arquitetura em contêineres: pesquisa de alternativas para...
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Arquitetura em contêineres: Pesquisa de alternativas para o projeto mais sustentável
Architecture in containers: Research for more sustainable design alternatives
Arquitectura en contenedores: Busca por alternativas de diseño más sostenible
CASTELNOU NETO, Antonio Manoel Nunes Doutor, Universidade Federal do Paraná, [email protected]
LEONE, Jessica Torres Graduanda em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Paraná, [email protected]
RESUMO A reutilização arquitetônica de contêineres é relativamente recente, mas vem ganhando notoriedade, tanto por sua versatilidade e aspectos estéticos, como devido ao baixo custo e rapidez de construção; fatores convenientes para obras temporárias, de assistência humanitária ou arquitetura de eventos, além do apelo sustentável, que faz com que também seja encontrada em construções de moradias, bares, restaurantes, lojas, escritórios e outros programas funcionais. No Brasil, já existem projetos extensamente divulgados que se enquadram neste tipo de arquitetura, mas ainda há carência de trabalhos que norteiem sua prática ou avaliem a qualidade dos resultados obtidos. A partir de um breve estudo exploratório, de cunho teórico-conceitual, este artigo visa apresentar algumas observações sobre o surgimento, caracterização e aplicabilidade desses recipientes de carga e transporte na área da arquitetura, exemplificando sua tipologia e definindo diretrizes gerais de concepção, projeto e execução, as quais auxiliem propostas de espaços que se pretendam inovadores e originais, além de se constituírem em alternativas para uma prática arquitetônica mais sustentável.
PALAVRAS-CHAVE: contêiner, sustentabilidade, diretrizes, arquitetura sustentável.
ABSTRACT The architectural reuse of containers is relatively recent, but has gained notoriety because of its versatility and aesthetic aspects, as well as due to low cost and speed of construction; convenient factors for temporary works, humanitarian assistance and architecture to events. Thanks to its sustainable appeal, it is also found in construction of houses, bars, restaurants, shops, offices and other functional programs. In Brazil, there are already widely publicized projects in this type of architecture, but there is still lack of studies to guide its practice or to assess the quality of its results. Based on a brief exploratory study of theoretical-conceptual nature, this article presents some comments on the origin, characterization and applicability of these transportation and cargo containers in architecture area, exemplifying their typology and setting general guidelines for conception, design and execution, which help proposals for innovative and original spaces, being alternatives to a more sustainable architectural practice.
KEY-WORDS: container, sustainability, guidelines, sustainable architecture.
RESUMEN
La reutilización arquitectónica de contenedores es relativamente reciente, pero está ganando renombre tanto por su versatilidad y aspectos estéticos, así como debido al bajo costo y rapidez de la construcción; factores convenientes para obras temporales, de asistencia humanitaria y arquitectura de eventos. Gracias a la apelación
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sostenible, también es encontrada en construcción de viviendas, bares, restaurantes, tiendas, oficinas y otros programas funcionales. En Brasil, ya hay proyectos ampliamente publicitados que son de este tipo de arquitectura, pero todavía hay falta de estudios para guiar su práctica o evaluar la calidad de los resultados. A partir de un estudio exploratorio, de carácter teórico-conceptual, este artículo presenta algunos comentarios sobre los orígenes, caracterización y aplicabilidad de estos contenedores de carga y transporte en el campo de la arquitectura, ejemplificando su tipología y estableciendo directrices generales para concepción, diseño y ejecución, que colaboren con propuestas de espacios innovadores y originales, además de convertirse en alternativas para una práctica arquitectónica más sostenible.
PALABRAS-CLAVE: contenedor, directrices, sostenibilidad, arquitectura sostenible.
1 INTRODUÇÃO
A arquitetura em contentores, contêineres ou containers vem se configurando em uma solução cada
vez mais disponível para desenvolvimento de edificações sustentáveis no século XXI. Recentemente,
designers, arquitetos e outros profissionais passaram a dar um novo uso para esta caixa pré-
fabricada que, até pouco tempo atrás, era somente utilizada para armazenamento e transporte de
bens. Hoje em dia, os contêineres podem ser – e são – empregados para os mais diversos tipos de
projeto, como bares, lojas e inclusive moradias, além de outros programas menos convencionais.
Apesar de ser ainda um ramo novo, esta tipologia de construção vem conquistando cada vez mais
campos de aplicação, demonstrando varias vantagens em relação aos métodos tradicionais.
