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Aqui você acompanha informações sobre o Covid-19, relacionadas ao mercado jurídico e ao nosso escritório Atualizado em 17.04.20 às 13h

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Page 1: Aqui você acompanha informações sobre o Covid-19 ...Também são estabelecidas regras relativas aos condomínios verticais, basicamente para evitarem-se aglomerações. Quanto às

Aqui você acompanha informações sobre o Covid-19,

relacionadas ao mercado jurídico e ao nosso escritório

Atualizado em 17.04.20 às 13h

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BOLETIM CÍVEL E SOCIETÁRIO

• [01.04.2020] Projeto de lei do Senado Federal alterando transitoriamente diversas normas legais

exclusivamente para as relações privadas

BOLETIM CÍVEL

• [16.04.2020] Aspectos Cíveis da crise do COVID-19 (Parte 1)

BOLETIM DE CONTRATOS

• [03.04.2020] Grande confusão entre caso fortuito e de força maior e a onerosidade excessiva

superveniente

• [01.04.2020] A crise do Coronavírus e os contratos

BOLETIM TRIBUTÁRIO

• [09.04.2020] Nova portaria do Ministério da Economia prorroga os pagamentos da Contribuição

Previdenciária sobre a Receita Bruta e do Funrural

• [03.04.2020] Câmara dos Deputados aprova a suspensão da contribuição previdenciária patronal

• [03.04.2020] Medida judicial para postergação de pagamento de tributos federais

• [01.04.2020] Medida Provisória n. 930 altera o tratamento tributário incidente sobre a variação

cambial do valor de investimentos realizados por controlada domiciliada no exterior

• [23.03.2020] Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional estabelece condições para transação

extraordinária na cobrança de Dívida Ativa da União

• [25.03.2020] COVID-19 e seus primeiros reflexos fiscais

DECISÕES JUDICIAIS (TRIBUTÁRIO)

• [31/03.2020] Postergação de Pagamento de Tributos

Sumário

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BOLETIM SOCIETÁRIO

• [17.04] Projeto de Lei 1.179/2020 – Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) foi

postergada para janeiro de 2021

• [15.04.2020] Instrução Normativa DREI n.79 – regulamenta a realização de reuniões e

assembleias de sócios à distância

• [31.03.2020] Medida provisória nº 931/20 – alterações aplicáveis às sociedades

BOLETIM TRABALHISTA

• [13.04.2020] Como ficam as fiscalizações administrativas durante o estado de

calamidade pública, em razão do Covid-19?

• [03.04.2020] A Medida Provisória 936/2020 e os benefícios do vale refeição e vale

alimentação na implantação emergencial de home office

• [02.04.2020] Impactos do coronavírus nas relações de trabalho e emprego – Nova

Medida Provisória n.º 936/2020, institui o programa emergencial de manutenção do

emprego e da renda

• [31.03.2020] Fiscalizações e autuações por parte dos fiscais do trabalho do ministério

da economia

• [31.03.2020] Impactos do Coronavírus nas relações de trabalho e emprego – possível

dispensa de apresentação de atestado médico por COVID-19

• [23.03.2020] Impactos do novo coronavírus nas relações de trabalho e emprego – MP

927/2020

• [23.03.2020] Medidas Provisórias n.º927/2020 e 928/2020 – pandemia COVID-19

• [31.03.2020] A substituição do depósito recursal por apólice de seguro garantia como

medida econômica de emergência para enfrentamento da crise causada pelo COVID-19

Sumário

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BOLETIM PÚBLICO

• [14.04.2020] A problemática nos conflitos entre normas da União, Estados e

Municípios Sobre o Covid-19

• [30.03.2020] Os contratos públicos em um cenário de pandemia e isolamento

populacional

Sumário

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Projeto de lei do Senado Federal alterando transitoriamente diversasnormas legais exclusivamente para as relações privadas

[01.04.2020]

O projeto suspende ou impede, conforme o caso e durante a vigência da lei, prazos de prescrição.

Determina para sociedades e associações, inclusive religiosas, a não realização de assembleias presenciais.

Especifica que não considera como fatos imprevisíveis, criando onerosidade excessiva nos contratos, oaumento da inflação, a variação cambial e a desvalorização ou substituição do padrão monetário.

Nas locações residenciais permite ao locatário, sob determinadas condições, suspender o pagamento doaluguel durante o prazo de vigência da lei.

São estabelecidas diversas regras, temporárias, sobre hipóteses de prazos nos contratos de arrendamentorural e suspende até 30.10.2020 a proibição de celebração de contratos de arrendamento com empresasnacionais sob controle de pessoas naturais ou jurídicas estrangeiras.

Também são estabelecidas regras relativas aos condomínios verticais, basicamente para evitarem-seaglomerações.

Quanto às sociedades, traz as seguintes regras;

I – prorroga, para 30.10.2020, os prazos para a realização de assembleias ou reuniões dos órgãos societários,bem como para divulgação e arquivamento das demonstrações financeiras;

II – admite as assembleias ou reuniões não presenciais e sua realização em locais diversos da sede (mas nomesmo município desta), cabendo à CVM regulamentar isto no caso das S.A. abertas.

III – permite a distribuição de lucros por ato do Conselho de administração ou diretoria, conforme o caso,referentes a balanços já levantados ao final do exercício, mas ainda não aprovados por assembleia,independentemente de previsão estatuária ou contratual.

Com referência às regras de proteção à livre concorrência, o projeto suspende, pelo prazo que especifica, aaplicação dos incisos XV e XVII, da lei n. 12.529/2011 (que punem a venda de mercadorias ou serviços porpreço injustificadamente abaixo do custo bem como a cessação parcial ou total de atividade empresarial semcausa comprovadamente justificada).

Nas disposições finais suspende, surpreendentemente, a aplicação do art. 100, da Lei n. 9.503/97 (CódigoNacional de Trânsito). A regra suspensa diz o seguinte;

“Art. 100. Nenhum veículo ou combinação de veículos poderá transitar com lotação de passageiros, com pesobruto total, ou com peso bruto total combinado com peso por eixo, superior ao fixado pelo fabricante, nemultrapassar a capacidade máxima de tração da unidade tratora.”

Boletim Cível e Societário

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A norma proíbe assembleias presenciais, mas permite a superlotação no transporte de passageiros?

Finalmente, o projeto altera o art. 65, inciso II, da Lei n. 1’3.709/2018 (Lei Geral de Proteção de DadosPessoais) passando para 36 meses, após a promulgação da Lei, o prazo de vigência de determinados artigosdela.

A equipe do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 e está à disposição paraauxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse boletim teve colaboração do sócio-fundador Zanon de Paula Barros.

Boletim Cível e Societário

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Aspectos Cíveis da crise do COVID-19 (Parte 1)

[16.04.2020]

I Introdução.

As crises não trazem só desafios, e o direito está aí para ajudar as pessoas a cruzarem esse difícil caminho. Elastrazem também grandes oportunidades de negócios. Assim, orientamos que as pessoas tomem os devidoscuidados a fim de que os negócios realizados nesse período, não se revelem em grandes problemas no futuro.

Todo remédio jurídico, além de oferecer uma defesa à pessoa contra uma agressão injusta ao seu patrimônio,revela, também, por outro lado, os riscos e cuidados que ela deve tomar na realização de negócios em épocasde grave crise econômica.

Este pequeno estudo tem a função de chamar a atenção de seus leitores para essas questões.

Já se tratou, num estudo anterior, do Caso Fortuito ou de Força Maior e da Onerosidade ExcessivaSuperveniente, e, não obstante o texto aqui reproduza parcela do referido estudo – posto que relevante parauma compreensão mais abrangente do que será exposto -, agora o reformulamos parcialmente, melhorando-o em alguns aspectos, abordando também temas, leis, projetos de lei e institutos que não foram objeto denossa consideração anteriormente.

Finalmente, também se abordarão os institutos do Estado de Perigo e da Lesão, em razão dos cuidados quedevem ser tomados para a realização de negócios nessa época tão tumultuada e num futuro próximo.

II. Do caso fortuito ou de força maior.

Como é cediço, a relação jurídico obrigacional traduz-se, basicamente, num direito do credor à prestação enum correlativo dever de prestar a cargo do devedor. Já a prestação, por sua vez, consiste, em si mesma, numcomportamento ou conduta do devedor; ou uma ação ou atividade positiva (prestação de coisa e prestaçãode facto positiva), ou uma abstenção, tolerância ou omissão (prestação de facto negativa)[1].

Relembrado esse conceito, que é de curial importância para a compreensão do instituto do caso fortuito ou deforça maior, a ele se passará a referir.

Estabelece o art. 393[2] que “[O] devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou forçamaior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado”, estabelecendo, por sua vez, o parágrafoúnico desse mesmo artigo que “[O] caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitosnão era possível evitar ou impedir”.

Como se percebe, o traço marcante do caso fortuito ou de força maior, para o direito brasileiro, se revela nainevitabilidade das consequências do fato necessário[3].

Dá-se ela, normalmente, nas hipóteses de calamidades públicas, eventos da natureza (terremotos, enchentes,tufões etc.) e fatos do príncipe (atos governamentais)[4].

Boletim Cível

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Aspectos Cíveis da crise do COVID-19 (Parte 1)

[16.04.2020]

A análise dos efeitos do caso fortuito ou de força maior sobre as obrigações deve ser feita, no entanto, caso acaso e, notadamente, a partir dos efeitos dela sobre a prestação que o devedor deve adimplir, numa relaçãode causa e efeito. Exemplo clássico de caso fortuito ou de força maior com efeitos gerais é o estado de grevegeral, enquanto para os de efeitos particulares, podemos citar o saque do armazém devidamente protegido,segundo os critérios normais de diligência, onde estavam depositadas as mercadorias (elaboradas taylormade) que seriam expedidas para o cumprimento da prestação.

A pergunta que se deveria fazer, por exemplo, seria a seguinte: qual o obstáculo irresistível que a pandemia decoronavirus ofereceu para que determinado fornecedor expedisse as mercadorias para cumprir seu contratode fornecimento, isto é, de compra e venda? Se a resposta for falta de capital, entendemos que nesseinstituto – caso fortuito ou de força maior – não encontrará o empresário a solução para a sua demanda.

Não é por outra razão que Judith Martins-Costa deixa bastante claro que “[B]em alertava Agostinho Alvim, orelator do Direito das Obrigações no Anteprojeto de Código Civil, que ‘a necessidade do fato há de serestudada em função da impossibilidade de cumprimento da obrigação [pelo devedor], e nãoabstratamente”[5], ou seja, não basta a simples ocorrência da crise do coronavirus para o devedor poderinvocar a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, deve ele poder indicar, objetivamente, as razões pelasquais tal evento impedem-no de cumprir aquela prestação em particular, numa relação de causa e efeito.

Daí se tira, também, que aquele que alega a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, tem o ônus de suaprova.

Por exemplo, se o devedor já estiver em mora quando da ocorrência do caso fortuito ou de força maior, estenão o socorre, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se o devedor provar isenção de culpa noinadimplemento da obrigação, expondo-o ao evento de caso fortuito ou de força maior[6], ou que o danosobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada (art. 399), Existe, aqui, umagravamento da situação do devedor, impondo-o um ônus de prova adicional e mais difícil.

Nas obrigações de dar coisa incerta, antes da escolha, ocorrendo caso fortuito ou de força maior, o risco é dodevedor (art. 246). Na hipótese de obrigação de dar coisa certa, dar-se-á a resolução do contrato para ambasas partes etc.

O caso fortuito ou de força maior também afasta a mora do devedor, quando a obrigação se vencer após a suacaracterização ou durante a sua ocorrência.

A caracterização da hipótese de caso fortuito ou de força maior tem profundas consequências nos contratosde compra e venda em geral (nacionais e internacionais), de EPC, empreitada, transporte, depósito, inclusiveem armazéns gerais etc.

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Aspectos Cíveis da crise do COVID-19 (Parte 1)

[16.04.2020]

As determinações legais que impliquem diretamente dano às pessoas, v.g. o Decreto nº 59.298, de 24 demarço de 2020, do Município de São Paulo que suspendeu o atendimento presencial ao público emestabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, são tradicionalmente designados como “fato dopríncipe”, o mesmo se dando com o eventual fechamento dos órgãos públicos para a expedição de licenças ealvarás. O atraso na expedição delas, em razão de ato governamental decorrente da crise do COVID-19,também se configura ato do príncipe.

Também aqui, no fato do príncipe, se exige uma relação de causa e efeito entre a atuação administrativa e odano[7] e, também, para que possa ser utilizado para se afastarem as consequências do inadimplemento dasobrigações[8].

Exemplos clássicos de fato do príncipe é a proibição de comercialização de determinada mercadoria por atogovernamental ou determinada atividade.

A depender da situação in concreto, o caso fortuito e a força maior e o fato do príncipe podem levar à própriaextinção do vínculo contratual, quer pela frustação da prestação como, por exemplo, na falta de interesse docredor na sua realização em um momento posterior ao do seu término, ou somente na sua postergação paraum momento posterior.

Recentemente, no dia 13 de abril de 2020, o Projeto de Lei nº 1.179/2020, apresentado pelo Senador AntonioAnastasia, que pretende estabelecer o “Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas deDireito Privado (RJET) no período da pandemia do Coronavírus (Covid-19), , foi aprovado com modificaçõespelo Senado Federal, e enviado para análise e deliberação à Câmara dos Deputados.

No que diz respeito à questão do caso fortuito e de força maior, prevê o citado Projeto de Lei nº 1.179/2020:

“Art. 6º As consequências decorrentes da pandemia do coronavírus (Covid-19) nas execuções dos contratos,incluídas as previstas no art. 393 do Código Civil, não terão efeitos jurídicos retroativos.”

A nosso ver, o que importa do citado dispositivo, é a sua parte final, qual seja, que as “[A]s consequênciasdecorrentes da pandemia do Coronavírus (Covid-19) nas execuções dos contratos, incluídas as previstas noart. 393 do Código Civil, não terão efeitos jurídicos retroativos”, isto é, uma vez reconhecidas, e observado ocaso concreto que outra data poderá indicar, em hipótese alguma poderá retroagir à data de 20 de março de2020, termo inicial legal dos eventos derivados da pandemia de coronavirus (§ 1º do art. 1º do Projeto de Lei).

III. Da onerosidade excessiva superveniente.

O art. 478 prevê a possibilidade de resolução dos contratos, em razão onerosidade excessiva superveniente.Para que tal ocorra, mister se faz a ocorrência dos seguintes requisitos:

a) deve se tratar de contrato de execução continuada ou diferida no tempo;

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Aspectos Cíveis da crise do COVID-19 (Parte 1)

[16.04.2020]

b) a prestação deve tornar-se excessivamente onerosa para o devedor. Não basta que a prestação se tornemais difícil (tal ônus é do devedor), é necessário que torne-se excessivamente onerosa. O fato supervenienteque ensejou o desequilíbrio deve situar-se fora da álea normal do contrato, isto é, fora da medida de risco queo contrato concluído normalmente acarreta[9];

c) a excessiva onerosidade para o devedor deve decorrer de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis,isto é, acontecimentos excepcionais e imprevisíveis segundo padrões de capacidade comum de previsão[10] e

d) ser acompanhada de “lucro inesperado e injustificável” para o credor[11].

O disposto no art. 478 deve ser interpretado, notadamente, em conjunto com o princípio da boa-féobjetiva[12], bem como com a nova redação do caput do art. 421 e seu Parágrafo único[13], decorrentes darecente Lei da Liberdade Econômica (Lei nº 13.874, de 20 de setembro de 2019), bem como com o art. 421-A[14] por ela incluído. Este último dispositivo legal, norma restritiva da revisão contratual, demanda especialcuidado na análise do caso concreto, em especial quanto à divisão de riscos entre as partes contratantes,posto que influencia na determinação da extensão e análise da álea contratual in concreto [v. § 25,b) desteestudo].

Caso a prestação já tenha sido cumprida, ou esteja o devedor inadimplemente à época do evento, éabsolutamente irrelevante a ocorrência de onerosidade excessiva superveniente[15].

