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Arquivo Público do Estado de São Paulo
Núcleo de Ação Educativa
Kit Pedagógico
Rio Tietê
Arquivo do Estado de São Paulo
Oficina: O(s) uso(s) de documentos de arquivo na sala de aula.
Sequência Didática: Navegando o Tietê nos diferentes tempos de Piratininga.
Lauro Ratti Júnior
São Paulo, Novembro de 2013.
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JUSTIFICATIVA
As referências ao rio Tietê estão presentes nas primeiras narrativas que tratam da ocupação e do povoamento das terras descobertas pelos portugueses, na América. Documentos que tratam da aldeia, depois vila fundada sob os auspícios de João Ramalho, Tibiriçá e dos padres jesuítas e que deram origem as narrativas épicas sobre homens mestiços, cujas realizações os elevaram a “estatura de gigantes”. Nestas narrativas o Tietê é usando como via fluvial e referência geográfica para adentrar ao sertão desconhecido. Por estes e outros eventos, o rio Tietê adquiriu a condição de “personagem ilustre” da nossa História. Nesses diferentes papéis o Tietê serviu de cenário para a construção do mito do bandeirante, para as aventuras das monções e representações que temos a respeito do nosso Estado.
Se já não bastassem as associações com os eventos inaugurais da nossa história, o Tietê se faz presente em questões de grande importância para a atualidade como os problemas de acesso aos recursos hídricos, de natureza urbanística e ecológica, que dizem respeito, não apenas aos moradores da cidade, como também de todo o Estado de São Paulo. Eventos que, diferentemente dos inaugurais perderam a dimensão épica e muitas vezes mítica do passado, mas que sem qualquer dúvida, continuam tendo importância fundamental para a vida de milhões de cidadãos e para a nossa história.
Nessa sequência didática pretendemos refletir sobre estas questões, isto é, pretendemos discutir através da leitura de diferentes documentos, como o rio Tietê marcou a vida dos paulistas e perceber, como a relação dos seres humanos com o rio foi se modificando a medida que a sociedade foi se transformando nas terras de Piratininga.
OBJETIVO GERAL
A sequência didática tem por objetivo destacar a relação dos paulistas com o rio Tietê, em momentos pontuais, destes mais de 450 anos de História. Período que se inicia com a construção do colégio dos jesuítas, e avança até o presente, por meio da análise e problematização dos documentos textuais e iconográficos. Além de identificar a relação dos paulistas com o rio, ao longo do tempo, este trabalho buscar contribuir para o desenvolvimento da competência leitora e escrita dos alunos, condição necessária para transforma-los em protagonistas da construção do próprio conhecimento.
OBJETIVOS ESPECIFICOS
• Situar os momentos históricos nos diversos ritmos da duração e nas relações de sucessão e/ou de simultaneidade.
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• Comparar problemáticas atuais e de outros momentos históricos.
• Posicionar-se diante de fatos presentes a partir da interpretação de suas relações com o passado
COMPONENTE CURRICULAR:
Brasil: As contradições da modernização e os processos de exclusão econômica.
SÉRIE/ANO: 2º série do Ensino Médio
TEMPO PREVISTO: 7 aulas
DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO: As atividades da sequência didática serão realizadas em dupla, exigindo-se o registro individualizado da realização de cada tarefa solicitada.
AVALIAÇÃO:
Verificação das atividades com atribuição de nota de acordo com o nível de dificuldade
Primeira aula
Navegando o Tietê: o rio Tietê através dos periódicos
(Jornais e revistas como documento histórico)
A primeira aula desta sequência didática tem por objetivo sensibilizar o aluno para estudo das questões relativas ao rio Tietê e problematizar diferentes suportes do texto de natureza jornalística. Pretende- se a partir da leitura dos textos e da análise dos suportes fazer com que os alunos reflitam sobre as razões que transformaram os acontecimentos narrados nos periódicos de “uma simples notícia” a elemento de reflexão histórica.
Atividade - 1: Leitura e interpretação:
Estudo comparado de documentos de diferentes épocas.