No Brasil, embora seu uso não seja frequente, é possível encontrar, principalmente nos grandes
centros urbanos, casas e lojas que se utilizaram de containers para as suas estruturas. O emprego
desses elementos em projetos e construções quase sempre é escolha do arquiteto, que os aplicam
em suas próprias residências, que permitem maior liberdade de criação; ou em projetos conceituais,
como cafeterias e boutiques, entre outros, que procuram chamar a atenção por sua estrutura
inovadora e atrair clientes. Os contêineres também são uma ótima solução para abrigos temporários;
uma pequena casa; ou ainda a ampliação de uma residência já existente. Entre suas vantagens estão
a redução do custo da obra e a rapidez de execução, destacando-se como maior inconveniente a
questão do conforto térmico, o que pode ser resolvido por cuidados no projeto e construção.
Este artigo vincula-se à pesquisa intitulada “Arquitetura e sustentabilidade: Bases conceituais para o
projeto ecológico”, desenvolvida junto a acadêmicos do curso de graduação em arquitetura e
urbanismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR); e trata de um breve estudo sobre o reuso de
contêineres, seu surgimento, conceituação e caracterização; além de exemplificar sua tipologia. Visa
ainda a definição de diretrizes gerais de concepção, projeto e execução, as quais auxiliem propostas
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de espaços que se pretendam inovadores e originais, ao mesmo tempo em que se constituam em
alternativas para uma prática arquitetônica mais sustentável.
2 SUSTENTABILIDADE EM ARQUITETURA
No início dos anos 1970, ocorreu em Estocolmo (Suécia), a Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente Humano (CNUMAH), que pode ser considerada a primeira reunião efetiva da
comunidade internacional, voltada a discutir a relação das atividades humanas com o meio
ambiente, avaliando seus impactos sobre a natureza e, deste modo, dando início à preocupação
ambiental, que foi se intensificando nas décadas seguintes. Com a divulgação do Relatório
Brundtland, em 1987, o termo “sustentabilidade” passou a ser difundido mundialmente e, por
consequência, a ideia de “desenvolvimento sustentável” ganhou cada vez mais significado,
transformando-se em um objetivo comum a praticamente todo o mundo industrializado.
Consolidado a partir da realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CNUMAD), ocorrida no Rio de Janeiro – a Eco-92 definiu suas principais
características e estratégias, inclusive através de uma agenda de compromisso internacional: a
Agenda 21 (BARBIERI, 1997) –, o desenvolvimento sustentável passou a ser entendido como aquele
que visa suprir as necessidades dos seres humanos e da sociedade contemporânea, sem
comprometer o futuro das próximas gerações em atender suas próprias necessidades. Decorrentes
disto nasceram as ideias de economia e crescimento sustentáveis, que teriam desdobramentos em
todas as áreas, inclusive na construção civil. Tanto que, em 21 de junho de 1993, no congresso
ocorrido em Chicago IL (EUA), a União Internacional dos Arquitetos (UIA), em conjunto com o
American Institute of Architecture (AIA), estabeleceu a “Declaração de Interdependência para um
Futuro Sustentável”, que colocou a sustentabilidade como o centro de responsabilidade profissional,
convocando todos para a prática da chamada arquitetura sustentável ou green architecture.
(COMARCHITECT, 1993; WINES, 2000)
Visando produzir edificações que se adéquam, ao mesmo tempo, às condições ecológicas e sociais de
um determinado lugar, a green architecture emprega tecnologias “verdes” e intenta conciliar a
tradição e novas possibilidades, em especial por meio da aplicação de tecnologias “limpas”, que
garantam a eficiência energética, a adequada especificação de materiais e a proteção da natureza
(GAUZIN-MÜLLER, 2002). Em outros termos, procura otimizar, no projeto arquitetônico e sua
execução, os recursos naturais disponíveis, diminuindo o impacto que uma obra poderá causar. Com
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vistas a isto, para Stang et Hawthorn (2005), uma casa sustentável deve ter, no mínimo, “o menor
tamanho possível, uma orientação solar adequada e ser localizada o mais próximo possível de
transportes públicos e locais de trabalho e estudo” (p. 13). Ainda segundo os autores, para os
arquitetos comprometidos com a ideia de sustentabilidade, outras medidas podem ser tomadas,
como o uso de: materiais recicláveis e reaproveitamento de estruturas já existentes; materiais com
baixo consumo energético, tanto para sua produção como transporte; e materiais naturais como
madeira de reflorestamento. Soma-se a isto a aplicação de sistemas de luz eficiente; de coleta e
reaproveitamento das águas pluviais; e de ventilação natural e energia solar; estratégias para que a
edificação tenha uma vida longa.
Com vistas à sustentabilidade, a alternativa arquitetônica pelo reaproveitamento de estruturas inclui
não somente a reciclagem de edificações antigas, mas também o reuso de contêineres ou
contentores de carga, o que vem acontecendo como opção por uma arquitetura mais sustentável.
