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Área de Competências-Chave
Cultura, Língua e Comunicação
RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Recursos de apoio ao desenvolvimento do processo de RVCC, nível secundário
Núcleo Gerador 4 – GESTÃO E ECONOMIA
DR1 – Tema: Orçamentos e Impostos
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NG 4 – GESTÃO E ECONOMIA
Tema 1: Orçamentos e Impostos
COMPETÊNCIA: Definir orçamentos familiares e preencher formulários de impostos
dominando terminologias e aplicando tecnologias que facilitam cálculos,
preenchimentos e envio.
Orçamento familiar
Na vida quotidiana torna-se necessário ajustar os nossos recursos às nossas despesas. Desse ajuste
resulta um orçamento individual ou familiar. Fazer um orçamento implica planificar as despesas, as
poupanças, o crédito e o rendimento. Os recursos são sempre escassos e dependem de fatores tão variados
como: a atividade que se exerce, as escolhas que se fazem, o facto de se trabalhar mais ou menos horas e até
de entradas hipotéticas como uma herança ou um empréstimo. As despesas implicam escolhas e prioridades
quer pessoais quer familiares, sendo que a compra de
um bem ou serviço implica renunciar a outros, agora ou
no futuro.
Naturalmente, os rendimentos são um
constrangimento dos gastos, que por sua vez são
influenciados por fatores como a publicidade, a moda,
as pressões do grupo de amigos, entre outros.
A análise dos orçamentos familiares pode ser
reveladora do consumo e da poupança das famílias. Nos
países em desenvolvimento a alimentação consome a
maior fatia do orçamento familiar, tal como acontece
com grupos sociais desfavorecidos mesmo em países
desenvolvidos.
In Henriques, Mendo e outros. (1199) Educação para a
Cidadania. Lisboa: Plátano Editora
Orçamento familiar: a necessidade de começar cedo a planear a vida
financeira
Um orçamento é o planeamento do dinheiro que se recebe e da forma como o mesmo é gasto. Como o
dinheiro é um bem limitado, é necessário planear bem a utilização deste recurso. Aliás, sem um orçamento é
difícil planear a poupança e determinar objetivos para o futuro.
Imagem disponível na Internet em: https://www.google.pt/search?q=or%C3%A7amento+familiar&espv=2&biw=1440&bih=775&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwivx5LRi6
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Fazer um orçamento implica tomar decisões. Sejam as de uma criança que tem que optar entre os cromos
e um jogo para a consola, sejam as de uma família quando tem que distribuir o dinheiro dos ordenados ou de
outros rendimentos pelas despesas normais
do mês ou sejam as de um empresário que
gere uma empresa e tem que decidir como
usar o dinheiro.
Fundamental é saber fazer contas e
apontar num bloco de notas, ou no
computador, as entradas e saídas regulares
de dinheiro. Para se fazer um orçamento
pode usar-se uma simples folha de papel,
uma folha de cálculo ou um software mais
sofisticado.
Receitas: Um orçamento começa pelo
lado positivo, as entradas de dinheiro. Se,
numa família, as receitas são o dinheiro que
se ganha com o trabalho, a reforma ou através de rendas ou investimento, para os mais jovens é a mesada
que representa as receitas.
Mas há mais receitas: presentes em dinheiro oferecidos nos aniversários, nas festividades ou fora delas, e
tarefas para ajudar vizinhos e amigos que valem algum dinheiro são igualmente receitas. A ideia é projetar o
futuro das receitas no período temporal de um mês.
Despesas: Numa idade mais jovem, as despesas poderão estar associadas a doces, brinquedos mais ou
menos dispendiosos, presentes para os aniversários dos amigos ou viagens de férias. E, por que não começar
já a preparar a universidade, uma viagem especial, a carta de condução ou a compra de um automóvel? Não
faltam objetivos para se fazer um orçamento. O importante é que as receitas sejam superiores às despesas e
que pelo menos uma parte (a rondar os 10%) tenha como destino a poupança.
Essencial ou supérfluo: o valor disponível para as despesas tem ainda que ser visto de um ponto de vista
que permita perceber se o que se pretende é uma necessidade essencial ou um desejo supérfluo. O
pequeno-almoço é uma necessidade. Uma consola é um desejo. Não se pode deixar de tomar o pequeno-
almoço para comprar uma consola, correndo o risco de não se ter energia para usufruir do jogo.
In Educação e Formação. Como fazer o primeiro orçamento. Disponível na Internet em: http://ei.montepio.pt/tema-o-primeiro-orcamento/
Orçamento Familiar: consumismo e poupança
A atividade económica resulta de um conjunto de
funções desempenhadas pelos diversos agentes
económicos. Conhecer essas funções e a forma como
interagem é um dos objetivos da economia.
As famílias surgem como um dos principais agentes,
visto que essa função consumir - é inerente a todos
nós.
O consumo é, muitas vezes, referido como um
indicador de bem-estar de uma população. Todavia,
conhecer a sua estrutura é fundamental, pois o facto de
uma família gastar 20% ou 50% do seu rendimento na
Imagem disponível na Internet em: https://blog.mobills.com.br/2015/12/aprenda-a-organizar-o-orcamento-domestico-em-4-etapas/
Imagem disponível na Internet em: http://asdicasdaba.blogs.sapo.pt/42353.html
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satisfação de necessidades não essenciais é indicador de níveis de bem-estar diferentes.
Hoje em dia, é necessário poupar para poder consumir, uma vez que gastos excessivos podem trazer
alguns problemas financeiros.
Cada indivíduo ou família decide, em cada
momento, como dividir o seu rendimento
disponível entre consumo e poupança. Designamos
por consumo a despesa em bens e serviços com
vista à satisfação de necessidades e desejos.
