artesanato

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Artesanato durante muito tempo encerrou a ideia de competência para fazer coisas que, de outro modo, não poderiam ser feitas, coisas que nem todos sabem fazer, o que envolve engenho e criatividade. O artesanato respondia e responde bem aos desafios dos pequenos temas, que acabam sendo tão fundamentais na história da sociologia, iluminando aspectos da vida social que na grande pesquisa não se podem ver. Folrestan Fernandes usou bastante esse recurso e Gilberto Freyre também tanto em casa grande e senzala quanto em sobrados e mocambos é claro o recurso a uma variante do artesanto que é a valorização sociologia da memoria e do vivencial. Florestan apprendeu esse método com reger bastid e valeu-se diretamente de informações colhidas na interação com crianças, desenvolvendo técnicas de aproximação e de coleta de dados peculiares e apropriadas, o que não teria sido possível com técnicas convencionais. NESSE SENTIDO, O ARTESANATO INTELECTUAL ENVOLVE A INVENÇÃO DE TECNICAS DE PESQUISA E DE ABORDAGEM AJUSTADAS À NATUREZA DO TEMA E DO OBJETO. ASSIM COMO O ARTESÃO CRIA AS FERRAMENTAS ADEQUADAS A SUA OBRA ESPECÍFICA. MILLS CRITICA O QUE ELE CHAMA DE SOCIOLOGIA MODERNOSA QUE DESQUALIFICA O SABER INTUITIVO E TRADICIONAL. DESDE DURKHEIM EM AS REGRAS DO METODO SOCIOLOGICO A SOCIOLOGIA TEME O SENSO COMUM E O DESCARTA COMO FONTE DE SABER DOCUMENTAL E ESSENCIAL EM AS REGRAS DO MÉTODO SOCIOLOGICO, CONTRADITORIAMENTE, A QUALIDADE CIENTIFICA DE AS FORMAS ELEMENTARES DA VIDA RELIGIOSA. Na sociologia o colaborador é fundamental, é aquele que nos diz o que a sociedade é quando nos dá uma entrevista mesmo que possamos ver, como sociólogos, o que ele próprio não vê; ou que nos permite invadir sua vida para que observemos a sociedade em que vive. Frequentemente, mais do que informantes, as pessoas às quais recorremos para conhecer sociologicamente a sociedade são nossas colaboradoras, enriquecendo nossa sociologia com sua visão vivencial e crítica. Não raro são pessoas simples e até analfabetas. Eles são mais do que fornecedores de dados, pois os dados que recebemos deles são dados interpretados e não dados puros. Linguagem – O sociólogo monolíngue e unidentitario terá sérios problemas para produzir umasociologia minimamente consistente se não tiver condições de se ressocializar para os valores, concepções e orientações sociais dos grupos que estuda e para a diversidade do país que vive. Uma investigação sociológica depende da intensa comunicação verbal. nesse sentido, o artesanato intelectual não será criativo e investigativo se não contiver regras de observação mais apoiadas na linguagem do outro que na fala propriamente dita. O artesanato intelectual na sociologia é bem mais do que um elenco de técnicas de investigação baratas. É, sobretudo, uma visão da sociologia através de uma visão de mundo. É expressão de uma concepção do outro e muito mais do que um

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resumo de artesanato intelectual em sociologia.

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Page 1: Artesanato

Artesanato durante muito tempo encerrou a ideia de competência para fazer coisas que, de outro modo, não poderiam ser feitas, coisas que nem todos sabem fazer, o que envolve engenho e criatividade.

O artesanato respondia e responde bem aos desafios dos pequenos temas, que acabam sendo tão fundamentais na história da sociologia, iluminando aspectos da vida social que na grande pesquisa não se podem ver.

Folrestan Fernandes usou bastante esse recurso e Gilberto Freyre também tanto em casa grande e senzala quanto em sobrados e mocambos é claro o recurso a uma variante do artesanto que é a valorização sociologia da memoria e do vivencial. Florestan apprendeu esse método com reger bastid e valeu-se diretamente de informações colhidas na interação com crianças, desenvolvendo técnicas de aproximação e de coleta de dados peculiares e apropriadas, o que não teria sido possível com técnicas convencionais.

NESSE SENTIDO, O ARTESANATO INTELECTUAL ENVOLVE A INVENÇÃO DE TECNICAS DE PESQUISA E DE ABORDAGEM AJUSTADAS À NATUREZA DO TEMA E DO OBJETO. ASSIM COMO O ARTESÃO CRIA AS FERRAMENTAS ADEQUADAS A SUA OBRA ESPECÍFICA.

MILLS CRITICA O QUE ELE CHAMA DE SOCIOLOGIA MODERNOSA QUE DESQUALIFICA O SABER INTUITIVO E TRADICIONAL. DESDE DURKHEIM EM AS REGRAS DO METODO SOCIOLOGICO A SOCIOLOGIA TEME O SENSO COMUM E O DESCARTA COMO FONTE DE SABER DOCUMENTAL E ESSENCIAL EM AS REGRAS DO MÉTODO SOCIOLOGICO, CONTRADITORIAMENTE, A QUALIDADE CIENTIFICA DE AS FORMAS ELEMENTARES DA VIDA RELIGIOSA.

Na sociologia o colaborador é fundamental, é aquele que nos diz o que a sociedade é quando nos dá uma entrevista mesmo que possamos ver, como sociólogos, o que ele próprio não vê; ou que nos permite invadir sua vida para que observemos a sociedade em que vive. Frequentemente, mais do que informantes, as pessoas às quais recorremos para conhecer sociologicamente a sociedade são nossas colaboradoras, enriquecendo nossa sociologia com sua visão vivencial e crítica. Não raro são pessoas simples e até analfabetas. Eles são mais do que fornecedores de dados, pois os dados que recebemos deles são dados interpretados e não dados puros.

Linguagem – O sociólogo monolíngue e unidentitario terá sérios problemas para produzir umasociologia minimamente consistente se não tiver condições de se ressocializar para os valores, concepções e orientações sociais dos grupos que estuda e para a diversidade do país que vive.

Uma investigação sociológica depende da intensa comunicação verbal. nesse sentido, o artesanato intelectual não será criativo e investigativo se não contiver regras de observação mais apoiadas na linguagem do outro que na fala propriamente dita.

O artesanato intelectual na sociologia é bem mais do que um elenco de técnicas de investigação baratas. É, sobretudo, uma visão da sociologia através de uma visão de mundo. É expressão de uma concepção do outro e muito mais do que um instrumento de uma conversa com o outro. É uma conversa com a humanidade do outro que resulta na definição da humanidade do próprio sociólogo.

O artesanato intelectual é mais do que a mera técnica de obtenção de dados. Não é uma técnica, é uma troca. Não há como utilizar o artesanato sem dar algo em troca do que se recebe. No artesanato, o observador é observado, o decifrador é decifrado. Sem o que não há interação. Sem interação não há como situar e compreender.

A sociologia se propõe não só como conhecimento apoiado na observação objetiva, mas também como criação dos meios da observação em função da dinâmica do objeto. É esse o âmbito privilegiado da imaginação sociológica. O artesanato intelectual não esgota suas possibilidades no âmbito da investigação. Não é mera técnica de pesquisa. Elas se entendem ao âmbito da exposição, ao estilo de expor e de explicar. A exposição relatorial empobrece os resultados da pesquisa há de se ter também uma artesania na articulação e exposição dos dados.

quando o sociólogo faz pesquisa de enquadramento em conceitos ignora e descarta o imaginário da vida social e elimina a interpretação sociológica o que é propriamente belo e artístico, isto é, a consciência social.