A sentença proferida em demanda onde se alegue a ocorrência de excessiva onerosidade superveniente,possui eficácia constitutiva[16], não podendo, portanto, retroagir para alcançar situações ocorridasanteriormente à propositura da ação (a parte final do art. 478 estabeleceu que os efeitos da sentençaretroagirão à data da citação), tendo eficácia ex nunc, isto é, para o futuro[17]. Assim, por exemplo, não podeatingir prestações eventualmente já adimplidas pelo contratante, mas somente aquelas devidas após apropositura da ação[18] (ou, mais precisamente, a teor da parte final do art. 478, a partir da citação).

O contratante demandado poderá evitar a resolução do contrato, oferecendo a modificação equitativa dassuas condições (art. 479).

Nos contratos onde as obrigações couberem a apenas uma das partes, isto é, nos contratos unilaterais (comoo mútuo), poderá uma das partes, sob o fundamento da excessiva onerosidade superveniente, pleitear aredução de sua prestação, ou alteração da forma de executá-la (art. 480).

O citado Projeto de Lei nº 1.179/2020 estabelece, outrossim, quanto a este tema, no seu artigo 7º que:

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Aspectos Cíveis da crise do COVID-19 (Parte 1)

[16.04.2020]

“Art. 7º Não se consideram fatos imprevisíveis, para os fins exclusivos dos arts. 317[19], 478[20], 479[21] e480[22] do Código Civil, o aumento da inflação, a variação cambial, a desvalorização ou substituição do padrãomonetário.

1° As regras sobre revisão contratual previstas no Código de Defesa do Consumidor e na Lei nº 8.245, de 18 deoutubro de 1991 não se sujeitam ao disposto no caput deste artigo.

2° Para os fins desta Lei, as normas de proteção ao consumidor não se aplicam às relações contratuaissubordinadas ao Código Civil, incluindo aquelas estabelecidas exclusivamente entre empresas ouempresários.”

Como se vê, de forma bastante didática, o citado Projeto de Lei nº 1.179/2020 quer deixar claro que oeventual aumento da inflação, a variação cambial (num regime de câmbio flutuante), a desvalorização ousubstituição do padrão monetário, não se consideram fatos imprevisíveis; deixando claro, outrossim, que asnormas de proteção ao consumidor não se aplicam (i) às relações contratuais subordinadas ao Código Civil, e(ii) às relações contratuais estabelecidas exclusivamente entre empresas ou empresários.

IV. Do estado de perigo.

Estabelece o art. 156 que “[C]onfigura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade desalvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigaçãoexcessivamente onerosa”. Estabelece, ainda, o § único do citado dispositivo legal que “Tratando-se de pessoanão pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias”.

Da interpretação do citado dispositivo legal, tira-se da literalidade do seu texto, que o estado de perigo sóconcerne às pessoas naturais, às pessoas físicas. Para que se configure o estado de perigo é necessário que eleseja o motivo determinante da declaração, do negócio, do contrato[23].

O dano deve ser contemporâneo ao negócio, isto é, atual e deve ter relação de causa e efeito com ele. Agravidade do dano deve ser objetivamente considerada[24], e deve referir-se a dano à pessoa, aí se incluindoa vida, a integridade física, aos direitos da personalidade[25].

É necessário, outrossim, que a outra parte tenha conhecimento do fato, exigindo-se um conhecimento efetivodele e não uma mera possibilidade de seu conhecimento[26], e que a prestação exigida seja excessivamenteonerosa.

Como consequência da configuração do estado de perigo, tem-se a anulabilidade do negócio jurídico (art. 171)e o prazo de decadência para se propor a competente ação anulatória é de 4 (quatro) anos, contados do diaem que se realizou o negócio jurídico, notadamente o contrato (inc. II, do art. 178).

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[16.04.2020]

V. Da lesão.

Tem-se a lesão, que é causa de anulação do negócio jurídico, do contrato, “quando uma pessoa, sob prementenecessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor daprestação oposta” (art. 157)

A premente necessidade ocorre quando “dificuldades avultadas de uma pessoa provocam a necessidadeimperiosa para ela de obter uma prestação para se liberar daquelas dificuldades”, não se restringindo aseriíssimas dificuldades econômicas, mas também a “graves inconveniências de natureza política, social,habitacional ou estritamente pessoal (p. ex., a pendência de um processo criminal)”[27]. Já a inexperiênciaocorre quando o discernimento necessário e adequado ainda não foi adquirido ou quando se perdeu, tal comonas hipótese de juventude, idade avançada, culturas diferentes (estrangeiros) etc. Deve-se ressaltar, noentanto, que a inexperiência é um conceito que deve ser interpretado restritivamente e não extensivamente,sob pena de instauração de grave situação de insegurança no tráfico jurídico[28].

A desproporcionalidade das prestações aprecia-se, a teor do § 1º do art. 157, “segundo os valores vigentes aotempo em que foi celebrado o negócio jurídico”, o contrato. Mas, observe-se bem, não basta uma meradesproporcionalidade, mas exige-se uma manifesta desproporcionalidade, isto é, enorme; deve haver umadesigualdade iníqua entre as prestações[29].

Poderá o contratante, a fim de evitar a anulação do negócio jurídico, do contrato, oferecer suplementosuficiente a fim de igualar a prestação e a contraprestação, ou, se a parte favorecida concordar, reduzir o seuproveito no contrato (§ 2º do art. 157).

O instituto da lesão somente se aplica aos contratos bilaterais, isto é, onde existam prestaçõescorrespectivas[30]. Não se aplica o instituto da lesão aos contratos de mútuo com fins econômicos, vigendo,aí, o instituto da usura[31], que foi disciplinado no art. 591, que limitou os juros ao teto estabelecido no art.406. Para as instituições financeira em especial, vige o sistema estabelecido na Lei 4.595/64, não havendo oque se falar da incidência do art. 591[32].

Como consequência da configuração da lesão, tem-se a anulabilidade do negócio jurídico (art. 171) e o prazode decadência para se propor a ação anulatória é de 4 (quatro) anos, contados do dia em que se realizou onegócio jurídico, notadamente o contrato (inc. II, do art. 178).

A equipe de Direito Cível do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 e estáà disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

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[16.04.2020]

Boletim Cível

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A equipe do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 e está à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração do sócio Paulo Guilherme de Mendonça Lopes.

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Grande confusão entre caso fortuito e de força maior e a onerosidadeexcessiva superveniente

[03.04.2020]

1. Introdução.

Atualmente, no mundo, não se fala de outro assunto, que não da crise causada pela Pandemia de CoronavirusCOVID-19 e de como afetará a saúde das pessoas, de seus entes queridos, suas economias e as economias das nações.

Esta situação de Pandemia já foi reconhecida pelo Governo Federal (Lei 13.979. de 6 de fevereiro de 2020) tendo, inclusive, o Congresso Nacional, em 20 de março de 2020, reconhecido estado de calamidade pública para os fins constantes do art. 1º do citado decreto.

Também no âmbito do Governo Federal diversas Medidas Provisórias têm sido editadas à fim de fazer frente à crise causada pela citada Pandemia, as quais começaram com a Medida Provisória nº 921, de 7 de fevereiro de 2020, sendo que várias têm-se seguido a ela.

Os governos Estaduais e Municipais também têm-se mostrado bastante ativos.

Assim, por exemplo, o Estado de São Paulo editou (i) o Decreto nº 64.862, de 13 de março de 2020, onde estabeleceu medidas temporárias e emergenciais de prevenção de contágio do COVID-19, (ii) o Decreto nº 64.879, de 20 de março de 2020, por meio do qual reconheceu o estado de calamidade pública, decorrente da pandemia do COVID-19,(iii) o Decreto mº 6.4.8845. de 22 de março de 2020, pelo qual se decretou medida de quarentena no Estado de São Paulo, consistente em restrição de atividades de maneira a evitar a possível contaminação ou propagação do coronavírus, nos termos do citado decreto, dentre muitos outros decretos.

Já o Município de São Paulo, por exemplo, editou o Decreto nº 59.283, de 17 de março de 2020, declarando estado de emergência no Município, pelo Decreto nº 59.291, de 20 de março de 2020, foi declarado estado de calamidade pública no Município e o Decreto nº 59.298, de 24 de março de 2020, suspendendo atendimento presencial ao público em estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, além de outros que a eles se seguiram.

Como se percebe do sucinto quadro normativo acima descrito, não é difícil perceberem-se as dimensões da crise financeira em que o Brasil acabou por entrar em razão da Pandemia do COVID-19.

Para hipóteses tais, frente àquelas situações em concreto em que as pessoas se veem na impossibilidade de cumprir com suas obrigações contratuais, o direito oferece diversos remédios, desde que preenchidos seus requisitos próprios.

Boletim De Contratos

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2. Do caso fortuito ou de força maior.

Como é cediço, a relação jurídico obrigacional traduz-se, basicamente, num direito do credor à prestação e num correlativo dever de prestar a cargo do devedor. Já a prestação, por sua vez, consiste, em si mesma, num comportamento ou conduta do devedor; ou uma ação ou atividade positiva (prestação de coisa e prestação de facto positiva), ou uma abstenção, tolerância ou omissão (prestação de facto negativa)[1].

Relembrado esse conceito, que é de curial importância para a compreensão do instituto do caso fortuito ou de força maior, a ele se passará a referir.

Estabelece o art. 393 que “[O] devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado”, estabelecendo, por sua vez, o parágrafo único desse mesmo artigo que “[O] caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir”.

Como se percebe, o traço marcante do caso fortuito ou de força maior, para o direito brasileiro, se revela na inevitabilidade das consequências do fato necessário[2].

Dá-se ela, normalmente, nas hipóteses de calamidades públicas, eventos da natureza (terremotos, enchentes, tufões etc.) e fatos do príncipe (atos governamentais)[3].

A análise dos efeitos do caso fortuito ou de força maior sobre as obrigações deve ser feita, no entanto, caso a caso e, notadamente, dos efeitos dela sobre a prestação que o devedor deve adimplir, numa relação de causa e efeito. Exemplo clássico de caso fortuito ou de força maior com efeitos gerais é o estado de greve geral ou, de efeitos particulares, o saque do armazém, devidamente protegido segundo os critérios normais de diligência, onde estavam depositadas as mercadorias (elaboradas taylor made) que seriam expedidas para o cumprimento da prestação.

A pergunta que se deveria fazer, por exemplo, seria a seguinte: qual o obstáculo irresistível que a pandemia de coronavirus ofereceu para que determinado fornecedor expedisse as mercadorias para cumprir seu contrato de fornecimento, isto é, de compra e venda? Se a resposta for falta de capital, entendemos que nesse instituto – caso fortuito ou de força maior – não encontrará o empresário a solução para a sua demanda.

Não é por outra razão que Judith Martins-Costa deixa bastante claro que “[B]em alertava Agostinho Alvim, o relator do Direito das Obrigações no Anteprojeto de Código Civil, que ‘a necessidade do fato há de ser estudada em função da impossibilidade de cumprimento da obrigação [pelo devedor], e não abstratamente”[4], ou seja, não basta a simples ocorrência da crise do coronavirus para o devedor pode invocar a ocorrência de coso fortuito ou de força maior, deve ele poder indicar, objetivamente, as razões que tal evento impedem-no de cumprir aquela prestação em particular, numa relação de causa e efeito.

Daí se tira, também, que aquela que alega a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, tem o ônus de sua prova.

Por exemplo, se o devedor já estiver em mora quando da ocorrência do caso fortuito ou de força maior, este não o socorre em nada, o mesmo se dando nas obrigações de dar coisa incerta, antes da escolha (art. 246 do Código Civil). Na hipótese de obrigação de dar coisa certa, dar-se-á a resolução do contrato para ambas as partes etc.

O caso fortuito ou de força maior também afasta a mora do devedor, quando a obrigação se vencer após a sua caracterização.

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Como é cediço, a relação jurídico obrigacional traduz-se, basicamente, num direito do credor à prestação e num correlativo dever de prestar a cargo do devedor. Já a prestação, por sua vez, consiste, em si mesma, num comportamento ou conduta do devedor; ou uma ação ou atividade positiva (prestação de coisa e prestação de facto positiva), ou uma abstenção, tolerância ou omissão (prestação de facto negativa)[1].

A caracterização da hipótese de caso fortuito ou de força maior tem profundas consequências nos contratos de compra e venda em geral (nacionais e internacionais), de EPC, empreitada, transporte, depósito, inclusive em armazéns gerais etc.

As determinações legais que impliquem diretamente dano às pessoas, v.g. o Decreto nº 59.298, de 24 de março de 2020, do Município de São Paulo que suspendeu o atendimento presencial ao público em estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, são tradicionalmente designados como fato do príncipe, o mesmo se dando com o eventual fechamento dos órgãos públicos para a expedição de licenças e alvarás. O atraso na expedição delas, em razão de ato governamental decorrente da crise do COVID-19, também se configura ato do príncipe.

Também aqui, no fato do príncipe, se exige uma relação de causa e efeito entre a atuação administrativa e o dano[5] e, também, para que possa ser utilizado para se afastarem as consequências do inadimplemento das obrigações[6].

Exemplos clássicos de fato do príncipe é a proibição de comercialização de determinada mercadoria por ato governamental ou determinada atividade.

A depender da situação in concreto, o caso fortuito e a força maior e o fato do príncipe podem levar à própria extinção do vínculo contratual, quer pela frustação da prestação como, por exemplo, na falta de interesse do credor na sua realização em um momento posterior ao do seu termo, ou somente na sua postergação para um momento posterior.

RECENTEMENTE, no dia 30 de março de 2020, o Senador Antonio Anastasia enviou projeto de lei ao Senado Federal o qual pretende estabelecer o “Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas de Direito Privado (RJET) no período da pandemia do Coronavírus (Covid-19)” (“Projeto de Lei”).

No que diz respeito à questão do caso fortuito e de força maior, prevê o citado Projeto de Lei:

“Art. 6º As consequências decorrentes da pandemia do Coronavírus (Covid-19) nas execuções dos contratos, incluídas as previstas no art. 393 do Código Civil, não terão efeitos jurídicos retroativos.”

A nosso ver, o que importa, do citado disposto, é a sua parte final, qual seja, que as “[A]s consequências decorrentes da pandemia do Coronavírus (Covid-19) nas execuções dos contratos, incluídas as previstas no art. 393 do Código Civil, não terão efeitos jurídicos retroativos”, isto é, uma vez reconhecidas, e observado o caso concreto que outra data poderá indicar, em hipótese alguma poderá retroagir à data de 20 de março de 2020, termo inicial legal dos eventos derivados da pandemia de coronavirus (§ 1º do art. 1º do Projeto de Lei).

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3. Da onerosidade excessiva superveniente.

O art. 478 do Código Civil prevê a possibilidade de resolução dos contratos, em razão onerosidade excessiva superveniente. Para que tal ocorra, mister se faz a ocorrência dos seguintes requisitos:

(a) deve se tratar de contrato de execução continuada ou diferida no tempo;

(b) a prestação deve tornar-se excessivamente onerosa para o devedor. Não basta que a prestação torne-se mais difícil (tal ônus é do devedor), é necessário que torne-se excessivamente onerosa. O fato superveniente que ensejou o desequilíbrio deve situar-se fora da álea normal do contrato, isto é, fora da medida de risco que o contrato concluído normalmente acarreta[7];

(c) a excessiva onerosidade para o devedor deve decorrer de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, isto é, acontecimentos excepcionais e imprevisíveis segundo padrões de capacidade comum de previsão[8] e

(d) ser acompanhada de “lucro inesperado e injustificável” para o credor[9].

Caso a prestação já tenha sido cumprida, ou esteja o devedor inadimplemente à época do evento, é absolutamente irrelevante a ocorrência de onerosidade excessiva superveniente[10].

A sentença proferida em demanda onde se alegue a ocorrência de excessiva onerosidade superveniente, possui eficácia constitutiva[11], não podendo, portanto, retroagir para alcançar situações ocorridas anteriormente à propositura da ação (a parte final do art. 478 estabeleceu que os efeitos da sentença retroagirão à data da citação), tendo eficácia ex nunc, isto é, para o futuro[12]. Assim, por exemplo, não pode atingir prestações eventualmente já adimplidas pelo contratante, mas somente aquelas devidas após a propositura da ação[13] (ou, mais precisamente, a teor da parte final do art. 478, a partir da citação).

O contratante demandado poderá evitar a resolução do contrato, oferecendo a modificação equitativa das suas condições (art. 479).