Apesar de serem reutilizáveis, muitos deles acabam em depósitos portuários quando já passaram do
seu tempo de vida útil. Alguns, mesmo em perfeitas condições, são deixados de lado após o uso, pois
custa mais caro mandá-los de volta ao local de origem do que comprar novos. Por causa da sua
estrutura metálica, de grande resistência e durabilidade, além de seu baixo custo, o contêiner
chamou a atenção de projetistas, que, de acordo com Slawik et al. (2010), começaram a se dedicar à
sua reutilização e aplicação em outras áreas distintas.
3 ARQUITETURA EM CONTÊINERES
Próprios para carga, armazenamento e transporte, os contêineres são feitos para suportar fortes
chuvas, ventos e demais condições adversas de tempo e movimento, mesmo quando estão
empilhados em grande quantidade. Sua volumetria e geometria permitem que sejam reutilizados de
diversas maneiras e composições variadas, transformando-se em abrigos temporários, residências,
lojas, escritórios e escolas (KOTNIK, 2008; 2010). Embora possuam sempre a mesma forma – de um
prisma retangular com dimensões internacionalmente padronizadas –, possibilitam a composição em
vários arranjos, podendo ser combinados com outras estruturas, formando uma composição mista;
ou ainda, funcionarem como extensão de uma construção já existente. Isto acaba por desmistificar a
ideia de que sua arquitetura resulta sempre igual e monótona. (FOSSOUX; CHEVRIOT, 2013)
O que é um contêiner
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Denomina-se contêiner – do inglês container, proveniente do verbo to contain (conter;
encerrar; acomodar) – um recipiente geralmente de metal, destinado ao acondicionamento e
transporte de carga em navios, trens e aviões, entre outros meios. Do ponto de vista geométrico, um
container padrão ISO é um prisma retangular com seis faces e pelo menos uma abertura (Figura 1).
Figura 1: Elementos constituintes de um contêiner Padrão ISO
Fonte: OEC Group, 2015; adaptado.
Estruturalmente, trata-se de uma caixa metálica, com base de aço e revestimento feito em aço COR-
TENi com perfis especiais padronizados e paredes portantes, cujos pontos principais de apoios de
cargas são seus cantos (SLAWIK et al., 2010). Além disto, um contêiner possui piso em madeira
aglomerada, cuja resistência é semelhante à de um pavimento de concreto (300 kg/m2), sendo
selado internamente com silicone e, como é feito para ser empilhado, suporta até quatro vezes o seu
peso (FOSSOUX; CHEVRIOT, 2013). O tipo de aço utilizado torna o contêiner resistente a todos os
tipos intempéries, como frio e calor excessivos, chuvas intensas, maresia, fogo e também roedores,
bem como as vedações em silicone o impedem de afundar no mar (KOTNIK, 2008). Cabe observar
que a capacidade estrutural dos containers é bastante elevada, porém, devido a variações dessa, o
limite para o empilhamento vertical varia de três a oito andares. (SLAWIK et al., 2010)
Também conhecido como cofre de carga, um contêiner é dotado de dispositivos de segurança
previstos por legislações nacionais e convenções internacionais, sendo fabricado em vários
tamanhos, existindo três tipos mais comuns: os de 20, 40 e 45 pés de comprimento, cujas medidas
estão no sistema inglês, também comum nos EUA e em outras partes do mundo (1 pé = 12 polegadas
= 30,48 cm). Tanto a altura como a largura dos contêineres são padronizadas em 8 pés ou 2,44 m.
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Essa padronização facilita o transporte – que pode ser terrestre, marinho ou aéreo –, além de
permitir a modulação, o que facilita o armazenamento e o empilhamento em portos e hangares, já
que esses módulos podem ser combinados e, em conjunto, formarem arranjos que facilitam sua
logística. Hoje em dia, os contêineres têm como característica principal constituírem uma unidade de
carga independente, com dimensões-padrão em pés, cuja unidade-base considerada é o TEU – do
inglês Twenty Equivalent Unit. (LEVINSON, 2003)
Embora os contentores de carga pareçam ser uma das características omnipresentes dos portos modernos ou da paisagem urbana, são uma invenção relativamente recente, inspirada sem dúvida pelos contentores militares normalizados do tipo desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos EUA nos anos 1950. A Organização Internacional da Normalização (ISO) baseou os seus critérios para os contentores intermodais (aptos para serem colocados em navios ou diretamente em veículos pesados ou comboios, 1970) no exemplo das forças armadas norte-americanas. (JODIDIO, 2011, p.38)
Pode-se dizer que a definição do contêiner como se conhece hoje nasceu em 1937 com o norte-
americano Malcolm Purcell McLean (1913-2001); motorista e dono de uma pequena empresa de
caminhões, que, ao observar o lento embarque de fardos de algodão no porto de Nova York, teve a
ideia de armazená-los e transportá-los em grandes caixas de aço, as quais pudessem ser embarcadas
nos navios. Considerado o pai da moderna contentorização (containerization), McLean, em conjunto
ao engenheiro Keith Tantlinger (1919-2011), desenvolveu o contêiner intermodal, aprimorando seus
métodos de trabalho, expandindo sua companhia e chegando até os portos europeus em 1966.