O exercício proposto nesta atividade tem por objetivo desenvolver a análise e a compreensão dos aspectos formais e de conteúdo relacionadas aos periódicos.
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Esta atividade visa contribuir com o desenvolvimento da capacidade de interpretação e problematização de informações associadas aos textos jornalísticos.
A atividade se desenvolverá através da leitura e interpretação dos documentos com orientação do professor.
Documentos: doc. 1 e doc. 2 (ver anexo)
Questões:
a) As notícias referentes ao Tietê chegaram ao público por meio de que tipo de veículo de comunicação?
b) Elabore um quadro esquemático com temas referentes ao tipo de formato e
principais características de cada um destes veículos.
c) Quais informações especificamente sobre o rio Tietê podem ser obtidas analisando estes diferentes documentos?
d) O que faz texto jornalístico (um artigo de jornal, por exemplo) transformar- se em
um documento histórico?
Segunda aula.
Navegando o Tietê: interpretação da narrativa histórica
(A narrativa e a construção do conhecimento histórico)
Aula expositiva: Apresentação do tema: As monções:
Depois da realização de uma exposição inicial sobre as monções e da menção a textos de natureza didática para estudo, a aula terá continuidade com o desenvolvimento da leitura e interpretação de uma narrativa histórica, extraída da obra de Sérgio Buarque de Holanda. Além de apresentar informações pontuais sobre as monções, a aula tem por objetivo fazer com que os alunos percebam as características específicas, do texto narrativo. (Quais são seus objetivos e organização)
Atividade: Leitura e intepretação do Texto:
Documento: doc. 3 (ver anexo)
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A breve passagem extraída do livro de Sergio Buarque de Holanda, denominada
Monções, apresenta de maneira brevíssima, o cotidiano dos homens e mulheres,
que em navios feitos com o tronco das árvores, chamados batelões, se dirigiam ao
interior do país, navegando no rio Tietê.
Questões:
a) Podemos comparar este texto à narrativa de um romance? Justifique
b) Que tipo de saberes era exigido daqueles homens?
c) Quais expressões ou dizeres, historicamente datados, podem ser identificados
no texto?
d) Este texto pode ser considerado um documento histórico? Justifique
Terceira aula: Navegando o Tietê: o rio Tietê e a iconografia das monções (A iconografia como documento: Análise de uma obra de Almeida Jr) Esta aula tem o objetivo discutir as características da iconografia como fonte documental e o seu papel para a constituição do conceito histórico. Depois de uma rápida exposição sobre o pintor Almeida Jr e a obra Partida da Monção, de 1897, os alunos desenvolverão um exercício de leitura e interpretação da imagem, respondendo as questões apresentadas no roteiro a seguir, que tem o intuito de identificar a linguagem, elementos de forma e conteúdo da obra pictural. Atividade: Leitura de documento iconográfico
Documento: doc. 4 (ver anexo)
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1-Descreva os principais elementos que constituem a obra de Almeida Jr., e identifique qual é o seu objetivo ao elaborar esta pintura?
2-Qual é aproximadamente a distancia temporal entre o final das monções e data da realização da pintura de Almeida Jr. 3- Leia a afirmação a seguir e responda a questão: O quadro de Almeida Jr pode nos dizer muito mais coisas sobre a época que o quadro foi produzido, do que sobre as monções. a) Você está de acordo com a afirmação anterior? Justifique.
Reflexão e fixação de conceitos: (Comparando diferentes narrativas)
a) Quais elementos diferenciam e quais aproximam a passagem transcrita da
obra de Sérgio Buarque da obra de Almeida Jr.
Quarta aula: Navegando o Tietê: o monumento às bandeiras. (monumento e ideologia). (História e Monumento)
A edificação de um monumento é plena de sentidos e intencionalidades. A
introdução deste tema permitirá discussão dos conceitos de história e memória,
documento e monumento. O início do século XX foi prodigioso em produzir
monumentos cuja intenção era fixar na memória coletiva os acontecimentos e
valores normalmente associados à elite dirigente.