Podem ser necessidades básicas, como
alimentação, vestuário e habitação; ou desejos
associados ao consumo de bens de luxo, como
férias num país exótico. A poupança é a diferença
entre o rendimento disponível e a despesa em
bens de consumo, sendo igual à variação da
riqueza do indivíduo ou da família. A decisão entre
consumo e poupança é, em última análise, uma decisão entre consumo no presente e consumo no futuro.
Existem por isso algumas medidas de poupança que devem ser tidas em conta:
Quando se vai ao supermercado deve levar-se dinheiro certo, assim não há tentação de trazer bens
desnecessários.
Não ir aos supermercado com a barriga vazia, pois a tentação de trazer bolachas, chocolates e outras
doçarias é bastante maior.
Não ter cartão de crédito, assim evita-se as dívidas e os gastos excessivos.
Poupar água, luz, gás, etc.
Existem inúmeras ferramentas online para a elaboração de um orçamento familiar. Aqui poderá encontrar
um modelo e, uma vez adaptado à sua situação concreta, utilizá-lo para realizar o seu orçamento familiar
mensal / anual.
In Henriques, Mendo e outros. (1199) Educação para a Cidadania. Lisboa: Plátano Editora
Crédito são, consumo e endividamento das famílias
O recurso ao crédito é, atualmente, algo que se vulgarizou nas economias de mercado em particular nos
países desenvolvidos. Mas este mecanismo deve ser
utilizado com cautela.
Antes de recorrer ao crédito uma pessoa, ou
família, responsável deve refletir nos seguintes
aspetos:
- É essencial percebe se existe alguma
vantagem/urgência em antecipar o consumo ao
invés de esperar pela poupança necessária;
- É fundamental perceber se a despesa em questão
está adaptada ao orçamento pessoal ou familiar;
- É preciso determinar a capacidade de reembolso
da pessoa da ou família (elabora o orçamento
anual; avaliar qual o montante da poupança que é
Imagem disponível na Internet em: http://investidor.pt/importancia-de-um-orcamento-para-as-financas-pessoais/
Imagem disponível na Internet em: http://acieg.com.br/endividamento-dos-brasileiros-bate-novo-
recorde-e-chega-a-4510-em-julho/
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necessário gerar; avaliar o impacto da prestação no orçamento por forma a determina a prestação
máxima admissível);
- É necessário obter informação sobe as diferentes formas de crédito disponíveis, nomeadamente os
custos das mesmas e compara as propostas de varias instituições de forma a escolher melhor.
Entende-se por endividamento o saldo devedor de um agregado familiar. Pode resultar apenas de uma
dívida ou de mais do que uma em simultâneo, utilizando-se, neste caso, a expressão multiendividamento.
O conceito de endividamento dos particulares está normalmente associado aos compromissos de crédito,
nomeadamente crédito ao consumo (para aquisição de bens e serviços) e crédito à habitação, sendo este
último a principal fonte de endividamento das famílias
portuguesas.
Para além das fortes implicações económicas em termos
pessoais e familiares, e dos graves problemas psicológicos e
sociais que lhe estão associados, não nos podemos esquecer
dos efeitos do sobre-endividamento sobre o setor da
economia.
O aumento do endividamento tem sido constante ao longo
dos últimos anos, tendo subido de 106% do rendimento
disponível em 2003 para os atuais 138%. O valor da dívida total
dos particulares é já praticamente o mesmo do Produto Interno
Bruto de Portugal, quando em 2003 equivalia a 75% da riqueza
produzida pelo país.
Uma das causas para estes dados são o espírito consumista
que cada vez mais caracteriza a sociedade portuguesa, falta de
hábitos de poupança e o aumento significativo da oferta de crédito por parte de instituições financeiras.
O sobre-endividamento põe em causa o equilíbrio orçamental do indivíduo ou do seu agregado familiar,
com implicações importantes ao nível social e psicológico, como a marginalização e a exclusão social, os
problemas psíquicos, o alcoolismo, a dissolução das famílias, as perturbações da saúde física e mental dos
filhos das famílias sobre-endividadas.
In Henriques, Mendo e outros. (1199) Educação para a Cidadania. Lisboa: Plátano Editora
Obrigações dos contribuintes
A relação tributária que se estabelece entre Administração e administrado tem como finalidade a
arrecadação de receitas para os cofres do Estado para a
prossecução e a concretização de bens do interesse
público. Para tal, todos nós, contribuintes, temos o dever
pagar impostos incidindo estes quer no rendimento,
quer na despesa, quer no património. (…)
O pagamento dos impostos é, por excelência, a
obrigação principal no seio do procedimento de
liquidação e cobrança fiscal. De todo o modo, ao lado
desta, há outra obrigação com natureza secundária mas
que, sem ela, a obrigação principal careceria de toda a
sua eficácia e suporte sobre o sistema fiscal. Falamos,
Imagem disponível na Internet em: http://www.dci.com.br/especial-da-
semana/endividamento-das-familias-cai-para-63,1-em-agosto,-diz-cnc-id361514.html
Imagem disponível na Internet em: http://www.xozzen.com/blog/category/noticias-de-impostos-e-
taxas/
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portanto, de uma obrigação que não respeita à própria prestação pecuniária em si do imposto, mas de uma
obrigação secundária, complementar, lateral, acessória, não pecuniária, instrumental, formal. Trata-se de
uma obrigação que engloba um conjunto de deveres que têm por objeto prestações de facto com vista a
permitir à Administração a determinação e a inspeção de factos fiscalmente relevantes sobre a situação
tributária dos sujeitos passivos de imposto.