Nos contratos onde as obrigações couberem a apenas uma das partes, isto é, nos contratos unilaterais (como o mútuo), poderá uma das partes, sob o fundamento da excessiva onerosidade superveniente, pleitear a redução de sua prestação, ou alteração da forma de executá-la (art. 480 do Código Civil).

O citado Projeto de Lei estabelece, outrossim, quanto a este tema, no seu artigo 7º que:

“Art. 7º Não se consideram fatos imprevisíveis, para os fins exclusivos dos art. 478[14], 479[15] e 480[16] do Código Civil, o aumento da inflação, a variação cambial, a desvalorização ou substituição do padrão monetário.

1° As regras sobre revisão contratual previstas no Código de Defesa do Consumidor e na Lei nº 8.245, de 18 de outubro de 1991 não se sujeitam ao disposto no caput deste artigo.

2° Para os fins desta Lei, as normas de proteção ao consumidor não se aplicam às relações contratuais subordinadas ao Código Civil, incluindo aquelas estabelecidas exclusivamente entre empresas ou empresários.”

Como se vê, de forma bastante didática, o citado Projeto de Lei quer deixar claro que o eventual aumento da inflação, a variação cambial (num regime de câmbio flutuante), a desvalorização ou substituição do padrão monetário, não se consideram fatos imprevisíveis.

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4. Conclusão

Este pequeno resumo pretende introduzir o tema aos nossos Clientes e Colaboradores, ressalvando, desde já,

que diversos outros aspectos devem ser observados, o que somente será possível com a análise do caso

concreto.

[1] João Calvão da Silva, Cumprimento e Sanção Pecuniária Compulsória, separata do volume XXX do Suplemento ao Boletim da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1987, pp.62/66 e 76/78.

[2] Pontes de Miranda, Tratado de Direito Privado, São Paulo, RT, 1984, 3ª edição – 2ª reimpressão, tomo XXIII, § 2.793, 3.

[3] Consulte-se: Gastone Cottino, Caso Fortuito (dir. civ.) in Enciclopedia del Diritto, Milano, Giuffrè, 1960, vol. VI, p. 379. Sobre a questão das enfermidades consulte-se: Nicola Distaso, Le Obbligazioni in Generale in Giurisprudenza Sistematica Civile e Commerciale, diretta da Walter Bigiavi, Torino, UTET, 1970, p. 374.

[4] Judith Martins-Costa, Comentários ao Novo Código Civil: do inadimplemento das obrigações, Forense, Rio de Janeiro, vol. V, t. II, p. 199.

[5] Guido Smorto, Dell’impossibilità sopravvenuta per causa non imputabile al debitore in Delle Obbligazioni, a cura di Vincenzo Cuffaro –arts. 1218-1276, Commentario del Codice Civile sob a direção de Enrico Gabrielli, Torino, UTET, 2013, pp. 692/693.

[6] Nicola Distaso, Le Obbligazioni in Generale in Giurisprudenza Sistematica Civile e Commerciale, diretta da Walter Bigiavi, Torino, UTET, 1970, p. 363.

[7] Antonino Cataudella, I Contratti, Torino, Giappichelli, 2000, 2ª ed., pág. 204.

[8] Antonino Cataudella, I Contratti, Torino, Giappichelli, 2000, 2ª ed., pág. 202.

[9] Pontes de Miranda, Tratado de Direito Privado, São Paulo, RT, 1984, 3ª edição – 2ª reimpressão, tomo XXV, § 3.074, 2, Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, Rio de Janeiro, Forense, 1986, 7ª ed., vol. III, pág. 111, Álvaro Villaça Azevedo, Teoria da Imprevisão e Revisão Judicial nos Contratos in RT 733, pág. 113, nº 4, Arnoldo Medeiros da Fonseca, Caso Fortuito e Teoria da Imprevisão, Tip. Do Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, 1934, pág. 196/197.

[10] Assim: Gianluca Mauro Pellegrini in Codice Civile sob a resp. de Pietro Rescigno, Milano, Giuffrè, 1994, 2ª ed., pág. 1644.

[11] Gustav Boehmer, El Derecho A Través de la Jurisprudencia – su aplicación y creación, trad. esp., Barcelona, Bosch, 1959, págs. 477/478

[12] Pontes de Miranda, Tratado das Ações, São Paulo, RT, 1972, tomo III, pág. 15

[13] Alberto Trabucchi, Istituzioni di Diritto Civile, Padova, Cedam, 1997, 37ª Edição, pág. 679.

[14] Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

[15] Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato.

[16] Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.

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A equipe do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 e está à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração do sócio Paulo Guilherme de Mendonça Lopes.

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A crise do Coronavírus e os contratos

[01.04.2020]

1. Introdução.

Atualmente, no mundo, não se fala de outro assunto, que não da crise causada pela Pandemia de CoronavirusCOVID-19 e de como afetará a saúde das pessoas, de seus entes queridos, suas economias e as economias dasnações.

Esta situação de Pandemia já foi reconhecida pelo Governo Federal (Lei 13.979. de 6 de fevereiro de 2020)tendo, inclusive, o Congresso Nacional, em 20 de março de 2020, reconhecido estado de calamidade públicapara os fins constantes do art. 1º do citado decreto.

Também no âmbito do Governo Federal diversas Medidas Provisórias têm sido editadas à fim de fazer frente àcrise causada pela citada Pandemia, as quais começaram com a Medida Provisória nº 921, de 7 de fevereiro de2020, sendo que várias tem se seguido a ela.

Os governos Estaduais e Municipais também têm se mostrado bastante ativos.

Assim, por exemplo, o Estado de São Paulo editou (i) o Decreto nº 64.862, de 13 de março de 2020, ondeestabeleceu medidas temporárias e emergenciais de prevenção de contágio do COVID-19, (ii) o Decreto nº64.879, de 20 de março de 2020, por meio do qual reconheceu o estado de calamidade pública, decorrente dapandemia do COVID-19,(iii) o Decreto mº 6.4.8845. de 22 de março de 2020, pelo qual se decretou medida dequarentena no Estado de São Paulo, consistente em restrição de atividades de maneira a evitar a possívelcontaminação ou propagação do Coronavírus, nos termos do citado decreto, dentre muitos outros decretos.

Já no Município de São Paulo, por exemplo, editou o Decreto nº 59.283, de 17 de março de 2020, declarandoestado de emergência no Município, pelo Decreto nº 59.291, de 20 de março de 2020, foi declarado estado decalamidade pública no Município e o Decreto nº 59.298, de 24 de março de 2020, suspendendo atendimentopresencial ao público em estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, além de outros que a elesse seguiram.

Como se percebe do suscinto quadro normativo acima descrito, não é difícil se perceber as dimensões da crisefinanceira em que o Brasil acabou por entrar em razão da Pandemia do COVID-19.

Para hipóteses tais, frente àquelas situações em concreto em que as pessoas se veem na impossibilidade paracumprir com suas obrigações contratuais, o direito oferece diversos remédios, desde que preenchidos seusrequisitos próprios.

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2. Do caso fortuito ou de força maior.

Estabelece o art. 393 que “[O] devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou forçamaior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado”, estabelecendo, por sua vez, o parágrafoúnico desse mesmo artigo que “[O] caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitosnão era possível evitar ou impedir”.

Como se percebe, o traço marcante do caso fortuito ou de força maior, para o direito brasileiro, se revela nainevitabilidade das consequências do fato necessário[1].

Dá-se ela, normalmente, nas hipóteses de calamidades públicas, eventos da natureza (terremotos, enchentes,tufões etc.) e fatos do príncipe (atos governamentais)[2].

A análise dos efeitos do caso fortuito ou de força maior sobre as obrigações deve ser feita, no entanto, caso acaso e, notadamente, dos efeitos dela sobre a prestação que o devedor deve adimplir, numa relação de causae efeito.

Por exemplo, se o devedor já estiver em mora quando da ocorrência do caso fortuito ou de força maior, estenão lhe socorre em nada, o mesmo se dando nas obrigações de dar coisa incerta, antes da escolha (art. 246 doCódigo Civil). Na hipótese de obrigação de dar coisa certa, dar-se-á a resolução do contrato para ambas aspartes etc.

O caso fortuito ou de força maior também afasta a mora do devedor, quando a obrigação se vencer após a suacaracterização.

A caracterização da hipótese de caso fortuito ou de força maior tem profundas consequências nos contratosde compra e venda em geral (nacionais e internacionais), de EPC, empreitada, transporte, depósito, inclusiveem armazéns gerais etc.

Quem alega a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, tem o ônus de sua prova.

As determinações legais que impliquem diretamente dano às pessoas, v.g. o Decreto nº 59.298, de 24 demarço de 2020, do Município de São Paulo que suspendeu o atendimento presencial ao público emestabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, são tradicionalmente designados como fato dopríncipe, o mesmo se dando com o eventual fechamento dos órgão públicos para a expedição de licenças ealvarás. O atraso na expedição delas, em razão de ato governamental decorrente da crise do COVID-19,também se configura ato do príncipe.

Também aqui, no fato do príncipe, se exige uma relação de causa e efeito entre a atuação administrativa e odano[3] e, também, para que possa ser utilizado para se afastar as consequências do inadimplemento dasobrigações[4]. A depender da situação in concreto, o caso fortuito e a força maior podem levar à própriaextinção do vínculo contratual, quer pela frustação da prestação como, por exemplo, na falta de interesse docredor na sua realização em um momento posterior ao do seu termo, ou somente na sua postergação paraum momento posterior.

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RECENTEMENTE, no dia 30 de março de 2020, o Senador Antonio Anastasia envio projeto de lei ao SenadoFederal o qual pretende estabelecer o “Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas deDireito Privado (RJET) no período da pandemia do Coronavírus (Covid-19)” (“Projeto de Lei”). [Anexo 1]

No que diz respeito à questão do caso fortuito e de força maior, prevê o citado Projeto de Lei:

“Art. 6º As consequências decorrentes da pandemia do Coronavírus (Covid-19) nas execuções dos contratos,incluídas as previstas no art. 393 do Código Civil, não terão efeitos jurídicos retroativos.”

A nosso ver, o que importa, do citado disposto, é a sua parte final, qual seja, que as “[A]s consequênciasdecorrentes da pandemia do Coronavírus (Covid-19) nas execuções dos contratos, incluídas as previstas no art.393 do Código Civil não terão efeitos jurídicos retroativos”, isto é, uma vez reconhecidas, e observado o casoconcreto que outra data poderá indicar, em hipótese alguma poderá retroagir à data de 20 de março de 2020,termo inicial legal dos eventos derivados da pandemia de Coronavirus (§ 1º do art. 1º do Projeto de Lei).

3. Da onerosidade excessiva superveniente.

O art. 478 do Código Civil prevê a possibilidade de resolução dos contratos, em razão onerosidade excessivasuperveniente. Para que tal ocorra, mister se faz a ocorrência dos seguintes requisitos:

(a) deve se tratar de contrato de execução continuada ou diferida no tempo;

(b) a prestação deve tornar-se excessivamente onerosa para o devedor. Não basta que a prestação torne-semais difícil (tal ônus é do devedor), é necessário que torne-se excessivamente onerosa. O fato supervenienteque ensejou o desequilíbrio deve situar-se fora da álea normal do contrato, isto é, fora da medida de risco queo contrato concluído normalmente acarreta[5];

(c) a excessiva onerosidade para o devedor deve decorrer de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis,isto é, acontecimentos excepcionais e imprevisíveis segundo padrões de capacidade comum de previsão[6] e

(d) ser acompanhada de “lucro inesperado e injustificável” para o credor[7].

Caso a prestação já tenha sido cumprida, ou esteja o devedor inadimplemente à época do evento, éabsolutamente irrelevante a ocorrência de onerosidade excessiva superveniente[8].

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A sentença proferida em demanda onde se alegue a ocorrência de excessiva onerosidade superveniente,possui eficácia constitutiva[9], não podendo, portanto, retroagir para alcançar situações ocorridasanteriormente à propositura da ação (a parte final do art. 478 estabeleceu que os efeitos da sentençaretroagirão à data da citação), tendo eficácia ex nunc, isto é, para o futuro[10]. Assim, por exemplo, não podeatingir prestações eventualmente já adimplidas pelo contratante, mas somente aquelas devidas após apropositura da ação[11] (ou, mais precisamente, a teor da parte final do art. 478, a partir da citação).

O contratante demandado poderá evitar a resolução do contrato, oferecendo a modificação equitativa dassuas condições (art. 479).

Nos contratos onde as obrigações couberem a apenas uma das partes, isto é, nos contratos unilaterais (comoo mútuo), poderá uma das partes, sob o fundamento da excessiva onerosidade superveniente, pleitear aredução de sua prestação, ou alteração da forma de executá-la (art. 480 do Código Civil).

O citado Projeto de Lei estabelece, outrossim, quanto a este tema, no seu artigo 7º que:

“Art. 7º Não se consideram fatos imprevisíveis, para os fins exclusivos dos art. 478[12], 479[13] e 480[14] doCódigo Civil, o aumento da inflação, a variação cambial, a desvalorização ou substituição do padrão monetário.

• 1° As regras sobre revisão contratual previstas no Código de Defesa do Consumidor e na Lei nº 8.245, de 18 de outubro de 1991 não se sujeitam ao disposto no caput deste artigo.

• 2° Para os fins desta Lei, as normas de proteção ao consumidor não se aplicam às relações contratuais subordinadas ao Código Civil, incluindo aquelas estabelecidas exclusivamente entre empresas ou empresários.”

Como se vê, de forma bastante didática, o citado Projeto de Lei quer deixar claro que o eventual aumento dainflação, a variação cambial (num regime de câmbio flutuante), a desvalorização ou substituição do padrãomonetário, não se consideram fatos imprevisíveis.

4. Conclusão.

Este pequeno resumo pretende introduzir o tema aos nossos Clientes e Colaboradores, ressalvando, desde já,que diversos outros aspectos devem ser observados, o que somente será possível com a análise do casoconcreto.

A equipe do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 e está à disposição paraauxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração do sócio Paulo Guilherme de Mendonça Lopes.

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[1] Pontes de Miranda, Tratado de Direito Privado, São Paulo, RT, 1984, 3ª edição – 2ª reimpressão, tomoXXIII, § 2.793, 3.

[2] Consulte-se: Gastone Cottino, Caso Fortuito (dir. civ.) in Enciclopedia del Diritto, Milano, Giuffrè, 1960, vol.VI, p. 379. Sobre a questão das enfermidades consulte-se: Nicola Distaso, Le Obbligazioni in Generale inGiurisprudenza Sistematica Civile e Commerciale, diretta da Walter Bigiavi, Torino, UTET, 1970, p. 374.

[3] Guido Smorto, Dell’impossibilità sopravvenuta per causa non imputabile al debitore in Delle Obbligazioni, acura di Vincenzo Cuffaro – arts. 1218-1276, Commentario del Codice Civile sob a direção de Enrico Gabrielli,Torino, UTET, 2013, pp. 692/693.

[4] Nicola Distaso, Le Obbligazioni in Generale in Giurisprudenza Sistematica Civile e Commerciale, diretta daWalter Bigiavi, Torino, UTET, 1970, p. 363.

[5] Antonino Cataudella, I Contratti, Torino, Giappichelli, 2000, 2ª ed., pág. 204.

[6] Antonino Cataudella, I Contratti, Torino, Giappichelli, 2000, 2ª ed., pág. 202.

[7] Pontes de Miranda, Tratado de Direito Privado, São Paulo, RT, 1984, 3ª edição – 2ª reimpressão, tomo XXV,§ 3.074, 2, Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, Rio de Janeiro, Forense, 1986, 7ª ed., vol. III,pág. 111, Álvaro Villaça Azevedo, Teoria da Imprevisão e Revisão Judicial nos Contratos in RT 733, pág. 113, nº4, Arnoldo Medeiros da Fonseca, Caso Fortuito e Teoria da Imprevisão, Tip. Do Jornal do Comércio, Rio deJaneiro, 1934, pág. 196/197.

[8] Assim: Gianluca Mauro Pellegrini in Codice Civile sob a resp. de Pietro Rescigno, Milano, Giuffrè, 1994, 2ªed., pág. 1644.

[9] Gustav Boehmer, El Derecho A Través de la Jurisprudencia – su aplicación y creación, trad. esp., Barcelona,Bosch, 1959, págs. 477/478

[10] Pontes de Miranda, Tratado das Ações, São Paulo, RT, 1972, tomo III, pág. 15

[11] Alberto Trabucchi, Istituzioni di Diritto Civile, Padova, Cedam, 1997, 37ª Edição, pág. 679.