A presente aula pretende discutir as questões relativas ao significado atribuído
ao monumento e as transformações da sua condição simbólica em função das
novas ideias e valores desenvolvidos pela sociedade.
Depois da apresentação de conceito de monumento, os alunos desenvolverão o
exercício de leitura e interpretação dirigida do monumento às Bandeiras, de Victor
Brecheret apresentado em dois momentos distintos. O primeiro momento será
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dedicado a reconhecimento da concepção original do monumento às Bandeiras e o
segundo dedicado ao reconhecimento decorrente da apropriação da obra pela
população e, consequente da sua ressignificação simbólica.
Através dos questionamentos que dirigem o olhar sobre o monumento, espera-
se que o aluno identifique estas transformações, assimile o conceito de monumento
e reconheça a associação desta obra com o rio Tietê.
Atividade: análise de monumento histórico:
Documentos: doc. 5, doc. 6 e doc.7(ver anexo)
1- Definição:
Documento: doc. 5
1- O Monumento as Bandeiras: um olhar sobre o passado:
a) As informações que acompanham a obra de Brecheret nos ajudam a
compreender a importância atribuída pelas autoridades dos anos 50, às bandeiras. Explique por quê? .
b) Ao se ressaltar a presença de portugueses, negros, mamelucos e índios no monumento às bandeiras, busca-se atingir que objetivo?
2- O Monumento as Bandeiras e os dias atuais: Documentos: doc. 6 e doc. 7 Depois de ler a breve referência a respeito da obra de Brecheret, responda:
a) Estamos diante de que tipo de fenômeno? (O que aconteceu com o significado
original do monumento?).
De acordo com Le Goff, Monumento é tudo aquilo que pode evocar o passado, e perpetuar recordação.
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b) Que relação pode ser feita entre esta nova leitura do monumento (“texto referente
à Lenda urbana”) e a sociedade atual?
c) Relacione as pichações efetuadas no monumento às bandeiras (figura a seguir)
aos valores e interesses da sociedade no momento presente. (2013). Qual é o
objetivo dessas pichações?
Quinta Aula
Navegando o Tietê: o nascimento da metrópole
(A leitura sistematizada de um documento)
Ao acompanharmos as águas do rio, que “foge do mar e se dirige ao sertão”,
nos deparamos com outros eventos, não tão épicos, mas de igual importância para
nossa história. Alguns destes muitos eventos podem ser identificados na leitura do
documento a seguir. A sua leitura e análise nos permitirá a reflexão sobre
importantes questões associadas ao rio Tietê.
Nesta aula faremos a leitura e discussão de um documento oficial do governo
do Estado, trata-se uma carta escrita pelo engenheiro Teodoro Sampaio ao
secretario do interior do Estado do Interior. A aula terá por objetivo reconhecer as
características de um documento oficial, a identificação de elementos associados à
época da sua produção, o final do século XIX, e o levantamento de informações
referentes ao rio em sua relação com a cidade de São Paulo, o que será feito a partir
do desenvolvimento um roteiro de perguntas, que buscam dirigir o olhar do leitor
para algumas questões relativas ao documento, que trata das enchentes, do despejo
de esgoto e relações de ordem urbanísticas relacionadas ao Tietê.
Não poderíamos deixar de fazer menção a ascendência de Teodoro Sampaio,
num período de ações afirmativas e valorização da cultura africana. Abordar esta
questão, ainda que de maneira subsidiária, somente enriquecerá a sequência
didática. A atividade incorpora esta questão relacionando o conteúdo do documento
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redigido por Teodoro Sampaio a sua identidade pessoal, oferecendo subsídios e
informações por meio de uma breve biografia aos alunos.