Os deveres de colaboração exteriorizam-se numa série de comportamentos de fazer, não fazer ou
suportar. Entre eles temos deveres declarativos, os atos de escrituração, os deveres contabilísticos, entre
outros. Podem ser estabelecidos para permitir ou facilitar o lançamento e a liquidação dos impostos, como
para prevenir e reprimir fraudes fiscais. (…)
As infrações relativas aos deveres de cooperação e, mais concretamente, às obrigações acessórias,
traduzem-se nas contraordenações fiscais. (…) As contraordenações fiscais traduzem-se no estabelecimento
de sanções pecuniárias se bem que lateralmente poderão implicar sanções de outra natureza.
In Veloso, Luís Miguel Braga. (2012) Considerações sobre os deveres de cooperação e os respectivos instrumentos
reactivos em sede fiscal . Universidade do Minho. Disponível na Internet em: https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/20172/1/Disserta%C3%A7ao%20de%20Mestrado,%20Luis%20V
eloso.pdf
Impostos em Portugal
O sistema fiscal português é composto por diversos impostos, sendo estes a maior fonte de receitas de
qualquer país. No nosso dia-a-dia, todos os atos comerciais que praticamos estão sujeitos a tributação,
através de impostos.
Recaindo sobre os cidadãos, empresas e instituições, os impostos obrigam a uma prestação financeira
que pode ser pontual ou periódica.
Os impostos em Portugal podem ser diretos ou indiretos, sendo que os diretos se destinam a taxar
diretamente o contribuinte (caso do IRS e IRC), enquanto os impostos indiretos se refletem no valor
adicionado ao custo do produto ou serviço.
Portal da Direção Geral de Contribuição e Impostos. Imagem disponível na Internet em: hthttp://www.portaldasfinancas.gov.pt/at/html/index.html.com/0576+-
+Imposto+sobre+o+rendimento+(IRC)?responseToken=004bdb7c2798fc236c986c10d590a5a9f
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O Portal da Finanças, disponível on-line, foi criado para facilitar a relação entre os contribuintes e o fisco,
designadamente no que diz respeito ao cumprimento de
obrigações fiscais. Mediante registo, os contribuintes
(cidadãos, empresas e diferentes entidades) podem,
entre outras ações, obter documentos e informações,
realizar consultas diversas, simular cálculos de impostos,
entregar declarações fiscais e proceder ao pagamento
de impostos.
Lista completa dos impostos em Portugal.
Impostos sobre o Património
IMI – O Imposto Municipal sobre
Imóveis constitui a receita dos municípios onde
os imóveis se localizam e incide sobre o valor patrimonial tributário dos prédios (rústicos, urbanos ou
mistos), em território português;
IMT – O Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis tributa as transmissões do
direito de propriedade ou de figuras parcelares desse direito, sobre bens imóveis em território
nacional;
IS – O Imposto de Selo é cobrado mediante um valor fixo ou pela aplicação de uma taxa ao valor do
ato ou contrato. A aplicação deste imposto é cada vez mais reduzida.
Impostos sobre o Consumo ou a Despesa
IVA – O Imposto de Valor Acrescentado incide sobre transmissões de bens e prestações de serviços;
importações de bens; operações intercomunitárias, realizadas em território nacional;
IS – O Imposto de Selo é cobrado mediante um valor fixo ou pela aplicação de uma taxa ao valor do
ato ou contrato. A aplicação deste imposto é cada vez
mais reduzida.
Impostos sobre o Rendimento
IRS – O Imposto sobre o Rendimento de pessoas
Singulares incide sobre o valor anual dos rendimentos,
consoante as categorias, depois de efetuadas as
respetivas deduções e abatimentos. Os rendimentos
ficam sempre sujeitos a tributação, independentemente
do local, moeda ou forma pela qual são obtidos;
IRC – O Imposto sobre o Rendimento de Pessoas
Coletivas é aplicado ao rendimento das empresas a
atuar em território português e incide sobre os
rendimentos obtidos no período de tributação, pelos
respetivos sujeitos passivos;
Derrama – O Derrama é um imposto que varia
consoante o município e é pago juntamente com o IRC.
Imagem disponível na Internet em: https://adm-monchique.wikispaces.com/0576+-
+Imposto+sobre+o+rendimento+(IRC)?responseToken=004bdb7c2798fc236c986c10d590a5a9f
Acesso ao portal da Direção Geral de Contribuição e Impostos - Imagem disponível na Internet em: https://adm-
monchique.wikispaces.com/0576+-+Imposto+sobre+o+rendimento+(IRC)?responseToken=004bdb
7c2798fc236c986c10d590a5a9f
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Impostos Especiais sobre o Consumo
IABA – O Imposto sobre o Álcool e as Bebidas Alcoólicas incide sobre cerveja, vinhos e outras bebidas
fermentadas; produtos intermédios; bebidas espirituosas/ alcoólicas; álcool etílico;
ISP – O Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos incide sobre produtos petrolíferos e
energéticos, produtos usados como carburante destinados a venda e consumo; outros
hidrocarbonetos (com exceção da turfa e do gás natural), destinados à venda ou ao consumo como
combustível;
IT – O Imposto sobre o Tabaco incide sobre charutos, cigarrilhas, cigarros e diferentes tipos de
tabaco.
Tributação Automóvel
ISV – O Imposto Sobre Veículos é pago apenas uma vez, na primeira matriculação do veículo. Nos
veículos mais recentes, o valor já está incluído no preço da venda. Nos veículos importados, o
imposto é pago por quem importa. O ISV incide sobre automóveis ligeiros de passageiros, de
utilização mista, de mercadorias, de passageiros com mais de 3500 Kg e com lotação superior a nove
lugares; autocaravanas; motociclos, triciclos e quadriciclos;
IUC – O Imposto Único de Circulação tributa os veículos matriculados em Portugal, sendo que o
pagamento acontece sempre no mês da matrícula do veículo ou no mês anterior, até o abatimento
do mesmo.