[12] Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornarexcessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordináriose imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretarretroagirão à data da citação.

[13] Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições docontrato.

[14] Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a suaprestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.

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Nova portaria do Ministério da Economia prorroga os pagamentos daContribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta e do Funrural

[09.04.2020]

No dia 08.04.2020, quarta-feira, o Ministério da Economia editou a Portaria n. 150, alterando a de n. 139, uma vez que não incluía no rol de pagamentos prorrogados de março e abril para os meses de julho e setembro a Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (“CPRB”) e o Funrural.

Essa alteração já era esperada, uma vez que a Portaria n. 139 permitia apenas o adiamento das contribuições previdenciárias incidentes sobre a folha de salários, violando o princípio da isonomia.

Antes, alguns dos principais setores da economia estavam excluídos do benefício, uma vez que eram optantes pela CPRB, como, por exemplo: construção civil e obras de infraestrutura; têxtil; tecnologia da informação; e confecção e vestuário.

Contudo, a Portaria n. 150 não incluiu algum dos tributos que eram esperados, como o IPI, IOF, Imposto de Renda e a Contribuição Social Sobre o Lucro (“CSSL”), permitindo possíveis discussões jurídicas quanto a tais ausências.

A equipe de Direito Tributário do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 eestá à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração do sócio Carlos Henrique Crosara e do advogado Pedro Augusto Mussolini.

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Câmara dos Deputados aprova a suspensão da contribuição previdenciáriapatronal

[03.04.2020]

No dia 1º de abril de 2020 a Câmara dos Deputados aprovou um projeto que suspende por até três meses opagamento da contribuição previdenciária patronal e afasta a aplicação de multa pela falta de entrega dedeclarações e documentos fiscais.

O Projeto de Lei n. 985/20 suspende a contribuição patronal por meio do Regime Tributário Emergencial, cujoobjetivo é preservar a atividade econômica das empresas e os empregos durante a pandemia causada pelonovo Coronavírus.

Inicialmente a suspensão será de 60 dias, mas poderá ser prorrogada pelo Poder Executivo por mais 30 dias.Não somente, há ainda a oportunidade de parcelar o pagamento em até doze parcelas mensais reajustadaspela taxa Selic sem qualquer multa, observando que as empresas devem aderir a tal benefício até o último diaútil do primeiro mês após à publicação da futura lei.

Contudo, o Projeto de Lei proíbe a adesão ao RTE de empresas de capitalização; de seguros privados; bancos;sociedades de crédito; corretoras e distribuidoras de valores e câmbio; financiamento e investimentos decrédito imobiliário; sociedades de arrendamento mercantil; administradoras de cartões de crédito; eassociações de poupança e empréstimo.

Ao aderir o parcelamento as empresas devem se atentar ao fato de que a falta de pagamento de duasparcelas consecutivas ou quatro alternadas implica na exclusão do RTE, cabendo o pagamento de juros emulta de mora.

Por fim, o texto excluiu a multa pela não entrega das seguintes declarações e documentos fiscais:

– Declaração de Informações Socioeconômicas e Fiscais (Defis);

– Livro Caixa Digital do Produtor Rural (LCDPR);

– Escrituração Contábil Digital (ECD);

– Escrituração Contábil Fiscal (ECF);

– Declaração de Débitos e Créditos de Tributários Federais Previdenciários e de Outras Entidades e Fundos(DCTFweb);

– Escrituração Fiscal Digital de Retenções e Outras Informações Fiscais (EFD-Reinf);

– Escrituração Fiscal Digital das Contribuições Incidentes sobre a Receita (EFD-Contribuições).

A equipe de Direito Tributário do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 eestá à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração do sócio Carlos Henrique Crosara e do advogado Pedro Augusto Mussolini.

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Medida judicial para postergação de pagamento de tributos federais

[03.04.2020]

Conforme amplamente divulgado nos boletins elaborados pela área tributária do Leite, Tosto e BarrosAdvogados, bem como na grande mídia de repercussão nacional, as empresas vêm buscando alternativas paracriarem o mínimo de estabilidade financeira neste difícil período de estado de calamidade pública (COVID-19).

Um dos mecanismos que já dá seus primeiros passos positivos é o ajuizamento de medida judicial (com pedidode liminar), a fim de que seja declarada a postergação do pagamento de tributos federais, estaduais emunicipais. Além disso, a suspensão de parcelamentos ordinários e especiais (Refis, PEP-SP, p.e.) também vêmsendo obtidos perante o Poder Judiciário, em decisões que – além de aplicar a letra da lei, fundamentam-seno viés econômico caótico que o empresário brasileiro vive atualmente.

Ao analisar uma dessas ações, o juiz federal, Rolando Valcir Spanholo, Processo nº 016660-71.2020.4.01.3400,da 21ª Vara Federal Cível do Distrito Federal, concedeu liminar.

Segundo o juiz, se apresentam três circunstâncias relevantes para a concessão da liminar: (i) a decretação doestado de calamidade sanitária no Brasil em razão do COVID19; (ii) as restrições financeiras impostasinesperadamente pela Administração Pública às empresas; e (iii) os resultados que a quarentena vemacarretando sobre a atividade econômica do País.

A sentença destaca que o STF (nas Ações Cíveis Originárias nºs 3.363 e 3.365, movidas, respectivamente, pelosEstados de São Paulo e da Bahia) concedeu liminar para suspender por 180 dias, o pagamento de parcelasmensais de R$ 1,2 bilhões devidas pelo Estado de São Paulo à União, e para assegurar que o estado paulista seconcentre na guerra contra a COVID-19. O mesmo raciocínio foi usado pelo STF ao julgar a ACO nº 3.365envolvendo o Estado da Bahia.

A equipe de Direito Tributário do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 eestá à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração do sócio Rodrigo Rigo.

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Medida Provisória n. 930 altera o tratamento tributário incidente sobre avariação cambial do valor de investimentos realizados por controladadomiciliada no exterior

[01.04.2020]

No dia 30 de Março de 2020 foi publicada a Medida Provisória n. 930 (“MP 930/20”) que dispõe sobre otratamento incidente sobre variação cambial do valor de investimentos realizados por instituições financeirase demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil (“BCB”), em sociedade controladadomiciliada no exterior, além de outros pontos como a proteção aos funcionários do Banco Central e regras dearranjo de pagamento.

A MP 930/20 determina que a partir do exercício financeiro de 2021, a variação cambial da parcela decobertura de risco (hedge) do valor do investimento, realizado pelas instituições já citadas, deverá sercomputada na determinação do Lucro Real e na base de cálculo da CSLL da pessoa jurídica controladoradomiciliada no País.

A proporção estabelecida pela MP 930/20 funciona de duas formas: (i) 50% no exercício financeiro do ano de2021; e (ii) 100% a partir do exercício financeiro do ano de 2022.

O BCB informou que a proposta visa dar maior segurança jurídica ao chamado “repasse” dentro do sistema depagamentos. Uma vez que a MP 930/20 tem o intuito de evitar que os recursos investidos sejam objeto depenhora, o BCB mostra preocupação com as instituições financeiras que paralise suas atividades porproblemas de solvência.

A principal proposta do BCB, com tal medida, é estabelecer, legalmente, “que esse fluxo de pagamentos nãopode ser objeto de constrição judicial, nem se sujeitar à arrecadação em regimes concursais”.

Atualmente, eventual receita com o hedge das instituições financeiras é isenta de tributação, contudotambém são indedutíveis do lucro real – prejudicando a operação como neutra.

A MP 930/20 não deverá, necessariamente, trazer um aumento na arrecadação, caso a regra dadedutibilidade seja aplicada.

A equipe de Direito Tributário do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 eestá à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração do sócio Carlos Henrique Crosara e do advogado Pedro Augusto Mussolini.

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Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional estabelece condições para transação extraordinária na cobrança de Dívida Ativa da União[23/03/2020]

Em função dos efeitos causados pelo Coronavirus (“COVID-19”), a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional(“PGFN”) editou a Portaria PGFN n. 7.820/20, disciplinando os procedimentos, requisitos e as condiçõesnecessárias à realização da transação extraordinária na cobrança da dívida ativa da União.

O principal objetivo da Portaria n. 7.820/20 da PGFN é: (I) viabilizar a superação da crise econômico financeiracausada pelo coronavirus; (II) assegurar que a cobrança de créditos inscritos em dívida ativa seja realizada deforma a permitir um equilíbrio que não prejudique a geração de resultados pelas empresas; e (III) realizar acobrança de contribuintes pessoa física de forma a ser menos gravosa possível.

Portanto, a transação extraordinária envolverá o pagamento de uma entrada (correspondente a 1% do valortotal dos débitos) dividida em até 3 (três) parcelas iguais e sucessivas e o restante da dívida pode serparcelada em até 81 (oitenta e um) meses, sendo que na hipótese de contribuinte pessoa natural, empresárioindividual, microempresa ou empresa de pequeno porte as parcelas sobem para até 97 (noventa e sete).

Contudo, na proposta da PGFN, as parcelas não podem ser menores do que R$ 100,00 (cem reais) para ocontribuinte pessoa natural, empresário individual, microempresa ou empresa de pequeno porte e R$ 500,00(quinhentos reais) nos outros casos. Ainda, destaca-se que, em se tratando das contribuições sociais, oparcelamento está condicionado a até 57 (cinquenta e sete) meses.

Ainda, tratando-se de inscrições em dívida ativa já em parcelamento, se o contribuinte optar pela adesão àtransação extraordinária, é necessária a desistência do parcelamento em curso.

Por fim, a PGFN deu como prazo para adesão à transação extraordinária até o dia 25 de março de 2020, queé muito curto levando em conta a paralisação de toda a economia e das atividades dos contribuintes.

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A equipe do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 e está à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração do sócio Carlos Henrique Crosara e do Advogado Pedro Augusto Mussolini.

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COVID-19 e seus primeiros reflexos fiscais[25.03.2020]

Considerando o cenário de instabilidade financeira ao empresário brasileiro causada pelo COVID-19, GovernoFederal, Estados e Municípios vêm tentando criar, diariamente, medidas emergenciais que auxiliem oscontribuintes contra a violência economica decorrente da inesperada pandemia.

No âmbito federal, por exemplo, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (“PGFN”) ja instituiu: (i) programaespecial para parcelamento de débitos tributários (incentivo a transação); (ii) suspendeu e prorrogou atos decobrança em curso; e (iii) prorrogou o prazo para pagamento dos tributos devidos pelos optantes do SimplesNacional. Nessa linha, a Receita Federal do Brasil (“RFB”) também: (i) suspendeu os prazos para prática de atosprocessuais e as medidas para cobrança de tributos até 29.05.2020; e (ii) restringiu o atendimento presencial;e (iii) concedeu prorrogação automática da validade das Certidões Negativas de Débitos relativos a CréditosTributários Federais e a Dívida Ativa da União (CND) e Certidões Positivas com Efeitos de Negativas de Débitosrelativos a Créditos Tributários Federais e a Dívida Ativa da União (CPEND).

Infelizmente, até o presente momento, não houve qualquer manifestação a respeito de possível prorrogaçãodo prazo para recolhimento dos demais tributos federais, tampouco foi publicado ato estendendo o prazopara cumprimento das obrigações acessórias (por exemplo, DIRPF – Declaração de Imposto sobre a Renda daPessoa Física).

Vejamos a seguir, então, as medidas emergenciais que foram criadas pelo Governo Federal, de forma sintéticae objetiva.

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Por fim, lembramos que o Senado e a Câmara aprovaram o reconhecimento do estado de calamidade publicano Pais. Há, portanto, maior liberdade ao gestor público para adoção de ações emergenciais que envolvamaumento de gasto público ou renúncia de receitas tributárias, nos termos do artigo 65 da Lei deResponsabilidade Fiscal (LRF).

Em outras linhas, condições mais benéficas poderão ser concedidas aos contribuintes, a fim de cumpriremcom suas obrigações fiscais – tanto de recolhimento de tributos quanto de entrega de suas obrigaçõesacessórias.

Além disso, considerando a decretação de estado de calamidade pública pelo Estado de São Paulo, oscontribuintes poderão requerer, via Mandado de Segurança, a aplicação da Portaria Ministerial (2012), a fimde suspender os vencimentos dos tributos federais por 90 dias (ou enquanto durar a pandemia, comfundamento em outras regras e princípios).

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Boletim Tributário

A equipe do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 e está à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração do sócio Rodrigo Rigo Pinheiro.

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Postergação de Pagamento de Tributos[31.03.2020]

Conforme amplamente divulgado em nossos boletins, bem como na grande mídia de repercussão nacional, asempresas vêm buscando alternativas para criarem o mínimo de estabilidade financeira neste difícil período deestado de calamidade pública (COVID-19).

Um dos mecanismos que já dá seus primeiros passos positivos é o ajuizamento de medida judicial (com pedidode liminar), a fim de que seja declarada a postergação do pagamento de tributos federais, estaduais emunicipais. Além disso, a suspensão de parcelamentos ordinários e especiais (Refis, PEP-SP, p.e.) também vêmsendo obtidos perante o Poder Judiciário, em decisões que – além de aplicar a letra da lei, fundamentam-seno viés econômico caótico que o empresário brasileiro atualmente.

Como o intuito do Leite, Tosto e Barros Advogados - além de prezar pelos interesses de seus clientes, é dedisseminar o conhecimento (informações jurídicas que sejam relevantes), fizemos um rápido compilado dasprincipais decisões liminares proferidas até a data de hoje (31 de março), para que você possa entender ebuscar os seus direitos fiscais.

Permanecemos à disposição para quaisquer esclarecimentos e/ou dúvidas.

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Decisões judiciais(Tributário)

A equipe do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 e está à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração dos sócios Rodrigo Rigo Pinheiro e Carlos Crosara

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JUSTIÇA FEDERAL DE SÃO PAULO - PROCESSO Nº 5004087-09.2020.4.03.6105 - 6º VARAFEDERAL DE CAMPINAS - JUIZ FEDERAL HAROLDO NADER - J. 26.03.2020

“Na análise perfunctória que ora cabe, verifico que estão presentes os requisitos necessários ao deferimentodo pedido liminar formulado pela parte impetrante.

A norma do art. 1º da Portaria MF referida é clara a respeito da prorrogação de prazo para recolhimento dostributos, na presente situação. (...)

Além do Decreto Estadual/SP n. 64.879, de 20/03/2020, a situação de calamidade pública foi reconhecidatambém no âmbito federal, com flexibilização do cumprimento de metas fiscais.

Embora a Portaria em questão não mencione calamidade pública nacional, não me parece, nesta abordageminicial do processo, que a abrangência maior do motivo da decretação estadual seja impeditivo para aincidência da norma tributária. (...)

A prorrogação das datas de vencimento de tributos federais administrados pela SRFB impõe atoadministrativo vinculado a RFB e/ou PGFN, conforme determinação do artigo 3º da Portaria MF n. 12/2012.(...)

Ante o exposto, DEFIRO A MEDIDA LIMINAR para determinar a prorrogação do vencimento dos tributosfederais administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil ao ultimo dia util do terceiro mêssubsequente ao presente mês, para o estabelecimento sede e filiais da impetrante, caso a prorrogação jánão esteja implementada pela autoridade impetrada”.

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Decisões judiciais(Tributário)

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JUSTIÇA FEDERAL DE SÃO PAULO - 1ª VARA FEDERAL DE ARAÇATUBA - JUIZ FEDERAL LUIZAUGUSTO FIORENTINI - J. 26.03.2020

Em princípio, caberia aos Poderes Legislativo e Executivo avaliar as variáveis e circunstâncias que se lhesapresentam e decidir por esta ou aquela alternativa legislativa ou regulamentar. Quando não o fazem, e comisso causam um agravo injustificado aos seus cidadãos, é possível ao Poder Judiciário transpormomentaneamente os lindes da separação de poderes e criar uma solução provisória, já que a mencionadaomissão dos demais poderes está em desacordo com o sistema constitucional.

Assim, e diante do quadro que se apresenta, entendo que a impetrante faz jus à postergação do prazo paracumprimento de suas obrigações fiscais, principais e acessórias, de modo a priorizar a utilização de seusrecursos para, momentaneamente, preservar os postos de trabalho e custear sua própria subsistência, semque, com isso, venha a sofrer punições ou mesmo ser agravada com os encargos financeiros aplicáveis aosinadimplentes..(...)

