arbitramento da fiança

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Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe Gerada em 02/12/2014 14:38:46 2ª Vara Criminal de Socorro RUA MANOEL PASSOS, S/N Centro DECISÃO OU DESPACHO Dados do Processo Número 201488691062 Classe Comunicação de Flagrante Competência 2ª Vara Criminal de Socorro Ofício Único Situação JULGADO Distribuido Em: 02/12/2014 Local do Registro Distribuidor Des. Artur Oscar de Oliveira Deda Julgamento 02/12/2014 Dados da Parte Autoridade AUTORIDADE POLICIAL Pai: Mae: Indiciado JOSÉ HILTON VIEIRA DOS SANTOS Pai: José Vieira dos Santos Mae: Dulcineia Maria de Jesus 1. Processo nº 201488691062 2. Comunicação de Flagrante DECISÃO Vistos etc. O Delegado de Polícia Civil informou a este Juízo a prisão em flagrante de JOSÉ HILTON VIEIRA DOS SANTOSdevidamente qualificado nos autos, realizada em 2 de dezembro de 2014, cujo auto foi lavrado no mesmo dia, pela prática do crime previsto no artigo 16, parágrafo único, IV, da Lei 10.826/2003. Narram as peças informativas que policiais da PRF prenderam em flagrante, nas imediações da BR 235, KM 05, o indivíduo identificado como JOSÉ HILTON VIEIRA DOS SANTOS, este que conduzia um veículo VW/Voyage, placa OEM6296, portando no interior do veículo uma pistola PT 940, calibre .40, nº SDP13283 de uso restrito, bem como valores em dinheiro. Auto de apreensão de nº 02284/2014. Foram colhidos os depoimentos dos condutores e termo de declaração do indiciado. Constam das informações as advertências legais quanto aos direitos constitucionaisdo flagrado e nota de culpa, bem como comunicação à pessoa da família. Também constam dos autos de Comunicação de Flagrante cópia de expedientes encaminhadosao advogado constituído do indiciado, bem assim o presentante do Ministério Público. Pois bem. A prisão fora efetuada legalmente e na forma preconizada pelo art. 302 do Código de Processo Penal. Não existem, portanto, vícios formais ou materiais que venham a macular a peça, razão pela qual REPUTO VÁLIDO o auto de prisão em flagrante de JOSÉ HILTON VIEIRA DOS SANTOS. Com o advento da nova Lei 12.403/11, o sistema processual penal sofreu enormes mudanças, especialmente no que diz respeito a prisão cautelar. Dessa forma, tendo em vista que estes autos tratamse de auto de prisão em flagrante delito, tornase indispensável a análise acerca da necessidade da segregação cautelar diante do novo sistema legal.

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Page 1: Arbitramento da Fiança

 

Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe

Gerada em 02/12/201414:38:46

2ª Vara Criminal de SocorroRUA MANOEL PASSOS, S/N  Centro

DECISÃO OU DESPACHO 

 Dados do Processo 

Número201488691062

ClasseComunicação de Flagrante

Competência2ª Vara Criminal de Socorro

OfícioÚnico

SituaçãoJULGADO

Distribuido Em:02/12/2014

Local do RegistroDistribuidor Des. ArturOscar de Oliveira Deda

Julgamento02/12/2014

 

 Dados da Parte 

 Autoridade  AUTORIDADE POLICIALPai: Mae: 

  

 Indiciado  JOSÉ HILTON VIEIRA DOS SANTOSPai: José Vieira dos Santos Mae: Dulcineia Maria de Jesus

  

 

1.  Processo nº 201488691062

2.  Comunicação de Flagrante

 

DECISÃO

 

Vistos etc.

O  Delegado  de  Polícia  Civil  informou  a  este  Juízo  a  prisão  em  flagrante  de  JOSÉ  HILTON  VIEIRA  DOSSANTOSdevidamente qualificado nos autos, realizada em 2 de dezembro de 2014, cujo auto foi lavrado no mesmo dia, pela prática do crime  previstono artigo 16, parágrafo único, IV, da Lei 10.826/2003.

