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APROVEITAMENTO DO POTENCIAL ENERGÉTICO DA
CAMA DE FRANGO PARA USO NA ATIVIDADE AVÍCOLA
Área temática: Gestão Ambiental & Sustentabilidade
Zito Rigo Sarmento Sarmento
Carlos Augusto Sousa Nazario
Paulo Henrique Gomes Carneiro
Sérgio Luiz Souza Nazário
Resumo: As alterações climáticas são enigmas atuais. A emissão de gases de efeito estufa (GEE) está transtornando
as características físicas e químicas da atmosfera e afetando o equilíbrio natural da biosfera e da condição de vida no
Planeta. Com isso, a busca de energias renováveis de menor impacto vem tendo maior significância, como o uso da
biomassa, destacada como uma das maiores fontes de energia disponíveis nas áreas rurais. E a produção avícola é
uma atividade contribuidora para a emissão de gases do GEE, por gerar grande quantidade de dejetos, e os produtores
comercializarem ou manejarem nas lavouras o produto de forma in natura, sendo gerados gases que se dissipam para
o meio ambiente. Neste contexto busca-se em um galpão de frangos de corte captar os gases e utiliza-los na própria
atividade avícola, através do biodigestor e grupo gerador para transformar em energia elétrica e térmica, diminuindo
custos operacionais para a avicultura, ou seja, aumentando a viabilidade econômica e ambiental, inserindo o crédito
de carbono e a captação da água pluvial como ferramentas necessárias para viabilizar o projeto. Apresentando as
equações necessárias, assim como orçamentos atuais advindos por empresas especializadas conforme especificação do
produto. Para isso será demonstrado cálculos de quantificação referentes a construção do projeto e produção de
biogás, cama de frango e energia em kwh, usando-a na substituição da energia da concessionária para parcial
equipamentos no galpão.
Palavras-chaves: Cama de Frango, Biodigestor, Energia
ISSN 1984-9354
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
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1. INTRODUÇÃO
A sociedade depende de energia em diversas ações que envolvem o cotidiano, desde da
utilização em construções e operações até ao fornecimento de alimento e conforto dos dependentes.
Dividida por tipos de acordo com sua obtenção tem-se com energias mais presentes: a energia
mecânica, elétrica, eletromagnética e outras utilizadas de acordo com as suas necessidades.
No entanto entre as energias mais utilizadas estão às fontes de energias fósseis que são
limitadas no meio ambiente, além de gerar grandes problemas ambientais, como efeito estufa causado
pelos gases retidos na atmosfera terrestre, que também refletem para o planeta a radiação
infravermelha aumentando a temperatura na superfície do planeta.
Uma das Alternativas que visa a diminuir o uso destas fontes de energias prejudiciais ao meio
ambiente é a utilização de fontes renováveis podendo algumas estarem em abundância no planeta
como a energia solar, eólica, de biomassa, mas que não são utilizadas de forma significante. Diante do
contexto, podem-se identificar os dejetos de animais como uma fonte de energia, principalmente
quando se pretende usá-la na atividade.
O aumento de tecnologias aceitáveis para o tratamento de dejetos e o seu emprego,
propendendo à diminuição de custos de produção e da poluição ambiental é uns dos principais desafios
dos dias atuais. Por isso muitos estudos estão caracterizando a biodigestão anaeróbia como a opção
mais viável para o desenvolvimento sustentável da cadeia avícola.
Nesta totalidade, a avicultura de corte origina uma vasta quantidade de resíduos (cama de
frangos) que, se bem manejados, poderão ser uma importante fonte de renda e cooptação de valor à
atividade, também um exemplo de produção sustentável que vem sendo cada vez mais uma cobrança
de mercado. Por tanto, é imprescindível que tenha a adoção de um sistema de tratamento como a
biodigestão anaeróbia, a fim de evadir possíveis contaminações do ambiente.
Com o biodigestor implantado na avicultura, abanaria o maior custo de produção avícola, ou
seja, a energia elétrica, e neste processo o biogás derivado da decomposição anaeróbia da cama de
frangos, tornaria viável a produção de aves de corte, visto com a ajuda de equipamentos como o moto-
gerador a partir de biogás transformando em energia elétrica, substituindo a energia fornecida.
O trabalho em questão tem como principal objetivo levantar todas as variáveis necessárias para
implementação de um sistema de geração de energia proveniente da queima de gás gerado a partir de
cama de frango de um aviário reduzindo custos no consumo de energia elétrica, consumo de água
potável e lenha.
