Protocolo Adicional de 1967 amplia o mandato do
ACNUR e serve de base para dispositivos regionais de proteo na frica e na
Amrica Latina. Mais de 50 milhes de refugiados no mundo receberam ajuda,
e estima-se em cerca de 8 milhes o nmero de pessoas vivendo em campos
de refugiados h pelo menos dez anos.
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RICOS E POBRES
Crescimento complexo das desigualdades
Depois de um crescimento importante a partir dos anos 1850, as
desigualdades se estabilizaram a partir de 1950, sem que a globalizao tenha
provocado uma convergncia das economias nacionais.
Nos anos 1960, enquanto a maioria dos pases situava-se em torno do
PIB mdio por habitante, o grupo de pases intermedirios foi, desde ento,
reduzindo-se. Os pases ricos foram alcanados por alguns pases ditos em
desenvolvimento (PED):
os novos pases industrializados (Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura)
e aqueles com baixos salrios e grande capacidade tecnolgica (China,
ndia, Rssia).
A evoluo das desigualdades no mundo ocupa um lugar central e
controverso nos debates sobre a globalizao.
A globalizao dinamizou o crescimento, gerando, porm, desigualdades
nos pases do Sul em fase de crescimento. A internacionalizao do mercado
de trabalho conduziu a um vis que favorece o trabalho qualificado e a uma
crescente concorrncia mundial por baixos salrios.
A desigualdade global (ou mundial) mede as desigualdades entre
indivduos em meio populao mundial. Ela est hoje em ligeiro declnio:
Os 2,5 bilhes de indivduos mais pobres ou seja, 40%
da populao mundial detm 5% da renda global, ao
passo que os 10% mais ricos controlam 54%.
Um a cada 2 indivduos vive com menos de 2 dlares por dia e 1 a cada
5, com menos de 1 dlar por dia (patamar de pobreza absoluta)
O DESENVOLVIMENTO DO MUNDO
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Velhos e ricos ao Norte
Os progressos da medicina e o acesso aos cuidados favoreceram um
prolongamento da durao da vida. Assim, o aumento da quantidade de
pessoas idosas na populao total, acelerou-se no momento em que
comearem a envelhecer as geraes nascidas aps a 2 Guerra Mundial.
Com isso, cerca de da populao ter 65 anos ou mais nos prximos anos
Uma qualidade mdia de vida elevada, uma proteo social ainda
bastante presente e a generalizao do controle dos nascimentos produziram
um decrscimo brutal na natalidade, que no garante mais a renovao das
geraes. Em um contexto de crise da imigrao e de crise econmica, esse
envelhecimento constitui um desafio econmico, poltico e social de primeira
ordem.
Todos os Estados e indivduos sero afetados pela criao de estruturas
de cuidados e assistncia a pessoas muito idosas, pelo aumento com
despesas com sade, pela transformao da estrutura de idade da populao
ativa, financiamento das aposentadorias, mudanas fiscais pela evoluo das
relaes de fora e de poder entre geraes e pelas questes relativas tica
no final da vida.
As chamadas migraes de substituio alteraro apenas baixas de
crescimento natural, e as novas mobilidades nacionais ou internacionais
dos aposentados das classes favorecidas produziro um efeito apenas
marginal.
Jovens e pobres ao Sul
A reduo da mortalidade e o prolongamento da durao da vida, so
freados, sobretudo na frica subsaariana, pela manuteno e difuso de
doenas infecciosas e parasitrias (aids, malria, etc) e pelos conflitos. Sem
proteo social nem acesso contracepo, a natalidade, embora decrescente
por toda a parte, permanece ainda muito elevada. As regies e os grupos mais
pobres so os que mais contam com crianas e adolescentes. Essa estrutura
demogrfica, em grande parte ligada pobreza, contribui para mant-la ou
acentua-la. As demandas crescentes de escolas, centros de sade e de
empregos se acumulam.
Os Estados so incapazes de realizar os investimentos essenciais, uma
vez que as suas economias foram liberalizadas sob presso, tornando-as ainda
-
mais vulnerveis s crises econmicas, alm da necessidade de reduzir as
despesas pblicas.
A visibilidade dessas desigualdades aumenta gradualmente, e as
dificuldades de sobrevivncia, a ausncia de formao, e o desemprego
macio no do aos jovens outra sada a no ser a migrao, a fim de educar-
se, ou de encontrar um trabalho, ainda que precrio. O envelhecimento tocar
tambm as sociedades do Sul; em 2020, por exemplo, a ndia ter mais de 140
milhes de velhos, na maioria extremamente pobre.
VIVER E MORRER
As condies da sade no mundo melhoram consideravelmente nos
ltimos 50 anos.
A expectativa de vida mdia aumentou em 18 anos e a taxa de
mortalidade infantil dividiu-se por trs, graas s vacinas e ao tratamento de
crianas doentes
Viver... mas por muito tempo?
De 1955 a 2005, a expectativa mdia de vida cresceu mais na sia, no
Oriente Mdio, na Amrica Latina e no Caribe. Essas mesmas disparidades
podem ser encontradas dentro dos Estados: um indivduo de bairros
perifricos pobres de Washington vive em mdia 20 anos menos do que um
habitante de Maryland; um operrio francs, sete anos menos do que um
funcionrio de uma repartio. Essas discrepncias traduzem a combinao de
fatores tais como:
alimentao
higiene
escolaridade
nvel de condies de vida e de trabalho
grau de desenvolvimento dos Estados
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Nos pases em que a expectativa mdia de vida de 70 anos, a
expectativa de vida com boa sade varia de 57 a 65 anos.