Narram  as  peças  informativas  que  policiais  da  PRF  prenderam  em  flagrante,  nas  imediações  da  BR  235,  KM  05,  o  indivíduo

identificado como JOSÉ HILTON VIEIRA DOS SANTOS, este que conduzia um veículo VW/Voyage, placa OEM6296, portando no interior do

veículo uma pistola PT 940, calibre .40, nº SDP13283 de uso restrito, bem como valores em dinheiro.

Auto de apreensão de nº 02284/2014.

Foram colhidos os depoimentos dos condutores e termo de declaração do indiciado.

Constam  das  informações  as  advertências  legais  quanto  aos  direitos  constitucionaisdo  flagrado  e  nota  de  culpa,  bem  comocomunicação à pessoa da família.

Também constam dos autos de Comunicação de Flagrante cópia de expedientes encaminhadosao advogado constituído do indiciado,

bem assim o presentante do Ministério Público.

Pois bem.

A prisão fora efetuada legalmente e na forma preconizada pelo art. 302 do Código de Processo Penal.

Não existem, portanto, vícios  formais ou materiais que venham a macular a peça,  razão pela qual REPUTO VÁLIDO o auto deprisão em flagrante de JOSÉ HILTON VIEIRA DOS SANTOS.

Com o advento da nova Lei 12.403/11, o  sistema processual penal  sofreu enormes mudanças, especialmente no que diz  respeito a

prisão cautelar. Dessa forma, tendo em vista que estes autos tratamse de auto de prisão em flagrante delito, tornase indispensável a análise acerca da

necessidade da segregação cautelar diante do novo sistema legal.

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Page 2: Arbitramento da Fiança

 

Diante  da  análise  acurada  dos  autos,  em  relação  ao  indiciado  JOSÉ  HILTON  VIEIRA  DOS  SANTOSpercebese  que  não  sevislumbram motivos para a manutenção da prisão deste, pelos fatos narrados no presente procedimento administrativo. Explico.

Vale destacar que princípio constitucional da presunção de inocência ou de não culpabilidade, insculpido no art. 5º, LVII, da CF/88,

transforma  a  prisão  provisória  em  medida  de  extrema  exceção,  só  justificável  ante  a  necessidade  de  acautelar  o  meio  social,  ou  o  processo,  de

prováveis prejuízos.

Tendose  em  vista  que  as  prisões  cautelares  são  lastreadas  em  provas  indiciárias,  ou  seja,  provas  fundadas  em  juízo  de

probabilidade, mister se faz a presença dos pressupostos quanto à materialidade e autoria do delito  fumus comissi delicti  e de qualquer das situaçõesque  justifiquem  o  perigo  em  manter  o  status  libertatis  do  indiciado    periculum  libertatis,  quais  sejam,garantia  de  aplicação  da  lei  penal,conveniência da instrução criminal, garantia da ordem pública ou econômica.

Inicialmente, no caso em análise, os indícios de materialidade e autoria do delito estão evidenciados pelo auto de prisão emflagrante, pelo auto de apreensão de fl. 6 (pistola PT 940, calibre .40, nº SDP13283 de uso restrito) e pelos depoimentos colhidos às fls. 4 e 5(fumus comissi delicti).

É  importante  destacar  que  no  sistema  processual  penal  moderno,  principalmente  depois  da  reforma  perpetrada  pela  Lei  nº

12.403/2011, foi ratificado o caráter excepcional da prisão cautelar, atribuindo caráter multicautelar, eis que surge as novas medidas cautelares diversas

da prisão no Código de Processo Penal.