In Economias. Impostos em Portugal. Disponível na Internet em: http://www.economias.pt/impostos-em-portugal/
Entrevista a Karina Kim Elgaard (*): “Na Dinamarca, se alguém não paga
os impostos, é um insulto para toda a gente”
PÚBLICO: O que é que faz com que a Dinamarca seja vista como um país de "contribuintes felizes"?
Karina Kim Elgaard: Muitos contribuintes não verificam as declarações fiscais porque confiam na
administração tributária e na informação automática. Embora sendo um sistema complexo, é compreendido
pelos contribuintes. É um círculo virtuoso. É um sistema fiscal onde é fácil as pessoas perceberem para onde
vai o dinheiro dos impostos. As pessoas pensam: “Pagamos taxas muito altas e muitos impostos, mas, direta
ou indiretamente, temos todos estes benefícios: hospitais grátis, apoios sociais, boas escolas”. O sistema
social funciona bem. É claro que encontramos pessoas que consideram que há quem "abuse" do Estado
social, mas são situações muito pontuais.
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Como é que a Dinamarca consegue impor uma carga fiscal tão alta e manter bons níveis de cumprimento
das obrigações fiscais e um desempenho positivo na atividade?
A administração fiscal tem os recursos e os instrumentos necessários para assegurar o controlo efetivo do
pagamento dos impostos. Muitos contribuintes preferem pagar mais (impostos retidos na fonte) durante o
ano, porque sabem que depois vão receber um reembolso. Se uma pessoa sabe que vai ter um pequeno
ganho de rendimento, pode adaptar a pré-declaração fiscal em qualquer altura. E pode pagar
voluntariamente mais imposto do que o que é sugerido, para ter a certeza de que, no final, não tem de
fazer um acerto e pagar mais.
Em Portugal olha-se muitas vezes para o pagamento dos impostos como uma quebra de rendimento.
Como é que há visões tão diferentes?
Há muitos anos que as pessoas respeitam a figura do ministro dos Impostos. As pessoas acreditam no
ministério como instituição, no sistema político como um todo e acreditam que os responsáveis estão a agir
no interesse de todos. É uma questão de mentalidade enraizada há muito, muito tempo. Se alguém não
paga os impostos, isso é um insulto para toda a gente. Esta perceção de exigência de cumprimento das
obrigações fiscais, historicamente enraizada, é percetível um pouco por toda a sociedade. É uma questão
de mentalidade. Ninguém considera aceitável que alguém não pague os impostos, que alguém tente
contornar as regras ou ganhar alguma coisa por baixo da mesa.
O que é que se pode aprender com o modelo nórdico para uma reforma do sistema fiscal? É um modelo
replicável noutros países?
Qualquer outro país pode olhar para a Dinamarca e tentar implementar algumas reformas fiscais, mas não
todo o sistema, porque a génese do modelo escandinavo está muito enraizada na sociedade dinamarquesa.
Se me pergunta se o modelo nórdico poderia ser exportado e se funcionaria em Portugal, penso que não.
Mas há boas práticas que podem ser inspiradoras – a forma como as autoridades dinamarquesas fazem
campanhas publicitárias na televisão a alertar para o prazo de pagamento dos impostos, para o combate à
economia paralela. Nos últimos anos houve uma grande aposta na presença nas redes sociais, para
aproximar a administração fiscal dos cidadãos. O fisco é muito acessível e os contribuintes sentem que o
fisco lhes está a prestar um serviço. Há uma relação de confiança. Os outros países podem aprender com
isto.
Que medidas podem ser implementadas em países com níveis mais elevados de evasão fiscal?
É mais complicado do que isso. Não é uma soma de reformas. Tem de começar por uma mudança de
mentalidade e por uma mudança na forma de atuar das autoridades.
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É preciso, primeiro, que as instituições, os ministros ou as organizações responsáveis sejam respeitadas
pela população e que atuem de forma harmoniosa, com regras simples e compreendidas pelas pessoas. É
preciso que o ministério (responsável pelos assuntos fiscais) seja transparente, explicando, por um lado,
porque é que é preciso pagar impostos e, por outro, como é que o Estado administra o dinheiro dos
impostos. Isto ajuda os cidadãos a perceberem que o pagamento dos impostos é necessário para assegurar
as funções sociais do Estado.
Uma auditoria realizada em 2011 mostra que o nível de cumprimento é elevado. Como se explica este
nível de adesão ao sistema fiscal?
O facto de os contribuintes verem os resultados dos impostos que pagam. Cada um toma a
responsabilidade de pagar os impostos corretos.
Identifica pontos negativos no sistema fiscal dinamarquês?
Bem, há sempre a outra face da moeda. As regras dos impostos são muito complicadas. Muitos cidadãos
simplesmente dizem “sim” ao pré-preenchimento da declaração de IRS proposto pela administração fiscal.
Se quiserem perceber ao detalhe todas as implicações, têm de contratar um contabilista ou uma empresa
de consultoria. A vantagem de um sistema fiscal avançado é que as regras são mais fáceis de concretizar.
Queremos ter um modelo equitativo e, para o conseguir, o sistema fiscal acaba por exigir alguma
complexidade. A economia paralela é outra preocupação de qualquer ministro dos impostos. A
administração fiscal, a polícia e muitas outras instituições trabalham para combater a evasão fiscal no IVA.
Há muitas iniciativas e uma boa mobilização de recursos para combater a fraude.
Imagem disponível na Internet em: http://economiafinancas.com/2015/taxas-de-iva-em-vigor-me-2015-por-estado-membro-da-uniao-europeia/
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Académicos defendem para Portugal a necessidade de apostar em programas educativos sobre as
obrigações fiscais dos contribuintes.
Na Dinamarca hoje não existe essa
tradição. Porquê?