Pelo exposto, com fundamento no art. 7º, inc. III, da LMS, DEFIRO a liminar para garantir o diferimento doprazo para recolhimento de tributos federais e apresentação das declaração correlatas, por 3 (três) mesescontados a partir de cada vencimento, como forma de contribuir para a manutenção de cerca de 1.500postos de trabalhos, enquanto durar o estado de calamidade nacional ou estadual, condicionando amanutenção de sua eficácia à apresentação, até o dia 10 (dez) de cada mês, iniciando-se em 10/04/2020, deinformação quanto ao número de empregados demitidos sem justa causa no mês anterior, assinada pelosadministradores da impetrante, ou pelo responsável pelo setor ou departamento de RH, com expressamenção de que fazem tal declaração sob as penas da lei penal.

Com relação aos tributos, tratando-se de alteração da data de vencimento, não deverão incidir quaisquerencargos, nem mesmo atualização monetária, se pagos dentro do prazo ora estipulado. Não pagos,considerar-se-ão vencidos na data de pagamento originariamente prevista.”

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Decisões judiciais(Tributário)

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JUSTIÇA FEDERAL DE SÃO PAULO (BARUERI) - PROC. Nº 5001503-46.2020.4.03.6144,- 2ª VARAFEDERAL DE BARUERI, JUÍZA MARILAINE ALMEIDA SANTOS - J. 27.03.2020

A imprevisibilidade do período de manutenção das restrições sanitárias então vigentes, agravada pela falta deconsenso político que atualmente permeia a questão, justifica, por precaução, a fixação de prazo razoável dedilação dos pagamentos das exações e a possibilidade de oportuna prorrogação, caso perdurem as razõesventiladas nestes autos.

Pelo exposto, em cognição sumária da lide, na forma do art. 151, IV, c/c seu parágrafo único, do CódigoTributário Nacional, DEFIRO EM PARTE A MEDIDA LIMINAR para declarar suspensa a exigibilidade e autorizara dilação do recolhimento das contribuições incidentes sobre a folha de pagamentos da parte impetrante(INSS, RAT, SESC, SENAC, SENAI, SESI, SEBRAE, Salário-Educação e INCRA) e das prestações dos parcelamentosde tributos federais, com vencimento a contar do mês de março/2020, inclusive, postergando o seurecolhimento para o último dia útil do 3º (terceiro) mês subsequente, sem a incidência de mora, prorrogávela critério deste Juízo, enquanto perdurar a situação excepcional reconhecida nesta decisão e desde quemantido o quadro de funcionários da pessoa jurídica impetrante, ressalvadas eventuais demissões por justacausa.

Caberá à empresa impetrante, antes do decurso do prazo acima assinalado, comprovar nos autos amanutenção do seu quadro funcional, observada a ressalva anterior, juntando extrato CAGED atualizado,com vistas à nova prorrogação do prazo de pagamento das exações referidas neste feito.”

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JUSTIÇA FEDERAL DE SÃO PAULO (SOROCABA) PROC. Nº 5002358-30.2020.4.03.6110, 2º VARAFEDERAL DE SOROCABA, JUIZ PEDRO HENRIQUE MEIRA FIGUEIREDO, J. 26.03.2020

“ É fato notório que o Brasil e o mundo passam por situação extremamente crítica, decorrente da pandemia

do novo Coronavírus (COVID-19), reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (Declaração de Emergência

em Saúde Pública de Importância Internacional, de 30/01/2020) e, logo em seguida, pelo Ministério de

Estado da Saúde (Portaria GM/MS nº 188, de 03/02/2020), este último nos termos do Decreto nº

7.616/2011. (...)

Assim, cabe ao Estado, em momentos críticos de emergência e/ou calamidade, adotar políticas que garantam

a vida da população e, ao mesmo tempo, a preservação de empregos.

Se, de um lado, não se pode medir esforços num Estado Democrático de Direito a fim de adotar as medidas

necessárias à preservação da saúde e da dignidade das pessoas (art. 1º, III, da CRFB), de outro, não há como

olvidar o caráter e a função social da empresa, visto que possibilita a geração e a distribuição de riquezas e o

desenvolvimento econômico e social de uma nação (arts. 1º, IV, e 170 da CRFB). (…)

Com efeito, uma vez reconhecida a existência de decreto estadual de calamidade pública e o domicílio das

impetrantes em município paulista, impõe-se a aplicação da aludida portaria ministerial, com a prorrogação

das datas de vencimento de tributos federais administrados pela Receita Federal do Brasil (caso das

contribuições sociais em questão, conforme preveem os arts. 2º e 3º da Lei nº 11.457/2007) para o último

dia útil do 3ª mês subsequente (junho/2020). Nos termos do § 1º do art. 1º, a prorrogação deverá se

restringir aos tributos devidos nas competências de 03/2020 e 04/2020. (…)

Ante o exposto, CONCEDO PARCIALMENTE A MEDIDA LIMINAR para determinar a prorrogação das datas de

vencimento da contribuição previdenciária patronal, da contribuição ao SAT/GILRAT e das contribuições

parafiscais, devidas por (XXXXX) nas competências 03/2020 e 04/2020, para o último dia útil de junho de

2020, nos termos da Portaria GM/MF nº 12, de 20/01/2012.”

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JUSTIÇA FEDERAL DE SÃO PAULO - (RIBEIRÃO PRETO) - PROC. Nº 5002343-85.2020.4.03.6102 -7ª VARA FEDERAL DE RIBEIRÃO PRETO, -JUIZ EDUARDO JOSE DA FONSECA COSTA - J.27.03.2020

“No entanto, o Decreto nº 64.879, de 20 de março de 2020, “reconhece o estado de calamidade pública,decorrente da pandemia do COVID-19, que atinge o Estado de São Paulo. Aqui, excepcionalmente, o estadode calamidade obedeceu a uma lógica de globalidade. Noutras palavras, abrangeu todo o Estado de SãoPaulo.

Nesse caso, não há qualquer sentido na especificação administrativo-tributária dos municípios abrangidos pelaárea sob estado de calamidade: todos os municípios paulistas se encontram sob esse estado. Daí por que – aomenos sob cognição sumária, própria às tutelas de urgência – entendo que as impetrantes já são titulares dodireito à prorrogação a que alude a Portaria MF 12, de 2012.

Também diviso a presença de periculum in mora: como bem foi dito na petição inicial, “a retração no consumocom as medidas de combate à pandemia provocada pelo coronavírus, sendo pública e notória a derrocada daatividade econômica no país”, impossibilita “a Impetrante de honrar com suas obrigações tributárias quevencem imediatamente, em plena crise econômica sem precedentes na história atual da humanidade. Sem aconcessão liminar da ordem pleiteada certamente haverá sacrifícios imediatos de salários, empregos,pagamento de fornecedores e de prestadores de serviços, do próprio tributo federal etc. provavelmentecomprometendo a existência da própria Impetrante”.

Ante o exposto, defiro o pedido de concessão de liminar. Asseguro provisoriamente a prorrogação das datasde vencimento de tributos federais administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) edevidos pelas impetrantes para o último dia útil do 3º (terceiro) mês subsequente, nos termos do artigo 1ºda Portaria MF 12, de 20 de janeiro de 2012.”

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JUSTIÇA FEDERAL DE BRASÍLIA - PROC. Nº 1016660-71.2020.4.01.3400 - 21º VARA FEDERALCÍVEL DA SJDF - JUIZ ROLANDO VALCIR SPANHOLO - J. 26.03.2020

Afinal, até poucos dias, ninguém (no quilate de “homem médio”) poderia cogitar que a força economica do

Brasil (e também do mundo) poderia ser paralisada no nível que está hoje. Aliás, desde a declaração da

Independência, nosso País jamais vivenciou algo parecido, em termos de amplitude e eficácia. Vai daí, não

constitui nenhuma heresia jurídica reconhecer que a situação enfrentada era imprevisível e inevitável para a

parte autora. (...)

Não precisa ser um especialista para antever que, no Brasil, talvez o grande impacto do coronavírus dar-se-á

no campo socioeconomico. Com a quarentena horizontal imposta, a economia não gira. Não girando a

economia, não há receita. Sem receita, há fechamento em massa de empresas e dos postos de trabalho. Sem

salário, milhões terão dificuldades para manter as condições mínimas dos respectivos núcleos familiares. (…) O

quadro é generalizado e, conforme já destacado, o potencial destruidor desta crise não encontra precedente

nos livros da história mundial (crises sempre existiram, mas nunca em escala mundial e ao mesmo tempo

como agora). (…)

Registre-se que, no início desta semana, medidas idênticas já foram deferidas pelo SUPREMO TRIBUNAL

FEDERAL, nos autos das Ações Civeis Originárias nºs 3.363 e 3.365, movidas, respectivamente, pelos Estados

de São Paulo e da Bahia. Especificamente na ACO nº 3.363, a decisão liminar suspendeu, por 180 dias, o

pagamento de parcelas mensais de R$ 1,2 bilhões devidas pelo Estado de São Paulo para a União, como

forma de garantir que aquela unidade federativa direcione seus esforços no combate aos efeitos sociais do

COVID-19. (…)

À vista de todo o exposto, dentro de um juízo ainda perfunctório, CONCEDO A TUTELA LIMINAR requerida

pela autora e suas filiais.

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Decisões judiciais(Tributário)

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Projeto de Lei 1.179/2020 – Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) foipostergada para janeiro de 2021

[17.04.2020]

Em 03 de abril de 2020, por decisão do Senado Federal por meio do Projeto de Lei 1.179/2020, a entrada emvigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) foi postergada para janeiro de 2021, com as multas e sançõesválidas a partir de 1º de agosto de 2021, por considerar medida emergencial em razão da pandemia do Covid-19. Tal decisão encontra-se pendente de aprovação pela Câmara dos Deputados.

Contudo, o Ministério Público Federal manifestou-se contrariamente ao adiamento da data da entrada emvigor da LGPD e entende que tal adiamento passa uma imagem negativa do País à comunidade internacional.

Em nota técnica enviada ao Congresso Nacional, em 14 de abril de 2020, o Ministério Público Federalmanifesta-se pela manutenção da entrada em vigor da LGPD, na data já prevista, a saber, no dia 20 de agostode 2020 por entender que a ocorrência da pandemia aumenta a importância da entrada em vigor da LGPD, oque inclusive demonstraria o comprometimento do Brasil com a proteção de direitos e dará impulso para queas adaptações se iniciem, “pondo em marcha a rota do país para a harmonização legislativa internacional queabre inúmeras portas ao desenvolvimento do País, sendo, porém razoável que as sanções somente possam seraplicadas a partir de agosto de 2021”.

Ainda segundo o Ministério Público Federal, “A LGPD é uma importante aliada no desenvolvimento seguro eparametrizado de ações fundamentais para a proteção à saúde, isolamento social e colaboração com atoresestrangeiros, na troca de dados essenciais para o enfrentamento da crise.”

Conforme mencionado, no momento, aguarda-se decisão da Câmara dos Deputados.

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Boletim Societário

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A equipe do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 e está à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.*Esse artigo tem a colaboração da sócia Mariana Monteiro P. Nogueira e Maria de Melo Franco

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Instrução Normativa DREI n. 79 – regulamenta a realização de reuniões eassembleias de sócios à distância

[15.04.2020]

Foi publicada, hoje, dia 15/04/2020, a Instrução Normativa n. 79, editada pelo Departamento Nacional deRegistro Empresarial e Integração (DREI), órgão do Ministério da Economia que, em atenção as disposiçõespropostas pela Medida Provisória n. 931/2020, restou encarregado de estabelecer as regras para votação eparticipação a distância em reuniões e assembleias de sociedades anonimas fechadas, limitadas ecooperativas.

Diante das adversidades causadas pela pandemia de COVID-19, a instrução serve para reduzir o contágio epropagação do vírus a medida em que evita o contato interpessoal, inconveniente ao momento em quevivemos.

A IN DREI n. 79 inaugurou, portanto, os modelos semipresencial e digital de realização de assembleias ereuniões, hipóteses nas quais o conclave não se desenrolará em qualquer local físico. Tais reuniões e/ouassembleias que, para todos os fins legais, serão tidas como realizadas na sede da sociedade, poderão tervotação efetuada mediante boletim de voto a distância e/ou atuação remota via sistema eletronico.

Quanto as respectivas regras de convocação, instalação e deliberação, a IN, nos termos do seu art. 2º,mantém a normatização reservada aos contratos ou estatutos sociais, mas ressalva que o modelo a seradotado para realização da reunião (se digital ou semipresencial), bem como a forma de participação evotação dos sócios, deverão estar discriminados pelo instrumento de convocação. O texto normativo permite,contudo, que o instrumento de convocação se limite a divulgar essas informações de forma resumida, desdeque conte com indicação de endereço eletronico onde as informações completas devem estar disponíveis deforma segura.

Especial destaque merece o parágrafo único do art. 4º da IN, que estabelece a obrigatoriedade de a sociedademanter arquivados os documentos relativos a reunião ou assembleia, bem como sua gravação integral, peloprazo em que eventual anulação possa ser pleiteada.

No tocante a presença, assevera-se que serão considerados presentes a reunião ou assembleia digital ousemipresencial os sócios que: (i) a ela comparecerem ou que nela se façam representar fisicamente; (ii) cujoboletim de voto a distância tenha sido considerado válido pela sociedade; ou (iii) que, pessoalmente ou pormeio de representação, registrem presença no sistema eletronico de participação e voto a distânciadisponibilizado pela sociedade. Para certificação de presença, as respectivas atas e livros societários poderãoser assinados isoladamente pelo presidente e secretário da mesa.

Mais adiante, o texto normativo discorre sobre a participação a distância, que deverá ser viabilizada porintermédio de sistema eletronico adotado pela sociedade que garanta: (i) a segurança, a confiabilidade e atransparência do conclave; (ii) o registro de presença dos sócios, acionistas ou associados; (iii) a preservaçãodo direito de participação a distância do acionista, sócio ou associado durante todo o conclave; (iv) o exercíciodo direito de voto a distância por parte do acionista, sócio associado, bem como o seu respectivo registro; (v)a possibilidade de visualização de documentos apresentados durante o conclave; (vi) a possibilidade de a mesareceber manifestações escritas dos acionistas, sócios ou associados; (vii) a gravação integral do conclave, queficará arquivada na sede da sociedade; e (viii) a participação de administradores, pessoas autorizadas aparticipar do conclave e pessoas cuja participação seja obrigatória.

Por sua vez, o art. 7º da IN cuidou de prescrever a forma do boletim de voto a distância, que deverá conter: (i)a discriminação de todas as matérias constantes da ordem do dia da reunião ou assembleia semipresencial oudigital a que se refere; (ii) orientações sobre o seu envio a sociedade; (iii) indicação dos documentos quedevem acompanhá-lo para verificação da identidade do acionista, sócio ou associado, bem como de eventualrepresentante; e (iv) orientações sobre as formalidades necessárias para que o voto seja considerado válido.Ressalta-se, ainda, que é dever da sociedade disponibilizar o referido boletim de voto a distância em versãopassível de impressão e preenchimento manual, por meio de sistema eletronico.

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Instrução Normativa DREI n. 79 – regulamenta a realização de reuniões eassembleias de sócios à distância

[15.04.2020]

Restou estabelecido, inclusive, que o boletim de voto a distância deverá ser enviado ao sócio na data dapublicação da primeira convocação para a reunião ou assembleia semipresencial ou digital a que se refere, edeve ser devolvido à sociedade no mínimo 5 (cinco) dias antes da data da realização do conclave. Por sua vez,a sociedade, em até 2 (dois) dias do recebimento do boletim de voto a distância, deverá comunicar: (i) orecebimento do boletim de voto a distância, bem como que o boletim e eventuais documentos que oacompanham são suficientes para que o voto do acionista, sócio ou associado seja considerado válido; ou (ii) anecessidade de retificação ou reenvio do boletim de voto a distância ou dos documentos que o acompanham,descrevendo os procedimentos e prazos necessários à regularização. Referida retificação a ser procedida pelosócio deverá observar o prazo mínimo de 5 (cinco) dias previsto anteriormente.

