apresentação helenira rezende de souza nazareth

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Assembleia Legislativa de São Paulo Comissão da V erdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” Presidente: Adriano Diogo (PT) Relator: André Soares (DEM) Membros Titulares: Ed Thomas (PSB), Marco Zerbini (PSDB) e Ulysses Tassinari (PV) Suplentes: Estevam Galvão (DEM), João Paulo Rillo (PT), Mauro Bragato (PSDB), Orlando Bolçone (PSB) e Regina Gonçalves (PV) Assessoria Técnica da Comissão da Verdade: Ivan Seixas (Coordenador), Amelinha Teles, Tatiana Merlino, Thais Barreto, Vivian Mendes, Renan Quinalha e Ricardo Kobayaski

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Page 1: Apresentação Helenira Rezende de Souza Nazareth

Assembleia Legislativa de São Paulo

Comissão da Verdade

do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”

Presidente: Adriano Diogo (PT)

Relator: André Soares (DEM)

Membros Titulares: Ed Thomas (PSB), Marco Zerbini (PSDB) e

Ulysses Tassinari (PV)

Suplentes: Estevam Galvão (DEM), João Paulo Rillo (PT), Mauro

Bragato (PSDB), Orlando Bolçone (PSB) e Regina Gonçalves (PV)

Assessoria Técnica da Comissão da Verdade: Ivan Seixas

(Coordenador), Amelinha Teles, Tatiana Merlino, Thais Barreto, Vivian

Mendes, Renan Quinalha e Ricardo Kobayaski

Page 2: Apresentação Helenira Rezende de Souza Nazareth

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Helenira Rezende de Souza Nazareth (Preta, Fátima)(Desaparecida em 29 de setembro de 1972)

Dados PessoaisNome: Helenira Rezende de Souza NazarethData de nascimento: 11 de janeiro de 1944Local de nascimento: Cerqueira César (SP) - Brasil

Organização Política: Partido Comunista do Brasil (PC do B)

Page 3: Apresentação Helenira Rezende de Souza Nazareth

3 Dados biográficos

Helenira Rezende de Souza Nazareth nasceu na pequena cidade de Cerqueira César, nointerior de São Paulo e era filha de Adalberto de Assis Nazareth e Euthália Rezende deSouza Nazareth. Muito pequena mudou com a família para Assis. Nessa cidade passouparte da infância e toda adolescência, vindo a concluir o Curso Clássico na EEPSG Prof.Clibas Pinto Ferraz. Foi jogadora da seleção de basquete de Assis, onde destacou-se por seruma excelente atleta, não por acaso foi também medalhista na modalidade de salto adistância. Desde cedo preocupava-se com questões sociais e dedicava-se ao estudo domarxismo, tais fatos certamente contribuíram para que fosse uma liderança no meioestudantil de sua cidade, tendo sido a primeira presidente e fundadora do GrêmioEstudantil da escola Prof. Clibas Pinto Ferraz. Transferiu-se para São Paulo, Capital, ondecomeçou a cursar Letras na Faculdade de Filosofia da USP, à época na rua Maria Antonia.Novamente destacou-se como líder estudantil, além de colocar em circulação posiçõesavançadas para o período. Chegou a ser vice-presidente da UNE, em 1968. Nesse ano foipresa no XXX Congresso da UNE, em Ibiúna (SP). Levada para o presídio Tiradentes, foitransferida para o DOPS, onde foi jurada de morte pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury.Helenira foi solta por força de habeas-corpus. Desse momento em diante sua vida se deuna clandestinidade, vivendo em diversos locais até ir para o Araguaia. Ali integrou oDestacamento A da guerrilha, quando foi morta enfrentando o aparato repressivo doregime militar. Por conta de sua coragem e liderança, o destacamento onde atuava passoua chamar-se Destacamento Helenira Rezende.

Segundo a família, Helenira era tratada como Nira pelos familiares; os colegas de USPchamavam-na Preta; os companheiros do Araguaia de Fátima.

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4Dados sobre sua prisão e desaparecimento

Integrante do Destacamento A da guerrilha, onde usava o nome Fátima, Helenirafazia parte de um grupo emboscado por fuzileiros navais em 29 de setembro de1972. Ferida no tiroteio e metralhada nas pernas, recusou-se a entregar alocalização dos companheiros aos militares e foi torturada e morta a golpes debaioneta.