(DONOVAN; BONNEY, 2006)
Depois disso, entre 1968 e 1970, foram publicadas, pela Organização Marítima Internacional
(International Maritime Organization), normas ISO para contêineres, cujos padrões permitiram a
melhoria do carregamento, transporte e descarga de mercadorias em portos de todo o mundo,
economizando tempo e recursos. A Convenção Internacional para a Segurança dos Contêineres (CSC)
foi regulamentada em 1972 pela Organização Inter-governamental Marítima Consultiva (Inter-
governmental Maritime Consultative Organization), que passou a garantir o transporte e manuseio
seguro de contêineres. (LIGHTHOUSE, 2013)
Tipos de contêineres
No sentido do carregamento, a invenção do contêiner foi uma revolução, pois a carga de um
caminhão, por exemplo, poderia ser passada para um navio ou trem sem perda de tempo com a
mudança de meio de transporte. Era preciso somente de um guindaste para movê-lo de um lugar
para o outro. Atualmente, cerca de 90% das mercadorias são transportadas nesses recipientes pré-
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fabricados, devido ao fato do contêiner de carga ser “uma forte, modular e móvel ferramenta, que
está incorporada num padrão mundial para facilitar o transporte”. (KRONENBURG, 2008, p. 43)
Quanto aos principais tipos de containers, Donovan et Bonney (2006) identificam os seguintes como
os mais comumente encontrados:
Dry Box (carregamento final/inclusão completa): trata-se do contêiner intermodal básico,
também chamado de dry van, com portas no final, acomodáveis para cargas que não
requerem controle ambiental quando em rota e/ou que são geralmente físicas e secas,
como: alimentos, roupas e móveis, entre outros. Equipado com portas ventiladas nas
extremidades ou laterais, também é usado para cargas geradas por calor, as quais requerem
proteção contra avarias de condensação (sudação). Há versões com ventilação elétrica, nas
quais ventiladores são encaixados com defletores para prevenir a entrada de água;
Dry Box (carregamento lateral/inclusão completa): semelhante ao anterior, diferencia-se por
estar equipado com porta lateral para uso de carga e descarga onde não seja prático o uso de
portas finais, assim como quando necessita permanecer nos trilhos enquanto o
carregamento é colocado ou removido do contêiner. Além de portas tradicionais, há versões
com abertura de uma só lateral ou de ambas, tanto esquerda como direita;
Open Top (abertura de topo): contêiner usado para carretos pesados ou itens desjeitosos,
onde o carregamento ou descarregamento através das portas finais e laterais seja
impraticável, como grãos e produtos químicos secos. A maioria é equipada com cobertura
em tecido, sendo indicado como contêiner de topo “suave” ou “rude”. Há alguns contêineres
de abertura de topo encaixados com cobertura de painéis removíveis tipo hatch ou teto em
metal totalmente destacável;
Tank (contêiner cisterna): é aquele voltado ao armazenamento e transporte de líquidos a
granel, inclsuive perigosos, que geralmente é composto por uma cisterna suportada por um
paralelepípedo de vigas metálicas, cujas dimensões equivalem às do dry box. Uma variante
denominada flexi-tank permite que se fixe um depósito flexível de poliuetileno (flexibag), o
qual é designado para especificações de alto nível;
High Cube: contêiner destinado a cargas de alto volume, baixo peso e/ou que podem
aumentar sua área cúbica. Geralmente, possui comprimento de 40 pés (~12 m) e altura de
9,6 pés (~2,9 m);
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Flat Rak: contêiner que não possui as paredes laterais e, em alguns casos, também as frontais
e posteriores, destinados a cargas atípicas, como automóveis ou animais vivos (aves
domésticas, gado e outros);
Reefer: contêiner refrigerado e/ou isolante, isto é, equipado com um sistema embutido de
refrigeração ou calefação, além de termostato, o que permite a conservação de frio ou calor
por meio de conexões elétricas diretas – em baixas correntes trifásicas – ou geradores à
gasolina ou diesel. É usado primariamente para alimento ou outros artigos que requerem
temperatura controlada de ambiente, os quais não poderiam ser expostos a mudanças
rápidas ou bruscas de temperatura, havendo versões ventiladas e não-ventiladas;
Plataform: é aquele que possui prateleiras retas, removíveis ou não, disponíveis em vários
modelos e tamanhos, que são usadas para madeira, maquinários, vestuários, veículos e
produtos de moinho pesados, largos e desajeitados;
Marad: contêiner experimental de topo aberto, desenvolvido pela marinha norte-americana
para adaptar a navios cargueiros o transporte de equipamentos pesados, principalmente
militares, fora de padrões. A construção do piso work-trough (seção do piso aberta por uma
manivela própria) pode reduzir tanto o tempo de descarregamento como o espaço de
armazenamento no pier, desde que as cargas não necessitem ser removidas da destinação.