ATIVIDADE: Leitura e interpretação de documento
Documento: doc. 8 (ver anexo)
Depois de ler a biografia de Teodoro Sampaio, responda as questões:
a) Qual é a data de produção desse documento e a quem ele se dirige?
b) Identifique e transcreva expressões ou formas de linguagens, presentes no documento, que não mais são usadas na atualidade.
c) Como você classificaria esse documento? Pra quê ele serve?
d) Que relação pode ser feita entre a natureza do documento e as qualificações do seu emitente?
e) A leitura deste documento nos apresenta uma nova perspectiva sobre a relação dos paulistas com o rio Tietê. Uma perspectiva muito diferente daquela identificada nas aulas anteriores. Você está de acordo? Justifique
Sexta aula
Navegando o Tietê: o rio e a cidade de São Paulo
(A imprensa escrita: O rio Tietê a partir da perspectiva do presente)
Nesta sequência didática, muitos outros temas poderiam ser abordados
sobre o rio Tietê, especialmente os temas relacionados ao estudo da sua
geografia. Poderíamos abordar diferentes aspectos da paisagem, a flora e a
fauna do rio, mas infelizmente. Tivemos que privilegiar alguns tópicos. As
escolhas feitas buscaram atender temas de importância fundamental para o
estudo da História.
Nesta atividade temos por objetivo levantar uma serie de questões
relacionadas ao Tietê, na atualidade. Este texto de natureza jornalística permite
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o estabelecimento de um interessante contraponto com as questões apontadas
por Teodoro Sampaio, na aula anterior, pois muito daquilo que era apontado
por Teodoro Sampaio não apenas continua acontecendo, como se agravou.
A atividade busca identificar as características gerais e principais
elementos constitutivos do documento de natureza jornalística, dando destaque
para as questões sociais e humanas, através de um personagem, cuja história
está intimamente ligada ao rio, assim como estavam associadas, as histórias
dos antigos navegadores dos batelões das monções. Trata-se da figura de
Lagartão.
Atividade: Leitura e Interpretação de documento
Documentos: doc. 8, doc. 9, doc. 10 e doc. 11(ver anexo)
1-Releia o texto escrito por Teodoro Sampaio e estabeleça os pontos de
conexão entre o documento, do final do século XIX e a realidade da vida de
Lagartão, apresentada no texto, da jornalista Carol Nogueira.
Sétima aula
Navegando o rio Tietê: Conclusão
(fechamento do conteúdo e avaliação final)
É de grande importância que o aluno reflita sobre aquilo que teve
oportunidade de estudar. Através de uma leitura comparada de dois
documentos iconográficos, o aluno deverá desenvolver um exercício de
reflexão. A elaboração de um texto reflexivo nos permite verificar o que
realmente aprendemos e o que ficou perdido no esquecimento. Embora a
atividade faça algumas exigências quanto à abordagem do tema ela concede
suficiente liberdade para que o aluno possa refletir e abordar em seu texto, o
que ele realmente aprendeu e o que foi significativo nesta sequência didática.
Esta atividade vale também como avaliação final do conjunto de toda a
sequência didática. Ela consiste na elaboração de um texto critico a partir da
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análise de dois documentos iconográficos: a pintura de Almeida Jr e a charge
de Laerte Coutinho. Espera-se que alunos abordem temas relativos às
transformações decorrentes da ação humana sobre o Tietê, assim como
identifiquem através da análise comparativa dos dois documentos, as
transformações do olhar da sociedade sobre o rio.
Atividade: Redação de texto:
Documentos: doc. 4 e doc. 12 (ver anexo)
1-Elabore um texto relacionando olhar do Almeida Jr e de Laerte Coutinho
sobre o rio Tietê, tema de nosso estudo nesta sequência didática. Este texto
deve abordar as seguintes questões:
- as transformações ocorridas no rio Tietê decorrentes da urbanização
- as transformações da relação cotidiana dos homens com o rio Tietê
- as transformações que se processaram do olhar da sociedade sobre o rio, ao
longo do tempo.
- aproximações ou relações existentes entre as obras analisadas do ponto de
vista formal e de conteúdo.
Bibliografia:
BRITO, Eleonora Zicari Costa de. O campo historiográfico: entre realismo e
representações. Universitas FACE - História, v. 1, n. 1, p. 9-24, 2003.