Caso o sócio deseje se fazer presente à reunião ou assembleia semipresencial ou digital e exercer seu direitode participação e votação durante o conclave, esclarece o §3º do art. 9º que eventual envio de boletim nãoservirá como impeditivo e deverá então ser desconsiderado.

Por fim, para fins de registro da respectiva ata, é necessário que esteja discriminado no documento o modeloadotado para realização da reunião e/ou assembleia, informando-se, outrossim, a forma pela qual forampermitidos a participação e a votação a distância.

Na hipótese de ata digital, as assinaturas dos membros da mesa deverão ser feitas com certificado digitalemitido por entidade credenciada pela ICP-Brasil ou qualquer outro meio de comprovação da autoria eintegridade de documentos em forma eletrônica; devem ser assegurados meios para que possa ser impressaem papel, de forma legível e a qualquer momento, por quaisquer sócios; e o presidente ou secretário devedeclarar expressamente que atendeu a todos os requisitos para a sua realização, especialmente os previstosnesta Instrução Normativa.

Acerca das reuniões e/ou assembleias presenciais já convocadas e ainda não realizadas, em virtude dasrestrições decorrentes do COVID-19, assevera a instrução que, para que sejam realizadas de formasemipresencial ou digital, é necessário que todos os sócios se façam presentes, ou declarem expressamentesua concordância.

Finalmente, é patente inferir que a edição da norma é desejável, não só em um cenário de pandemia em quese objetiva o afastamento social, mas também como forma de atualização e desburocratização da rotinasocietária, de forma a facilitar a participação dos sócios nas decisões das sociedades.

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A equipe do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 e está à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.*Esse artigo tem a colaboração da sócia Mariana Monteiro P. Nogueira e da advogada Gabriela Zanatta Alves Pereira .

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Medida provisória nº 931/20 – alterações aplicáveis às sociedades

[31.03.2020]

Em 30.03.2020 foi publicado no Diário Oficial da União a Medida Provisória 931, que passou a valer a partir dasua publicação, estabelecendo algumas alterações a serem aplicadas às sociedades, extraordinariamente, emrazão da pandemia do Coronavírus, assim como introduziu algumas disposições às respectivas leis societárias:

SOCIEDADE ANÔNIMA:

• PRAZO AGO – As Assembleias Gerais Ordinárias (“AGO”) poderão ser realizadas excepcionalmente noprazo de até 7 meses, contados do término do seu exercício social.

• VOTO À DISTÂNCIA – Foram incluídos os parágrafos 1º e 2º no artigo 121 e parágrafo 2º e 2º A no artigo124, além de revogado o parágrafo único do artigo 121, possibilitando: nas companhias abertas e fechadasa participação e voto a distância nas assembleias gerais, nos termos, respectivamente, da regulamentaçãoda Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) e do Departamento Nacional de Registro Empresarial eIntegração da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério daEconomia, assim como a realização de assembleia em local distinto ao da sede da companhia, desde quedentro do município e indicado com clareza nos anúncios, podendo a CVM, nos casos de companhiasabertas, excepcionar a regra, inclusive autorizando a realização de assembleia digital.

• CONTRATOS AGO – Ficam sem efeito no exercício de 2020 as disposições contratuais que estabeleçam aexigência da realização da AGO em prazo inferior ao novo prazo estabelecido por esta MP931.

• PRAZO DE GESTÃO DOS ADMINISTRADORES – O prazo de gestão dos administradores, Conselho Fiscal ecomitês estatutários fica prorrogado até realização da AGO, ou Reunião do Conselho de Administração,conforme o caso, independentemente do prazo de seu mandato.

• DELIBERAÇÃO AD REFERENDUM –

• O Conselho de Administração (“CA”) poderá ad referendum da Assembleia Geral, deliberar assuntosurgentes de competência da assembleia geral;

• O CA, se houver, ou a Diretoria poderá declarar dividendos, até que a AGO seja realizada;

• AMPLITUDE DA APLICAÇÃO DA MP931 – As disposições acima aplicam-se às empresas públicas,sociedades de economia mista e suas subsidiárias.

• CVM – Durante o exercício de 2020 a Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) poderá prorrogar os prazosestabelecidos na Lei 6.404/76, para companhias abertas.

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SOCIEDADE LIMITADA:

PRAZO APROVAÇÃO DE CONTAS – A Assembleia/Reunião de Sócios (“A/R Sócios”) poderão ser realizadasexcepcionalmente no prazo de até 7 meses, contados do término do seu exercício social.

VOTO À DISTÂNCIA – Foi incluído o artigo 1.080-A na Lei 10.406/02 possibilitando a participação e voto àdistância do sócio em assembleia ou reunião de sócios.

CONTRATOS AGO – Ficam sem efeito no exercício de 2020 as disposições contratuais que estabeleçam aexigência da realização da A/R Sócios em prazo inferior ao novo prazo estabelecido por esta MP931.

PRAZO DE GESTÃO DOS ADMINISTRADORES – O prazo de gestão dos administradores e Conselho Fiscal ficaprorrogado até realização da A/R Sócios, independentemente do prazo de seu mandato.

SOCIEDADE COOPERATIVA E ENTIDADE DE REPRESENTAÇÃO DO COOPERATIVISMO:

PRAZO AGO – A sociedade cooperativa e a entidade de representação do cooperativismo poderão serrealizadas excepcionalmente no prazo de até 7 meses, contados do término do seu exercício social.

VOTO À DISTÂNCIA – Foi incluído o artigo 43-A na Lei 5.764/71 possibilitando a participação e voto à distânciado associado em assembleia ou reunião.

PRAZO DE GESTÃO DOS ADMINISTRADORES – O prazo de gestão dos administradores, Conselho Fiscal eoutros órgãos estatutários ficam prorrogados até realização da AGO, independentemente do prazo de seumandato.

JUNTAS COMERCIAIS:

• MEDIDAS APLICÁVEIS ENQUANTO DURAREM AS MEDIDAS RESTRITIVAS AO FUNCIONAMENTO:

• Atos sujeitos a arquivamento e assinados a partir de 16.02.2020, retroagirão os efeitos doarquivamento a partir da data em que a respectiva junta comercial restabelecer a prestação regulardos seus serviços.

• A exigência de arquivamento prévio de ato para a realização de emissões de valores mobiliários eoutros negócios jurídicos fica suspensa a partir de 01.03.2020 e o arquivamento deverá ser feito narespectiva junta comercial no prazo de 30 dias, contado da data em que a junta comercialrestabelecer a prestação regular dos seus serviços.

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A equipe do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 e está à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração da sócia Mariana Monteiro P. Nogueira

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Como ficam as fiscalizações administrativas durante o estado de calamidade pública, em razão do novo coronavírus COVID-19?[13.04.2020]

Diante do estado de calamidade pública reconhecido no Decreto Legislativo (DL) n.º 6/2020, em razão da COVID-19, foram editados pelo governo brasileiro alguns regramentos específicos sobre as medidas trabalhistas a serem adotadas ou possíveis de serem adotadas durante o atual cenário.

Dentre os novos regramentos apresentados pelo governo, foi publicada a Medida Provisória (MP) n.º 927/2020, a qual dispõe que no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar 22/03/2020 (data da publicação da referida MP), os Auditores Fiscais do Trabalho do Ministério da Economia (antigo Ministério do Trabalho e Emprego) atuarão de maneira orientadora, ou seja, sem que haja fiscalizações, autuações e imposições de multas.

Inclusive, em paralelo ao quanto regulamentado pela referida MP n.º 927/2020, o Ministério da Economia editou o Ofício Circular SEI n.º 893/2020/ME, dispondo que o atendimento ao público e eventuais prazos em curso estão suspensos, enquanto durar a vigência da suspensão do atendimento presencial[1].

Entretanto, acaso seja levado ao conhecimento do Ministério da Economia irregularidades nas empresas quanto (i) a falta de registro de empregado; (ii) a situações de grave e iminente risco; (iii) a ocorrência de acidente de trabalho fatal apurado por meio de procedimento fiscal de análise de acidente; e (iv) trabalho em condições análogas às de escravo ou trabalho infantil, poderá haver fiscalização, lavratura de autos de infração e imposição de multa administrativa.

Se não bastasse, alguns estados, como por exemplo, São Paulo, editaram Decreto prevendo a possibilidade de fiscalização por parte do Poder Público acerca do cumprimento da ordem de não funcionamento de empresas ou serviços públicos que não são considerados como essenciais. Em sendo verificado o descumprimento da ordem de não funcionamento, a Polícia Civil poderá ser acionada pelos Fiscais das subprefeituras do estado e o estabelecimento será fechado, sendo possível, em caso de reincidência, a cassação do alvará de funcionamento.

Além disso, importante ressaltar que o Ministério Público do Trabalho (MPT) continua trabalhando ativamente, inclusive no que se refere à fiscalização do cumprimento das normas de saúde e segurança do trabalho durante o atual estado de calamidade pública.

O MPT da região de Campinas/SP divulgou na semana passada que já recebeu mais de 490 (quatrocentas e noventa) denúncias sobre irregularidades trabalhistas relacionadas à COVID-19 e que, desde já, vem tentando solucionar os conflitos sem que haja a necessidade de ajuizamento de ações judiciais, com pedidos de obrigações de fazer ou não fazer e indenização por danos morais coletivos.

O ajuizamento de ações judiciais pelo MPT buscando a regularidade da atuação de determinada empresa bem como o recebimento de indenização por danos morais coletivos pode gerar um grande impacto financeiro na companhia, especialmente em razão do atual momento que não só o Brasil, como também todos os outros países estão vivenciando.

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Como ficam as fiscalizações administrativas durante o estado de calamidade pública, em razão do novo coronavírus COVID-19?[13.04.2020]

Portanto, considerando todo o exposto acima, é imprescindível o cumprimento dos regramentos trabalhistas editados antes e após a decretação do estado de calamidade pública, a fim de que sejam minimizados os riscos e prejuízos que eventualmente determinadas empresas possam vir a sofrer em razão da paralisação, ou não, de suas atividades empresariais.

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A equipe de Direito Trabalhista do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 e está à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração dos sócios Luis Fernando Riskalla, Vítor Rodrigues Novo, Luciana ArduinFonseca e da advogada Maria Cecília Guerra Lourenço.

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A Medida Provisória 936/2020 e os benefícios do vale refeição e vale alimentação na implantação emergencial de home office[03.04.2020]

Com o avanço da pandemia do COVID-19, as empresas foram obrigadas a adotar medidas alternativas detrabalho para dar continuidade às suas atividades. Para muitas, a opção pelo trabalho remoto, com a adoçãode home office ou teletrabalho, foi a única saída para não interromper suas atividades e rescindir contratos detrabalho, prejudicando ainda mais a economia neste momento sensível que o mundo está passando.

Com essa “nova modalidade” – para muitos empregados e empregadores – surgiram algumas dúvidas,principalmente no que diz respeito aos benefícios concedidos (alimentação e refeição) e a possibilidade desuspensão do respectivo pagamento, uma vez que o colaborador não estaria presente nas dependências daempresa.

Primeiramente, importante trazer o artigo 468 da CLT:

“Art. 468 – Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob

pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia”.

Tal artigo diz respeito ao “princípio da inalterabilidade contratual lesiva”. Ou seja, há a possibilidade dealteração, entretanto é fundamental que haja mútuo consentimento e desde que essa alteração não causeprejuízo ao empregado.

Assim, entende-se que: uma vez concedidos os vales refeição e alimentação (e, em alguns casos, a cestabásica), tal suspensão pode levar à interpretação de que houve uma alteração no contrato de trabalhoprejudicial ao funcionário, de acordo com supracitado artigo e, assim, ser invalidada na Justiça do Trabalho.

Além disso, de acordo com o artigo 6º da CLT, não há distinção entre o trabalho realizado na empresa ou emhome-office, levando ao entendimento de que os empregados possuem os mesmos direitos.

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Não menos importante, a Medida Provisória 936 de 01º de abril de 2020, que trata do ProgramaEmergencial de Manutenção do Emprego e da Renda e dispõe sobre medidas trabalhistas, em seu artigo 8º,estabelece que:

“Art. 8º Durante o estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º, o empregador poderá acordar a suspensão temporária do contrato de trabalho de seus empregados, pelo prazo máximo de sessenta dias,

que poderá ser fracionado em até dois períodos de trinta dias.

(…)

2º Durante o período de suspensão temporária do contrato, o empregado:

I – fará jus a todos os benefícios concedidos pelo empregador aos seus empregados;

(…)

4º Se durante o período de suspensão temporária do contrato de trabalho o empregado mantiver as atividades de trabalho, ainda que parcialmente, por meio de teletrabalho, trabalho remoto ou trabalho à

distância, ficará descaracterizada a suspensão temporária do contrato de trabalho.”

Portanto, uma vez que o vale-refeição e o vale-alimentação são benefícios previstos em convenção coletiva oufornecidos pelo empregador por meio de contrato individual com seu colaborador, o funcionário mesmo querealize seu trabalho em home office, de forma emergencial diante da pandemia pelo Coronavírus, deverárealizar pausa para refeição e descanso e, portanto, deverá continuar recebendo respectivos benefícios,inclusive porque serão mantidos mesmo com a suspensão do contrato de trabalho, conforme determina a MP936/2020.

Ou seja, caso o empregador entenda por suspender o pagamento do vale-refeição e vale-alimentação porforça do colaborador estar trabalhando em home office, e o empregado entendendo ter sido prejudicado,poderá futuramente pleitear tal direito judicialmente.

Sendo assim, a concessão do vale-refeição e vale-alimentação deve ser mantida enquanto perdurar otrabalho em home office, ou mesmo na necessidade de suspensão do contrato de trabalho, situação que foidevidamente ratificada pela edição e publicação da MP 936/2020.

A equipe de Direito Trabalhista do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 eestá à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração dos sócios Marcela Baccan Bianchin, Andreas Gueratto Klepp e Luciana ArduinFonseca.

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Impactos do Coronavírus nas relações de trabalho e emprego – Nova Medida Provisória n.º 936/2020, institui o programa emergencial de manutenção do emprego e da renda[02.04.2020]

Na última quarta-feira (01/04), o Presidente Jair Bolsonaro, assinou a Medida Provisória (MP) n.º 936/2020,que instituiu o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda e dispôs sobre medidastrabalhistas complementares, para enfrentamento do atual estado de calamidade pública, reconhecido peloDecreto Legislativo (DL) n.º 6/2020.

A instituição do referido Programa Emergencial tem como objetivo a preservação dos empregos e da renda, acontinuidade das atividades laborais e empresariais e a redução do impacto social decorrente dasconsequências do atual estado de calamidade pública e de emergência de saúde pública.

Por essas razões foram instituídas as seguintes medidas: (I) o pagamento de Benefício Emergencial dePreservação do Emprego e da Renda que será custeado pela União; (II) a redução proporcional de jornada detrabalho e de salários; e (III) a suspensão temporária do contrato de trabalho.

Tais medidas se aplicam a todas as empresas (observadas as limitações sobre o faturamento constante nareferida MP), com exceção às empresas públicas e sociedades de economia mista, inclusive às suassubsidiárias, aos organismos internacionais, à União, Estados e Municípios.

Para que o Benefício Emergencial de Preservação da Empresa e da Renda seja concedido aos trabalhadores, asempresas que optarem pela redução proporcional da jornada de trabalho e de salários ou pela suspensãotemporária do contrato, deverão comunicar o Ministério da Economia, no prazo de 10 (dez) dias, nos modos etermos que ainda serão definidos pelo Ministério da Economia, sob pena de arcarem com o pagamento daremuneração integral do empregado, com os respectivos encargos sociais, até que a informação sejaprestada.

Entretanto, em que pese a possibilidade de adoção de redução proporcional de jornada e de salários bemcomo a suspensão temporária do contrato de trabalho, algumas regras deverão ser observadas pelasempresas. O não atendimento às regras dispostas na MP acarretará na inscrição na Dívida Ativa da União(DAU) dos créditos constituídos em decorrência de Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e daRenda pago indevidamente ou além do devido.

No caso da redução proporcional de jornada e do salário, deverá ser preservado o valor do salário-hora detrabalho do empregado e o prazo máximo da duração de tal medida é de até 90 (noventa) dias.