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2. MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo em questão foi realizado em um aviário de frango de corte, localizado no município
de Cacoal – RO. Para determinação da viabilidade do projeto foram levantados todos os custos com
infraestrutura e equipamentos, dimensionado a economia no consumo de energia elétrica, água potável
e lenha, o ganho com credito de carbono e por fim analisado o payback para o projeto. Os dados
utilizados para dimensionamento do sistema de geração de energia através do biogás foram obtidos
através de analise da produção de cama de frango proveniente da quantidade de aves, do levantamento
arquitetônico do aviário, topográfico da área e de informações de consumo de energia do mesmo
através de dados da concessionaria de energia local (Eletrobrás-RO). O aviário tem capacidade de
confinamento de 30.000 aves e é formado por uma construção em alvenaria com de 120 metros de
comprimento por 16 metros de largura.
As aves ficam em um período de aproximadamente 42 dias alojadas, a cama de frango
permanece no galpão durante todo o ano utilizando-a para consecutivos sete lotes de produção, ou seja,
vários alojamentos de frango.
Através dos dados coletados, foi determinada a quantidade de cama de aviário gerado através
da metodologia apresentada por Ferrarez (2009) e Santos (2001), em um experimento utilizou-se 0,442
kg de serragem seca por ave alojada com densidade de 16 aves/m2 em cama nova. Ao final dos 42 dias
de alojados, produziu-se um total médio de 1,37 kg de matéria seca de cama de aviário por ave, sendo
que, desse total, 0,93 kg de detritos foram acrescentados pelas aves sendo utilizada a quantidade de
substrato de entrada de cada lote de produção e a quantidade de detritos por ave alojada durante o
ciclo, desta forma obtém-se a produção de cama por ave.
Para implantação do biodigestor em questão, deve ser realizada uma escavação para formação
da lagoa coberta por uma manta para implantação de uma caixa de entrada de material (afluente) e
outra para a saída do biofertilizante (efluente). Essa lagoa receberá a cama de frango produzida, água e
micro-organismos.
Visando o aproveitamento das condições topográficas da área o biodigestor foi alocado em
ponto estratégico no pátio do aviário. Essa localização tem como objetivo eliminar a utilização de
bombas para transporte de água pluvial captada para abastecimento do biodigestor.
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A dimensão do biodigestor foi determinada a partir do volume de carga diária e tempo de
retenção hidráulica, sendo imprescindível conhecer a quantidade de aves em produção, a quantidade
de dejetos gerada por dia e o tempo de retenção hidráulica. Segundo Nogueira (1992) o tempo de
retenção hidráulica e para os dejetos provenientes de aves é de 60 dias sendo a relação de água e
esterco executada numa proporção de 2 para 1. O volume de carga é obtido somando-se o esterco total
produzido mais a quantidade de água (WINROCK INTERNATIONAL, 2008). A equação (01) foi
utilizada para a obtenção do volume total segundo o tempo de retenção hidráulica.
VB = VC x TRH (01)
Sendo, VB o volume do biodigestor (m3); VC o volume da carga diária (dejetos + água), (m
3/dia) e
TRH o tempo de retenção hidráulica (dias).
Outro fato importante para dimensionamento do volume do biodigestor é que deve ser
considerado uma carga em um ciclo de 60 dias de geração de biogás. Sendo idealizado um
biodigestor com formato retangular.
Logo após o dimensionamento do biodigestor é necessário quantificar a produção de biogás
gerado para alimentação do motogerador que faz a conversão de energia proveniente do gas gerado
pelo resíduo em energia elétrica. A estimativa de produção de biogás é obtida utilizando a planilha de
cálculos descritos na tabela 01 para cada kg de esterco gerada.
A energia térmica é calculada conforme equação (02) de Funck e Fonseca. A mesma foi
utilizada para calcular o consumo de energia térmica nos aviários, proveniente da combustão de lenha
como biomassa.
CElenha (02)
Em que CElenha representa o consumo de energético do sistema a biomassa em GJ, CTL representa o
consumo total de biomassa por lote, PCI é o poder calorífico inferior da biomassa e ME a massa
específica da biomassa.
Tabela 01 – Potencial de Produção de Biogás a Partir dos Dejetos Animais.
