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XV Encontro de Juristas dos Bancos Centrais dos Países de Língua Portuguesa
Isaac Sidney Menezes Ferreira Procurador-Geral do Banco Central do Brasil 18 de setembro de 2014
Competências do BCB
Política Monetária e Cambial
(art. 164 da CF e Lei 4.595)
Regulação Bancária e Financeira
(Lei 4.595)
Supervisão
(Lei 4.595, Lei 6.024 e outras)
O amplo escopo das competências do BCB impõe a coordenação entre as políticas monetária, cambial, regulatória e de supervisão.
Ambiente inflacionário
O Brasil conviveu por muitos anos com inflação bastante elevada, o que gerava dificuldade de crescimento e descrédito no cenário internacional.
Ambiente inflacionário
INFLAÇÃO NO ANO
DO PLANO INFLAÇÃO ANUALIZADA
DO MÊS ANTERIOR AO PLANO PLANO ECONÔMICO
(MÊS/ANO)
1987 363,4% 930% Bresser (Junho 1987)
1988 980,2%
1989 1972,9% 1965% Verão (Janeiro 1989)
1990 1621,0% 86626% Collor (Março 1990)
1991 472,7% 662% Collor 2 (Janeiro 1991)
1994 916,4% 10444,6% Real (Julho 1994)
Estabilidade monetária
Plano Real (1994): o processo de estabilização monetária iniciado na década de 1990 resultou no controle do processo inflacionário e abriu caminho para a evolução regulatória.
Inflação pós-Plano Real (IPCA)
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Fonte: IBGE
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Variação
em
12
meses (
%)
IPCA RI mar/14 - cenário referência
Sistema de metas para a inflação
* Projeção do BCB (Relatório de Inflação – jun 14)
Desafios da estabilidade econômica à regulação e à supervisão do sistema financeiro
• A estabilidade monetária impôs o desafio de
reestruturar a base regulatória do sistema
financeiro, então caracterizado por significativa
participação de bancos estatais, ganhos inflacionários,
ausência de diversidade de instrumentos, deficiência
nos controles de riscos e limitada competitividade.
• Esse desafio foi ainda maior por conta de graves
problemas de liquidez e da detecção de fraudes
contábeis em grandes bancos brasileiros, entre 1995 e
1996, que geraram grave crise bancária (3 dos 7
maiores bancos do país sucumbiram à época).
Conexão entre regulação, estabilidade monetária e estabilidade financeira
• Diante dos bons fundamentos macroeconômicos do período
pós-Plano Real e das perspectivas concretas de crescimento e
inclusão social sustentáveis, o BCB passou a explorar a
interação entre estabilidade monetária e financeira mediante
regulação e supervisão adequadas.
Regulação do Sistema Financeiro
Estabilidade Monetária
Estabilidade Financeira
Alguns marcos evolutivos
1995
PROER
1996
PROES
1997
CRC
1998
Aprimoramento da disciplina de
controles internos e gerenciamento de
risco pelas IFs (Res. 2.554/98)
1999
Regime de Metas de Inflação e câmbio flutuante
2000
Lei de Responsa-
bilidade Fiscal
2001 2002
1995/1997: novos instrumentos prudenciais
(MP 1.182/95 → Lei 9.447/97)
1994/2001: implementação das recomendações de Basileia I
1995/1996: FGC (Fundo Garantidor
de Créditos)
2001/2002: Reestruturação
do SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro)
1997: Central de Risco de Crédito (CRC), com dados
centralizados sobre operações de crédito no âmbito do SFN
Alguns marcos evolutivos
Emenda Constitucional 40
2003
Nova lei de falências (Lei 11.101/05)
CCS (Cadastro de Clientes do SFN)
2005
Reforma do estatuto do FGC
2011
Advento de seguro de depósitos também para as cooperativas de crédito (FGCoop)
2012
Novos instrumentos de securitização do crédito
bancário e imobiliário (Lei 10.931/04) e relativo ao
agronegócio (Lei 11.076/04)
2004 2008
2008: Substituição da CRC pelo SCR (Sistema
de Informações de Créditos): evolução do monitoramento sobre operações de crédito
2006/2009: implementação das recomendações de Basileia II, com foco em
gerenciamento de riscos: operacional (Res 3.380/06), de mercado (Res 3.464/07) e de
crédito (Res 3.721/09)
2006 2009
Central de Cessão de Créditos – C3 (Res. 3.998/11)
Eixos de aprimoramento do SFN
• Após a conquista da estabilidade macroeconômica e superada a grave crise bancária que atingiu o Brasil, com as necessárias medidas de saneamento e desestatização do setor financeiro, avançou-se no novo cenário, a partir do final da década de 1990, sempre com olhar voltado à estabilidade financeira e tendo em vista os seguintes eixos de aprimoramento:
