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O Museu Miguel Dell' Erba, previs1o no D ereto n° 20.541
de 17 I 12/1984, está, conforme Docroto n° 49.172 de 30/01/2008, vinculado ao Centro de Memória e Convívio da Lapa, onde ocupa duus )alo.,: a Galeria de Exposições e a sala da Peservu Tócni u. Sua principal atribuição é garantir a preser toç.ão du memória do Bairro da Lapa.
Filho de imigrantes italianos, //liguei Doi I' Erba trabalhou inicialmente como alfaiate, ofíc..io que aprendeu ainda criança e que pro ta telmentE. rnoti tou-o a abrir uma loja de artigos e materioi: er,porti 10~ . AprJi/onado pelos esportes integrou a diret0rio ckJ I r..Jpooninho Futebol Clube, fundado em 1926.
Foi também o idealizodor r:;; funrJr...1rJor do Museu da Lapa, espaço de.:tínod0 (J rJtJrJrrJrJ rJr..J acervo de objetos, documento-:. E: irnr.v;:~r;;nr, rr.;lr.Jti trf_, o hi~tória do bairro, material que coler_ír;rtrJIJ r..r;rn rJr;rJicaç.ão e que foi o núcleo deste e:;plJ'/J rjt"; ((lt";((l0rírJ, r..JÍ..J::.feriormente acrescido de dooçõe', rJrJ r..r"rntJrridorJr;.
Fonte: Jornal da Gente - lGf/J
lr,huli•.IIJIJh I ,tor.,t.vJ h fffJ.JIIJI'YJ drJ Lapa 1903 /ti ru1 tAIJ'/tJtJfJLOpo
Esta exposição pontua alguns aspectos determinan1 es para a compreensão da composição urbanís1i a, !locial e cultural da Lapa. O Caminho dos Bande iranl e , aberto no século XVI, previa a ultrapassagem dos rios na região do Emboaçaba, onde a travessia era pos ív 1
através das pedras que cobriam o leito. Nes1e ponlo e5tratégico começa a surgir o bairro, cuja his1ória seguirá paralela à de São Paulo até a atualidade.
A c1 rmc:c;pçóo desta exposição utilizou a pesquisa desenvolvicJa r•rn 1 ?fi' rJr; 'J Progroma Museu-Comunidade/Divisão de lc · - ,; ' -'J'JrrJrmada por David Vital Brasil Ventura. onogroflo Mu•,r u·, I JIM.
Após a década de 1940 o bairro sofreu o
último grande impacto das redes viárias que.
desde a fase colonial, interferiram no seu
desenvolvimento: a construção das marginais
Pinheiros e Tietê. as rodovias que interligam a
capital com o oeste paulista. sul e sudeste do
país. A década de 1970 marca o desloca
mento das indústrias para outras cidades e
regiões. abrindo grandes áreas para redefini
ção de uso.
Neste período. Una Bo Bardi desenvolve o
projeto de requalificação da Fábrica de
Tambores no início da Rua Clélia. adaptan
do-a à estrutura do Sesc Pompéia. seguido
pelo projeto de adaptação da fábrica de
tecidos para a Estação Ciência e o Tendal da
Lapo para serviços. Tais ações apontam para
os desafios de transformação que o bairro vem
passando até o momento. em que já é quase
finda a primeira década do século XXI.
vrJa do prédo do :.r,Qe dO CooperQ1r;o tntemoaonal Benetioente do Lapa em 1914 Carnava l d e ruo no 1nic1o d o seculo XX ACf:rVO Museu tJ.ague1 De Etbo Acervo Museu Mtgucl Oeii'Erba
Os nove quilômetros que separavam o bairro da
Lapa do centro de São Paulo exigiram a organização
de uma estrutura própria que atendesse às necessi
dades de sociabilidade da população. Na virada do
século XIX, a precária situação dos imigrantes nas
fábric as desencadeou o surgimento das cooperati
vas de trabalhadores que reivindicavam melhores
condições de trabalho. Nesta época as atividades
coletivas de entretenimento organizadas pela popu
lação ganham impulso: o carnaval. as bandas, o
futebol e o piquenique. Também neste período surge
o ensino regular na Lapa de baixo e os grêmios
desempenham a função de pequenos centros cultu
rais, abrigando cineteatros, salão de baile e de jogos:
o Pavilhão Recreio, o Cine Teatro Carlos Gomes, o
Pavilhão Santa Marina, o Cine Tropical. Cine
Nacional. entre outros.