ESPÉCIE M3 DE BIOGÁS/KG ESTERCO M
3 DE BIOGÁS/100KG
ESTERCO
Caprino/ovino 0,040 – 0,061 4,0 – 6,1
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Bovinos de leite 0,040 – 0,049 4,0 – 4,9
Bovinos de corte 0,040 4,0
Suínos 0,075 – 0,089 7,5 – 8,9
Frangos de corte 0,090 9,0
Poedeiras 0,100 10,0
Codornas 0,049 4,9
Fonte: (WINROCK INTERNATIONAL, 2008).
Pensando em sustentabilidade e economia de recursos financeiros a água utilizada no
biodigestor será proveniente de aguas das chuvas captada no telhado do aviário. Para cálculo do
volume captado é necessário a obtenção dos dados mensais pluviométricos da região assim como a
área da captação e o coeficiente de escoamento superficial definido de acordo com o material a ser
utilizado, para posterior determinação do reservatório de água pluvial que abastecerá o biodigestor. A
equação (03) determina a área de contribuição do aviário para captação de água pluvial.
A = (a+ ).b (03)
Sendo: A = Área de contribuição, em m²; a = Largura, em m; h = Altura da tesoura, em m; b =
Comprimento, em m
A vazão de agua pluvial disponível utilizada para determinação de calhas horizontais,
condutos verticais e reservatório é determinada de acordo com a equação (04) (NBR 10844/1989).
Q = (04)
Sendo, Q = vazão de projeto, em L/min; I = intensidade pluviométrica, em mm/h; A = área de
contribuição, em m². Utilizando-se um coeficiente de rugosidade para tubulações plásticas igual a
0,011 e a vazão obtida pela equação 04, determina-se os condutos horizontais e verticais de acordo
com as equações 05 e 06 de Manning-Strickler respectivamente, observando que deve-se escolher
valores superiores a vazão do projeto.
(05)
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(06)
A equação 07 (NBR 1088/89) foi utilizada para determinação do reservatório de água pluvial.
V = C x I x A (07)
Sendo, V o volume mensal de água de chuva aproveitável; C o coeficiente de escoamento superficial
da cobertura = 0,80; I a precipitação = 64,4 mm/mês = 0,0644 m/mês; A a área de coleta = 64,44 m².
Para determinação de captação da água pluvial utilizou-se apenas uma parte do telhado,
somente o necessário para alcançar o volume adequado para o projeto. Empregando 60 m de
comprimento (b), largura (a) de 9 m, e altura (h) 1,20 m conforme a Figura 01. O reservatório de água
pluvial que abastecerá o biodigestor também foi dimensionado para que nos períodos de estiagem o
reservatório sustente o abastecimento do biodigestor. A calha foi definida conforme dados obtidos por
Manning-Strickler, onde adotou o coeficiente n = 0,011, a declividade de 0,5% e o material em PVC, e
conforme a vazão identificou-se a dimensão da calha.
Figura 01 – Demonstrativo do Telhado.
Para que o projeto alcance maior viabilidade ambiental e econômica foi inserido ao mesmo,
como potencial fonte de captação de recurso financeiro, o crédito de carbono. Visto que o metano
produzido pelo biodigestor será captado para posterior geração de energia elétrica, e isso será
transformado em crédito de carbono através de cotações existentes para a modalidade. Para isso é
necessário transformar a produção de biogás total em metano (CH4) conforme a equação (08),
(SANTOS E JUNIOR, 2013), sendo que utiliza-se a concentração de metano de acordo com o material
gerador, o qual, para as aves é de 60%.
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CH4 = 30 dias x cabeças x Et x Pb x Conc. CH4 x VE-1
(08)
Sendo, Et - Esterco total [kg esterco t (dia. Unidade geradora)-1
]; Pb - Produção de biogás [kg biogás
kg esterco-1
]; Conc. CH4 - Concentração de metano no biogás [%]; VE-1
- Volume específico do
metano [kgCH4 -1m-3CH4 -1
], sendo este é igual a 0,670kg CH4 -1
m 3CH4
-1 .
Assim o potencial de aquecimento global de CO2 é igual a um e o metano é 21 vezes maior.
Então, uma tonelada de metano reduzida equivale a 21 créditos de carbono sendo cotado na bolsa de
valores.