Nesse  contexto,  verifico  que  não  há  como  impor medida  cautelar  de  prisão  preventiva  ao  indiciado,  eis  que  viola  o  princípio  da

proporcionalidade no tocante a atribuição de medida, nessa fase do processo, mais grave do que a que porventura possa advir em caso de condenação,

sem prejuízo da decretação de outras medidas cautelares, caso preenchidos os requisitos de lei.

Ademais, a Lei 12.403/2011, apresenta várias medidas cautelares diversas da prisão que podem se mostrar adequadas e suficientes.

Desta  forma,  o princípio da proporcionalidade possui  grande  relevância no  estudo das medidas  cautelares,  eis  que  será  ele  que vai

legitimar a atuação do Magistrado, na imposição de medida que se mostre adequada, necessária e suficiente, diante do caso concreto, a fim de buscar o

equilíbrio entre a máxima efetividade da medida e a menor restrição possível aos direitos do indivíduo.

Destaco  que  o  Indiciado  não  figura  como  réu  em  outros  processos  criminais,  conforme  consulta  realizada  no  sistema  de  controle

processual do TJ/SE.

Desta  feita,  sendo a prisão preventiva  a extrema rationo  atual  sistema processual  penal  brasileiro,  podendo,  ademais,  ser  revogadaou  substituída  por  outra  medida  cautelar,  diante  das  inovações  trazidas  pela  Lei  nº  12.403/11(arts.  282,  §§5º  e  6º  e  315,  CPP),  impende  seja

substituída  a  segregação  cautelar  por  medidas  mais  adequadas  e  necessárias  tanto  para  o  processo  quanto  atendendose  às  condições  pessoais  do

indiciado.

Desta forma, reputo necessária e adequada a concessão de liberdade provisória mediante fiança cumulada com as medidas cautelares

estampadas no art. 319, incisos I, IV e VIII, CPP.

Em relação à  fiança,  entendo como  razoável  a  fixação desta no  importe de 10  (dez)  saláriosmínimos,  com base nas  circunstâncias

pessoais  do  indiciado,  ocupante  de  mandado  eletivo  de  vereador,  bem  como  em  relação  a  quantidade  relevante  de  dinheiro  encontrada  no  veículo

VW/Voyage (R$ 6.600,00). Além disso,  afirma o  flagranteado  quenão  obstante  o  carro  ter  registro  em  nome  de  terceiro,  o  veículo  de  placa  recente

OEM6296, é seu (fl. 4)

Em  face  do  exposto  e,  sem  mais  delongas,  concedo  a  LIBERDADE  PROVISÓRIA  MEDIANTE  O  PAGAMENTO  DEFIANÇA,  em  favor  de  JOSÉ  HILTON  VIEIRA  DOS  SANTOS  que  ora  arbitro  no  valor  de  10  (dez)  saláriosmínimos,  correspondente  a  R$7.240,00  (sete  mil,  duzentos  e  quarenta  reais),  cumulada  às  medidas  cautelares  previstas  no  art.  319,  incisos  I  e  IV,  CPP,  quais  sejam,

comparecimento MENSAL em juízo para  informar  e  justificar  as  atividades  e proibição de ausentarse da Comarca  sem autorização  judicial,  sobpena de quebramento da fiança, nos termos do art. 327 e 328, CPP.

APÓS a comprovação do pagamento da fiança, EXPEÇASE ALVARÁ DE SOLTURA em favor de JOSÉ HILTON VIEIRADOS SANTOS, assim como os respectivos termos de comparecimento.

Comuniquese,  com  a  devida  urgência,  a  presente  decisão  à  Autoridade  Policial  para  cumprimento,  ao  indiciado  e  ao Ministério

Público, para ciência.

Intimações necessárias.

Nossa Senhora do Socorro/SE, 2 de dezembro de 2014.

 

ALÍCIO DE OLIVEIRA ROCHA JUNIOR

Juiz de Direito

 

 

 

Alício De Oliveira Rocha JúniorJuiz(a) de Direito

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