CAIMI, Flávia Eloisa. Fontes históricas na sala de aula: uma possibilidade de
produção de conhecimento histórico escolar? Anos 90, Porto Alegre, v.15, n.
28, p. 129-150, dez. 2008.
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CRUZ, H. F.; Peixoto, M. R. C. Na oficina do historiador: conversas sobre história e imprensa. Projeto História, São Paulo, n.35, p. 253-270, dez. 2007.
FERRAREZI, Ludmila; Romão, Lucília Maria Sousa. Arquivo, documento e
memória na concepção discursiva. Revista Eletr. Biblioteconomia. Ci. Inf.,
Florianópolis, n. 24, p. 152-171, 2º sem.2007.
FERREIRA, R. F. S. Ensino de História com o uso de jornais: construindo
olhares investigativos. Travessias. v. 5, n. 1, 2011.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Monções, ed. Brasiliense, São Paulo,
p.75,1990.
LE GOFF, Jacques. Documento/Monumento. In: História e Memória.
5. ed. Campinas: Unicamp, 2003.
Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio). Parte IV - Ciências
Humanas e suas Tecnologias. Brasília: MEC / Secretaria de Educação Média
e Tecnológica, 2000.
Proposta Curricular do Estado de São Paulo: História/ Coord. Maria Inês Fini. –
São Paulo: SEE, 2008.
Anexos:
Documento 1
03/09/2012 - 15h30
Jacaré do rio Tietê agora vive em parque ecológico
PUBLICIDADE DE SÃO PAULO
Muita gente não se lembra, mas o poluído rio Tietê, em São Paulo, já teve um morador
inusitado: um jacaré-de-papo-amarelo.
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Ele morava em uma área bastante urbanizada e com poucas chances de vida. Mesmo assim,
sempre escapava das tentativas de captura feitas pelos biólogos. A teimosia do bicho era tão
grande que ele até recebeu um nome: "Teimoso".
Essa história aconteceu há 20 anos, em 1992. E, na época, Teimoso se tornou um símbolo da
luta pela despoluição do rio Tietê.
Mas onde está Teimoso agora?
Pois o bicho segue vivo e mora atualmente no PET (Parque Ecológico do Tietê), na zona leste
da capital. Mas, desta vez, em uma área tranquila e livre de poluentes, com mais de 15 milhões
de m².
Quem quiser visitá-lo deve entrar em contato com o parque, que promove atividades
ecológicas como trilhas.
Divulgação
Jacaré "Teimoso", em parque ecológico em São Paulo.
PARA VISITAR Parque Ecológico do Tietê Horário: das 8h às 17h Onde: r. Guira Acangatara, 70; agendamentos pelo telefone 0/xx/11/2958-1477 Quanto: grátis.
+ CANAIS
� Acompanhe a Folha no Twitter � Conheça a página da Folha no Facebook http://www1.folha.uol.com.br/folhinha/1147647-jacare-do-rio-tiete-agora-vive-em-parque-ecologico.shtml
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Documento: 2
INAUGURAÇÃO da Ponte Guilherme. A Cigarra. São Paulo, 1 de maio. de1920, n.135, ano 7.p. 44. Apesp
Documento 3
“Nos lugares encachoeirados lavava-se um guia ou prático, às vezes dois, que trabalhavam
alternadamente, além do piloto e do proeiro”. Este último, segundo parece, era o personagem
mais importante da tripulação, pois guardava consigo a chave do caixão das carnes salgadas e
frasqueiro comandava e governava a proa e, batendo com o calcanhar, dava o compasso das
remadas. (...). A prática das navegações apurava nele a capacidade de observação que, pelo
simples movimento das águas, podia muitas vezes distinguir onde o rio era mais fundo ou mais
raso, onde havia canal ou pedra.
O extraordinário, em viagem tão longa e de mais de cem cachoeiras, todas diversas “não só
entre si, mas cada uma de si mesma, à medida que o rio levava mais ou menos água” (...) A
destreza com que sabiam vencer esses obstáculos e a consciência de sua grave
responsabilidade e o prestigio de que justamente desfrutavam, podia dar a alguns proeiros
“toda a chibanca de um vilão obsequiado e respeitado”.