Sobre sua morte o Relatório Arroyo, escrito pelo dirigente do PC do B ÂngeloArroyo, que escapou ao cerco militar à região em 1974, assim a descreveu:

No dia 29 de setembro, houve um choque do qual resultou a morte de HeleniraResende. Ela, juntamente com outro companheiro, estava de guarda num pontoalto da mata para permitir a passagem, sem surpresas, de grupos dodestacamento. Nessa ocasião, pela estrada vinham tropas. Como estasachassem a passagem perigosa, enviaram “batedores” para explorar a margemda estrada, precisamente onde se encontrava Helenira e o outro companheiro.Este quando viu os soldados, acionou a metralhadora, que não funcionou. Elecorreu e Helenira não se deu conta do que estava sucedendo. Quando viu, ossoldados já estavam diante dela. Helenira atirou com uma espingarda 16.Matou um. O outro soldado deu uma rajada de metralhadora que a atingiu.Ferida, sacou o revólver e atirou no soldado, que deve ter sido atingido. Foipresa e torturada até a morte. Elementos da massa dizem que seu corpo foienterrado no local chamado “Oito Barracas”.

Page 5: Apresentação Helenira Rezende de Souza Nazareth

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Além disso, sua morte foi citada no Comunicado 6 da Forças

Guerrilheiras do Araguaia. Nas fichas encaminhadas anonimamente

para o jornal O Globo, em 1996, registra-se “[...] foi morta no dia 28 set.

72, no Pará”. Outro relatório, desta vez assinado pelo comandante da 3ª

Brigada de Infantaria, general Antônio Bandeira, a uma certa altura diz

“[...] ação de patrulhamento, em 28 Set. 72, executada por 1 GC na R do

Alvo teve como resultado a morte da terrorista Helenira Rezende de

Souza Nazareth ‘Fátima’ (Dst A ― Grupo Metade)”. Em outro

documento produzido por órgãos militares, o Relatório da Operação

Sucuri, Helenira é indicada como morta, no entanto, nele está

registrado seu nome falso, Fátima.

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Diversos presos políticos denunciaram o assassinato de Helenira: Elza de Lima

Monnerat denunciou que seu assassinato se deu sob tortura, após ter sido

baleada nas pernas; Danilo Carneiro, um dos primeiros guerrilheiros a ser preso

pelo exército, afirmou ter visto na prisão slides de corpos mutilados de

guerrilheiros e álbuns de fotografias que lhe eram mostrados pelo Exército para

que ele os identificasse. Carneiro afirma ter visto fotos de diversos corpos, entre

eles o de Helenira; Regilena Carvalho de Leão de Aquino, em depoimento do

processo movido pelos familiares de desaparecidos da Guerrilha do Araguaia, na

Primeira Vara da Justiça Federal (este processo é o mesmo do depoimento de

Danilo Carneiro), afirmou que o general Antônio Bandeira disse-lhe da morte de

Helenira Rezende; por fim, moradores da região onde se deu o assassinato de

Helenira, em depoimento ao MPF, afirmaram ter conhecimento da morte de

Helenira.

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O “Relatório Parcial da Investigação sobre a Guerrilha do Araguaia”, do

Ministério Público Federal (MPF), de janeiro de 2002, concluiu:

Fátima: Helenira Rezende foi vista por um depoente, baleada na coxa e na

perna, sendo carregada em cima de um burro de um morador da

região, próximo à localidade de Bom Jesus. Outro depoente ouviu

referências de que Fátima foi vista na base de Oito Barracas. E um terceiro

conta que ouviu falar ter Fátima chegado já morta em Oito Barracas, em

função de ferimentos. Em fragmento de um relatório aparentemente

oficial, há registro de que Fátima teria sido morta em setembro de 1972.

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Providencias posteriores

Seu nome consta da lista de desaparecidos políticos do anexo I, da lei 9.140/95.

Em sua homenagem, as cidades de São Paulo (SP) e Campinas (SP) deram o seunome a ruas situadas nos bairros Cidade Ademar e Grajaú, na capital paulista, eVila Esperança, no interior do estado. A cidade de Guarulhos (SP) também deuo seu nome a uma de suas ruas.

Informações tiradas do Dossiê Ditadura: Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil 1964-1985. (IEVE- Instituto de Estudos Sobre Violência do Estado e Imprensa Oficial, São Paulo, 2009)

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No ano de 2012, a Associação de Pós-graduandos da Universidade de SãoPaulo, decidiu prestar homenagem a Helenira e ao seu passado de lutaspor um outro Brasil, batizando a entidade com seu nome.

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Folder produzido pelos pós-graduandos da USP para o Ato de refundação da APG, cujo nome passou a ser APG Helenira “Preta” Rezende

Page 11: Apresentação Helenira Rezende de Souza Nazareth

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Helenira em reunião do Movimento Estudantil