Grupo muSK:ol no década de 191 o Acervo Museu Mtguel De ii-Erba
Ptquenique no inicto do século XX Acervo Museu Miguel DeU'Erbo
P1quentque no tnicio do século XX Acervo Museu Miguel Dcll Erbo
Time de fute bol d e vor1oo d ócodo d e 1970 Mtguol Deli'Erbo d e lemo, a dwolto Acervo Museu Mtguol Doii'Erbo
O núcleo populaciona l do Lapa, preponderante
onde hoje está situado o Lapa de baixo. era
composto por trabalhadores das olarias e agriculto
res das pequenas propriedades rurais da região. que
passaram a ser loteadas pelos seus proprietários. Em
1888 surge o loteamento da Vila Romana e. em 1891
o Grão Burgo da Lapa e a Vila Sofia . A via férreo
atraiu a construção das primeiras indústrias no
região. configurando o bairro com as característicos
urbanas que marcarão sua passagem para o século
XX. A rápida urbanização demandou uma nova
infraestrutura. Nas primeiras décadas deste século
surgem o comércio. as escolas. o bonde, a nova
matriz, os cinemas, a imprensa. a iluminação
pública. o saneamento básico etc. A partir do final
da I Grande Guerra. surgem os novos loteamentos e
o bairro passa a expandir seus limites: a Vila Anastá
cio, urbanizada em 1919 e a Vila lpojuca. em 1921.
ocupadas por imigrantes do leste europeu. A partir
de 1920 o arquiteto britânico Barry Parker projeta os
loteamentos do Alto da Lapa e Bela Aliança, execu
tados pela Cio. City. A Vila Leopoldino é retalhada
em lotes urbanos em 1926.
"----p-c........-~ AnunciO de loteamento Col Serophino de Folco Tropé Acervo Museu M>guel Deii'Erbo
Ruo 12 de Ou1ubro em 1905 Col Hony Hough Acervo Museu Miguel Oeii'Erba
Ruo Tomé de Souza Col. Horry Hough - Acervo Museu Miguel Oe i1'Erbo
J/'t'~ '"'i'!>;) I I. 'fr/
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Ruo Anostóc10 Col Horry Hough - Acervo Museu Miguel Deii'Erba
PLANTA DOE SJTJOS ~UBDASSA~A E BDASSA~A
ESC~L.R I L-tOCO
Planta organizada pelo Engo José Ayrosa Galvão Junior Acerv ·
C ta Santo MIYI'\0 t?m 19.l:> A tabrico e o e tios FoJsto Pacheco e o ConseO'\et'o Antõnio do Silvo Prado e ntre os sóc ios fundadores e chegou a ser um d os mOIOfes comp~e,os ond..otnas oo t>aoro C oi. F;cr. &rcelos- >.cef\-o Museu '-ligUei DelrErbo
Nos duas últimos décadas do século XIX desen
volvem-se o comérc io e o indústria, devido ao
afluxo de capital internacional e ao processo de
urbanizaç ão. Em São Paulo, os estabelecimen
tos fabris se concentram no entorno do troçado
do ferrovia : lpirongo Mooco, Combuci, Brás,
Pari, Borra Fundo. Lapa etc. No Lapa, o instala
ção dos indústrias se multiplico até 1930. Em
1896 é fundado o Vidraçaria Santo Morina; em
1890 os oficinas da SPR iniciam os atividades;
depois se implantam o Cio. Mecânico Importa
dora (tubos e cerâmico) , o Martins Ferreiro
(metalúrgico). o Fábrica de Tecidos e Bordados
Lapa, a Fábrica de Louças Santo Catarina, a
Fundição Progresso o Frigorífico Armour, o
Metalurgia Albion, o Fábrica de Implementas
Agrícolas Tupy, os serrarias e outros atividades
industriais. Após o década de 1930, a implanta
ção dos fábricas expande-se em direção à Vila
Leopoldino.
Fabnco Ferreiro Martins em 18 18 - Acervo Museu Miguel Deii'Erbo
lrot)(lltoodou do 11 I V?G'J 1-k.oon <:fT' nJ r I/, K Ocl LJt J'J J. tf"t".J I tl.iguei Del"&bo
Diploma da Cooperai ovo do lapa d,. 1928 Note-~ os sob'enomt s de fomiios ~tronge.ra~ Col Oóndolo Scalco -Acervo Musev Mogucl Del Erb<J
A aécendêncio do economto paulista alterou
tornbérn a estruturo social do cidade. fortemente
irnpulstonoda pelo demando de trabalho e atraindo
trr11gront ~s da Europa e Ásia. Os tlolionos fororn os pri
rn iras o se tnstolarem no Lapa, no década de 1880,
guidos pelos espanhóis, portugueses e sírio-libone
s s No ftnol do século XI o tmplontoção dos oficinas
do SPR trouxe o Lapa os técntcos e operários ingleses.
Ern 1895 o tndustrio Santo Morino entro em operação
busco no França o mão-de-obro especializado no
tobri ação de vtdro A Revolução Russo e o final do
1 Grande Guerra motivaram o migração de húngaros.
poloneses russos e lituanos que se concentraram no
Vila Anostocio e mais tarde no Vila lpojuco.