É ao ministério da Educação que cabe
a tarefa de definir as disciplinas
ensinadas nas escolas. Há, no
entanto, matérias sobre o Estado
Social, política e cidadania – onde se
inclui o funcionamento dos impostos.
Há um grande nível de educação
cívica que se revela fundamental no
momento em que um cidadão
começa a pagar os impostos.
(*) Investigadora de direito fiscal na Universidade de Copenhaga, diz que sociedade dinamarquesa é pouco tolerante para com quem tenta contornar as regras.
Crisóstomo, Pedro. In jornal Público de 23 de agosto de 2015
As contas da Nação
Os orçamentos são um elemento essencial de planeamento e controlo dos aspetos financeiros e
económicos, quer se trate de uma empresa quer do Estado. Ao referirmos o Orçamento do Estado (OE),
designamos um documento que contém o plano anual das despesas e receitas do Estado. Nesse documento
estão incluídas as despesas e receitas do chamado Setor Público Administrativo, o qual inclui a Administração
Central, as regiões autónomas, as autarquias locais, os fundos e serviços autónomos e a segurança social. Tal
como qualquer orçamento - empresarial, familiar ou outro - o Orçamento do Estado obriga a ajustar recursos
e despesas, criar previsões e estabelecer prioridades.
Em Portugal, o OE deve ser apresentado pelo Governo à Assembleia da República, para discussão e
aprovação, no último trimestre do ano anterior àquele a que as estimativas de receitas e despesas dizem
respeito. Assim, o orçamento entra em vigor no dia 1 de janeiro de cada ano e diz respeito a previsões, de
receitas e despesas, elaboradas no ano anterior. Quando as receitas correntes provenientes dos impostos
chegam para pagar os bens e serviços, os juros da dívida nacional e demais despesas do orçamento do
Estado, este diz-se equilibrado. Todavia, o orçamento português é habitualmente deficitário uma vez que as
Orçamento de Estado para 2016- Imagem disponível na Internet em: http://www.publico.pt/orcamento-do-estado-2016
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receitas não cobrem a totalidade dos encargos do Estado. A execução do OE é fiscalizada pelo Tribunal de
Contas e pela Assembleia da República, que, precedendo parecer daquele Tribunal, aprecia e aprova a Conta
Geral do Estado, incluindo a da segurança social (art. 107.º da CRP).
As principais receitas OE provêm dos impostos, constituindo receitas fiscais. Podem considerar-se duas
categorias de impostos: impostos diretos e impostos indiretos. São exemplos de impostos diretos aqueles em
que existe uma relação direta entre o contribuinte e o Estado, como é o caso do IRS (Imposto sobre
Rendimentos de Pessoas Singulares) e do IRC (Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas). Nos
impostos indiretos a relação entre o contribuinte e o Estado é mediada pelo bem ou serviço que é objeto de
tributação. Neste caso encontram-se todos os bens ou serviços que são objeto de IVA (Imposto sobre o Valor
Acrescentado), existindo ainda impostos sobre bens como os produtos petrolíferos, os veículos automóveis,
e o tabaco.
Estão sujeitas a IRS as pessoas singulares que residam em território português e aquelas que aqui
obtenham rendimentos, mesmo sem residirem. No caso dos agregados familiares o imposto é dividido pelo
conjunto de rendimentos das pessoas que o constituem. O rendimento coletável em IRS resulta do
englobamento dos rendimentos, das várias categorias, auferidos em cada ano, depois de feitas as deduções
e abatimentos previstos no respetivo Código.
O sistema de taxas é o da progressividade por escalões, não podendo resultar para os contribuintes um
rendimento líquido inferior ao valor anual do salário mínimo nacional.
As categorias de rendimentos previstas no Código do IRS são:
- Categoria - A – Rendimentos do trabalho dependente
- Categoria - B - Rendimentos do trabalho independente
- Categoria - C – Rendimentos comerciais e industriais
- Categoria - D - Rendimentos agrícolas
- Categoria - E - Rendimentos de capitais
- Categoria - F - Rendimentos prediais
- Categoria - G - Mais-valias
- Categoria - H - Pensões
- Categoria - I - Outros rendimentos
Quanto ao IRC, este incide sobre rendimentos obtidos pelas atividades empresariais e constitui, logo
Orçamento de Estado para 2016 e sua comparação com o orçamento de 2015 - Imagem disponível na Internet em: http://www.cfp.pt/wp-content/uploads/2016/03/CFP-REL-02-2016-PT.pdf
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depois do IRS, o imposto direto que proporciona maiores receitas. O IRC incide sobre os lucros das
sociedades comerciais ou civis sob a forma comercial, das cooperativas, empresas públicas e demais
entidades abrangidas pelo Código ou sobre rendimentos das diversas categorias consideradas para efeitos do
IRS, no caso de pessoas coletivas ou entidades a que o IRC se aplica. Estão isentas de IRC as instituições de
segurança social e de previdência, as pessoas coletivas de utilidade pública administrativa, incluindo as de
mera utilidade pública que prossigam exclusivamente fins científicos ou culturais, de caridade, assistência ou
beneficência, bem como as instituições particulares de solidariedade social, as pessoas coletivas a elas legal-
mente equiparadas e alguns tipos de cooperativas. Por fim, refira-se ainda a existência da Contribuição
Autárquica, que é presentemente um imposto municipal que incide sobre o valor tributável dos prédios
rústicos ou urbanos situados no território de cada município.
O IVA constitui a principal fonte de receitas oriundas de impostos indiretos. Este imposto abrange as
transmissões de bens e prestação de serviços efetuadas no território nacional a título oneroso e as
importações de bens. Trata-se de um imposto sobre o consumo cuja taxa é variável consoante o tipo de
produto ou serviço e que incide sobre o valor acrescentado em cada fase da produção de bens ou serviços.