Gerar a vida sem morrer
Desafio de sade pblica para as organizaes internacionais e as
ONGs h 20 anos, e primeira causa de mortalidade feminina nos pases do
Sul, a mortalidade materna, por sua vez, quase no diminui: mais de 500 mil
mulheres no mundo morrem, anualmente, de complicaes relacionadas
gravidez ou ao parto.
Em 200 milhes de gravidezes anuais no mundo, quase a metade
representa gravidez no desejada ou planejada, e um quarto delas resulta em
aborto, legal ou clandestino estes ltimos contribuem decisivamente para a
mortalidade materna. Na China e na ndia, so frequentemente praticados
abortos seletivos de meninas, em razo de uma preferncia por meninos e da
difuso da ecografia.
Poder cuidar-se
Os pases pobres, que investem menos de 3% da renda nacional na rea
da sade, dispem frequentemente de servios de sade deficientes, nos quis
os prprios pacientes devem pagar diretamente as despesas. Cerca de 250
milhes de pessoas empobrecem a cada ano em consequncia de despesas
com a sade, 150 milhes delas de maneira catastrfica. Aproximadamente
400 milhes de chineses, dos quais 36% so habitantes urbanos, no possuem
cobertura mdica, da mesma forma que 47 milhes de norte-Amricanos.
DOENAS MUNDIAIS
O envelhecimento, a urbanizao, as migraes, a globalizao dos
cmbios econmicos, as desigualdades sociais, os hbitos alimentares, o
desmatamento, as mudanas climticas... Muitos parmetros influncia ram a
evoluo da situao sanitria do mundo.
Uma nova ecloso de epidemias?
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Com advento da agricultura e da pecuria no Neoltico, inmeras
epidemias surgem em decorrncia da proximidade entre homens e animais O
comrcio por caravanas ou martimo contribui, por volta do ano mil, para a
unificao microbiana da Europa e da sia e para as Amricas e Oceania. Do
sculo XIV ao XIX, a maioria dos pases adotou o sistema de quarentena ou de
cordo sanitrio, a fim de evitar a propagao das doenas infecciosas (peste,
gripe, rubola, febre amarela, sfilis, clera, tuberculose, lepra etc).
Desde ento, a identificao de novas patologias (aids, SARS, gripe
aviria), e a ocorrncia de doenas j conhecidas (meningite, dengue,
chikungunya), ou o ressurgimento de doenas que se pensavam erradicadas
(tuberculose, varola, peste), levam a considerar uma nova ecloso de
epidemias, favorecida pela globalizao e pelos passos errticos da segurana
alimentar ou ainda pelo risco do bioterrorismo.
A dengue, por exemplo, propagou-se por uma centena de pases em
todos os continentes por meio do comrcio de pneus usados. As doenas
infecciosas atingem principalmente os pases do Sul, onde representam 56%
da mortalidade (8% nos pases do Norte). A malria, primeira doena
parasitria mundial, leva morte 2 milhes de pessoas a cada ano,
essencialmente na frica subsaariana.
Progresso das doenas no transmissveis
Fora da frica, as doenas no transmissveis fazem mais vtimas do que
as doenas infecciosas. A maior parte dessas doenas est ligada ao estilo de
vida (alimentao, consumo de lcool, tabagismo sedentarismo etc.) e ao
prolongamento da vida.
Com presena marcante nos pases ricos, sobretudo entre as populaes
menos favorecidas, o diabetes alcana os pases mais pobres. Em um mundo
mais urbano, a alimentao tradicional sofre a concorrncia de pratos prontos,
mais baratos, porm, mais gordurosos e mais doces.
Caracterizando o incio de uma pandemia, o nmero de diabticos no
mundo passou de 30 milhes em 1985 para 135 milhes em 1995 e 246
milhes e, 2007 (aumento de 82% em dez anos, 720% em vinte anos).
O uso do tabaco encontra-se estagnado, at mesmo decrescente, nos
pases ricos, graas preveno, taxao e aos processos judiciais contra a
indstria do tabaco. No entanto, nos pases emergentes e em desenvolvimento
o consumo de tabaco tem aumentado consideravelmente.
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Um mercado mundial da sade
A atual evoluo das doenas no mundo e o aumento global das
despesas com sade estimulam a indstria farmacutica mundial que deve
confrontar-se com desafios importantes:
o corte de reembolsos dos tratamentos,
o nvel elevado das despesas de marketing e de venda;
os gastos com pesquisa e desenvolvimento,
o progresso das biotecnologias faz concorrncia indstria
farmacutica tradicional.
Tambm dentro deste contexto, as controvrsias ticas e ambientais
acabam por prejudicar sua imagem.
A indstria farmacutica encontra-se dominada pelas grandes empresas
dos pases desenvolvidos, que se preocupam muito pouco com as
necessidades dos pases em desenvolvimento:
menos de 10% dos investimentos da pesquisa mdicas so destinados
s doenas que
representam 90% da morbidade mundial.
As grandes empresas do Norte opem-se incessantemente aos
produtores de medicamentos genricos do Sul.
SABERES EM CONCORRNCIA
Desigualdade de oportunidades
O conhecimento um bem muito mal distribudo no mundo. Mais de 50%
da populao das sociedades africanas e da sia Ocidental ainda analfabeta.
Na Europa e na Amrica do Norte, estima-se um nmero entre 8 e 43% de
adultos iletrados, conforme o pas.
Entre bem pblico mundial e comrcio dos servios
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A forma como a globalizao se manifesta, transforma o ensino superior,
que, em vrios contextos, vem se desestatizando, desinstitucionalizan