Fomiba de 1m1gtonles nas pnmowos d(JCOdOJ do t.úculo XX ACf:"fVO MUS(jU MIQUf.:l Ocii"Erbo
Operónos do seção mecõmco do SPR. 1920 Cot J_ O. Corrosquera- Acervo Museu Mtguel DeU'Erbo
A ascensão da cultura cafeeiro na região de
Campinas e ltu exigiu uma nova logística de escoa
mento da produção em direção ao porto de
Santos. Em 1860. é fundada a Association of the
São Paulo Railway Co. Ltd. que inaugurou, sete
anos depois. a estrada de ferro ligando Santos a
Jundiaí (SPR) e . em 1879, foi criada a Companhia
Estrada de Ferro Sorocabana (EFS) . Ambas
cortaram a parte baixa da Lapa em direção à
antiga ponte do Anastácio e à Vila Leopoldina. A
expansão cafeeiro. a instalação das ferrovias e a
imigração européia reverberaram na dinâmica de
São Paulo, marcando definitivamente o percurso
histórico da região oeste da cidade, inclusive a
Lapa.
A demanda ferroviária e a necessidade de abaste
cimento de água para as caldeiras das locomoti
vas determinaram a transferência das oficinas da
SPR do Bairro da Luz para a Lapa, mais próximas ao
Rio Tietê. Em 1898, o início das atividades das
oficinas alterou a paisagem da Lapa de baixo,
região escolhida pelos operários. principalmente os
de origem italiana, para fixarem residência . O
pequeno comércio local é incrementado e surgem
as primeiras associações de trabalhadores e outros
pontos de reunião e lazer dos moradores em torno
das oficinas. Alguns anos depois surgem na Lapa
de cima casas onde residiram os funcionários mais
especializados. Os loteamentos e o adensamento
populacional motivaram a São Paulo Railway a
rever o objetivo inicial de atuar no transporte de
carga, inaugurando na Lapa, em 1899, sua última
estação em São Paulo.
locomollvO do FngoniiCO Sôo Paulo Acervo Museu Miguel Deii'Erbo
Alfo1ofono no década de 1920 Acervo Musou Miguel Deii'Erba
C!. loçã o do lopo om 194B Ac (-rvo Mu\.OIJ MI()Uitl ()( tlfri >U
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Mapa apontando as chócoros, sitias e fazendas que desapareceram com o crescimento do cldode de São Paulo Acervo Museu Miguel Deii'Erba
A primeira notícia sobre a região da Lapa é de
1561 . quando os jesuítas receberam uma
sesmaria junto ao rio Emboaçaba, depois deno
minado Pinheiros. Em 1590, próximo ao encontro
dos rios Pinheiros e Tietê. foi construída uma "for
taleza" para a defesa do Caminho dos Bandei
rantes, rota que levava à Vila de São Paulo. Em
seu redor surgiu um pequeno povoamento,
constituído por dispersos sítios e fazendas, entre
os quais se destacava a "fazendinha da Lapa",
recebida pelos jesuítas em doação, sob a
condição de, anualmente, no dia 21 de
outubro, cantarem uma missa solene dedicada
à Virgem Santíssima da Lapa. Devido ao terreno
acidentado e à falta de mão-de-obra, os religio
sos a trocaram por outra propriedade em
Cuba tão em 17 43, dei ando a pequena igreja
que compunha os imóveis da "fazendinha" sem
uso por mais de um século. Em 1 785 registrava-se
em Emboaçaba trinta e um habitantes, sendo
treze homens e dezoito mulheres.
A partir de 1805, a economia da cana-de
açúcar toma um novo impulso com destino à
exportação, tornando-se necessário uma
nova rota entre a Vila de ltu e o litoral. Devido
à má conservação da ponte do Rio Pinheiros,
o caminho das tropas desloca-se para a
região do Emboaçaba, utilizando a ponte do
sítio do Cel. Anastácio de Freitas Trancoso.
Beneficiando-se do fluxo. em 1811 o padre
Antônio Joaquim de Araújo Leite reconstrói a
ermida e adapta parte da fazendinha da
Lapa em um recanto para acomodar os tro
peiros, denominado "Pouso Alegre".
O topómio Emboaçaba corresponde a "lugar por onde passa". Registram·se também as grafias Ambuaçova, Umbiaçava, Mboaçava, Emboaçava ou Boaçova.
A origem da palavra Lapa é portuguesa e remete à gruta onde foi encontrada uma imagem de Nosso Senhora, tornondo·se local de devoção. Assoclo·se o nome do bairro paulista às missas cantadas pelos )esuftas.
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Mapa apontando as chácaras, sítios e fazendas que desapareceram com o crescimento da cidade d Sao Paulo Acervo Museu Mi uel Deii'Erba
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Mapa apontando as chácaras, sítios e fazendas que desapareceram com o crescimento da cidade de São Paulo Acervo Museu Miguel Deii'Erba