Certo tipo de atividades beneficiam de isenções deste imposto, como é o caso das prestações de serviços
por atores, músicos e desportistas ou o caso das atividades que não tenham atingido no ano civil anterior um
determinado volume de negócios.
Poderá consultar as diferentes rubricas relativas a receitas e despesas do orçamento de Estado para
2016 aqui.
In Henriques, Mendo e outros. (1199) Educação para a Cidadania. Lisboa: Plátano Editora
O Orçamento Municipal No dia-a-dia, nas nossas casas e nos meios de comunicação social, ouvimos a palavra orçamento, embora,
nem sempre, saibamos definir corretamente o conceito. Sabemos que as despesas que fazemos são pagas
com as receitas que obtemos. Receitas e despesas são componentes de um orçamento, seja ele familiar ou
nacional. Se, nas nossas casas nem sempre elaboramos formalmente um orçamento, nas empresas e
organizações, assim como nas instituições públicas, tal é necessário e obrigatório. As Câmaras Municipais não
escapam à regra e também elas
têm que elaborar e fazer aprovar o
seu orçamento. Mas, afinal, o que
é um orçamento?
E mais concretamente em
que consiste um Orçamento
Municipal?
O Orçamento é a expressão
quantitativa do plano de ação da
Autarquia, constituindo um
instrumento importante de
coordenação e implementação da
mesma, apresentando a previsão
anual das receitas, bem como das
despesas. É pois um quadro ou conjunto de quadros que fixa, em termos previsionais, quantificadas
(quantidades e valores) e calendarizadas, determinadas atividades a desenvolver.
Edifício Sede da Câmara Municipal de Santo Tirso Imagem disponível na Internet em: http://www.cmjornal.xl.pt/cm_ao_minuto/detalhe/santo_tirso_reduz_imi_entre_5_a_15_pon
tos_percentuais_para_familias_com_filhos.htmlhttp://www.cfp.pt/wp-content/uploads/2016/03/CFP-REL-02-2016-PT.pdf
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Utilizando dados extraídos dos instrumentos previsionais da Câmara Municipal da Trofa relativos ao ano
de 2011, de seguida vamos analisar a estrutura dos documentos previsionais das autarquias portuguesas.
Sois dois os documentos previsionais a elaborar e a aprovar pelas autarquias:
- Grandes Opções do Plano: As Grandes Opções do Plano constituem as linhas de desenvolvimento
estratégico da Autarquia e incluem,
designadamente, o Plano Plurianual de
Investimentos e as atividades mais
relevantes de gestão autárquicas.
- Orçamento: o Orçamento
Municipal desenrola-se num ano civil,
subordinado ao orçamento da receita e
da despesa, definido aprioristicamente.
É um documento contabilístico onde
estão previstos todos os encargos ou
aplicações e onde são computadas as
receitas ou origem de fundos, para um
período de tempo determinado. Após
aprovação pelos órgãos próprios,
converte-se na lei económica
orçamental do governo local.
O Orçamento Municipal destina-se a orçar a receita e a autorizar a aplicação do seu produto nos serviços
ou melhoramentos municipais durante um ano económico. É uma previsão de recebimentos e pagamentos,
para um período de um ano civil, que pressupõe a autorização pelo órgão competente (neste caso, a
Assembleia Municipal) para que o órgão executivo (Câmara Municipal) possa arrecadar receitas e assumir
compromissos até aos montantes estabelecidos no Orçamento. No respeito pelo princípio do equilíbrio
orçamental, as despesas devem igualar as receitas.
Como se classificam as Receitas? As receitas são classificadas, orçamentalmente, e segundo a ótica económica, por receitas correntes, receitas de capital e outras receitas.
As receitas correntes são as que se repercutem
no património não duradouro da autarquia e são
provenientes de rendimentos no período
orçamental, quer pelo aumento do ativo
financeiro, quer pela redução do património não
duradouro, esgotando-se o processo da sua
cobrança dentro do período financeiro anual.
Designam-se por receitas de capital as receitas arrecadadas pela autarquia que alteram o seu património
duradouro, porque aumentam o ativo e passivo de médio e longo prazo ou reduzem o património duradouro
da autarquia.
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Podemos agrupar as receitas correntes em:
Impostos Diretos; Impostos Indiretos; Taxas,
Multas e Outras Penalidades; Rendimentos de
Propriedade; Transferências Correntes; Venda de
Bens e Serviços Correntes e Outras Receitas
Correntes.
Por sua vez, as receitas de capital,
agregam: Venda de Bens de Investimento,
Transferências de Capital, Ativos Financeiros,
Passivos Financeiros e Outras Receitas de Capital.
São duas as grandes fontes de financiamento da autarquia:
- os impostos diretos isto é os que a Câmara arrecada diretamente dos contribuintes são o IMI, o IMT e o
IUC.
- As transferências correntes são verbas recebidas do Orçamento Geral do Estado, sem qualquer
contrapartida destinadas ao financiamento de
despesas: Fundo de Equilíbrio Financeiro, Fundo
Social Municipal e Participação fixa no IRS.
O Fundo de Equilíbrio Financeiro é uma
contribuição do Orçamento do Estado para a
Receita do Município calculado em 23,5% da
média aritmética simples do somatório
das receitas, a nível nacional, do IVA com as do
IRS.
O Fundo de Equilíbrio Financeiro estrutura-se
em duas componentes com igual peso de
50%: Fundo Geral Municipal e o Fundo de Coesão Municipal. Este último Fundo é variável e é calculado
em função da receita de IMI, IMT, IUC e da parcela de IRS que cada município tem por habitante, per
capita.
O Fundo de Coesão Municipal é pois variável, dependendo da posição do Município face à média
nacional da capitação dos referidos impostos. Os municípios com capitação de impostos locais iguais ou
superiores a 1,25 vezes a capitação média nacional, passam a ser contribuintes líquidos para o Fundo de
Coesão, sendo beneficiários que têm uma capitação abaixo 0,75 vezes a capitação média nacional.