Uso arquitetônico de contêineres
Em termos gerais, um contêiner possui características que diversos arquitetos procuram para seus
projetos: é modulado, padronizado e pré-fabricado, o que diminui seu custo; é fácil de transportar e
está disponível pelo mundo todo, o que não limita o mercado consumidor e torna-o relativamente
barato; e, por fim, é reciclável para inúmeros usos. Tal combinação de fatores, segundo a Intermodal
Steel Building Units and Container Homes Association (ISBU), está fazendo com que esse novo ramo
da arquitetura sustentável cresça em velocidade incrível. Apesar destas vantagens, as quais
colocariam os containers como elementos de grande potencialidade arquitetônica há muito tempo,
foi somente décadas após a sua invenção – mais precisamente da década de 1990 em diante – que o
interesse por eles aumentou, este despertado pela crescente discussão ambientalista e
consequentes premissas por uma arquitetura mais sustentável, o que acabou dando às caixas de
McLean novos usos. Espalhadas por todo o planeta, continuaram com a mesma forma, mas, nas
mãos de criativos projetistas, transformaram-se em moradias de diversos tamanhos, além de
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escritórios, lojas, escolas, espaços de eventos, quartos de hotéis, quadras de esportes e, até mesmo,
obras de arte contemporânea. (KRONENBURG, 2008; SUSTAINABLE ARCHITECTURE, 2013)
Diante disso, Kotnik (2008; 2010) classifica a reutilização arquitetônica do contêiner em diversas
tipologias, a saber: uma única unidade; uma composição delas; combinadas com outra estrutura;
como extensão de uma construção já existente; várias colocadas sobre os edifícios ou dispostas
dentro de uma edificação; e, finalmente, construções que flutuam com contêineres. A primeira
categoria de reuso – a de um único container – consiste no tipo mais comum entre as atuais
construções em contêineres, sendo muito popular entre os projetos conceituais. Além de a
mobilidade ficar mais fácil, com apenas uma dessas caixas, tem-se o espaço suficiente para formar
um pequeno bar, loja, ateliê ou alojamento. Geralmente, o emprego de apenas um elemento não
necessita de permissão para sua construção, diminuindo a burocracia envolvida nos projetos.
Embora os primeiros projetos com estrutura em contêineres terem como base apenas uma caixa, o
que apareceu por volta dos anos 1990, a facilidade de empilhamento e conexão entre si fez com que
surgissem, logo em seguida, as composições de diversas unidades colocadas juntas. Muitas vezes um
único contêiner não proporciona espaço suficiente para determinado programa; e a solução para isso
passou a ser a combinação de vários deles. Não há limite de quantos contêineres se pode usar em
um projeto: é possível combinar apenas dois deles, para uma casa de férias; ou unir uma centena
deles para formar um shopping center. Nestes casos de grandes agrupamentos, o contêiner Padrão
ISO deve ser aquele utilizado, pois já possui a estrutura necessária. (KOTNIK, 2008; 2010)
A terceira maneira de criar arquitetura de contêineres, ainda segundo o mesmo autor, são associá-
los com outra estrutura. Apesar da versatilidade e de todas as facilidades que podem ser
encontradas nos contêineres, eles não representam uma solução para tudo. Logo, se combinados
com outros sistemas, alcançam um potencial ainda maior. Em um terreno com declive, por exemplo,
o uso de uma laje em concreto pode ser a melhor solução, assim como, para o calor excessivo, um
revestimento de madeira ajuda: nestes casos, a estrutura em container acaba sendo mista.
Por sua vez, um modo simples de adicionar espaço ao ambiente são as extensões feitas com
contêineres. A sua montagem é rápida e silenciosa, não causando grande impacto ao local, além de
poder ser desmontada facilmente quando não for mais necessária. Do mesmo modo, a estrutura leve
dos contêineres permite que estes também sejam utilizados nos terraços. Eles não necessitam de
uma fundação especial e sua montagem não atrapalha a vida dos moradores de um prédio, sendo
empregados como escritórios e coberturas. (KOTNIK, 2008; 2010)
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Ainda de acordo com a mesma fonte, os contêineres são também utilizados do lado de dentro das
construções. Como precisam de um pé-direito alto para a sua instalação, são mais encontrados no
interior de grandes pavilhões e espaços públicos, mas não deixam de ser usados também dentro de
residências. Assim, funcionam como um ambiente especial dentro de um lugar maior, levando um
novo programa para o local, o que pode ser bem diversificado: galeria, estúdio, almoxarifado, sala de
reuniões, um dormitório a mais e até mesmo um palco para shows. Ainda, os contêineres podem ser
colocados em cima de balsas e funcionarem como casas flutuantes. Esta é uma opção atraente para
quem vive em um lugar em que as leis para as construções de embarcações são menos exigentes do
que aquelas para obras em solo. Por ser uma estrutura leve, o contêiner é ideal para este tipo de
construção, tendo a vantagem de poder ser colocado flutuando em rios ou lagos, onde, por exemplo,
obras sobre o solo são proibidas.