Convergência a padrões internacionais (normas prudenciais)
Revisão das regras de acesso ao sistema financeiro
Aperfeiçoamento da estrutura de monitoramento
Remodelagem do Sistema Brasileiro de Pagamentos
Promoção do acesso a produtos e serviços bancários
Desenvolvimento da competição no mercado financeiro
Estabilidade econômica e financeira: ganhos
• A estabilidade financeira, combinada com os bons fundamentos macroeconômicos, tem proporcionado:
- Redução da desigualdade social e do nível de desemprego
- Aumento da renda média e do acesso ao crédito
- Sensível melhora na distribuição de renda e na mobilidade social
- Desenvolvimento dos mercados de crédito e de capital
- Crescimento do investimento
- Inclusão financeira
- Resiliência diante de crises e choques internos e externos
Taxa de desemprego mínima histórica %
(aju
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%
Fontes: BCB / IBGE / MTE
Taxa de desemprego mínima histórica
Empregos formais criados desde 2007 (milhões)
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12 meses até ago/14
0,51 milhão
9,97 milhões
Fontes: BCB / IBGE / MTE
Mobilidade social
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2003 2011 2014*
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milh
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* Projeção FGV
Classes sociais
% d
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IB
Nova metodologia a partir de 2007
*Jun 14 Fonte: BCB
25,8 26 24,6 25,7 28,3
30,9
35,5
40,7 43,9
45,4
49,1
53,9 56,1 56,3
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4*
Crédito/PIB Inadimplência
Expansão do crédito - % do PIB
Expansão sustentável do crédito
• Ambiente macroeconômico estável → horizonte de planejamento
• Inflação controlada → preservação do poder de compra
• Crescimento do emprego e da renda → inclusão financeira
• Estabilidade do sistema financeiro → proteção da poupança popular
• Por si sós, esses resultados já trouxeram inegáveis benefícios ao consumidor financeiro
• Além disso, BCB e CMN trabalharam intensamente para tornar o SFN mais eficiente, competitivo e transparente
• BCB e CMN não integram o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, de modo que suas regras não se destinam especificamente à proteção dos consumidores, mas à regulação de todo o mercado, em benefício de todos os clientes bancários, consumidores ou não, e de toda a sociedade
Benefícios para o consumidor financeiro
Acesso ao sistema bancário e competição
Acesso a produtos e serviços bancários
Aprimoramento da competição
Correspondentes bancários (Res. 3.954/11) Divulgação do custo efetivo total (CET) em operações de crédito (Res. 3.517/07)
Operações de microcrédito Exigibilidade de aplicação: 2% dos saldos de depósito
a vista (Leis 10.735/03, 11.110/05 e Res. 4.000/11)
Transparência (Res. 3.694/09): pacotes de serviço (Res. 4.196/13) e operações de crédito
(Res. 4.197/13) e de câmbio (Res. 4.198/13) Ouvidorias (Res. 3.849/10)
Pacote básico de serviços (Res. 3.919/10) Disciplina das tarifas
(Res. 3.401/06 e Res. 3.919/10)
Conta simplificada (Res. 3.211/04) Vedação de acordos anti-concorrenciais (Circular 3.522/11) Crédito consignado (Leis 10.820/03 e 8.112/90)
Fomento ao cooperativismo de crédito Lei Complementar 130/09 e Res. 3.859/10 Portabilidade de crédito (Res. 3.401/06),
de cadastro (Res. 3.401/06)
e de salários (Res. 3.402/06)
Redução de assimetrias de informação: SCR (Res. 3.658/08) e cadastro positivo
(Lei 12.414/11, e Res. 4.172/12)
Crise financeira de 2008/2009
• Aspectos relevantes da crise de 2008/2009 no Brasil
Insuficiência generalizada de liquidez
Dificuldades de financiamento para bancos pequenos e médios
Problemas na rolagem de dívidas de bancos com o exterior
Dificuldades no financiamento do comércio exterior
• Principais medidas emergenciais adotadas:
Condições especiais para o redesconto
Empréstimos em moeda estrangeira
Redução do recolhimento compulsório
Ampliação da garantia de depósitos
Acordos de troca (swap) de moedas
Aquisição de instituições financeiras por bancos públicos federais
Colchões de liquidez
Reservas internacionais (US$ bi.)
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jul 14
Recolhimento compulsório (R$ bi.)