Monções Holanda, Sergio Buarque de p.75, ed. Brasiliense SP, 1990.
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Documento 4
http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.dezenovevinte.net/bios/bio_aj_arquivos/aj_1897_mon%25C3%25A7ao.jp
g&imgrefurl=http://www.dezenovevinte.n
Documento 5
O Monumento às Bandeiras é uma obra de
arte executada pelo escultor ítalo-brasileiro Victor
Brecheret, localizada na entrada do Parque do
Ibirapuera na cidade de São Paulo, capital do estado
de São Paulo 1 2.
Foi erguida na região centro-sul da cidade, na praça
Armando Salles de Oliveira, em frente ao Palácio
Nove de Julho, sede da Assembleia Legislativa, e
ao Parque do Ibirapuera, tendo sido encomendada
pelo governo de São Paulo em 1921 2.
A escultura com 240 blocos de granito, cada um
pesando aproximadamente 50 toneladas, com
cinquenta metros de comprimento e dezesseis de
altura, foi inaugurada em 1954, juntamente com o
Parque do Ibirapuera para as comemorações do IV
Centenário da cidade de São Paulo
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Monumento_%C3%A0s_Bandeiras, consulta. 22.10.2013
Documento 6
Uma lenda urbana muito conhecida a respeito do monumento,
popularmente chamado de Empurra-empurra ou Deixa-Que-Eu-Empurro,
refere-se ao fato da embarcação nunca sair do lugar, a despeito do
contingente que supostamente a puxa. A "resposta" estaria no fato de que
as figuras à frente da comitiva não estariam, realmente, tentando mover a
canoa, pois as correias estão visivelmente frouxas.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Monumento_%C3%A0s_Bandeiras, consulta.22.10.2013
Documento 7
https://www.google.com.br/search?hl=en&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1360&bih=667&q=monumento+das+bandeiras+folha+
de+sp&oq=monum
A obra representa os bandeirantes, expondo suas diversas etnias e o esforço para desbravar o país. Além de portugueses (barbados), vemos na obra negros, mamelucos e índios (com cruzes no pescoço), puxando uma canoa de monções, utilizadas nas expedições fluviais 3.
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Biografia. Texto adaptado
Filho da escrava Domingas da Paixão do Carmo e do padre Manuel Fernandes Sampaio, estuda as primeiras letras no colégio do professor José Joaquim Passos. É levado pelo pai, em 1864 para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro, onde estuda no Colégio São Salvador e, em seguida, ingressa no curso de Engenharia do Colégio Central. Formou-se em 1877, quando finalmente volta a Santo Amaro, na Bahia, onde nasceu. Ali, revê a mãe e os irmãos, e comprando, no ano seguinte, a carta de alforria de seu irmão Martinho, gesto que repete com os irmãos Ezequiel (1882) e Matias (em 1884). Por ser filho de branco, Sampaio nunca fora um escravo. 1
Em 1879 integra a "Comissão Hidráulica", nomeada pelo imperador Dom Pedro II, sendo o único engenheiro brasileiro entre estadunidenses. A convite de Orville Derby, que conhecera numa expedição aos sertões sanfranciscanos, participa de nova comissão que realiza o levantamento geológico do Estado de São Paulo (1886). (...). No ano seguinte é nomeado engenheiro chefe da Comissão de Desobstrução do Rio São Francisco, que deixa em virtude do convite de Derby para trabalhar em São Paulo. Ali, dentre outra realizações, participa em 1890 da Companhia Cantareira (engenheiro-chefe), é nomeado Diretor e Engenheiro Chefe do Saneamento do Estado de São Paulo (de 1898 a 1903). Participou da fundação da Escola Politécnica, junto com Sales Oliveira e com o Coronel Jardim.