O Fundo Social Municipal destina-se exclusivamente ao financiamento de um conjunto de despesas
elegíveis nas áreas de educação, saúde e ação social, financiando, nos termos da Lei do Orçamento do
Estado de 2011, apenas encargos resultantes
do exercício de competências no domínio da
educação pré-escolar e do 1.º ciclo do Ensino
Básico.
Na estrutura da Receita de Capital destaca-se o
peso das Transferências de Capital,
maioritariamente provenientes de fundos
comunitários para projetos cofinanciados.
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Plano de Atividades Municipais: o Plano de Atividades Municipais é uma documento também elaborado
para um horizonte temporal de
quatro anos, contemplando todas
ações e projetos que a Autarquia
prevê realizar, no âmbito dos
objetivos definidos, explicitando a
respetiva previsão de despesa, ou
seja, especifica a atividade da
Câmara Municipal em, matéria de
despesas correntes, pelo que se
encontra relacionado com o
Orçamento Inicial.
A análise da estrutura da Despesa
Corrente permite concluir que as
despesas de funcionamento
(Despesa com Pessoal e Aquisição de Bens e Serviços) pesam significativamente no orçamento do
Município. Na Despesas de Capital a maior parte é afetada para investimentos.
Plano Plurianual de Investimentos: O Plano Plurianual de Investimentos é um documento que define,
para um horizonte de quatro anos, todos os projetos e ações que a Autarquia prevê realizar no âmbito dos
objetivos definidos, explicitando a respetiva previsão de despesa, ou seja, especifica a atividade da Câmara
Municipal em matéria de investimentos.
Para consultar aqui as Opções do Plano e o Orçamento da Câmara Municipal para 2016.
As contas das autarquias: regime financeiro das autarquias locais
O atual regime financeiro das autarquias locais e das entidades intermunicipais foi aprovado pela Lei n.º
73/2013, com efeitos a partir de 1 de janeiro de 2014. A aprovação deste
regime financeiro local veio submeter um conjunto de princípios
fundamentais visando assegurar uma efetiva coordenação entre
administração central e local no plano financeiro e contribuir para o
controlo orçamental e para a prevenção de situações de instabilidade e
desequilíbrio financeiro:
Princípio da legalidade - A atividade financeira das autarquias locais
exerce-se no quadro da Constituição, da lei, das regras de direito da União
Europeia e das restantes obrigações internacionais assumidas pelo Estado
Português.
Princípio da estabilidade orçamental - O princípio da estabilidade
orçamental pressupõe, na aprovação e execução dos orçamentos, a sustentabilidade financeira das
autarquias locais, bem como uma gestão orçamental equilibrada, incluindo as responsabilidades
Câmara Municipal da Trofa: Quadro resumo dos encargos previsto no plano de Atividades para 2011.
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contingentes por si assumidas. As autarquias locais não podem assumir compromissos que coloquem em
causa a respetiva estabilidade orçamental.
Princípio da autonomia financeira - As autarquias locais têm património e finanças próprios, cuja gestão
compete aos respetivos órgãos. A autonomia financeira das autarquias locais assenta, nomeadamente, nos
seguintes poderes dos seus órgãos:
a) Elaborar, aprovar e modificar as opções do
plano, orçamentos e outros documentos
previsionais, bem como elaborar e
aprovar os correspondentes
documentos de prestação de contas;
b) Gerir o seu património, bem como aquele que
lhes seja afeto;
c) Exercer os poderes tributários que legalmente
lhes estejam atribuídos;
d) Liquidar, arrecadar, cobrar e dispor das
receitas que por lei lhes sejam
destinadas;
e) Ordenar e processar as despesas
legalmente autorizadas;
f) Aceder ao crédito, nas situações previstas na lei.
Princípio da transparência - A atividade financeira das autarquias locais está sujeita ao princípio da
transparência, que se traduz num dever de informação mútuo entre estas e o Estado, bem como no
dever de divulgar aos cidadãos, de forma acessível e rigorosa, a informação sobre a sua situação
financeira.
Princípio da solidariedade nacional recíproca - O Estado e as autarquias locais estão vinculados a um
dever de solidariedade nacional recíproca que obriga à contribuição proporcional do setor local para o
equilíbrio das contas públicas nacionais.
Princípio da equidade intergeracional - A atividade financeira das autarquias locais está subordinada ao
princípio da equidade na distribuição de benefícios e custos entre gerações, salvaguardando as suas legítimas
expectativas através de uma distribuição equilibrada dos custos pelos vários orçamentos num quadro
plurianual.
Princípio da justa repartição dos recursos públicos entre o Estado e as autarquias locais - A atividade
financeira das autarquias locais desenvolve-se no respeito pelo princípio da estabilidade das relações
financeiras entre o Estado e as autarquias locais, devendo ser garantidos os meios adequados e necessários à
prossecução do quadro de atribuições e competências que lhes é cometido.
Princípio da coordenação entre finanças locais e finanças do Estado - A coordenação entre finanças
locais e finanças do Estado tem especialmente em conta o desenvolvimento equilibrado de todo o País e a
necessidade de atingir os objetivos e metas orçamentais traçados no âmbito das políticas de convergência a
que Portugal se tenha vinculado no seio da União Europeia.
Princípio da tutela inspetiva - O Estado exerce tutela inspetiva sobre as autarquias locais e as restantes
entidades do setor local, a qual abrange a respetiva gestão patrimonial e financeira e só pode ser exercida
Imagem disponível em: https://appls.portalautarquico.pt/DGALAplicacoes/
A Direção-Geral das Autarquias Locais (DGAL) é um serviço central da administração direta do Estado
integrado na Presidência do Conselho de Ministros. Tem por missão a conceção, estudo, coordenação e execução de medidas de apoio à administração local e ao reforço
da cooperação entre esta e a administração central.