Para analise de viabilidade econômica do projeto foram determinados os custos totais dos
equipamentos, onde foram realizados orçamentos com empresas específicas, observando as restrições
e benefícios dos mesmos para identificar o ideal para o projeto, assim como a capacidade de suprir os
equipamentos elétricos do galpão de acordo com a cama de aviário gerada. O Payback para o projeto,
ou seja tempo de recuperação de investimentos foi determinado pela equação (09).
(09)
Sendo C o custo com equipamentos e instalação, e a economia e t o tempo de um ano, ou seja, 12
meses.
O outro item de grande importante para o projeto é o biofertilizante que é o resultado da
decomposição da cama de aviário após passar pelo biodigestor e o biogás ser captado. O mesmo pode
ser utilizado como adubo orgânico para o enriquecimento de nutrientes necessário para o
desenvolvimento das plantas no solo. Sua composição se deve ao tipo de material biomassa
envolvido, podendo variar conforme a relação de carbono / nitrogênio não pode ser muito pequena, em
virtude de, por exemplo, a alta concentração de nitrogênio paralisar a fermentação. Contudo a relação
ideal para que ocorra a digestão equilibrada varia na faixa de 20 a 30:1, isto é, 20 a 30 partes de
carbono para uma de nitrogênio. Os resíduos animais possuem uma baixa relação c/n devido a grande
concentração de nitrogênio, havendo a necessidade de corrigir com resíduos vegetais como a casca de
café u outros resíduos. (SUZUKI, 2012).
3. RESULTADOS E DISCUSÕES
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O aviário apresenta alto consumo de energia elétrica, por ser do tipo “Darck House”, sistema
automatizado que exige vários equipamentos elétricos para controle de temperatura, pois o clima da
região sofre com variações no decorrer do ano, desta forma existe a necessidade de controle da
temperatura ambiente do aviário de acordo com a idade das mesmas.
O consumo anual do aviário é de 58.015 kwh, que dividido pelos lotes produzidos resulta em
8.287 kwh/lote/ano. Isso significa um consumo de 0,276 kWh/ave, sendo que o valor do kWh no ano
de 2014 foi de R$ 0,279 reais em média gerando um montante de R$ 16.186,00 reais / ano com
energia elétrica.
Os equipamentos elétricos do aviário são apresentados na tabela 02 de acordo com a quantidade
e potência elétrica. Pela tabela 02, observar-se que existem equipamentos com potencia elétrica
especifica de acordo com cada atividade no empreendimento.
Tabela 02 – Listagem dos Equipamentos Elétricos
Descrição Quantidade Potência
Motor 13 1,5 (CV)
Motor bomba 1 5 (CV)
Motor bomba 1 1,5 (CV)
Motor bomba 3 2 (CV)
Motor bomba 1 3 (CV)
Lâmpada 83 20 (W)
CONSUMO ------ 37,2 (KVA)
Fonte: Aviário em estudo (2014)
Além da energia elétrica consumida pelos motores, outro tipo de energia utilizada para manter
a temperatura noturna do aviário entre 30oC e 31
oC, é a energia térmica utilizada pelos aquecedores. A
biomassa utilizada para fornecimento de energia térmica aos aquecedores é a lenha com nome comum
“Breu Sucuruba”, sendo consumida cerca de 3,0 m3 de lenha/lote a um custo de 54,00 reias o metro
cúbico. De acordo com Quirino, et al., (2004) a lenha possui um poder calorífico de 16.065,87 kJ/kg-1
.
Segundo Funck e Fonseca (2008) em seus estudos usaram a massa específica da lenha de 450 kg/m3.
Através da equação (02), obteve no aviário em estudo um consumo de energia térmica de 21,68
GJ/lote. A tabela 03 apresenta o consumo e custos com energias citadas anteriormente.
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Tabela 03 – Consumo e custo com energias.
Energia elétrica
( kWh)
Custo ano Energia
Elétrica
Biomassa
(m3)
Custo Ano
Biomassa
Custos totais.
58015 16.186,00 21 1134,00 17320,00
A determinação de cama de frango gerada no aviário se da através de metodologia
desenvolvida por Santos (2001), onde os detritos das aves em um lote de produção pode alcançar a
0,93 kg/ave com o substrato necessário para conforto (cama). Através desta informação é determinada
a produção de cama de frango gerada e a tabela 04 apresenta a produção de cama de frango durante os
42 dias de desenvolvimento das aves até o abate.
Tabela 04 – Produção de Cama de Frango.