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Vejamos abaixo tabela ilustrativa com os principais requisitos a serem preenchidos para o pagamento dobenefício emergencial e os valores a serem pagos a esse título pela União:

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*Além de receber mais de dois tetos do RGPS é preciso ter curso superior

Nos casos de celebração de acordo individual, a proposta de redução da jornada e de salário deverá serencaminhada ao empregado, com antecedência mínima de 2 (dois) dias corridos.

Além disso, as Convenções ou Acordos Coletivos de Trabalho (CCTs ou ACTs) poderão estabelecer percentuais deredução de jornada de trabalho e de salário diversos dos previstos na MP n.º 927/2020, entretanto, o BenefícioEmergencial de Preservação do Emprego e da Renda será pago em valores diversos aos citados na tabela acima.

Assim, concluímos que, na verdade, os empregados que percebem mais de R$3.135 (três mil cento e trinta ecinco reais) e menos de R$12.202,12 (doze mil duzentos e dois reais e doze centavos), devem estar amparadospela negociação coletiva, para terem suas jornadas reduzidas em 50% (cinquenta por cento) ou 70% (setenta porcento).

Já no caso de suspensão do contrato de trabalho, o prazo máximo permitido é de 60 (sessenta) dias, passível defracionamento em dois períodos de 30 (trinta) dias, além do que as empresas deverão manter todos os benefíciospagos ao empregado (ex.: convênio médico, vale alimentação, entre outros).

Durante o período de suspensão temporária do contrato de trabalho, o empregado não poderá, em hipótesealguma, executar, ainda que parcialmente, suas atividades laborais, sob pena de ser descaracterizada asuspensão, além do que a empresa estará sujeita a diversas penalidades, como por exemplo, ao pagamentoimediato da remuneração e dos encargos sociais referentes a todo o período da suspensão.

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Vejamos abaixo tabela ilustrativa com alguns requisitos a serem preenchidos para o pagamento do benefícioemergencial e os valores a serem custeados pela União:

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*Além de receber mais de dois tetos do RGPS é preciso ter curso superior

A ajuda compensatória de 30% (trinta) por cento a ser paga pelas empresas com receita bruta de mais de R$ 4.8milhões, não terá natureza salarial, não sendo, portanto, base de cálculo do imposto de renda retido na fonte ouda declaração de ajuste anual, INSS, FGTS ou qualquer outro tributo incidente na folha.

Ademais, ao empregado que receber o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda, seja emrazão da redução proporcional de jornada e salário, seja em razão da suspensão do contrato de trabalho, serágarantida a estabilidade provisória no emprego, durante o período de suspensão e pelo mesmo período após orestabelecimento do contrato de trabalho.

Por fim, as CCTs ou ACTs celebrados anteriormente ao início da vigência da MP nº 936/2020, poderão serrenegociados para adequação de seus termos, no prazo de 10 (dez) dias corridos, contado da data de publicaçãoda referida MP, ou seja, até 11/04/2020.

Além de todas as novidades citadas acima, a MP n.º 936/2020, trouxe diversos outros regramentos, como porexemplo, nos casos de pedido de demissão ou dispensa sem justa causa e pagamento de benefício emergencialaos empregados que possuem contrato de trabalho intermitente.

Seja como for, reiteramos que a negociação coletiva, para esses e outros casos, se mostra a via mais segura paraque as empresas possam estabelecer meios de enfrentamento da crise causada pelo COVID-19.

O Leite, Tosto e Barros possui equipe especializada em negociações trabalhistas individuais e coletivas (sindicais),apta a auxiliar seus clientes e encontrar a forma mais segura e com menor impacto financeiro para oenfrentamento do atual cenário de calamidade pública.

*Esse boletim teve colaboração dos sócios Luis Fernando Riskalla, Vítor Rodrigues Novo, Luciana Arduin Fonseca eda advogada Maria Cecília Guerra Lourenço.

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Fiscalizações e autuações por parte dos fiscais do trabalho do ministério da economia[31.03.2020]

Diante da situação de calamidade decretada em razão Coronavírus (COVID-19), até o dia 18/09/2020, osAuditores Fiscais do Trabalho do Ministério da Economia somente poderão atuar de forma orientadora, comexceção das seguintes irregularidades:

– Falta de registro de empregados, em razão de denúncias;

– Situações de grave e iminente risco;

– Ocorrência de acidente do trabalho fatal; e

– Trabalho em condições análogas ao trabalho escravo ou infantil.

Durante este período, também estarão suspensos os prazos processuais para apresentação de defesas erecursos administrativos em face das autuações deste órgão.

Tais disposições foram trazidas pela Medida Provisória n.º 927/2020 e o Leite, Tosto e Barros possui equipetrabalhista especializada apta à auxiliar e orientar as empresas em caso de fiscalização e autuação trabalhistaspor parte do Ministério da Economia.

A equipe de Direito Trabalhista do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 eestá à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração dos sócios Luciana Ardin Fonseca, Luis Fernando Riskalla e Vítor RodriguesNovo.

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Impactos do Coronavírus nas relações de trabalho e emprego – possível dispensa de apresentação de atestado médico por COVID-19[31.03.2020]

No dia 26/03/2020, a Câmara Federal aprovou Projeto de Lei (PL 702/2020) que possibilita a nãoapresentação de atestado médico por parte dos empregados em razão da COVID-19, por 7 (sete) dias, desdeque o empregador seja notificado imediatamente ao afastamento..

A partir do oitavo dia, o trabalhador deverá apresentar atestado médico, documento de unidade de saúde doSistema Único de Saúde (SUS) ou documento eletronico regulamentado pelo Ministério da Saúde.

O PL ainda está pendente de votação no Senado Federal.

No mesmo sentido, o Ministério Público do Trabalho (MPT) também se posicionou, por meio daRecomendação n.º 1 – PGT/GT COVID-19, orientando que os empregadores aceitem a autodeclaração dosempegados “a respeito do seu estado de saúde, relativamente à presença de sintomas do COVID 19,apresentada por escrito (e-mail, mensagem digital ou qualquer outro meio), e permitam/promovam oafastamento do local de trabalho, como medida de prevenção da saúde pública”.

Como o PL ainda não foi efetivamente aprovado e a recomendação do MPT não gera nenhuma obrigação legalas empresas, recomendamos a análise do tema com cautela, sendo certo que o Leite, Tosto e Barros possuiequipe trabalhista especializada apta a auxiliar e orientar as empresas a tomarem as melhores decisões emrelação ao assunto acima.

A equipe de Direito Trabalhista do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 eestá à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração dos sócios Luciana Ardin Fonseca, Luis Fernando Riskalla e Vítor RodriguesNovo.

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Impactos do novo Coronavírus nas relações de trabalho e emprego – MP 927/2020[23.03.2020]

Com o intuito de reduzir os impactos já causados e os que ainda podem ser causados pelo Coronavírus(COVID-19), o Governo Federal publicou, no dia 22/03/2020, a Medida Provisória (MP) n.º 927/2020,destinada a flexibilizar e assegurar as relações de trabalho e emprego entre empregadores e empregados.

A MP, resumidamente, dispõe que empregado e empregador poderão celebrar acordo individual escrito, a fimde garantir a relação de trabalho, nos limites da Constituição Federal, podendo ser adotadas as seguintesmedidas: (i) teletrabalho (home office); (ii) antecipação de férias individuais; (iii) antecipação de fériascoletivas; (iv) aproveitamento e antecipação de feriados; (v) banco de horas; (vi) suspensão de exigênciasadministrativas em segurança e saúde do trabalho; (vii) direcionamento do trabalhador para qualificação, pormeio de suspensão do contrato de trabalho (item que deve ser revogado); e (viii) diferimento dorecolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Dentre os itens propostos, destacamos alguns que nos chamaram a atenção.

A alteração da jornada de trabalho para o regime de teletrabalho (home office) pode gerar menor prejuízo,tanto ao empregado como ao empregador, no momento de calamidade instaurado. A MP permitiu a alteraçãopara referido regime com menor burocracia e formalidade, podendo ser restaurado o regime presencial aotérmino da situação. Destacamos nesse ponto, que para os empregados colocados de home office por contada MP, não haverá o controle de jornada enquanto perdurar referido período.

A respeito da concessão de férias, de acordo com a MP, vislumbramos ser possível o pagamento do adicionalde um terço de férias após a sua concessão e até a data em que é devido o pagamento do 13º salário.

Outro ponto de destaque e, talvez, o de maior relevância, se trata da suspensão do contrato de trabalho poraté 4 (quatro) meses. Todavia, ao que tudo indica, a parte da MP que dispõe sobre o assunto seria revogadapelo Presidente Jair Bolsonaro.

Tal suspensão seria possível mediante ao oferecimento de curso ou programa de qualificação profissional nãopresencial (EAD – ensino à distância) pelo empregador, com duração equivalente à suspensão contratual.Durante tal período, o empregado poderia fornecer ao empregado ajuda de custo compensatória mensal, semnatureza salarial, com valor livremente estipulado entre as partes, por meio de acordo individual, ponto este,alvo de muitos ataques.

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Além disso, constou expressamente no texto que não haveria concessão de bolsa-qualificação, por parte doGoverno, prevista no artigo 476-A, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).Tal MP, ainda, dispõe sobre a suspensão da exigibilidade do recolhimento do FGTS pelos empregadores,referente às competências de março, abril e maio de 2020, com vencimentos nos respectivos mesessubsequentes.

A MP tem validade imediata, mas precisa ser confirmada em até 120 (cento e vinte) dias pelo CongressoNacional.

Nesse sentido, embora nos quedemos a concluir que tal pacote, sem sombra de dúvidas, visa preservar oemprego no País, destacamos que as empresas devem avaliar com bastante cautela a sua utilização, a fim dese evitar prejuízos futuros junto à Justiça do Trabalho, lembrando que, atualmente, é vigente o Princípio deProteção ao Trabalhador e o da Irredutibilidade Salarial.

Destacamos que, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Associação Nacional dos Magistrados da Justiçado Trabalho (Anamatra) já se pronunciaram com notas de repúdio à referida MP.

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A equipe do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 e está à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração dos sócios Vitor Rodrigues Novo, Luis Fernando Riskalla e Luciana ArduinFonseca.

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Medidas Provisórias n.º927/2020 e 928/2020 – pandemia COVID-19

[23.03.2020]

Em virtude do atual estado de calamidade pública declarado pelo governo brasileiro, que culminou em

medidas protetivas de isolamento social que acabou por influenciar as atividades econômicas das empresas,

foi editada em 22 de março do ano corrente a Medida Provisória n.º 927/2020, posteriormente alterada em

23 de março pela Medida Provisória n.º 928/2020, implementando as medidas trabalhistas para

enfrentamento do estado de calamidade pública e da emergência de saúde pública decorrentes da pandemia

do Coronavírus (COVID-19).

Além dos empregados regidos pela CLT, a MP 927/2020 também se aplica a:

• empregado terceirizado (Lei 6.019/1974)

• trabalhador temporário (Lei 6.019/1974)

• empregado rural (Lei 5.889/1973)

• empregado doméstico, no que couber, em assuntos como jornada, banco de horas e férias (LC 150/2015)

A Medida Provisória 927/2020 irá tramitar perante o Congresso Nacional, podendo ser convertida em lei,

rejeitada ou, ainda, não ser apreciada dentro do prazo, perdendo a sua eficácia.

Este informativo tem um caráter meramente elucidativo com os principais aspectos abrangidos pela Medida

Provisória 927/2020, sendo certo que, ante a eficácia da norma, seu tratamento pelo judiciário e

compatibilidade com as previsões legais e constitucionais já vigentes, é indispensável a consulta mediante a

análise da situação da empresa, até mesmo para conhecimento dos riscos inerentes a adoção das medidas.

Realizaremos aqui uma breve análise acerca das medidas previstas nas Medidas Provisórias publicadas,

realizando um comparativo com as disposições já presentes na CLT.

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Enumerando as medidas consagradas pelas Medidas Provisórias, temos as seguintes opções:

a. o home office (teletrabalho);

b. a antecipação de férias individuais;

c. a concessão de férias coletivas;

d. o aproveitamento e a antecipação de feriados;

e. o banco de horas;

f. a suspensão de exigências administrativas em segurança e saúde no trabalho;

g. o direcionamento do trabalhador para qualificação e suspensão do contrato de trabalho; e

h. o adiamento do recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS.

Home office – Teletrabalho (artigos 4º e 5º)

Nesta hipótese, houve a flexibilização das formalidades para adoção do regime de trabalho previsto no artigo75-A e seguintes da CLT, regulamentado desde a Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017).

Requisitos da CLT:

• Mútuo acordo para que seja alterado o regime presencial para o teletrabalho;

• Prazo de 15 (quinze) dias para adaptação;

• Necessidade de aditivo contratual escrito.

Requisitos da MP:

• Alteração de forma unilateral pelo empregador;

• Dispensado período de adaptação;

• Dispensado aditivo contratual no ato de alteração do regime;

• Reembolso de despesas e custos poderão ser estabelecidas no prazo de 30 dias após a alteração doregime;

• Possibilidade de adoção do regime para estagiários e aprendizes.

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Antecipação das férias individuais (artigos 6º a 10)

Este é o caso com a maior flexibilização das formalidades, facilitando a determinação de gozo imediato doperíodo antes mesmo do atingimento do período aquisitivo, alterando os artigos 136 e 145 da CLT.

Requisitos da CLT:

• Concessão somente após período aquisitivo de 12 meses;

• Notificação das férias por escrito, com antecedência de 30 dias;

• Pagamento das férias com 2 dias de antecedência do seu início;

• Empregado pode optar pela conversão de 1/3 das férias (10 dias) em abono pecuniário.

Requisitos da MP:

• Não precisa atingir o período aquisitivo para concessão;

• Notificação das férias por escrito (ou meio eletronico), com antecedência de 48 horas;

• Pagamento após o 5º dia útil do mês subsequente ao início das férias;

• Facultado ao empregador aceitar o pedido do empregado quanto a conversão de 1/3 (10 dias) de férias emabono pecuniário;

• Facultado ao empregador pagar o adicional do terço constitucional das férias após a sua concessão até opagamento do 13º salário.

Ainda, foi prevista a suspensão das férias e licenças não remuneradas dos profissionais da saúde,preferencialmente com antecedência de 48 horas.

Concessão de férias coletivas (artigos 11 e 12)

Neste caso, também já existe previsão no artigo 139 da CLT para determinados estabelecimentos ou setoresda empresa, assim como sua totalidade, havendo alteração sensível no prazo e autorizações.

Requisitos da CLT:

• Obrigação de comunicar o órgão competente do Ministério da Economia, sindicato e empregados comantecedência mínima de 15 dias;

• Poderão ser gozadas em 2 períodos anuais não inferiores a 10 dias corridos.

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Requisitos da MP:

• Notificação apenas dos empregados com antecedência mínima de 48 horas;

• Não se aplicam os limites de períodos anuais e de dias corridos.

Aproveitamento e antecipação de feriados (artigo 13)

Não há correspondência na CLT, podendo os feriados não religiosos serem antecipados mediante notificaçãoprévia de 48 horas, e os feriados religiosos com a concordância do empregado por meio de acordo individualescrito.

Nestes casos, os feriados poderão ser utilizados para compensação do saldo em banco de horas.

Banco de horas (artigo 14)

Das medidas implementadas, esta talvez seja a com maior isenção econômica da empresa, possibilitando adiminuição da jornada de trabalho ou sua total interrupção, para posterior compensação.

Requisitos da CLT:

Compensação anual:

• Previsão em Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho.

Compensação semestral:

• Acordo individual escrito.

Compensação mensal:

• Acordo individual tácito.

Requisitos da MP:

• Compensação pode ser feita no prazo de até 18 meses;

• Dispensa do Acordo Individual, Convenção ou Acordo Coletivo, pode ser determinada unilateralmente pelaempresa.

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Suspensão de exigências administrativas em segurança e saúde no trabalho (artigos 15 a 17)

Durante o estado de calamidade pública, fica suspensa a obrigatoriedade de realização de exames médicosocupacionais com exceção dos demissionais (que só poderão ser dispensados caso já realizado exame anteriornos últimos cento e oitenta dias), que deverão ser regularizados após 60 dias do encerramento da calamidade,bem como os treinamentos previstos nas Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança do Trabalho, quedeverão ser ministrados após 90 dias.

Direcionamento do trabalhador para qualificação e suspensão do contrato (artigo 18 – REVOGADO)

Apesar de revogado tal artigo, ainda muito se especula sobre a edição de nova Medida Provisória com a suaregulamentação de maneira a apresentar uma contrapartida para o empregado.