Engenheiro por profissão legou-nos uma bibliografia de vasta erudição geográfica e histórica sobre a contribuição das bandeiras paulistas na formação do território nacional, entre outros temas. É formidável sua sofisticação na percepção da importância dos saberes indígena na odisseia bandeirante. Igualmente digna de consideração foi sua contribuição ao estudo de vários rios brasileiros, de pinturas rupestres em sítios arqueológicos nacionais, do tupi na geografia brasileira e da geologia no País. (...). Além disso, foi grande amigo de Euclides da Cunha, e auxiliou o escritor com conhecimentos sobre o sertão baiano na elaboração do livro Os Sertões.
Original: http://pt.wikipedia.org/wiki/Teodoro_Fe
rnandes_Sampaio
Documento 8
Transcrição parcial da carta redigida por Teodoro Sampaio.
São Paulo, 4 de outubro de 1892.
Ilustre Cidadão
No intuito de ter a cidade de São Paulo preparada para, sob o ponto de vista da salubridade e
de asseio, de modo a atravessar a próxima estação chuvosa sem os riscos de uma crise na
saúde publica, venho propor algumas medidas, das mais urgentes, e das mais facilmente
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exequíveis, e que estou certo, haveis de acolher com solicitude que vos merecem as medidas
atinentes ao bem público. (...)
Estas medidas não são as últimas palavras sobre o saneamento publico no que há de mais
urgente a fazer, (...) as providências indispensáveis, e as mais simples para se alcançar uma
boa constituição medica da cidade, quando os rigores da estação nos visitarem. (...)
O centro da cidade e os arre baldes estão carecendo de medidas urgentíssimas com relação à
limpeza dos logradouros públicos e das grandes áreas de propriedade particular, deixadas sem
o necessário melhoramento, estão carecendo de drenagem, não digo o subsolo, mas de
grandes trechos de terrenos, onde a água vertida e encostas húmidas, não tem o devido
escoamento, com não tem as águas pluviais que permanecem estagnadas até o final da
estação por influência do calor solar (...).
Considere-se que laboratório de Tipho, não é este trecho do Tietê, fronteiro ao Bom retiro,
onde a água do quase sem velocidade, fazendo meandros caprichosos, mantem em
suspensão uma massa abundante e gordurosa das dejecções de esgoto, aqui aderente às
raízes que pendem das margens, acolá formando ilhas flutuantes do mais repugnante
aspecto!(...).Quando o rio represado pelo dique rochoso da Casa Verde recebe um volume
adicional de água, pelo efeito da chuva, a zona baixa, adjacente ao Bom Retiro, é logo coberta
pela onda transbordada e invadida pelas fezes e os bancos flutuantes de material fecal ou
putrefato, que então viajam livres ou a mercê do vento ou das corrente ocasionais até
encalharem em sítios onde permanecem em fermentação sob a ação do sol, quando não são
devorados pelas aves que pairam em torno. (...)
As obras de canalização do rio em via de execução (...) sem a demora própria dos trabalhos de
vulto, mas as condições atuais do rio podem ser melhoradas, rasgando-se o dique rochoso da
Casa Verde, aumentando a descarga do rio com o alargamento da secção do rio e acréscimo
de velocidade (...).
Uma vez executado esse trabalho, verdadeiro e preliminar de obras de maior vulto, cumpre
zelar pela conservação do que se fizer, mantendo a ordem, o asseio e as boas condições que
o esforço empregado houver conseguido estabelecer.
Um local para deposito do lixo e incineração do mesmo já deve estar hoje estabelecido, ainda
que pelo processo mais rudimentar. E que conservem e fiscalizem bem este serviço ampliando
- lhe aos poucos (...). Eis o que mais de pronto me ocorre propor-vos como medida de ocasião,
se é que já não quase todas de vosso perfeito conhecimento.
Saúde e fraternidade
Ao ilustre cidadão. Dr. Secretário de Estado do Interior.
Teodoro Sampaio
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Versão digitalizada da primeira e da última folha, do total de sete que compõem a correspondência original redigida por Teodoro Sampaio, que se encontra no Arquivo Publico de São Paulo.