Detritos 0,93 kg/ave
Produção de Aves/ano 210.000 aves
TOTAL DE CAMA DE FRANGO 195.300 kg/ano
Fonte: Aviário em estudo (2014)
Para que a quantidade de cama de frango alcance um total suficiente, é necessária à entrada de
substrato (Ex.: palha de café). Esta cama de frango é retirada no período de estiagem (julho) uma vez
por ano, no entanto deve ser estocada em galpão para posterior uso no biodigestor.
De acordo com a metodologia apresentada anteriormente a tabela 05 apresenta os resultados
referentes ao sistema de captação de agua pluvial que abastecerá o biodigestor para geração de energia.
A tabela 05 também apresenta todo sistema desde de calhas horizontais, condutos verticais e
reservatório de água.
Tabela 05 – Resultados Captação de Água Pluvial.
Área 576 m2
Volume Total (mês) 54 m3
Volume Total (min) 1795,2 l
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Dimensões (calha semicircular) 250 mm
Condutor Horizontal (p/ reservatório) 6 m (250 mm)
Reservatório de água 54000 litros
Para determinação do volume e a geração de biogás foi utilizado o material proveniente das 30
mil aves alojadas em um período de 42 dias sendo a geração de dejetos desde o alojamento até o abate
de 0,93 kg/ave/lote, resultando em uma média de 0,022 kg/ave/dia. A tabela 06 apresenta os
resultados para o projeto.
Tabela 06 – Resultados de Volume de Carga.
ESPÉCIE
ANIMAL
ESTERCO
POR
ANIMAL
(KG)
QUANT.
ANIMAIS
TOTAL DE
ESTERCO
(KG)
RELAÇÃO
ÁGUA/ESTERCO
VOLUME
DE ÁGUA
(M3)
VOLUME
DA
CARGA
(M3)
A B C=AxB D E=CxD F=C+E
AVES DE
CORTE
0,022 30.000 663 2:1 1,326 1,989
De acordo com o total de esterco gerado a produção de biogás pode chegar a 59,67 m3 de
biogás por dia, através do biodigestor tubular de largura de 6m, comprimento 12m e altura 1,68m. Este
biodigestor tem um custo total R$ 35.453,15 com todo o material necessário além da mão-de-obra
utilizada para montagem de acordo com orçamento realizado na empresa especializada. O biodigestor
com sua capacidade total de biogás retido no período de retenção hidráulica será capaz de fornecer
biogás ao gerador durante o período de seis dias consecutivos. Além disso, o biogás será utilizado no
aquecimento das aves em seu período inicial, na qual o aquecedor necessita de 250 g/h (TECNOESSE,
2015).
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Através da potencia instalada no empreendimento conforme tabela 02, dimensionou-se o grupo
gerador adequado para geração de energia na granja. Adicionando uma potencia excedente de 35%
para que o gerador não trabalhe em sobrecarga o gerador utilizado possui uma potencia de geração de
50 KVA com um custo de R$ 65.000,00. No entanto para essa produção de energia elétrica são
necessários 25 m3 de biogás por hora em funcionamento, ou seja, o biogás gerado poderá ser
transformado em energia elétrica em duas horas, conforme números fornecidos por empresa
especializada em motores geradores a biogás (Biogás Motores Estacionários). No entanto esse biogás
será retido em período na qual as aves necessitam de menores temperaturas para conforto e
consequentemente todos os equipamentos estarão em funcionamento isso implica em um maior
consumo de energia, sendo usado a partir dos 35 dias onde carece de baixas temperaturas para seu
desenvolvimento. Durante estes últimos dias na qual as aves estão finalizando o ciclo para ir ao abate
os equipamentos necessitam de estar em funcionamento 24 horas implicando no maior consumo de
energia elétrica. Os equipamentos descritos consomem a cada dia 253,0404 kwh nos seis últimos dias
antes do abate das aves. Sendo trinta e dois centavos (R$ 0,32) o valor do kWh praticado pela
concessionaria na região, a redução no custo de energia consumida será de R$ 485,83 através da
energia elétrica gerada pelo gerador movido pelo biogás. Contabilizando em um ano uma economia de
R$3.400,81.
De acordo com a metodologia aplicada ao projeto a granja em questão possui um potencial de
geração elétrica de 2 horas, levando em consideração que o gerador dimensionado utiliza 25 m3
de
biogás por hora, sendo a produção de biogás diária de 59,67 m3. Sendo essa energia utilizada no
horário de ponta entre as 18:00 horas e as 21:00 horas, pois a energia possui um custo maior, o que
gerará maior economia de energia.