Os containers também estão sendo utilizados para formarem complexos urbanos como bairros
residenciais, comerciais ou mistos. Exemplificando, já existe a Container City, localizada na região de
Docklands, em Londres (Inglaterra), que foi concebida pelo arquiteto Nicholas Lacey no início da
década de 2000. Seu sucesso fez nascer um segundo empreendimentoii, além de outros em diversos
países. Essas “cidades” foram criadas a partir da união de vários contêineres de diversos tamanhos e
com encaixes flexíveis, gerando uma construção modular altamente versátil, que oferece
acomodações acessíveis para uma gama de utilizações. Além disso, a Container City foi executada
com metade dos custos e em menos da metade do tempo que uma obra tradicional.
Em 2006, foi construída em Amsterdã (Holanda), a maior cidade-contêiner do mundo, Keetwonen;
um complexo de moradias estudantis criado pela empresa Tempohousing a partir da reutilização de
1.000 contêineres. Além da reciclagem desta grande quantidade de caixas metálicas, o conjunto
ainda integrou um telhado que acomoda a drenagem das águas pluviais enquanto proporciona
dispersão de calor e isolamento para os contêineres abaixo. O complexo seria desmontado em 2011,
mas devido ao sucesso alcançado, seu tempo foi prorrogado até 2016. (ARCOWEB, 2013)
Vantagens e desvantagens
Pode-se apontar varias vantagens da reciclagem arquitetônica de containers em relação às
tecnologias construtivas convencionais, as quais são: a modularidade e consequente variedade
compositiva; a leveza da estrutura; a resistência a intempéries; a ampla quantidade disponível; a
rapidez na obra quando comparada à alvenaria; o menor custo de fundação e o apelo sustentável.
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Além destes pontos positivos, destaca-se a semelhança com sistemas pré-fabricados, devido ao
menor custo por m2 e por sua fabricação em escala, o que acrescenta como vantagens o preço de
consumo e a economia no custo final da obraiii. Há ainda a conveniência de uso em áreas de risco –
por exemplo, de terremotos –, já que o container apresenta um comportamento estruturalmente
elástico. (KOTNIK, 2008; KRONENBURG, 2008)
Em termos construtivos, os contêineres funcionam como grandes monoblocos. De acordo com
Socrates (2012), os painéis laterais, assoalho, terças, portas, moldura e trilhos formam um conjunto
estrutural, o que permite que o container seja autoportante e, portanto, empilhado. Eles são
resistentes e destinados originalmente a transportar cargas que geram mais esforço do que uma
residência típica. No entanto, ao se fazer aberturas, a estrutura perde parte de sua resistência. Se,
por exemplo, retirar toda vedação lateral, a estrutura, mesmo sem esforços, pode se deformar. Por
isto, sempre que for necessário fazer uma abertura, deve ser feita uma moldura em volta da mesma.
Além disso, pode ser preciso a instalação de vigas e suportes no telhado, dependendo do tamanho
das aberturas e das cargas sobre a estrutura.
