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A TRADIÇÃO
DA ORAÇÃO
FONTES
• Sagrada Escritura
• Catecismo da Igreja – IV Parte
• Liturgia dos sacramentos e liturgia das horas
• A vida e o ensinamento dos santos
• Tratados e escritos teológicos sobre oração
• Espiritualidade devocional e popular
“Porque todavia segundo a ordem da divina providência se atribui a
cada um o modo de alcançar seu fim segundo a conveniência de sua
natureza, concedeu-se também aos homens um modo congruente de obter
o que esperam de Deus, segundo a disposição da condição humana. E
por isso se impôs ao homem a oração, pela qual os homens obtêm de
Deus o que esperam alcançar por ele. [...] Com efeito, ao orarmos, não
intentamos manifestar nossas necessidades ou desejos a Deus, que é
conhecedor de todas as coisas.
A vontade divina tampouco se dobra a palavras humanas para querer o que
antes não queria. Mas a oração para obter de Deus é necessária ao homem
por causa daquele que ora, ou seja, para que ele mesmo considere seus
defeitos, dobre seu ânimo para desejar ferventemente e piamente o que pela
oração espera obter. A oração que lançamos a Deus nos faz familiares a
Deus, enquanto nossa mente se eleva até ele, e conversa com Deus por certo
afeto espiritual adorando-o em espírito e verdade, e tal afeto familiar prepara
para o orante uma porta para que ore novamente com mais confiança”
Santo Tomás de Aquino, séc. XIII
NAS FONTES DA ORAÇÃO “O Espírito é a água viva que ensina os filhos de Deus a orar”
A PALAVRA DE DEUS
A LITURGIA DA IGREJA
AS VIRTUDES TEOLOGAIS
FÉ
ESPERANÇA
CARIDADE
“Meu Deus, eu vos amo, e meu único desejo é
amar-vos até o último suspiro de minha vida. Meu
Deus infinitamente amável, eu vos amo e preferiria
morrer amando-vos a viver sem vos amar. Senhor,
eu vos amo, e a única graça que vos peço é amar-
vos eternamente...
Meu Deus, se minha língua não pode dizer a cada
instante que eu vos amo, quero que meu coração vo-lo
repita tantas vezes quantas eu respiro”
São João Maria Vianney, séc. XIX.
HOJE “Oxalá ouvísseis hoje a sua voz! Não
endureçais vossos corações”
(Sl 95,8)
O CAMINHO DA ORAÇÃO
A
ORAÇÃO
AO PAI
“Ó Deus, nosso Pai, enviando ao mundo a Palavra da
verdade e o Espírito santificador, revelastes o vosso
inefável mistério. Fazei que, professando a verdadeira
fé, reconheçamos a glória da Trindade e adoremos a
Unidade onipotente. Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”
Solenidade SS. Trindade
“Pedimos, pois, que esse nome seja santificado. Não que
caiba aos homens desejar o bem a Deus, como que alguém
lhe possa dar qualquer coisa. Ou que Deus passe
necessidade, sem os nossos votos. Mas é muito conveniente
que Deus seja bendito em todo tempo e lugar pelo homem”
Tertuliano, séc. III
A
ORAÇÃO
A JESUS
“Senhor Jesus Cristo, neste admirável sacramento nos
deixastes o memorial da vossa paixão. Dai-nos venerar
com tão grande amor o mistério do vosso Corpo e do
vosso Sangue, que possamos colher continuamente os
frutos da vossa redenção. Vós, que sois Deus com o Pai,
na unidade do Espírito Santo”
Solenidade Corpus Christi
“Quem não busca a cruz de Cristo não busca a
glória de Cristo. Para enamorar-se Deus de
uma alma, não olha a sua grandeza, mas a
grandeza de sua humildade”
São João da Cruz, séc. XVI
A ORAÇÃO
AO
ESPÍRITO
“Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e
acendei neles o fogo do Vosso Amor. Enviai o Vosso Espírito
e tudo será criado e renovareis a face da terra.
Oremos: Ó Deus que instruíste os corações dos vossos fiéis,
com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente
todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos da sua
consolação. Por Cristo Senhor Nosso”
“O Espírito Santo, ao contrário, torna os corações
capazes de compreender as línguas de todos,
porque restabelece a ponte da comunicação
autêntica entre Terra e Céu. O Espírito Santo é
Amor”
Papa Bento XVI
Existe
oração em
línguas
estranhas?
“Que é júbilo senão alegre admiração, inexplicável por
palavras? Assim se admiraram os discípulos, cheios de
alegria ao comtemplarem subindo ao céu aquele que
haviam chorado por ocasião de sua morte. De fato, as
palavras não eram suficientes para manifestar tal
alegria; restava o júbilo, que é inexplicável”
Santo Agostinho, séc. V
“O júbilo é uma alegria inexprimível que não pode ser
silenciada; entretanto, ele não pode ser comunicado (em
palavras). A razão pela qual é que ela (alegria) está fora do
alcance da compreensão... Tamanha é a bondade de Deus que
ele não pode ser comunicado (em palavras)”
Santo Tomás de Aquino, séc. XIII
A ORAÇÃO À MÃE DE DEUS E AOS SANTOS
Se Deus-Trindade é o fim último de
toda oração, é correto “orar”
à Virgem Maria e aos santos?
Ninguém é santo como o Senhor (1Sm 2,2), e Cristo é verdadeiramente o
único Mediador entre Deus e homens (1Tm 2,5), todavia, após a
Ressurreição, muitos foram santificados (Mt 27,52), isto é, vieram a
partilhar a santidade de Deus, participando da vida divina. O testemunho
está em Paulo quando chama os cristãos de “santos” (Fl 1,1), pois estes
estão EM CRISTO, Cristo é Deus, e Deus é santo. Participamos da
natureza de Deus porque Ele aceitou participar da nossa natureza humana
(2Pd 1,4). O corpo de Cristo é o novo Templo, é a Igreja, onde todos são
seus membros. Esses membros estão em Cristo, e Cristo está neles.