Documento 9 e 10
1- 2-
Rio Tietê> Municipio de Pereira Barreto, 1940 Rio Tietê, região da Grande São Paulo
1- http://www.igc.sp.gov.br/produtos/galeria_aerofotos.aspx 2- https://www.google.com.br/search?hl=en&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1360&bih=667&q=tiete+poluido&
oq=tiete+poluido
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documento 11
O pescador de garrafas do Tietê
27 de setembro de 2013 | Arquivado como: 509, Destaque, Edições, Perfil | .
Foto: Eduardo Metroviche
http://www.visaooeste.com.br/o-pescador-de-garrafas-do-tiete/
Carol Nogueira
Passando pela Estrada dos Romeiros, sentido Centro Histórico de Santana de Parnaíba, na
altura dos bairros Parque Santana II e Germano, é possível enxergar na imensidão de um rio
sujo e exalando um forte mau cheiro, um barquinho de madeira conduzido por um senhor
negro, que arruma forças para remar e navegar pelo rio Tietê em busca de material reciclável.
Lagartão afirma que nunca ficou doente no contato com Tietê
Essa é a rotina do pernambucano Roberto da Silva, 53, conhecido como Lagartão, que a 13
anos, de segunda a domingo, recolhe garrafas pet e outros materiais recicláveis, que são
revertidos em uma renda mensal que varia de R$ 800 a R$ 1.000 para sustentar a esposa,
duas filhas e uma neta, que moram em Barueri. “Moro em um quartinho no Parque Santana e
só vou em casa visitar e levar dinheiro, mas não demoro muito não. Tenho que trabalhar para
pagar as contas e sustentar minha família”.
O emprego de catador começou com o parceiro Orlando Garcia dos Santos, o Cabelo, que
trabalha como pedreiro, mas também recolhe materiais no Tietê para complementar a renda da
família. No início, Lagartão mergulhava nas águas escuras do rio para buscar os recicláveis.
Depois, o companheiro de trabalho construiu três barcos de madeira.
A labuta começa logo cedo, por volta das 8h, e não tem hora para acabar. É na beira no Tietê
que Lagartão almoça e, entre uma viagem e outra, toma um gole de café. Sempre feliz e
cantarolando ele separa os materiais em sacos com capacidade para 30 litros, que uma vez
por semana são recolhidos por um caminhão, cujo serviço custa em média R$ 100, e vendidos
para um ferro velho em Barueri.
Arquivo Público do Estado de São Paulo
Núcleo de Ação Educativa
Kit Pedagógico
Rio Tietê
Sem utilizar qualquer tipo de proteção, Lagartão afirma nunca ter ficado doente devido ao
contato com a água suja e não tem receio quando precisa molhar os pés no Tietê. “Algumas
vezes a prefeitura veio aqui dizer para eu não fazer esse trabalho, mas eu gosto. Quando
chega uma certa idade fica difícil arrumar emprego. Aqui não tem chefe para me encher o
saco, trabalho o quanto quero e a hora que eu quiser. O melhor peixe do Tietê é a garrafa”,
filosofa.
Os dois catadores têm um cadastro na Eletropaulo com permissão para navegar no rio, quando
as comportas da barragem se abrem. As segundas, quintas e domingos ficam na margem
separando os materiais para vender. Lagartão diz que as águas do Tietê trazem de tudo, desde
garrafas pet, latinhas, plástico, geladeira e até dinheiro. Algumas vezes, em meio aos lixos e
água preta, teve a impressão ver um corpo, mas deixou passar para evitar problemas.
Desde que chegou a São Paulo, há mais de 20 anos, a vida nunca foi fácil. Antes de trabalhar
como catador, Lagartão trabalhou em empresas de terraplanagem. “Sou feliz com a vida que
levo e não gosto de ver ninguém triste ou nervoso. Já basta nascer pobre. Se o rio fosse limpo
eu dava outro jeito de trabalhar”.
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Documento: 12
Charge. Laerte Coutinho
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