Há ainda a vantagem de levar o módulo em container ao terreno pronto para ser utilizado, o que
garante redução de tempo e de custo gerado durante o período de construção. Isto é possível
porque o contêiner já possui paredes, piso e cobertura formando sua estrutura. Ademais, o
empilhamento e fixação desses elementos são relativamente rápidos, sendo necessário apenas um
guindaste. Isto sem contar que não é necessário fazer grandes movimentações de terra para
implantar a edificação, o que reduz o impacto sobre o local. Outro ponto positivo refere-se à
flexibilidade do sistema, ou seja, a possibilidade de ampliação gradual das construções que utilizam
containers, conforme as necessidades dos usuários. Soma-se a tudo isto a estética industrial e sua
forma, os quais favorecem a criação de terraços e tetos-jardim, assim como a implantação em
terrenos estreitos, além de conseguirem simbolizar – ou traduzir expressivamente – a nossa era
altamente tecnificada. (SLAWIK et al., 2010; FOSSOUX; CHEVRIOT, 2013)
Quanto às desvantagens do reuso arquitetônico de contêineres, estas podem ser contornadas a
partir da utilização de materiais e técnicas adequadas, além do criterioso projeto arquitetônico e da
capacidade do arquiteto em resolver as limitações do sistema. Entre os pontos negativos estão: os
problemas de conforto térmico – já que o container, em seu material e forma, possui capacidade
térmica alta –, o que pode ser resolvido com isolamento (poliuretano ou lã de rocha, ovelha, etc.) e
espessuras adequadas de revestimento; e a necessidade de tratamento químico dos contêineres
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usados (jateamento), este necessário para evitar eventual contaminação por cargas transportadas
(PAGNOTTA, 2011). Cita-se ainda a fragilidade causada pelas modificações na estrutura e a
necessidade de mão-de-obra específica – portanto, mais cara – para fazê-las corretamente e garantir
a estabilidade da construção. Há igualmente os problemas representados pela largura pequena e pé-
direito baixo das unidades, os quais podem ser contornados pelo uso de mais containers, unidos ou
articulados, assim como a espessura adequada de revestimentos e/ou emprego de pés-direitos
duplos. (KOTNIK, 2008; SLAWIK et al., 2010)
No que se refere aos problemas térmicos, conforme Fossoux et Chevriot (2013), há basicamente
duas formas de isolamento: interna e externa. A primeira é a opção mais econômica, contudo menos
eficiente, por perder facilmente calor interno. Isto se deve ao fato da espessura do isolamento ser
menor – em média, 10 cm –, para não perder espaço interior, que já é restrito. Além disso, é possível
manter as folhas metálicas aparentes, as quais já são resistentes às intempéries, sendo necessário
colocar apenas uma vedação interna. Já com o isolamento externo, há uma perda de calor menor.
Como não há problema de espaço, pode-se instalar um isolamento mais espesso, entre 10 e 30 cm.
Contudo, é preciso colocar uma vedação resistente de material resistente às intempéries, o que
encarece a obraiv. Kotnik (2008) acrescenta ainda como soluções para a questão térmica a utilização
de isolantes cerâmicos usados na indústria aeroespacial; ou o emprego de uma fachada adicional
para o calor composta por painéis ou pérgolas.
4 DIRETRIZES DE PROJETO COM CONTÊINERES
Embora a experiência prática e o estudo da arquitetura em contêiner serem bastante recentes,
especialmente em nosso país, o interesse vem crescendo cada vez mais, assim como a divulgação e
exigências por uma arquitetura voltada à sustentabilidade, o que provavelmente fará com que este
quadro se modifique em breve, tanto nos meios acadêmicos como profissionais. A partir da análise
de casos específicos, os quais não foram aqui relatados por limites de espaço, pôde-se definir
algumas diretrizes básicas para o projeto e execução de obras em contêineres metálicos, as quais
serviriam a priori como recomendações àqueles interessados em experimentar tal alternativa para
uma construção mais sustentável, a saber:
Avaliar a disponibilidade de elementos, categoria de armazenamento, material de fabricação
e condições de conservação e transporte dos contêineres até o local da obra em uma etapa
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anterior ao projeto propriamente dito, de modo a se analisar sua viabilidade técnica e
econômica;
Dimensionar as funções que deverão ser abrigadas em contêineres, visando quantificar o
número de componentes e a necessidade de frações e/ou composições, de forma a se
adequar ao programa de necessidades, ao perfil dos usuários e à área de empreendimento
(habitacional, comercial, eventos, serviços, etc.);
Estudar as condições climáticas do local de implantação, procurando coletar informações
principalmente quanto a variabilidade térmica, regime de precipitações e incidência de
ventos e outros eventos naturais, assim como a orientação solar, em paralelo às condições
geológicas e de topografia, de modo a prever os pontos de apoio e fundações exigidas, além
de outras providências quanto tipo de isolamento, cobertura e composição;
Prever os ambientes, de acordo com requisitos ergonômicos e funcionais; e localizar as
aberturas (portas e janelas), as quais podem ser aplicadas diretamente nas chapas de 3 mm
de espessura com a utilização de brocas metálicas, atentando para as melhores vistas,
exigências de privacidade, sombreamento, ventilação e de aproveitamento da luz natural;
Procurar desenvolver revestimentos internos de piso, parede e teto os mais finos possíveis,
para não perder espaço no interior do contêiner, mas que, ao mesmo tempo, permitam um
bom desempenho termoacústico, avaliando as opções em madeira, cerâmica e gesso
acartonado, com adição de materiais isolantes preferencialmente ecológicos;
Detalhar os pontos de soldagem dos perfis metálicos e também os sistemas de fixação de
revestimentos, geralmente aparafusados nas travas do forro e das paredes das
extremidades, quando em madeira. Observar a necessidade de se realizar vedações
independentes na subdivisão de espaços como, por exemplo, banheiros e despensas;
Detalhar as instalações hidroelétricas de modo apurado, lembrando que as instalações de
esgoto e de alimentação de água e energia devem ser previstas e executadas antes da
chegada da caixa metálica, no canteiro de obras. Por sua vez, o reservatório deve estar acima
do contêiner. Conforme as condições de exequibilidade, aplicar sistemas que permitam a
economia energética e/ou uso da energia solar, como o uso de painéis fotovoltaicos;
Definir o tipo de cobertura, observando a necessidade de isolamento e o emprego de
materiais como telhas-sanduíche com isolante; ou mesmo teto-verde, o qual exige mais
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elaboração e gasto. Se possível, associar um sistema de reaproveitamento de águas das
chuvas, permitindo um uso sustentável da água.