Fonte: BCB
Nível de capital das instituições financeiras brasileiras
13,8 14,8
16,6
19,0 18,1
17,4 17,8 17,3
17,7 18,7
16,9 16,3 16,5 16,1 15,8
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4*
índice de capital dos bancos brasileiros índice de capital mínimo de Basiléia (8%)índice de capital mínimo regulatório (11%)
Capitalização Robusta - Índice de Basileia
* Ago 2014
Fonte: FMI (FSI – maio/2014)
11,6
12,0
12,6
13,5
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Austrália
Espanha
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Itália
Coreia
Canadá
EUA
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África do Sul
França
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México
Brasil
Reino Unido
Índice de Basiléia
-86,2
-31,9
-20,2
-17,8
-15,5
-14,5
-12,9
-12,5
-10,1
-5,7
-3,9
-3,1
7,2
11,5
-150 -100 -50 0 50
Itália
Espanha
África do Sul
Japão
Índia
Reino Unido
Austrália
EUA
Rússia
Canadá
Coreia
Turquia
México
Brasil
(Provisões - Inadimplência) Capital
24,4
36,0
40,0
41,3
43,9
47,7
52,7
72,1
78,7
84,9
97,7
121,4
140,5
152,4
20 60 100 140 180
Índia
África do Sul
Reino Unido
Japão
Austrália
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Canadá
Turquia
Rússia
EUA
Itália
Coreia
Alemanha
Brasil
Ativos Líquidos Passivo de curto prazo
Indicadores de solidez financeira
Pós-crise: novas medidas Implementação de Basileia III
Recomendações do Comitê de Basileia para Supervisão
Bancária (soft law): resposta mundial à crise
1. aumento da capacidade para absorção de choques de estresse no setor financeiro ou em outros setores da economia
2. incremento de políticas de gestão de risco e governança
3. fortalecimento da transparência
Basileia III e o sistema financeiro brasileiro
• Regulação/supervisão bancárias fortes e muito conservadoras
• IFs em posição relativamente confortável
• Nível de capitalização observado no Brasil torna desnecessário o
incremento do capital até 2017
• Ajustes na regulamentação nacional apenas para permitir adaptação
da base de capital das IFs às recomendações de Basileia III
(R)Evolução da regulação financeira no Brasil
ANTES
Altamente intervencionista
Medidas conjunturais
Foco na solução de problemas específicos: regulação reativa
DEPOIS
Crescentemente voltada para a estabilidade financeira
Medidas estruturais
Regulação prudencial, proativa: foco em monitoramento, controle
e mitigação de riscos
• Avaliação do FMI (2012) – Adequação aos princípios de Basileia
1º Brasil 28
2º Holanda 25
3º Estados Unidos 23
4º África do Sul 20
5º Espanha 19
6º China 18
7º Alemanha 17
7º Reino Unido 17
(R)Evolução da regulação financeira no Brasil
O desafio da retomada do crescimento
6,9
5,3
4,2
3,3
2,1
1,4 0,8 0,6
0,9
1,8 1,9
3,5
2,4 2,2 1,9
-0,9
-2,0
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Fontes: BCB / IBGE
Papel da segurança jurídica na evolução regulatória (2/3)
•Crise inflacionária da década de 90
Planos monetários
•Crise bancária interna de 95/96
Saneamento do SFN •Estabilidade
financeira
Desenvolvimento econômico e
inclusão
•Crise mundial de 2008
Medidas anti-crise
Estabilidade monetária
Estabilidade financeira
Regulando em tempo de
estabilidade
?
Desafios superados, desafios a superar...
Necessidade de preservar as conquistas da estabilidade monetária
e financeira e de adaptar a regulação para ampliar investimentos em produtividade (infraestrutura e capital humana):
Desafio jurídico para a manutenção e o desenvolvimento das conquistas regulatórias
• Conquista da estabilidade macroeconômica em meio ao processo
de redemocratização
• Tensões entre o jurídico e o econômico
Incremento da judicialização: busca
da segurança
Incremento da complexidade
técnica das soluções regulatórias
• Importância do esforço de compreensão jurídica da racionalidade
econômica e dos objetivos republicanos que inspiram a atuação
regulatória
Horizontes regulatórios a explorar para retomada do desenvolvimento
• Papel do SFN: viabilizar o financiamento dos investimentos para ampliar a competitividade da economia brasileira
• Os recursos requeridos são vultosos, em montante superior à capacidade das fontes tradicionais
Estabilidade monetária
Estabilidade financeira
Segurança jurídica
Evolução regulatória • Consequente necessidade de ampliar a
capacidade de financiamento do segmento bancário privado, do mercado de capitais e de fontes externas
• Necessidade de adaptação do arcabouço regulatório para viabilizar novos instrumentos ou inovações na estrutura de operações para mitigação de riscos ou redução de custos
• Fundamentos macroeconômicos sólidos, combinados com regulação adequada e forte supervisão bancária, num cenário de segurança jurídica quanto a tais variáveis: pressupostos de estabilidade econômico-financeira indispensáveis à retomada do desenvolvimento