Nos tornamos santos no único Santo: Deus; porque passamos a partilhar
da natureza divina de Cristo na vida da Igreja, nos sacramentos. É pelo
Batismo que passamos a viver em Cristo. Portanto, nenhum de nós vive
sozinho com Deus, mas juntos, como Igreja, somos portadores de Deus e
de todas as “coisas santas”. Nesta COMUNHÃO existe uma relação entre
os santos que já alcançaram a plenitude no Céu e os fiéis que militam
sobre a Terra. Nesta relação de vida plena e amor em Cristo, há uma
comunhão de bens espirituais entre os batizados. Os que estão “mortos”
rezam a Deus por aqueles que ainda estão na Terra (Ap 6,9-10)...
...Jesus é o Mediador, mas nEle podemos rezar e interceder uns pelos
outros, e pedir que rezem por nós (1Tm 2,1-4). Participamos assim, de Sua
mediação (Cl 1,24). A morte não é a última palavra, foi vencida, e aqueles
que alcançaram a plenitude pelos méritos da graça em suas vidas nos
comunicam seus bens espirituais para que também nós alcancemos a
santidade plena e o Céu. NÃO HÁ MORTOS, TODOS ESTÃO VIVOS,
POIS NOSSO DEUS É O DEUS DOS VIVOS. Certamente não rezamos ao
santos em vez de rezar a Cristo.
Rezamos por meio dos santos a Deus em Cristo. NÃO SÃO OS SANTOS QUE
RESPONDEM ÀS NOSSAS PRECES, MAS AS CONDUZEM A DEUS COM
PROFUNDIDADE E AMOR, pois a oração do justo tem grande eficácia (Tg
5,16). Mas porque então recorrer aos santos, e não diretamente a Deus? Porque
Deus nos faz viver como família, em comunhão de amor, na qual todos os bens
são para todos. A vitória do irmão, que exala o perfume do Verbo encarnado, é
vitória da Igreja, é vitória da cruz, é MINHA VITÓRIA. A Cidade de Deus é
formada pelos cidadãos celestes, como pelos terrestres, onde todos se tornam UM
no mesmo Espírito e no mesmo Corpo do Senhor que é recebido em comunhão.
“À vossa proteção
recorremos, Santa Mãe
de Deus.
Não desprezeis as
nossas súplicas em
nossas necessidades,
mas livrai-nos sempre
de todos os perigos, ó
Virgem gloriosa e
bendita.
Amém!”
séc. III
O ROSÁRIO “Ó Rosário bendito de Maria, doce cadeia que nos prende a Deus,
vínculo de amor que nos une aos Anjos, torre de salvação contra os
assaltos do inferno, porto seguro no naufrágio geral, não te
deixaremos nunca mais. Serás o nosso conforto na hora da agonia.
Seja para ti o último beijo da vida que se apaga. E a última palavra
dos nossos lábios há de ser o vosso nome suave, ó Rainha do
Rosário de Pompeia, ó nossa Mãe querida, ó Refúgio dos
pecadores, ó Soberana consoladora dos tristes. Sede bendita em
todo o lado, hoje e sempre, na terra e no céu”
Carta Rosarium Virginis Mariae, S. João Paulo II
SERVIDORES DA ORAÇÃO
“O relacionamento pessoal que cada fiel
estabelece com Jesus, presente na Eucaristia, o
reconduz sempre ao conjunto da comunhão
eclesial, alimentando nele a consciência da sua
pertença ao corpo de Cristo” Papa Bento XVI
REZANDO COM OS
SALMOS
Os salmos eram para Israel a resposta do povo às intervenções de Deus na sua
história: êxodo, deserto, dom da terra, eleição de Davi e Sião. Os salmos nascem
do desejo de comunhão. O uso que a Igreja faz dos salmos foi herdado da oração
judaica. Como judeus, Jesus, Maria, os apóstolos e os primeiros cristãos rezavam
os salmos. Existindo, inclusive, uma grande influência dos salmos no NT.
Os salmos ocupam na Sagrada Escritura o lugar que a liturgia ocupa na vida da
Igreja. Para nós cristãos, os salmos cantam, celebram e alimentam esse diálogo
entre Deus e o povo em que Cristo é o Mediador: Cristo é a chave de
interpretação dos salmos.
Os salmos entram na composição de todos os livros litúrgicos. Eles
fazem parte da Palavra que ao encarnar se torna Sacramento. São
necessários à liturgia, e portanto, a oração cristã.
Em razão de sua origem, os salmos têm a virtude de elevar até Deus a
mente das pessoas, despertar nelas piedosos e santos afetos, ajudá-las
maravilhosamente a agradecer na prosperidade e dar-lhes, na
adversidade, consolo e fortaleza de ânimo.
“O livro dos salmos é medicina geral da salvação humana. Quem os lê,
encontra sempre um remédio especial para curar as suas feridas. Que há de
mais agradável que um salmo? O salmo é a benção do povo, o louvor de
Deus, o hino dos fiéis, o aplauso da assembleia, a palavra da multidão, a voz
da Igreja, a exultante confissão de fé, a expressão da autêntica piedade, a
alegria da liberdade, o clamor do júbilo e a exultação de alegria. Ao nascer
do dia exulta o salmo; ao cair da noite ressoa o salmo”
Santo Ambrósio, séc. IV