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segundo as formas e nos casos previstos na lei, salvaguardando sempre a democraticidade e a autonomia do
poder local.
In Portal Autárquico da DGAL. Regime financeiro das autarquias locais. Disponível na Internet em : http://www.portalautarquico.pt/pt-PT/financas-locais/ (Adaptado)
Finanças Locais: Documentos de Prestação de Contas
São dois os documentos de prestações de contas a elaborar anualmente pelas autarquias, no final de
cada ano económico: Balanço e
Demonstração de Resultados. São
apresentados em abril ao órgão
deliberativo para aprovação.
Balanço - O Balanço é um quadro que
representa o património da autarquia num
determinado momento. De um lado
encontramos o conjunto de bens e direitos
(o Ativo); do outro aquilo que se deve (o
Passivo). A diferença entre um e o outro
são os Fundos Próprios. Os Fundos Próprios
são constituídos maioritariamente pelo
Património. O Passivo, diz respeito,
nomeadamente, às dívidas a terceiros, quer
de médio e longo prazo, quer de curto prazo.
Demonstração de Resultados - Ao contrário do Balanço, que mostra determinadas grandezas num
determinado período, a Demonstração de Resultados mostra como se formaram os resultados ao longo do
período de tempo. Os resultados decompõem-se em: Resultados Operacionais (aqueles diretamente
associados à “atividade” da autarquia); Resultados Financeiros (aqueles ligados à aplicação dos recursos
financeiros e à atividade de financiamento); e Resultados Extraordinários (aqueles não associados à
“atividade” corrente do município).
Finanças Locais: receitas e despesas municipais
De acordo com a Lei das Finanças Locais as receitas municipais compreendem:
· os impostos municipais: Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), Imposto Único de Circulação (IUC),
Municipal e Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT);
· A taxa sobre os direitos de passagem;
· a derrama sobre os lucros de pessoas coletivas;
· as taxas e preços resultantes da concessão de licenças e da prestação de serviços pelo município;
· os encargos de mais-valias destinados por lei aos municípios;
· as multas e coimas;
· o rendimento de bens próprios;
· a participação nos lucros de sociedades e nos resultados de outras entidades em que o município tome
parte;
· as heranças, legados, doações e outras liberalidades a favor do município;
Reunião da Câmara Municipal de Santo Tirso Imagem disponível em: http://www.cm-stirso.pt/pages/7?news_id=165
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· o produto da alienação de bens próprios;
· o produto de empréstimos;
· o produto da participação nos impostos do Estado, ou seja, uma parcela relativa ao imposto sobre o
rendimento das pessoas singulares (IRS), ao imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas (IRC) e
ao imposto sobre o valor acrescentado (IVA).
A maioria das receitas recebidas pelos municípios advêm de impostos sobre o património, função das
edificações (e consequentemente dos habitantes) e de transferências do Estado, subjacente às quais se
encontra o número de residentes.
As receitas tributárias locais englobam a cobrança de impostos e taxas a que os municípios têm
legalmente direito. Estas desdobram-se em impostos diretos, impostos indiretos e taxas.
Ao nível dos impostos diretos temos o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), o Imposto Municipal sobre
as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e a derrama (com incidência diversa em função da Lei em vigor).
O IMI e o IMT incidem, como o próprio nome indica, sobre o património imobiliário e foram introduzidos no
ano de 2003, com a publicação do Decreto-Lei n.º 287/2003, de 12 de novembro. O seu aparecimento, que
sucedeu à Contribuição Autárquica e ao Imposto da Sisa, consubstanciou-se numa reforma do sistema de
avaliação da propriedade, em especial da propriedade urbana, com a definição de novos critérios de
avaliação dos imóveis.
O imposto municipal sobre veículos (IMV) foi um dos impostos diretos que esteve em uso até 2006,
tendo sido substituído pelo Imposto Único de Circulação (IUC) a partir de 2007. Este último alterou a base de
incidência sendo, diferentemente do que acontecia com o IMV, parte da receita gerada titularidade do
Estado e outra parte, mais significativa, pertença dos municípios.
Também nos impostos diretos, mas com valores muito residuais, encontram-se as receitas dos impostos
municipais revogados (a Contribuição Autárquica e a Sisa).
Os impostos indiretos recaem sobre o tecido produtivo e, de acordo com o classificador económico das
receitas das autarquias locais, revestem a forma de licenças, emolumentos ou outras semelhantes, pagas por
unidades empresariais. Eles
configuram um pagamento
que incide sobre a
produção, a venda, a
compra ou a utilização de
bens e serviços.
De acordo com o
previsto na Lei das
Autarquias as despesas
das autarquias
distribuem-se pelas
seguintes rubricas: pessoal; aquisição de bens e serviços; juros e outros encargos; transferências correntes
e de capital; subsídios; serviço da dívida.
As despesas das autarquias são vastas e dividem-se em despesas correntes e despesas de capital e
cobrem as diferentes áreas de intervenção dos municípios, definidas na Lei das Autarquias Locais (Educação,
Ação Social, Cultura, Ambiente, Proteção Civil, Desporto, Infraestruturas, Obras Públicas, Ordenamento do
Território, etc.).
In CCDR do Centro. Almeida, Vanessa e outros. (2012) As receitas nas finanças locais: uma caracterização para os municípios do
centro de Portugal (2003-2010) disponível na internet em: http://datacentro.ccdrc.pt/Uploads%5CDocs/FL_Receitas_municipais_2003_2010.pdf. (Adaptado)
Santo Tirso - Imagem disponível em: http://www.cm-stirso.pt/pages/1