Diferimento do recolhimento do FGTS (artigos 19 a 25)

Suspensa a exigibilidade de recolhimento do FGTS apenas para as competências de março, abril e maio de2020, cujo valor poderá ser parcelado em até 6 vezes a partir do mês de julho, sem a incidência deatualização, multa e encargos, necessitando da declaração até 20 de junho de 2020, sob pena de ser aempresa constituída em mora.

A equipe trabalhista do Leite, Tosto e Barros Advogados permanece acompanhando os impactos do COVID-19e está à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo possui colaboração do Advogado Carlos Alexandre Aires Elldrikwer e da sócia Luciana ArduinFonseca

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A substituição do depósito recursal por apólice de seguro garantia como

medida econômica de emergência para enfrentamento da crise causada

pelo COVID-19

[31.03.2020]

Como é de conhecimento notório, em virtude da atual crise que se alastra no país e no mundo e que ainda

não temos previsão certa dos impactos, toda a sociedade e órgãos estatais estão em busca de propiciar

movimentação financeira de maneira segura a fim de minimizar o déficit econômico que ocorrerá na maioria

das frentes profissionais do Brasil.

Diante disso, recente decisão proferida pelo plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), trouxe maior

segurança jurídica em relação a adoção do Seguro Garantia em substituição ao Depósito Recursal para

interposição de recursos perante a Justiça do Trabalho, possibilidade esta que surgiu com o advento da Lei

13.467/2017, hipótese bastante utilizada de modo pioneiro desde a aprovação destas alterações

legislativas, que inclusive foi objeto do Boletim do Leite, Tosto e Barros Advogados Associados, em

informativo jurídico publicado em nosso site em janeiro de 2019, em que defendemos a utilização do

instituto e a economia gerada para as empresas por não deixar ativo imobilizado e com rendimentos irrisórios

se comparados ao crescimento da dívida trabalhista.

Não bastante, editado Ato Conjunto n.º 1 de 2019, pelo TST/CSJT/CGJT, que em um de seus artigos previu o

impedimento à substituição do depósito recursal por meio de apólice de seguro, acabou, contudo, a

estabelecer diretrizes que permitiram uma maior segurança jurídica a aceitação da referida modalidade de

garantia de condenação no âmbito da justiça laboral, sendo que, como já adiantado, o artigo mencionado foi

considerado ineficaz pela maioria da composição plenária do CNJ.

Mas afinal, em que isso influencia e pode ser benéfico para a grande maioria das empresas nesse tempo depandemia?

Sabidamente, como é usualmente discutido entre os departamentos jurídicos e financeiros das grandesempresas, a busca de uma reforma de decisão perante o judiciário trabalhista a fim de minimizar os impactosmonetários provenientes de um processo distribuído por um empregado acaba por demandar um grandecusto, tendo em vista que para levar a discussão aos Tribunais Regionais o custo do recurso pode chegar à R$9.828,51 e para o Tribunal Superior do Trabalho (TST) ao patamar de R$ 19.657,02, além de medidasintermediárias que podem corresponder a metade de tais valores só para dar seguimento ao recurso que nãofora analisado, isso se a matéria debatida não for passível de um recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF),após todos os recursos cabíveis no âmbito do TST, gerando a indisponibilidade de um grande montante devalores que ficam depositados a disposição do Judiciário, sofrendo um correção monetária módica.

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Importante ressaltar que, ainda que o depósito recursal figure com um “adiantamento” do que a empresa

deveria arcar posteriormente com o pagamento da condenação caso não se consiga nenhuma reversão, o

valor fica retido na justiça até o término do processo, o que pode se delongar por anos, causando

inevitavelmente um impedimento de que o montante gasto seja investido em algo que gere um retorno

econômico para a companhia, ou minimize as perdas da empresa em momentos de crise como a que

sofremos hoje.

Então, se sua empresa tem processos distribuídos contra ela antes de 11 de novembro de 2017, muito

provavelmente, em cada processo há no mínimo dez mil reais que estão congelados em contas judiciais, sem

ser destinado a qualquer fundo para investimentos do governo, para auxílio dos trabalhadores, e muito menos

para que seja utilizado de forma diversa pela empresa.

Se for considerado que a empresa ainda recolha o preparo por meio de depósito judicial após cada decisão

que lhe for desfavorável em reclamação trabalhista em que figure como ré, a depender do volume de ações, o

montante indisponível e sem previsão de estorno ou até mesmo dedução no pagamento da ação é

considerável, de maneira que, tal valor pode ser essencial para amortizar os custos com folha de pagamento e

fornecedores cuja suspensão do contrato não seja possível.

E como proceder para reaver os valores dispendidos com depósitos recursais realizados pela empresa?

Partindo dos pressupostos estabelecidos na CLT que equipara a apólice de seguro garantia ao dinheiro, poderá

a empresa solicitar a emissão de uma apólice para garantia dos valores devidos para cada modalidade de

recurso acrescendo-lhe 30% sobre o montante total, por intermédio de uma corretora de seguros que realize

a intermediação com uma Seguradora devidamente habilitada perante a SUSEP (Superintendência de Seguros

Privados), assim, no caso do Recurso Ordinário por exemplo, onde o valor é de R$ 9.828,51, a garantia seria

de R$ 12.777,06, com um período de vigência de 3 (três) anos, cuja renovação é automática enquanto

perdurar valor a ser quitado na ação.

O custo que a empresa teria, observando os diferentes valores a serem garantidos, flutua numa média de R$

400,00 para pagamento do prêmio da apólice, neste sentido, entendemos que seria bastante benéfico para a

empresa não dispor dos numerários necessários para a interposição de recursos, ou ainda, tentar a liberação

de valores já depositados para que possam ser utilizados como fundo de emergência durante um momento de

crise, como o que estamos vivendo atualmente.

Neste cenário de crise tentar buscar uma solução para que as empresas possam suportar este período seria

bastante benéfico, tendo inclusive sido sinalizado pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal para socorrer

as Companhias Aéreas que estão sendo bastante prejudicadas por conta da pandemia.

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Quanto tempo demora para que a empresa recupere estes valores?

Muito embora o judiciário também esteja adotando medidas para possibilitar o isolamento dos servidores,

não houve a suspensão total de suas atividades ante a adoção do trabalho em regime de home office até

mesmo pelos magistrados, de maneira a permitir, como vêm usualmente ocorrendo, a apreciação de petições

e publicação de decisões de forma regular, restando prejudicados apenas atos que não sejam compatíveis

com este modelo de serviço.

Pois bem, mesmo ante as intempéries da falta de expediente nos fóruns, a maioria dos tribunais emitiram atos

prevendo a prioridade quanto a liberação de valores, além de homologação de acordos, exatamente para que

haja movimentação financeira, convergindo com o entendimento do CNJ na decisão que revogou o artigo que

previa a impossibilidade de substituição dos depósitos recursais, de maneira a não privar as empresas de

contribuir com a movimentação economica no país.

Assim, entendemos que ante a recomendação dos Tribunais, e pela óbvia necessidade das empresas em obter

recursos para garantir aos seus empregados manter meios de subsistência enquanto não há a normalização

das suas atividades, o deferimento da substituição tende a ser muito breve, e a disponibilização dos valores

pode ocorrer por meio de transferência direta para conta bancária de titularidade da companhia.

Portanto, como uma medida já estudada pelo escritório desde o advento da reforma trabalhista, mantemos

nossa recomendação pela sua adoção, e permanecemos a inteira disposição para que sejam efetivadas as

providências para recuperação do dinheiro em uma medida de alívio financeiro as reservas da empresa.

A equipe de Direito Trabalhista do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 eestá à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo possui colaboração do Advogado Carlos Alexandre Aires Elldrikwer e da sócia Luciana ArduinFonseca

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Boletim Trabalhista

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Boletim Público: A problemática nos conflitos entre normas da União, Estados e Munícipios sobre o COVID-19[14.04.2020]

Diariamente a União, os Estados e os Municípios, vem editando diversas normas com o objetivo de prevenir e/ou conter a disseminação do COVID-19, conforme amplamente noticiado.

Diante disso, é possível notar que algumas das medidas adotadas pelos Municípios e Estados acabam sendo mais rígidas do que aquelas adotadas pela União Federal e em algumas situações chegam a divergir do regramento geral.

A princípio, não há óbice para a criação de medidas preventivas pelos Municípios e Estados, que se adaptem às especificidades e necessidades daquelas regiões, uma vez que a Constituição Federal estabelece que a competência legislativa e administrativa em matéria de Saúde Pública e outras questões é concorrente a teor do disposto nos artigos 23, II, 24, XII c/c 30, I e II.

No entanto, o problema ocorre quando se verifica um conflito entre as normas federais e aquelas editadas por Municípios e/ou Estados.

Nestes casos, temos que a regra estabelecida pela norma federal deve prevalecer sobre as normas regionais, considerando o disposto nos parágrafos do art. 24 da Constituição Federal.

Em que pese a regra da prevalência da norma federal seja disposição expressa do Constituição, a sua aplicação muitas vezes não é automática e demanda intervenção judicial.

Isso porque, em algumas situações, Municípios as vezes mal assessorados acabam desconsiderando a regra, legislando e aplicando indevidamente normas contrárias às determinações gerais do Governo Federal, situação que, por sua vez, pode impactar as atividades de empresas de forma irregular.

Não são raras as situações em que normas municipais e/ou estaduais acabam por determinar, por exemplo, o fechamento de empresas que realizam atividades declaradas essenciais pelo Governo Federal, ou ainda, aplicam penalidades em situações em que a Lei Federal expressamente as afasta.

Para evitar esse impacto negativo e injusto se faz necessária a adoção de medidas judiciais para se afastar, liminarmente, a aplicação dos atos normativos que estão em dissonância com as normais gerais estabelecidas pela União Federal.

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Boletim Público

A equipe do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 e está à disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração de Eduardo Nobre, Fillipe Lambalot, Paula Padilha Cabral e Thaina Cervi.

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Os contratos públicos em um cenário de pandemia e isolamento populacional[30.03.2020]

Em tempos de incertezas trazidas pelo receio da propagação do COVID-19, nos quais as medidasgovernamentais ainda não foram estabelecidas ou uniformizadas, a única certeza que se pode conferir aoparceiro privado contratado pela Administração Pública é a garantia de seu direito ao reequilíbrio econômicofinanceiro do contrato, seja por força de lei, seja em atendimento às disposições contratuais.

O princípio da manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato é basilar no direito administrativoe previsto na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, inciso XXI[1], que busca privilegiar justamente osentido colaborativo dos contratos firmados entre ente público e ente privado.

Consoante leciona o Ministro Celso Antônio Bandeira de Mello, “a índole deste tipo de relações entre aAdministração e particular assenta no respeito mútuo de interesses. Pretende-se encarecer que se trata devínculo – segundo doutrina dominante na atualidade – no chamado contratante privado é havido comocolaborador da Administração […]” [2]

Nesse sentido, a manutenção da equação econômico-financeira demanda que o resultado financeiro esperadopelo contratado quando da apresentação de sua proposta deverá ser mantido, nos mesmos termos iniciais, aolongo de toda a execução contratual.

A manutenção das condições efetivas da proposta implica na obrigatoriedade da preservação do equilíbrioentre os encargos do contratado e a remuneração percebida pelo contratado, assumidos ao tempo dacelebração do enlace administrativo após licitação pública. Nos termos da Lei de Licitações, majoritariamenteaplicável aos contratos administrativos típicos, a equação econômico-financeira inicial da avença deveperdurar durante a execução do objeto mesmo em face de futuras mutações do contrato, sob pena dereequilíbrio.

O particular contratado não pode suportar o ônus de eventuais alterações de cenários que fogem à suaexpertise e controle, como alterações legislativas que recentemente vêm restringindo a circulação de pessoaspor todo o território nacional.

A Proposta Comercial formatada por qualquer licitante, em especial nas contratações por preços unitários, éfruto de uma criteriosa análise quanto aos quantitativos; custos de execução; maquinários; mão de obranecessária; encargos e correspondentes BDIs inerentes a cada um dos itens que integram a totalidade dosserviços licitados, visto que tais valores decorrem diretamente do objeto contratado.

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Boletim Público

A equipe do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 e está à disposiçãopara auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração da sócia Paula Padilha Cabral e da Advogada Natalia Muniz de Melo.

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Então, o que os contratados pelo Poder Público podem esperar diante da brusca queda na demanda e naprestação de serviços? Há certeza na possibilidade jurídica do reequilíbrio contratual, mas quais osmecanismos adequados para tanto?

Por exemplo, nos contratos administrativos típicos, regidos pela Lei n° 8.666/1993, ao contratado cabem arcarcom os riscos da chamada álea ordinária, isto é, riscos típicos do exercício da atividade empresarial. Já os riscosreferentes à álea extraordinária, como é o caso da pandemia do COVID-19, cabem ao Poder Público. Fosse deoutro modo, não haveria, para os particulares, qualquer interesse em contratar com a Administração.

Já nos contratos de Parcerias Público-Privadas, a disciplina do equilíbrio econômico-financeiro deve partir damatriz de riscos formulada para aquele projeto específico, tendo em vista que essa forma de contrataçãoafasta a típica teoria das áleas, aplicável aos contratos de concessão comum, e àqueles regidosmajoritariamente pela Lei nº 8.666 de 1993.

Com o atual cenário de calamidade pública decorrente da crescente propagação do COVID-19, no qual arestrição da circulação de pessoas impacta diretamente no faturamento com a prestação de serviços, tem-seuma situação de força de força maior como fato gerador do desequilíbrio, o que ensejará a revisão contratualtão logo compreendida a extensão do desequilíbrio.

Os mecanismos de reequilíbrio econômico financeiro destinam-se a restabelecer o balanceamento entre osônus e os benefícios originalmente pactuados no contrato, diante da ocorrência de determinados eventos quetenham ensejado o seu desequilíbrio ao longo da concessão, podendo ser pleiteado por ambas as partes,diante da alocação racional de riscos estabelecida na matriz do contrato de concessão, podendo taldesequilíbrio advir de impactos econômico-financeiros originários de eventos cuja possibilidade de ocorrênciaestava prevista no contrato, ou de eventos que se fizeram necessários durante o longo período de vida docontrato para fazer frente à introdução de novas obras e serviços.

Para a melhor compreensão acerca do reequilíbrio contratual, cumpre destacar que o reajuste dos valorescontratuais — tarifa e contraprestação pecuniária, quando o caso — é um mecanismo de proteção doequilíbrio que não se confunde com a revisão ou repactuação dos contratos, visto que, como mera forma derecomposição do poder aquisitivo real da moeda, o reajuste deve ser baseado em índices e fórmulasmatemáticas que possibilitem a atualização dos valores de forma automática, aplicada sem necessidade dehomologação pelo Poder Concedente.

Por outro ângulo, a revisão é um dos mecanismos de reequilíbrio econômico financeiro que se destinam arestabelecer o balanceamento entre os ônus e os benefícios originalmente pactuados no contrato, sendonecessária quando eventos excepcionais provocam uma alteração em um ou ambos os lados da equaçãoeconômico-financeira.

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Boletim Público

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O quadro abaixo ilustra como o fato gerador do desequilíbrio é o ponto central para a definição do mecanismode reestabelecimento da equação econômico-financeira nos contratos de parcerias público-privadas:

A equipe de Direito Público do Leite, Tosto e Barros permanece acompanhando os impactos do COVID-19 e estáà disposição para auxiliá-los neste momento de pandemia.

*Esse artigo tem a colaboração da advogada Natalia Muniz de Melo.

[1] Art. 37, XXI da CRFB/88 – “ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras ealienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições atodos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condiçõesefetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificações técnica eeconômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.”

[2] MELLO, Celso Antônio Bandeira de, Curso de Direito Administrativo, 29ª ed., São Paulo: Malheiros, 2012, p.655.

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Boletim Público

Mecanismos de manutenção do equilíbrio contratual

Revisão / repactuação

Casos de rompimento da equação econômico-financeira

que derivem de eventos gravosos cuja responsabilidade

é prevista pela legislação ou pelo contrato, direta ou

indireta

Casos de novos investimentos

demandados ao longo da ida do contrato para fazer frente à

introdução de novas obras e serviços

reajuste

Automático a cada 12 meses

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