Além da economia com energia elétrica e energia térmica citado anteriormente outro ponto
abordado no projeto foi a utilização do credito de carbono. De acordo com a equação 08, foi
quantificado o potencial de metano CH4 mensal, podendo assim usar este resultado na conversão de m3
de CH4 para toneladas de CH4, facilitando a soma de créditos de carbono anuais que são realizados
através de toneladas não emitidas.
Assim pode se neste projeto verificar que 716,364 m3 de CH4 deixarão de serem emitidos por
cada mês resultando numa quantidade de 6,163 toneladas de CH4 anuais. De acordo com a
INVESTING, o crédito de carbono foi cotado em 23-02-2015 no valor de R$7,80 por tonelada de
carbono, no entanto uma tonelada de metano equivale a 21 vezes superior ao carbono. Com isso uma
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tonelada de metano nesta cotação tornará R$163,80, gerando um montante de R$1009,49 anuais
resultantes da captação de metano.
Para geração de biofertizante é contabilizado o valor da entrada de carga, ou seja, 195.300 kg
de cama de frango que passará no processo de biodigestão e ao final resultará em Biofertilizante. Este
produto é de grande importância para a agricultura e de alta viabilidade econômica para o projeto. O
mesmo é de fácil comercialização em virtude de ser um produto orgânico e ter passado por processo
de biodigestão, eliminando o alto teor de gases poluentes. O Biofertilizante é comercializado na região
conforme indicação de produtores por toneladas no valor de R$ 150,00 resultando em montante de R$
29.295,00 anualmente.
PAYBACK
Para o estudo de caso em questão verifica-se, pela tabela 07, que uma receita de R$ 33.705,30
pode ser obtida anualmente com os métodos apresentados. A mesma também mostra que é necessário um
investimento total de R$ 110.192,07 para realizar todas as ações necessárias para conclusão do projeto,
desde a montagem do sistema de captação e armazenamento de água pluvial, biodigestor e gerador de
energia entre outros.
De acordo com os dados fornecidos pela tabela 07 observa-se que o payback para o projeto é
de 3,26 anos, o que levando em consideração o tempo de depreciação e o tempo de vida útil do gerador
de energia e os recursos geradores de receita disponíveis tornam o projeto economicamente e
ambientalmente viável.
Tabela 07 – Valores de Entrada e Saída no Projeto.
DESCRIÇÃO RECEITA (R$) INVESTIMENTO
(R$)
Filtro de gás 5.000
Biodigestor 35.453,15
Motor gerador 65.000,00
Reservatório (água) 4.738,92
Crédito de Carbono 1.009,49
Biofertilizante 29.295,00
Energia reduzida (elétrica biomassa) 3.401
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TOTAL 33.705,30 110.192,07
5 CONCLUSÃO
Segundo o estudo realizado, conclui-se que a implantação de um sistema gerador de energia
através do biogás gerado por um biodigestor em um aviário de frango de corte é de grande
importância para o produtor rural e para o meio ambiente por diminuir custos e amortecer impactos ao
meio ambiente, como a emissão de gases de efeito estufa.
Observa-se que o sistema motor gerador movido através do biogás gerado através da a
produção de cama de frango se trata de um sistema de energia renovável com grande potencial para
geração de energia elétrica e pode ser aplicado nas granjas da região de Cacoal-Ro promovendo
redução no consumo de energia dos empreendimentos.
Outro ponto importante aplicado ao projeto foi a utilização de água pluvial para abastecimento
do biodigestor eliminando assim a captação de água dos lençóis subterrâneos.
Observou-se que a inserção do crédito de carbono é importante para esse tipo de atividade,
levando em consideração a redução de gases liberados para a atmosfera terrestre, reduzindo assim o
efeito estufa.
Verificando as possibilidades financeiras do projeto observa-se que o biofertilizante é o produto
de maior valor financeiro, sendo o mesmo resultante do processo de biodigestão da cama de frango.
Sendo o produto final que viabiliza o projeto.
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Além de viabilidade econômica, o projeto promove a sustentabilidade, uma vez que contribui
para a conservação de corpos d’água e para a redução do consumo de água potável, redução no
consumo de energia elétrica e redução de gases de efeito estufa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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