6 CONCLUSÃO
A reutilização arquitetônica de contêineres constitui alternativa viável para uma arquitetura mais
sustentável. Mesmo possuindo desvantagens como o espaço limitado ou problemas decorrentes do
conforto térmico, é possível adaptar seu sistema e estrutura às necessidades de diferentes usuários,
explorando suas qualidades referentes à versatilidade, flexibilidade, durabilidade, resistência e
economia. Seu uso pode ser combinado a outras estratégias de sustentabilidade, como: telhado
verde, reaproveitamento de água, aquecimento solar e emprego de materiais recicláveis e/ou
certificados. Sua composição plástica e tratamento estético dependerão das intenções do arquiteto
assim como dos gostos e aspirações de seus clientes, os quais podem variar deste a aparência
industrial, deixando os contêineres expostos na obra, até a adequação dos módulos para se obter
um aspecto mais tradicional, revestindo-os com materiais como a madeira e o tijolo.
7 AGRADECIMENTOS
Desenvolvido a partir de trabalhos de pesquisa em iniciação científica, este artigo procurou sintetizar
as contribuições de outros acadêmicos do curso de arquitetura e urbanismo da UFPR, aos quais são
citados aqui a critério de agradecimento por sua colaboração, seja de forma direta ou não: Diego
Nogossek da Rocha, Luza Basso Driessen e Vanessa Francisca Tavares Pereira.
8 REFERÊNCIAS
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NOTAS
i O aço patinável ou dito COR-TEN (Corrosion Resistance Tensile Strength) é composto por uma liga de cobre, cromo, fósforo, níquel e molibdênio, que sofre tratamento anti-corrosivo e pode resistir a condições climáticas extremas, como temperaturas entre - 30 e 80°C. A pátina do metal, é uma camada de óxido que fornece proteção contra corrosão e leva até dois anos para se formar, através de sucessivos períodos de umidade. Entre as normas ISO para o chamado Dry Container, que é o tipo de contêiner mais frequentemente usado para construção civil, destacam-se as seguintes: ISO 668, que regula as dimensões externas; ISO 1161, que trata sobre cantos que se enquadram nas dimensões; ISO 1496-1, que estabelece e faz alguns testes obrigatórios específicos; ISO 1894, que regulamenta as dimensões internas; e ISO 6346, que exige que a unidade seja incluída em um código, regulação e marcas de sua origem e seus proprietários anteriores. (FOSSOUX; CHEVRIOT, 2013) ii A Container City I demorou cinco meses para ficar pronta e foi concluída em 2001. Foram utilizados 20 contêineres
dispostos em quatro andares, sendo 15 deles somente para uso residencial. A sua primeira versão fez tanto sucesso que, após apenas dois anos, foi construída a Container City II, que dispõe de mais conjuntos habitacionais também na mesma região que o primeiro empreendimento. Todos eles já estão alugados, principalmente por artistas e designers; e quem quiser morar lá terá que entrar em uma fila de espera, tamanha a procura. Hoje, já existem 14 desses complexos na Inglaterra, além de mais alguns em outros países como o México. (CONTAINER CITY, 2015) iii Segundo Slawik et al. (2010), que consideram o preço do contêiner baixo, um novo de 20 pés custa em torno de 2.500
euros (cerca de R$ 8.200) e um usado, 1.300 euros (cerca de R$ 4.200), sendo que a maioria dos containers é usada uma única vez. Kotnik (2008) critica o encarecimento dos contêineres devido à maior divulgação de projetos que os reutilizam. Já se pode sentir tal efeito no Brasil: em matéria recente do jornal Gazeta do Povo (ALVARO, 2015), afirma-se que os mesmos chegam a custar no país entre R$ 8.000 e 12.000 a unidade, ou seja, bem mais caros que na Europa. Além disto, é importante ressaltar que ainda há o custo do frete, que pode variar de R$ 1.000 a 5.000, conforme a distância de entrega. iv
É interessante notar que algumas soluções simples podem ajudar a refrescar o contêiner, como uma abertura de janela que faça sombra em parte do mesmo, a utilização da sombra de vegetação, um jardim interno ou uma pequena elevação do contêiner do chão, para que possa entrar ar frio pela parte interior. São todas alternativas que podem melhorar a qualidade de vida do usuário sem acrescentar grandes custos à obra. (GARRIDO, 2011)